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UNIVER

SIDADE DE ENSINO
GRADUAÇÃO DIREITO

DEBORAH DIAS PEREIRA


IAN MANOEL ALVES FERREIRA
VINÍCIUS ARAÚJO SETIN

CONTROLE SOCIAL E O DIREITO PENAL

ITUMBIARA GO
2022
DEBORAH ALVES PEREIRA
IAN MANOEL ALVES FERREIRA
VINÍCIUS ARAÚJO SETIN

CONTROLE SOCIAL E O DIREITO PENAL

Projeto apresentado a UNA instituição de


ensino, com o objetivo de adquirir nota na
A3.
Orientadores: Prof. Origenes R. S. Neto
E Profa. Ana Laura

ITUMBIARA GO
2022
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
1 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA.......................................................................1
2 MOEDA FALSA, USO DE DOCUMENTO FALSO E FRAUDES EM CERTAMES
DE INTERESSE PÚBLICO...........................................................................................2
3 DA FALSIDADE DE TÍTULOS E DE OUTROS PAPÉIS......................................3
3.1 Petrechos de Falsificação................................................................................4
3.2 Forma majorada................................................................................................4
3.3 Fraudes em certames de Interesse público...................................................5
4 DA FALSIDADE DOCUMENTAL..........................................................................5
4.1 Falsificação de selo ou sinal público..............................................................6
4.2 Falsificação de documento público................................................................7
4.3 Falsificação de documento particular............................................................8
4.4 Falsificação ideológica.....................................................................................9
4.5 Falso reconhecimento de firma ou letra.........................................................9
4.6 Crime de certidão ou atestado ideologicamente falso...............................10
4.7 Falsidade de atestado médico.......................................................................11
4.8 Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica...............................11
4.9 Crime de documento falso.............................................................................11
4.10 Crime se supressão de documento..............................................................12
4.11 Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na
fiscalização alfandegária, ou para outros fins.......................................................12
4.12 Falsa identidade..............................................................................................12
4.13 Fraude de lei sobre estrangeiro.....................................................................13
4.14 Fraude de lei sobre propriedade por estrangeiro........................................13
4.15 Crimes que iremos tratar de forma mais abrangente.................................14
4.16 Jurisprudência acerca do tema.....................................................................16
REFERÊNCIAS...........................................................................................................18
1

INTRODUÇÃO

Através dos conteúdos aprendidos em sala de aula, sendo presencialmente


ou ensino remoto, adquirimos enormes conhecimentos sobre o código civil, e
principalmente sobre o código penal, atualmente vigente em nosso país, sendo este
recentemente tratado por nossos mentores. Nos deparamos com as partes
especiais deste código, ou seja, as que abrangem determinadas condutas e
princípios que violam a dignidade, a moral e as obrigações do contrato social ou do
convívio em sociedade. O Código Penal Brasileiro traz em seu Título X os crimes
considerados praticados contra a fé pública, ou seja, aqueles que violam o
sentimento coletivo de veracidade de determinadas informações, atos, símbolos,
documentos etc., gerando uma insegurança jurídica nas relações jurídicas. É o
crime de falso que pode atingir a fé pública como diz Nelson Hungria, ao descrever
que somente através dele é que se consegue atingir o sentido de fé comum, geral
das coisas dotadas de veracidade, esta advinda de lei, pois mesmo que se tenha
empregado o falso contra um único indivíduo acabara por repercutir sobre toda a
coletividade.
Portanto, o bem jurídico tutelado autonomamente nesse capítulo do Código
Penal é a fé pública. A fé pública é o bem jurídico protegido pelo tipo penal que
prevê o delito de falsificação de documento particular. Importante destacar que a fé
pública mencionada não se refere à força probatória do documento e sim ao grau
de confiabilidade.

1 CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

Bem, a “Fé Pública” em seus primórdios é uma expressão comum no meio


jurídico, que se refere à presunção de verdade dada os atos, ou seja, significa
confiança na legitimidade de alguma coisa, sendo necessária à vida social. É o
alicerce do mecanismo de autenticação e legitimação de atos, negócios ou fatos
jurídicos humanos, ou de certificação sobre acontecimentos naturais. Proveniente do
tabelião e do registrador, delegados da lei, qualifica os atos jurídicos a eles
submetidos com a presunção legal de veracidade.
Portanto, os crimes denominados como “Crimes Contra a Fé Pública”, são
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aqueles que possuem como vítima (sujeito passivo) o sentimento coletivo de


