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APRESENTAÇÃO
Léo Castro
(contato@leonardocastroprofessor.com)
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LEI DE EXECUÇÃO PENAL COMENTADA + SÚMULAS STF E STJ
Professor: Léo Castro
1. SÚMULAS RELACIONADAS
Súmula Vinculante 56
Súmula Vinculante 26
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
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(c) Ocorre que, em uma condenação tão alta, o limite de cumprimento da pena
(na época, de trinta anos) será alcançado antes do tempo necessário para a
progressão;
(d) Ou seja, em 2028, ele terá de ser solto (trinta anos) sem que tenha conseguido
cumprir de regime. A pena será cumprida integralmente em regime fechado, pois
o tempo da progressão seria alcançado em época posterior ao ano de 2028;
(e) Por outro lado, se considerado o limite de tempo – antes, de trinta, e, agora, de
quarenta anos -, teríamos uma situação absurda: uma pessoa condenada à pena
de quarenta anos e outra à de quatrocentos anos progrediriam de regime após o
mesmo tempo de cumprimento da pena. No exemplo do Maníaco do Parque, a
progressão teria ocorrido em 2003 (1/6 de 30).
É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da exe-
cução penal.
Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida prévia da defesa,
determine transferência ou permanência de custodiado em estabelecimento penitenciá-
rio federal.
Comentário: para o STJ, a defesa pode ser ouvida em momento posterior à trans-
ferência para estabelecimento penitenciário federal.
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A prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.
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Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a
sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos à administração estadual.
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2. PACOTE ANTICRIME
ARTIGO 9º-A
Inicialmente, a nova redação do artigo 9º-A da LEP havia sido vetado pelo Presidente da
República. A motivação para o veto: (i) por não prever a possibilidade do procedimento para
todos os condenados por crimes hediondos; (ii) por impedir a utilização do material gené-
tico para práticas de fenotipagem genética e busca familiar e (iii) por obrigar o poder público
a descartar imediatamente a amostra biológica após a identificação do perfil genético. No
entanto, o veto foi derrubado pelo Congresso Nacional, quando passou a valer a nova reda-
ção dada ao dispositivo pelo Pacote Anticrime. Comparadas as duas redações, podemos
extrair as seguintes conclusões:
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(a) foi mantida a identificação obrigatória do perfil genético nos crimes dolosos pratica-
dos com violência grave contra pessoa. Por “violência grave”, na falta de um conceito legal,
parece correto entender que que se trata de conduta que resulte em lesão corporal grave,
gravíssima ou morte;
(b) o crime praticado com violência grave contra a pessoa deve ser, necessariamente,
doloso. Em seguida, o dispositivo fala em crimes contra a vida, contra a liberdade sexual ou
crime sexual contra vulnerável, sem ressalva, o que nos faz crer que, para esses delitos,
pouco importa se o delito é doloso ou culposo, quando típica a conduta culposa (exemplo:
homicídio culposo);
(c) a identificação do perfil genético deixou de ser obrigatória para condenados por qual-
quer dos crimes hediondos previstos no art. 1º da Lei n. 8.072/1990.
ARTIGO 50
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ARTIGO 52
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O Pacote Anticrime reformou integralmente o artigo 52 da LEP, que dispõe sobre o regime
disciplinar diferenciado, o RDD. A partir dessas alterações, vigentes desde o dia 23 de janeiro
de 2020, o RDD deve ser imposto ao preso, provisório ou condenado, nacional ou estran-
geiro, que tenha praticado fato previsto como crime doloso capaz de ocasionar subversão da
ordem ou disciplina interna. Para o reconhecimento da falta grave, é prescindível o trânsito
em julgado da sentença condenatória pela prática do novo delito pelo preso.
ATENÇÃO
Reconhecida a falta grave pela prática de crime doloso, qual é a consequência em caso de
posterior absolvição? De acordo com a jurisprudência do STJ, “a decisão que reconhece a
prática de falta grave disciplinar deverá ser desconstituída diante das hipóteses de arqui-
vamento de inquérito policial ou de posterior absolvição na esfera penal, por inexistência
do fato ou negativa de autoria, tendo em vista a atipicidade da conduta” (Jurisprudência em
Teses, ed. n. 145).
