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DIREITO PROCESSUAL PENAL1


1 – Princípios constitucionais do processo penal.

PRINCÍPIOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS

- NÃO CULPABILIDADE (ou princípio da presunção de inocência): previsto no art. 5º, LVII, CF/88, e significa
que ninguém poderá ser culpado sem sentença com trânsito em julgado. Além disso, fala-se do “in dúbio pro reo”,
ou seja, na dúvida, deve o juiz absolver o acusado.

Regras fundamentais: a) Regra probatória (in dubio pro reo): a parte acusadora tem o ônus de demonstrar a
culpabilidade do acusado além de qualquer dúvida razoável. Recai exclusivamente sobre a acusação o ônus da
prova; b) Regra de tratamento: vedação de prisões processuais automáticas ou obrigatórias e a impossibilidade
de execução provisória ou antecipada da sanção penal.

Dimensões:

.Interna ao processo: funciona como dever imposto, inicialmente, ao magistrado, no sentido de que o ônus da
prova recai integralmente sobre a parte acusadora, devendo a dúvida favorecer o acusado. E as prisões cautelares
devem ser excepcionais, comprovada a necessidade;

.Externa ao processo: proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização do acusado. Os princípios, a


presunção de inocência e as garantias constitucionais da imagem funcionam como limites democráticos à abusiva
exploração midiática em torno do fato criminoso e do processo judicial.

- CONTRADITÓRIO: previsto no art. 5º, LV, CF/88, e significa que aos litigantes em processo administrativo e
judicial serão garantidos o contraditório e a ampla defesa. O contraditório significa o direito à informação e à
participação.

#DEOLHONASÚMULA Súmula 707, STF: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer
contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”.

-AMPLA DEFESA: previsto no art. 5º, LV, CF/88.

Defesa técnica é aquela exercida por profissional habilitado e que tenha capacidade postulatória (ex. advogado,
defensor público, defensor dativo), cuja ausência acarreta a nulidade absoluta do processo.
1 Conforme previsão do edital, o material foi atualizado considerando toda a legislação em vigor na data de sua publicação.

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#ATENÇÃO O réu tem direito de escolher seu defensor.

Autodefesa é o direito de audiência (o réu tem direito a um contato direto com o juiz para expor suas consi-
derações sobre o fato, ex. no interrogatório), o direito de presença (o réu tem o direito de acompanhar os atos
processuais que são proferidos no bojo do processo contra si) e o direito de postular (ex. HC, revisão criminal).

Regra de fundamentação: a defesa técnica, quando feita por defensor público ou dativo, deverá ser sempre fun-
damentada (art. 261, parágrafo único, CPP).

Possibilidade de 1 advogado e vários réus: é possível que um único advogado defenda o interesse de vários
réus, desde que a tese não seja antagônica e que não haja prejuízo à ampla defesa.

#DEOLHONASSÚMULAS
Súmula 523, STF: No processo penal, a falta de defesa técnica acarretará a nulidade absoluta, mas sua deficiência
só o anulará se houver prejuízo ao réu;
Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em
situação de alegada autodefesa.

- PUBLICIDADE: trata-se da transparência da atividade jurisdicional. Ferrajoli diz que o princípio funciona como
garantia de segundo grau ou garantia da garantia.

Pode ser ampla, quando qualquer pessoa pode acompanhar o feito ou restrita, quando limitada a um grupo de
pessoas, em razão do segredo de justiça, se justificável.

Qual tipo de publicidade temos no júri, na sala secreta? A publicidade restrita, já que apenas um determina-
do número de pessoas poderá ter acesso a ela.

- INADMISSIBILIDADE DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO: o art. 157, “caput”, CPP proíbe a utilização de
provas obtidas por meios ilícitos, salvo quando oriunda de fonte independente ou quando não guardarem nexo
de causalidade entre si (art. 157, §1º, CPP).

Prova ilícita x ilegítima: a primeira decorre da violação de norma de natureza material, ao passo que a segunda
de norma de natureza processual.

Teoria dos Frutos da árvore envenenada ou prova ilícita por derivação: o vício material ou processual inerente
a determinada prova tem o condão de eivar de nulidade todas aquelas dela decorrentes, notadamente quando
existente nexo causal entre elas. Exceções à prova Ilícita por derivação:

a) Teoria da descoberta inevitável: é descoberta inevitável aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de
praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. Ex. corpo

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achado pelo depoimento ilegal do acusado, mas um grupo de duzentos voluntários já estava trabalhando na
área onde o corpo foi encontrado e com certeza iriam encontrá-lo. No STF, não há precedente, mas, atualmente,
segundo a doutrina majoritária, ela está no §2º do art. 157 do CPP. Conclusão – onde se lê “fonte independente”,
considere também a descoberta inevitável. Esse foi o entendimento do STJ no HC 52995. § 2º.

b) Prova absolutamente independente: a mera existência de uma prova ilícita não necessariamente contamina
o processo, pois havendo outras provas válidas absolutamente independentes da prova ilícita, o processo será
aproveitado. A prova declarada como ilícita será desentranhada dos autos e destruída na presença facultativa das
partes. Segundo a doutrina, essa imediata destruição é precipitada, de maneira que o mais razoável é acondicionar
a prova de maneira apartada e aguardar ao menos o trânsito em julgado de uma futura sentença. Ex. Impressão
digital colhida em prisão ilegal, mas já havia no banco de dados do FBI as impressões e o sujeito já era suspeito.
Pode utilizar as impressões do banco de dados do FBI, por se tratar de fonte independente da prova ilícita.

c) Teoria da contaminação expurgada ou teoria da conexão atenuada ou da marcha purgada: o vínculo entre a pro-
va derivada e a prova ilícita pode ser rompido pelo juiz desde que ele o considere tênue, superficial, raso. O nexo
causal é atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias supervenientes, colaboração voluntária de
um dos envolvidos. Ex. entram ilegalmente na casa de A, prendem drogas com B que comprou de C. C é solto e
alertado do silêncio, mas mesmo assim resolve confessar o crime. Não está no CPP, mas parte da doutrina defende
que está ao dizer que “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
nexo de causalidade entre umas e outras”.

d) Teoria da boa-fé: segundo Walter Nunes, a transgressão à lei na produção probatória pode ser afastada, desde
que o agente produtor estivesse de boa-fé. Requisitos: boa- fé e crença razoável na legalidade da conduta. O STF
no caso PC Farias afastou a aplicação da boa-fé objetiva. Além do aspecto subjetivo, a boa-fé objetiva é pautada
na objetividade do cumprimento da lei.

e) Teoria do encontro fortuito de provas, serendipidade (LFG) ou Teoria da descoberta casual: se durante a diligên-
cia probatória for acidentalmente descoberta outra prova, em regra, ela será aproveitada, desde que não exista
desvio de finalidade na diligência. Não pode ser após ter encontrado os objetos próprios da busca e apreensão.
Não pode estar procurando em local em que seria impossível encontrar o objeto real da busca e apreensão. Ex.
animais em gavetas – houve desvio – ilícita.

OBS: Escritório de advocacia – apreensão de documentos de clientes – não será admissível, em observância ao
sigilo profissional, salvo no caso em que o cliente é coautor ou partícipe do advogado no crime que deu causa
ao mandado de busca e apreensão no escritório.

#SELIGANOJULGADO CRIME DE ACHADO. SERENDIPIDADE. ECONTRO FORTUITO DE PROVAS. O réu


estava sendo investigado pela prática do crime de tráfico de drogas. Presentes os requisitos constitucionais e

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legais, o juiz autorizou a interceptação telefônica para apurar o tráfico. Por meio dos diálogos, descobriu-se que
o acusado foi o autor de um homicídio. A prova obtida a respeito da prática do homicídio é LÍCITA, mesmo
a interceptação telefônica tendo sido decretada para investigar outro delito que não tinha relação com
o crime contra a vida. Na presente situação, tem-se aquilo que o Min. Alexandre de Moraes chamou de
“crime achado”, ou seja, uma infração penal desconhecida e não investigada até o momento em que,
apurando-se outro fato, descobriu-se esse novo delito. Para o Min. Alexandre de Moraes, a prova é consi-
derada lícita, mesmo que o “crime achado” não tenha relação (não seja conexo) com o delito que estava sendo
investigado, desde que tenham sido respeitados os requisitos constitucionais e legais e desde que não tenha
havido desvio de finalidade ou fraude. STF. 1ª Turma. HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Alexandre de Moraes, julgado em 13/6/2017 (Info 869)

#AJUDAMARCINHO
Provas x acesso ao celular:
- Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados
e de conversas registradas no whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda
que o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
IMPORTANTE: Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia au-
torização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone
sido entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma. RHC 86.076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617).
Acesso ao whatsapp de aparelho celular coletado em busca e apreensão:
- Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão
de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que com-
preende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons
ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas de in-
formática e telemática. STJ. 5ª Turma. RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info 593)
-Se o telefone celular foi apreendido em busca e apreensão determinada por decisão judicial, não há óbice para
que a autoridade policial acesse o conteúdo armazenado no aparelho, inclusive as conversas do Whatsapp. Para
a análise e a utilização desses dados armazenados no celular não é necessária nova autorização judicial. A or-
dem de busca e apreensão determinada já é suficiente para permitir o acesso aos dados dos aparelhos celulares
apreendidos. STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 03/10/2017.

