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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ

GABINETE DA 9ª VARA CRIMINAL (JUSTIÇA MILITAR) DA COMARCA DE TERESINA


Av.Higino Cunha, 1750, QCG PMPI Bairro Ilhotas, TERESINA-PI

SENTENÇA

DISTRIBUIÇÃO: Nº 0001234-85.2015.8.18.0140.
AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL.
ACUSADOS: ANTÔNIO CARLOS CARVALHO E ARMÊNIO MENDES
RIBEIRO.
VÍTIMA: JÉSSICA JENNIFER GUIMARÃES MENDES.
CRIME: ART. 155, §4º, I E IV, DO CP.
ADVOGADO: DR. JAYLLES JOSÉ RIBEIRO FENELON - OAB/PI 11.157

I – Relatório.

Cuida-se de ação penal que move o MINISTÉRIO PÚBLICO contra ANTÔNIO


CARLOS CARVALHO e ARMÊNIO MENDES RIBEIRO, qualificados nos autos, por lesão
ao ART. 155, §4º, I e IV DO CP, contra a vítima JÉSSICA JENNIFER GUIMARÃES
MENDES.

Relata a peça inaugural do Ministério Público que “no dia 21 de janeiro de


2015, por volta das 19h25min, nesta Capital, os denunciados, após quebrarem o vidro do
veículo da vítima JÉSSICA JENNIFER GUIMARÃES MENDES, subtraíram do mesmo uma
bolsa a tira colo, que continha objetos pessoais, e a quantia de R$ 120,00 (cento e vinte
reais) em dinheiro.
Segundo o apurado na peça investigatória, a vítima JÉSSICA JENNIFER
GUIMARÃES MENDES se encontrava na Academia Eugênio Fortes, no bairro Jockey
Clube, e, durante o lapso temporal entre a saída e seu retorno, os denunciados quebraram
o vidro traseiro da citada academia e do restante Casa do Churrasco, de lá subtraindo R$
120,00 e uma bolsa tiracolo.
Na mesma noite, uma equipe da Polícia Civil realizava diligências a fim de
prender um grupo de criminosos que estariam praticando arrombamento e furtos a veículos
na zona leste desta Capital. Por volta das 19h30min, os policiais avistaram o suposto carro
no qual o grupo trafegava, um Siena, de cor cinza, placa NIF-7404.
Após a aproximação dos policiais civis, um dos indivíduos jogou um objeto em
um matagal, nas proximidades da Avenida Raul Lopes, próximo ao prédio 'Eurobisiness',
nesta Capital, momento em que os policiais decidiram abordá-los. No veículo se veículo se
encontrava ANTÔNIO 'CABEÇA', figura citada nas informações repassadas às autoridades
policiais acerca da onde de arrombamento, além de ARMENIA MENDES RIBEIRO. No
porta-luvas do automóvel foi encontrada a quantia de R$ 120,00, dividade em duas notas de
R$ 50,00 e uma de R$ 20,00.

Documento assinado eletronicamente por VALDÊNIA MOURA MARQUES DE SÁ, Juiz(a), em 31/03/2020, às 11:44,
conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

A autenticidade do documento pode ser conferida no site http://www.tjpi.jus.br/themisconsulta/documento


informando o identificador 29132311 e o código verificador 7E981.8CB63.5394F.FBF56.E1AE2.4C8CC.
Já na delegacia do 12º Distrito Policial, enquanto os denunciados estavam
sendo interrogados, JÉSSICA JENNIFER GUIMARÃES MENDES, vítima do furto em tela,
compareceu até o local e relatou os fatos ocorridos, afirmando que foram subtraídos uma
bolsa e R$ 120,00 de seu veículo, divididos exatamente na forma encontrada pelo policiais
no carro dos denunciados.
Ato contínuo, os policiais deram voz de prisão em flagrante contra os
denunciados” (fls. 02/05).