Características do RDD
Com a entrada em vigor do Pacote Anticrime, tivemos profundas alterações nas carac-
terísticas do RDD. Certamente, é um dos pontos com maior chance de cair em provas de
concursos públicos. Observe o comparativo a seguir:
(a) Antes, a duração máxima do RDD era de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de
repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da
pena aplicada. A partir da Lei n. 13.964/19, o novo limite é de até dois anos, sem prejuízo de
repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie;
(b) Antes, as visitas ao preso em RDD eram semanais, de duas pessoas, sem contar as
crianças, com duração de duas horas; agora, as visitas são quinzenais, de duas pessoas por
vez, a serem realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passa-
gem de objetos, por pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com
duração de duas horas;
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(c) Antes, o preso tinha direito à saída da cela por duas horas diárias para banho de sol;
atualmente, é permitida a saída da cela por duas horas diárias para banho de sol, em grupos
de até quatro presos, desde que não haja contato com presos do mesmo grupo criminoso.
O recolhimento em cela individual (cela individual) já estava previsto na antiga redação
do artigo 52 da LEP. Sobre o tema, cuidado: (a) em provas, a banca pode adotar a expres-
são “isolamento celular”; (b) a cela individual não se confunde com a cela escura (“solitária”),
vedada pela LEP (art. 45, § 2º). Além disso, o Pacote Anticrime adicionou três novos incisos
ao caput do artigo 52, com as seguintes redações:
(d) As entrevistas são sempre monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em ins-
talações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo expressa
autorização judicial em contrário;
(e) Tem de ser realizada a fiscalização do conteúdo da correspondência;
(f) A participação em audiências judiciais deve ocorrer, preferencialmente, por videocon-
ferência, garantindo-se a participação do defensor no mesmo ambiente do preso.
Prazo Máximo
A partir do Pacote Anticrime, o prazo máximo do RDD passou a ser de dois anos, sem
prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie. Contudo, no § 4º,
o artigo 52 prevê a possibilidade de prorrogações sucessivas do prazo máximo do RDD, por
períodos de um ano, desde que o preso: (a) continue apresentando alto risco para a ordem e
a segurança do estabelecimento penal de origem ou da sociedade; (b) mantenha os vínculos
com organização criminosa, associação criminosa ou milícia privada, considerados também
o perfil criminal e a função desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação duradoura
do grupo, a superveniência de novos processos criminais e os resultados do tratamento
penitenciário.
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ARTIGO 112
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Progressão de Regime
Uma das mudanças mais significativas do Pacote Anticrime se deu em relação ao quan-
tum de cumprimento da pena em um regime para a progressão para outro, mais benéfico
(exemplo: do regime fechado para o semiaberto). Antes da Lei n. 13.964/2019, o tempo para
a progressão era assim calculado:
(a) Para crimes comuns, não hediondos ou equiparados, o preso tinha de cumprir um
sexto da pena;
(b) Para crimes hediondos ou equiparados, havia dois parâmetros: (b.1) se primário o
condenado, bastava o cumprimento de dois quintos da pena; (b.2) se reincidente, dois terços;
(c) Por fim, no caso de mulher gestante ou mãe ou responsável por crianças ou pes-
soas com deficiência, tinha de ser cumprido um oitavo da pena (o menor dos parâmetros
existentes).
A partir do Pacote Anticrime, foi mantido o parâmetro de um oitavo, previsto no artigo 112,
§ 3º, da LEP, no caso de mulher gestante ou mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência. As demais frações (1/6, 2/5 e 3/5) foram substituídas por oito parâmetros
percentuais, que variam entre dezesseis e setenta por cento, a depender da gravidade do
crime e da primariedade do condenado.
ATENÇÃO
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Em resumo, o Pacote Anticrime beneficiou João, que poderá progredir após o cumpri-
mento de 2/5 da pena (fração prevista para condenados primários). Por se tratar de uma
nova lei mais benéfica, deve retroagir para alcançá-lo.
Vale destacar, ademais, que o critério objetivo (quantum de cumprimento da pena) não
é o único a ser observado para a concessão da progressão de regime. O artigo 112 da LEP
estabelece que, em todos os casos, o apenado só terá direito à progressão de regime se
ostentar boa conduta carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento, respeitadas
as normas que vedam a progressão. O bom comportamento para a progressão de regime é
tratado no § 7º, que possui a seguinte redação: “o bom comportamento é readquirido após 1
(um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após o cumprimento do requisito temporal exigível
para a obtenção do direito”.
