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Renato Brasileiro
Direito Processual Penal
Aula 18
ROTEIRO DE AULA
I -Toda decisão judicial que decreta uma medida cautelar é sempre baseada na cláusula rebus sic stantibus – cláusula da
imprevisão.
II – Por força dessa cláusula, a decisão judicial em questão não é definitiva, mas sim situacional, ou seja, o juiz profere a
decisão com base nos pressupostos fáticos e jurídicos até então existentes. Se houver alteração de tais pressupostos, a
decisão poderá ser reformada.
III- Exemplo: juiz decreta prisão preventiva porque o acusado ameaçou as testemunhas. Após a oitiva de todas elas, o
motivo que levou o juiz a decretar tal prisão não está mais presente. Nesse caso, o juiz pode revogar a prisão.
Observações:
✓ Se houver a alteração dos pressupostos, o juiz pode revogar a medida em questão ou pode substituí-la.
CPP, art. 282: “§ 5º O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que
subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).”
✓ Autoridade jurisdicional competente para a revogação das medidas cautelares: a autoridade competente para
a revogação das medidas cautelares, pelo menos em um primeiro momento, é o mesmo juiz que decretou a
medida.
✓ A resolução citada preceitua que, pelo menos anualmente, haja a revisão da legalidade e necessidade da
manutenção das prisões provisórias e definitivas.
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✓ A resolução fala sobre prisões provisórias e definitivas, medidas de segurança e internações. Entretanto, isso
também se aplica às medidas cautelares diversas da prisão.
I – Quando uma decisão favorável à defesa é proferida, é cabível o RESE (recurso em sentido estrito).
II - Legitimados: são os mesmos legitimados para requerer as medidas cautelares (assunto estudado anteriormente).
CPP, art. 581: “Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
(...)
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou
revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;” (Redação dada pela Lei nº 7.780, de 22.6.1989)
IV – Questão: se o recurso indeferido for relativo à medida cautelar diversa da prisão, também caberá o recurso em
sentido estrito? Atenção: o rol das hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito pode ser objeto de
interpretação extensiva. A interpretação extensiva quanto às hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito é
perfeitamente possível, desde que a interpretação seja no mesmo sentido do que foi previsto em lei.
Assim sendo, é possível interpretar a prisão preventiva extensivamente e incluir as prisões temporárias e as cautelares
diversas da prisão. Isso ocorre porque todas são espécies de medidas cautelares de natureza pessoal.
V – No caso de revogação da prisão preventiva, o promotor de justiça pode até interpor RESE com base em uma das
hipóteses de cabimento do recurso (art. 581, V, CPP). Entretanto, é preciso atentar para o fato de que o RESE previsto
nesse dispositivo não possui efeito suspensivo, ou seja, na prática, a decisão que revogou a preventiva possui efeitos
imediatos.
✓ Questão: diante dessa situação, é possível impetrar um mandado de segurança concomitantemente ao recurso
em sentido estrito, de modo a conseguir o efeito suspensivo ao recurso? O STJ, na Súmula 604, afirma que isso
não é possível.
Súmula n. 604 do STJ: “O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal
interposto pelo Ministério Público”. (Terceira Seção, aprovada em 28/2/2018, DJe 5/3/2018).
Lei n. 12.016/09
“Art. 5º Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
(…)
II – de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.
(…).”
STJ: “(...) Conquanto o afastamento do cargo público não afete diretamente a liberdade de locomoção do indivíduo, o
certo é que com o advento da Lei 12.403/2011 tal medida pode ser imposta como alternativa à prisão preventiva do
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acusado, sendo que o seu descumprimento pode ensejar a decretação da custódia cautelar, o que revela a possibilidade
de exame da sua legalidade na via do habeas corpus. (...)”. (STJ, 5ª Turma, HC 262.103/AP, Rel. Min. Jorge Mussi, j.
09/09/2014, Dje 15/09/2014).
CP - Detração
Art. 42. Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil
ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo
anterior.
III – Questão: é possível realizar a detração em relação ao cumprimento de medidas cautelares diversas da prisão?
Há duas situações possíveis:
a) Quando houver semelhança entre a medida cautelar aplicada durante o curso da persecução penal e a pena definitiva:
nesse caso, é possível fazer a detração.
b) Quando não houver homogeneidade entre a medida cautelar aplicada durante a persecução penal e a pena definitiva:
1ª corrente: (MP e magistratura) não há direito à detração penal, já que não há previsão legal. Essa é a posição majoritária.
