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TOP 10 LEIS EXTRAVAGANTES

Prof. Sérgio Bautzer

Sumário
APRESENTAÇÃO...............................................................................................................3

NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE – LEI N. 13.869/2019......................................4

LEI DE DROGAS – LEI N. 11.343/2006.............................................................................13

LEI DAS EXECUÇÕES PENAIS – LEI N. 7.210/1984.......................................................24

LEI DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS – LEI N. 9.296/1996.................................49

LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI N. 9.099/1995..................................53

LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS – LEI N. 9.613/1998......................................................59

LEI DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS – LEI N. 12.850/2013.....................................66

LEI DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR – LEI N. 11.340/2006.............................74

LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – LEI N. 8.072/1990.......................................................85

LEI DO PRECONCEITO DE RAÇA E COR – LEI N. 7.716/1989......................................90

REFERÊNCIAS...................................................................................................................94

RESUMO.............................................................................................................................95

QUESTÕES DE CONCURSO.............................................................................................96

GABARITO.........................................................................................................................129

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APRESENTAÇÃO

Olá, caro aluno, cara aluna! Eu sou Sérgio Bautzer, professor de Legislação Penal Especial
do Gran Cursos Online. Tenho mais de quinze anos de experiência na elaboração de livros,
apostilas e materiais para concursos públicos. Meu objetivo com esta aula é auxiliar você na
aprovação em concursos para carreiras públicas que exigem nível superior em Direito.
Neste material, “TOP 10”, vou abordar os principais pontos das dez leis extravagantes
que costumam ser exigidas com mais frequência em concursos públicos para as carreiras
policiais. São elas:

1) Nova Lei do Abuso de Autoridade – Lei n. 13.869/2019.


2) Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006.
3) Lei das Execuções Penais – Lei n. 7.210/1984.
4) Lei das Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/1996.
5) Lei dos Juizados Especiais Criminais – Lei n. 9.099/1995.
6) Lei de Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998.
7) Lei das Organizações Criminosas – Lei n. 12.850/2013.
8) Lei da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Lei n. 11.340/2006.
9) Lei dos Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990.
10) Lei do Preconceito de Raça e Cor – Lei n. 7.716/1989.

Ao final, apresentei cinquenta questões já aplicadas nos certames, de acordo com as leis
apresentadas, para que você fixe a matéria estudada.
Em caso de dúvida, você poderá participar da aula por meio do fórum de dúvidas do
Gran Cursos Online, o maior, melhor e mais completo curso preparatório virtual para con-
cursos públicos do país.

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NOVA LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE – LEI N. 13.869/2019

O abuso de autoridade se concretiza quando o agente público atua além de sua compe-
tência legal ou com desvio de finalidade.
Todos os tipos previstos na Nova Lei de Abuso de Autoridade são dolosos. Há necessi-
dade de comprovação da finalidade específica de beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou de
ter agido por mero capricho ou satisfação pessoal.
O crime precisa ter nexo com a função pública!

Todos os crimes previstos são


dolosos

Todos os crimes exigem uma


finalidade específica

Os crimes devem ter a finalidade


específica de prejudicar alguém

Crimes na Lei de
Abuso de Autoridade Os crimes devem ter a finalidade
especifica de beneficiar a si ou a
terceiros

Os crimes devem ter a finalidade


específica de satisfazer mero
capricho ou satisfação pessoal

O sujeito ativo é sempre o agente


público

Finalidades específicas

Prejudicar outrem: é quando o agente provoca um prejuízo que ultrapasse o exercício


regular das suas funções.
Beneficiar a si mesmo ou a terceiro: quando o agente público busca qualquer vanta-
gem, proveito ou benefício, pouco importando se é interesse de ordem patrimonial ou moral.
Para configurar abuso de autoridade, não importa que a vantagem indevida seja oferecida
previamente por um particular em troca de ação ou omissão funcional.

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Mero capricho ou satisfação pessoal: capricho é a vontade repentina desprovida de


justificativa. Satisfação pessoal é algum tipo de sentimento pessoal que provoque contenta-
mento, como amizade, ódio, vingança etc. Quando o agente coloca esses interesses acima
do interesse público, pratica o crime de abuso de autoridade.

Dolo eventual

Quando ficar comprovado que o agente público não queria o resultado, mas assumiu o
risco de produzi-lo, haverá dolo eventual. Fique atento, pois os tipos do artigo 25, parágrafo
único, e do artigo 30 da nova Lei somente admitem o dolo direto.

Representação indevida por abuso de autoridade

Se a representação indevida for contra Juiz, Promotor, Delegados, dentre outros agentes
públicos, não ensejará suspeição, pois ninguém pode se beneficiar diante da própria torpeza
(art. 256 do CPP).
Ainda, representações indevidas por abuso de autoridade podem configurar crime de
denunciação caluniosa (art. 339 do CP) e indenização por danos civis (art. 953 do CC).
Se for um agente público a representar indevidamente, poderá configurar infração disci-
plinar ou político-administrativa.

Sujeitos ativos

São crimes próprios. Somente podem ser praticados por agentes públicos.
Os sujeitos ativos dos crimes de abuso de autoridade são:

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Sujeito passivo

Os delitos de abuso de autoridade possuem dupla subjetividade passiva:

Sujeito passivo imediato ou principal Pessoa física ou jurídica


Sujeito passivo mediato ou secundário Estado

Concurso de pessoas

Admite a coautoria e a participação, pois a qualidade de agente público é elementar do tipo,


ou seja, se comunica aos demais, desde que eles tenham ciência dessa condição (art. 30 do CP).

Ação penal – art. 3º

Conforme o artigo 3º da Nova lei de Abuso de Autoridade, são crimes de ação penal pública
incondicionada, de titularidade privativa do MP. Caberá ação privada subsidiária no prazo de
seis meses, contados da data em que se esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.

Denúncias anônimas

São admitidas, resguardadas certas medidas contra calúnia e danos à imagem do


agente público.

Prazo para oferecimento da denúncia

Na vigência da Lei n. 4.898/1965 Na vigência da atual Lei


Não trouxe essa previsão, portanto, aplica-se
subsidiariamente o artigo 46 do CPP:
– réu preso: cinco dias contados da data em
MP tinha 48 horas para oferecer a denúncia.
que o MP receber os autos do inquérito policial;
– réu solto ou afiançado: quinze dias contados
do encerramento da investigação.

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Efeito da condenação

Competência

Será determinada, em regra, em razão do agente público, sendo o foro competente o do


local de consumação do crime (art. 70 do CPP).

DOS CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE

Os crimes previstos na Nova Lei de Abuso de Autoridade são mais gravosos dos
que os previstos na Lei n. 4.898/1965, ocorrendo a ultratividade da lei antiga para
os fatos praticados até o final de sua vigência.

IMPORTANTE: os crimes de abuso de autoridade são subsidiários, razão pela qual


devem ser absorvidos por infrações mais graves descritas em tipos penais diversos.

Vamos analisar, a seguir, os aspectos principais de cada tipo penal:

Decretar medida de privação de liberdade em manifesta desconformidade com as


hipóteses legais – artigo 9º:

A conduta descrita no artigo 9º da Nova Lei de Abuso de Autoridade já estava prevista na


Lei n. 4.898/1965. Nesse caso, o agente público deve ter competência administrativa e juris-
dicional para determinar a privação de liberdade de alguém.

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Nas figuras descritas no parágrafo único, o sujeito ativo é apenas a autoridade judiciária,
sendo, também, hipótese de crime omissivo próprio ou puro.

Prazo razoável

A lei não estipula qual seria esse prazo, porém se aplica, em caso de audiência de cus-
tódia, o prazo de 24 horas previsto no artigo 310 do CPP e, nos demais casos, o prazo de 48
horas previsto no artigo 322, parágrafo único, do CPP.

Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente des-


cabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo – artigo 10:

Importante: esse é um delito que pode ser cometido inclusive por autoridades parla-
mentares em CPIs.

Condução coercitiva

É o encaminhamento compulsório de alguém à presença de determinadas autoridades


para a realização de determinados atos, desde que sua presença seja essencial. É uma res-
trição momentânea da liberdade de locomoção, só podendo ocorrer quando prevista em lei.
O delito do artigo 10 se consuma com a mera prolação da decisão de determinação de
condução coercitiva. É crime formal. Admite a tentativa na forma escrita.

Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária


no prazo legal – artigo 12:

A conduta descrita no artigo 12 da Nova Lei de Abuso de Autoridade já estava prevista


na Lei n. 4.898/1965. O sujeito ativo previsto no caput deste artigo deve ser o Delegado de
Polícia. O tipo é uma conduta omissiva – “deixar de comunicar” – que deve ter ocorrido de
forma injustificável no prazo legal.

Prazo legal

É uma norma penal em branco. Quanto o tipo fala em “prazo legal”, está se referindo ao artigo
306 do CPP. Porém, o CPP não traz um prazo certo e determinado, usa a expressão “imediata-
mente”. O ideal, então, é concluir que a comunicação prevista no artigo 12 se dá com a remessa
do auto de prisão em flagrante, que deve ocorrer em até 24 horas após a realização da prisão.
São infrações de menor potencial ofensivo, admitindo todas as medidas despenalizado-
ras da Lei n. 9.099/1995.

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Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução


de sua capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela
não manda – artigo 13:

É uma modalidade especial do constrangimento ilegal previsto no artigo 146 do CP. Pode
ser cometido por qualquer agente público que exerça a custódia do preso ou detento.
Caso esse delito seja praticado contra criança ou adolescente, pelo princípio da especia-
lidade, aplica-se o artigo 232 do ECA.

Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função,


ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo – artigo 15:

Sobre o sujeito ativo, é apenas aquele agente público que detenha atribuição ou compe-
tência para presidir o interrogatório.
É crime de ação vinculada, porque exige que o sujeito passivo seja pessoa que deva
guardar segredo e que deve ser cometido mediante ameaça de prisão.

Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua


captura ou quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão – artigo 16:

É uma modalidade especial do delito de falsa identidade do artigo 307 do CP.

Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno,


salvo se capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em
prestar declarações – artigo 18:

Repouso noturno

É elemento normativo do tipo, que estabelece um marco temporal em que o interrogató-


rio policial não pode ser realizado. O sentido mais adequado dessa expressão é o do art. 34,
§ 1º, do Código Penal, que estabelece o período de isolamento a que fica sujeito o conde-
nado a regime fechado, naquilo que se convencionou chamar de período de silêncio, tendo
em vista caracterizar-se como lapso de descanso geral dos detentos, consuetudinariamente
compreendido entre 22h e 6h1.

Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento –


artigo 21:

Tutela a garantia do artigo 5º, inciso XLVIII, da CF e as disposições de separação por


sexo, como a do artigo 82, § 1º, da LEP, e do artigo 123 do ECA.
1
CUNHA, Rogério Sanches. Leis penais especiais: comentadas. Op. Cit.

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Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocu-


pante, imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condi-
ções, sem determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei – artigo 22:

É uma modalidade especial de violação de domicílio prevista no artigo 150 do CP. Em


caso de concurso de pessoas entre agente público e particular, incide a teoria monista, res-
pondendo o agente público por abuso de autoridade, e o particular, por violação de domicílio.

Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo,


o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabili-
dade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade
– artigo 23:

“Inovar” é modificar algo trazendo uma novidade. Contém o elemento normativo “injusti-
ficadamente”, o que significa que a inovação deve ser feita com emprego de ardil ou fraude
material para enganar.

Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição


hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração – artigo 24:

É uma modalidade especial de fraude processual, diferenciando-se porque aqui a inova-


ção artificiosa é praticada por meio de constrangimento a funcionário de instituição hospitalar.

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Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal


ou administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de
crime, de ilícito funcional ou de infração administrativa – artigo 27:

O parágrafo único do artigo 27 prevê causas excludentes de ilicitude: quando se tratar de


sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente justificada, nos termos do artigo
23, III, 1ª parte, do CP.

Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda
produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do
investigado ou acusado – artigo 28:

O crime pode ser praticado por qualquer agente público, inclusive o aposentado que
tenha mantido consigo uma cópia da gravação que obteve antes da aposentadoria. Em prin-
cípio, o destinatário da gravação não é o autor do crime, exceto se instigou ou auxiliou o
agente na divulgação2.

Prestar informação falsa sobre o procedimento judicial, policial, fiscal ou adminis-


trativo com o fim de prejudicar o interesse do investigado – artigo 29:

CUIDADO: se a finalidade do agente for beneficiar o investigado, o agente responderá


pelo delito do artigo 319 do CP, a prevaricação.

Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente – artigo 30:

Diferencia-se do crime de denunciação caluniosa do artigo 339 do CP porque este exige


que o fato imputado ao inocente seja criminoso ou contravencional. Na Lei de Abuso, basta
a instauração sem justa causa ou contra pessoa que se sabe inocente.

Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de


não fazer, sem expresso amparo legal – artigo 33:

Semelhança com o crime de concussão

Diferenciam-se os dois delitos, pelo fato de o art. 316 do Código Penal versar sobre a
exigência de vantagem indevida, enquanto que o objeto material do delito previsto no caput
do art. 33 da nova Lei de Abuso de Autoridade pode ser uma informação ou o cumprimento
de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer3.

2
CUNHA, Rogério Sanches. Leis penais especiais: comentadas. Op. Cit.
3
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Op. Cit.

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Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quan-


tia que extrapole exacerbadamente o valor estimado – artigo 36:

São duas condutas cumulativas praticáveis pelo Magistrado: “decretar em processo judi-
cial a indisponibilidade excessiva” e “deixar de corrigi-la”. Ambas devem praticadas em pro-
cesso judicial (penal ou extrapenal), expressão esta que não abrange procedimentos inves-
tigatórios, como, por exemplo, um inquérito policial, uma investigação criminal presidida pelo
Ministério Público etc4.

Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive


rede social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acu-
sação – artigo 38:

O sujeito ativo é o agente público responsável pelas investigações. Se não o for, res-
ponderá pelos crimes dos artigos 138 e 139 do CP (calúnia e difamação) ou por infração
disciplinar.
Importante: o tipo penal em comento não impede a divulgação do trabalho de investi-
gação levado a efeito pelos órgãos persecutórios, desde que não haja atribuição de culpa
a ninguém. Portanto, afigura-se perfeitamente possível que os agentes públicos divulguem
os dados necessários para que todos saibam do que se trata a investigação, quais medidas
foram adotadas naquele dia (mandados de busca, mandados de prisão, indisponibilidade
patrimonial etc.), quais elementos de informação/provas foram coletados etc., sempre evi-
tando qualquer antecipação de culpa5.

Aplicação subsidiária do CPP e da Lei n. 9.099/1995

As normas do processo penal são aplicadas aos crimes previstos na Lei de Abuso de
Autoridade.
Se o agente público for a vítima, aplica-se a regra do artigo 359 do CPP.
Aplicação subsidiária da Lei n. 9099/1995: os crimes previstos na Lei de Abuso de Auto-
ridade cuja pena não seja superior a dois anos serão considerados infração de menor potencial
ofensivo. São eles os previstos nos seguintes artigos: 12, 16, 18, 20, 27, 29, 31, 32, 33, 37 e 38.
Se os crimes previstos nessa Lei tiverem pena mínima igual ou inferior a um ano, conforme
disposto no artigo 89 da Lei n. 9.099/1995, caberá a suspensão condicional do processo. São
eles os crimes dos seguintes artigos: 9º, 10, 13, 15, 19, 21, 22, 23, 24, 25, 28, 30 e 36.

4
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Op. Cit.
5
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Op. Cit.

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LEI DE DROGAS – LEI N. 11.343/2006

Para efeitos de aplicação da Lei n. 11.343/2006, será considerada droga aquela subs-
tância que estiver descrita na Portaria SVS/MS n. 344, de 12 de maio de 1998. É possível
afirmar que essa lei é uma norma penal em branco heterogênea, pois necessita de outra
norma para ter eficácia.

Tráfico privilegiado
Tráfico de drogas

Tráfico de maquinários
Porte de drogas para uso próprio

Associação para o tráfico de


Colaboração como informante drogas

Induzimento, instigação ou auxilio Financiamento e custeio do


ao uso indevido de drogas tráfico de drogas

Condução de embarcação ou Figuras assemelhadas ao tráfico


aeronave sob efeito de drogas de drogas

DO CRIME DE PORTE DE DROGA PARA USO PRÓPRIO (ART. 28)

O dispositivo em comento revogou o art. 16 da Lei n. 6.368/1976, que era apenado com
pena de detenção de seis meses a dois anos.
Aquele que adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar está cometendo uma infração penal.
Desde a edição da Lei n. 11.343/2006, não se pune o usuário de drogas com pena priva-
tiva de liberdade, mas sim com as seguintes penas:
I – advertência;
II – prestação de serviços à comunidade;
III – comparecimento a curso educativo, as chamadas penas alternativas.
As duas últimas penalidades podem ter pena máxima de cinco meses, se o indivíduo for
primário, e, se reincidente, de até dez meses.
Tais penas prescrevem em dois anos, por expressa disposição do artigo 30 da Lei de
Drogas, não se aplicando a nova redação do artigo 109 do Código Penal.

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Se houver descumprimento das penas mencionadas, também não haverá conversão em


privativa de liberdade, mas sim, sucessivamente, admoestação verbal e multa.
O crime de porte de droga para uso próprio é delito que se caracteriza por ser misto alterna-
tivo, ou seja, o crime será único, ainda que o agente pratique mais de uma das ações indicadas.
Em relação à reprimenda aplicada ao usuário de drogas, a Lei n. 11.343/2006 é mais
benéfica e, assim, retroage em benefício do réu que foi condenado com base na revogada
Lei n. 6.368/1976.

Descriminalização do porte de drogas para uso próprio

Segundo o STF, não houve descriminalização, mas sim despenalização, ou seja, não se
aplicam penas privativas de liberdade ao usuário.
Para o STF, continua sendo crime, e não infração administrativa contra a saúde pública.

Procedimento de apuração do crime de porte de droga para uso próprio

O crime previsto no art. 28 da Lei de Drogas será apurado mediante termo circunstan-
ciado, pois é uma infração penal de menor potencial ofensivo.
Compete aos Juizados Especiais Criminais o julgamento das infrações penais de menor
potencial ofensivo.
Se não for possível o encaminhamento do usuário ao Juizado, ele assinará termo de
compromisso de comparecimento e será liberado, mesmo em caso de recusa de assinatura.
Há a possibilidade de transação penal no Juizado.
Não é aplicável o princípio da insignificância.

Internação do usuário de drogas

A Lei n. 13.840/2019 criou, no ordenamento jurídico, as figuras da internação volun-


tária e da internação involuntária do usuário e do dependente de drogas.

Cuidado, não se trata da chamada internação compulsória, que existe no Direito


Comparado, imposta pelo Juiz ao usuário ou ao dependente químico, matéria já
cobrada pelo examinador.

Você também não pode confundir a internação prevista na Lei de Drogas com
medida de segurança chamada internação hospitalar, que é uma espécie de sanção
penal e está prevista na Lei de Drogas.

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São considerados 2 (dois) tipos de internação:


1 - internação voluntária, que é aquela que se dá com o consentimento do dependente de
drogas. Tem como requisitos:
a) deverá ser precedida de declaração escrita da pessoa solicitante de que optou por
esse regime de tratamento e
b) seu término dar-se-á por determinação do médico responsável ou por solicitação
escrita da pessoa que deseja interromper o tratamento.
2 - internação involuntária é aquela que se dá sem o consentimento do dependente.
Os legitimados para realizar o pedido são os familiares ou do responsável legal ou, na
absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos
órgãos públicos integrantes do Sisnad, que constate a existência de motivos que justifi-
quem a medida.

Importante: memorize que os servidores da área de segurança pública não podem


pleitear a internação voluntária do usuário ou do dependente químico.

TRÁFICO DE DROGAS

Segundo o artigo 33 da Lei de Drogas, consiste em importar, exportar, remeter, preparar,


produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer
consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Você deve memorizar que se trata de um delito que se caracteriza por ser misto
alternativo, ou seja, a pessoa responderá por um crime, ainda que o agente pratique
mais de uma das ações.

Ainda com relação ao tráfico, mesmo ausente a intenção de lucro com a alienação do entor-
pecente, pode ocorrer a imputação penal por tráfico, que não contém tal elementar em seu tipo.
Em determinadas condutas, será possível a figura tentada, por exemplo, vender. Porém,
em algumas outras, como expor à venda, não será possível a tentativa.
No que tange ao verbo “prescrever”, tratado no artigo que acabamos de ver, afirma‑se
que se trata de um crime próprio, ou seja, apenas médico ou dentistas poderiam cometê‑lo.
O tráfico de drogas é um crime permanente. Assim, em algumas condutas referentes ao
tráfico ilícito de substância entorpecente em que o agente tem em depósito ou guarda con-
sigo entorpecente para comercialização, é possível a autuação do agente em flagrante e a
qualquer tempo, pois, nessa hipótese, a consumação do delito prolonga‑se no tempo, depen-
dendo da vontade do agente.
Por fim, o princípio da insignificância também não se aplica ao tráfico de drogas.

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Agente de polícia disfarçado

O art. 10 do Pacote Anticrime introduziu no sistema processual penal a figura do agente de po-
lícia disfarçado:
Art. 33, § 1º, IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico desti-
nado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis de
conduta criminal preexistente.

Tal meio de investigação tem o condão de afastar a incidência da Súmula 145 do STF, a
qual dispõe que é crime impossível quando há o flagrante preparado ou provocado.

Fornecer Importar

Entregar a consumo Exportar

Ministrar Remeter

Prescrever Preparar

Guardar Condutas Tipificadas Produzir

no Artigo 33, Caput


Trazer consigo Fabricar

Transportar Adquirir

Ter em depósito Vender

Oferecer Expor à venda

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FIGURAS ASSEMELHADAS AO TRÁFICO DE DROGAS

É o que prevê o artigo 33, § 1º, inciso III, da Lei de Drogas. Segundo o dispositivo, são
figuras assemelhadas ao tráfico utilizar local ou bem de qualquer natureza de que tem a pro-
priedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se uti-
lize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
Para que haja a configuração do crime em estudo, a pessoa proprietária de um imóvel
deve consentir que nele trafiquem drogas, pois, se houver o consentimento para que se con-
sumam substâncias entorpecentes nesse ambiente, restará configurado outro crime.
O local pode ser imóvel ou móvel: embarcação, veículo, aeronave. Não há necessidade
de o agente ser o dono do local utilizado para o tráfico, bastando que tenha a posse ou sim-
ples administração, guarda ou vigilância da droga (crime autônomo).

INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO USO INDEVIDO DE DROGAS

É o crime previsto no artigo 33, § 2º, da Lei de Drogas, que dispõe ser crime induzir, ins-
tigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga.

Marcha da Maconha

Os organizadores da Marcha da Maconha não respondem pelo crime de apologia pre-


visto no art. 287 do Código Penal nem no § 2º do art. 33 da Lei de Drogas, por conta do direito
à liberdade de expressão.
O Plenário do STF, à unanimidade, reconheceu a legitimidade da Marcha da Maconha,
que está amparada nos direitos constitucionais de reunião e de livre expressão do pensa-
mento. A decisão foi tomada no julgamento da ADPF n. 187, que deu interpretação conforme
a Constituição ao artigo 287 do Código Penal.

OFERECER DROGA, EVENTUALMENTE E SEM OBJETIVO DE LUCRO, A


PESSOA DE SEU RELACIONAMENTO, PARA JUNTOS A CONSUMIREM

O crime previsto no art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006 não é um delito equiparado ao
hediondo. Também não é um crime de tráfico. É uma infração de menor potencial ofensivo,
tendo em vista que a pena máxima não ultrapassa dois anos. Dessa forma, será julgado pelo
Juizado Especial Criminal.
Para se configurar o crime em estudo, devem estar presentes os seguintes requisitos:
1) o consumo da droga deve ser conjunto;
2) o consumo deve ser com pessoa de seu relacionamento;
3) a oferta da droga deve ser gratuita e eventual.

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Se a pessoa que ofereceu a droga tiver intuito de lucro, restará configurado o delito de
tráfico. Do mesmo modo, se o oferecimento se der de maneira reiterada, haverá a conduta
de tráfico de drogas.

TRÁFICO PRIVILEGIADO – ART. 33, § 4º

Você deve memorizar que tal modalidade não é crime equiparado ao hediondo.
Rege a norma em estudo:

§ 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto
a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário,
de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.

É uma novidade no ordenamento jurídico. Quando o traficante for primário, de bons ante-
cedentes, não se dedicar a atividades criminosas nem pertencer a organizações criminosas,
ele poderá receber o benefício de redução de pena previsto no art. 33, § 4º, da Lei de Drogas.
Vale ressaltar que o magistrado, ao conceder o benefício em tela, deverá se ater à quan-
tidade de drogas apreendida

TRÁFICO DE MAQUINÁRIO

Trata-se de um crime subsidiário, que será usado caso o operador do direito não consiga
fazer a adequação típica em outro dispositivo da Lei de Drogas.
Se houver a apreensão de droga, o agente responderá apenas pelo crime de tráfico.

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS – ART. 35

Pressupõe a associação de, no mínimo, duas pessoas para a prática dos crimes de trá-
fico de drogas e equiparados. É um crime de concurso necessário, de condutas paralelas,
porque os envolvidos se auxiliam na prática do delito.
Cumpre ressaltar que, havendo associação para o tráfico e o crime de tráfico de drogas,
ocorrerá concurso material das infrações, somando‑se as penas.
Assim, pode‑se afirmar que a associação para o tráfico é um delito autônomo.

FINANCIAMENTO E CUSTEIO DA TRÁFIC0 – ART. 36

Aquele que financia ou custeia a prática de qualquer dos crimes previstos nos art. 33,
caput e § 1º, e 34 desta lei praticará o delito de financiamento e custeio de drogas. A conduta
pressupõe investimentos de maneira reiterada e contumaz no tráfico de drogas.

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COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE – ART. 37

O art. 37 dispõe sobre o delito de quem colabora como informante com grupo, organiza-
ção ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos art. 33, caput
e § 1º, e 34 dessa lei.
Um exemplo típico desse artigo: figura do “fogueteiro” ou “falcão”, encontrado, geral-
mente, em comunidades, cuja atividade é avisar aos traficantes sobre a incursão da polícia
no local onde acontece o tráfico de drogas. Caso tal indivíduo venha a informar apenas um
traficante, sustentamos que responderá como partícipe no delito de tráfico.

CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE SOB EFEITO DE DROGAS – ART. 39

O art. 39 exige que o piloto da aeronave ou embarcação exponha a dano potencial a


incolumidade de outrem, pois, do contrário, se não houver a exposição, o fato será atípico.
Trata-se de crime de perigo concreto.

PRESCRIÇÃO CULPOSA DE DROGAS – ART. 38

É o único crime culposo da lei. “Prescrever” é sinônimo de “receitar”. “Ministrar” seria


“inocular” ou “injetar”. É crime próprio, pois apenas médicos e dentistas podem receitar
drogas. Já no verbo “ministrar” podem responder pelo crime em estudo: o médico, o dentista,
o farmacêutico e o profissional de enfermagem.

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CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – ART. 40

Você deve ficar atento a esse tópico, pois é um dos mais exigidos nos certa-
mes públicos.

Quando o crime tiver sido Quando a natureza, a


praticado com violência ou grave procedência da substãncia ou do
ameaça, emprego de arma de produto apreendido e as
fogo ou qualquer processo de circunstãncias do fato
intimidação difusa ou coletiva evidenciarem a
transnacionalidade do delito

Quando for caracterizado o


tráfico entre estados da Quando o agente praticar o crime
Federação ou entre estes e o prevalecendo-se de função
Distrito Federal pública ou no desempenho de
missão de educação, poder
familiar, guarda ou vigilância
Quando a sua prática envolver ou
visar a atingir criança ou
adolescente ou a quem tenha, por Quando a infração tiver sido
qualquer motivo, diminuída ou cometida nas dependências ou
suprimida a capacidade de imediações de estabelecimentos
entendimento e determinação prisionais, de ensino ou
hospitalares, de sedes estudantis,
sociais, culturais, recreativas ou
beneficientes, de locais de
Quando o agente financiar ou
trabalho coletivo. de recintos
custear a prática do crime onde se realizem espetáculos ou
diversões de qualquer natureza,
de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de
reinserção social, de unidades
militares ou policiais ou em
transporte público

Com relação ao inciso VI do artigo 40, devemos nos reportar ao art. 243 do Estatuto da
Criança e do Adolescente. Tendo em vista a especialidade da Lei de Drogas, só será aplicado
o art. 243 do ECA quando não se tratar de substâncias entorpecentes, por exemplo, venda
de cola de sapateiro, solventes em geral e bebida alcoólica.

COLABORAÇÃO VOLUNTÁRIA – ART. 41

O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o pro-


cesso criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na re­cuperação
total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de 1/3 a 2/3.

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Requisitos:

a) A colaboração deve estar relacionada a um crime de lavagem de dinheiro.


b) A colaboração deve ser espontânea, sem que tenha existido anterior sugestão de ter-
ceiro. O colaborador é quem deve procurar as autoridades públicas para que haja a formali-
zação da colaboração.
c) Eficácia da colaboração, possibilitando a identificação dos demais coautores ou partí-
cipes e a recuperação total ou parcial do produto dos crimes de tráfico.

LIBERDADE PROVISÓRIA

Em 2012, o Plenário do STF declarou inconstitucional a proibição de concessão de liber-


dade provisória para os que cometerem os chamados crimes de tráfico, prevista no artigo
44 da Lei de Drogas. O indivíduo preso em flagrante por crime de tráfico de drogas poderá
responder ao inquérito policial em liberdade provisória desde que ausentes os requisitos e
fundamentos da prisão preventiva.

LAUDO PRELIMINAR DE CONSTATAÇÃO DA DROGA

Para se lavrar o auto de prisão, é necessário o laudo preliminar de constatação da subs-


tância apreendida, que será elaborado por um perito oficial ou, na falta desse, por uma
pessoa idônea. Lembrando que o auto de prisão em flagrante é uma das peças inaugurais
do inquérito policial.
O laudo definitivo é o que resulta do exame químico‑toxicológico feito de forma cientí-
fica e minuciosa. Pela leitura do § 2º do art. 50 da Lei de Drogas, chegamos à conclusão de
que são necessários dois peritos para a elaboração do laudo definitivo de constatação de
droga. O laudo definitivo deve ser juntado aos autos antes da audiência de instrução e julga-
mento, para que as partes possam conhecer seu teor com antecedência.

DESTRUIÇÃO DA DROGA APREENDIDA

A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo
de 15 (quinze) dias na presença do Ministério Público e da autoridade sanitária. O local será
vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das drogas, sendo lavrado autocircuns-
tanciado pelo delegado de polícia, certificando-se, nesse, a destruição total delas.
A destruição de drogas apreendidas sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita
por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guar-
dando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no que couber,
o procedimento anterior.

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PRAZO DO INQUÉRITO – ART. 51

O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver


preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto. Os prazos podem ser duplicados pelo juiz,
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

INFILTRAÇÃO DE AGENTES – ART. 53

A infiltração de agentes também está prevista no inciso V do art. 2º da Lei n. 9.034/1995.


Infiltração é o trabalho de agente de polícia consistente na sua introdução em determinado
meio, sem que sua real atividade seja conhecida, para nele trabalhar ou viver, temporariamente,
como parte integrante do ambiente, com a finalidade de descobrir ou apurar alguma coisa.
Não é possível a infiltração de particulares em associações para o tráfico.
A Lei n. 12.850/2013 regula a atuação do agente infiltrado quando no seio de uma asso-
ciação criminosa ou de organização criminosa. Com a edição do Pacote Anticrime, será
admitida a ação de agentes de polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos previstos
no art. 10 da Lei 12.850/13, na internet, com o fim de investigar os crimes previstos nela pre-
vistos e a eles conexos, praticados por organizações criminosas, desde que demonstrada
sua necessidade e indicados o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou apelidos das
pessoas investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que permitam
a identificação dessas pessoas.

ENTREGA VIGIADA

A entrega vigiada pode ser definida como uma técnica de investigação pela qual a autori-
dade judicial permite que um carregamento de drogas enviado ocultamente em qualquer tipo
de transporte possa chegar ao seu destino sem ser interceptado, a fim de se poder identificar
o remetente, o destinatário e os demais participantes dessa manobra criminosa.
Entre as inovações trazidas pela lei ora estudada, destaca‑se a possibilidade de não atua-
ção policial sobre os portadores de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que se encontrem
em território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar o maior número de inte-
grantes de operações de tráfico e distribuição de drogas, sem prejuízo da ação penal cabível.

AGENTE POLICIAL DISFARÇADO

Com o advento do Pacote Anticrime, foi inserida no sistema processual penal a figura do
agente policial disfarçado, tanto na Lei de Drogas como no Estatuto do Desarmamento.
O art. 10 do Pacote Anticrime alterou o art. 33 da Lei de Drogas:

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Art. 10. O § 1º do art. 33 da Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, passa a vigorar acrescido do
seguinte inciso IV:
“Art. 33, § 1º, IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico desti-
nado à preparação de drogas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou
regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos probatórios razoáveis
de conduta criminal preexistente”.

É possível que o Delegado de Polícia, numa investigação policial, use agentes de polícia dis-
farçados de usuários ou de associados para o tráfico para a compra de drogas, matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação ou produção de substância entorpecente.
Para que não haja a incidência da Súmula 145 do STF, deve haver no inquérito policial
elemento de informação que denote a conduta criminosa preexistente do investigado.

COMPETÊNCIA

Nos termos do art. 109, V, da CF, são julgados pela Justiça Federal os crimes previstos
em Tratado ou Convenção Internacional, quando, iniciada a execução no país, o resultado
tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente.
Assim, podemos concluir que o tráfico internacional de drogas é de competência da Jus-
tiça Federal, enquanto o tráfico interestadual é julgado na esfera estadual.

CONFISCO

Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de


entorpecentes e drogas afins será confiscado e reverterá em benefício de instituições e pessoal
especializados no tratamento e recuperação de viciados e no aparelhamento e custeio de ativi-
dades de fiscalização, controle, prevenção e repressão do crime de tráfico dessas substâncias.

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LEI DAS EXECUÇÕES PENAIS – LEI N. 7.210/1984

Vamos estudar a Lei n. 7.210/1984 com todas as alterações recentes, incluindo o Pacote
Anticrime, que reformulou toda a sistemática de progressão de regimes, trouxe novas regras
para o regime disciplinar diferenciado (RDD), inseriu como falta grave a recusa a submeter-
-se à identificação do perfil genético, entre outras alterações importantes. Por isso, esta aula
é IMPORTANTÍSSIMA!

Objetivos e natureza jurídica da execução penal

Pelo art. 1º da Lei de Execução Penal (LEP), a execução penal tem por objetivo efetivar
as disposições da sentença ou decisão judicial criminal e proporcionar condições para a har-
mônica integração social do condenado e do internado.
Em concursos públicos, é recorrente a cobrança sobre a natureza jurídica da execução
penal. Na doutrina, há consenso no sentido de que a execução penal tem natureza predo-
minantemente jurisdicional, na medida em que seu objetivo precípuo é efetivar as disposi-
ções de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração
social do condenado ou do internado.

Princípios aplicáveis à execução penal

Personalidade ou
intranscendência da pena
Legalidade ou anterioridade

lndl11idualização da pena

Ressocialização ou reintegração
do condenado Humanízaçlio da pena - dever de
Indenizar do Estado

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Competência para a execução penal

As leis de organização judiciária de cada estado determinam como será distribuída a


competência para processar a execução penal, sendo que, onde não houver vara especiali-
zada, a competência será exercida pelo Juiz da sentença (art. 65 da LEP). A Justiça Federal
só tem competência para realizar a execução penal no âmbito dos estabelecimentos
prisionais federais (Súmula 192-STJ).

Procedimento judicial

As atividades de execução penal de natureza jurisdicional devem seguir o procedimento


judicial dos art. 194 a 197 da Lei de Execução Penal, desenvolvendo-se perante o juízo da
execução penal.
A iniciativa pode se dar de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do interes-
sado, de quem o represente, de seu cônjuge, parente ou descendente, mediante proposta do
Conselho Penitenciário, ou, ainda, da autoridade administrativa (art. 195).
Recurso cabível: é o agravo em execução, que não tem efeito suspensivo por expressa
disposição legal (art. 197). Mas você deve ficar atento, pois há jurisprudência consolidada
que aplica o efeito suspensivo no caso de decisão que determina a desinternação ou libera-
ção de quem cumpre medida de segurança.

Exame criminológico

É espécie de perícia, necessária e obrigatória quando se tratar de regime inicial fechado.


É destinada à obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação, com
vistas à individualização da execução (art. 8º da LEP). Busca traçar um perfil psicológico do
preso, averiguando as características de sua personalidade. Em especial, busca-se aferir o
grau de periculosidade do agente. O exame criminológico é obrigatório para a definição do
regime inicial de cumprimento de pena fechado.

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Identificação do perfil genético

O art. 9º-A da Lei de Execução Penal foi incluído em 2012 para disciplinar o procedi-
mento de identificação do perfil genético de presos condenados por crime hediondo ou por
qualquer crime doloso com violência ou grave ameaça, para fins de inclusão em banco de
dados sigiloso.
Atenção! Cabe ressaltar que o Pacote Anticrime trouxe novas disposições à LEP no que
se refere à identificação criminal, entre as quais ressaltamos que constitui falta grave a
recusa do condenado em submeter-se ao procedimento de identificação do perfil genético,
nos termos do § 8º do art. 9º-A.
Também estabeleceu expressamente o direito da defesa e do próprio titular do dado de
perfil genético, o acesso às informações pessoais constantes do banco de dados, bem
como a todos os documentos da cadeia de custódia que produziram seus dados de perfil
genético (art. 9º-A, § 3º, da LEP).
Por fim, outra inovação importante trazida pelo Pacote Anticrime: o prazo-limite para a
manutenção dos dados de perfil genético de uma pessoa no banco de dados é de 20 (vinte)
anos, decorridos a partir do término do cumprimento da pena (art. 7º-A da Lei n. 12.037/2009).
A exclusão do banco de dados depende de requerimento de interessado.

Assistência

A LEP traz regras específicas para a assistência ao egresso, que consiste:

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Trabalho

As regras sobre o trabalho da pessoa presa são recorrentes em concursos públicos!

Você deve memorizar, em primeiro lugar, que o trabalho é considerado pela LEP como
dever social e condição de dignidade humana (art. 28 da LEP). Tendo em vista que o trabalho
é uma das formas de remição da pena, muitos presos reivindicam esse direito, e os estabe-
lecimentos prisionais têm muita dificuldade em atender a essa demanda.

Trabalho interno

Quem pode trabalhar? De acordo com o art. 31 da LEP, o trabalho é obrigatório ao


condenado à pena privativa de liberdade e facultativo aos presos provisórios. Quanto
a estes, só podem executar trabalho interno (art. 31, parágrafo único), não podem fazer
trabalho externo.

A jornada de trabalho não será inferior a seis nem superior a oito horas, com descanso
aos domingos e feriados (LEP, art. 33). Pode haver horário especial no caso de atividades de
manutenção do próprio estabelecimento prisional.
Fundação ou empresa pública poderá gerenciar o trabalho, tendo por objetivo a forma-
ção profissional do condenado. A entidade gerenciadora deve promover e supervisionar o
trabalho dos presos, bem como comercializar os produtos e providenciar o pagamento da
remuneração por esse trabalho.

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Trabalho externo

No caso de presos em regime fechado, o trabalho externo deve ser realizado em serviço
ou obras públicas, por órgãos da Administração direta ou indireta, ou entidades privadas,
desde que tomadas as cautelas contra a fuga (art. 36 da LEP).
Pegadinhas da banca! Os seguintes detalhes sobre o trabalho externo costumam ser
cobrados em provas:

• Será admissível apenas em serviços e obras públicas para os presos em regime fechado;
• A prestação de trabalho a entidade privada depende de consentimento expresso do preso;
• É autorizado pelo diretor do estabelecimento prisional;
• Requisitos: aptidão, disciplina e responsabilidade (subjetivos) e o cumprimento de 1/6
da pena (objetivo).
• Revogação: em caso de prática de fato definido como crime ou de falta grave ou se o
comportamento do preso for contrário aos requisitos subjetivos.

Súmula 40-STJ. Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho


externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado.

Deveres e direitos

A Lei de Execução Penal trata dos deveres e direitos dos presos:

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Disciplina

Respire fundo, porque estamos adentrando um dos assuntos mais importantes da aula,
ao lado da progressão de regime.
A função disciplinar no âmbito dos estabelecimentos deve ser exercida com observância
das seguintes normas proibitivas:

Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou re-
gulamentar.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado.
§ 2º É vedado o emprego de cela escura.
§ 3º São vedadas as sanções coletivas.

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Atenção! O condenado ou o preso provisório devem ser cientificados das normas dis-
ciplinares (art. 46 da LEP). Isso porque, como vimos, eles têm deveres a serem cumpridos,
bem como direitos a serem preservados. E a lei dá instrumentos para que eles possam exer-
cê-los diretamente, a exemplo do direito de representação e petição a qualquer autoridade
(art. 41, XIV, da LEP). Assim como devem manter conduta oposta aos movimentos de fuga
ou subversão à ordem. Depois, não poderão alegar que não sabiam de seus deveres.

Pegadinha da banca! As faltas disciplinares devem ser punidas tanto na forma ten-
tada quanto na consumada com a mesma sanção. É o que dispõe o art. 49, parágrafo
único. É uma pegadinha que pode aparecer em prova.

Para concluir a introdução, vale ressaltar que a disciplina interna dos estabelecimentos
prisionais também comporta recompensas por bom comportamento carcerário. São espé-
cies de recompensas: o elogio e a concessão de regalias (art. 56, I e II, da LEP). A legislação
estadual e os respectivos regulamentos da administração penitenciária deverão disciplinar a
forma de concessão das regalias (art. 56, parágrafo único).

Falta grave

As hipóteses de falta grave vêm descritas no art. 50, I a VIII (falta grave no cumprimento
de pena privativa de liberdade), e no art. 51, I a III, da LEP (falta grave no cumprimento de
pena restritiva de direitos). Há ainda falta grave descrita no art. 52 da LEP, que se refere à
prática de crime doloso. Por ora, gostaria de chamar a sua atenção para dois aspectos.
O primeiro é que o rol do art. 50 da LEP é considerado taxativo pela jurisprudência. As
hipóteses podem ser classificadas como tipos penais abertos.
O segundo aspecto é que o Pacote Anticrime inseriu o inciso VIII ao art. 50, que define
como falta grave a recusa em submeter-se ao procedimento de identificação criminal
de perfil genético, para inclusão em banco de dados sigiloso, conforme já estudamos em
tópico apropriado, em que levantamos a existência de debate em curso quanto à constitucio-
nalidade do procedimento.
As normas do artigo 50 da LEP também se aplicam ao preso provisório.
Você deve memorizar ainda as hipóteses de falta grave específicas aos que tiveram a
pena privativa de liberdade substituída ou convertida em pena restritiva de direitos:

Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
I – descumprir, injustificadamente, a restrição imposta;
II – retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta;
III – inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

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Consequências da falta grave e espécies de execução penal

A principal consequência da prática de fato que caracteriza falta disciplinar, qualquer que
seja a sua gravidade, é a aplicação das sanções disciplinares. Além da aplicação de san-
ções, a prática da falta grave terá consequências distintas a depender da espécie de pena
que o agente está cumprindo, ou se está cumprindo a pena no exercício de algum dos bene-
fícios de execução penal, a exemplo do livramento condicional ou do sursis.
Assim sendo, se o condenado praticar falta grave no curso do cumprimento da pena
restritiva de direitos, esta será hipótese de conversão da pena restritiva de direitos em pri-
vativa de liberdade, nos termos do art. 189, § 1º, “d”, da LEP.
No caso de cumprimento da pena privativa de liberdade, a prática da falta grave acar-
reta como consequências: a regressão de regime, a interrupção da contagem de tempo para
a obtenção de alguns benefícios, a exemplo da progressão de regime, bem como a perda de
até 1/3 (um terço) dos dias remidos.

O Pacote Anticrime legislou o entendimento já consolidado na jurisprudência sobre a


interrupção do prazo para a obtenção de progressão no regime de cumprimento da pena
em razão do cometimento de falta grave. Nesse caso, o reinício da contagem do requisito
objetivo terá como base a pena remanescente, conforme disposto no § 6º do art. 112 da LEP.

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Reabilitação da falta grave: faltas graves cometidas em período longínquo e já reabili-


tadas não configuram fundamento idôneo para indeferir o pedido de progressão de regime,
para que os princípios da razoabilidade e da ressocialização da pena e o direito ao esqueci-
mento sejam respeitados. É jurisprudência consolidada do STJ.
No que se refere a outros benefícios, a prática de falta grave poderá implicar a sua
revogação, a depender de previsão expressa para tanto. É o caso, por exemplo, da saída
temporária (LEP, art. 125). No caso do livramento condicional (CP, art. 86, I, combinado com
art. 52 da LEP), há previsão de revogação obrigatória pela prática de crime no curso do perí-
odo de prova, o que pode configurar a falta grave do art. 52 da LEP (prática de crime doloso
é falta grave). Além disso, o não cometimento de falta grave nos últimos doze meses é requi-
sito para obtenção do livramento (CP, art. 83, III, “b”). Há outras causas de revogação desses
benefícios que veremos em tópico apropriado.

Sanções disciplinares

O art. 53 da LEP estabelece quais são as espécies de sanção disciplinar cabíveis, o que
deve ser observado pelas legislações locais naquilo que lhes competir:

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Atenção! O prazo-limite para as sanções de suspensão ou restrição de direitos e isola-


mento do preso é de 30 (trinta) dias, ressalvada a hipótese de regime disciplinar diferenciado
(art. 58). Com o Pacote Anticrime, a duração do regime disciplinar diferenciado pode chegar até
a dois anos, nas hipóteses de RDD com fundamento no art. 52, caput (prática de falta grave
consistente em crime doloso), ou pode ser prorrogado sucessivamente a cada período de um
ano, quando o RDD tiver fundamento no art. 52, §§ 1º, 3º e 4º (hipóteses referentes a presos
provisórios de elevada periculosidade). Veremos as características do RDD em tópico a seguir.

Procedimento para aplicação das sanções

O diretor do estabelecimento deverá instaurar procedimento disciplinar para apurar a prá-


tica da falta e assegurar o direito de defesa (art. 59) e decidir por ato motivado (art. 54, caput).
A inclusão de preso em regime disciplinar diferenciado dependerá requerimento circuns-
tanciado do diretor do estabelecimento dirigido ao juiz da execução, que, após oitiva do
Ministério Público, decidirá fundamentadamente em 15 dias (nos termos do art. 54, §§ 1º e
2º). O procedimento também deverá oportunizar o direito de defesa (art. 59).
Ainda sobre o direito ao contraditório e ampla defesa em procedimento disciplinar para
apuração de falta, é imprescindível a presença de advogado, conforme jurisprudência sumu-
lada do STJ:

Súmula 533-STJ. Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução pe-
nal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento
prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor
público nomeado.

Atenção! A autoridade administrativa (diretor do estabelecimento) poderá decretar o iso-


lamento preventivo do faltoso pelo prazo de até 10 (dez) dias (art. 60)
Atenção! Será possível também a inclusão do preso no regime disciplinar diferen-
ciado como medida cautelar, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, o que
dependerá de despacho do Juiz da execução (art. 60).
Atenção! Com relação à falta grave que caracteriza crime doloso, é muito importante que
você se inteire da jurisprudência uniformizada no sentido de que a sua apuração independe
do trânsito em julgado da sentença penal condenatória pelo respectivo crime doloso.

Súmula 526-STJ. O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido


como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.

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Porém, nesses casos, a decisão que reconhece a prática de falta grave disciplinar deverá
ser desconstituída diante das hipóteses de arquivamento de inquérito policial ou de poste-
rior absolvição na esfera penal, por inexistência do fato ou negativa de autoria, tendo em vista
a atipicidade da conduta (HC n. 524.396/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, 5ª T., j.
em 15/10/2019, DJe 22/10/2019).

Regime disciplinar diferenciado (RDD)

Apesar das polêmicas levantadas por parte da doutrina, prevalece na jurisprudência dos
Tribunais Superiores a constitucionalidade da medida com fundamento no princípio da pro-
porcionalidade, analisado contra o condenado e em prol do interesse público, haja vista que a
prática de crime doloso durante a execução penal é conduta grave e que viola o cumprimento
dos deveres do preso, devendo ser submetida à disciplina interna do estabelecimento prisional,
sem prejuízo da apuração do fato em processo penal. A efetividade foi outro aspecto ressaltado
pelos Tribunais como fator de promoção da segurança no interior dos estabelecimentos penais.
Você deve ainda se lembrar de que a inclusão em RDD do condenado comprovadamente fal-
toso é medida de caráter disciplinar, e não dispensa o processo penal para apurar a infração penal
correspondente. Isso porque a responsabilidade penal e a administrativa são independentes.
As regras do RDD foram inteiramente reformuladas com o Pacote Anticrime. O prazo
máximo de permanência no RDD aumentou para dois anos (no caso de RDD fundado na
prática de fato tipificado como crime doloso), as regras de visita ficaram ainda mais restritas,
assim como aumentou a vigilância sobre o banho de sol. Ainda, foram incluídas novas hipó-
teses de inclusão em RDD para o preso provisório. Então, preste bastante atenção, porque
quase tudo é novidade em matéria de RDD.
Cabimento: conforme art. 52, caput, cabe RDD quando for constatada:

• Prática de fato previsto como crime doloso:


– por presos condenados ou provisórios, nacionais ou estrangeiros;
– quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas.

Ou seja, pelo art. 52, caput, a prática de crime doloso configura falta grave. Porém, se
ocasionar a subversão da ordem ou disciplina internas, o que dependerá de um juízo de valor
da autoridade competente, a sanção disciplinar para essa falta grave será a inclusão em RDD.
Há ainda as hipóteses de cabimento descritas no art. 52, § 1º, que são específicas para
o preso provisório:

• presos provisórios, nacionais ou estrangeiros;


• que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou
da sociedade (inciso I); ou

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• sob os quais recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer


título, em organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, indepen-
dentemente da prática de falta grave (inciso II).

Atenção! O preso provisório poderá ser incluído em RDD independentemente da prática


de falta grave (art. 52, § 1º, I e II).

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Atenção! Havendo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa,


associação criminosa ou milícia privada ou que tenha atuação criminosa em 2 ou mais esta-
dos da Federação, o RDD será obrigatoriamente cumprido em estabelecimento penal
federal (art. 52, § 3º). Nessa hipótese, o regime disciplinar diferenciado deverá contar com
alta segurança interna e externa, principalmente no que diz respeito à necessidade de se
evitar contato do preso com membros de sua organização criminosa, associação criminosa
ou milícia privada, ou de grupos rivais (art. 52, § 5º).

Órgãos da Execução

Juízo da Execução: é indicado pela lei de organização judiciária do estado. A lei fala “lei local”,
mas não confunda com o “interesse local” da CF para se referir à competência dos Municípios.
A própria CF atribui aos estados a competência para legislar sobre organização judiciária. Então,
quando a LEP fala em “lei local”, está se referindo à lei de organização judiciária dos estados.

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Compete ao Juiz da Execução:

I – aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o
condenado;
II – declarar extinta a punibilidade;
III – decidir sobre:
a) soma ou unificação de penas;
b) progressão ou regressão nos regimes;
c) detração e remição da pena;
d) suspensão condicional da pena;
e) livramento condicional;
f) incidentes da execução.
IV – autorizar saídas temporárias;
V – determinar:
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitos e fiscalizar sua execução;
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade;
c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos;
d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por
medida de segurança;
e) a revogação da medida de segurança;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca;
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
VI – zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII – inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providên-
cias para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de
responsabilidade;
VIII – interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcio-
nando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX – compor e instalar o Conselho da Comunidade.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.

