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RENASCIMENTO

Também chamada de Renascimento, desencadeou o movimento conhecido como


humanismo, indicando a procura de uma imagem do ser humano e da cultura, em
contraposição às concepções predominantemente teológicas da Idade Média e ao
espírito autoritário delas decorrente.

retorno às fontes da cultura greco-latina, sem a intermediação dos comentadores


medievais, foi um procedimento que visava também à secularização do saber, isto é,
a desvesti-lo da parcialidade religiosa, para torná-lo mais humano.

negação do ascetismo medieval revela-se na busca de prazeres e alegrias do


mundo, desde o luxo na corte, o gosto pela indumentária cuidadosa, até os amenos
deleites da vida familiar.

Além disso, a teoria da supremacia da autoridade papal era rejeitada porque o


universalismo da Igreja contrariava o nascente ideal do nacionalismo, expresso na
formação das monarquias e no fortalecimento do poder dos reis.

Em O cortesão, livro publicado em 1528 e muito conhecido na época, o italiano


Castiglione fez a síntese do modelo de cortesia do cavaleiro medieval e do ideal da
cultura literária tipicamente humanista.

Enquanto os mais ricos ou da alta nobreza continuavam a ser educados por


preceptores em seus próprios castelos, a pequena nobreza e a burguesia também
queriam educar seus filhos e os encaminhavam para a escola, na esperança de
melhor preparálos para a liderança e a administração da política e dos negócios.

Ofereciam a oportunidade de acesso à cultura desinteressada, algumas de caráter


exclusivamente literário, outras filosóficas, e só no século XVII apareceram as
primeiras academias científicas (época em que ocorreu o chamado renascimento
científico).

Aqui daremos maior atenção ao colégio dos jesuítas devido à influência que exerceu
não só na concepção da escola tradicional europeia como também na formação do
brasileiro, embora, como veremos, outras ordens tenham dado sua contribuição.
Inácio de Loyola (1491-1556), militar espanhol basco, ao se recuperar de um
ferimento em batalha, viu-se envolvido por súbito ardor religioso e resolveu colocar-
se a serviço da defesa da fé, tornando-se verdadeiro “soldado de Cristo”.

resultado das experiências regularmente avaliadas, codificadas e reformuladas


adquiriu forma definitiva no documento Ratio Studiorum (a expressão latina Ratio
atque Institutio Studiorum significa “Organização e plano de estudos”), publicado em
1599 pelo padre Aquaviva.

Obra cuidadosa, com regras práticas sobre a ação pedagógica, a organização


administrativa e outros assuntos, destinava-se a toda a hierarquia, desde o
provincial, o reitor e o prefeito dos estudos até o mais simples professor, sem se
esquecer do aluno, do bedel e do corretor.

No final do século XVII, o padre Jouvency preparou o então mais completo manual
de normas gerais e informações bibliográficas necessárias ao magistério, reduzindo
os riscos 203/685 decorrentes do arbítrio e da iniciativa dos mestres mais jovens.

filosofia e ciências (ou curso de artes), também com duração de três anos, tinha por
finalidade formar o filósofo e oferecia as disciplinas de lógica, introdução às ciências,
cosmologia, psicologia, física (aristotélica), metafísica e filosofia moral.

Isso porque, mesmo que no dia a dia as pessoas fizessem uso da língua materna,
ainda no Renascimento e início da Idade Moderna persistia o costume de filósofos e
cientistas escreverem em latim, ultrapassando as fronteiras das diversas
nacionalidades e promovendo a universalização da cultura.

207/685 Nos cursos de filosofia e ciências, os jesuí-tas mostraram-se conservadores


por retornarem à filosofia escolástica, baseandose nos textos de Santo Tomás de
Aquino e de Aristóteles, deixando à parte toda a controvérsia do pensamento
filosófico moderno: ignoraram Descartes — um de seus ilustres ex-alunos — e
recusavam-se a incorporar as descobertas científicas de Galileu, Kepler e Newton,
ocorridas no século XVII.

Por isso, a ele cabia cobrar e administrar os dízimos, apresentar e sustentar


diretamente os bispos, os cabidos, os vigários, como também organizar a política de
distribuição dos benefícios eclesiásticos, das ordens religiosas, das confrarias, das
irmandades, e garantir seu ordenamento jurídico.
Ainda que fosse grande a produção intelectual na Renascença, não havia
propriamente uma filosofia da educação como sistema de pensamento coerente e
organizado — com exceção de Vives, como veremos —, mas sim inúmeros
fragmentos de reflexão pedagógica como parte de uma produção filosófica mais
ampla.

No seu famoso Elogio da loucura, critica a hipocrisia e a tolice humanas e todas as


formas de tirania e superstições, ao mesmo tempo que reflete sobre a necessidade
das paixões, de uma “loucura sábia” responsável pelo amor e pelo prazer.

Lembrando que essa postura interessava sobretudo aos reinos de Portugal e


Espanha, diz o professor português António Gomes Ferreira: “Afinal, os poderes
estavam interessados nessa interpretação autoritária do saber e a escola jesuítica
não tinha pátria porque o latim era a sua língua, o catolicismo a sua ideologia e a
Escolástica a sua compreensão do mundo”[53].

A classe burguesa, enriquecida, assumia padrões aristocráticos e aspirava a uma


educação que permitisse formar o homem de negócios, ao mesmo tempo capaz de
conhecer as letras greco-latinas e de dedicar-se aos luxos e prazeres da vida.

Essa sociedade, embora rejeitasse a autoridade dogmática da cultura eclesiástica


medieval, manteve-se ainda fortemente hierarquizada: excluía dos propósitos
educacionais a grande massa popular, com exceção dos reformadores protestantes,
que agiam motivados também pela divulgação religiosa.

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