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LEI 13.245/20161
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b) (VETADO).
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§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o
exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
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Aula do dia 23.02.2016
Aulas ministrada em redes sociais
Direito Processual Penal
direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.”
(NR).
Essa divisão é importante, pois quando estamos na fase processual sabemos que, em
regram, vigora o princípio da publicidade (art. 93, IX CF) em sua plenitude, sendo uma garantia
de todo cidadão, revelando, portanto, uma clara postura democrática do processo.
Vale lembrar, porém, que a CF autoriza restrições a essa publicidade ampla quando
visualiza-se um prejuízo ao direito, por exemplo à intimidade e à vida privada, v.g. crimes
sexuais, que em regra tem a publicidade restrita.
Assim, a pergunta que se faz é: Diante do caráter sigiloso do IP, o advogado pode ter
acesso aos autos?
Por força do próprio art. 5º, LXIII CF, o qual prevê que “o preso será informado
de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
assistência da família e de advogado” é assegurado ao preso a assistência de
advogando. E essa assistência passa obrigatoriamente aos autos de investigação.
Ressalta-se que a expressão “preso” não pode ser interpretada restritivamente,
devendo ser entendida como toda aquela pessoa que seja investigada, indiciada ou
acusada, pouco importando se está presa ou em liberdade.
A questão já era tratada na súmula vinculante 14, a qual prevê que: É direito do
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
Ressalta-se que esta súmula deve-se ler adaptada a nova redação dada ao art.
7º, XIV do EOAB, ou seja, onde se lê “procedimento investigatório realizado por órgão
de competência de polícia judiciária” deve-se ler como investigação de qualquer
natureza.
Assim, a interpretação que deve ser dada a súmula é que o acesso do advogado
não é um acesso ilimitado, mas sim limitado aos elementos anexados aos autos do IP,
não podendo, portanto, ter acesso a eventuais diligências em andamento. O
contraditório e a ampla defesa, nesse caso, será diferido.
De qualquer forma, a Lei 13.245/2016 introduziu o §11 no art. 7º prevendo, de
certa forma, o que a súmula vinculante 14 já dizia.
De acordo com esse parágrafo, a autoridade policial pode delimitar o acesso do
advogado aos autos de investigação, outorgando a autoridade uma discricionariedade
para estabelecer o exato momento para a juntada das diligências.
Cuidado, porém, que este parágrafo confere uma discricionariedade, mas a
autoridade não pode atuar com arbitrariedade, ou seja, uma vez certificando que a
juntada da diligência em um determinado momento trará risco a investigação, a
autoridade tem a discricionariedade de juntá-la em momento mais oportuno. Ex.: um
depoimento no qual revela o exato local da droga. Caso a autoridade junte antes de
realizar a busca e apreensão do material ilícito, o advogado terá acesso a essa
informação e a diligência poderá ser frustrada.
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• Argumentos:
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Aula dia 04.03.2016
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Entendem que este artigo não pode ser interpretado restritivamente. Assim,
deve-se entender que a expressão “processo” abrange também eventuais
procedimentos investigatórios, como é o caso do IP, bem como a expressão “acusados”,
que deverá ser interpretada, a grosso modo, como todo imputado, ou seja, o suspeito,
o investigado e o indiciado.
Assim não há porque se restringir o contraditório e a ampla defesa a fase judicial,
pois numa leitura constitucional e ampliativa podemos concluir por isso.
II) Art. 5º, LXIII, CF: “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de
advogado”
Referido artigo consagra o direito ao silêncio, que nada mais é do que um dos
desdobramentos do direito da não autoincriminação. Além disso, traz implicitamente o
direito de ser ouvido, que é um dos desdobramentos da autodefesa.
Diante disto, não podemos negar que há nas investigações ampla defesa uma
vez que o investigado tem direito de ser ouvido. Assim, podemos deduzir que o
contraditório e ampla defesa são válidos para toda fase de investigação preliminar.
Lógico que não é um contraditório real, mas sim diferido
II.1) Exercício de direito de defesa na investigação preliminar
Pode ser exercido de duas maneiras:
a) Exercício exógeno: aquele que é exercido fora dos autos da investigação preliminar,
através do uso dos remédios heroicos, e de requerimentos endereçados ao juiz e ao MP.
O art. 7, §12 é um exemplo desse exercício.
b) Exercício endógeno: aquele exercido dentro dos autos da investigação e encontra-se
previsto no art. 14 do CPP “O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade”.
Ressalta-se que as diligências requeridas não são de caráter obrigatório, cabendo
à autoridade verificar a pertinência da realização da prova.
Outro exemplo de exercício endógeno é o previsto no art. 7, XIV, “a”: “apresentar
razões e quesitos”
A possibilidade de apresentar razões na fase investigatória seria uma estratégia
de defesa para tentar evitar o indiciamento do seu cliente, ou evitar eventual
requerimento de medidas cautelares por parte da autoridade.
Com relação aos quesitos, tecnicamente este seriam perguntar endereçadas aos
peritos para que prestem esclarecimentos sobre o exame pericial, mas a doutrina vem
interpretando de maneira extensiva, entendendo que a quesitação pode ser direcionada
às testemunhas.
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• Argumentos:
Por mais que se queira questionar essa natureza do IP, devemos lembrar que o
elementos obtidos nessa fase são elementos informativos e o valor probatório deles é
menor. Basta olhar o art. 155 do CPP, o qual diz que esses elementos não podem ser
usados de maneira exclusiva para condenar alguém. Assim, o valor probatório dos
elementos informativos é menor, o que, portanto, justifica a não observância do
contraditório e da ampla defesa.
III) Art. 306 do CPP: “A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”
Esse artigo não foi modificado pela lei 13.245/16 e portanto continua vigente a
redação que prevê que não é necessária a presença de o advogado durante a lavratura
da APF. Tanto é assim que a autoridade policial tem 24h para remeter o APF à Defensoria
Pública.
IV) Além disso, exigir a presença do advogado em todas as diligências policiais
seria inviável, pois se não há defensor suficiente para atender a demanda
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→ Diante de todo exposto, como devo interpretar o art. 7º, XXI do EOAB?
Caso o advogado esteja presente, ele tem o direito de acompanhar o seu cliente.
Ressalta-se que desta premissa não podemos concluir que é obrigatória a presença do
advogado.
Importante frisar que, apesar de o referido artigo prevê que a ausência do
advogado resulta numa nulidade absoluta, esta nulidade absoluta só será absoluta
quando resultar em prejuízo comprovado. É o entendimento do STF, que há muito
entende que o prejuízo deve ser comprovado independentemente da espécie de
nulidade, apesar de em tese a nulidade absoluta trazer uma presunção de prejuízo.