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Natália Abreu1
Resumo
Sendo assim foi possível observar nesse breve resumo que o delegado de polícia é um
instrumento importantíssimo para o bem jurídico brasileiro, no entanto, seus requisitos e
pressupostos de possuir a autonomia na condução das investigações, de modo que, o
Delegado de Polícia por ser o primeiro representante do Estado a ter acesso ao fato dito
como criminoso, poderá filtrar caso em que fique evidente conforme dispões a jurisprudência
de crimes insignificantes, causando assim uma maior economia aos cofres públicos, além de
proporcionar agilidade processual nos que realmente necessitam de atenção especial, logo,
pode-se dizer que todos tem a ganhar ao dar mais essa designação ao Delegado de Polícia,
pois não possui norma que vede tal conduta.
This abstract for the scientific article will address the discussion about the competence of the
delegate and his authority to avoid criminal action. Developed through bibliographical research
and analysis of information, the study indicates the power of the Delegate not to initiate the
Inquiry, determining the archiving of the crime news. The Brazilian criminal procedure is
composed of three phases, each one destined to the observance of laws and general principles, they
are: the police investigation (investigative phase), criminal action (analysis of the conduct and
culpability under the scrutiny of the contradictory and ample defense) and criminal execution
(fulfillment of the sentence with the purpose of re-socializing the convict). There are, in this case,
situations where the authorship is identified and the materiality of the offense as well, but the latter
remains atypical of the state of the damage caused by the criminal. For such hypotheses, the
principle of insignificance is used, to justify exemption from punishment or improper acquittal of
the accused. However, its recognition would originally only take place in the course of the criminal
action, by the judge in charge, which originated the problematic of the research developed, if the
Police Chief could recognize in a police investigation the insignificance of the act and from now
on archive or fail to institute the investigation.
Therefore, it was possible to observe in this brief summary that the police chief is a
very important instrument for the Brazilian legal good, however, his requirements and assumptions
of having autonomy in conducting investigations, so that the Police Chief, as he is the first
representative of the State to have access to the fact said as a criminal, will be able to filter cases in
which it becomes evident as provided by the jurisprudence of insignificant crimes, thus causing
greater savings to the public coffers, in addition to providing procedural agility in those that really
need special attention, therefore, it can be said that everyone has to gain by giving this designation
to the Chief of Police, as there is no rule that prohibits such conduct.
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Artigo componente da grade curricular da 3ª Fase do Curso de Direito do Centro Universitário para o
Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí – UNIDAVI, Campus Rio do Sul/SC.
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Acadêmicos(as) do Curso de Direito do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí –
UNIDAVI – Campus Rio do Sul/SC. E-mail:
Keywords: Trifle Principle. Police authority. Fundamental rights. for by the Drug Law.
principle of Criminal.
1 INTRODUÇÃO
O princípio da insignificância tem, como finalidade, afastar a repressão e o jus puniendi, que
advém da aplicação da norma penal quanto às condutas em que o dano e a lesividade sejam
ínfimas, este princípio está diretamente ligado aos princípios da intervenção mínima e da
fragmentariedade, que devem ser considerados diante de sua aplicação, deste modo, o
presente trabalho terá como temática analisar a aplicação do princípio da insignificância pela
autoridade policial (Delegado), e se delimitam acerca da constitucionalidade da aplicação
deste princípio no ato do inquérito policial.
No decorrer do processo penal, é possível que ao agente criminoso não seja aplicada a sanção
prevista em lei, seja por questões que envolvem o indivíduo, como também a proporção do
fato praticado. O reconhecimento da insignificância da conduta é uma delas, expressada pelo
princípio penal da bagatela.
Além da aplicação no curso da ação penal, também merece análise a possibilidade de sua
aplicação na fase policial, consubstanciado no direito que o delegado de polícia possui de
exercer o seu ofício garantindo os direitos fundamentais do cidadão e o interesse do Estado-
Juiz em evitar uma investigação policial sem justa causa.
Ademais, é preciso considerar haver uma quantidade notável de ocorrências penais que serão
consideradas atípicas pelo poder judiciário. Tais investigações ocupam tempo da polícia
judiciaria, ofende o princípio da economia processual e acaba por tornar inútil a persecução
criminal.