Tráfico Privilegiado
Em consonância com a jurisprudência, prevê o artigo 112, § 5º, que o tráfico privilegiado,
hipótese prevista no artigo 33, § 4º, da Lei n. 11.343/06, não é crime equiparado a hediondo.
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ARTIGO 122
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A Lei n. 7.210/1984 é extensa. Com mais de duzentos artigos, muitos concurseiros devem
se questionar se vale a pena estudá-la, afinal, seriam necessárias algumas semanas (ou
meses!) para memorizar seu conteúdo, e umas outras tantas para conhecer o que dizem
doutrina e jurisprudência a respeito, algo inconcebível em um projeto de estudo para concur-
sos públicos.
Para viabilizar seu estudo da LEP, é imprescindível que o candidato saiba quais são os
temas mais cobrados em provas. Além disso, é essencial a divisão desses assuntos em dois
grupos: um primeiro, em que é suficiente a memorização da literalidade da lei, e um segundo,
em que a lei seca não basta. Neste material, nos próximos tópicos, veremos estes últimos.
ATENÇÃO
Uma boa memória é essencial para quem busca aprovação em concursos públicos. Caso
a sua não seja das melhores, procure melhorá-la. No YouTube, há milhares de vídeos a
respeito de técnicas que melhoram a absorção e manutenção de conteúdo estudado no
cérebro. Das que testei, a minha preferida é a revisão espaçada (ou repetição espaça-
da). Pesquise a respeito! Pode ser útil nessa busca pela memorização dos principais arti-
gos da LEP.
Tentativa
Em relação aos crimes, o Código Penal define que, na hipótese de tentativa, a pena
deve ser diminuída, de um a dois terços (art. 14, II). Quanto às faltas graves, não existe essa
mesma distinção. A tentativa e a consumação são punidas da mesma forma, conforme dis-
posto no artigo 49, parágrafo único, da LEP.
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Espécies
FALTAS GRAVES
PRIVATIVAS DE LIBERDADE RESTRITIVAS DE DIREITOS
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena
privativa de liberdade que: restritiva de direitos que:
I – incitar ou participar de movimento para sub- I – descumprir, injustificadamente, a restrição
verter a ordem ou a disciplina; imposta;
II – fugir; II – retardar, injustificadamente, o cumprimento
III – possuir, indevidamente, instrumento capaz da obrigação imposta;
de ofender a integridade física de outrem; III – inobservar os deveres previstos nos incisos
IV – provocar acidente de trabalho; II e V, do artigo 39, desta Lei.
V – descumprir, no regime aberto, as condições
impostas;
VI – inobservar os deveres previstos nos incisos
II e V, do artigo 39, desta Lei.
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer apa-
relho telefônico, de rádio ou similar, que permita
a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo;
VIII – recusar submeter-se ao procedimento de
identificação do perfil genético.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-
-se, no que couber, ao preso provisório.
Jurisprudência Relacionada
– Constitui falta grave a posse de aparelho celular ou de seus componentes, tendo
em vista que a ratio essendi da norma é proibir a comunicação entre os presos ou
destes com o meio externo;
– A prática de fato definido como crime doloso no curso da execução penal caracteriza
falta grave, independentemente do trânsito em julgado de eventual sentença penal
condenatória;
– Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo prescricional para
apuração de falta grave, deve ser adotado o menor lapso prescricional previsto no
art. 109 do CP, ou seja, o de 3 anos;
– A prática de falta grave pode ensejar a regressão cautelar do regime prisional sem a
prévia oitiva do condenado, que somente é exigida na regressão definitiva;
– O cometimento de falta grave enseja a regressão para regime de cumprimento de
pena mais gravoso;
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– A decisão que reconhece a prática de falta grave disciplinar deverá ser desconstitu-
ída diante das hipóteses de arquivamento de inquérito policial ou de posterior absol-
vição na esfera penal, por inexistência do fato ou negativa de autoria, tendo em vista
a atipicidade da conduta.
– A palavra dos agentes penitenciários na apuração de falta grave é prova idônea para
o convencimento do magistrado, haja vista tratar-se de agentes públicos, cujos atos
e declarações gozam de presunção de legitimidade e de veracidade;
– É dispensável nova oitiva do apenado antes da homologação judicial da falta grave,
se previamente ouvido em procedimento administrativo disciplinar, em que foram
assegurados o contraditório e a ampla defesa;
– O rol do art. 50 da Lei de Execuções Penais (Lei n. 7.210/1984), que prevê as condu-
tas que configuram falta grave, é taxativo, não possibilitando interpretação extensiva
ou complementar, a fim de acrescer ou ampliar o alcance das condutas previstas;
– É necessária a individualização da conduta para reconhecimento de falta grave pra-
ticada pelo apenado em autoria coletiva, não se admitindo a sanção coletiva a todos
os indistintamente.
