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PROJUDI - Processo: 0001964-40.2019.8.16.0196 - Ref. mov. 137.

1 - Assinado digitalmente por Ines Marchalek Zarpelon:6208


09/10/2020: PROFERIDA SENTENÇA CONDENATÓRIA. Arq: sentença condenatória

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA
1ª Vara Criminal

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYKR LXUPM B54B5 KKZBK


Autor: Ministério Público
Réu: Leonardo de Souza
Número único: 001964-40.2019.8.16.0196

Vistos e examinados estes autos de ação penal


sob o nº 001964-40.2019.8.16.0196, em que é
autor o MINISTÉRIO PÚBLICO e réu LEONARDO DE
SOUZA.

A representante do Ministério Público do Estado


do Paraná, em exercício nesta Vara, ofereceu denúncia contra
LEONARDO DE SOUZA, brasileiro, natural de Curitiba/PR, portador do
R.G. nº 13.975.186-8 SSP/PR, nascido no dia 30/10/1997, filho de
Gilmara de Souza, residente na Rua Pedro Wieler, n. 156, Bairro Xaxim,
em Curitiba/PR, como incurso nas penas do artigo 155, caput, do Código
Penal, porque, segundo a acusação:

“Na data de 04 de setembro de 2019, por volta das


16h45min, no interior de um ônibus de transporte
coletivo, na Rua Professor Moreira, nº 586, Bairro
Mercês, neste Município e Foro Central da Comarca
da Região Metropolitana de Curitiba/PR, o
denunciado LEONARDO DE SOUZA, agindo
dolosamente, de forma consciente e voluntária,
subtraiu, para si, com ânimo de assenhoreamento
definitivo, um aparelho de telefone celular de cor
azul, marca Motorola, avaliado em R$ 1.500,00 (um
mil e quinhentos reais) e de propriedade da vítima
Helena Neres da Silva Estrada.

Consta dos autos que, na data dos fatos, a vítima


estava no interior do ônibus de transporte coletivo e
segurava seu aparelho de telefone celular,
oportunidade em que o denunciado aguardou a
parada do coletivo e puxou o telefone de sua mão,
empreendendo fuga na sequência. Ato contínuo, o
denunciado foi perseguido por uma equipe policial
que realizava patrulhamento na região, que obteve
êxito em localizar o denunciado e recuperar a res
furtiva.

Os fatos supramencionados encontram-se


comprovados pelo Auto de Prisão em Flagrante de
mov. 1.2, Termos de Depoimento de mov. 1.3 e 1.5,
Auto de Exibição e Apreensão de mov. 1.7, Termo de

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09/10/2020: PROFERIDA SENTENÇA CONDENATÓRIA. Arq: sentença condenatória

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Autor: Ministério Público
Réu: Leonardo de Souza
Número único: 001964-40.2019.8.16.0196

Declaração de mov. 1.8, Auto de Entrega de mov.


1.10, Auto de Avaliação de mov. 1.12, Auto de
Interrogatório de mov. 1.13 e Boletim de Ocorrência
de mov. 1.17. ”

Recebida a denúncia (mov. 39.1), o réu foi


citado pessoalmente (mov. 62) e ofereceu resposta à acusação através
de Defensora nomeada (mov. 66.1).

Durante a instrução do processo, foram ouvidas


03 (três) testemunhas arroladas pelo Ministério Público e o réu foi
interrogado (mov. 99 e 126).

Na fase do artigo 402 do Código de Processo


Penal, as partes nada requereram (mov. 127.1.1).

Em alegações finais escritas (mov. 131.1), o


Ministério Público requereu a procedência da denúncia, com a
condenação do acusado nas sanções do artigo 155, caput, do Código
Penal.

A Defesa, por sua vez (mov. 135.1), pugnou pela


aplicação do Princípio da Insignificância, para o efeito de afastar a
tipicidade material e, por consequência, absolver o acusado.
Subsidiariamente, requereu pela desclassificação do delito para a sua
forma tentada.

ESTE, O RELATÓRIO.

DECIDO.

FUNDAMENTAÇÃO.

Preliminarmente

Observo que não há irregularidades ou


nulidades a serem sanadas, bem como, inexistem questões outras
preliminares ou prejudicial de mérito para apreciar.

A denúncia é apta, as partes são legítimas, o

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juízo é competente, o feito desenrolou-se de forma regular, estando


pronto para o julgamento.

Do Mérito

Materialidade

A materialidade delitiva comprovou-se através


do Auto de Prisão em Flagrante Delito (mov. 1.2); Auto de Exibição e
Apreensão (mov. 1.7); Auto de Entrega (mov. 1.10); Auto de Avaliação
(mov. 1.12); Boletim de Ocorrência (mov. 1.17), bem como, pela prova
oral produzida.

