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Curso Preparatório de Carreiras Jurídicas – AMPERJ

Direito Processual Penal


Prof. Marcos Paulo

Curso Preparatório de Carreiras Jurídicas – AMPERJ


Disciplina: DIREITO PROCESSUAL PENAL
Professor: Prof. Marcos Paulo
Monitora: Juliana Magalhães de Freitas

Aula 04 – dia 20.06.2023

CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL


Continuação – características do INQUÉRITO POLICIAL. Características do Inquérito Poli-
cial: Procedimento Dispensável, Escrito, Inquisitivo, Oficialidade, Oficiosidade, Sigiloso, Discricio-
nariedade, Indisponibilidade.
* (tinha sido abordado a dispensabilidade do Inquérito na aula 1; e procedimento escrito, in-
quisitorial e caráter unidirecional na aula 2; e oficiosidade e exceções da oficiosidade, sigilosidade
interna e externa na aula 3, Indisponibilidade, Autoritoriedade, oficialidade, retrospectividade na
aula 4)

INVESTIGAÇÃO DEFENSIVA
É decorrência do Art. 5o inc LXIII da CRFB/88. Porque a partir do momento que se permite a
defesa por um advogado, permite-se extensivamente a própria investigação defensiva.
Acrescenta-se a isso o art. 7o XXI da Lei 8906, já que nele inclui a assistência de seus clientes
investigados nos termos do inciso, isso permite a investigação defensiva de forma facultativa.
Da mesma forma entende-se o trazido pela LC 80/94 (Defensoria Pública) no art. 44 inc X e
art. 128 inciso X. Estes dispositivos trazem para a defensoria pública o poder geral de requisição,
que resulta em um poder geral de investigação defensiva dentro do âmbito penal.
art. 5o inciso LXIII da CRFB88 - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de perma-
necer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
art. 7o XXI da Lei 8906 XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob
pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os ele-
mentos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusi-
ve, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
art. 44 inc X da LC 80/94 X - requisitar de autoridade pública e de seus agentes exames, certidões, pe-
rícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias
ao exercício de suas atribuições;
art. 128 inciso X da LC 80/94 X - requisitar de autoridade pública ou de seus agentes exames, certi-
dões, perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências ne-
cessárias ao exercício de suas atribuições;
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O PLENO DO STF já chancelou tais poderes, e surge no âmbito penal para informar a investi-
gação defensiva.
=> Tudo isso acabou desaguando no Provimento n. 188/2018 da CFOAB, que “Regulamenta
o exercício da prerrogativa profissional do advogado de realização de diligências investigatórias pa-
ra instrução em procedimentos administrativos e judiciais.”

MAS COMO OCORRERIA A INVESTIGAÇÃO DEFENSIVA?


Há duas propostas atualmente, que são excludentes. Não há uma definição de qual a correta
ainda
Autuação própria ANEXADA aos autos quando finalizada,
OU
Investigação de forma incidental aos autos

A defesa tem essas duas posições, ou seja, ela faz uma investigação própria em paralelo, e adi-
ciona ao final aos autos. OU, vai fazer investigação defensiva incidental.
Tudo vai depender por óbvio do grau de intimidade com a autoridade policial, se há ruído ou
não com esta autoridade. Ou seja, se o relacionamento permite, se há um clima colaborativo com a
autoridade policial => fatores extra jurídicos.

Lembrando sempre que esta investigação defensiva é FACULTATIVA.

*uma exclui a outra ? Em verdade, não são propriamente excludentes, trata-se de uma opção,
entre uma e outra.
O STF E O STJ já tem posicionamentos favoráveis sobre o assunto.
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CONTINUIDADE DAS CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO
6o => INDISPONIBILIDADE DO INQUÉRITO

Quando falamos em arquivamento do inquérito, parte-se da iniciativa pelo MP, porque o in-
quérito está confiado ao MP, por ser este o destinatário final da persecução penal.
Compreende o inquérito e peças de informação. => art. 17 do CPP
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

=> E AS VPIS?

Já tivemos a explicação sobre as VPIs. Há divergência sobre a possibilidade ou não de arqui-


vamento das VPIs por parte da autoridade policial.
Destaque-se o posicionamento do DOUTRINADOR POLASTRI => VPI não tem sequer pre-
visão legal, porque em realidade o art. 5o p. 3o do CPP somente fala em lastro indiciário concreto
mínimo à formalização do inquérito. Para o POLASTRI => O questionamento já é anterior, é da
própria existência da VPI. Entretanto, esse entendimento já está superado há muito tempo, por-
que para o STJ o art. 5O p. 3o do CPP já credita a existência da VPI.=> trata-se de investiga-
ção preliminar autrófica.
o
§ 3 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em
que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

