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DIREITOS
Revista de Estudos Bíblicos da Frente
de Evangélicos pelo Estado de Direito
Revista de Estudos Bíblicos
da Frente de Evangélicos
pelo Estado de Direito
Coordenadores
Anivaldo Padilha
Ariovaldo Ramos
Nilza Valeria
Organizadores
Clemir Fernandes
Marco Davi de Oliveira
www.frenteevangelicos.org
55 21 99625 8912
valeria@frenteevangelicos.org
/frentedeevangelicos
Apresentação
Esta é uma revista para ser usada do jeito que você quiser. Pode ser em pequenos grupos,
em reuniões de mulheres, em grupo de jovens, em grupo de estudantes, em reuniões de
líderes. É uma revista de estudos bíblicos, que aborda assuntos que mostram o quanto
a fé em Cristo pode ser comprometida com uma sociedade mais justa, que garante
direitos, igualdade e justiça para todos.
A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito reconhece a Bíblia como regra de fé e
prática. Através da leitura bíblica, o que podemos aprender sobre viver em um mundo
diverso? O que a Bíblia ensina sobre respeitar outras religiões? O que fazer diante da
violência que afeta os jovens do país? Como proteger as crianças? Como as igrejas
podem ajudar na preservação ambiental? Quando um posto de saúde não funciona o
que pode ser feito? É direito lutar para ter moradia e para o uso da terra? O que é violên-
cia contra a mulher?
As respostas para estas perguntas, e para muitas outras, estão apontadas na leitura
bíblica. Essa revista é uma ferramenta para que possamos olhar para a Bíblia e para
a realidade que fazemos parte, para que possamos refletir e agir como povo de
Deus no Brasil.
Como servos do Altíssimo é preciso contribuir para o estabelecimento dos direitos e da
dignidade humana. Os evangélicos somam mais de 42 milhões de pessoas no Brasil.
É preciso obedecer a Cristo e ser sal e luz no meio da realidade. O texto diz: “Vós sois
sal”. Não há como deixar de ser sal. Não há alternativa, é necessário ser o sal, que dê
o sabor, que não seja insípido. É ser contundente não para o próprio enriquecimento
ou crescimento, mas para promover a transformação do Brasil em um lugar de justiça,
paz e equidade. Também é uma ordem ser luz. Jesus disse: “Vós sois luz”. O crente
em Jesus não consegue se esconder, sendo luz. Por isto, ele é percebido sempre.
Os evangélicos neste país serão sempre vistos. Que sejam vistos e reconhecidos
como os que promovem a justiça, o que é reto e bom.
Jesus de Nazaré disse que veio para que haja vida e vida em abundância. É essen-
cial perceber que Jesus estabeleceu relações com as mais diversas pessoas e sus-
tentou o direito de cada pessoa ou grupo. Conversou com as mulheres reconhecendo
o valor que elas tinham. Respeitou a religiosidade dos que tinham e expressavam
crenças diferentes. Deu valor ao trabalho digno das pessoas. Buscou a justiça esta-
belecendo novas relações entre quem tinha poder e quem não tinha. Manteve um rela-
cionamento totalmente democrático com seus discípulos. Em todo o tempo Jesus trouxe
outra dinâmica de vida onde os direitos das pessoas eram considerados fundamentais
para a vida.
Boa leitura!
Índice
08 Lição 1 - O que a Bíblia Fala Sobre Direitos
A Bíblia e Direitos
Organização das Nações para que os direitos se realizem
Unidas foi criada e elaborou de forma concreta.
a Declaração Universal dos
Direitos Humanos, em 1948.
Mas por que evangélicos
Desde então, os Estados devem ser defensores de
Membros das Nações Unidas direitos humanos?
comprometeram-se a se
Em primeiro lugar, a Bíblia retrata o
11
empenhar na promoção dos
próprio Deus como um ativista de
30 artigos inscritos nesse
direitos humanos, pois o Senhor
importante documento. Em
defende aqueles que estão em
decorrência disso, vários destes
situação de vulnerabilidade social.
direitos são agora parte das leis
constitucionais da maioria das O salmista afirma:
nações democráticas.
“Que faz justiça aos oprimidos e dá
Entretanto, não basta apenas pão aos que têm fome. O Senhor
ter esses documentos, é liberta os encarcerados. O Senhor abre
importante não ficarmos de os olhos aos cegos, o Senhor levanta os
braços cruzados. Um exemplo abatidos, o Senhor ama os justos. O
disso foi o envolvimento de Senhor guarda o peregrino, ampara
muitos metodistas, quakers, o órfão e a viúva, porém transtorna o
batistas, congregacionais caminho dos ímpios.”
e presbiterianos ingleses
(chamados não conformistas (Salmo 146.7-9)
Em segundo lugar, o projeto libertador de Javé inclui a defesa de direitos
de seu povo contra a opressão no Egito. O êxodo nos mostra a compaixão
de Deus e o seu desejo de justiça e liberdade. A compaixão e a justiça
são, com frequência, encontradas juntas nas ações e nos mandamentos
de Deus:
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“Disse o Senhor: De fato tenho visto a opressão sobre o meu povo no Egito,
e também tenho escutado o seu clamor, por causa dos seus feitores, e sei quanto
eles estão sofrendo.
