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INTENSIVO I

Renato Brasileiro
Direito Processual Penal
Aula 17

ROTEIRO DE AULA

Tema: Medidas cautelares de natureza pessoal

Esse tema é de extrema importância para quem se prepara para provas de concursos.
O professor destaca que, há muitos anos, esse tema era chamado nos manuais de “prisão cautelar”. Entretanto, desde a
Lei 12.403/2011, a qual alterou o CPP, há a previsão de várias medidas cautelares diversas da prisão.
✓ O professor ressalta que, com muita frequência, há alterações legislativas e/ou jurisprudenciais sobre esse tema.

1. A Tutela Cautelar no Processo Penal

Questão: O que é uma medida cautelar?


As medidas cautelares são medidas de natureza urgente.
✓ O professor ressalta que, principalmente no Brasil, os processos são extremamente morosos. Assim, em algumas
situações, se nada for feito durante a tramitação do processo, há um risco de que, ao final, a decisão proferida
não surta os efeitos desejados.
Essas medidas visam assegurar a eficácia do processo, pois o tempo exerce efeitos deletérios sobre ele.
✓ O professor destaca que há situações em que, com o processo em andamento, o acusado continua praticando
delitos. Exemplo: Um estuprador cometeu alguns crimes sexuais e, durante o trâmite do processo, ele continua
estuprando algumas vítimas. Neste caso, é necessária uma prisão cautelar para assegurar a eficácia do processo.

Questão: Como a tutela cautelar é prestada no processo penal?


Não há, em direito processual penal, um processo cautelar autônomo.

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No processo penal, as medidas cautelares são concedidas incidentalmente no curso da persecução penal, ou seja, desde
a investigação criminal até o trânsito em julgado do processo.

1.1. Espécies de Medidas Cautelares


Desse modo, a doutrina costuma apontar, pelo menos, 3 espécies de medidas cautelares (Antonio Scarance Fernandes):

a) Medidas cautelares de natureza patrimonial: são aquelas relacionadas à reparação do dano e ao perdimento de bens
como efeito da condenação.

Essas medidas são também chamadas pela doutrina de medidas cautelares reais.
✓ O professor não concorda com o termo. Ele destaca que, por influência do Direito Civil, o termo “reais” dá a
impressão de que tais medidas somente poderiam recair sobre bens imóveis. Entretanto, as medidas cautelares
de natureza patrimonial podem recair sobre bens imóveis e sobre bens móveis.

CP, art. 91: São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua
fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
criminoso.(...)”

Os efeitos da condenação do art. 91 do CP estão condicionados ao trânsito em julgado. Assim sendo, o professor destaca
que, como o processo penal é extremamente moroso, o patrimônio do acusado, muito provavelmente, não ficará intacto
esperando a condenação ao final do procedimento.
Exemplo: imagine que um traficante de drogas tenha alguns carros importados, lanchas, casas de praia etc. Diante disso,
ao ter um processo penal iniciado contra si, o traficante irá tentar esconder seu patrimônio.
✓ Para que, durante o processo, esse patrimônio não seja dilapidado, são utilizadas as medidas cautelares
patrimoniais.

Exemplo: art. 125, CPP.


CPP, art 125: “Caberá o sequestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que
já tenham sido transferidos a terceiro.”

✓ Antigamente, a eficácia do processo penal era associada apenas aos casos em que havia uma prisão cautelar.
Entretanto, o professor destaca que, atualmente, é possível perceber que, em muitos crimes, a prisão cautelar de

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um ou mais indivíduos que praticam delitos (exemplo: tráfico, lavagem de capitais etc.) não é muito eficaz, pois
uma das características básicas de toda organização criminosa é a fungibilidade entre seus membros.
✓ Atualmente, quando se pensa em medida cautelar para assegurar a eficácia de processos que envolvem crimes
mais graves, é necessário trabalhar com a prisão cautelar e com cautelares patrimoniais, como o sequestro, por
exemplo.

b) Medidas cautelares de natureza probatória: são aquelas que visam evitar o perecimento de uma fonte de prova, assim
como resguardar a produção dos meios de prova.

Quando alguém pratica um delito, é, de certa forma, comum que essa pessoa tente destruir as fontes de prova. Nesse
âmbito, surgem as medidas cautelares de natureza probatória.

Exemplos:
• Busca domiciliar;
• Interceptação telefônica (interceptação ambiental – Pacote Anticrime).

Exemplo 1: interceptação telefônica. O grampo telefônico com autorização judicial é feito para tentar descobrir fontes de
prova. Exemplificativamente, imagine que sumiram munições do quartel. Neste caso, há muitas suspeitas sobre o militar
X. Assim, pede-se uma autorização judicial para grampear o telefone do militar, pois, quanto mais rápido for feito o
grampo, mais chances há de serem descobertas as fontes de prova.

Exemplo 2: art. 225, CPP – Trata-se de depoimento prestado por pessoa acometida por alguma enfermidade, com idade
avançada ou que, por qualquer motivo, haja receio de que, ao tempo da instrução, ela já não mais exista. Neste caso, a
testemunha é ouvida na condição de prova antecipada, com a presença do juiz e das partes e com a observância do
contraditório.

CPP, art. 225: “Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio
de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
tomar-lhe antecipadamente o depoimento.”

Exemplo 3: Lei de proteção às testemunhas - art. 19-A

Lei 9.807/99, alterada pela Lei 12.483/11.


