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PODER JUDICIÁRIO

ESTADO DE GOIÁS
Comarca de Goianápolis
Vara Criminal
Gabinete do Juiz

Autos nº. 5811075-53.2023.8.09.0011

DECISÃO

MARCOS VINICIOS DE AMORIM SOUZA, devidamente qualificado(a)


nos autos, foi preso(a) em flagrante delito, no dia 02/11/2023, por volta das 22h55min, na
Rua Abrosina Balbino de Jesus, Qd. 06, Lt. 07, Bairro Novo Horizonte, Goianápolis/GO.
O Auto de Prisão em Flagrante veio acompanhado de Nota de Ciência
das Garantias Constitucionais, Nota de Culpa, Relatório Médico, Guia de Recolhimento
de Preso. Os documentos coligidos aos autos encontram-se devidamente assinados e,
ainda, foram realizadas as advertências legais quanto aos direitos constitucionais (art. 5º,
inc. LXII, LXIII e LXIX, da CF/88).
Instado(a), o(a) d. promotor(a) de justiça requereu a homologação do
Auto de Prisão em Flagrante e, quanto à situação prisional do(a) autuado(a), pugnou pela
conversão em prisão preventiva.
A defesa técnica do autuado, por sua vez, requereu a concessão de
liberdade provisória com aplicação substitutiva de medidas cautelares diversas da prisão.
Para tanto aventou a tese de ausência de requisitos legais para decretação da prisão
preventiva.
É o breve relatório. Decido.
Primeiramente, verifico a regularidade formal do procedimento sob
exame, a qual permite a homologação do auto de prisão em flagrante.
Quanto à situação prisional de MARCOS VINICIOS, sabe-se que, no
direito brasileiro, a prisão é medida de exceção, sendo que a regra é o acusado
responder ao processo em liberdade, somente devendo ser preso após o trânsito em
julgado de sentença condenatória em que se impôs pena privativa de liberdade.
Trata-se de uma aplicação lógica do princípio da presunção de
inocência ou da não culpabilidade, previsto no art. 5º, LVII, da Constituição da República.
A liberdade provisória, direito fundamental constitucional, há de ser
adotada quando presentes os pressupostos necessários e ausentes qualquer das
hipóteses ensejadoras da prisão preventiva, sendo que esta última deve estar calcada
em dois requisitos, o fumus comissi delicti e o periculum libertatis.

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In casu, a materialidade delitiva está devidamente comprovada através


do RAI n. 33139825. São extraídos os indícios de autoria contra o autuado, mormente
pela própria situação de flagrante, somada às declarações das testemunhas inquiridas
perante a d. Autoridade Policial. Destarte, presente o fumus comissi delicti.
Além disso, verifica-se a presença do periculum libertatis do autuado. A
prisão preventiva servirá para resguardar a ordem pública, vez que caracterizada a
gravidade em concreto da situação exposta no APF.
Segundo informações das testemunhas, o autuado tentou ceifar a vida
da vítima com disparos de arma de fogo. Os motivos do delito, ainda, não foram
esclarecidos.
Ressalta-se que o modus operandi adotado pelo autuado demostra sua
periculosidade, vez que efetuou vários (quatro) disparos de arma de fogo em local
público, colocando em risco outras pessoas que encontravam-se presentes no local.
Outrossim, existem indicativos que sinalizam o envolvimento do autuado
e vítima na disputa pelo tráfico de drogas, conforme relatado pelas testemunhas,
demostrando elementos concretos da periculosidade do flagranteado.
Neste contexto, a prisão provisória, por ora, acautelará a ordem pública,
visto que o autuado demonstrou periculosidade excessiva que impede o retorno, por ora,
ao convívio social.
Logo, a prisão preventiva encontra fundamento na garantia da ordem
pública.
Pois bem. Conjugado ao exame acima apresentado, o delito em
questão, com as peculiaridades apontadas pelo representante ministerial e pela própria
autoridade policial, possui (em sua vertente abstrata) pena privativa de liberdade máxima
superior a 4 anos, preenchendo, assim, um dos pressupostos contidos no artigo 313 do
Código de Processo Penal, especificamente, o expresso no inciso I.
Entendo, ainda, como inadequada a aplicação, ao caso posto, de
quaisquer medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo Penal, vez
que a qualificação adequada do autuado e maiores detalhes sobre o motivo do delito
permanecem encobertos e serão essenciais para, em novo juízo de cognição sumária,
rever a presente decisão excepcional de prisão cautelar.
Ressalto, oportunamente, que a tese defensiva concernente à ausência

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de requisitos para a prisão preventiva não encontra suporte apto a infirmar a necessidade
prisional atual do flagrado, especialmente, diante da fundamentação acima exposta.
Assim, por ora, a homologação do APF e a consequente conversão
da prisão em flagrante são as medidas cabíveis.

DISPOSITIVO:

Ante o exposto, nos termos dos artigos 310, inciso II, 312 e 313, todos
do Código de Processo Penal, HOMOLOGO, desde já, o auto de prisão em flagrante e
CONVERTO EM PREVENTIVA a prisão em flagrante do custodiado MARCOS VINÍCIOS
DE AMORIM SOUZA.
A presente decisão possui força de mandado de prisão. Alimente-se o
Sistema BNMP e façam constar o dia 02/11/2043 como data limite para cumprimento, em
conformidade com o estabelecido no artigo 109 do Código Penal.
Aguarde-se a remessa do Inquérito Policial ao Poder Judiciário.
Arbitro em favor do defensor nomeado o importe de 2 (dois) UHD's.
Expeça-se a respectiva certidão.
Oficie-se a autoridade policial para o cumprimento da ordem prisional.
Cientifique-se o Ministério Público.
Intimem-se. Cumpra-se.
Goianápolis, datado e assinado digitalmente.

GABRIEL CONSIGLIERO LESSA


Juiz de Direito

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