Você está na página 1de 28

ANÁLISE DA VEDAÇÃO DE OPOSIÇÃO DE SUSPEIÇÃO DO DELEGADO DE

POLICIA NO INQUERITO POLICIAL


Analysis of the department policy Suspection Opposition Opening Policy

Thomas William Ibiapina Alvarenga1


Rosilene da Conceição Queiroz2

Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar a inconstitucionalidade


deflagrada na vedação de oposição de suspeição à autoridade policial em fase de
inquérito policial. O Código de Processo Penal dispõe por força dos artigos 96 a 107
sobre as possibilidades de suspeição, evitando vícios de decisões parciais. Esses
artigos estabelecem a possibilidade da suspeição em qualquer fase da persecução
penal. Ocorre que, o artigo 107 do CPP estabelece a suspeição de forma limitada ao
delegado, autoridade policial que preside o inquérito policial, fase investigatória. O
referido artigo prevê a suspeição de delegado, porém desde que ela seja oposta
pelo próprio delegado, não permitindo a parte envolvida assim requerer, ainda que
seja a autoridade policial considerada suspeita. Diante disso, vislumbra-se um
questionamento no direito, qual seja a possibilidade da parte também opor
suspeição a autoridade policial, quando entender que este está agindo de forma
parcial. O objetivo da suspeição é justamente impedir nulidades e vícios na ação
penal, bem como que o operador do direito seja parcial na sua conduta. Desta feita,
é imprescindível que na fase investigatória esses vícios e as nulidades sejam
sanados e evitados, respeitando o devido processo legal. Diante disso e com base
na metodologia científica analítica, o trabalho propõe analisar o CPP/41 com base
na CR/88, de forma que demonstre a inconstitucionalidade da vedação de oposição
de suspeição em fase de inquérito policial.
Palavras-chave. Inquérito Policial. Suspeição. Vedação à oposição.
Inconstitucionalidade.

Abstract: Suspection and Impedence applied to police delegate under Police


Inquiry. This article aims to analyze the unconstitutionality triggered in the prohibition

1
G raduand o em di rei t o, al uno do 10º perí od o de Di rei t o da F AMI G .
2
Prof esso ra do Cur so de Di rei t o da F AMI G , ori ent ador a do T rabal ho d e Concl u sã o
de Cur so.
of opposition of suspicion to the police authority in the phase of police investigation.
The Code of Criminal Procedure provides by virtue of Articles 96 to 107 on the
possibilities of suspicion, avoiding partial decision bias. These articles establish the
possibility of suspicion at any stage of criminal prosecution. It turns out that article
107 of the CPP establishes the suspicion in a limited way to the delegate, police
authority presiding over the police investigation, investigative phase. This article
provides for the suspicion of delegate, but provided that it is opposed by the delegate
himself, not allowing the party involved to request it, even if the police authority is
considered suspect. In view of this, a question in law is envisaged, what is the
possibility of the party also opposing suspicion to the police authority, when it
understands that it is acting in a partial way. The purpose of the suspicion is precisely
to prevent nullities and vices in criminal proceedings, as well as the right operator to
be partial in his conduct. Thus, it is essential that in the investigative phase these
vices and nullities are remedied and avoided, respecting the due process of law.
Given this and based on the analytical scientific methodology, the paper proposes to
analyze CPP / 41 based on CR / 88, in order to demonstrate the unconstitutionality of
the prohibition of opposition of suspicion in the police investigation phase.
Keywords: Police Inquiry. Suspicion. Prohibition of opposition. Unconstitutionality.

Sumário: 1 Introdução. 2 Princípios elementares ao Inquérito Policial. 3


Inquérito Policial: considerações gerais. 3.1 Inquérito Policial como garantidor
dos direitos fundamentais. 3.2 O Valor Probatório do Inquérito Policial. 4
Análise da Vedação de Oposição de Suspeição do Delegado de Polícia do
Inquérito Policial. 5 Conclusão. Referências.

1 Introdução

O trabalho tem como objetivo apresentar o inquérito policial como garantidor dos
direitos fundamentais, que garante a fase preliminar de investigação, angariando
elementos probatórios suficientes a instauração ou não de ação penal.

Para tanto, há uma discussão na doutrina e na jurisprudência sobre a vedação de


oposição de suspeição do delegado de polícia na fase inquisitorial. Isso porque, o
Código de Processo Penal, por força do artigo 107 estabelece o impedimento a
oposição da suspeição, permitindo apenas que as autoridades policiais se declarem
suspeitas quando assim entenderem pertinentes, impedindo, ainda que por motivos
legais corretamente fundamentados, que o próprio investigado a oponha.

Ocorre que, a oposição a suspeição trata-se de uma medida que resguarda o


investigado e seus direitos fundamentais constitucionais, como o devido processo
legal, impedido que investigações e instaurações processuais sejam produzidas de
forma parciais que prejudiquem erroneamente a parte investigada. Sendo assim a
vedação do artigo 107 do CPP/41 se demonstra frágil e questionável no que
concerne a sua constitucionalidade.

Com base nos preceitos constitucionais introduzidos no ordenamento jurídico


brasileiro em 1988 com o advento da Constituição Federal, o direito penal e
processual penal tiveram que se adequar, formando o devido processo penal
constitucional. Isso significa que todos os dispositivos do CP/40 e CPP/41 devem
obrigatoriamente estarem alinhados aos ditames constitucionais, impedindo assim
que o processo penal seja inquisitivo.

Desta feita, o trabalho tem por objetivo analisar o inquérito policial, as prerrogativas
da suspeição e os preceitos constitucionais, para embasar, mediante
posicionamentos doutrinários, a inconstitucionalidade deflagrada no artigo 107 do
CPP/41, o qual impede a oposição de suspeição à autoridade policial. Diante disso,
o trabalho se valerá do método analítico, o qual analisará os dispositivos legais, suas
abrangências e suas adequações com base na Constituição Federal.

Para uma melhor compreensão acerca do tema, o artigo foi dividido em cinco
capítulos, sendo o primeiro introdução e o ultimo conclusão. O segundo capítulo, por
sua vez, cuidou de analisar os princípios do direito elementares ao inquérito policial,
abordando, o devido processo legal, contraditório, ampla defesa, verdade real e
imparcialidade, sendo este ultimo de suma importância para a problemática em
discussão, haja vista a vedação legal de oposição de suspeição do delegado de
polícia pela parte, ainda que o delegado seja suspeito e, por conseguinte, parcial.
O terceiro capítulo analisa o inquérito policial, suas considerações gerais, sua função
de garantidor dos direitos fundamentais, bem como o valor probatório atribuído ao
inquérito. Esse capítulo se faz necessário apresentar, haja vista a problemática do
trabalho ocorrer na esfera do inquérito policial. A discussão é quanto a possibilidade
ou não de oposição de suspeição do delegado de polícia na fase investigatória, que
ocorre no inquérito policial. Igualmente, por ser o inquérito policial a fase de angariar
elementos probatórios suficientes à instauração da ação penal, o mesmo não pode
ter vícios ou nulidades.