STF: “(...) HABEAS-CORPUS. DETRAÇÃO DA PENA. CÔMPUTO DO PERÍODO EM QUE O PACIENTE ESTEVE EM LIBERDADE
PROVISÓRIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Detração penal considerando-se o lapso em que o paciente esteve em
liberdade provisória. Impossibilidade, por ausência de previsão legal. A regra inscrita no artigo 42 do CPB prevê o cômputo
de período relativo ao cumprimento de pena ou de medida restritiva de liberdade. Habeas-corpus indeferido”. (STF, 2ª
Turma, HC 81.886/RJ, Rel. Min. Maurício Corrêa, j. 14/05/2002).
✓ Atenção: esse julgado é anterior à Lei 12.403/2011.
2ª corrente: a posição minoritária defende que é possível a detração penal, ainda que não haja previsão legal.
Para essa corrente, no cálculo desse benefício, deve-se utilizar um critério semelhante à remição:
LEP - Da Remição
“Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
§1º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de:
I – 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino fundamental, médio, inclusive
profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional – divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
II – 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.
3. PRISÃO
3.1. Conceito.
Trata-se da privação da liberdade de locomoção com recolhimento da pessoa ao cárcere, seja em virtude de flagrante
delito, ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, seja em face de transgressão militar ou crime
propriamente militar.
CF, art. 5º, LXI: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”
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✓ Entretanto, a CF/1988 não é autoaplicável. Para que tais prisões sejam válidas, é necessária uma legislação
ordinária dispondo sobre a matéria.
✓ Sobre o assunto, a Convenção Americana de Direitos Humanos autoriza apenas a prisão do devedor de alimentos
(CADH, art. 7º, “7”). Como a Convenção Americana de Direitos Humanos tem status supralegal, no Brasil, só é
possível a prisão civil do devedor de alimentos (Controle de convencionalidade).
CF, art. 5º, LXVII: “não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;”
Súmula vinculante 25: “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito”.
✓ O falido, na revogada lei de falências, era preso por ter faltado com o cumprimento dos deveres legais impostos.
O dispositivo preceituava uma verdadeira prisão civil. Sobre essa prisão, doutrina e jurisprudência defendiam que
tal artigo não havia sido recepcionado pela CF/1988.
Súmula n. 280 do STJ: “O art. 35 do Decreto-Lei n. 7.661/45, que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos
incisos LXI e LXVII do art. 5º da Constituição Federal de 1988”.
Lei 11.101/05, art. 99: “A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
(...)
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes envolvidas, podendo ordenar a
prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prática de
crime definido nesta Lei;”
✓ O falido, a partir da Lei 11.101/2005, pode ser preso preventivamente. Tal prisão é condicionada aos pressupostos
dos artigos 312 e 313 do CPP.
II – Atenção: em estados de crise, a prisão administrativa ainda é válida. No estado de normalidade, a prisão administrativa
não foi recepcionada pela CF/1988.
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➢ Prisão do estrangeiro.
A revogada Lei 6.815/1980 (antigo Estatuto do Estrangeiro), ao tratar da prisão para fins de extradição, expulsão e
deportação, dizia que tais prisões poderiam ser decretadas pelo Ministro da Justiça. Essa disposição sempre foi encarada
como não recepcionada pela CF/1988.
Antes da revogação da citada lei, a orientação que prevalecia era de que a prisão para fins de extradição e de expulsão só
poderia ser decretada por ministro do STF. A prisão para fins de deportação, por sua vez, só poderia ser decretada por
juiz federal atuante na área criminal.
Observações:
➢ Extradição: antigamente (antes da Lei n. 6.815/80), a prisão do extraditando era considerada obrigatória. Esse
entendimento foi superado, pois o STF passou a entender que o extraditando deve receber o mesmo tratamento
dado ao brasileiro, de modo que a prisão, durante a persecução penal, só pode ser preventiva (PPE – prisão
preventiva para fins de extradição, condicionada aos requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP).
➢ A nova Lei de Migração não prevê a prisão para fins de deportação nem a prisão para fins de expulsão. A referida
lei disciplina apenas da prisão para extradição, tratando-a como espécie de prisão cautelar.
➢ Lei n. 13.445/17 (Lei de Migração) prevê que a prisão para extradição (prisão cautelar) não é mais conditio sine
qua non do processo extradicional.
STF: “(...) Habeas corpus. 1. Pedido de revogação de prisão preventiva para extradição (PPE). 2. Alegações de ilegalidade
da prisão em face da instrução insuficiente do pleito extradicional; nulidade da decisão que decretou a prisão do
extraditando por falta de manifestação prévia da Procuradoria-Geral da República (PGR); e desnecessidade da prisão
preventiva, sob o fundamento de que a liberdade do paciente não ensejaria perigo para a instrução criminal desenvolvida
pelo Governo do Panamá 3. Suposta insuficiência da instrução do pedido extradicional. Informações prestadas pelo
Relator da Extradição nº 1091/Panamá indicam que o pleito está sendo processado regularmente. 4. Alegação de nulidade
da decisão que decretou a prisão do paciente por falta de manifestação prévia da PGR. Providência estranha ao
procedimento da PPE, pois não há exigência de prévia manifestação da PGR para a expedição do mandado de prisão.
