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e-Tec
Brasil
.
História Regional
Elizabeth Sousa Abrantes
São Luís-MA
2013
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação a Distância
Diagramação
Josimar de Jesus Costa Almeida
Luis Macartney Serejo dos Santos
Tonho Lemos Martins
Designer
Aerton Oliveira
Annik Azevedo
Helayny Farias
Rômulo Santos Coelho
Ficha catalográfica
CDU: 94(812.1)
Apresentação e-Tec Brasil
Prezado estudante,
Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Rede e-Tec Brasil, instituída pelo
Decreto nº 7.589/2011, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na
modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação,
por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), as universidades e escolas
técnicas estaduais e federais.
A Rede e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a
periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são
ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em
escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais.
Ministério da Educação
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br
Indicação de ícones
Caro estudante,
O trabalho que apresentamos agora para você é uma síntese da história do Maranhão,
a fim de subsidiar seus estudos e prepará-lo para a tarefa de guiar os visitantes que
buscam conhecer nosso Estado. Essa tarefa é muito importante e necessita do
conhecimento histórico. O que ouvimos e constatamos há muitas décadas é que
o Maranhão ainda é muito carente de obras (didáticas) que transponham o vasto
conhecimento já produzido na academia universitária para o público não acadêmico.
Saudações maranhenses,
Elizabeth Abrantes
Hino do Maranhão
Letra: Barbosa de Godois
Música: Antônio Raiol
I
Entre o rumor das selvas seculares,
Ouviste um dia no espaço azul, vibrando,
O troar das bombadas nos combates,
E, após, um hino festival, soando.
Estribilho
Salve Pátria, Pátria amada!
Maranhão, Maranhão, berço de heróis,
Por divisa tens a glória
Por nume, nossos avós.
II
Era a guerra, a vitória, a morte e a vida
E, com a vitória, a glória entrelaçada,
Caía do invasor a audácia estranha,
Surgia do direito a luz dourada.
III
Reprimiste o flamengo aventureiro,
E o forçaste a no mar buscar guarida
E dois séculos depois, disseste ao luso:
- A liberdade é o sol que nos dá vida.
IV
Quando às irmãs os braços estendeste,
Foi com a glória a fulgir no teu semblante
Sempre envolta na tua luz celeste,
Pátria de heróis, tens caminhado avante.
V
E na estrada esplendente do futuro,
Fitas o olhar, altiva e sobranceira,
Dê-te o porvir as glórias do passado
Seja de glória tua existência inteira.
Caro estudante,
Como você pode observar, a música que abre este caderno é o Hino do
Maranhão, composta pelo historiador Antônio Baptista Barbosa de Godois,
com melodia do músico Antônio dos Reis Raiol, datada de 1911. Suas estrofes
ajudam a contar alguns episódios importantes da história do Estado, ou
melhor dizendo, a maneira como suas elites e os estudiosos dessa história
interpretaram esse passado.
A letra fala de lutas e heróis, vitórias, mortes e glórias. Destaca que nos
primórdios de sua colonização, quando ainda se caracterizava por “selvas
seculares”, os combates pela conquista resultaram na expulsão dos povos
considerados invasores, primeiro os franceses, na Batalha de Guaxenduba,
depois os holandeses, chamados de “flamengo aventureiro”. Essa marca
bélica dos primórdios da história do Maranhão também aparece no processo
de independência em relação a Portugal, fazendo com que a união com as
demais províncias brasileiras para formarem o novo Império nos trópicos fosse
tardia. Há nessa letra toda uma invocação de um passado de glórias, heroísmo
de seus filhos, cuja inspiração deve servir para o porvir, portanto, para nós.
Apesar da beleza poética, o hino expressa, pelo silêncio, uma visão harmônica
da realidade, mostrando os combates aos inimigos externos, sem realçar os
conflitos e resistências internas que marcaram a luta dos indígenas, negros
e camponeses por liberdade e igualdade. Por isso, mesmo respeitando esse
símbolo importante, que é o hino oficial, e considerando o momento histórico
em que foi produzido, vale lembrar que os caboclos, índios e negros, que
construiram essa terra, seja na condição de livres ou escravos, camponeses ou
trabalhadores urbanos, balaios ou quilombolas, também são “nossos avós” e
merecem nossa reverência e memória.
- Apresentar um panorama da
história do Maranhão em sua
fase colonial, destacando as
singularidades do seu processo - Caderno impresso, com textos
de formação; explicativos e hipertextos
- Destacar aspectos históricos complementares.
Aula 1 - O Maranhão
e culturais presentes na fase - Sala virtual no Moodle, 15 hs
Colonial
inicial do Estado, especialmente computadores com acesso à
na constituição das sociedades internet (no Polo).
litorânea e sertaneja; - Imagens, letras de música.
- Apontar aspectos da fundação
e crescimento da cidade de São
Luís nos séculos XVII e XVIII.