Por fim, o capítulo quatro analisa a vedação de oposição de suspeição do delegado


de polícia no inquérito policial, discorrendo neste momento sobre os dispositivos do
CPP sobre o assunto, bem como confrontando-o com a Constituição Federal e seus
princípios, com o objetivo de demonstrar que embora não haja dispositivo legal
sobre a possibilidade da parte opor suspeição do delegado, o mesmo deveria ser
feito de forma análoga à possibilidade de oposição do magistrado, defendendo
assim os princípios constitucionais existentes.

2 Princípios elementares ao Inquérito Policial

São atribuídas diversas funções distintas para os princípios, assim como a


relevância que representa como elemento do sistema normativo. Os princípios,
assim possibilitam a adequada interpretação do sistema jurídico e qualidade de
ferramenta de integração entre as muitas partes do sistema, dando segmento à
doutrina e a legislação.

Desta feita, a Constituição Federal de 1988 em conjunto com o direito penal


brasileiro estabelecem alguns princípios inerentes a correta jurisdição penal. Dentre
eles, pode-se citar os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e
contraditório, da busca da verdade real e da imparcialidade, os quais se aplicam a
correta instrução do inquérito policial.

O princípio do devido processo legal está consagrado no art. 5º, LIV, CF, que dispõe
que, “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal.”. (BRASIL, 1988). Ou seja, de acordo com o preceito constitucional, ninguém
pode ser levado à prisão sem que haja a instauração e conclusão de um processo
apuratório em que sejam observados o contraditório e a ampla defesa.

Segundo José Afonso da Silva (2017) o princípio do devido processo legal para ser
efetivo na consagração das garantias processuais precisa ser combinado com o
direito de acesso a justiça, contraditório e a ampla defesa. Logo, esse princípio
assume a responsabilidade de um princípio fundamental para que garanta a
efetividade dos trâmites e decisões judiciais de forma justa e fundamentada.

Daniel Amorim Neves (2011) define que o devido processo legal representa um
princípio base, sendo pacífico no ordenamento jurídico brasileiro que é ele quem
norteia os demais princípios observados no processo, de forma a evitar vícios e
nulidades.

Nesse contexto, destaca-se a importância do devido processo legal para o Estado


Democrático de Direito, constituindo uma garantia de observância de um processo
regular, estabelecido em lei. Impede, assim a aplicação de pena a alguém sem o
devido processo legal, demonstrando, conforme citação acima, que a prisão é a
exceção e, por isso para que ocorra precisa ser provada com um correto processo
criminal. Destacando a importância desse princípio, Paulo Rangel também afirma
que:

A tramitação regular e legal de um processo é a garantia dada ao cidadão


de que seus direitos serão respeitados, não sendo admissível nenhuma
restrição aos mesmos sem prévia estipulação legal. Portanto, a liberdade é
a regra e o cerceamento à liberdade, a exceção. (RANGEL, 2016, p. 34).

Na sequencia, têm-se o princípio do contraditório e ampla defesa, que constituem


princípios constitucionais garantidos expressamente pela Constituição Federal de
1988, no artigo 5º, inciso LV, que prevê que “aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral é assegurada o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” (BRASIL, 1988).

Com o advento da CRFB em 1988 instalou-se o devido processo penal


constitucional, momento em que o Código Penal e de Processo Penal foram em
parte recepcionados pela Carta Maior, bem como toda a ordem processual penal foi
constitucionalizada. Assim, todos os atos dos operadores do direito passaram
necessariamente a compor ampla defesa e contraditório do acusado, bem como
executar-se perante o devido processo legal.

Desta feita, o princípio objetiva primordialmente a defesa do acusado, protegendo o


cidadão dos órgãos autoritários da justiça, que buscavam a solução dos litígios de
forma bastante inquisitória, sem devido processo legal, ampla defesa e contraditório.
Logo, o princípio trata-se de uma auto defesa do cidadão, que se defende dos
abusos do Estado, bem como garante também sua defesa pela busca de sua
incidência. Sobre o princípio do contraditório Tourinho Filho assevera:

Com substância na velha parêmia audiatur et altera pars – a parte contrária


deve ser ouvida. Traduz a idéia de que a defesa tem o direito de se
pronunciar sobre tudo quanto for produzido por uma das partes caberá igual
direito da outra parte de opor-se-lhe ou de dar-lhe a versão que lhe
convenha, ou, ainda, de dar uma interpretação jurídica diversa daquela
apresentada pela parte ex adversa. Assim, se o acusador requer a juntada
de um documento, a parte contrária tem o direito de se manifestar a respeito.
E vice-versa. Se o defensor tem o direito de produzir provas, a acusação
também o tem. (TOURINHO FILHO, 2008, p. 58).

Com base nos ensinamentos de Tourinho, pode-se verificar que o princípio dá o


direito das partes de se manifestarem, defenderem e provarem seus argumentos.
Aury Lopes Junior (2014) destaca que o princípio do contraditório deve ser
compreendido como o direito da parte de conhecer e participar dos atos processuais
que estejam sendo analisados em seu desfavor, permitindo que se contraponha e se
defenda da acusação. Seria, portanto, ilógico não dar o direito da parte que está
sendo acusada pelo Estado de se contrapor.

Seguindo, o princípio da ampla defesa, que também encontra-se preceituado no


artigo 5º, inciso LV da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, é
inerente a todo processo judicial ou administrativo, de forma a possibilitar ao
indivíduo de se defender de todas as acusações que estiverem sendo propostas.

Sobre tal princípio Rui Portanova explana que a ampla defesa "não é uma
generosidade, mas um interesse público. Para além de uma garantia constitucional
de qualquer país, o direito de defender-se é essencial a todo e qualquer Estado que
se pretenda minimamente democrático”. (PORTANOVA, 2013, p. 125).
Com base no princípio da ampla defesa, verifica-se que a parte acusada tem o
direito de se defender, o que se denomina autodefesa, bem como tem direito à
defesa patrocinada por um advogado, constituído ou público capaz de realizar a
defesa técnica no acusado, de forma a garantir-lhe o direito real de defesa.

Sobre o contraditório e a ampla defesa Cândido Rangel Dinamarco (2013) expõe


que todos os procedimentos que concretamente se instaurarem devem conter
momentos para que cada uma das partes peça, alegue e prove. Desta feita, um
correto andamento do procedimento precisa haver defesa do acusado, momento
para provar sua inocência e para se manifestar perante as acusações.

Sendo assim ambos os princípios se apresentam como direitos assegurados às


partes do processo para se defenderem das acusações e provarem sua inocência.
No que tange ao direito penal esses princípios são ainda mais importantes, pois
trata-se da liberdade do acusado ou da privação da mesma.

A Busca da Verdade Real também é outro princípio do processo penal que se aplica
ao inquérito policial e encontra-se disciplinado pelo Código de Processo Penal no
artigo 566, a saber: “não será declarada a nulidade de ato processual que não
houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa”.
(BRASIL, 1941).

Conforme preceitua o próprio dispositivo legal acima, a verdade real é também


conhecida como verdade substancial, se referindo exatamente a busca no processo
penal, pela realidade dos fatos ocorridos de forma a consubstanciá-los e materializá-
los no procedimento penal.

