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Lei nº 13.

869/2019 (antiga Lei nº


4.898/1965) - Lei de Abuso de
Autoridade
A nova lei de abuso de autoridade (Lei nº 13.869, de
5 de setembro de 2019) nasceu cheia de polêmicas.
De um lado, está quem afirme que é uma resposta
adequada aos supostos “excessos” da Operação
Lava Jato. De outro lado, há quem defenda que
essa lei nasceu com o intuito de “acabar” com a
Lava Jato. Agora toda essa discussão você deixa
para as redes sociais. Para sua prova, o que
interessa é marcar a alternativa correta. Para isso,
vamos conhecer os principais aspectos da nova Lei
de Abuso de Autoridade.

1 – DISPOSIÇÕES GERAIS e SUJEITOS DO CRIME

Veja o que diz a Lei nº 13.869/2019:

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de


autoridade, cometidos por agente público, servidor
ou não, que, no exercício de suas funções ou a
pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
tenha sido atribuído.

§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem


crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.

§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na


avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade.

Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de


autoridade qualquer agente público, servidor ou
não, da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, compreendendo, mas não se limitando
a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles
equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
abrangidos pelo caput deste artigo.
Todo agente público (juiz, promotor, fiscal, agente
de trânsito, etc) é investido de uma parcela do
poder estatal. Esses agentes públicos têm o poder
de prender, soltar, multar, etc. No entanto, esse
poder deve ser exercido nos limites da lei. Essa lei
visa justamente punir o agente público que abuse
do poder que lhe tenha sido atribuído. Para isso ela
cria uma série de crimes (que veremos adiante).

É MUITO IMPORTANTE entender dois recortes


feitos nesse artigo 1º:

a) NECESSIDADE DE DOLO ESPECÍFICO – as


condutas previstas nesse lei só constituem crime de
abuso de autoridade quando praticadas pelo
agente com a finalidade específica de prejudicar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou,
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. Em
palavras técnicas, EXIGE DOLO ESPECÍFICO. Ou
seja, para ser crime não basta “praticar” as
condutas, elas precisam ser cometidas com a
FINALIDADE ESPECÍFICA de:
• prejudicar outrem;

• ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro;

• ou por mero capricho ou satisfação pessoal.

b) AFASTAMENTO NO CASO DE DIVERGÊNCIA


INTERPRETATIVA ou AVALIATIVA: dois fiscais
podem avaliar de modo diferente determinadas
fatos; dois juízes podem ter interpretações
diferentes sobre determinada norma. Isso é mais
do comum. Obviamente, usar um ou outra
interpretação ou avaliação não pode ser
considerado abuso de autoridade. Por isso, a lei
teve o cuidado de deixar claro que a divergência na
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e
provas não configura abuso de autoridade.

Vamos avançar.

Mas quem é agente público segundo a citada Lei?


Quem pode ser sujeito ativo dos crimes criados?

O espectro é bem amplo, e não deixa nenhum


Poder de fora. A lei chega a ser repetitiva, de modo
não deixar dúvidas que “todo mundo” pode
responder por abuso de autoridade.

Responde QUALQUER AGENTE PÚBLICO:


• servidor ou não;

• da administração direta, indireta ou

fundacional de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de Território.

Para deixar claro a lei indica que esse conceito


compreende (mas não se limita):
• servidores públicos e militares ou pessoas a

eles equiparadas;
• membros do Poder Legislativo;
• membros do Poder Executivo;
• membros do Poder Judiciário;
• membros do Ministério Público;
• membros dos tribunais ou conselhos de
contas.

Veja que a referida lei se aplica também aos


militares, aos juízes, aos promotores.

A lei ainda traz o seu próprio conceito de agente


público: todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
abrangidos pelo caput deste artigo.

Importante observar que configura agente público


mesmo se a pessoa exerça o cargo, emprego ou
função de forma TRANSITÓRIA ou NÃO
REMUNERADA.

Além disso, não importa a forma de agente público


foi investido no poder, pode ser: por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função.

2 – DA AÇÃO PENAL
Veja o que diz a Lei nº 13.869/2019:

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação


penal pública incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal
pública não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se
esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.

De modo geral, a ação penal pública é


INCONDICIONADA, ou seja, para seu início, o
Ministério Público não precisa de qualquer
“condição”.

Além disso, se o Ministério Público fica “parado”,


“inerte”. Nesses casos, há possibilidade de
INICIATIVA PRIVADA em um crime de AÇÃO PENAL
PÚBLICA. Em outras palavras, ação penal tem a
iniciativa ORIGINARIAMENTE PÚBLICA, porém, de
modo SUBSIDIÁRIO, a INCIATIVA É PRIVADA. Essa
lei, portanto, possibilita AÇÕES PENAIS PRIVADAS
SUBSIDIÁRIAS DA PÚBLICA. Como isso pode
ocorrer? Vamos supor que uma pessoa se sinta
“vítima” de um dos crimes de abuso de autoridade,
mas o MP não faz nada. Essa lei permite que essa
“vítima” promova a ação penal.