veracidade de determinadas informações, atos, símbolos, e documentos, gerando
uma insegurança jurídica nas relações jurídicas, os crimes de falso do comentado
Título X estão divididos em cinco capítulos, sendo que serão analisados a seguir
respectivamente os crimes de moeda falsa, presente em seu capitulo primeiro, e os
falsificação de documento público, falsificação de documento particular e falsificação
ideológica, em seu capitulo terceiro. Com base nestes preceitos, apresentaremos a
vós, os crimes presentes no Título X deste código, visando esclarecer e aperfeiçoar
vosso entendimento a respeito do mesmo, e agregando ao conhecimento de todos.
Ressaltaremos também, um dos crimes que notamos que mais ocorre em
nosso estado, com base em uma pesquisa realizada pelas redes sociais, podemos
notar o alto índice de pessoas que passaram por determinada situação, sendo este
crime a utilização de documento falso.

2 MOEDA FALSA, USO DE DOCUMENTO FALSO E FRAUDES EM CERTAMES


DE INTERESSE PÚBLICO

O crime de moeda falsa é previsto no art.289, caput do Código penal o qual


afirma “Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de
curso legal no país ou no estrangeiro, e possui pena de reclusão, de três a doze
anos, e multa”. Na sua forma privilegiada o agente tendo recebido de boa-fé, como
verdadeira , moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação (repassar de novo ou
retransmitir a outrem como moeda verdadeira), depois de conhecer a falsidade, e
possui pena de detenção de seis a dois anos, e multa, já na forma qualificada a
pena passa a ser de reclusão, de três a quinze, tendo que o condutado do
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda com título ou peso inferior ao
determinado em lei, ou de papel -moeda em quantidade superior à autorizada.
Os crimes assimilados ao de moeda falsa, descreve fraudes usadas para
montar ou revalidar cédulas, notas ou bilhetes imprestáveis ou já recolhidos para
inutilização. O crime prevê as seguintes condutas típicas: Formar cédula, nota ou
bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes
verdadeiros, em nota, cédula ou bilhetes recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização, e à circulação cédula, nota ou bilhete
3

em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização. Sendo previsto pelo


artigo 290 do código penal.
Petrechos de falsificação de moeda, são atos preparatórios do crime de
falsificação de moeda, com o objetivo de prevenir tal conduta o legislador antecipa
sua repressão punindo condutas que constituem verdadeiros atos de preparação
daquele delito, o qual é previsto pelo artigo 291 do código penal.
Emissão de título portador sem permissão legal é previsto pelo artigo 292 do
código penal, o qual afirma que emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale
ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que
falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago, e na sua forma
privilegiada incorre em tal forma do delito quem recebe ou utiliza como dinheiro
qualquer dos documentos referidos no caput.

3 DA FALSIDADE DE TÍTULOS E DE OUTROS PAPÉIS

O crime de moeda falsa é previsto no art.289, caput do Código penal o qual


afirma “Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de
curso legal no país ou no estrangeiro, e possui pena de reclusão, de três a doze
anos, e multa”. Na sua forma privilegiada o agente tendo recebido de boa-fé, como
verdadeira , moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação (repassar de novo ou
retransmitir a outrem como moeda verdadeira), depois de conhecer a falsidade, e
possui pena de detenção de seis a dois anos, e multa, já na forma qualificada a
pena passa a ser de reclusão, de três a quinze, tendo que o condutado do
funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica,
emite ou autoriza a fabricação ou emissão de moeda com título ou peso inferior ao
determinado em lei, ou de papel -moeda em quantidade superior à autorizada.
Os crimes assimilados ao de moeda falsa, descreve fraudes usadas para
montar ou revalidar cédulas, notas ou bilhetes imprestáveis ou já recolhidos para
inutilização. O crime prevê as seguintes condutas típicas: Formar cédula, nota ou
bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes
verdadeiros, em nota, cédula ou bilhetes recolhidos, para o fim de restituí-los à
circulação, sinal indicativo de sua inutilização, e à circulação cédula, nota ou bilhete
em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização. Sendo previsto pelo
artigo 290 do código penal.
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Petrechos de falsificação de moeda, são atos preparatórios do crime de


falsificação de moeda, com o objetivo de prevenir tal conduta o legislador antecipa
sua repressão punindo condutas que constituem verdadeiros atos de preparação
daquele delito, o qual é previsto pelo artigo 291 do código penal.
Emissão de título portador sem permissão legal é previsto pelo artigo 292 do
código penal, o qual afirma que emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale
ou título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que
falte indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago, e na sua forma
privilegiada incorre em tal forma do delito quem recebe ou utiliza como dinheiro
qualquer dos documentos referidos no caput.