Antônio Luiz Ferreira Filho conceitua que “a verdade real é um princípio do processo
penal que traduz o interesse da sociedade em encontrar o culpado e não um
culpado” (FERREIRA FILHO, 2012, s/p). Para o autor, a partir do momento que há
um crime a segurança da sociedade encontra-se afetada e somente será
recuperada se o indivíduo causador do fato for responsabilizado por sua conduta
ilícita é por isso, que o processo penal inicia-se com o inquérito policial, visando
investigar e apurar os fatos para consubstanciar suas validades.

Antônio Magalhães Gomes Filho (2001) ressalta que o processo penal brasileiro
prima por toas as informações que possam ser úteis ao esclarecimento dos fatos e
busca da verdade, por isso todos os elementos probatórios devem ser colhidos e
incluídos no processo, de forma que a verdade real dos fatos seja apresentada e
provada. Neste momento, inclui-se, portanto, a necessidade de verificar também o
depoimento das partes envolvidas, bem como a imparcialidade do julgador.

Isso porque a decisão de um processo penal não pode ser pautada em informações
infundadas ou duvidosas e parciais. Para se julgar um delito penal precisa-se de
informações no processo que estejam o mais próximo da realidade, de forma que
não hajam dúvidas quanto ao fato e a autoria.

Igualmente a importância aplicada a verdade real, há também a necessidade de se


prezar pelo princípio da imparcialidade, o qual se vislumbra disposto na Declaração
Universal dos Direitos Humanos, artigo X, a saber: “Todo ser humano tem direito, em
plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal
independente e imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele”. (BRASIL, 1948).

Como se ressai da citação acima, todos têm direito a igualdade, merecendo


imparcialidade do operador do direito que analise uma acusação, especialmente
criminal. Benigno Novo conceitua imparcial como sendo “um adjetivo de dois
gêneros que descreve uma pessoa ou entidade que não é parcial, significa alguém
justo, reto, equitativo ou neutro”. (NOVO, 2019, s/p).

Em um Estado Democrático de Direito, o processo está associado a princípios,


direitos e garantias individuais, conforme consagra a CF/88, inerentes ao indivíduo
que esteja sob o crivo da persecução penal. Um desses direitos é o que se refere a
determinação legal e constitucional de ser julgado de forma equânime e imparcial
pelo sistema processual penal acusatório.
A imparcialidade, portanto, consiste na ausência de vínculos subjetivos com o
processo, mantendo-se o julgador distante o bastante para analisá-lo. Diante do
conceito deste princípio, verifica-se a necessidade de sua aplicação em toda a
persecução penal, necessitando estar presente desde a fase de inquérito, que
investiga autoria e materialidade do crime.

Caso contrário, o inquérito se formará eivado de nulidades, não garantindo sua


função social de garantidor dos direitos fundamentais e prejudicando seu valor
probatório, importantíssimo para a instrução da ação penal.

3 Inquérito Policial: considerações gerais

A atividade de polícia judiciária é exercida, nos termos do artigo 144 da Constituição


da República Federativa do Brasil pelas Polícias Civil e Federal, as quais possuem
atribuições de polícia administrativa, auxiliando diretamente o Poder Judiciário.
Desta feita, as delegacias, unidades de trabalho das polícias administrativas, são
dirigidas por delegados civis ou federais, possuindo como uma de suas
competências a instrução do Inquérito Policial.

Igualmente, o artigo 4º do Código de Processo Penal preceitua a competência do


inquérito policial: “A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações
penais e da sua autoria”. (BRASIL, 1941).

Além de definir a competência, o CPP/41, por força do artigo 5º também estabelece


como o inquérito será iniciado, podendo ser de ofício ou mediante requisição, nos
crimes de ação pública. Assim o dispositivo legal dispõe que caberá tal requisição a
autoridade judiciária, ao Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de
quem tiver qualidade para representá-lo, devendo conter a narrativa dos fatos,
nomeação das testemunhas, individualização do indiciado, dentre outros elementos
essenciais a autoria e materialidade do crime. (BRAISL, 1941).

De acordo com o artigo, verifica-se que o mesmo conduz a elaboração do inquérito


policial de acordo com o tipo de crime, podendo este variar como crime de ação
penal pública, pública mediante representação ou privada. Em todos os tipos de
ações, o inquérito será instaurado pela autoridade policial, que seguirá os
ensinamentos do §1º do referido artigo, variando apenas a provocação.

Explanado as formas em que os inquéritos policiais são instaurados mediante os


tipos de ações penais, volta-se à composição do mesmo, que precisará conter, nos
ternos do §1º a narração do fato e suas circunstancias, a individualização do
indiciado ou seus sinais característicos, as razões de convicção ou de presunção de
ser ele o autor da infração, bem como a nomeação das testemunhas.

Como retratado, o inquérito policial, embora sofra alterações em sua forma de iniciar,
dependendo do tipo de ação penal, sua formalização sempre se dará pelo delegado
de polícia, que presidirá o inquérito compilando todos os elementos informativos
necessários.

Passa-se a explicação da finalidade do inquérito, que segundo Marcelo Mazella de


Almeida “serve para colher elementos aptos a ensejarem o oferecimento de uma
ação penal, estruturando e dando justa causa à propositura desta, servindo para
fundamentá-la”. (ALMEIDA, 2012). Desta feita, verifica-se que o inquérito policial tem
a finalidade de investigar os crimes existentes e apurar os fatos tidos como infrações
penais, com vistas a reconhecer autoria do delito.

Dessa forma, trata-se de um dispositivo do direito penal para investigar os fatos e os


possíveis infratores, dando embasamento a propositura posterior de uma ação penal.
Portanto, trata-se de uma fase apenas investigatória em que o acusado não precisa
ser ouvido necessariamente, servindo apenas de levantamento de provas e
informações, cuja competência recai aos delegados.

Por ser o inquérito policial uma fase investigatória, verifica-se que o valor probatório
do mesmo é exatamente constituir informações acerca do fato de forma a evidenciar
ou não a presença do acusado no caso, para posteriormente investigar. Reis
explana que:
O inquérito é um procedimento investigatório, em cujo tramitar não vigora o
princípio do contraditório que, nos termos do art. 5º, LV, da Constituição
Federal, só existe após o início efetivo da ação penal, quando já formalizada
uma acusação admitida pelo Estado-juiz. (REIS, 2012, p. 51).

Como citado por Reis, o inquérito policial tem a função de investigar o fato ocorrido,
para assim analisar os fatos e a denúncia de forma a constituir informações ou
indícios sobre o acusado. Nesta etapa regula os elementos informativos, pois trata-
se da fase processual de constituir informações e elementos do fato. Quando os
elementos informativos apresentam indícios de prática de ato ilícito pelo acusado,
instaura-se a ação penal, que analisará por meio do devido processo legal os
elementos informativos e constituirá provas condenando ou absolvendo o acusado.

Diante disso, Fernando Capez (2012) expõe sua opinião de que o inquérito tem valor
probatório meramente relativo, sendo a base da denúncia e das próximas medidas,
como a instauração de ação penal. Mas também demonstra não ser suficiente para
sustentar a sentença condenatória. Isso porque os elementos colhidos em fase de
inquérito são inquisitivos. Sabe-se que o inquérito policial e seus elementos
informativos não dão base para a condenação do acusado. Todavia dão base para
iniciar a instauração do processo penal acusatório, visando aprofundar os fatos e a
defesa, com vistas a uma decisão.

