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Conceito:

Factoring (ou faturização ou fomento mercantil) é o contrato por meio do qual um empresário
(faturizado) cede a uma instituição de factoring (faturizadora), total ou parcialmente, os títulos de
créditos recebidos com a atividade empresária para que a faturizadora antecipe os pagamentos a prazo
ou faça apenas a administração desses créditos. Em outras palavras, é o contrato em que um
empresário (faturizador) se encarrega de administrar o crédito eventual de outro empresário
(faturizado) e do recebimento de faturas nos vencimentos e eventual procedimento de cobrança, em
caso de inadimplemento dos credores do faturizado.

Quando é usado:

Em suma, o que acontece é:

• Um cliente realiza uma compra a prazo em uma determinada companhia;


• A companhia, sob a necessidade de balancear o fluxo de caixa, precisa receber
antecipadamente os valores dessa transação;
• Para que isso seja possível, uma empresa de fomento mercantil é contatada;
• Se aceitar realizar a operação, deve comprar a duplicata à vista, cobrando taxas de juros e
taxas de serviços adicionais, além de receber ela mesma as parcelas daquele cliente inicial;
• Dessa forma a empresa recebe o dinheiro à vista (descontado por uma taxa de juros) para
compor seu fluxo de caixa e a factoring recebe o valor integral no futuro.

Para que o factoring seja considerado válido, é obrigatório que um contrato de factoring seja firmado
entre as duas partes. Ainda que o factoring seja uma modalidade muito comum entre as micro,
pequenas e médias empresas (sendo, inclusive, uma via para se evitar uma recuperação judicial), ele
não deve ser confundido com um empréstimo bancário. Até porque as empresas de fomento não têm
autorização junto ao Banco Central para comercializar esse tipo de produto.

legislação aplicável
Atualmente, não há uma lei específica para regulamentação da atividade de factoring no ordenamento
jurídico brasileiro. Desde o ano de 1996, está em trâmite a aprovação do Projeto de Lei do Factoring na
Câmara dos Deputados, que sofreu várias alterações desde a sua elaboração. O PL 3615/2000, versão
mais atual do documento, foi aprovado em 2012 pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Após
aprovação, foi protocolado um recurso que aguarda julgamento até os dias de hoje. Esse projeto de lei
tem como objeto a regulamentação da atividade de fomento mercantil em nosso país e busca
estabelecer uma série de conceitos essenciais para este negócio jurídico.

Portanto, considerando a inexistência de legislação específica para o factoring, são utilizadas as leis
gerais do nosso ordenamento para a sua normatização, em especial o Código Civil e o Código de
Processo Civil brasileiros. Outras fontes de pesquisa sobre o assunto são o site da Associação Nacional
do Fomento Comercial e o site da Federação Brasileira de Fomento Comercial.

princípios e principais regras:


o factoring é um contrato atípico, regido, contudo, pelas regras do código civil, inclusive quanto aos
princípios inerentes aos contratos, que se aplicam na espécie, situam-se diversos princípios inerente ao
direito contratual, destacando-se, particularmente, (a) o princípio da autonomia da vontade das partes;
(b) princípio da supremacia da ordem pública; (c) princípio da obrigatoriedade da convenção e (d) o
princípio da boa-fé. Vale ressaltar que este tem natureza consensual. É comutativo, tendo carga de
aleatoriedade. Destarte, segundo a doutrina e jurisprudência majoritária, não se aplica o Código de
Defesa do Consumidor nos contratos de factoring

Como é a operação de Factoring:


O primeiro, também chamado de fomentadora, é aquele que compra o crédito ou presta um serviço
ao aderente, ou empresa fomentada, que cederá seus haveres pelo adiantamento do valor em
questão. Isso é, essas duas partes, a fomentadora e a fomentada, somente poderão ser pessoas
jurídicas. E, por fim, o devedor – ou sacado -, é aquele que deu origem ao crédito ao comprar algo
com o adquirente, mas que, pelo factoring, pagará ao factor sua obrigação. Esse, poderá ser pessoa
física ou jurídica, a depender do negócio desenvolvido com a empresa aderente. Além disso, com
base nas modalidades de faturização citados no tópico acima, temos requisitos deste procedimento
referentes ao objeto do contrato a ser firmado entre a empresa factoring e a fomentada, quais sejam:

• prestação de serviços a pequenas e médias empresas do setor produtivos, como, por


exemplo, o acompanhamento das contas a receber (factoring maturity);
• suprimento de recursos, no caso de ceder à empresa factoring direitos creditórios (factoring
convencional); e
• proteção contra a falta de pagamentos pelos devedores, como no factoring com recursos.

