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06 UNIÃO IBÉRICA, INVASÕES ESTRANGEIRAS HISTÓRIA II

E OS DESAFIOS DO BRASIL COLONIAL

CONTEXTO HISTÓRICO EUROPEU


Período marcado por uma grande transformação política,
econômica e cultural no continente europeu, pois o fim da
Guerra dos Cem Anos e da Guerra das Duas Rosas trouxeram a
consolidação dos Estados francês e inglês. Consequentemente,
estas nações buscaram partir para Expansão Marítima, assim como
feito anteriormente pelos países ibéricos. Com isso, passaram
a questionar o Tratado de Tordesilhas e atuar com piratas e/ou
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corsários em terras americanas. Além destes eventos, ocorriam as


Reformas Religiosas, causando o surgimento de novas religiões na
Europa e causando um novo cisma cristã.

FRANÇA ANTÁRTICA (1555 – 1567)


A França se notabilizou em atuar constantemente, a partir
da pirataria, no Brasil, explorando o extrativismo do pau-brasil e
estabelecendo alianças com algumas comunidades indígenas, inclusive,
aliando-se à Confederação dos Tamoios, que reuniam Tupinambás.
Com as perseguições religiosas contra protestantes na
França, líderes influentes dos huguenotes (calvinistas franceses)
começaram a se articular para transformar a região do atual Rio
de Janeiro em um reduto huguenote. Sendo assim, Villegaignon Fonte: skepticism.org
e Coligny, pediram ajuda ao Cardeal de Lorena para convencer
o Rei Henrique II da França em financiar a expedição, mas com FRANÇA EQUINOCIAL (1612 – 1615)
alegação de estar investindo em um projeto colonialista. Porém, Já esta ocupação foi patrocinada pela Coroa da França e
o projeto huguenote perdeu o protagonismo da expedição, que liderada por Daniel de La Touche e Charles des Vaux, que ocupou
se concretizou como simplesmente uma ação expansionista da o Maranhão (Forte São Luís) e Fernando de Noronha, fundando
coroa francesa. a França Equinocial. A presença gerou uma rápida resposta
portuguesa, liderada por Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de
Durante o Governo-Geral de Duarte da Costa no Brasil, através
Moura, que obtiveram sucesso na expulsão dos franceses.
do apoio real e da Confederação dos Tamoios, os franceses se
instalaram na região fortificando a Ilha de Seregipe (atual Ilha de Esta ação obteve as seguintes consequências:
Villegaignon), a Ilha de Paranapuã (atual Ilha do Governador) e o • povoamento do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte,
Forte Coligny. Porém, quando o governador-geral Mem de Sá Paraíba e Pará;
assumiu o controle da colônia portuguesa, houve o processo de • fuga de franceses para Caiena – atual Guiana Francesa -,
expulsão dos franceses a partir de inúmeras ações como: iniciando seu processo de colonização na América.
• colocar Estácio de Sá como líder do combate aos franceses;
• obter o auxílio de jesuítas e Tupiniquins no combate e no UNIÃO IBÉRICA (1580 – 1640)
controle dos Tamoios – Paz de Iperoig
Em 1578, o rei de Portugal, D. Sebastião desaparece na batalha de
• criação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro (1565) Alcácer-Quibir, no atual Marrocos, em luta contra os árabes. Após este
Com a soma destes fatores, em 1567 os franceses são episódio nasce o mito do sebastianismo, isto é, a espera portuguesa
por um possível retorno do monarca. Porém, do ponto vista político,
definitivamente expulsos desta região.
a morte do rei, que não tinha descendentes, fez com que o trono de
Portugal fosse ocupado pelo seu tio-avô, o velho cardeal D. Henrique,
que, no entanto, faleceu em 1580, sem herdeiros.
Surgem então cinco postulantes ao trono, entre eles, os
principais foram o rei Felipe II da Espanha; D. Catarina, duquesa de
Bragança; D. Antônio do Crato.
O Rei da Espanha, Felipe II (1556 - 1598), descendia, pelo lado
materno, em linha direta, do rei D. Manuel, o Venturoso, que reinou
nos tempos de Cabral. Além disso, Felipe II era integrante de uma
das mais poderosas dinastias europeias: os Habsburgos. Através
da força e compra da nobreza lusa, Felipe II se impõe em Portugal
(“Eu herdei, eu comprei e eu tomei”). A partir deste evento, o rei da
Espanha passou a ser o rei de Portugal, fundando a União Ibérica.

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HISTÓRIA II 06 UNIÃO IBÉRICA, INVASÕES ESTRANGEIRAS E OS DESAFIOS DO BRASIL CONIAL

encontrada com a constituição da Companhia das Índias Orientais


(1602), que passou a ter o monopólio do comércio oriental,
garantindo, desse modo, a lucratividade da empresa. O êxito
dessa experiência induziu os holandeses a constituírem, em 1621,
exatamente no momento em que expirava a trégua dos 12 anos,
a Companhia das Índias Ocidentais, a quem os Estados Gerais
(órgão político supremo da Holanda) concederam o monopólio
do tráfico de escravos, da navegação e do comércio por 24 anos,
na América e na África. A essa nova companhia deve-se creditar
a maior façanha dos holandeses: a conquista de quase todo o
Nordeste açucareiro no Brasil.