Por fim, essa a ação privada subsidiária será


exercida no prazo de 6 (seis) meses (contado da
data em que se esgotar o prazo para oferecimento
da denúncia).

3 – DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO e DAS PENAS


RESTRITIVAS DE DIREITOS

Veja o que diz a Lei nº 13.869/2019:

Art. 4º São efeitos da condenação:


I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento
do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo,
mandato ou função pública, pelo período de 1 (um)
a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função
pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e
III do caput deste artigo são condicionados à
ocorrência de reincidência em crime de abuso de
autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.

EFEITOS são consequências de uma CONDENAÇÃO


PENAL. Há basicamente dois tipos de efeitos: os
PENAIS e os EXTRAPENAIS.

O principal efeito PENAL é a pena imposta pelo


crime cometido, ou seja, a reclusão, a detenção,
entre outras penas. Há outros efeitos PENAIS, como
reincidência, por exemplo.

Existem também EFEITOS EXTRAPENAIS, ou seja,


consequências de condenação penal fora da esfera
penal.

A Lei de Abuso de Autoridade elenca os seguintes


EFEITOS EXTRAPENAIS:
• AUTOMÁTICO: TORNA CERTA A OBRIGAÇÃO DE

INDENIZAR O DANO
• Não-AUTOMÁTICO (depende de reincidência e

motivação em sentença): INABILITAÇÃO (de 1 a


5 anos) ou PERDA DO CARGO, MANDATO ou
FUNÇÃO

Por fim, há previsão de PENAS RESTRITIVAS DE


DIREITOS substitutiva das privativas de liberdade
na Lei nº 13.869/2019:
Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas
das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou
do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses,
com a perda dos vencimentos e das vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos
podem ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.

4 – DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E


ADMINISTRATIVA

Veja o que diz a Lei nº 13.869/2019:

Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas


independentemente das sanções de natureza civil
ou administrativa cabíveis.
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos
nesta Lei que descreverem falta funcional serão
informadas à autoridade competente com vistas à
apuração.

Portanto, a SANÇÃO PENAL é independente das


sanção CIVIL e ADMINISTRATIVA.

Vamos continuar:
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim
como no administrativo-disciplinar, a sentença
penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.

No entanto, determinados casos “morrem” na ação


penal. Em outras palavras, esses casos, uma vez
decididos na esfera penal, não caberá rediscussão
na esfera cível.

Resumindo: faz coisa julgada no cível.

Em regra, as causas excludentes de ilicitude


produzem efeitos na esfera extrapenal e, uma vez
reconhecidas na sentença judicial absolutória,
alcançam as esferas civil.

Assim, faz coisa julgada no cível a sentença penal


que reconhecer ter sido o ato praticado em estado
de necessidade, em legítima defesa, em estrito
cumprimento de dever legal ou no exercício regular
de direito.

Mas NÃO É SOMENTE esse tipo de sentença que faz


coisa julgada. Veja:
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa
são independentes da criminal, não se podendo
mais questionar sobre a existência ou a autoria do
fato quando essas questões tenham sido decididas
no juízo criminal.

Se o juízo criminal reconheceu que o FATO NÃO


EXISTIU ou que o ACUSADO NÃO FOI O AUTOR DO
FATO, não há sequer o que se discutir essa situação
em outra esfera.

As responsabilidades civil e administrativa são


independentes da criminal, porém, não se pode
mais questionar sobre a existência ou a autoria do
fato quando essas questões tenham sido decididas
no juízo criminal.

5 – DOS CRIMES E DAS PENAS

Finalmente vamos conhecer os CRIMES criados


pela Lei nº 13.869/2019.

Apenas para fins didáticos e de esquematização,


vamos conhecer primeiro o grupo de crimes que
vou chamar de ABUSOS DE AUTORIDADE LIGADOS
A PRISÃO:

ABUSO DE AUTORIDADE NA DECRETAÇÃO DE


MEDIDA PRIVATIVA DE LIBERDADE:
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade
em manifesta desconformidade com as hipóteses
legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida
cautelar diversa ou de conceder liberdade
provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus,
quando manifestamente cabível.’

ABUSO DE AUTORIDADE NA DECRETAÇÃO DE


CONDUÇÃO COERCITIVA:

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de


testemunha ou investigado manifestamente
descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE PELA FALTA DE


COMUNICAÇÃO DE PRISÃO:
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar
prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo
legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução
de prisão temporária ou preventiva à autoridade
judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de
qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua
família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão e os
nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de
liberdade, de prisão temporária, de prisão
preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
imediatamente após recebido ou de promover a
soltura do preso quando esgotado o prazo judicial
ou legal.

ABUSO DE AUTORIDADE
PELO CONSTRANGIMENTO INDEVIDO DE PRESO:
Art. 13. Constranger o preso ou o detento,
mediante violência, grave ameaça ou redução de
sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a
constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).
III - produzir prova contra si mesmo ou contra
terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.

