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INVESTIGAÇÃO DEFENSIVA
É decorrência do Art. 5o inc LXIII da CRFB/88. Porque a partir do momento que se permite a
defesa por um advogado, permite-se extensivamente a própria investigação defensiva.
Acrescenta-se a isso o art. 7o XXI da Lei 8906, já que nele inclui a assistência de seus clientes
investigados nos termos do inciso, isso permite a investigação defensiva de forma facultativa.
Da mesma forma entende-se o trazido pela LC 80/94 (Defensoria Pública) no art. 44 inc X e
art. 128 inciso X. Estes dispositivos trazem para a defensoria pública o poder geral de requisição,
que resulta em um poder geral de investigação defensiva dentro do âmbito penal.
art. 5o inciso LXIII da CRFB88 - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de perma-
necer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
art. 7o XXI da Lei 8906 XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob
pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os ele-
mentos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusi-
ve, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016)
art. 44 inc X da LC 80/94 X - requisitar de autoridade pública e de seus agentes exames, certidões, pe-
rícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências necessárias
ao exercício de suas atribuições;
art. 128 inciso X da LC 80/94 X - requisitar de autoridade pública ou de seus agentes exames, certi-
dões, perícias, vistorias, diligências, processos, documentos, informações, esclarecimentos e providências ne-
cessárias ao exercício de suas atribuições;
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O PLENO DO STF já chancelou tais poderes, e surge no âmbito penal para informar a investi-
gação defensiva.
=> Tudo isso acabou desaguando no Provimento n. 188/2018 da CFOAB, que “Regulamenta
o exercício da prerrogativa profissional do advogado de realização de diligências investigatórias pa-
ra instrução em procedimentos administrativos e judiciais.”
A defesa tem essas duas posições, ou seja, ela faz uma investigação própria em paralelo, e adi-
ciona ao final aos autos. OU, vai fazer investigação defensiva incidental.
Tudo vai depender por óbvio do grau de intimidade com a autoridade policial, se há ruído ou
não com esta autoridade. Ou seja, se o relacionamento permite, se há um clima colaborativo com a
autoridade policial => fatores extra jurídicos.
*uma exclui a outra ? Em verdade, não são propriamente excludentes, trata-se de uma opção,
entre uma e outra.
O STF E O STJ já tem posicionamentos favoráveis sobre o assunto.
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CONTINUIDADE DAS CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO
6o => INDISPONIBILIDADE DO INQUÉRITO
Quando falamos em arquivamento do inquérito, parte-se da iniciativa pelo MP, porque o in-
quérito está confiado ao MP, por ser este o destinatário final da persecução penal.
Compreende o inquérito e peças de informação. => art. 17 do CPP
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
=> E AS VPIS?
Essas VPIs são extremamente importante porque validaram as resoluções no âmbito das dife-
rentes Polícias, porque estariam dentro do Poder Regulamentar do Executivo. Ou seja, na medida
que o STJ assenta que as VPIs tem validade, “à reboque” acabam validando todas as resoluções que
regulamentam as VPIs das polícias Brasil afora. O STJ sempre se colocou assim, e hoje, tremenda-
mente reforçado pela lei de abuso de autoridade.
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Esclarece-se que NÃO HÁ CRIME QUANDO SE TRATAR DE INVESTIGAÇÃO
SUMÁRIA. (do p.ú. do art 27 e art. 32 da Lei de abuso de autoridade)....
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funci-
onal ou de infração administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação prelimi-
nar sumária, devidamente justificada.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação
preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigat-
ório de infração penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado
o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras,
cujo sigilo seja imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
As VPIs hoje são uma realidade!!!!!!!!!! Não adianta seguir com entendimento contrário a is-
so em prova!
A fim de evitar burla ao art. 129 inc. VII da CRFB/88; o art. 17 do CPP compreende as VPIs,
até porque, mesmo que se entenda tal interpretação omo extensiva, tem amparo no art. 3o do CPP.
