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CURSO DE DIREITO
I – DAS PENAS
Segundo Victor Eduardo Rios Gonçalves, “pena é retribuição imposta pelo Estado em
razão da prática de um ilícito penal e consiste na privação de bens jurídicos determinada
pela lei, que visa à readaptação do criminoso ao convívio social e à prevenção em relação
à prática de novas transgressões”.
Os doutrinadores (em especial aqueles que defendem a chamada teoria relativa – que
apregoam o caráter preventivo da pena, em contraposição aos defensores da teoria
absoluta, que advogam a tese da mera retribuição) costumam dividir a prevenção em
prevenção geral e prevenção especial.
Pela prevenção geral, também conhecida por prevenção por intimidação, a pena aplicada
ao autor da infração tende a refletir na sociedade, fazendo com que seus demais
indivíduos reflitam antes de praticar qualquer infração penal. Alguns autores, dentre os
quais Paulo de Souza Queiroz, prelecionam que a pena tem também outro caráter
preventivo geral, denominado positivo, que é de “infundir, na consciência geral, a
necessidade de respeito a determinados valores, exercitando a fidelidade ao direito;
promovendo, em última análise, a integração social”.
2 – PENAS PRINCIPAIS.
Manoel Pedro Pimentel em sua obra “O crime e a pena na atualidade” e leciona que a
pena de prisão teve sua origem na Idade Média, mais precisamente nos mosteiros, onde
os clérigos e monges faltosos eram recolhidos à cela para se dedicarem, em silêncio, à
meditação e de se arrependerem da falta cometida, reconciliando-se assim com Deus.
Já os sistemas penitenciários encontram suas origens no século XVIII, tendo seus
antecedentes inspirados em concepções mais ou menos religiosas, bem como nos
estabelecimentos de Amsterdam, nos Bridwells ingleses e em outras experiências
similares realizadas na Alemanha e na Suíça.
Existem três sistemas penitenciários que mais se destacaram durante sua evolução:
a) Pensilvânico – recebeu este nome por haver sido aplicado, incialmente, em 1790,
na Walnut Street Jail. Também chamado “celular”, nele o preso era recolhido à sua
cela, isolado dos demais, sendo estimulado ao arrependimento pela leitura da
Bíblia.
e) artigos 41 e 42 da L.E.P.
Obs.: preso perde direito ao voto – artigo 15, III da C.F..
a) Pena não superior a 4 anos (exceção a crimes culposos) e crime cometido sem
violência ou grave ameaça;
b) Não reincidente (a não ser que o juiz entenda que seja medida recomendável e a
reincidência não seja específica – artigo 44, § 3º);
Espécies:
Não confundir com o instituto estabelecido no artigo 91, II, do C.P., que é efeito
secundário da condenação.
As tarefas serão atribuídas pelo Juiz de acordo com as aptidões do condenado, devendo
ser cumpridas à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação.
O artigo 47, III e 57, viram-se revogados pelo Código de Trânsito Brasileiro, que prevê a
possibilidade de suspensão do direito de dirigir cumulativamente à pena privativa de
liberdade.
Pena aplicada até um ano – substituição por uma pena de multa ou por uma pena
restritiva de direitos;
Superior a uma ano – aplica-se uma pena restritiva de direitos cumulativamente a uma de
multa ou duas restritivas de direito.
15 – PENA DE MULTA
a) valor da multa – O juiz deve fixar o número de dias multa (mínimo 10 e máximo
360, levando-se em conta o critério trifásico), para em seguida fixar o valor de cada dia-
multa (1/30 do valor do salário mínimo até 5 vezes este salário, levando-se em conta a
situação econômica do réu – Obs.: Artigo 60, § 1º - triplicação do valor para evitar que a
multa venha a ser ineficaz dada a riqueza do réu).
Obs.: existe uma corrente que entende que a execução se deva dar pelo M.P. junto à
Vara de Execuções Criminais, como prevê os artigos 1164 e seguintes da L.E.P. – a
prescrição, aí, ocorreria em dois anos, adotando-se as causas interruptivas e suspensivas
da prescrição previstas na legislação tributária. Este é o posicionamento oficial do
Ministério Público, mas não tem encontrado guarida nas decisões dos tribunais superiores
e na maioria dos doutrinadores.
16 – DA APLICAÇÃO DA PENA.
