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DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
LICENCIATURA EM DIREITO
Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
Realizado por:
Rosa da Felicidade
Docente:
LICENCIATURA EM DIREITO
Chimoio, 2023
Índice
Capítulo I. Introdução................................................................................................................4
1. Objectivos.......................................................................................................................5
1.1. Geral.........................................................................................................................5
1.2. Específicos...............................................................................................................5
2. Metodologia....................................................................................................................5
1. Noção De Património......................................................................................................6
3.2. Burlas.....................................................................................................................14
III. Conclusão...........................................................................................................................18
IV. Bibliografia........................................................................................................................19
Capítulo I. Introdução
O que nos propomos tratar, nesta sede, é a da matéria relativa aos crimes contra o
património em geral. Como seja a análise do bem jurídico, o conceito de património, a
caracterização dos elementos típicos de crimes com um mesmo denominador comum – e
assinalar tipos penais paradigmáticos – furto, roubo, burla, abuso de confiança, etc. – com a
apreciação de modelos de conduta com expressão na tipicidade dos preceitos que os
consagram.
4
1. Objectivos
1.1. Geral
Analisar os crimes contra o património.
1.2. Específicos
Noção de Património
Destacar os crimes contra a propriedade;
Elencar e expor os crimes contra o direito patrimonial.
2. Metodologia
5
Capítulo II. Crimes Contra o Património Em Geral
1. Noção De Património
1
Código Penal Anotado, 2º Volume, Editora Rei dos Livros, 1996, pag. 423.
2
Cfr. A. M. Almeida Costa, Comentário Conimbricense do Código Penal, Parte Especial, Tomo II, Coimbra
Editora, 1999, pp. 279 e ss..
6
ter perdido, emprestado, etc. – ainda disponha de protecção para a sua “nua propriedade”. Tal
extensão consente que se possa fazer a equivalência de tutela da posse face à propriedade. Por
isso, o arrendatário ou o locatário pode apresentar queixa pelo delito (semi-público) de furto,
dano ou burla contra o agente do crime para protecção do seu direito. Em suma, a tutela
estende-se ao possuidor.
O Código Penal Português de 1852 dispunha no seu art. 421º que “aquele que cometer
o crime de furto, subtraindo fraudulentamente uma coisa, que lhe não pertença”. Aqui se
arreigou uma tradição de tutela da propriedade que viria a ser recebida pelo código de 1886 e
depois, com naturais alterações, de 1982.
À noção de “coisa”, que não pode ser decalcada, nos precisos termos, sobre a noção
civilística, acrescem duas dimensões importantes: tratar-se de coisa “móvel” e ainda “alheia”.
1. Quem, com ilegítima intenção de apropriação, para si ou para outrem, subtrair coisa móvel
alheia, é punido com pena de:
a) prisão até 6 meses e multa até 1 mês, se o valor da coisa furtada não exceder 10 salários
mínimos;
b) prisão até 1 ano e multa até 2 meses, se exceder 10 salários mínimos e não for superior a
40 salários mínimos;
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c) prisão até 2 anos e multa até 6 meses, se exceder 40 salários mínimos e não for superior a
125 salários mínimos;
d) prisão de 2 a 8 anos, com multa até 1 ano, se exceder 125 salários mínimos e não for
superior a 500 salários mínimos; e
2. Considera-se como um só furto o total das diversas parcelas subtraídas pelo mesmo agente
à mesma pessoa, embora em épocas distintas.
As penas de furto são impostas a quem, com ilegítima intenção de apropriação para si
ou para outrem, subtrair uma coisa que lhe pertença, estando ela em penhor ou depósito em
poder de alguém, ou a destruir ou desencaminhar, estando penhorada ou depositada em seu
poder por mandado de justiça.
1. Quem, ilegitimamente, se apropriar de coisa alheia que tenha entrado na sua posse ou
detenção por efeito de força natural, erro, caso fortuito ou por qualquer maneira independente
da sua vontade, é punido com as penas de furto, mas atenuadas nos termos gerais.
2. Nas mesmas penas incorre quem se apropriar ilegitimamente de coisa alheia que haja
encontrado.
1. Quem subtrair algum processo ou parte dele, livro de registo ou parte dele, ou qualquer
documento, é punido com pena de prisão até 2 anos.
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2. A mesma disposição aplica-se a quem subtrair um título, documento ou peça de processo,
que tiver sido produzido ou entregue em juízo.
3. Se o processo for criminal e nele se tratar de crime a que a lei imponha alguma das penas
de prisão superior a 2 anos, é punido o furto com pena de 2 a 8 anos de prisão e, se a pena for
inferior a 2 anos de prisão, é punido o furto com pena de prisão de 1 a 2 anos.
2. A pena será agravada de metade no seu limite máximo, se com o uso do veículo forem nele
causados danos.3. A tentativa é punível.
1. Quem, por qualquer meio, subtrair, para consumo pessoal ou de terceiro, sinal de telefone,
rádio, televisão, internet, dados de voz, imagem, vídeo ou outros bens imateriais com valor
económico, é punido com pena de prisão até 1 ano, se pena mais grave não couber.