ABUSO DE AUTORIDADE POR CONSTRANGER


INDEVIDO A PRESTAR DEPOIMENTO OU EM
INTERROGATÓRIO:

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de


prisão, pessoa que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou
resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
prossegue com o interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito
ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida
por advogado ou defensor público, sem a presença
de seu patrono.

VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL

O crime de violência institucional foi uma resposta


do Legislativo à conduta de agentes públicos em
2020 durante o julgamento evolvendo
a influenciadora digital Mariana Ferrer. Por isso a
Lei 14.321/2022 ficou conhecida como Lei Mari
Ferrer.

Veja como ficou capitulado:

Violência Institucional (Incluído pela Lei nº


14.321, de 2022)
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a
testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve
a reviver, sem estrita necessidade: (Incluído pela
Lei nº 14.321, de 2022)
I - a situação de violência; ou (Incluído pela Lei nº
14.321, de 2022)
II - outras situações potencialmente geradoras de
sofrimento ou estigmatização: (Incluído pela Lei
nº 14.321, de 2022)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro
intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena
aumentada de 2/3 (dois terços). (Incluído pela Lei
nº 14.321, de 2022)
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de
crimes violentos, gerando indevida revitimização,
aplica-se a pena em dobro. (Incluído pela Lei nº
14.321, de 2022)

O verbo do tipo penal é SUBMETER.

Submeter quem?

VÍTIMA ou TESTEMUNHA de crimes. De todo tipo de


crime? NÃO, apenas os VIOLENTOS.

Vamos resumidor até aqui. O AGENTE SUBMETE a


VÍTIMA ou TESTEMUNHA de CRIME VIOLENTO.

Mas afinal de contas, SUBMETE a que?

A PROCEDIMENTOS que façam a pessoa REVIVER a


situação de violência ou situações potencialmente
geradoras de sofrimento ou estigmatização.

Ué, agora você pode pensar que ficará díficil um


juiz ou promotor atuar, pois em todo depoimento a
vítima ou testemunha é levada a reviver (de algum
modo) o crime.
Por esse motivo é que só configurará crime se essa
conduta foi DESNECESSÁRIA, REPETITIVA ou
INVASIVA; e ocorrer SEM ESTRITA NECESSIDADE.

Há duas hipóteses de aumento de pena:


• Aumento DOIS TERÇOS: se o agente público

permitir que terceiro intimide a vítima de


crimes violentos, gerando indevida
revitimização.
• EM DOBRO: se o agente público intimidar a

vítima de crimes violentos, gerando indevida


revitimização.

Vamos seguir.

ABUSO DE AUTORIDADE POR FALTA DE


IDENTIFICAÇÃO NO MOMENTO DA PRISÃO OU
INTERROGATÓRIO:

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se


falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou
prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal,
deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si
mesmo falsa identidade, cargo ou função.

ABUSO DE AUTORIDADE POR SUBMETER PRESO A


INTERROGATÓRIO POLICIAL DURANTE A NOITE:

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial


durante o período de repouso noturno, salvo se
capturado em flagrante delito ou se ele,
devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR IMPEDIR OU


RETARDAR INDEVIDAMENTE PLEITO DE PRESO
AO JUIZO COMPETENTE:

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o


envio de pleito de preso à autoridade judiciária
competente para a apreciação da legalidade de sua
prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
magistrado que, ciente do impedimento ou da
demora, deixa de tomar as providências tendentes
a saná-lo ou, não sendo competente para decidir
sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à
autoridade judiciária que o seja.

ABUSO DE AUTORIDADE POR IMPEDIR, SEM


JUSTA, ENTREVISTA RESERVADA E PESSOAL DO
PRESO COM SEU ADVOGADO:

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista


pessoal e reservada do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu
advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com
ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
curso de interrogatório ou no caso de audiência
realizada por videoconferência.

ABUSO DE AUTORIDADE POR MANTER NA MESMA


CELA PESSOAS DE SEXO OPOSTO OU
CRIANÇA/ADOLESCENTE COM MAIORES DE
IDADE:

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na


mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente
inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).

Essas são condutas com ligadas a prisão.

Vamos avançar conhecendo condutas que tem


relação com ABUSOS DE AUTORIDADE NA
CONDUÇÃO DE PROCEDIMENTOS ou PROCESSOS:

ABUSO DE AUTORIDADE POR INVASÃO DE


DOMICÍLIO:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou


astuciosamente, ou à revelia da vontade do
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou
nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar
socorro, ou quando houver fundados indícios que
indiquem a necessidade do ingresso em razão de
situação de flagrante delito ou de desastre.

ABUSO DE AUTORIDADE COM POR FRAUDE EM


PROCEDIMENTO OU PROCESSO:

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de


diligência, de investigação ou de processo, o estado
de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de
eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-
lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou
administrativa por excesso praticado no curso de
diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados
ou informações incompletos para desviar o curso
da investigação, da diligência ou do processo.