O sistema trifásico – teoria defendida por Nélson Hungria, viu-se consagrada no Código
Penal (artigo 68). As qualificadoras não entram nas fases da fixação da pena, pois, com o
reconhecimento de uma qualificadora, altera-se a própria pena em abstrato.
As três fases a serem atendidas pelo Juiz seriam a aplicação das circunstâncias judiciais,
aplicação das agravantes e atenuantes genéricas e, por fim, aplicação das causas de
aumento e diminuição da pena.
Também o sursis (artigo 77, II, do C.P.) e a suspensão condicional do processo (artigo 89
da Lei 9099/95) só poderão ser aplicados quando as circunstâncias do artigo 59
autorizarem a concessão destes benefícios.
Finalmente, tem-se que, nesta primeira fase, o Juiz jamais poderá fixar a pena acima do
máximo ou abaixo do mínimo legal (artigo 59, II).
I – Agravantes Genéricas -
Obs.: Artigo 64, I – a condenação anterior não prevalecerá, para fim de reincidência, após
o decurso do prazo de 5 anos a contar da data do cumprimento da pena, computando-se
neste prazo, se for o caso, o período de prova do sursis ou do livramento condicional, se
não houve revogação do benefício.
Obs.: o artigo 120 determina que, concedido o perdão judicial, o agente passa a ser
novamente primário.
A Súmula 241 do S.T.J. cita que a reincidência não pode ser considerada como
circunstância agravante e, simultaneamente, circunstância judicial – bis in idem.
III – Atenuantes Genéricas – artigo 65 e 66 do C.P. – obriga à redução da pena, mas não
possibilita que esta fique abaixo no mínimo legal.
c) ter o agente cometido o crime por relevante valor social ou moral – valor moral =
sentimentos relevantes do próprio agente, avaliados de acordo com o conceito médio de
dignidade do grupo social, no que se refere ao aspecto ético; valor social = que interessa
ao grupo social, à sociedade.
d) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano
– não se confunde com o arrependimento eficaz, pois na atenuante o agente age após a
consumação.
De acordo com o artigo 67 do C.P., o Juiz não pode simplesmente “compensar” uma
agravante por uma atenuante, no caso em reconheça a existência de ambas. Ele deve
dar maior valor às chamadas circunstâncias preponderantes, que são aquelas de caráter
subjetivo (motivos do crime, personalidade do agente etc.). Segundo entendimento da
jurisprudência, o fato do agente ser menor de 21 anos na data do fato deve preponderar
sobre todas as demais circunstâncias.
Como a Lei é silente no caso de haver duas ou mais qualificadoras, parte da doutrina e da
jurisprudência entende que o Juiz deve utilizar uma delas para qualificar o crime,
utilizando-se das demais como agravantes genéricas (por exemplo, pessoa que mata
outra por motivo fútil e com emprego de fogo – motivo fútil qualifica o crime e o emprego
de fogo considera-se agravante genérica) – entendimento do artigo 61 (uma qualificadora
serve pra qualificar e a outra, não utilizada como qualificadora, serve de agravante).
4 - Outras providências na fixação da pena – fixada a pena, deve o Juiz verificar o regime
inicial na qual deva ser ela cumprida (artigo 33 do C.P.), aferir a possibilidade de
concessão do sursis, ou ainda da substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direito ou multa.
- não sendo superior a um ano, pode haver a substituição por multa ou por uma
pena restritiva de direito ou, ainda, a concessão do sursis.
- qualquer que seja o total da pena privativa de liberdade, desde que superior a
dois anos, pode o Juiz substitui-la por uma pena de multa e uma pena restritiva de direito,
ou duas restritivas de direito.
17 – DO CONCURSO DE CRIMES
Se em um dos crimes for aplicada a pena privativa de liberdade (sem sursis), as demais
não poderão ser substituídas por pena restritivas de direito. Todavia, pode ocorrer de
ambas serem substituídas por pena restritiva de direitos, podendo ou não ser cumpridas
simultaneamente, de acordo com a possibilidade de isso ocorrer.
b – Concurso formal (ou ideal) – uma ação – dois ou mais crimes, se homogêneos,
o Juiz aplica a pena cominada ao crime, aumentando-a de 1/6 a 1/2. Se heterogêneos,
aplica a pena do mais grave, aumentando-a, também, em 1/6 a 1/2.