Logo, constata-se quão importante é o inquérito policial, possuindo valor probatório


importantíssimo para o direito processual penal, já que trata de instrumento
processual penal elementar ao início da ação penal. Verificando a importância e
finalidade do inquérito é que o trabalho questionará a ausência de previsão legal
para a oposição de impedimento e suspeição do delegado de polícia, quando este
se mostrar suspeito ou parcial a elaboração do Inquérito Policial.

3.1 Inquérito Policial como garantidor dos direitos fundamentais

Como explanado anteriormente, o Inquérito policial trata-se de um procedimento


realizado administrativamente em âmbito da delegacia, confeccionado pela Policia
Judiciária, sob o comando de um Delegado de Policia, cuja finalidade é obter
indícios de autoria e materialidade de um crime, que embase a propositura da ação
penal.
O inquérito policial além de tratar-se de peça informativa do processo penal, é
também um instrumento de garantia dos direitos fundamentais da pessoa,
assegurados pelo artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Isso porque, a CF/88
preceitua o cumprimento do devido processo legal, que se inicia com o inquérito
policial, haja vista que o inquérito procura informações sobre a existência do crime e
da autoria do mesmo, não permitindo a instauração de ação penal se nada for
constatado em fase de investigação, cabendo por vez, seu arquivamento, conforme
dispõe o artigo 18 do CPP/41.

Para Lopes Jr. e Gloeckner “uma Constituição democrática, como a nossa,


necessariamente deve corresponder um processo penal democrático e
constitucional". (LOPES JR.; GLOECKNER, 2013, p.34). Por isso necessariamente
deve haver uma investigação preliminar, que antecede a ação penal e a imposição
de culpabilidade do suposto autor.

Essa investigação preliminar ocorre através do inquérito policial, que tem o dever
constitucional de adequar a legislação penal aos preceitos constitucionais. Desta
feita, como bem assevera Aury Lopes Jr. “Quanto maior a presença dos princípios
constitucionais, maior será o grau de racionalidade desse poder”. (LOPES JR., 2015,
p. 63). Barbosa também assevera sobre a necessidade e obrigatoriedade de
relacionar a investigação preliminar aos princípios constitucionais para que o
inquérito policial funcione como garantidor dos direitos fundamentais:

No sistema acusatório o réu é protegido por regras e no inquisitório apenas


relata acerca dos fatos. O delegado como inquisidor deve considerar a
garantia da presunção de inocência, devendo ser respeitado, pois é
pressuposto essencial. Sob essa perspectiva o delegado tem uma postura
positiva na busca pela verdade. A presunção de inocência é conectada aos
direitos fundamentais e o delegado deve fazer essa conexão. (BARBOSA,
2013, p. 11).

Logo, verifica-se que a investigação preliminar, ou o inquérito policial tem cada vez
mais, por força constitucional se amoldado às garantias constitucionais previstas na
CF/88, relativizando a investigação inquisitória e assegurando os direitos
fundamentais de defesa das acusações.
A investigação preliminar ligada aos preceitos constitucionais tem função de efetivar
o direito, gerando, assim, valorização do procedimento que o delegado conduzirá.
Todavia, essa valoração não pode ser impositiva, justamente pelo fato de se referir a
uma investigação preliminar, merecendo o investigado o status de inocente, até que
sua culpa esteja efetivamente provada, como estabelece o artigo 5º, inciso LVII, da
CF.

Prova disso é a discussão que existe atualmente no ordenamento jurídico brasileiro


sobre a possibilidade ou não de opor suspeição e impedimento também na fase de
inquérito. Como será analisado em momento oportuno, a previsão legal da
suspeição e impedimento se aplica aos magistrados. Entretanto, por força
constitucional vem se discutindo se essas medidas podem ser ou não estendidas
também ao delegado de polícia, vez tratar o inquérito policial de investigação, se
atendo à obrigatoriedade do devido processo legal, ampla defesa, contraditório,
dentre outros princípios que se passa a analisar.

3.2 O Valor Probatório do Inquérito Policial

Como analisado no trabalho, o inquérito policial trata-se de uma fase preliminar de


investigação que angaria elementos informativos sobre o fato em apuração, de
forma a fundamentar a instauração ou não de uma ação penal futura. Portanto,
esses elementos informativos são elementos probatórios, que ainda que
investigativos, dão sustentação a indícios de autoria e materialidade, a serem
analisadas na fase seguinte, de persecução penal.

O inquérito policial é um instrumento de investigação preliminar previsto nos artigos


4º a 23 do Código de Processo Penal, cujo objetivo fundamental é apontar indícios
de autoria e materialidade delitivas de um determinado crime, para que, o Ministério
Público, titular da ação penal, se entender necessário ofereça a denúncia em face
do investigado.

Sobre o valor probatório do Inquérito Policial, existe dois entendimentos. Alguns


doutrinadores, como Paulo Rangel (2016) apontam que o inquérito policial é uma
instrução, e por isso, embora seja angariador de provas, ou melhor de elementos
informativos sobre o caso, essas provas produzidas nesta fase devem ser
confirmadas em juízo. Sobre o valor probatório do inquérito policial Paulo Rangel
defende:

A valoração dos elementos colhidos na fase do inquérito somente poderá


ser feita se em conjunto com as provas colhidas no curso do processo
judicial, pois, sendo o inquérito, meramente, um procedimento
administrativo, de característica inquisitorial, tudo o que nele for apurado
deve ser corroborado em juízo. O inquérito, assim, é um suporte probatório
sobre o qual repousa a imputação penal feita pelo Ministério Público, mas
que deve ser comprovada em juízo. (RANGEL, 2016, p. 76).

Dessa forma, entende-se que o inquérito por si só não pode ser suficiente a prolação
da decisão. O caráter inquisitivo do inquérito policial o impossibilita de ter
isoladamente valor probante, haja vista tratar-se de uma peça informativa. É claro
que seus elementos têm valor probatório, porém em conjunto com as provas
angariadas na ação penal. Prova disso é a redação do artigo 155 do CPP, que
dispõe:

O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em


contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas. (BRASIL, 1941).

Rangel completa: “a sentença deve ser motivada com base nas provas existentes no
processo judicial. Não pode e não deve o juiz se referir, em sua fundamentação, as
informações contidas no IP, salvo as informações cautelares, não repetíveis e
antecipadas”. (RANGEL, 2016, p. 76).

De forma contrária, embora não seja o entendimento mais adequado, especialmente


com base no artigo 155 que proíbe a utilização apenas das informações colhidas em
fase de inquérito, parte da doutrina, como Muccio (2012), defende o valor probatório
do inquérito como suficiente, devendo-se utilizá-lo de forma plena na sentença penal
condenatória.

Assim o doutrinador (MUCCIO, 2012) manifesta que adotando o princípio do livre


convencimento, é evidente que o juiz pode, para firmá-lo valer-se da prova colhida
no inquérito. O que não pode é valer-se apenas dessas provas, cabendo analisar
também as provas colhidas na ação penal para sustentar a condenação. Assim, o
inquérito também serve de elemento probatório, merecendo o devido processo legal.

Em outras palavras, não há impedimento para o juiz sustentar sua decisão em


elementos colhidos em fase de investigação preliminar, por força do princípio do livre
convencimento, justificando ainda a utilização das provas irrepetíveis e antecipadas,
que são válidas na ação penal.