Objetivos
• Apresentar um panorama da história do Maranhão em sua fase
colonial, destacando as singularidades do seu processo de formação;
Introdução
A- Z
A-Z
Fonte: www.historiabrasileira.com
Por que os franceses tentaram criar uma “nova França” nos trópicos? Por que
esse projeto fracassou? Eis o que iremos tratar agora.
No início do século XVII, diante da não presença dos portugueses nessas terras,
e considerando o interesse de algumas monarquias europeias em estabelecer
possessões no novo mundo, piratas franceses que incursionavam pela costa
A França Equinocial
Desde o século XVI, piratas franceses frequentaram o litoral ma-
ranhense. A ausência portuguesa adveio das várias tentativas
frustradas de seus donatários (1535, 1554 e 1573) e do fracasso
de outras expedições por terra (1591, 1603 e 1607).
Aquela região promissora, livre da posse dos descobridores e ha-
bitada por nativos amigos, suscitou o interesse de Jacques Riffault
e Charles des Vaux de fundarem uma colônia. Conseguiram que
Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, François de Rasilly
e Nicolau de Harley, apoiados por Maria de Médicis, formassem
uma empresa mais lucrativa que as vantagens obtidas por uma
simples feitoria. Organizada a frota, zarparam de Cancale a 19 de
março de 1612, chegando ao golfão maranhense a 26 de julho.
Fundaram numa ilha menor e enviaram des Vaux até Upaon-Açu
para conferenciar com os indígenas. Confirmada a receptividade
nativa, trataram de passar para a ilha Grande.
Transferidos para Upaon-Açu, nativos e franceses logo iniciaram
a feitura de palhoças para a acomodação dos integrantes da
esquadra e começaram também os trabalhos necessários para
a realização da cerimônia religiosa, costumeira à chegada em
terra desabitada (LACROIX, 2002, p. 29-30).
[...]
Exercitando
No Maranhão foi perpetuada principalmente a imagem de Daniel de La
Touche, homenageado em nome de avenida, nome da sede da prefeitura
(Palácio Daniel de La Touche) e também com um busto na Praça Pedro II, em
frente a esse palácio da administração municipal. Você já parou para refletir
sobre quando começaram essas homenagens e o significado delas? Pesquise
sobre as questões levantadas e escreva um pequeno texto.
A cidade de São Luís foi construída em uma ilha denominada pelos seus
primeiros habitantes de Upaon-Açu. No início do século XVII esta ilha foi
Na linguagem dos
ocupada por franceses que pretendiam estabelecer uma colônia na região índios tupinambás,
Upaon-Açu significa Ilha
norte do Brasil, a chamada França Equinocial. A ilha foi então chamada pelos Grande.
São Luís cresceu lusitana (portuguesa). Seu traçado urbano seguiu o plano do
Fonte: wikimapia.org
Fonte: pastandpresent.webnode.com.br
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Jean_baptiste_debret_-_ca%C3%A7ador_escravos.jpg
A economia colonial tem como marca a produção escravista, seja com a mão de
obra indígena ou africana, como tratamos no item acima. O Estado colonial do
Até hoje, a farinha de Quanto aos gêneros produzidos nessa primeira fase colonial, destacam-
mandioca e o arroz são
os produtos básicos
se os gêneros de primeira necessidade, para consumo dos moradores,
da alimentação das como a mandioca, o arroz e o milho. Você já deve ter notado esse gosto
famílias maranhenses.
O maranhense é dos maranhenses pela farinha e o arroz. Tudo começou nesses primeiros
conhecido como “papa-
arroz”. tempos coloniais, quando esses produtos, já cultivados pelos nativos, foram
A Revolta de Beckman
O responsável pela Companhia era Pascoal Jansen, e era para ele que se voltavam
os protestos com relação aos péssimos serviços da companhia, a exemplo das
alterações nos pesos e medidas, gêneros de má qualidade, preços superiores
aos taxados na venda de mercadorias, e inferiores na compra dos produtos da
terra, número menor de escravos do que o estabelecido anualmente, e a falta
de regularidade dos navios. Com isso, as Câmaras de São Luís e Belém fizeram
uma representação ao governador e à Corte, pedindo providências, mas não
obtiveram resultado. Estabelecido o descontentamento e sem perspectivas
de solução por parte dos representantes da Coroa, os quais se beneficiavam
com vantagens promovidas pela Companhia, estava aberta a possibilidade de
revolta contra o monopólio da Companhia de Comércio.
O romance histórico
uma devassa para condenar e punir os líderes. Em maio desembarcou o novo
O Bequimão, de governador, que, sem acordos, mandou prender os líderes do movimento.
Clodoaldo Freitas,
escrito e publicado em Manuel Beckman fugiu para seu engenho Vera Cruz, no Mearim, mas foi
1909, traz uma narrativa
dos episódios da revolta capturado em seguida, entregue às autoridades e levado à forca, no dia 10 de
de Beckman, com um
foco mais voltado para novembro de 1685, na praia do Armazém (MEIRELES, 2001).
seu líder.