Em 23/01/2015, o Juízo da Central de Inquéritos de Teresina-PI


homologou a prisão em flagrante delito dos acusados e a converteu em prisão
preventiva (fls. 41/44 - anexo).

Auto de Apresentação e Apreensão (fls. 13); Auto de Restituição (fls. 15).

Recebimento da denúncia (fls. 128).

Citação do réu ANTÔNIO CARLOS CARVALHO (fls. 130/131).

A defesa apresentou em Juízo resposta à acusação em defesa do réu


ANTÔNIO CARLOS CARVALHO, apresentando rol de 02 (duas) testemunhas (fls. 132/154).

Citação do réu ARMÊNIO MENDES RIBEIRO (fls. 180/181).

Resposta à acusação do corréu ARMÊNIO MENDES RIBEIRO com rol de 03


(três) testemunhas (fls. 182/186).

Após o cumprimento pelos denunciados do disposto no art. 396-A e parágrafos


do CPP, não vislumbrando esse juízo as hipóteses de absolvição sumária, esculpido no art.
397 do CPP, foi designada a audiência de instrução (fls. 188).

Em 02/08/2016, este Juízo realizou a audiência de instrução, quando foram


ouvidas em Juízo as testemunhas presentes, tendo o Ministério Público insistido na oitiva da
vítima e da testemunha ausentes, sendo determinado a expedição de Carta Precatória para
tal fim; a defesa do réu ANTÔNIO CARLOS CARVALHO informou a este Juízo que o réu foi
solto por este processo há aproximadamente 04 (quatro) meses via habeas corpus (fs.
309/316).

O Juízo Deprecado realizou a oitiva da vítima requerida (fls. 353/354).

Cópia de habeas corpus do egrégio TJPI concedendo a ordem em favor do réu


ANTÔNIO CARLOS CARVALHO (fls. 365/371).

No dia 21/11/2018, foi dado prosseguimento à audiência instrutória na qual


foram ouvidas as testemunhas presentes, tendo o Ministério Público novamente insistido na

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conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

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informando o identificador 29132311 e o código verificador 7E981.8CB63.5394F.FBF56.E1AE2.4C8CC.
oitiva da testemunha ausente (fls. 380/382).

Em 04/02/2019, não foi realizada a audiência instrutória em razão da ausência


da testemunha solicitada, tendo novamente o Ministério Público insistido na oitiva da
testemunha, solicitando que fosse oficiada a Corregedoria Geral da Polícia Civil acerca dos
fatos para que tome as providências disciplinares necessárias (fls. 385/387).

Este Juízo extinguiu a punibilidade em relação ao corréu ANTÔNIO


CARLOS CARVALHO em decorrência da morte do agente, conforme Certidão de
Óbito juntada aos autos eletronicamente às fls. 390, tudo com fulcro no art. 107, I do
CP (fls. 400).

No dia 09/05/2019 foi dado continuidade à audiência instrutória na qual foi


ouvida a testemunha presente; ao final, o réu ARMÊNIO MENDES RIBEIRO foi interrogado;
na fase do art. 402 do CPP, as partes nada requereram (fls. 405/407).

O Ministério Público, apresentou os memoriais na forma do art. 403, §3º do


CPP (fls. 411 – petição eletrônica).

A defesa do réu ARMÊNIO MENDES RIBEIRO apresentou memoriais na


forma do art. 403, §3º do CPP (fls. 417 – petição eletrônica).

O processo está constituído de 418 (quatrocentos e dezoito) folhas todas


devidamente numeradas e rubricadas.

É o relatório.

II – Fundamentação.

Aos réus foram imputados as penas do art. 155, §4º, I e IV do CP, in verbis:

Furto
Art. 155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena: reclusão de um a quatro anos, e multa.

Furto Qualificado.
§4º. A pena se de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
(…)
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas

Inicialmente, deve-se apontar que os autos tramitaram sem qualquer nulidade,


analisando as provas que foram objeto do contraditório judicial para formar a convicção

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acerca da culpabilidade dos acusados.