3.1 Petrechos de Falsificação

Tipificado no art. 294 do Código Penal, o crime acima tem como conduta
incriminada fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou
guardar objeto especialmente destinado à falsificação de qualquer dos papéis
referidos no artigo anterior. Cuida-se de norma penal em branco, sendo
complementada pelo artigo 293 do Código Penal, em que há a previsão de vários
papéis públicos. Por isso, se configura como mera fase de preparação do crime de
falsificação de papéis públicos e, portanto, irrelevante penal, se não houvesse sua
previsão em tipo penal próprio.
Classificação: É crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa;
é plurissubsistente, admitindo a tentativa; é doloso, sem exigência de elemento
subjetivo especial do tipo; é formal, por não exigir resultado naturalístico (efetiva
falsificação dos papéis públicos) para a sua consumação; é permanente apenas nas
modalidades de possuir e guardar.

3.2 Forma majorada

O art. 295 do Código Penal prevê uma causa de aumento de pena que,
segundo a doutrina, se aplica aos crimes do Capítulo II do Título X (Da Falsidade de
Títulos e Outros Papéis Públicos).
Tal modalidade consiste em um crime próprio, só podendo ser praticado pelo
funcionário público. Sendo assim, é um crime funcional, sendo que o agente deve
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praticar o crime prevalecendo-se do seu cargo, ou seja, valendo-se dele para


facilitar
a execução da conduta. A major ante tem como fração fixada pelo legislador a
de um sexto da pena. Aplica-se, portanto, aos crimes tratados nos artigos 293 e 294
do Código Penal.

3.3 Fraudes em certames de Interesse público

O art. 311-A do Código Penal, traz o crime de fraudes em certames de


interesse público, e tem como conduta típica utilizar ou divulgar conteúdo sigiloso de
certame de interesse público. Exige-se o dolo, além do elemento subjetivo especial,
que é a finalidade do agente de beneficiar a si ou a outrem ou de comprometer a
própria credibilidade do certame.
O objeto material, consistente no certame de interesse público, pode ser: (1)
concurso público; (2) avaliação ou exames públicos; (3) processo seletivo para
ingresso no ensino superior ou • exame ou processo seletivo previstos em lei.
É importante salientar que, para o crime configurar-se, é exigido que o agente
se utilize ou divulgue conteúdo sigiloso. Se ele, por exemplo, repassar informações
da prova ao candidato ao lado, sem ter tido acesso a conteúdo sigiloso, não se
configura a infração penal.
Classificação: o crime é doloso, com exigência de intuito especial do agente.
Não há modalidade culposa; é formal, dispensando a obtenção da vantagem para a
sua consumação, que, se ocorrer, será mero exaurimento do crime; é
plurissubsistente, admitindo o conato.
O artigo 331-A do Código Penal, em seu parágrafo segundo, prevê a
modalidade qualificada do crime de fraudes em certame de interesse público. Cuida
se de crime agravado pelo resultado, configurando-se se da conduta resultar dano à
administração pública. A pena passa a ser de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
multa.
O parágrafo terceiro do artigo 311-A prevê a causa de aumento de pena de
um terço no caso de o sujeito ativo ser cometido por funcionário público.

4 DA FALSIDADE DOCUMENTAL
6

Em termos gerais o código penal no capítulo IV aduz a falsidade documental,


abordando nele os crimes de falsificação de selo ou sinal público, de falsificação de
documento público, de falsificação de documento particular.
Além disso, apresenta o crime de falsidade ideológica, de falso
reconhecimento de firma ou letra, de certidão ou atestado ideologicamente, falsidade
material de atestado ou certidão, falsidade de atestado médico, reprodução ou
alteração de selo ou peça filatélica, uso de documento falso e supressão de
documento.

4.1 Falsificação de selo ou sinal público

O crime de falsificação de selo ou sinal público está previsto no artigo 296 do


código penal. Quanto a tipificação do crime trata-se de falsificar, fabricando ou
alterando selo público destinado autenticar atos oficiais da união, de estado ou de
município selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a
autoridade, ou sinal público de tabelião.
A pena será de reclusão, de dois a seis anos, e multa além disso incorre nas
mesmas penas quem faz uso do selo ou sinal falsificado, ainda, quem utiliza
indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito
próprio ou alheio.
Além disso, quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos,
siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou
entidades da Administração Pública. Contudo, se o agente é funcionário público, e
comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Quanto ao crime a doutrina entende que consiste no verbo falsificar, que
significa adulterar, fazer passar por verdadeiro o que não é, fraudar.
A conduta incriminada é falsificar, fabricando ou alterando, selo público
destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município, ou selo ou
sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público
de tabelião.
Nesse sentido, falsificar, pode ser praticada de uma das duas formas
fabricando: manufaturando, produzindo a partir de matérias-primas, fazendo a
cunhagem de alterando: modificando, transformando, produzindo a mudança.
No entanto, existem possíveis objetos materiais do crime selo público
7

destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município; selo ou


sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade sinal público de
tabelião.
Quanto a classificação o crime é comum, podendo ser praticado por qualquer
pessoa. Cuida-se de crime de forma livre. Além disso, admite a tentativa, por ser
plurissubsistente. É doloso, sem previsão de modalidade culposa.
Quanto as modalidades quem faz uso do selo ou sinal falsificado. Pune-se, o
agente que utiliza o selo ou sinal falsificado. Não pode ser ele quem falsificou o selo
ou sinal, senão seu uso estará absorvido, como pós fato não punível.
Ainda, quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de
outrem ou em proveito próprio ou alheio quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores
de órgãos ou entidades da Administração Pública.
É importante ressaltar que essas modalidades abrangem tanto a adulteração
ou contrafação das marcas logotipos, siglas ou símbolos dos órgãos públicos quanto
seu uso indevido, ou seja, de forma não permitida pela legislação. Cabe ressaltar
que há a modalidade majorada, pois, como prevê Código Penal brasileiro há causa
de aumento de pena no parágrafo único do artigo 296 do Código Penal, consistente
em o agente ser funcionário público e cometer o crime prevalecendo-se do cargo.
Neste caso, uma modalidade majorada e funcional, aumenta-se a pena de sexta
parte.

4.2 Falsificação de documento público

De acordo com o código penal brasileiro o delito de falsificação de documento


público tem previsão no art.297 dispondo que constitui crime em caso de falsificar,
no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro,
nesse caso a pena aplicada será reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Além disso, se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo
se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
Destarte, para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o
emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso,
as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
É importante salientar que nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
8

inserir: na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado


a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
segurado obrigatório; na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou
em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; em documento contábil ou em
qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a
previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. Nas
mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho
ou de prestação de serviços.
A conduta típica é falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou
alterar documento público verdadeiro. Portanto, pune-se a falsificação total ou
parcial do documento público, assim como a modificação de um documento público
verdadeiro, autêntico. Quanto a classificação se trata de crime comum, não se
exigindo qualidade específica do sujeito ativo. É doloso, não havendo previsão de
elemento subjetivo especial do tipo, nem de modalidade culposa. É
plurissubsistente, sendo admissível a tentativa. Ademais, é formal, consumando-se
sem a exigência de ocorrência de resultado naturalístico.

4.3 Falsificação de documento particular

De acordo com o Código Penal Falsificar, no todo ou em parte, documento


particular ou alterar documento particular verdadeiro está tipificado como crime no
art. 298.
A pena ser aplicada é de reclusão de um a 5 anos e multa. Essa tipificação é
dada pelo termo falsificar adulterar, fazer passar por verdadeiro o que não é, fraudar
e alterar, modificar, transformar, produzir a mudança.
Quanto a conduta que tipifica, no todo ou em parte, documento particular, ou
alterar documento particular verdadeiro. Portanto, pune-se a falsificação total ou
parcial do documento particular, assim como a modificação de um documento
particular verdadeiro, autêntico.
Quanto a classificação do crime é comum, podendo ser praticado por
qualquer pessoa. É formal, consumando-se independentemente da ocorrência de
resultado naturalístico. É doloso, sem exigência de qualquer elemento subjetivo
9

especial. Não se pune a conduta praticada por negligência, imprudência ou


imperícia. O crime é plurissubsistente, admitindo a forma tentada.

4.4 Falsificação ideológica

De acordo com o código penal no art. 299 omitir, em documento público ou


particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir
declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito,
criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante.
Quanto a pena a ser aplicada, reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é
particular.
Além disso, se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo
se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil,
aumenta-se a pena de sexta parte.
Em relação a conduta delituosa são omitir declaração, ou seja, não declarar,
deixar de fazer a declaração; inserir, ou seja, gravar, introduzir, apor; e fazer inserir,
o agente leva outrem a inserir, faz com que outra pessoa introduza o conteúdo
indevido.
Os Elementos subjetivos nesse caso é consistente no intuito do agente de
prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante. Basta que o agente possua tal intenção, não sendo necessário que a
alcance, com a produção do resultado naturalístico, para a consumação do delito.
Quanto a classificação se trata de um crime comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa. É doloso, com exigência de elemento subjetivo especial, como
visto. É formal, não dependendo do efetivo prejuízo a direito, da real criação de
obrigação nem da eficaz alteração da verdade para sua consumação. É crime
plurissubsistente, admitindo a modalidade tentada. Não há previsão de modalidade
culposa. É, ainda, crime de forma livre.

