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Estado do Rio de Janeiro Poder Judiciário

Tribunal de Justiça
Regional de Santa Cruz 366
Cartório da 2ª Vara Criminal
Praça Olavo Bilac, s/n CEP: 23570-220 - Santa Cruz - Rio de Janeiro - RJ Tel.: 3626-8608/8618 e-mail:
scr02vcri@tjrj.jus.br

Fls.
Processo: 0297284-50.2022.8.19.0001
Processo Eletrônico
Réu preso

Classe/Assunto: Ação Penal - Procedimento Ordinário - Roubo Majorado (Art. 157, § 2º - CP);
Extorsão (Art. 158 - CP); Concurso Material (Art. 69 - Cp)

Autor: MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Acusado: LUCIMARA RODRIGUES SACHI
Acusado: RODRIGO LUIZ ROMANO DOS SANTOS
Flagrante 036-09654/2022 18/11/2022 36ª Delegacia Policial

___________________________________________________________

Nesta data, faço os autos conclusos ao MM. Dr. Juiz


Marcelo Alberto Chaves Villas

Em 24/05/2023

Sentença
Trata-se de ação penal proposta pelo Ministério Público em face de LUCIMARA RODRIGUES
SACHI e RODRIGO LUIZ ROMANO DOS SANTOS imputando-lhes a prática do crime previsto no
artigo 157, §2º incisos II e VII, e artigo 158, §1º, na forma do artigo 69, todos do Código Penal.

A denúncia index. 03 veio acompanhada do respectivo procedimento de condução coercitiva, do


qual se destacam as seguintes peças: 1) Auto de prisão em flagrante; 2) Termo de declaração; 3)
Registro de ocorrência aditado.

Narra a denúncia que ¿No dia 18 de novembro de 2022, por volta de 0h10min, na Estrada
Aterrado do Leme, bairro Santa Cruz, comarca da Capital, os denunciados, de forma livre e
consciente, em comunhão de ações e desígnios entre si, subtraíram, para si ou para outrem,
mediante grave ameaça exercida com emprego de arma branca, consistente em uma faca, o
veículo automotor de marca/modelo GM/ONIX, placa OWZ3H71/RJ, que estava em posse da
vítima Flavio Souza Silva.

Nas mesmas circunstâncias de tempo e lugar, os denunciados, de forma livre e consciente, em


comunhão de ações e desígnios entre si, constrangeram a vítima Flavio Souza Silva, mediante
grave ameaça, consistente no emprego de arma branca, e com o intuito de obter indevida
vantagem econômica, a fornecer a sua senha bancária para a transferência da quantia de R$
315,00 (trezentos e quinze reais) de sua conta corrente.¿

AECD dos acusados index. 56.

FAC dos acusados index. 62.

Audiência de custódia realizada em 20 de novembro de 2022, conforme assentada index. 89, com
decisão convertendo a prisão em flagrante da ré LUCIMARA e decretando a prisão preventiva do
réu RODRIGO.

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Decisão recebendo index. 110.

Resposta à acusação do réu RODRIGO e pedindo a revogação da prisão index. 145.

Decisão indeferindo o pleito liberatório index. 161.

Resposta à acusação da ré LUCIMARA e pedindo a revogação da prisão index. 193.

Decisão convertendo a prisão preventiva em prisão domiciliar à ré LUCIMARA index. 214.

Audiência de instrução e julgamento realizada em 28 de março de 2023, conforme assentada


index. 316.

Alegações finais do Ministério Público index. 337.

Alegações finais da Defesa Técnica dos réus index. 355.

É o relatório. Decido.

FUNDAMENTAÇÃO:

Verificadas as condições de exercício regular do direito de ação e presentes os pressupostos de


constituição e desenvolvimento válido e regular do processo, passo a análise de mérito.

Vislumbra-se pelos elementos coligidos dos autos a materialidade e a autoria do delito de roubo
praticado pelos réus, sendo inconteste a presença dos elementos constitutivos do fato criminoso.

Desta forma, a materialidade e a autoria delitiva está suficientemente demonstrada pelo registro de
ocorrência, auto de prisão em flagrante, pelo auto de reconhecimento e pelos depoimentos em
sede policial e em juízo.

