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A ATUAÇÃO DO ADVOGADO NA AUDIÊNCIA DE

CUSTÓDIA
 André Luiz Ortiz Minichiello
 Advogado; Doutorando em Direito pela UNIMAR – Universidade de
Marília; Mestre em Direito Pela UNIMAR – Universidade de Marília;
Professor de Direito Penal e Prática Processual Penal da FANORPI de
Santo Antônio da Platina-PR; Professor convidado dos Cursos de Pós-
Graduação em Direito Penal e Direito Processual Penal da FADAP –
Faculdade da Alta Paulista de Tupã- SP, UNITOLEDO – Centro
Universitário Toledo de Ensino de Araçatuba-SP e UNOPAR de
Bandeirantes-PR.
 Contato: e-mail – alom@adv.oabsp.org.br
 Instagram: @profandrelom
 (14)98199-4761
A Audiência de Custódia

 Resolução 213 do CNJ

 Crítica ao termo CUSTÓDIA

 As considerações aqui apresentadas são feitas


na visão da DEFESA!
QUEM DEVE SER APRESENTADO EM
AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA?
 IMPROPRIEDADE DO ART. 1º - “toda pessoa presa em flagrante
delito”
 Amplitude do rol daqueles que devam ser apresentados:
 Casos de prisão em flagrante
 Casos de cumprimento de mandado de prisões cautelares
 Casos de cumprimento de mandado de prisão definitiva

 IMPOSIÇÃO PELO ARTIGO 13 DA RESOLUÇÃO 213


 Art. 13. A apresentação à autoridade judicial no prazo de 24 horas também
será assegurada às pessoas presas em decorrência de cumprimento de
mandados de prisão cautelar ou definitiva, aplicando-se, no que couber, os
procedimentos previstos nesta Resolução.
 Parágrafo único. Todos os mandados de prisão deverão conter,
expressamente, a determinação para que, no momento de seu
cumprimento, a pessoa presa seja imediatamente apresentada à
autoridade judicial que determinou a expedição da ordem de custódia ou,
nos casos em que forem cumpridos fora da jurisdição do juiz processante,
à autoridade judicial competente, conforme lei de organização judiciária
local.
Descumprimento do art. 13 – como
proceder?
 ILEGALIDADE DO ATO – CABIMENTO DE PEDIDO
DE RELAXAMENTO DE PRISÃO
 ART. 5º LXV CF/88 - a prisão ilegal será
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
 HC para demonstrar o constrangimento ilegal
decorrente da ilegalidade do ato prisional pelo
descumprimento do art. 13 da Resolução,
combinando-se com o art. 5º, LXV
OBJETIVOS DA AUDIÊNCIA DE
APRESENTAÇÃO
 Tal audiência decorre de Tratado Internacional Protetivo de
Direitos Humanos – assim, o objetivo maior é assegurar
direitos humanos da pessoa presa.
 Proteção das garantias processuais do acusado.

Objetivos decorrentes da proteção:

 Averiguação de ocorrência de algum tipo de violência


(tortura, maus –tratos), desde sua prisão cautelar por parte
das autoridades policiais até o momento da apresentação;
 Identificar corretamente a pessoa apresentada – verificação se é
realmente contra ela que se expediu a ordem de prisão;
 Ouvir a pessoa apresentada sobre as circunstâncias da prisão pelas
autoridades policiais – ATUAÇÃO DA POLÍCIA – local da prisão,
momento ou horário da prisão, forma de abordagem, uso indevido
de algemas etc.
 Verificação da legalidade do ato de prisão – a partir das
informações colhidas;
 Verificação se não se encontra extinta por algum modo a
punibilidade do agente.
NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO DO(A)
ADVOGADO(A) CONSTITUÍDO(A)
 Art. 5º Se a pessoa presa em flagrante delito
constituir advogado até o término da lavratura do
auto de prisão em flagrante, o Delegado de polícia
deverá notificá-lo, pelos meios mais comuns, tais
como correio eletrônico, telefone ou mensagem de
texto, para que compareça à audiência de
custódia, consignando nos autos.
A ATUAÇÃO DO(A) ADVOGADO(A) NA
AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO
 QUESTÕES PRÉVIAS:

 Preparação para a audiência:


 1- verificar qual o fato imputado ao cliente e circunstâncias do
fato;
 2- analisar se é caso em que o delegado deveria ter fixado fiança
e não o fez ou se o fez a arbitrou em valor que o cliente não
tenha condições de recolher; (322,325,350 CPP)
 3- analisar se é caso em que se admite prisão preventiva ou
não; (311, parágrafo único; 313 e 314)
 4- separar e juntar aos autos ou levar consigo documentos que
possam ser importantes para eventuais requerimentos em
audiência;
ENTREVISTA RESERVADA

 Art. 6º Antes da apresentação da pessoa presa ao juiz, será


assegurado seu atendimento prévio e reservado por advogado por
ela constituído ou defensor público, sem a presença de agentes
policiais, sendo esclarecidos por funcionário credenciado os
motivos, fundamentos e ritos que versam a audiência de custódia.
Parágrafo único. Será reservado local apropriado visando a garantia
da confidencialidade do atendimento prévio com advogado ou
defensor público.
VEDAÇÃO DA PRESENÇA DE POLICIAIS DA
PRISÃO OU INVESTIGAÇÃO
 Art. 4º A audiência de custódia será
realizada na presença do Ministério
Público e da Defensoria Pública, caso a
pessoa detida não possua defensor
constituído no momento da lavratura
do flagrante.

