Você está na página 1de 4

21/10/2021 07:02 SAVCR052

SAVCR052
Comentários do Professor:

Sugere-se a simulação do ambiente de concurso, limitando-se o tempo de elaboração da sentença e a sua


realização em local sem circulação de pessoas.

Sentença limitada a 20.000 caracteres, caso digitada diretamente no site.

A resposta poderá ser encaminhada, também, em formato .doc, .docx ou .pdf, conforme orientações
constantes no manual do aluno.

Há um contador de tempo apenas para que o aluno tenha ciência do tempo que está levando para elaborar a
resposta.

Consultar somente legislação “seca”, sem anotações e sem súmulas.

Obs. O relatório é opcional. O relatório será avaliado, mas não será pontuado.

____________________________________________________________________

Proposta de Sentença Penal

No dia 12/12/2018, a Polícia Militar foi acionada por um morador da Cidade de Londrina/PR para apuração
de grave perturbação do sossego alheio e realização de “racha” em frente a um Posto de Combustíveis
localizado no centro da cidade.

Por volta das 23h, a Polícia Militar chegou ao local e verificou que aproximadamente dez indivíduos não
identificados estavam com seus veículos estacionados no “Posto de Combustíveis Rio Deserto”, com som
alto e ingerindo bebidas alcoólicas.

Ao perceberem a chegada da polícia, o som foi desligado e boa parte das pessoas saiu do local, lá
permanecendo somente Francisco da Cunha e seu primo José Roberto da Cunha, menor de idade, pois
ambos encontravam-se no interior da loja de conveniências do Posto de Combustíveis.

Os policiais militares Lenine e Dorival, ao aproximarem-se da loja de conveniência, percebem Francisco e


José Roberto saindo do local com uma mochila e cada um com um barra de ferro nas mãos.

Francisco e José Roberto foram abordados e os policiais verificaram que na mochila que estava sendo
carregada por Francisco havia a quantia de R$ 2.350,00 e um celular IPhone X.

Em seguida, Diego Fernandes, cliente da loja de conveniências, saiu do local e comunicou aos policiais que
Fernando e José Roberto tinham praticado um assalto no estabelecimento, subtraindo seu celular e mais a
quantia que estava no caixa, ameaçando-lhe com uma barra de ferro.

A polícia militar, em razão do relato da vítima, prendeu em flagrante Francisco e apreendeu o menor José
Roberto.

Os valores e o celular encontrados na mochila que era carregada por Francisco foram apreendidos.

Francisco foi encaminhado para a Polícia Civil para a lavratura do auto de prisão em flagrante.
https://justutor.com.br/curso/sentenca/imprimir/331/ 1/4
21/10/2021 07:02 SAVCR052

O menor José Carlos foi encaminhado ao Juizado da Infância e da Juventude para apuração do suposto ato
infracional por ele praticado.

O Delegado de Polícia Civil lavrou o auto de prisão em flagrante e instaurou inquérito policial para a
continuidade das investigações.

Em audiência de custódia realizada no mesmo dia da prisão, o Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal de
Londrina converteu a prisão em flagrante de Francisco em prisão preventiva.

O valor apreendido em poder de Francisco foi depositado em conta bancária vinculada ao inquérito policial.

O celular apreendido foi submetido à perícia, atestando os peritos o seguinte: “O celular apreendido trata-se
de uma IPhoneX em perfeito estado de conservação e uso. Analisados os dados constante no aparelho,
verifico-se que vinha sendo utilizado por Diego Fernandes, com registro de sua linha na operadora Vivo.”

O policial militar Lenine foi ouvido pela autoridade policial e disse o seguinte: que se dirigiu até o posto Rio
Deserto para verificar uma suposta perturbação de sossego relatada por um morador da cidade; que ao chegar
ao local percebeu que havia vários carros estacionados e um deles estava emitindo um “som ensurdecedor”
que chegava a acionar os alarmes de carros que estavam estacionados próximo ao local; que assim que
chegou ao local o som foi desligado e alguns ocupantes dos veículos fugiram; que não conseguiram abordar
todas as pessoas que estavam no local; que em seguida perceberam duas pessoas saindo da loja de
conveniência com uma atitude suspeita e decidiram abordá-las; que constataram que as duas pessoas eram
Francisco da Cunha e o menor José Roberto da Cunha, sendo que Francisco estava carregando em sua
mochila uma grande quantidade de dinheiro e um celular; que logo após foi comunicado que o dinheiro havia
sido subtraído da loja de conveniência e o celular havia sido subtraído de um cliente da referida loja; que
uma das vítimas afirmou que foi severamente ameaçada por Francisco e José Roberto, ambos portando
barras de ferro.