A vítima FLAVIO SOUZA SILVA em Juízo narrou toda a dinâmica delitiva que: ¿(...)que tocou uma
corrida no shopping Guadalupe, parei e esperei chegar o passageiro; que vieram os dois, a mulher
e o rapaz; que a corrida estava no nome de mulher no aplicativo; que os dois embarcaram no
carro; que o destino estava aqui para Santa Cruz; que nisso, peguei a Brasil, eu parei na Urucânia
para abastecer; que continuei a fazer o percurso, que depois que entrei na rua principal, depois do
retorno; que quando cheguei ao destino, ele me deu uma gravata por trás e colocou a faca no meu
pescoço, falando que era um assalto; que nisso eles começaram a pegar os pertences, pegaram
telefone, pediram para eu desbloquear, fizeram um PIX de 300 reais da minha conta; que foi pelo
aplicativo do meu banco; que mandaram eu desembarcar do carro e arrancaram; que eu fui
correndo até a pista para tentar chamar alguém; que levaram o telefone, uma quantia em dinheiro,
em moeda, no carro, e o veículo; que eles estavam sentados no banco de trás do carro; que ele
deu uma gravata e colocou uma faca no meu pescoço e pediu para ela passar para frente; que ela
passou para o banco da frente; que aí ela já pegou meu telefone e ele mandou eu botar a mão no
teto do carro, para não ter reação; que eles me fizeram desbloquear o telefone e começaram a
`futucar¿ os bancos que tinham no meu telefone; que foram em dois bancos, não acharam
dinheiro, aí tinha dinheiro em outro banco e eles fizeram o PIX; que foram 300 reais; que não
conheço a conta para onde o dinheiro foi passado; que depois disso eu fui correndo para a
principal, vi um pessoal na esquina e falei que tinha sido assaltado; que me deram um telefone
para entrar em contato com a polícia; que enviaram uma viatura até onde eu estava (...) que o
carro era alugado; que ele me deixou num posto, beirando a Brasil; que eu liguei para minha
esposa e fiquei esperando meu cunhado no posto, conversando com o frentista; que o frentista
tinha acabado de ver um caso parecido; que nisso eu vi um carro encostando na bomba para

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abastecer GNV; que eu reconheci, na hora tomei um susto e fiquei sem reação; que eu dei dois
passos para trás e fiquei escondido; que o frentista sentiu minha reação e perguntou o que
aconteceu; que eu falei que achava que aquele cara que tinha me roubado; que eu fui dar uma
olhada pra ver se tinha certeza; que fui andando em direção ao banheiro, entrei no banheiro e
reconheci os dois; que eles já estavam em outro carro de aplicativo; que eles tinham pedido outro
carro por aplicativo; que o meu carro foi deixado no meio do mato; que eu imaginei que a idéia
fosse roubar outro, porque eles já estavam com o segundo motorista ali; que eu pedi ao frentista
para chamar o rapaz para eu falar com ele; que o rapaz ficou com medo, porque ele também não
me conhecia, o motorista do outro carro; que enquanto o outro carro estava abastecendo, eu falei
que o casal havia me assaltado; que ele entendeu mais ou menos e colocou o telefone no ouvido,
fingindo que estava falando com alguém; que ele fingiu que estava falando com a esposa e falou
com os dois que ia cancelar a corrida; que eles, automaticamente, se ligaram e saíram andando
para a Brasil meio rápido; que eu pedi um telefone e liguei para o Sargento que tinha me levado
para o posto; que ele deixou o telefone particular para ligar para ele caso conseguisse rastrear o
carro; que eu liguei para ele e ele falou que estava próximo; que ele fez o retorno; que eles
esticaram o braço para o carro que estava com o alerta ligado, encostando no acostamento da
Brasil; que eles esticaram o braço para o rapaz, perguntaram se era UBER, acho que o cara era
UBER, entraram naquele carro ali e foram embora; que nisso que eles foram embora, a viatura foi
atrás e conseguiu pegar eles lá na frente; que já era o terceiro carro de aplicativo; que eu não
recordo o nome do motorista do segundo carro; que

eles foram presos no terceiro carro, eles pularam do carro e saíram correndo; que eles foram
alcançados e presos; que na Delegacia eu os reconheci; que o rapaz é moreno, deve ter mais ou
menos a minha altura, magro, tipo pardo; que a moça era cor negra, jovem, parecia um pouco
mais alta que eu; que eu os reconheci (...)¿.

É sabido que palavra das vítimas em crime de ordem patrimonial, como os crimes complexos aqui
perseguidos e perpetrado pelos Réus, mostra-se de capital importância dada à clandestinidade
que normalmente tais delitos são praticados. Além da vítima é quem mantém contato direto com o
roubador e presencia as etapas da conduta delituosa, com todas as suas circunstâncias.