– A imposição da falta grave ao executado em razão de conduta praticada por terceiro,
quando não comprovada a autoria do reeducando, viola o princípio constitucional da
intranscendência (art. 5º, XLV, da Constituição Federal);
– A desobediência aos agentes penitenciários configura falta de natureza grave, a teor
da combinação entre os art. 50, VI, e art. 39, II e V, da Lei de Execuções Penais;
– A inobservância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira ele-
trônica configura falta disciplinar de natureza grave, nos termos dos art. 50, VI, e art.
39, V, da LEP;
– A utilização de tornozeleira eletrônica sem bateria suficiente configura falta discipli-
nar de natureza grave, nos termos dos art. 50, VI, e art. 39, V, da LEP;
– O rompimento da tornozeleira eletrônica configura falta disciplinar de natureza grave,
a teor dos art. 50, VI e art. 146-C da Lei n. 7.210/1989 LEP;
– A fuga configura falta grave de natureza permanente, porquanto o ato de indisciplina
se prolonga no tempo, até a recaptura do apenado;
– O marco inicial da prescrição para apuração da falta grave em caso de fuga é o dia
da recaptura do foragido;
– A falta grave pode ser utilizada a fim de verificar o cumprimento do requisito subjetivo
necessário para a concessão de benefícios da execução penal;
– A prática de falta grave no curso da execução penal constitui fundamento idôneo
para negar a progressão de regime, ante a ausência de preenchimento do requisito
subjetivo;
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Muitos não sabem, mas, em nosso país, o preso é obrigado a trabalhar. Caso se recuse,
deve ser reconhecida a prática de falta grave (LEP, art. 50, VI). Isso não significa, contudo,
que ele possa ser submetido ao trabalho forçado, vedado em nossa Constituição (art. 5º,
XLVII, “c”). Provavelmente, nesse momento, você deve estar se questionando a diferença
entre uma coisa e outra. É simples: no trabalho forçado, o preso é compelido a trabalhar,
nem que seja pelo emprego de violência; no trabalho obrigatório, se ele decidir não trabalhar,
ninguém poderá forçá-lo, mas ficará caracterizada a falta grave, preço a ser pago pela recusa
injustificada.
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Remuneração
O trabalho do preso deve ser remunerado. Todavia, estabelece o artigo 29, caput, a pos-
sibilidade de que a remuneração corresponda a três quartos do salário-mínimo (em valores
atuais, R$ 909). Por permitir o pagamento de valor inferior ao salário-mínimo, a constitucio-
nalidade do dispositivo foi questionada no STF, por meio da ADPF 336/DF. Para a Corte,
no entanto, não há inconstitucionalidade, afinal, como já dito, não se trata de relação de
emprego, mas de trabalho no sentido literal (o exercício, de fato, de alguma atividade labo-
ral). Ainda de acordo com o artigo 29, a remuneração do preso deve atender:
(a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente
e não reparados por outros meios;
(b) à assistência à família;
(c) a pequenas despesas pessoais;
(d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do conde-
nado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores.
ATENÇÃO
Jornada de Trabalho
Embora o preso não tenha os mesmos direitos de um trabalhador livre, alguns limites
devem ser observados, em respeito à dignidade da pessoa humana. Um deles é a jornada
diária de trabalho. De acordo com o artigo 33 da LEP, a jornada normal não será inferior a
seis nem superior a oito horas, com descanso nos domingos e feriados. Todavia, pode ser
atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conserva-
ção e manutenção do estabelecimento penal.
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3.3. REMIÇÃO
Nos termos do artigo 126 da LEP, o condenado que cumpre a pena em regime fechado
ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da
pena. Portanto, o preso que se recusa a trabalhar é prejudicado de duas maneiras: pela falta
grave e pela impossibilidade de diminuir sua pena pela remição.
Para a remição pelo trabalho, o artigo 126, § 1º, II, estabelece que, a cada três dias traba-
lhados, um dia da pena será descontado. A remição é admitida apenas em relação ao traba-
lho realizado pelo condenado que cumpre pena no regime fechado ou semiaberto. No regime
aberto, a remição pelo trabalho não é admitida por dois motivos: (a) o artigo 126, caput, não
o menciona; (b) o regime aberto pressupõe o trabalho do preso (art. 36, § 1º e § 2º). Todavia,
cuidado: a remição pelo estudo é admitida em qualquer regime.
