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Cleber Masson
Direito Penal
Aula 03
ROTEIRO DE AULA
O professor relembra que a palavra “penitenciária” guarda origem com o direito penal canônico. Penitenciária é o local
em que se cumpriam as penitências.
Conceito: Regime prisional é o modo pelo qual se efetiva o cumprimento da pena privativa de liberdade.
Observações:
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✔ O regime semiaberto também pode ser chamado de “semifechado”.
✔ O Pacote anticrime (Lei 13.964/2019) criou o regime fechado de segurança máxima.
✔ O professor salienta que, no Brasil, há também a prisão domiciliar. A prática acabou criando essa espécie de
regime aberto (com ou sem monitoramento eletrônico).
O regime fixado pelo juiz é inicial porque ele pode ser alterado no curso da execução penal, ou seja, o regime não é
imutável. Assim, o regime prisional pode mudar para melhor (progressão de regime) ou para pior (regressão).
CP, art. 33, §§ 2º e 3º: “§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais
rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o
princípio, cumpri-la em regime semi-aberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em
regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art.
59 deste Código.”
Observações:
1ª) As penas privativas de liberdade deverão ser executadas de forma progressiva. O Brasil adotou o sistema progressivo,
também chamado de sistema inglês, ou seja, o condenado começa a cumprir a pena e vai, paulatinamente, passando para
um regime menos gravoso (conforme o mérito do condenado).
2ª) Se a pena é superior a 8 anos, o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade é o fechado.
3ª) O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos e não exceda a 8, poderá, desde o princípio, cumpri-la
em regime semiaberto.
4ª) O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.
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5ª) O art. 33, §3º cita que a determinação do regime inicial de cumprimento da pena se dará em consonância com as
circunstâncias judiciais do art. 59 do CP1.
c) Circunstâncias judiciais – Como visto anteriormente, o juiz utiliza as circunstâncias judiciais para fixar a quantidade de
pena, conforme art. 59, caput do CP.
A competência para a fixação do regime prisional é do juiz (por ocasião da sentença condenatória) ou do Tribunal (no
momento do acórdão condenatório) que fixará o regime prisional.
✔ A competência para a fixação do regime inicial não é do juiz da execução.
✔ Durante a execução penal, o regime prisional pode ser alterado pela soma ou unificação de penas. Exemplo: “A”
possui uma pena de 5 anos em regime semi-aberto. Posteriormente, surge uma nova condenação de mais 5 anos.
Neste caso, o regime prisional passará a ser fechado.
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CP, art. 59: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos
motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme
seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) (...)”.
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2.4. Regime inicial e crimes hediondos ou equiparados
Na redação original da Lei 8.072/90, havia o preceito de que a pena privativa de liberdade deveria ser cumprida em regime
integralmente fechado, ou seja, não havia direito à progressão de regime.
✔ O cumprimento da pena, nessa época, começava e terminava em regime fechado (independentemente da
quantidade de pena e do perfil do agente).
✔ Naquela época, o STF considerou o regime integralmente fechado como sendo constitucional.
Posteriormente, a Lei 9.455/1997 (Lei de Tortura) preceituou que a pena para o crime de tortura seria cumprida em
regime “inicialmente fechado”.
✔ Os crimes hediondos estão previstos no art. 1º da Lei 8.072/90. Os crimes equiparados a hediondos são o
terrorismo, o tráfico de drogas e a tortura.
A Lei 9.455/1997 acabou gerando certa confusão, pois se contrapôs ao que estava preceituado na Lei 8.072/90.
✔ Diante disso, o STF chegou a editar súmula para declarar a constitucionalidade do regime integralmente fechado
dos crimes hediondos e dos demais crimes equiparados (exceto a tortura).
Posteriormente, em 2005, o STF declarou tal regime inconstitucional por violar o princípio da dignidade da pessoa
humana, a proporcionalidade e o princípio da individualização da pena.
✔ A decisão do STF surgiu após uma mudança de diretriz política e foi dada em um caso concreto, estendendo-se
aos demais pela “inconstitucionalidade por arrastamento”.
✔ A partir desse momento, o condenado por tais crimes passou a ter direito à progressão de regime.
A Lei 11.464/2007 alterou a lei dos crimes hediondos e preceituou que, em crimes hediondos, a pena seria cumprida em
regime inicialmente fechado, ou seja, seria possível a progressão.
A progressão era feita com o cumprimento de 2/5 da pena para o primário ou de 3/5 para o reincidente.
Posteriormente, o STF também considerou que a pena cumprida em regime inicialmente fechado era inconstitucional,
pois a lei não poderia impor ao juiz um regime fixo, já que isso ofende o princípio da individualização da pena.