Fonte: https://www.culturabrasil.org/uniao_iberica_brasil_holandes.htm INVASÃO HOLANDESA NA BAHIA (1624)


Durante seu reinado, Felipe II preferiu adotar uma política A primeira tentativa de conquista holandesa no Brasil ocorreu
conciliatória com os portugueses: comprometeu-se a manter em 1624. O alvo visado era Salvador, a capital da colônia, ocupada
sua autonomia a partir do Juramento de Tomar; preservar suas em 24 horas, onde o governador local foi substituído por um
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leis, apesar de anular as Ordenações Manuelinas, estabelecendo holandês. Com uma esquadra de 26 navios, 3 mil homens e armas
Ordenações Filipinas; a língua e a estrutura administrativa de fogo, os holandeses conseguiram tomar a cidade de Salvador.
portuguesa. Somado a isto, também assegura grandes vantagens O povo abandonou a cidade migrando para o interior. O governador
à alta nobreza que o apoiara desde o início, como o direito de geral Mendonça Furtado foi capturado e enviado à Holanda,
transportar escravos da África para a América. junto com 3900 caixas de açúcar. A partir disso, os colonos se
organizaram para a luta contra a expulsão, que durou cerca de
No campo das relações internacionais, Portugal havia adotado 1 ano e se constituiu como a luta contra o “herege” protestante.
até então uma política muito cautelosa. Ciente de sua própria Apesar do fracasso em Salvador, os holandeses foram amplamente
fragilidade, evitou tanto quanto possível atritos com outros reinados. recompensados, em 1628, com a apreensão, nas Antilhas, de um
Essa situação foi alterada completamente com a sua anexação pela dos maiores carregamentos de prata americana para a Espanha.
Espanha, já que Portugal herdou, de imediato, todos os numerosos Os recursos obtidos com esse ato de pirataria serviram para
inimigos dos Habsburgos: França, Inglaterra e Holanda. Do ponto de financiar uma segunda tentativa, desta vez contra Pernambuco.
vista colonial, o mais temível inimigo era a Holanda.
A Holanda fazia parte dos Países Baixos, que eram possessões
dos Habsburgos e tinham grande autonomia no reinado de INVASÃO HOLANDESA EM
Carlos V, pai de Felipe II. Suas tradições e interesses econômicos PERNAMBUCO (1630 - 1654)
locais eram respeitados. Com Felipe II, a situação se alterou. O
monarca era autoritário: nomeou espanhóis de sua confiança para Em 1630, com uma esquadra de setenta navios, os holandeses
administrar a região dos Países Baixos, retirando a autonomia da chegaram a Pernambuco, dominando, sem grandes obstáculos,
burguesia e nobreza locais e pôs fim à liberdade religiosa. Felipe II Recife e Olinda, apesar dos preparativos de defesa efetuados por
era um católico extremamente fervoroso. Já nos Países Baixos o Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco. Entretanto,
protestantismo era a religião amplamente cultuada pela burguesia. faz-se necessário entender as razões da escolha de Pernambuco
O mundo cristão polarizou-se durante os tempos modernos, para esta grande invasão: era a região mais rica da colônia; a
gerando intermináveis conflitos entre protestantes e católicos. maior produtora de cana-de-açúcar do mundo. Além de possuir
130 engenhos – que produziam mil toneladas de açúcar por ano -,
A reação nos Países Baixos foi imediata, com a eclosão de Pernambuco era uma capitania particular e mal aparelhada em sua
revoltas por toda parte. A fim de reprimi-las, Felipe II enviou tropas defesa; portanto, a ocupação seria relativamente fácil.
espanholas sob o comando do violento duque de Alba. À repressão
político-religiosa, somou-se o confisco dos bens dos revoltosos. A Entre 1630 e 1637, a resistência, liderada por Matias de
reação logo vem: instauram-se lutas anticatólicas, antiabsolutistas Albuquerque, concentrou-se no Arraial do Bom Jesus, nos
e antiespanholas. Com isso, sete províncias do norte formaram a arredores de Recife. Através de táticas indígenas de combate,
União de Utrecht, em 1581, e não mais reconheceram a autoridade através de campanhas de guerrilhas, confinou o invasor às
de Felipe II. Em sua luta contra a Espanha, a Holanda foi apoiada fortalezas no perímetro urbano de Olinda e seu porto, Recife. As
ativamente pela Inglaterra. Assim, devido à tenaz resistência chamadas “companhias de emboscada” eram pequenos grupos de
holandesa e à ampliação do conflito, a Espanha agiu finalmente em 10 a 40 homens, com alta mobilidade, que atacavam de surpresa
prol de uma política de apaziguamento através da trégua dos 12 os holandeses e se retiravam em velocidade, reagrupando-se para
anos: de 1609 a 1621 –, que foi, na prática, o reconhecimento da novos combates. Porém, entre 1637 e 1644, com o tempo, alguns
independência da Holanda. senhores de engenho de cana-de-açúcar aceitaram a administração
holandesa por entenderem que uma injeção de capital e uma
Este evento prejudicou economicamente Portugal, porque administração mais liberal auxiliariam o desenvolvimento dos seus
desde a Idade Média mantinha com os Países Baixos relações negócios. O seu melhor representante foi Domingos Fernandes
comerciais, que se intensificaram na época da expansão marítima. Calabar, considerado por parte da historiografia como um traidor
Os mercadores flamengos eram os principais compradores e ao apoiar as forças de ocupação e a administração holandesa.
distribuidores dos produtos orientais trazidos pelos portugueses.
Com a Guerra dos Países Baixos visando sua independência, a No período em que governou o Brasil-holandês (1637-44),
Espanha adotou, em represália, medidas restritivas ao comércio Maurício de Nassau procurou estabelecer uma administração
com seus portos, incluindo Portugal. Era uma tentativa de sufocar eficiente e um bom relacionamento com os senhores de engenho
estas regiões economicamente, para impedir sua emancipação. da região. Foram feitas as seguintes realizações:
Para a Holanda, que conquistara a independência, tais medidas • estabelecimento de um Parlamento consultivo, conhecido
tornaram-se permanentes. Porém, uma vez vedado o acesso como Esculápios;
aos portos portugueses, os mercadores de Amsterdã decidiram • tolerância religiosa
atuar diretamente no Índico. As primeiras experiências acabaram
• ações de higiene pública
fracassando, mas a solução para o comércio direto foi finalmente
• construções – pontes, hospitais, escolas.