“Art. 19-A. Terão prioridade na tramitação o inquérito e o processo criminal em que figure indiciado, acusado, vítima
ou réu colaboradores, vítima ou testemunha protegidas pelos programas de que trata esta Lei.

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Parágrafo único. Qualquer que seja o rito processual criminal, o juiz, após a citação, tomará antecipadamente o
depoimento das pessoas incluídas nos programas de proteção previstos nesta Lei, devendo justificar a eventual
impossibilidade de fazê-lo no caso concreto ou o possível prejuízo que a oitiva antecipada traria para a instrução criminal.”

✓ Se há uma vítima, testemunha ou réu colaborador que esteja incluído no regime de proteção de que trata a Lei
9.807/99, ele terá seu depoimento colhido de forma antecipada.

c) Medidas cautelares de natureza pessoal: são aquelas medidas restritivas ou privativas da liberdade de locomoção
adotadas contra a pessoa do investigado (ou acusado).
As medidas cautelares de natureza pessoal são as que atingem a liberdade de locomoção do indivíduo.

As medidas cautelares pessoais repercutem na liberdade de locomoção, ora privando tal liberdade, ora restringindo-a.
Exemplo de medida cautelar que priva a liberdade: prisão cautelar.
Exemplo de medidas cautelares pessoais restritivas - Cautelares diversas da prisão (arts. 319 e 320 do CPP) – Exemplo:
proibição de se ausentar da comarca.

➢ Lei n. 12.403/11 e o fim da bipolaridade das medidas cautelares de natureza pessoal previstas no Código de
Processo Penal:
Antes da Lei 12.403/2011, havia o sistema bipolar. Isso porque, antes dessa lei, se o juiz quisesse decretar alguma medida
cautelar de natureza pessoal, ele tinha como opções a prisão cautelar ou liberdade provisória com fiança.
Na época, a liberdade provisória só podia ser dada àquele que fora preso em flagrante. Se arbitrada a fiança, ele ficava
sujeito a alguns vínculos: comparecimento em juízo, proibição de mudar de residência e proibição de ausentar-se da
comarca sem autorização judicial. Isso ainda está previsto nos artigos 327 e 328 do CPP1.

Em suma: no sistema antigo (bipolar), o juiz possuía apenas duas opções: prisão cautelar ou liberdade provisória com
fiança.

A Lei 12.403/2011 introduziu, no CPP, as chamadas cautelares diversas da prisão, acabando com a bipolaridade e dando
ao juiz um maior leque de possibilidades.

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CPP, arts. 327 e 328: “Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade,
todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não
comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão
da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade
o lugar onde será encontrado.”

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CPP, art. 319: “São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o
indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou
instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e
trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo
receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os
peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do
seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
(...)
§ 4º A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras
medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).”

CPP, art. 320: “A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as
saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e
quatro) horas.” (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Questão de concurso:

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(CESPE – JUIZ SUBSTITUTO - TJ/PR- 2017) . No que se refere a prisão, medidas cautelares e liberdade provisória, assinale
a opção correta.
(A) A fiança poderá ser definitiva ou provisória.
(B) Ninguém poderá ser preso senão em flagrante ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente, razão pela qual, havendo ordem legal emanada, a não apresentação do mandado obsta a prisão, que deverá
ser relaxada, se executada.
(C) Para seu devido cumprimento, o mandado original expedido pela autoridade judiciária deve ser apresentado durante
a diligência, sendo vedada a sua reprodução.
(D) São medidas cautelares diversas da prisão, entre outras, o comparecimento periódico em juízo, a monitoração
eletrônica e a fiança
Gabarito: D

➢ Possibilidades de utilização das medidas cautelares diversas da prisão:


Questão: Como as cautelares diversas da prisão poderão ser aplicadas pelo juiz? Duas possibilidades:
1ª) Acusado/investigado solto – Neste caso, as medidas cautelares diversas da prisão têm natureza cautelar.
Exemplo: o marido está ameaçando a esposa. Neste caso, o juiz vai aplicar cautelares diversas da prisão, como, por
exemplo, proibição de manter contato com a companheira.

2ª) Acusado/investigado preso: a pessoa foi presa em um primeiro momento e o juiz utiliza as medidas cautelares diversas
da prisão para substituir a anterior prisão cautelar.
Neste caso, as medidas cautelares diversas da prisão têm natureza de contracautela.
Exemplo: imagine que o indivíduo é auditor da Receita Federal há anos, trabalha no aeroporto internacional de Guarulhos
e facilita o contrabando ou o descaminho (crime do art. 318, CP). Ele foi preso em flagrante ao facilitar o
contrabando/descaminho.
Questiona-se: Ele será mantido preso ou será colocado em liberdade? Se ficar em liberdade, ele terá liberdade provisória
sem fiança ou com fiança? É possível associar a liberdade provisória com fiança com a aplicação de medidas cautelares
diversas da prisão?
O agente está em liberdade e se vale do cargo para praticar o crime funcional. Nesse caso, talvez seja possível resolver a
situação com medida cautelar menos gravosa do que a prisão cautelar. Seria possível, por exemplo, dar ao agente a
liberdade provisória com fiança e aplicar a cautelar de suspensão da função pública (inciso VI do art. 319, CPP).
✓ A aplicação dessa cautelar (inciso VI do art. 319, CPP) indica que o agente não terá à disposição o instrumento
necessário para a prática de crimes funcionais, que é o exercício da função pública.

