Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE DIREITO

Daniel Sthefano Valente Nº USP 7614870

História do Direito; Seminário II – Questão de Ementa


RESPOSTA:

Moreira Alves afirma que a universidade possui três principais funções: (a) a
transmissão da cultura, (b) o ensino de profissões e (c) a investigação científica e a educação
de novos homens da ciência. O contexto universitário medieval era marcado por uma
formação profissionalizante, sem, contudo, descuidar-se da formação cultural, o que
importava neste período era a aquisição de uma visão conjunta do mundo. Na baixa Idade
Média, no sec. XIV, com o surgimento do humanismo, há um interesse pelo conhecimento da
Antiguidade Clássica, e como consequência uma ênfase à formação cultural, todavia, no
campo do direito ainda prevalecia a preparação profissional.
O estudo do direito romano enfrenta o desafio da utilização do Corpus Iuris Civilis,
sendo necessária sua compilação que trouxe consigo ainda outra adversidade, a de lidar com
passagens que traziam antinomias. Daí estes estudiosos escreviam seus comentários nos
textos romanos, estes conhecidos como glosas, motivo pelo qual ficaram conhecidos como
glosadores. Surge o início da ciência jurídica ocidental, que tinha como objetivo a aplicação
prática do direito romano para atender a demandas da época.
O mos italicus foi o método que prevaleceu até o séc. XVI, este era caracterizado por
um esquema de pensamento tópico, conservado ao longo do tempo pelo estilo propriamente
jurídico. Nestes textos, no caso de discordância do texto havia as contradições que davam
lugar a dúvidas e uma discussão que exigiam uma solução.
Com o aparecimento da Renascença, aparece o mos gallicus em contraponto ao mos
italicus, tendo como como principal crítica o que diz respeito à falta de sistemática do
procedimento (uma das características mais importantes da estrutura tópica). No entanto, o
mos gallicus não conseguiu desbancar o mos italicus, que se perpetou por mais alguns
séculos.
O estudo do direito romano enfrenta mutações ao longo da história, verifica-se a busca
por uma coadunação entre os textos disponíveis, através de comentários e interpretações,
prática chamada communis opinio (pós-glosadores), para a aplicação dele num contexto
contemporâneo, que culminou no ius commune, até, enfim, chegar ao que conhecemos por
Direito Civil.

Você também pode gostar