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O inquérito policial encontra-se previsto no Código de Processo Penal

(CPP) entre os artigos 4º a 23.

Podemos definir inquérito policial como sendo um procedimento


preparatório da ação penal, de cunho administrativo, conduzido pela
Polícia Judiciária, visando à colheita de elementos que provem a
materialidade da infração penal e ainda indícios suficientes da sua
autoria.

Salienta-se que o Inquérito Policial é direcionado, conforme seja ação


penal pública ou privada, respectivamente, ao Ministério Público ou ao
particular ofendido, acompanhando a denúncia ou a queixa-crime, nos
termos do artigo 12 do CPP. In verbis:

Art. 12, CPP: O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa,


sempre que servir de base a uma ou outra.

Como se depreende do conceito apresentado, por ser o Inquérito


Policial um procedimento de caráter administrativo e não um processo,
não há a obrigatoriedade, em regra, de se respeitar o contraditório e a
ampla defesa.

Dito de outro modo, o investigado não participa ativamente da


produção dos elementos probatórios realizados no inquérito policial, à
exemplo das diligências ordenadas pelo delegado de polícia.

Sobre este ponto, destaca-se que o investigado, o ofendido ou seu


representante legal podem até requerer diligências a autoridade
policial, que serão realizadas ou não, a critério desta (artigo 14 do CPP).
Tal dispositivo, apenas reforça o caráter inquisitivo do Inquérito
Policial.

Destaca-se que o cunho inquisitório do Inquérito Policial é algo


extremamente importante para o êxito das atividades investigativas,
mesmo que em um primeiro momento pareça por “mitigar”
determinas garantias do cidadão, notadamente o contraditório e a
ampla defesa.

A esse respeito, a título de exemplo, imagine-se qual seria o resultado


prático e satisfatório se o investigado tivesse prévio conhecimento da
interceptação telefônica decretada em seu desfavor. Certamente, nada
se descobriria sobre a possível atividade criminosa.

Ou ainda, se o investigado pudesse se manifestar previamente à


concessão do mandado de busca e apreensão domiciliar. De igual
modo, a medida também seria ineficaz.

Dessa forma, portanto, o caráter inquisitivo do Inquérito Policial


mostra-se como inerente a própria natureza desta espécie de
investigação criminal, dependendo o êxito deste procedimento
justamente da inobservância do contraditório e da ampla defesa.

REFERÊNCIAS

ALVES, Leonardo Barreto Moreira. Processo Penal – parte geral.


Coleção Sinopses para Concursos. 11º edição rev. atual. ampli. São
Paulo. JusPodivm. 2021.

BRASIL. Decreto-Lei 3.689, de 03 de outubro de 1941. Código de


Processo Penal. Diário Oficial da União, 1941.

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