CP - Facilitação de contrabando ou descaminho


“Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa”. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

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CPP, art. 319 (...): “VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira
quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;” (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

Em suma: são duas as possibilidades de utilização das medidas cautelares diversas da prisão:
a) como instrumento de contracautela, substituindo anterior prisão em flagrante, preventiva ou temporária;
b) como instrumento cautelar para o acusado que estava em liberdade plena.
Em ambos os casos, devem estar presentes os pressupostos: fumus comissi delicti e o periculum libertatis.

1.2. Poder Geral de Cautela no Processo Penal


Questão: O que significa poder geral de cautela? Trata-se de matéria estudada no âmbito do Processo Civil.

O juiz, ao aplicar uma cautelar, primeiro verifica as cautelares típicas/nominadas, ou seja, aquelas previstas em lei. Se é
necessária medida cautelar, o juiz deve, inicialmente, buscar no ordenamento jurídico a previsão de alguma cautelar capaz
de resguardar a eficácia do processo. Entretanto, nem sempre haverá cautelar nominada suficiente para resguardar a
eficácia do processo.

Assim sendo, quando não houver nenhuma cautelar idônea que possa resguardar a eficácia processo, o juiz poderá se
valer do poder geral de cautela.
✓ O poder geral de cautela consiste na possibilidade excepcional de adoção de cautelares não previstas em lei.

Veja os dispositivos abaixo:


Antigo CPC
“Art. 798. Além dos procedimentos cautelares específicos, que este Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o juiz
determinar as medidas provisórias que julgar adequadas, quando houver fundado receio de que uma parte, antes do
julgamento da lide, cause ao direito da outra lesão grave e de difícil reparação.”

Novo CPC
“Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da
sentença, no que couber.”

Questão: O poder geral de cautela pode ser utilizado no processo penal? (Duas correntes).
1ª corrente: não é possível, pois esse poder, no âmbito do processo penal, viola o princípio da legalidade e o princípio do
devido processo legal (posição adotada por Gustavo Henrique Badaró). Essa posição pode ser sustentada em concursos
para a defensoria pública.
✓ À luz da CF/1988, ninguém será privado de seus bens ou de sua liberdade sem o devido processo legal.
✓ Precedentes: STF – HC 188.888 de 2020.

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2ª corrente: é cabível o poder geral de cautela, desde que para fins de adoção de cautelares menos gravosas do que
aquelas já previstas em lei (posição adotada por Denilson Feitoza).
✓ Essa corrente vem ao encontro do princípio da proporcionalidade.
Exemplo: em um caso de homicídio doloso, o juiz resolve decretar a prisão temporária do acusado por 180 dias com base
no poder geral de cautela. Lembrando que, em crimes hediondos e equiparados, o prazo máximo da prisão temporária é
de 30 dias, prorrogáveis por igual período. Assim sendo, o juiz não poderia se valer do poder geral de cautela para ir além
do que está previsto em lei, mas pode se valer dele para estabelecer algo aquém do previsto.

Obs.: A segunda corrente deve ser adotada em provas de magistratura e MP.

➢ Ver Ag. Rg. no HC 527.078 (STJ).

1.3. Pressupostos para a Aplicação das Medidas Cautelares de Natureza Pessoal.


As medidas cautelares de natureza pessoal jamais poderão ser aplicadas como uma consequência automática da prática
do delito.
Assim, por mais grave que seja o delito, a decretação das medidas cautelares de natureza pessoal estão sujeitas aos
pressupostos previstos.
✓ Tais pressupostos devem estar presentes em relação à prisão cautelar e em relação às cautelares diversas da
prisão.
Pressupostos:

1º) “Fumus comissi delicti” – No Direito Processual Civil, utiliza-se a terminologia fumus boni iuris (fumaça do bom
direito).
Em relação ao Direito Processual Penal, utiliza-se a expressão fumus comissi delicti, que é a “fumaça do cometimento do
delito”. Segundo alguns doutrinadores, não se aplica uma medida cautelar com base no fumus boni iuris, mas sim com
base no fumus comissi delicti.
✓ O fumus comissi delicti é a plausibilidade do direito de punir, evidenciado pela prova da existência do crime e
pelos indícios de autoria ou de participação.
✓ O primeiro pressuposto para aplicar medida cautelar (qualquer uma delas) é a existência de fumus comissi delicti.

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CPP, art. 312: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria (fumus comissi delicti) e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
(Redação dada pela Lei n. 13.964/19)”

Obs.: Quando o legislador utiliza o termo “prova” no art. 312 do CPP, ele se refere à necessidade do juízo de certeza da
existência do crime. A palavra “indício”, por sua vez, é utilizada como prova semiplena (prova de menor valor persuasivo),
a qual traduz um juízo de probabilidade.

2º) “Periculum libertatis” – No âmbito do Processo Penal, utiliza-se a expressão periculum libertatis, que se trata do
perigo que a liberdade do acusado representa para as investigações, para a aplicação da lei penal e para a segurança da
coletividade.

Esse perigo fica evidenciado no art. 282, I, CPP:


CPP, art. 282: “As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal (garantia de aplicação da lei penal), para a investigação ou a instrução criminal
(conveniência da instrução criminal) e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais
(garantia da ordem pública ou da ordem econômica); (...)”