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Ministério Público: deve fiscalizar o cumprimento da pena e da medida de segurança,


oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução. Em especial, compete ao MP:

I – fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento;


II – requerer:
a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo;
b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução;
c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por
medida de segurança;
d) a revogação da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da
suspensão condicional da pena e do livramento condicional;
f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior.
III – interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante
a execução.

Obs.: O órgão do Ministério Público visitará mensalmente os estabelecimentos penais,


registrando a sua presença em livro próprio.

Conselho Penitenciário: é órgão consultivo e fiscalizador da execução penal. É integrado


por membros nomeados pelo governador do estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre
professores e profissionais da área de Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências
correlatas, bem como por representantes da comunidade. O mandato é de quatro anos.

Incumbe ao Conselho Penitenciário:

I – emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de


pedido de indulto com base no estado de saúde do preso;
II – inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
III – apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao Conselho Nacional de Polí-
tica Criminal e Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
IV – supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos egressos.

Departamento Penitenciário Nacional: o Depen é órgão público executor da política


penitenciária nacional e de apoio administrativo ao Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária.

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São atribuições do Departamento Penitenciário Nacional:

I – acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o Território Nacional;
II – inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais;
III – assistir tecnicamente as Unidades Federativas na implementação dos princípios e re-
gras estabelecidos nesta Lei;
IV – colaborar com as Unidades Federativas mediante convênios, na implantação de esta-
belecimentos e serviços penais;
V – colaborar com as Unidades Federativas para a realização de cursos de formação de pes-
soal penitenciário e de ensino profissionalizante do condenado e do internado.
VI – estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das
vagas existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privati-
vas de liberdade aplicadas pela justiça de outra unidade federativa, em especial para presos
sujeitos a regime disciplinar.
VII – acompanhar a execução da pena das mulheres beneficiadas pela progressão especial
de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integração social e a ocorrência
de reincidência, específica ou não, mediante a realização de avaliações periódicas e de es-
tatísticas criminais.
§ 1º Incumbem também ao Departamento a coordenação e supervisão dos estabelecimen-
tos penais e de internamento federais.
§ 2º Os resultados obtidos por meio do monitoramento e das avaliações periódicas previs-
tas no inciso VII do caput deste artigo serão utilizados para, em função da efetividade da
progressão especial para a ressocialização das mulheres de que trata o § 3º do art. 112 des-
ta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime fechado de cumprimento de pena para
essas mulheres nos casos de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça.

Tenha especial atenção ao disposto sobre a progressão especial para mulheres porque
foram alterações legislativas introduzidas em 2018.
Departamento Penitenciário Local: pode ser criado no âmbito de cada Estado-membro.

Execução das Penas Privativas de Liberdade

Regime inicial de cumprimento de pena

O regime inicial de cumprimento de pena deverá sempre ser definido de acordo com a quan-
tidade de pena estabelecida na sentença, seguindo o princípio da individualização da pena.

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Progressão de regime

De acordo com o art. 33, § 2º, do Código Penal combinado com o art. 112, caput, da LEP,
o cumprimento da pena deve se dar de forma progressiva, ou seja, do regime mais gravoso
para o menos gravoso. Além disso, ao longo de todo o cumprimento da pena, as medidas
para manter a ordem e a disciplina devem ser conjugadas com outras que permitam a rein-
tegração do preso ao convívio social, objetivando a retomada dos seus laços sociais e,
preferencialmente, com mais condições de obter emprego.
Requisitos para a progressão de regime: são classificados pela doutrina em requisitos
subjetivos (bom comportamento) e objetivos (regras referentes ao tempo de cumprimento de
pena exigido).
Requisitos subjetivos: de acordo com o art. 112, § 1º, o apenado só terá direito à pro-
gressão de regime se ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabe-
lecimento. O Pacote Anticrime inseriu como ressalva a essa regra o respeito às normas que
vedam a progressão. Ocorre que a jurisprudência tem se firmado nos últimos anos de modo a
compreender a progressão de regimes como um direito, não permitindo vedação em abstrato
à progressão. Inclusive o art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/1990 já foi declarado inconstitucional
por duas vezes, tanto em sua redação original (por vedar a progressão em absoluto) quanto
na atualmente vigente (por impor o regime inicial fechado em abstrato), conforme revisamos
no tópico anterior. Vamos ficar atentos a como a jurisprudência vai interpretar a nova redação
do art. 112, § 1º, da LEP após o Pacote Anticrime.
Requisitos objetivos: são as regras dos incisos I a VIII do caput do art. 112, que esta-
belece como critério o tempo de cumprimento de pena em função da natureza da infração
cometida, como detalharemos a seguir. Você vai ter de memorizar o quadro do art. 112 e
tê-lo “na ponta da língua”, porque ele fatalmente será cobrado em prova. O Pacote Anticrime
reformulou toda a sistemática. Antes era por fração de cumprimento de pena, agora é por
percentual. Quanto à natureza da infração, os critérios eram mais simples, agora a regra
ficou mais complexa. Apesar disso, não se fixe na ideia de que isso veio para dificultar o seu
estudo. Reflita sobre o sentido dessa reformulação. De um lado, essa regra buscou refinar
os critérios para atender à proporcionalidade que se espera das leis penais; de outro, tem
seguido uma tendência de imprimir maior rigor na repressão aos crimes graves, tais como
crimes hediondos e organização criminosa, o que enseja severas críticas criminológicas, no
sentido de que não contribui para a prevenção ao crime. Essas críticas devem ser estuda-
das na matéria de Criminologia. Aqui só estamos pontuando que as mudanças legislativas
operadas pelo Pacote Anticrime ocorrem dentro de um contexto, para que você compreenda
melhor as motivações do legislador e isso facilite a sua memorização. Agora, vamos compre-
ender os critérios da Lei de Execução Penal.

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Quanto à natureza da infração, a LEP adota as seguintes categorias, que variam con-
forme a gravidade do crime:

• crimes sem violência ou grave ameaça;


• crimes com violência ou grave ameaça;
• crime hediondo ou equiparado sem resultado morte;
• crime hediondo ou equiparado com resultado morte;
• crime de organização criminosa para a prática de crime classificado como hediondo;
• crime de constituição de milícia privada.

Quanto à pessoa do condenado, a LEP adota como categorias: apenado primário e ape-
nado reincidente. Ou seja, será exigido tempo maior de cumprimento de pena do reincidente.
Os requisitos objetivos de progressão resultam da combinação desses critérios, de modo
que o tempo de cumprimento de pena como exigência para a progressão de regime aumen-
tará conforme aumenta a gravidade da infração penal praticada, diferenciando-se ainda para
o condenado primário e o reincidente.
Agora vamos colocar os números. Não há uma razão constante para o aumento do
tempo exigido em cada categoria, mas não está difícil de decorar. O legislador partiu de 16%
e chegou até 70% (16%, 20%, 25%, 30%, 40%, 50%, 60%, 70%).
Atenção! O Pacote Anticrime inseriu dispositivo específico no art. 112, § 5º, da LEP para
estabelecer que o crime de tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006) não é
considerado hediondo para os fins da regra de progressão.
Por fim, observe que, junto com essas regras de progressão de regime, o legislador
inseriu hipóteses de vedação do livramento condicional quando a condenação for por crime
hediondo com resultado morte. Sendo assim:

→ É vedado o livramento condicional se a condenação for por crime hediondo com resultado mor-
te, seja o réu primário ou reincidente.

Progressão especial para mulheres

No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência, os critérios de progressão de regime poderão ser menos rigorosos (1/8 de
cumprimento de pena), se cumpridos os seguintes requisitos cumulativos, conforme art. 112,
§ 3º, da LEP:

I – não ter cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;


II – não ter cometido o crime contra seu filho ou dependente;
III – ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior;
IV – ser primária e ter bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do esta-
belecimento;
V – não ter integrado organização criminosa.

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Esse benefício será revogado se praticado novo crime doloso ou falta grave (art. 112, §
4º, da LEP).

Regime semiaberto

Cumpridos os requisitos para progressão de regime por pessoa em regime fechado,


deve então ser transferida para o regime semiaberto, já que não se admite a progressão per
saltum. O condenado pode ainda ingressar nesse regime por regressão, ou seja, caso des-
cumpra normas do regime aberto. Nesses casos de regressão, também é possível a regres-
são per saltum, ou seja, direto para o regime mais rigoroso, a depender da gravidade da falta
disciplinar.

Regime aberto

Os requisitos para ingressar em regime aberto são os estabelecidos pelo art. 114 da LEP.
Assim, somente poderá ingressar no regime aberto o condenado que:

I – estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente;


II – apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido,
fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade,
ao novo regime.

O Juiz poderá estabelecer condições adicionais para a transferência de condenado a


regime semiaberto, conforme rol do art. 115 da LEP.
A legislação local também pode estabelecer regras especiais para o cumprimento da
pena em regime aberto, conforme autorizado pelo art. 119 da LEP.

Prisão domiciliar

Em caráter excepcional, será possível a prisão domiciliar do condenado beneficiário de


regime aberto que estejam nas condições do art. 117 da LEP, quais sejam:

I – condenado maior de 70 (setenta) anos;


II – condenado acometido de doença grave;
III – condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV – condenada gestante.

Regressão de regime

É a transferência de condenado de regime menos gravoso para o mais rigoroso quando


se verificarem certos eventos incompatíveis com a permanência do condenado no regime
semiaberto ou aberto, conforme art. 118 da LEP.

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Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a trans-
ferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
I – praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;
II – sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução,
torne incabível o regime (artigo 111).
§ 1º O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos incisos
anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa cumulativamente imposta.
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado.

Autorização de saída: permissão de saída e saída temporária

Atenção! Novidade do Pacote Anticrime: não terá direito à saída temporária a que se
refere o caput do art. 122 o condenado que cumpre pena por praticar crime hediondo com
resultado morte (LEP, art. 122, § 2º)

Remição de pena

De acordo com o art. 126 da LEP, tem direito à remição de pena o condenado que cumpre
a pena em regime fechado ou semiaberto por motivo de trabalho ou estudo, em proporção
definida no § 1º.

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Cabimento: apesar de o caput dar a entender que a remição só é possível aos presos
que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto, o § 6º traz disposição que nos permite
inferir que o preso em regime aberto pode remir a pena pelo estudo.

STJ, Súmula 341. A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo
de execução de pena sob regime fechado ou semiaberto.

Ainda no que se refere aos beneficiários da remição da pena, o art. 126, § 7º, estabelece
que a remição se aplica nas hipóteses de prisão cautelar. Ou seja, os presos provisórios, se
trabalham ou estudam, podem futuramente, em caso de condenação, solicitar a remição,
assim como têm direito à detração (art. 42 do CP e art. 111 da LEP).

Livramento condicional

Cabimento: as hipóteses de cabimento estão no art. 83, caput, do Código Penal. O Juiz
poderá conceder livramento a condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a
dois anos (se for inferior a dois anos, poderá haver suspensão condicional da pena).
É importante você lembrar a hipótese de vedação do livramento introduzida com o Pacote
Anticrime, ao tratar da sistemática de progressão de regime: ficou vedada a concessão de
livramento nos casos de crime hediondo com resultado morte (art. 112, VI, “a”, e VIII).
Requisitos: você deve estudar os requisitos na matéria de Direito Penal – Parte Geral,
mas vamos aproveitar a oportunidade para revisar, inclusive porque as regras do livramento
sofreram mudanças com o Pacote Anticrime.

Art. 83. O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 anos, desde que:
I – cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
II – cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III – comprovado:
a) bom comportamento durante a execução da pena;
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses;
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; (alíneas incluídas pela
Lei n. 13.964, de 2019)
IV – tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V – cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terroris-
mo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. (Incluído pela Lei n.
13.344, de 2016)
Parágrafo único. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ame-
aça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir (destaques nossos).

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Condições: devem ser especificadas pelo Juiz no ato de concessão do livramento. O art.
132 determina as condições obrigatórias que o Juiz deve impor ao condenado. O descumpri-
mento das condições é uma das causas de revogação do benefício, como veremos adiante.

§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:


a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização deste.
§ 2º Poderão ainda ser impostas ao liberado condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
a) não mudar de residência sem comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação
cautelar e de proteção;
b) recolher-se à habitação em hora fixada;
c) não frequentar determinados lugares.
d) (VETADO)

Monitoração eletrônica

A monitoração eletrônica foi a solução tecnológica adotada para fiscalização de pessoas


presas que obtêm o direito à prisão domiciliar ou a saídas temporárias. Depende do binômio
necessidade-adequação e do cabimento de acordo com requisitos objetivos.
Cabimento: de acordo com o art. 146-B da LEP, o Juiz poderá definir a fiscalização por
meio da monitoração eletrônica quando autorizar a saída temporária no regime semiaberto
ou quando determinar a prisão domiciliar.
Requisitos: a medida depende de necessidade e adequação comprovadas no caso con-
creto. Presentes as hipóteses de cabimento, a imposição do monitoramento eletrônico não
é automática. A medida se justificará frente às circunstâncias do caso concreto. Ademais, a
presença desses requisitos deve ser constantemente reavaliada.
Condições: o condenado deve adotar os cuidados com o equipamento eletrônico espe-
cificado no art. 146-C, bem como terá o dever de receber visita do servidor responsável pela
monitoração, cumprindo suas orientações, e de abster-se de remover, violar, modificar, dani-
ficar de qualquer forma o dispositivo de monitoração ou permitir que outrem o faça.
Revogação: poderá ocorrer em duas hipóteses, conforme art. 146-D:
I – quando se tornar desnecessária ou inadequada;
II – se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante a sua
vigência ou cometer falta grave.
Em caso de violação dos deveres da monitoração eletrônica, haverá as consequências
do art. 146-C, parágrafo único, quais sejam: regressão de regime, revogação da saída tem-
porária; revogação da prisão domiciliar; advertência, por escrito, se o Juiz da execução deci-
dir não revogar a medida.

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Execução das Penas Restritivas de Direitos

Como você já sabe do seu estudo de Direito Penal – Parte Geral, as penas restritivas de
direito (PRD) são aplicadas em substituição à pena privativa de liberdade quando:

As espécies são aquelas do art. 43: prestação pecuniária; perda de bens e valores; pres-
tação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; interdição temporária de direitos e
limitação de fim de semana.

Suspensão condicional da pena

É a suspensão da execução da pena privativa de liberdade pelo período de dois a quatro


anos, cumpridas as condições estabelecidas pelo Juiz, na sentença.
Cabimento: pena privativa de liberdade não superior a dois anos, conforme art. 77, caput,
do Código Penal.
Há ainda o sursis etário, do art. 77, § 2º: a execução da pena privativa de liberdade, não
superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão.
Requisitos: são aqueles estabelecidos no art. 77 do Código Penal.
Condições: são as previstas nos art. 78 e 79 do Código Penal.

Revogação facultativa

§ 1º A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer outra condição im-
posta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por contravenção, a pena privativa
de liberdade ou restritiva de direitos.

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Prorrogação do período de prova

§ 2º Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção, considera-se pror-
rogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
§ 3º Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la, prorrogar o período de
prova até o máximo, se este não foi o fixado.

Extinção da pena: cumpridas as condições do sursis, será extinta a pena privativa de


liberdade.

Execução da pena de multa

A execução da pena de multa deve ser requerida pelo Ministério Público ao juízo da exe-
cução, após o trânsito em julgado da sentença. O condenado será citado para pagar a multa
em dez dias ou nomear bens à penhora (art. 164 da LEP).
O Pacote Anticrime deu nova redação ao art. 51 do Código Penal, esclarecendo que a
execução deve ocorrer perante o juízo da execução penal.

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz
da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida
ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da
prescrição (destaques nossos).

A nova redação do art. 51 do Código Penal não trata de hipótese de inércia do Ministério Público
e o Pacote Anticrime não alterou a Lei de Execução Penal para prever tal hipótese, mas vale res-
saltar que a tese fixada em jurisprudência do STF teve seus efeitos modulados temporalmente em
sede de embargos de declaração dentro do julgamento da referida ADI, no seguinte sentido:

Execução do Acordo de não Persecução Penal

Como você já sabe, o Pacote Anticrime disciplinou o acordo de não persecução penal,
que até então era objeto tão somente de ato normativo do Conselho Nacional do Ministério
Público. Então, você já sabe que o Pacote Anticrime alterou o Código Penal para estabelecer
que o acordo de não persecução penal é causa suspensiva do prazo prescricional (CP, art.
116, IV), ou seja, enquanto perdura o período de prova, não corre a prescrição. Além disso,
inseriu o art. 28-A no Código de Processo Penal para disciplinar as hipóteses de cabimento,
o procedimento, as consequências do descumprimento etc.
No estudo da execução, o importante para nós está no art. 28-A, § 6º, do CPP, que atribui
ao juízo da execução a competência para a execução do acordo de não persecução penal,
nos seguintes termos:

Art. 28-A, § 6º. Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os
autos ao Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo da execução penal.

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Como você pode ver, o juízo que homologa o acordo não é o mesmo que será compe-
tente para determinar o início de sua execução e seus desdobramentos. O CPP, no § 13 do
art. 28-A, estabelece ainda que, cumprido integralmente o acordo, o juízo competente decre-
tará a extinção de punibilidade. Embora a lei não tenha sido expressa, podemos inferir que o
juízo competente para declarar a extinção da punibilidade será o juízo da execução, que tem
competência para essa finalidade nos termos do art. 66, II da LEP.

Execução das Medidas de Segurança

STJ, Súmula 527. O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite
máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

A Lei de Execução Penal disciplina os procedimentos para recolhimento do internado em


hospital de custódia e tratamento, trazendo os requisitos da guia de internamento ou de tra-
tamento, sem o qual não será efetuada a internação, nos termos do art. 173.
A LEP trata ainda do exame de averiguação da cessação de periculosidade (art. 175),
que deverá seguir o seguinte procedimento:

I – a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes de expirar o prazo de duração mínima da
medida, remeterá ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre a revogação ou per-
manência da medida;
II – o relatório será instruído com o laudo psiquiátrico;
III – juntado aos autos o relatório ou realizadas as diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o
Ministério Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias para cada um;
IV – o Juiz nomeará curador ou defensor para o agente que não o tiver;
V – o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, poderá determinar novas diligên-
cias, ainda que expirado o prazo de duração mínima da medida de segurança;
VI – ouvidas as partes ou realizadas as diligências a que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá
a sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias.

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LEI DAS INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS – LEI N. 9.296/1996

A Lei de Interceptações Telefônicas, Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996, regulamenta a


parte final do art. 5º, XII, da CF, o qual dispõe que “é inviolável o sigilo da correspondência e
das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investi-
gação criminal ou instrução processual penal”.

CONCEITOS IMPORTANTES

Conforme nos ensina Renato Brasileiro6:

6
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Op. Cit.

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ATENÇÃO! A Lei n. 9.296/1996 não prevê a gravação de conversa telefônica por um


interlocutor sem o conhecimento do outro!!!

REQUISITOS DA INTERCEPTAÇÃO

Conforme mapa mental a seguir:

PRINCÍPIO DA SERENDIPIDADE

A interceptação será válida aos novos crimes, desde que sejam conexos com o seu crime
objeto. É o chamado princípio da serendipidade, “encontro fortuito”, ou crime achado.
Não é possível a interceptação telefônica em crime punido com pena privativa de liber-
dade de detenção, salvo se tal delito for conexo com outro punido com reclusão. Ainda
assim, a interceptação será deferida pelo Magistrado com base na necessidade demons-
trada em evidências de delito punido com reclusão, sendo a investigação de eventual delito
punido com detenção mero desdobramento (serendipidade).

DENÚNCIA ANÔNIMA

Não é possível uma investigação se iniciar por meio de interceptação telefônica. Também
não é possível uma interceptação telefônica se iniciar por meio de uma denúncia anônima. No
entanto, após corroborada uma denúncia anônima com uma investigação prévia, poderá ser
instaurada uma investigação criminal e, eventualmente, ser realizada a interceptação telefônica.

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LEGITIMADOS PARA A INTERCEPTAÇÃO

Conforme o mapa mental abaixo:

PRAZO DA INTERCEPTAÇÃO

A decisão será fundamentada, sob pena de nulidade, indicando também a forma de exe-
cução da diligência, que não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável por igual
tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova – art. 5º.

CAPTAÇÃO AMBIENTAL – ART. 8º-A

Este artigo foi incluído pelo Pacote Anticrime, por isso, é provável que seja cobrado:

Deve ser autorizada pelo Juiz

a requerimento da autoridade
policial

ou a requerimento do MP

quando a prova não puder ser


feita por outros meios disponíveis
e igualmente eficazes

quando houver elementos


probatórios razoáveis de autoria e
participação em infrações
criminais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 anos ou em
infrações penais conexas

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INUTILIZAÇÃO DE GRAVAÇÃO

O incidente de inutilização será assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a pre-
sença do acusado ou de seu representante legal.

CRIME DE INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL – ART. 10 e ART. 10-A

Estes artigos foram alterados pelo Pacote Anticrime, portanto, fique atento a eles.
O crime pode ser praticado por qualquer pessoa. No caso do § 2º, no entanto, há uma
causa de aumento para o crime praticado por funcionário público. No caso de sigilo imposto,
durante a investigação ou instrução, todos os funcionários públicos envolvidos devem manter
o sigilo, em razão inclusive de obrigação legal.
É crime de competência da Justiça Estadual. Porém, caso atinja diretamente bens da
União, a competência será da Justiça Federal.

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LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI N. 9.099/1995

Competência

Compete ao JEC o julgamento das infrações penais de menor potencial ofensivo.

Infrações de menor potencial ofensivo

Quais são:
– são todas as contravenções penais, sem exceção;
– crimes cuja pena máxima é de até dois anos.

Finalidade dos JEC

• A justa reparação do prejuízo causado contra a vítima.


• Para se evitar a “promiscuidade” no sistema penitenciário, evita-se o encarceramento
de autores de infrações penais de menor potencial ofensivo com criminosos que come-
teram delitos graves, hediondos ou equiparados.

Súmula 38 do STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de


1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, ser-
viços ou interesse da União ou de suas entidades.

Os Juizados Especiais Criminais Federais julgam os crimes cuja pena máxima é de até
dois anos de competência da Justiça Federal.

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AS CONTRAVENÇÕES PENAIS

E OS CRIMES

COM PENA MÁXIMA NÃO


SUPERIOR A 2 ANOS

CUMULADAS OU NÃO COM MULTA

Medidas alternativas ou despenalizadoras:

a) Transação penal.
b) Suspensão condicional do processo – sursis processual.
c) Exigência de representação – (reflexos no CTB e na Maria da Penha) nos crimes de
lesão corporal leve (1) e lesão corporal culposa (2).
d) Composição cível.

Termo Circunstanciado (TC) de Ocorrência – art. 69 da Lei n. 9.099/1995

É o procedimento administrativo inquisitivo presidido por autoridade policial que visa à


apuração das infrações penais de menor potencial ofensivo.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circuns-
tanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, provi-
denciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Após a lavratura do termo, as partes serão encaminhadas ao JEC.

CEBRASPE: Qual será a solução se não for possível o encaminhamento do autor


ao JEC? Resposta: Ele assinará termo de compromisso de comparecimento.

O termo de compromisso é uma peça do TC. Se o autuado não assinar o termo de com-
promisso de comparecimento, será imposto auto de prisão em flagrante (quando vai para a
delegacia) e fixada fiança, se for o caso.
Art. 48 – Lei n. 11.343/2006 – Procedimento de apuração de porte de droga para
uso próprio.

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Se o usuário de drogas se recusa a assinar o termo de compromisso? Ele não será


preso, não importando se assina ou não o termo de compromisso. Se ele se recusa a assinar
o termo, não será imposta prisão em flagrante, pois é vedada a detenção do usuário.

Atenção n. 02 – Lei Maria da Penha: Aos crimes praticados com violência domés-
tica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a
Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995.

Atenção n. 03 – Contravenções: As contravenções praticadas em situação de vio-


lência doméstica serão apuradas mediante termo circunstanciado.

Atenção n. 04 – Código de Trânsito Brasileiro (CTB)

Art. 291 – lesão corporal culposa por acidente de trânsito. A regra é lavratura de Termo cir-
cunstanciado. Contudo, há exceções:
— será apurado por meio de inquérito policial, quando o condutor estiver embriaga-
do/drogado;
— será apurado por meio de inquérito policial, quando o condutor estiver participando de
competição ou exibição não autorizada (racha);
— será apurado por meio de inquérito policial, quando o condutor estiver transitando em
velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (60 km/h + 50 km/h).

“O auto de prisão em flagrante faz nascer o inquérito policial”.

Atenção n. 05 – Quando a soma dos crimes de menor potencial ofensivo ultrapassar dois
anos, será lavrado o auto de prisão em flagrante.
No concurso de infrações, quando (crime continuado, crime formal ou material) a soma
das penas ultrapassar dois anos, a competência para julgamento será da Vara Criminal, de
acordo com as Súmulas 723 do STF e 243 do STJ.

Medidas Despenalizadoras

Exigência de representação nos crimes de lesão corporal leve e lesão corpo-


ral culposa

Tais crimes em, antes de 1995, ERAM de ação penal pública incondicionada.
Representação – é a manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal
em processar criminalmente o autor do fato. A figura do representante se dá quando a vítima
é menor ou pessoa com deficiência mental.

Atenção n. 06 – CTB

Art. 291 – Alterado por conta da famosa “Lei Seca”.

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Regra: lesão corporal culposa por acidente de trânsito – ação penal pública condicionada
à representação.

Contudo, há exceções:

a) a ação penal pública incondicionada quando a lesão for causada por condutor embria-
gado ou drogado;
b) a ação penal pública incondicionada, quando o condutor estiver participando de com-
petição ou exibição não autorizada (racha);
c) a ação penal pública incondicionada, quando o condutor estiver transitando em veloci-
dade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (60 km/h + 50 km/h).

Composição Civil – art. 74 da Lei n. 9.099/1995

É um acordo firmado entre o autor do fato e a vítima.

A decisão que homologa a composição civil é irrecorrível, tendo natureza de título execu-
tivo, caso a pessoa descumpra o acordo. A composição civil acarreta a renúncia ao direito de
queixa (ação penal privada) ou de representação, a depender do caso concreto.

Transação Penal

É um acordo firmado entre o autor do fato e o membro do MP.