Essas VPIs são extremamente importante porque validaram as resoluções no âmbito das dife-
rentes Polícias, porque estariam dentro do Poder Regulamentar do Executivo. Ou seja, na medida
que o STJ assenta que as VPIs tem validade, “à reboque” acabam validando todas as resoluções que
regulamentam as VPIs das polícias Brasil afora. O STJ sempre se colocou assim, e hoje, tremenda-
mente reforçado pela lei de abuso de autoridade.
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Esclarece-se que NÃO HÁ CRIME QUANDO SE TRATAR DE INVESTIGAÇÃO
SUMÁRIA. (do p.ú. do art 27 e art. 32 da Lei de abuso de autoridade)....
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funci-
onal ou de infração administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação prelimi-
nar sumária, devidamente justificada.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigat-
ório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado
o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras,
cujo sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

As VPIs hoje são uma realidade!!!!!!!!!! Não adianta seguir com entendimento contrário a is-
so em prova!

A fim de evitar burla ao art. 129 inc. VII da CRFB/88; o art. 17 do CPP compreende as VPIs,
até porque, mesmo que se entenda tal interpretação omo extensiva, tem amparo no art. 3o do CPP.
129 inc. VII da CRFB/88 - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
Art. 17 do CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
o
Art. 3 A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.

Se a VPI fosse disponível, se pensássemos dessa forma, estaríamos possibilitando a burla à


forma de controle externo pelo MP. Então, as peças de VPIs devem TAMBÉM ser encaminhadas ao
MP. Um dos objetivos das correições em delegacias é justamente isso.
Deve portanto haver interpretação extensiva do art. 17 do CPP com o art. 3o do CPP!

Em se tratando de PROVAS=> DE CARREIRA É MANDATÓRIO (posicionamento majori-


tário=> VPIs tb são indisponíveis).
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=> DE POLICIAL OU BANCA COMPOSTA POR DELEGA-
DO (a VPI tem previsão legal, e é disponível, ou seja, pode ser arquivado de ofício pelo Delegado).
Não é recomendada em banca policial do RJ => Paulo Rangel.
=> provas objetivas entendimento literal simples do art. 17 do CPP.
Há o temor de burlar o processo investigatório!

E A EXCLUSÃO DO INDICIAMENTO? DESINDICIAMENTO OU DESINDICIAÇÃO?


=> A discussão é acadêmica! A posição do MP é de que NÃO, porque o entendimento da lei é
de que não é possível a exclusão do indiciamento por parte da autoridade policial.

ex. vc está investigação preliminar e percebe-se que o Adamastor. Caso a autoridade policial
pudesse realizar a exclusão do indiciamento no que tange ao Adamastor. => estaria veladamente co-
metendo a burla da indisponibilidade pelo MP.
Portanto é NÃO, não pode haver a exclusão do indiciamento por parte da autoridade po-
licial.

EM SENTIDO CONTRÁRIO (em uma prova para Delegado), ou seja, argumentando pela
possibilidade da exclusão do indiciamento por parte da autoridade policial, cite-se o art. 2o p. 6o da
Lei 12.830/13=> ato privativo da autoridade policial.
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, me-
diante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstânci-
as.
Neste caso, argumentaria-se que o indiciamento, por ser privativo do delegado de polícia, per-
mitiria a disponibilidade por parte da autoridade policial, preservando o art. 17. Ele estaria dispondo
de um ato incidental ao próprio inquérito, e que lhe é privativo.

Além disso, considerando a S. 473 do STF, que permite que a administração anule o seu
próprio ato. => No caso do indiciamento, por se tratar de ato administrativo incidental ao inquérito,
privativo da autoridade policial, e portanto, permitiria que a autoridade revesse seu próprio ato.
“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ile-
gais, porque dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunida-
de, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
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=> Ou seja, os agentes podem rever seus próprios atos, o que permitiria a sua desindiciação!
É UMA DISCUSSÃO ACADÊMICA APENAS.
=> Tudo que se faz no inquérito é documentado (pelo art. 9o do CPP). => inclusive a desindi-
ciação. => ao fim do prazo do inquérito encaminha ao MP.
Se o MP discorda da desindiciação, ele envia uma requisição pela retomada da investigação
em relação à pessoa e/ou crime desindiciado.

=> Como contraponto, de delegados, existe posicionamento de que uma vez desindiciado, e
com pedido do MP para a reinclusão, a autoridade policial poderia se negar a faze, porque se trata
de procedimento privativo da autoridade policial. Ainda assim, o MP poderia por conta própria pro-
ceder com o indiciamento que foi negado pela autoridade policial.
Em que pese o contraponto acima, alegado por alguns doutrinadores (principalmente delega-
dos) , isso não tem amparo, nem apoio da jurisprudência, pelo contido no art. 129 VII e VII da
CRFB/88, já que o MP poderia sim requisitar novamente pelo indiciamento que foi arquivado pela
autoridade policial. Trata-se do controle externo policial dado ao MP.