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• incentivo à cultura e a vinda de intelectuais para retratar a a) o envolvimento da Holanda no tráfico de escravos e os
realidade desta região desentendimentos entre Maurício de Nassau e a Companhia
• estabelecimento da policultura. das Índias Ocidentais.
b) a participação da Holanda na economia do açúcar e o
endividamento dos senhores de engenho com a Companhia
das Índias Ocidentais.
c) o interesse da Holanda na economia do ouro e a resistência e
não aceitação do domínio estrangeiro pela população.
d) a tentativa da Holanda em monopolizar o comércio colonial e o
fim da dominação espanhola em Portugal.
e) a exclusão da Holanda da economia açucareira e a mudança
de interesses da Companhia das Índias Ocidentais.

02. (FUVEST) Sobre a presença francesa na baía de Guanabara


(1557-1560), podemos dizer que foi:
a) apoiada por armadores franceses católicos que procuravam
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estabelecer no Brasil a agroindústria açucareira.


b) um desdobramento da política francesa de luta pela liberdade
nos mares e assentou-se numa exploração econômica do tipo
da feitoria comercial.
c) um protesto organizado pelos nobres franceses huguenotes,
descontentes com a Reforma Católica implementada pelo
Fonte: wikimedia.org Concílio de Trento.
d) uma alternativa de colonização muito mais avançada do que
Porém, em 1644, Nassau volta à Holanda. Alega-se a portuguesa, porque os huguenotes que para cá vieram eram
contratempos com a Companhia das Índias, que exigia um aumento burgueses ricos.
da produção. Nassau já havia partido e, para explorar ao máximo a
e) parte de uma política econômica francesa levada a cabo pelo
produção do açúcar brasileiro, a Holanda adotou inúmeras medidas
Estado com intuito de criar companhias de comércio.
impopulares, em especial o aumento dos impostos, o que contrariava
os interesses dos proprietários de engenho, iniciando a Insurreição
Pernambucana. Além disso, a Restauração da Coroa Portuguesa 03. (CPS 2019) Frans Post, pintor, desenhista e gravador holandês,
e a derrota naval holandesa para Inglaterra possibilitaram a vitória documentou paisagens e cenas do cotidiano do chamado: “Brasil
Pernambucana e portuguesa, inclusive, na famosa Batalha dos Holandês”, sob o governo de Maurício de Nassau (1630–1654).
Guararapes. Após a sua expulsão de Pernambuco, os holandeses
começaram a produção de açúcar nas Antilhas, levando o açúcar
brasileiro ao declínio comercial devido a esta concorrência, fazendo
Portugal perder a hegemonia deste mercado.

EXERCÍCIOS
PROTREINO
01. Identifique as razões que levaram os franceses a buscarem
colônias na América.

02. Explique o que foi a União Ibérica (1580-1640), relacionando-a


Entre as características da presença holandesa em
com a invasão holandesa no Brasil.
Pernambuco, pode-se citar, corretamente,
03. Cite as principais ações de Mauricio de Nassau. a) a valorização da cultura muçulmana, a implementação da
monocultura do café e a abolição da escravidão, considerada
04 Apresente as motivações da Insurreição Pernambucana. pelos holandeses um símbolo do atraso civilizatório brasileiro.
b) a intolerância religiosa e a perseguição a cristãos e
05. Relacione as consequências da Insurreição Pernambucana muçulmanos, o estímulo à mineração de ouro e prata e
com a crise açucareira brasileira. o descaso pelo patrimônio público, que não resistiu às
intempéries e ao vandalismo.
c) a implementação do regime absolutista, a perseguição a
intelectuais e artistas e a deterioração dos equipamentos
EXERCÍCIOS urbanos, cuja manutenção dependia dos investimentos diretos
da Coroa portuguesa.
PROPOSTOS d) o princípio da isonomia, o incentivo a pesquisas sobre geologia
e astronomia e o desenvolvimento de uma cultura própria, na
qual se destaca a miscigenação de elementos das três religiões
01. (FUVEST) Foram, respectivamente, fatores importantes na monoteístas.
ocupação holandesa no Nordeste do Brasil e na sua posterior e) a tolerância religiosa, o incentivo a pesquisas sobre a fauna e
expulsão: a flora tropicais e o desenvolvimento da arquitetura, no qual se
destacam a drenagem de áreas alagadiças e a construção da
primeira ponte de grande porte do Brasil.

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04.(UFMG) Leia o texto. 08. (CESGRANRIO) No século XVII, as invasões do nordeste