A Bíblia e Direitos
Por isso desci para livrá-lo das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para
uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel.”
(Êxodo 3.7,8)
Em terceiro lugar, na constituição das leis do Jubileu dadas por Deus para
o seu povo (Levítico 25.8-34), foram estabelecidos direitos que promoviam
igualdade. Tais direitos prescritos buscavam evitar o acúmulo de terras e
promover a redistribuição dos meios de produção a cada período de tempo,
bem como medidas econômicas que impediam a propagação da indigência
entre o povo de Deus e também entre os estrangeiros.
Em quarto lugar, porque defender os direitos da pessoa humana, espe-
cialmente dos injustiçados, testemunha que conhecemos o próprio Deus:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar
os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração
da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano
aceitável do Senhor”.
(Lucas 4.18,19)
A Bíblia e Direitos
Ao falar do “ano aceitável do Senhor” Jesus afirma não apenas que os
pobres são bem-vindos em seu Reino, mas também que parte de sua
missão era tomar partido em favor dos que sofrem qualquer tipo de
opressão (inclusive social). Quem estivesse escutando Jesus naquele
tempo concluiria que isto representava criar uma sociedade justa, assim
como libertar as pessoas espiritualmente. Lutar pelo direitos dos pobres
e dos necessitados não é uma opção, mas faz parte da missão cristã de
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“buscar o Reino de Deus e sua justiça”.
Jeremias 29.7
Falar de cidadania é pensar na vida na cidade tendo a paz como maior
objetivo. A paz deve ser o padrão para que haja a cidadania e a de-
mocracia. Assuntos como a paz religiosa, social, econômica e civil são
bases para a vida cidadã. Para que haja a democracia algumas coisas
são muito importantes tais como: A possibilidade do protesto, a admis-
são da incompetência de quem detém o poder, a partilha do poder, a
eleição e as políticas públicas. Tanto a questão de cidadania quanto de
democracia são assuntos que podem ser ressaltados a partir da Bíblia
que é nossa base para a vida cristã no mundo.
CIDADANIA
de cidadania.
Paz social
Que todos tenham condições dignas de vida, como disse Jesus
em Mateus 25.31-45:
A Bíblia e Direitos
Estava enfermo e me visitastes - É preciso garantir a assistência
médica, hospitalar e medicamentosa para todos. Todos têm de ser
socorridos, atendidos e tratados com igual cuidado, isto é, provi-
denciar um sistema único e universal de saúde.
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meiro lugar, pela criação de ambiente que privilegie a justiça, o
cuidado, a educação e a segurança socioeconômica, que, portan-
to, dificulte o estabelecimento da atividade criminosa. A justiça tem
de ser ágil e gratuita, não pode haver impunidade, mas o sistema
tem de ser de educação não de vingança.
Paz econômica
Em 1 Coríntios 9.9,10 está escrito que o boi que debulha o trigo não
pode ter a boca atada, assim era determinado pela lei mosaica. O
trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do resultado de seu
trabalho, isto é, o trabalhador tem de receber um salário justo, que
lhe permita acesso aos bens necessários, e tem de participar do
lucro da empresa.
Em Isaías 5.8, ninguém pode acumular casa e terra até ser o único
morador do lugar, por isso o direito à propriedade tem de ser contido,
não pode ser exercido em prejuízo ao direito à moradia, e não pode ser
praticado em prejuízo à produção de alimentos, que são, geralmente, cul-
tivados em pequenas propriedades, pelo pequeno agricultor e pela agri-
cultura familiar.
Na Carta aos Efésios 4.28 o trabalho deve ter fim social: acudir o ne-
cessitado. O trabalho tem de ser estruturado de maneira que promova
um sistema de seguridade social para todos, para que os velhos e as
crianças possam, em paz, usar as praças e nelas brincar (Zacarias 8.4-
5). Isso significa seguridade social para os idosos e rede de proteção
social para as crianças.
Paz civil
Em Lucas, o profeta João disse aos soldados que a ninguém deve-
riam maltratar (3.14), ou seja, o cidadão não pode ser tratado como
inimigo do Estado, ou agredido injustamente, como Jesus protestou
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Democracia
Procurar pela paz na cidade é interceder e praticar a cidadania.
Isso começa por fortalecer ou procurar implantar a democracia.
Um governo onde, por vontade de Deus, a autoridade é o povo
e só em nome do povo o governo possa ser exercido. Essa demo-
cracia tem de ter como vocação o estabelecimento do princípio
do direito. Isso, também, é missão da Igreja.
O protesto
As viúvas helênicas estavam sendo esquecidas, e protestaram.
A democracia começa no protesto do povo, uma vez que é o governo
do povo, para o povo, a partir do povo.
Por que as mulheres puderam protestar, numa época em que sequer
eram ouvidas na sociedade? Porque a igreja primitiva tinha o direito
como princípio de ação: se o irmão tinha necessidade, a comunidade
tinha um dever (Atos 2.45). Os apóstolos pararam diante do direito. O
direito tem de ser garantido ou protestado.