-JUIZ NATURAL: ninguém será processado e julgado senão pela autoridade competente de acordo com normas
preestabelecidas. Veda-se o Tribunal de exceção e o juízo post factum.

-NEMO TENETUR SE DETEGERE OU VEDAÇÃO À AUTOINCRIMINAÇÃO: ninguém é obrigado a produzir pro-


vas contra si mesmo. Ex. no interrogatório o acusado poderá ficar em silêncio. Até mesmo as testemunhas, ainda

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que prestem compromisso, podem invocar esse princípio quando entender que a informação poderá lhe incriminar.

Aviso de Miranda: é o aviso quanto ao direito de o acusado não produzir provas contra si mesmo.

Provas invasivas: (exame de sangue, espermograma, identificação dentária) são vedadas, como decorrência desse
princípio. De outro lado, são permitidas provas não invasivas (DNA de um fio de cabelo no chão).

#DEOLHONAJURIS
O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de descumprimento de
preceito fundamental, para pronunciar a não recepção da expressão “para o interrogatório”, constante do
art. 260 do CPP, e declarar a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de
investigados ou de réus para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente
ou da autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. O Tribunal
destacou, ainda, que esta decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data do presente
julgamento, mesmo que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para tal ato. Vencidos,
parcialmente, o Ministro Alexandre de Moraes, nos termos de seu voto, o Ministro Edson Fachin, nos termos de
seu voto, no que foi acompanhado pelos Ministros Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia (Presidente).
STF. Plenário. ADPF 395, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 14.06.2018, decisão publicada no DJE em 15.06.2018.

-PROPORCIONALIDADE: não está previsto expressamente na CF e pode ser visto por 3 perspectivas:

• adequação: a medida restritiva deverá ser adequada para o fim proposto.

• necessidade: dentre as várias medidas restritivas, a escolhida deverá ser a menos gravosa.

• proporcionalidade em sentido estrito: gravame imposto x bem jurídico a que se quer proteger.

SISTEMAS PROCESSUAIS

- SISTEMA INQUISITIVO (ou Inquisitório):

• Origem: Direito Canônico – Idade Média.

• Juiz inquisidor: acumula as funções de defender, julgar e acusar.

• Ampla iniciativa probatória: busca da verdade absoluta.

• Impulso oficial: iniciativa probatória do juiz.

• Réu como um objeto do processo e não como sujeito de direitos.

• Processo secreto: sigilo das audiências.

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• Não há contraditório.

• Tarifa probatória: a confissão é a rainha das provas.

• Julgadores não estão sujeitos à recusa.

• Ausência de trânsito em julgado / coisa julgada.

- SISTEMA ACUSATÓRIO (é o adotado no Brasil, mas de forma mitigada):

• Origem: Grécia e Roma Antigas.

• a separação entre os órgãos de Acusação, Defesa e Julgamento, criando-se um processo de partes.

• liberdade de defesa e igualdade de posição das partes (o acusado é Sujeito de Direitos).

• a vigência do contraditório.

• O ponto definidor do sistema acusatório é a proibição do juiz produzir prova pré-processual (STF).

• Segundo Brasileiro, o que diferencia os sistemas é a posição dos sujeitos processuais e a gestão da
prova.

Atualmente, ainda existe uma circunstância que revela atuação de um juiz inquisidor (Art. 156, I, do CPP –“A prova
da alegação incumbe a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz, de ofício: I – ordenar, mesmo antes de inicia-
da a ação penal, a produção antecipada de provas, consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade,
adequação e proporcionalidade da medida”)

Por outro lado, o Art. 212 do CPP reflete com primazia o que esperamos do Magistrado quanto à gestão da prova
no processo penal.

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que
puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida.
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.

É o chamado Exame Direto e Cruzado. O Juiz atuando de maneira residual, complementar.

Cumpre registrar, ainda, que no Sistema Acusatório o Princípio da Verdade Real é substituído pelo Princípio da
Busca da Verdade, devendo a prova ser produzida com fiel observância ao contraditório e à ampla defesa.

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2 – Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas.

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL

-LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO: princípio da territorialidade: enquanto no CP vige o princípio da territorialida-


de mitigada (territorialidade como regra [art. 5º, CP] e da extraterritorialidade incondicionada e condicionada [art.
7º, CP]), o CPP adota o princípio da territorialidade ou da lex fori (art. 1º, CPP). Assim, como regra, todo e qualquer
processo penal que surgir no território nacional deve ser solucionado de acordo com as regras do CPP.

Exceções:

a) Tratados, convenções e regras de direito internacional (art. 1º, I, CPP): chefes de governo estrangeiro ou de Es-
tado estrangeiro (e suas famílias), embaixadores (e suas famílias), funcionários estrangeiros do corpo diplomático
(e suas famílias), funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA, etc.) gozam de imunidade
diplomática, ou seja, da prerrogativa de responderem em seu país de origem pelo delito praticado no Brasil.

b) Crimes de responsabilidade (art. 1º, II, CPP): trata-se de atividade jurisdicional exercida por órgãos políticos cuja
finalidade é analisar o afastamento de alguns agentes políticos por crime de responsabilidade (ex. art. 52, I e II, CF);

c) Processo de competência da Justiça Militar (art. 1º, III, CPP): na Justiça Castrense se aplica o de Processo Penal
Militar, conforme previsão do art. 124, CF;

d) Processos de competência do tribunal especial (art. 1º, IV, CPP): esse inciso faz menção ao antigo Tribunal de
Segurança Nacional (vigente à CF de 1937). Hoje, os crimes contra a segurança nacional estão definidos na Lei
7.170/83 e compete ao STF processar e julgar os crimes políticos, com recurso ordinário para o Supremo (art. 102,
II, “b”, CF);

e) Crimes de imprensa (art. 1º, V, CPP): #LEMBRAR que o STF entendeu como não recepcionada a Lei de Imprensa.
Eventuais ilícitos ou crimes cometidos nessa seara deverão analisados sob a égide do CC, CP, CPP e CPC.

f ) outras exceções: não previstas no CPP estão a possibilidade de aplicá-lo em territórios nullius (ou terras de
ninguém); em território estrangeiro com expressa autorização do Estado respectivo; e em situações de guerra e
invasão pelo Estado brasileiro.

-LEI PROCESSUAL NO TEMPO: tempus regit actum ou princípio da imediatidade: enquanto no direito penal
vige o princípio da irretroatividade, no sentido de que a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, no
direito processual penal se vige o princípio da aplicação imediata (tempus regit actum), no sentido de as leis proces-
suais penais serão aplicadas desde logo, sem prejuízo da validade dos atos praticados na lei anterior (art. 2º, CPP).
Apesar de o art. 2º, CPP não trazer ressalvas, doutrina e jurisprudência fazem a seguinte subdivisão:

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#NÃOESQUECER

São aquelas que contêm uma parte de normas penais e outra de normas
NORMAS PROCESSUAIS processuais penais.
MISTAS REGRA: aplica-se a regra das normas penais, ou seja, se for mais benéfico,
retroage; se for mais prejudicial, não retroage. Ex. art. 366, CPP e art. 89, Lei 9099.

NORMAS GENUINAMENTE São aplicadas imediatamente sem prejuízo dos atos praticados na vigência de
PROCESSUAIS lei anterior. Ex. normas de citação e intimação.

São normas processuais inseridas em diploma penal e vice-versa.

NORMAS PROCESSUAIS REGRA: há de se observar a natureza da norma: se penal, não retroage, salvo
HETEROTÓPICAS para beneficiar o réu; se processual penal, tem aplicação imediata, respeitando-se
os atos praticados na vigência da lei anterior. Ex. o direito ao silêncio está previsto
no CPP (embora seja lei de cunho material).

-INTERPRETAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL: admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem
como o suplemento dos princípios gerais de direito (art. 3º, CPP).

3 – Inquérito policial.

-CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA: o Inquérito Policial continua sendo o principal instrumento de que se vale
o Estado para investigação de infrações penais, no entanto, atualmente, se reconhece a importância de outros
instrumentos investigatórios (Ex.: Procedimento de Investigação Criminal – PIC – presidido pelo MP; Investigação
Criminal Defensiva pelo Defensor; Investigações realizadas pelo COAF, etc.).

