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já devidamente qualificado nos autos da ação penal em

epígrafe que a Justiça Pública lhe move, por intermédio de


seu advogado e bastante procurador que esta subscreve vem,
com todo acatamento e respeito a elevada jurisdição
exercida por Vossa Excelência, apresentar, tempestivamente,
MEMORIAIS, nos termos abaixo:

DA PEÇA ACUSATÓRIA

Foi oferecida a denuncia, em face ao acusado, pela prática


do delito previsto no art. 33,“caput”, e no art. 35, ambos
da Lei n.º 11.343/06, c. c. o art. 69, ambos do Código
Penal.

Assim se manifestou o Douto


Representante do Parquet Paulista em sua peça acusatória:

“Consta dos inclusos autos de inquérito


policial que, no dia 23 de maio de 2022, por volta
das19h04, na Rua Santa Mercedes, n.º 30, Jardim Colina,
nesta cidade e comarca da Capital, GABRIEL DEOLIVEIRA
RAMOS, qualificado em fls. 04 e 23/29, e VICTOR HUGO
OLIVEIRA JACONIS, R.G. n.º50.485.593-1 SSP/SP, em unidade
de desígnios, tinham em depósito, transportavam e forneciam
drogas, consistentes em 16,686kg(dezesseis quilos e
seiscentos e oitenta e seis gramas) de Tetraidrocanabinol,
conhecida como maconha/“haxixe”, acondicionados em 99
(noventa e nove) tabletes, devidamente apreendidos(fls.
15/16)e periciados (laudo de constatação de fls. 18/21 e
laudo químico-toxicológico a serem juntados aos autos), sem
autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar..

Consta, ainda, que, nas mesmas


circunstâncias dos fatos, GABRIEL DE OLIVEIRA RAMOS,
qualificado em fls. 04 e 23/29, e VICTOR HUGOOLIVEIRA
JACONIS, R.G. n.º 50.485.593-1 SSP/SP, associaram para o
fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, “caput” e §1.º, e 34 da Lei n.º
11.343/06.

Ao que se apurou, nas circunstâncias


dos fatos, até o dia 23 de maio de 2022, os denunciados
estavam associados para o armazenamento e para a
distribuição de drogas de forma estável, haja vista a
intensa quantidade de drogas e forma de distribuição
efetivada pelos denunciados, segundo os fatos mencionados.

No dia dos fatos, os policiais


militares estavam em diligências para averiguação de um
veículo VW/Virtus, placas FVW-1C84, de cor prata, que
estaria transportando drogas na zona sul da cidade de São
Paulo. Assim, foram até a região, onde passaram a
diligenciar em busca do referido automóvel.

Houve êxito na localização e na


perseguição do veículo. Observaram o momento em que, após
estacionar na Rua Santa Mercedes, onde um morador do imóvel
de número 45 saiu da edificação e se encontrou com o
motorista. O morador adentrou no veículo, permaneceu pouco
tempo e saiu com uma caixa em suas mãos.
Os policiais militares optaram pela
abordagem, oportunidade em que o indivíduo que saiu do
veículo largou a caixa que estava em suas mãos e empreendeu
fuga a pé, não sendo possível detê-lo. O motorista foi
identificado como sendo GABRIELDEOLIVEIRA RAMOS.

Houve a análise da caixa e foram


encontradas várias embalagens da droga. Foram encontrados
no interior dos dois aparelhos telefones celulares que
pertencem a pessoa de GABRIEL. Apesar de questionarem
GABRIEL a respeito do que fazia naquele local, houve
resposta sobre a entrega do entorpecente ao indivíduo que
empreendeu fuga.

Em prosseguimento às diligências, em
razão de a residência estar de portas abertas, houve o
prosseguimento das diligências, sendo que encontraram em
seu interior, dentro de uma gaveta, dois tabletes de
drogas, além de um documento RG em nome de VICTOR HUGO
OLIVEIRA JACONIS (RG n.º50.485.593-1 SSP/SP), o qual depois
foi exibido à GABRIEL e o reconheceu como sendo a pessoa
para quem entregaria os entorpecentes.

No interior da residência foram


encontrados dois aparelhos de telefonia celular. O
denunciado GABRIEL informou sua residência onde tinha mais
droga. Assim, os policiais localizaram em um bairro do
Município de Cotia um imóvel (residência de denunciado),
localizado à Rua Pumas, n.º 471. Após franqueada a entrada,
pelos pais do denunciado, após indicação de um esconderijo,
foram localizados mais entorpecentes e adesivos com logos
para colar nos tabletes.
O denunciado foi preso em flagrante
delito e permaneceu com seu direito ao silêncio (fls. 04).
A associação e a distribuição de drogas por parte dos
denunciados restaram demonstradas. Ante o exposto,
denuncio, a Vossa Excelência, GABRIEL DEOLIVEIRA RAMOS e
VICTORHUGO OLIVEIRA JACONIS, como incursos no art.
33,“caput”, e no art. 35, ambos da Lei n.º 11.343/06, c.c.
o art. 69, ambos do Código Penal, e requeiro que, recebida
e autuada esta, sejam os réus devidamente citados para os
atos do processo, prosseguindo-se o feito nos termos dos
arts. 55 e seguintes da Lei n.º11.343/06,ouvindo-se as
testemunhas do rol abaixo, até final sentença condenatória.
Sic”

SÍNTESE DOS FATOS

Consta dos autos que em data de


23.05.2022, durante o período noturno, policiais civis da
6ª DISCCPAT – Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do
DEIC, encontravam-se em diligência a fim de averiguar
informação atinente a tráfico de entorpecentes, pois
segundo narrado pelos policiais civis, havia um veículo
modelo VM Vitrus, placas FVW1C84, de cor prata, realizando
o transporte de drogas na Zona Sul da cidade de São Paulo.