A admissão da incompetência
Os apóstolos reconheceram que não davam conta de cuidar das me-
sas, da oração e da ministração da palavra. E que, portanto, eram in-
competentes para fazer tudo o que tinham de realizar como líderes da
igreja. Admitiram que precisavam de ajuda.
A Bíblia e Direitos
trabalho coletivo.
A eleição
Os apóstolos reconheceram que os prejudicados deveriam ter o seu
problema resolvido pela participação no governo da Igreja, o que faria
por meio de diáconos, que eles livremente elegeriam.
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Os apóstolos reconheceram que a vontade de Deus passaria pela
liberdade do povo de eleger os seus representantes, para garantir a
igualdade social.
O padrão
Os apóstolos apresentaram um padrão para os que poderiam ser
eleitos: gente que pudesse, de fato, representar o povo em sua ne-
cessidade de igualdade social. Pela plenitude do Espírito Santo, eles
deveriam ser movidos pelo espírito público, sem ter outro foco que
não o alcance da paz social numa sociedade que estava correndo
o risco de se dividir. Essa paz social só poderia ser, portanto, esta-
belecida pela distribuição igualitária dos bens. Esse deveria ser o
compromisso dos representantes, fruto da ideia consagrada, por to-
dos, de que sem que o direito seja satisfeito, nenhuma sociedade
pode alcançar a paz social.
20
A Bíblia e Direitos
A partilha do poder
Os apóstolos reconheceram o resultado das eleições, e, orando, im-
puseram-lhes as mãos, partilhando o poder. Daquele dia em diante
teriam de repartir as decisões com os diáconos, que seriam os por-
ta-vozes do povo, apresentando a necessidade do povo para que o
direito lhe fosse garantido.
A Bíblia e Direitos
21
Como você pode se envolver com a paz na cidade?
Seguindo o ensino de Jesus em Mateus 25. 31- 45, qual
deve ser sua ação para que as pessoas tenham melhores
condições de vida?
PARA PENSAR
O último Mapa da Violência 2016 escrito por Julio Jacobo Waiselfsz res-
saltou que, enquanto jovens brancos mortos por arma de fogo teria di-
minuído 14,6%, o percentual de negros aumentou consideravelmente:
18,2%. Em alguns estados, como Alagoas, chega à taxa de 75 jovens pre-
tos por 100 homicídios. Outro documento, o Atlas da Violência 2017, do
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Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo,
sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou. Disse
o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei;
acaso, sou eu tutor de meu irmão? E disse Deus: Que fizeste? A voz do
sangue de teu irmão clama da terra a mim. (Genesis 4.8-10)
Deus inquiriu Caim sobre a localização de seu irmão. Deus deseja sa-
ber: “Onde está Abel?”. Como pode ser isto? Um Deus que é onisciente,
ou seja, que sabe de todas as coisas, como não poderia saber onde
ele estava ou o que tinha acontecido com Abel? Obviamente, Deus
não tinha perdido nenhum dos seus poderes ou deixado alguma de
suas características naturais. O que o texto sugere é que Deus deseja fa-
zer com que Caim perceba que o que ele tinha feito era tão catastrófico
que havia causado estranheza no próprio Deus. Sim, porque matar um
irmão causa repúdio a todo o universo e atinge a Deus. Caim, por sua vez,
A Bíblia e Direitos
demonstra total indiferença em relação ao seu irmão.
O que mais salta aos olhos neste texto é a reação de Deus e sua reve-
lação surpreendente. Deus pede que Caim escute com atenção, pois o
sangue de Abel estava clamando da terra. Isso deveria nos deixar estu-
pefatos: o sangue dos oprimidos clama diante de Deus!
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do sangue de teu irmão clama da terra a mim”, pensamos no que
a sociedade não pode esquecer, os quase 400 anos de escravidão no
Brasil. Imagine a quantidade de sangue derramado nesta nação. Sangue
de negros e negras que foram escravizados, castigados e violentados,
tudo isso para suprir uma economia perversa que favorecia os podero-
sos da época. Quanto sangue derramado nas fazendas, nas grandes ci-
dades, para manutenção de um status quo que tinha escravos e escravas
como motores? Quantas mulheres violentadas para satisfazer homens
violentos, incapazes da conquista feminina? Quantas crianças, que sem
esperança, foram amordaçadas em suas fantasias e sonhos, agredidas e
separadas de seus pais?
O que podemos intuir do texto bíblico é que Deus está ouvindo o clamor
do sangue que foi derramado nesta nação durante séculos. Deus ouve
hoje o grito do sangue dos jovens pretos, entre 16 e 29 anos, seja nas
favelas ou no asfalto, que estão na mira constante de um fuzil por te-
rem nascido com a pele mais escura. Ou de jovens que tem entrado na
vida do crime por não terem estrutura social, familiar e educacional capaz
de evitar que cometam crimes, sendo assim vítimas da violência tanto
do narcotráfico quando do estado, através de ações policiais, muitas
vezes truculentas.
sobretudo, saem nas ruas com receio de serem interpelados por autori-
dades que deveriam protegê-los. Os que moram em comunidades mais
empobrecidas e marginalizadas dizem que sair de suas casas é um ato
A Bíblia e Direitos
de risco, já que não podem ter certeza absoluta se voltarão. Não porque
sabem que algo ruim vai acontecer, mas porque se sentem como alvos
preferenciais da violência e da maldade.