Atualmente, portanto, a fixação do regime inicial de cumprimento de pena em caso de crime hediondo ou equiparado
deve observar unicamente as disposições do art. 33, §§ 2º e 3º do Código Penal.
✔ Assim sendo, no Brasil, o regime prisional inicial para crimes hediondos ou equiparados também pode ser o
aberto, semiaberto ou fechado.
✔ Em tese, portanto, é possível que o agente que cometeu crime hediondo ou equiparado inicie o cumprimento da
pena em regime aberto, atendidos determinados pressupostos.
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3. Pena de reclusão
CP, art. 33, “caput”, 1ª parte: “A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto.”
✔ A pena de reclusão admite qualquer dos três regimes iniciais de cumprimento de pena.
3.1. Critérios
a) Reincidente
Pela sistemática o Código Penal, o reincidente condenado à pena de reclusão começa o cumprimento em regime fechado,
independentemente da quantidade de pena aplicada.
A jurisprudência do STJ, contudo, abrandou tal regra, conforme se verifica na Súmula 269, STJ:
Súmula 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou
inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias judiciais.”
✔ Em suma: De acordo com o Código penal, o reincidente condenado à pena de reclusão deve começar o
cumprimento em regime fechado. A Súmula 269 do STJ, por outro lado, preceitua que é possível, nesta mesma
situação, admitir o regime semiaberto (desde que a pena aplicada seja igual ou inferior a 4 anos e com
circunstâncias judiciais favoráveis).
b) Primário
Primário, no Brasil, é todo aquele que não é reincidente.
No caso de réu primário, leva-se em consideração a quantidade de pena aplicada para fixar o regime inicial de
cumprimento de pena privativa de liberdade.
● Pena aplicada superior a 8 anos: regime inicial fechado.
● Pena aplicada superior a 4 anos e até 8 anos: regime inicial semiaberto.
● Pena aplicada de até 4 anos: regime inicial aberto.
c) Circunstâncias judiciais
Questão: o réu primário foi condenado pelo crime de roubo (com emprego de arma de fogo) a 6 anos de reclusão, ou
seja, o regime inicial é o semiaberto. Neste caso, é possível aplicar o regime prisional inicial fechado?
Sim. O professor destaca que é possível aplicar o regime fechado, desde que as circunstâncias judiciais do art. 59, caput,
do CP sejam desfavoráveis a ele.
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✔ Se as circunstâncias judiciais do art. 59, caput, do CP forem desfavoráveis ao agente, o juiz pode fixar um regime
prisional mais gravoso do que o correspondente à pena aplicada, fundamentando adequadamente a decisão.
Súmula 718 do STF: “A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para
a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.”
✔ A gravidade em abstrato não é motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido
segundo a pena aplicada. Assim sendo, é necessário levar em consideração os dados concretos do crime
(gravidade concreta do crime).
Súmula 719 do STF: “A imposição de regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação
idônea.”
4. Pena de detenção
CP, art. 33, “caput”, parte final: “A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a
regime fechado.”
Obs.: o professor destaca que a Lei 9.034/95 (primeira lei do crime organizado) admitia o regime fechado para início de
cumprimento da pena de detenção. Na vigência dessa lei, portanto, a pena de detenção poderia ser iniciada em regime
fechado quando o crime em questão fosse praticado por uma organização criminosa. Essa lei foi revogada.
4.1. Critérios
a) Reincidente
O reincidente começa a cumprir a pena de detenção no regime semiaberto.
b) Primário
No caso de réu primário, verifica-se a quantidade de pena:
● Pena superior a 4 anos: regime inicial semiaberto.
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● Pena de até 4 anos: regime inicial aberto.
c) Circunstâncias judiciais
É possível aplicar um regime mais gravoso (semiaberto) do que o correspondente à pena aplicada, desde que as
circunstâncias judiciais sejam desfavoráveis. Nesta situação, é necessária fundamentação idônea.
✓ O professor destaca que não há, no Brasil, sequer estabelecimento feito para regime de segurança máxima
(regime fechado). Diante disso, o professor destaca que não há preocupação em destinar recursos para criar local
especial para cumprimento de prisão simples.
6. Pena-base no mínimo legal e regime prisional mais gravoso do que o correspondente à pena aplicada
Questão: Se o juiz aplicou a pena privativa de liberdade no mínimo legal, ele pode fixar um regime prisional mais gravoso
do que o correspondente à pena aplicada?
Exemplo: o réu foi processado por estupro simples e teve condenação mínima (6 anos). Neste caso, como ele é primário,
o regime prisional seria o semi-aberto.
✓ Se a pena-base foi aplicada no mínimo legal, não é possível a aplicação de um regime mais gravoso do que o
correspondente à pena aplicada, já que, nessa situação, todas as circunstâncias judiciais eram favoráveis ao réu.