Conquanto haja a exceção das provas irrepetíveis e antecipadas as quais não são
possíveis de serem provadas em fase processual, haja vista seu momento único e
exclusivo, como o exame de corpo de delito, por exemplo, o princípio do livre
convencimento ainda encontra-se disciplinado. Esse princípio deve ser respeitado
em paralelo ao respeito também ao artigo 155 do CPP. Isso porque o artigo também
resguarda o livre convencimento, porém desde que de forma fundamentada tanto
nos elementos de informações quando nas provas produzidas na ação penal,
sempre que estas não forem irrepetíveis e antecipadas. Ressalvando, portanto, a
exceção da utilização exclusiva do inquérito policial apenas nesses casos.

Logo, sobre o valor probatório do inquérito policial, correto é seguir o entendimento


de Rangel, que defende os elementos informativos fornecidos como meios de prova,
desde que ratificados na ação penal, de forma a impedir que a prolação da decisão
seja equivocada ou nula. Por fim, aplica-se os elementos informativos na
persecução penal, ainda que de forma subsidiária, necessário é analisar a oposição
de suspeição na fase investigativa, como será apresentado a seguir.

4 Análise da Vedação de Oposição de Suspeição do Delegado de Polícia no


Inquérito Policial

Toda autoridade que detém o poder e a competência de julgar lides ou conflitos de


terceiros precisa cumprir um requisito constitucional básico, qualificado como
princípio da imparcialidade. Isso porque a imparcialidade, garante ao julgador
promover a justa jurisdição, conforme as verdades estabelecidas no processo.
À autoridade policial, no caso ao delegado, caberá analisar os fatos tais como eles
são, de forma que seu ponto de vista e opinião não interfira nas investigações.
Igualmente, o fato de o delegado conhecer a parte envolvida no caso o impede de
agir perante aquela investigação de forma totalmente imparcial, podendo acarretar
em inclusões de informações parciais no inquérito, o que acabaria ferindo o direito a
um devido e correto processo legal constitucional, com sequente prejuízo ao direito
a jurisdição.

Até porque, o inquérito policial é um procedimento discricionário e cabe o livre


convencimento técnico e jurídico do delegado. Renato Brasileiro Lima assim
manifesta:

O livre convencimento técnico-jurídico do delegado de polícia deriva do fato


de o inquérito policial ser um procedimento discricionário (CPP, art. 14). A
isenção e imparcialidade, por sua vez, são consectários lógicos dos
princípios da impessoalidade e moralidade, previstos expressamente no art.
37, caput da Constituição Federal. (LIMA, 2014, p. 180).

Desta feita, o fato da autoridade policial conhecer o sujeito sob investigação pode
gerar parcialidade na execução do inquérito policial. O que prejudica toda a
instrução processual seguinte. Como tratado no capítulo anterior, o inquérito policial
além de ser o objeto da instauração da ação penal, tem também valor probatório na
fase da sentença penal, sendo de suma importância sua imparcialidade.

Segundo Aury Lopes Júnior (2015) a jurisdição se refere a um direito fundamental,


tanto que encontra-se disciplinado na Constituição Federal como um princípio e
garantia do processo penal. Logo, não é somente um procedimento para apurar a
responsabilidade penal, mas sim um direito fundamental que evita a fixação da pena
sem que haja processo anterior. Desta feita, para se garantir a correta aplicação da
justiça, precisa-se de imparcialidade por parte dos julgadores em todas as fases, a
iniciar-se pelo inquérito policial, realizado em delegacia por delegado.

Embora o comportamento imparcial seja requisito do ordenamento jurídico brasileiro,


sabe-se que nem sempre ela vai ocorrer efetivamente. Para que não haja a
mitigação da imparcialidade, o direito penal cuidou de especificar algumas medidas
garantidoras da imparcialidade, trazendo para a realidade a suspeição e o
impedimento. Diante disso, o delegado deverá se declarar suspeito ou impedido de
analisar um caso, cujo infrator tenha alguma relação consigo, deixando a cargo de
outro delegado executar a investigação e exaurimento da ação penal. Assim, se
garante a imparcialidade.

Para Humberto Theodoro “é imprescindível à lisura e prestígio das decisões judiciais


a inexistência da menor dúvida sobre os motivos de ordem pessoal que possam
influir no ânimo do julgador”. (THEODORO JÚNIOR, 2011, p. 220). Sendo assim,
havendo motivos de caráter pessoal por parte do delegado, possibilitando uma
decisão tendenciosa, este deverá se declarar suspeito e afastar-se do caso. A
suspeição é uma suspeita de parcialidade, de falta de isenção ou de interesse no
deslinde de determinada questão.

Logo, trata-se de um defeito processual que figura no campo das nulidades relativas
geralmente ligadas a uma relação externa ao processo. Nas situações de suspeição
a imparcialidade tem sua origem fora do processo, impedindo o operador do direito
de atuar. Não obstante, embora a suspeição possa ocorrer por parte da autoridade
policial e do magistrado, o artigo 254 disciplina a oposição à suspeição apenas ao
juiz, portanto apenas após a fase de inquérito. As causas de suspeição estão
elencadas no artigo 254 do Código de Processo Penal:

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser
recusado por qualquer das partes:
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia;
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro
grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de
ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
processo. (BRASIL, 1941).

A aplicação da suspeição poderá ocorrer na ação penal tanto por parte do julgador
quanto por oposição das partes envolvidas ou investigadas no processo e, será
causa de suspeição, conforme prevê o artigo 254, demonstrando a subjetividade dos
motivos, como ser amigo ou inimigo da parte envolvida, se tiver parentesco com uma
das partes, se for sócio, credor ou conselheiro de um deles, dentre outros motivos
detentores de subjetividade.

Assim, o doutrinador Fernando Capez define a suspeição como a exceção que


“destina-se a rejeitar o juiz, do qual a parte arguente alegue falta de imparcialidade
ou quando existam motivos relevantes que ensejam suspeita de sua isenção em
razão de interesses ou sentimentos pessoais". (CAPEZ, 2012, p. 492).

Noutro norte, o artigo 252 do CPP/41 estabelece a aplicação das causas de


impedimento, tratando de forma objetiva a impossibilidade de atuar em determinada
ação penal. Tem-se como formas de impedimento o parentesco do julgador com as
partes envolvidas, quando tiver sido testemunha do caso, quando já tiver analisado o
caso em momento anterior, dentre outros motivos precisos e de direito, que não
legitimam a atuação do julgador. (BRASIL, 1941).

Conforme prevê os artigos 252 e 254, a suspeição e o impedimento do juiz se dará


pelo próprio magistrado, ou quando este não tiver oposto a suspeição, poderá a
parte requerê-la. Ocorre que, para o delegado, o Código de Processo Penal não
prevê a aplicação de oposição por parte do acusado. O artigo 107 estabelece que:
“Não se poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas
deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal.”. (BRASIL, 1941).

Diante do explanado, somente o delegado, em fase de inquérito poderia declarar-se


suspeito. Se assim não o fizer, a parte envolvida também não pode fazer,
permanecendo a análise do caso sob jurisdição do delegado suspeito, ferindo o
direito de jurisdição constitucional e o princípio constitucional da imparcialidade.