ABUSO DE AUTORIDADE PARA PREJUDICAR


APURAÇÃO DE CRIME:

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave


ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para
tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento de crime,
prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.

ABUSO DE AUTORIDADE POR OBTENÇÃO OU USO


DE PROVAS ILÍCITAS:

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em


procedimento de investigação ou fiscalização, por
meio manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz
uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua
ilicitude.
ABUSO DE AUTORIDADE POR PROCEDIMENTO
INVESTIGATÓRIO SEM INDÍCIO:

Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar


procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de
qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.

ABUSO DE AUTORIDADE POR DIVULGAÇÃO DE


GRAVAÇÃO SEM RELAÇÃO COM A PROVA A
PRODUZIR:

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação


sem relação com a prova que se pretenda produzir,
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo
a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
ABUSO DE AUTORIDADE POR INFORMAÇÃO
FALSA SOBRE PROCEDIMENTO:

Art. 29. Prestar informação falsa sobre


procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse de
investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR PERSECUÇÃO SEM


JUSTA CAUSA:

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal,


civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,
procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
fiscalizado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado.
ABUSO DE AUTORIDADE POR NEGAR ACESSO AOS
AUTOS:

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou


advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito
ou a qualquer outro procedimento investigatório
de infração penal, civil ou administrativa, assim
como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o
acesso a peças relativas a diligências em curso, ou
que indiquem a realização de diligências futuras,
cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR EXIGÊNCIAS


INDEVIDAS:

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de


obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
fazer, sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
condição de agente público para se eximir de
obrigação legal ou para obter vantagem ou
privilégio indevido.
ABUSO DE AUTORIDADE POR DECRETAÇÃO
EXCESSIVA DE INDISPONIBILIDADE DE ATIVOS
FINANCEIROS:

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a


indisponibilidade de ativos financeiros em quantia
que extrapole exacerbadamente o valor estimado
para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da
medida, deixar de corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR DEMORA


DEMASIADA E INJUSTIFICADA NO EXAME DE
PROCESSO REQUERIDO EM VISTA:

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente


no exame de processo de que tenha requerido vista
em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar
seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
ABUSO DE AUTORIDADE POR ANTECIPAÇÃO POR
MEIO DE COMUNICAÇÃO DE ATRIBUIÇÃO DE
CULPA:

Art. 38. Antecipar o responsável pelas


investigações, por meio de comunicação, inclusive
rede social, atribuição de culpa, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

Acho que já foi possível conhecer essa nova lei de


abuso de autoridade que com certeza será objeto
de muita discussão jurisprudencial.

Como alguns concursos ainda podem cobrar a


revogada Lei nº 4.898/65, manteremos por um
período explicações sobre a antiga lei, seguem:.

LEI 4.898/65 (ANTIGA E REVOGADA LEI DE ABUSO


DE AUTORIDADE)

1 – ABUSO DE AUTORIDADE

Cabe expor quais condutas configuram “Abuso de


Autoridade”.
É importante conhecer o texto legal:

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer


atentado:
a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao
exercício profissional.

Tais condutas são classificadas como DE


ATENTADO. Veja que o caput do artigo indica que
constituirá abuso de autoridade qualquer
ATENTADO. Isso significa que a MERA TENTATIVA já
implica em CONSUMAÇÃO. A tentativa é figura
típica.

Trata-se de uma conduta PRÓPRIA de AUTORIDADE


(logo veremos o que é autoridade).

Por fim, importa verificar que cada conduta


corresponde a um direito fundamental.
Há ainda outro dispositivo prevendo outras
condutas:

Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:


a) ordenar ou executar medida privativa da
liberdade individual, sem as formalidades legais
ou com abuso de poder;
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a
vexame ou a constrangimento não autorizado em
lei;
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz
competente a prisão ou detenção de qualquer
pessoa;
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de
prisão ou detenção ilegal que lhe seja
comunicada;
e) levar à prisão e nela deter quem quer que se
proponha a prestar fiança, permitida em lei;
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade
policial carceragem, custas, emolumentos ou
qualquer outra despesa, desde que a cobrança
não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie
quer quanto ao seu valor;
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade
policial recibo de importância recebida a título de
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer
outra despesa;
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de
pessoa natural ou jurídica, quando praticado com
abuso ou desvio de poder ou sem competência
legal;
i) prolongar a execução de prisão temporária, de
pena ou de medida de segurança, deixando de
expedir em tempo oportuno ou de cumprir
imediatamente ordem de liberdade

Diferentes das condutas do artigo 3º, tais


condutas não são classificadas como de atentado.

Também são condutas PRÓPRIAS de AUTORIDADE.

Por fim, também nesses casos há uma


correspondência entre a conduta e um direito
fundamental violado.

2 – CONCEITO DE AUTORIDADE

Quem é autoridade?

Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos


desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função
pública, de natureza civil, ou militar, ainda que
transitoriamente e sem remuneração.