Mas, o mesmo Deus que lança o seu juízo é um Deus gracioso. Caim
demonstrou remorso, não arrependimento. Estava pensando em si mes-
mo ao dizer: “É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo.
Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de es-
conder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar
me matará”. Era a constatação a que chegava. Pela compreensão de sua
época tinha certeza de que isso era mesmo justo. Mas ao mesmo tem-
po percebe-se um pedido de ajuda. Mesmo que estivesse pensando so-
mente em si mesmo. Então, o Deus que é cheio de misericórdia, resolve
marcar aquele homem como alguém que mereceria morrer, mas por cau-
sa do Seu amor, viveria para ser lembrado como alguém que fora atingido
pela graça e misericórdia do Senhor de toda a história.
A Bíblia e Direitos
dades. Após pagarem por todos os atos cometidos, a igreja pode mostrar
o mesmo que o Senhor demonstrou àquele primeiro homicida: amor.
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Como a igreja pode ser um instrumento para
diminuir a violência na cidade?
Como a igreja pode se envolver na desconstrução do dogma
social maldito de que os jovens negros, simplesmente por
serem negros, são, de antemão, culpados ou bandidos?
Como a igreja pode conscientizar a sociedade
PARA PENSAR
Estes exemplos demonstram, ainda, como o papel do Estado faz parte das
obras humanamente construídas, evidenciam as providências humanas e
divinas, e nos permitem glorificar a Deus pelas conquistas destes acessos
e usufrutos como direitos básicos da pessoa humana, a quem Ele ama de
forma incomparável.
A Bíblia e Direitos
da postura legalista, assim como a sua universalidade – ao incluir todos
os doentes.
O objetivo deste conceito é que o ser humano possa ter acesso ao melhor
estado de saúde que seja possível atingir em uma dada sociedade, sem
distinção de raça, gênero, religião, credo político, condição econômica ou
social. O grande desafio é como atingir socialmente este completo esta-
do de bem-estar, com tantas formas da iniquidade social, na contramão
31
da justiça de Deus, pressionando a saúde mental e física das pessoas.
A Bíblia e Direitos
o direito como bases e o amor e a fidelidade precedem a sua passagem
(Salmo 89.14); que ama o direito e odeia a iniquidade (Hebreus 1.8,9); cuja
maior marca de identidade de seus discípulos, apontada por Jesus, seria
o amor que tivéssemos uns pelos outros (João 13.35), podemos perceber
que a saúde como um direito de todos tem no Evangelho um grande
fundamento, e pode ter nos evangélicos sinceros grandes aliados para a
sua construção e efetivação, na defesa da vida humana com dignidade.
33
Há postos de saúde no seu bairro?
Quando que a saúde se tornou direito de todos sem
distinção? O que você acha disso?
PARA PENSAR
(Mateus 6.19-21)
A Bíblia e Direitos
2
Fonte: https://observatoriosc.wordpress.com/2016/03/24/numero-de-pessoas-em-situa-
cao-de-rua-so-cresce-no-brasil/
QUE A NOSSA VOZ SEJA UM BRADO DE JUSTIÇA E LIBERTAÇÃO,
QUE NOSSOS PÉS POSSAM CAMINHAR AO LADO
DOS SEM TERRA E SEM TETO.
A Bíblia e Direitos
Como a igreja deve se envolver para ajudar na partilha
da terra e moradia?
Como a igreja deve se posicionar contra os senhores do
negócio imobiliário nos centros urbanos?
O que você acha dos políticos ruralistas que exploram
e detém o poder nas áreas indígenas e quilombolas?
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O que a igreja deve fazer contra este problema?
Como povo de Deus qual tem sido a nossa postura
em relação aos que não tem terra?
O que a Bíblia ensina sobre aqueles que acumulam terras?
Em sua opinião qual é a realidade da terra no Brasil?
Como a igreja deve se envolver para ajudar na partilha
PARA PENSAR
da terra e moradia?
Como a igreja deve se posicionar contra os senhores do
negócio imobiliário nos centros urbanos?
O que você acha dos políticos ruralistas que exploram e
detém o poder nas áreas indígenas e quilombolas?
O que a igreja deve fazer contra este problema?
6 O que a Bíblia fala sobre a
dignidade da mulher
"Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos:
Eu vi o Senhor. E contou o que ele lhe dissera."