Cabimento:

• é cabível em todas as contravenções penais e nos crimes cuja pena máxima não ultra-
passem até dois anos.

A transação penal ocorre em uma audiência preliminar, depois da composição civil, porém
antes do processo crime.

Atenção em relação à Lei de Drogas – art. 48 (Lei n. 11.346/2006)


Usuário de drogas – poderá receber o benefício da transação penal, que pode ser a
aplicação imediata das penas alternativas:

• advertência sobre os efeitos da droga;


• prestação de serviços à comunidade;
• comparecimento a cursos educativos.

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E se a pessoa descumpre a transação penal? Se a pessoa descumprir a transação


penal, segundo a Súmula Vinculante 35, o Juiz abrirá vista ao MP, para que ele ofereça
denúncia ou requisite diligências junto à Polícia Judiciária.

Pergunta: Qual é o prazo para o benefício de uma nova transação? (art. 76 § 2º, II)

O prazo é de cinco anos.

Suspensão Condicional do Processo – sursis processual

Art. 89 da Lei n. 9.099/1995 - Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior
a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo
processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).

Na prática, o MP oferece o benefício da suspensão do processo, ao oferecer a denúncia,


na cota ministerial.
Suspenso o processo, suspende-se a prescrição.

§ 3º A suspensão será revogada (obrigatória) se, no curso do prazo, o beneficiário vier a ser pro-
cessado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano (CASO O
BENEFICIÁRIO NÃO REPARE O DANO SALVO IMPOSSIBILIDADE DE FAZÈ-LO).
§ 4º A suspensão poderá ser revogada (facultativa) se o acusado vier a ser processado, no curso do
prazo, por contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta (comentários nossos).

Quais são as “outras condições impostas”?

1. Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;

2. Proibição de frequentar determinados lugares;

3. Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;

4. Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e


justificar suas atividades.

Súmula 696 do STF. Se o promotor não oferece a suspensão do processo, o Juiz não
pode, de ofício, propor a suspensão – segundo a súmula, então, deve haver a aplicação
por analogia do art. 28 do CPP. Os autos são remetidos ao Procurador Geral de Justiça.
Ele pode propor a suspensão ou designar outro Promotor para propor a suspensão,
que, por sua vez, não pode recusá-la. Por fim, o PGJ pode não propor a suspensão.

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Súmula 337 do STJ. O Promotor ofereceu denúncia por roubo simples. Ao final do
processo, ficou firmado que o réu cometeu furto na forma simples, sendo a pena mínima
de um ano. É cabível então o sursis processual mesmo ao final do processo-crime.
Súmula 723 do STF. A pena mínima do furto simples é de um ano. FURTO SIMPLES
+ CONTINUIDADE DELITIVA. Furta várias vezes no mesmo dia, em continuidade deli-
tiva, a pena é acrescida de 1/6. No caso, ao final do processo, em tese, a pena seria
de um ano e dois meses. Pode ser continuidade delitiva, concurso material ou formal.
Assim sendo, não é cabível suspensão do processo quando, pelo concurso de infra-
ções, a pena ultrapasse um ano.
Importante: a Súmula 690 do STF foi cancelada.
Recurso e ações impugnativas

Apelação no JEC é de dez dias. No passado, quando a turma recursal proferia o acórdão, o
HC era julgado pelo STF. Agora, o HC é julgado pelo TJ ou pelo TRF, no caso da Justiça Fede-
ral. O recurso extraordinário continua sendo apreciado pelo STF. Não cabe o Resp para o STJ.

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LEI DE LAVAGEM DE CAPITAIS – LEI N. 9.613/1998

Fases da lavagem de dinheiro

Fase da colocação, da introdução ou da conversão

A colocação se refere à introdução do dinheiro sujo no sistema econômico (placement),


seja por meio de transferências bancárias, compra de moeda estrangeira, aplicações finan-
ceiras etc., seja pela transferência dos valores para outro local, com a utilização de contas
em paraísos fiscais e centros offshores, que possuem sistema financeiro liberal, com menor
nível de controle sobre operações financeiras.

Fase da ocultação, da dissimulação ou da acomodação

O agente realiza operações com a finalidade de desassociar o dinheiro de sua origem


ilícita, passando por uma série de transações, conversões e movimentações diversas
(layering, empilage).

Fase da integração ou da reinversão

O produto do crime é reintroduzido no sistema econômico-financeiro regular (integration);


as organizações criminosas investem os recursos lavados em empreendimentos, simulando
mercados regulares para legitimar a atividade lucrativa de origem ilícita.

Tipificação da lavagem de capitais na legislação brasileira

Rol de extensão indefinida: qualquer infração penal pode ser crime antecedente de lava-
gem de dinheiro. Terceira geração ou terceira fase das legislações de lavagem de dinheiro.
É considerado um crime parasitário.
Independe de processo e condenação pela prática de infração anterior. Bastam indí-
cios suficientes de ocorrência do crime antecedente; não se faz necessário provar o crime
anterior. É o princípio da autonomia do crime de lavagem.
Consumação: a lavagem depende de múltiplas ações sucessivas. Não se exige a ocor-
rência das três fases da lavagem para a consumação. É considerada crime permanente.

Autolavagem

É a imputação simultânea do mesmo réu, pelo delito antecedente e pelo crime de lavagem,
desde que demonstrados atos diversos e autônomos que compõem a realização do primeiro crime.

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IMPORTANTE: a pena aumenta-se de 1/3 a 2/3 se o crime é cometido de forma reiterada


ou por intermédio de organização criminosas.

Distinção entre post factum não punível e crime autônomo de lavagem de dinheiro

A mera ocultação física do dinheiro não caracteriza a ocultação de que trata o crime de
lavagem, ou seja, a simples guarda dos valores para depois usufruir do proveito econômico
da infração penal é mero exaurimento do crime. Nessas hipóteses, não há colocação de tais
valores no mercado econômico ou financeiro com vistas às atividades autônomas de dissi-
mulação (ou ocultação) e posterior reintegração na ordem econômica com aparência lícita.
O STJ também já se pronunciou sobre o tema, estabelecendo uma distinção entre (a) os
atos de aquisição, recebimento, depósito ou outros negócios jurídicos que representem o pró-
prio aproveitamento (pelo agente ou terceiros), o desfrute em si, da vantagem patrimonial obtida
no delito dito antecedente e (b) aquelas ações de receber, adquirir, ter em depósito, as quais
se encontrem integradas como etapas de um processo de lavagem ou ainda representem um
modo autônomo de realizar tal processo, não constituindo, por conseguinte, a mera utilização
do produto do crime, mas um subterfúgio para distanciar tal produto de sua origem ilícita.

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Concurso de crimes

É possível o concurso material entre o crime de lavagem de capitais e o(s) crime(s)


antecedente(s) sempre que o agente do crime antecedente praticar atos de branqueamento
dos valores obtidos como produto do crime.

Não confunda o concurso material entre os crimes antecedentes e o crime de lava-


gem de dinheiro com a continuidade delitiva, ainda que os crimes sejam praticados de
forma reiterada.

Lembre-se de que, para haver crime continuado, os crimes devem ser da mesma espécie.
Nos termos do art. 71 do Código Penal, o delito continuado se evidencia quando o agente,
mediante mais de uma ação ou omissão, comete mais de um crime da mesma espécie.
Necessário também que os delitos guardem liame no que diz respeito ao tempo, ao lugar, à
maneira de execução e a outras características que façam presumir a continuidade delitiva.

Aspectos processuais Investigação

Ação controlada e infiltração de agentes (art. 1º, § 6º)

São técnicas de investigação disciplinadas pela Lei n. 12.850/2013, contempladas expres-


samente na Lei de Lavagem de Capitais após a inclusão do § 6º no art. 1º no conjunto de
medidas do Pacote Anticrime. As alterações promovidas pelo Pacote Anticrime aproximam
as técnicas de investigação de combate ao crime organizado e da lavagem de dinheiro,
visando a ações coordenadas na repressão desses crimes, haja vista que as organizações
criminosas se valem da lavagem de dinheiro para justificar o proveito da atividade criminosa.
Você deve estudar essas técnicas de investigação com mais detalhes na aula sobre a Lei das
Organizações Criminosas, mas vamos destacar os pontos essenciais.

Ação controlada

Pelo art. 8º da Lei n. 12.850/2013, a ação controlada consiste em retardar a intervenção


policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vin-
culada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal
se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
Importante: a necessidade de comunicação prévia ao juízo não implica a obrigatoriedade de
autorização judicial prévia.

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Infiltração de agentes

Pelo art. 10 da Lei n. 12.850/2013, a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investi-


gação, representada pelo Delegado de Polícia ou requerida pelo Ministério Público, após mani-
festação técnica do Delegado de Polícia quando solicitada no curso de inquérito policial, será
precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus
limites. A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de eventu-
ais renovações, desde que comprovada sua necessidade (art. 10, § 3º, da Lei n. 12.850/2013).

Precedente jurisprudencial: a ação controlada não se confunde com a captação


de conversas por gravação ambiental realizada por agente beneficiado pela colabo-
ração premiada. Diferentemente da ação controlada, a captação ambiental prescinde
de autorização judicial (RHC n. 102.808/RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, 5ª T., j. em
6/8/2019, DJe 15/08/2019).

Importante: em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem preju-
ízo de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o Juiz competente autorize,
em decisão fundamentada, o seu retorno (é o que dispõe o art. 17-D da Lei n. 9.613/1998).

Medidas assecuratórias

Um dos principais avanços da Lei n. 9.613/1998 consiste na adoção de medidas para retirar
os bens, direitos e valores dos autores dos crimes de lavagem e das infrações conexas e colocá-
-los sob a vigilância do Estado em caráter cautelar, a fim de assegurar os efeitos da condenação,
tais como o confisco dos bens em favor do Poder Público e a reparação dos danos. As altera-
ções da Lei n. 12.683/2012 contribuíram para deixar tais medidas mais céleres e mais eficazes.
A Lei de Lavagem de Capitais instituiu regras específicas, em seus art. 4º e 4º-A, com o
objetivo dar maior eficácia e celeridade à aplicação das medidas assecuratórias. O legislador
não entrou nas distinções entre sequestro e arresto e estabeleceu que as medidas assecura-
tórias sejam decretadas sobre bens, direitos e valores, ampliando o seu alcance, bem como
permitiu expressamente que a proveniência ilícita considere tanto a infração de lavagem de
dinheiro quanto as infrações penais antecedentes.
Nos termos do art. 4º, § 2º, da Lei n. 9.613/1998, o Juiz determinará a liberação total ou
parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem, mantendo-
-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos
e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
Segundo a doutrina, trata-se de verdadeira inversão do ônus da prova.

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Prisão provisória e medidas cautelares diversas da prisão

Na redação original da Lei n. 9.613/1998, o art. 3º vedava a fiança e a liberdade provisó-


ria. Mas a vedação absoluta foi considerada inconstitucional, e o dispositivo acabou sendo
revogado pela Lei n. 12.683/2012.
A jurisprudência consolidou entendimento que admite a possibilidade de se adotarem
medidas cautelares diversas da prisão provisória na investigação ou no processo por lava-
gem de dinheiro, diante das circunstâncias do caso concreto.
Considerando que nem sempre a prisão em flagrante, a preventiva ou a temporária são
convenientes para as investigações, a Lei n. 9.1613/1998 permite que o Juiz suspenda a
ordem anteriormente dada, sempre ouvindo previamente o Ministério Público, nos termos do
art. 4º-B da Lei n. 9.613/1998.

Colaboração premiada

É negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova que pressupõem utilidade e


interesse público (art. 3º-A da Lei n. 12.850/2013).
A colaboração premiada já era prevista para os crimes de lavagem de capitais, mesmo
antes da Lei n. 12.850/2013. Pela Lei n. 9.613/1998, os benefícios para o agente que cola-
bora espontaneamente, prestando esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações
penais, à identificação dos autores, coautores e partícipes, ou à localização de bens, direitos
ou valores objetos do crime, são: diminuição de pena (de 1/3 a 2/3) e o seu cumprimento da
pena em regime inicial aberto ou semiaberto, bem como o perdão judicial ou a substituição
da pena por pena restritiva de direitos.
O instituto da colaboração premiada ganhou mais força com a Lei n. 12.850/2013.
Na disciplina da Lei n. 12.850/2013, os benefícios e requisitos da colaboração premiada
são os seguintes (grifos nossos):

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3
(dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos daquele
que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal,
desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:
I – A identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações
penais por eles praticadas;
II – A revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa;
III – A prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa;
IV – A recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa;
V – A localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

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O Pacote Anticrime deu nova redação ao art. 4º da Lei n. 12.850/2013 para estabe-
lecer todas as decisões que não poderão ser embasadas tão somente nas palavras do
colaborador, merecendo ser corroborada por outras provas.

Competência e procedimento

Os crimes de lavagem de dinheiro são processados, em regra, pela justiça comum esta-
dual, pelo procedimento comum. É o que se depreende do art. 2º, I, da Lei n. 9.613/1998.
A lavagem pode ou não ser investigada, processada e julgada em conjunto com as infra-
ções antecedentes. Mas, a critério da investigação ou da acusação, a lavagem de dinheiro
também pode ser investigada ou processada separadamente dos crimes que lhe deram
origem. Neste caso, o Juiz decidirá sobre a conveniência de unidade de processo e jul-
gamento da lavagem e das infrações antecedentes.

Competência de jurisdição nacional e estrangeira

Nas hipóteses em que a lavagem tem suas atividades parcialmente realizadas no Brasil
e no exterior, a jurisdição brasileira tem competência para atuar.
Ademais, quando os crimes antecedentes foram cometidos contra a Administração
Pública brasileira, ainda que as atividades de lavagem tenham ocorrido integralmente no
exterior, haverá causa para a atuação da jurisdição brasileira.
Diante de superveniente alteração de competência, consoante a jurisprudência do STJ,
em tese, não há automática invalidação de todos os atos praticados no Juízo Estadual, visto
que, por força da teoria do juízo aparente, tais atos podem ser ratificados pelo Juízo que
vier a ser reconhecido como competente para processar e julgar o feito.

Competência da Justiça Federal

De acordo com o art. 2º, III, da Lei n. 9.613/1998, são da competência da Justiça Federal
o processo e julgamento da lavagem de dinheiro em duas situações:

• quando os fatos são praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-fi-


nanceira ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas enti-
dades autárquicas ou empresas públicas;
• quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.

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Efeitos da condenação

Além dos efeitos da condenação previstos no CP, a Lei de Lavagem de Capitais, em seu
art. 7º, traz ainda hipóteses específicas de efeitos da condenação pelas infrações da Lei n.
9.613/1998 (grifos nossos):
I – A perda, em favor da União – e dos Estados, nos casos de competência da Justiça
Estadual –, de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prá-
tica dos crimes previstos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressal-
vado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II – A interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor,
de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no
art. 9º, pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada.

Cooperação internacional para o confisco

O sistema antilavagem seguido pela Lei n. 9.613/1998 envolve ainda a cooperação entre
os Estados-partes do sistema internacional de combate à lavagem de dinheiro para facilitar
a execução das medidas de confisco:

Art. 8º O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por


solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos
ou valores oriundos de crimes descritos no art. 1º praticados no estrangeiro.
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional,
quando o governo do país da autoridade solicitante prometer reciprocidade ao Brasil.
§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores privados sujeitos a medidas
assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes
da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade,
ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé (destaques nossos).

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LEI DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS – LEI N. 12.850/2013

CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

O conceito de organização criminosa foi inspirado pelos parâmetros até então existentes,
quais sejam, os elementos constituintes do conceito de organização criminosa da Conven-
ção de Palermo, com a distinção feita pelo legislador brasileiro de adotar o mínimo de quatro
pessoas associadas.
O legislador brasileiro optou por uma definição abrangente de organização criminosa,
com o intuito de sujeitar à incidência da lei todas as formas de crime organizado já conhe-
cidas até então, permitindo ainda que outras formas que venham a surgir sejam facilmente
enquadradas no conceito.
A Convenção de Palermo orientou aos Estados Partes que criminalizassem o entendimento
com uma ou mais pessoas para a prática de uma infração grave. Por bem, o legislador bra-
sileiro deixou expresso na lei que as disposições aplicam-se também ao delito de terrorismo.

Considera-se
organização criminosa

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ART. 2º - PROMOVER, CONSTITUIR, FINANCIAR OU INTEGRAR, PESSOALMENTE


OU INTERPOSTA PESSOA, ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

É um tipo misto alternativo.


A Convenção de Palermo recomendou aos Estados Partes a criminalização da conduta
de qualquer pessoa que, conhecendo a finalidade e a atividade criminosa geral do grupo cri-
minoso, ou a sua intenção de cometer infrações penais, participe ativamente de atividades
ilícitas do referido grupo ou de outras atividades que contribuam para suas finalidades ilícitas.
A partir dessa recomendação surgiu o artigo 2º.
A lei exige o mínimo de quatro pessoas integrantes da organização, razão por que é
considerada crime plurissubjetivo e de concurso necessário. Essa classificação implica,
ainda, que o agente responde pelo crime de integrar a organização criminosa, ainda que ele
não pratique os crimes diretamente. A sua responsabilidade penal decorre do conhecimento
das práticas criminosas da organização. É uma participação que exige dolo e, por isso, não
pode ser considerada como participação de menor importância, de modo a reduzir o juízo de
reprovabilidade da conduta daquele que é membro da organização.
É importante ressaltar que a lei permite que o crime seja praticado pessoalmente ou por
interposta pessoa. Ou seja, o agente pode se servir de um “laranja” ou “testa de ferro” para
atuar no seu interesse, numa tentativa de não se fazer conhecido pelos demais membros da
organização, a fim de que sua participação fique oculta.

Não é necessário que os membros da organização sejam todos identificados para


que haja condenação, é possível a ação penal contra um apenas. Importante destacar
que a pena será mais gravosa para o líder.

O elemento subjetivo é o dolo no animus associativo de pertencer a uma organização


criminosa, se consumando o crime quando há essa associação.

Tipo penal equiparado – art. 2º, § 1º

“Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investi-
gação”. O bem jurídico aqui é a administração da Justiça. É crime comum, de ação múltipla.

Agravante – art. 2º, § 3º

Conforme já dito, a pena é agravada para quem exerce o comando individual ou coletivo da
organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. Fica a cargo do
Juiz estabelecer o quantum. Essa agravante está fundamentada na Teoria do Domínio do Fato.

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Causas especiais de aumento da pena – art. 2º, §§ 2º e 4º

A pena aumenta até ½ se na atuação da organização criminosa houver emprego de arma


de fogo. O Juiz tem discricionariedade para estipular o aumento da pena. É desnecessário
que todo o grupo esteja armado ou que a arma seja efetivamente disparada.
A pena é aumentada de 1/6 a 2/3 se:

Se há participação de criança ou
adolescente

Se há concurso de funcionário
público

Causas especiais de
Se o produto da infração de
aumentos de pena destinar ao exterior

do §4 °
Se mantém conexão com outras
organizações criminosas

Se as circunstâncias do fato
evidenciarem a
transnacionalidade da organização

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA X ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA

O principal que você deve saber é que a distinção entre os crimes de associação crimi-
nosa com a redação atual do art. 288 do Código Penal e o de participar de organização cri-
minosa da Lei n. 12.850/2013 consiste na estabilidade da associação. No caso da associa-
ção do art. 288 do CP, a cooperação entre os indivíduos para praticar crimes se dá de forma
eventual, ao passo que a infração do art. 2º da Lei n. 12.850/2013 é crime permanente, exige
que o elo associativo tenha a pretensão de se prolongar no tempo. O dolo de se associar do
agente é aquele de se tornar membro da organização criminosa e com ela colaborar de forma
a obter vantagens de qualquer natureza, assumindo um “posto”, uma ou mais atribuições, na
divisão de tarefas, na estrutura ordenada da organização.

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CRIMES HEDIONDOS

Com o Pacote Anticrime, houve alterações importantes no rol dos crimes hediondos. Para
esta nossa aula, vale destacar a inclusão no rol de crimes hediondos do crime de organiza-
ção criminosa destinada à prática de crimes hediondos ou equiparados, conforme art. 1º,
parágrafo único, da Lei n. 8.072/1990.

MILÍCIA PRIVADA

A existência de indícios de participação do agente em milícia privada é motivo suficiente


para a decretação da sua prisão preventiva, com fundamento na garantia da ordem pública.

COOPERAÇÃO EN�E
INSTITUIÇÕES E ÓRGÃOS
FEDERAIS, ESTADUAIS E
MUNICIPAIS
COL ABORAÇÃO
PREMIADA
Em qualquer fase
INFILTRAÇÃO DE POLICIAIS da persecução
penal, serão CAPTAÇÃO AMBIENTAL
permitidos os
AFASTAMENTO DE SIGILO
BANCÁRIO, FINANCEIRO E FISCAL
seguintes meios de
ACESSO A REGISTROS DE
obtenção de prova: LIGAÇÕES TELEFÔNICAS
E TELEMÁTICAS E DADOS
INTERCEPTAÇÃO CADASTRAIS
TELEFÔNICA E TELEMÁTICA

INVESTIGAÇÃO E MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA – ART. 3º

Um dos principais escopos da Lei n. 12.850/2013, ao lado da tipificação da participação


em organização criminosa e da conceituação de organização criminosa, foi dar mais robus-
tez à regulamentação de meios de investigação mais eficazes em matéria de desmantelar
grupos criminosos de alta complexidade. Entre os meios listados para obtenção de prova
do crime de participar de organização criminosa estão a colaboração premiada, a escuta
ambiental, o acesso a registros de ligações telefônicas e de e-mail, a interceptação telefô-
nica, a quebra de sigilo e a infiltração por policiais.

COLABORAÇÃO PREMIADA

Tem natureza jurídica de negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova,


que pressupõe utilidade e interesse públicos. É o que diz o art. 3º-A inserido na Lei n.
12.850/2013 pelo Pacote Anticrime, incorporando jurisprudência firmada no STF.

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Importante: não pode haver condenação exclusivamente nas palavras do delator


(art. 4º, § 16, III, da Lei n. 12.850/2013). Ou seja, os depoimentos do réu colaborador não
podem ser a única fonte de prova a subsidiar a condenação do delatado. Suas palavras
devem ser corroboradas por outros elementos de prova. E aí reside a eficácia da colabora-
ção. Se o réu colaborador não puder indicar provas do que está a confessar ou relatar, não
haverá utilidade ou interesse público na realização do acordo.
Ainda com relação ao réu delatado, o Pacote Anticrime acrescentou o § 10-A ao art. 4º da
Lei n. 12.850/2013 para garantir que ele seja ouvido no processo do réu delator.
Cabe ressaltar aqui que o Pacote Anticrime acrescentou o § 16 ao art. 4º da Lei n. 12.850/2013
para determinar que as palavras do delator sozinhas não podem, ainda, servir de fundamento
para a decretação de medidas cautelares e para o recebimento da denúncia ou queixa.
Atenção! De acordo com o § 13 do art. 4º da Lei n. 12.850/2013, o registro das tra-
tativas e dos atos de colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de gravação
magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obter
maior fidelidade das informações, garantindo-se a disponibilização de cópia do material
ao colaborador. Isso significa que nem todos os atos das tratativas devem ser reduzidos a
termo, mas devem ser registrados e colocados à disposição da defesa.
Atenção! Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu
defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
É o que dispõe o § 14 do art. 4º da Lei n. 12.850/2013.
Atenção! Em todos os atos da negociação, o réu colaborador deve estar assistido por
seu advogado ou defensor público nomeado.
O acordo de colaboração premiada deve ser reduzido a termo, devendo observar o con-
teúdo obrigatório descrito no art. 6º da Lei n. 12.850/2013. É o que permitirá o controle de
legalidade a ser feito pelo Juiz na fase da homologação.

SIGILO DA COLABORAÇÃO – ART. 7º

Atenção! Você sabe que nenhum sigilo é absoluto. Então, memorize bem as regras de
acesso restrito disciplinadas no § 2º do dispositivo transcrito, pois há grande probabilidade de
aparecerem em questões de prova objetiva.
Atenção! O sigilo perdura até o recebimento da denúncia ou queixa-crime. Cuidado
com eventuais questões de prova que, para te confundir, coloquem em assertivas incorretas
no sentido de que o sigilo vai até o oferecimento da denúncia ou a homologação do acordo
ou outros momentos do processo penal.

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AÇÃO CONTROLADA – ART. 8º

Também conhecida como flagrante diferido, retardado ou postergado. Significa que,


em determinados casos, a autoridade policial poderá retardar a prisão em flagrante dos inves-
tigados, desde que os mantenha sob estrita e ininterrupta vigilância. Não há necessidade de
autorização judicial.

CAPTAÇÃO AMBIENTAL

A interceptação ambiental, que não pode ser confundida com a telefônica, pode ser definida
como a captação da conversa entre dois ou mais interlocutores por um terceiro desconhecido
deles, que esteja nas proximidades ou no mesmo ambiente em que se desenvolve a conversa.
Já a escuta ambiental é a mesma captação, realizada com o consentimento de um dos
interlocutores, no mesmo ambiente ou não em que se desenvolve o diálogo.
Nas duas hipóteses, há necessidade de autorização judicial.

INFILTRAÇÃO DE AGENTES DE POLÍCIA

A Lei n. 12.850/2013 trouxe o aperfeiçoamento do instituto da infiltração de agentes, no


sentido de dar mais segurança jurídica à atuação do agente policial infiltrado, estabelecendo
seus direitos e coibindo o cometimento de excessos.
Continua não sendo possível a infiltração de particulares em organizações criminosas.
Permite a lei que, mediante autorização judicial, venham a atuar como agentes infiltrados
apenas os agentes de polícia, não havendo menção aos chamados agentes de inteligência.
Assim, a Lei não permite que venham a atuar como agentes infiltrados membros do
Ministério Público, agentes da Polícia Rodoviária Federal, ou, ainda, os presos que venham
a colaborar para o desmantelamento da organização criminosa.
A infiltração será autorizada por até seis meses, prorrogáveis de forma justificada. Se for
agente infiltrado na internet, o prazo total não pode ultrapassar 720 dias.

DO ACESSO A REGISTROS, DADOS CADASTRAIS, DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES

O Delegado de Polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autori-


zação judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefô-
nicas, instituições financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.