Neste sentido é o entendimento deste Tribunal de Justiça:

¿ 0000846-34.2004.8.19.0014 - APELACAO - DES. ANTONIO JOSE FERREIRA CARVALHO -


Julgamento: 04/09/2012 - SEGUNDA CAMARA CRIMINAL - EMENTA: CRIME DE ROUBO
CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE PESSOAS - PRETENSÃO DE ABSOLVIÇÃO, SOB
O ARGUMENTO DE FRAGILIDADE PROBATÓRIA E INOBSERVÂNCIA DE DISPOSIÇÃO
PREVISTA NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL PENAL - IMPOSSIBILIDADE - APELANTES QUE
MEDIANTE VIOLÊNCIA, CONSUBSTANCIADA EM SOCOS E PONTAPÉS, SUBTRAEM
CELULAR E QUANTIA EM DINHEIRO DA VÍTIMA- POLICIAIS MILITARES QUE APÓS SEREM
AVISADOS PELA VÍTIMA LOGRAM PRENDER OS ROUBADORES MATERIALIDADE DELITIVA
INCONTESTE - AUTORIA ESTAMPADA NOS AUTOS - DEPOIMENTOS DA VÍTIMA E DOS
MILICIANOS FIRMES, COERENTES, SEGUROS E HARMÔNICOS - VÍTIMA QUE NÃO TEM
DÚVIDAS EM APONTAR OS APELANTES COMO OS ROUBADORES - PALAVRA DA VÍTIMA
QUE ASSUME ESPECIAL VALOR NOS DELITOS PATRIMONIAIS, VISTO QUE NÃO TERIA ELA
INTERESSE EM APONTAR COMO PRATICANTE DO INJUSTO QUEM REALMENTE NÃO O
FOSSE INOBSERVÂNCIA DAS FORMALIDADES PREVISTAS NA LEGISLAÇÃO PROCESSUAL
PENAL QUE NÃO TEM O CONDÃO DE MACULAR A PERSECUTIO CRIMINIS - PRECEDENTES
JURISPRUDENCIAIS - JUÍZO DE REPROVAÇÃO CORRETO APELOS DESPROVIDOS.¿

A vítima em juízo reconheceu apenas a ré LUCIMARA. Contudo, a participação do réu RODRIGO


nos crimes é caracterizada pela sua prisão em flagrante com a co-ré, momentos após o crime,
quando reconhecido pela vítima como um dos autores dos crimes. Soma-se que o próprio réu

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confessou informalmente e indicou aos policiais a localização do veículo subtraído.

O Policial Militar ALESSANDRO MEDEIROS DUARTE em seu depoimento confirmou os fatos


descritos na exordial: ¿(...) que eu participei da ocorrência; que eu lembro do fato; que estava a
semana toda tendo esse tipo de ocorrência na região, um casal realizando roubos, efetuando
disparos em motorista de UBER, então a gente ficou por ali; que recebemos uma informação por
Maré Zero de que um motorista de UBER estaria pedindo socorro na estrada Aterrado do Leme;
que estávamos próximos; que viramos e vimos o motorista correndo, pedindo socorro; que o
motorista era o senhor que estava aqui; que ele falou que fora assaltado por um casal, uma moça
e um rapaz, com uma faca (...) que pelo horário, só no posto de gasolina tinha movimento e ele
ficou lá; que ele ligou para a família, para alguém ir até ele; que a gente saiu de lá; que ele ligou e
falou que eles tinham acabado de passar lá, em outro carro; que fomos atrás na Avenida Brasil;
que ele falou que era o mesmo casal que o tinha roubado; que quando chegou no viaduto Oscar
Brito, o motorista pediu socorro, abriu a porta do carro correndo, isso era por volta das três horas;
que não recordo o nome do motorista; que nisso que ele abriu a porta, o casal saiu correndo e
subiu o viaduto, em direção a Campo Grande, subindo a rampa do viaduto; que na hora ele falou
que foi ele mesmo que fez, apresentou onde estava o veículo; que ele falou que estava em
Urucânia, no meio do mato, em um lamaçal; que dissemos para ele mostrar onde estava para
devolvermos para o dono; que o devolvemos; que o veículo estava em um lamaçal, sem rodas;
que não me recordo dos demais pertences; que se ele falou não me recordo, me recordo só do
veículo (...) (gravação interrompida, captando o som de outro local) (...) que eles assaltaram o
senhor que estava aqui, levaram o carro dele para um local e pegaram um outro veículo, outro
UBER; que por coincidência passaram na Avenida Brasil e esse senhor viu, e a gente estava ali;
que na hora da perseguição sinalizamos para o veículo parar; que eles saíram correndo; que eles
não pararam fácil não, porque a ocorrência foi no Aterrado do Leme e fomos pará-lo no viaduto
Oscar Brito (...) que eles admitiram a prática do fato e deram a localização do veículo; que sobre a
acusada, era ela sim, eu me recordo; que ela falou na Delegacia, falou que não maltratou ninguém
não (...) que não os conhecia anteriormente (...) que não tenho dúvida sobre o reconhecimento,
eram eles sim (...)¿.