1. DOS INDÍCIOS E DAS PROVAS.

A testemunha AGENTE DE POLICIA CIVIL ANTÔNIO CARLOS COELHO DE


A. SOBRINHO declarou que o procedimento de prisão dos acusados foi realizado no 12º
DP, e que apenas lavrou o APFD, nada sabendo como se deu a prisão dos acusados; que
os seus colegas de instituição conseguiram prender os réus na Av. Raul Lopes, somente
sabendo através das informações indiretas.

A vítima JÉSSICA JENNIFER GUIMARÃES MENDES declarou perante o


Juízo Deprecado que: “no dia 21/01/2015, estacionou seu veículo Frontier Nissan, cor prata,
de placa OJG 9357, próxima à academia Eugênio Fortes, aonde frequenta para fazer
exercícios; que ao fechar o carro, deixou em seu interior, uma bolsa de uso pessoal,
contendo seus documentos e pertences pessoais, além de R$ 120,00 (cento e vinte reais)
em dinheiro; que enquanto fazia seus exercícios, ouviu dos que ali estavam, que haviam
quebrado o vidro de um veículo, contudo a depoente não se importou porque as pessoas
diziam que se tratava de um carro pequeno, Corolla; que ao retornar ao veículo, cerca de
uma hora depois, observou que haviam quebrado o vidro traseiro do veículo do lado
esquerdo, e de seu interior subtraído a bolsa, contendo o dinheiro, seus documentos e seus
pertences pessoais; que assustada a depoente perguntou aos populares se alguém tinha
visto o autor do furto, mas ninguém soube informar a autoria, mas disseram que logo que
arrombaram o veículo, um outro veículo, não identificado, saiu em disparada; que a
depoente se dirigiu à Delegacia mais próxima para registrar a ocorrência sobre os fatos, e lá
chegando, observou que havia dois suspeitos de arrombamento de veículos, os quais
estavam detidos no local; que policiais indagaram a depoente sobre a autoria do
arrombamento de seu veículo, tendo ela respondido que não sabia, pois não estava no local
no momento da ocorrência; que ainda na delegacia a depoente descreveu seus pertences,
inclusive o valor de R$ 120,00 (cento e vinte reais), que estavam as 02 (duas) notas de R$
50,00 (cinquenta reais) e um 01(uma) nota de R$ 20,00 (vinte reais); que soube que a
quantia acima descrita havia sido encontrada em poder dos indivíduos que ali estavam
detidos; que sua bolsa foi encontrada nas proximidades da rua Raul Lopes, sendo-lhe
restituída” (fls. 354).

As testemunhas POLICIAL CIVIL ANTÔNIO CALOS DE ALMEIDA


SOBRINHO e POLICIAL CIVIL MARCELO DA SILVA DUARTE declararam em Juízo que os
dois acusados já eram conhecidos da polícia e quando estavam realizando rondas noturnas
identificaram o veículo em que os acusados estavam, que logo empreenderam fuga;
durante o trajeto foi descartado um objeto nas imediações do prédio Eurobusiness; ao
conseguirem prender os dois acusados uma vítima chegou e identificou os seus bens,
procedendo assim a prisão em flagrante dos dois; no dia seguinte, conseguiram encontrar a
bolsa da vítima que foi descartada pelos acusados.

O informante do réu ANTÔNIO ARMÊNIO RIBEIRO, FRANCISCO DAS


CHAGAS NETO (sogro), declarou que ficou surpreso com o fato do acusado estar envolvido
em delitos.

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O réu ARMÊNIO MENDES RIBEIRO negou a autoria delitiva declarando
que conhecia o corréu ANTÔNIO CARLOS CARVALHO e que estava dirigindo o veículo
com ele, pois ele iria buscar a namorada dele; nesse ínterim, foi preso pelos policiais civis,
tendo chegado a vítima que reconheceu o dinheiro e não foi encontrado com ele qualquer
bem da vítima, acrescentando ao final que o valor aprendido era seu.