Atividade de Aprendizagem
Não poderíamos apresentar uma aula sobre o Maranhão colonial sem tratarmos
da ocupação e organização socioeconômica de uma parte significativa do
Estado do Maranhão – o sertão. A história do Maranhão, por mais que a ênfase
Fonte: atn.to.gov.br
Por fim, para encerramos essa aula sobre o Maranhão colonial, trataremos
de alguns aspectos socioculturais que marcaram essa fase e cujos
desdobramentos serão sentidos com maior ênfase no século XIX, a exemplo
do crescimento urbano, a educação, as manifestações artísticas.
Quanto a educação escolar, destaca-se mais uma vez o trabalho das ordens
religiosas, especialmente os jesuítas. O trabalho de catequese e instrução dos
indígenas realizado pelos religiosos tinha como objetivo fazer da educação dos
nativos, assentada nos princípios da fé cristã, um instrumento de dominação
da política colonial portuguesa. O plano educacional dos jesuítas incluía
também a instrução dos filhos da elite colonial, preparando-os para o estágio
posterior de aperfeiçoamento e conclusão de seus estudos na Europa. Às
mulheres brancas era dada apenas uma educação doméstica que se restringia
ao aprendizado de prendas do lar e boas maneiras.
Resumo
Atividade de Aprendizagem
Referências
______; SANTOS, Sandra Regina Rodrigues dos (Orgs). São Luís do Maranhão:
novos olhares sobre a cidade. São Luís: EDUEMA, 2012.
SILVEIRA, Simão Estácio da. Relação Sumária das Cousas do Maranhão. 2.ed.
São Paulo: Siciliano, 2001.
Objetivos
• Desenvolver uma visão geral da fase imperial da história do Maranhão,
ao longo do século XIX, com destaque para a dinâmica da sociedade
escravista;
Introdução
Data do início desse século a observação dos viajantes Spix e Martius (1819),
de que São Luís era a quarta cidade mais importante do Brasil, um orgulho
que a cidade alimentou por décadas, mesmo quando já não ocupava mais
essa posição. A economia teve seus momentos áureos, mas ao longo do
Foi nessa época que a sociedade litorânea, cada vez mais urbana, começou
a adotar novos costumes, com um maior refinamento nos comportamentos,
permitindo uma melhor educação para as mulheres e ampliando seus espaços
de sociabilidade. O sertão também teve seu desenvolvimento sociocultural, e
os melhoramentos nos meios de transporte possibilitaram um maior contato
entre as duas regiões da província.
Foi um longo século, com uma efervescência que espantava seus contempo-
râneos, afinal, foram muitas novidades na Província: imprensa, teatro, barcos a
vapor, bondes, iluminação à gás, bancos, fábricas, telégrafo e telefone.
O Maranhão foi uma das províncias que não aderiu de imediato ao novo
governo estabelecido no Rio de Janeiro. Resistiu por quase um ano, na tentativa
de suas elites dirigentes em se manterem fiéis ao governo de Lisboa. Teve
início, então, a guerra pela independência no Norte. O centro de resistência
à adesão era a capital maranhense e as áreas próximas ao golfão, controladas
mais diretamente pela Junta governativa, cuja liderança estava nas mãos
do Bispo Nazaré. Portanto, a luta pela independência partiu do interior da
província, congregando diferentes segmentos sociais. Proprietários, setores
médios, livres pobres e escravos se uniram temporariamente em torno dessa
luta, cada um com expectativas diferentes.
A Balaiada foi a revolta popular mais importante ocorrida no Maranhão, por isso
terá um maior destaque neste caderno. Passados 175 anos de sua eclosão pelo
interior do Maranhão e províncias vizinhas como Piauí e Ceará, ainda é pouco
conhecida dos maranhenses e ainda não teve todo o seu valor reconhecido.
Figura 1 - Balaiada
São Luís é conhecida como a cidade dos azulejos, e isso se deve ao seu rico
acervo arquitetônico constituído de muitos casarões revestidos de azulejos.
Além da função estética, os azulejos ajudavam a amenizar o calor provocado
pela incidência do sol nas fachadas dessas residências.
Fonte: http://www.eulafui.com.br
Fonte: www.nordestevip.com
São Luís era uma cidade onde a maioria da sua população era (e ainda é) negra
ou mestiça devido a forte presença de escravos africanos e seus descendentes,
com uma ordem fundada na exploração e na desigualdade social, sendo
fundamental para as elites dirigentes e dominantes o controle dessa população.
O medo de revoltas com a participação de grandes contingentes populares,
inclusive escravos, como as que se sucederam na Regência em todo o país,
contribuiu para uma maior coesão das elites em torno de seu projeto político
de dominação.
Na segunda metade do século XIX, o crescimento de São Luís era percebido pelo
Esse título de Atenas
Brasileira foi atribuído
aumento de sua população e ocupação dos terrenos urbanos para moradia.
a São Luís em razão Esse aumento populacional pode ser evidenciado pelo crescimento do número
da plêiade (conjunto
ilustre) de escritores, de residências em São Luís, que segundo o Almanaque Administrativo de 1858,
romancistas, poetas,
tradutores e jornalistas passou de 1.553 casas em 1808, para 2.764 casas em 1856.
que se destacaram
no cenário nacional.
