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CRIMES CONTRA A

FÉ PÚBLICA
PROFA. MA. ELITA ISABELLA MORAIS DORVILLÉ DE ARAÚJO
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA

 Falsificação de documento público


Art.297 Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro: Pena -reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§1º- Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo,
aumenta-se a pena de sexta parte.
§2º-Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade
paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade
comercial, os livros mercantis e o testamento particular.
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• §3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:


I– na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante
a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II–na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir
efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III- em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da
empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no §3º, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
prestação de serviços.
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 É necessário diferenciar um documento público de um documento particular: público é aquele documento preparado por
funcionário público de acordo com determinadas formalidades legais. Ex: CPF, CNH, escritura pública, etc.
 Particular é o documento que não é público, aqui trata-se portanto de um conceito residual.
 De acordo com a definição do art. 297 o documento público pode ser falsificado ou alterado documento verdadeiro.
 A comprovação da materialidade do crime exige perícia, por isso esse crime é chamado pela doutrina de falsidade material.
Trata-se aqui, portanto, de uma diferenciação por parte da doutrina com o crime de falsidade ideológica.
 A consumação deste tipo penal ocorre com a falsificação ou alteração do documento público independentemente de seu uso
ou não.
 Admite-se a tentativa.
 Crime comum e monossubjetivo.
 Crime doloso.
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• No §1º se está diante de uma causa de aumento de pena. Cuidado! o crime é comum, ou seja, pode
ser cometido por qualquer pessoa, mas o §1º prevê aumento de pena para o caso de servidor público.
• O § 2º do art. 297 traz uma norma de equiparação:
§2º-Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o
título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e
o testamento particular.
• Os §§ 3º 3 4º estão relacionadas a previdência social. Há aqui um crítica da doutrina pela tipificação
desses parágrafos já que a tipificação do art. 297 trata-se de falsidade material, falsidade ou alteração
de documento público, o descrito nos §§ 3º e 4º se diferencia do tipo penal, para a doutrina seria
falsidade ideológica.
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• Outra discussão presente na doutrina sobre o tipo penal do art. 297 é relacionada a utilização desse documento público falso ou
alterado para a obtenção de vantagem indevida perante terceiro, induzindo alguém ao erro conforme disposto no art. 171 do código
penal (Crime de estelionato). Sobre essa situação, há cinco correntes doutrinárias de entendimento:
 A primeira corrente diz que há dois crimes diferentes: crime de falsificação ou alteração de documento público e o crime de
estelionato;
 A segunda corrente entende que se deveria responder pelos dois crimes, mas não em concurso material, mas em concurso formal
(uma única conduta gerando mais de um resultado).
 O terceiro entendimento diz que a conduta criminosa estaria na falsificação ou alteração de documento, portanto prevalece o art.
297 sob o 171 já que o crime se consuma no momento da falsificação ou alteração. Para esse entendimento o que se faz com o
documento posteriormente seria um pós fato impunível. A pena maior prevalece nessa situação.
 Outro entendimento é o de que o crime de estelionato absorve o crime de falsidade ou alteração de documento público. Esse
entendimento parte da compreensão de que o estelionato é o crime fim, ou seja, a falsificação ou alteração ocorre com a finalidade
de obter vantagem indevida perante terceiro. Esse é o entendimento majoritário, no entanto o entendimento que prevalece é o da
súmula 17 do STJ que apesar de ser bastante parecido, ainda se diferencia.
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• SÚMULA 17 DO STJ
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido.
O entendimento aqui é que, de fato, o crime de estelionato absorve o crime do art. 297, no
entanto o entendimento sumulado é de que isso só ocorre quando o crime de falsificação ou
alteração de documento público possui como única finalidade o crime de estelionato. Sendo
diferente, ou seja, sendo a prática do crime de falsidade ou alteração de documento público
com outras finalidades além da prática de estelionato, prevalece o entendimento dos dois
tipos penais em concurso.

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