O art. 282, I, CPP tem uma redação muito próxima à redação do art. 312 do CPP.
CPP, art. 312: “A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do
crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela Lei n.
13.964/19)”

Outros pressupostos:

✓ As medidas cautelares diversas da prisão devem ser utilizadas como medidas de prima ratio e a prisão deve ser
decretada somente em último caso (ultima ratio). Sobre o assunto, veja o art. 282, §6º do CPP:

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CPP, art. 282, § 6º: “A prisão preventiva somente será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra
medida cautelar, observado o art. 319 deste Código, e o não cabimento da substituição por outra medida cautelar deverá
ser justificado de forma fundamentada nos elementos presentes do caso concreto, de forma individualizada. (Redação
dada pela Lei n. 13.964/19)”

Obs.: Se há medidas cautelares menos invasivas, o mínimo que se pode esperar é que o juiz justifique sua decisão
indicando por que motivo ele não as está utilizando.
Exemplo: “A” estuprou xx mulheres. Neste caso, não é possível aplicar cautelares diversas da prisão e, portanto, é possível,
desde já, aplicar a medida extrema: prisão cautelar. Entretanto, a aplicação da medida privativa de liberdade (prisão
preventiva) deverá ser fundamentada e o juiz deverá indicar por que razão não foi possível utilizar outras medidas
cautelares diversas da prisão.

Quanto à infração penal: Ao se deparar com uma medida cautelar, segundo o professor, primeiramente deve-se
questionar se o delito admite prisão preventiva e se ele admite a aplicação de cautelares diversas da prisão (hipóteses de
admissibilidade).

• No caso de decretação de medidas cautelares diversas da prisão, os requisitos são menos severos. O Código de
Processo Penal exige que, para a decretação de medida cautelar diversa da prisão, haja a cominação de pena
privativa de liberdade para o delito praticado.

CPP, art. 283,“§1º: “As medidas cautelares previstas neste Título não se aplicam à infração a que não for isolada,
cumulativa ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade.”

Exemplo: art. 28, Lei 11.343/20062 – No caso de crime de porte de drogas, não há cominação de pena privativa de
liberdade (isolada, cumulativa ou alternativamente), portanto, não é possível a aplicação de cautelares.
• A decretação de prisão preventiva pressupõe a observância do art. 313, CPP. Este dispositivo traz requisitos mais
severos.

CPC, art. 313: “Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I
do caput do art. 64 do Decreto-Lei no2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver violência

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Lei 11343/2006, art. 28: “Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo
pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes
penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo. (...)”

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doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
§1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
§2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou
como decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (Redação dada
pela Lei n. 13.964/19)”

Atenção para os requisitos adicionais exigidos para a internação provisória (art. 319, VII):
Atenção: A regra quanto às cautelares diversas da prisão é que, para a sua decretação, seja necessária a cominação de
pena privativa de liberdade.
Exceção: internação provisória.

A internação provisória exige requisitos adicionais:


• O crime cometido deve ter sido praticado com violência ou grave ameaça;
• Os peritos devem ter concluído que o indivíduo é inimputável ou semi-imputável. O professor destaca que, como
a internação provisória é uma medida urgente, não é necessário esperar o laudo pericial para decretá-la.
• Deve haver risco de reiteração.

CPP, art. 319, VII: “internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;“

Atenção para certas medidas cautelares em espécie que aparentemente restringem o âmbito de sua aplicação apenas
à determinada finalidade:

CPP, art. 319, VI: “suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais”

Ao ler o art. 319, VI, CPP, fica a impressão de que a cautelar somente poderia ser aplicada quando houvesse justo receio
de sua utilização para a prática de infrações penais. À luz do art. 312 do CPP, o art. 319, VI traz a ideia da garantia à ordem
pública.

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Questão: A cautelar do art. 319, VI, CPP, poderia ser utilizada para outras finalidades ou ela somente poderia ser utilizada
para garantia à ordem pública? Ela não poderia, exemplificativamente, ser utilizada para a conveniência da instrução
criminal?
1ª Corrente: não é possível utilizar a cautelar do art. 319, VI do CPP para outras finalidades, pois o dispositivo limitou a
aplicação.
2ª Corrente: é possível utilizar a cautelar do art. 319, VI do CPP para outras finalidades. Quando o legislador cita, no art.
319, VI do CPP, o “justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais”, ele está dizendo que esta seria a
principal finalidade da aplicação da medida cautelar.
Exemplo: Imagine que o auditor da Receita Federal do aeroporto de Guarulhos está destruindo provas do delito (apagando
filmagens da câmera de segurança, dados dos computadores etc.). Neste caso, de acordo com a segunda corrente, seria
possível utilizar a cautelar do art. 319, VI do CPP.

Questão de concurso:
VUNESP – JUIZ SUBSTITUTO –TJM/SP -2016). Afirma-se corretamente em matéria de prisão cautelar, que
(A) em caso de excepcional gravidade, ainda que analisada abstratamente, o princípio da presunção de inocência poderá
ser desprezado, a fim de se autorizar o largo emprego de prisões cautelares.
(B) em caso de descumprimento de alguma medida cautelar, a regra será a decretação imediata e automática da prisão
processual.
(C) na análise do cabimento da prisão preventiva, deve o juiz ponderar, na decisão, se não são aplicáveis medidas diversas
menos gravosas.
(D) o prazo da prisão temporária, ainda que prorrogada, jamais excederá a 10 (dez) dias.
(E) em sendo vedada a fiança, não é possível a concessão de liberdade provisória, com ou sem condições.
Gabarito: C