A remição pelo trabalho está prevista no artigo 126, § 1º, I, da LEP, e o cálculo assim fun-
ciona: a cada doze horas de frequência escolar - atividade de ensino fundamental, médio,
inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas,
no mínimo, em três dias, ocorre o desconto de um dia da pena. Caso o condenado consiga
concluir o ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena, a LEP
assegura um “prêmio” a mais: o acréscimo de um terço ao tempo a ser remido.
Jurisprudência Relacionada
ATENÇÃO
Algumas vezes, não é fácil compreender o que o STJ ou o STF quis dizer em seus julga-
dos. Por isso, caso tenha alguma dificuldade com os excertos trazidos neste material, man-
de sua dúvida pelo fórum de dúvidas. O acesso direto ao professor é uma das principais
vantagens de quem evita a pirataria e adquire o curso original.
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Com frequências, as bancas cobram, com concursos públicos, a distinção entre permis-
são de saída (arts. 120 e 121) e saída temporária (arts. 122 a 125), espécies de autorizações
de saída. Para não confundir uma com a outra, veja o comparativo a seguir:
– A permissão de saída não é um benefício, mas hipótese extraordinária em que é
permitida a saída escoltada do preso em regime fechado ou semiaberto. Ou seja, o
condenado permanece no mesmo regime, sob as mesmas regras, mas deixa tem-
porariamente o estabelecimento prisional em razão de: (a) falecimento ou doença
grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão; (b) necessi-
dade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14);
– A saída temporária é benefício admitido aos condenados que cumprem pena em
regime semiaberto. É uma oportunidade para que o condenado possa gozar de
alguns dias de liberdade, em contato com a família, devendo retornar ao estabele-
cimento prisional em data determinada. Trata-se da conhecida “saidinha”. Por ser,
como já dito, um benefício, o condenado tem de atender a alguns requisitos para ter
direito à saída temporária.
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Jurisprudência Relacionada
– O artigo 122, § 2º, da LEP que veda a saída temporária aos condenados por prática
crime hediondo possui natureza penal, de modo que, sendo prejudicial ao apenado,
não retroage;
– Há compatibilidade entre o benefício da saída temporária e prisão domiciliar por falta
de estabelecimento adequado para o cumprimento de pena de reeducando que se
encontre no regime semiaberto;
– A prática de falta grave durante o cumprimento da pena não acarreta a alteração da
data-base para fins de saída temporária e trabalho externo;
– As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em ati-
vidades que concorram para o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes
durante o ano, deverão observar o prazo mínimo de 45 dias de intervalo entre uma
e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de curta duração, já
intercaladas durante os doze meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se
exige o intervalo previsto no art. 124, § 3º, da LEP;
– É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida
de decisão judicial motivada. Entretanto, se a apreciação individual do pedido esti-
ver, por deficiência exclusiva do aparato estatal, a interferir no direito subjetivo do
apenado e no escopo ressocializador da pena, deve ser reconhecida, excepcional-
mente, a possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias por ato
judicial único, observadas as hipóteses de revogação automática do art. 125 da LEP;
– Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP, é cabível a
concessão de maior número de autorizações de curta duração;
– O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente,
pelo Juízo das Execuções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a
escolha das datas específicas nas quais o apenado irá usufruir os benefícios;
– A contagem do prazo do benefício de saída temporária de preso é feita em dias e
não em horas.
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Saída Temporária
1. A saída temporária
a. é incabível para pessoas condenadas por tráfico de drogas por se tratar de crime
equiparado a hediondo.
b. é a materialização do indulto, concedida em data próxima ao Natal com a finalidade
de aproximar a pessoa presa de sua família.
c. é exercida sem vigilância direta, mas tem como condição o recolhimento à residência
em período noturno.
d. é direito amplo na execução penal, que abarca os regimes fechado e semiaberto,
podendo ser concedido a qualquer tempo pelo juiz à pessoa presa que tenha bom
comportamento prisional.
e. pode ser concedida por prazo não superior a 5 dias, renovável mais 7 vezes no ano.
COMENTÁRIO
Letra c.