Trata-se de procedimento administrativo inquisitivo e preparatório, presidido pela autoridade policial, com o
objetivo de identificar Fontes de Prova (pessoas ou coisas ligadas ao fato delituoso) e colher elementos de infor-
mação quanto à autoria e à materialidade da infração penal, a fim de permitir que o titular da ação penal possa
ingressar em Juízo.

Eventuais vícios existentes no inquérito policial, em regra, não contaminam a ação penal subsequente
(não há que se falar em nulidade), SALVO no caso de provas ilícitas (Ex.: Gravação Sub-reptícia/Interceptação
sem autorização Judicial).

O Inquérito Policial não é processo, não pode sequer ser tratado como processo administrativo, porque dele
não resulta, de imediato, a imposição de uma sanção. Na verdade, é um procedimento administrativo e
preparatório (preliminar), conduzido de acordo com a discricionariedade da autoridade policial.

OBS: Em que pese a natureza jurídica de Procedimento Administrativo INQUISITIVO, foi publicada a Lei nº
13.245/2016 (modificando o Estatuto da OAB), que, para alguns, abre certo espaço para o CONTRADITÓRIO no

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IP. Renato Brasileiro alerta que a Lei nº 13.245/2016 não afastou a natureza Inquisitorial do IP.
Art. 7º São direitos do advogado: (…)
XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de
flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade,
podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
XXI – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do re-
spectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a)
apresentar razões e quesitos;
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de
que trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado
aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos,
quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o
fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará
responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso
do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do
advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.

- CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO: sigiloso, dispensável, escrito e assinado pela autoridade policial, pro-
cedimento inquisitorial (porque não há contraditório e nem ampla defesa), oficial (feito por um delegado de
polícia), oficioso (o delegado deverá abrir IP de ofício nos casos de crimes submetidos à ação penal pública incon-
dicionada) e indisponível (o delegado, uma vez instaurado o IP, não poderá arquivá-lo).

#DEOLHONASÚMULA
SÚMULA VINCULANTE 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
#AJUDAMARCINHO
A súmula vinculante continua válida. Contudo, depois da alteração promovida pela Lei nº 13.245/2016, é
importante que você saiba que o direito dos advogados foi ampliado e que eles possuem direito de ter
amplo acesso a qualquer procedimento investigatório realizado por qualquer instituição (e não mais
apenas aquele realizado “por órgão com competência de polícia judiciária”, como prevê o texto da SV
14). Se for negado o direito do advogado de ter acesso a procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária: o profissional poderá propor reclamação diretamente no STF invocando vio-
lação à SV 14. Se for negado o direito do advogado de ter acesso a procedimento investigatório realizado por

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outros órgãos: o profissional não poderá propor reclamação porque esta situação não está prevista na SV 14.
Deverá impetrar mandado de segurança ou ação ordinária alegando afronta ao art. 7º, XIV, do Estatuto da OAB.

Valor probatório dos elementos colhidos em IP: é relativo, uma vez que consiste na juntada de elementos de
informação quanto à materialidade e os indícios de autoria para formar a opinio delicti do titular da ação penal, não
realizado sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

Consequência de investigação feita por autoridade policial incompetente: mera irregularidade2, já que sua
função se restringe ao colhimento de elementos de informação de materialidade e indícios de autoria. Além disso,
o IP não é o único meio previsto no ordenamento para a colheita desses elementos.

Notitia criminis: trata-se do conhecimento de um crime pelo delegado de polícia. Pode ser:

.notitia criminis espontânea: mediante atividades rotineiras do policial (ex. abordagem);

.notitia criminis provocada: mediante representação do ofendido, por exemplo;

.notitia criminis de cognição coercitiva: agente preso em flagrante;

#SELIGANOSINÔNIMO noticia criminis inqualificada: é a denúncia anônima.

#OLHAOGANCHO não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em
denúncia anônima (STF, Info 819). Da mesma forma, não é possível decretar interceptação telefônica com
base unicamente em denúncia anônima (STJ, HC 204.778/SP).

Recurso inominado para o chefe de polícia: do despacho do delegado de polícia que se recusa a abrir IP cabe
recurso inominado ao chefe de polícia civil (art. 5º, §2º, CPP).

- INDICIAMENTO: ato privativo da autoridade policial, é o direcionamento da investigação para determinada


pessoa, diante de indícios de autoria e materialidade.

É possível o indiciamento por requisição do Ministério Público e do Juiz? Quanto à requisição por membro do
parquet prevalece o entendimento pela possibilidade. No que tange ao juiz, deve ser observado que o art. 5º, II,
do CPP prevê, mas tal previsão é anterior ao atual sistema constitucional, não se adequa ao sistema acusatório
trazido pela CF/88. Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o
indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária.
#DEOLHONAJURIS O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o
indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial. (STJ, 2015 – 552)

Autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada?

2 STF, Info 824.

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#JURIS
Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada.
Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser indiciadas: a) Magistrados (art. 33,
parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93
e art. 41, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).
Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de autoridades com foro por
prerrogativa de função. No entanto, para isso, é indispensável que a autoridade policial obtenha uma
autorização do Tribunal competente para julgar esta autoridade.
Ex: em um inquérito criminal que tramita no STJ para apurar crime praticado por Governador de Estado, o Dele-
gado de Polícia constata que já existem elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante
disso, a autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ autorização para realizar o
indiciamento do referido Governador.
Chamo atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o indiciamento. Este ato é privativo
da autoridade policial. O Ministro Relator irá apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento.
STF. Decisão monocrática. HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825).
De acordo com o Plenário do STF, é nulo o indiciamento de detentor de prerrogativa de foro, realizado por
Delegado de Polícia, sem que a investigação tenha sido previamente autorizada por Ministro-Relator do
STF (Pet 3.825-QO, Red. p/o Acórdão Min. Gilmar Mendes).
Diversa é a hipótese em que o inquérito foi instaurado com autorização e tramitou, desde o início, sob
supervisão de Ministro do STF, tendo o indiciamento ocorrido somente no relatório final do inquérito.
Nesses casos, o indiciamento é legítimo e independe de autorização judicial prévia.
Em primeiro lugar, porque não existe risco algum à preservação da competência do STF relacionada às autorida-
des com prerrogativa de foro, já que o inquérito foi autorizado e supervisionado pelo Relator.
Em segundo lugar, porque o indiciamento é ato privativo da autoridade policial (Lei nº 12.830/2013, art. 2º, § 6º) e
inerente à sua atuação, sendo vedada a interferência do Poder Judiciário sobre essa atribuição, sob pena de sub-
versão do modelo constitucional acusatório, baseado na separação entre as funções de investigar, acusar e julgar.
Em terceiro lugar, porque conferir o privilégio de não poder ser indiciado apenas a determinadas autoridades,
sem razoável fundamento constitucional ou legal, configuraria uma violação aos princípios da igualdade e da
república.
Em suma: a autoridade policial tem o dever de, ao final da investigação, apresentar sua conclusão. E, quando
for o caso, indicar a autoria, materialidade e circunstâncias dos fatos que apurou, procedendo ao indiciamento.
STF. Decisão monocrática. Inq 4621, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 23/10/2018.

Desindiciamento: ocorre quando o Delegado de Polícia indicia um investigado que, por sua vez, vem a impugnar
o ato (ex. via HC) e o Tribunal promove a desconstituição do indiciamento por entender ausentes a materialidade
e/ou os indícios de autoria.

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- ELEMENTOS MIGRATÓRIOS: são extraídos do inquérito e levados ao processo, podendo ser validamente
valorado em eventual sentença condenatória.

Provas cautelares
Há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo.

Contraditório diferido

Dependem de autorização judicial.

Ex: busca e apreensão domiciliar e interceptação telefônica.


Provas não repetíveis
São aquelas que não podem ser reproduzidas durante a fase processual, por pura impossibilidade material. Uma
vez produzidas, não há como ser novamente coletada em razão do desaparecimento ou perecimento da fonte
probatória.

Independem de autorização judicial.

Produzidas de forma inquisitiva, mas serão submetidas a um contraditório diferido ou postergado.

Ex: exame de corpo de delito


Provas antecipadas
Produzidas sob contraditório real, perante o juízo, em incidente pré-processual, sendo respeitados o contraditório
e a ampla defesa, legitimando a utilização de tais provas na fase processual.

Razão de urgência e relevância.

Dependem de autorização judicial.

Art. 225, CPP - Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio
de que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das
partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.

- PRAZO PARA A CONCLUSÃO DE IP: #COLANARETINA!