129 inc. VII da CRFB/88 - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei
complementar mencionada no artigo anterior;
Art. 17 do CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
o
Art. 3 A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica,
bem como o suplemento dos princípios gerais de direito.
ex. vc está investigação preliminar e percebe-se que o Adamastor. Caso a autoridade policial
pudesse realizar a exclusão do indiciamento no que tange ao Adamastor. => estaria veladamente co-
metendo a burla da indisponibilidade pelo MP.
Portanto é NÃO, não pode haver a exclusão do indiciamento por parte da autoridade po-
licial.
EM SENTIDO CONTRÁRIO (em uma prova para Delegado), ou seja, argumentando pela
possibilidade da exclusão do indiciamento por parte da autoridade policial, cite-se o art. 2o p. 6o da
Lei 12.830/13=> ato privativo da autoridade policial.
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, me-
diante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstânci-
as.
Neste caso, argumentaria-se que o indiciamento, por ser privativo do delegado de polícia, per-
mitiria a disponibilidade por parte da autoridade policial, preservando o art. 17. Ele estaria dispondo
de um ato incidental ao próprio inquérito, e que lhe é privativo.
Além disso, considerando a S. 473 do STF, que permite que a administração anule o seu
próprio ato. => No caso do indiciamento, por se tratar de ato administrativo incidental ao inquérito,
privativo da autoridade policial, e portanto, permitiria que a autoridade revesse seu próprio ato.
“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ile-
gais, porque dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunida-
de, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”
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=> Ou seja, os agentes podem rever seus próprios atos, o que permitiria a sua desindiciação!
É UMA DISCUSSÃO ACADÊMICA APENAS.
=> Tudo que se faz no inquérito é documentado (pelo art. 9o do CPP). => inclusive a desindi-
ciação. => ao fim do prazo do inquérito encaminha ao MP.
Se o MP discorda da desindiciação, ele envia uma requisição pela retomada da investigação
em relação à pessoa e/ou crime desindiciado.
=> Como contraponto, de delegados, existe posicionamento de que uma vez desindiciado, e
com pedido do MP para a reinclusão, a autoridade policial poderia se negar a faze, porque se trata
de procedimento privativo da autoridade policial. Ainda assim, o MP poderia por conta própria pro-
ceder com o indiciamento que foi negado pela autoridade policial.
Em que pese o contraponto acima, alegado por alguns doutrinadores (principalmente delega-
dos) , isso não tem amparo, nem apoio da jurisprudência, pelo contido no art. 129 VII e VII da
CRFB/88, já que o MP poderia sim requisitar novamente pelo indiciamento que foi arquivado pela
autoridade policial. Trata-se do controle externo policial dado ao MP.
Não confunda indiciamento com instauração do inquérito (portaria ou APF). Isso porque o in-
quérito pode se dar sem autoria minimamente prevista.
ex. encontra-se um cadáver e abre-se inquérito por meio de uma Portaria. “autoria por hora ig-
norada”
O indiciamento por sua vez é a imputação formalizada contra determinada pessoa pela autori-
dade policial ou ministerial. Aí sim, a pessoa deixa de ser mero investigado e passa a ser “oficial-
mente” investigada. A investigação pode ter várias etapas/ciclos. Até porque o inquérito tem prazo
de 30 dias para autores soltos, que pode ser renovado subsequentemente, e em alguma dessas eta-
pas, ser feito o indiciamento.
No indiciamento, há a inclusão da autoria delitiva.
No caso do Flagrante há simultaneamente a instauração de inquérito e indiciamento. A autori-
dade policial já abre o inquérito contra a pessoa detida em flagrante.
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Aqui ele terá um aspecto prospectivo, de uma investigação criminal já em curso, ressaltando
que se trata de uma atuação excepcional quando se fala em prospectividade.
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Lembrando que a Polícia Judiciária tem essa função de repressão dos crimes, ou seja, averigu-
ar o que já aconteceu, ou que ainda está acontecendo.
VIDE art. 10 do CPP(prazo do inquérito)/ art 46 do CPP (prazo para o oferecimento da denúncia)
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se
executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
o
§ 1 A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
o
§ 2 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
o
§ 3 Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá
requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo mar-
cado pelo juiz.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será de 5 dias, contado
da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o
réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
(art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os au-
tos.
o
§ 1 Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo para o oferecimento
da denúncia contar-se-á da data em que tiver recebido as peças de informações ou a representação
o
§ 2 O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data em que o órgão do
Ministério Público receber os autos, e, se este não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que
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não tem o que aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo.