Não confunda indiciamento com instauração do inquérito (portaria ou APF). Isso porque o in-
quérito pode se dar sem autoria minimamente prevista.
ex. encontra-se um cadáver e abre-se inquérito por meio de uma Portaria. “autoria por hora ig-
norada”

O indiciamento por sua vez é a imputação formalizada contra determinada pessoa pela autori-
dade policial ou ministerial. Aí sim, a pessoa deixa de ser mero investigado e passa a ser “oficial-
mente” investigada. A investigação pode ter várias etapas/ciclos. Até porque o inquérito tem prazo
de 30 dias para autores soltos, que pode ser renovado subsequentemente, e em alguma dessas eta-
pas, ser feito o indiciamento.
No indiciamento, há a inclusão da autoria delitiva.
No caso do Flagrante há simultaneamente a instauração de inquérito e indiciamento. A autori-
dade policial já abre o inquérito contra a pessoa detida em flagrante.
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* essa exclusão do indiciamento precisa de fundamentação da autoridade policial? Sim, sob


pena de prevaricação.
* O indiciamento, em suma, é um juízo de valor que parte da Autoridade Policial, no curso da
investigação policial, que pode ser, a qualquer momento descaracterizado pelo MP. => Não colo-
que como mero juízo de valor. Trata-se de uma imputação, já colocado inclusive na FAC (Folha de
Antecedentes Criminais), portanto vai muito além do mero juízo de valor (vide art. 23 do CPP).
*para indiciar autoridades com foro de prerrogativa de função é necessária autorização do tri-
bunal competente? SIM, VIDE AULA 3, EM QUE ESSE TEMA FOI TRATADO EXAUSTIVA-
MENTE.

7o => AUTORITORIEDADE, OFICIALIDADE, RETROSPECTIVIDADE DO INQUÉ-


RITO POLICIAL
As características mais importantes já foram abordadas. Essas são menos cobradas em provas.
AUTORITORIEDADE=> Razão muito simples, porque o inquérito é presidido por uma AU-
TORIDADE, seja policial ou ministerial.
OFICIALIDADE => porque o inquérito é um procedimento oficial.
RETROSPECTIVIDADE => Isso porque o inquérito é retrospectivo, para investigar o que já
aconteceu. Nada impede, entretanto, que o inquérito policial instaure no curso da investigação, um
aspecto prospectivo. Um dos resultados dignos da colaboração é a prevenção de novas infrações pe-
nais, vide inc III do art. 4o da Lei 12.850. (colaboração premiada da organização criminosa).
Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir
em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos
daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo
criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:...
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização
criminosa;

Aqui ele terá um aspecto prospectivo, de uma investigação criminal já em curso, ressaltando
que se trata de uma atuação excepcional quando se fala em prospectividade.
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Lembrando que a Polícia Judiciária tem essa função de repressão dos crimes, ou seja, averigu-
ar o que já aconteceu, ou que ainda está acontecendo.

PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO/OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

QUADRO RESUMO DOS PRAZOS DE INQUÉRITO (fonte: Estratégia Concursos)

VIDE art. 10 do CPP(prazo do inquérito)/ art 46 do CPP (prazo para o oferecimento da denúncia)
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
o
§ 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
o
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
o
§ 3 Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo mar-
cado pelo juiz.

Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
(art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os au-
tos.
o
§ 1 Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento
da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
o
§ 2 O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do
Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que
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não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.

Portanto quando pensamos em prazo para a conclusão do inquérito, utiliza-se o art. 10 do CPP
com o prazo de 10 dias do indiciado preso e 30 dias para o indiciado solto.
Já no caso do oferecimento da denúncia, utiliza-se o art. 46 do CPP, com o prazo de 5 dias do
indiciado preso e 15 dias para o indiciado solto.

Tratando dos prazos gerais, quando falamos indiciado PRESO:


Primeiramente=> Não se fala da prisão temporária => porque esta tem prazo próprio. vide art.
2o caput da Lei 7960/89,
Art. 2° da Lei 7960/89- A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representa-
ção da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

ou tratando-se de crime hediondo:


o o
§ 4 A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.

Esses prazos gerais do indiciado preso, portanto, não guarda relação com a prisão temporária.

Agora, com relação à prisão preventiva, já há uma referência, porque PP genuinamente decre-
tada - ok => utiliza-se os prazos do art. 46 do CPP. Ressalte-se para a contagem em dies a quo=
porque se trata de um prazo material.

Isso é muito interessante, porque nos manuais se fala que não se trata de um prazo processual,
porque se liga ao indiciado preso, portanto, prazo penal. Então se conta a partir da data do cumpri-
mento do mandado de PP. => nem precisaria fazer esse esforço hermenêutico, porque o art. 10 já é
claro nesse sentido.
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O mesmo entendimento é tido com a Prisão Preventiva fruto do flagrante convertido - ok

Só que nesse caso a data inicial é desde a data da captura flagrancial. Isso porque neste caso,
ele já está à disposição do Estado desde o momento da captura. E se não fosse essa interpretação, o
prazo seria de 12 ou mais dias (porque estaria desconsiderando o prazo entre a captura e a conver-
são em PP).