2. A tentativa é punível.
1. Em todos casos declarados na presente secção, se o furto não exceder a quantia de vinte
salários mínimos, e não sendo habitual, só tem lugar o procedimento criminal queixando-se o
ofendido.
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2. A acção criminal não tem lugar sem queixa do ofendido, sendo o furto praticado pelo
agente contra os seus irmãos, cunhados, sogros ou genros, padrastos, madrastas ou enteados,
tutores ou mestres e cessa o procedimento logo que os prejudicados o requeiram.
a) Pelo cônjuge ou pessoa com quem viva como tal, salvo havendo separação judicial de
pessoas e bens;
O crime de roubo, cuja moldura penal se situa entre 1 e 8 anos de prisão 3, tem como
característica essencial tratar-se de um crime complexo que integra duas componentes
distintas, uma patrimonial – que se traduz na subtracção de coisa móvel alheia – e uma
pessoal – que se reconduz à utilização de violência, ameaça ou colocação na impossibilidade
de resistir relativamente ao sujeito passivo 4. De todo o modo, a componente pessoal terá que
ser anterior ou contemporânea da subtracção, sob pena de termos uma outra configuração
criminosa: diversidade ou concurso de crimes (ofensa à integridade física, coação ou ameaça
e furto) ou simplesmente um outro crime (violência após a subtracção).
a) a utilização dos meios usados para a prática do crime de roubo (isto é, violência ou
ameaça), contra alguém, normalmente o lesado, embora o ofendido da violência pode
não coincidir com o proprietário da coisa subtraída;
b) a ocorrência de “flagrante” delito (isto é que se está a cometer ou acabou de cometer,
persistindo sinais ou objectos do crime);
3
-Não estabelecendo o legislador, em alternativa, uma pena de multa.
4
- Note-se que, isoladamente, o elemento pessoal seria susceptível de integrar outros tipos penais, como seja,
crime de ameaças, ofensa à integridade física, etc.
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c) um crime (base) de “furto”, consumado , quer na forma simples quer na forma
qualificada, excluindo-se, desse modo, qualquer outro crime de base
(designadamente, o de roubo);
d) com a intenção de conservar ou de não restituir (as coisas);
e) as coisas “subtraídas” e não, propriamente, apropriadas5;
1. Quem, com ilegítima intenção de apropriação para si ou para outra pessoa, subtrair, ou
constranger a que lhe seja entregue, coisa móvel alheia, por meio de violência contra uma
pessoa, de ameaça com perigo iminente para a vida ou para a integridade física, é punido com
a pena imediatamente superior à correspondente ao crime de furto.
d) concorrer com o crime de sequestro ou o agente produzir perigo para a vida da vítima ou
infligir-lhe, pelo menos por negligência, ofensa grave à integridade física;
5
- Pelo que a ocorrência de violência em dias posteriores à subtracção não integrarão o crime de roubo
impróprio mas de ofensa à integridade física ou outro, para além do furto inicial, já que não estamos numa
situação de flagrante delito de furto e já as coisa estarão “apoderadas” pelo agente.
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2. A pena de prisão de 16 a 20 anos é aplicada, quando o roubo for cometido, concorrendo o
crime de violação.
3. Quando o roubo for cometido ou tentado, concorrendo o crime de homicídio, é punido com
a pena de 20 a 24 anos de prisão.
Se, pelas circunstâncias descritas nas alíneas a) e c) do número 1 do artigo anterior, não
houver registo de uso de armas e for de pouca gravidade a violência ou ameaça e, ainda, o
valor da coisa subtraída não exceder a dez salários mínimos, pode ser aplicada ao agente a
pena de prisão de 1 a 3 anos e multa até 1 ano.
Se o credor furtar ou roubar alguma coisa pertencente ao seu devedor para se pagar da
dívida, esta circunstância não justifica o facto criminoso, mas pode ser considerada como
circunstância atenuante.
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4. A subtracção de móvel fechado, que serve à segurança dos objectos que contém, e
cometida dentro da casa ou edifício, considera-se feita com a circunstância de arrombamento,
ainda que o móvel seja aberto ou arrombado em outro lugar.
Os crimes sob esta epígrafe encontram-se previstos nos arts. 284º e 285º do CP e
apenas através de um “sentido muito impróprio 6” se pode equipara ao crime de furto. Ainda
assim, do que ora se trata é de uma usurpação e não de uma subtracção, como bem se
compreende.
Fazem parte dos elementos do tipo, além da utilização de violência ou ameaça grave, o
acto de “invadir” (densificado como acto ou efeito de penetrar ou fazer uma incursão ou
entrar pela força) ou “ocupar” (no sentido de apossar-se ou tomar posse ou deter), dirigidos a
imóvel alheio.
1. Se alguém, por meio de violência ou ameaça para com as pessoas, invadir ou ocupar coisa
imóvel, arrogando-se o domínio ou posse, ou o uso dela, sem que lhe pertença, é punido com
pena de prisão até 2 anos e multa correspondente.