Costuma-se dividir Em meados do século XIX, a cidade contava com uma Biblioteca Pública, o
esses intelectuais
em duas gerações: Gabinete Português de Leitura, várias livrarias, gráficas, o Teatro São Luís,
a primeira geração,
chamada de Grupo inúmeros jornais, bancos, companhias prestadoras de serviços urbanos,
Maranhense, composta
por Odorico Mendes, um Liceu para o ensino público secundário dos meninos, o Colégio Nossa
João Lisboa, Sotero dos
Reis, Gonçalves Dias, Senhora da Glória para o ensino particular das meninas, lojas de artigos de
Alexandre Teófilo de
Carvalho Leal, Antônio
luxo e serviços de costureiras e cabeleireiros para deixar as elites de São Luís
Henriques Leal, Luis em dia com a moda europeia.
Antônio Vieira da Silva,
Gomes de Sousa, Garcia
de Abranches. Na
segunda geração de
A prosperidade econômica da Província favoreceu o crescimento da cidade
intelectuais destacaram- e possibilitou que muitas famílias enviassem seus filhos para estudarem na
se Aluísio Azevedo,
Artur Azevedo, Celso Europa, o que contribuiu para a introdução de novos costumes urbanos, bem
Magalhães, Coelho Neto,
Dunshee de Abranches, como para a formação de um grupo de intelectuais que destacaram São Luís
Graça Aranha, Nina
Rodrigues, Raimundo e a província do Maranhão no cenário nacional, rendendo-lhe o título de
Correa, Ribeiro do
Amaral e Viriato Corrêa. “Atenas Brasileira”.
Com uma sociedade hierárquica e escravista, com ares de fidalguia por parte
de suas elites, a cidade crescia e melhorava seus serviços urbanos de maneira
seletiva, atendendo principalmente a uma minoria privilegiada.
Até meados do século XIX, o abastecimento de água potável em São Luís era
feito ou pela própria população que retirava a água diretamente dos poços
No romance “Os
Tambores de São e nascentes, ou pelos aguadeiros que vendiam a água pela cidade em pipas
Luís”, o escritor Josué
Montello narra alguns que transportavam em carroças de burro. Uma fatia seletiva desse lucrativo
episódios desse
confronto entre Donana comércio de água era monopolizado por dona Ana Jansen, matriarca dessa
Jansen e o engenheiro
da Companhia do Rio família, que possuía um elevado patrimônio em terras, escravos e prédios
Anil. A velha matriarca
era acusada de mandar
que alugava na cidade. Os escravos de Dona Ana Jansen enchiam as pipas
jogar gatos mortos no
depósito de água do
no Apicum e Vinhais e transportavam para o centro da cidade, vendendo o
Campo de Ourique, de caneco de água por vinte réis. Em 1862, foi instalada a Companhia das Águas
mandar seus negros
surrarem os guardas da do Rio Anil, com uma concessão de 60 anos para a venda de água na capital. A
companhia, entupir e
soldar os canos da caixa- água canalizada do rio era levada por um cano de alvenaria para um depósito
d’água, retirar peças
da bomba hidráulica. construído no Campo d’Ourique, daí seguia em tubos de ferro para os seis
Sempre que aconteciam
esses ‘incidentes’ chafarizes localizados no Largo do Quartel, Praça da Alegria, Largo do Carmo,
que impediam o
abastecimento de água, Largo de Santo Antônio, Praça do Comércio e Praça do Mercado. A companhia
os negros de dona Ana
Jansen estavam apostos
de abastecimento de água recebeu forte oposição por parte dos interessados
com suas carroças de
água para vender à
naquele rentável mercado da água, e depois de instalada começou a sofrer
população. diversos atentados que contaminavam a água do reservatório e prejudicavam
a oferta dos seus serviços.
O transporte urbano
Fonte: www.portaldoagronegocio.com.br
Em 1860 foram
Para os fazendeiros, a crise da lavoura estava diretamente associada à crise registrados 410
engenhos. Destes
do escravismo e consideravam que o fim da escravidão significaria a ruína engenhos, 284 eram
movidos à vapor ou
de todos eles. Era do negro que vinha a energia consumida para construir à força hidráulica e
a riqueza da Província, dos seus braços e mãos dependiam quase todas as 136 eram de tração
animal. Nesse ano
atividades produtivas. A crise da falta de braços, primeiro esboçada com a lei de 1860 produziram
100.000 sacos de açúcar
de 1831 que considerava livres os escravos desembarcados no Brasil, depois (VIVEIROS, 1992, p. 206)
O Comércio
O comércio em São Luís, desde a abertura dos portos no início do século XIX,
estava nas mãos de portugueses, ingleses e franceses. O bairro comercial
Até o final do século
XVIII, essa praça da cidade ficava situado na Praia Grande, local onde localizava-se o porto.
comercial era carente
de melhoramentos, Era a parte mais antiga e mais agitada da cidade, devido ao movimento do
os quais começaram a
ser feitos no início do comércio.
século seguinte. Em
1805 foi construída
uma praça pública Figura 8 - Mercado da Praia Grande
com barracas para
venda dos produtos.