2. DAS ALEGAÇÕES FINAIS ESCRITAS.

O Ministério Público pugnou em alegações finais escritas pela condenação do


réu na forma da inicial.

Ao lume do exposto, o Ministério Público requer a CONDENAÇÃO do réu


ARMÊNIO MENDES RIBEIRO, já devidamente qualificados nos autos, pelo crime de furto
qualificado (art. 155, § 4º, inc. I e IV, do CP) nos termos da inicial acusatória (petição
eletrônica).

A defesa do réu, também em memoriais, pugnou pela absolvição do réu por


falta de provas, in verbis:

DOS PEDIDOS. Ao lume do exposto e, não tendo sido carreadas quaisquer


provas efetivamente concludentes quanto à ligação do réu ao crime que lhe é imputado,
requer, a ABSOLVIÇÃO DO ACUSADO e IMPROCEDÊNCIA DA DENÚNCIA. Ainda assim,
caso decida Vossa Excelência pela condenação do réu, reitera, que seja considerada a
primariedade do acusado, os bons antecedentes, a ocupação lícita que possui para
conceder-lhe o direito de apelar em liberdade, como medida da mais Lídima Justiça.
(alegações finais).

3. DO MÉRITO.

O acusado ARMÊNIO MENDES RIBEIRO negou peremptoriamente qualquer


participação no crime, alegando que o dinheiro que foi apreendido em seu poder não era da
vítima e que apenas estava em companhia do corréu ANTÔNIO CARLOS CARVALHO
(falecido), negando também que tenha empreendido fuga ao ver os policiais e, finalmente,
destaca que qualquer bem da vítima foi apreendido em poder dele.

A vítima JÉSSICA JENNIFER GUIMARÃES MENDES declarou perante o


Juízo deprecado “(...) que policiais indagaram a depoente sobre a autoria do arrombamento
de seu veículo, tendo ela respondido que não sabia, pois não estava no local no momento
da ocorrência; que ainda na delegacia a depoente descreveu seus pertences, inclusive o
valor de R$ 120,00 (cento e vinte reais), que estavam as 02 (duas) notas de R$ 50,00
(cinquenta reais) e um 01(uma) nota de R$ 20,00 (vinte reais); que soube que a quantia
acima descrita havia sido encontrada em poder dos indivíduos que ali estavam detidos; que
sua bola foi encontrada nas proximidades da rua Raul Lopes, sendo-lhe restituída” (fs. 354).

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A vítima não pode reconhecer os réus como autores do delito em razão de não
ter presenciado o momento em que o fato ocorreu.

Também não foram ouvidas outras testemunhas oculares do momento em que


o vidro do veículo da vítima foi arrombado.

Entretanto, consta nos autos declarações das testemunhas POLICIAL CIVIL


ANTÔNIO CARLOS DE ALMEIDA SOBRINHO e POLICIAL CIVIL MARCELO DA SILVA
DUARTE que perseguiram os denunciados e presenciaram o momento em que foi
descartado um objeto, posteriormente identificado como a bolsa da vítima. Portanto, apesar
de não ter sido encontrado em poder deles os objetos da ofendida, teriam sido eles que se
desfizeram da bolsa para não serem presos com o produto do crime.

Outra circunstância que depõe contra o acusado é que foi encontrado a exata
quantia subtraída da vítima R$ 120,00 (cento e vinte reais), tendo o réu alegado que se
tratava de mera coincidência.

Compulsando os autos, também verifica-se que foi encontrado uma chave de


fenda e uma lanterna, instrumentos comuns para a prática de furto mediante rompimento de
vidros de automóveis, consubstanciando indício que depõe contra o réu.