Autoria

Após atenta análise das provas colhidas nos


autos, concluo que a autoria do delito está comprovada e recai sobre o
denunciado Leonardo de Souza.

Interrogado em Juízo, o acusado Leonardo de


Souza confessou espontaneamente a prática delitiva. Relatou que, à
época, vivia em situação de rua e, juntamente com “Juninho”, adquiriu
drogas e possuía uma dívida de R$ 400,00 (quatrocentos reais) com o
tráfico. “Juninho”, então, sugeriu de furtarem um celular e, quando
estava no ônibus, decidiu praticar o crime. Descreveu que a vítima
estava no banco da frente com o celular na mão e, no momento em que
o coletivo parou no tubo, agarrou o celular e saiu correndo; cerca de
duas quadras após, foi preso pela Polícia Militar, que apreendeu o
celular e devolveu-o à vítima. Expôs que o “Juninho” permaneceu dentro
do ônibus, bem como, que não recebeu o auxílio dele.

A vítima Helena Neres da Silva Estrada declarou


em Juízo que estava no ônibus, sentido Centro-Bairro, sentada próxima
à porta e enviando mensagem para a sua nora. Nisso, um rapaz passou,
tomou o celular da sua mão e saiu rapidamente pela porta; no ponto
seguinte, desceu do ônibus e avisou os policiais, que lograram êxito em
prender o réu. Asseverou que não percebeu a presença do réu dentro
do ônibus e apenas viu-o quando foi detido pelos policiais e que não
sofreu nenhuma violência ou ameaça por parte dele.

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Autor: Ministério Público
Réu: Leonardo de Souza
Número único: 001964-40.2019.8.16.0196

O Policial Militar Paulo Alexandre Rodrigues


informou em Juízo que estavam patrulhando pela rua e, quando
chegaram perto da estação tubo, o rapaz passou correndo pela viatura
e populares dentro do tubo começaram a apontar para ele e gritar que
teria efetuado o furto do celular. Cerca de 150 metros depois,
conseguiram abordá-lo; quando voltaram para o tubo, a vítima, que
desceu no ponto seguinte e voltou, reconheceu o celular que fora
apreendido com o réu.

Em narrativa semelhante, o Policial Militar Pierri


Lins de Souza declarou em Juízo que estavam em patrulhamento pela
via próxima ao tubo do ônibus e teve uma pessoa que acenou com a
mão e disse que presenciou uma mulher sendo roubada por um rapaz, o
qual pegara o celular daquela, desceu do tubo e saiu correndo. No
mesmo momento, viram o rapaz correndo; no mesmo instante em que o
abordaram, ele jogou o celular no chão, dizendo que não tinha nada. Na
oportunidade, a vítima relatou que o furto ocorreu dentro do ônibus, que
quando abriu a porta, um deles puxou o celular da mão dela e saiu
correndo.

Desse modo, tendo em vista a confissão


espontânea do acusado Leonardo de Souza, que é corroborada pelas
demais provas produzidas nos autos, tem-se que a autoria do crime está
devidamente comprovada e recai sobre o denunciado. Nesse sentido,
colaciono os julgados:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO


TENTADO - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE -
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS -
CONFISSAO DO CORRÉU E PROVA TESTEMUNHAL -
FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS AO DEFENSOR DATIVO -
NECESSIDADE - RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
- Restando comprovadas a materialidade e autoria
delitiva do delito de furto, pela confissão do corréu e
pela prova testemunhal, a sua condenação é medida
que se impõe. (TJMG. Apelação Criminal
1.0133.19.001370-5/001, Relator (a): Des. (a)
Furtado de Mendonça, 6ª CÂMARA CRIMINAL,
julgamento em 07/07/2020, publicação da súmula
em 29/07/2020) (grifou-se)

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Autor: Ministério Público
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Número único: 001964-40.2019.8.16.0196

APELAÇÃO. FURTO. CONCURSO DE AGENTES.


ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. MATERIALIDADE E
AUTORIA COMPROVADAS.CONJUNTO PROBATÓRIO
COESO. DEPOIMENTOS DOS POLICIAIS. CONFISSÃO
DO CORRÉU. VALOR PROBANTE. CONDENAÇÃO
MANTIDA. I - Mantém-se a condenação quando a
confissão do corréu e as declarações dos policiais
responsáveis pelo flagrante, por constituírem meios
de prova, demonstram sem qualquer dúvida a prática
do crime de tentativa de furto, em concurso de
agentes. II - Os depoimentos prestados por agentes
do Estado, colhidos sob o crivo do contraditório e da
ampla defesa, devem ser apreciados com valor
probatório suficiente para dar respaldo ao édito
condenatório, tendo em vista que sua palavra conta
com fé pública e presunção de legitimidade, somente
afastada por meio de contraprova que demonstre
sua imprestabilidade, não produzida no caso sob
exame. III - Recurso conhecido e desprovido. (TJ-DF.
0710783-74.2019.8.07.0001, Relator: NILSONI DE
FREITAS CUSTODIO, Data de Julgamento:
26/03/2020, 3ª Turma Criminal, Data de Publicação:
Publicado no PJe: 06/04/2020. Pág.: Sem Página
Cadastrada.) (grifou-se)

Nos memoriais apresentados (mov. 135.1),


requereu a Defesa a aplicação do Princípio da Insignificância,
fundamentando que, como o aparelho celular foi recuperado, não houve
lesão ao patrimônio da vítima.

Com todo o respeito à ilustre Defensora, o


pedido deve ser rejeitado.

Destaque-se que o fato de o celular ter sido


recuperado trata-se de um mero acaso, uma vez que apenas ocorreu
em razão dos Policiais Militares estarem passando pelo local logo após o
furto e visualizarem o réu evadindo-se.

O aparelho celular da vítima foi avaliado em R$

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1.500,00 (mil e quinhentos reais), valor superior a 150% do salário


mínimo à época dos fatos, de modo que não pode ser considerado
irrisório.

Além disso, a recuperação da res furtiva não


possui o condão de afetar a tipicidade material, pelo que é inviável a
aplicação do Princípio da Insignificância por essa razão.

Sobre o tema, é pacífico o entendimento


jurisprudencial:

EMENTA – APELAÇÃO CRIME – CONDENAÇÃO PELO


CRIME DE FURTO (ART. 155, CAPUT, DO CP) – PLEITO
DE NULIDADE DECORRENTE DA NÃO DESIGNAÇÃO
DE NOVA AUDIÊNCIA – AFASTADO – REVELIA
CORRETAMENTE DECRETADA – RÉU QUE, MESMO
INTIMADO, NÃO COMPARECEU À AUDIÊNCIA –
JUSTIFICATIVA NÃO COMPROVADA – PLEITO DE
ABSOLVIÇÃO – IMPOSSIBILIDADE – PROVAS
PRODUZIDAS QUE COMPROVAM A AUTORIA E A
MATERIALIDADE DO CRIME DE FURTO – ALEGAÇÃO
DE ATIPICIDADE DE CONDUTA – IMPOSSIBILIDADE –
FURTO DE USO NÃO CONFIGURADO – VÍTIMA QUE
NOTOU A SUBTRAÇÃO DO BEM E ACIONOU A POLÍCIA
– PREJUÍZO DA VÍTIMA (EXTRAVIO DA CHAVE) –
INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
– VALOR DA RES FURTIVA QUE NÃO PODE SER
CONSIDERADO IRRISÓRIO – IRRELEVÂNCIA QUANTO À
RECUPERAÇÃO DOS BENS PELA VÍTIMA – PLEITO DE
REDUÇÃO DA PENA INTERMEDIÁRIA AQUÉM DO
MÍNIMO LEGAL – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULA 231,
DO STJ – PRECEDENTES – RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJPR - 3ª C. Criminal - 0010966-
51.2017.8.16.0019 - Ponta Grossa - Rel.:
Desembargador João Domingos Küster Puppi - J.
12.07.2018) (grifou-se)

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO


- AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE
COMPROVADAS - PRINCÍPIODA INSIGNIFICÂNCIA -
IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO - CONDENAÇÃO

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MANTIDA - RECONHECIMENTO DO FURTO


PRIVILEGIADO - IMPOSSIBILIDADE - VALOR DA RES
FURTIVA NO MOMENTO CONSUMATIVO RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. I - Não há se falar em
absolvição do acusado com base no princípio da
insignificância por ser medida temerosa a valoração
do bem jurídico atingido pelo delito, considerando a
importância que somente a vítima pode aferir ao seu
bem, bem como o grau da ofensa por ela sofrida. II -
O considerável valor da coisa subtraída, a ser auferido
no momento da consumação do crime, obsta o
reconhecimento da figura privilegiada do furto, sendo
irrelevante a recuperação da res ou reparação do
dano. (...) (TJ-MG. APR: 10024160780201001 MG,
Relator: Adilson Lamounier, Data de Julgamento:
22/01/2019, Data de Publicação: 28/01/2019) (grifou-
se)

Melhor sorte não acompanha o pedido para que


o crime seja desclassificado para a sua forma tentada, uma vez que,
para a consumação do furto, basta haver a inversão da posse, sendo
desnecessária a posse mansa e pacífica.