Investigado Investigado
preso solto
CPP (art. 10, caput) 10 DIAS 30 DIAS
IP Federal 15 + 15 30 DIAS
IP Militar 20 DIAS 40 + 20
Lei de Drogas 30 + 30 90 + 90
Crimes contra a economia popular 10 10
Prisão temporária decretada em IP relativo a crimes hediondos ou
30 + 30 Não se aplica
equiparados

- ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: trata-se de uma decisão judicial. É ato complexo, uma vez que
o MP pede o arquivamento e juiz decide sobre ele. Se o juiz não concordar com o pedido de arquivamento

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do MP, deverá aplicar o art. 28, CPP e remeter os autos para o PGJ que irá denunciar, delegar a função a outro
promotor ou insistir no arquivamento (nesse caso o juiz deverá arquivar).

#APOSTACICLOS

MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL DESARQUIVAR?


SIM
1) Insuficiência de provas
(Súmula 524-STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação penal SIM
3) Falta de justa causa para a ação penal (não há indícios de autoria ou
SIM
prova da materialidade)
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO
STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
5) Existência manifesta de causa excludente de ilicitude
STF: SIM (HC 125101/SP)
NÃO
6) Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade*
(Posição da doutrina)
NÃO

(STJ HC 307.562/RS)
7) Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade
(STF Pet 3943)

Exceção: certidão de óbito falsa

Arquivamento implícito x arquivamento indireto:

#SELIGA

ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO ARQUIVAMENTO INDIRETO


Ocorre quando o MP não denuncia por entender que se
trata de competência da JF (ex. crime de moeda falsa)
e o juiz não concorda porque entende que a moeda é
grosseiramente falsa, o que caracteriza estelionato, de
Ocorre quando o MP recebe indiciamento pela competência da JE.
prática de certa quantidade de crimes e decide
denunciar apenas por algum deles, sem falar nada Não há o que se falar em conflito de competência, porque
sobre os demais, ocorrendo, assim, o arquivamento não se estabeleceu entre 2 juízes. Não há o que se falar
implícito dos crimes ou das pessoas não em conflito de atribuição, porque não se estabeleceu entre
denunciadas. Veda-se porque todo arquivamento 2 promotores.
deverá ser fundamentado.
O que fazer nesse caso? Deve o juiz receber a
manifestação do MP como se tratasse de pedido de
arquivamento indireto, aplicando, por analogia, o art.
28.

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Art. 28, CPP:  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do
inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia,
designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.

#DEOLHONASSÚMULAS
SÚMULA 524, STF: Arquivado o Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça,
não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Súmula 234, STJ: A Participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o
seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.

Procedimentos para prevenção e repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas:

Art. 13-A - CPP. Nos crimes previstos nos arts. 1481, 1492 e 149-A3, no § 3º do art. 1584 e no art. 1595 do Código
Penal, e no art. 239 do ECA, o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de
quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da
vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação
Art. 13-B - CPP. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empre-
sas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios técni-
cos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
do delito em curso.  
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e intensidade
de radiofrequência.
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização judi-
cial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 dias, renovável
por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.

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§3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 horas,
contado do registro da respectiva ocorrência policial.
§4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 horas, a autoridade competente requisitará às em-
presas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos
do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.

-INVESTIGAÇÃO CRIMINAL PELO MP- PIC: a doutrina diverge, mas o STF já pacificou a possibilidade. MP pode
presidir investigações criminais, mas não IP (porque é privativo do delegado de polícia). O MP utiliza-se do PIC
(Procedimento de Investigação Criminal) para investigar.

4 – Ação penal: conceito, condições, pressupostos processuais. Ação penal pública. Titularidade,
condições de procedibilidade. Denúncia: forma e conteúdo; recebimento e rejeição. Ação penal privada:
Titularidade. Queixa. Renúncia. Perdão. Perempção. Extinção da punibilidade.

AÇÃO PENAL

É o direito público subjetivo de pedir ao Estado-Juiz que aplique o direito penal objetivo a um caso concreto.

- CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL: são também chamadas de condições de procedibilidade. Percebam que na
ação penal, além das condições genéricas, em alguns casos vamos precisar das condições específicas da ação.

 POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: o pedido deverá ser juridicamente possível.


Para o STJ, pedido juridicamente impossível é aquele que encontra expressa vedação legal.
Ex.: pedido de condenação criminal de agente menor de 18 anos (inimputável) na data do
CONDIÇÕES fato típico.
GENÉRICAS
 LEGITIMIDADE AD CAUSAM: é a pertinência subjetiva da ação. Ex. MP tem legitimidade
na AP pública e na ação penal pública condicionada à representação. O ofendido ou seu
representante legal tem legitimidade na ação penal privada.

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 INTERESSE EM AGIR:

1. Necessidade: não há pena sem processo. É inerente ao processo penal. Exceção:


Juizados Especiais.

2. Adequação da via eleita: Em se tratando de ação penal condenatória, a adequação,


em verdade, é irrelevante no processo penal, porque, por óbvio, sempre será a mesma
espécie de ação (ação penal condenatória), ou seja, não há diferentes espécies de
ação penal, como acontece no processo civil. O acusado se defende dos fatos e não
da classificação jurídica a eles atribuída no processo penal. Portanto, conclui-se que a
CONDIÇÕES adequação só interessa quanto ao estudo de ações penais não condenatórias. Ex.: HC,
GENÉRICAS que somente poderá ser impetrado quando houver privação da liberdade do agente.

3. Utilidade: o processo vai servir aos interesses do autor? A doutrina dá o exemplo


da prescrição em perspectiva ou virtual (que não é aceita pela jurisprudência –
entendimento sumulado).

SÚMULA 438, STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão


punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do
processo penal.
 JUSTA CAUSA: é um mínimo de lastro probatório necessário para o ajuizamento da ação
penal, demonstrando a viabilidade da pretensão punitiva.
Representação do ofendido.
CONDIÇÕES Requisição do Ministro da Justiça.
ESPECÍFICAS Laudo preliminar no caso de envolver drogas.
Entrada do agente no território nacional no caso de extraterritorialidade da lei penal.

- PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL:

PRINCÍPIOS PRINCÍPIOS

AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA


Princípio do NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO
(princípio da iniciativa das partes): com a adoção
do sistema acusatório pela CF, ao juiz não é dado
iniciar um processo de ofício. Ou seja, existe no Brasil Também se aplica nas ações de iniciativa privada.
o processo judicialiforme. Obs. A execução pode se
iniciar de ofício.
Princípio do NE BIS IN IDEM: ninguém pode ser
Também se aplica.
processado duas vezes pela mesma imputação.
Princípio da intranscendência: a ação só pode
ser proposta em face do provável autor do crime, e Também se aplica.
ninguém mais.

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Princípio da obrigatoriedade (legalidade


processual): presentes as condições da ação, o MP é Princípio da oportunidade ou da conveniência: o
obrigado a denunciar (art. 24, CPP). Há exceções: (a) ofendido não é obrigado a oferecer queixa. Ele pode
Transação penal; (b) Acordo de leniência; (c) TAC; (d) ficar inerte durante 06 meses ou renunciar o direito de
Parcelamento do débito tributário; (e) Colaboração queixa.
premiada.
Princípio da indisponibilidade: oferecida a
denúncia, o MP não pode desistir do processo (art. Princípio da disponibilidade: o querelante pode
42) ou do recurso interposto. No entanto, pode pedir desistir do processo em curso. Ex. Perdão do ofendido,
a absolvição. perempção e conciliação nos crimes contra a honra de
Art. 42 O Ministério Público não poderá desistir da competência do juiz singular (art. 522).
ação penal.
Princípio da indivisibilidade: o ofendido só pode agir
contra todos os envolvidos (art. 48). Se deixar um de
Princípio da divisibilidade (doutrina majoritária): fora, há renúncia tácita, que se estenderá aos demais.
O Ministério Público não é obrigado a denunciar O MP pode intimar o ofendido para se manifestar a
todos os envolvidos nos fatos tidos por delituosos, respeito, pois talvez ele apenas tenha se esquecido de
dado que não vigora, na ação penal pública um dos envolvidos.
incondicionada, o princípio da indivisibilidade. Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime
obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público
velará pela sua indivisibilidade.
Princípio da oficialidade: a persecução penal, nas
Só se aplica na fase pré-processual, já que o processo é
investigações e durante o processo, é feita por órgãos
conduzido pelo ofendido.
estatais.
Princípio da autoridade: o órgão referido acima é Só se aplica na fase pré-processual, já que o processo é
uma autoridade pública. conduzido pelo ofendido.
Princípio da oficiosidade: nos crimes de ação
NÃO SE APLICA, pois até mesmo o início das
incondicionada, as autoridades devem agir de ofício,
investigações depende de requerimento do ofendido.
mesmo sem requerimento do ofendido.