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AFASTAMENTO DOS SIGILOS FINANCEIRO, BANCÁRIO E FISCAL

O art. 3º, VI, da Lei n. 12.850/2013 estabelece como meio de obtenção de prova o afasta-
mento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal. A Lei Complementar n. 105/2001 dispõe sobre
o sigilo das operações de instituições financeiras e o procedimento para a sua quebra. Já o
sigilo fiscal e a sua quebra são disciplinados pelo art. 198 do Código Tributário Nacional.

ASPECTOS PROCESSUAIS

A ação penal para processar os crimes de participação em organização criminosa seguirá


o procedimento ordinário do CPP, conforme expressamente estabelecido pelo art. 22 da Lei
n. 12.850/2013. Porém, há algumas regras específicas a serem observadas pela autoridade
judiciária e pelo Ministério Público.
A primeira delas encontra-se no próprio art. 22, em seu parágrafo único, estabelecendo
prazo máximo de 120 dias para conclusão da ação penal em caso de réu preso.
Observe que a prorrogação é possível por igual período com fundamento nas caracte-
rísticas da causa ou a título de sanção processual por fato procrastinatório atribuível ao réu.

REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA

O Pacote Anticrime trouxe disposição expressa no sentido de que o líder de organização


criminosa armada ou que tenha armas à sua disposição deve iniciar o cumprimento da pena
em regime fechado. É o que dispõe o § 8º do art. 2º da Lei n. 12.850/2013.

§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deve-


rão iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima.

A disposição do Pacote Anticrime insiste na fixação inicial de regime fechado em função


da gravidade da infração, tema já recorrente na jurisprudência dos Tribunais Superiores,
tendo o STF declarado inconstitucional regra similar contida na Lei de Crimes Hediondos.
Vamos ter de ficar atentos para saber como a jurisprudência vai se posicionar, mas, pelo
histórico da Lei de Crimes Hediondos, é possível que a inconstitucionalidade do § 8º do art.
2º da Lei n. 12.850/2013 venha a ser apontada. Por isso, acompanhe os Informativos do STJ
e do STF para ficar bem atualizado a respeito dessa questão.
Regime disciplinar diferenciado: é o regime disciplinar diferenciado sob os quais recaiam
fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organização crimi-
nosa, associação criminosa ou milícia privada, independentemente da prática de falta grave.

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Existindo indícios de que o preso exerce liderança em organização criminosa, associação


criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação criminosa em 2 (dois) ou mais estados da
Federação, o regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente cumprido em estabeleci-
mento prisional federal.
O regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado sucessivamente, por períodos
de 1 (um) ano, existindo indícios de que o preso mantém os vínculos com organização cri-
minosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também o perfil criminal e a
função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura do grupo, a super-
veniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento penitenciário.

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LEI DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR – LEI N. 11.340/2006

O Juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar


sua integridade física e psicológica:
1) acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da Administração
direta ou indireta;
2) manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de tra-
balho, por até seis meses;
3) encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual
ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de
dissolução de união estável perante o juízo competente.

São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher:

1. A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou
saúde corporal. Exemplo: crime de lesão corporal.
Você deve memorizar que a Lei Maria da Penha aumentou a pena do crime previsto no
art. 129, § 9º, do Código Penal, que se aplica tanto para o homem como a mulher.

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2. A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvi-
mento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância cons-
tante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à
saúde psicológica e à autodeterminação.
3. A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar,
a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça,
coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a
sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno
ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.
Exemplos: crimes de estupro, estupro de vulnerável ou as modalidades de aborto.
4. A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção,
subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfa-
zer suas necessidades. Exemplo: crime de dano.
5. A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação
ou injúria.

ABRANGÊNCIA DA NORMA

São consideradas situações que exigem a aplicação da Lei Maria da Penha as ocorridas:
a) no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio perma-
nente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
b) no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são
ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
c) em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido
com a ofendida, independentemente de coabitação.
Ainda, nota-se que, de acordo com o parágrafo único do art. 5º dessa norma, as relações
pessoais independem de orientação sexual. Dessa forma, a Lei Maria da Penha incide numa
relação homoafetiva entre mulheres.

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Importante: no ano de 2021, foi editada a Lei n. 15.188, que alterou a Lei Maria da
Penha e o Código Penal.

Dentre as novidades está a criação do “Programa de Cooperação Sinal Vermelho”:

Art. 1º Esta Lei define o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica
como uma das medidas de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher pre-
vistas na Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e no Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), altera a modalidade da pena da lesão corporal simples
cometida contra a mulher por razões da condição do sexo feminino e cria o tipo penal de violência
psicológica contra a mulher.
Art. 2º Fica autorizada a integração entre o Poder Executivo, o Poder Judiciário, o Ministério Pú-
blico, a Defensoria Pública, os órgãos de segurança pública e as entidades privadas, para a pro-
moção e a realização do programa Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica como medida de
ajuda à mulher vítima de violência doméstica e familiar, conforme os incisos I, V e VII do caput do
art. 8º da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006.
Parágrafo único. Os órgãos mencionados no caput deste artigo deverão estabelecer um canal
de comunicação imediata com as entidades privadas de todo o País participantes do programa, a
fim de viabilizar assistência e segurança à vítima, a partir do momento em que houver sido efetu-
ada a denúncia por meio do código “sinal em formato de X”, preferencialmente feito na mão e na
cor vermelha.
Art. 3º A identificação do código referido no parágrafo único do art. 2º desta Lei poderá ser feita
pela vítima pessoalmente em repartições públicas e entidades privadas de todo o País e, para
isso, deverão ser realizadas campanha informativa e capacitação permanente dos profissionais
pertencentes ao programa, conforme dispõe o inciso VII do caput do art. 8º da Lei n. 11.340, de 7
de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), para encaminhamento da vítima ao atendimento espe-
cializado na localidade.

Esse programa já existia antes da promulgação da Lei n. 14.188/2021, tendo sido lan-
çado em junho de 2020 pelo Conselho Nacional de Justiça.

O Código Penal, por sua vez, passou a prever uma nova qualificadora para o crime de
lesão corporal, quanto esta for praticada contra mulher, por razões do sexo feminino. Neste
caso, a pena aplicada será de reclusão de um a quatro anos, veja:

Lesão corporal
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
[...]
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos ter-
mos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei n. 14.188, de 2021)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei n. 14.188, de 2021)

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Ainda, a Lei n. 14.188/2021 inseriu o artigo 147-B no Código Penal, que assim dispõe:

Violência psicológica contra a mulher (Incluído pela Lei n. 14.188, de 2021)


Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique e perturbe seu pleno desenvolvi-
mento ou que vise a degradar ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões,
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, chantagem, ridicula-
rização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause prejuízo à sua saúde
psicológica e autodeterminação: (Incluído pela Lei n. 14.188, de 2021)
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constitui crime mais
grave. (Incluído pela Lei n. 14.188, de 2021)

Desde a sua edição, a Lei n. 11.340/2006 previu que a violência doméstica e familiar
contra a mulher não é apenas a violência física, podendo também ser violência psicológica,
sexual, patrimonial e moral.
Embora a Lei Maria da Penha contemple a violência psicológica no art. 7º, II, até a entrada
em vigor da Lei n. 14.188/2021 não havia no ordenamento jurídico brasileiro um tipo penal
correspondente. Era contraditório constar expressamente essa forma de violência em uma
das leis mais conhecidas e importantes do país, que a define como uma “violação dos direitos
humanos” (art. 6º) e, ao mesmo tempo, a conduta correspondente não configurar necessa-
riamente um ilícito penal. Diversas condutas consistentes em violência psicológica – como
manipulação, humilhação, ridicularização, rebaixamento, vigilância, isolamento – não confi-
guravam, na imensa maioria dos casos, infração penal. Apesar de serem ilícitos civis, não
configuravam crime. Não raras vezes, vítimas compareciam perante autoridades para regis-
trar boletins de ocorrência por violência psicológica e eram informadas de que a conduta não
configurava infração penal (sequer contravenção).7
A ausência de tipificação também dificultava o deferimento de medidas protetivas de
urgência, pois, embora os tribunais superiores e o art. 24-A da Lei Maria da Penha permitam
a medida protetiva civil autônoma, ainda há, lamentavelmente, muita resistência em se con-
ceder instrumentos de proteção divorciados da infração penal, de um registro de boletim de
ocorrência ou procedimento criminal.8
Com a inserção do art. 147-B no Código Penal, essa lacuna é preenchida e passa a ser
crime praticar violência psicológica contra a mulher.
Por fim, a Lei n. 14.188/2021 deu nova redação ao artigo 12-C da Lei Maria da Penha:

7
FERNANDES, Valéria Diez Scarance. ÁVILA, Thiago Pierobom de; CUNHA, Rogério Sanches. Violência psicológica contra a mulher: comentários à Lei n.
14.188/2021. Disponível em: https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2021/07/29/comentarios-lei-n-14-1882021/.
8
FERNANDES, Valéria Diez Scarance. ÁVILA, Thiago Pierobom de; CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit.

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Antes da Lei 14.188/2021 Após a Lei 14.188/2021


Art. 12-C. Verificada a existência de risco Art. 12-C. Verificada a existência de risco
atual ou iminente à vida ou à integridade atual ou iminente à vida ou à integridade
física da mulher em situação de violência física ou psicológica da mulher em situação
doméstica e familiar, ou de seus dependen- de violência doméstica e familiar, ou de seus
tes, o agressor será imediatamente afastado dependentes, o agressor será imediatamente
do lar, domicílio ou local de convivência com afastado do lar, domicílio ou local de convi-
a ofendida: (Incluído pela Lei n. 13.827/2019) vência com a ofendida: [...]

ATUAÇÃO POLICIAL

Quando se tratar de violência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade policial


deverá, entre outras providências:
1) Garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário;
2) encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico Legal;
3) fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou local seguro,
quando houver risco de vida;
4) se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus pertences
do local da ocorrência ou do domicílio familiar;

Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da


ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos,
sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal:

1) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas cir-
cunstâncias;
2) determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e requisitar outros
exames periciais necessários.

Com relação às provas, admitem-se como meios probatórios não só o exame de corpo
de delito feito no Instituto Médico Legal, mas também os laudos ou prontuários médicos for-
necidos por hospitais e postos de saúde. Na prática, até fotos e vídeos são admitidos como
elementos de informação aptos a comprovar a violência doméstica.

3) ouvir o agressor e as testemunhas.

Uma vez indiciado formalmente, o interrogatório no âmbito policial é a oportunidade que o


agressor tem de se dirigir ao Delegado de Polícia, e apresentar sua versão dos fatos imputados,
podendo, inclusive indicar meios de prova, confessar, ou até mesmo permanecer em silêncio.

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Além do Código de Processo Penal, o Delegado de Polícia deve observar atualmente os


ditames da Nova Lei de Abuso de Autoridade.

4) ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de anteceden-
tes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de outras ocorrências
policiais contra ele.

O prazo de conclusão do inquérito policial nos crimes praticados em situação de


violência doméstica segue as regras do art. 10 do Código de Processo Penal.

REGRAS PARA OITIVA DA OFENDIDA

A ofendida comparecerá à Delegacia de Polícia para que tenha reduzidas a termo suas
declarações a respeito das circunstâncias da infração penal, da suposta autoria, além da indi-
cação das provas que possam ser produzidas.
O pedido de medidas protetivas feito pela ofendida será tomado a termo pela autoridade
policial e deverá conter:
1 – qualificação da ofendida e do agressor;
2 – nome e idade dos dependentes;
3 – descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida.
4 – informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da vio-
lência sofrida resultou deficiência ou agravamento de deficiência preexistente.
Você deve memorizar que a mulher em situação de violência doméstica e familiar tem
prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais pró-
xima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos
documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência
doméstica e familiar em curso.

MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher


em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será ime-
diatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
1 – pelo Juiz;
2 – pelo Delegado de Polícia, quando o município não for sede de comarca; ou
3 – pelo Policial, quando o município não for sede de comarca e não houver Delegado
disponível no momento da denúncia.
Nas hipóteses dos tópicos 2 e 3, o Juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte
e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.

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PRAZOS

A autoridade policial tem prazo de 48 horas para remeter ao Juiz expediente apartado
com o requerimento das medidas protetivas de urgência feito pela mulher.
Recebido o expediente com o pedido da ofendida, o Juiz também tem o prazo de 48
horas para conhecer dos autos e decidir sobre as medidas protetivas.
Nesse mesmo prazo, o Magistrado deve determinar o encaminhamento da ofendida ao
órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de
separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável
perante o juízo competente; (quando for o caso), além de comunicar o Ministério Público para
a adoção das medidas pertinentes.
Atualmente, o Juiz deverá determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse
do agressor.

ESPÉCIES DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

AO AGRESSOR À OFENDIDA
Suspensão da posse ou restrição do porte
Determinar a recondução da ofendida e a de
de armas, com comunicação ao órgão
seus dependentes ao respectivo domicílio,
competente, nos termos do Estatuto do
após afastamento do agressor.
Desarmamento.
Determinar o afastamento da ofendida do lar,
Afastamento do lar, domicílio ou local de
sem prejuízo dos direitos relativos a bens,
convivência com a ofendida.
guarda dos filhos e alimentos.
Proibição de aproximação da ofendida, de
seus familiares e das testemunhas, fixando
Determinar a separação de corpos.
o limite mínimo de distância entre estes e o
agressor.
Proibição de contato com a ofendida, seus
Restituição de bens indevidamente subtraídos
familiares e testemunhas, por qualquer meio
pelo agressor à ofendida.
de comunicação
Proibição temporária para a celebração de
Proibição de frequentar de determinados
atos e contratos de compra, venda e locação
lugares a fim de preservar a integridade física
de propriedade em comum, salvo expressa
e psicológica da ofendida.
autorização judicial.
Restrição ou suspensão de visitas aos
Suspensão das procurações conferidas pela
dependentes menores, ouvida a equipe de
ofendida ao agressor.
atendimento multidisciplinar ou serviço similar.
Prestação de caução provisória, mediante
Prestação de alimentos provisionais ou depósito judicial, por perdas e danos materiais
provisórios. decorrentes da prática de violência doméstica
e familiar contra a ofendida.

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AO AGRESSOR À OFENDIDA
Encaminhar a ofendida e seus dependentes a
Comparecimento do agressor a programas de
programa oficial ou comunitário de proteção ou
recuperação e reeducação.
de atendimento.
Determinar a matrícula dos dependentes
Acompanhamento psicossocial do agressor, da ofendida em instituição de educação
por meio de atendimento individual e/ou em básica mais próxima do seu domicílio, ou
grupo de apoio. a transferência deles para essa instituição,
independentemente da existência de vaga.

CONSEQUÊNCIAS DO DESCUMPRIMENTO DAS MEDIDAS PROTETIVAS

O agressor poderá responder por crime de descumprimento de decisão que deferiu


medida protetivas, sendo a intimação do suspeito pelo Oficial de Justiça do referido ato juris-
dicional condição objetiva de punibilidade.
Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo Juiz, de
ofício, a requerimento do Ministério Público, ou mediante representação da autoridade policial.
O Juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do processo, verificar a falta
de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, se sobrevierem razões que a
justifiquem.

PRISÃO PREVENTIVA

Rogério Sanches explica:

A limitação introduzida no CPP tem incidência na Lei Maria da Penha, a impossibilitar o juiz de
decretar, ex officio, a prisão preventiva. Não há mais assim, essa possibilidade, em posicionamen-
to que, de resto, rende homenagem ao princípio acusatório, a evitar que o juiz adote medidas de
cunho persecutório.

Sendo assim, existe um aparente conflito de normas. De um lado, o Código de Processo


Penal não permite que a prisão preventiva seja decretada, de ofício; por outro lado, a Lei n.
11.340/2006 ainda permite a decretação ex officio. Havendo esse conflito, deve prevalecer a
lex specialis (lei especial), respeitando a regra do artigo 12 do Código Penal.

Já que é assim, alterada a redação do artigo 311 do CPP, tem-se, por consequência lógica, que
essa mudança deva incidir também sobre a Lei Maria Da Penha, para se concluir que, não mais é
dada ao juiz a possibilidade de decretação, de ofício, da prisão preventiva do agressor.

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LIBERDADE PROVISÓRIA

Segundo a Lei n. 13.827/2019, nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efe-
tividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso.
O descumprimento das medidas protetivas deferidas pelo Juiz em processos cíveis ou
criminais que versam sobre violência doméstica configura crime inafiançável na esfera poli-
cial, apesar de ser uma infração penal de menor potencial ofensivo.
Vale lembrar que a vítima de violência doméstica deverá ser notificada acerca de tais
fatos sempre que o agressor for preso ou colocado em liberdade.

LEI MARIA DA PENHA E LESÃO CORPORAL

A princípio, todas as modalidades de crimes de lesões corporais (Capítulo II do Código Penal),


seguindo a regra, eram de ação penal pública incondicionada. Com o advento da Lei n. 9.099/1995,
entretanto, os crimes de lesões corporais leves e culposas, previstos no art. 129, caput, e § 6º do
Código Penal, respectivamente, passaram a depender da representação do ofendido.
Ocorre que a Lei Maria da Penha (editada mais de dez anos depois do diploma que trata
dos juizados especiais), visando coibir a prática de violência doméstica e familiar contra mulher
e minimizar a sensação de impunidade relacionada à pratica de tais atentados, vedou, expres-
samente, a aplicação da Lei n. 9.099/1995 aos crimes abrangidos pela norma ora estudada.

RENÚNCIA À REPRESENTAÇÃO

A “renúncia” é a abdicação do direito de oferecer queixa-crime, ou seja, de promover


ação penal privada. O termo “renúncia”, empregado no art. 16 da Lei em estudo, na verdade,
tem sentido de “retratação” ao direito de representação.
A ofendida não poderá se retratar da representação na esfera policial, apenas em audi-
ência judicial, com a presença do órgão ministerial.
Caso a vítima não se retrate, haverá o recebimento da denúncia, tendo início o pro-
cesso crime.
Vale lembrar que, segundo o Código de Processo Penal, é possível a retratação da representa-
ção na esfera policial, o que não ocorre nos crimes praticados em situação de violência doméstica.

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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

Não se aplica a Lei dos Juizados Especiais aos crimes cometidos em situação de violên-
cia doméstica.
Como não se aplica a Lei n. 9.099/1995 para os crimes e contravenções praticados em
situação de violência doméstica, tais infrações, mesmo de menor potencial ofensivo, não
mais poderão ser apuradas mediante termo circunstanciado. Ou seja, o Delegado de Polícia
deve realizar a investigação de crimes e contravenções penais praticados em situação de
violência doméstica e familiar contra a mulher sempre por meio de inquérito policial.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS

A Lei Maria da Penha dispõe que é proibida a aplicação, nos casos de violência domés-
tica e familiar contra a mulher, de penas isoladas de cesta básica ou pecuniárias.
Entendo que, além da não aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei n.
9.099/1995, a Lei n. 11.340/2006 proíbe que, após o devido processo legal, o Magistrado
converta a pena privativa de liberdade em restritiva de direito, salvo no caso de condenação
por crime de ação penal privada
Entendo também que, na condenação por crime de ação penal privada, é cabível suspen-
são condicional da pena (“sursis penal”).
Acredito que é possível que no caso de condenação por contravenção de vias de fato
em situação de violência doméstica, o juiz possa determinar o cumprimento da pena em
regime aberto.

Contudo, você deve memorizar que, de acordo com a Súmula 588 do STJ, a prá-
tica de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça
no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos (Súmula 588, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe
18/09/2017).

No momento do cumprimento da pena privativa de liberdade, a depender do regime, o


Juiz poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recupera-
ção e reeducação.

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COMPETÊNCIA HÍBRIDA

O legislador conferiu aos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher


competência híbrida para julgar tanto matérias cíveis quanto matérias criminais.
Nota-se que a vítima poderá escolher o foro de seu domicílio ou de sua residência, o
lugar do fato em que se baseou a demanda ou o domicílio do agressor para processá-lo no
âmbito cível.
De outra parte, a regra de fixação de competência no âmbito criminal segue as regras do
Código de Processo Penal.
No tocante à competência para julgamento de crime doloso contra a vida praticado em
situação de violência doméstica, entendo que a fase do sumário da culpa deverá ocorrer na
Vara do Tribunal do Júri, e não no JECRIM, como alguns sustentavam.

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LEI DOS CRIMES HEDIONDOS – LEI N. 8.072/1990

O crime hediondo é aquele considerado repugnante, bárbaro, que causa asco na


sociedade.

O artigo 1º da Lei traz os crimes hediondos, que são assim considerados consumados
ou tentados.

No artigo 2º da Lei estão os crimes equiparados a hediondos:

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O Pacote Anticrime alterou o art. 112 da Lei de Execução Penal e de maneira expressa
determinou aos operadores do Direito que o crime de tráfico de drogas, quando privilegiado,
não deve ser considerado hediondo.

O Tráfico de Drogas na modalidade privilegiada está previsto no § 4º do artigo 33 da Lei


n. 11.343/2006 e é aquele em que o réu é primário e de bons antecedentes, não se dedica a
atividades criminosas e não pertence ao crime organizado.
Você deve ficar atento ao fato de que o privilégio na verdade é uma causa de redução de pena,
e não um delito que foi inserido no ordenamento jurídico pátrio com a edição da Lei n. 11.343/2006.

SEQUESTRO–RELÂMPAGO

O crime de “sequestro-relâmpago”, que é uma forma de extorsão com restrição de


liberdade, introduzido no Código Penal em 2009, está previsto no § 3º do artigo em estudo:

§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é neces-


sária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos,
além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159,
§§ 2º e 3º, respectivamente. (Incluído pela Lei n.11.923, de 2009)

Uma menção importante que eu devo fazer é em relação à previsão na Lei dos Crimes
Hediondos do delito de formação de quadrilha para a prática de crimes hediondos ou equi-
parados. Mesmo com a alteração da redação do art. 288 do CP, houve silenciamento em
relação ao crime previsto no art. 8º da Lei n. 8.072/1990.

Mesmo sendo antiga a redação do tipo, levando em conta as alterações legislativas, no


ano de 2019, o STJ publicou onze teses (não as confunda com Súmulas) sobre a Lei de
Drogas e, dentre elas, há uma que fala sobre a aplicação do art. 8º “supra”, no caso concreto,
por conta de conflito aparente de normas:

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EPIDEMIA COM RESULTADO MORTE

Entende-se por epidemia a propagação de germes patogênicos. Ressalta-se que basta


a morte de uma só pessoa para a configuração do crime. A transmissão dolosa do vírus HIV
não configura o crime ora em comento, mas sim crime de lesão corporal.

Cuidado: o crime de epidemia com resultado lesão grave não é hediondo.

FALSIFICAÇÃO, CORRUPÇÃO, ADULTERAÇÃO OU ALTERAÇÃO DE


PRODUTO DESTINADO A FINS TERAPÊUTICOS OU MEDICINAIS

O presente inciso foi inserido em 1998, após o escândalo nacional dos contraceptivos de
“farinha”, que foram colocados no mercado consumidor. Cumpre ressaltar que o estudo da
letra do art. 273 do Código Penal deve ser feito de maneira integral.

LIBERDADE PROVISÓRIA

É um dos temas importantes relacionados aos editais dos concursos das carreiras
policiais.

A liberdade provisória pode ser concedida ao indiciado ou ao réu preso cautelosamente,


para que ele responda ao inquérito ou ao processo provisoriamente em liberdade. É uma
garantia constitucional prevista no art. 5º, LXVI, da CF, assim redigido: “ninguém será levado
à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança”.
A Constituição Federal, o Código de Processo Penal e a Lei n. 8.072/1990 dizem expres-
samente que os crimes hediondos e equiparados são inafiançáveis, ou seja, que é vedada a
concessão de liberdade provisória com arbitramento de fiança para tais delitos.
A vedação à liberdade provisória, antes expressamente prevista na Lei n. 8.072/1990,
não impedia o relaxamento do flagrante quando:
a) ocorresse excesso de prazo da prisão durante o tramitar do processo crime;
b) não confirmada a situação flagrancial;
c) se reconhecida a nulidade na lavratura do auto de prisão.

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Quanto ao tema, devemos nos lembrar da Súmula 697/STF, que diz: “A proibição da
liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão
processual por excesso de prazo”.
A Lei n. 11.464/2007, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos, possibilitou a conces-
são de liberdade provisória sem arbitramento de fiança, no caso de cometimento de crimes
hediondos ou equiparados.
Nas provas de concurso, você deve ficar atento à expressão “liberdade provisória”,
que significa que o examinador quer testar os seus conhecimentos acerca da liberdade pro-
visória sem fixação de fiança.
Antigamente, existiam vozes que sustentavam, que mesmo com a alteração na Lei dos
Crimes Hediondos, a proibição de liberdade provisória decorreria da inafiançabilidade pre-
vista no art. 5º, XLIII, da CF, ou seja, entende‑se que, se a liberdade provisória com fiança
não é permitida, com mais razão não seria a liberdade provisória sem fiança. Nesse sentido,
vale citar o HC n. 93.229/SP, 1ª Turma, do STF e o HC n. 93.591/MS, 6ª Turma, do STJ.

PROGRESSÃO DE REGIME

Com o advento da Lei n. 11.464/2007, o art. 2º, § 1º, a progressão do regime passou a
ser expressamente admitida, sendo que o condenado deveria iniciar o cumprimento da pena
obrigatoriamente em regime fechado.
Assim, se o apenado for primário, a progressão ocorrerá após o cumprimento de 2/5 (dois
quintos) da pena; se reincidente, após o cumprimento de 3/5 (três quintos).
Em 2012, o Plenário do Supremo Tribunal Federal entendeu inconstitucional a obrigato-
riedade do início do cumprimento da pena em regime fechado, no caso de condenação por
crimes hediondos ou equiparados.
De agora em diante, você deverá memorizar que, com a edição do Pacote Anticrime, o
condenado por crime hediondo ou equiparado deverá cumprir 40% (quarenta por cento) da
pena, se for primário.
Cumprirá 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for primário e tiver sido con-
denado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com resultado morte, sendo vedado
o livramento condicional.
Também cumprirá 50% (cinquenta por cento) da pena o condenado por exercer o comando,
individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou
equiparado.
Cumprirá 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na prática de
crime hediondo ou equiparado.
Cumprirá 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em crime
hediondo ou equiparado com resultado morte, sendo vedado o livramento condicional.