Diante de tal informação, os policiais


dirigiram-se à Zona Sul e informam ter logrado êxito na
localização do veículo, em trânsito na Avenida do Cursino,
motivo pela qual passaram a acompanhá-lo, vindo a
estacionar na Rua Santa Mercedes, nº. 45,de cuja residência
saiu o morador que ingressou no veículo e pouco tempo
depois regressou com uma embalagem, momento em que ambos os
policiais os abordaram, sendo que GABRIEL não ofereceu
qualquer resistência e o outro indivíduo empreendeu fuga a
pé, não sendo possível detê-lo, segundo narrado pelos
policiais.

Indicaram, ainda, terem sido


informalmente inteirados por GABRIEL que no interior de sua
residência, situada na cidade de Cotia/SP, havia mais
entorpecentes em estoque, motivo porque os policiais se
dirigiram com o acusado até a sua residência e ali
apreenderam os entorpecentes, razão pela qual lhe foi dada
voz de prisão em flagrante.

Ante as circunstâncias da prisão em


flagrante do Acusado, foi requerido pela Defesa o
reconhecimento da ocorrência de flagrante preparado e a
consequente revogação da prisão preventiva, bem como,
subsidiariamente, a concessão de liberdade provisória, ante
o preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos à sua
concessão, pleito este indeferido pela Douta julgadora.

Apresentada a defesa prévia, fls.


256/269, recebida a r.denúncia às fls.270/271.

Durante a instrução foram ouvidas as


seguintes testemunhas:

GUSTAVO SOUZA DO NASCIMENTO(Testemunha


de Acusação);

WILLIAN FERREIRA DA SILVA(Testemunha de


Acusação);
LEONARDO WELLINGTON MATTA(Testemunha de
Defesa);

ALINE VICENTE DE LIMA ARAUJO(Testemunha


de Defesa);

Foram ouvidos os Réus, VICTOR HUGO


OLIVEIRA JACONIS e GABRIEL DE OLIVEIRA RAMOS.

A TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO GUSTAVO,


policial civil, as perguntas do representante da Ministério
Público narrou que tinha informações que o veículo que foi
apreendido com o Réu Gabriel, faria entrega de
entorpecentes... conseguiram localizar e seguir o carro até
o local onde parou, local dos fatos, ...momentos depois
saiu uma pessoa de uma casa um pouco a frente do carro...
entrou uma pessoa dentro do carro saindo em seguida com uma
caixa na mão...tentamos abordar mas a pessoa largou a caixa
e saiu correndo e não conseguiu detê-la...no carro foi
encontrado o Gabriel, na caixa tinha embalagens de...que
foi constatado ser haxixe...o Gabriel não reagiu a
abordagem... a casa de onde saiu o outro ficou com as
portas abertas... dentro do carro tinham dois
celulares...fiquei na segurança e o meu parceiro fez a
revista do local, onde foram encontrados mais entorpecentes
e dois celulares e o rg que era do Vitor Hugo...depois
fomos averiguar que fazem parte da entrega, tem alguem
acima deles que só fazem entrega...que Gabriel disse que a
droga saiu da residência dele, em Cotia, nos encaminhou até
lá, na residência indicou que estava guardada em um
esconderijo embaixo da escada, ... foram encontradas mais
substâncias...que não viu o rosto da pessoa que correu...
que as drogas estavam embaladas e junto foram encontrados
vários impressos que colocam como marca...que Gabriel disse
que foi contratado só para fazer a entrega, que não sabia o
conteúdo que tinha, que foi contratado só para fazer a
entrega... Pelas defesas não foram feitas perguntas

A TESTEMUNHA DE ACUSAÇÃO WILLIAN,


policial civil, as perguntas da representante do Ministério
Público disse que tiveram informação do veículo, um VW
Virtus, que na região da cursino iria fazer a
comercialização de entorpecente, acompanhamos o Gabriel por
um tempo...estacionou e ficou um tempo parado, estacionamos
e após uns minutos saiu um outro homem de uma residência,
atravessou a rua e entrou dentro do veículo,...depois de
alguns minutos saiu com uma caixa na mão, o que estimulou a
abordagem... o rapaz que saiu do veículo jogou a caixa e
saiu correndo... Gabriel permaneceu no veículo... dentro da
caixa tinha algumas porções doque parecia ser haxixe...
Gabriel disse que tinha recebido uma quantia em dinheiro
para levar aquele entorpecente até aquela residência... a
residência permaneceu aberta... em busca pelo local
encontramos dois celulares... mais entorpecente e um
rg...que questionado Gabriel disse que não reconhecia a
pessoa, partecia mas não tinha certeza, que disse que a
droga vinha de sua residência que ficava em Cotia...ele
mesmo, sem problema algum, mostrou o caminho, falou o
endereço... chegamos no local, para nossa surpresa estavam
os Pais dele, se mostraram bastante surpresos do filho
estar envolvido com drogas... Gabriel mostrou embaixo da
escada um esconderijo onde tinha mais droga...o local onde
foi encontrado o rg era um local meio abandonado, não
parecia ser moradia de ninguém, ... tinha algumas
roupas...que o Gabriel disse que tinha sido pago para
encaminhar a droga para aquele local... que não conhecia os
réus de outras abordagens...que não conseguiu ver o rosto
da pessoa que correu... Pelas defesas não foram feitas
perguntas.