Os acusados em seus interrogatórios usaram o direito constitucional ao silêncio.

A grave ameaça necessária para configurar o delito de roubo, a jurisprudência pátria é unânime
em afirmar que ela pode ser exteriorizada através de atos, gestos ou simples palavras. O ponto
controverso reside tão

somente em aferir se os autores do crime efetivaram a ameaça, ou seja, produziram o temor na


vítima por quaisquer das formas acima elencadas, ou se foi tão somente a vítima, por sua
condição pessoal, que teria se intimidado gratuitamente. In casu, a conduta dos denunciados,
segundo narrado pela vítima, foi de ameaça com uma faca. Tal fato, por si só, justificou o temor
capaz de intimidar o motorista, tanto que obedeceu à ordem.

Os policiais em diligências conseguiram perseguir os acusados, quando da abordagem o réu


RODRIGO mostrou onde estava escondido o carro, que inclusive já estava sem as rodas.
Destarte, o crime de roubo qualificado restou consumado, posto que o réu tive a posse mansa e
pacífica da res furtiva, consumando o crime de roubo, não restando mera tentativa.

Quanto ao crime de extorsão, também se consumou, posto que a vítima foi obrigada, mediante
grave ameaça exercida com arma branca, a desbloquear o celular e, assim, os acusados
realizaram o PIX da pecúnia de R$ 315,00.

A extorsão é um delito formal, onde o tipo não exige a produção do resultado para a consumação
do injusto penal, bastando que haja o constrangimento mediante violência ou grave ameaça, com

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intuito de obter vantagem econômica indevida, constituindo o recebimento do dinheiro mero


exaurimento do crime, de acordo com a súmula nº 96, do STJ. O crime, portanto, restou
consumado.

As provas, portanto, são incontestes, não restando a este magistrado qualquer dúvida da autoria e
materialidade dos crimes de roubo e extorsão, sendo certo que todos os indícios e provas
apontam que os acusados praticaram os crimes descritos na denúncia.

Deste modo, diante da comprovação da materialidade e das autorias do crime, depreende-se a


adequação típica dos fatos ora descritos aos tipos penais previstos no artigo 157 §2º incisos II e
VII e artigo 158 §1º, ambos do Código Penal.

Em seguida, vislumbra-se a ilicitude da conduta ora descritas, que na conceituação do Mestre


Assis Toledo é a ¿relação de antagonismo que se estabelece entre uma conduta humana
voluntária e o ordenamento jurídico, de sorte a causar lesão ou a expor a perigo de lesão um bem
jurídico tutelado¿ (TOLEDO, Francisco de Assis. Ilicitude penal e causas de sua exclusão, p. 08).

Depreende-se também a culpabilidade dos acusados, eis que imputáveis, sendo ao tempo da
ação inteiramente capazes de entenderem o caráter ilícito do fato e de determinarem-se de acordo
com esse entendimento, e eis que os acusados estavam também cientes da ilicitude de sua
conduta. Donde se infere a exigibilidade de uma conduta diversa de acordo com a norma proibitiva
implicitamente prevista no tipo por eles praticado, não existindo qualquer causa de exclusão de
antijuridicidade ou de culpabilidade aplicável ao caso vertente.

DISPOSITIVO:

Ex positis, JULGO PROCEDENTE A PRETENSÃO PUNITIVA constante da denúncia oferecida


pelo Parquet para CONDENAR LUCIMARA RODRIGUES SACHI e RODRIGO LUIZ ROMANO
DOS SANTOS pelos crimes previstos no artigo 157, §2º incisos II e VII e artigo 158 §1º, ambos do
Código Penal.