Quando pensamos em prazo, temos que também pensar no prazo da PP domiciliar contida no
art. 317 a 318-B do CPP -ok => até porque ela equivale à privação em regime fechado, apenas mu-
dando o local da custódia).
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua resi-
dência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente
for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº
13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde
que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
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I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela
Lei nº 13.769, de 2018).
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018).
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuí-
zo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Códi-
go. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).

Portanto, o próprio STJ já considera a prisão domiciliar como sendo uma prisão preventiva,
somente mudando o local, por questões humanitária. Isso é independentemente de monitoração ele-
trônica. Até porque prevalece a boa-fé.

TAMBÉM VALE PARA O RECOLHIMENTO DOMICILIAR (Art. 319 inciso V do CPP)


ok. => é diferente da acima, mas seus efeitos são os mesmos da prisão domiciliar. Isso equivale a
um regime aberto (as condições são = dormir na casa do albergado e sair para trabalhar, e recolher-
se aos finais de semana). Isso presume um cumprimento, que implica em detração também.

Esse tema já está equacionado na 3a s. do STJ.


Mas a depender da banca, não é considerado. Porque não está chancelado pelo STF. Em ver-
dade há inclusive entendimento contrário (pela MInistra Rosa Weber), de somente é possível a de-
tração penal se houve a confirmação por meio da monitoração eletrônica imposta cumulativamente.

Ou seja, ainda não está completamente pacificado no STF, apesar de pacificado na 3a turma
do STJ.
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RESUMINDO:

PRESO PREVENTIVO GENUÍNO X PRESO PREVENTIVO FLAGRANTE X PRESO


PREVENTIVO DOMICILIAR X PRESO PREVENTIVO RECOLHIMENTO DOMICILIAR

=>ADICIONA-SE A ESTES, UM 5o MODO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE: A INTER-


NAÇÃO PROVISÓRIA (art. 319 VII do CPP).
Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para in-
formar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias rela-
cionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de
novas infrações; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacio-
nadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou neces-
sária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou
acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou fi-
nanceira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluí-
do pela Lei nº 12.403, de 2011).
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência
ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do
Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do pro-
cesso, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judici-
al; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).

É necessário um laudo probatório da debilidade. A própria autoridade policial pode solicitar


pela instauração de incidente de insanidade mental ou dependência química/toxocológica no inqué-
rito, nos termos do p. 1o do art. 149 do CPP.
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Art. 149. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz ordenará, de
ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do ascendente, descendente,
irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-legal.
o
§ 1 O exame poderá ser ordenado ainda na fase do inquérito, mediante representação da au-
toridade policial ao juiz competente.
E pode, portanto, solicitar a prisão preventiva de internação provisória. Os prazos, tanto do in-
quérito como do oferecimento da denúncia, portanto, obedecem ao prazo para PRESOS (art. 10 e
art.46 do CPP).

*BANCA DE MG é punitivista! Somente permite a detração penal, quando ocorre a mo-


nitoração eletrônica. Isso não está pacificado no Supremo, somente na 3a S. do STJ. *Para o
MPRJ seria prudente seguir esta linha punitivista sobre a detração? A banca do RJ não é assim.
Mas em qq prova discursiva deve citar essa divergência sobre a detração penal.
*Para prova de MG=> deve ler o Leonardo Barreto (Juspodium).
*BANCA DE MG é punitivista! Ex. utilizar a Teoria da tinta diluída, que é uma teoria
em contraponto à teoria do Fruto da Árvore Envenenada. vide https://www.youtu-
be.com/watch?v=W1BFy9a-N1c
*BANCA DE MG é punitivista!=> cai muita coisa exótica, nomenclaturas exóticas....
que só cai ali.

Detalhe para STF/STJ => para fins de relaxamento da prisão=> CÔMPUTO GLOBAL
Ou seja, aqui vamos trabalhar o princípio do prejuízo, porque na prática, NÃO HAVERÁ O
PREJUÍZO COM A INOBSERVÂNCIA DE UM DOS PRAZOS. A autoridade vai trabalhar com a
compensação entre o prazo do inquérito e para o oferecimento da denúncia =>
EX. 12 dias do inquérito + 03 dias para a denúncia.=> deve ser feito o cálculo global e não há
prejuízo.=> não caberia o relaxamento de prisão por excesso de prazo.

Posição minoritária: É um tema controvertido, e doutrinariamente há quem divirja desse en-


tendimento, entendendo pelo CÔMPUTO ISOLADO, alegando o esvaziamento do art. 10 do CPP,
e, subsiariamente. Até porque se o legislador quisesse fazer um cômputo global, ele teria feito.
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Posição minoritária=> André luiz Nicolliti afirma que o cômputo global é possível, desde que
seja dentro da mesma etapa persecutória.
Não seria o caso aqui, pq o art. 10 está em uma etapa (investigação) enquanto que o art. 46
(formulação da imputação/ oferecimento da denúncia) está em outra etapa.