João 2.18
Um olhar sobre a condição
da mulher no Brasil
Em boa parte das famílias brasileiras são as mulheres, as mães, que têm
a responsabilidade pelo sustento dos filhos e da casa. De acordo com a
pesquisa Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça, feita pelo Insti-
tuto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o número de lares chefia-
dos por mulheres saltou de 23% para 40% entre 1995 e 2015. São elas,
também, que além de trabalhar, possuem a tarefa de cuidar, de educar,
de garantir que tudo funcione bem na casa. É curioso perceber isso: ao
mesmo tempo em que as mulheres são obrigadas a governar em suas
casas e famílias não vemos a maioria das mulheres liderando empresas,
igrejas ou processos políticos.
homens pelo mesmo trabalho (Pnad 2014). Se a mulher for negra, ganha
cerca de 15% a menos que uma mulher branca. A mulher negra ganha 60%
do rendimento de um homem branco. E a situação pode se agravar ainda
mais: mulheres são mortas por seus maridos, companheiros ou namora-
dos. São mortes denominadas de feminicídios, em que o motivo principal
é a condição de ser mulher, em que quase sempre a outra pessoa, o
criminoso, determina que a vítima seja considerada sua propriedade ou
que não tem o direito de fazer suas próprias escolhas. São crimes de ódio
motivado pela condição de gênero. Somente em 2017 foram registrados
946 feminicídios no Brasil, dos 4.476 homicídios de mulheres.
Até para dar à luz algumas mulheres sofrem. É a chamada violência obstétri-
ca. São médicos, enfermeiros e profissionais de saúde que fazem piadas
jocosas quando as mulheres estão em trabalho de parto, exigindo que
não gritem, ou não manifestem desconforto. São mulheres que não são res-
peitadas na manifestação de suas dores, sendo expostas em um momento
que deveria ser de tranquilidade, para fortalecer o vínculo com a criança que
nasce. Embora muitas mulheres não estejam familiarizadas com o assun-
to, muitas já foram vítimas desse tipo de agressão, que pode ser física ou
verbal, tanto durante o parto quanto no pré-natal. São xingamentos, recu-
sa de atendimento, realização de intervenção e procedimentos médicos
não necessários, como exame de maridos, mulheres que criam os
toque a todo instante, episiotomias filhos sem a referência masculina,
ou cesáreas desnecessárias. mulheres que não podem admi-
nistrar o próprio salário, mulheres
Outra violência que produz marcas que não tem com quem deixar os
profundas nas mulheres é a violên-
filhos para trabalhar, mulheres que
cia sexual. É a apropriação do corpo
são demitidas após a licença ma-
da mulher. Apesar da vergonha que
ternidade, mulheres que apanham,
as mulheres sentem em admitir
mulheres que escutam — todo o
que foram abusadas, os números
tempo — que não possuem valor.
indicam que isso é muito mais
comum que imaginamos. Dados Jesus e a dignidade
divulgados pelo Fórum de Segu- das mulheres
rança Pública, em outubro de 2017,
registram 135 casos de estupro por Por isso é importante a gente ler a
dia. A violência sexual é a relação história da mulher de Samaria, que
sexual sem consentimento, é o está em João 4.1-34. O texto bíbli-
A Bíblia e Direitos
homem dentro do transporte públi- co nos conta como foi o encontro
co que encosta seu corpo contra de Jesus com uma mulher, de Sa-
o da mulher, causando constran- maria, que estava buscando água
gimento. É a exposição pública do no poço ao meio dia. Numa hora em
órgão masculino. E tem aqueles que que não se ia ao poço buscar água,
dizem que as mulheres merecem por causa do sol escaldante. É nes-
sofrer violência, ou que provocam os sa hora improvável que ela encon-
43
homens com o uso de roupas curtas tra Jesus, que estava com sede. Os
ou justas, ou que não deveriam estar discípulos tinham ido comprar co-
na rua em alguns horários. Pois mida. Jesus está no poço e pede
a situação não é bem assim: a maior que a mulher lhe dê agua para be-
parte das mulheres, mesmo quando
ber. Era uma mulher samaritana, e
crianças, que sofrem violência
os samaritanos não falavam com os
sexual, foi atacada dentro de casa, e
judeus. Além disso, um homem não
o agressor é conhecido, isso quan-
devia falar com uma mulher, muito
do não é o próprio pai, tio ou avô
menos com uma mulher samaritana,
da vítima. Muitas casas não são
naquele caso. Um judeu não podia
lugares seguros.
se alimentar ou beber em utensílios
Há muitas outras situações sobre de um samaritano. Se acontecesse
a mulher que poderíamos acres- isso, o judeu ficaria quarenta dias
centar nessa lista: homens que não em condição de impureza ritual, im-
deixam mulheres falar, mulheres possibilitado de participar do culto
que foram abandonadas por seus a Deus.
Jesus não se importou com nada disso. Não se importou com as regras.
Ele falou com a mulher, pediu água e disse que beberia na vasilha que ela
usava. Jesus conversou sobre as coisas de Deus com a mulher — o que
também era proibido. As mulheres, naquele tempo e naquele contexto
não tinham o direito de receber nenhuma informação sobre Deus, sobre
a Palavra de Deus ou a vinda do Messias. Conversas sobre Deus eram
assunto de homem.