- RENÚNCIA X PERDÃO:

RENÚNCIA PERDÃO DO OFENDIDO


Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de ação
Causa extintiva da punibilidade nas hipóteses de ação
penal exclusivamente privada ou personalíssima. Pode
penal exclusivamente privada ou personalíssima.
ser expressa ou tácita, admitindo todos os meios de
Também pode ser expresso ou tácito.
prova (art. 57).
Decorre do princípio da oportunidade ou
Decorre do princípio da disponibilidade.
conveniência.
Ato bilateral: depende de aceitação do réu (art.
51). A aceitação pode ser expressa ou tácita (art. 58).
Ato unilateral: não depende de aceitação.
O procedimento da aceitação está previsto entre os
artigos 52 a 55.

19 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


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É concedido durante o curso do processo. Pode


É ato extraprocessual (pode ocorrer até o oferecimento ocorrer até o trânsito em julgado (art. 106, §2º, CP).
da queixa-crime) No entanto, pela redação do CPP, percebe-se que
também pode ser extraprocessual (artigos 56 e 59).
Por força do princípio da indivisibilidade, a renúncia
Por força do princípio da indivisibilidade, o perdão
concedida a um dos coautores ou partícipes do delito
concedido a um dos coautores ou partícipes do delito
estende-se aos demais (extensibilidade da renúncia –
estende-se aos demais, desde que haja aceitação.
art. 49).

#DEOLHONASSÚMULAS:

SÚMULA 594, STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofen-
dido ou por seu representante legal.

SÚMULA 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério Público, condicio-
nada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do
exercício de suas funções; sem representação, não há procedibilidade da ação penal.

SÚMULA 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
mulher é pública incondicionada.

5 – Ação civil ex delicto.

- AÇÃO CIVIL EX DELICTO: ação ajuizada pelo ofendido, na esfera cível, para obter indenização por eventual
dano causado pelo crime.

Ação de Execução Ex Delicto (art. 63 do CPP) Ação Civil Ex Delicto (art. 64 do CPP)

Depois que transitar em julgado, poderá ser Mesmo que a sentença penal ainda não tenha
proposta, no juízo cível, a execução da sentença transitado em julgado, a vítima, seu representante
penal condenatória, na qual o pedido será para que o legal ou herdeiros já poderão buscar a reparação dos
condenado seja obrigado a reparar os danos causados danos no juízo cível, independentemente do desfecho
à vítima da ação na esfera criminal.
 Legitimidade Ativa:

- Ofendido (vítima)

-Representante Legal

-Herdeiros (não apenas CADI, mas todos os potenciais herdeiros existentes)

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Não caberá qualquer discussão a respeito de ser


a indenização devida ou não (na debeatur), mas
tão somente o quanto devido pelo réu (quantum
debeatur). Além disso, é facultado ao ofendido
realizar a execução pelo valor mínimo da reparação
fixado na própria sentença penal condenatória, sem
prejuízo da liquidação para apurar o dano efetivamente
sofrido. Uma vez intentada a ação penal, para evitar decisões
contraditórias, o juiz da ação civil poderá suspender
Trata-se de um efeito extrapenal genérico da o curso desta, até o julgamento definitivo daquela.
condenação. Na sentença penal, o juiz fixará um valor
mínimo. Assim, a vítima poderá executar desde logo Ainda que a ação penal não tenha sido deflagrada,
este valor mínimo e pleitear um valor maior que o será possível a suspensão da ação civil. Neste caso,
fixado na sentença. Para que seja fixado, na sentença, se a ação penal não for deflagrada no prazo de 3
o valor mínimo para reparação dos danos causados à meses, contados da intimação do sobrestamento
vítima (art. 387, IV, do CP), é necessário que haja pedido da demanda cível, o feito irá prosseguir.
expresso e formal, feito pelo parquet ou pelo ofendido,
a fim de que seja oportunizado ao réu o contraditório Além disso, que se as ações civil e penal tramitarem
e sob pena de violação ao princípio da ampla defesa. simultaneamente, a ação civil somente poderá ficar
O STJ já decidiu que o juiz somente poderá fixar este suspensa pelo prazo de até 1 ano.
valor se existirem provas nos autos que demonstrem os
prejuízos sofridos pela vítima em decorrência do crime.

Quanto à legitimidade do MP para pleitear a fixação


de valor mínimo, entende-se cabível em casos de
ação penal pública e quando ocorra prejuízo efetivo
ao patrimônio público, a exemplo do que ocorre em
alguns crimes contra a Administração Pública, como o
peculato.

6 – Jurisdição e Competência. Critérios de determinação e modificação de competência. Incompetência.


Conexão e continência.

COMPETÊNCIA

Lei processual que altera regras de competência: para a jurisprudência, norma que altera competência tem
natureza genuinamente processual, de maneira que aplicamos o princípio da aplicação imediata ou tempus regit
actum (art. 2º, CPP). CUIDADO: caso haja sentença de mérito à época da alteração da competência de Justiça,
ter-se-á prorrogação automática e superveniente da competência da Justiça anterior, de modo que a atividade ju-
risdicional recursal posterior há de se basear na competência já disposta, firmada pela sentença de mérito proferida
(STF, HC 76.510/SP).

-ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA: a doutrina costuma fazer a seguinte divisão:

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Leva em consideração a natureza da infração penal (art. 69, III, CPP). Ex. Justiça
RATIONE MATERIAE
Militar, Justiça Eleitoral, Tribunal do Júri.
Leva em consideração os casos de foro por prerrogativa de função. Ex. deputados
federais e senadores serão julgados pelo STF (art. 102, I, “b”, CF); governadores e
RATIONE FUNCIONAE Desembargadores serão julgados perante o STJ (art. 105, I, “a”, CF); juízes e promotores
dos Estados serão julgados pelo respectivo Tribunal de Justiça local, salvo no tocante a
crimes eleitorais (art. 86, III, CF).
Fixada seja pelo lugar da infração, seja pelo domicílio, seja pela residência do réu (art.
RATIONE LOCI
69, I e II, CPP).
É a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou de
instâncias diversas para, em um mesmo processo, praticar determinados atos.
COMPETÊNCIA
FUNCIONAL Ex. No Tribunal do Júri compete ao juiz sumariante exercer a competência na 1ª fase
(iudicium accusationis) e ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri exercer a competência
na 2ª fase (iudicium causae).

Há, ainda, a seguinte classificação:

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Regra de competência criada com base no interesse Regra de competência criada com base no interesse
público. preponderante das partes.
Não pode ser modificada. É improrrogável (art. 62,
CPC).

Art. 62. A competência determinada em razão da Pode ser modificada ou prorrogada.


matéria, da pessoa ou da função é inderrogável por
convenção das partes.
É causa de nulidade absoluta: (a) pode ser arguida
a qualquer momento, mesmo após o trânsito em
julgado; (b) o prejuízo é presumido. É causa de nulidade relativa: (a) deve ser arguida
no momento oportuno, sob pena de preclusão; (b) o
#ATENÇÃO: Sentença absolutória proferida por juiz prejuízo deve ser comprovado.
absolutamente incompetente não poderá ser desfeita,
pois não existe revisão PRO SOCIETATE.
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, porém
somente até o início da instrução, em virtude do
Pode ser reconhecida de ofício pelo juiz, enquanto
princípio da identidade física do juiz (art. 399, §2º).
não esgotada a jurisdição pela prolação da
Não se aplica no processo penal a súmula 33 do STJ
sentença.
(A incompetência relativa não pode ser declarada de
ofício).
Pode ser arguida por meio de exceção de Pode ser arguida por meio de exceção de
incompetência. Porém, como o magistrado pode incompetência. Porém, como o magistrado pode
conhecê-la de ofício, nada impede que a parte conhecê-la de ofício, nada impede que a parte aborde
aborde a incompetência absoluta de outra forma. a incompetência relativa de outra forma.

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Como não pode ser modificada ou alterada, a


Conexão e continência podem alterar a
conexão e continência não alteram a competência
competência relativa.
absoluta.
Ex. Competência territorial, competência por
Ex. Competência em razão da matéria, da função e distribuição ou por prevenção.
funcional. Súmula 706, STF: É relativa a nulidade decorrente da
inobservância da competência penal por prevenção.

- REGRA NA DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA: o art. 69, CPP, traz as regras de fixação da competência: a) o
lugar da infração; b) o domicílio ou residência do réu; c) a natureza da infração; d) a distribuição; e) a conexão ou
continência; f) a prevenção; g) a prerrogativa de função.