Neste sentido, colaciono o julgado:

EMENTA: FURTO - APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA


INSIGNIFICÂNCIA - INVIABILIDADE - RECURSO
DEFENSIVO - RECONHECIMENTO DE CRIME
IMPOSSÍVEL - VIGILÂNCIA EM ESTABELECIMENTO
COMERCIAL - IMPOSSIBILIDADE - RECURSO
MINISTERIAL - CONDENAÇÃO NA FORMA
CONSUMADA DO DELITO - NECESSIDADE - INVERSÃO
DA POSSE CONSTATADA - REESTRUTURAÇÃO DA
PENA. 1. Inviável a aplicação do princípio da
insignificância quando se trata de acusado
reincidente. 2. Havendo possibilidade de
consumação do delito, como ocorreu in casu, não há
que se falar crime impossível. 3. Consuma-se o delito
de furto quando o agente retira a res furtiva da vítima,
invertendo a posse, sendo prescindível a posse mansa
e pacífica. (...) (TJMG. Apelação Criminal
1.0024.16.080557-8/001, Relator (a): Des. (a)
Alexandre Victor de Carvalho, Relator (a) para o

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acórdão: Des. (a) Pedro Vergara, 5ª CÂMARA


CRIMINAL, julgamento em 25/08/2020, publicação da
súmula em 02/09/2020)

Pois bem. Dispõe o artigo 155, caput, do Código


Penal:

Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa


alheia móvel:
(...)

No caso em comento, tem-se que LEONARDO DE


SOUZA subtraiu, para si, o aparelho celular da vítima Helena Neres da
Silva Estrada. Há, portanto, a perfeita subsunção dos fatos à norma
penal incriminadora.

Assim, inexistindo causas excludentes da


ilicitude e culpabilidade, a condenação do acusado pela prática do delito
previsto no artigo 155, caput, do Código Penal é à medida que se
impõe.

DISPOSITIVO

Ante o exposto e atendendo a tudo mais que


dos autos consta, JULGO PROCEDENTE a denúncia, para o efeito de
CONDENAR o réu LEONARDO DE SOUZA, já qualificado, como incurso
nas penas do artigo 155, caput, do Código Penal.

Passo a fixação da reprimenda legal.

1. Pena-base

A circunstância judicial referente à culpabilidade,


de que trata o art. 59 do CP, está ligada exclusivamente ao grau de
reprovabilidade da conduta.

Deve-se atentar, contudo, que a reprovabilidade


a ser considerada é aquela em grau tal que supera a normalidade do
crime, pois este já se presume ofensivo.

No presente caso, a reprovabilidade da conduta

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do agente é normal ao delito.

Quanto aos antecedentes criminais (mov. 128.1),


verifica-se que o acusado era, à época do delito, primário.

A conduta social consubstancia-se no


comportamento do réu frente à sociedade. Nas palavras de NUCCI
(Código Penal Comentado. 13. Ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2013. p. 431): ‘é o papel do réu na comunidade,
inserido no contexto da família, do trabalho, da escola, da vizinhança,
etc. [...] A apuração da conduta social pode ser feita de várias fontes, e
é dever das partes arrolar testemunhas, que possam depor sobre a
conduta social do acusado. ”

In casu, ante a ausência de elementos seguros


nos autos para auferi-la, a conduta social não deve ser considerada em
desfavor do réu.

A personalidade não é um conceito jurídico, mas


do âmbito de outras ciências, Psicologia, Psiquiatria, Antropologia, deve
ser entendida por um complexo de características individuais
adquiridas, que determinam ou influenciam o comportamento do
sujeito.

Assim, não há, nos estreitos limites deste


caderno processual, condições de aferir a personalidade do agente, de
modo que deixo de considerar esta circunstância.

O motivo que levou o agente a cometer o delito


é a obtenção fácil de dinheiro, o que é comum ao crime em comento.

As circunstâncias analisadas são próprias do


delito.

Considerando que o aparelho celular foi


devolvido à vítima, não se vislumbram consequências de maior
relevância.

Quanto ao comportamento da vítima, constata-se


que esta em nada contribuiu ao crime.

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Desse modo, considerando que inexiste


circunstância negativa relevante, fixo a pena-base no mínimo legal, em
um (01) ano de reclusão e dez (10) dias-multa, no valor de 1/30 do
salário mínimo vigente à época dos fatos.