As testemunhas de defesa, LEONARDO


WELLINGTON MATTA e ALINE VICENTE DE LIMA ARAUJO, foram
ouvidas, ao crivo do contraditório e declararam a
idoneidade do Réu GABRIEL, bem como sua ocupação lícita e
família constituída, com domicílio certo e conhecido

O Réu VICTOR, ouvido em juízo, nada


pode acrescentar aos autos, vez que devidamente provado que
teve seus documentos extraviados e estava em local diverso
da cena, objeto do delito dos autos.

INTERROGATÓRIO DO RÉU GABRIEL

O Réu Gabriel foi interrogado e assim


se manifestou, ao crivo do contraditório:

(...) Eu quero confessar o que


realmente aconteceu...me fizeram uma proposta para fazer
essa entrega, era pra mim retirar ali no butantã e, só que
eu tinha que guardarem casa pra entregar só na segunda
feira, me ofereceram o valor de R$1.500,00, como eu sempre
trabalhei como motoboy, desde 2017, até tenho empresa
aberta e pelos motivo que eu estava precisando um pouco, eu
achei que poderia receber um dinheiro a mais, não pensei em
nenhum momento o que poderia ter ocorrido, tentei me
adiantar pelo

valor do dinheiro, que foi de mil e


quinhentos reais e quem me ofereceu falou que já tinha
feito uma vez e foi fácil...pelo valor eu já entendi que
era droga, mas não sabia que tipo de droga era... às
perguntas do Ministério Público assim disse: o veículo
virtus era do Renato... um amigo meu que eu conheci da
época da escola e também já trabalhei com ele na
pizzaria... se não me engano é o Pai dele(quanto a
titularidade do veículo VW Virtus), conheço pelas rede
social que é Renato Lacerda,...pedi o veículo
emprestado...no dia da entrega fiquei com medo de ir de
moto...nunca vi(acusado Victor)...não, só falou que quando
chegasse lá era para avisar...aí eu chegando lá me ligaram,
eu estava perto, foram avisando...quando parei já saiu da
casa e veio em direção a mim e entrou no carro...ele entrou
no carro, foi coisa de 10 segundos, ele saiu eles já
estavam esperando a gente lá, só esperaram a gente sair do
carro, no caso o que saiu do carro...era moreno, baixinho,
cabelo ralinho... sem barba...a entrega das drogas... era
uma unica entrega, só que na hora ele falou, voce leva essa
caixa e quando voce chegar lá eles vão avisar se vão querer
o resto, aí voce pega e leva o resto, mas aí eu falei eu só
vou fazer uma vez, não mas eles vão pegar tudo, eu falei,
então tá bom porque eu não vou fazer mais porque eu nunca
fiz isso e eu já estava com medo...voltaria para Cotia pra
buscar a outra caixas e eles quisessem. Pela defesa de
Gabriel, assim respondeu: é motoboy, trabalhava na pizzaria
La Societa, trabalho lá desde 2017, tem empresa individual,
...depois de uns 2anos comecei a prestar nota fiscal eu
preferi em questão de se aposentar, trabalhar mais certo,
eu abri a minha empresa, ...nessa empresa tem contador,
paga impostos, tudo certinho, imposto de rendas, pago
imposto e emito nota...moro com minha filha, esposa, meu
pai e minha mãe e meus irmãos...retirei as drogas na sexta
feira e a entrega era pra ser feita só na segunda...embaixo
da escada tem uma sapateira, lá em casa, aí eu tirei as
gavetas, pra minha família não ficar mexendo, como eu ia
entregar só na segunda, ficou o sábado e domingo lá, tirei
a gaveta, coloquei no fundo e coloquei a gaveta de
volta...peguei o carro emprestado, falei com ele no sábado,
se ele podia me emprestar, pra eu levar minha filha no
médico, aí eu peguei com ele no domingo e fiz a entrega na
segunda...os policiais perguntaram se tinha mais droga eu
já fui e respondi que sim, tinha, e indiquei pra eles onde
estava, eu nunca tinha passado por esse tipo de situação,
resolvi colaborar...nunca tinha feito entrega de
entorpecente...não resistiu quando os policiais abordaram.

V -DO NECESSÁRIO RECONHECIMENTO DA


INOCORRÊNCIADE ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO

Douta Magistrada.

Cumpre destacar que o Réu GABRIEL é


PRIMÁRIO. Infelizmente se envolveu em um delito, mas é um
fato isolado na vida do Réu. Jamais se envolveu em qualquer
situação delituosa. Tem em seu passado somente exemplo de
trabalho, família e muita responsabilidade.

O Réu Gabriel reside com seus Pais,


conforme comprovante de residência de fls. 101.

O acusado Gabriel vive em união estável


com THAIARA DE OLIVEIRAPEREIRA, com que tem uma Filha,
MARIA EDUARDA DEOLIVEIRA RAMOS, fls.119 e 121

Gabriel sempre trabalhou, possui


ocupação lícita, exercendo suas funções de motoboy desde
2017. É Empresário individual desde 10 de outubro de 2019,
recolhendo os valores de INSS e fazendo Declaração de
Imposto de Rendas, conforme juntado aos autos, fls.102/117.

Excelência:

Como se pode constatar, o Réu é pessoa


trabalhadora, com comprovação documental de suas
atividades, inclusive comprovando a formalidade de suas
atividades laborais e os devidos comprovantes de registro
nos órgãos federais e comprovantes de declaração de imposto
de rendas e recolhimento de Imposto sobre Serviços,
conforme faz prova a documentação anexada aos autos.

