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História do direito

Marcos Rufino Canetta


O direito vem para organizar a sociedade
Marginais são aqueles que estão à margem da sociedade, do direito.

A história do direito é o ramo da história social que se ocupa da análise, da crítica e da desmistificação dos
institutos, normas, pensamentos e saberes jurídicos do passado e presente. Ele descreve todo o processo
jurídico desde a antiguidade. O direito é um fenômeno social construído pelo homem a partir da construção
da sociedade civil organizada em todo o processo civilizatório e de desenvolvimento da sociedade.
"Ora, aos olhos do homem o direito é lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garantem a
convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um de seus membros. Assim sendo,
quem age de conformidade com essas regras comporta-se direito; quem não o faz, age torto. Direção,
ligação e obrigatoriedade de um comportamento para que possa ser considerado lícito, parece ser a raiz
intuitiva do conceito de direito. A Palavra lei, segundo a sua etimologia mais provável, refere-se à ligação,
liame, laço, relação, o que se completa com sentido nuclear de jus, que é unir, ordenar, coordenar. O direito
para Santi Romano, é a realização de convivência ordenada."
O código de Hamurabi é um conjunto de leis criado na Mesopotâmia (entre rios Tigre e Eufrates) por volta do
século XVIII a.C. pelo rei Hamurabi da primeira dinastia babilônica. O código é baseado na lei de talião: “olho
por olho, dente por dente”. As 281 leis foram talhadas numa rocha escrito em caracteres cuneiformes, as leis
dispõem sobre regras e punições para eventos da vida cotidiana. Tinha como objetivo principal unificar o
reino através de um código de leis comuns. Para isso, Hamurabi mandou espalhar cópias deste código em
várias regiões do reino. As leis apresentam punições para o não cumprimento das regras estabelecidas em
várias áreas como, por exemplo, relações familiares, comércio, construção civil, agricultura, pecuária, etc. As
punições ocorriam de acordo com a posição que a pessoa criminosa ocupava na hierarquia social.

Direito Romano: É o nome que se dá ao conjunto de princípios, preceitos e leis utilizados na antiguidade pela
sociedade de Roma e seus domínios. Formou o cerne da constituição da República Romana e do "Mos
Maiorum" (Antigas leis escritas e regras de conduta)

Temas: "Tábuas"
Tábua I / II: Organização e procedimento judicial
Tábua III: Normas contra os inadimplentes
Tábua IV: Pátrio poder
Tábua V: Sucessões e Tutela
Tábua VI: Propriedade
Tábua VII: Servidões
Tábua VIII: Dos Delitos
Tábua IX: Direito Público
Tábua X: Direito Sagrado
Tábua XI / XII: Complementares.

Período Régio: Vai desde a fundação de Roma (753a.C.) até a República (510a.C.). Onde predominava um
direito baseado no costume, tendo o direito sagrado ligado ao humano.
Período Republicano: de 510 a.C. até o Império, em 27 a.C.

Jus Gentium = direito das gentes, dos povos em latim.


Jus Fas = direito profano (ius)
Direito divino/sagrado (fas)
Obs.: o ius superou o fas ao longo do tempo

Período do Principado: Direito clássico, reinado de Augusto, onde prevalecia as jis gentium. Administração da
justiça particular do imperador.

Período da monarquia absoluta: Séc. IV d.C. Direito pós-clássico, adaptação das leis em face da nova religião
predominante, cristianismo, direito moderno, imperador Justiniano.
[21:28, 23/8/2017] +55 48 9909-4923: Conquanto seus originais tenham se perdido, os historiadores
reconstituíram parte do conteúdo nelas existentes, através de citações em autores dos mais diversos. Com
base nestes estudos, um esboço do conteúdo das tábuas pôde ser feito.

