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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE DIREITO

MEDIDAS CAUTELARES PROCESSUAIS PENAIS


Prof. Guilherme Siqueira Vieira

ALUNA: Marcela Carolina Marzani


TURMA: 10º U – manhã

TDE

A CAUTELARIDADE ATRAVÉS DO SEQUESTRO


DE BENS IMÓVEIS E MÓVEIS NO PROCESSO
PENAL
RESUMO

O sequestro de bens no processo penal é uma medida cautelar que tem como
objetivo garantir o cumprimento de uma eventual pena pecuniária ou de reparação de
danos em um processo criminal. Essa medida consiste na apreensão de bens do
acusado ou de terceiros que estejam em sua posse ou sob sua administração.

O sequestro pode ser determinado pelo juiz em qualquer fase do processo, desde
que haja indícios suficientes de que os bens do acusado são provenientes do crime ou
foram utilizados para sua prática. Além disso, é necessário que a medida seja
proporcional e adequada para a situação concreta, levando em conta os interesses do
acusado e da sociedade.

Para que o sequestro seja efetivado, é necessário que a decisão judicial seja
comunicada aos órgãos competentes, como o Registro de Imóveis, o Departamento de
Trânsito e instituições financeiras, para que os bens sejam bloqueados ou apreendidos.
O acusado pode apresentar defesa contra a medida, argumentando que os bens não
têm relação com o crime ou que são necessários para sua subsistência.

Caso seja condenado, o acusado poderá perder definitivamente os bens


sequestrados a favor do Estado ou da vítima do crime, como forma de reparação do dano
causado. No entanto, se a condenação não ocorrer, os bens deverão ser restituídos ao
acusado.

O sequestro de bens no processo penal é uma medida importante para garantir a


efetividade da justiça criminal e combater a impunidade de crimes que envolvem grandes
quantias de dinheiro. No entanto, é importante que sua aplicação seja feita com cautela
e observância dos princípios constitucionais, para evitar a violação dos direitos
fundamentais do acusado.
A CAUTELARIDADE ATRAVÉS DO SEQUESTRO DE BENS IMÓVEIS E MÓVEIS
NO PROCESSO PENAL

Como aspecto geral o sequestro de bens é uma medida cautelar prevista no


Código de Processo Penal que tem como objetivo garantir o pagamento de eventuais
multas e indenizações, além de assegurar a efetividade da sentença condenatória. O
sequestro pode ser decretado tanto no início da ação penal quanto no curso do processo.

O sequestro de bens visa proteger o patrimônio público e privado através da


apreensão de bens que possam servir para ressarcir eventuais prejuízos causados pela
prática criminosa, e está previsto no Código de Processo Penal em seu artigo 1251.

Sobre a importância das medidas assecuratórias, entre as quais figura o


sequestro, prelecionam Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar2 que elas “visam a
garantir o ressarcimento pecuniário da vítima em face do ilícito ocorrido, além de obstar
o locupletamento do infrator. Servem também para pagamento de custas e de eventual
multa. Têm caráter de instrumentalidade e se destinam a evitar o prejuízo que adviria da
demora na conclusão da ação penal”.

Outrossim, como salienta Greco Filho3, o sequestro tem como "fundamento o


interesse público, qual seja, o de que a atividade criminosa não tenha vantagem
econômica", mais uma razão para incluir em seu âmbito de proteção o produto direto do
crime.

1
Código de Processo Penal
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que
já tenham sido transferidos a terceiro.
2
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 3. ed. Salvador:
JusPodivm, 2009. p. 273
3
Greco Filho, Vicente. Manual de processo penal. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
O sequestro de bens é admitido em casos de crimes que envolvem
enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, corrupção, além daqueles que geram
prejuízos a terceiros, como furto, roubo e estelionato. É possível, ainda, que seja
decretado em casos de crimes ambientais, em que bens são utilizados no cometimento
do delito.

Para que o juiz possa decretar o sequestro de bens, é necessário que haja indícios
suficientes de autoria e materialidade do crime, bem como a demonstração da
necessidade da medida, deve-se observar o periculum in mora, o fumus commissi delicti
e a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens. Ou seja, os bens
apreendidos devem ter relação com o delito praticado e precisam ser passíveis de
apreensão, isto é, segundo entendimento de Hélio Tornaghi4 indícios "que levam a grave
suspeita, os que eloquentemente apontam para um fato, gerando uma suposição bem
vizinha da certeza". 1967, p. 351).

O juiz deverá fundamentar a decisão decretando o sequestro de bens, indicando


a finalidade da medida e os motivos que a justificam. Após a decretação do sequestro
de bens, o juiz designará um oficial de justiça para cumprir a medida cautelar,
apreendendo todos os bens indicados na decisão judicial. Os bens são avaliados por um
perito, que os mantém sob custódia. Depois de finalizado o processo, se houver
condenação, os bens sequestrados poderão ser leiloados para pagamento das multas e
indenizações.

Todos os bens imóveis que sejam produtos ou proveitos do crime são


sequestráveis, por força do art. 132 do CPP5, apenas os bens móveis que tenham a

4
Tornaghi, Hélio. Comentários ao Código de Processo Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1967. vol. 1, t. II.
5
Código de Processo Penal
Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art. 126, não for
cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.
mesma origem ilícita e não possam ser objeto de busca e apreensão estão suscetíveis
à medida cautelar.

Adverte Aury Lopes Jr.6 "contudo, quando com o ganho obtido pelo delito o agente
adquire objetos que constituam a própria materialidade de outro crime, haverá apreensão
e não sequestro".

Parte da doutrina também diferencia a guarda dos bens móveis e imóveis, como
é o caso de Maria Thereza Rocha de Assis Moura7, para quem "os bens móveis
sequestrados são guardados no depósito público".

O sequestro de bens pode gerar impactos variados na vida do acusado. Além de


afetar sua vida financeira, pode impactar a atividade econômica de empresas e
instituições, quando envolvidas. A medida também pode gerar danos à imagem da
pessoa ou da instituição envolvida, além de expor a situações constrangedoras.

O sequestro de bens é uma medida cautelar importante para garantir


indenizações e assegurar a efetividade da sentença condenatória. É uma ferramenta
bastante utilizada em casos de corrupção e crimes financeiros, contribuindo para
combater a impunidade e manter a ordem pública. Entretanto, é preciso ficar atento aos
seus efeitos colaterais, avaliando a necessidade e proporcionalidade da medida em cada
caso.

6
Lopes Jr., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2009. vol. 2.
7
Moura, Maria Thereza de Assis. Medidas assecuratórias. In: Franco, Alberto Silva; Stoco, Rui (coord.). Código de
Processo Penal e sua interpretação jurisprudencial: doutrina e jurisprudência. 2. ed. São Paulo Ed. RT, 2004. vol. 2.

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