Não é o perfil de alguém associado ao


crime organizado. Até porque, o fato narrado na denúncia
não corresponde ao tipo penal do artigo 35 da Lei
11.343/2006.

A mera participação eventual do Réu


Gabriel não o insere nesse delito, não restou provado uma
efetiva associação, com estabilidade e permanência, tais
circunstâncias não estão demonstradas nos autos.

De se reconhecer a atipicidade da
conduta do Réu Gabriel em relação ao crime de associação
para o tráfico.

Abaixo, jurisprudências quanto a


inocorrência do crime de associação para o tráfico de
entorpecentes:

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - TRÁFICO DE DROGAS, ASSOCIAÇÃO


PARA OTRÁFICO E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO
PERMITIDO - TRÁFICO DEDROGAS - DESCLASSICAÇÃO - PORTE PARA
USO DE DROGAS - NÃOOCORRÊNCIA - ABSOLVIÇÃO -
IMPOSSIBILIDADE - ASSOCIAÇÃO PARA OTRÁFICO - AUSÊNCIA DE
ESTABILIDADE E PERMANÊNCIA ENTRE OS RÉUS -PORTE DE ARMA DE
FOGO - CONDENAÇÃO - PROVAS FRÁGEIS - MANUTENÇÃODA SENTENÇA
- CONDENAÇÃO COM BASE EM CIRCUNSTÂNCIA NÃO NARRADANA
EXORDIAL - IMPOSSIBILIDADE. Comprovado nos autos que os
réus incorreram em uma das condutas do art. 33 da Lei
11.343/06, em vista da prova oral colhida, confirmada sob o
crivo do contraditório, bem como das demais circunstâncias
que envolveram a ação delituosa, tais como a destinação da
droga, o local da apreensão e objeto comumente utilizado no
tráfico, torna-se impossível a desclassificação da conduta
para o porte de drogas para uso. Para a configuração do
crime de associação para o tráfico, não basta o eventual
concurso de agentes na prática do crime de tráfico de
drogas, devendo ficar cabalmente demonstrado a reunião dos
sujeitos com propósito comum. Ausentes os requisitos da
estabilidade e permanência, deve a absolvição ser mantida
por ausência de provas da ocorrência deste delito. Não
constatado arcabouço probatório suficiente para sustentar
um édito condenatório em relação ao crime de porte de arma
de fogo, a manutenção da absolvição é medida que se impõe.
É vedada ao Juiz a análise de fato ou circunstância não
descrita na denúncia, em respeito ao Princípio da
Correlação. (TJ-MG - APR: 10105180336031001 MG, Relator:
Valéria Rodrigues Queiroz, Data de Julgamento: 21/07/0020,
Data de Publicação:31/07/2020)