2. O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Temos como a análise da gravidade de uma conduta lesiva, tipificada em lei como crime ou
contravenção penal, desencadear o questionamento sobre a necessidade de se ponderar na
punição do agente. Isto porque, em determinadas situações pode acontecer de o dano causador
ser considerado de pequena relevância, o que não justificaria a imposição de uma pena. Para
essas hipóteses, temos, o processo penal brasileiro pode vir a utilizar-se do princípio da
insignificância, cuja definição, origem e aplicação são objeto de análise neste capítulo.
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- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
https://www.dicasconcursos.com/principio-da-insignificancia
2.1 CONCEITO
Há quem entenda que o princípio da insignificância tem origem histórica no direito romano,
posto que “encontrou suas bases no brocardo minima non curat praetor(*), supostamente
originário do Direito Romano e que determinava que o pretor não devia se ocupar de causas
ou delitos de bagatela” (ROCHA, 2017, p.1).
DA INSIGNIFICÃNCIA / BAGATELA
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https://pt-br.facebook.com/amoDireito/photos/macete-jur%C3%ADdico-para-gravar-os-4-
vetores-do-princ%C3%ADpio-da-insignific%C3%A2ncia-ou-baga/1258758117573004/
Apesar disso, não há expressa previsão legal de aplicação do fundamento jurídico em estudo.
No curso da ação penal, a insignificância pode ser alegada pela defesa tão logo como
fundamento para a absolvição sumária, bem como ao final, quando do julgamento de mérito
ao afastar a tipicidade material do fato. (GOMES, 2009)
Quer isto dizer que a abertura de um processo penal em desfavor de um suspeito deve ser
realizada após a investigação dos fatos, que apresentem indícios de que esta pessoa pode ser
autor de um crime ou contravenção penal. Guilherme de Souza Nucci destaca o poder e o
dever do Estado em punir pelos delitos praticados em sua jurisdição.
O Estado pode e deve punir o autor da infração penal, garantindo com isso a estabilidade e a
segurança coletiva, tal como idealizado no próprio texto constitucional (art. 5º, caput, CF),
embora seja natural e lógico exigir-se uma atividade controlada pela mais absoluta legalidade
e transparência. Nesse contexto, variadas normas permitem que órgãos estatais investiguem e
procurem encontrar ilícitos penais ou extrapenais. O principal instrumento investigatório no
campo penal, cuja finalidade precípua é estruturar, fundamentar e dar justa causa à ação penal,
é o inquérito policial (2014, p. 122).
A Constituição Federal, em seu artigo 144, § 4º, estabelece: “Às polícias civis, dirigidas por
delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares” (BRASIL, 1988).
O Código de Processo Penal – CPP, por sua vez, no artigo 4º determina a competência das
autoridades policiais:
O exercício da investigação por parte das autoridades policiais denomina-se inquérito policial
e é regulamentado do artigo 4º ao 23º do Código de Processo Penal Brasileiro. Apesar de mais
mencionado nos crimes de ação penal pública, a atuação da polícia também serve às vítimas,
querelantes em ações penais de natureza privada.O inquérito policial é um procedimento
preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e
voltado
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à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma infração penal e sua autoria. Seu
objetivo precípuo é a formação da convicção do representante do Ministério Público, mas
também a colheita de provas urgentes, que podem desaparecer, após o cometimento do crime.
Não podemos olvidar, ainda, que o inquérito serve à composição das indispensáveis provas
pré- constituídas que servem de base à vítima, em determinados casos, para a propositura da
ação penal privada (NUCCI, 2014, p. 122).
Logo que se tenha notícia do fato, a primeira incumbência da autoridade policial consiste,
segundo o artigo 6º do CPP:
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
IV – Ouvir o ofendido;
O CPP estabelece um prazo de até dez dias para a conclusão do inquérito em caso de indiciado
preso e de até trinta dias, se estiver solto. O Inquérito será encaminhado ao juiz competente
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Não faz muito tempo que passou a ser objeto de discussão a possibilidade jurídica de o
Delegado de Polícia, autoridade competente para a condução do Inquérito Policial, possuir
legitimidade para o arquivamento da investigação quando constatado de tratar de hipótese de
incidência do princípio da insignificância.
Isto porque, observando-se a inocorrência dos requisitos legais de instauração de ação penal,
o arquivamento seria a medida cabível para por fim à investigação.
Aury Lopes Jr. (2018, p. 150), apresenta ao passo a passo após a entrega do inquérito à
autoridade do Ministério Público: “recebendo o IP, o promotor poderá: oferecer a denúncia;
pedir o arquivamento; solicitar diligências ou realizar diligências”.