Essa feira era chamada
de celeiro público,
barracão, curro ou tulha
(VIVEIROS, 1992). É o
atual mercado da Praia
Grande.
Fonte: www.capitalbrasileiradacultura.org
Fonte: guinebissau.adbissau.org
Fonte: https://sites.google.com/site/
tabuemportugal/tabu-no-passado/idade-media
Nas fábricas têxteis, era grande o uso da mão de obra feminina e infantil,
especialmente pela baixa remuneração e controle que os patrões poderiam
exercer sobre essa força de trabalho. As operárias eram mal remuneradas,
tinham uma jornada de trabalho exaustiva e ainda tinham que suportar o
preconceito em relação a sua honra, haja vista sua maior exposição pública, o
que feria os valores morais burgueses vigentes em relação ao sexo feminino.
Faça um levantamento das fábricas têxteis que foram erguidas em São Luís no
final do século XIX, destacando características como localização, número de
operários, tipo de produção e encerramento de suas atividades.
Figura 9 - Vaqueiro
Fonte: www.consciencia.org
O teatro União, inaugurado em 1817, servia para essa sociedade exibir sua
elegância e seu conhecimento artístico. Em 1852 teve seu nome mudado
para teatro São Luís, recebendo várias companhias francesas, italianas e
portuguesas, além de contar com os espetáculos da Sociedade Dramática
Maranhense, criada em 1841. As elites de São Luís estavam interessadas nos
espetáculos das companhias estrangeiras, em ocasiões de exibir sua educação
artística ou pelo menos representar uma aparência de intelectualidade,
Fonte: www.canalmaranhao.net
No final do século XIX, o sertão também passou por mudanças que propiciaram
uma cultura elitista, com colégios, jornais e revistas, grêmios literários. Alguns
colégios possuíam bandas musicais que estimulavam o cultivo da arte musical.
Esse desenvolvimento educacional fez surgir um grupo de intelectuais que se
destacaram nas letras e no jornalismo.
Resumo
O Maranhão do século XIX foi visto nesta aula como um momento de mudanças
políticas, especialmente com a montagem da nova ordem imperial no período
pós-independência. Foram apresentados os conflitos entre as elites dirigentes
pela dominação política, assim como as lutas que envolveram as camadas
populares nesse contexto, a exemplo da Balaiada, maior revolta popular
ocorrida em terras maranhenses. Na economia, esse século foi marcado pelo
crescimento e crises constantes do setor agroexportador, assim como da força
de trabalho pautada no modelo escravista, resultando na derrocada final
desse modelo com a abolição da escravidão. A sociedade maranhense, tanto
a litorânea como a sertaneja, passou por mudanças que envolveram maior
crescimento demográfico, novos hábitos e costumes, além de alguns avanços
no setor educacional, propiciando o aparecimento de grupos de intelectuais,
sendo que em São Luís o grupo que se destacou nas letras e no jornalismo,
deu à cidade o título de Atenas Brasileira.
Referências
LISBOA, João. Festa de Nossa Senhora dos Remédios (folhetim). In. Obras
de João Francisco Lisboa (Coleção Documentos Maranhenses). São Luís:
ALUMAR, 1991.
Objetivos
• Apresentar aspectos da política e da economia maranhense no século
XX, sob a égide do regime republicano, apontando permanências e
mudanças e seus desdobramentos para o cenário atual;
Introdução
Então, vamos conhecer esse Maranhão republicano, que está mais próximo de
nós e com o qual nos identificamos melhor.
Fora esse episódio, a recepção do novo regime foi positiva, com passeatas,
discursos e adesão das autoridades e chefes políticos. Foi criada uma Junta
Provisória, em 18 de novembro, até a eleição do novo governo local. Um mês
depois da adesão do Maranhão à república, assumia o novo governador,
Tavares Júnior, e os republicanos históricos sentiam que cada vez mais iam
ficando excluídos dessa nova ordem política que tanto defenderam.
A marca desse novo regime foi a concentração do poder nas mãos dos grupos
oligárquicos, os quais já vinham sendo gestados desde meados do século
XIX. Com a república foram criados de imediato quatro partidos: Partido
Republicano, Partido Católico, Partido Constitucional e o Partido Nacional.
Em 1892, liderados por Benedito Leite, esses três últimos partidos se uniram
formando o Partido Federalista. A política oligárquica tinha essa característica
Greve de 1951
O envaramento, feito
Figura 1 - Casa de palha típica do Maranhão com a tala das folhas
da palmeira de babaçu,
serve para a fixação do
barro, que fica seguro
entre as varas, dando
sustentação à parede
da casa.
Fonte: http://www.baixaki.com.br/usuarios/imagens/wpapers/868562-83777-1280.jpg
Exercitando
Fonte: http://my.opera.com
Fonte: www.noticianahora.com.br
No início do século XX, conforme nos informa o engenheiro Eurico Teles (2001)
que chegou aqui em 1906 para trabalhar na estrada de ferro São Luís-Caxias,
a população maranhense era de aproximadamente 700 mil habitantes, sendo
que um décimo desse total estava na cidade de São Luís.