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - RECURSOS MINISTERIAL E


DEFENSIVO -TRÁFICO DE DROGAS - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE
- AUTORIA EMATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS -
FINALIDADE MERCANTILDA DROGA EVIDENCIADA - CONDENAÇÕES
MANTIDAS - ASSOCIAÇÃO PARA OTRÁFICO - AUSÊNCIA DE PROVAS DO
"ANIMUS" ASSOCIATIVO DURADOURO EPERMANENTE - MANUTENÇÃO DA
ABSOLVIÇÃO - DECOTE DA MINORANTE DOART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/06 - NECESSIDADE - IMENSA QUANTIDADE DEDROGA
APREENDIDA - DELAÇÃO PREMIADA - NÃO OCORRÊNCIA - FIXAÇÃODO
REGIME FECHADO - VIABILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 42 DA
LEI11.343/06 - CUSTAS PROCESSUAIS - SUSPENSÃO DO PAGAMENTO.
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL - RECURSOS MINISTERIAL E DEFENSIVO
- TRÁFICO DEDROGAS - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA
E MATERIALIDADEDEVIDAMENTE COMPROVADAS - FINALIDADE
MERCANTIL DA DROGAEVIDENCIADA - CONDENAÇÕES MANTIDAS -
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO -AUSÊNCIA DE PROVAS DO "ANIMUS"
ASSOCIATIVO DURADOURO EPERMANENTE - MANUTENÇÃO DA
ABSOLVIÇÃO - DECOTE DA MINORANTE DOART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/06 - NECESSIDADE - IMENSA QUANTIDADE DEDROGA
APREENDIDA - DELAÇÃO PREMIADA - NÃO OCORRÊNCIA - FIXAÇÃODO
REGIME FECHADO - VIABILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 42 DA
LEI11.343/06 - CUSTAS PROCESSUAIS - SUSPENSÃO DO PAGAMENTO
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL - RECURSOS MINISTERIAL E DEFENSIVO
- TRÁFICO DEDROGAS - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA
E MATERIALIDADEDEVIDAMENTE COMPROVADAS - FINALIDADE
MERCANTIL DA DROGAEVIDENCIADA - CONDENAÇÕES MANTIDAS -
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO -AUSÊNCIA DE PROVAS DO "ANIMUS"
ASSOCIATIVO DURADOURO EPERMANENTE - MANUTENÇÃO DA
ABSOLVIÇÃO - DECOTE DA MINORANTE DOART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/06 - NECESSIDADE - IMENSA QUANTIDADE DEDROGA
APREENDIDA - DELAÇÃO PREMIADA - NÃO OCORRÊNCIA - FIXAÇÃODO
REGIME FECHADO - VIABILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 42 DA
LEI11.343/06 - CUSTAS PROCESSUAIS - SUSPENSÃO DO PAGAMENTO.
EMENTA:APELAÇÃO CRIMINAL - RECURSOS MINISTERIAL E DEFENSIVO
- TRÁFICO DEDROGAS - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA
E MATERIALIDADEDEVIDAMENTE COMPROVADAS - FINALIDADE
MERCANTIL DA DROGAEVIDENCIADA -- CONDENAÇÕES MANTIDAS -
ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO -AUSÊNCIA DE PROVAS DO "ANIMUS"
ASSOCIATIVO DURADOURO EPERMANENTE - MANUTENÇÃO DA
ABSOLVIÇÃO - DECOTE DA MINORANTE DOART. 33, § 4º, DA LEI
11.343/06 - NECESSIDADE - IMENSA QUANTIDADE DEDROGA
APREENDIDA - DELAÇÃO PREMIADA - NÃO OCORRÊNCIA - FIXAÇÃODO
REGIME FECHADO - VIABILIDADE - INTELIGÊNCIA DO ART. 42 DA
LEI11.343/06 - CUSTAS PROCESSUAIS - SUSPENSÃO DO PAGAMENTO
- Havendo nos autos elementos suficientes para se imputar
aos acusados a autoria do crime de tráfico ilícito de
drogas, a manutenção de suas condenações é medida que se
impõe - Para a caracterização do delito de associação para
o tráfico de drogas, é imprescindível a prova segura e
judicializada acerca do "animus" associativo duradouro e
permanente, o que não ocorreu nos caso em tela -Apesar de
primários e de bons antecedentes, a apreensão de imensa
quantidade de droga em poder dos agentes evidencia que eles
possuíam certo grau de envolvimento com organização
criminosa voltada para a prática do tráfico de
entorpecentes ou, pelo menos, que se dedicavam a essa
atividade criminosa, não os qualificando como traficantes
ocasionais, o que justifica a não incidência da redução
legal de pena prevista na Lei de Drogas - Não tendo as
declarações do acusado em nada auxiliado ou contribuído
para a identificação de outros envolvidos no delito de
tráfico, inviável o reconhecimento da delação premiada,
prevista no art. 41 da Lei 11.343/06- Deve ser fixado o
regime inicialmente fechado para o cumprimento da pena, em
virtude da imensa quantidade de substância entorpecente
apreendida, o que demonstra que regime menos gravoso não
seria suficiente para atender à tríplice finalidade das
penas - Constatada a hipossuficiência dos agentes, deve
lhes ser concedida a suspensão do pagamento das custas
processuais, na forma do art. 98 do Novo Código de Processo
Civil. VV - Sendo os réus primários, portadores de bons
antecedentes e não comprovada a dedicação ao cometimento de
crimes, ou que integrem qualquer organização criminosa,
possível a incidência da causa especial de redução da pena
prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/06, denominada na
doutrina como "tráfico privilegiado", em que pese a
apreensão de uma grande quantidade de entorpecente, entendo
como possível a fração de redução em 1/4 - O regime de
cumprimento da pena, deverá ser estabelecido com base no
art. 33, §§ 2º e 3º, do CP - Preenchidos os requisitos
previstos no art. 44 do CP, mister se faz a substituição da
pena privativa de liberdade por duas penas restritivas de
direito.(TJ-MG - APR: 10024180141814001 MG, Relator:
Agostinho Gomes de Azevedo, Data de Julgamento: 18/11/0019,
Data de Publicação: 27/11/2019

APELAÇÃO. MINISTÉRIO PÚBLICO. CRIME DE ORGANIZAÇÃO


CRIMINOSA EASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO. Absolvição sumária
com fundamento na atipicidade da conduta. Solução que, em
se tratando de verdadeiro julgamento antecipado, exige
especial cautela e pressupõe que o fato descrito na
denúncia evidentemente não seja criminoso, não sendo esse o
caso dos autos no que se refere à acusação de terem os
recorridos infringido os artigos 1ºe 2º, ambos da lei nº
12.850/13. Elementos de informação que apontam para a
ocorrência de crime. Decisão que ratifica o recebimento da
denúncia que não pressupõe a superação de standard
probatório tão elevado quanto o exigido por ocasião da
sentença condenatória. Necessária a instrução da persecução
penal para produção probatória e melhor elucidação dos
fatos. Correta, no entanto, a absolvição sumária no que
importa ao delito de associação para o tráfico, à míngua de
descrição minimamente concreta e individualizada das
condutas supostamente praticadas pelos apelados, vedada a
persecução penal baseada em meras presunções. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO, COM DETERMINAÇÃO. (TJ-SP -APR:
10083649020188260590 SP 1008364-90.2018.8.26.0590, Relator:
Camargo Aranha Filho, Data de Julgamento: 29/06/2021, 16ª
Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação:07/07/2021)

PENAL. APELAÇÃO. TRÁFICO DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA


OTRÁFICO. Absolvição por insuficiência probatória.
Impossibilidade para o delito de tráfico. Provas cabais no
sentido de sua ocorrência por parte das duas acusadas, não
sendo possível o reconhecimento do delito de posse para
uso. Possível, entretanto, para o delito de associação.
Ausência de prova de que elas realizavam o tráfico,
associadas, de forma habitual, com vínculo de estabilidade.
Situação de concurso de agentes. (TJ-SP - APL:
00153582620138260462 SP0015358-26.2013.8.26.0462, Relator:
Alcides Malossi Junior, Data de Julgamento: 22/10/2015,8ª
Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação: 23/10/2015