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ATENÇÃO! O Pacote Anticrime revogou o dispositivo que previa que, no caso de


condenação por crime hediondo ou equiparado, o condenado deveria cumprir 2/5 da
pena, se primário, e 3/5, se reincidente.

PRAZO DA PRISÃO TEMPORÁRIA

O prazo da prisão temporária não está contido dentro do prazo para a conclusão do
inquérito policial. Sendo o crime não hediondo, o prazo da prisão temporária é de cinco dias
prorrogáveis por igual período. Após o decurso do prazo de dez dias, a autoridade policial
ainda terá outros dez dias para o encerramento do inquérito, pois os prazos são independen-
tes e não são somados.

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LEI DO PRECONCEITO DE RAÇA E COR – LEI N. 7.716/1989

Discriminação ou preconceito
relacionado a raça

Discriminação ou preconceito
relacionado a cor

Crimes punidos na lei do Discriminação ou preconceito


preconceito: relacionado a etnia

Discriminação ou preconceito
relacionado à procedência nacional

Discriminação ou preconceito
relacionado a religião

DIFERENÇAS ENTRE RACISMO, DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO

O termo “racismo” geralmente expressa o conjunto de teorias e crenças que esta-


belecem uma hierarquia entre raças, entre etnias, ou ainda uma atitude de hosti-
RACISMO
lidade em relação a determinadas categorias de pessoas. Pode ser classificado
como fenômeno cultural, praticamente inseparável da história humana.9

É o conceito ou opinião formados antecipadamente, sem levar em


PRECONCEITO conta o fato que os conteste e, por extensão, suspeita, intolerância,
ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões etc.10

Ao contrário do preconceito, que é estático, consiste em uma ati-


DISCRIMINAÇÃO tude dinâmica de separação, apartação ou segregação, traduzindo
a manifestação fática ou a concretização do preconceito.11

9
ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação penal especial. 5 ed. rev. e atual. São Paulo. Saraiva. 2009.
10
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
11
BALTAZAR Júnior, José Paulo. Crimes Federais. Op. Cit.

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CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CRIMES DE PRECONCEITO

Inexiste a forma culposa, sendo os delitos admitidos na forma dolosa.


O sujeito passivo é a pessoa discriminada, como sujeito passivo imediato, e o Estado,
como mediato.
São crimes formais, pois independem da ocorrência de qualquer efetivo prejuízo para a
pessoa discriminada.
Ação penal: pública incondicionada, não sendo cabíveis as medidas despenalizadoras da
Lei n. 9.099/1995. É possível o acordo de não persecução penal previsto pelo Pacote Anticrime.

ACESSO OU PROMOÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO – ART. 3º

Há uma elementar do tipo: crime dirigido contra pessoa devidamente habilitada, não sendo
crime impedir, caso a pessoa não preencha os requisitos previstos para o exercício do cargo.

EMPREGO EM EMPRESA PRIVADA – ART. 4º

No § 2º, há uma forma especial: quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recruta-
mento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências.
Para essa forma do delito, não há previsão de pena privativa de liberdade, apenas multa
e prestação de serviços à comunidade. O tipo só ocorre na forma dolosa, porém com a fina-
lidade específica de discriminar o ofendido.

INGRESSO EM INSTITUIÇÃO DE ENSINO – ART. 6º

O parágrafo único traz uma causa de aumento de pena de 1/3 se o crime for praticado
contra menor de dezoito anos.

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ACESSO AO SERVIÇO PÚBLICO MILITAR – ART. 13

EFEITOS DA CONDENAÇÃO – ART. 16 E 18

TIPO GENÉRICO – ART. 20

Este talvez seja o tipo penal de maior relevância na lei. Seus aspectos importantes são:

DIFERENÇAS ENTRE INJÚRIA RACIAL E DISCRMINAÇÃO

No crime previsto no artigo 20 da Lei n.


No crime previsto no artigo 140, § 3º, do CP,
7.716/1989, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, a
injúria qualificada, a ofensa é direcionada a
ofensa é dirigida a um grupo de pessoas,
honra subjetiva do indivíduo, ofensa esta
sendo que a intenção do agente é discrimi-
que é agregada a raça, cor, etnia, religião ou
nar a vítima de modo a segregá-la de alguma
origem.
forma do convívio em sociedade.

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RACISMO CONTRA JUDEUS

Este tipo penal tutela, além de outros crimes, o racismo contra o povo judeu. Referente a
isso, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que compete à Justiça
Federal julgar a conduta delituosa de divulgar pelo Facebook mensagens de cunho discri-
minatório contra o povo judeu, por estar configurada potencial transnacionalidade do crime,
uma vez que o conteúdo racista veiculado na rede social é acessível no exterior.

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REFERÊNCIAS

ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Legislação penal especial. 5 ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2009.
BALTAZAR JÚNIOR, José Paulo. Crimes Federais. 11 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
CUNHA, Rogério Sanches. Leis penais especiais: comentadas. Coordenadores: Rogério
Sanches Cunha, Ronaldo Batista Pinto, Renner do Ó Souza. 3 ed. rev., atual. e ampl. Salva-
dor: Juspodivm, 2021.
LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 8 ed. rev., ampl. e
atual. Salvador: JusPodivm, 2021.

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RESUMO

Esta aula TOP 10 de Legislação Extravagante objetivou abordar algumas das dez leis
mais exigidas em concursos públicos, ressaltando seus principais pontos.
As leis apresentadas foram as seguintes:

1) Nova Lei do Abuso de Autoridade – Lei n. 13.869/2019


2) Lei de Drogas – Lei n. 11.343/2006
3) Lei das Execuções Penais – Lei n. 7.210/1984
4) Lei das Interceptações Telefônicas – Lei n. 9.296/1996
5) Lei dos Juizados Especiais Criminais – Lei n. 9.099/1995
6) Lei de Lavagem de Capitais – Lei n. 9.613/1998
7) Lei das Organizações Criminosas – Lei n. 12.850/2013
8) Lei da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Lei n. 11.340/2006
9) Lei dos Crimes Hediondos – Lei n. 8.072/1990
10) Lei do Preconceito de Raça e Cor – Lei n. 7.716/1989

A seguir, há cinquenta questões já aplicadas em concursos públicos acerca das leis estu-
dadas, para que você aprofunde seus conhecimentos.

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QUESTÕES DE CONCURSO

1. (2021/FAPEC/PC-MS/PERITO PAPILOSCOPISTA/COM ADAPTAÇÕES) Sobre a Lei


n. 13.869/2019 (Abuso de autoridade), analise as proposições a seguir.

I – Reputa-se agente público somente aquele que exerce de forma permanente, ainda
que por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
abrangidos pela Lei n. 13.869/2019.
II – As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se
podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas ques-
tões tenham sido decididas no juízo criminal.
III – Segundo a Lei n. 13.869/2019, é considerada crime a conduta de prestar informação
falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, com o fim de pre-
judicar interesse de investigado.
IV – Nos termos do art. 8º da Lei n. 13.869/2019, as penas restritivas de direitos substitu-
tivas das privativas de liberdade podem ser aplicadas apenas de forma autônoma a
outras penas previstas no mesmo diploma legal.

Assinale a alternativa correta.


a. Apenas II e IV estão corretas.
b. Apenas I e II estão corretas.
c. Apenas II e III estão corretas.
d. Apenas III e IV estão corretas.
e. Apenas IV e I estão corretas.

2. (2021/CEBRASPE/PC-SE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca dos crimes de abuso de


autoridade, julgue o item a seguir.
A perda do cargo em razão de condenação por crime de abuso de autoridade é de efeito
automático, procedendo-se o afastamento do servidor público a partir do recebimento
da denúncia.

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3. (2021/FCC/DPE-SC/DEFENSOR PÚBLICO/COM ADAPTAÇÕES) De acordo com a Lei


de Abuso de Autoridade (Lei n. 13.869/2019), é crime deixar de
a. comunicar, no prazo de 24 horas, a execução de prisão temporária ou preventiva à
autoridade judiciária que a decretou.
b. substituir, em prazo razoável, a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível.
c. comunicar, em prazo razoável, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tra à sua família ou à pessoa por ela indicada.
d. identificar-se ou identificar-se falsamente ao investigado ou acusado em qualquer
fase do inquérito policial ou da ação penal.
e. comunicar a prisão em flagrante à autoridade policial no prazo legal em qual-
quer hipótese.

4. (2021/FGV/TJ-RO/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Constitui delito de abuso de autoridade


cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar:
a. fora do período de luminosidade solar.
b. após as 18h ou antes das 6h.
c. após as 20h ou antes das 8h.
d. após as 21h ou antes das 5h.
e. fora do horário de expediente forense.

5. (2021/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Com


relação aos crimes previstos em legislação especial, julgue o item a seguir.
A antecipação, por delegado da Polícia Federal, por meio de rede social, da atribuição
de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação, caracteriza cri-
me previsto na Lei de Abuso de Autoridade.

6. (2021/CEBRASPE/MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO –


PROVA 1) Considerando a legislação especial, julgue o item a seguir.
Agente denunciado por tráfico de drogas que confesse o porte da substância para con-
sumo próprio, caso venha a ser condenado pela conduta imputada, não terá a seu favor
o benefício da atenuante da confissão.

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7. (2019/FEPESE/SAP-SC/AGENTE PENITENCIÁRIO/COM ADAPTAÇÕES) Analise as


afirmativas a seguir de acordo com a Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, que ins-
titui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, com as suas alterações
posteriores.

1) Compete à União elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria


com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade.
2) Compete à União, em parceria com estados, Distrito Federal, municípios e a socie-
dade, formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas.
3) Compete exclusivamente à União financiar a execução das políticas sobre drogas,
observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad.
4) Compete à União, com estados, Distrito Federal e municípios, coordenar o Sisnad.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


a. É correta apenas a afirmativa 1.
b. São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
c. São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
d. São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e. São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

8. (2021/NC-UFPR/PC-PR/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES) Sobre os


tipos penais previstos na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), e considerando a interpre-
tação que lhes é dada pelo STJ, assinale a alternativa correta.
a. A comprovação da materialidade do delito de posse de drogas para uso próprio não
depende da elaboração de laudo de constatação da substância entorpecente que evi-
dencie a natureza e a quantidade da substância apreendida.
b. Para a configuração do crime de associação para o tráfico de drogas é indispensável
que haja a apreensão de drogas na posse direta do agente.
c. A conduta de posse de droga para consumo próprio foi descriminalizada pela referida
lei, tendo havido, portanto, abolitio criminis.
d. O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada não é crime equiparado a hediondo.
e. Prescrevem em 4 anos a imposição e a execução das penas referentes à conduta de
posse de droga para consumo próprio.

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9. (2019/INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA)


Para a configuração do crime de oferecimento de droga para consumo conjunto, tipifi-
cado no art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prática da conduta mediante
o dolo “específico”.

10. (2018/FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre a remição na execução penal, é


correto afirmar que
a. prescinde de reconhecimento por decisão judicial, uma vez que a simples comprova-
ção documental já garante o desconto de pena.
b. o preso que ficar impossibilitado de estudar em razão de acidente fica com a remição
suspensa, mas garante retorno à atividade em caso de recuperação pessoal.
c. em caso de falta grave o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, recomeçando
a contagem a partir do cumprimento da sanção disciplinar.
d. o preso provisório pode remir a pena pelo trabalho e pelo estudo e terá os dias des-
contados em caso de posterior condenação.
e. pode reduzir a pena restritiva de direitos computando-se os dias de prestação de ser-
viço à comunidade igualmente como forma de remir a pena.

11. (2018/FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Conforme a Lei de Execução Penal, o tra-


balho do preso
a. sujeita-se aos ditames da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
b. em entidade privada depende de seu consentimento expresso.
c. deve ser remunerado quando consistir em tarefas executadas como prestação de
serviço à comunidade, sob pena de configurar trabalho escravo.
d. provisório pode ser interno e externo em razão do princípio da presunção de inocên-
cia a que se submete.
e. deve ser remunerado mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a um salá-
rio-mínimo.

12. (2021/CEBRASPE/SERIS-AL/AGENTE PENITENCIÁRIO) À luz das disposições da Lei


de Execução Penal e da Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Pri-
vação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional, julgue o item seguinte.
Os estabelecimentos prisionais destinados a mulheres terão exclusivamente agentes
do sexo feminino na segurança de suas dependências internas e externas.

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13. (2021/INSTITUTO CONSULPLAN/TJ-MS/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE


REGISTROS – REMOÇÃO/COM ADAPTAÇÕES) De acordo com as regras da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) sobre o trabalho do condenado, assinale a alter-
nativa correta.
a. O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender ao ressarcimento ao Estado
das despesas realizadas com a manutenção do condenado.
b. O produto da remuneração pelo trabalho terá como prioridade a indenização dos
danos causados pelo condenado ao ofendido, independentemente de determinação
judicial específica.
c. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade pelo condenado, no
curso da execução, serão remuneradas, e o produto da remuneração revertido para
o Fundo Previdenciário Especial destinado ao custeio do auxílio-reclusão.
d. O produto da remuneração pelo trabalho será depositado integralmente para consti-
tuição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue à família do conde-
nado, se este possuir descendentes menores, quando posto em liberdade.

14. (2021/FCC/DPE-RR/DEFENSOR PÚBLICO) São direitos do preso expressamente pre-


vistos na Lei de Execução Penal
a. Previdência Social e visita íntima homoafetiva.
b. banho de sol de pelo menos 6 horas e constituição de pecúlio.
c. chamamento numérico e igualdade de tratamento.
d. obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva se relacionar.
e. proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e alimentação suficiente.

15. (2020/CEBRASPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA – CURSO DE INSTRUÇÃO) Acerca


dos meios de provas, suas espécies, classificação e valoração, julgue o item a seguir.
Interceptação telefônica produzida regularmente no curso de inquérito policial constitui
meio de prova nominada, voltada ao convencimento da autoridade judiciária sobre de-
terminado fato.

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16. (2012/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL) No item a seguir, é apresentada uma situação


hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no direito penal.
O presidente de uma comissão parlamentar mista de inquérito, após as devidas formali-
dades, ordenou, de forma sigilosa e reservada, a interceptação telefônica e a quebra do
sigilo de dados telefônicos de testemunha que se reservara o direito de permanecer ca-
lada perante a comissão. Nessa situação, a primeira medida é ilegal, visto que a inter-
ceptação telefônica se restringe à chamada reserva jurisdicional, sendo permitida, por
outro lado, a quebra do sigilo de dados telefônicos da testemunha, medida que não se
submete ao mesmo rigor da primeira, consoante entendimento da doutrina majoritária.

17. (2017/CEBRASPE/SJDH-PE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ITEM A)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas como
meio de prova em investigação criminal deve ser admitida em inquéritos instaurados
para a apuração de crimes punidos com pena de detenção ou reclusão.

18. (2017/CEBRASPE/SJDH-PE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ITEM B)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas como
meio de prova em investigação criminal deve ser deferida de ofício por autoridade poli-
cial, independentemente de autorização judicial.

19. (2017/CEBRASPE/SJDH-PE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ITEM C)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas como
meio de prova em investigação criminal deve ser deferida por autoridade judicial e con-
duzida por autoridade policial, que deverá dar ciência ao Ministério Público, para que
este acompanhe as diligências.

20. (2017/ TJ-MS/TJ-MSCOMARCA DE BELA VISTA – JUIZ LEIGO) Com relação à Lei n.
9.099/1995, assinale a afirmação INCORRETA.
a. A Lei abrange os delitos de menor potencial ofensivo e todas as contravenções penais.
b. O processo perante o juizado especial criminal tem como objetivo, sempre que pos-
sível, a conciliação entre o autor do fato e a vítima e, em não sendo isto possível, a
transação penal.
c. Os crimes cujos processos deverão ser regidos pela Lei são aqueles cujas penas
máximas não ultrapassem dois anos.
d. Quando houver composição dos danos civis entre as partes e o acordo for homolo-
gado, caberá recurso de apelação.
e. Na ação penal pública incondicionada, a suspensão condicional do processo poderá
ser proposta pelo Ministério Público.

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21. (2017/TJ-MS/COMARCA DE BELA VISTA – JUIZ LEIGO) Acerca da transação penal no


juizado especial, assinale a opção correta.
a. O descumprimento de transação penal homologada não impede a extinção da puni-
bilidade pela prescrição da pretensão punitiva.
b. Haverá óbice à proposta de transação de pena restritiva de direitos quando o tipo em
abstrato só comportar pena de multa.
c. A proposta de transação penal pelo MP exige o comparecimento da vítima à audiên-
cia preliminar.
d. A proposta de transação penal por carta precatória fere o princípio da oralidade.
e. N.R.A

22. (2017/TJ-MS/COMARCA DE BELA VISTA – JUIZ LEIGO) No juizado especial criminal,


a suspensão do processo
a. proposta antes da resposta do acusado acarreta a nulidade do processo.
b. poderá ocorrer no caso de infração cometida em concurso formal e material, se a
pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano.
c. é incabível em caso de procedência parcial da pretensão punitiva.
d. aplica-se aos delitos sem violência física sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
e. N.R.A

23. (2018/TJ-MS/COMARCA DE BONITO – JUIZ LEIGO/COM ADAPTAÇÕES) Acerca dos


Juizados Especiais Criminais, assinale a opção correta.
a. O não oferecimento da representação na audiência preliminar implica em decadência
do direito.
b. Constatado o descumprimento de condição imposta durante o período de prova do
sursis processual, pode haver a revogação do benefício, desde que a decisão venha
a ser proferida antes do término do período de prova.
c. Há, na Lei n. 9.099/1995, previsão para que a autoridade judicial imponha a prestação
de serviço comunitário como condição para a suspensão condicional do processo.
d. Aceita a proposta de suspensão condicional do processo pelo acusado e seu defen-
sor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, deverá suspender o processo,
submetendo o acusado a período de prova.

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24. (2021/CEBRASPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA DA CARREIRA DE POLÍCIA CIVIL


DO DISTRITO FEDERAL) No que se refere ao autor do fato criminoso e ao processo
penal brasileiro, julgue o próximo item.
Na citação do acusado de crime de menor potencial ofensivo deverá constar a neces-
sidade de comparecimento do acusado acompanhado de advogado; a ausência deste
caracterizará confissão ficta.

25. (2020/IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/COM ADAPTAÇÕES) Considere o posi-


cionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às disposições do Código
Penal e demais leis extravagantes e julgue a assertiva:
Não configura o crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei n. 9.613/1998) a conduta
do agente que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele,
em voo doméstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e
dentro das meias, tampouco o fato de, após ter sido descoberto, dissimular (“mentir”) a
natureza, a origem e a propriedade dos valores.

26. (2019/VUNESP/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO – ALTERNATIVA C/COM ADAPTA-


ÇÕES) O crime de lavagem de dinheiro, do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, em sua atual
redação legal, admite redução de pena para partícipe que colaborar espontaneamente
com as autoridades, mas não goza da mesma benesse o autor do crime.

27. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo com o que dispõe a Lei n.


9.613/1998, a multa pecuniária aplicável às pessoas referidas no seu art. 9º, bem como
aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações pre-
vistas nos arts. 10 e 11 da mesma Lei, não poderá ser superior
a. ao valor da operação.
b. ao lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação.
c. ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
d. ao triplo do valor da operação.
e. a cinco vezes o valor do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela
realização da operação.

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28. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) Um dos efeitos previstos na Lei n.


9.613/1998, para a condenação por crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos
e valores, é a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e
de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídi-
cas referidas no art. 9º. Assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, o prazo
máximo para essa interdição.
a. 5 (cinco) anos.
b. O triplo do prazo da pena privativa de liberdade.
c. A metade do prazo da pena privativa de liberdade.
d. 2 (dois) anos.
e. O dobro do prazo da pena privativa de liberdade.

29. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo com as disposições con-


tidas na Lei n. 9.613/1998, a pena base para os crimes de “lavagem” ou ocultação de
bens, direitos e valores é de
a. reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
b. reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.
c. detenção, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
d. reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, ou multa
e. detenção, de 3 (três) a 10 (dez) anos, ou multa.

30. (2018/FUNDATEC/PC-RS/ESCRIVÃO E DE INSPETOR DE POLÍCIA – TARDE)


Durante investigação criminal que envolvia uma organização criminosa, houve a neces-
sidade de ser decretado o seu sigilo, sob a justificativa de garantir a celeridade das dili-
gências investigatórias. Diante disso, é correto afirmar que:
a. O sigilo somente poderá ser decretado por ordem da autoridade policial presidente
daquela investigação criminal, em consonância com regra similar presente no Código
de Processo Penal.
b. A justificativa apresentada pela autoridade policial não encontra amparo na legisla-
ção brasileira, em razão de o Código de Processo Penal somente fazer referência ao
sigilo para permitir a elucidação do fato ou por exigência do interesse da sociedade.
c. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente,
para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias.
d. O sigilo da investigação poderá ser decretado pelo Ministério Público com atribuição para
o caso em concreto, em razão de esse sujeito da persecução penal possuir, dentre suas
funções constitucionais, o dever de exercício do controle externo da atividade policial.

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e. Decretado o sigilo da investigação criminal, atingirá terceiros alheios a ela, bem como
a figura do defensor do investigado, permitindo-lhe o acesso somente após a expe-
dição do relatório final por parte da autoridade policial, mas antes de sua remessa ao
Poder Judiciário.

31. (2018/CEBRASPE/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Constitui requisito para a


tipificação do crime de organização criminosa
a. a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a cinco anos.
b. a atuação de estrutura organizacional voltada à obtenção de vantagem exclusiva-
mente econômica.
c. a divisão de tarefas entre o grupo, mesmo que informalmente.
d. a prática de crimes antecedentes exclusivamente transnacionais.
e. a estruturação formal de grupo constituído por três ou mais pessoas.

32. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/COM


ADAPTAÇÕES) Abel é investigador da Polícia Federal, sendo integrante de equipe que
trabalha em inquérito sobre organizações criminosas. Como orientação da chefia do
setor especializado, busca utilizar todas as autorizações legais para produzir provas.
Nos termos da Lei n. 12.850/2013, um dos meios de obtenção de prova consiste em:
a. investigação social.
b. decisão judicial prévia.
c. colaboração premiada.
d. ato de execução.

33. (2019/NC-UFPR/ITAIPU BINACIONAL/PROFISSIONAL DE NÍVEL DE SUPORTE I –


AGENTE DE SEGURANÇA) João, Mário, Nicolau e José praticam, em conjunto, uma
série de crimes. Para que essa empreitada criminosa possa ser considerada “organiza-
ção criminosa”, é necessário que:
a. exista divisão de tarefas, ainda que de maneira informal.
b. ao menos um dos crimes tenha sido praticado contra a Administração Pública.
c. ao menos um dos criminosos seja funcionário público.
d. exista participação de funcionário de instituição financeira.
e. ao menos mais um criminoso integre o grupo.

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34. (2019/IDIB/PREFEITURA DE PETROLINA-PE/GUARDA CIVIL) De acordo com a Lei n.


12.850/2013, considera-se Organização Criminosa:
a. A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracteri-
zada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de
caráter transnacional.
b. A associação de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indi-
retamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
c. A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracteri-
zada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam de cará-
ter transnacional.
d. A associação de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indi-
retamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
e. A associação de pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, van-
tagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas
máximas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

35. (2021/CEBRASPE/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – PROVA 2) Acerca


do enfrentamento ao preconceito e da promoção da igualdade, julgue o próximo item.
O ressarcimento de custos pelo agressor, conforme previsto na Lei Maria da Penha,
não pode resultar em ônus ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes.

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36. (2021/NC-UFPR/PC-PR/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre Lei n. 11.340/2006, a qual


cria os mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, assi-
nale a alternativa correta.
a. O crime de lesão corporal leve, praticado contra a mulher no âmbito das relações
domésticas e familiares, deve ser processado mediante ação penal pública condicio-
nada à representação.
b. Presentes os requisitos, é possível a realização de transação penal nos crimes que
envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher.
c. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância nos delitos praticados
com violência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas e familiares
contra a mulher.
d. O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria da Penha é apenas a
mulher, e o sujeito ativo é apenas o homem.
e. O descumprimento de medida protetiva de urgência configura o crime de desobediên-
cia em face da inexistência de outras sanções previstas no ordenamento jurídico para
a hipótese.

37. (2021/PM-MT/SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR) A respeito da previsão legal descrita


a seguir, responda à questão.
A Lei n. 11.340/2016 e alterações, conhecida como Lei Maria da Penha, ao dispor sobre
medida protetiva de urgência, prescreve:
“Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agres-
sor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:”
Na hipótese relatada na questão anterior, o juiz será comunicado no prazo máximo de
a. 72 (setenta e duas) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomi-
tantemente.
b. 48 (quarenta e oito) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomi-
tantemente.
c. 5 (cinco) dias e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
d. 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revoga-
ção da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
e. 10 (dez) dias e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.

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38. (2021/QUADRIX/CRESS-PB/AGENTE FISCAL) A respeito da Lei Maria da Penha,


julgue o item.
Para agilizar o processo, a ofendida poderá entregar a intimação ao agressor.

39. (2020/CEBRASPE/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Com


base nas disposições da Lei Maria da Penha, é correto afirmar que
a. os juizados de violência doméstica e familiar não têm competência para julgar ação
de dissolução de união estável.
b. os juizados de violência doméstica e familiar não têm competência para processar
pretensão relacionada à partilha de bens.
c. o juizado do domicílio ou da residência da ofendida tem competência absoluta para
os processos cíveis regidos pela lei em questão.
d. a ofendida, havendo concordância, poderá entregar intimação ao agressor, no intuito
de promover maior celeridade ao ato.
e. a competência da ação de divórcio deve ser declinada para o juízo competente em
caso de violência doméstica e familiar ocorrida após o ajuizamento dessa ação.