Veja que as sanções e os tipos previstos na referida


lei se aplicam também aos militares.
Outro ponto é que configura autoridade mesmo
que exerça de forma TRANSITÓRIA ou NÃO
REMUNERADA.

3 – SANÇÕES (ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL)

O abuso de autoridade sujeitará o seu autor:

• SANÇÃO ADMINISTRATIVA (conforme a


gravidade do abuso cometido):
• advertência;

• repreensão;

• suspensão do cargo, função ou posto por

prazo de cinco a cento e oitenta dias, com


perda de vencimentos e vantagens;
• destituição de função;

• demissão;

• demissão, a bem do serviço público.

• SANÇÃO CIVIL
• Caso não seja possível fixar o valor do

dano, consistirá no pagamento de uma


indenização de quinhentos a dez mil
cruzeiros.

• SANÇÃO PENAL
• MULTA

• DETENÇÃO

• PERDA DO CARGO
• INABILITAÇÃO PARA EXERCÍCIO DE OUTRA
FUNÇÃO PÚBLICA.

É o que diz a Lei nº 4.898/65.

Art. 6º O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à


sanção administrativa civil e penal.
§ 1º A sanção administrativa será aplicada de acordo
com a gravidade do abuso cometido e consistirá em:
a) advertência;
b) repreensão;
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de
cinco a cento e oitenta dias, com perda de
vencimentos e vantagens;
d) destituição de função;
e) demissão;
f) demissão, a bem do serviço público.
§ 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor
do dano, consistirá no pagamento de uma
indenização de quinhentos a dez mil cruzeiros.
§ 3º A sanção penal será aplicada de acordo com as
regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e
consistirá em:
a) multa de cem a cinco mil cruzeiros;
b) detenção por dez dias a seis meses;
c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo até três
anos.
Ressalta-se que tais penas podem ser aplicadas de
forma AUTÔNOMA (apenas uma, por exemplo) ou
CUMULATIVAS (vários ao mesmo tempo).

Art. 6º (...)
§ 4º As penas previstas no parágrafo anterior
poderão ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.

Importante ainda que citar o seguinte dispositivo:

Art. 6º (...)
§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de
autoridade policial, civil ou militar, de qualquer
categoria, poderá ser cominada a pena autônoma
ou acessória, de não poder o acusado exercer
funções de natureza policial ou militar no município
da culpa, por prazo de um a cinco anos.

A ideia do dispositivo é proteger a vítima do abuso


cometido por policial, de forma que, nesses casos,
poderá ser comida pena de não poder exercer as
funções no município onde cometeu o delito.

4 – PROCESSO PENAL NOS CRIMES DE ABUSO DE


AUTORIDADE
AÇÃO PENAL

Veja o que diz a Lei n. 4.898/65:

Art. 12. A ação penal será iniciada,


independentemente de inquérito policial ou
justificação por denúncia do Ministério Público,
instruída com a representação da vítima do abuso.

Cuidado, não se trata de uma ação penal pública


condicionada, apesar de parecer. Gabril Habib in
Leis Penais Especiais, Tomo I explica muito bem a
situação:

“ A leitura apressada do dispositivo legal pode levar


o intérprete ao equívoco de pensar que a
representação a que o dispositivo faz menção é uma
condição objetiva de procedibilidade, sendo,
portanto, a ação penal pública condicionada à
representação. (…) Entretanto, a representação não
tem tal natureza, mas, sim, um espelho do direito de
petição, (…). Dessa forma, a representação tem
natureza jurídica de notitia criminis. (…) Assim, a
ação penal é pública incondicionada”.

Assim, a ação penal é publica incondicionada.

Por fim, o MP deve apresentar a denúncia no prazo


de quarenta e oito horas:
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a
representação da vítima, aquele, no prazo de
quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que
o fato narrado constitua abuso de autoridade, e
requererá ao Juiz a sua citação, e, bem assim, a
designação de audiência de instrução e julgamento.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será
apresentada em duas vias.

No caso de vestígios, veja o que diz a Lei nº


4.898/65:

Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de


autoridade houver deixado vestígios o ofendido ou o
acusado poderá:
a) promover a comprovação da existência de tais
vestígios, por meio de duas testemunhas
qualificadas;
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes
da audiência de instrução e julgamento, a
designação de um perito para fazer as verificações
necessárias.
§ 1º O perito ou as testemunhas farão o seu relatório
e prestarão seus depoimentos verbalmente, ou o
apresentarão por escrito, querendo, na audiência de
instrução e julgamento.
§ 2º No caso previsto na letra a deste artigo a
representação poderá conter a indicação de mais
duas testemunhas.
Ainda sobre a ação penal, veja regras reproduzidas
do CPP na Lei de Abuso de Autoridade:

Art. 15. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de


apresentar a denúncia requerer o arquivamento da
representação, o Juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa da
representação ao Procurador-Geral e este oferecerá
a denúncia, ou designará outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la ou insistirá no
arquivamento, ao qual só então deverá o Juiz
atender.
Art. 16. Se o órgão do Ministério Público não oferecer
a denúncia no prazo fixado nesta lei, será admitida
ação privada. O órgão do Ministério Público poderá,
porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva e intervir em todos os termos
do processo, interpor recursos e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação
como parte principal.