Apelação – Tráfico de Entorpecentes, associação para o


tráfico e receptação – Recurso da defesa– Absolvição do
crime de receptação – Impossibilidade – Materialidade e
autoria bem comprovadas - Desnecessidade de oitiva da
vítima quanto ao crime anterior para a configuração do
delito de receptação – Boletim de ocorrência suficiente
para comprovar tratar-se de objeto produto de ilícito –
Desclassificação do crime de tráfico para porte para uso
próprio –Descabimento - Destinação comercial das drogas
demonstrada pelas circunstâncias da prática do delito –
Condenação por tráfico mantida - Associação para o tráfico
– Vínculo associativo estável não comprovado – Absolvição
de rigor - Recurso parcialmente provido. (TJ-SP -
APR:00005051420188260146 SP 0000505-14.2018.8.26.0146,
Relator: Juscelino Batista, Data de Julgamento: 27/10/2020,
8ª Câmara de Direito Criminal, Data de Publicação:
27/10/2020)

O animus associativo não restou


demonstrado nos autos. De rigor a absolvição do Réu Gabriel
como incurso no delito do artigo 35 da Lei 11.343/06.

Nem o policial Gustavo, nem o policial


Willian, testemunhas de acusação disseram que o veículo VW
Virtus tinha sido visto em qualquer outra ocasião, fato que
vai de encontro ao que o Réu Gabriel relatou em juízo: ”que
pegou o veículo emprestado um dia antes, justificando ao
amigo Renato que iria levar a filha ao médico. ”Sic

O policial Gustavo, em juízo, confirmou


a versão do Réu Gabriel de que este lhe dissera, no dia da
prisão, que tinha sido contratado para fazer somente essa
entrega.

O policial Willian, aos 2:07 m, deixa


claro que o Réu Gabriel disse que não conhecia o rapaz que
tinha fugido; aos 2:55 m o policial ainda ratifica que o
Réu Gabriel não teria certeza que fosse a mesma pessoa do
RG e a pessoa que tinha fugido. Fica claro que o relatado
pelo Réu Gabriel, de que a pessoa que fugiu ao flagrante
era pessoa distinta ao ora acusado Victor.

A douta Promotora questionou o policial


Willian se ele conhecia os réus de outras abordagens, ao
que respondeu negativamente, 0,11m da segunda gravação.

DAS ALEGAÇÕES FINAIS DO MINISTÉRIO PÚBLICO


A douta representante do Parquet
Paulista, apesar da negativa dos policiais, testemunhas de
acusação, em não reconhecer o acusado Victor, e do
interrogatório do Réu Gabriel, ao crivo do contraditório,
que fez uma descrição da pessoa que fugiu ao flagrante,
explanando sobre a diferença da altura, tom da pele e
cabelo do indivíduo que fugiu ao flagrante, insistiu em
desconsiderar tais provas, trabalhando dentro deum universo
de hipóteses para vincular o acusado Gabriel ao acusado
Victor.

Independente a isso, todas as provas


trazidas pela defesa técnica do Acusado Victor foram
desconsideradas pela representante do MP. Não cabe razão a
representante do Parquet, visto que não se desincumbiu do
ônus da prova.

Não se desincumbiu do ônus da prova em


acusar o Réu Gabriel quanto a “estabilidade de associação
reiteradamente ou não”.

A representante do Parquet assim se


manifesta em suas alegações, fls 384:

“Com efeito, GABRIEL não foi contratado


para realizar única entrega, do contrário não armazenaria
16 QUILOGRAMAS de droga em sua própria residência, aguarda
orientações dos demais membros da associação. ” Sic

Ora, isso é mera conjectura, hipótese


que não encontra respaldo nos autos, para se fazer uma
entrega única poderia ter 1 kg ou 100 kgs.
Melhor sorte não alcança a ilustre
Promotora quando assim se manifesta, ainda às fls. 384:

“Por fim, não se pode ignorar que


GABRIEL utilizava veículo já apontado em anterior
investigação como envolvido no comércio ilícito de drogas.”
Sic.

Em local algum dos autos consta tal


informação, tampouco os policiais disseram que o Réu
Gabriel tenha utilizado tal veículo em data pretérita.

A representante do Parquet alega que o


Acusado Gabriel já mantinha conversas sobre entrega de
entorpecentes. No entanto, se esquece que o Acusado Gabriel
tem uma empresa de Entregas Rápidas, fls. 105, trabalha
como motoboy, executando tarefa de entregas, desde 2017.

Faz inúmeros trabalhos de transporte;


pretende a ilustre Promotora de Justiça imputar o
transporte de entorpecentes ao Réu Gabriel, mas isso não se
provadas mensagens juntadas aos autos, fls.384/387.

Com relação a valores depositados,


citados pela Promotora de Justiça às fls.387, nos montantes
de R$ 35.000,00, R$ 24.950,00 e R$ 42.000,00, salvo melhor
juízo, nenhum deles teve como origem ou destino o Réu
Gabriel.

O que se verifica nos comprovantes


acostados, por várias vezes, são pedidos de comida ou
outros gêneros alimentícios, fls. 102/103.
Aliás, como se pode constatar às fls.
388, se fala em suco, de laranja e maçã, lembrando que o
Réu Gabriel faz entregas, entre outras coisas, de
refrigerantes, sucos e bebidas em geral, visto que trabalha
em entregas para uma pizzaria, fls. 102/103.

A pretensão da Ilustre Promotora de


Justiça de acreditar ser evidente que o Réu Gabriel
praticava entregas de entorpecentes e estava envolvido com
uma associação criminosa não é crível, extremamente frágil
e tendenciosa, não se sustenta nos autos, não se obteve uma
interceptação, sequer, dos aparelhos de telefone celular do
Réu Gabriel que alicerçassem a pretensão acusatória
ministerial.