4.5 Falso reconhecimento de firma ou letra


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De acordo com o código penal no art.300 constitui crime reconhecer, como


verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja. Quanto a
pena será aplicada reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é
público; e de um a três anos, e multa, se o documento é particular
A tipificação ocorrerá quando falso reconhecimento de firma ou letra é
funcional, ou seja, só pode ser praticado por quem está no exercício de função
pública. A função pública deve ser aquela que dá poderes ao agente para o
reconhecimento da veracidade ou autenticidade de firma ou letra, como o tabelião, o
oficial de registro, os cônsules etc.
Quanto a conduta reconhecer (atestar, admitir) como verdadeira firma ou letra
que não o seja. Como já dito, exige-se que o sujeito ativo esteja no exercício de
função pública que lhe dê tal poder. A sanção penal varia: se o documento for
público, a pena será de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Se o documento for
particular, a pena será de reclusão, de uma a três anos, e multa.
Quanto a classificação trata-se de crime próprio, por exigir qualidade do
sujeito ativo para sua configuração. É crime de forma livre, sendo que Nucci
discorda, entendendo ser crime de forma vinculada. O crime é doloso, não havendo
exigência de elemento subjetivo especial do tipo. É plurissubsistente, por ser
fracionável a sua conduta.

4.6 Crime de certidão ou atestado ideologicamente falso

Conduta Típica: Atestar ou Certificar falsamente fato ou circunstância que


habilite alguém a obter cargo público.
Obs.: O agente deve agir em razão da sua função pública visando isenção de
ônus ou qualquer outra vantagem.
Obs.: É uma modalidade especifica de falsidade ideológica
Classificação do Crime: Crime Próprio, Doloso, Forma Livre, Plurissubsistente
admite tentativa
- Parágrafo primeiro: Forma qualificada do crime
Núcleo do tipo: Falsificar, alterar
Classificação do Crime: Crime comum tendo falsidade material do atestado ou
certidão
-Parágrafo Segundo: Crime Mercenário
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Quando este crime for praticado com intuito de lucro Além de pena privativa
de liberdade aplica-se a pena de multa ao agente

4.7 Falsidade de atestado médico

É uma modalidade especial do crime de falsidade ideológica


Classificação do Crime: Próprio pois só pode ser cometido pelo médico,
doloso, formal, Plurissubsistente e admite o conatos
-Parágrafo Segundo: Modalidade mercenária por vez que este é praticado
com intuito de lucro

4.8 Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica

Teve o tipo penal revogado pelo art. 39 da Lei 6.538/78


Conduta incriminada: Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica de valor
para coleção
Obs.: Não há estipulação de pena mínima
Obs.: O delito não corre caso a alteração/reprodução estiver anotada de
forma visível, na face ou no verso do selo ou da peça filatélica
Classificação do Crime: Comum, Doloso, Formal, Forma livre e
Plurissubsistente
Parágrafo Único: Teve revogação tácita, sendo fato típico exigindo finalidade
comercial

4.9 Crime de documento falso

Conduta incriminada: Fazer uso de qualquer dos papeis falsificados ou


alterados (ref. 297 a 302 do CP)
Classificação do Crime: Tipo Remissivo, Crime Comum, Doloso, Formal,
Forma Livre Obs.: Não é necessário exame pericial caso conste nos autos que o
agente fez uso do documento que permite concluir sobre sua falsidade
Obs.: Poderá vir a ser demonstrado por outros meios de prova
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Obs.: Afasta-se a alegação de atipicidade da conduta em caso de documento


falso com fim de ocultar situação irregular no país
Obs.: Terá competência para julgar o crime de uso de documento falso à
autoridade, entidade ou órgão ao qual foi apresentado
Obs.: É competente o Juízo Federal do local em que se consumou o crime de
uso de documento falso, consistente em passaporte

4.10 Crime se supressão de documento

Núcleo: Destruir, suprimir, ocultar Conduta Típica: Destruir, suprimir, ocultar


documento público ou particular do qual não poderia dispor
Classificação do Crime: Comum, formal, instantâneo com efeitos
permanentes, Plurissubsistente