Isso ocorre porque a fase de inquérito é uma fase investigatória, momento em que o
infrator ainda não é considerado acusado, os fatos ainda estão sendo apenas
investigados. Lopes Júnior define inquérito como “o ato ou efeito de inquirir, isto é,
procurar informações sobre algo, colher informações acerca de um fato, perquirir".
(LOPES JÚNIOR, 2015, p. 241). Diante da citação, verifica-se que a opinião do autor
quanto ao inquérito policial se refere a um ato de angariar informações acerca de um
fato apenas, sem adoção de subjetividade.
Logo, para o autor não cabe oposição de suspeição ao delegado de polícia, sob o
argumento de que a fase de inquérito não tem subjetividade, tratando-se tão
somente de uma fase técnica e prática que coaduna os elementos já existentes
sobre o fato, sem juízo de valor, sendo, portanto, inquestionável a redação do artigo
107 do CPP. Cláudia Divino defende a aplicação do artigo 107 na sua integralidade:
“Cumpre notar que descabe a oposição de suspeição das autoridades policiais em
relação aos atos do inquerito policial (art. 107 do CPP), devendo ser esta realizada
mediante declaração espontânea”. (DIVINO, 2019, s/p).

A autora entende que o inquérito é peça inquisitiva, que consubstancia elementos já


existentes, não cabendo neste momento parcialidade do presidente do inquérito, no
caso o delegado de polícia. Por isso, desnecessário a possibilidade de oposição de
suspeição pela parte investigada e, tão somente pelo delegado, como prevê o
CPP/41.

De acordo com Tribunal Regional Federal da 3ª Região na apelação criminal n.


0000114-86.2015.4.03.6112 de 2017, as hipóteses de suspeição previstas no CPP
são aplicáveis aos juízes, peritos, interpretes, serventuários e funcionários da justiça,
não havendo previsão legal contra delegados ou policiais nos termos do artigo 107
do mesmo diploma legal.

Igualmente, entendeu o STF no RHC 131.450/DF julgado em 2016 que a suspeição


de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, sob o fundamento de
ser o inquérito mera peça informativa. A jurisprudência tem defendido apenas o
dispositivo processual penal, não analisando a existência ou não da parcialidade da
autoridade judiciária. Até porque, entende-se que se houver suspeição, o próprio
delegado assim fará. Igualmente defende que a policia judiciária apenas investiga os
fatos existentes, não atribuindo juízo de valor, subentendendo que na fase de
inquérito policial não há parcialidade.

Para Gomes (2001) a polícia judiciária é órgão imparcial, e por isso não é parte
acusadora, não tendo, portanto, compromisso com a acusação ou tampouco com a
defesa, entendendo, por isso, como sem parcialidade. Ocorre, entretanto que tal
posicionamento não é adequado. Toda investigação, pressupõe além dos elementos
existentes, a sustentação para a angariação dos mesmos, o que denota juízo de
valor, e convencimento dos fatos para assim dispor na finalização do inquérito os
elementos de autoria e materialidade.

Por outro lado, Sarah Castro (2012) esclarece que o procedimento do inquérito de
certa forma exclui direitos constitucionalmente garantidos aos cidadãos, tais como o
contraditório e ampla defesa, vez que a autoridade policial consubstancia o inquérito
por meio de critérios subjetivos e de mera discricionariedade, obtendo apenas os
esclarecimentos necessários para reunir provas e indícios de autoria e materialidade.
Assim a autora continua:

A realização do procedimento ocorre de forma tão subjetiva, que uma única


autoridade reúnem-se todas as atividades do inquérito, isto é, defende,
acusa e julga, sendo, por tal motivo o inquérito policial definido como um
sistema processual penal de natureza inquisitiva. Tal natureza se evidencia
amplamente no que tange à arguição de suspeição das autoridades policiais
durante o inquérito policial, que conforme definido no artigo 107 do Código
de Processo Penal, proíbe expressamente que seja oposta a tal suspeição,
de tal modo que se a autoridade não se declarar como tal, nada é possível
de ser feito para afastar o agente da condução do procedimento
investigativo. (CASTRO, 2012, s/p).

De acordo com a autora, é possível entender que a vedação a oposição de


suspeição por força do artigo 107 do CPP/41 não é medida adequada, tampouco
constitucional, haja vista ser o inquérito um procedimento que ocorre de forma
subjetiva e por uma autoridade policial apenas, podendo, por lógica, ser carregado
de parcialidade.

Desta feita, percebe-se uma comparação bastante plausível para se compreender a


problemática proposta neste artigo. Ainda que haja doutrinadores, como Lopes e
Gomes, que entendam ser o inquérito policial um procedimento apenas para colher
informações, o mesmo precisa ser revestido do contraditório e ampla defesa, de
forma que garanta a correta jurisdição e direitos constitucionais do investigado.

E a oposição a suspeição trata-se de uma garantia de contraditório e ampla defesa


da parte, que se impedida, ainda que em fase de inquérito, cerceados estarão os
direitos constitucionais. O artigo 5º, LV da Constituição Federal dispõe que "aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ele
inerentes". (BRASIL, 1988). Diante disso, enxerga-se uma contradição entre a CF/88
e o CPP/41, como explica Castro:

Surge aqui uma contradição inegável e inconstitucional vez que tal direito é
visivelmente violado no caso do inquérito policial pois o delegado de polícia,
que investiga o suspeito no procedimento administrativo, mesmo
apresentado os requisitos que implicariam em suspeição, não há previsão
legal para que terceiros insurjam contra tal “vício” visando restaurar a
legalidade e a rigidez de seu direito. O ordenamento jurídico, portanto, ao
mesmo tempo em que atribui um direito, impede que seu titular o exerça,
caso não lhe seja reconhecida espontaneamente a suspeição pelo delegado
de polícia. (CASTRO, 2012, S/P).

Corroborando com Castro de que a vedação da oposição a suspeição trata-se de


uma violação de direito constitucional, Leonardo Machado também defende a
inconstitucionalidade do artigo 107 do CPP/41 ao dispor que: “sob um paradigma
democrático constitucional, aplica-se ao delegado de polícia o dever fundamental de
impessoalidade e, por analogia, as causas de suspeição (artigo 254 do CPP) e
impedimento (artigo 252 do CPP) previstas à autoridade judicial. (MACHADO, 2018,
S/P).

De acordo com o autor, por analogia poderia ser aplicado ao delegado as regras
previstas no 252 e 254, CPP, até o artigo 107 seja alterado e a vedação não mais
exista. Ainda que a redação seja pelo impedimento de oposição, o CPP deve ser
interpretado de acordo com a CF/88 e por isso deve ser estendido ao delegado de
polícia também a possibilidade de oposição de suspeição ou impedimento.

Lucas Rosa (2011) também defende a inconstitucionalidade do artigo 107 e prima


pela aplicação por analogia dos artigos 252 e 254 do CPP/41 para permitir a
oposição de suspeição também ao delegado de polícia explicando ainda que caso o
delegado condutor das investigações não se declare suspeito ou impedido, seja
possível ao investigado opor tais exceções.