40. (2020/CEBRASPE/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL) Mário, após ingerir bebida alco-


ólica em uma festa, agrediu um casal de namorados, o que resultou na morte do rapaz,
devido à gravidade das lesões. A moça sofreu lesões leves.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar homicídio simples doloso,
a conduta de Mário não será classificada como crime hediondo.

41. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL)


Geromel é Delegado da Polícia Civil do Estado JJ e recebe da polícia repressiva dois
indivíduos acusados por crime considerado hediondo, os quais recolhe para as instala-
ções carcerárias. Posteriormente, recebe requerimento de advogado constituído para
relaxar a prisão dos acusados. Nos termos da Lei n. 8.072/1990, não é possível arbitrar
para os crimes nela tipificados:
a. caução.
b. seguro.
c. fiança.
d. garantia.

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42. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/COM


ADAPTAÇÕES) Daniel é Delegado da Polícia Civil e encabeça investigação sobre múl-
tiplos assassinatos ocorridos na periferia do município HO. Como fruto dessas inves-
tigações, descobre que o autor de três crimes é VR, alcunha “Caolho”, pertencente a
grupo de extermínio que atua em alguns bairros do município. Nos termos da Lei n.
8.072/1990, pode ser afirmado que:
a. os homicídios praticados são caracterizados como crimes hediondos.
b. os homicídios praticados pela ausência de qualificação não são hediondos.
c. os homicídios praticados não são hediondos, pois praticados por um agente.
d. os homicídios praticados são hediondos por serem praticados em comunida-
des pobres.

43. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL)


Camila é investigadora da Polícia Civil, sendo ferida gravemente em confronto com
grupo de pessoas portando armas de grosso calibre. Nos termos da Lei n. 8.072/1990,
é considerado crime hediondo o praticado dolosamente contra agente de segurança
que resulte em:
a. lesão corporal de natureza leve.
b. lesão corporal de natureza média.
c. lesão corporal de natureza gravíssima.
d. lesão corporal de natureza grave.

44. (2021/NC-UFPR/PC-PR/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/PAPILOSCOPISTA) Conforme


o disposto na Lei n. 8.072/1990, assinale a alternativa que reúne apenas crimes consi-
derados hediondos.
a. Epidemia com resultado morte, homicídio qualificado por motivo torpe e estupro.
b. Homicídio culposo, estupro de vulnerável e furto qualificado pelo emprego de
explosivo.
c. Roubo qualificado pelo resultado morte, peculato e feminicídio.
d. Homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, extorsão mediante
sequestro e aborto.
e. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável, infanticídio e genocídio.

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45. (2018/VUNESP/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A Lei n. 7.716/1989, que define os


crimes resultantes do preconceito de raça e cor, alterada pela Lei n. 9.459/1997 prevê
a. como crime a conduta de negar ou obstar emprego em empresa privada, em razão de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
b. como causa de aumento de pena se quaisquer dos crimes nela definidos forem prati-
cados por intermédio de meios de comunicação social.
c. que os crimes nela definidos podem ser praticados na modalidade culposa.
d. como efeito automático da condenação a suspensão do funcionamento do estabe-
lecimento particular, onde se praticaram quaisquer dos crimes nela definidos, pelo
prazo máximo de 3 (três) meses.
e. a todos os crimes nela definidos a pena de prestação de serviços à comunidade con-
sistente em promover atividades de promoção da igualdade racial.

46. (2018/CS-UFG/PREFEITURA DE JATAÍ-GO/GUARDA CIVIL) Segundo a Lei n.


7.716/1989, é crime resultante de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, reli-
gião ou procedência nacional, impedir
a. a ascensão funcional de servidores públicos estatutários, excluindo-se os prestado-
res de serviço em regime celetista.
b. a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional,
excluídos os cargos da administração pública indireta.
c. o acesso de pessoa habilitada, a qualquer cargo da administração pública, bem como
das concessionárias de serviços públicos.
d. o acesso de pessoa devidamente habilitada a cargo da administração direta, o que
não se aplica aos entes privados em regime de concessão de serviços públicos.

47. (2018/FCC/SEC-BA/PROFESSOR PADRÃO/COM ADAPTAÇÕES) A Lei Federal n.


7.716/1989 define os crimes resultantes do preconceito de raça ou de cor no território
nacional. No conjunto dos crimes tipificados, um deles diz respeito às interações de indi-
víduos negros ou pretos, homens e mulheres, com a educação escolar e quando houver
a. processos recorrentes de reprovação e retenção de aluno em cursos sequenciais e
presenciais de educação escolar – básica ou superior.
b. o impedimento ou recusa da matrícula de aluno em estabelecimentos oficiais de edu-
cação básica.
c. a recusa, a negação ou tolhimento da inscrição de aluno em estabelecimento de
ensino público ou privado de qualquer grau.
d. a recusa do estabelecimento público ou privado de ensino em disponibilizar docu-
mento comprobatório do rendimento escolar e de percentuais de frequência do aluno.
e. a denegação de certificado de conclusão ou diploma de níveis ou etapas de educa-
ção básica ou superior em estabelecimentos públicos de ensino.

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48. (2018/AOCP/UEFS/TÉCNICO UNIVERSITÁRIO – ADMINISTRATIVA) De acordo com


a Lei n. 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor,
aquele que incitar o preconceito de raça por intermédio dos meios de comunicação
social está sujeito à pena de
a. reclusão de dois a cinco anos e multa.
b. trabalho voluntário e restrições de finais de semana.
c. reclusão de um a três anos.
d. detenção de seis meses a 1 ano e multa.
e. somente multa.

49. (2018/AOCP/UEFS/ANALISTA UNIVERSITÁRIO) Constituem crimes resultantes de dis-


criminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, EXCETO
a. impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
b. negar ou obstar emprego em empresa privada.
c. recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender
ou receber cliente ou comprador.
d. impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer
estabelecimento similar.
e. injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, utilizando-se de elementos
referentes à raça, cor, etnia, religião e origem.

50. Não será submetido a identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido
desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no esta-
belecimento prisional, o condenado por crime doloso
a. cometido com violência grave contra a pessoa.
b. praticado contra a vida.
c. praticado contra a liberdade sexual.
d. sexual contra vulnerável.
e. cometido contra a Administração Pública.

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GABARITO

1. C 11. B 21. A 31. C 41. C


2. E 12. E 22. B 32. C 42. A
3. B 13. A 23. C 33. A 43. C
4. D 14. E 24. E 34. A 44. A
5. C 15. E 25. C 35. C 45. A
6. C 16. C 26. E 36. C 46. C
7. A 17. E 27. C 37. D 47. C
8. D 18. E 28. E 38. E 48. A
9. C 19. C 29. B 39. B 49. E
10. D 20. D 30. C 40. C 50. E

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QUESTÕES DE CONCURSO

1. (2021/FAPEC/PC-MS/PERITO PAPILOSCOPISTA/COM ADAPTAÇÕES) Sobre a Lei


n. 13.869/2019 (Abuso de autoridade), analise as proposições a seguir.

I – Reputa-se agente público somente aquele que exerce de forma permanente, ainda
que por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
abrangidos pela Lei n. 13.869/2019.
II – As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se
podendo mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas ques-
tões tenham sido decididas no juízo criminal.
III – Segundo a Lei n. 13.869/2019, é considerada crime a conduta de prestar informação
falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo, com o fim de pre-
judicar interesse de investigado.
IV – Nos termos do art. 8º da Lei n. 13.869/2019, as penas restritivas de direitos substitu-
tivas das privativas de liberdade podem ser aplicadas apenas de forma autônoma a
outras penas previstas no mesmo diploma legal.

Assinale a alternativa correta.


a. Apenas II e IV estão corretas.
b. Apenas I e II estão corretas.
c. Apenas II e III estão corretas.
d. Apenas III e IV estão corretas.
e. Apenas IV e I estão corretas.

Letra c.
A alternativa I está errada, conforme artigo 2º, parágrafo único, da Lei de Abuso de
Autoridade:

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não,
da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:
[...]
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce,
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação
ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão
ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

A alternativa II está correta, conforme o artigo 7º da Lei de Abuso de Autoridade:

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Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo


mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido deci-
didas no juízo criminal.

A alternativa III está correta, conforme o artigo 29 da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com
o fim de prejudicar interesse de investigado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

A alternativa IV está errada, conforme o artigo 7º da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo


mais questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido deci-
didas no juízo criminal.

2. (2021/CEBRASPE/PC-SE/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) Acerca dos crimes de abuso de


autoridade, julgue o item a seguir.
A perda do cargo em razão de condenação por crime de abuso de autoridade é de efeito
automático, procedendo-se o afastamento do servidor público a partir do recebimento
da denúncia.

Errado.
Conforme o artigo 4º da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 4º São efeitos da condenação:


I – tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II – a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a
5 (cinco) anos;
III – a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados
à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

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3. (2021/FCC/DPE-SC/DEFENSOR PÚBLICO/COM ADAPTAÇÕES) De acordo com a Lei


de Abuso de Autoridade (Lei n. 13.869/2019), é crime deixar de
a. comunicar, no prazo de 24 horas, a execução de prisão temporária ou preventiva à
autoridade judiciária que a decretou.
b. substituir, em prazo razoável, a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível.
c. comunicar, em prazo razoável, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encon-
tra à sua família ou à pessoa por ela indicada.
d. identificar-se ou identificar-se falsamente ao investigado ou acusado em qualquer
fase do inquérito policial ou da ação penal.
e. comunicar a prisão em flagrante à autoridade policial no prazo legal em qual-
quer hipótese.

Letra b.
Conforme o artigo 9º, parágrafo único, inciso II, da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóte-


ses legais: (Promulgação partes vetadas)
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
deixar de:
I – relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II – substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória,
quando manifestamente cabível;
III – deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.

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4. (2021/FGV/TJ-RO/TÉCNICO JUDICIÁRIO) Constitui delito de abuso de autoridade


cumprir mandado de busca e apreensão domiciliar:
a. fora do período de luminosidade solar.
b. após as 18h ou antes das 6h.
c. após as 20h ou antes das 8h.
d. após as 21h ou antes das 5h.
e. fora do horário de expediente forense.

Letra d.
Conforme o artigo 22, inciso III, da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,


imóvel alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determina-
ção judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: [...]
III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).

5. (2021/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL/DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL) Com


relação aos crimes previstos em legislação especial, julgue o item a seguir.
A antecipação, por delegado da Polícia Federal, por meio de rede social, da atribuição
de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação, caracteriza cri-
me previsto na Lei de Abuso de Autoridade.

Certo.
Conforme o artigo 38 da Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede
social, atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: (Promul-
gação partes vetadas)
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

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6. (2021/CEBRASPE/MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO –


PROVA 1) Considerando a legislação especial, julgue o item a seguir.
Agente denunciado por tráfico de drogas que confesse o porte da substância para con-
sumo próprio, caso venha a ser condenado pela conduta imputada, não terá a seu favor
o benefício da atenuante da confissão.

Certo.
Conforme Súmula do STJ:
Súmula 630-STJ. A incidência da atenuante da confissão espontânea no crime de tráfico
ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando
a mera admissão da posse ou propriedade para uso próprio.

7. (2019/FEPESE/SAP-SC/AGENTE PENITENCIÁRIO/COM ADAPTAÇÕES) Analise as


afirmativas a seguir de acordo com a Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006, que ins-
titui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, com as suas alterações
posteriores.

1) Compete à União elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria


com Estados, Distrito Federal, Municípios e a sociedade.
2) Compete à União, em parceria com estados, Distrito Federal, municípios e a socie-
dade, formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas.
3) Compete exclusivamente à União financiar a execução das políticas sobre drogas,
observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad.
4) Compete à União, com estados, Distrito Federal e municípios, coordenar o Sisnad.

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


a. É correta apenas a afirmativa 1.
b. São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
c. São corretas apenas as afirmativas 2 e 3.
d. São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
e. São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.

Letra a.
A alternativa 1 está correta, conforme o artigo 8º-A, inciso II, da Lei de Drogas:

Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019) [...]
II – elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre Drogas, em parceria com Estados, Distrito Fede-
ral, Municípios e a sociedade; (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019)

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A alternativa 2 está errada, pois formular e coordenar a execução da Política Nacional


sobre Drogas compete apenas à União, conforme o artigo 8º-A, inciso I, da Lei de Drogas:

Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019)


I – formular e coordenar a execução da Política Nacional sobre Drogas; (Incluído pela Lei n.
13.840, de 2019)

A alternativa 3 está errada, pois a competência não é exclusiva da União, conforme o artigo
8º-A, inciso IX, da lei de drogas:

Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019) [...]
IX – financiar, com Estados, Distrito Federal e Municípios, a execução das políticas sobre drogas,
observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad; (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019)

A alternativa 4 está errada, conforme o artigo 8º-A, inciso III da lei de drogas:

Art. 8º-A. Compete à União: (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019) [...]
III – coordenar o Sisnad; (Incluído pela Lei n. 13.840, de 2019)

8. (2021/NC-UFPR/PC-PR/DELEGADO DE POLÍCIA/COM ADAPTAÇÕES) Sobre os


tipos penais previstos na Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), e considerando a interpre-
tação que lhes é dada pelo STJ, assinale a alternativa correta.
a. A comprovação da materialidade do delito de posse de drogas para uso próprio não
depende da elaboração de laudo de constatação da substância entorpecente que evi-
dencie a natureza e a quantidade da substância apreendida.
b. Para a configuração do crime de associação para o tráfico de drogas é indispensável
que haja a apreensão de drogas na posse direta do agente.
c. A conduta de posse de droga para consumo próprio foi descriminalizada pela referida
lei, tendo havido, portanto, abolitio criminis.
d. O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada não é crime equiparado a hediondo.
e. Prescrevem em 4 anos a imposição e a execução das penas referentes à conduta de
posse de droga para consumo próprio.

Letra d.
A alternativa “a” está errada, conforme a Jurisprudência em Teses, Edição n. 131, item
12, do STJ:

9) A comprovação da materialidade do delito de posse de drogas para uso próprio (art. 28 da Lei
n. 11.343/2006) exige a elaboração de laudo de constatação da substância entorpecente que evi-
dencie a natureza e a quantidade da substância apreendida.

A alternativa “b” está errada, conforme a Jurisprudência em Teses do STJ, edição n.


131, item 27:

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Para a configuração do crime de associação para o tráfico de drogas, previsto no art. 35 da Lei n.
11.343/2006, é irrelevante apreensão de drogas na posse direta do agente.

A alternativa “c” está errada, conforme a Jurisprudência em Teses do STJ, Edição n.


131, item 6:

A conduta de porte de substância entorpecente para consumo próprio, prevista no art. 28 da Lei n.
11.343/2006, foi apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada, não
havendo, portanto, abolitio criminis.

A letra “d” está correta, conforme a Jurisprudência em Teses do STJ, edição n. 131, item 21:

21) O tráfico ilícito de drogas na sua forma privilegiada (art. 33, § 4º, da Lei n. 11.343/2006) não é
crime equiparado a hediondo. (Tese revisada sob o rito do art. 1.036 do CPC/2015 - TEMA 600)

A letra “e” está errada, conforme o artigo 30 da Lei de Drogas:

Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante
à interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código Penal.

9. (2019/INSTITUTO CONSULPLAN/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA – MATUTINA)


Para a configuração do crime de oferecimento de droga para consumo conjunto, tipifi-
cado no art. 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006, é necessária a prática da conduta mediante
o dolo “específico”.

Certo.
A conduta tipificada no artigo 33, § 3º, da Lei n. 11.343/2006 (“Oferecer droga, eventual-
mente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumi-
rem”), para que se configure, deve compreender não apenas a vontade de oferecer droga
de modo eventual à pessoa de seu relacionamento, mas também o especial fim de agir
(“dolo específico”) consubstanciado na ausência do objetivo de lucro e no consumo em
conjunto com a referida pessoa.

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10. (2018/FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Sobre a remição na execução penal, é


correto afirmar que
a. prescinde de reconhecimento por decisão judicial, uma vez que a simples comprova-
ção documental já garante o desconto de pena.
b. o preso que ficar impossibilitado de estudar em razão de acidente fica com a remição
suspensa, mas garante retorno à atividade em caso de recuperação pessoal.
c. em caso de falta grave o juiz poderá revogar até 1/3 do tempo remido, recomeçando
a contagem a partir do cumprimento da sanção disciplinar.
d. o preso provisório pode remir a pena pelo trabalho e pelo estudo e terá os dias des-
contados em caso de posterior condenação.
e. pode reduzir a pena restritiva de direitos computando-se os dias de prestação de ser-
viço à comunidade igualmente como forma de remir a pena.

Letra d.
a. Errada. A remição da pena compete ao Juiz da execução penal, conforme art. 66, III,
“c”, da LEP,
b. Errada. Pelo art. 126, § 4º, o preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no traba-
lho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição.
c. Errada. É verdade que, em caso de falta grave, o Juiz poderá revogar até 1/3 do tempo
remido, porém, a contagem recomeça a partir da data da infração disciplinar, e não da san-
ção cumprida.
d. Correta. Pelo art. 111 da LEP, podemos depreender que, quando sobrevier condenação,
deve-se observar tanto a detração como a remição.
e. Errada. A remição não se aplica às penas restritivas de direitos; pela LEP, a remição só
se aplica à execução das penas privativas de liberdade.

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11. (2018/FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO) Conforme a Lei de Execução Penal, o tra-


balho do preso
a. sujeita-se aos ditames da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
b. em entidade privada depende de seu consentimento expresso.
c. deve ser remunerado quando consistir em tarefas executadas como prestação de
serviço à comunidade, sob pena de configurar trabalho escravo.
d. provisório pode ser interno e externo em razão do princípio da presunção de inocên-
cia a que se submete.
e. deve ser remunerado mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a um salá-
rio-mínimo.

Letra b.
a. Errada. De acordo com o art. 28, § 2º, da LEP, o trabalho do preso não está sujeito ao
regime da CLT.
b. Correta. É o que dispõe o art. 36, § 3º, da LEP.
c. Errada. O trabalho deve ser remunerado, porém, quando consistir em prestação de ser-
viços à comunidade a remuneração estará proibida, conforme art. 30. Isso porque a pena
consiste justamente em prestar os serviços gratuitamente.
d. Errada. O preso provisório só pode exercer o trabalho interno, conforme art. 31, parágra-
fo único, da LEP.
e. Errada. De acordo com o art. 29, caput, da LEP, a remuneração não poderá ser inferior
a ¾ do salário mínimo.

12. (2021/CEBRASPE/SERIS-AL/AGENTE PENITENCIÁRIO) À luz das disposições da Lei


de Execução Penal e da Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Pri-
vação de Liberdade e Egressas do Sistema Prisional, julgue o item seguinte.
Os estabelecimentos prisionais destinados a mulheres terão exclusivamente agentes
do sexo feminino na segurança de suas dependências internas e externas.

Errado.
Conforme o artigo 85, § 3º, da LEP, é apenas nas dependências internas:

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar em suas dependências
com áreas e serviços destinados a dar assistência, educação, trabalho, recreação e prática espor-
tiva. [...]
§ 3º Os estabelecimentos de que trata o § 2º deste artigo deverão possuir, exclusivamente,
agentes do sexo feminino na segurança de suas dependências internas. (Incluído pela Lei n.
12.121, de 2009).

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13. (2021/INSTITUTO CONSULPLAN/TJ-MS/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE


REGISTROS – REMOÇÃO/COM ADAPTAÇÕES) De acordo com as regras da Lei n.
7.210/1984 (Lei de Execução Penal) sobre o trabalho do condenado, assinale a alter-
nativa correta.
a. O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender ao ressarcimento ao Estado
das despesas realizadas com a manutenção do condenado.
b. O produto da remuneração pelo trabalho terá como prioridade a indenização dos
danos causados pelo condenado ao ofendido, independentemente de determinação
judicial específica.
c. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade pelo condenado, no
curso da execução, serão remuneradas, e o produto da remuneração revertido para
o Fundo Previdenciário Especial destinado ao custeio do auxílio-reclusão.
d. O produto da remuneração pelo trabalho será depositado integralmente para consti-
tuição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue à família do conde-
nado, se este possuir descendentes menores, quando posto em liberdade.

Letra a.
Conforme o artigo 29, § 1º, d, da LEP:

Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a
3/4 (três quartos) do salário mínimo.
§ 1º O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender: [...]

d. ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado,


em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.

14. (2021/FCC/DPE-RR/DEFENSOR PÚBLICO) São direitos do preso expressamente pre-


vistos na Lei de Execução Penal
a. Previdência Social e visita íntima homoafetiva.
b. banho de sol de pelo menos 6 horas e constituição de pecúlio.
c. chamamento numérico e igualdade de tratamento.
d. obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva se relacionar.
e. proteção contra qualquer forma de sensacionalismo e alimentação suficiente.

Letra e.
Conforme o artigo 41 da LEP:

Art. 41 - Constituem direitos do preso:


I – alimentação suficiente e vestuário;
II – atribuição de trabalho e sua remuneração;
III – Previdência Social;
IV – constituição de pecúlio;

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V – proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;


VI – exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde
que compatíveis com a execução da pena;
VII – assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII – proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX – entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X – visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI – chamamento nominal;
XII – igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII – audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV – representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
XV – contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autorida-
de judiciária competente. (Incluído pela Lei n. 10.713, de 2003)
Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringi-
dos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento.

15. (2020/CEBRASPE/PC-SE/DELEGADO DE POLÍCIA – CURSO DE INSTRUÇÃO) Acerca


dos meios de provas, suas espécies, classificação e valoração, julgue o item a seguir.
Interceptação telefônica produzida regularmente no curso de inquérito policial constitui
meio de prova nominada, voltada ao convencimento da autoridade judiciária sobre de-
terminado fato.

Errado.
A interceptação telefônica não é meio de prova, e sim meio de obtenção de prova, tal qual
a busca e apreensão, por exemplo.

16. (2012/CEBRASPE/POLÍCIA FEDERAL) No item a seguir, é apresentada uma situação


hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada com base no direito penal.
O presidente de uma comissão parlamentar mista de inquérito, após as devidas formali-
dades, ordenou, de forma sigilosa e reservada, a interceptação telefônica e a quebra do
sigilo de dados telefônicos de testemunha que se reservara o direito de permanecer ca-
lada perante a comissão. Nessa situação, a primeira medida é ilegal, visto que a inter-
ceptação telefônica se restringe à chamada reserva jurisdicional, sendo permitida, por
outro lado, a quebra do sigilo de dados telefônicos da testemunha, medida que não se
submete ao mesmo rigor da primeira, consoante entendimento da doutrina majoritária.

Certo.
A CPI não pode determinar a interceptação telefônica, é matéria exclusiva do Poder Ju-
diciário, com reserva de jurisdição. Já a quebra de sigilo telefônico pode ser determina-
da pela CPI.

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17. (2017/CEBRASPE/SJDH-PE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ITEM A)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas como
meio de prova em investigação criminal deve ser admitida em inquéritos instaurados
para a apuração de crimes punidos com pena de detenção ou reclusão.

Errado.
O artigo 2º, III, da Lei n. 9.296/1996 veda interceptação para crimes apenados com detenção:

Art. 2º Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer
das seguintes hipóteses:
I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;
II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis;
III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser descrita com clareza a situação objeto da investi-
gação, inclusive com a indicação e qualificação dos investigados, salvo impossibilidade manifesta,
devidamente justificada.

18. (2017/CEBRASPE/SJDH-PE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ITEM B)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas como
meio de prova em investigação criminal deve ser deferida de ofício por autoridade poli-
cial, independentemente de autorização judicial.

Errado.
Conforme o artigo 1º da Lei n. 9.296/1996, depende de autorização judicial.

Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em inves-


tigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de
ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça.
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em
sistemas de informática e telemática.

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19. (2017/CEBRASPE/SJDH-PE/AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIA – ITEM C)


De acordo com a Lei n. 9.296/1996, a interceptação de comunicações telefônicas como
meio de prova em investigação criminal deve ser deferida por autoridade judicial e con-
duzida por autoridade policial, que deverá dar ciência ao Ministério Público, para que
este acompanhe as diligências.

Certo.
É o que prevê o artigo 6º da Lei n. 9.296/1996:

Art. 6º Deferido o pedido, a autoridade policial conduzirá os procedimentos de interceptação, dan-


do ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a sua realização.
§ 1º No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada, será determina-
da a sua transcrição.
§ 2º Cumprida a diligência, a autoridade policial encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,
acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter o resumo das operações realizadas.
§ 3º Recebidos esses elementos, o juiz determinará a providência do art. 8º, ciente o Ministé-
rio Público.

20. (2017/TJ-MS/TJ-MSCOMARCA DE BELA VISTA – JUIZ LEIGO) Com relação à Lei n.


9.099/1995, assinale a afirmação INCORRETA.
a. A Lei abrange os delitos de menor potencial ofensivo e todas as contravenções penais.
b. O processo perante o juizado especial criminal tem como objetivo, sempre que pos-
sível, a conciliação entre o autor do fato e a vítima e, em não sendo isto possível, a
transação penal.
c. Os crimes cujos processos deverão ser regidos pela Lei são aqueles cujas penas
máximas não ultrapassem dois anos.
d. Quando houver composição dos danos civis entre as partes e o acordo for homolo-
gado, caberá recurso de apelação.
e. Na ação penal pública incondicionada, a suspensão condicional do processo poderá
ser proposta pelo Ministério Público.

Letra d.
Conforme o artigo 74 da Lei n. 9.099/1995:

Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública con-
dicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação.

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21. (2017/TJ-MS/COMARCA DE BELA VISTA – JUIZ LEIGO) Acerca da transação penal no


juizado especial, assinale a opção correta.
a. O descumprimento de transação penal homologada não impede a extinção da puni-
bilidade pela prescrição da pretensão punitiva.
b. Haverá óbice à proposta de transação de pena restritiva de direitos quando o tipo em
abstrato só comportar pena de multa.
c. A proposta de transação penal pelo MP exige o comparecimento da vítima à audiên-
cia preliminar.
d. A proposta de transação penal por carta precatória fere o princípio da oralidade.
e. N.R.A

Letra a.
Conforme o Enunciado 44 do FONAJE: “No caso de transação penal homologada e não
cumprida, o decurso do prazo prescricional provoca a declaração de extinção de punibili-
dade pela prescrição da pretensão punitiva (nova redação – XXXVII – Florianópolis/SC)”.

