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ESCOLA DE DIREITO
TDE
O sequestro de bens no processo penal é uma medida cautelar que tem como
objetivo garantir o cumprimento de uma eventual pena pecuniária ou de reparação de
danos em um processo criminal. Essa medida consiste na apreensão de bens do
acusado ou de terceiros que estejam em sua posse ou sob sua administração.
O sequestro pode ser determinado pelo juiz em qualquer fase do processo, desde
que haja indícios suficientes de que os bens do acusado são provenientes do crime ou
foram utilizados para sua prática. Além disso, é necessário que a medida seja
proporcional e adequada para a situação concreta, levando em conta os interesses do
acusado e da sociedade.
Para que o sequestro seja efetivado, é necessário que a decisão judicial seja
comunicada aos órgãos competentes, como o Registro de Imóveis, o Departamento de
Trânsito e instituições financeiras, para que os bens sejam bloqueados ou apreendidos.
O acusado pode apresentar defesa contra a medida, argumentando que os bens não
têm relação com o crime ou que são necessários para sua subsistência.
1
Código de Processo Penal
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que
já tenham sido transferidos a terceiro.
2
TÁVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual penal. 3. ed. Salvador:
JusPodivm, 2009. p. 273
3
Greco Filho, Vicente. Manual de processo penal. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
O sequestro de bens é admitido em casos de crimes que envolvem
enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro, corrupção, além daqueles que geram
prejuízos a terceiros, como furto, roubo e estelionato. É possível, ainda, que seja
decretado em casos de crimes ambientais, em que bens são utilizados no cometimento
do delito.
Para que o juiz possa decretar o sequestro de bens, é necessário que haja indícios
suficientes de autoria e materialidade do crime, bem como a demonstração da
necessidade da medida, deve-se observar o periculum in mora, o fumus commissi delicti
e a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens. Ou seja, os bens
apreendidos devem ter relação com o delito praticado e precisam ser passíveis de
apreensão, isto é, segundo entendimento de Hélio Tornaghi4 indícios "que levam a grave
suspeita, os que eloquentemente apontam para um fato, gerando uma suposição bem
vizinha da certeza". 1967, p. 351).
4
Tornaghi, Hélio. Comentários ao Código de Processo Penal. Rio de Janeiro: Forense, 1967. vol. 1, t. II.
5
Código de Processo Penal
Art. 132. Proceder-se-á ao seqüestro dos bens móveis se, verificadas as condições previstas no art. 126, não for
cabível a medida regulada no Capítulo Xl do Título Vll deste Livro.
mesma origem ilícita e não possam ser objeto de busca e apreensão estão suscetíveis
à medida cautelar.
Adverte Aury Lopes Jr.6 "contudo, quando com o ganho obtido pelo delito o agente
adquire objetos que constituam a própria materialidade de outro crime, haverá apreensão
e não sequestro".
Parte da doutrina também diferencia a guarda dos bens móveis e imóveis, como
é o caso de Maria Thereza Rocha de Assis Moura7, para quem "os bens móveis
sequestrados são guardados no depósito público".
6
Lopes Jr., Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2009. vol. 2.
7
Moura, Maria Thereza de Assis. Medidas assecuratórias. In: Franco, Alberto Silva; Stoco, Rui (coord.). Código de
Processo Penal e sua interpretação jurisprudencial: doutrina e jurisprudência. 2. ed. São Paulo Ed. RT, 2004. vol. 2.