DO RECONHECIMENTO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO E ACONSEQUENTE


REDUÇÃO DE PENA

Excelência:

A aplicação da minorante prevista no §


4º do artigo 33 da Lei 11.343/06, é necessária além da
primariedade e dos bons antecedentes do Réu, que não faça
parte de organização criminosa e, tampouco se dedique a
atividades delituosas. Até porque, o legislador visa, nessa
minorante, punir com menor rigor o pequeno traficante ou o
criminoso eventual.

Assim se constata de trecho de voto do


STJ:
Como é cediço, o legislador, ao
instituir o referido benefício legal, teve como objetivo
conferir tratamento diferenciado aos pequenos e eventuais
traficantes, não alcançando, assim, aqueles que fazem do
tráfico de entorpecentes um meio de vida." (HC n.
437.178/SC, Rel. Ministro Ribeiro Dantas, 5ª T., DJe
11/6/2019).

Assim ensina ROGÉRIO SANCHES CUNHA:

“No delito de tráfico (art. 33,


‘caput’) e nas formas equiparadas (§1°), as penas poderão
ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o agente
seja primário (não reincidente), de bons antecedentes e não
se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa (traficante agindo de modo individual e
ocasional). Os requisitos são subjetivos e cumulativo, isto
é, faltando um deles inviável a benesse legal”. E completa
o brilhante autor: “A simples leitura do parágrafo pode
induzir o intérprete a imaginar que o benefício está na
órbita discricionária do juiz. Contudo, nos parece que,
preenchidos os requisitos, o juiz não só pode, como deve
reduzir a pena, ficando a sua
discricionariedade(motivada)limitada ao ‘quantum’

Para o jurista VICENTE GRECO FILHO:

O parágrafo prevê mais uma alternativa


para o juiz na adequação da pena às diversas formas de
participação na atividade criminosa, ampliando, pois, o
poder do juiz na determinação da culpabilidade de cada um,
nos termos da parte final do art. 29 do Código
Penal”...Dispõe o parágrafo, em sua parte final, sobre as
condições negativas de que o agente não se dedique às
atividades criminosas nem integre organização criminosa.
Toda prova negativa é difícil, de modo que militará em
favor do réu a presunção de que é primário e de bons
antecedentes e de que não se dedique a atividades
criminosas e nem integra organização criminosa. O ônus da
prova, no caso, é do Ministério Público no sentido de
demonstrar a reincidência, os maus antecedentes e a
participação em atividades criminosas ou organização
criminosa. Não importa que a prova seja difícil para o
Ministério Público. Mais difícil seria para o réu, que, por
sua vez, tem o direito de não ser condenado a não ser que
haja prova, ou receber, sem prova, uma pena maior quando a
lei permite pena mais branda. Na prática, então, a pena na
verdade não será, por exemplo, no ‘caput’, de cinco a
quinze anos, mas de um sexto a dois terços menor, a não ser
que se traga aos autos prova da reincidência, dos maus
antecedentes ou de que o agente se dedique a atividade
criminosa ou integre organização criminosa”. E completa o
autor ao discorrer sobre o problema da organização e das
atividades criminosas, conceituando, de maneira abrangente,
os verbos “dedicar-se” e “integrar”, vez que: “O segundo
problema, que deixa certa perplexidade, é o de que os
conceitos ‘dedicar-se a atividades criminosas’ e de
‘integrar organização criminosa’ são, em princípio,
absolutos, quer dizer, alguém ou se dedica ou não se
dedica, ou alguém integra ou não integra organização
criminosa. Não parece razoável pensar em alguém que se
dedique parcialmente às atividades criminosas ou integre
parcialmente organização criminosa. O terceiro problema é o
do conceito de ‘dedicar-se’ ou de ‘integrar’. Dedicar-se,
segundo os dicionários, é ‘consagrar sua afeição e/ou seus
serviços a alguém; consagrar-se; dar-se’, o que significa
um certo grau de habitualidade, ainda que não exclusiva;
integrar significa ‘juntar-se; fazer parte integrante,
participar de’. E essas circunstâncias, ainda que não
exclusiva habitualidade e a participação como membro de
organização criminosa, devem ser provadas suficientemente
para a exclusão do benefício”

Douta Magistrada:

O Réu GABRIEL preenche a todos os


requisitos exigidos pela lei:

A Primariedade;

A não dedicação a atividades


criminosas;

Atividade laborativa lícita,


devidamente comprovada nos autos;

Não participação em organização


criminosa voltada ao tráfico.

“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO HABEAS CORPUS.