Uma das grandes preocupações das elites dirigentes republicanas era com a
ordem moral, envolvendo a constituição e harmonia das famílias, o controle do
comportamento feminino e o disciplinamento das camadas populares como
garantias da ordem social, seja através de medidas coercitivas ou ideológicas,
estas últimas por meio da educação.
Na década de 1920, a vida social em São Luís contava com festas elegantes dos
clubes “chics” e “noitadas mundanas do cinema Éden”, bem como os passeios
no bonde elétrico da “Gonçalves Dias”. O cinema Éden era frequentado pelas
famílias, mas também por mulheres do meretrício, apesar das tentativas
das autoridades de afastar essas mulheres dos espaços frequentados pelas
“mulheres honestas”.
Em São Luís, a zona do baixo meretrício (ZBM) ocupava ruas centrais da cidade,
como a Rua da Estrela, a Rua 28 de Julho e a Rua da Palma, e era frequentado
por homens da classe média e alta, autoridades públicas, artistas e intelectuais
de uma maneira geral. As autoridades policiais eram requisitadas para reprimir
a circulação das meretrizes em alguns espaços da cidade.
Em São Luís, diante dos constantes surtos epidêmicos, algumas medidas foram
tomadas em nome do discurso sanitário higienista, especialmente para combater
a epidemia de peste bubônica que atingiu a cidade três vezes durante esse
período (1903, 1908, 1921). Houve desinfecção de prédios e casas, isolamentos
dos doentes, vacinação, extermínio de ratos, demolições, reconstruções, reparos
ou limpezas de casas. Mas, as demolições de prédios foram exceções, não se
comparando ao “bota-abaixo” que caracterizou a reforma arquitetônica da
Os Novos Atenienses é
culturais como a Escola de Música (1896), a Academia Maranhense de Letras
a denominação dada ao (1908), Faculdades particulares de Direito (1918) e de Farmácia (1922), o
grupo de intelectuais
maranhenses que Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão (1926), a reorganização da
atuaram entre a última
década do século XIX Biblioteca Pública (1898) e do Liceu Maranhense (1893). Muitas dessas novas
e a década de 1920,
problematizando a instituições surgiram da iniciativa particular, de intelectuais denominados
realidade maranhense,
criando instituições “novos atenienses”, num esforço de devolver à cidade a glória literária
culturais, procurando
manter viva a tradição passada e fazer sua “ressurreição espiritual”.
das letras que legou
a São Luís o título de
Atenas Brasileira. Alguns Nas primeiras décadas republicanas foram feitas algumas tentativas de
desses intelectuais são:
Antonio Lobo, Manuel reorganização do ensino público no Estado. Essas medidas estavam em
de Bethencourt, Astolfo
Marques, Nascimento
sintonia com a ideologia republicana de que a instrução era o remédio
Moraes, Raimundo para o progresso e modernização do país, especialmente no combate ao
Lopes e Fran Paxeco.
analfabetismo.
O magistério foi a principal via de acesso das mulheres das camadas baixas
e médias para melhorar sua escolarização e obter uma profissão respeitável.
A partir da década de 1920, as mulheres maranhenses puderam ingressar
A primeira universidade
e a Faculdade de Filosofia de São Luís do Maranhão (1952), autorizada com
no Estado foi criada seus quatro cursos originais de Filosofia, Letras Neolatinas, Geografia/História
em 1966, por meio da
Fundação Universidade e Pedagogia.
do Maranhão –
FUM, atualmente
Universidade Federal
do Maranhão (UFMA).
Em 1979 foi a vez da
Federação das Escolas
Superiores do Maranhão
3.7 Manifestações Culturais
(FESMA) transformar-se
na atual Universidade
Estadual do Maranhão
(UEMA).
O Maranhão republicano, no que diz respeito aos aspectos culturais, de
manifestações folclóricas, festas religiosas e profanas, danças e ritmos
musicais, passou por muitas mudanças. O Bumba meu boi é um dos melhores
exemplos dessa dinâmica cultural que transformou antigas manifestações
proibidas e perseguidas em símbolos de identidade cultural.
As origens do bumba meu boi são difíceis de precisar, mas no século XIX são
frequentes nos registros policiais e na imprensa dando conta dessa brincadeira,
sempre vista como uma manifestação perigosa, de gente bárbara, que contava
Nessa mesma perspectiva, de exclusão e lenta aceitação por parte das elites
e autoridades, está também duas grandes manifestações culturais e religiosas
A estória original é a de
um boi furtado ao amo, da cultura maranhense. O Tambor de Mina e o Tambor de Crioula, ambos
por Pai Francisco, para
atender aos apelos de ligados à herança cultural dos escravos.
sua mulher, Catirina, que,
grávida, desejara comer a
língua de boi (AZEVEDO O Tambor de Mina, manifestação da religião afro-brasileira, foi muito perseguido
NETO, 1997, p. 72).