Em relação aos depoimentos dos policiais militares, deve-se apontar que a


jurisprudência pátria atesta a validade dos depoimentos dos policiais, uma vez que os
mesmos são pessoas que ocupam cargos públicos, não havendo como, de início, taxá-los
de impedidos ou suspeitos:

Primeira Câmara Criminal.


Nº 70049057193 -TJRS.
Comarca de Porto Alegre.
APELANTE:GUILHERME MARQUES DE SOUZA.
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO.
ACÓRDÃO
TRÁFICO DE ENTORPECENTE. PROVA. TESTEMUNHO DO POLICIAL.
VALIDADE.
Como reiteradamente tem-se decidido, o depoimento do policial é válido e
eficiente para estear veredicto condenatório. Afinal, em tese, trata-se de pessoas idôneas,
cujas declarações retratam a verdade. Não há porque, antecipadamente, vedá-las, pois as
hipóteses de impedimento ou suspeição estão elencadas na lei processual de forma
taxativa. Cumpre a Defesa provar com segurança que tais depoimentos são viciados e fruto
de sentimento escuso para prejudicar o réu. Isto não aconteceu no caso em julgamento. As
palavras dos policiais não deixaram dúvidas sobre a posse do entorpecente com a pessoa
do recorrente e que ele o estava vendendo, inclusive para adolescentes que seriam de um
colégio próximo ao local da venda. DECISÃO: Apelo defensivo desprovido. Unânime.

Ainda, deve-se destacar para a jurisprudência já assentada no Egrégio

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Tribunal de Justiça do Estado do Piauí em relação à relevância das palavras da vítima em
delitos contra o patrimônio, mormente quanto aos delitos praticados às ocultas, o que
favorece o entendimento de que quando as palavras das vítimas estão em harmonia com as
demais provas colhidas em Juízo, deve-se-lhe atribuir importante relevo, in verbis:

201200010034231 Des. Erivan José da Silva Lopes


Classe: Apelação Criminal
Julgamento: 07/08/2012
Órgão: 2a. Câmara Especializada Criminal
Ementa: APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO SIMPLES. MATERIALIDADE E
AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. APELO CONHECIDO E IMPROVIDO.
1. Inequívocas a materialidade e a autoria do delito de furto, diante da consistente
palavra da vítima, dos depoimentos das testemunhas e dos termos de apreensão e
restituição dos objetos. 2. Comprovadas a materialidade e autoria, não há que se falar em
aplicação do princípio da presunção da inocência, consoante precedentes jurisprudenciais.
3. Apelo conhecido e improvido, em conformidade com o parecer do Ministério Público.
(grifado)

201200010003635 Des. Joaquim Dias de Santana Filho


Classe: Apelação Criminal
Julgamento: 10/07/2012
Órgão: 2a. Câmara Especializada Criminal
Ementa: Ementa APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO QUALIFICADO. ART.157, §
2º, II, DO CP. AUSÊNCIA DE PROVAS E NEGATIVA DE AUTORIA. NÃO EVIDENCIADOS.
1. As provas colacionadas aos autos demonstram de forma efetiva a prática do delito pelos
réus nos termos deduzidos na peça acusatória. 2. Nos crimes contra o patrimônio a
palavra da vítima assume relevante valor, mormente, quando referendada pelas
demais provas dos autos. 3. Em se tratando de negativa de autoria o ônus da prova é de
quem alega não se desincumbindo os recorrentes em estabelecer a contraprova satisfatória
que pudesse infirmar o contexto probatório dos autos. 4. Recurso conhecido e improvido à
unanimidade. (grifado)

Há nestes autos declarações seguras da vítima e das testemunhas arroladas


na denúncia, acerca do evento criminoso, pois são harmônicas desde a fase inquisitorial
subsidiando a condenação do denunciado em razão de demonstrarem a ligação entre os
atos praticados pelos acusados e o crime perpetrado, em especial, o fato de terem
descartado do veículo a bolsa furtada da vítima.