Temática
Tábuas I e II: Organização e procedimento judicial;
Tábua III - Normas contra os inadimplentes;
Tábua IV - Pátrio poder;
Tábua V - Sucessões e tutela;
Tábua VI - Propriedade;
Tábua VII - Servidões;
Tábua VIII - Dos delitos;
Tábua IX - Direito público;
Tábua X - Direito sagrado;
Tábuas XI e XII - Complementares.
Tábua I
A primeira tábua estabelece regras de direito processual, descrevendo como deverá ser o procedimento de
chamamento do réu a um processo e o início de um julgamento. Demonstra claramente que é dever do réu
responder quando chamado em juízo, porém, se não o fizer cabe ao autor levá-lo, mesmo que seja usando
suas próprias mãos ou a força.

Si in ius vocat, ito. Ni it, antestamino. Igitur em capito. “Se alguém for convocado para comparecer ao juízo
deverá ir. Caso não comparecer o autor deverá apresentar testemunhas a essa recusa do réu e logo em
seguida deverá prendê-lo”.

Se o réu tentar fugir ou pretender não comparecer ao julgamento o autor poderá prendê-lo (lançar mão
sobre o citado). Se por velhice ou doença o réu estiver impossibilitado de andar, o autor deverá lhe fornecer
a condução, na época um cavalo (iumentum). Se o réu recusar o cavalo o autor deverá providenciar um
carro, mas sem a obrigação de ser coberto.

A conciliação estava presente no direito romano desde esta época, observando a praticidade dos acordos
para resolver os conflitos. A regra era a de que se as partes fizerem um acordo deveriam anunciar a todos e o
processo estaria encerrado. Caso não houvesse nenhum acordo, o pretor deveria escutar as partes no
comitio ou no fórum, antes do meio dia com ambas as partes presentes.

Depois do meio dia se apenas uma das partes estivesse presente o pretor deveria se pronunciar, geralmente
em favor do presente (um instituto similar ao da revelia). Se ambos estiverem presentes, pôr do sol seria o
termo final da audiência e o início do julgamento.

Tábua II
A segunda tábua tem a pretensão de continuar os ditames da primeira, estipulando regras de direito
processual. Contudo, não se encontra tão completa em decorrência das perdas ao longo dos séculos.

. . . morbus sonticus . . . aut status dies cum hoste . . . quid horum fuit unum iudici arbitrove reove, eo dies
diffensus esto. A primeira parte do texto está incompleta, estudiosos dizem que determinava às partes o
depósito de certa quantia, denominada sacramentum. Na segunda parte vemos que se o juiz, ou árbitro ou
uma das partes se achar acometido de moléstia grave, o julgamento deverá ser adiado.

Cui testimonium defuerit, is tertiis diebus ob portum obvagulatum ito. Aquele que precisar de alguma
testemunha, deverá ir a sua porta e o chamar em alta voz para comparecer ao terceiro dia.

Na segunda tábua também estão inclusas as regras acerca dos furtos e roubos. Estabelecem que a coisa
furtada nunca poderá ser adquirida por usucapião e ainda que se alguém intentar uma ação por furto não
manifesto, que o ladrão seja condenado no dobro. Dizem alguns que nessa tábua estaria escrito a regra de
que se alguém cometer furto à noite e for morto em flagrante, o que matou não será punido.
Tábua III
Essa tábua é considerada pelos historiadores uma das mais completas e reconstituída com maior fidelidade.
Trata da execução dos devedores que confessaram a dívida.

Aeris confessi rebusque iure iudicatis XXX dies iusti sunto. “Aquele que confessar dívida perante o juiz, ou for
condenado, terá trinta dias para pagar”. Esgotados os trinta dias e não tendo pago, deveria ser agarrado pelo
autor e levado à presença do juiz. Se não pagasse e ninguém se apresentasse como fiador, o devedor era
levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso máximo de 15 libras; ou
menos, se assim o quisesse o credor. O devedor preso viveria às custas do credor.

Tertiis nundinis partis secanto. Si plus minusve secuerunt, se fraude esto. Esta é uma das regras mais
marcantes das tábuas, permitindo que se parta o corpo do devedor em tantos pedaços quantos forem os
seus credores. “Depois do terceiro dia de feira, será permitido dividir o corpo do devedor em tantos pedaços
quanto forem os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem poderão vender
o devedor a um estrangeiro”.

