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HABEAS CORPUS

DIREITO PROCESSUAL PENAL II

Prof. Guilherme Roman Borges


HABEAS CORPUS
1 DEFINIÇÃO E NATUREZA JURÍDICA

2 CONDIÇÕES DA AÇÃO

3 ESPÉCIES DE HC

4 HIPÓTESES

5 COMPETÊNCIA

6 PROCEDIMENTO
- Trata-se de um remédio constitucional para garantia do direito de
1 DEFINIÇÃO E locomoção (ir, vir e ficar), previsto no art. 5º LXVIII, da Constituição
NATUREZA Federal: “Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
JURÍDICA locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.”

- No âmbito do direito processual penal ganha contornos de uma ação


autônoma de impugnação, pois inaugura uma nova relação processual e
pode ser impetrado após o trânsito em julgado da sentença.

- O habeas corpus também pode ser concedido de ofício por juízes e


tribunais.
2 CONDIÇÕES DA AÇÃO
Interesse de agir

Deve existir ameaça, violência ou coação à liberdade ambulatória, decorrente de ilegalidade ou abuso
de poder.

Para que se configure a violência, deve ocorrer a situação em que o emprego da força impede que a
pessoa tenha liberdade corpórea.

Para que ocorra a coação, basta uma conduta positiva ou negativa que cause constrangimento à
liberdade de locomoção.

A ameaça, a violência ou a coação devem ser ilegais, portanto não é ilegal a violência usada de
maneira moderada para a prisão em flagrante ou para o cumprimento de uma ordem judicial de
prisão. O abuso de poder ocorre quando o agente não tem competência para praticar o ato ou o faz
com abuso de autoridade.
2 CONDIÇÕES DA AÇÃO
Hipóteses em que não há interesse de agir para impetração de habeas corpus

- Em persecução penal referente à infração penal à qual seja cominada tão somente a pena de multa.
Súmula 693 STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo
a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.”

Ex: crime de porte de drogas para consumo pessoal

- Quando já tiver sido cumprida a pena privativa de liberdade


Súmula 695 STF: “Não cabe habeas corpus quando já́ extinta a pena privativa de liberdade.”

- Quando tiver sido aplicada a pena de exclusão militar, perda de patente ou de função pública, em
virtude de infração funcional ou em virtude de efeito extrapenal da condenação transitada em julgado.
2 CONDIÇÕES DA AÇÃO
- Para pedir a anulação do processo em favor da defesa, quando ocorreu ao final da instrução a
absolvição do acusado.

- Para visitar detento.

- Para requerer revisão de custas processuais.


Súmula 395 STF: “Não se conhece do recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o
ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.”

- Para atacar decisão que suspende o direito de dirigir veículo automotor.

- Para substituir Recurso Ordinário, da decisão que denega habeas corpus em única instância pelos
Tribunais Superiores e em única ou última instância nos Tribunais de Justiça e Regionais Federais.
2 CONDIÇÕES DA AÇÃO
Possibilidade Jurídica do Pedido

- Não admissão do habeas corpus em relação a punições disciplinares militares (art. 142, §2° e art.
42, §1°, da CF)

Essa vedação foi relativizada pelo STF, o habeas corpus seja utilizado para contestar a legalidade da
prisão, ainda que não posse adentrar no seu mérito.

- Não se admite habeas corpus quando o Estado de Sítio for decretado (art. 139, CF)
Nesse estado emergencial, as seguintes medidas podem ser decretadas: 1) obrigação de permanência
em localidade determinada; 2) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por
crimes comuns; 3) busca e apreensão em domicílio.
Realmente, não se pode atacar o mérito da medida pela via do habeas corpus, mas a sua legalidade e
vícios formais podem ser questionados.
2 CONDIÇÕES DA AÇÃO
Legitimidade Ativa
Impetrante: Qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, ainda que sem a plena
capacidade civil e independentemente de capacidade postulatória. (Art. 654, CPP).
O Ministério Público tem legitimidade para impetrar habeas corpus em favor do réu.
O Delegado de Polícia e o Juiz não podem impetrar habeas corpus, este deve concedê-lo de ofício.

Paciente: o indivíduo que está sofrendo ou sob ameaça de sofrer coação na sua liberdade de ir e vir.
A pessoa jurídica não pode ser paciente de um habeas corpus.
O Paciente pode ser impetrante.

Legitimidade Passiva (coator)


Autoridade Pública (delegado, juiz, tribunal, MP, etc.)
Particular (quando o diretor do hospital impede a pessoa de sair do estabelecimento por falta de
pagamento.)
LIBERATÓRIO – Impetrado quando a violência ou
coação à liberdade de locomoção já ocorreu. Quando
já ocorreu ou foi decretada a prisão. Nesse caso,
concedida a ordem, será emitido o alvará de soltura.

PREVENTIVO – Impetrado quando existe a iminência


plausível do constrangimento à liberdade de
locomoção. Quando usado, por exemplo, para trancar
o processo penal (ex. quando extinta a punibilidade).
3 ESPÉCIES Nesse caso, será expedido um salvo-conduto.
4 HIPÓTESES

Art. 648, do CPP

I- quando não houver justa causa.


II – quando alguém estiver preso por mais tempo que a lei determina.
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo.
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação.
V- quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza.
VI – quando o processo for manifestamente nulo.
VII – quando extinta a punibilidade.
4 HIPÓTESES

I- Falta de justa causa para a prisão

Quando não ocorrer as situações previstas no art. 5º, LXI, CF:


Ninguém poderá ser preso, a não ser em flagrante delito ou
mediante ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar
ou crime propriamente militar.

