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Direito Legislado:

Como todos sabem, o Povo Visigodo dominou a P. Ibérica durante séculos e o seu império só
irá terminar com as invasões muçulmanas.
Aos Visigodos ficaram-se a dever alguns famosos monumentos jurídicos, da qual se destaca o
Código Visigótico, publicado em 654, que continuou a ser aplicado na P. Ibérica durante vários
séculos. Assim quando Portugal se torna independente, já existiam algumas regras de direito
legislado, nomeadamente este código.
Este código continuou a ser aplicado em Portugal, mesmo após o nascimento da
nacionalidade. Isto devido ao facto de os governantes da P. Ibérica, incluindo Portugal, não
viam a atividade legislativa como essencial, focando-se no processo de Reconquista. Todavia,
esta tendência, já no séc. XII, começava a inverter-se, dando origem a um processo de
crescente atividade legislativa.
Para isto foi indispensável a ação de D. Afonso II, conhecido como o primeiro rei legislador
português, com a elaboração legislativa na Cúria Régia de 1211.
A cúria trata-se de um órgão de apoio ao monarca, que podia ter dois tipos de formação: a
Cúria Régia Ordinária, formada por aqueles que são os mais próximos do rei, aqueles em quem
ele tem confiança, e auxiliam o rei nas tarefas do dia-a-dia, reunindo periodicamente, sobre
todas as matérias (administrativas, judiciais, diplomáticas, etc.); e a Cúria Régia Extraordinária,
que era o mesmo órgão, mas com uma formação mais extensa. Era a formação que o rei
entendia ser necessária para ele se aconselhar sobre as matérias mais importantes, como a
guerra, impostos, etc. Nesta estavam membros da Cúria Régia Ordinária e os membros mais
importantes da nobreza e clero do reino, convocados pelo rei.
A Cúria Régia de 1211 foi uma cúria extraordinária com o intuito de legislar. Isto revela que D.
Afonso II ainda não via a tarefa legislativa como uma tarefa ordinária, que não pertencia à sua
governação normal. Inicia-se a marcha lenta, mas segura, para a monopolização do direito
positivo pelo príncipe, tornando-se o centro legislativo de excelência.
Com o passar do tempo, o rei começava a legislar sem sentir a necessidade de convocar a cúria
extraordinária, começando a legislar sozinho ou convocando a Cúria Ordinária. Deste modo a
legislação vai crescer exponencialmente. A D. Afonso III são atribuídas a autoria de duzentas
leis.
Todavia, o direito legislado tinha que seguir algumas regras, que foram introduzidas em
Portugal pelas Siete Partidas. Este monumento jurídico castelhano da autoria de Afonso X, de
Leão, vem nortear, no seu primeiro Título, sobre como produzir as leis, como interpretar e
aplicar, quem as podia fazer, como se devia julgar por elas etc.
O direito legislado sofreu ainda a influência do direito romano justinianeu. Certos autores
defendem que tenha sido já no reinado de D. Afonso II, que proíbe a pena de morte e
mutilação de membros, inspirados no Código de Justiniano. Por outro lado, o Professor Paulo
Merêa atrasa a influência até ao reinado de D. Afonso III.

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