2. A pena prevista no número anterior é aplicável a quem, pelos meios indicados no número
anterior, desviar ou represar águas, sem que a isso tenha direito, com intenção de alcançar,
para si ou para outra pessoa, benefício ilegítimo.
6
- Cfr. José António Barreiros, in Crimes contra o Património, Univ. Lusíada, 1996, p. 117.
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1. Qualquer pessoa que, sem autoridade da entidade competente, ou sem consentimento das
partes, a que pertencer o direito de uso e aproveitamento da terra, arrancar marco posto em
alguma demarcação, ou de qualquer modo o suprimir ou alterar, é punido com pena de prisão
de 1 mês.
3.2. Burlas
Artigo 287 do CP (Burla)
Quem, com intenção de obter para si ou para terceiro enriquecimento ilícito, por meio
de erro ou engano sobre factos que astuciosamente provocou, determinar outrem à prática de
actos que lhe causem, ou causem a outra pessoa, prejuízo patrimonial, é punido com prisão de
1 a 2 anos.
b) utilizar o agente meio astucioso ou enganoso, e, desta forma, induzir, enganar ou levar
outrem a participar em investimentos financeiros falsos, com o propósito de obter para si ou
para terceiro um enriquecimento ilegítimo, com prejuízo patrimonial para outra pessoa;
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c) utilizar o agente meios fraudulentos essenciais para a obtenção de fundos, subsídios ou
pensões;
e) praticar o agente venda ou por qualquer forma alienar, hipotecar ou penhorar a terra.
Também cai no mesmo crime, de acordo com as circunstâncias previstas nos artigos 289º a
291º do CP.
1. Quem emitir um cheque que, apresentado a pagamento nos termos e no prazo legalmente
fixados, não for integralmente pago por falta de provisão, é punido com pena de prisão de 1 a
5 anos e multa até 1 ano.
2. Sem prejuízo do que se encontra previsto em legislação própria, incorre nas penas de crime
de emissão de cheque sem provisão, quem:
a) proibir ao banco sacado, dentro do prazo para apresentação a pagamento nos termos
postulados na Lei Uniforme Relativa ao Cheque, o pagamento de cheque emitido e entregue,
sem que haja relevante razão de direito;
1. Quem, ilegitimamente, se apropriar de coisa móvel que lhe tenha sido entregue por título
não translativo da propriedade, é punido com as penas de furto.
2. A mesma pena é aplicada a quem, nos termos do presente artigo, gravar ou empenhar a
referida coisa, quando com isso prejudique ou possa prejudicar o proprietário, possuidor ou
detentor.
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Artigo 297 do CP (Negócio simulado)
1. Quem fizer negócio simulado, em prejuízo de terceiro ou do Estado, é punido com pena de
prisão de 1 a 2 anos e multa correspondente.
1. Quem, por meio de ameaça verbal ou escrita de fazer revelações ou imputações injuriosas
ou difamatórias, ou, a pretexto de as não fazer, extorquir a outrem valores, ou coagir a
escrever, assinar, entregar, destruir e falsificar, ou, por qualquer modo, inutilizar escrito ou
título que constitua, produza ou prove obrigação ou quitação, é punido com prisão até 1 ano e
multa correspondente, sem prejuízo do proclamado para as penas de furto, se houver dano
material.
2. Se os valores não forem extorquidos, nem o título ou escrito for assinado, entregue, escrito,
destruído, falsificado, ou por qualquer modo inutilizado, a pena é de prisão até 3 meses e
multa até 1 mês.
Quem, com intenção de alcançar um benefício patrimonial para si ou para outra pessoa,
explorar a situação de necessidade, dependência, anomalia psíquica, incapacidade, inépcia,
inexperiência ou fraqueza de carácter do contratante e fazer com que ele se obrigue a
conceder ou prometer, sob qualquer forma, a seu favor ou a favor de outra pessoa, vantagem
pecuniária que for, segundo as circunstâncias do caso, manifestamente desproporcional à
contraprestação, é punido com pena de prisão até 2 anos e multa correspondente.
2. Na pena de prisão até 2 anos e multa até 1 ano, incorre quem realizar cobranças de dívidas
por conta do agiota.
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Artigo 301 do CP (Fraude nas vendas)
2. A simples detenção de falsos pesos ou de falsas medidas nos armazéns, fábricas, casas de
comércio ou em qualquer lugar, em que as mercadorias estão expostas à venda, é punida com
multa até 1 ano.
2. A tentativa é punível.
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III. Conclusão
Os objectivos previsto foram alcançados, pois, viu-se que o Código Penal estabeleceu
os crimes contra o património, e percebeu-se que o património é tudo o que está na posse de
um sujeito e que os crimes contra o património é todo ilícitos penal que põe em risco ou
ofende qualquer bem, interesse ou direito economicamente relevante, privado ou público,
desta feita encontram-se na esteira dos crimes contra a propriedade: o furto, o roubo, etc.
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IV. Bibliografia
BARREIROS, JOSÉ ANTÓNIO, Crimes contra o Património, Univ. Lusíada, 1996, Lisboa.
Código Penal
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