LEMBRANDO QUE O POSICIONAMENTO MAJORITÁRIO É O CÔMPUTO GLOBAL!

INTERVALO

RETORNO À QUESTÃO DOS PRAZOS DE INQUÉRITO E OFERECIMENTO DA DE-


NÚNCIA.

STF/STJ => PRESO => 10 dias inquérito e sucessivamente 5 dias para denúncia => lapso ra-
zoável e necessário à maturação da opinião delitiva. É um lapso razoável, que não compromete a
eficiência processual.

Portanto é um prazo bastante razoável, e que permite a maturação da investigação. Acaba


também por verificar a presença de crimes conexos, qualificadoras, causas de aumento de pena....

O prazo razoável até evita o aditamento=> é uma ferramenta prevista processualmente, mas
deve ser evitada. Isso porque vai ter que intimar a defesa técnica para se defender e acaba adiando o
processo.

No entanto, isso é muito questionado academicamente. É um posição minoritário, inclusive


muito vinculado ao MP, inclusive do RJ, como Afrânio Silva Jardim.
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Posição minotária que assim questiona, indica que se o preso está indiciado é porque existem
prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, logo, justa causa para a própria ação
penal, não se justificando o prolongamento do inquérito para, só depois fluir o prazo para a denún-
cia.
A partir dessa percepção, Por ex. Afrânio Silva Jardim, defendem que, implementada a prisão:

Por essa orientação, representada a prisão, ou o recolhimento domiciliar, os autos já seriam


encaminhados ao MP, sem prejuízo de serem feitas novas diligências pela autoridade policial simul-
taneamente.
Então, ao invés de haver a contagem do inquérito, com a prisão, já iria diretamente para o ofe-
recimento da denúncia. Desta forma, já iria para a persecução em 5 dias do provimento da denúncia.
Essas críticas acabam sendo encorpadas, se pensarmos no art. 3o B p. 2o do CPP (quando ele
entrar em vigor). Voltará em pleno vigor, com a implantação do Juiz das Garantias.
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da au-
toridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por
até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imedia-
tamente relaxada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

O Juiz das garantias poderá prorrogar por uma única vez.


Se ele está preso, é porque já temos provas suficientes de materialidade e autoria delitiva.
Essa construção, de ser contado sucessivamente, ganha corpo quando avalia-se o art.3o B p. 2o
do CPP.
Aqui vamos invocar o princípio da proporcionalidade, sob o ângulo da necessidade e ainda
mais a questão da duração razoável do processo.
Parte dessa premissa, pois, já teria justa causa para a denúncia.
Comprometeria a duração razoável do processo, que para o STF, inclui a fase investigatória,
pq se trata da persecução penal.
Daí a ofensa do art. 5o inciso LVII enquanto regra de tratamento.
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Em posição contrária a isso, do posicionamento do MP, traz-se o art. 2o da CRFB/88, tendo
em vista a separação dos poderes. Ou seja, não poderia o Juízo se intrometer no que o legislador de-
terminou, não tendo havido teratologia em termos legislativos. Portanto, para o MP, seria uma intro-
missão do Juízo na escolha do legislador em manter o prazo estabelecido de 10 dias. Várias ques-
tões que estavam adormecidas, vão voltar à superfície com a vigência do Juiz das Garantias, portan-
to, estejam preparados.
Em uma fase discursiva não se pode deixar de trazer essa divergência.

Prazo global de ATÉ 15 DIAS=> OU SEJA, 15 dias como teto. O juiz pode escolher um pra-
zo menor. E se o Juízo escolhe o limite máximo, cumpre ao juiz fundamentar concretamente.
Esse concretamente indica fundamentar sobre a complexidade e volume da investigação ainda
pendentes.

Agora: em se tratando de INVESTIGADO SOLTO=> É MAIS TRANQUILO!


PQ não traz a questão do relaxamento da prisão.
então traz-se o prazo de 30 dias + 15 para a denúncia => sua inobservância vai acarre-
tar apenas uma sanção => o início da fluência do prazo para o oferecimento da queixa-crime
subsidiária.

Com relação ao início da contagem do prazo para oferecimento da denúncia, no caso de PRESO:
Seria o tempo que o preso poderia permanecer preso sem ser denunciado e por isso tem que
contar da data do recebimento dos autos na Secretaria do Órgão do MP (conforme o art. 46 do
CPP). Não do dia seguinte!
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REFORÇANDO: O prazo começa a fluir da data do recebimento dos autos pelo MP.
O recebimento dos autos pelo MP => Seja o recebimento dos autos por qualquer membro da
equipe (servidor, estagiário,,.....) já está valendo. => não precisa ser o Promotor/Procurador.
Trata-se de um prazo impróprio, no caso de solto.
No caso de indiciado preso dá margem para que haja o relaxamento da prisão do indiciado.