Adversus hostem aeterna auctoritas esto. Determina que contra um inimigo o direito de propriedade é
válido para sempre. Tal norma é decorrência das guerras travadas contra outros povos. Se um inimigo tivesse
o domínio de determinada terra essa ainda pertenceria a seu antigo dono, que poderia reavê-la por meio da
força.

Tábua IV
Nessa tábua está registrado o pátrio poder. De modo direto vemos que o pai tinha, sobre a sua esposa e seus
filhos o direito de vida, morte e de liberdade. Porém o pátrio poder não era ilimitado pois se o pai vendesse o
filho por mais de três vezes perderia o direito paterno. Si pater filium ter venum duit, filius a patre liber esto.

Cito necatus insignis ad deformitatem puer esto. “Se uma criança nascer com alguma deformidade deveria
ser morta”. As crianças deformadas não eram capazes de serem soldados romanos ou mesmo agricultores e,
portanto, seriam um risco a sociedade. Essa norma teve como base o direito dos espartanos na Grécia,
sociedade tipicamente militar.

Tábua V
A quinta tábua dita as regras acerca do direito hereditário e da tutela. Os institutos são muito similares aos
que encontramos atualmente em nosso direito civil. “Se o pai de família morrer intestado, não deixando
herdeiro seu, que o agnado mais próximo seja o herdeiro. ” Estabelece que se alguém morrer sem deixar
testamento, indicando um herdeiro seu impúbere, o agnado mais próximo seria o seu tutor. Interessante
observar que as dividas ativas e passivas (do de cujus) eram divididas entre os herdeiros, segundo o quinhão
de cada um.

Si furiosus escit, adgnatum gentiliumque in eo pecuniaque eius potestas esto. Se alguém tornar-se louco ou
pródigo e não tiver tutor, que a sua pessoa e seus bens sejam confiados à curatela dos agnados e, se não
houver agnados, à dos gentis.

Tábua VI
De domínio et possessione (da propriedade e da posse)

Nessa tábua estão as regras relacionadas à propriedade e a posse. A palavra de um homem era muito
importante nos contratos, conforme a regra Cum nexum faciet mancipiumque, uti lingua nuncupassit, ita ius
esto. “Quando alguém faz um juramento, contrato ou venda, anunciando isso oralmente em público, deverá
cumprir sua promessa”.

Encontramos nesse documento a regra de que se os frutos caírem sobre o terreno vizinho, o proprietário da
arvore terá o direito de colher esses frutos.

Tábua VII
A sétima tábua parece ser uma continuação da anterior, tratando dos edifícios e das terras. Alguns
estudiosos entendem que essas regras pertencem a oitava tábua e não a sétima tábua.

Viam muniunto ni sam delapidassint, qua volet iumento agito. Essa regra pressupõe que toda a propriedade
deve ter uma estrada, porém se tal estrada for desmanchada poderá trafegar-se por qualquer parte das
terras de alguém.

“Se alguém destruir algo de alguém será obrigado pelo juiz a reconstruir ou restituir tal coisa”. Trata-se de
regra histórica para o direito civil, em especial na parte da responsabilidade civil.

Tábua VIII
Considerada talvez a tábua mais importante, trata dos crimes e condutas ilícitas no direito romano. O
sistema penal da lei das doze tábuas era muito avançado para a época. A maioria das penas descritas são
espécies de compensações pecuniárias pelos danos causados. Por exemplo temos a pena da “injúria feita a
outrem” que é o valor de vinte e cinco as. Porém se a injúria for pública e difamatória será aplicada a pena
capital (pena de morte).

“O ladrão confesso (preso em flagrante) sendo homem livre será vergastado por aquele a quem roubou; se é
um escravo, será vergastado e precipitado da Rocha Tarpeia; mas sendo impúbere, será apenas vergastado
ao critério do magistrado e condenado a reparar o dano”.

Vemos que a noção da reparação também é algo observado pelos legisladores na elaboração das leis: “Pelo
prejuízo causado por um cavalo, deve-se reparar o dano ou abandonar o animal” ou ainda “Se o prejuízo é
causado por acidente, que seja reparado”.