1.4. Concessão antecipada de benefícios da execução penal aos presos cautelares.


Questão: Se o indivíduo está preso cautelarmente, ele pode receber antecipadamente os benefícios da execução penal?
O professor destaca que não se pode confundir a concessão antecipada de benefícios da execução penal aos presos
cautelares com a execução provisória da pena.
✓ A execução provisória da pena, de acordo com o STF, é inconstitucional, pois viola o princípio da inocência - ADCs
43, 44 e 54.
Quando a execução provisória da pena era admitida, a decisão ainda não transitada em julgado já permitia que o
acusado fosse recolhido à prisão, desde que houvesse o esgotamento da instância nos tribunais de apelação.
✓ No tocante à concessão antecipada de benefícios da execução penal aos presos cautelares, estão presentes os
pressupostos da prisão cautelar (fumus comissi delicti e periculum libertatis) e as hipóteses de admissibilidade do
art. 313 do CPC.
Exemplo: imagine que um estuprador foi preso preventivamente e se encontra assim há 10 anos. A sentença
condenatória de 1º grau o condenou a uma pena de 20 anos e somente houve recurso exclusivo da defesa. Assim

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sendo, é possível saber que a pena de 20 anos não poderá ser agravada pelo juízo ad quem. Neste exemplo, dá
para cogitar a possibilidade de conceder ao acusado, antecipadamente, os benefícios da execução penal.
➢ Trata-se de concessão antecipada porque ela ocorrerá antes do trânsito em julgado da ação penal.

Súmula n. 716 do STF: “Admite-se a progressão de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime menos severo
nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória”.

Súmula n. 717 do STF: “Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transitada em
julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial”.
✓ Obs.: A prisão especial é uma forma diversa de cumprimento de prisão cautelar.
✓ A prisão especial está regulamentada, grosso modo, no art. 295 do CPP3.

2. PROCEDIMENTO PARA A APLICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES.


Esse procedimento foi criado pela Lei 12.403/2011 e, posteriormente, foi alterado pela Lei 13.964/2019.

2.1. Aplicação Isolada ou Cumulativa


Em regra, as medidas cautelares dos arts. 319 e 320 do CPP podem sem aplicadas de modo isolado ou cumulativo, a
depender do caso concreto.

3
CPP, art. 295: “Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos
a prisão antes de condenação definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários,
os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; (Redação dada pela Lei nº 3.181, de 11.6.1957)
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembléias Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito";
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; (Redação dada
pela Lei nº 10.258, de 11.7.2001)
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por motivo de
incapacidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos. (Redação dada pela Lei nº
5.126, de 20.9.1966) (...)”

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Exemplo: auditor da Receita Federal que trabalha no aeroporto internacional de Guarulhos e facilita o contrabando ou o
descaminho (crime do art. 318, CP). Ele foi preso em flagrante ao facilitar o contrabando/descaminho. Nesse caso, como
dito anteriormente, seria possível dar ao agente a liberdade provisória com fiança e aplicar a cautelar de suspensão da
função pública (inciso VI do art. 319, CPP). Neste exemplo, as medidas cautelares foram aplicadas de maneira cumulativa.

CPP, art. 282, §1º: “As medidas cautelares poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).”

Exceção: a internação provisória.


✓ Se o indivíduo está sendo privado de sua liberdade de locomoção, não há lógica em aplicar outras medidas
cautelares diversas da prisão.

2.2. Jurisdicionalidade.
Em se tratando de medidas cautelares, em regra, elas estão sujeitas à cláusula de reserva de jurisdição.
✓ Há um núcleo de direitos e garantias fundamentais que somente pode ser objeto de restrição mediante
autorização judicial. Exemplos: prisão preventiva, prisão temporária, monitoramento eletrônico etc.

CPP, art. 282, §2: “As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da
investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
(Redação dada pela Lei n. 13.964/19)”

✓ Na fase investigatória, o juiz das garantias seria o responsável por decretar as medidas cautelares (art. 3º-B do
CPP – Dispositivo legal suspenso).
✓ Na fase processual, o juiz da instrução e julgamento é o responsável por decretar as medidas cautelares.

Em regra, portanto, a única autoridade capaz de aplicar uma medida cautelar é o juiz.

Exceções:
1ª) Prisão em flagrante – Não depende de autorização judicial prévia.
2ª) Concessão de fiança – Essa hipótese está elencada no art. 319 do CPP como uma das cautelares diversas da prisão.
Obs. 1: possibilidade de concessão de fiança pela autoridade policial:
Quando houver anterior prisão em flagrante, o delegado de polícia poderá conceder liberdade provisória com fiança.
✓ A fiança está prevista no art. 319, VIII do CPP como cautelar diversa da prisão.

CPP, art. 322: “A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos”. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

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Exemplo: prisão em flagrante por cometimento de furto simples (pena de 1 a 4 anos). Neste caso, o delegado de polícia
pode conceder fiança.

Cuidado: Sabendo que a fiança é uma medida cautelar, o delegado de polícia somente pode exigir fiança se houver
anterior prisão em flagrante. O delegado de polícia não pode exigir fiança de pessoa que esteja solta.
✓ O delegado também não pode exigir fiança para substituir anterior prisão preventiva ou temporária.

Obs. 2: possibilidade de a Polícia determinar o imediato afastamento do agressor do lar, do domicílio ou do local de
convivência com a vítima de violência doméstica e familiar contra a mulher;
No caso da observação n. 2, há novidade trazida pela Lei 13.827/2019, a qual alterou a Lei Maria da Penha.

Lei n. 11.340/06
“Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local
de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei n. 13.827/19, com vigência em data de 14/05/2019).
I - pela autoridade judicial;
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da
denúncia.
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24 (vinte e quatro)
horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao
Ministério Público concomitantemente.
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso.”