4.11 Falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na


fiscalização alfandegária, ou para outros fins

O artigo 306 do Código Penal torna crime a falsificação de sinal empregado


no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária ou para outros fins:
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo
poder público no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou
usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusão, de dois
a seis anos, e multa.
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade
pública para o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar
determinados objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena -
reclusão ou detenção, de um a três anos, e multa. O parágrafo único do artigo 306
prevê uma modalidade privilegiada do delito, em que a pena passa a ser de reclusão
ou detenção, de um a três anos, e multa. Incide essa modalidade se a marca ou
sinal falsificado for o que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização
sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ou comprovar o
cumprimento de formalidade legal.
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4.12 Falsa identidade

O crime de falsa identidade tem como seus preceitos primário e secundário os


seguintes: Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter
vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui
elemento de crime mais grave. Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano
a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não
constitui elemento de crime mais grave. É de forma livre e doloso. É
plurissubsistente na modalidade “ceder”, admitindo, neste caso, a tentativa. Na
forma de “usar”, a doutrina majoritária o considera uni subsistente, não sendo
possível o fracionamento da conduta e, por consequência, não se reconhecimento a
modalidade tentada.

4.13 Fraude de lei sobre estrangeiro

Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no território nacional,


nome que não é o seu: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a
entrada em território nacional: (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão,
de um a quatro anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) Conduta de
estrangeiro de usar nome que não é seu para entrar ou permanecer em território
nacional.
Crime Próprio – somente o estrangeiro pode praticar Formal Doloso
OBS: Tentativa não admitida pois a ação nuclear não pode ser fracionada.

4.14 Fraude de lei sobre propriedade por estrangeiro

Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou possuidor de ação, título


ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
propriedade ou a posse de tais bens: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - Detenção, de seis meses a três anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.426, de 1996).
14

Figurar como proprietário ou possuidor de ação, título ou valor pertencente a


estrangeiro. O crime acontece nos casos em que é vedada por lei ao estrangeiro a
posse ou a propriedade dos bens referidos.
Crime Próprio Crime Instantâneo Formal Plurissubsistente
OBS: Crime próprio uma vez que pode ser praticado por qualquer pessoa de
nacionalidade brasileira.
OBS: Admite tentativa por ser de conduta fracionável. 3.4.6 ADULTERAÇÃO
DE SINAL DE VEÍCULO AUTOMOTOR Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de
chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu componente ou
equipamento: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº
9.426, de 1996) § 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou
em razão dela, a pena é aumentada de um terço. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
1996) § 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o
licenciamento ou registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo
indevidamente material ou informação oficial. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996).
Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal de identificador de
veículo automotor, de seu componente ou equipamento, configuram a conduta
incriminadora.
Crime comum Crime Material Doloso Plurissubsistente Admite tentativa
OBS: Não tem previsão de criminalização de quem usa ou compra o carro
com falsificação ou remarcação.
OBS: Se o crime for cometido por agente no exercício da função pública ou
em razão dela admite-se forma majorada com aumento de um terço da pena e neste
caso o crime é próprio.
OBS: O funcionário público que o pratica incorre de forma equiparada nas
mesmas penas.

4.15 Crimes que iremos tratar de forma mais abrangente

Falsificação de documentos: Falsificar documento público é crime e disso


todos sabemos. Mas fabricar, ou simplesmente alterar os dados de um documento
privado também é considerado ato ilícito, que pode ser punido com até 5 anos de
prisão, sendo divisíveis em Falsificação de documento público, Falsificação de
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documento privado e Falsidade ideológica.


Falsificação de documento privado: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em
parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena -
reclusão, de um a cinco anos, e multa. Os documentos privados são feitos quando
não tem atuação de autoridades ou oficiais públicos em suas funções. O delito de
falsificação de documento privado possui o mesmo aspecto legal que o de
documento público. Exemplos de documentos privados são: cartões de débito e
crédito e cartões de identificação.
Falsificação de documento público: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em
parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão
de dois a seis anos, e multa. O conceito de documento público é: toda declaração
expedida por órgãos públicos da União (entidade federativa que independe dos
Estados membros, municípios e Distrito Federal), estados e municípios que podem
ser necessários e obrigatórios em contratos. São exemplos de documentos públicos:
• Testamentos de caráter particular
• Certidões de processos judiciais
• Livros mercantis
• Autorizações para funcionamento (em casos de organizações particulares)
• Título de crédito ao portador
• Livros mercantis
Falsidade ideológica: Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele devia constar, ou declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre o
fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é
particular.
Em casos referentes a esse delito, a forma do documento é verídica, porém o
conteúdo contido nele é falso. Ocorre quando uma informação falsa é implantada no
documento original (o documento pode ser privado ou público). Para que
corresponda ao artigo 299 do Código Penal é necessário que o principal propósito
dessa falsificação seja afetar, de maneira negativa, ou modificar um fato sobre
legalmente importante.
A classificação desse delito se caracteriza em: crime comum, doloso, formal,
omissivo e comissivo próprio e plurissubsistente (cometido em diversas ações). O
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artigo não impõe nenhuma qualidade especial ao agente e ao passivo.


