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CASO 1:

Caio propõe contra Tício uma ação baseada na Lex Aquilia (um plebiscito do século III a.C.) a
fim de obter indenização por dano sofrido. Tício alega não estar obrigado a obedecer àquela
norma por ser patrício. Além disso, afirma ser costume muito antigo seu e de sua família jamais
pagar indenização por danos sofridos por plebeus. Por fim, apresenta um parecer do jurista
Gaio, segundo o qual a Lex Aquilia não poderia ser invocada, em razão de outras circunstâncias
do caso concreto. Caio, por sua vez, apresenta em seu favor um parecer contrário, de autoria do
jurista Papiniano. Que decisão tomará o pretor nesse caso?
R: Lex Hortensia falava que patrício tinha sim q obedecer
CASO 2:
Caio, recém-casado, parte para a guerra na Gália, junto com os exércitos de Júlio César. Um ano
mais tarde chega a notícia de que fora capturado pelos gauleses e, segundo os boatos, estaria
morto há muito tempo, em razão dos maus tratos do cativeiro. Cláudia, sua esposa, apresenta
então uma criança de dois meses como única herdeira de seu marido. Os parentes de Caio,
entretanto, acusam-na de adultério e suspeitam que o pai da criança seja Tício. O caso é levado
ao pretor. Que atitude tomaria o magistrado?
R: O princípio de que a paternidade só é reconhecida até dez meses após a morte do pai existe
desde o Direito Romano Arcaico (Lei das 12 Tábuas - Tábua IV, De Jure Patrio, item II, inciso
IV). No caso concreto, o magistrado, através da presunção simples pode admitir que o filho é de
Caio. No entanto, a presunção simples admite contra-prova por parte dos parentes do "de cujus".
CASO 3:
Durante a guerra, uma mulher estrangeira é capturada e vendida em Roma como escreva. Cinco
meses mais tarde, essa escreva dá a luz a uma criança, que nasce defeituosa, sem um dos braços.
Logo depois morre o proprietário da escrava, e em seu testamento verifica-se que ele concedia
liberdade à mulher, sem, no entanto, fazer referência ao recém-nascido. A mulher procura então
um jurista e lhe pede que lhe explique a situação jurídica dela e da criança. O que o jurista lhe
responderia?
R: Com relação à mulher: Segundo o princípio do "manumissio testamento" ela seria livre
quando o herdeiro aceitasse a herança. Assim, ela, liberta, perdia a condição de estrangeira.
Dessa forma ganhava cidadania romana, adquirindo a capacidade jurídica e tornando-se "pater
familias".
Com relação à criança: São possíveis duas respostas com relação à criança dependendo do
período histórico a que se esteja referindo. No Direito Clássico: por ter nascido de uma mulher
que era escrava no momento de seu nascimento, a criança, segundo as causas do "ius gentium" a
criança seria considerada escrava. Dessa forma, ela comporia a herança deixada pelo
proprietário a seus herdeiros. No Direito Justinianeu: no Direito pós-clássico, mudou-se a
orientação com base na ficção de que o nascituro se por nascido quando se tratar de seu
interesse. Assim, como a mulher teve parte de sua gestação na condição de livre, a criança seria
considerada livre. Isso explicaria o fato de nem ao menos ter sido citada no testamento do
proprietário de sua mãe.
Observação: Pelo Direito Romano Arcaico (Lei das 12 Tábuas - Tábua IV, De Jure Patrio, item
I, inciso I).o recém nascido que tenha qualquer deformidade física (monstruoso) deve ser morto
imediatamente. Portando, a criança nem ao menos tem o direito de estar viva. Sua existência
violava uma das leis de Roma, uma sociedade que valorizava a eugenia e a perfeição física. No
entanto há precedentes, o próprio Imperador Claudius (41 d.C a 54 d.C) era manco, o que lhe
obrigava a andar de maneira claudicante.
CASO 4
Caio é usufrutuário de uma fazenda pertencente a Tício. Findo o prazo do usufruto, caio devolve
a Tício o imóvel em perfeito estado. Tício descobre, porém, que durante este tempo Caio havia
retirado verduras da horta de seu imóvel, peixes do rio que por ali passava e ouro de uma mina
nela existente, e havia ainda tomado para si todos os bezerros e escravos nascidos na fazenda
durante o tempo do usufruto. Sentindo-se lesado, Tício exige a devolução de todas essas coisas.
Que orientação o advogado daria a Caio?