Alegação de desnecessidade da PPE. A custódia subsiste há quase quatro meses e inexiste contra o paciente sentença de
condenação nos autos do processo instaura do no Panamá. 6. PPE. Apesar de sua especificidade e da necessidade das
devidas cautelas em caso de relaxamento ou concessão de liberdade provisória, é desproporcional o tratamento que vem
sendo dado ao instituto. Necessidade de observância, também n a PPE, dos requisitos do art. 312 do CPP, sob pena de
expor o extraditando a situação de desigualdade em relação aos nacionais que respondem a processos criminais no Brasil.
7. A PPE deve ser analisada caso a caso, e a ela deve ser atribuído limite temporal, compatível com o princípio da
proporcionalidade; e, ainda, que esteja em consonância com os valores supremos assegurados pelo Estado Constitucional,
que com partilha com as demais entidades soberanas, em contextos internacionais e supranacionais, o dever de efetiva
proteção dos direitos humanos. 8. O Pacto de San José da Costa Rica proclama a liberdade provisória como direito
fundamental da pessoa humana (A rt. 7º,5). 9. A prisão é medida excepcional em nosso Estado de Direito e não pode ser
utilizada como meio generalizado de limitação das liberdades dos cidadãos (Art. 5º, LXVI ). Inexiste razão, tanto com base
na CF/88, quanto nos tratados internacionais c om relação ao respeito aos direitos humanos e a dignidade da pessoa
humana, para que tal entendimento não seja também aplicado às PPE´s. 10. Ordem deferida para que o paciente aguarde
em liberdade o julgamento da Extradição no 1091/Panamá”. (STF, Pleno, HC 91.657/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, Dje 047
13/03/2008).
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Art. 124. Revogam-se:
I – (...); e
II – a Lei n. 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro).
CF, art. 5º, LXI: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
II – Observações:
✓ Nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, a prisão do militar poderá ser efetuada
independentemente de flagrante delito ou de ordem do juiz competente.
✓ Essa prisão é admitida pela CF para manter dois pilares básicos das forças armadas: hierarquia e disciplina.
✓ Atenção: esses preceitos só se aplicam aos limitares.
✓ Crime propriamente militar é aquele que só pode ser cometido por um militar. Trata-se da infração de deveres
próprios do militar. Exemplos: deserção.
CF, art. 142, §2º: “Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.”
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II - Entretanto, após a decisão proferida pelo STF no HC 126.292, a Corte passou a admitir que haja execução provisória
da pena, ou seja, agora é possível o cumprimento da prisão penal após o esgotamento da segunda instância.
II - Conceito:
Depende do conceito de prisão penal adotado:
1º) Para a primeira corrente, que entende que a prisão penal ocorre após o trânsito em julgado, a prisão cautelar é aquela
decretada antes do trânsito em julgado de sentença condenatória com o objetivo de assegurar a eficácia do processo.
2º) Para a corrente que adota o entendimento proferido no HC 126.292, a prisão cautelar é aquela decretada antes do
esgotamento da segunda instância com o objetivo de assegurar a eficácia do processo.
✓ Observação: a prisão decorrente de pronúncia e a prisão decorrente de sentença condenatória recorrível, durante
muito tempo, foram apontadas como espécies de prisão cautelar. Em 2008 e em 2011, tais prisões deixaram de
existir como modalidades autônomas de prisão cautelar.
CPP, art. 283: “Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou
do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva” (redação dada pela Lei n. 12.403/11)
4. PRISÃO EM FLAGRANTE
4.1. Conceito.
I - A expressão flagrante deriva do latim flagare (algo em chamas, delito que está queimando). Trata-se de delito
evidente/notório.
✓ A prisão em flagrante independe de autorização jurisdicional prévia. O controle jurisdicional quanto à prisão em
flagrante é exercido a posteriori (art. 310, CPP – convalidação judicial do flagrante).
III -Conceito: é uma medida de autodefesa da sociedade, caracterizada pela privação da liberdade de locomoção daquele
que é surpreendido em situação de flagrância, a ser executada independentemente de prévia autorização judicial.
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I - Trata-se de flagrante da autoridade policial e de seus agentes. Tais autoridades têm o dever de efetuar esta prisão no
caso de haver uma situação de flagrância.
II - O flagrante obrigatório é válido para as 24h do dia e não somente enquanto o agente policial está em serviço.
A autoridade policial é garantidora à luz do art. 13, §2º, “a”, CP1, ou seja, é alguém que tem por lei a obrigação de cuidado,
proteção e vigilância (deve-se associar o poder e o dever de agir).