no século XIX devido suas práticas espirituais serem consideradas como
curandeirismo e magia. A antropóloga Mundicarmo Ferretti (2004) explica que
o Tambor de Mina surgiu com a Casa das Minas-jeje e a Casa de Nagô, datadas
de meados do século XIX, época em que a repressão aos terreiros afro-brasileiros
foram constantemente registradas por jornalistas entre final do século XIX e
primeira metade do século XX. Geralmente, eram cobradas providências das
autoridades para cumprimento das leis criadas para disciplinar a área de saúde
pública e fiscalização dos terreiros. São encontradas nos jornais dessa época
inúmeras notícias sobre batidas policiais a terreiros, prisões de “macumbeiros”,
curandeiros e “pajés”, assim como fechamento de casas de culto. Um caso que
chamou a atenção da imprensa maranhense e resultou em um extenso processo
no final do século XIX, foi a prisão da escrava e pajé Amélia Rosa, no dia 13 de
outubro de 1876, acusada de práticas de feitiços e outras crendices, quando
dançava em um terreiro de sua propriedade.
Pelo menos até metade do século XX a tônica foi a repressão dos cultos afro-
brasileiros, acompanhados de muita resistência por parte de seus adeptos, os
quais puderam manter vivas as práticas religiosas e tradições culturais africanas,
cultuando suas entidades espirituais (voduns e orixás) e mantendo seus rituais.
Festa de Momo
Ao longo do século XX uma das festas populares maranhenses que passou por
mais mudanças foi o carnaval. O carnaval do Maranhão atualmente é bastante
eclético, com o carnaval de rua das batalhas de confete e serpentina, animadas
pelos fofões e cazumbás, o corso, os blocos tradicionais, escolas de samba,
bailes carnavalescos nos clubes particulares, até o fenômeno mais recente
das bandas, especialmente com o ritmo do axé baiano, que se espalham pelo
continente nesse período para animar a festa de momo.
Finalmente, para concluir essa aula, vamos falar também do Reggae, afinal, São
Luís também recebeu no século XX o título de Jamaica Brasileira, pela grande
aceitação da música regueira, consolidando a manifestação cultural do reggae
no Maranhão, construindo novas identidades culturais em torno desse ritmo e
tornando-se a opção de lazer de muitos maranhenses. O reggae no Maranhão,
mais especialmente em sua capital São Luís, é um fenômeno recente, datado da
década de 1970, e nesses mais de 40 anos adquiriu grande força como expressão
cultural, sendo uma manifestação que faz parte da cultura maranhense na
atualidade, tendo São Luís como a capital do reggae no Estado.
Resumo
Atividades de Aprendizagem
Referências
CORRÊA, Helidacy Maria Muniz. São Luís em Festa: o Bumba Meu Boi e a
construção da identidade cultural do Maranhão. São Luís: EDUEMA, 2012.
FERREIRA,LuizAlberto.Omovimentorepublicanoeagênesedareestruturação
oligárquica no Maranhão (1988-1894). Recife, 2002. Dissertação (Mestrado em
História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2002.
REINALDO Jr. Formação do espaço urbano de São Luís. 2.ed. São Luís: FUNC,
2001.
Objetivos
• Apresentar o potencial turístico do Maranhão em suas belezas
naturais, com destaque para a diversidade natural que inclui as
belezas litorâneas e da região sul do Estado;
Introdução
Fonte: www.intravel.com.br
Fonte: www.viaje.com.br
Fonte: www.espacoturismo.com
Dança do Cacuriá
Dança do Caroço
Dança do Coco
Tambor de Crioula
Como cultura regional e popular, o bumba meu boi firmou seu lugar a
partir de meados do século XX, se expandindo nas décadas seguintes.
Essa brincadeira tem vários estilos e sotaques que se diferenciam pelos
instrumentos, indumentárias e pelas formas de expressão. O Boi de
matraca é o sotaque do interior da ilha de São Luís e conta com a presença
de muitos participantes, que de matraca nas mãos, pandeiros, tambor
de onça, cuícas e maracás, dançam e entoam as suas cantigas (Maioba,
Maracanã, Ribamar, Iguaíba e Jaçatuba). O Boi de orquestra, brincadeira
bastante tradicional em São Luís, nas regiões dos rios Itapecuru e no
Munim, utilizando instrumentos de sopro, como pistons, sax, clarinetes,
além de maracás (Axixá, Morros, Rosário, Presidente Juscelino e Nina
Rodrigues). O Boi de zabumba é o mais africano dos ritmos, e espalha-se
do litoral ao sertão, com cantorias ritmadas pela zabumba e maracás. Na
Baixada Ocidental organiza-se com o ritmo de pandeirão (Pindaré, Penalva
e São João Batista) (BOTELHO, 2009, p. 255-256).