É relevante destacar que se o crime for cometido por um funcionário público,
prevalecendo-se do cargo ou então se a alteração é de registro civil, a pena de sexta
parte é aumentada.
Esse crime em especifico foi escolhido principalmente pelo que vem
ocorrendo no Brasil durante a pandemia, onde hospitais usam para comercializar
atestado médico com laudo de Covid-19 ou com falsificações cujo objetivo seja
antecipar a vacinação para a doença ou em outros casos a emissão fraudulenta de
atestados médicos, destina-se ao favorecimento, de forma graciosa, a estudantes e
trabalhadores, que os utilizam a fim de conferir vantagem aos mesmos ou “justificar”
ausências em compromissos privados, públicos ou faltas em atividades laborais. Há
também casos que ocorrem bastante, como o roubo de dados ou a divulgação de
dados pessoais em redes sociais.
Dessa forma, criminosos passam a ter acesso a informações como CPF, RG,
Nome completo, entre outras informações particulares, com esses dados em mãos,
criar documentos falsos se passando pelo real dono da identidade para
conseguir vantagens, como crédito em bancos, compras ou até mesmo cadastro
como funcionário. Casos que também são comuns são quando indivíduos tentam
omitir ganhos ou gastos da Receita Federal na declaração de imposto de renda,
usando informações diferentes dos reais para que possa se isentar de taxas,
impostos, ou ainda ganhar benefícios públicos ou privados, está cometendo um
crime de falsidade ideológica. Até mesmo a transferência de pontos da Carteira
Nacional de Habilitação para evitar o cancelamento da mesma, se enquadra como
crime de falsidade ideológica.

4.16 Jurisprudência acerca do tema

Trouxemos para nosso contexto, algumas jurisprudências a respeito do tema


tratado, através de pontos de vistas diferentes, sendo eles o STF, TJ-SP, TJ-MG,
onde relata sentenças com julgamentos diferentes do mesmo crime que
trabalhamos. Os mesmos sendo relatados abaixo.
TRF 3ª REGIÃO - APELAÇÃO CRIMINAL Nº 2000.03.99. 040016-3/MS
(DJU 03.04.2001, SEÇÃO 2, P. 268)
RELATOR: O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL THEOTONIO
COSTA APELANTE: E.F.S. APELADA: JUSTIÇA PÚBLICA ADVOGADO:
CARLOS THAMIR THOMPSON LOPES EMENTA PENAL. CRIMES DE
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FALSIFICAÇÃO E USO DE DOCUMENTO FALSO: APRESENTAÇÃO DE