III -Quando o policial tem a obrigação de agir e efetua uma prisão, ele age acobertado pelo estrito cumprimento do dever
legal.
b) Flagrante facultativo:
I – Esse flagrante também está previsto no art.301 do CPP. Trata-se de flagrante válido para qualquer pessoa do povo.
II – Quando uma pessoa do povo prende outrem em flagrante, age em exercício regular de um direito, que também é
causa excludente da ilicitude.
CPP, art. 301: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja
encontrado em flagrante delito.”
c) Flagrante próprio/perfeito/real/verdadeiro
I - O flagrante próprio está previsto nos dois primeiros incisos do art. 302, CPP:
II – Imagine a seguinte situação, a qual foi cobrada em prova da DPE: um cidadão entra no supermercado e esconde uma
garrafa de vinho com a intenção de furtá-la. O agente é preso ainda dentro do supermercado. Nesse caso, o flagrante é
legal?
Para responder à pergunta, é necessário relembrar as fases do crime (ou iter criminis) estudadas na matéria de Direito
Penal:
Iter criminis
✓ O Direito Penal intervém quando o agente inicia os atos executórios (art. 14, II, CP2).
✓ Atos preparatórios, excepcionalmente, são puníveis. Exemplo: petrechos para falsificação de moeda.
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CP, art. 13, §2º, “a”: “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância”
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CP, art. 14, II: “Diz-se o crime: (...)
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.”
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✓ Na questão acima, a prova da Defensoria Pública aceitou como gabarito a resposta que considerava que a prisão
do agente era ilegal, pois não teria sido configurado o flagrante próprio, já que a execução do furto só ocorre
quando o agente passa pelo caixa e não efetua o pagamento.
CPP, art. 209: “Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-
lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o
caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção,
pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.”
e) Flagrante ficto/assimilado/presumido:
I- Está previsto no art. 302, IV, CPP:
CPP, art. 302: “IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele
autor da infração.”
II – É importante ter cuidado para não confundir este flagrante com o do art. 302, III, CPP.
III- No art. 302, IV, CPP, o agente é encontrado, ou seja, não há perseguição. Este encontro pode ser, inclusive, casual.
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f) Flagrante preparado/provocado:
I- Também é chamado de “crime de ensaio” ou “delito putativo por obra do agente provocador”.
III - As precauções adotadas para evitar o crime fazem com que se configure o “crime impossível” em decorrência da
ineficácia absoluta do meio. Entretanto, se mesmo com as precauções adotadas, o delito se consumar, não há que se falar
em crime impossível, pois, neste caso, o meio não teria sido absolutamente ineficaz.
IV – Para ser flagrante preparado, devem estar presentes os dois requisitos citados.
V – Atenção: o flagrante preparado, segundo doutrina e jurisprudência, é uma espécie de prisão ilegal. Se ela ocorrer,
deve haver o relaxamento da prisão.
Súmula n. 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”.
✓ Apesar da Súmula 145 do STF dispor sobre o flagrante preparado “pela polícia”, o mesmo preceito se aplica
ao flagrante preparado pelo particular.
g) Flagrante esperado:
I - No flagrante esperado, a autoridade toma conhecimento do delito através de investigação prévia, efetuando então a
prisão em flagrante.
II – Atenção: é preciso atentar-se para o fato de que o “momento mais oportuno” também deve configurar uma das
situações de flagrância para que o agente possa ser preso. Caso contrário, a prisão em flagrante do agente não será
possível.
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Lei 9.613/98, art. 4º-B: “A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão
ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as
investigações”. (artigo acrescentado pela Lei n. 12.683/12).
Lei 11.343/06, art. 53: “Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos,
além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos
investigatórios:
(...)
II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua
produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de
integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o
itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores.”
Lei 12.850/13, art. 8º: “Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação
praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que
a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§ 1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que,
se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.
§ 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a
ser efetuada.
§ 3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de
polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.
§ 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada.”
✓ Atenção: a lei de organizações criminosas prevê que a ação controlada não depende de autorização judicial
prévia. O juiz, nesse caso, é comunicado da ação controlada e estabelece limites para tal.
➢ Entrega vigiada:
✓ Trata-se de espécie de ação controlada.
✓ É a técnica que permite que remessas ilícitas ou suspeitas de drogas, ou de outros produtos ilícitos, saiam do
território de um país com o conhecimento e sob o controle das autoridades competentes, com a finalidade de
investigar infrações e identificar os demais coautores e participes (Convenção de Palermo).
i) Flagrante forjado/fabricado/urdido
Ocorre quando policiais, particulares ou promotores de justiça criam provas de um crime inexistente com a finalidade de
legitimar uma prisão em flagrante.
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