A vítima Diego Fernandes disse o seguinte para a autoridade policial: “que estava tomando uma coca-cola na
loja de conveniências do posto Rio Deserto quando dois sujeitos ingressaram no local; que os dois sujeitos
anunciaram um assalto, com grave ameaça, subtraíram dinheiro do caixa da loja e o seu celular; que um dos
sujeitos era muito agressivo e por pouco não atingiu a atendente da loja com a barra de ferro; que o som no
local estava muito alto, o que retirou a atenção de todos do interior da loja; que logo em seguida dois
policiais militares chegaram ao local e prenderam em flagrante os bandidos.

O investigado Francisco, ao ser interrogado, permaneceu em silêncio.

O inquérito foi relatado e encaminhado ao Ministério Público.

O Ministério Público, ao receber o inquérito, oficiou ao gerente do Posto de Combustíveis Rio Deserto
solicitando cópia do arquivo de vídeo das câmeras de segurança instaladas no local.

Recebido o arquivo, o Ministério Público o encaminhou à perícia.

No laudo pericial 9855/2018 os peritos atestaram o seguinte: “Analisando o arquivo de áudio e vídeo
encaminhado pelo Ministério Público, verificou-se que na noite do dia 12/12/2018 dois homens ingressaram
na loja de conveniência do Posto de Combustíveis Rio Deserto e, munidos de barras de ferro, ameaçaram a
atendente da loja e o único cliente que estava no local. Verificou-se, ainda, que os dois assaltantes
subtraíram todo o dinheiro que havia no caixa da loja e, ainda, o celular do cliente que estava no local.”

O Ministério Público, com base nos inquérito policial, no arquivo de vídeo das câmeras de segurança e no
laudo pericial elaborado acerca do conteúdo do referido arquivo, ofereceu denúncia contra Francisco da
Cunha, brasileiro, solteiro, desempregado, nascido em 09/08/1981, imputando-lhe a prática das seguintes
infrações penais:

a) contravenção penal do art. 42, III, da Lei das Contravenções Penais (Decreto-lei n.
3.688/41);

https://justutor.com.br/curso/sentenca/imprimir/331/ 2/4
21/10/2021 07:02 SAVCR052

b) crime do art. 157, §2º, II, do Código Penal, por duas em concurso formal (art. 70 do Código
Penal), tendo como vítimas a loja de conveniências e Diego Fernandes;

c) crime do art. 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente.

A denúncia foi apresentada acompanhada do inquérito policial, do arquivo de vídeo obtido das câmeras de
segurança da loja de conveniências e do respectivo laudo pericial 9855/2018.

Acompanhou a denúncia, ainda, a certidão de nascimento do menor José Roberto da Cunha, nela constando
sua data de nascimento como sendo 23/06/2004.

Na certidão de antecedentes criminais do réu que acompanhou a denúncia constou a existência de uma
condenação anterior pela prática do crime de homicídio, com trânsito em julgado em 11/04/2014.

Na denúncia o Ministério Público arrolou duas testemunhas e requereu a oitiva das vítimas.

A denúncia foi recebida em 21/01/2019.

O réu foi citado e apresentou resposta à acusação, no prazo legal, limitando-se a afirmar que os fatos não
ocorreram conforme descritos na denúncia. A defesa não arrolou testemunhas.

O Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal de Londrina/PR, verificando a ausência de motivos para a absolvição
sumária do réu, determinou o prosseguimento do feito, designando data para realização de audiência para
oitiva das vítimas, das testemunhas e interrogatório do réu.

A vítima Diogo, em juízo ratificou integralmente as declarações prestada à autoridade policial e, no final de
seu depoimento, requereu a restituição de seu celular, apresentando cópia de nota fiscal emitida em seu
nome.