Festa religiosa que ocorre na cidade de Vargem Grande, uma romaria secular
do festejo de São Raimundo Nonato dos Mulundus, realizada anualmente de
22 a 31 de agosto nessa cidade do sertão maranhense, em honra a este santo
popular, que era um homem da lida do gado. Os romeiros saem da Praça da
Matriz, onde fica a Igreja de São Sebastião e o Santuário de São Raimundo
dos Mulundus, na alvorada, para percorrer seis quilômetros até o povoado de
Paulica, onde está a capela erigida por devotos do santo para recebê-lo em
festa. O destaque vai para a indumentária de muitos participantes, montados
a cavalo, usando gibão de couro e demais acessórios que compõem a
vestimenta do vaqueiro.
A lenda sobre a Carruagem de Ana Jansen diz que uma carruagem, puxada
por cavalos decapitados e tendo um cocheiro escravo igualmente sem
cabeça, percorria as ruas de São Luís, às sextas-feiras à noite. A carruagem
saia do antigo Cemitério dos Passos, com a alma penada de Dona Ana Jansen
dentro do coche, carregando uma vela acesa que, se fosse recebida por algum
notívago, amanheceria transformada em osso de defunto. Esse seria o suplício
de Ana Jansen, uma pena que o inconsciente coletivo aplicou á memória
dessa matriarca.
Conta-se que uma serpente encantada, que cresce sem parar, um dia destruirá
a ilha, quando a cauda encontrar a cabeça. O animal gigantesco habitaria as
galerias subterrâneas que percorrem o Centro Histórico de São Luís e, embora
seu corpo descomunal esteja em vários pontos da cidade (a barriga na Igreja
do Carmo, a cauda na Igreja de São Pantaleão), o endereço mais certo do
bicho é a secular Fonte do Ribeirão. Há quem garanta ser possível observar,
através das grades que isolam as entradas do monumento, os terríveis olhos
do animal.
Na rua 13 de maio, em frente a Igreja São João e no canto com a rua da Paz
havia um casarão de três pavimentos. Sobre o imóvel foram inventadas várias
lendas, das quais se destaca a seguinte: Dois irmãos portugueses vieram ao
Maranhão para buscar riqueza. Um deles conseguiu enquanto o outro jamais
saiu da pobreza. Cheio de inveja, o irmão pobre resolveu assassinar o outro a
fim de herdar a grande fortuna, já que o irmão rico vivia amasiado com uma
Lenda da Manguda
Milagre de Guaxenduba
É um grande touro negro, com uma estrela brilhante na testa, que aparece em
noites de sexta-feira, na ilha dos Lençóis. Com uma área não maior que 9 km²
e cerca de 400 habitantes, a 155 km a oeste de São Luís, essa ilha faz parte do
arquipélago de Maiaú, município de Cururupu, Maranhão. Dizem alguns que
Dom Sebastião costuma aparecer principalmente em junho, durante as festas
do bumba-meu-boi, e em agosto, época do aniversário da batalha de Alcácer-
Quibir, em que o rei português desapareceu em combate.
Resumo
Atividade de Aprendizagem
Referências
MORAES, Jomar. Guia de São Luís do Maranhão. São Luís: Legenda, 1989.
Foi dado um destaque para cidade de São Luís por ser a capital do Estado,
principal centro econômico e político, palco de muitos acontecimentos
marcantes (revoltas, invasões e greves), carro-chefe das inovações culturais
e dos costumes urbanos. No entanto, procuramos também fazer a crítica da
historiografia que durante muito tempo confundiu a história da cidade com
a da própria região como um todo, mostrando que a história do Maranhão
é mais complexa e não se restringe ao litoral. Por essa razão, destacamos a
formação socioeconômica do sertão maranhense, marcada pela cultura do
vaqueiro, o que a fez ser conhecida como “civilização do couro”.
Essa crítica não nos impede de destacar o fato de que a parte antiga de São
Luís, que corresponde ao centro histórico, é um verdadeiro museu a céu aberto.
Quando andamos por suas ruas histórias parece que revivemos um pouco da
história dessa velha cidade, e com um olhar mais sensível, é possível perceber
os detalhes dessa arquitetura urbana nas fachadas azulejadas, nas grades nas
sacadas das janelas, nas pedras de cantaria, os lampiões, mesmo sendo réplicas
dos existentes. A espessura das paredes dos casarões é de causar espanto,
principalmente quando lembramos todo o esforço e sofrimento imputados
aos trabalhadores que ergueram essas imponentes construções, os escravos.
A velha São Luís resiste ao tempo e ao abandono, pois mesmo com título
de Patrimônio Cultural da Humanidade, a velha cidade encontra-se muito
deteriorada, com muitos casarões ameaçando desabar, além da já conhecida
paisagem da vegetação que cobre muitos prédios antigos, o que vem sendo
chamado pelos estudiosos da cidade como as “ruínas verdes”.
Currículo da professora-autora
Doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense,
professora Adjunta do Departamento de História e Geografia, da
Universidade Estadual do Maranhão. Publicou pela editora UEMA as
coletâneas: Fazendo Gênero no Maranhão: estudos sobre mulheres
e relações de gênero - séculos XIX e XX (2010); São Luís do Maranhão:
novos olhares sobre a cidade (2012); e o livro O Dote é a Moça Educada:
mulher, dote e instrução em São Luís na Primeira República (2012).