“Nassau chegou em 1637 e partiu em 1644, deixando a marca brasileiro pelos holandeses estavam relacionadas às mudanças do
do administrador. Seu período é o mais brilhante de presença equilíbrio comercial entre os países europeus porque:
estrangeira. Nassau renovou a administração (...) Foi relativamente a) a Holanda apoiava a união das monarquias ibéricas.
tolerante com os católicos, permitindo-lhes o livre exercício do b) a aproximação entre Portugal e Holanda era uma forma de os
culto. Como também com os judeus (depois dele não houve a lusos se liberarem da dependência inglesa.
mesma tolerância, nem com os católicos e nem com os judeus
- fato estranhável, pois a Companhia das Índias contava muito c) as Companhias das Índias Orientais e Ocidentais
com eles, como acionistas ou em postos eminentes). Pensou no monopolizavam o escambo do pau-brasil.
povo, dando-lhe diversões, melhorando as condições do porto e do d) os holandeses tinham grandes interesses no comércio do
núcleo urbano (...), fazendo museus de arte, parques botânicos e açúcar.
zoológicos, observatórios astronômicos”. e) Portugal era tradicionalmente rival dos holandeses nas guerras
(Francisco lglésias) europeias.
Esse texto refere-se
09.(MACKENZIE) Durante a união ibérica, Portugal foi envolvido em
a) à chegada e instalação dos puritanos ingleses na Nova
sérios conflitos com outras nações europeias. Tais fatos trouxeram
Inglaterra, em busca de liberdade religiosa.
como consequências para o Brasil Colônia:
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b) à invasão holandesa no Brasil, no período de União lbérica, e à


a) as invasões holandesas no nordeste e o declínio da economia
fundação da Nova Holanda no nordeste açucareiro.
açucareira após a expulsão dos invasores.
c) às invasões francesas no litoral fluminense e à instalação de
b) o fortalecimento político e militar de Portugal e colônias, devido
uma sociedade cosmopolita no Rio de Janeiro.
ao apoio espanhol.
d) ao domínio flamengo nas Antilhas e à criação de uma sociedade
c) a redução do território colonial e o fracasso da expansão
moderna, influenciada pelo Renascimento.
bandeirante para além de Tordesilhas.
e) ao estabelecimento dos sefardins, expulsos na Guerra da
d) a total transformação das estruturas administrativas e a
Reconquista lbérica, nos Países Baixos e à fundação da
extinção das Câmaras Municipais.
Companhia das Índias Ocidentais.
e) o crescimento do mercado exportador em virtude da paz
internacional e das alianças entre Espanha, Holanda e
05. (MACKENZIE) Acerca da presença dos holandeses no Brasil,
Inglaterra.
durante o período colonial, assinale a alternativa correta.
a) Garantiram a manutenção do direito e liberdade de culto,
10. (FATEC) “São os portugueses que antes de quaisquer outros se
tabelaram os juros e financiaram plantações.
ocuparão do assunto. Os espanhóis, embora tivessem concorrido
b) Perseguiram judeus e católicos através do Tribunal do Santo com eles nas primeiras viagens de exploração, abandonarão
Ofício. o campo em respeito ao Tratado de Tordesilhas (1494) e à bula
c) Aceleraram o processo de unificação política entre Espanha e papal que dividira o mundo a se descobrir por linhas imaginárias
Portugal. entre as coroas portuguesa e espanhola. O litoral brasileiro ficava
na parte lusitana, e os espanhóis respeitavam seus direitos.
d) Criaram, no Brasil, instituições de crédito, financiando a
O mesmo não se deu com os franceses, cujo rei (Francisco I)
industrialização contra os interesses ingleses.
afirmaria desconhecer a cláusula do testamento de Adão que
e) Visavam à ocupação pacífica do Nordeste. reservava o mundo unicamente a portugueses e espanhóis. Assim
eles virão também, e a concorrência só resolveria pelas armas”.
06. Entre as causas da ocupação holandesa em Pernambuco, (PRADO Jr, Caio. HISTÓRIA ECONÔMICA DO BRASIL. São Paulo, Brasiliense, 1967.)
pode-se destacar:
a) o interesse no tráfico negreiro. Segundo o texto, é correto afirmar que
b) a participação das companhias de comércio na exportação de a) espanhóis e portugueses resolveriam a posse das terras da
algodão. América pela força das armas.
c) a participação holandesa na indústria açucareira e a União b) a concorrência entre Portugal e Espanha serviu de pretexto
Ibérica. para que o rei da França reservasse a si o direito de atacar a
Península Ibérica e resolver o impasse pela força das armas.
d) a ausência dos jesuítas em Pernambuco.
c) os franceses não reconheceram o Tratado de Tordesilhas e,
e) a necessidade de uma colônia protestante. por isso, não respeitaram a posse de terras pertencentes a
Portugal ou Espanha.
07. (FATEC) A administração de Maurício de Nassau, no Brasil
d) lançando mão da “cláusula de Adão”, o rei da França
Holandês, foi importante, pois, entre outras realizações:
fundamentava a tese de que o Papa tinha todo o direito de
a) eliminou as divergências existentes com os representantes da dispor do mundo, uma vez que era descendente direto de Adão.
Companhia das Índias Ocidentais.
e) para os franceses, os espanhóis não respeitavam o litoral
b) criou condições para que a Reforma Luterana se afirmasse no brasileiro e assolavam-no constantemente porque não
Nordeste. reconheciam, em nenhum documento, que Portugal detinha a
c) promoveu a efetiva consolidação do sistema de produção posse das terras brasileiras.
açucareira.
d) integrou o sistema econômico baiano ao de Pernambuco.
e) realizou alterações na estrutura fundiária, eliminando os latifúndios.

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11. Leia o texto a seguir.


