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Módulo: Como se preparar para a

Audiência de Custódia

Aula III: Audiência de Custódia na prisão


em Flagrante (parte 1)
Prof. Roberta Andreani Reynaud

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O que vimos na última aula?

Estudamos sobre as etapas de uma audiência de


custódia, de acordo com o disposto na Resolução do CNJ
nº213/2015 e o complemento do Código de Processo
Penal.

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Conteúdo da 3ª Aula

Entenderemos quais as questões e requerimentos


a serem abordados quando o cliente submetido à audiência
de custódia, FOI PRESO EM FLAGRANTE.

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3.1. Desmembramentos da Flagrância
delitiva

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3.2. O que o juiz analisará na audiência?

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3.3. GUIA PARA O ADVOGADO:
➢ Critérios para a definição:

- Se a prisão em flagrante é ILEGAL;


- Se cabe a LIBERDADE PROVISÓRIA (com fiança);
- Se é caso da decretação da PRISÃO PREVENTIVA;

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3.3. GUIA PARA O ADVOGADO:
➢ Critérios para a definição: (continuação)

- Se a prisão preventiva poderá ser substituídas por MEDIDAS


CAUTELARES e

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3.3.1. Ilegalidades na prisão em
flagrante
3.3.1.1. Durante a prisão-captura:
- O fato é realmente típico?
- O preso encontrava-se em situação de flagrância delitiva?
- Os direitos constitucionais do preso foram respeitados?

3.3.1.2. O procedimento da lavratura do APF foi respeitado?


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O fato é típico?
(ilegalidades da prisão)
Tipicidade formal: Juízo de subsunção entre um fato e a
norma

Em outras palavras: O ato praticado pelo agente se encaixa


perfeitamente a algum tipo penal incriminador?

Análise dos elementos objetivos e subjetivos da norma.


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O fato é típico?
(ilegalidades da prisão)
Tipicidade material: Além da subsunção entre o fato e a
norma (tipicidade formal), houve lesão ou exposição de
perigo graves de um bem jurídico penalmente tutelado?

Ex. A entra em determinada loja e subtrai uma garrafinha


vazia. É furto?

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OBSERVAÇÃO
Incide sobre a situação fática, alguma causa MANIFESTAMENTE
excludente da ilicitude ?
Causas LEGAIS excludente da ILICITUDE: 1.Legítima Defesa,
2.Estado de necessidade, 3. Estrito cumprimento do dever legal
e 4.Exercício regular do direito
Causas SUPRALEGAIS excludentes da ILICITUDE: 5.
Consentimento da vítima, 6. Adequação social, 7. Insignificância

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OBSERVAÇÃO (continuação)
Art.310 (...)
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o
agente praticou o fato em qualquer das condições constantes
dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá,
fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos
processuais, sob pena de revogação. (Renumerado do parágrafo
único pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)
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O preso se encontra em flagrância delitiva?
(ilegalidade da prisão)
Código de Processo Penal:
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal; (FLAGRANTE PRÓPRIO OU


REAL)

II - acaba de cometê-la; (FLAGRANTE PRÓPRIO OU REAL)


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O preso se encontra em flagrância delitiva?
(ilegalidade da prisão)(continuação)
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido
ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir
ser autor da infração; (FLAGRANTE IMPRÓPRIO OU
QUASE FLAGRANTE)

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas,


objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração (FLAGRANTE PRESUMIDO OU FICTO)
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O preso se encontra em flagrância delitiva?
(ilegalidades da prisão)(continuação)
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente
em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

O que é uma infração/crime permanente? É aquele cuja


consumação se alonga no decurso do tempo.

Ex. Sequestro e cárcere privado.


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O preso é conduzido à presença da autoridade
policial e informado sobre os seus direitos: Art.5º,
LXII e LXIII da CF/88 e art. 306 do CPP
(ilegalidades da prisão)

1.a) Direito ao silêncio;

1.b) Direito de chamar o seu advogado;

1.c) Assistência da família


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3.3.1. Ilegalidades na prisão em
flagrante
3.3.1.1. Durante a prisão-captura:
- O fato é realmente típico?
- O preso encontrava-se em situação de flagrância delitiva?
- Os direitos constitucionais do preso foram respeitados?

3.3.1.2. O procedimento da lavratura do APF foi respeitado?


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OBS 1:

Ao se deparar com a informação da prisão-captura, é


responsabilidade da Autoridade Policial, analisar se estão
realmente o fato é típico e estão presentes os requisitos do
flagrante delito, já estudados nesse curso.
Se entender que NÃO, seu dever é RELAXAR
IMEDIATAMENTE A PRISÃO-CAPTURA e NÃO LAVRAR O
APF.
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OBS 2:

Embora grande parte da jurisprudência entenda que a


desobediência de tal procedimento, em algumas situações,
é MERA IRREGULARIDADE e portanto não é nulidade apta
a provocar o RELAXAMENTO DA PRISÃO, é preciso estar
atento e argui-las, sempre que existentes.

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OBS 3:

Se por outro lado, entender que SIM, o fato é típico e


houve o flagrante delito, deverá a mesma autoridade,
formalizar o ato da prisão-captura, através de documento
escrito, denominado de APF, sempre respeitando as regras
do artigo 304 e 306 do CPP.