As qualificadoras foram provadas pelo depoimento da vítima (art. 155, I do CP


– rompimento de obstáculo) que atestou que seu veículo teve o vidro traseiro quebrado
durante a prática criminosa, de onde foi furtado sua bolsa contendo itens pessoais e valores
monetários, assim como pela prisão dos réus após terem descartado a bolsa da vítima (art.
155, IV do CP – concurso de duas ou mais pessoas).

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Deve-se apontar que o art. 156 do CPP normatiza que a prova da alegação
incumbirá a quem a fizer (…), elemento este inexistente em relação ao acusado, pois ele
apenas se limitou a relatar sua versão dos fatos sem trazer a juízo quaisquer provas
plausíveis de seu relato.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE A DENÚNCIA PARA CONDENAR


ARMÊNIO MENDES RIBEIRO NAS PENA DO ART. 155 §4º, I E IV DO CP.

4 . DOS ANTECEDENTES CRIMINAIS.

Após consulta a Sistema Themis Web, verificou-se que o réu reponde a outros
processos criminais perante a justiça piauiense: 0000112-14.2019.8.18.0167 - TERESINA -
JECC Teresina - Zona Sudeste - Sede (Redonda) - ARMÊNIO MENDES RIBEIRO - Uso ou
Tráfico de Drogas; 0006513-13.2019.8.18.0140 - TERESINA -1ª Vara Criminal - ARMÊNIO
MENDES RIBEIRO - Furto Qualificado

III – Dispositivo.

O cenário probatório é seguro para declarar a culpabilidade do acusado pois,


constam nos autos: Auto de Apresentação e Apreensão (fls. 13), Auto de Restituição (fls.
15); declarações judiciais da vítima e testemunhas arroladas na denúncia.

Ante todo o exposto, JULGO PROCEDENTE A AÇÃO PENAL CONDENANDO


ARMÊNIO MENDES RIBEIRO NO ART. 155, §4º, I E IV DO CP, passando a dosimetria da
pena, nos termos dos arts. 59 e 68 do CP.

IV – Da Dosimetria da Pena.

PRIMEIRA FASE
DAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS PREVISTAS NO ART. 59 DO CP
Analisando as diretrizes do artigo 59 do Código Penal, observo em relação ao
réu que: quanto à culpabilidade, restou evidenciada ante a conduta do acusado que se
mostrou reprovável frente ao ordenamento jurídico penal; quanto aos antecedentes não há
nos autos possibilidade de valoração negativa deste elemento na dosimetria da pena;
quando a conduta social não consta nos autos elementos para valorar negativamente a
conduta do acusado; personalidade do agente, não consta nos autos laudo psicossocial
para fundamentar a análise; o motivo da conduta impulsionado pelo dolo específico de
obter lucro fácil, já punido pela objetividade jurídica dos crimes contra o patrimônio; quanto
às circunstâncias foram além do que prevê o tipo penal, fazendo jus ao aumento de pena
em decorrência do art. 155, §4º, I e IV do CP; consequências todas são inerentes ao tipo
penal; quanto ao comportamento da vítima em nada ela contribuiu para o evento
delituoso.
Pena-base
À vista do exposto, em face das circunstâncias, o réu faz jus ao aumento de

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pena em 1/8 (um oitavo), ficando a pena-base em 02 (dois) anos e 03 (três) meses de
reclusão.

SEGUNDA FASE
DAS CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES E ATENUANTES PREVISTAS NOS
ARTS. 61/62 E 65/66 DO CP

Não há nos autos circunstâncias agravantes, nem circunstâncias atenuantes


atenuantes, permanecendo a pena provisória em 02 (dois) anos e 03 (três) meses de
reclusão.

TERCEIRA FASE.
DAS CAUSAS DE AUMENTO E DIMINUIÇÃO DE PENA PREVISTAS NA
PARTE GERAL E ESPECIAL DO CP OU NA LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE.