Eleito Jerônimo de Albuquerque por capitão-mor da conquista
do Maranhão, como temos dito, se foi logo às aldeias do nosso
gentio pacífico, e por lhes saber falar bem a língua, e o modo com
que se levam, ajuntou quantos quis: contarei só do que houve em
uma aldeia, para que se veja a facilidade com que se leva este
gentio de quem os entende e conhece, e foi que pôs a uma parte
bom feixe de arcos, e flechas, a outra outro de rocas, e fusos, e
mostrando-Ihos lhes disse: “Sobrinhos, eu vou à guerra, estas são
as armas dos homens esforçados e valentes, que me hão de seguir;
estas das mulheres fracas, e que hão de ficar em casa fiando; agora
quero ouvir quem é homem, ou mulher".
As palavras não eram ditas, quando se começaram todos
a desempunhar, e pegar dos arcos, e flechas, dizendo que eram
homens, e que partissem logo para a guerra; ele os quietou,
escolhendo os que havia de levar, e que fizessem mais flechas, e Pode-se afirmar que a charge refere-se, como consequência da
fossem esperar a armada ao Rio Grande, onde de passagem os iria
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expulsão dos holandeses, do Brasil,


tomar. (...) Feito isto se embarcaram todos dia de S. Bartolomeu, 24
a) ao início da produção holandesa na América Central, levando,
de agosto da era de 1614 anos, em uma caravela, dois patachos e
de imediato, à crise da economia no Brasil como um todo,
cinco caravelões (...)
que só se recuperou com a descoberta do ouro, na região das
(Frei Vicente do Salvador)
Minas Gerais.
É correto afirmar que o relato do Frei Vicente do Salvador está b) à crise econômica do Nordeste brasileiro, devido a concorrência
relacionado é retomada do território que ficou conhecido como: do açúcar do Brasil com a produção açucareira holandesa nas
Antilhas.
a) França Equinocial. d) Quilombo dos Palmares.
c) ao enfraquecimento da economia nordestina que não suportou
b) França Antártica. e) Cisplatina.
a posterior invasão dos franceses no Maranhão, onde fundaram
c) Brasil holandês. a colônia denominada de França Equinocial.
d) à crise econômica do Nordeste brasileiro, após a 'expulsão dos
12. Em relação ao domínio da Holanda no Nordeste brasileiro holandeses da Bahia no ano de 1625.
durante o período colonial, é correto afirmar que: e) à reafirmação da presença portuguesa no Nordeste brasileiro,
a) a administração de Nassau caracterizou-se por medidas possibilitando a retomada da produção do açúcar na região que
administrativas de grande importância, como por exemplo: a voltou a concorrer, em pé de igualdade, com o açúcar antilhano.
reorganização da produção açucareira mediante um sistema
de crédito aos senhores de engenho, tolerância religiosa e o 14. Leia o trecho abaixo e responda a questão a seguir.
fim da Assembleia dos Escabinos, que limitava a participação
política dos proprietários rurais pernambucanos. Visto como o rei de Espanha, nosso inimigo, possui ilegalmente
estas terras e cidades, tendo destituído de modo inconveniente e pouco
b) a invasão holandesa na Bahia (1624-1625) , que contou com cristão o verdadeiro dono do reino de Portugal (a qual pertence o Brasil)
o apoio da "milícia dos descalços", liderada pelo bispo Marcos (...) há razões de sobra para esperar a assistência da Divina Justiça na
Teixeira, foi desarticulada pela Jornada dos vassalos, frota obra da Companhia no Brasil, que pertence à Coroa Portuguesa. (...)
luso-espanhola mandada à Bahia com a missão de expulsar
os holandeses da sede do Governo Geral do Brasil. (Ian Moerbeeck, 1624.) FREIRE, Américo, Marly Silva da Motta e Dora Rocha - História
c) a invasão holandesa em Pernambuco encontrou grande em Curso, O Brasil e suas relações com o mundo Ocidental - Ed. Do Brasil/Fundação
resistência por parte de grupos armados por Matias de Getúlio Vargas/CPDOC - pg 77.
Albuquerque, no arraial do Bom Jesus. O arraial, que passou
a ter a adesão cada vez maior de senhores de engenho, foi o O trecho demonstra um momento da História brasileira, na primeira
lugar onde começou a Insurreição Pernambucana. metade do século XVII, quando o Brasil
d) a Insurreição Pernambucana, movimento de resistência local, a) enfrenta diversas invasões estrangeiras, destacando-se os
contou desde o início com a ajuda da Coroa portuguesa que, holandeses em Pernambuco e os franceses no Rio de Janeiro,
após o fim da União Ibérica, tinha todo o interesse em expulsar os através do que ficou conhecido como França Equinocial.
holandeses e reassumir o controle sobre a economia açucareira. b) devido à chamada União Ibérica, passa a enfrentar, entre outros
e) o fim da Nova Holanda deve-se, entre outros fatores, a uma aspectos, a invasão dos holandeses, que buscavam ocupar as
conjuntura externa desfavorável à Holanda que, por se envolver áreas de produção de açúcar.
em guerras sucessivas na Europa, não pôde socorrer seus c) sofre constantes ataques piratas dos ingleses em Santos e
compatriotas no Brasil, fato este que assegurou a vitória dos Recife, com a finalidade de saquear a produção açucareira e
luso-brasileiros em 1654. estabelecer colônias nestas regiões.
d) devido à União Ibérica, enfrenta diversas invasões estrangeiras,
13. Observe a charge abaixo, referente ao fim da presença podendo-se citar a dos Franceses no Maranhão, na ocupação
holandesa no Nordeste Brasileiro no século XVII, e responda a que ficou conhecida como França Antártica.
pergunta a seguir. e) passa a sofrer um aumento abusivo de impostos, devido à
União Ibérica, estimulando revoltas de colonos e adesões aos
invasores holandeses, ingleses e franceses no Brasil.

