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Curso de Execução Penal – Renato Marcão

Capítulo I – Dos objetivos e da aplicação da Lei de Execução Penal

Descumprida a transação, ela, por si só, não faz título para executar, de modo que se
deve propor a ação penal (SV. 35). Defende-se a natureza jurídica sobre a
administrativa, segundo Marcão. Apesar de a Ação Penal admitir modalidade privada, a
execução será sempre pública, sempre do Estado. Diz-se, pelo art. 105, que o Juiz pode
ex officio mandar dar cumprimento à sentença, e Marcão diz que isso em tese viola a
ideia da tal imparcialidade do Juiz (ora, mas ele só manda, e não é ele que executa).
No que diz respeito ao acordo de não persecução penal, é certo que o § 6º do art. 28-A
do CPP determina que o Ministério Público promova sua execução no juízo da
execução penal, todavia, essa regra legal é produto de percepção desastrada e
injurídica, posto que o acordo não tem cariz de condenação, e, portanto, competente
deveria ser o juízo de conhecimento.
Ponto interessante é que Flávio Gomes dizia que há um princípio da legalidade
execucional, no sentido do art. 2º. As regras de Mandela da prisão não são seguidas.
Diz-se que, por mais que seja possível a execução provisória da pena privativa de
liberdade, o mesmo não ocorre quanto à pena restritiva de direito, entendimento que
passou a vigorar desde 2019, e que ganhou mais força com a S.643/STJ. Executar sursis
também demanda trânsito em julgado. Sobre os quinze anos do Júri, ponto interessante
é que consta uma exceção: se houver questão substancial capaz de manter a pena abaixo
de 15, ou que venha a fazer com que o réu seja absolvido. Está expresso na Súmula
192 do STJ: “Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das
penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando
recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual”. Por outro lado, se o
sujeito que está cumprindo pena estadual está em presídio federal, a Execução Penal é
Federal.

Capítulo II – Do condenado e do internado. Da classificação

O exame criminológico pode ser de entrada, ou para obter benefício. O de entrada é, na


lei, obrigatório apenas aos presos do regime fechado. No semiaberto, é facultativo. O
art. 9º trata do exame de personalidade, que não se confunde com o criminológico do
art. 8º. A obrigatoriedade de identificação do perfil genético para os crimes do art. 9º-A
pode ser objeto de discussão. Se o sujeito se recusar a fazer, ao menos segundo a letra
da lei, há caso de falta disciplinar.
Capítulo III – Da assistência

Tema visto.

Capítulo IV – Do trabalho

Curiosamente, o condenado a crime político não precisa trabalhar (art. 200), ao passo
que o condenado a prisão simples, se não excede 15 dias, também não precisa. Diz-se
que o preso definitivo é obrigado a trabalhar, ao passo que o provisório é facultativo. No
caso do provisório, só pode trabalhar dentro do estabelecimento. A jornada não será
menor que 6h, nem superior a 8h, mas o art. 33 da LEP permite horários especiais. Diz-
se que o artesanato pode ser praticado, desde que em regiões de turismo. Não é que não
possa fazer artesanato, e sim que a ideia é limitar. Para o regime fechado, o trabalho
externo é admitido apenas em obras ou serviços públicos da APD ou API, ou entidade
privada que, neste caso, demanda consentimento do preso.
O trabalho externo será autorizado pelo diretor do presídio (Art. 37). Esse trabalho
externo vai exigir o cumprimento de 1/6 da pena (no semiaberto, a galera relativizou
isso, mas Marcão nada fala sobre). Essa revogação também será feita pelo diretor. Sobre
o externo, há ainda um total de 10% do total de empregados, ou seja, 1 preso a cada 10
dos trabalhadores livres.

Capítulo V – Dos deveres, dos direitos e da disciplina

Em tese, o Juiz não precisa se manifestar sobre faltas leves e médias, mas, se
provocado, em nome da inafastabilidade da jurisdição, há de fazê-lo. A tentativa de falta
grave vem a ser punida tal como se consumada fosse. O STF passou a entender que a
oitiva do preso junto ao Juízo em audiência de justificação afasta a necessidade de PAD.
O RDD é um tipo de sanção, e pode durar até 2 anos. As visitas quinzenais podem ser
gravadas. Nos casos de RDD pelo fato de o preso ser perigoso, não me parece, porém,
que se trate de uma sanção disciplinar, e sim de um regime mesmo. Diz-se que há
também algo que se chama isolamento preventivo, de até 10 dias, a cargo do diretor, e
a inclusão em RDD preventivo, que é feito pelo Juiz após provocação. Em ambos
casos, durará apenas 10 dias, e não será passível de prorrogação. O último é chamado de
inclusão preventiva também. A preventiva pode ser feita sem prévia manifestação do
MPDFT e da Defesa, mas a inclusão definitiva demanda sim manifestação da
Defesa.
Interessantemente, o magistrado não pode decretar RDD ex officio, e o MPDFT não
tem legitimidade para requerer. Embora a Lei de Execução Penal se refira à
comunicação apenas da decisão que determina o isolamento como sanção disciplinar
pelo cometimento de falta grave, toda punição administrativa a esse título deve ser
comunicada de imediato ao juiz da execução. Cabe detração do isolamento preventivo.
Capítulo VI – Dos órgãos da Execução Penal

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