Portanto quando pensamos em prazo para a conclusão do inquérito, utiliza-se o art. 10 do CPP
com o prazo de 10 dias do indiciado preso e 30 dias para o indiciado solto.
Já no caso do oferecimento da denúncia, utiliza-se o art. 46 do CPP, com o prazo de 5 dias do
indiciado preso e 15 dias para o indiciado solto.
Esses prazos gerais do indiciado preso, portanto, não guarda relação com a prisão temporária.
Agora, com relação à prisão preventiva, já há uma referência, porque PP genuinamente decre-
tada - ok => utiliza-se os prazos do art. 46 do CPP. Ressalte-se para a contagem em dies a quo=
porque se trata de um prazo material.
Isso é muito interessante, porque nos manuais se fala que não se trata de um prazo processual,
porque se liga ao indiciado preso, portanto, prazo penal. Então se conta a partir da data do cumpri-
mento do mandado de PP. => nem precisaria fazer esse esforço hermenêutico, porque o art. 10 já é
claro nesse sentido.
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Só que nesse caso a data inicial é desde a data da captura flagrancial. Isso porque neste caso,
ele já está à disposição do Estado desde o momento da captura. E se não fosse essa interpretação, o
prazo seria de 12 ou mais dias (porque estaria desconsiderando o prazo entre a captura e a conver-
são em PP).
Quando pensamos em prazo, temos que também pensar no prazo da PP domiciliar contida no
art. 317 a 318-B do CPP -ok => até porque ela equivale à privação em regime fechado, apenas mu-
dando o local da custódia).
Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua resi-
dência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011).
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente
for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com
deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (Incluído pela Lei nº
13.257, de 2016)
VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de
idade incompletos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos
neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável
por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde
que: (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
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I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; (Incluído pela
Lei nº 13.769, de 2018).
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. (Incluído pela Lei nº
13.769, de 2018).
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuí-
zo da aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Códi-
go. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018).
Portanto, o próprio STJ já considera a prisão domiciliar como sendo uma prisão preventiva,
somente mudando o local, por questões humanitária. Isso é independentemente de monitoração ele-
trônica. Até porque prevalece a boa-fé.
Ou seja, ainda não está completamente pacificado no STF, apesar de pacificado na 3a turma
do STJ.
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RESUMINDO:
Detalhe para STF/STJ => para fins de relaxamento da prisão=> CÔMPUTO GLOBAL
Ou seja, aqui vamos trabalhar o princípio do prejuízo, porque na prática, NÃO HAVERÁ O
PREJUÍZO COM A INOBSERVÂNCIA DE UM DOS PRAZOS. A autoridade vai trabalhar com a
compensação entre o prazo do inquérito e para o oferecimento da denúncia =>
EX. 12 dias do inquérito + 03 dias para a denúncia.=> deve ser feito o cálculo global e não há
prejuízo.=> não caberia o relaxamento de prisão por excesso de prazo.
Posição minoritária=> André luiz Nicolliti afirma que o cômputo global é possível, desde que
seja dentro da mesma etapa persecutória.
Não seria o caso aqui, pq o art. 10 está em uma etapa (investigação) enquanto que o art. 46
(formulação da imputação/ oferecimento da denúncia) está em outra etapa.
INTERVALO
STF/STJ => PRESO => 10 dias inquérito e sucessivamente 5 dias para denúncia => lapso ra-
zoável e necessário à maturação da opinião delitiva. É um lapso razoável, que não compromete a
eficiência processual.
O prazo razoável até evita o aditamento=> é uma ferramenta prevista processualmente, mas
deve ser evitada. Isso porque vai ter que intimar a defesa técnica para se defender e acaba adiando o
processo.
Prazo global de ATÉ 15 DIAS=> OU SEJA, 15 dias como teto. O juiz pode escolher um pra-
zo menor. E se o Juízo escolhe o limite máximo, cumpre ao juiz fundamentar concretamente.
Esse concretamente indica fundamentar sobre a complexidade e volume da investigação ainda
pendentes.