O artigo 70 reza que, em se aplicando a fórmula acima, se a pena resultante acaba por
ser maior que aquela cabível no caso da soma das penas estabelecidas a cada um dos
crimes, esta deve prevalecer (exemplo: estupro e perigo de contágio de moléstia venérea)
– concurso material benéfico.
O mesmo artigo indica que, havendo intenção do agente em provocar dois ou mais
resultados, para tanto o mesmo praticando somente uma ação (p.ex.: amarrar duas
pessoas em linha para, com um só disparo, feri-las mortalmente), as penas serão
somadas, como no concurso material – concurso formal impróprio.
c.1 – Requisitos :
Obs.: - Alguns autores entendem que basta a presença dos requisitos acima para
caracterizar o crime continuado (teoria objetiva). Outros, no entanto, defendem que deve
haver, ainda, a unidade de desígnios, ou seja, a intenção do agente em praticar os crimes
em continuidade, aproveitando-se das mesmas relações e das mesmas oportunidades
para cometê-los (teoria objetivo-subjetiva).
- não confundir crime continuado com crime habitual, pois neste a reiteração de
atos é circunstância necessária para caracterizá-lo.
- artigo 71, § único – sendo os crimes dolosos, contra vítimas diferentes e com
emprego de violência ou grave ameaça, o Juiz pode triplicar a pena de um deles, se
homogêneos, ou do mais grave, se heterogêneos, considerando para tanto os
antecedentes do acusado, sua conduta social, sua personalidade, bem como os motivos e
circunstâncias do crime. A triplicação da pena, segundo a doutrina, só é cabível, se
houver a ocorrência de mais de dois crimes. Se praticados dois crimes, o Juiz poderá tão
somente dobrar a pena – crime continuado qualificado.
O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30
anos. Se o agente for condenado em processos distintos a penas privativas de liberdade,
cuja soma seja maior de 30 anos, devem ser elas unificadas para atender ao limite
máximo previsto na Lei.
b – Requisitos e condições.
Obs.: a revogação facultativa não pode se dar sem que antes o sentenciado possa se
justificar, bem como que o Ministério Público opine a respeito.
21 – DO LIVRAMENTO CONDICIONAL.
Obs.: a sentença que concede o livramento condicional será lida pelo presidente do
Conselho Penitenciário, na presença do sentenciado, bem como dos demais presos
recolhidos no estabelecimento prisional, portanto no interior deste, devendo aquele
concordar com o cumprimento das condições que lhe foram impostas para fazer jus ao
benefício. Em não concordando, tal fato será comunicado ao Juiz, que o revogará. Esta
leitura e demais atos dá-se em cerimônia solene.
b – Requisitos:
d. 1 – Condições obrigatórias –
b – Efeitos Secundários:
23 – DA REABILITAÇÃO.
3 - PRAZO
O artigo 97, § 3º, do C.P., estabelece que “a desinternação, ou a liberação, será sempre
condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior se o agente, antes do decurso
de um ano, pratica fato indicativo de persistência de sua periculosidade”.
Este fato não precisa ser necessariamente uma infração penal, mas também qualquer
atitude que demonstre ser aconselhável a re-internação ou o reinício do tratamento
ambulatorial
1 – AÇÃO PENAL:
Obs.: a ação penal tem seu início no exato momento em que o magistrado “recebe” a
denúncia ou a queixa, determinando a citação do acusado e dando-lhe a faculdade de
produzir provas em sua defesa.
b – Personalíssima – A ação penal só pode ser intentada pela vítima, não cabendo
substituição em qualquer hipótese. Havendo o falecimento da vítima, disso decorre a
extinção da punibilidade.
Com a prática da infração penal, o Estado passa a ter o direito de punir o agente. Esta
possibilidade jurídica de o Estado impor uma sanção ao autor do delito denomina-se
punibilidade, que nada mais é, pois, do que a conseqüência jurídica do crime.
O artigo 107 do C.P. enumera alguns destes casos, ressaltando-se que tal rol não é
taxativo, já que existem outras causas extintivas de punibilidade descritas tanto na Parte
Especial do Código, quanto em leis especiais (p.ex.: morte do cônjuge ofendido no crime
de bigamia – artigo 236 do C.P. – ação penal privada personalíssima), ressarcimento do
dano no peculato culposo (artigo 312, §3º.), homologação da composição quanto aos
danos civis nos crimes de pequeno potencial ofensivo de ação penal privada ou pública
condicionada (artigo 74, § único, da Lei 9099/95), término do período de prova da
suspensão condicional do processo sem que o agente tenha dado causa á revogação do
benefício (artigo 89, § 5º., da Lei 9099/95), etc.