TRÁFICOPRIVILEGIADO. RELEVANTEQUANTIDADE DE DROGA.
CIRCUNSTÂNCIA JUDICIALPREPONDERANTE. UTILIZAÇÃODEVIDA NA
PRIMEIRA FASE DA DOSIMETRIA DAPENA. MINORANTE DO TRÁFICO.
NEGATIVAPELA QUANTIDADE DE DROGAS E AÇÃOPENAL EM CURSO.
AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃOIDÔNEA PARA A NEGATIVA. 1. A
Terceira Seção, por ocasião do julgamento do REsp
1.887.511/SP, da relatoria do Ministro João Otávio de
Noronha, entendeu, alinhando-se ao STF, que a natureza e
quantidade da droga são fatores a ser considerados
necessariamente na fixação da pena-base, nos termos do art.
42 da Lei 11.343/06, constituindo-se em circunstância
preponderante a ser utilizada na primeira fase da
dosimetria da pena.2. Assentou-se, ainda, a compreensão de
que a utilização supletiva da natureza e quantidade da
droga na terceira fase da dosimetria para afastamento da
minorante somente poderá ocorrer quando esse fator for
conjugado com outras circunstâncias que possam indicar a
dedicação do agente à atividade criminosa ou integração à
organização criminosa. 3. Não tendo havido a indicação de
fato concreto, além da quantidade de droga (110 quilos de
maconha), para afastar a aplicação da causa de diminuição
da pena do art. 33, §4º, da Lei 11.343/2006, pois apenas
houve presunção, com base na quantidade de entorpecente
apreendido, de que o imputada se dedicava a atividades
criminosas e/ou integrava organização criminosa, verifica-
se constrangimento ilegal. 4. A existência de ações penais
em curso, por si só, não constitui fundamento idôneo para
afastar a causa de diminuição do tráfico, prevista no art.
33, § 4º, da Lei11.343/06, constatada a primariedade e bons
antecedentes do paciente. 5. Agravo regimental improvido”.
(STJ, AgRg no HC 679.839/SC, Rel. Ministro Olindo Menezes,
Desembargador Convocado do TRF 1ªRegião), Sexta Turma,
julgado em 23/11/2021, DJe 29/11/2021)

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO DE DROGAS.


LEI11.343/2006. CAUSA DEDIMINUIÇÃO DE PENA PREVISTA NO ART.
33, § 4°, DA LEI11.343/2006. GRANDE QUANTIDADEDE MACONHA
APREENDIDA (132,85 KG). DEDICAÇÃO À ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
NÃOOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DEFUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. PACIENTE
ABSOLVIDA PELO CRIMEDE ASSOCIAÇÃOPARA O TRÁFICO.
CONTRADIÇÃO ENTRE OS FUNDAMENTOS.PREENCHIMENTO
DOSREQUISITOS LEGAIS. RECURSO ORDINÁRIO AO QUAL SE
DÁPROVIMENTO EM PARTE.I – A grande quantidade de
entorpecente, apesar de não ter sido o único fundamento
utilizado para afastara aplicação do redutor do art. 33, §
4°, da Lei 11.343/2006, foi, isoladamente, utilizado como
elemento para presumir-se a participação da paciente em uma
organização criminosa e, assim, negar-lhe o direito à
minorante. II – A quantidade de drogas não poderia,
automaticamente, proporcionar o entendimento de que a
paciente faria do tráfico seu meio de vida ou integraria
uma organização criminosa. Ausência de fundamentação
idônea, apta a justificar o afastamento da aplicação da
causa especial de diminuição depena prevista no art. 33, §
4°, da Lei11.343/2006. Precedentes. III - É patente a
contradição entre os fundamentos expendidos para absolver a
paciente da acusação da prática do delito tipificado pelo
art. 35da Lei 11.343/2006 e aqueles utilizados para negar-
lhe o direito à minorante constante do art. 33, § 4°,do
mesmo diploma legal. Precedentes. IV -Recurso ordinário ao
qual se dá provimento, em parte, para reconhecer a
incidência da causa de diminuição da pena prevista no art.
33, § 4°, da Lei 11.343/2006, ed eterminar que o juízo a
quo, após definir o patamar de redução, recalcule a pena e
proceda ao reexame do regime inicial do cumprimento da
sanção e da substituição da pena privativa de liberdade por
sanções restritivas de direitos, se preenchidos os
requisitos do art. 44 do Código Penal. (STF, RHC 138715,
Relator(a): Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em
23/05/2017, Processo Eletrônico DJe-121 Divulg 08-06-2017
Public 09-06-2017).

Observa-se que os julgados


colacionados, acima, revelam quantidades muito superiores
ao apreendido em poder do Réu Gabriel.
O Réu Gabriel atende aos requisitos
exigidos para a aplicação da minorante prevista no artigo
33. § 4º da Lei 11.343/06.

TRÁFICO DE DROGAS – Condenação


decretada – Pretensão defensiva de redução máxima pelo
privilégio, com fixação do regime aberto e substituição por
restritiva de direitos - Cabimento –Réu primário, sem
antecedente e pequena quantidade de drogas que permitem a
redução máxima pelo privilégio – Alegação de cometimento do
crime em "plena luz do dia" que não se sustenta -
Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos recomendável – Agente que, ao confessar o
crime, demonstrou algum grau de arrependimento – Regime
aberto suficiente – Recurso provido.” (TJSP; Apelação
Criminal 1500943-43.2019.8.26.0594; Relator (a):André
Carvalho e Silva de Almeida; Órgão Julgador: 2ª Câmara de
Direito Criminal; Foro de Bauru - 1ª Vara Criminal; Data
doJulgamento:09/01/2022; Data de Registro: 09/01/2022)

PEDIDOS:

Por todo o exposto, a defesa requer:

1. Absolvição do Réu Gabriel quanto ao


crime de associação para o tráfico, nos termos do artigo
386, incisos V ou VII;

2. Aplicação da atenuante da confissão


espontânea, na fração de 1/6, em estrita atenção aos
princípios da proporcionalidade, razoabilidade e isonomia,
conforme preconiza a jurisprudência;
3. Aplicação da redução prevista no
artigo 33, parágrafo 4º, da Lei11.343/06;

4. Requer, por fim, seja assegurado ao


Réu Gabriel de Oliveira Ramos afixação do regime aberto
para início do cumprimento da reprimenda

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