RECEBIMENTO DA DENÚNCIA

Veja a Lei nº 4.898/65:


Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo
de quarenta e oito horas, proferirá despacho,
recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz
designará, desde logo, dia e hora para a audiência
de instrução e julgamento, que deverá ser realizada,
improrrogavelmente. dentro de cinco dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até
julgamento final e para comparecer à audiência de
instrução e julgamento, será feita por mandado
sucinto que, será acompanhado da segunda via da
representação e da denúncia.

TESTEMUNHAS

Veja a Lei nº 4.898/65:

Art. 18. As testemunhas de acusação e defesa


poderão ser apresentada em juízo,
independentemente de intimação.
Parágrafo único. Não serão deferidos pedidos de
precatória para a audiência ou a intimação de
testemunhas ou, salvo o caso previsto no artigo 14,
letra "b", requerimentos para a realização de
diligências, perícias ou exames, a não ser que o Juiz,
em despacho motivado, considere indispensáveis
tais providências.
AUDIÊNCIA

Veja a Lei nº 4.898/65:

Art. 19. A hora marcada, o Juiz mandará que o


porteiro dos auditórios ou o oficial de justiça declare
aberta a audiência, apregoando em seguida o réu,
as testemunhas, o perito, o representante do
Ministério Público ou o advogado que tenha
subscrito a queixa e o advogado ou defensor do réu.
Parágrafo único. A audiência somente deixará de
realizar-se se ausente o Juiz.
Art. 20. Se até meia hora depois da hora marcada o
Juiz não houver comparecido, os presentes poderão
retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de
termos de audiência.
Art. 21. A audiência de instrução e julgamento será
pública, se contrariamente não dispuser o Juiz, e
realizar-se-á em dia útil, entre dez (10) e dezoito (18)
horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, no
local que o Juiz designar.
Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação
e o interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu
advogado, o Juiz nomeará imediatamente defensor
para funcionar na audiência e nos ulteriores termos
do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito,
o Juiz dará a palavra sucessivamente, ao Ministério
Público ou ao advogado que houver subscrito a
queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo
de quinze minutos para cada um, prorrogável por
mais dez (10), a critério do Juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá
imediatamente a sentença.

RECURSOS E OUTRAS REGRAS – APLICAÇÃO DO CPP

Veja a Lei nº 4.898/65:

Art. 28. Nos casos omissos, serão aplicáveis as


normas do Código de Processo Penal, sempre que
compatíveis com o sistema de instrução e
julgamento regulado por esta lei.
Parágrafo único. Das decisões, despachos e
sentenças, caberão os recursos e apelações previstas
no Código de Processo Penal.

COMPETÊNCIA

O policial militar que praticar crime de abuso de


autoridade previsto na Lei nº 4.898/65, será julgado
pela Justiça COMUM, e não Militar.

Súmula STJ 172


Compete à Justiça Comum processar e julgar
militar por crime de abuso de autoridade, ainda
que praticado em serviço.

Saudações.

Professor Rafael Albino

Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a


vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. João
14:6

Resumo do capítulo
Lei nº 13.869/2019 - NOVA LEI DE ABUSO DE
AUTORIDADE

1 – DISPOSIÇÕES GERAIS e SUJEITOS DO CRIME

Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de


autoridade, cometidos por agente público, servidor
ou não, que, no exercício de suas funções ou a
pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe
tenha sido atribuído.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem
crime de abuso de autoridade quando praticadas
pelo agente com a finalidade específica de
prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a
terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação
pessoal.
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na
avaliação de fatos e provas não configura abuso de
autoridade.
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de
autoridade qualquer agente público, servidor ou
não, da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de
Território, compreendendo, mas não se limitando
a:
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles
equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade
abrangidos pelo caput deste artigo.
a) NECESSIDADE DE DOLO ESPECÍFICO – para ser
crime não basta “praticar” as condutas, elas
precisam ser cometidas com a FINALIDADE
ESPECÍFICA de:

• prejudicar outrem;
• ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro;
• ou por mero capricho ou satisfação pessoal.

b) AFASTAMENTO NO CASO DE DIVERGÊNCIA


INTERPRETATIVA ou AVALIATIVA: a divergência na
interpretação de lei ou na avaliação de fatos e
provas não configura abuso de autoridade.

Responde QUALQUER AGENTE PÚBLICO:

• servidor ou não;
• da administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e de Território.

COMPREENDE (mas não se limita):

• servidores públicos e militares ou pessoas a


eles equiparadas;
• membros do Poder Legislativo;
• membros do Poder Executivo;
• membros do Poder Judiciário;
• membros do Ministério Público;
• membros dos tribunais ou conselhos de
contas.

AGENTE PÚBLICO: todo aquele que exerce, ainda


que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou
entidade abrangidos pelo caput deste artigo.

