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Das Espécies de Prisão

Prisão em Flagrante: Tipos, Prazos e Procedimento


A prisão em flagrante ocorre quando alguém é flagrado cometendo um crime
ou logo após cometê-lo. E quem pode prender em flagrante o sujeito que está
praticando um crime? Qualquer pessoa. Seja integrante da força policial ou
não, até mesmo a própria vítima. No entanto, a nossa Legislação é de 1940.
Hoje é muito arriscado qualquer pessoa efetuar uma prisão.

Por isso, é importante você saber que o nosso Código de Processo Penal
aborda que para qualquer do povo é facultativo, enquanto para polícia é
obrigatório efetuar a prisão nas situações de flagrância .É importante saber que
o sujeito que efetua a prisão não se confunde com o condutor, este conduzirá o
preso à delegacia, onde será lavrado o auto da prisão em flagrante.
Normalmente trata-se do policial militar.

A prisão em flagrante acontece no momento em que alguém é surpreendido


praticando um crime ou imediatamente após praticá-lo e assim como a prisão
preventiva e temporária, a prisão em flagrante tem caráter cautelar. O que
diferencia a prisão em flagrante das outras prisões é a natureza administrativa,
sendo assim, não há necessidade de autorização judicial para realizar a prisão
e também por isso qualquer pessoa pode fazê-la, sendo ou não autoridade
policial.

Muitas pessoas se confundem quanto a essa questão do prazo, pois acreditam


que por exemplo, após 24 horas do fato, o indivíduo não pode mais ser preso
em flagrante. Entretanto, isso não existe. A Lei não define um prazo. O que o
Artigo 302 do CPP aborda é, na verdade, que precisa ocorrer uma perseguição
policial. Assim, enquanto ocorrer a perseguição, o indivíduo pode ser preso em
flagrante, trata-se da espécie de flagrante impróprio.

Tipos:
Flagrante Próprio (real, perfeito ou verdadeiro)

O flagrante próprio está presente nos incisos I e II do Artigo 302 do CPP, ou


seja, ocorre quando o indivíduo está cometendo o crime ou acaba de cometê-
lo.
Flagrante Impróprio (irreal, imperfeito ou quase flagrante)
O flagrante impróprio está previsto no inciso III do Artigo 302 do CPP. Ele
ocorre quando o agente está sendo perseguido logo após o fato pela
autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que se faça
presumir ser o autor da infração. E desde que a perseguição seja ininterrupta.
Mas como é possível uma perseguição durar dias? Não necessariamente tem
que ser a mesma equipe. Imagine que você trabalhe em regime de plantão,
quando termina o seu horário, a próxima equipe fica a par dos fatos e continua
as buscas.
Flagrante Presumido (ficto ou assimilado)

Já no Flagrante Presumido, o sujeito não é visto cometendo um delito e


tampouco está sendo perseguido, mas é encontrado com um objeto ou
utensílio que façam presumir que tenha sido ele o autor da infração. Esse
flagrante está descrito no inciso IV do Art. 302 do CPP.

Flagrante Provocado (preparado)


Já o flagrante Provocado ou Preparado ocorre quando o indivíduo é induzido a
praticar o crime, sem saber que está sob a vigilância das autoridades ou de
terceiros. Dessa forma, ao iniciar a execução do ato, ele é preso em flagrante.

Flagrante Forjado (maquinado, armado)


O flagrante forjado ou maquinado é, na verdade um tipo de flagrante ilegal.
Pois, a situação é toda forjada para incriminar uma pessoa inocente. Ocorre,
por exemplo, quando um agente policial coloca um pacote de drogas em um
bolso ou mochila do cidadão e o prende em flagrante. Esse agente está, na
verdade, cometendo um crime de denunciação caluniosa previsto no Art. 339
do CP, além de cometer abuso de autoridade.

Flagrante Esperado

A diferença do flagrante forjado para o flagrante esperado, é que neste não


existe uma armação policial induzindo a cometer um crime. Aqui, o agente já
planejou cometer o delito. Dessa forma, a polícia retarda a própria ação, para
que o agente inicie a execução do delito e assim eles possam efetuar a prisão
em flagrante.