O professor destaca que os incisos II e III do art. 12-C da Lei Maria da Penha são muito polêmicos, pois há quem entenda
que as medidas citadas somente podem ser aplicadas pelo juiz e não pelo delegado de polícia ou por policial.
O professor ressalta que, por mais importante que seja o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher, os
incisos II e III do art. 12-C possuem uma redação perigosa e já são alvo de ADI no STF.

2.2.1. Vedação à prisão cautelar ex lege.


Prisão cautelar ex lege é a prisão cautelar imposta por força de lei, independentemente da análise de sua necessidade
pela autoridade judiciária competente.
✓ Neste caso, a própria lei informa que a prisão cautelar é obrigatória, não importando a opinião do juiz a respeito
do caso.

Exemplo: antiga redação do art. 312, CPP. Neste caso, havia prisão preventiva obrigatória.

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CPP - Antiga redação do art. 312. “A prisão preventiva será decretada nos crimes a que for cominada pena de reclusão
por tempo, no máximo, igual ou superior a dez anos.” (Prisão cautelar ex lege).

✓ Atualmente, não existe mais a hipótese de prisão cautelar ex lege. Toda a prisão cautelar deve passar pela análise
do juiz.

Exemplos atuais de prisão cautelar ex lege: hipóteses em que há liberdade provisória proibida.
Exemplo 1: art. 44 da Lei 11.343/2006.
Lei n. 11.343/06, art. 44: “Os crimes previstos nos arts. 33, caput, e §1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis
de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.”

O art. 44 da Lei 11.343/2006 afirma que os crimes de tráfico de drogas não admitem liberdade provisória com fiança
(inafiançáveis). Além disso, o dispositivo afirma que tais crimes não admitem liberdade provisória sem fiança. Assim
sendo, uma pessoa que era presa em flagrante por tráfico de drogas permanecia presa por vedação à liberdade com ou
sem fiança. Nesse caso, o art. 44, Lei 11.343/06 trazia um exemplo de prisão cautelar ex lege.
✓ Observação: o STF reconheceu a inconstitucionalidade do trecho “(...) vedada a conversão de suas penas em
restritivas de direitos” do art. 44, Lei 11.343/2006.

STF: “(...) Habeas corpus. 2. Paciente preso em flagrante por infração ao art. 33, caput, c/c 40, III, da Lei 11.343/2006. 3.
Liberdade provisória. Vedação expressa (Lei n. 11.343/2006, art. 44). 4. Constrição cautelar mantida somente com base
na proibição legal. 5. Necessidade de análise dos requisitos do art. 312 do CPP. Fundamentação inidônea. 6. Ordem
concedida, parcialmente, nos termos da liminar anteriormente deferida”. (STF, Pleno, HC 104.339/SP, Rel. Min. Gilmar
Mendes, j. 10/05/2012).

Atenção: segundo o professor, isso não significa que será dada liberdade provisória para todo traficante de drogas. Se o
juiz quiser indeferir a liberdade provisória, decretando uma prisão cautelar, convertendo o flagrante em prisão preventiva
ou temporária, ele deverá apontar os pressupostos da prisão cautelar. No caso da prisão preventiva, esses pressupostos
estão no art. 312 e no art. 313 do CPP.

Súmula n. 697 do STF: “A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxamento
da prisão processual por excesso de prazo”.
✓ Atenção: Cuidado com a leitura da Súmula 697 do STF. Atualmente, o próprio STF entende que é cabível a
liberdade provisória em crimes hediondos e equiparados.

Tese de Repercussão Geral fixada no tema n. 959: “É inconstitucional a expressão ‘e liberdade provisória’, constante do
caput do art. 44 da Lei n. 11.343-06”. Paradigma: STF, Pleno, RE 1.038.925 RG/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 18.08.2017,
DJ 19.09.2017 .

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Exemplo 2:
CPP, art. 310, §2º: “Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia,
ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
(Redação dada pela Lei n. 13.964/19)”

✓ O professor chama atenção para o art. 310, §2º, o qual usa a expressão imperativa “deverá denegar”. Trata-se de
mais uma hipótese de liberdade provisória proibida, ou seja, algo que há muitos anos não é aceito pelos tribunais
superiores. Assim sendo, este dispositivo certamente terá problemas de constitucionalidade.

Exemplo 3:
Lei n. 11.340/06, art. 12-C: “Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar,
domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei n. 13.827/19)
(...)
§2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei n. 13.827/19)”

✓ O art. 12-C, §2º da Lei Maria da Penha passou a prever que, nos casos de risco à integridade física da ofendida ou
à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso (liberdade
provisória proibida).

Questão: A vedação da liberdade provisória é admitida?


1ª Corrente: É perfeitamente possível a vedação da liberdade provisória em abstrato.
✓ Essa corrente faz uma interpretação literal do art. 5º, LXVI pois a própria CF/1988, quando trata da liberdade
provisória, afirma que “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
com ou sem fiança”.
2ª Corrente (prevalecente): Ao legislador não é dado vedar a liberdade provisória, sob pena de violação ao princípio de
presunção de inocência (regra de tratamento).
Segundo os tribunais superiores, é o Poder Judiciário quem tem que dar a última palavra sobre a possibilidade ou não de
liberdade provisória, em consonância com o caso concreto.