Jesus quebra as regras. Jesus mostra que a mulher pode ter acesso di-
reto à vontade de Deus. Jesus conversa com a mulher sobre as coisas
espirituais. Jesus coloca aquela mulher em um lugar que ela não tinha
sido colocada. Ele a respeita, respeita o que ela faz, respeita o que ela
diz. Jesus sabe que a condição daquela mulher era difícil, e ele não se
importa. Ao conversar, ao beber água, ao falar de Deus, Jesus leva digni-
dade àquela mulher.
É dessa dignidade que as mulheres precisam, é essa dignidade que faz fal-
44
Sentar aos pés de um mestre era uma atitude permitida somente para os
homens. Somente homens podiam se sentar aos pés de outros homens
para aprender. Marta fica incomodada — ela aprendeu que as mulheres
deviam fazer o que ela estava fazendo. Cuidar de tudo para que os hos-
pedes fossem bem tratados. Marta fica envergonhada e espera que Je-
sus coloque Maria no devido lugar que uma mulher tinha que ocupar.
Jesus não age como Marta esperava. Jesus aceita Maria sentada aos seus
pés. Jesus aceita uma mulher como discípula, mais uma vez subvertendo
a ordem milenar de que havia lugares que as mulheres não deveriam ocu-
par. Jesus ensina para Marta que lugar de mulher é o lugar que ela quiser
estar. E Jesus segue ensinando para todos nós a mesma coisa, ainda hoje:
mulheres não podem ser silenciadas, mulheres escolhem o lugar que dese-
jam estar e ficar, mulheres são portadoras de vida e de esperança.
A Bíblia e Direitos
45
Como seguidores e seguidoras de Cristo, o
que fazer para que as mulheres não morram?
Por que as mulheres ganham menos e são as principais
responsáveis pelo sustento de suas famílias?
PARA PENSAR
e a ordem dada por Deus à Adão e Eva para “encher, sujeitar e dominar
a terra”, encontrada em Gênesis 1.27-28. A interpretação errônea deste
mandamento tem como consequências toda a sorte de abusos contra
a natureza e contra os seres humanos, culminando no afastamento de
Deus, que é o Criador e Redentor de toda a Criação.
Esse egoísmo pouco inteligente ignorou o fato de que a conta chega para
todos e todas. As conquistas ao longo da história com suas explorações
predatórias e a pilhagem dos recursos naturais em nome do “progresso”
têm propiciado o acúmulo de riquezas por parte de poucos em detrimen-
to da grande maioria. Essa compreensão utilitarista segundo a qual a na-
tureza só existe para que dela se possa tirar o que precisamos, produzir
e descartar contraria a percepção do próprio Deus que, ao contemplar
cada aspecto de sua Criação, concluiu que era muito bom (Genesis 1.31).
O Jubileu bíblico
A ideia de cuidar da Criação é encontrada nos relatos bíblicos do Antigo
Testamento quando o próprio Deus sanciona leis com o intuito de corrigir
as distorções e disfunções geradas pela cobiça, vaidade e pela opressão
de uns sobre os outros. Ao estabelecer um Ano Sabático a cada sete
anos Deus não permitia que o povo sequer semeasse a terra, e só lhes
permitia comer os frutos que fossem produzi-
dos livremente.
Um grande desafio para a humanidade nos dias atuais é dar uma des-
tinação correta aos 30 bilhões de toneladas de resíduos gerados em
todo mundo. A sobrevivência para muitos povos tradicionais, como o
caso de comunidades Quilombolas no Norte de Minas Gerais tornou-se
difícil com o empobrecimento da biodiversidade decorrente da queima
do carvão, do império da monocultura e do agronegócio em todo o ter-
ritório nacional.
3
Fonte: O alerta foi feito por um grupo de pesquisadores brasileiros na edição de
23/03/2017 da revista Nature Ecology and Evolution.
Egoísmo e consumismo:
duas faces de uma mesma moeda
Nosso estilo de vida consumista reflete nosso egoísmo, irresponsabili-
dade e descaso para com os recursos que são finitos. Além disto, a so-
ciedade de consumo cria produtos descartáveis que são consumidos no
“modo automático”. Novos designs, novos modelos com vida útil limitada
são parte da estratégia do mercado para a criação de novas demandas e
para o incentivo ao consumismo desmedido.
Tudo isto contradiz o estilo frugal e despojado vivido por Jesus, que sendo
Deus, despojou-se de toda a sua majestade e habitou entre nós e nos man-
dou contemplar a natureza como forma de confrontar nossa ansiedade e
incredulidade (Mateus 6.28-30). Esta mensagem tão simples e poderosa en-
contra pouco eco no meio evangélico nos dias hoje. Ao invés de tomarmos
o exemplo do nosso Mestre, nos empenhamos em prosperar para consumir
A Bíblia e Direitos
e acumular cada vez mais.
51
economia, nas relações sociais e na natureza.