2 – DA AÇÃO PENAL

Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação


penal pública incondicionada.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal
pública não for intentada no prazo legal, cabendo
ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e
oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal.
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se
esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.

3 – DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO e DAS PENAS


RESTRITIVAS DE DIREITOS
EFEITOS EXTRAPENAIS:

• AUTOMÁTICO: TORNA CERTA A OBRIGAÇÃO DE


INDENIZAR O DANO
• Não-AUTOMÁTICO (depende de reincidência e
motivação em sentença): INABILITAÇÃO (de 1 a
5 anos) ou PERDA DO CARGO, MANDATO ou
FUNÇÃO

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS:

Art. 5º As penas restritivas de direitos substitutivas


das privativas de liberdade previstas nesta Lei são:
I - prestação de serviços à comunidade ou a
entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou
do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses,
com a perda dos vencimentos e das vantagens;
III - (VETADO).
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos
podem ser aplicadas autônoma ou
cumulativamente.

4 – DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E


ADMINISTRATIVA

• SANÇÃO PENAL é independente das sanção


CIVIL e ADMINISTRATIVA.
• EXCLUDENTES DE ILICITUDE FAZ COISA
JULGADO NO CÍVEL.
• As responsabilidades civil e administrativa são
independentes da criminal, não se podendo
mais questionar sobre a existência ou a autoria
do fato quando essas questões tenham sido
decididas no juízo criminal.

5 – DOS CRIMES E DAS PENAS

ABUSOS DE AUTORIDADE LIGADOS A PRISÃO:

ABUSO DE AUTORIDADE NA DECRETAÇÃO DE


MEDIDA PRIVATIVA DE LIBERDADE:

Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade


em manifesta desconformidade com as hipóteses
legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida
cautelar diversa ou de conceder liberdade
provisória, quando manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus,
quando manifestamente cabível.
ABUSO DE AUTORIDADE NA DECRETAÇÃO DE
CONDUÇÃO COERCITIVA:

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de


testemunha ou investigado manifestamente
descabida ou sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE PELA FALTA DE


COMUNICAÇÃO DE PRISÃO:

Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar


prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo
legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução
de prisão temporária ou preventiva à autoridade
judiciária que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de
qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua
família ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada
pela autoridade, com o motivo da prisão e os
nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de
liberdade, de prisão temporária, de prisão
preventiva, de medida de segurança ou de
internação, deixando, sem motivo justo e
excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
imediatamente após recebido ou de promover a
soltura do preso quando esgotado o prazo judicial
ou legal.

ABUSO DE AUTORIDADE
PELO CONSTRANGIMENTO INDEVIDO DE PRESO:

Art. 13. Constranger o preso ou o detento,


mediante violência, grave ameaça ou redução de
sua capacidade de resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à
curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a
constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).
III - produzir prova contra si mesmo ou contra
terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
ABUSO DE AUTORIDADE POR CONSTRANGER
INDEVIDO A PRESTAR DEPOIMENTO OU EM
INTERROGATÓRIO:

Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de


prisão, pessoa que, em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, deva guardar segredo ou
resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
prossegue com o interrogatório:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito
ao silêncio; ou
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida
por advogado ou defensor público, sem a presença
de seu patrono.

VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL

Violência Institucional (Incluído pela Lei nº


14.321, de 2022)
Art. 15-A. Submeter a vítima de infração penal ou a
testemunha de crimes violentos a procedimentos
desnecessários, repetitivos ou invasivos, que a leve
a reviver, sem estrita necessidade: (Incluído pela
Lei nº 14.321, de 2022)
I - a situação de violência; ou (Incluído pela Lei nº
14.321, de 2022)
II - outras situações potencialmente geradoras de
sofrimento ou estigmatização: (Incluído pela Lei
nº 14.321, de 2022)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa. (Incluído pela Lei nº 14.321, de 2022)
§ 1º Se o agente público permitir que terceiro
intimide a vítima de crimes violentos, gerando
indevida revitimização, aplica-se a pena
aumentada de 2/3 (dois terços). (Incluído pela Lei
nº 14.321, de 2022)
§ 2º Se o agente público intimidar a vítima de
crimes violentos, gerando indevida revitimização,
aplica-se a pena em dobro. (Incluído pela Lei nº
14.321, de 2022)

ABUSO DE AUTORIDADE POR FALTA DE


IDENTIFICAÇÃO NO MOMENTO DA PRISÃO OU
INTERROGATÓRIO:

Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se


falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou
prisão:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
como responsável por interrogatório em sede de
procedimento investigatório de infração penal,
deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si
mesmo falsa identidade, cargo ou função.
ABUSO DE AUTORIDADE POR SUBMETER PRESO A
INTERROGATÓRIO POLICIAL DURANTE A NOITE:

Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial


durante o período de repouso noturno, salvo se
capturado em flagrante delito ou se ele,
devidamente assistido, consentir em prestar
declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR IMPEDIR OU


RETARDAR INDEVIDAMENTE PLEITO DE PRESO
AO JUIZO COMPETENTE:

Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o


envio de pleito de preso à autoridade judiciária
competente para a apreciação da legalidade de sua
prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
magistrado que, ciente do impedimento ou da
demora, deixa de tomar as providências tendentes
a saná-lo ou, não sendo competente para decidir
sobre a prisão, deixa de enviar o pedido à
autoridade judiciária que o seja.
ABUSO DE AUTORIDADE POR IMPEDIR, SEM
JUSTA, ENTREVISTA RESERVADA E PESSOAL DO
PRESO COM SEU ADVOGADO:

Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista


pessoal e reservada do preso com seu advogado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
impede o preso, o réu solto ou o investigado de
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu
advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com
ele comunicar-se durante a audiência, salvo no
curso de interrogatório ou no caso de audiência
realizada por videoconferência.

ABUSO DE AUTORIDADE POR MANTER NA MESMA


CELA PESSOAS DE SEXO OPOSTO OU
CRIANÇA/ADOLESCENTE COM MAIORES DE
IDADE:

Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na


mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente
inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069,
de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).

ABUSOS DE AUTORIDADE NA CONDUÇÃO DE


PROCEDIMENTOS ou PROCESSOS:

ABUSO DE AUTORIDADE POR INVASÃO DE


DOMICÍLIO:

Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou


astuciosamente, ou à revelia da vontade do
ocupante, imóvel alheio ou suas dependências, ou
nele permanecer nas mesmas condições, sem
determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes
das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar
socorro, ou quando houver fundados indícios que
indiquem a necessidade do ingresso em razão de
situação de flagrante delito ou de desastre.

ABUSO DE AUTORIDADE COM POR FRAUDE EM


PROCEDIMENTO OU PROCESSO:

Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de


diligência, de investigação ou de processo, o estado
de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de
eximir-se de responsabilidade ou de
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-
lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou
administrativa por excesso praticado no curso de
diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados
ou informações incompletos para desviar o curso
da investigação, da diligência ou do processo.
ABUSO DE AUTORIDADE PARA PREJUDICAR
APURAÇÃO DE CRIME:

Art. 24. Constranger, sob violência ou grave


ameaça, funcionário ou empregado de instituição
hospitalar pública ou privada a admitir para
tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido,
com o fim de alterar local ou momento de crime,
prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, além da pena correspondente à violência.

ABUSO DE AUTORIDADE POR OBTENÇÃO OU USO


DE PROVAS ILÍCITAS:

Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em


procedimento de investigação ou fiscalização, por
meio manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz
uso de prova, em desfavor do investigado ou
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua
ilicitude.

ABUSO DE AUTORIDADE POR PROCEDIMENTO


INVESTIGATÓRIO SEM INDÍCIO:
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar
procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de
qualquer indício da prática de crime, de ilícito
funcional ou de infração administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de
sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.

ABUSO DE AUTORIDADE POR DIVULGAÇÃO DE


GRAVAÇÃO SEM RELAÇÃO COM A PROVA A
PRODUZIR:

Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação


sem relação com a prova que se pretenda produzir,
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo
a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR INFORMAÇÃO


FALSA SOBRE PROCEDIMENTO:

Art. 29. Prestar informação falsa sobre


procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse de
investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR PERSECUÇÃO SEM


JUSTA CAUSA:

Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal,


civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação,
procrastinando-a em prejuízo do investigado ou
fiscalizado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada,
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado.

ABUSO DE AUTORIDADE POR NEGAR ACESSO AOS


AUTOS:
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou
advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito
ou a qualquer outro procedimento investigatório
de infração penal, civil ou administrativa, assim
como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o
acesso a peças relativas a diligências em curso, ou
que indiquem a realização de diligências futuras,
cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR EXIGÊNCIAS


INDEVIDAS:

Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de


obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não
fazer, sem expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
utiliza de cargo ou função pública ou invoca a
condição de agente público para se eximir de
obrigação legal ou para obter vantagem ou
privilégio indevido.
ABUSO DE AUTORIDADE POR DECRETAÇÃO
EXCESSIVA DE INDISPONIBILIDADE DE ATIVOS
FINANCEIROS:

Art. 36. Decretar, em processo judicial, a


indisponibilidade de ativos financeiros em quantia
que extrapole exacerbadamente o valor estimado
para a satisfação da dívida da parte e, ante a
demonstração, pela parte, da excessividade da
medida, deixar de corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR DEMORA


DEMASIADA E INJUSTIFICADA NO EXAME DE
PROCESSO REQUERIDO EM VISTA:

Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente


no exame de processo de que tenha requerido vista
em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar
seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

ABUSO DE AUTORIDADE POR ANTECIPAÇÃO POR


MEIO DE COMUNICAÇÃO DE ATRIBUIÇÃO DE
CULPA:
Art. 38. Antecipar o responsável pelas
investigações, por meio de comunicação, inclusive
rede social, atribuição de culpa, antes de
concluídas as apurações e formalizada a acusação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa.

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