Firmada a premissa de que é cabível (em tese) a liberdade provisória inclusive para crimes hediondos e equiparados,
questiona-se: Qual a liberdade provisória que poderá ser concedida?
Em caso de crimes hediondos e equiparados, não é possível dar liberdade provisória com fiança, por expressa vedação
constitucional. Assim sendo, a liberdade provisória no crime de tráfico, por exemplo, seria sem fiança e isso gera uma

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injustiça muito grande, pois, em crimes muito menos gravosos (exemplo: furto simples), a liberdade provisória é
concedida apenas mediante fiança.
✓ Diante dessa injustiça, a doutrina sugere que, se o juiz pretende conceder liberdade provisória para crimes
hediondos e equiparados, ela obrigatoriamente deve ser cumulada com as cautelares diversas da prisão.

2.2.2. Vedação à decretação de medidas cautelares de ofício pelo juiz na fase investigatória e na fase processual.

Questão: O juiz pode decretar medida cautelar de ofício, ou seja, sem ter sido provocado?
✓ A decretação de medidas cautelares pelo juiz, de ofício, na fase investigatória já era proibida desde a Lei
12.403/2011.
✓ Na fase processual, decretação de medidas cautelares pelo juiz, de ofício, passou a ser proibida com a Lei
13.964/2019.

CPP - (Antes da Lei n. 13.964/19)


“Art. 282. (...) §2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes ou, quando
no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério
Público.” (Redação dada pela Lei 12.403/2011).

✓ A antiga redação do art. 282, §2º, CPP não cita a decretação cautelar de ofício no curso de investigação criminal.

Após o Pacote Anticrime (Lei 13.964/2019): não é mais possível a decretação de medidas cautelares de ofício pelo juiz
na fase investigatória ou na fase processual.
A novidade do Pacote Anticrime, portanto, é que ele passou a vedar a decretação de medidas cautelares de ofício na fase
processual.

CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19)


“Art. 282. (...)
§2º As medidas cautelares serão decretadas pelo juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da investigação
criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do Ministério Público.”

Veja outros dispositivos que sofreram alteração:


CPP - (Antes da Lei n. 13.964/19)
“Art. 282. (...)
§4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, de ofício ou mediante requerimento do
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em
último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único).”

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CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19)
“Art. 282. (...)
§4º No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério
Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso,
decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art. 312 deste Código.”

CPP - (Antes da Lei n. 13.964/19)


“Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz,
de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial.”

CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19)


“Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz,
a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.”

Questão: Por que o CPP passou a prever que o juiz não pode decretar medidas cautelares de ofício?
O objetivo precípuo, nesse ponto, foi preservar a imparcialidade do magistrado. Quando o magistrado age de ofício, isso,
de certa forma, macula a sua imparcialidade.

✓ O professor relembra que, em uma das primeiras aula do curso, foi estudada a “Teoria da dissonância cognitiva”,
a qual preceitua que o ser humano, quando toma uma decisão, tende a confirmá-la posteriormente. Assim sendo,
a partir do momento em que o ser humano toma uma decisão, os atos subsequentes tendem a confirmá-la, de
modo a evitar o sentimento incômodo da dissonância cognitiva.

Obs. 1: desde que o magistrado seja provocado, é possível a decretação de qualquer medida cautelar, haja vista a
fungibilidade que vigora em relação a elas. Por isso, se o Ministério Público requerer a prisão temporária do acusado,
é plenamente possível a aplicação de cautelar diversa da prisão, ou vice-versa.

Cuidado para não achar que o juiz somente pode dar o que foi pedido pelas partes.
Exemplo: se o MP pediu o monitoramento eletrônico, o juiz foi provocado e, portanto, pode deferir qualquer cautelar.
Assim, nesse exemplo, ele pode decretar a prisão preventiva, por exemplo.
✓ Uma característica das cautelares é a fungibilidade.

Obs. 2: (Im) possibilidade de conversão da prisão em flagrante em preventiva (ou temporária) de ofício pelo juiz por
ocasião da realização da audiência de custódia
Esse tema será trabalhado na aula 18.

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A audiência de custódia é realizada, em regra, na fase investigatória. Nesta fase, o juiz pode agir de ofício?
A doutrina sempre sustentou que, na fase investigatória, o juiz não poderia agir de ofício. Isso ocorre desde a Lei
12.403/2011.
Esse entendimento, entretanto, não era seguido pelos tribunais, sobretudo pelo STJ. Isso mudou com a Lei 13.964/2019.
Precedentes:
✓ Ver HC 188.888 de 2020 (STF).
✓ Ver HC 186.421 de 2020 (STF).

STJ: “(...) Não é nula a decisão do Juízo singular que, de ofício, converte a prisão em flagrante em preventiva, quando
presentes os requisitos e fundamentos para a medida extrema, mesmo sem prévia provocação/manifestação do
Ministério Público ou da autoridade policial. Exegese do art. 310, II, do CPP. Precedentes deste STJ. Habeas corpus não
conhecido”. (STJ, 5ª Turma, HC 281.756/PA, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 15/05/2014, Dje 22/05/2014). (Entendimento
antigo).

- Por ocasião do julgamento do RHC 131.263/GO (Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 24.02.2021), a 3ª Seção do STJ concluiu
que, após o advento da Lei n. 13.964/19, não é mais possível a conversão ex officio da prisão em flagrante em preventiva,
mesmo se decorrente de prisão em flagrante e mesmo se não tiver ocorrido audiência de custódia.
✓ Obs.: A 5ª Turma do STJ tem julgamento posterior afirmando que ulterior manifestação do MP convalida a
cautelar decretada de ofício (Ag.Rg. no RHC 136.708/MS4).