Com relação ao início da contagem do prazo para oferecimento da denúncia, no caso de PRESO:
Seria o tempo que o preso poderia permanecer preso sem ser denunciado e por isso tem que
contar da data do recebimento dos autos na Secretaria do Órgão do MP (conforme o art. 46 do
CPP). Não do dia seguinte!
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REFORÇANDO: O prazo começa a fluir da data do recebimento dos autos pelo MP.
O recebimento dos autos pelo MP => Seja o recebimento dos autos por qualquer membro da
equipe (servidor, estagiário,,.....) já está valendo. => não precisa ser o Promotor/Procurador.
Trata-se de um prazo impróprio, no caso de solto.
No caso de indiciado preso dá margem para que haja o relaxamento da prisão do indiciado.
No entanto, se o indiciado estiver PRESO, e ainda houver a necessidade de dar sequencia à in-
vesigação: prosseguimento desta com RELAXAMENTO DA PRISÃO, evidentemente.
RESUMINDO:
Diante de tudo isso, embora o prof. tenha dito que pode ser renovado “n” vezes, sem um teto,
destaque-se a R. 181 do CNMP. É evidente que a resolução não vai alterar os prazos para conclusão
de investigação de réu preso. (até porque seria declarado inconstitucional, por ferir lei e por ferir
art. 5o da CRFB).
Mas em se tratando de réu solto, tem-se o prazo de 90 dias, conforme estabelece art. 13 da re-
ferida resolução. => Permitidas renovações sucessivas por igual período.
Art. 13. O procedimento investigatório criminal deverá ser concluído no prazo de 90 (noventa)
dias, permitidas, por igual período, prorrogações sucessivas, por decisão fundamentada do membro do
Ministério Público responsável pela sua condução.
Então, embora não haja nada mandatório nesse sentido, deveríamos por analogia, já que o
CPP não tem uma regra específica; adotar esse lapso temporal também para as prorrogações da in-
vestigação penal policial.
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LEMBRANDO QUE NÃO HÁ NENHUMA LEI AUTORIZANDO ISSO.
Mas, seria cabível por analogia.
O prazo poderia ser inferior, mas nunca superior. => a depender da complexidade da investi-
gação.
TRAMITAÇÃO
Em se tratando de indiciado preso, é preciso atentar para o art. 5o inciso. LXI da CRFB/88=>
deve ser imediatamente comunicado ao juízo cumulativamente com o contido no art. 1o p.1o do
CPP, a tramitação tem que ser: da delegacia para o Juízo e então para o MP.
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mili-
tar, definidos em lei;
o
art. 1o § 1 do CPP - A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e envia-
rá autos ao juiz competente.
Em se tratando de indiciado solto => por lei federal, a tramitação tem que ser: da delegacia
para o Juízo e então para o MP., também pelo entendimento do art. 10 p.1o do CPP.
Se for o caso, o MP remete para juízo, e o juízo chancela esse lapso temporal, e remete esses
autos ao MP.
No entanto, existem “n” Leis orgânicas, de diferentes MP, como também temos Resolução de
Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), de forma que, a tramitação se dá=> da delega-
cia para o MP!!!!!! => isso porque temos “n” unidades federativas!
Isso normalmente ocorre sem intervenção judicial, a não ser que haja requerimentos cautela-
res.
Temos esse modelo vigorando em várias unidades federativas => na União, em Sp, no RJ (vi-
de LC/RJ 106/03).
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Portanto, qq lei que disponha em sentido contrário ao contido no art. 10 p.1o do CPP, será con-
siderado inconstitucional.
Pior ainda quando se trata de Resolução, pq além de ferir o art. 24, atenta contra o art. 2o da
CRFB/88.
Com base nesta intelecção o STF entendeu estes modelos (das diversas LOMPs-Leis Orgâni-
cas dos MP Estaduais) como sendo inconstitucional.
OBS: OBTER DICTA (argumentos de reforços) do STF para reforçar o trazido pelo art. 10
p.1o do CPP=> art. 5o inc. LXIII da CRFB => facilita o exercício do direito de defesa no inquérito.