Das situações indicadas, não há o arquivamento do Inquérito de ofício. Apesar disso, existem
situações enquadradas na insignificância ou bagatela penal, que não justificariam a
instauração do processo investigativo, ante a atipicidade da conduta diante da pouca
lesividade da ação.
Apesar do expresso, há entendimento que existem casos em que o Delegado pode influenciar
a origem do processo investigatório. Neste ponto, urge apontar a diferença entre o inquérito e
a notícia do crime, esta última podendo não ser levada à fase investigatória por parte da
Delegacia de Polícia.
Essa diferenciação é relevante ao passo que a atuação do Delegado de Polícia é regida pelo
poder discricionário, cabendo à autoridade agir segundo o interesse público; isto porque o
artigo 5º do CPP estabelece que compete à autoridade policial verificar a viabilidade de
instauração do Inquérito Policial (BRASIL, 1941).
O Delegado de Polícia será a autoridade competente instituída pelo Estado, dotado de poderes
da administração pública, que terá o difícil dever de analisar casos concretos e decidir pela
prisão em flagrante do indivíduo, restringido o segundo bem maior do indivíduo, a liberdade,
ou pela instauração de inquérito policial, sempre que haver indícios de autoria e prova da
materialidade, para devida apuração da infração penal, para tanto, a autoridade policial exerce
o poder discricionário (SOUSA, 2019, p.1).
Certo é que, diante da averiguação dos fatos, constatando-se que se enquadra nos requisitos
autorizadores da aplicação do princípio da insignificância, poderá o Delegado, dentro dos
limites legais, com base no seu poder discricionário, analisar o caso concreto, arquivando a
notícia crime, mesmo que tenha havido a prisão em flagrante delito (SOUSA, 2019).
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo julgou acertado o arquivamento de notícia crime ante
a ocorrência de prática delituosa considerada insignificante, por ausência de potencialidade
lesiva.
No caso acima citato, houve a correta fundamentação para justificar o arquivamento. Nesse
sentido, Alexon Sousa defende que pode haver o arquivamento do inquérito e do termo
circunstanciado de ocorrência, devendo a autoridade policial elaborar o relatório policial que
informe os fundamentos, para que a decisão seja corroborada pelo Ministério Público e pelo
juízo competente.
Considerando que deve haver um controle judicial dos atos praticados pelo Delegado de
Polícia, este ao aplicar o princípio da insignificância seja em um inquérito policial, ou numa
prisão em flagrante delito, deverá fazer um relatório circunstanciado dos fatos a exemplo do
que é realizado no termo circunstanciado de ocorrência (TCO) e encaminhar ao Poder
Judiciário no prazo máximo de 24 horas, bem como deverá ser enviada uma cópia do relatório
para o Ministério Público.
O princípio da insignificância aplicado pelo Delegado de Polícia não traz prejuízo para a
sociedade em momento algum, visto que o Magistrado ou Promotor de Justiça, entendendo
contrária a aplicação do citado princípio, poderão requerer ao Delegado de Polícia a
instauração do procedimento cabível (SOUSA, 2019, p.1).
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Diante dos estudos apresentados, atualmente, o Delegado de Polícia poderá arquivar uma
notitia criminis, deixando de lavrar o auto de flagrante e de instaurar os processos inquisitório.
Todavia, uma vez iniciado o Inquérito Policial, a decisão de arquivamento caberá ao juiz
competente, podendo ser solicitado pelo Ministério Público. Nesta segunda situação, a
autoridade policial poderá recomendar o arquivamento em seu relatório, ante a constatação da
insignificância, autorizada pela jurisprudência nacional, mas está impedido pelo artigo 17 do
CPP de realizar por si só o arquivamento.
I- PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
https://br.pinterest.com/pin/21532904455447319/
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https://www.youtube.com/watch?v=u6bqW-MYbT8
CONCLUSÃO
Assim sendo, não resta dúvidas de que cabe ao delegado de polícia enquanto o primeiro
garantidor da legalidade e da justiça, evitar abusos contra o cidadão e assegurar tais
garantias e suas funções no aspecto pré-processual, considerando a tipicidade, ilicitude e
culpabilidade dos fatos, e cumprir sua missão constitucional e reduzir a sobrecarga
desnecessária da máquina estatal, sendo assim, considera-se que há constitucionalidade em
tal aplicabilidade que só tem a beneficiar a sociedade e ao judiciário brasileiro.