Para o autor, sem contraditório e ampla defesa, os quais poderão ser arguidos pela
suspeição quando necessário, não se pode confiar na investigação, pois não é
prudente reger uma investigação que o presidente da mesma estiver dotado de
parcialidade. O STJ no HC 309.299 de 2015 também se manifesta contrário a
redação do artigo 107, entendendo que deve ser cabível a oposição da suspeição ao
degelado de polícia:

O art. 107 do Código de Processo Penal dispõe, expressamente, não ser


cabível a exceção contra as autoridades policiais, quando presidem o
inquérito, em razão de sua natureza (peça inquisitorial) como procedimento
preparatório da ação penal (...) no que se refere à aparente contradição,
que prevê que as autoridades policiais devem declarar-se suspeitas,
havendo motivo legal, entendo que deveria a parte interessada ter solicitado
o afastamento da autoridade policial ao Delegado-Geral de Polícia ou,
sendo o pleito recusado, ao Secretário da Segurança Pública, o que não se
deu. A questão torna-se, então, administrativa, pois existe recomendação
legal para que o afastamento ocorra. Por ordem superior, isso pode
acontecer”. (STF, RHC 131.450/DF, Rel. Min. Carmen Lúcia, julgamento em
03.05.2016).

Dessa forma, mesmo que o inquérito seja apenas uma fase investigativa, trata-se do
início de uma possível ação penal, devendo por sua vez, respeitar a jurisdição na
sua integralidade. A existência de um delegado impedido ou suspeito provoca a
afronta a imparcialidade dos atos e julgamentos realizados no processo,
prejudicando por sua vez, a parte envolvida.

Di Pietro pondera que “a exigência de motivação, hoje considerada imprescindível


em qualquer tipo de ato, foi provavelmente urna das maiores conquistas em termos
de garantia de legalidade dos atos administrativos”. (DI PIETRO, 2014, p. 82). Como
se assevera, a doutrinadora de direito administrativo analisa os atos praticados pela
administração pública, no caso pelo Estado.

Sendo assim, entendendo a citação acima, verifica-se que todo ato do Estado deve
ser necessariamente motivado, incluindo, portanto, os atos do delegado. Logo, se os
atos do delegado são motivados, isso significa dizer que dependem de seu livre
convencimento ainda que atrelado ao apurado na investigação. E se esses atos
dependem do livre convencimento do delegado, possível é a existência de
parcialidade, merecendo, portanto, a permissão de oposição de suspeição pela parte
investigada também em fase de inquérito. Assim é a decisão do Supremo Tribunal
Federal, no HC 133.835 sobre a discricionariedade dos atos estatais:

O indiciamento, que não se reduz à condição de ato estatal meramente


discricionário, supõe, para legitimar-se em face do ordenamento positivo, a
formulação, pela autoridade policial (e por esta apenas), de um juízo de
valor fundado na existência de elementos indiciários idôneos que deem
suporte à suspeita de autoria ou de participação do agente na prática
delituosa. (STF, HC 133.835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 18/04/2016).

Desta feita, verifica-se que o STF manifesta pela existência do ato discricionário e
juízo de valor da autoridade policial, vez que precisa fundamentar a existência de
elementos suficientes ou insuficientes à instauração da ação penal.

Deve-se aplicar, por isso, quando necessário a oposição de suspeição na sua


integralidade, não apenas merecendo cautela por ato do delegado, mas também
pela parte que se sentir ameaçada ou prejudicada pela suspeição existente. Até
porque, o ato discricionário e o juízo de valor devem ser elementos imparciais na
ação penal, com base na defesa das garantias e direitos fundamentais da
Constituição Federal de 1988.

A persecução penal se inicia no momento que uma ação delituosa é praticada e não
há nenhuma legislação que impeça um delegado de polícia de atuar mesmo estando
comprometido com o fato além de sua própria consciência. E, dentro de uma
sociedade onde as regras devem estar positivadas, isto é muito pouco. Na maioria
das vezes o Ministério Público oferece a denúncia do fato conforme foi apurado no
inquérito policial, dando inicio a ação penal que também dará sequencia a sua
instrução a partir das informações colhidas na fase investigativa. Por isso, é
necessário a imparcialidade logo no início das investigações.

Os institutos da suspeição e Impedimento assim devem atender ao princípio do


devido processo legal e da imparcialidade, no que diz respeito à necessidade de
tratamento equitativo dispensado a cada um dos membros da sociedade. Possui,
portanto, natureza jurídica de regra de forma que não deverá ser admitido juízo de
ponderação em sua aplicação.

Por mais que a doutrina e a jurisprudência majoritárias já tenham pacificado o


entendimento de que no inquérito policial não se exige as garantias do contraditório
e da ampla defesa, por sua estrutura de concentração de atos em uma só pessoa,
não se pode eliminar as garantias de imparcialidade do agente estatal responsável
por ele. Como visto, a ofensa ao princípio da imparcialidade é inconstitucional,
mesmo em fase de inquérito, pois a investigação pode ficar viciada caso haja
parcialidade das investigações e apurações.

Mesmo que o artigo 107 do CPP/41 não estabeleça o direito de suspeição pela parte
na fase de inquérito policial, sabe-se que a CF/88 é lei suprema e a mesma prevê a
observância de alguns princípios fundamentais, como contraditório, ampla defesa,
imparcialidade, devido processo legal e verdade real. Portanto, reconhecer o direito
de suspeição em todas as fases de apuração de crime e de processo penal,
incluindo a oposição de suspeição ao delegado não somente por parte da autoridade,
mas também pela parte envolvida ou investigada é também reconhecer o devido
processo penal constitucional.

5 Conclusão

O Código de Processo Penal é de 1941, portanto, anterior a Constituição Federal,


promulgada em 1988. Quando a CF/88 foi promulgada, todos os demais dispositivos
legais que não foram revogados por força do texto supremo, ficaram condicionados
ao mesmo. O processo penal então passou a ser processo penal constitucional, e
todos os seus dispositivos devem ser aplicados sob a ótica constitucional.

Assim ocorre com o inquérito policial. O inquérito angaria elementos informativos


capazes de constatar se houve ou não indícios de crime, autoria e materialidade.
Portanto, é claro que trata-se de uma fase investigativa. Não obstante, embora seja
angariador de elementos probatórios não pode se tratar de um procedimento penal
que fira as garantias fundamentais do acusado.

O inquérito, com respaldo na CF/88 trabalha justamente com o objetivo de não se


instaurar ação penal descabida, sem elementos probatórios suficientes que possam
prejudicar e incriminar o acusado erroneamente. Desta feita, garante que não haverá
um processo criminal infundado em desfavor do acusado. Prova disso é a
obrigatoriedade de todas as legislações, incluindo a legislação penal e processual
penal, referenciarem os mandamentos constitucionais do art. 5º e incisos da
Constituição Federal de 1988.
Portanto, a investigação criminal, além de preparar a ação penal e ser uma medida
legal existente, é também uma medida de caráter e função social, vez que objetiva
evitar acusações infundadas, identificar o ilícito penal corretamente, sua
materialidade e autoria.

Na contramão do objetivo do inquérito policial, vislumbra-se a falha que tange a


redação do artigo 107 do CPP/41. A lei processual prevê a aplicação das regras
sobre suspeição na fase inquisitorial aos delegados de polícia, vez que estipula que
estes devem, espontaneamente, dar-se por suspeitos ou impedidos caso
caracterizada alguma parcialidade. Todavia, o mesmo dispositivo não permite que a
parte oponha suspeição ao delegado de polícia, se assim entender ser o mesmo
suspeito.