Obs. 3: (Im) possibilidade de revogação de medidas cautelares de ofício e redecretação de novas cautelares diante da
superveniência de razões que a justifiquem.
Nesse ponto, o Pacote Anticrime trouxe nova redação ao art. 282, §5º do CPP.

CPP - (Antes da Lei n. 13.964/19)


“Art. 282. (...)
§5º O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substitui-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem
como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.”

CPP - (Depois da Lei n. 13.964/19)


“Art. 282. (...)
§5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substitui-la quando verificar a falta de
motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem.”

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“O posterior requerimento da autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação do Ministério Público
favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de prévio requerimento.” STJ. 5ª Turma.
AgRg RHC 136.708/MS, Rel. Min. Felix Fisher, julgado em 11/03/2021 (Info 691).

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Questão: O juiz pode revogar as cautelares de ofício? Sim. Quando o juiz está revogando uma cautelar de ofício, ele está
agindo em favor da liberdade de locomoção.
✓ Em suma: o juiz não pode agir de ofício para prejudicar o indivíduo, mas pode agir de ofício para beneficiá-lo.

Atenção: o trecho “bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem” previsto no art. 282, §5º do
CPP refere-se à nova decretação de medidas cautelares (“redecretação”).
✓ O professor cita que o art. 282, §5º do CPP, no trecho destacado em azul, afirma que o juiz poderá atuar ex officio.
Assim sendo, a mesma lei que alterou o art. 282 em seus §2º e §4º, bem como o art. 311 do CPP para vedar a
atuação de ofício do juiz, permitiu, no art. 282, §5º, CPP, que o juiz possa agir de ofício quando voltar a decretar
uma medida cautelar. Diante disso, surgiram duas correntes:
1ª Corrente: afirma que o previsto no art. 282, §5º do CPP é válido. Isso porque há previsão legal e, além disso,
se o juiz está redecretando, ele já teria sido provocado anteriormente.
2ª Corrente: afirma que o previsto no art. 282, §5º do CPP (grifado em azul) não é válido. Segundo essa corrente,
deve ser feita uma interpretação sistemática do art. 282 em seus §2º e §4º, bem como do art. 311 do CPP. Essa é
a posição do professor Renato Brasileiro.
Na opinião do professor Renato Brasileiro, o juiz somente pode agir de ofício para revogar a medida cautelar ou
substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista.

Obs. 4: Ulterior manifestação ministerial pela revogação de medida cautelar anteriormente decretada pelo magistrado
a pedido do Ministério Público e (im) possibilidade de discordância da autoridade judiciária.
Situação: Na prisão preventiva, há um requerimento do MP e o juiz decreta a prisão preventiva. Neste caso, o que ocorre
se, posteriormente, o próprio MP pedir a revogação da prisão preventiva? O juiz não é obrigado a revogar a prisão - HC
195.009 (STF).

Obs. 5: (Im) possibilidade de decretação da prisão preventiva de ofício pelo juiz no âmbito da violência doméstica e
familiar contra a mulher

Lei n. 11.340/06, art. 20: “Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade
policial.”

Questão: O disposto no art. 20 da Lei Maria da Penha continua válido?


1ª Corrente: afirma que o previsto no art. 20 da Lei 11340/2016 é válido. O fundamento é o princípio da especialidade.
Essa, entretanto, não é a melhor orientação segundo o professor Renato Brasileiro.
2ª Corrente: afirma que o previsto no art. 20 da Lei 11340/2016 não é válido. Assim sendo, não é possível que o juiz
decrete a prisão preventiva de ofício.

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✓ Esse é o entendimento que prevalece.
O art. 20 da Lei 11340/2016 corresponde à antiga redação do art. 311 do CPP e, nesse ponto, o aluno deve entender que
houve evolução legislativa quanto à proteção da imparcialidade do juiz.

Obs. 6: (Im) possibilidade de decretação de outras medidas cautelares de ofício pelo juiz, ainda que de natureza diversa
Segundo o professor, a impossibilidade se estende à aplicação de qualquer medida cautelar de ofício.

CPP, art. 127: “O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da
autoridade policial, poderá ordenar o sequestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia
ou queixa.”

Lei 9.296/96, art. 3º: “A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento:
I – da autoridade policial, na investigação criminal;
II – do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal.”

Lei 9.296/96, art. 8º-A: “Para investigação ou instrução criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento da
autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,
quando: (Incluído pela Lei n. 13.964/19)”
I – a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
II – houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.

Obs. 7: (Im) possibilidade de decretação da prisão preventiva (ou das cautelares diversas da prisão) de ofício pelo juiz
por ocasião da pronúncia ou da sentença condenatória recorrível;

CPP, art. 387, §1º: “O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a manutenção ou, se for o caso, a imposição de prisão
preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do conhecimento de apelação que vier a ser interposta.”

CPP, art. 413, §3º: “O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou
medida restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da
decretação da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código.”

Questão: No momento da pronúncia ou da sentença condenatória recorrível, o juiz pode decretar cautelar de ofício?
Na opinião do professor Renato Brasileiro, é possível. Argumentos:
1º) O Pacote Anticrime não alterou os art. 387, §1º e art. 413, §3º do CPP (dispositivos que cuidam da prisão preventiva
por ocasião da pronúncia e da sentença).

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2º) No momento da pronúncia ou no momento da condenação, o juiz já está externalizando a convicção dele no caso
concreto (esgotamento da jurisdição). Assim sendo, a razão de ser da vedação da atuação de ofício pelo juiz não estaria
mais presente e seria possível o juiz decretar cautelar de ofício.

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