✓ Se as circunstâncias judiciais eram favoráveis a ponto de deixar a pena-base no mínimo legal, elas não podem ser
desfavoráveis para a aplicação de um regime mais gravoso do que o correspondente à pena aplicada.
Súmula 440 do STJ: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso
do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.”
REINCIDÊNCIA
1. Introdução
⮚ Finalidades da pena
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O professor relembra que, no Brasil, a pena possui uma tripla finalidade: retribuição, prevenção (geral e especial).
A reincidência deixa claro que duas finalidades da pena não foram atingidas: a finalidade retributiva, que é o castigo; e a
finalidade de prevenção especial, já que o agente voltou a delinquir e, portanto, não foi ressocializado.
● A retribuição: é o castigo.
A ideia da retribuição é simples: se o agente pratica o crime, é punido, cumpre a pena (ou não) e, depois disso,
pratica novo crime, isso demonstra que aquele castigo foi insuficiente.
● Prevenção especial é aquela que se dirige ao condenado para que ele não volte a delinquir.
⮚ Fundamento
O fundamento da reincidência é a necessidade de o condenado receber uma pena mais severa (recrudescimento do
tratamento penal), pois ele livremente optou por voltar a delinquir.
⮚ “Bis in idem”
O Direito Penal não admite a dupla punição pelo mesmo fato, ou seja, não admite o bis in idem.
A reincidência não caracteriza bis in idem, já que o agente não está sendo punido duas vezes por um único crime. Na
verdade, ele está sendo punido por um novo crime cometido.
✓ No caso, o agente demonstrou, com a prática do novo crime, que a condenação anterior era insuficiente.
✓ Obs.: Ver RE 453.000 (Informativo 700).
Situações peculiares
O art. 9º do CP versa sobre a eficácia de sentença estrangeira.
CP, art. 9º: “A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências,
pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.”
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A sentença condenatória proferida no estrangeiro gera reincidência no Brasil. Tal sentença não precisa ser homologada
pelo STJ para gerar a reincidência no Brasil.
✔ Em suma: a sentença estrangeira, para servir como pressuposto de reincidência no Brasil, não precisa ser
homologada pelo STJ, bastando a prova da sua existência.
CP, art. 61, I: “São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência.”
✔ A reincidência é uma agravante genérica e, portanto, incide na segunda fase de aplicação da pena e é aplicável a
qualquer pena.
CP, art. 63: “Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.”
Reincidência é a agravante genérica, prevista no art. 63 do CP, que se verifica quando o agente comete um novo crime,
depois de ter sido definitivamente condenado, no Brasil ou no exterior, o tenha condenado por crime anterior.
4. Requisitos
Situação 1: Se, por exemplo, o agente comete o crime 1 e recebe a condenação definitiva por este crime, ao praticar o
crime 2, ele será considerado reincidente.
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Veja o esquema a seguir:
Para se falar em reincidência, não basta que o agente já tenha praticado 2 crimes.
Situação 2: O agente pode ter cometido vários crimes (4 crimes), ter uma condenação definitiva e não ser reincidente.
Obs.: não basta que o agente tenha uma condenação definitiva. Para ser reincidente, ele precisa cometer outro crime
depois de ter uma condenação definitiva por crime anterior.
✓ Na situação 2, mesmo despois de ter 4 condenações definitivas, o agente ainda é primário, pois não cometeu
nenhum crime depois da primeira condenação definitiva.
Essa hipótese é tratada pela jurisprudência como “tecnicamente primário”. O professor destaca que o tecnicamente
primário, na verdade, é primário.
5. Prova da reincidência
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✓ A folha de antecedentes é chamada vulgarmente de “capivara” e se trata de registro mais genérico sobre
processos penais.
✓ A certidão criminal é documento mais específico, emitida pelo cartório criminal, com informações detalhadas
acerca de determinado processo.
Atualmente, a Súmula 636 do STJ2 diz que a reincidência é provada pela folha de antecedentes, pois ela tem presunção
de veracidade por ser documento público.
Lei das Contravenções Penais, art. 7º: “Verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de
passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou no Brasil, por
motivo de contravenção.”
✓ As contravenções penais cometidas no estrangeiro não geram a reincidência no Brasil. Para fins de reincidência,
somente são válidas as contravenções penais praticadas no Brasil.
CP, art. 63: “Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença
que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.”
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STJ, Súmula 636: “A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a
reincidência.”
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Contravenção penal Crime Primário
Observações:
✓ Na primeira hipótese, o agente será reincidente pelo disposto no art. 63 do CP.
✓ Na segunda hipótese, o agente será reincidente pelo disposto no art. 7º da Lei de Contravenções Penais.