Sofria a pena de morte aqueles que cometessem homicídio, ajuntamento noturno de caráter sedicioso e
aquele que prender alguém por palavras de encantamento ou lhe der venenos.

Tábua IX
A nona tábua estabelece algumas regras que tem características públicas. Privilegia ne irroganto. Os
privilégios não poderão ser ignorados nos cumprimentos das leis. Tal regra era ditada especialmente à classe
dos patrícios que possuíam muitos direitos frente aos plebeus.

Conubia plebi cum patribus sanxerunt. Essa regra diz que não é permitido o casamento entre os plebeus e os
patrícios. Alguns estudiosos romanos entendem que essa regra fazia parte da Tábua XI e não da IX. (Que será
revogada pela Lei de Canuleia 444 a.C., que permitirá o casamento entre Plebeus e os Patrícios)

Interessante é a regra acerca da corrupção dos juízes: “Se um juiz ou um árbitro indicado pelo magistrado
receber dinheiro para julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto. ”

Tábua X
Uma das poucas diferenças da Lei das Doze Tábuas com relação ao direito grego da época está concentrada
nessa tábua. A décima tábua traz regras com relação aos funerais e o respeito aos mortos. Estabelecia a
regra do Hominem mortuum in urbe ne sepelito neve urito. “Nenhum morto será incinerado ou queimado
dentro da cidade”.

Qui coronam parit ipse pecuniave eius honoris virtutisve ergo arduitur ei... quando um homem ganhar uma
coroa ou seu escravo para ele...O texto está incompleto e o seu entendimento foi prejudicado por isso.
Alguns estudiosos entendem que a tradução para esse caso seria a proibição do uso de coroas e turíbulos
nos funerais.

Neve aurum addito. At cui auro dentes iuncti escunt. Ast in cum illo sepeliet uretve, se fraude esto. Tal regra
proibia colocar ouro em uma pira de funeral. Mas, se os dentes do morto estivessem nele, ninguém seria
punido por isto. Tal regra servia para evitar possíveis saques ou furtos aos mortos. ...

Tábua XI
Não é permitido o casamento entre patrícios e plebeus. (Foi revogada pela Lei Canuleia, que permitia o
casamento entre a Plebe e os Patrícios) que a última vontade do povo tenha força de lei.

Tábua XII
Os escravos eram considerados como incapazes para todos os atos, porque eram considerados como
objetos, portanto, a Lei escrevia a regra: Si Servo furtuum faxit noxiamve noxit. “Se um escravo comete um
roubo ou um outro delito prejudicial, será movida contra o seu dono uma ação indireta, isto é, uma ação
noxal”.

Si vindiciam falsam tulit, si velit is ... tor arbitros tris dato, eorum arbitrio ... fructus duplione damnum
decidito. Se alguém simular posse provisória em seu favor, o magistrado deverá nomear três árbitros para a
causa e, em face da evidência, condenará o simulador a restituir os frutos em duplo.

Direito, sociedade, economia, política e senso comum


O direito como instrumento civilizatório
O direito como formatação da sociedade civil
O direito como cultura, alienação, controle social.
O direito como política e libertação (Liberdade).

Trabalho
1 Código de Manu
2 Direito Árabe
3 Direito Brasileiro
4 Código de Hamurabi

Introdução
Desenvolvimento
Conclusão

Positivismo jurídico
1) Positivismo é uma corrente da filosofia que procura reduzir o direito a apenas aquilo que está posto,
colocado, dado, positivado, e utiliza o método científico para estudá-lo. Ao defender o direito, o positivismo
identifica, portanto, o conceito de direito com direito e efetivamente posto pelas autoridades que possuem o
poder político e impõe as normas jurídicas.
Obs.: Segue as normas por medo ou por respeito as autoridades que as criaram.

2) A vontade da lei e a vontade do legislador influencia na relação entre a sociedade e seus direitos. Ex.:
Reconhecimento da união homossexual, modificação dos costumes, nova visão de mundo.

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