A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Profa. Elita Morais Dorvillé CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DESOBEDIÊNCIA (ART. 330 CP)
Art. 330 -Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena -detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Crime comum. Crime monosubjetivo. E o servidor público? Poderia cometer esse tipo penal? DISCUSSÕES DOUTRINÁRIAS É possível a cumulação do tipo de desobediência com resistência? Segundo entendimento predominante na doutrina o crime de desobediência seria absorvido pelo crime de resistência. A) Segundo a doutrina esse tipo penal seria um crime subsidiário, isso porque para que o tipo penal pudesse, de fato, se configurar, seria diante da inexistência de previsões expressas de sanções (administrativas ou penais) para o descumprimento de determinadas ordens emanadas pelo poder público. B) Ex: descumprimento de ordem juducial que implique posição de perda ou suspenção de direito conforme art. 359 do CP. Esse dispositivo só comprova a subsidiariedade desse tipo penal. C) E a desobediência diante de hierarquia funcional? Ex; oficial de justiça e juiz de direito. E quando a desobediência não implicar hierarquia?. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (ART. 332 CP) Art.332-Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função: Pena-reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único- A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. Crime comum. Crime doloso. Crime monossubjetivo. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DISCUSSÃO DOUTRINÁRIA Perceba que na descrição do tipo penal é possível verificar 4 ações: solicitar, exigir, cobrar ou obter. A doutrina especifica que, na conduta delituosa de solicitar, exigir, cobrar ou obter, existe crime formal, ou seja, não é necessário obtenção de vantagem para que o tipo penal aconteça. Já na conduta de obter, a doutrina determina ser um crime material, ou seja, é necessário que a vantagem ocorra para que o crime se configure. Outra elemento muito importante: perceba que o tipo penal fala “a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função”, aqui é necessário uma análise cuidadosa e sistemática do dispositivo, a doutrina estabelece que essa suposta capacidade de influência na verdade não é real, o anúncio ou propaganda dessa suposta influência na verdade é mentirosa. É assim que o crime efetivamente ocorre. E se a influência for real? Então não estaremos diante do tráfico de influência, mas da corrupção ativa ou passiva. O que está em jogo e defendido por esse tipo penal é a credibilidade ou confiabilidade da Administração Pública. Ainda segundo a doutrina é tipo penal é uma modalidade de estelionato.