LUCIMARA RODRIGUES SACHI

- CRIME DE ROUBO

1ª FASE ¿ Nada consta na FAC da acusada, sendo primária e de bons antecedentes.

Sopeso que a pena base deve ser fixada no mínimo legal diante da premeditação e da carga
valiosa. Assim, fixo a pena, a saber, 04 (quatro) anos de reclusão e 48 (quarenta e oito) dias multa,
sendo estes no valor de um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do fato, em atenção à
condição econômica da acusada, considerando-a inicialmente como a pena justa e necessária à
prevenção e a reprovação do crime.

2ª FASE ¿ Ausentes causas agravantes. Presente a atenuante da menoridade penal, prevista no


artigo 65, inciso I, do Código Penal, contudo a pena já foi fixada no mínimo legal.

3ª FASE ¿ Inexiste nesta fase causas de diminuição.

Verifica-se a presença de duas circunstâncias que majoram o aludido crime de roubo, a saber, as
causas de aumento previstas na Parte Especial do Código Penal: concurso de pessoas (art. 157, §
2o, inciso II, do Código Penal) e violência exercida com emprego de arma branca (art. 157, § 2o,
inciso VII, do Código Penal). Deste modo, a pena é aumentada de metade,

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o que resulta em 06 (seis) anos de reclusão e 72 (setenta e dois) dias-multa, sendo estes no valor
de um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do fato.

REGIME DE PENA - Com observância do que dispõe o art. 33, § 2o, do Código Penal, determino
que pena de reclusão imposta à condenada seja cumprida inicialmente em regime semiaberto.

- CRIME DE EXTORSÃO

1ª FASE ¿ A ré é primária e possui bons antecedentes.

Fixo a pena base um no mínimo legal, a saber, 04 (quatro) anos de reclusão e 48 (quarenta e oito)
dias-multa, sendo o dia-multa no valor de um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do
fato, dadas as condições econômicas do acusado, corrigido até a data do efetivo pagamento, pena
esta que considero justa e necessária para a reprovação e prevenção do crime.

2ª FASE ¿ Ausentes causas agravantes. Presente a atenuante da menoridade penal, prevista no


artigo 65, inciso I, do Código Penal, contudo a pena já foi fixada no mínimo legal.

3ª FASE ¿ Sem causas de diminuição.

Verifica-se a presença de circunstância que majora o aludido crime de roubo, a saber, concurso de
pessoas (art. 158, § 1o, do Código Penal). Deste modo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), o
que resulta em 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão e 64 (sessenta e quatro) dias-
multa, sendo estes no valor de um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do fato.

REGIME DE PENA - Com observância do que dispõe o art. 33, § 2o, do Código Penal, determino
que pena de reclusão imposta à condenada seja cumprida inicialmente em regime semiaberto.

CONCURSO DE CRIMES

Acolho as ponderações da Defesa Técnica de que ¿a ação é um desdobramento do movimento


inicial de SUBTRAÇÃO PATRIMONIAL em dois momentos distintos. A intenção seria de subtrair
bens de terceiros, o que teria ocorrido em dois momentos subsequentes.¿. Destarte, aplico o
concurso formal, previsto no artigo 70 do Código Penal, devendo ser aumentada a pena mais
grave dentre as fixadas de 1/6, perfazendo assim a pena final, 07 (sete) anos de reclusão e 84
(oitenta e quatro) dias-multa.

REGIME DE PENA ¿ Fixado o regime semiaberto.

RODRIGO LUIZ ROMANO DOS SANTOS

- CRIME DE ROUBO

1ª FASE ¿ Na FAC do acusado consta condenação por roubo majorado, processo 0023445-
44.2020.8.19.0001. Além de responder ao processo 0045440-16.2020.8.19.0001 também por
roubo majorado. Reputo que o réu seja portador de maus antecedentes, ante a conclusão extraída
da Súmula nº 444 do C.STJ, a qual agora passo a aplicar.

Sopeso que a pena base deve ser fixada acima do mínimo legal, fixo a pena, a saber, 05 (cinco)
anos de reclusão e 60 (sessenta) dias multa, sendo estes no valor de um trigésimo do salário
mínimo vigente ao tempo do fato, em atenção à condição econômica do acusado, considerando-a
inicialmente como a pena justa e necessária à prevenção e a reprovação do crime.

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2ª FASE ¿ Sem a atenuante e agravantes.

3ª FASE ¿ Inexiste nesta fase causas de diminuição.