Esperança e redenção
Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores
de parto. (Romanos 8.22). Somos um todo harmônico, integrado. Nosso
corpo físico volta ao pó e integra a terra. A natureza sofre e nós sofre-
mos com ela. Nossa compreensão limitada da Redenção não raro nos
leva a ignorar que em Cristo se deu a reconciliação de todas as coisas:
homem com Deus, o homem consigo mesmo, com o próximo e com a
natureza. Por onde começar?
A Bíblia e Direitos
Criação. Cristãos cometem um grande pecado contra o Criador e con-
tra toda a Criação quando se omitem, se descuidam e são indiferentes
ao descalabro ambiental e ecológico em curso. Cumprimos nossa missão
na medida em que exercemos nossa voz profética e atuamos para trans-
formar toda a Criação, aguardando com esperança a redenção em
Cristo de todas as coisas criadas.
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grarem em outros países, a fim de sobreviverem das mazelas provoca-
das por desastres naturais, como o terremoto no Haiti em 2010 ou as
guerras, como a da Síria, desde 2011, além de perseguições políticas
e religiosas.
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Para saber mais: Agência da ONU para refugiados: http://www.acnur.org/portugues/; Nações
Unidas no Brasil: https://nacoesunidas.org/; Anistia Internacional: https://anistia.org.br/noticias/pes-
soas-em-movimento-para-grande-parte-da-populacao-siria-deslocada-o-regresso-para-casa-e-impos-
sivel. Obs: Último acesso nos links acima em 01/04/2018.
Atualmente, muitas igrejas estão envolvidas em suas atividades inter-
nas em prol de atender sua membresia, olhando sempre para dentro e
vivendo mais do mesmo. Baseado no Evangelho de Mateus – Porque
A Bíblia e Direitos
tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era
forasteiro, e me hospedastes (Mateus 25.35), seria possível despertar
o interesse missionário em atender a necessidade do estrangeiro em
situação de vulnerabilidade?
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Quais são as maiores dificuldades de se envolver com
os imigrantes e refugiados? Para você e para a Igreja?
Como você pode se envolver no cuidado de
imigrantes e refugiados?
Diante da crise econômica que o Brasil enfrenta, com
PARA PENSAR
A Bíblia e Direitos
valeria qualquer sacrifício (versículos 7 a 9). Jesus falou que as crianças
têm um tratamento especial por parte do Pai, pois os seus anjos estão
sempre na presença dEle (versículo 10). Por isso, vale qualquer ato
heróico para salva-las, tal como o do pastor que, por causa de uma
ovelha, deixa nos montes outras noventa e nove, saindo em busca da
perdida. Para nós parece loucura, que pastor abandonaria noventa e
nove ovelhas nos montes, à deriva dos ladrões e predadores naturais,
por causa de uma ovelha que se extraviou, a menos que transformasse
63
o seu salvamento numa motivação sem alternativas: ou ela ou nada,
de acordo com os versículos 12 e 13. Jesus nos comunica que
para resgatar as crianças vale qualquer medida heróica, mesma a,
aparentemente, louca.
Jesus adverte que o Pai não quer que nenhum dos pequeninos se
perca, conforme o versículo 14. Imaginemos Jesus em uma de nossas
cidades, São Paulo por exemplo. Jesus poderia, a exemplo do que fez
em Cafarnaum, pegar uma das crianças que perambulam pela Praça
da Sé – um daqueles meninos que a gente quer colocar na Fundação
Casa, e colocá-lo no meio da roda formada por seus questionadores
e apresentá-lo como símbolo do que há de melhor na humanidade?
Infelizmente, não. Nossa sociedade, pela injustiça e pela discriminação
está descaracterizando as crianças transformando-as no símbolo do que
há de pior na humanidade, de maneira que, quem cruza com uma delas,
em vez de afago, oferece desprezo, ao invés de abraço ou acolhida,
oferece medo.
Não podemos perder a muito mau. Batem na gente de
perspectiva de que as crianças, bobeira. Eu não gosto deles não,
as abusadas ou violentadas eles sempre querem que a gente
sexualmente, as que cometem desapareça”, conta Felipe, de 12
atos infracionais, as que são anos, que vive nas ruas de Natal,
portadoras de Hiv/Aids, as no Rio Grande do Norte. Como
abandonadas, as que exercem crianças abandonadas entendem
atividades análogas a trabalho o amor de Deus? Ana, de 15 anos,
escravo, as que não sabem ler conta que quando tinha cinco
ou escrever, as que são vítimas anos foi para um posto de saúde,
de violência, ainda são os tais no Rio de Janeiro, com sua mãe.
pequeninos de que fala Jesus. Andaram mais de uma hora e
E são, justamente, porque estão sua mãe a arrastava pela mão:
nessa situação pela ganância “eu estava cansada e minha mãe
de uma sociedade injusta, pela parecia não se importar. Teve
desestrutura familiar que as fazem uma hora que ela me colocou no
tropeçar, sendo desviadas dos colo e me senti, por um segundo,
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A Bíblia e Direitos
tornado a prática corrente em nossa sociedade. Nossa sociedade
está sob risco iminente.