R: A orientação que poderia ser dada a Caio por seu advogado seria: o princípio do usufruto
seria o direito de usar e desfrutar a coisa alheia sem alterar a sua substância ("ius alienis rebus
utendi fruendi alua rerum substantia"). Seu objeto seria constituído apenas pelas coisas
inconsumíveis, sejam imóveis, animadas ou inanimadas. No entanto, em virtude de um "senatus
consulto", do início do principado, passou-se a admitir que fossem objeto de usufruto as coisas
consumíveis, o que obrigava ao usufrutuário a restituir o equivalente à coisas consumível
quando da extinção do usufruto. Dessa forma, o melhor procedimento para Caio seria o
pagamento do valor correspondente às verduras da horta, aos peixes do rio e do ouro retirado da
mina. Quanto aos animais, Caio precisaria devolver a propriedade com o número exato de
animais que lá existiam no instante de suas posse. No entanto, quanto aos escravos e nascidos na
fazenda durante o tempo do usufruto, ele deveria devolvê-los ao "dominus proprietatis", uma
vez que os filhos das escravas não são considerados frutos.
CASO 5
O órfão Públio, de dez anos de idade, convence por meio de gestos o surdo-mudo Mévio a
comprar seu cavalo por um preço substancialmente acima do mercado. Ao saber do ocorrido, o
"pater familias" de Mévio vai se queixar ao Tutor de Públio, o qual no entanto não aceita a
reclamação e se opõe à anulação da compra e venda. Diante da recusa, o indignado pai procura
um jurista, pedindo orientação quanto à possibilidade de anular o negócio. Que orientação o
jurista daria?
R: A orientação seria de que o ato não é válido. Isso pode ser verificado de duas formas.
a) Pelo ponto de vista do objeto. Um cavalo e um bem "mancipi", isto é sua comercialização
exige o "mancipatio", ou o ato solene e formal antes de sua tradição, que pressupõe a declaração
de fórmulas rituais. Mévio, por ser surdo-mudo, não tem condições físicas de pronuncias essas
palavras, necessitando dessa forma um representante que as pronuncia. Como não houve esse
representante, o ato não seria válido.
b) Pelo ponto de vista dos sujeitos. Públio é um indivíduo impúbere. Como tal necessita o
auxílio de um representante para a realização de todos os atos jurídicos que onerem seu
patrimônio. Todo ato de compra e venda é um ato oneroso uma vez que quem vende abre mão
de seu direito sobre o objeto. Dessa forma, Públio não poderia vender seu cavalo, ou qualquer
outro bem seu, sem a presença desse representante.
CASO 6:
A camponesa Semprônia vendeu a Caio duas vacas prenhes. Dias depois, uma das vacas pariu;
um exame veterinário revelou, no entanto, que a prenhez da segunda vaca era apenas aparente.
Semprônia procurou Caio, acreditando ter direito ao Bezerro que nascera, já que ele fora
concebido enquanto a vaca lhe pertencia. Para sua surpresa no entanto, fica sabendo que, pelo
Direito Romano, a cria pertence ao comprador da vaca (os frutos pertencem ao proprietário da
coisa frugífera), fato que ela desconhecia quando fixou o preço da venda, Para piorar, Caio se
sentiu lesado pelo fato de a segunda vaca não estar prenhe, como imaginara, exigindo a
anulação da venda dessa vaca. Sem saber o que fazer, ela decide consultar um jurisconsulto.
R: Por ser camponesa e mulher, Semprônia não tinha capacidade de fato, portanto, não poderia
realizar atos jurídicos "persi". Para que o ato jurídico tivesse validade, ela precisaria da
assitência de um curador, o que não ocorreu. Dessa forma, a venda das duas vacas era nula.
Supondo que tivesse sido assistida, e que a transmissão da propriedade tivesse sido realizada
através do "mancipatio", uma vez que os animais são "res mancipi", o ato seria válido não
podendo ser anulado por nenhuma das duas partes.
CASO 7:
Caio, que é proprietário de duas casas, decide alugar uma delas a Tício pelo prazo de cinco anos
e constituir sobre a outra o direito real de usufruto vitalício em favor de seu amigo Mévio.