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HISTÓRIA II 06 UNIÃO IBÉRICA, INVASÕES ESTRANGEIRAS E OS DESAFIOS DO BRASIL CONIAL

15. (ESPCEX (AMAN) 2019) Durante o período conhecido por União 18. (ESPM 2017) A expansão da agroindústria açucareira atingiu
Ibérica, ocorreu o Embargo Espanhol ao comércio das colônias proporções assombrosas. O negócio da produção e comercialização
portuguesas com os holandeses. Isto motivou a Holanda a atacar o do açúcar formava uma complexa rede de interesses que
Nordeste brasileiro com a finalidade de romper o embargo e reativar
atraiu ataques estrangeiros. Em 1624 membros do exército da
as rotas comerciais entre o Brasil e a Europa. É fato relacionado
Companhia das Índias Ocidentais ataca­ram e ocuparam a sede
à primeira investida dos holandeses ao Brasil, ocorrida em 08 de
maio de 1624, a (o)(s) do governo-geral em Salvador, e lá ficaram durante quase um ano.
Em 1630, o ataque a Recife iniciou uma longa guerra de ocupação
a) conquista de Porto Calvo por Matias de Albuquerque.
e reconquista, na qual todos os recursos materiais e humanos da
b) ocupação de Salvador.
colônia foram mobilizados para expulsar os invasores.
c) governo de Maurício de Nassau.
Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil.
d) fundação do Arraial do Bom Jesus.
e) Batalhas de Guararapes. O texto deve ser relacionado com:
a) invasões francesas;
16. (ENEM 2018) A rebelião luso-brasileira em Pernambuco b) ataques de corsários ingleses;
começou a ser urdida em 1644 e explodiu em 13 de junho de c) confrontos com espanhóis;
1645, dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João
Reprodução proibida Art. 184 do CP.

d) invasões holandesas;
Fernandes foi decretar nulas as dívidas que os rebeldes tinham
e) ataques de corsários franceses.
com os holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da terra”,
entusiasmada com esta proclamação heroica.
19. (FGV 2017) Leia o excerto de uma peça teatral, de 1973.
VAINFAS. R Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa.
Tempo, n. 27, 2009. Nassau
Como Governador-Geral do Pernambuco, a minha maior
O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa
preocupação é fazer felizes os seus moradores. Mesmo porque
seiscentista foi o resultado do(a)
eles são mais da metade da população do Brasil, e esta região, com
a) fraqueza bélica dos protestantes batavos. a concentração dos seus quase 350 engenhos de açúcar, domina
b) comércio transatlântico da África ocidental. a produção mundial de açúcar. Além do mais, nessa disputa entre
c) auxílio financeiro dos negociantes flamengos. a Holanda, Portugal e Espanha, quero provar que a colonização
holandesa é a mais benéfica. Minha intenção é fazê-los felizes…
d) diplomacia internacional dos Estados ibéricos. sejam portugueses, holandeses ou os da terra, ricos ou pobres,
e) interesse econômico dos senhores de engenho protestantes ou católicos romanos e até mesmo judeus.
Senhores, a Companhia das Índias Ocidentais, que financiou
17. (UPF 2017) “As invasões holandesas que ocorreram no século a campanha das Américas, fecha agora o balanço dos últimos
XVII foram o maior conflito político-militar da Colônia brasileira. quinze anos com um saldo devedor aos seus acionistas da ordem
Embora concentradas no Nordeste, elas não se resumiram a um de dezoito milhões de florins.
simples episódio regional. Ao contrário, fizeram parte do quadro
Moradores
das relações internacionais entre os países europeus, revelando
a dimensão da luta pelo controle do açúcar e das fontes de Viva! Já ganhou! (...) Viva ele! Viva!
suprimento de escravos” Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Calabar: o elogio da traição, 1976. Adaptado.

(Boris Fausto, História do Brasil, 1996, p. 84)


Sobre o fato histórico ao qual a obra teatral faz referência, é correto
Sobre o tema destacado no texto acima, é correto afirmar que afirmar que
a) as bases religiosas da colonização holandesa no nordeste
a) Domingos Fernandes Calabar foi o personagem principal das
brasileiro produziram uma organização administrativa que
forças luso-brasileiras, lutando heroicamente até o final ao privilegiava a elite luso-brasileira, ao oferecer financiamento
lado de Portugal, que lhe deu o título de príncipe. com juros subsidiados e parcelas importantes do poder político
b) a ocupação das zonas de produção açucareira na América aos grandes proprietários católicos.
portuguesa e o controle do suprimento de escravos teve como b) a grande distância entre as promessas de tolerância religiosa e
principal interessada a maior companhia de comércio da época, a realidade presente no cotidiano dos moradores da capitania
de Pernambuco deu-se porque os dirigentes da companhia
a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, financiada com
holandesa impuseram o calvinismo como religião oficial e
capitais do Estado e de financistas particulares.
perseguiram as demais religiões.
c) o despotismo de Maurício de Nassau em Pernambuco levou c) a presença da Companhia das Índias Ocidentais no nordeste
a sociedade local a se levantar contra o período de pobreza da América portuguesa trouxe benefícios aos proprietários
imposto por ele, em 1630. luso-brasileiros, como o financiamento da produção, mas
reproduziu a lógica do colonialismo, ao concentrar a riqueza no
d) o projeto holandês de colônias de povoamento, similar ao dos
setor mercantil e não no produtivo.
Estados Unidos, poderia ter estimulado um desenvolvimento
d) a felicidade prometida pelos invasores holandeses não pôde
autônomo à colônia brasileira, com base na industrialização.
ser efetivada em função da lógica diplomática presente na
a) as Batalhas de Guararapes (1648 e 1649) marcaram a tomada de relação entre Portugal e Holanda, pois se tratava de nações
Recife pelo exército luso-brasileiro, formado majoritariamente inimigas desde o século XV, em virtude da disputa pelo
por índios tapuias que, com sua técnica de guerra avançada, comércio oriental.
foram decisivos para a derrota dos holandeses. e) as promessas dos invasores holandeses se confirmaram, e a
elite ligada à produção açucareira e ao comércio colonial foi
amplamente beneficiada, principalmente pelo livre comércio, o
que explica a resistência desses setores sociais ao interesse
português em retomar a região invadida pela Holanda.

