[1] O documento é uma defesa preliminar apresentada por um advogado para um cliente acusado de tráfico de drogas. [2] A defesa alega que o cliente é inocente e que não há provas suficientes para justificar a acusação. [3] O advogado argumenta que o cliente não tinha conhecimento ou intenção de participar de atividades de tráfico e que sua presença no local foi apenas uma coincidência.
[1] O documento é uma defesa preliminar apresentada por um advogado para um cliente acusado de tráfico de drogas. [2] A defesa alega que o cliente é inocente e que não há provas suficientes para justificar a acusação. [3] O advogado argumenta que o cliente não tinha conhecimento ou intenção de participar de atividades de tráfico e que sua presença no local foi apenas uma coincidência.
[1] O documento é uma defesa preliminar apresentada por um advogado para um cliente acusado de tráfico de drogas. [2] A defesa alega que o cliente é inocente e que não há provas suficientes para justificar a acusação. [3] O advogado argumenta que o cliente não tinha conhecimento ou intenção de participar de atividades de tráfico e que sua presença no local foi apenas uma coincidência.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE SAQUAREMA – RJ
Processo nº. 0013766-88.2018.8.19.0001
LUCAS DANIEL DOS SANTOS VASCONCELOS, devidamente
qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, com escritório estabelecido na Avenida Amaral Peixoto, km 70, Bacaxá, Saquarema - RJ, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar a sua
DEFESA PRELIMINAR
com fulcro no artigo 55 da Lei n.º 11.343/06, pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas:
I – DOS FATOS
O acusado foi preso em suposto flagrante delito no dia 20 de
janeiro de 2018, e denunciado como incurso nas penas dos artigos 33 e 35, ambos da Lei n.º 11.343/06, e artigo 14 da lei 10.826/2003 por ter, conforme denúncia, se associado aos demais acusados para o fim último de praticar tráfico ilícito de entorpecentes.
Desta feita, a denúncia deduz que a traficância estaria
evidenciada conforme o depoimento dos policiais que realizaram diligência no bairro da Raia, nesta comarca, onde realizaram a prisão dos acusados.
Passaremos a demonstrar, que a presente denúncia deve ser
integralmente rejeitada pelo MM. Juízo, vez que dos fatos supramencionados é patente a ilação de que o acusado é inocente, e que falta justa causa para a ação penal como a seguir será demonstrado.
II – DO SUPOSTO TRÁFICO
Segundo a regra insculpida no artigo 33, "caput" da
lei 11.343/06, o crime consiste em praticar qualquer uma dentre as dezoito formas de condutas puníveis previstas (que são os núcleos do tipo), sendo algumas permanentes e outras instantâneas:
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.
É necessária a vontade livre e consciente de praticar uma das
ações previstas neste tipo penal.
Conforme doutrina e aresto abaixo transcritos:
Vicente Greco Filho, leciona que: "[...] O elemento subjetivo é
o dolo genérico em qualquer das figuras. É a vontade livre e consciente de praticar uma das ações previstas no tipo, sabendo o agente que a droga é entorpecente". (GRECO FILHO, Vicente. Tóxicos: Prevenção - Repressão. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 84-85).
DOLO, portanto, é a vontade livre e consciente dirigida a
realizar a conduta prevista no tipo penal incriminador, ou seja é a vontade livre e consciente de praticar um crime.
Em nenhum momento pode-se dizer que o acusado teve dolo
de traficar drogas, uma vez que foi preso em via pública, no momento em que apenas conversava com conhecidos seus, os quais nem sequer poderia imaginar estarem envolvidos com o crime.
Ressalte-se que o acusado não tinha conhecimento de que
havia um "ponto" de drogas funcionando na rua em que transitava ou quem dirá no interior da casa onde foi encontrado o material entorpecente, local em que jamais chegou a adentrar.
O acusado estava apenas, para sua infelicidade, no local
errado, na hora errada, próximo de pessoas que desconhecia ter qualquer envolvimento com tráfico.
O acusado conhece de vista os outros denunciados, e a relação
entre os mesmos se limita a isso, pois como se pode
estudou durante 8 anos com o acusado, firmaram amizade desde
então; Desde a formatura em ____ não tinham se visto, até que em __/__/____ encontraram-se na saída da boate ____, nesta ocasião o acusado teria lhe dado o seu novo endereço e telefone, convidando a acusada para visitá-lo.
Em __/__/____ a acusada foi fazer uma visita social ao acusado, se
dirigiu até a casa do mesmo na rua ____ e adentrando no recinto iniciaram colóquio animado sobre os tempos de escola. Fato este incontroverso nos autos.
Na sequência, o acusado ____ recebeu "sucessivas visitas" de outras
pessoas, desconhecidas para a acusada, e para sua surpresa testemunhou a chegada de uma viatura policial.
Quando o acusado avistou a viatura, saiu em disparada. Deixando a
acusada na casa, atônita.