Verifica-se a presença de duas circunstâncias que majoram o aludido crime de roubo, a saber, as
causas de aumento previstas na Parte Especial do Código Penal: concurso de pessoas (art. 157, §
2o, inciso II, do Código Penal) e violência exercida com emprego de arma branca (art. 157, § 2o,
inciso VII, do Código Penal). Deste modo, a pena é aumentada de metade, o que resulta em 07
(sete) anos e 06 (seis) meses de reclusão e 90 (noventa) dias-multa, sendo estes no valor de um
trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do fato.

REGIME DE PENA - Com observância do que dispõe o art. 33, § 2o, do Código Penal, determino
que pena de reclusão imposta ao condenado seja cumprida inicialmente em regime semiaberto.

- CRIME DE EXTORSÃO

1ª FASE ¿ Na FAC do acusado consta condenação por roubo majorado, processo 0023445-
44.2020.8.19.0001. Além de responder ao processo 0045440-16.2020.8.19.0001 também por
roubo majorado. Reputo que o réu seja portador de maus antecedentes, ante a conclusão extraída
da Súmula nº 444 do C.STJ, a qual agora passo a aplicar.

Fixo a pena base acima do mínimo legal, a saber, 05 (cinco) anos de reclusão e 60 (sessenta)
dias-multa, sendo o dia-multa no valor de um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do
fato, dadas as condições econômicas do acusado, corrigido até a data do efetivo pagamento, pena
esta que considero justa e necessária para a reprovação e prevenção do crime.

2ª FASE ¿ Ausentes causas atenuantes e agravantes.

3ª FASE ¿ Sem causas de diminuição.

Verifica-se a presença de circunstância que majora o aludido crime de roubo, a saber, concurso de
pessoas (art. 158, § 1o, do Código Penal). Deste modo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), o
que resulta em 06 (seis) anos e 08 (oito) meses de reclusão e 80 (oitenta) dias-multa, sendo estes
no valor de um trigésimo do salário mínimo vigente ao tempo do fato.

REGIME DE PENA - Com observância do que dispõe o art. 33, § 2o, do Código Penal, determino
que pena de reclusão imposta à condenada seja cumprida inicialmente em regime semiaberto.

CONCURSO DE CRIMES

Acolho as ponderações da Defesa Técnica de que ¿a ação é um desdobramento do movimento


inicial de SUBTRAÇÃO PATRIMONIAL em dois momentos distintos. A intenção seria de subtrair
bens de terceiros, o que teria ocorrido em dois momentos subsequentes.¿. Destarte, aplico o
concurso formal, previsto no artigo 70 do Código Penal, devendo ser aumentada a pena mais
grave dentre as fixadas de 1/6, perfazendo assim a pena final, 08 (oito) anos e 09 (nove) meses de
reclusão e 105 (cento e cincog) dias-multa.

REGIME DE PENA ¿ Fixado o regime fechado, pois a pena final ultrapassa a oito anos.
Condeno ainda os acusados ao pagamento das custas processuais, conforme dispõe o artigo 804
do Código de Processo Penal, devendo possível isenção vir a ser apreciada quando da execução.

Intimem-se os acusados do teor deste decisum.

110 DANIELEPASCOAL
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Oficie-se ao Coordenador da Secretaria de Administração Penitenciária, na forma do Aviso


Conjunto TJ/CGJ nº 08 para que providencie a transferência do condenado RODRIGO para
estabelecimento prisional compatível com o regime de pena imposto.

Expeça-se carta de sentença para a Vara de Execuções Penais, independentemente do trânsito


em julgado e interposição de recurso.

A ré LUCIMARA possui filho impúbere, razão pela qual ratifico a decisão que substituiu a prisão
preventiva por prisão domiciliar. Oficie-se à Central de Monitoramento Eletrônico indagando se a
acusada cumpre as regras estabelecidas na referida decisão com o uso da tornozeleira eletrônica.

P. R. I.

Marcelo Alberto Chaves Villas - Juiz Titular

___________________________________________________________

Autos recebidos do MM. Dr. Juiz

Marcelo Alberto Chaves Villas

Em ____/____/_____

Código de Autenticação: 4JPC.LDT6.6Y9F.F1N3


Este código pode ser verificado em: www.tjrj.jus.br – Serviços – Validação de documentos
Øþ

110 DANIELEPASCOAL

MARCELO ALBERTO CHAVES VILLAS:26187 Assinado em 29/05/2023 13:57:24


Local: TJ-RJ

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