Tatiana Dias, atendente da loja de conveniências, disse o seguinte: “que na noite do dia 12/12/2018 o som
dos carros estacionados no posto estava insuportável; que em determinado momento duas pessoas saíram do
meio dos carros e, com barras de ferro nas mãos, ingressaram na loja e ameaçaram “quebrar minha cabeça”
caso não lhes fosse entregue o dinheiro do caixa; que uma das pessoas era um adolescente, certamente com
menos de 15 anos de idade; que o adolescente era muito agressivo; que um dos clientes da loja também foi
assaltando no mesmo momento; que logo após a saída dos assaltantes da loja coincidentemente a polícia
militar chegou ao local e acabou por prender os dois bandidos; que não sabe quem estava com o som alto no
carro, pois havia quatro ou cinco carros estacionados no posto; que foi subtraído do caixa da loja a quantia de
R$ 2.350,00.”

Norberto Visconde, testemunha arrolada pela acusação, disse em juízo o seguinte: “que é frentista do posto
Rio Deserto e no dia 12/12/2018 havia uma concentração de pessoas no posto; que havia alguns carros
estacionados e em um deles o som estava muito alto, chegando a prejudicar o seu trabalho, pois não
conseguia ouvir o que os clientes do posto pediam; que viu os dois assaltantes entrarem na loja de
conveniência, mas não percebeu que estavam com barras de ferro na mão; que quando passaram perto da
bomba de combustíveis, ouviu o réu convidando o “moleque” a ir até a loja de conveniências para “fazer um
dinheiro”; que presenciou a prisão dos assaltantes logo depois que saíram da loja; que viu os dois assaltantes
no meio das pessoas que estavam com som alto no posto; que não sabe de qual carro estava saindo o horrível
som, pois todos estavam estacionados muito perto um do outro.”

O réu, em seu interrogatório, após ouvir os relatos das vítimas e das testemunhas, confessou que praticou um
assalto na loja de conveniências do posto. Disse que estava com alguns amigos no estacionamento e como
precisava de dinheiro para ir a uma festa, resolveu assaltar a loja de conveniência. Afirmou que pediu para
seu primo ajudar no assalto, pois havia duas pessoas na loja. Disse que está arrependido e com muita
vergonha de sua tia, mãe de José Roberto. Por fim, disse que não sabe quem estava com som alto no local e
que não era nenhum de seus amigos.

Colhidos os depoimentos os depoimentos e não havendo pedidos de diligências, o Juiz de Direito concedeu o
prazo sucessivo de cinco dias para que as partes apresentassem suas alegações finais, por meio de memoriais.

https://justutor.com.br/curso/sentenca/imprimir/331/ 3/4
21/10/2021 07:02 SAVCR052

O Ministério Público, em seus memoriais, requereu a condenação do réu pelas infrações penais praticadas,
nos termos da denúncia.

O réu, em suas alegações finais, arguiu, em preliminar, a) a incompetência do Juízo Criminal para processar
e julgar a acusação da prática de contravenção penal, com consequente declaração da nulidade processual a
partir da data do recebimento da denúncia; b) a declaração de nulidade processual em razão da
impossibilidade de realização de diligências pelo Ministério Público após o encerramento do inquérito
policial, devendo a prova ilicitamente colhida pelo Ministério Púbico ser desentranhada dos autos e, por
conseguinte, declarada a nulidade do processo desde o seu início. No mérito, requereu a defesa: a) a
absolvição do réu da acusação da prática da contravenção penal do art. 42, III, da Lei das Contravenções
Penais ante a completa ausência de prova da participação do réu em sua suposta prática; b) o reconhecimento
de apenas um crime de roubo; c) o afastamento da causa de aumento de pena do art. 157, §2°, II, do Código
Penal, já que menor não pode cometer crime e, assim, deve ser afastado o suposto concurso de pessoas; d) o
reconhecimento do concurso formal entre o crime de roubo e o suposto crime de corrupção de menores.

Em seguida, os autos foram conclusos para sentença.

https://justutor.com.br/curso/sentenca/imprimir/331/ 4/4

Você também pode gostar