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06 UNIÃO IBÉRICA, INVASÕES ESTRANGEIRAS E OS DESAFIOS DO BRASIL CONIAL HISTÓRIA II

20. (UPE 2015) A primeira metade do século XVII em Pernambuco a) Aponte duas razões para a invasão e o estabelecimento
foi marcada pela invasão holandesa à capitania. A presença colonial de franceses (a França Antártica) no litoral do Rio de
holandesa em Pernambuco durou 24 anos, de 1630 a 1654. A Janeiro entre 1555 e 1567.
invasão foi motivada por vários fatores, dos quais podemos b) Identifique o principal interesse da Cia. das Índias Ocidentais na
destacar invasão de Pernambuco, em 1634.
a) o sucesso da colonização holandesa no sul da América,
especialmente nas possessões espanholas, e a vontade da 02. (UNICAMP 2009) A união de Espanha e Portugal, em 1580,
Holanda em expandir seus domínios no Novo Mundo.
trouxe vantagens para ambos os lados. Portugal era tratado pelos
b) a necessidade do algodão, produto amplamente produzido na monarcas espanhóis não como uma conquista, mas como um
capitania de Pernambuco, desde o século XVI, por parte das
outro reino. Os mercados, as frotas e a prata espanhóis revelaram-
indústrias têxteis holandesas.
se atraentes para a nobreza e para os mercadores portugueses.
c) o bloqueio do acesso holandês pela Coroa Espanhola ao
A Espanha beneficiou-se da aquisição de um porto atlântico de
comércio do açúcar produzido em Pernambuco, durante a
União Ibérica. grande importância, acesso ao comércio de especiarias da Índia,
comércio com as colônias portuguesas na costa da África e
d) a presença maciça de tropas holandesas na Bahia, desde 1625.
contrabando com a colônia do Brasil.
e) os interesses dos comerciantes e senhores de engenho locais
Reprodução proibida Art. 184 do CP.

(Adaptado de Stuart B. Schwartz. “Da América Portuguesa ao Brasil”.


em comercializar com os holandeses, em detrimento dos Lisboa: Difel, 2003, p. 188-189.)
portugueses.
a) Segundo o texto, quais foram os benefícios da união ibérica
para Portugal e para a Espanha?
EXERCÍCIOS DE
b) No contexto da União Ibérica, o que foi o sebastianismo?
APROFUNDAMENTO
03. (UFU 2007) Após a leitura do trecho a seguir, faça o que se pede.

01. (UFRJ 2000) “(...) Assim, antes de partir de França, Villegagnon A denominação “invasões” holandesas projeta, com
prometeu a alguns honrados personagens que o acompanharam, anacronismo extremo, um sentimento nacional para o passado
fundar um puro serviço de Deus no lugar em que se estabelecesse. e inventa uma soberania brasileira herdeira de uma soberania
E depois de aliciar os marinheiros e artesãos necessários, partiu portuguesa. Na prática mostra o que viemos a nos tornar, jamais o
em maio de 1555, chegando ao Brasil em novembro, após muitas que éramos no século XVII.
KARNAL, Leandro. “O testamento de Adão”. In: “História Viva - Grandes Temas
tormentas e toda a espécie de dificuldades. (Mar português)”. Edição especial temática, n0. 14, 2006. p. 85.
Aí aportando, desembarcou e tratou imediatamente de alojar-
se em um rochedo na embocadura de um braço de mar ou rio de a) O que foram as chamadas “invasões” holandesas no contexto
água salgada a que os indígenas chamavam Guanabara e que da América portuguesa do século XVII?
(como descreverei oportunamente) fica a 23° abaixo do equador, b) Explique, “com suas palavras”, por que a denominação
quase à altura do Trópico de Capricórnio. Mas o mar daí o expulsou. “invasões” holandesas é anacrônica.
Constrangido a retirar-se avançou quase uma légua em busca de
c) Se “invasões” é um termo que parece inadequado para fazer
terra e acabou por acomodar-se numa ilha antes deserta, onde,
referência ao acontecimento histórico mencionado no texto, quais
depois de desembarcar sua artilharia e demais bagagens, iniciou
alternativas menos anacrônicas poderiam ser utilizadas para se
a construção de um forte, a fim de garantir-se tanto contra os
referir ao mesmo episódio? (cite pelo menos duas)
selvagens como contra os portugueses que viajavam para o Brasil e
aí já possuem inúmeras fortalezas”.
IN: LÉRY, Jean. DE VIAGEM À TERRA DO BRASIL. 04. (UFRJ 1996) “Restituídas as capitanias de Pernambuco ao
Rio de Janeiro, Bibliex, 1961, pp. 51 domínio de Sua Majestade, livres já dos inimigos que de fora
as vieram conquistar, sendo poderosas as nossas armas para
“(... ) Por esse tempo, agitava-se importante controvérsia entre sacudir o inimigo, que tantos anos nos oprimiu, nunca foram
os dirigentes da Companhia (Cia. Das Índias Ocidentais), a qual se capazes para destruir o contrário, que das portas adentro nos
travou principalmente entre as câmaras da Holanda e da Zelândia. infestou, não sendo menores os danos destes do que tinham sido
Versava sobre se seria proveitoso à Companhia franquear o Brasil as hostilidades daqueles.”
ao comércio privado, ou se devia competir a ela tudo o que se (Relação das Guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do Governador D.
referisse ao comércio e às necessidades dos habitantes daquela Pedro de Almeida, de 1675 a 1678 citado por CARNEIRO,
Edson: “Quilombo dos Palmares”.
região. Cada um dos dois partidos sustentava o seu parecer. Os São Paulo, CEN, Col. Brasiliana, v. 302, 1958, 2a ed.)
propugnadores do monopólio escudavam-se com o exemplo da
Cia. Oriental, usando o argumento de que se esperariam maiores O texto faz referência tanto às invasões holandesas (“... dos
lucros, se apenas a Cia. comerciasse, porque, com o tráfico livre, inimigos que de fora as vieram conquistar”) quanto ao quilombo
dispersar-se-ia o ganho entre muitos, barateando as mercadorias de Palmares (“...o contrário, que das portas adentro nos infestou”).
pela concorrência”.
O quilombo de Palmares, núcleo de rebeldia escrava no Nordeste
IN: BARLÉU, Gaspar. HISTÓRIA DOS FEITOS RECENTEMENTE PRATICADOS DURANTE
OITO ANOS NO BRASIL. São Paulo, Ed. ltatiaia, 1974, pp.90 brasileiro, alcançou considerável crescimento durante o período de
ocupação holandesa em Pernambuco. Mesmo após a expulsão dos
Ao longo dos séculos XVI, XVII e início do XVIII, várias potências invasores estrangeiros pela população local, o quilombo resistiu a
europeias invadiram a América Portuguesa. Houve breves inúmeros ataques de tropas governistas.
invasões e atos de pirataria ao longo do litoral no início do século a) Apresente uma razão para a ocupação holandesa do Nordeste
XVI. Posteriormente outras invasões iriam adquirir características brasileiro.
diferenciadas. As formas de invasão e ocupação, assim como
b) Explique, com base em um argumento, a longa duração de
estratégias e interesses econômicos seriam diversos.
Palmares.

PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 369


HISTÓRIA II 06 UNIÃO IBÉRICA, INVASÕES ESTRANGEIRAS E OS DESAFIOS DO BRASIL CONIAL

05. (FGVRJ 2011) Frans Post chegou ao Brasil em 1637 e integrou o grupo de artistas ligados à administração holandesa sob
o comando de Maurício de Nassau. Paisagens, cenas cotidianas e personagens foram os temas principais representados por
Post durante os anos vividos no Brasil. Observe atentamente a imagem abaixo, de sua autoria, e depois responda às questões
propostas.

a) Identifique na pintura: a instalação representada; a força motriz utilizada; a mão de obra predominante e o produto processado.
Reprodução proibida Art. 184 do CP.

b) Depois de estabelecidos em Pernambuco, os holandeses conquistaram Angola. Qual era a articulação entre essas duas regiões?

GABARITO
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. B 05. A 09. A 13.B 17. B
02. B 06. C 10. C 14.B 18.D
03. E 07. C 11. A 15.B 19.C
04. B 08. D 12. E 16.E 20.C

EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. a) Entre as razões para as invasões francesas e a tentativa de estabelecer uma colonização no Rio de Janeiro, em meados do século XVI, destacam-se a DISPUTA PELO COMÉRCIO
COLONIAL - basicamente o tráfico do pau-brasil - e o CONTROLE SOBRE ÁREAS DE PRODUÇÃO DE GÊNEROS TROPICAIS. A ideia de um estabelecimento colonial - nos moldes
da FRANÇA ANTÁRTICA - também vinculava-se a perspectiva da criação de um espaço geográfico, político e social de REFÚGIO PARA HUQUENOTES E OUTROS PERSEGUIDOS
RELIGIOSOS.
b) As invasões holandesas no Brasil do século XVII estavam inseridas nas disputas relativas AO CONTROLE SOBRE O COMÉRCIO DO AÇÚCAR. Existiam INTERESSES COMERCIAIS
DIVERSOS EM JOGO (investimentos nas montagens dos engenhos, controle quanto ao transporte do açúcar, tráfico negreiro, etc), articulando a Cia. das Índias Ocidentais, lutas e guerras
na Europa e a ocupação de áreas coloniais sob o controle de Portugal.

02. a) Portugal teria acesso às riquezas das colônias espanholas e a Espanha, por sua vez, acesso ao comércio das colônias portuguesas na África, nas Índias e no Brasil.
b) O Sebastianismo pode ser definido como a crença dos portugueses da época, na libertação de seu país do domínio espanhol por obra do rei D. Sebastião, que teria desaparecido na
luta contra os mouros em Alcacer-Quibir na África. Basicamente é um messianismo adaptado às condições lusas e à cultura nordestina do Brasil (presente no movimento de Canudos
por obra de Antonio Conselheiro). Traduz uma inconformidade com a situação política vigente e uma expectativa de salvação, ainda que miraculosa, através da ressurreição de um
morto ilustre.

03. a) Período da presença holandesa no Nordeste do Brasil, primeiro em Salvador na Bahia (1624-25) e depois em Pernambuco (1630 e 1654), em decorrência dos conflitos entre
Holanda e Espanha no contexto da União das Coroas Ibéricas (1580-1640) quando Filipe II, rei da Espanha, proibiu a participação holandesa no comércio do açúcar brasileiro para a
Europa.
b) No período das “invasões” holandesas, o Brasil era uma colônia de Portugal, que por sua vez, estava sob influência do governo espanhol, em função da União das Coroas Ibéricas.
c) Presença Holandesa no Brasil Colônia ou
Ocupação Holandesa do Nordeste Brasileiro no Período Colonial.

04.
a) São as guerras do açúcar e o lucro que o produto oferecia no mercado.
b) A vida coletiva, comunitária, fortalecia o ideal de resistência.

05.
a) Moenda d’água; escravidão africana; cana-de-açúcar.
b) Fornecimento e renovação da mão de obra escrava, isto é, o controle do tráfico negreiro.

ANOTAÇÕES

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