Algum tempo depois, no entanto, Caio recebe uma tentadora oferta do milionário Orbílio e
vende a ele os dois imóveis por um ótimo preço. Pouco se sensibilizando com a situação de
Tício e Mévio, Orbílio avisa que quer tomar posse de ambos os imóveis imediatamente, e exige
a sua imediata desocupação. Tício e Mévio, preocupados por não terem outro lugar onde morar,
buscam socorro em um ilustre advogado. Que poderá dizer esse advogado em favor de seus
clientes?
R:
CASO 8:
Enquanto passeava com seu cavalo recém-adquirido, Caio detém-se por alguns minutos em uma
taberna, para descansar e sorver alguns goles do delicioso mulsum (vinho com mel) ali servido.
Deixa o cavalo amarrado diante do estabelecimento, mas como dera um nó muito frouxo, o
animal escapa e foge. Perto dali, Tício encontra o cavalo e, julgando-o abandonado, toma-o para
si. Semanas depois, Tício empresta o cavalo a seu amigo Mévio, que sai cavalgando pelas ruas
de Roma. Por coincidência, Caio o avista e, reconhecendo o seu cavalo, obriga Mévio a
desmontar à força e se apodera violentamente do animal que lhe pertencia. Mévio vai correndo
relatar o ocorrido ao pretor, pretendendo utilizar-se dos meios judiciais cabíveis contra o que ele
considera um injusto esbulho de posse. Se você fosse advogado de Mévio, o que lhe
aconselharia?
R: Propriedade ainda é de Caio, ticio só teve posse e meio teve disposição. Então o cavalo ainda
seria de caio, mas ele teria alguma consequência (n lembro ql) pelo modo violento que agiu
*mevio
CASO 9:
No Foro Trajano Tício adquire de Públio, mercador de animais exóticos, um psittacus
(papagaio). Ao cabo de alguns dias, Caio, um dos vizinhos de Tício, sentindo-se perturbado pela
ave, que, muito loquaz, passava o dia em cantorias e falatórios, procura um jurista,
solicitando-lhe um parecer.
R: “Sobre duas limitações ao direito de propriedade – a desapropriação e a proibição ao uso
anormal da propriedade – há grande divergência entre os romanistas. Quanto à primeira, no
direito clássico, embora os magistrados ou o imperador, em virtude do imperium, possam
desapropriar imóveis por utilidade pública, não há norma alguma que discipline a expropriação;
já no direito pós-clássico, regula-se a desapropriação por utilidade pública, declarando-se os
magistrados competentes para efetivá-la, e estabelecendo-se o direito à indenização. Com
referência à proibição do uso anormal da propriedade– o que tem importância nas relações de
vizinhança no que diz respeito, principalmente, às imissões de fumaça, de calor, de ondas
sonoras de um imóvel para o vizinho, causando-lhe dano, sem trazer benefício para o primeiro –
não há, nos textos romanos, norma geral proibitiva da prática desses atos. Nas fontes,
encontra-se até a enunciação de princípios opostos a essa probição. Foi na Idade Média que
surgiu o movimento tendente, dentro de certos limites, a impedir o uso anormal do direito de
propriedade, quando com esse uso se visasse apenas a prejudicar o vizinho (atos que os juristas
medievais denominaram emulativos – atos ad aemulationem).” Moreira Alvez
CASO 10:
Com a morte do famoso professor Karl Zimmerman, a viúva-meeira e única herdeira, Bertha
Zimmerman, vende a biblioteca de dez mil preciosos volumes de seu finado marido ao
alfarrabista Anselm A. Tempos depois, visitando o alfarrábio deste último, Christian C. adquire
uma obra do séc. XX, que fizera parte da biblioteca de Zimmerman. Passado algum tempo,
Christian contrata os serviços de Dorothea D., profissional especializada em limpeza e
desinfecção de bibliotecas. Esta, ao manusear aquela obra do séc. XIX, encontra entre as
páginas do livro uma raríssima cédula de dinheiro do século XIX, avaliada em €50.000. A quem
deverá ser atribuída a propriedade de tal cédula?
R: Podem ser previstas duas soluções para o caso.
Caso a viúva reivindique a propriedade da nota ela deve provar que a tinha antes da venda a
Anselm A; caso consiga, a propriedade volta para ela, pois não vendera a nota, apenas os livros.
Outra solução diz respeito ao modo originário de aquisição de propriedade por invenção. A
nota, cujo proprietário é desconhecido, foi encontrada na propriedade de Christian C., portanto
lhe pertence. Como Dorothéa D. foi contratada especificamente para a limpeza do livro, e tendo
ela encontrado a nota, ela tem direito à metade do valor da mesma.

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