2. Agravantes e Atenuantes

Inexistem agravantes.

Por outro lado, incide a atenuante da confissão


espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal.
Contudo, em observância à súmula n. 231 do STJ, deixo de reduzir a
pena, pois ficaria aquém do mínimo legal.

Desse modo, a pena intermediária permanece


em um (01) ano de reclusão e dez (10) dias-multa, no valor de 1/30 do
salário mínimo vigente à época dos fatos.

3. Majorantes e Minorantes

Inexistem minorantes ou majorantes.

Por inexistirem causas especiais de aumento ou


de diminuição de pena, a pena final permanece (01) ANO DE RECLUSÃO
E DEZ (10) DIAS-MULTA, NO VALOR DE 1/30 DO SALÁRIO MÍNIMO
VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS, que, na ausência de outras
circunstâncias capazes de modifica-la, torno definitiva.

Para o início do cumprimento da pena,


considerando a pena ora aplicada, fixo o regime ABERTO, nos termos
do artigo 33, §2º, alínea “c”, do Código Penal.

Como o denunciado preenche os requisitos


legais descritos no artigo 44 do Código Penal (quantidade da pena
aplicada, natureza do crime cometido, sem violência ou grave ameaça,
não reincidente em crime doloso, circunstâncias judiciais favoráveis)
substituo a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direito,
consistente em:

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PROJUDI - Processo: 0001964-40.2019.8.16.0196 - Ref. mov. 137.1 - Assinado digitalmente por Ines Marchalek Zarpelon:6208
09/10/2020: PROFERIDA SENTENÇA CONDENATÓRIA. Arq: sentença condenatória

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA
1ª Vara Criminal

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYKR LXUPM B54B5 KKZBK


Autor: Ministério Público
Réu: Leonardo de Souza
Número único: 001964-40.2019.8.16.0196

a) Prestação de serviços à comunidade, à


razão de 01 (uma) hora por dia de
condenação, nos termos do artigo 46, §3º,
do Código Penal.

Em razão do disposto no art. 77, inciso III, do


Código Penal, deixo de suspender condicionalmente a pena.

Do Direito de Recorrer em Liberdade

Considerando o total da pena imposta, uma vez


ausentes os requisitos da prisão preventiva, concedo ao acusado o
direito de recorrer em liberdade.

DISPOSIÇÕES FINAIS

A multa deverá ser paga no prazo de 10 (dez)


dias, a contar do trânsito em julgado da presente sentença, nos termos
do art. 50 do Código Penal.

Quanto ao disposto no art. 387, inc. IV do CPP


deixo de fixar o valor mínimo, pois o bem subtraído foi recuperado e
devolvido à vítima.

Como o denunciado foi defendido, desde o início


da ação penal, por Defensora dativa, evidenciando o seu estado de
hipossuficiência econômica, nos termos do artigo 98 do Código de
Processo Civil, concedo a Leonardo de Souza o benefício da Justiça
Gratuita e o dispenso do pagamento das custas processuais.

Uma vez que esta Vara Criminal não é assistida


pela Defensoria Pública, cabe ao Estado arcar com os honorários da
Advogada nomeada, conforme o disposto no art. 263 do Código de
Processo Penal, na Lei Estadual nº. 12.601/99 e Decreto nº. 1.511/99.

Arbitro, em favor da Defensora nomeada, Dra.


Ana Clara Vieira Ormelez, honorários advocatícios no valor de R$
2.000,00 (dois mil reais), nos termos da Resolução Conjunta nº 15/2019
– PGE/SEFA.
Cumpra-se o Código de Normas da Douta

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PROJUDI - Processo: 0001964-40.2019.8.16.0196 - Ref. mov. 137.1 - Assinado digitalmente por Ines Marchalek Zarpelon:6208
09/10/2020: PROFERIDA SENTENÇA CONDENATÓRIA. Arq: sentença condenatória

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA
1ª Vara Criminal

Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJYKR LXUPM B54B5 KKZBK


Autor: Ministério Público
Réu: Leonardo de Souza
Número único: 001964-40.2019.8.16.0196

Corregedoria Geral de Justiça, no que couber, inclusive no tocante as


necessárias anotações e comunicações ao Tribunal Regional Eleitoral.

Transitada em julgado, lance o nome do réu no


rol de culpados e expeça-se guia de recolhimento definitiva.

Sem custas.

Publique-se.

Registre-se.

Intimem-se.

Ciência ao Ministério Público.

Oportunamente, arquivem-se os autos.

Curitiba, datado eletronicamente.

INÊS MARCHALEK ZARPELON


Juíza de Direito
MY

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