✓ Na terceira hipótese, o agente será reincidente e essa interpretação é possível a partir do confronto entre o art.
7º da Lei das Contravenções Penais e o art. 63 do CP.
✓ A quarta hipótese prevista na tabela é uma situação esdrúxula decorrente de uma lacuna legislativa, já que nem
o CP nem a lei das contravenções penais trataram dessa situação. Lembrando que a reincidência é uma situação
prejudicial ao réu e, portanto, não cabe a analogia in malam partem.
7. Espécies de reincidência
- Real, própria ou verdadeira: é aquela que se verifica quando o agente pratica um novo crime depois de ter cumprido
integralmente a pena imposta pela condenação anterior.
- Presumida, ficta, imprópria ou falsa: nesse caso, o agente não precisa ter cumprido a pena imposta pelo crime anterior.
Basta que o agente pratique novo crime depois de ter sido condenado definitivamente por crime anterior.
✓ O Brasil adota a reincidência ficta, presumida, imprópria ou falsa, já que, para o agente ser reincidente, basta que
ele cometa um crime após o trânsito em julgado da condenação por crime anterior.
Em geral, a reincidência genérica e a específica são equiparadas pelo Direito Penal brasileiro.
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Exceções: Há hipóteses no CP e na legislação extravagante em que o reincidente específico recebe um tratamento mais
severo do que o reincidente genérico.
Exemplo: art. 44, §3º do CP (substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos).
Art. 44, § 3º, do Código Penal: “Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face
de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da
prática do mesmo crime.”
✓ Em regra, para o reincidente em crime doloso, não cabe a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos. Entretanto, há exceção a essa regra quando a medida for socialmente recomendável e quando a
reincidência não for específica.
✓ Para o reincidente específico, jamais caberá a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
8. Validade da condenação anterior para fins de reincidência: art. 64, inc. I, do Código Penal
A condenação anterior deixa de funcionar como pressuposto da reincidência depois de 5 anos, os quais são contados a
partir do cumprimento ou da extinção da pena por qualquer motivo (exemplo: cumprimento da pena).
Exemplo: “A” foi condenado a 20 anos de prisão e a condenação transitou em julgado no dia 10/10/2005. Se o
cumprimento da pena se iniciar no mesmo dia, “A” terminará de cumpri-la em 09/10/2025. Assim sendo, a partir de
09/10/2025, serão contados os 5 anos relativos à caducidade da reincidência.
O Código Penal adota o sistema da temporariedade. Isso porque o CP impõe um período depurador da reincidência
(período depurador ou caducidade da reincidência).
Obs.: Para fins de maus antecedentes, o CP adota o sistema da perpetuidade, ou seja, uma condenação anterior e
definitiva vale para sempre (para fins de maus antecedentes).
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(...)
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.”
O art. 64, II do Código Penal preceitua que, para efeito de reincidência, não se consideram os crimes militares próprios e
políticos.
⮚ Crimes militares próprios: são aqueles previstos exclusivamente no Código Penal Militar (exemplos:
insubordinação e deserção).
A condenação definitiva por um crime militar próprio, seguida de um crime comum, não gera reincidência.
É, entretanto, possível a reincidência perante dois crimes militares próprios.
Se o agente possui duas condenações definitivas, uma será usada como reincidência e a outra será utilizada como mau
antecedente.
⮚ Se o indivíduo possui uma única condenação definitiva, esse fato não poderá ser utilizado duas vezes em prejuízo
do agente, ou seja, não poderá ser usada como reincidência e como maus antecedentes, nos termos da Súmula
241 do STJ.
Súmula 241 do STJ: “A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente,
como circunstância judicial.”
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⮚ Essa súmula visa a evitar o bis in idem.
⮚ Reincidente: é aquele que pratica um novo crime depois de ter sido definitivamente condenado por um crime
anterior.
⮚ Primário: o conceito de primário é obtido de forma residual (por exclusão). Primário é todo aquele que não é
reincidente, ou seja, é aquele que não praticou um novo crime depois de ter sido definitivamente condenado por
um crime anterior.
⮚ Tecnicamente primário: é aquele que tem uma condenação definitiva, mas não é reincidente. O tecnicamente
primário, na verdade, é primário.
Exemplo: Quando o agente pratica dois ou mais crimes em momentos distintos e, depois da condenação pelo
primeiro crime (crime 1), o agente não comete outro crime. Neste caso, o agente é primário. A jurisprudência
chama isso de tecnicamente primário.
⮚ O agente também é considerado primário depois do período de 5 anos após o cumprimento da pena.
⮚ Multirreincidente: é aquele que, além de ser reincidente, ostenta três ou mais condenações definitivas.
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