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sen-
do-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
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Facilita a defesa no inquérito, isso porque qualquer procedimento, quando vai para o Juízo,
deverá ser “tombado”, registrado. A facilidade se dá porque basta ao advogado buscar pelo número.
No caso de autos em âmbito estadual, sem passar pelo Juízo, não há esse tipo de registro, o
que dificulta o exercício do direito de defesa. Porque não dá para saber a movimentação da delega-
cia para o MP.
A ida ao Juízo também facilita o controle sobre a duração razoável da persecução penal. En-
quanto está no âmbito do MP, o Juiz não saberá de nada, e não sabendo de nada não permite o seu
controle. Esse tema é muito caro a alguns Ministros do STF.
Isso conjugado com o art. 3o B inc. IX do CPP.=> Isso porque se o juiz das garantias poderá
arquivar o inquérito insubsistentes, ele precisa tomar ciência deste.
Sem prejuízo do sistema acusatório, porque, recebidos os autos pelo juiz, a regra é a pronta
vista ao MP, AINDA MAIS DIANTE DA IMPLEMENTAÇÃO DO JUIZ DAS GARANTIAS.
=> RESSALTE-SE QUE PARA O STJ, ESSE MODELO DE TRAMITAÇÃO (da autoridade
policial diretamente ao MP, sem passar pelo Juízo) => É CONSTITUCIONAL. E diz-se constitucio-
nal justamente pelo apreço ao sistema acusatório, a fim de preservar a imparcialidade do Juízo e a
cognição precoce. (em se tratando de indiciado solto).
* o MPU ainda segue esta resolução? RESPOSTA DO PROF. => O MPF ainda observa sim.
* como se posicionar na prova do MP RJ por favor ? JÁ FOI DITO. Deverá apresentar todos
os posicionamentos existentes, e vai apresentar a divergência apresentada pelo o STJ. Na objeti-
va=> se vier falando do STJ, é o posicionamento do STJ. Se não for falado nada => posicionamento
do STF, que é o órgão de cúpula.
Atenção para uma questão importante=> qdo falamos em posicionais, temos um posi-
cionamento. Mas quando se fala em provas com banca própria, vai ter posicionamentos
próprios que podem não coincidir com posicionamento Institucional.
Atente-se para o art. 66 p.ú. da Lei 5010/66 => PRAZO PARA CONCLUSÃO DO IP (PRE-
SO) => 15 DIAS + 15 DIAS (Isso se dá nos Crimes da COMPETÊNCIA da Justiça Federal)
Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado
estiver prêso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da
autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade
policial deverá apresentar o prêso ao Juiz.
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Prorrogação essa ordenada pelo Juízo. Na letra do art. 66 pu, até por ser uma lei do ano de
1966, não está citada a prévia oitiva do MP. Ou seja, em tese, poderíamos ter a autoridade solicitan-
do ao Juízo, e este decidindo, sem ouvir o MP. => EM TESE=> PORQUE: Mas temos que lembrar
que com o advento da CF, essa regra deve ser interpretada com à luz da CF, em que a ação penal é
privativa do MP. Isso é uma construção doutrinária, É O ÚNICO DEBATE COM RELAÇÃO A
ESTE ASSUNTO
Porém, essa contagem não é tão simples, porque é extremamente variável e intempestiva.
Se o MP arquiva, requisita novas diligências, ou oferece denúncia => ele não fica mais inerte.
* No caso de vista ao MP no Pje o prazo da denúncia passa a contar da remessa dos autos ou
do momento que se dá a intimação tácita? Neste caso o prazo não é processual, porque os autos já
estão disponíveis para o MP, e como o indiciado está preso, então passa a correr desde que se faz a
remessa dos autos.
Dito isso, um último detalhe, durante o prazo decadencial de 6 meses da ação penal subsidiá-
ria da pública, a legitimidade do MP não fica sobrestada/suspensa. Há uma legitimidade concorren-
te entre o MP e a vítima. Poderemos ter ao mesmo tempo o oferecimento da denúncia pelo MP e da
queixa-crime pela vítima. Passado o prazo de 6m, caduca-se o prazo para a vítima/ofendido; persis-
tindo a legitimidade para o MP.