Cumprindo esses postulados, poder-se-á, então, firmar o contrato de fomento mercantil, no qual
deverá ser descrita qual será a atividade do Factor e, também, qual ou quais contas deverá administrar
ou adiantar o valor, discriminando os títulos em questão. Ademais, deve se considerar outras cláusulas,
como a responsabilidade subsidiária ou não da empresa fomentada, a quantia referente a taxa de
deságio, a ocorrência de multa em caso de rescisão, entre outros pontos.
Espécies/modalidades de faturização:
Factoring Convencional: Caso mais comum, onde a contratada adquire apenas os direitos creditórios,
pagando a contratante à vista e recebendo os saldos da dívida à prazo, além de taxas ligadas à operação.
Factoring Exportação: Método utilizado nas operações de exportação de produtos e serviços,
segundo o qual duas empresas de fomento operam intermediando o factoring no país de destino e no
país de origem.
Factoring Matéria-prima: Ao invés faturar com o saldo de uma compra a prazo, as empresas de
fomento que atuam nessa modalidade “financiam” a aquisição de matéria-prima da contratante. Assim,
elas pagam o fornecedor e recebem o valor equivalente à operação assim que a mesma faturar com a
fabricação do bem.
Factoring Maturity: Aqui, a intermediação engloba não os direitos creditórios, mas a gestão das
contas a pagar e a receber da contratante.
Factoring Trustee: Caso semelhante ao anterior. No entanto, as empresas de fomento mercantil que
realizam o factoring trustee também se responsabilizam pela compra dos direitos creditórios, unindo
assim o factoring maturity ao factoring tradicional.
Factoring com Recursos: Se o cliente responsável pelo pagamento da compra a prazo não honrar
com a sua dívida, a contratante deve pagar à empresa de fomento o valor correspondente àquela
parcela.
Factoring sem Recursos: Nesse caso, pelo contrário, a empresa de fomento assume o risco de
inadimplência: ou seja, se o cliente não efetuar o pagamento, é sua responsabilidade cobrá-lo de forma
judicial ou extrajudicial.

Os títulos negociáveis nos contratos de factoring:


O objeto principal da empresa de factoring é o comércio, entendendo-se por compra e venda, de
duplicatas de fatura, daí o termo também empregado pela doutrina: faturização. As vendas a prazo
eram representadas tão-somente pela emissão de duplicatas. Atualmente, há o instrumento do cheque
pré-datado, ou melhor definido como pós-datado. Entretanto, visto que a Lei dos Cheques (L. 7357/85)
determina que o cheque "é pagável à vista" (art. 32), e que a Lei 5474/68 proíbe a emissão de "outra
espécie de título de crédito" para: expressar vendas a prazo (art. 2º), estabelecida está a controvérsia
entre a lei e a prática.

Duplicata: Considerada como um título de crédito, aplica-se à ela, no que couber, os dispositivos da
legislação sobre emissão, circulação e pagamento das letras de câmbio (art. 25 da Lei 5474/68). Assim,
aplica-se a Lei Uniforme de Genébra sobre letras de câmbio e notas promissórias que prevê a
transferência dos títulos através de endosso. Segundo o seu art. 14, o endosso transmite todos os
direitos emergentes da letra, sendo garante o endossante do pagamento da mesma.

Cheque: A adoção da figura do cheque pré-datado como forma de pagamento a prazo movimentou as
empresas de factoring, acostumadas, anteriormente, a compra de duplicatas. Principalmente no
comércio, tornou-se praxe no crediário a utilização de cheques com data certa de pagamento, nos
períodos de 30, 60, 90 até 120 dias após a compra efetiva do bem. Como as pequenas e médias
empresas precisam de capital de giro para negociar com seus fornecedores, buscou-se nas empresas
de factoring a salvação desburocratizada para manter-se no mercado. Digo "desburocratizada", pois o
crédito bancário está cada vez mais difícil e exigente, apesar das comissões mais baixas em relação ao
factoring.
Extinção do factoring:
O factoring extingue-se pelas causas comuns a todos os contratos e, também, em consequência do
vencimento do prazo previsto para sua duração; distrato ou resilição bilateral; mudanças de estado de
um dos contratantes, já que se trata de um contrato intuitu pernoae, resilição unilateral, desde que
precedida de aviso prévio; inadimplemento de obrigações contratuais e por fim por morte de uma das
partes, se ela for comerciante individual.Quando desfeito o contrato, devem ser liquidadas as
operações pendentes, sob pena de responsabilização das partes por perdas e danos. Tratando-se de
contrato de execução continuada, pode persistir responsabilidades pós contratual.

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