SÃO ELAS:
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3.3.1.2.1– Autoridade Policial ouvirá na
seguinte ordem: O condutor, testemunhas
e preso
✓ Condutor: Policial, ofendido ou particular que conduziu o
preso até o local da APF;

✓ Testemunhas: Pessoas que acompanham o condutor e


presenciaram os fatos (prisão);

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3.3.1.2.1– Autoridade Policial ouvirá na
seguinte ordem: O condutor, testemunhas
e preso
✓ Vítima: Como o artigo 304 do CPP não fala em vítima, a
doutrina e jurisprudência entendem que a mesma pode
estar entre testemunhas, embora é claro, isenta do
compromisso de dizer a verdade ou ser a condutora.
✓ Interrogatório do preso deve ser feito da mesma forma
que da AIJ, seguindo as regras do artigo 186 do CPP
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OBSERVAÇÃO:
(art. 304, §4º do CPP)
“Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a
informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
presa”
Tais informações vêm geralmente no TERMO DO
INTERROGATÓRIO DO PRESO. A necessidade de tais informações
é preponderante para a audiência de custódia
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3.3.1.2.2- Artigo 306,§1ºdoCPP

Comunicação ao MP, à Defensoria Pública, à família do


preso e ao juiz em 24 horas.

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3.3.1.2.2–Recolhimento ao cárcere
(quando mantida a prisão)
NOTA DE CULPA: É um documento entregue ao preso que
contém as informações e motivações da prisão, assim como
o nome do condutor e das testemunhas. Prazo 24 horas
(art.306, §2º do CPP).
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3.3.1. Ilegalidades na prisão em
flagrante
3.3.1.1. Durante a prisão-captura:
- O fato é realmente típico?
- O preso encontrava-se em situação de flagrância delitiva?
- Os direitos constitucionais do preso foram respeitados?

3.3.1.2. O procedimento da lavratura do APF foi respeitado?


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3.3. GUIA PARA O ADVOGADO:
➢ Critérios para a definição:

- Se a prisão em flagrante é ILEGAL;


- Se cabe a LIBERDADE PROVISÓRIA (com fiança);
- Se é caso da decretação da PRISÃO PREVENTIVA;

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Se a prisão for legal,
3.3.2. Cabe liberdade provisória com fiança?

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obs: Art. 322 do CPP
A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior
a 4 (quatro) anos.

Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz,


que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela
Lei nº 12.403, de 2011).

OBS: Entende-se que o juiz a analisar no parágrafo único é o da


audiência de custódia www.legale.com.br
OBS: Art.323 do CPP
“Não será concedida fiança:

I - nos crimes de racismo;

II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,


terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;

OBS: Leitura da Lei nº8072/90 -


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OBS: Art.323 do CPP
“Não será concedida fiança:

III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares,


contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”

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OBS: Art.324 do CPP
“Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança
anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo,
qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328
deste Código;

II - em caso de prisão civil ou militar;


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OBS: Art.324 do CPP
Não será, igualmente, concedida fiança:

III - (revogado);

IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação


da prisão preventiva (art. 312)”.

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3.3. GUIA PARA O ADVOGADO:
➢ Critérios para a definição:

- Se a prisão em flagrante é ILEGAL;


- Se cabe a LIBERDADE PROVISÓRIA (com fiança);
- Se é caso da decretação da PRISÃO PREVENTIVA;

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3.3.3 . Prisão Preventiva

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3.3.3 . Prisão Preventiva
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a
decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade
máxima superior a 4 (quatro) anos;

II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença


transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do
art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal;
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3.3.3 . Prisão Preventiva

III - se o crime envolver violência doméstica e familiar


contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou
pessoa com deficiência, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência;

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3.3.3 . Prisão Preventiva
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver
dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não
fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso
ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação,
salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.

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3.3. GUIA PARA O ADVOGADO:
➢ Critérios para a definição:

- Se a prisão em flagrante é ILEGAL;


- Se cabe a LIBERDADE PROVISÓRIA (com fiança);
- Se é caso da decretação da PRISÃO PREVENTIVA;

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3.3. GUIA PARA O ADVOGADO:
➢ Critérios para a definição: (continuação)

- Se a prisão preventiva poderá ser substituídas por


MEDIDAS CAUTELARES

Para o caso de preenchidos os requisitos da


preventiva
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3.3.4 Medida Cautelar - Art. 319 CPP
I- comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições
fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando,
por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas
infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando,
por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado
dela permanecer distante; (...)”
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Sugestão de caso
(a ser resolvido na aula 4)
Em 11 de outubro de 20xx, Reinaldo estava no interior
de um ônibus da empresa Y rumo à São Paulo, com o seu
filho de 10 anos, a fim de levá-lo ao velório da sua ex-
mulher, mãe do menino.
Naquele momento, Reinaldo foi abordado por uma
equipe da Polícia Rodoviária Federal, e encontrado em seu
poder, oito barras de ouro, pesando aproximadamente
4.350 kgs.
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Sugestão de caso
(a ser resolvido na aula 4)
Os policiais prenderam Reinaldo em flagrante e o
conduziram para a XX Delegacia Regional de Polícia, local
onde foi lavrado o APF.
Reinaldo permanece na Casa de Prisão Provisória de
XX. Enviado o APF para a 3ª Vara Criminal da Comarca Y,
juiz de direito e MP estaduais foram categóricos pela
competência da Justiça Federal.
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Sugestão de caso
(a ser resolvido na aula 4)
Após o envio do APF para a Justiça Federal da Região X,
foi designada audiência de custódia.

O próprio Reinaldo entrou em contato telefônico com


você, pedindo para que o oriente e o acompanhe na
audiência de custódia que será realizada no mesmo dia.
O que você faria na referida audiência?
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