Diante disso, verifica-se que, ainda que o delegado seja suspeito, se assim o mesmo
não se declarar, o inquérito policial dará sua continuidade, podendo dessa forma a
investigação ser dotada de irregularidades. A parte investigada se não puder opor
suspeição da autoridade policial que presida o inquérito, estará tendo seus direitos
fundamentais e constitucionais cerceados, a iniciar-se pela violação do direito de
contraditório e ampla defesa.

Isso, porque, a ampla defesa e contraditório poderiam ser garantidos na fase de


inquérito pelo pedido de oposição de suspeição da parte que se sentir prejudicada
pela parcialidade do delegado. Não obstante, se assim não for garantido, além de
ferir esses preceitos constitucionais, fere em consequência o devido processo legal
e o direito de acesso a jurisdição.

O objetivo do instituto da suspeição é justamente impedir vícios e nulidades na


investigação e persecução penal. Se ainda que na fase inicial, apenas de
investigação, esse vício já se constata e nada se faz para corrigi-lo, toda a ação
penal ficará viciada e a parte envolvida prejudicada. Por isso, embora o artigo 107
do CPP/41 e a doutrina majoritária preveja a vedação de oposição de suspeição ao
delegado de polícia, não se pode permitir flagrante inconstitucionalidade em defesa
da simples literalidade do artigo 107.
Como apresentado, o CPP/41 deve ser interpretado a luz da CF/88 e diante disso,
adequado seria a aplicação dos artigos 252 e 254 por analogia também ao delegado
de polícia, de forma a defender os preceitos constitucionais e penais constitucionais
consagrados. Deve-se, portanto, interpretar a nova ótica e os novos operadores do
direito e autores de artigos científicos atuais para defender o problema proposto, em
defesa do devido processo legal, que segue o respaldo ao contraditório, ampla
defesa e imparcialidade o que permite entender pela oposição da suspeição do
delegado de polícia, também pela parte.

Referências

ALMEIDA, Marcelo Mazella de. Histórico do inquérito policial no Brasil, publicado


em 26 mai. 2012. disponível em:<http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,historico-
do-inquerito-policial-no-brasil,37218.html>. Acesso em: 26 set. 2019.

BARBOSA, Arlã Rocha. O Delegado de Polícia como Garantidor dos Direitos


Fundamentais, 2013. Disponível em: <
http://www.adpf.org.br/adpf/imagens/noticias/chamadaPrincipal/7770_arla%20rocha.
pdf>. Acesso em: 30 set. 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil.


Diário Oficial da União, Brasília, Senado, 05 de out. de 1988. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.
Acesso em: 12 set. 2019.

BRASIL. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Adotada e


proclamada pela Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas
em 10 de dezembro de 1948. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf>. Acesso em: 06
out. 2017.

BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal


Brasileiro.Diário Oficial da União, Brasília, Senado, 31 de dezembro de 1940.
Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2019.

BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 03 de outubro de 1941. Institui o Código de


Processo Penal. Diário Oficial da União, Brasília, Senado, 13 de outubro de 1941.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 15 set. 2019.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. HC 309.299/MS. Rel Min. Sebastião Reis


Júnior, julgamento em 06/08/2015. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/internet_docs/jurisprudencia/jurisprudenciaemteses/Jurisprud%
C3%AAncia%20em%20teses%2063%20-%20Revis%C3%A3o%20criminal.pdf>.
Acesso em: 04 nov. 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. RHC 131.450/DF. Rel. Min. Carmen Lúcia,
julgamento em 03.05.2016. Disponível em:
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=10963692>.
Acesso em: 05 nov. 2019.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF, HC 133.835 MC, Rel. Min. Celso de Mello,
DJ 18/04/2016. Disponível
em:<http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp?item=1360&tipo=CJ&termo=e
duca%E7%E3o>. Acesso em: 21 out. 2019.

BRASIL. Tribunal Regional Federal da 3ª Região. TRF-3 ACR 0000114-


86.2015.4.03.6112, relator desembargadora federal Cecília Mello, julgamento em:
04/04/2017. Disponível em: <https://trf-
3.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/448947346/apelacao-criminal-acr-
1148620154036112-sp?ref=juris-tabs>. Acesso em: 21 out. 2019.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

CASTRO, Sarah Jacob Simões de. Arguição de suspeição às autoridade


policiais no inquérito policial, 07 jul. 2012. Disponível em:
<https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/7289/Arguicao-de-suspeicao-as-
autoridade-policiais-no-inquerito-policial>. Acesso em: 04 nov. 2019.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 3ª ed.


São Paulo: Malheiros, 2013.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2014.

DIVINO, Cláudia. A exceção de suspeição no processo penal, 31 mar. 2019.


Disponível em: <https://claudiadivino.jusbrasil.com.br/artigos/692199169/a-excecao-
de-suspeicao-no-processo-penal?ref=feed>. Acesso em: 06 nov. 2019.

FERREIRA FILHO, Antônio Luiz. A efetivação do princípio da verdade real,


publicado em 04 dez. 2012. Disponível em: <
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-efetivacao-do-principio-da-
verdadereal,40936.html>. Acesso em: 10 out. 2019.

GOMES FILHO, Antônio Magalhães. A Motivação das Decisões Penais. São


Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001.

LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. Salvador:


Juspodivm, 2014.

LOPES, Aury Jr. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional.


11. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2014.

LOPES JR., Aury. Fundamentos do Processo Penal: Introdução Crítica. São Paulo:
Saraiva, 2015.
LOPES JR., Aury; GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Investigação Preliminar no
Processo Penal. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

MACHADO, Leonardo Marcondes. É possível opor suspeição às autoridades


policiais nos atos do inquérito, de 11 set. 2018. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2018-set-11/academia-policia-possivelopor-suspeicao-
autoridades-policiais-atos-inquerito#_ftn1>. Acesso em: 06 nov. 2019

MUCCIO, Hidejalma. Prática de Processo Penal: Teoria e Modelos. 6. ed. São


Paulo: Método, 2012.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil: volume


único. 3. ed. São Paulo: Método, 2011.

NOVO, Benigno Nuñes. Imparcialidade do Juiz: ética da magistratura, de jun.


2019. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/74696/imparcialidade-do-juiz>.
Acesso em: 14 out. 2019.

PORTANOVA, Rui. Princípios do processo civil. 8. ed. Editora Livraria do


Advogado. Porto Alegre, 2013.

RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 24. ed. Rio de Janeiro. Lúmen Juris,
2016.

REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal esquematizado /


Alexandre Cebrian Araújo Reis e Victor Eduardo Rios Gonçalves; coordenador
Pedro Lenza –São Paulo: Saraiva, 2012.

ROSA, Lucas Costa da. Suspeição do delegado de polícia, nov. 2011. Disponível
em: <https://jus.com.br/artigos/20337/suspeicao-do-delegado-de-policia>. Acesso
em: 06 nov. 2019.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.40. ed. São
Paulo: Editora Malheiros, 2017.

TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. 10. ed., São
Paulo: Saraiva, 2008

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil: Teoria geral


do Direito Processual Civil e Processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2011.

Você também pode gostar