Não constam nos autos causas de aumento e diminuição de pena, resultando


a reprimenda do réu ARMÊNIO MENDES RIBEIRO pelo crime do ART. 155, §4º, I E IV
DO CP, em 02 (dois) anos e 03 (três) meses de reclusão.

V - Critério para cálculo da pena de multa

Em relação aos dias-multa, o art. 60 determina que na fixação da pena de


multa o juiz deve atender, principalmente, à situação econômica do réu, não havendo nos
autos prova da situação financeira do acusado, devendo ser fixada no mínimo legal de 20
(vinte) dias multa, cada um equivalente a 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo
vigente à época do fato.

VI – Regime.

Estabeleço ao réu como regime inicial para o cumprimento da pena privativa


de liberdade o aberto.

VII – Resultado Final.

DIANTE DO EXPOSTO, JULGO PROCEDENTE A AÇÃO PENAL, PARA


COM FULCRO NO ART. 155, §4º, I E IV DO CP, CONDENARO RÉU ARMÊNIO MENDES
RIBEIRO, BRASILEIRO, NATURAL DE TERESINA-PI, NASCIDO EM 29/06/1990, CPF
042.941.263-02, FILHO DE MARIA DA PAZ LIMA RIBEIRO E ACÁCIO MENDES
RIBEIRO SOBRINHO, ÀS PENAS DE 02 (DOIS) ANOS E 03 (TRÊS) MESES DE
RECLUSÃOEM REGIME ABERTO, ALÉM DO PAGAMENTO DE 20 (VINTE)
DIAS-MULTA, CADA UM EQUIVALENTE A 1/30 (UM TRIGÉSIMO) DO SALÁRIO MÍNIMO
VIGENTE À ÉPOCA DO FATO.

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REAFIRMO A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DO RÉU ANTÔNIO CARLOS
CARVALHO, BRASILEIRO, NATURAL DE TERESINA-PI, NASCIDO EM 16/04//1988, RG
3.330.771/SSP-PI, FILHO DE DOMINGAS CUNHA E SILVA CARVALHO E OSVALDO
RODRIGUES DE CARVALHO, COM BASE NO ART. 107, I do CP, CONFORME
CERTIDÃO DE ÓBITO ACOSTADA ELETRÔNICAMENTE NESTE FEITO (FLS. 390) E
DE ACORDO COM A DECISÃO DESTE JUÍZO ÀS FLS. 400.

VIII - Da possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade.

Considerando que a pena imposta ao sentenciado não excede a 4 (quatro)


anos, ensejando a imposição de pena restritiva de direitos, com base no art. 44, I do CP,
substituo a pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos, consistente na
prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas pelo sentenciado
ARMÊNIO MENDES RIBEIROdurante 4 (quatro) horas semanais, pelo período de 02
(dois) anos, ficando a critério do Juízo da Execução o encaminhamento do sentenciado a
uma instituição parceira melhor apropriada ao caso, como também, todo o monitoramento.

IX - Destinação de bens apreendidos.

Consta às fls. 13 apreensão de uma lanterna na cor azul, uma lanterna na cor
preta, uma chave de fenda de cabo na cor amarela, uma chave de fenda de cabo na cor
vermelha e um canivete com cabo metálico.

Observa-se que os bens relacionados não tem prova da propriedade, pois


apenas foram apreendidos em poder dos denunciados, devendo-se de acordo com o art. 3º
do Provimento nº 16/2019 da CGJ/TJPI, determinar-se a venda antecipada das
mercadorias.

Além disso, o Código de Normas do Poder Judiciário do Estado do Piauí


(PROVIMENTO 20/2014), normatiza no art. 425 a possibilidade de realizar leilão público ou
ainda doação para entidades de utilidade pública, a depender do valor dos bens, além da
declaração do perdimento de bens para a União, conforme já prevê o art. 91, II do CP.