A prisão em flagrante é cabível não somente nos crimes de Ação Penal Pública
Incondicionada, mas também nos crimes de Ação Penal Privada e Ação Penal
Pública Condicionada à representação. Porém, nos crimes de Ação Penal
Privada e Ação Penal Pública Condicionada à representação, é possível a
captura e condução coercitiva do indivíduo em situação de flagrância, a fim de
manter a ordem e paz social. Entretanto, a lavratura do auto de prisão em
flagrante dependerá da manifestação do ofendido ou do seu representante
legal.

Procedimento e Comunicação da Prisão em Flagrante


Após a captura e condução do Preso em flagrante à autoridade competente,
esta deverá:

1. Comunicar a prisão e o local onde se encontre o preso, imediatamente, ao


juiz competente, ao Ministério Público e à sua família ou pessoa por ele
indicada.

2. Informar os direitos assegurados pelo preso, sendo eles: o direito de


permanecer calado e a assistência da sua família e do seu advogado.
3. Deixar o preso ciente acerca daqueles responsáveis pela sua prisão e pelo
seu interrogatório policial.
Após realizada a prisão em flagrante, em um prazo de 24 horas deve ser
encaminhado ao juiz competente o auto da prisão em flagrante e caso não seja
informado o nome do Advogado, deve ser encaminhada uma cópia integral à
Defensoria Pública. Ainda nesse mesmo prazo, deve ser entregue ao preso,
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, constando o
motivo da prisão, o nome do condutor e das testemunhas. Após todo o
procedimento da prisão em flagrante, deve o preso ser encaminhado em um
prazo de até 24 horas à autoridade judicial que avaliará a legalidade da prisão,
podendo decidir pelo seu relaxamento. Não sendo encontrada nenhuma
ilegalidade, o juiz pode proceder com a conversão da prisão em flagrante em
prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança.

Como conseguir a liberdade provisória?

Na audiência de Custódia, em nenhum momento se discutirá sobre o delito e


sim, será analisada se a prisão foi efetuada totalmente dentro da legalidade.

O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos diz que qualquer pessoa


presa deve ser encaminhada sem demora a uma autoridade judicial e tem o
direito de ser julgada em prazo razoável e de ser posta em liberdade.

Dessa forma, o juiz pode decidir na audiência por:

1. Relaxar a prisão ilegal;


2. Converter a prisão em flagrante em preventiva, apenas se presentes os
requisitos do Art. 312 do CPP e se forem insuficientes e inadequadas as
medidas cautelares.
3. Conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança.

Assim, nos termos do Art. 310 do CPP, O juiz pode conceder a liberdade
provisória se o agente pratica a conduta em uma dessas condições:

1) estado de necessidade;

2) legítima defesa;

3) Cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito.

Além disso, se não estiverem presentes os requisitos para decretação da


prisão preventiva presentes no Art. 312 do CPP, pode o Juiz conceder a
liberdade provisória ao agente.

Diante desse quadro, parte da doutrina mais recente, além de negar a natureza
cautelar à prisão em flagrante, descarta ser ela título autônomo de mais uma
das espécies de prisão provisória, pois, ou será desconstituída pelo juiz pelo
relaxamento (caso ilegal) ou será substituída por uma das medidas cautelares
elencadas no art. 319 do CPP.
Fazendo-se uma interpretação mais profunda das várias regras que tratam da
prisão e da liberdade provisória, constata-se que a reforma de 2011 não
depurou os equívocos sistemáticos existentes e ainda criou outros problemas
desta ordem.
Verificadas as controvérsias que surgem da má regulamentação dos efeitos da
prisão em flagrante e o tratamento da liberdade provisória, com ou sem fiança.
Em um primeiro momento, pode parecer que cessam todos os efeitos jurídicos
e fáticos da prisão em flagrante a partir das decisões previstas art. 310.
Quando o juiz relaxa a prisão ilegal, converte essa prisão em preventiva ou em
outra medida cautelar, ou mesmo quando concede liberdade provisória, com ou
sem fiança, os efeitos da prisão em flagrante não se fazem sentir. Isso porque
aquele que foi solto por essas decisões só poderá voltar a ser preso mediante
futura decretação de sua prisão preventiva, quando cabível, é lógico. Vejam-se
as regras do art. 282, § 4º, art. 312, parágrafo único, arts. 343 e 350, parágrafo
único, todos do CPP.
Entretanto, cabe algumas ressalvas a tal entendimento, conforme apontamos a
seguir. A maior parte da doutrina recente sustenta que não basta o
descumprimento de algum dever inerente à medida cautelar que substituiu a
prisão em flagrante para que se possa decretar a prisão preventiva, com fulcro
nos artigos elencados, sendo necessários os requisitos dos arts. 312 e 313 do
código. Ora, se for assim, a prisão preventiva teria que ser decretada de
qualquer forma, não tendo qualquer relevância o descumprimento da outra
medida cautelar pessoal.
Dessa forma, o que liberdade provisória é essa que não pode ser revogada?
Liberdade que não pode ser revogada é liberdade plena. O que caracteriza a
liberdade provisória é a sua vinculação a determinados deveres processuais
que, se descumpridos, acarretam na sua revogação, restaurando a eficácia da
prisão anterior. Vale dizer, a liberdade provisória, para ser realmente provisória,
não pode desconstituir a prisão em flagrante. Caso contrário, temos uma
liberdade plena. 6 JARDIM, Afrânio da Silva; AMORIM, Pierre Souto Maior Coutinho de.
Direito processual penal: estudos e pareceres. 13. ed. atual e ampl. Rio de Janeiro, Lumen Iuris,
2014, p. 420. 140 FAE Centro Universitário.