CERTIDÃO FALSA DE QUITAÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS POR
EMPRESA EM PROCESSO DE LICITAÇÃO. AUSÊNCIA DE EXAME DE
CORPO DE DELITO: IRRELEVÂNCIA. FALSIDADE COMPROVADA DE
FORMA INDIRETA: CONFRONTO COM DOCUMENTO ORIGINAL.
PROVA TESTEMUNHAL. NULIDADE INEXISTENTE. PRELIMINAR
REJEITADA. MATERIALIDADE DELITIVA ATESTADA. AUTORIA
COMPROVADA: AGENTE SÓCIO-GERENTE DA EMPRESA. PROVA
DOCUMENTAL E TESTEMUNHAL. DOLO CONFIGURADO. FALSIDADE:
APTIDÃO ILUSÓRIA ATESTADA. INVIABILIDADE DE APLICAÇÃO DO
PRINCÍPIO “IN DUBIO PRO REO”. CONDENAÇÃO DO MESMO AGENTE
PELOS CRIMES DE FALSIFICAÇÃO E USO DO DOCUMENTO, EM
CONCURSO MATERIAL:
IMPOSSIBILIDADE. CRIME PROGRESSIVO: USO: "POST FACTUM"
IMPUNÍVEL. PRECEDENTES DO STF EXCLUSÃO DA CONDENAÇÃO
PELO DELITO DE USO DE DOCUMENTO FALSO: MANUTENÇÃO DA
CONDENAÇÃO PELO CRIME DE FALSIFICAÇÃO, DE DOCUMENTO
PÚBLICO: ART. 297 DO CP. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS: MEDIDA SOCIAL NÃO
RECOMENDÁVEL: REQUISITOS SUBJETIVOS DO ART. 44, III DO CP:
NÃO PREENCHIMENTO. APELO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Descabe
falar em nulidade processual, pela ausência de exame de corpo de delito
em documento tido como falso. Nessa espécie de crime, o resultado da
falsificação não traz elementos passíveis de identificação direta do autor.
Ademais, segundo posição dominante na Jurisprudência, nos delitos
materiais, de conduta e resultado, o corpo de delito direto pode ser suprido
pelo indireto, que se realiza por intermédio de qualquer meio legal idôneo
que o comprove. II - Comprovada, no caso, de forma indireta, a falsidade
do documento, através de seu confronto com cópia de documento original,
prova testemunhal e documental. III - Preliminar rejeitada. IV - Comprovadas
nos autos a materialidade e autoria delitivas dos crimes de falsificação de
documento e seu posterior uso, praticados pelo apelante que, como
representante legal de uma empresa, apresentou certidão falsa de quitação
de tributos federais, a fim de participar de concorrência pública, burlando o
fisco para concorrer indevidamente a processo de licitação. V - Dolo
configurado pela plena ciência que o apelante tinha acerca da falsidade do
documento, aferido ainda por prova documental e testemunhal, realçada
pelo fato de sua empresa possuir antecedente de falsificação do mesmo
documento. VI - Descabe a afirmação de que a dispensa da prova pericial
pelo Magistrado, por entendê-la evidente, signifique fosse grosseira e
inidônea a tipificar o crime. A aptidão ilusória do documento falso vem
comprovada pelo fato da empresa do apelante ter chegado inclusive a
vencer a concorrência pública no processo de licitação em que foi
empregada a fraude, descoberta apenas após averiguação realizada em
virtude de declaração publicada no DOU, dando conta que outra certidão
em nome da empresa também era falsa. VII - Negativas de autoria
isoladas, frente ao teor acusatório carreado, inviabilizando a aplicação do
princípio “in dubio pro reo”. VIII - Pacífico o entendimento de que o
falsificador não responde, em concurso material, pelo crime de falsidade
documental e de uso do documento falso. No caso, trata-se de crime
progressivo, visto que a crime ocorreu em razão de uma só ação,
desdobrada em vários atos, devendo
apenas responder pelo crime de falsidade, significando o uso em "post
factum" impunível. Precedentes do STJ e do STF IX - Excluída a
condenação referente ao usa de documento falsa (artigo 304 do Código
Penal), permanecendo apenas a que se refere à prática do delito expresso
no artigo 297 do mesmo texto legal, ou seja, 03 (três) anos de reclusão e
multa. X - Não efetuada a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, pelo não preenchimento dos requisitos subjetivos
descritos no inciso III do artigo .44 do CP. XI - Apelação parcialmente
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provida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são


partes as acima indicadas, ACORDAM os Desembargadores Federais da
Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da Terceira Região, em
conformidade com a ata de julgamento, à unanimidade, rejeitar a preliminar
arguida e, no mérito, dar parcial provimento à apelação. São Paulo, 06 de
fevereiro de 2001 (data do julgamento)

REFERÊNCIAS

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Disponível em:<Supremo Tribunal Federal STF -


RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO: ARE 1301722 RJ 0018198-
49.2015.8.19.0004 (jusbrasil.com.br).
<STF_ARE_1301722_23d1b.pdf (jurisprudencia.s3.amazonaws.com)>;

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Disponível em:<TJ


SP_APL_00050480720108260028_f0b4b.pdf (jurisprudencia.s3.amazonaws.com)>;
GOVERNO FEDERAL. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto
lei/del2848compilado.htm>;

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Disponível em: <Constituição (planalto.gov.br)>

TOLEDO, FRANCISCO DE ASSIS. Disponível em: Doutrina, crimes contra a fé


pública.

BARROS, FRANSCISCO DIRCEU. Disponível em: Direito Penal Interpretado pelo


STF e STJ e Comentado pela Doutrina, pag1086-1183

JÚNIOR, CELSO GOMES DE LIRA. Disponível em:<


https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/principio-da-insignificancia-nos
crimes-contra-a-fe-publica/>.

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