 Parágrafo único. É vedada a presença


dos agentes policiais responsáveis pela
prisão ou pela investigação durante a
audiência de custódia.
A AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO

 Direito do advogado de gravar a audiência:


 Aplicação por analogia do art. 367, §§ 5º e 6º do CPC
 § 5o A audiência poderá ser integralmente gravada em
imagem e em áudio, em meio digital ou analógico, desde que
assegure o rápido acesso das partes e dos órgãos julgadores,
observada a legislação específica.
 § 6o A gravação a que se refere o § 5o também pode ser
realizada diretamente por qualquer das partes,
independentemente de autorização judicial.
 https://www.conjur.com.br/2017-fev-13/juiz-nao-proibir-
advogado-gravar-audiencia-afirma-oab-pr
PROCEDIMENTO DA AUDIÊNCIA E
ATUAÇÃO DO(A) ADVOGADO(A)
 Conteúdo da audiência – art. 8º
 II – assegurar que a pessoa presa não esteja algemada, salvo em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria
ou alheia, devendo a excepcionalidade ser justificada por escrito;
 III – dar ciência sobre seu direito de permanecer em silêncio;
 IV – questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos
direitos constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o direito de
consultar-se com advogado ou defensor público, o de ser atendido por médico e o
de comunicar-se com seus familiares;
 V – indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão;
 VI – perguntar sobre o tratamento recebido em todos os locais por onde passou
antes da apresentação à audiência, questionando sobre a ocorrência de tortura e
maus tratos e adotando as providências cabíveis;
 VIII – abster-se de formular perguntas com finalidade de produzir
prova para a investigação ou ação penal relativas aos fatos objeto
do auto de prisão em flagrante;
 X – averiguar, por perguntas e visualmente, hipóteses de gravidez,
existência de filhos ou dependentes sob cuidados da pessoa presa
em flagrante delito, histórico de doença grave, incluídos os
transtornos mentais e a dependência química, para analisar o
cabimento de encaminhamento assistencial e da concessão da
liberdade provisória, sem ou com a imposição de medida cautelar.
A DEFESA TEM A PALAVRA

 § 1º Após a oitiva da pessoa presa em flagrante delito, o juiz deferirá ao


Ministério Público e à defesa técnica, nesta ordem, reperguntas
compatíveis com a natureza do ato, devendo indeferir as perguntas
relativas ao mérito dos fatos que possam constituir eventual imputação,
permitindo-lhes, em seguida, requerer:
 I – o relaxamento da prisão em flagrante;
 II – a concessão da liberdade provisória sem ou com aplicação de medida
cautelar diversa da prisão;
 III – a decretação de prisão preventiva;
 IV – a adoção de outras medidas necessárias à preservação de direitos da
pessoa presa
DECRETAÇÃO DE PRISÃO CUATELAR
ANTES DA AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO
 Neste caso a pessoa foi presa em flagrante e antes de sua
apresentação ocorre a decretação de prisão cautelar – O QUE
FAZER?
 Alteração do título prisional – de flagrante para preventiva ou
temporária.
 NULIDADE DA DECISÃO E CABIMENTO DE RELAXAMENTO –
motivos
 A regra é que antes de da decretação da medida cautelar (inclusive
a prisão cautelar) o juiz determinará a manifestação da parte
contrária, SALVO EM CASOS DE URGÊNCIA OU PERIGO DA
INEFICÁCIA DA MEDIDA. ART. 282, §3º do CPP.
 Estando presa a pessoa pergunto: qual o prejuízo de se oportunizar
a manifestação da defesa antes da decretação?
 O momento pertinente seria na audiência de apresentação, vez que pelo art.
8º, §1º as partes podem fazer requerimentos.
 Assim, a prisão é nula, pois, não havendo risco de frustração da medida a
regra é a manifestação da parte contrária antes da decisão.
 A prisão decretada é ilegal – admite-se o pedido de relaxamento.
 MAS E SE O(A) JUIZ(A) DA AUDIÊNCIA DE APRESENTAÇÃO CONFIRMAR A DECISÃO
DE DECRETAÇÃO?
 Verificar se houve simples confirmação e daí requerer o relaxamento da
prisão em HC tanto pela ilegalidade do decreto prisional originário quanto
pela falta de fundamentação específica na confirmação.
 Caso contrário combater em HC a real presença ou não dos fundamentos da
prisão preventiva.
Considerações finais .....
Obrigado pela atenção!

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