No entanto, se o indiciado estiver PRESO, e ainda houver a necessidade de dar sequencia à in-
vesigação: prosseguimento desta com RELAXAMENTO DA PRISÃO, evidentemente.

Ou seja, “n” renovações do prazo para o encerramento do prazo da investigação=> só pode se


dar com o indiciado SOLTO. É a análise feita a partir do art. 10 p. 2o e 3o do CPP.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
o
§ 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
o
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inqui-
ridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
o
§ 3 Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade po-
derá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no
prazo marcado pelo juiz.

NÃO HÁ UM TETO MÁXIMO, A SER OBSERVADO DE FORMA OBJETIVA.

=> TODAVIA... o prolongamento do inquérito SEM resultados concretos obtidos dá margem


ao TRANCAMENTO pelo Juízo competente, em apreço à duração razoável do processo (da per-
secução penal global).
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Então, nada impede que eu tenha “n” renovações, mas tem que ter um resultado útil. Do
contrário, dá margem ao Juízo do seu TRANCAMENTO.
PQ além de ofender a duração razoável da persecução penal, também atenta contra a regra de
tratamento de presunção de não culpabilidade, enquanto regra de tratamento. Ofende-se também o
princípio da eficiência, por se tratar de um procedimento administrativo, em que se exige a eficiên-
cia.
Essa quadra está trazida no art. 3o B, IX. => trata-se de juiz das garantias, mas que deve ser
ampliada para todos os procedimentos.
IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável
para sua instauração ou prosseguimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência)

Trata-se de uma referência exemplificativa.


À isso se soma a lei de abuso de autoridade, porque um dos crimes de abuso de autoridade, se
trata justamente do art. 31 da L. 13.869/19. => CRIME DE ABUSO DE AUTORIDADE.
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investi-
gado ou fiscalizado: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão
de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
fiscalizado.

RESUMINDO:

Diante de tudo isso, embora o prof. tenha dito que pode ser renovado “n” vezes, sem um teto,
destaque-se a R. 181 do CNMP. É evidente que a resolução não vai alterar os prazos para conclusão
de investigação de réu preso. (até porque seria declarado inconstitucional, por ferir lei e por ferir
art. 5o da CRFB).
Mas em se tratando de réu solto, tem-se o prazo de 90 dias, conforme estabelece art. 13 da re-
ferida resolução. => Permitidas renovações sucessivas por igual período.
Art. 13. O procedimento investigatório criminal deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa)
dias, permitidas, por igual período, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro do
Ministério Público responsável pela sua condução.

Então, embora não haja nada mandatório nesse sentido, deveríamos por analogia, já que o
CPP não tem uma regra específica; adotar esse lapso temporal também para as prorrogações da in-
vestigação penal policial.
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LEMBRANDO QUE NÃO HÁ NENHUMA LEI AUTORIZANDO ISSO.
Mas, seria cabível por analogia.

O prazo poderia ser inferior, mas nunca superior. => a depender da complexidade da investi-
gação.

TRAMITAÇÃO
Em se tratando de indiciado preso, é preciso atentar para o art. 5o inciso. LXI da CRFB/88=>
deve ser imediatamente comunicado ao juízo cumulativamente com o contido no art. 1o p.1o do
CPP, a tramitação tem que ser: da delegacia para o Juízo e então para o MP.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mili-
tar, definidos em lei;
o
art. 1o § 1 do CPP - A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e envia-
rá autos ao juiz competente.

Em se tratando de indiciado solto => por lei federal, a tramitação tem que ser: da delegacia
para o Juízo e então para o MP., também pelo entendimento do art. 10 p.1o do CPP.

Se for o caso, o MP remete para juízo, e o juízo chancela esse lapso temporal, e remete esses
autos ao MP.

No entanto, existem “n” Leis orgânicas, de diferentes MP, como também temos Resolução de
Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), de forma que, a tramitação se dá=> da delega-
cia para o MP!!!!!! => isso porque temos “n” unidades federativas!
Isso normalmente ocorre sem intervenção judicial, a não ser que haja requerimentos cautela-
res.
Temos esse modelo vigorando em várias unidades federativas => na União, em Sp, no RJ (vi-
de LC/RJ 106/03).
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A dúvida que surge é, ESSE MODELO DE TRAMITAÇÃO É CONSTITUCIONAL?


Esse tema já foi pautado no Supremo, mas está novamente em fila para ser julgado novamen-
te. Poderá ter um overruling.
O PLENO DO STF já decidiu pela inconstitucionalidade. Usando o caso da LC/RJ 106/03.
Foi decidido pela inconstitucionalidade meramente formal apenas!
Em momento nenhum foi enfrentado pela luz do sistema acusatório e do direito material.
O inquérito se trata de matéria pré-processual, portanto, a questão é que se trata de matéria
meramente procedimental, e não processual. Ainda que seja matéria procedimental, temos o art. 24
XI da CRFB/88 (“XI - procedimentos em matéria processual” é matéria concorrente). Então, é ma-
téria concorrente entre U,E e DF. Portanto, se há lei federal dispondo sobre, DESCABE lei estadual
ou distrital preceituar diferentemente, em sentido diverso.
E nós temos lei federal, justamente o art. 10 p. 1o do CPP, que dipõe de forma contrária à tra-
mitação trazida nas diversas LOMPs (Leis Orgânicas dos MP Estaduais).