22. (2017/TJ-MS/COMARCA DE BELA VISTA – JUIZ LEIGO) No juizado especial criminal,


a suspensão do processo
a. proposta antes da resposta do acusado acarreta a nulidade do processo.
b. poderá ocorrer no caso de infração cometida em concurso formal e material, se a
pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano.
c. é incabível em caso de procedência parcial da pretensão punitiva.
d. aplica-se aos delitos sem violência física sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha.
e. N.R.A

Letra b.
Conforme a Súmula 723 do STF: “Não se admite a suspensão condicional do processo
por crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento
mínimo de um sexto for superior a um ano”.

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23. (2018/TJ-MS/COMARCA DE BONITO – JUIZ LEIGO/COM ADAPTAÇÕES) Acerca dos


Juizados Especiais Criminais, assinale a opção correta.
a. O não oferecimento da representação na audiência preliminar implica em decadência
do direito.
b. Constatado o descumprimento de condição imposta durante o período de prova do
sursis processual, pode haver a revogação do benefício, desde que a decisão venha
a ser proferida antes do término do período de prova.
c. Há, na Lei n. 9.099/1995, previsão para que a autoridade judicial imponha a prestação
de serviço comunitário como condição para a suspensão condicional do processo.
d. Aceita a proposta de suspensão condicional do processo pelo acusado e seu defen-
sor, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, deverá suspender o processo,
submetendo o acusado a período de prova.

Letra c.
Conforme o artigo 89, § 1º, da Lei n. 9.099/1995:

Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
§ 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, recebendo a denún-
cia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período de prova, sob as seguintes
condições:
I – reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
II – proibição de frequentar determinados lugares;
III – proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz;
IV – comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
atividades.

24. (2021/CEBRASPE/PC-DF/AGENTE DE POLÍCIA DA CARREIRA DE POLÍCIA CIVIL


DO DISTRITO FEDERAL) No que se refere ao autor do fato criminoso e ao processo
penal brasileiro, julgue o próximo item.
Na citação do acusado de crime de menor potencial ofensivo deverá constar a neces-
sidade de comparecimento do acusado acompanhado de advogado; a ausência deste
caracterizará confissão ficta.

Errado.
Conforme o artigo 68 da Lei n. 9.099/1995:

Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do mandado de citação do acusado, constará a
necessidade de seu comparecimento acompanhado de advogado, com a advertência de que, na
sua falta, ser-lhe-á designado defensor público.

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25. (2020/IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/COM ADAPTAÇÕES) Considere o posi-


cionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às disposições do Código
Penal e demais leis extravagantes e julgue a assertiva:
Não configura o crime de lavagem de dinheiro (artigo 1º da Lei n. 9.613/1998) a conduta
do agente que recebe propina decorrente de corrupção passiva e tenta viajar com ele,
em voo doméstico, escondendo as notas de dinheiro nos bolsos do paletó, na cintura e
dentro das meias, tampouco o fato de, após ter sido descoberto, dissimular (“mentir”) a
natureza, a origem e a propriedade dos valores.

Certo.
O STF entendeu que não se configura o crime de lavagem de dinheiro na hipótese narra-
da. A decisão foi prolatada no Inquérito n. 3.515/SP, antes mencionado (Informativo 955).
Segundo a decisão, o crime de lavagem de dinheiro corresponde a uma conduta delituosa
adicional, distinta daquela que é própria do exaurimento da infração antecedente. Como a
assertiva está em conformidade com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, não é
a resposta a ser assinalada.

26. (2019/VUNESP/DAEM/PROCURADOR JURÍDICO – ALTERNATIVA C/COM ADAPTA-


ÇÕES) O crime de lavagem de dinheiro, do art. 1º da Lei n. 9.613/1998, em sua atual
redação legal, admite redução de pena para partícipe que colaborar espontaneamente
com as autoridades, mas não goza da mesma benesse o autor do crime.

Errado.
Está errada, conforme o artigo 1º, § 5º, da Lei n. 9.613/1998.

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou pro-


priedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
(Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012) [...]
§ 5º A pena poderá ser reduzida de um a dois terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaber-
to, facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a qualquer tempo, por pena restritiva de
direitos, se o autor, coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as autoridades, prestan-
do esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores,
coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. (Redação
dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

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27. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo com o que dispõe a Lei n.


9.613/1998, a multa pecuniária aplicável às pessoas referidas no seu art. 9º, bem como
aos administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as obrigações pre-
vistas nos arts. 10 e 11 da mesma Lei, não poderá ser superior
a. ao valor da operação.
b. ao lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação.
c. ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
d. ao triplo do valor da operação.
e. a cinco vezes o valor do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela
realização da operação.

Letra c.
Conforme o artigo 12, II, “c”, da Lei de Lavagem:

Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos administradores das pessoas jurídicas, que
deixem de cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão aplicadas, cumulativamente ou
não, pelas autoridades competentes, as seguintes sanções:
I – advertência;
II – multa pecuniária variável não superior: (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
a) ao dobro do valor da operação; (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da operação;
ou (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012)
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais); (Incluída pela Lei n. 12.683, de 2012) [...]

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28. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) Um dos efeitos previstos na Lei n.


9.613/1998, para a condenação por crimes de “lavagem” ou ocultação de bens, direitos
e valores, é a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e
de diretor, de membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídi-
cas referidas no art. 9º. Assinale a alternativa que apresenta, de forma correta, o prazo
máximo para essa interdição.
a. 5 (cinco) anos.
b. O triplo do prazo da pena privativa de liberdade.
c. A metade do prazo da pena privativa de liberdade.
d. 2 (dois) anos.
e. O dobro do prazo da pena privativa de liberdade.

Letra e.
Conforme o artigo 7º, II, da Lei de Lavagem:

Art. 7º São efeitos da condenação, além dos previstos no Código Penal:


I – a perda, em favor da União – e dos Estados, nos casos de competência da Justiça Estadual –,
de todos os bens, direitos e valores relacionados, direta ou indiretamente, à prática dos crimes pre-
vistos nesta Lei, inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança, ressalvado o direito do lesado
ou de terceiro de boa-fé; (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
II – a interdição do exercício de cargo ou função pública de qualquer natureza e de diretor, de
membro de conselho de administração ou de gerência das pessoas jurídicas referidas no art. 9º,
pelo dobro do tempo da pena privativa de liberdade aplicada. [...]

29. (2018/AOCP/SUSIPE-PA/AGENTE PRISIONAL) De acordo com as disposições con-


tidas na Lei n. 9.613/1998, a pena base para os crimes de “lavagem” ou ocultação de
bens, direitos e valores é de
a. reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
b. reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa.
c. detenção, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos, e multa.
d. reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, ou multa
e. detenção, de 3 (três) a 10 (dez) anos, ou multa.

Letra b.
Conforme o artigo 1º da Lei de Lavagem:

Art. 1º Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou pro-


priedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
(Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)
[...]
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e multa. (Redação dada pela Lei n. 12.683, de 2012)

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30. (2018/FUNDATEC/PC-RS/ESCRIVÃO E DE INSPETOR DE POLÍCIA – TARDE)


Durante investigação criminal que envolvia uma organização criminosa, houve a neces-
sidade de ser decretado o seu sigilo, sob a justificativa de garantir a celeridade das dili-
gências investigatórias. Diante disso, é correto afirmar que:
a. O sigilo somente poderá ser decretado por ordem da autoridade policial presidente
daquela investigação criminal, em consonância com regra similar presente no Código
de Processo Penal.
b. A justificativa apresentada pela autoridade policial não encontra amparo na legisla-
ção brasileira, em razão de o Código de Processo Penal somente fazer referência ao
sigilo para permitir a elucidação do fato ou por exigência do interesse da sociedade.
c. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente,
para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias.
d. O sigilo da investigação poderá ser decretado pelo Ministério Público com atribuição
para o caso em concreto, em razão de esse sujeito da persecução penal possuir,
dentre suas funções constitucionais, o dever de exercício do controle externo da ati-
vidade policial.
e. Decretado o sigilo da investigação criminal, atingirá terceiros alheios a ela, bem como
a figura do defensor do investigado, permitindo-lhe o acesso somente após a expe-
dição do relatório final por parte da autoridade policial, mas antes de sua remessa ao
Poder Judiciário.

Letra c.
Conforme o artigo 23 da Lei n. 12.850/2013:

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor,
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exer-
cício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referen-
tes às diligências em andamento.
Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a pré-
via vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que
antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.

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31. (2018/CEBRASPE/PC-MA/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Constitui requisito para a


tipificação do crime de organização criminosa
a. a prática de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a cinco anos.
b. a atuação de estrutura organizacional voltada à obtenção de vantagem exclusiva-
mente econômica.
c. a divisão de tarefas entre o grupo, mesmo que informalmente.
d. a prática de crimes antecedentes exclusivamente transnacionais.
e. a estruturação formal de grupo constituído por três ou mais pessoas.

Letra c.
Conforme o artigo 1º da Lei 12.850/2013:

Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-
mente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infra-
ções penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

32. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/COM


ADAPTAÇÕES) Abel é investigador da Polícia Federal, sendo integrante de equipe que
trabalha em inquérito sobre organizações criminosas. Como orientação da chefia do
setor especializado, busca utilizar todas as autorizações legais para produzir provas.
Nos termos da Lei n. 12.850/2013, um dos meios de obtenção de prova consiste em:
a. investigação social.
b. decisão judicial prévia.
c. colaboração premiada.
d. ato de execução.

Letra c.
Conforme o artigo 3º, incisos I, II, III, VII, da Lei n. 12.850/2013:

Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previs-
tos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:
I – colaboração premiada;
II – captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III – ação controlada;
IV – acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de
bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
V – interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;
VI – afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VII – infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII – cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca
de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.

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33. (2019/NC-UFPR/ITAIPU BINACIONAL/PROFISSIONAL DE NÍVEL DE SUPORTE I –


AGENTE DE SEGURANÇA) João, Mário, Nicolau e José praticam, em conjunto, uma
série de crimes. Para que essa empreitada criminosa possa ser considerada “organiza-
ção criminosa”, é necessário que:
a. exista divisão de tarefas, ainda que de maneira informal.
b. ao menos um dos crimes tenha sido praticado contra a Administração Pública.
c. ao menos um dos criminosos seja funcionário público.
d. exista participação de funcionário de instituição financeira.
e. ao menos mais um criminoso integre o grupo.

Letra a.
Conforme o artigo 1º, § 1º, da Lei n. 12.850/2013:

Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-
mente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infra-
ções penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

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34. (2019/IDIB/PREFEITURA DE PETROLINA-PE/GUARDA CIVIL) De acordo com a Lei n.


12.850/2013, considera-se Organização Criminosa:
a. A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracteri-
zada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de
caráter transnacional.
b. A associação de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indi-
retamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
c. A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracteri-
zada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações
penais cujas penas máximas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam de cará-
ter transnacional.
d. A associação de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada
pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indi-
retamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.
e. A associação de pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, van-
tagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas
máximas sejam superiores a 8 (oito) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

Letra a.
Conforme o artigo 1º, § 1º, da Lei n. 12.850/2013:

Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de
obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estrutural-
mente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infra-
ções penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

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35. (2021/CEBRASPE/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – PROVA 2) Acerca


do enfrentamento ao preconceito e da promoção da igualdade, julgue o próximo item.
O ressarcimento de custos pelo agressor, conforme previsto na Lei Maria da Penha,
não pode resultar em ônus ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes.

Certo.
Conforme o artigo 9º, §§ 4º, 5º e 6º, da Lei n. 11.340/2006:

Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma
articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social,
no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e polí-
ticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o caso. [...]
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano
moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressar-
cir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos servi-
ços de saúde prestados para o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e
familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado respon-
sável pelas unidades de saúde que prestarem os serviços. (Vide Lei n. 13.871, de 2019) (Vigência)
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibiliza-
dos para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas
protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei n. 13.871, de 2019) (Vigência)
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qual-
quer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou
ensejarpossibilidade de substituição da pena aplicada. (Vide Lei n. 13.871, de 2019) (Vigência)

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36. (2021/NC-UFPR/PC-PR/DELEGADO DE POLÍCIA) Sobre Lei n. 11.340/2006, a qual


cria os mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, assi-
nale a alternativa correta.
a. O crime de lesão corporal leve, praticado contra a mulher no âmbito das relações
domésticas e familiares, deve ser processado mediante ação penal pública condicio-
nada à representação.
b. Presentes os requisitos, é possível a realização de transação penal nos crimes que
envolvem violência doméstica e familiar contra a mulher.
c. Não é possível a aplicação do princípio da insignificância nos delitos praticados
com violência ou grave ameaça no âmbito das relações domésticas e familiares
contra a mulher.
d. O sujeito passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria da Penha é apenas a
mulher, e o sujeito ativo é apenas o homem.
e. O descumprimento de medida protetiva de urgência configura o crime de desobediên-
cia em face da inexistência de outras sanções previstas no ordenamento jurídico para
a hipótese.

Letra c.
Conforme a Súmula 589 do STJ: “É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes
ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas”.

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37. (2021/PM-MT/SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR) A respeito da previsão legal descrita


a seguir, responda à questão.
A Lei n. 11.340/2016 e alterações, conhecida como Lei Maria da Penha, ao dispor sobre
medida protetiva de urgência, prescreve:
“Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade fí-
sica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes,
o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com
a ofendida:”
Na hipótese relatada na questão anterior, o juiz será comunicado no prazo máximo de
a. 72 (setenta e duas) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomi-
tantemente.
b. 48 (quarenta e oito) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomi-
tantemente.
c. 5 (cinco) dias e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
d. 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revo-
gação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomi-
tantemente.
e. 10 (dez) dias e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da
medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.

Letra d.
Conforme o artigo 12-C, § 1º, da Lei Maria da Penha:

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física ou
psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o
agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
(Redação dada pela Lei n. 14.188, de 2021).
I – pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei
n. 13.827, de 2019)
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível
no momento da denúncia. (Incluído pela Lei n. 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo má-
ximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação
da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela
Lei n. 13.827, de 2019)

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38. (2021/QUADRIX/CRESS-PB/AGENTE FISCAL) A respeito da Lei Maria da Penha,


julgue o item.
Para agilizar o processo, a ofendida poderá entregar a intimação ao agressor.

Errado.
Conforme o parágrafo único do artigo 21 da Lei Maria da Penha:

Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especialmente
dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constitu-
ído ou do defensor público.
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor.

39. (2020/CEBRASPE/MPE-CE/PROMOTOR DE JUSTIÇA DE ENTRÂNCIA INICIAL) Com


base nas disposições da Lei Maria da Penha, é correto afirmar que
a. os juizados de violência doméstica e familiar não têm competência para julgar ação
de dissolução de união estável.
b. os juizados de violência doméstica e familiar não têm competência para processar
pretensão relacionada à partilha de bens.
c. o juizado do domicílio ou da residência da ofendida tem competência absoluta para
os processos cíveis regidos pela lei em questão.
d. a ofendida, havendo concordância, poderá entregar intimação ao agressor, no intuito
de promover maior celeridade ao ato.
e. a competência da ação de divórcio deve ser declinada para o juízo competente em
caso de violência doméstica e familiar ocorrida após o ajuizamento dessa ação.

Letra b.
Conforme o artigo 14-A da Lei n. 11.340/2006:

Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no
Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019)
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a
pretensão relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei n. 13.894, de 2019)
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação de divórcio
ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde estiver. (Incluído pela Lei
n. 13.894, de 2019)

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40. (2020/CEBRASPE/MPE-CE/TÉCNICO MINISTERIAL) Mário, após ingerir bebida alco-


ólica em uma festa, agrediu um casal de namorados, o que resultou na morte do rapaz,
devido à gravidade das lesões. A moça sofreu lesões leves.
A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Se, após a apuração dos fatos, a morte do rapaz caracterizar homicídio simples doloso,
a conduta de Mário não será classificada como crime hediondo.

Certo.
Conforme a Lei dos Crimes Hediondos, o homicídio simples somente é hediondo quando
praticado em atividade típica de grupo de extermínio:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei n.
8.930, de 1994) (Vide Lei n. 7.210, de 1984)
[...]
de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, §
2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII); (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

41. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL)


Geromel é Delegado da Polícia Civil do Estado JJ e recebe da polícia repressiva dois
indivíduos acusados por crime considerado hediondo, os quais recolhe para as instala-
ções carcerárias. Posteriormente, recebe requerimento de advogado constituído para
relaxar a prisão dos acusados. Nos termos da Lei n. 8.072/1990, não é possível arbitrar
para os crimes nela tipificados:
a. caução.
b. seguro.
c. fiança.
d. garantia.

Letra c.
Conforme o artigo 2º da LCH:

Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e
o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula Vinculante)
I – anistia, graça e indulto;
II – fiança. (Redação dada pela Lei n. 11.464, de 2007)

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42. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL/COM


ADAPTAÇÕES) Daniel é Delegado da Polícia Civil e encabeça investigação sobre múl-
tiplos assassinatos ocorridos na periferia do município HO. Como fruto dessas inves-
tigações, descobre que o autor de três crimes é VR, alcunha “Caolho”, pertencente a
grupo de extermínio que atua em alguns bairros do município. Nos termos da Lei n.
8.072/1990, pode ser afirmado que:
a. os homicídios praticados são caracterizados como crimes hediondos.
b. os homicídios praticados pela ausência de qualificação não são hediondos.
c. os homicídios praticados não são hediondos, pois praticados por um agente.
d. os homicídios praticados são hediondos por serem praticados em comunida-
des pobres.

Letra a.
Conforme o artigo 1º, inciso I, da LCH:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei n.
8.930, de 1994) (Vide Lei n. 7.210, de 1984) [...]
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e
VIII); (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019)

43. (2020/SELECON/PREFEITURA DE BOA VISTA-RR/GUARDA CIVIL MUNICIPAL)


Camila é investigadora da Polícia Civil, sendo ferida gravemente em confronto com
grupo de pessoas portando armas de grosso calibre. Nos termos da Lei n. 8.072/1990,
é considerado crime hediondo o praticado dolosamente contra agente de segurança
que resulte em:
a. lesão corporal de natureza leve.
b. lesão corporal de natureza média.
c. lesão corporal de natureza gravíssima.
d. lesão corporal de natureza grave.

Letra c.
Conforme o artigo 1º, inciso I-A, da LCH:

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei n.
8.930, de 1994) (Vide Lei n. 7.210, de 1984) [...]
I – A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de
morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144
da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Públi-
ca, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; (Incluído pela Lei n. 13.142, de 2015)

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44. (2021/NC-UFPR/PC-PR/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/PAPILOSCOPISTA) Conforme


o disposto na Lei n. 8.072/1990, assinale a alternativa que reúne apenas crimes consi-
derados hediondos.
a. Epidemia com resultado morte, homicídio qualificado por motivo torpe e estupro.
b. Homicídio culposo, estupro de vulnerável e furto qualificado pelo emprego de
explosivo.
c. Roubo qualificado pelo resultado morte, peculato e feminicídio.
d. Homicídio praticado em atividade típica de grupo de extermínio, extorsão mediante
sequestro e aborto.
e. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente ou de vulnerável, infanticídio e genocídio.

Letra a.
É o que dispõe o artigo 1º, incisos I, V e VII da lei dos crimes hediondos.

Art. 1º São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei n. 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei n.
8.930, de 1994) (Vide Lei n. 7.210, de 1984)
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que
cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e
VIII); (Redação dada pela Lei n. 13.964, de 2019) [...]
V – estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação dada pela Lei n. 12.015, de 2009) [...]
VII – epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º) (Inciso incluído pela Lei n. 8.930, de 1994)

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45. (2018/VUNESP/PC-BA/ESCRIVÃO DE POLÍCIA) A Lei n. 7.716/1989, que define os


crimes resultantes do preconceito de raça e cor, alterada pela Lei n. 9.459/1997 prevê
a. como crime a conduta de negar ou obstar emprego em empresa privada, em razão de
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
b. como causa de aumento de pena se quaisquer dos crimes nela definidos forem prati-
cados por intermédio de meios de comunicação social.
c. que os crimes nela definidos podem ser praticados na modalidade culposa.
d. como efeito automático da condenação a suspensão do funcionamento do estabe-
lecimento particular, onde se praticaram quaisquer dos crimes nela definidos, pelo
prazo máximo de 3 (três) meses.
e. a todos os crimes nela definidos a pena de prestação de serviços à comunidade con-
sistente em promover atividades de promoção da igualdade racial.

Letra a.
A alternativa “a” está correta e prevista no artigo 4º da Lei n. 7.716/1989:

Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.


Pena – reclusão de dois a cinco anos.

A alternativa “b” está errada, pois a situação narrada é qualificadora apenas para os delitos
do artigo 20, caput:

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. (Redação dada pela Lei n. 9.459, de 15/05/97)
Pena – reclusão de um a três anos e multa. (Redação dada pela Lei n. 9.459, de 15/05/97) [...]
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comuni-
cação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei n. 9.459, de 15/05/97)
Pena – reclusão de dois a cinco anos e multa. (Incluído pela Lei n. 9.459, de 15/05/97)

A alternativa “c” está errada, pois não há modalidade culposa na Lei.


A alternativa “d” está errada pois, apesar de esse efeito estar previsto na Lei, ele não é
automático:

Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para o servidor pú-
blico, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior a
três meses.
Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser
motivadamente declarados na sentença.

A alternativa “e” está errada, pois esta essa não é aplicável a todos os crimes da Lei:

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Art. 4º, § 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade, incluindo
atividades de promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra forma de recru-
tamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego
cujas atividades não justifiquem essas exigências.

46. (2018/CS-UFG/PREFEITURA DE JATAÍ-GO/GUARDA CIVIL) Segundo a Lei n.


7.716/1989, é crime resultante de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, reli-
gião ou procedência nacional, impedir
a. a ascensão funcional de servidores públicos estatutários, excluindo-se os prestado-
res de serviço em regime celetista.
b. a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional,
excluídos os cargos da administração pública indireta.
c. o acesso de pessoa habilitada, a qualquer cargo da administração pública, bem como
das concessionárias de serviços públicos.
d. o acesso de pessoa devidamente habilitada a cargo da administração direta, o que
não se aplica aos entes privados em regime de concessão de serviços públicos.

Letra c.
A alternativa “c” está correta, conforme a Lei n. 7.716/1989:

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Admi-
nistração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Pena – reclusão de dois a cinco anos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo de discriminação de raça, cor, etnia,
religião ou procedência nacional, obstar a promoção funcional. (Incluído pela Lei n. 12.288, de
2010) (Vigência)

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47. (2018/FCC/SEC-BA/PROFESSOR PADRÃO/COM ADAPTAÇÕES) A Lei Federal n.


7.716/1989 define os crimes resultantes do preconceito de raça ou de cor no território
nacional. No conjunto dos crimes tipificados, um deles diz respeito às interações de indi-
víduos negros ou pretos, homens e mulheres, com a educação escolar e quando houver
a. processos recorrentes de reprovação e retenção de aluno em cursos sequenciais e
presenciais de educação escolar – básica ou superior.
b. o impedimento ou recusa da matrícula de aluno em estabelecimentos oficiais de edu-
cação básica.
c. a recusa, a negação ou tolhimento da inscrição de aluno em estabelecimento de
ensino público ou privado de qualquer grau.
d. a recusa do estabelecimento público ou privado de ensino em disponibilizar docu-
mento comprobatório do rendimento escolar e de percentuais de frequência do aluno.
e. a denegação de certificado de conclusão ou diploma de níveis ou etapas de educa-
ção básica ou superior em estabelecimentos públicos de ensino.

Letra c.
A alternativa “c” está correta, conforme o artigo 6º da Lei:

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino


público ou privado de qualquer grau.
Pena – reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é agravada de
1/3 (um terço).

48. (2018/AOCP/UEFS/TÉCNICO UNIVERSITÁRIO – ADMINISTRATIVA) De acordo com


a Lei n. 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor,
aquele que incitar o preconceito de raça por intermédio dos meios de comunicação
social está sujeito à pena de
a. reclusão de dois a cinco anos e multa.
b. trabalho voluntário e restrições de finais de semana.
c. reclusão de um a três anos.
d. detenção de seis meses a 1 ano e multa.
e. somente multa.

Letra a.
A alternativa “a” está correta conforme o §2º do artigo 20 da Lei:

Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
procedência nacional. (Redação dada pela Lei n. 9.459, de 15/05/97) [...]
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comuni-
cação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei n. 9.459, de 15/05/97)
Pena – reclusão de dois a cinco anos e multa. (Incluído pela Lei n. 9.459, de 15/05/97)

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49. (2018/AOCP/UEFS/ANALISTA UNIVERSITÁRIO) Constituem crimes resultantes de dis-


criminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, EXCETO
a. impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
b. negar ou obstar emprego em empresa privada.
c. recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender
ou receber cliente ou comprador.
d. impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer
estabelecimento similar.
e. injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, utilizando-se de elementos
referentes à raça, cor, etnia, religião e origem.

Letra e.
A alternativa “a” está incorreta, pois está prevista na Lei n. 7.716/1989:

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Admi-
nistração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos.
Pena – reclusão de dois a cinco anos.

A alternativa “b” está incorreta, pois está prevista na Lei:

Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. [...]

A alternativa “c” está incorreta, pois está prevista na Lei:

Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou


receber cliente ou comprador.
Pena – reclusão de um a três anos.

A alternativa “d” está incorreta, pois está prevista na Lei:

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer esta-
belecimento similar.
Pena – reclusão de três a cinco anos.
A alternativa “e” é a correta, pois não está prevista na Lei n. 7.716/1989.

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50. Não será submetido a identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido
desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no esta-
belecimento prisional, o condenado por crime doloso
a. cometido com violência grave contra a pessoa.
b. praticado contra a vida.
c. praticado contra a liberdade sexual.
d. sexual contra vulnerável.
e. cometido contra a Administração Pública.

Letra e.
Rege o art. 9º da LEP que:

Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como
por crime contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será subme-
tido, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido desoxir-
ribonucleico), por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.

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