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https://www.conjur.com.br/2020-set-29/mpf-chama-atencao-alta-casos-insignificantes-stf-stj
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme proposto, este artigo teve por objetivo pesquisar, analisar e descrever o
entendimento doutrinário predominante acerca da possibilidade de compreender a
constitucionalidade na aplicação do princípio da insignificância pelo Delegado de Polícia, e os
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principais requisitos para que esta aplicação seja realizada de acordo com o que rege a
legislação brasileira.
Exposto isso, estudou-se a história da Polícia Judiciária além do papel do Delegado na
área jurídica, sendo exposto seu papel na presidência do inquérito policial e no auto de prisão
em flagrante.
Abordar origem e conceito do princípio da insignificância e sua aplicabilidade de
acordo com a legislação brasileira;
● Compreender funções do Delegado de Polícia e delimitar as suas funções constitucionais;
Foi possível observar que o que o delegado de polícia é um instrumento importantíssimo para
o bem jurídico brasileiro, no entanto, seus requisitos e pressupostos de possuir a autonomia na
condução das investigações, de modo que, o Delegado de Polícia por ser o primeiro
representante do Estado a ter acesso ao fato dito como criminoso, poderá filtrar caso em que
fique evidente conforme dispões a jurisprudência de crimes insignificantes, causando assim
uma maior economia aos cofres públicos, além de proporcionar agilidade processual nos que
realmente necessitam de atenção especial, logo, pode-se dizer que todos tem a ganhar ao dar
mais essa designação ao Delegado de Polícia, pois não possui norma que vede tal conduta.
Assim sendo, não resta dúvidas de que cabe ao delegado de polícia enquanto o
primeiro garantidor da legalidade e da justiça, evitar abusos contra o cidadão e assegurar tais
garantias e suas funções no aspecto pré-processual, considerando a tipicidade, ilicitude e
culpabilidade dos fatos, e cumprir sua missão constitucional e reduzir a sobrecarga
desnecessária da máquina estatal, sendo assim, considera-se que há constitucionalidade em tal
aplicabilidade que só tem a beneficiar a sociedade e ao judiciário brasileiro.
Logo após, tratou-se de analisar a teoria geral, que cabe ao delegado de polícia o
controle de constitucionalidade e de convencionalidade frente um fato em investigação sendo
habilitado para determinar a incidência ou não princípio da bagatela (insignificância).
REFERÊNCIAS
D’URSO, Flávio Filizzola. Crimes que o Direito Penal não pune (princípio da
insignificância). Migalhas, 25 de fevereiro de 2019. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI296893,71043-
Crimes+que+o+Direito+Penal+nao+pune+principio+da+insignificancia>. Acesso em 28 ago.
2020.
LOPES Jr., Aury. Direito processual penal. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal – 11. ed. rev. e
atual. – Rio de Janeiro: Forense, 2014.
ROCHA, Carla Bianca Olinger. Princípio da insignificância: origem, natureza jurídica, critérios
de reconhecimento e críticas. Jus.com, publicado em outubro de 2017. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/61408/principio-da-insignificancia-origem-natureza-juridica-
criterios-de-reconhecimento-e-criticas>. Acesso em 27 ago. 2020.
STF – Supremo Tribunal Federal – HC: 96688 RS, Relator: ELLEN GRACIE, Data de
Julgamento: 12/05/2009, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-099 DIVULG 28-05-2009
PUBLIC 29-05-2009 EMENT VOL-02362-07 PP-01249. Disponível em:
<https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/4240329/habeas-corpus-hc-96688-
rs#:~:text=PRINCÍPIO%20DA%20INSIGNIFICÂNCIA.-
,INCIDÊNCIA%20NO%20CASO.,base%20no%20princípio%20da%20insignificância>.
Acesso em 28 ago. 2020.
https://www.conjur.com.br/2018-fev-28/gustavo-brentano-uso-principio-insignificancia-
delegado#:~:text=A%20aplica%C3%A7%C3%A3o%20do%20princ%C3%ADpio%20da%20
insignific%C3%A2ncia%20pelo%20delegado%20de%20pol%C3%ADcia&text=O%20princ
18
%C3%ADpio%20da%20insignific%C3%A2ncia%2C%20embora,como%20causa%20exclud
ente%20da%20tipicidade.