Portanto, qq lei que disponha em sentido contrário ao contido no art. 10 p.1o do CPP, será con-
siderado inconstitucional.
Pior ainda quando se trata de Resolução, pq além de ferir o art. 24, atenta contra o art. 2o da
CRFB/88.

Com base nesta intelecção o STF entendeu estes modelos (das diversas LOMPs-Leis Orgâni-
cas dos MP Estaduais) como sendo inconstitucional.
OBS: OBTER DICTA (argumentos de reforços) do STF para reforçar o trazido pelo art. 10
p.1o do CPP=> art. 5o inc. LXIII da CRFB => facilita o exercício do direito de defesa no inquérito.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sen-
do-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
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Facilita a defesa no inquérito, isso porque qualquer procedimento, quando vai para o Juízo,
deverá ser “tombado”, registrado. A facilidade se dá porque basta ao advogado buscar pelo número.
No caso de autos em âmbito estadual, sem passar pelo Juízo, não há esse tipo de registro, o
que dificulta o exercício do direito de defesa. Porque não dá para saber a movimentação da delega-
cia para o MP.
A ida ao Juízo também facilita o controle sobre a duração razoável da persecução penal. En-
quanto está no âmbito do MP, o Juiz não saberá de nada, e não sabendo de nada não permite o seu
controle. Esse tema é muito caro a alguns Ministros do STF.
Isso conjugado com o art. 3o B inc. IX do CPP.=> Isso porque se o juiz das garantias poderá
arquivar o inquérito insubsistentes, ele precisa tomar ciência deste.
Sem prejuízo do sistema acusatório, porque, recebidos os autos pelo juiz, a regra é a pronta
vista ao MP, AINDA MAIS DIANTE DA IMPLEMENTAÇÃO DO JUIZ DAS GARANTIAS.

E, portanto, estaria reservado o sistema acusatório.


Nesta fase, o juiz das garantias, não vai ser o mesmo do processo.
As chances de reafirmar seu posicionamento é BRUTAL! HÁ POUCA CHANCE DE RE-
VERTER PORTANTO COM O ADVENTO DO JUIZ DAS GARANTIAS.

=> RESSALTE-SE QUE PARA O STJ, ESSE MODELO DE TRAMITAÇÃO (da autoridade
policial diretamente ao MP, sem passar pelo Juízo) => É CONSTITUCIONAL. E diz-se constitucio-
nal justamente pelo apreço ao sistema acusatório, a fim de preservar a imparcialidade do Juízo e a
cognição precoce. (em se tratando de indiciado solto).

No mais, é preciso dizer que o STJ acaba se prendendo em argumentações pífias.


=> Porque quando o STJ avaliou a tramitação (do inquérito que se dá diretamente entre auto-
ridade policial e MP no caso de indiciado solto), utilizou o argumento de que o STF já tinha sido
avaliado hà muito tempo, tendo sido aposentado vários dos seus integrantes.
Prof. afirma que é um argumento pífio, porque a decisão de um Tribunal não é do Ministro, É
DO ÓRGÃO!
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Deverá obedecer os precedentes, a não ser que haja um overruling ou um distinguishing.
O único argumento do STJ que presta é no que tange ao sistema acusatório.

EM SUMA=> As chances do Supremo reafirmar seu posicionamento com o advento do Juiz


das garantias, é ENORME.

* o MPU ainda segue esta resolução? RESPOSTA DO PROF. => O MPF ainda observa sim.

* como se posicionar na prova do MP RJ por favor ? JÁ FOI DITO. Deverá apresentar todos
os posicionamentos existentes, e vai apresentar a divergência apresentada pelo o STJ. Na objeti-
va=> se vier falando do STJ, é o posicionamento do STJ. Se não for falado nada => posicionamento
do STF, que é o órgão de cúpula.

Atenção para uma questão importante=> qdo falamos em posicionais, temos um posi-
cionamento. Mas quando se fala em provas com banca própria, vai ter posicionamentos
próprios que podem não coincidir com posicionamento Institucional.