Por outro lado, resta uma hipótese de liberdade realmente provisória que, sem perceber, o
legislador deixou no código. Nesse caso, caberá a revogação da liberdade provisória e não a
decretação da prisão preventiva do réu. Trazendo o questionamento do caráter provisório da
liberdade e reconhecemos que a prisão em flagrante não foi desconstituída. A possibilidade de
revogação da liberdade provisória (e aqui ela é provisória mesmo) se verifica da regra do
parágrafo único do art. 310 do CPP.

Preso em flagrante, se o juiz verificar que o indiciado ou réu praticou a conduta típica,
justificado por uma aparente excludente de ilicitude, poderá “conceder ao acusado liberdade
provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de
revogação (grifo nosso)”. Nessa hipótese, revoga-se a liberdade provisória, ficando
restabelecidos os efeitos da prisão em flagrante. Certo que, revogada a liberdade provisória
prevista no parágrafo único do art. 310, a prisão em flagrante que se restabelece será
substituída por uma das medidas cautelares pessoais elencadas no CPP.

Entretanto, ainda que por breve lapso temporal, os efeitos da prisão reaparecem para serem
substituídos. Julgamos ter ficado ainda outro vestígio da permanência dos efeitos da prisão em
flagrante por descuido do legislador que reformou parcialmente o nosso código. Dentro do
capítulo intitulado “Da Liberdade Provisória, Com ou Sem Fiança”, encontramos a regra do art.
340, que trata do reforço da fiança, determinado pelo magistrado. O parágrafo único dispõe
expressamente: “A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na
conformidade deste artigo, não for reforçada”.

Aqui também se restabelece a prisão em flagrante. Julgo que isso deve ocorrer nas hipóteses
dos arts. 338 e 339. Nesses casos, embora não se cuide a rigor de revogação da liberdade
provisória, fica demonstrado que a prisão em flagrante pode ser restabelecida, mesmo após os
momentos processuais previstos no aludido art. 310, ainda que ela possa, ao depois, voltar a
ser substituída por outra medida cautelar. Por todo o exposto, concluímos que a reforma do
CPP, realizada pela lei n. 12.403, de 4 de maio de 2011, acabou com o pouco de sistemático
que ainda podia se extrair dos artigos alterados ou revogados, “amesquinhando” a prisão em
flagrante e quase que tirando integralmente da liberdade provisória o que lhe é característico:
a provisoriedade (como medida de contracautela que era).

Tendo-se em vista que essas são algumas poucas incongruências da reforma, pois há muitas
outras que poderemos apontar em um futuro estudo mais abrangente de todas as regras que
tratam do correspondente “Título IX: da Prisão, das Medidas Cautelares e da Liberdade
Provisória”. Até mesmo pela redação desse título, parece que nenhuma das prisões
processuais são medidas cautelares. Como se equivocou o legislador! Revista Justiça e Sistema
Criminal, v. 6, n. 11, p. 133-142, jul./dez. 2014. 141 Fica aqui a esperança de que o projeto do
CPP, que ora tramita no Congresso Nacional, apresente um verdadeiro sistema para a Prisão
Provisória e a Liberdade Provisória, corrigindo as diversas distorções atuais e que tal sistema
retrate um desejado equilíbrio entre os direitos individuais fundamentais e a proteção de
segurança devida pelo Estado a todas as pessoas.

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