 Crime consumado: lugar em que se consumar a infração;

 Crime tentado: lugar em que for praticado o último ato de execução.


REGRA Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.

→ TEORIA DO RESULTADO
Art. 70.

§ 1º  Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a


competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último
ato de execução.
ENVOLVENDO § 2º   Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será
MAIS DE UM PAÍS competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou
devia produzir seu resultado.

§3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando
incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
INFRAÇÃO
CONTINUADA Art. 71.  Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de
ou CRIME duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
PERMANENTE
Art. 72.  Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio
NÃO SENDO ou residência do réu.
CONHECIDO
§ 1º  Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
O LUGAR DA
INFRAÇÃO § 2º  Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente
o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato.

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AÇÃO PENAL Art. 73.  Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o FORO DE
PRIVADA DOMICÍLIO OU DA RESIDÊNCIA DO RÉU, ainda quando conhecido o lugar da infração.
CRIMES
PRATICADOS Art. 88.  No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente
FORA DO o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca
TERRITÓRIO tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.
BRASILEIRO
Justiça Estadual.

CONTRAVENÇÃO Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes políticos e as
PENAL infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de
suas entidades autárquicas ou empresas públicas, EXCLUÍDAS AS CONTRAVENÇÕES e
ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

#OLHAOGANCHO

TIPO DE CRIME COMPETÊNCIA


CRIMES PLURILOCAIS COMUNS Teoria do resultado
CRIMES PLURILOCAIS DOLOSOS CONTRA A VIDA Teoria da atividade
JUIZADOS ESPECIAIS Teoria da atividade
ATOS INFRACIONAIS Teoria da atividade
CRIMES FALIMENTARES Local onde foi decretada a falência

#SELIGA No JECRIM aplica-se a teoria da atividade (a competência será do lugar da ação ou omissão). Por sua
vez, na ação penal privada, a competência será do lugar da infração ou do domicílio do réu (foros concorrentes).
Também há a exceção nos casos de crimes contra vida, em que a competência será determinada pela teoria
da ATIVIDADE. Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos ou culposos), se os atos de execução ocorreram
em um lugar e a consumação se deu em outro, a competência para julgar o fato será do local onde foi praticada
a conduta (local da execução).

- CONEXÃO: Conexão intersubjetiva (inciso I): envolve a prática de vários crimes por várias pessoas.

(i) Por simultaneidade (conexão subjetivo-objetiva ou intersubjetiva ocasional – inciso I, 1ª parte): duas ou mais
infrações são praticadas ao mesmo tempo por diversas pessoas ocasionalmente reunidas. Exs. Diversos torcedores
que nem se conhecem depredam um estádio; diversas pessoas saqueiam um supermercado.

(ii) Por concurso (concursal – inciso I, 2ª parte): duas ou mais pessoas, em concurso, praticam dois ou mais crimes,
ainda que em tempo ou locais diversos.

(iii) Por reciprocidade (inciso I – parte final): duas ou mais infrações são praticadas por várias pessoas, umas contra

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as outras. Ex. Duas gangues combinam brigar. Nesse caso, teremos várias lesões corporais. E quanto ao crime de
rixa? Não é um bom exemplo, pois, nesse caso, teremos apenas um único crime de rixa.

Conexão objetiva, lógica, material ou teleológica (inciso II): ocorre em duas situações:

(i) Um crime é praticado para facilitar a execução do outro (conexão objetiva teleológica); Ex. Mata o segurança
para facilitar o sequestro da vítima;

(ii) Um crime é praticado para garantir a vantagem ou a impunidade do outro (consequencial); Ex. Estupra a vítima
e depois mata a única testemunha do crime.

Conexão instrumental, probatória ou processual (inciso III): quando a prova de um crime influencia na existên-
cia do outro. Exemplos: Prova da infração antecedente auxilia na prova do crime de lavagem; prova do furto auxilia
na prova do crime der receptação.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competên-
cia federal e estadual, não se aplicando a regra do art.78, II, alínea “a”, do Código de Processo Penal.

- CONTINÊNCIA: Continência subjetiva (inciso I): duas ou mais pessoas praticam um crime, como na coautoria.

Continência objetiva (inciso II): ocorrerá nos casos de concurso formal de crimes (70,CP), aberratio ictus (73, CP)
e aberratio delicti (74, CP).

Regras na determinação da competência por conexão ou continência:

1ª) prevalece o juiz que atua no local da consumação do crime mais grave (o que vale é a pena em abstrato);

2ª) se os crimes têm a mesma gravidade, prevalece o juiz que atua no local da consumação do maior número de
infrações;

3ª) por sua vez, se os delitos têm a mesma gravidade e a mesma quantidade por comarca, prevalece o juiz pre-
vento.

Separação facultativa dos processos: quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo
ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provi-
sória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.

Separação obrigatória dos processos: se houver concurso entre a jurisdição comum e a militar; se houver con-
curso entre a jurisdição comum e o juízo de menores (ECA) – art. 79 CPP; se sobrevier doença mental em relação a

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um corréu (art. 79, §1º, CPP); se houver corréu foragido; se não houver número mínimo de jurados no tribunal do
júri (estouro de urna) – art. 79 §2º, CPP.

#DEOLHONASSÚMULAS #JUSTIÇAESTADUAL

Súmula 38-STJ: Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por contra-
venção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades.

Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato,
da competência da Justiça Estadual.

Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de docu-
mento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante
falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão à autarquia
federal.

Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como
autor ou vítima.

Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razão
da entidade ou órgão ao qual foi apresentado documento público, não importando a qualificação do órgão
expedidor.

Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência será da Justiça Federal,
compete a justiça dos estados o processo e o julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.

Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos crimes
contra a economia popular.

#DEOLHONASSÚMULAS #JUSTIÇAFEDERAL

Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competên-
cia federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.

Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público
federal, quando relacionados com o exercício da função.

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Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso
é o do lugar onde o delito se consumou.

Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a
prestação de contas perante órgão federal.

Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior pela via postal
processar e julgar o crime de tráfico internacional.

Súmula vinculante 36-STF: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes
de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro
(CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.

PROCESSO

- PROCEDIMENTO: Especial: previsto em leis especiais ou no próprio CPP para crimes específicos. Ex. Rito do júri,
crimes de funcionários públicos (arts. 513 a 518), lei de drogas, etc.

Comum: é o rito padrão do CPP. Deve ser aplicado aos demais. Divide-se em:

a) Ordinário;

b) Sumário;

c) Sumaríssimo.

DEFESA PRELIMINAR
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
(resposta preliminar)
(a) Lei de drogas; (b) Procedimento originário
Previsão legal dos Tribunais; (c) JECRIM; (d) Crimes funcionais Art. 396-A, CPP, e art. 406.
afiançáveis (art. 514).
10 dias, a contar da citação, e não da
Prazo 10 ou 15 dias, a depender da previsão legal.
juntada do mandado (710/TF).
Após a citação do réu, que acontece
Entre o oferecimento e o recebimento da peça
Momento depois do recebimento da peça
acusatória.
acusatória.
É indispensável que a peça seja
É indispensável que a peça seja apresentada
apresentada por profissional da
Capacidade por profissional da advocacia. Logo, se o
advocacia. Logo, se o acusado não
postulatória acusado não estiver regularmente inscrito na
estiver regularmente inscrito na OAB,
OAB, não pode apresentar.
não pode apresentar.

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O objetivo é convencer o juiz acerca


Como a peça é apresentada antes do
da presença de uma das causas de
recebimento da peça de acusação, o seu
absolvição sumária. Subsidiariamente,
Objetivo objetivo precípuo é convencer o juiz acerca
serve para arguir preliminares, juntar
da presença de uma das causas de rejeição da
documentos, justificações, especificar
peça, evitando-se, assim, processo temerário.
provas e juntar o rol de testemunhas.
Prevalece o entendimento de que é causa
apenas de nulidade relativa. Sobre o tema, STJ
elaborou a súmula 330. Ainda que o STF, hoje,
afaste a incidência da súmula, ele entende que
a superveniência da sentença condenatória
afasta a possibilidade de reconhecimento
de nulidade pela inobservância da defesa A peça é obrigatória, sob pena de
Consequência da
preliminar. Afinal, se a finalidade da defesa nulidade absoluta. Assim, caso não
inobservância
preliminar é permitir que o denunciado seja apresentada, o juiz nomeará
apresente razões capazes de induzir à defensor para tanto.
conclusa da inviabilidade da ação penal, a
ulterior condenação – fundada no exame da
prova produzida com todas as garantias do
contraditório –, faz presumido o atendimento
daquele requisito inicial.
Interpretação literal do art. 394, §4º, pode
levar a crer que sim. Embora haja doutrina em
Existindo defesa contrário, no sentido de que o oferecimento
preliminar, há de duas peças iguais frustra a razoável duração
necessidade de, do processo. Do contrário, o rito especial será
-
após a citação, ser mais moroso. Todavia, se o rito especial previr
apresentada resposta que será adotado o procedimento ordinário
à acusação? após a citação do réu, então será possível a
resposta à acusação (é o que diz o rito dos
crimes funcionais afiançáveis).