Ante o exposto, DETERMINO A INTIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


PARA SE MANIFESTAR NO PRAZO DE 10 (DEZ) DIAS ACERCA DO INTERESSE NOS
BENS ACIMA RELACIONADOS.

CASO O PARQUET ESTADUAL MANIFESTE DESINTERESSE NOS BENS


OU DEIXE TRANSCORRER O PRAZO IN ALBIS, DETERMINO A SECRETARIA DESTA
VARA CRIMINAL QUE REALIZE A INTIMAÇÃO DOS POSSÍVEIS INTERESSADOS POR
EDITAL NA FORMA DO ART. 425 DO PROVIMENTO 04/2014 (CÓDIGO DE NORMAS
DO PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PIAUÍ).

NÃO HAVENDO INTERESSADOS, DETERMINO A DOAÇÃO DE BENS

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conforme art. 1º, III, "b", da Lei 11.419/2006.

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informando o identificador 29132311 e o código verificador 7E981.8CB63.5394F.FBF56.E1AE2.4C8CC.
PARA UMA DAS ENTIDADES RELACIONADAS NO TERMO DE HOMOLOGAÇÃO Nº
5/2019 – PJPI/SECCOR/EXPCGJ, PUBLICADO NO DOJ DO DIA 07/01/2020 ÀS FLS.
12/13, COM TODAS AS CAUTELAS NECESSÁRIAS AO ATO, POR SER O VALOR DAS
MERCADORIAS INFERIOR A 01 (UM) SALÁRIO MÍNIMO.

X – Fixação de Indenização Cível .

Quanto ao art. 387, IV, do CPP, deixo de fixar valor mínimo de indenização
cível, uma vez que, não obstante o órgão acusatório ter formulado o pedido em questão na
peça vestibular, não houve, durante a instrução processual, a devida comprovação acerca
do prejuízo mínimo sofrido pela vítima, de modo que qualquer arbitramento nessas
condições violaria os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

XI – Disposições Finais.

Determino à Secretaria da 9ª Vara Criminal que:

a) lance-se o nome do sentenciado no rol dos culpados;

b) Proceda-se o cálculo e expeça-se mandado para pagamento das custas e


multa pelos sentenciados em 10 (dez) dias (art. 50 do CP), sob as penas do art. 51 do CP;

c) comunique-se ao Egrégio Tribunal Regional Eleitoral o teor da decisão para


fins de suspensão dos direitos político;

d) Comunique-se a sentença retro à vítima, conforme determina o art. 201, §


3º, do CPP (Nova redação – Lei nº 11.690/2008);

e) Expeça-se a guia de trânsito em julgado, provisória ou definitiva, sendo que


expedida a guia de recolhimento definitiva, os autos da ação penal serão remetidos à
distribuição para alteração da situação de parte para “arquivado” e baixa na autuação para
posterior arquivamento, na forma do §4º, do art. 2º da Resolução 113 de 20 de abril de 2010
do Conselho Nacional de Justiça.

f) mantenho a liberdade provisória do sentenciadoARMÊNIO MENDES


RIBEIRO, solto pelaEgrégia 2ª Câmara Especializada Criminal doTJPIem 06/04/2016
(fls. 280/282), por ter sido condenado em regime aberto, tendo sido sua pena
substituída por serviço a comunidade,não fazendojus à revogação da liberdade;

Expedientes necessários.
Publique-se. Registre-se. Intime-se.
Cumpra-se.
Teresina-PI, 31 de março de 2020.

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informando o identificador 29132311 e o código verificador 7E981.8CB63.5394F.FBF56.E1AE2.4C8CC.
VALDÊNIA MOURAS MARQUE DE SÁ
JUÍZA DE DIREITO DA 9ª VARA CRIMINAL DE TERESINA (JUSTIÇA
MILITAR)

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