A saída temporária (LEP, art. 122) é concedida ao condenado em regime semiaberto, des-
de que atendidas as exigências legais. Não se confunde com a permissão de saída (LEP,
art. 120), em que o preso tem autorização para sair do estabelecimento prisional, mas
escoltado a todo tempo.
Progressão
2. Com base na redação atual do Art. 112 da Lei n. 7.210/1984, a pena privativa de liber-
dade será executada de forma progressiva, com a transferência para regime menos
rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos
( ) se o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou
grave ameaça.
( ) se o apenado for reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou
grave ameaça.
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COMENTÁRIO
Letra b.
Os parâmetros atuais para o cálculo da progressão de regime estão no artigo 112 da LEP.
3. O Art. 112 da Lei de Execução Penal exige, para a concessão da progressão de regime,
o preenchimento dos requisitos de natureza objetiva e subjetiva. Constituem tais
requisitos:
a. lapso temporal e bom comportamento carcerário.
b. lapso temporal e gravidade abstrata dos delitos.
c. lapso temporal e relevância das faltas cometidas pelo apenado.
d. longa pena a cumprir e gravidade em concreto dos delitos.
e. longa pena a cumprir e bom comportamento carcerário.
COMENTÁRIO
Letra a.
Além do requisito objetivo (quantum de pena cumprido), o artigo 112 da LEP exige o bom
comportamento carcerário para que seja concedida a progressão de regime.
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Professor: Léo Castro
Remição
COMENTÁRIO
Letra a.
De acordo com os Tribunais Superiores, não é admitida a remição ficta da pena.
Prisão Domiciliar
5. A concessão de prisão domiciliar prevista no Art. 117 da Lei de Execução Penal tem
como pressuposto
a. a execução da penal em regime aberto.
b. a inexistência de estabelecimento no regime semiaberto.
c. a inexistência de estabelecimento no regime aberto.
d. o risco de contágio pela Covid-19.
e. a obtenção de permissão para sair do estabelecimento.
COMENTÁRIO
Letra a.
A prisão domiciliar pode se dar de forma cautelar, nos termos do artigo 318 do CPP, ou em
execução da pena, com fundamento no artigo 117 da LEP. Cuidado, pois as hipóteses não
são as mesmas (veja o comparativo a seguir).
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Falta Grave
COMENTÁRIO
Letra a.
Nos termos do artigo 118, I, da LEP, a regressão de regime é consequência da prática de
falta de natureza grave.
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COMENTÁRIO
Letra a.
A fuga é falta grave de natureza permanente e, por isso, a prescrição deve ser calculada a
partir da recaptura do condenado. A alternativa foi extraída da Edição n. 146 da publicação
“Jurisprudência em Teses”, do STJ.
Trabalho do preso
8. De acordo com a Lei de Execuções Penais de 1984, o trabalho do preso será remune-
rado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a:
a. 1/2 (metade) do salário-mínimo.
b. 1 (um) salário-mínimo.
c. 2 (dois) salários-mínimos.
d. 3/4 (três quartos) do salário-mínimo
COMENTÁRIO
Letra d.
O enunciado corresponde ao disposto no artigo 29, caput, da LEP.
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COMENTÁRIO
Letra e.
Os órgãos da execução penal estão dispostos no artigo 61 da LEP. São os seguintes: (1)
o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; (2) o Juízo da Execução; (3) o
Ministério Público; (4) o Conselho Penitenciário; (5) os Departamentos Penitenciários; (6)
o Patronato; (7) o Conselho da Comunidade; (8) a Defensoria Pública. As atribuições do
Conselho Penitenciário estão no artigo 70 da LEP. Em concursos públicos, preocupe-se
apenas em memorizar quais são os órgãos e as atribuições de cada um. Não é necessário
estudar além da literalidade da lei.
Incidentes da Execução
10. Nos termos da Lei de Execução Penal, classifica-se como incidente de execução a
a. conversão da pena de multa em detenção.
b. suspensão condicional da pena.
c. remição.
d. instauração de procedimento disciplinar para a aplicação de sanção por falta come-
tida no decorrer do cumprimento da pena.
e. conversão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade.
COMENTÁRIO
Letra e.
Os incidentes da execução são tratados a partir do artigo 180 da LEP. Um deles é a con-
versão da pena restritiva de direito em privativa de liberdade, previsto no artigo 181. Sobre
a conversão em privativa de liberdade, cuidado: não é possível no caso de pena de multa
inadimplida (CP, art. 50).
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