Já quanto às escusas absolutórias nem sequer surge para o Estado o direito de punir, no
que pese o fato ser típico e antijurídico (ex.: artigo 181, II, do C.P.).
a – Morte do agente (artigo 107, I) – não basta o mero atestado de óbito, mas sim
a certidão expedida pelo Cartório de Registro Civil. Prevalece o entendimento que, sendo
falsa a certidão apresentada, não poderá mais ser revista a decisão que decretou a
extinção da punibilidade, desde que transitada em julgada tal decisão. Restaria tão
somente a possibilidade de punir o responsável pela falsificação ou uso do documento
falso. Há entendimento em contrário, minoritário.
A extinção da punibilidade pode ocorrer a qualquer momento do processo, ou até mesmo
antes de sua instauração, não se comunicando esta causa aos demais autores da
infração penal.
Obs.: Diante do que dispõe a legislação vigente, para os crimes hediondos, tráfico
de entorpecentes e terrorismo estão vedados os três institutos. Para o crime de tortura,
entretanto, estão vedadas apenas a anistia e a graça, já que a Lei 9.455/96 (Lei de
Tortura) voltou a permitir a concessão do indulto a esta modalidade delituosa.
c- Abolitio Criminis (artigo 107, III) – Retroatividade da Lei Penal mais benéfica.
f – Renúncia (artigo 107, V) – ato através do qual o ofendido abre mão de oferecer
a queixa. É ato unilateral, pois não depende da aceitação do autor do delito para produzir
efeito. A renúncia só pode ocorrer antes do início da ação penal e a todos os autores
atinge (princípio da indivisibilidade da ação penal privada – artigos 48 e seguintes do
C.P.P.).
Obs.: embora o artigo 104, § único, estipule que o fato do ofendido receber a indenização
devida em razão de prática delituosa não consiste em renúncia tácita de seu direito de
queixa, o artigo 74 da lei 9099/95 reza que, em casos de delitos de menor potencial
ofensivo (penas de, no máximo, dois anos), a composição em relação aos danos civis,
homologada pelo Juiz na audiência preliminar implica necessariamente em renúncia ao
direito de queixa e representação. Assim, se o delito for de menor potencial ofensivo, a
norma que deve prevalecer é a Lei 9099/95 (Princípio da Especialidade).
i – Perdão Judicial (artigo 107, IX) – instituto através do qual o Juiz, embora
reconhecendo a coexistência dos elementos objetivos que constituem o delito, deixa de
aplicar a pena desde que presentes justificadas circunstâncias (ex.s: artigo 121, § 5º.;
129, § 8º.; 180, § 3º.; 242, § único, etc.). O perdão judicial afasta o efeito da reincidência
(artigo 120 do C.P.).
Tem-se, pois, que esta modalidade de prescrição impede o início ou interrompe a ação
penal que está em andamento (artigo 61 do C.P.P.), decorrendo disso a extinção da
punibilidade do agente, sem que se avalie o mérito da causa. Tal prescrição somente se
dá, desta forma, antes do trânsito em julgado.
As penas mais leves prescrevem com as mais graves (a pena de multa, por exemplo,
prescreve juntamente com a pena privativa de liberdade).
- pela pronúncia.
Com a interrupção da prescrição, passa-se a se contar novo prazo, até que ocorra nova
causa interruptiva.
A prescrição da pretensão punitiva também poderá ser suspensa. Nestes casos, o prazo
volta a correr apenas pelo período restante.
Assim, estabelece o artigo 110, § 1º. que, nestes casos, a prescrição regula-se pela pena
aplicada. Tem-se, aqui, a prescrição intercorrente, também chamada superveniente à
sentença condenatória.
Esta modalidade de prescrição não pode ser reconhecida pela Juiz de primeiro grau, já
que ela só se aplica após a prolação da sentença, quando se encerra a prestação
jurisdicional, sendo forma de prescrição de pretensão punitiva, afastando, assim, todos os
efeitos da condenação.
Já a suspensão dessa modalidade de prescrição está prevista no artigo 116, parágrafo único
do C.P. (quando o réu estiver preso por outro motivo).