A Bíblia e Direitos
abusivas de impostos que chegavam a 50% sobre os ganhos e bens das
famílias pobres. O contexto no qual Tiago escreve sua carta é de uma
profunda desigualdade social onde os mais pobres sofriam sob opressão
dos poderes dominantes instalados nos sistemas religioso, político e
econômico centrados no templo de Jerusalém.
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seus campos verdes e fartos, seus rebanhos eram de perder de vista,
os comerciantes aumentavam seus bens embutindo grandes lucros
nas mercadorias, enquanto isso faltava comida na mesa do trabalhador
pobre, terra para plantar, casa para morar. Um dia sem salário para um
trabalhador era extremamente grave, pois não tinham outro meio de
sustento. Os trabalhadores eram em sua maioria camponeses. Havia
um contexto de desigualdade. A profecia apontava para uma lógica de
exploração de mercado e do trabalho escravo. Uma riqueza que gerava
pobreza favorecendo mais e mais os senhores do agronegócio daquela
época. Um modelo econômico-opressor não muito diferente de nossos
dias onde na América Latina, por exemplo, a concentração de renda
está nas mãos de uma minoria de empresários ricos, em detrimento de
milhões de explorados, empobrecidos e miseráveis.
A Bíblia e Direitos
libertador que cuida de todos nós.
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Qual a relação da carta de Tiago com a realidade
brasileira em relação ao trabalho?
O que você acha da reforma trabalhista? Como ela afetou
aos trabalhadores do Brasil?
PARA PENSAR
A Bíblia e Direitos
Uma pessoa que professe a sua fé em Jesus Cristo precisa perguntar-
se: o que Jesus falou? Como Jesus agiu? É na prática de Jesus que os
servos e as servas de Cristo devem moldar a sua própria prática. E a
prática de Jesus está pautada pela misericórdia, pela compaixão, pela
justiça e pela noção de sociedade igualitária. As pessoas que buscam
viver de acordo com Jesus precisam imitar o bem, não o mal, pois “Quem
faz o bem é de Deus. Quem faz o mal, não viu a Deus” (III João 11).
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O ódio com o qual alguns grupos evangélicos têm se dirigido aos
praticantes de outras religiões, ou a pessoas que pensam diferentemente
deles, não encontra base em Jesus. Todos que seguem a Jesus são
chamados a rejeitar toda forma de ódio e agressividade contra quem
professa outra fé e tem outras visões e compreensões acerca da vida e
das relações humanas.
A Bíblia e Direitos
que, em cada bairro, pessoas cristãs evangélicas sejam capazes de
se encontrar com adeptos de outras religiões e, em respeito e amor,
exercitar a sua fé e a sua cidadania.
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Qual a postura de Jesus com as pessoas de
outras religiões?
O amor deve ser a base do diálogo com pessoas
de outras religiões. Por quê?
PARA PENSAR
A Bíblia e Direitos
Liberdade de Imprensa
A Imprensa é um conjunto de veículos que trabalham com atividade
jornalística. Emissoras de rádio, de televisão, jornais e revistas formam
esse conjunto, que trabalham diretamente com a informação, transmitindo
notícias, contextualizando dados, promovendo debates e discussões
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sobre temas que impactam a vida comunitária.
Dessa forma, a imprensa é essencial para a democracia por conta
da relevância do trabalho jornalístico e da responsabilidade em levar
informações para o maior número de pessoas, de forma compreensível.
Aqui está o motivo para a liberdade de imprensa e o direito à informação
caminharem juntos, o Código de Ética dos jornalistas prevê que “o
acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em
sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse,
a divulgação da informação, precisa e correta, é dever dos meios de
divulgação pública, independente da natureza de sua propriedade”.
A imprensa deve ser a guardiã do direito à informação, e deve ser
cobrada para cumprir esse papel, por isso é importante a sociedade
pensar como impedir a formação de monopólios de comunicação, que
é um mesmo grupo controlando diretamente mais de cinco emissoras –
o que compromete a isenção da informação, bem como que vetar que
políticos sejam donos de rádios e televisão.
Liberdade de Expressão e Internet
Ainda que a imprensa tenha um papel de destaque na democracia, a
relação das pessoas com a imprensa mudou, já que quase todo mundo tem
acesso as mais diversas informações na palma da mão, com os celulares,
e não depende de canais que transmitem notícias. Ao mesmo tempo em
que isso é bom, em que as informações circulam mais rapidamente há um
problema com a qualidade da informação.
A Bíblia e Direitos
e lugares. Jesus Cristo, ao vencer a morte, pede que Maria Madalena
anuncie a ressureição (João 20.18). Anunciar a ressureição, informar o
povo que Jesus ressuscitou, é o ponto de partida para a transformação
que a vitória de Cristo sobre a morte oferece. Informar sempre é distribuir
esperança entre os homens.
A Bíblia e Direitos
O que a Bíblia Fala Sobre
Imigrantes e Refugiados
Fabio Ferreira Ramos é formado em Teologia e em Pedagogia,
com especialização em Direitos Humanos. Pastor na Igreja Evangélica
Catedral da Paz e na Igreja Simples e Orgânica
nos lares.
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da Mulher à Informação
www.frenteevangelicos.org