PRAZOS ESPECIAIS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO/OFERECIMENTO


DA DENÚNCIA

Atente-se para o art. 66 p.ú. da Lei 5010/66 => PRAZO PARA CONCLUSÃO DO IP (PRE-
SO) => 15 DIAS + 15 DIAS (Isso se dá nos Crimes da COMPETÊNCIA da Justiça Federal)
Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado
estiver prêso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da
autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade
policial deverá apresentar o prêso ao Juiz.
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Prorrogação essa ordenada pelo Juízo. Na letra do art. 66 pu, até por ser uma lei do ano de
1966, não está citada a prévia oitiva do MP. Ou seja, em tese, poderíamos ter a autoridade solicitan-
do ao Juízo, e este decidindo, sem ouvir o MP. => EM TESE=> PORQUE: Mas temos que lembrar
que com o advento da CF, essa regra deve ser interpretada com à luz da CF, em que a ação penal é
privativa do MP. Isso é uma construção doutrinária, É O ÚNICO DEBATE COM RELAÇÃO A
ESTE ASSUNTO

EXISTIA UMA CONTROVÉRSIA SE O ART. 66 SE TRATAVA DE CRIMES DE ATRI-


BUIÇÃO INVESTIGATÓRIA DA POLÍCIA FEDERAL ou SE TRATAVA DOS CRIMES DA
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL => apesar de parecer a mesma coisa, não é a mesma
coisa! Porque a atribuição da polícia federal é mais abrangente! Ela investiga crimes estaduais,
quando por ex. investiga crimes interestaduais, cuja competência é da Justiça Estadual. Portanto,
atuação mais ampliada em relação à Justiça Federal.
So que a lei 5010, veio disciplinar e organizar a Justiça Federal (vide a ementa dela), portanto,
esse art. 66 pu entende-se como sendo exclusivamente da Justiça Federal.
“Organiza a Justiça Federal de primeira instância, e dá outras providências.”

AGORA: LEI 11343/06 (lei de Drogas). Obedecem os seguintes prazos (especiais):

Temos então esses prazos especiais.


Pode-se então verificar uma antinomia (conflito aparente) entre a lei 5010 (Justiça Federal) e
a lei do tráfico de drogas. Isso pode ser resolvido pelo princípio da especialidade. Então vigoraria
para o crime de tráfico de drogas a lei do tráfico de drogas. Nos demais crimes federais da compe-
tência da Justiça Federal, utiliza-se a Lei 5010.

Um último detalhe: em se tratando de indiciado preso, há questionamento doutrinário. E isso


se replica nos questionamentos já trazidos, porque ferem a duração razoável do processo e os direi-
tos do preso.
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Nos crimes contra economia popular (LEI 1521/51):

Independentemente de ser indiciado preso ou solto.

COM ISSO FECHA-SE O ESTUDO SOBRE O PRAZO PARA PARA CONTINUIDADE


DO INQUÉRITO E OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

ESGOTAMENTO DO PRAZO PARA DENÚNCIA E EFEITOS


Se o prazo para oferecimento da denúncia se esgotar, no caso de indiciado preso=> há o rela-
xamento da prisão.

Mas havendo, a destempo o arquivamento, ou a requisição de novas diligências => O MP


agiu, não há campo para a ação penal privada subsidiária da pública.
Isso é importante, pq em uma prova objetiva vai seguir o art. 38 do CPP, de que encerrado o
prazo para o oferecimento da denúncia, passar a correr o prazo para a apresentação da ação penal
privada subsidiária da pública.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no di-
reito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia
em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o pra-
zo para o oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou representação, dentro do
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mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único, e 31.

Porém, essa contagem não é tão simples, porque é extremamente variável e intempestiva.
Se o MP arquiva, requisita novas diligências, ou oferece denúncia => ele não fica mais inerte.

E QUANDO O MP REQUISITA DILIGÊNCIAS JÁ CUMPRIDAS, OU DILIGÊNCIAS


INÚTEIS ?=> Essa informação é importante. tanto na prática quanto na vida. Em geral ocorre por
desatenção. Esse quadro também é um caso de inércia. NA PROVA ISSO NÃO SE PRESUME,
TEM QUE SER DADO NO COMANDO DA QUESTÃO!!!!

* No caso de vista ao MP no Pje o prazo da denúncia passa a contar da remessa dos autos ou
do momento que se dá a intimação tácita? Neste caso o prazo não é processual, porque os autos já
estão disponíveis para o MP, e como o indiciado está preso, então passa a correr desde que se faz a
remessa dos autos.

Dito isso, um último detalhe, durante o prazo decadencial de 6 meses da ação penal subsidiá-
ria da pública, a legitimidade do MP não fica sobrestada/suspensa. Há uma legitimidade concorren-
te entre o MP e a vítima. Poderemos ter ao mesmo tempo o oferecimento da denúncia pelo MP e da
queixa-crime pela vítima. Passado o prazo de 6m, caduca-se o prazo para a vítima/ofendido; persis-
tindo a legitimidade para o MP.

Existe um questionamento sobre a constitucionalidade sobre a ação subsidiária da pública,


porque se trata de um controle externo, pela população. Se alguns crimes tem prazo prescricional de
20 anos, porque manter um prazo decadencial de apenas 6 meses?=> Deveria ser ajuizável por-
quanto o crime não estivesse prescrito => raciocínio de provas subjetivas somente, discursiva e oral.

PRÓXIMA AULA: ARQUIVAMENTO E DESARQUIVAMENTO.

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