Quando não se tratar de prisão civil do devedor de alimentos.

Quando se admite a concessão de liberdade provisória.

Quando não houver proibição de frequentar determinados


lugares ou de recolhimento domiciliar decorrentes de decisões
do juízo criminal.
4 HIPÓTESES
II – quando alguém estiver preso por mais tempo que a lei
determina.

Excesso de prazo nas prisões cautelares. A prisão preventiva


deve ser revisada a cada 90 dias.
Soltura de André do Rap, do PCC.

III – quando quem ordenar a coação não tiver competência


para fazê-lo.

A prisão cautelar não pode ser decretada por juiz de férias ou


licenciado.

IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação.


Quando ocorre a alteração do suporte fático que sustentava a
prisão preventiva.
4 HIPÓTESES
IV- quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos
casos em que a lei a autoriza
Nesse caso, pode ser impetrado contra ato do Delegado que
não arbitrou a fiança ou do juiz, que pode inclusive responder
por abuso de autoridade.

VI – quando o processo for manifestamente nulo


Poderá ser impetrado mesmo quando transitada em julgado a
sentença condenatória ou absolutória imprópria, desde que se
trata de nulidade absoluto, não sujeito à convalidação.
Serve para impugnar decisão que indefere pedido de
reconhecimento de ilicitude de prova, desde que não exija
dilação probatória.

VII – quando extinta a punibilidade


(Nas hipóteses previstas em lei).
5 COMPETÊNCIA
Dois critérios orientam a definição da
competência: a territorialidade (de acordo com a
comarca, subseção ou circunscrição judiciária em
que estiver ocorrendo a coação ou ameaça) e a
hierarquia (sempre que a coação ou ameaça for
atribuída a um órgão do PJ, a competência será
do tribunal imediatamente superior).

Supressão de instância: uma ordem de habeas


corpus só pode ser reconhecida pela instância
superior, quando os juízes inferiores tiverem sido
provocados, salvo em situações absurdas ou de
manifesta ilegalidade.
5 COMPETÊNCIA
STF (art. 102, I, d e i, da CF)
Paciente
- Presidente da República; Vice-Presidente da República;
Deputados Federais; Senadores Federais; Ministros do STF;
Ministros de Estado; Membros dos Tribunais Superiores;
Membros do Tribunal de Contas da União; Chefes de Missão
Diplomática de caráter permanente
Coator
Será o tribunal coator que proferir condenação em processo
originário ou confirmar a sentença de primeiro grau. Na revisão
criminal por tribunal de 2º grau, o HC deve ser impetrado no
mesmo órgão, porque a revisão não devolve o conhecimento
integral da matéria.
- Tribunais Superiores
Coator ou paciente
Autoridade ou funcionário sujeitos à jurisdição do STF

Ou se trate de crime de competência originária do STF.


5 COMPETÊNCIA
STJ (art. 105, I, c, da CF)

Coator ou paciente
Governador; Desembargador dos TJ’s, TRF’s, TRT, membro do
Tribunal de Contas Municipal, integrante do MP da União que
oficia perante os Tribunais.

Coator
Tribunal sujeito à sua jurisdição (TJ, TJM, TRF), ministro de
Estado, Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica.

TRF (art. 108, I, d, da CF)

Coator
Juiz federal, membros do MP da União que não atuem perante os
Tribunais e Turma Recursal do Juizado Especial Criminal.
5 COMPETÊNCIA
TJ

Coator
Juiz, Promotor de Justiça ou Turma Recursal dos Juizados
Especiais Criminais

Turma Recursal do Juizado

Coator
Juiz dos Juizados Especiais Criminais

Juiz singular

Coator
Autoridade Policial ou particular.
6 PROCEDIMENTO
Petição inicial
Qualquer pessoa pode impetrar um HC, não precisa ter habilitação profissional.
Deve conter:
a) O nome da pessoa que tem sua liberdade de locomoção ameaçada ou cerceada.
(qualificação que permita identificá-la)
b) O nome de quem ameaça ou cerceia a liberdade de ir e vir. No caso de autoridade
pública, basta indicar a função.
c) A declaração da espécie de constrangimento.
d) Não deve exigir dilação probatória, que não se confunde com análise do conjunto
probatório pré-constituído no processo ou fora dele, nesse caso deve ser trazido aos
autos.
e) Assinatura do impetrante
Deve ser redigida em português.
6 PROCEDIMENTO

Medida Liminar
Fumus boni iuris e periculum in mora
Se for indeferida a liminar pelo relator, não cabe outro HC, sob pena de supressão de instância,
nem agravo regimental.

Apresentação de preso e requisição de informações.

Manifestação do MP (no prazo de 2 dias)

Sentença
Efeito extensivo

Recursos
RESE - Da decisão do juiz singular que conceder ou negar a ordem de HC.
Cabe reexame necessário da decisão que concede HC.
6 PROCEDIMENTO
Recurso Ordinário
STJ – HC decidido em única ou última instância pelos TRFS e Tribunais dos
Estados, quando denegatória a decisão.
STF – HC decidido em única ou última instância pelos Tribunais Superiores,
quando denegatória a decisão.

Recurso Especial → concessão de writ pelos tribunais.


Recurso Extraordinário → concessão de writ pelos tribunais.

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