O acusado foi encurralado pela polícia, conduzido para a viatura
algemado. Os policiais disseram ter encontrado as drogas dentro da residência e deram voz de prisão aos acusados, porém, em revista pessoal, nada foi encontrado com a acusada, apenas uma pequena importância em dinheiro em sua bolsa.
Vimos a suprema necessidade do dolo genérico do agente, ou seja,
ter a vontade livre e consciente de praticar uma das ações previstas no tipo penal, restou claro que a acusada não tinha a intenção de traficar, pois sequer tinha conhecimento da existência ou não de drogas no interior do residência.
Resta claro que a conduta da acusada é isenta de culpa ou dolo.
A conduta da acusada é atípica, não caracterizada pelo artigo 33,
caput, e/ou artigo 35 da Lei 11.343/06. III – DO DINHEIRO APREENDIDO COM A ACUSADA
O pai da acusada, sr. ______, na data de __/__/____, pediu que sua
filha recebesse sua aposentadoria, no banco ____, fornecendo para tanto, seu cartão bancário e senha.
Esta atitude era usual para a acusada, pois era frequente suas idas ao centro da cidade, facilitando a vida de seu genitor.
A acusada, antes de fazer visita ao acusado, foi ao banco ___ e
sacou a aposentadoria de seu pai no valor de R$ ____, (um salário mínimo).
Quantia esta que foi apreendida pelos policiais no mesmo dia.
Dinheiro lícito, de origem comprovadíssima, e que por ter sido
apreendido, causou transtornos e aborrecimentos ao seu pai _____.
IV – DA SUPOSTA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO
A conduta prevista no artigo 35, "caput" da lei 11.343/06, é inerente ao agente, a existência de um animus associativo, ou seja, há necessidade de um ajuste prévio no sentido da formação de um vínculo associativo de fato. Como já restou provado, e sendo fato incontroverso nos autos, a acusada apenas foi visitar um antigo colega de escola, fato que por si só torna sua conduta atípica, não enquadrada, portanto, no artigo 35 da lei 11.343/06. Devemos ressaltar que a acusada não apresenta nenhum antecedente criminal, e que não é conhecida no meio policial como pessoa ligada ao tráfico.
V – DOS DEPOIMENTOS E DAS PROVAS COLHIDAS QUANDO DA
PRISÃO EM FLAGRANTE
Deslindada as características mais importantes, tanto da
personalidade da ora acusada, quanto dos motivos e do objeto da relação estabelecida entre esta e o senhor _____, calha verificar os conteúdos dos depoimentos e das provas colhidas quando da prisão em flagrante, bem como destacar quais são as interpretações que podem ser extraídas dos mesmos.
O Ministério Público quer o recebimento da denúncia, pois estaria
evidenciado o "fim de traficância", e que "pelas investigações e delações os denunciados comercializavam drogas" e que o dinheiro apreendido com a acusada "evidencia envolvimento".
Entretanto, as alegações exordiais em relação a ora acusada, não
passam de um mero juízo especulativo, porque não encontram ressonância com as provas existentes.
No Boletim de Ocorrência (BO/PM) nº. ____ (cópia anexa),
elaborado pelos policiais que efetuaram a prisão, a acusada aparece apenas como "amiga de _____" e neste mesmo boletim a acusação de tráfico recai apenas sobre o acusado, proprietário e morador da casa. Cristalino é este entendimento, no depoimento da segunda testemunha (fls. __), o também policial militar _____ diz "(...). De imediato, reconheceram _____, CONTRA QUEM PESAVAM VÁRIAS DENÚNCIAS DE TRÁFICO DE ENTORPECENTE". Nada vindo a acrescentar ou relatar sobre possíveis denúncias contra, a ora acusada, ______.
Assim sendo, na versão dos policiais, não há elementos
incriminadores para sustentar o recebimento da denúncia contra a acusada. Neste diapasão, havendo dúvida a respeito da propriedade e da destinação da droga e inexistindo qualquer outro indício incriminador da conduta da ora acusada, a questão só pode ser resolvida em favor desta.
Condenação exige certeza absoluta, fundada em dados objetivos
indiscutíveis, o que não ocorre no caso em tela.
Desta feita, conclui-se que as provas são irrefutáveis no sentido de
que a acusada não tinha conhecimento da existência de ponto de venda de drogas na residência do acusado e sendo assim não é possível penalizá-la, nem mesmo pelo art. 33 nem pelo art. 35 da Lei 11.343/06. NESSE SENTIDO:
"Ex Positis", pede-se a rejeição da denúncia, e a imediata concessão
do respectivo alvará de soltura, culminando por fim, com a liberdade da ora acusada, por ser medida de Direito e de inteira JUSTIÇA.
Em caso de entendimento diverso, protesta-se desde já, por todos
os meios de provas admitidas em direito, notadamente pela oitiva das testemunhas, cujo rol segue anexo, e que devidamente intimadas, inclusive por precatórias, comparecerão às audiências que forem designadas.