7 – Das questões e processos incidentes.

QUESTÃO PREJUDICIAL HETEROGÊNEA


 Decisão que envolva estado civil das pessoas:

- Suspensão obrigatória do processo: juiz suspenderá a ação penal até que no juízo cível
a controvérsia seja dirimida por sentença com trânsito em julgado, sem prejuízo de inquirição
QUESTÃO de testemunhas e de outras provas de natureza urgente (art. 92, CPP);
PREJUDICIAL
OBRIGATÓRIA #OLHAOGANCHO A prescrição também ficará suspensa (art. 116, I, CP).

OBS: Se o juiz do cível não decidir dento do prazo fixado pelo juiz penal, haverá prorrogação
da competência do juízo criminal que poderá decidir sobre toda a matéria da acusação ou da
defesa (art. 93, §1º, CPP).

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QUESTÃO Decisão que envolva questão diversa do estado civil das pessoas:
PREJUDICIAL
FACULTATIVA - Suspensão facultativa do processo: juiz poderá suspender o curso da ação penal.

Recurso da decisão que denegar a suspensão do processo: não caberá recurso. Irrecorrível (art. 93, §2º, CPP).
E da decisão que conceder a suspensão: caberá RESE (art. 582, XVI, CPP).

Quem pode pedir a suspensão: o juiz (de ofício) ou a requerimento das partes (art. 94, CPP).

8 – Da prova: conceito, princípios básicos, objeto, meios, espécies, ônus, procedimento probatório,
limitações constitucionais das provas, sistemas de apreciação.

PROVAS

FONTE DE PROVA: designa as pessoas ou coisas das quais se consegue a prova X MEIOS DE PROVA: são os
meios através dos quais as fontes de prova são introduzidas no processo X MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA
(MEIOS DE INVESTIGAÇÃO): são procedimentos (em regra, extraprocessuais) regulados por lei, com o objetivo de
conseguir provas materiais, e que podem ser realizados por outros que não o juiz (ex. policiais).

-SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DA PROVA:

a) Prova tarifada: é quando o legislador já determina a espécie de prova para aquele caso em concreto. Ex.
se a infração deixar vestígio haverá de se ter o exame de corpo e delito.

b) Livre persuasão racional do juiz: o juiz fica livre para produzir a prova que entender mais válida para
aquele caso concreto, assim como a acusação e a defesa poderão requerer provas que entendam hábeis a provar
suas alegações.

c) Sistema da íntima convicção do juiz: aplica-se no caso do tribunal do júri.

CPP, Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.

-ESPÉCIES DE PROVAS PREVISTAS NO CPP: a) exame de corpo e delito, e das perícias em geral; b) interrogatório
do acusado; c) confissão do acusado; d) depoimento do ofendido; e) depoimento das testemunhas; f ) do reconhe-
cimento das pessoas e coisas; g) acareação; h) dos documentos; i) dos indícios; j) da busca e apreensão.

ATENÇÃO! #SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

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O STJ, no dia 5/11/2019, considerou ilegal a decisão judicial que autoriza busca e apreensão coletiva em
residências, feita de forma genérica e indiscriminada3.
O julgado é de extrema relevância para a prova do TJRJ, na medida em que reforma decisão do Tribunal
relativa aos moradores das favelas do Jacarezinho e Conjunto Habitacional Morar Carioca.
Em seu voto, o Min. Sebastião Reis Júnior disse que “A carta branca à polícia é inadmissível, devendo-se
respeitar os direitos individuais. A suspeita de que na comunidade existam criminosos e de que crimes
estejam sendo praticados diariamente, por si só, não autoriza que toda e qualquer residência do local
seja objeto de busca e apreensão.”. O Min. Rogerio Schietti Cruz, por sua vez, ressaltou que a medida de bus-
ca e apreensão coletiva “é notoriamente ilegal e merece repúdio como providência utilitarista e ofensiva
a um dos mais sagrados direitos de qualquer indivíduo — seja ele rico ou pobre, morador de mansão
ou de barraco: o direito a não ter sua residência, sua intimidade e sua dignidade violadas por ações do
Estado, fora das hipóteses previstas na Constituição da República e nas leis”.

#NOVIDADELEGIS
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que
envolva:
I - violência doméstica e familiar contra mulher;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.
#DEOLHONAJURIS
Lei estadual previu que se a vítima do estupro for pessoa do sexo feminino menor de 18 anos, esta vítima de-
verá ser examinada, obrigatoriamente, por uma legista mulher, que irá fazer a perícia. O STF concedeu medida
cautelar em ADI para dar interpretação conforme a Constituição a esse dispositivo. Segundo o STF, as crianças
e adolescentes do sexo feminino vítimas de violência deverão ser, obrigatoriamente, examinadas por
legista mulher, mas desde que isso não importe retardamento ou prejuízo da diligência. É preciso conci-
liar a proteção de crianças e adolescentes mulheres vítimas de violência e o acesso à Justiça. Embora essa norma
estadual vise proteger as vítimas de estupro na realização da perícia, o efeito resultante foi contrário, porque
peritos homens estavam se recusando a fazer o exame nas menores de idade em razão da Lei. Dessa forma,
as investigações não tinham prosseguimento. Vale ressaltar, por fim, que o Estado-membro tinha competência
legislativa para editar esta norma (não há inconstitucionalidade formal). Isso porque esta Lei estadual não trata
sobre direito processual penal (art. 22, I, da CF/88), mas sim sobre proteção da infância e juventude (que é de
competência concorrente, nos termos do art. 24, XV), promovendo-se uma verticalização da proteção prevista
na Lei federal nº 13.431/2017, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima
ou testemunha de violência e que reservou espaço à conformação dos estados. STF. Plenário. ADI 6039 MC/RJ,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 13/3/2019 (Info 933).

3 Para mais detalhes, acesse: https://www.conjur.com.br/2019-nov-05/stj-considera-ilegal-busca-apreensao-coletiva-rio

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Determinado policial militar foi designado para participar, nas ruas, à paisana, de passeatas e manifestações, a
fim de coletar dados para subsidiar a Força Nacional de Segurança em atuação estratégica diante dos movi-
mentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 2014. Para essa atividade, não se exigia prévia autorização
judicial. No curso de sua atividade originária, o referido policial, percebendo que algumas pessoas estavam se
reunindo para planejar a prática de crimes, aproximou-se desses suspeitos, ganhou a sua confiança e infiltrou-se
no grupo participando das conversas virtuais e das reuniões presenciais dos envolvidos. Assim, o policial ultra-
passou os limites da sua atribuição original e passou a agir como agente infiltrado. Ocorre que a infiltração de
agentes somente pode acontecer após prévia autorização judicial, o que não havia no caso. Diante disso,
o STF declarou a ilicitude e determinou o desentranhamento da infiltração realizada pelo policial militar e dos
depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art. 157, § 3º, do CPP. STF. 2ª Turma.
HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 26/2/2019 (Info 932).

Na fase de defesa prévia, o réu arrolou uma série de testemunhas, mas o juiz negou a oitiva afirmando que o
requerimento seria protelatório, haja vista que as testemunhas não teriam, em tese, vinculação com os fatos
criminosos imputados. O STF entendeu que houve constrangimento ilegal. O direito à prova é expressão de
uma inderrogável prerrogativa jurídica, que não pode ser, arbitrariamente, negada ao réu. O princípio do livre
convencimento motivado (art. 400, § 1º, do CPP) faculta ao juiz o indeferimento das provas consideradas irre-
levantes, impertinentes ou protelatórias. No entanto, no caso concreto houve o indeferimento de todas as
testemunhas de defesa. Dessa forma, houve ofensa ao devido processo legal, visto que frustrou a pos-
sibilidade de o acusado produzir as provas que reputava necessárias à demonstração de suas alegações.
STF. 2ª Turma. HC 155363/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/5/2018 (Info 901).

A violação do art. 212 do CPP gera nulidade RELATIVA, necessitando, portanto, da comprovação dos prejuízos
para que seja reconhecida a invalidade do ato judicial. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1712039/RO, Rel. Min. Jorge
Mussi, julgado em 03/05/2018.Segundo a redação atual do art. 212 do CPP, quem primeiro começa fazendo
perguntas à testemunha é a parte que teve a iniciativa de arrolá-la. Em seguida, a outra parte terá direito de per-
guntar e, por fim, o magistrado. Assim, a inquirição de testemunhas pelas partes deve preceder à realizada pelo
juízo. Em um caso concreto, durante a audiência de instrução, a magistrada primeiro inquiriu as testemunhas e,
somente então, permitiu que as partes formulassem perguntas. O STF entendeu que houve violação ao art.
212 do CPP e, em razão disso, determinou que fosse realizada uma nova inquirição das testemunhas,
observada a ordem prevista no CPP. STF. 1ª Turma. HC 111815/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Luiz Fux, julgado em 14/11/2017 (Info 885).

Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judi-
cial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido entregue
à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma.RHC 86076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd.
Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617). CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR: Sem prévia
autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de conversas re-
gistradas no Whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido
apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 5ª Turma. RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado

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em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).

Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, colhida de forma coercitiva
pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira pessoa em telefone celular, por meio do
recurso “viva-voz”, que conduziu ao flagrante do crime de tráfico ilícito de entorpecentes.
STJ. 5ª Turma. REsp 1630097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 18/4/2017 (Info 603).

Deve ser rejeitada, por ausência de justa causa, a denúncia que, ao arrepio da legalidade, baseia-se em
supostas declarações, colhidas em âmbito estritamente privado, sem acompanhamento de qualquer auto-
ridade pública (autoridade policial, membro do Ministério Público) habilitada a conferir-lhes fé pública e mínima
confiabilidade. STF. 1ª Turma. AP 912/PB, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2017 (Info 856).

A antecipação da prova testemunhal prevista no art. 366 do CPP pode ser justificada como medida
necessária pela gravidade do crime praticado e possibilidade concreta de perecimento, haja vista que as
testemunhas poderiam se esquecer de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso do tempo.
Além disso, a antecipação da oitiva das testemunhas não traz nenhum prejuízo às garantias inerentes à defesa.
Isso porque quando o processo retomar seu curso, caso haja algum ponto novo a ser esclarecido em favor do
réu, basta que seja feita nova inquirição.
STF. 2ª Turma. HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em
13/12/2016 (Info 851).

O depoimento dos policiais prestado em juízo constitui meio de prova idôneo, podendo embasar a
condenação do réu. Assim, por exemplo, as declarações dos policiais militares responsáveis pela efetivação da
prisão em flagrante constituem meio válido de prova para condenação, sobretudo quando colhidas no âmbito
do devido processo legal e sob o crivo do contraditório. A defesa pode demonstrar, no caso concreto, que as
testemunhas não gozam de imparcialidade, sendo, contudo, ônus seu essa prova.

STJ. 5ª Turma. HC 395.325/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/05/2017.

Possibilidade de utilizar os dados da Receita Federal para instruir processo penal. Os dados do contri-
buinte que a Receita Federal obteve das instituições bancárias mediante requisição direta (sem intervenção do
Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC 105/2001), podem ser compartilhados, também sem autori-
zação judicial, com o Ministério Público, para serem utilizados como prova emprestada no processo penal. Isso
porque o STF decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto da
Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes (RE 601314/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em
24/2/2016. Info 815). Este entendimento do STF deve ser estendido também para a esfera criminal. Assim, é pos-
sível a utilização de dados obtidos pela Secretaria da Receita Federal, em regular procedimento administrativo
fiscal, para fins de instrução processual penal. STF. 1ª Turma. RE 1043002 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
em 01/12/2017. STF. 2ª Turma. RHC 121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822). STJ. 6ª Turma.

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HC 422473-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2018 (Info 623).

Mesmo sem autorização judicial, polícia pode acessar conversas do Whatsapp da vítima morta, cujo ce-
lular foi entregue pela sua esposa. Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia,
sem prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido
telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma.RHC 86076-MT, Rel. Min. Sebastião Reis
Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info 617). Cuidado para não confundir: Sem
prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de conver-
sas registradas no Whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha
sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 5ª Turma. RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016
(Info 583).

- TEORIAS SOBRE PROVAS ILÍCITAS:

• Teoria da proporcionalidade: utilização de prova ilícita em favor da defesa, em razão da prevalência da


liberdade sobre a legalidade.

• Teoria da prova ilícita por derivação ou dos frutos da árvore envenenada: provas ilícitas por derivação
são os meios probatórios que, não obstante produzidos, validamente, em momento posterior, encontram-se
afetados pelo vício da ilicitude originária, que a eles se transmite, contaminando-os, por efeito de repercus-
são causal. É adotada pelo CPP. Vamos ver as teorias que excepcionam essa ilicitude:

• Teoria da descoberta inevitável, fonte independente ou desdobramento inevitável;

• Teoria da limitação da mancha purgada, tinta diluída ou conexão atenuada: baixo nexo causal entre a
prova ilícita e a derivada;

• Teoria da serendipidade, encontro fortuito ou crime achado: trata-se de descoberta acidental, desde
que ausente de desvio de finalidade.

- QUEBRA DA CADEIA DE CUSTÓDIA: cadeia de custódia é todo o procedimento usado com escopo de
manter e documentar a história cronológica da descoberta das provas e dos elementos informativos, sem
qualquer violação ou adulterações. O problema na “quebra da cadeia da custódia da prova” é que a não pre-
servação integral das provas afeta a credibilidade dos meios e, fatalmente, acarretará nulidade de todo o processo.
Ante o exposto, eventual quebra da cadeia de custódia da prova importa, portanto, na ilicitude da prova, devendo
o magistrado, em face disso, determinar o consequente desentranhamento dos autos, devendo, ainda, pronunciar-
-se sobre a extensão da ilicitude quanto a eventuais provas ilícitas derivadas.

#DEOLHANAJURIS: A ausência de lacre em todos os documentos e bens - que ocorreu em razão da grande
quantidade de material apreendido - NÃO torna automaticamente ilegítima a prova obtida. STJ. 5ª Turma. RHC
59414-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/6/2017 (Info 608).

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- QUEBRA DE SIGILO FISCAL, BANCÁRIO E DADOS:

SIGILO BANCÁRIO

Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?


POLÍCIA NÃO. É necessária autorização judicial.
NÃO. É necessária autorização judicial (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011).

Exceção: É lícita a requisição pelo Ministério Público de informações bancárias de contas de


MP titularidade de órgãos e entidades públicas, com o fim de proteger o patrimônio público, não
se podendo falar em quebra ilegal de sigilo bancário (STJ. 5ª Turma. HC 308.493-CE, j. em
20/10/2015).
NÃO. É necessária autorização judicial (STF MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012).
TCU Exceção: O envio de informações ao TCU relativas a operações de crédito originárias de
recursos públicos não é coberto pelo sigilo bancário (STF. MS 33340/DF, j. em 26/5/2015).
SIM, com base no art. 6º da LC 105/2001. O repasse das informações dos bancos para o Fisco
Receita Federal
não pode ser definido como sendo “quebra de sigilo bancário”.
Fisco estadual,
SIM, desde que regulamentem, no âmbito de suas esferas de competência, o art. 6º da LC
distrital,
105/2001, de forma análoga ao Decreto Federal 3.724/2001.
municipal
SIM (seja ela federal ou estadual/distrital) (art. 4º, § 1º da LC 105/2001).
CPI
Prevalece que CPI municipal não pode.

#SELIGANOSTERMOS

Prova nominada: é aquela que se encontra disposta na legislação, mesmo que seu procedimento não esteja
explicitado em lei. O exemplo clássico de prova nominada é a reconstituição do fato delituoso (artigo 7º do CPP),
mas que não encontra seu procedimento em lei, sendo assim, é uma prova nominada e atípica (que não encon-
tra procedimento explicitado em lei). Prova inominada: é a que não tem nomen juris previsto em lei.
Conforme Renato Brasileiro existem duas correntes na doutrina acerca da prova atípica. 1ª C – posição restritiva:
restringe a prova atípica para aquela em há ausência de previsão legal da fonte da prova, confundindo-se com
o conceito de prova inominada. 2ª C - posição ampliativa: quando ela estiver disposta no ordenamento mas seu
procedimento não for explicitado ou quando nem ela nem seu procedimento probatório estiverem previstos na
legislação. Prova típica: quando seu procedimento está previsto na legislação.
Prova anômala: é a prova típica utilizada para fim diverso que a legislação lhe traz, com características de outra
prova típica. Sendo assim, existe um meio e um procedimento para esta prova que não é respeitado, valendo-se
de outro meio. Exemplo de Renato Brasileiro: Juiz não utiliza da carta precatória e pede para um oficial de justiça
entrar em contato com uma testemunha por telefone.
Prova irritual: Existe procedimento previsto em lei para a prova, mas ele não é observado. Conforme Brasileiro
a prova irritual é “a típica colhida sem a observância do modelo previsto em lei. Como essa prova irritual é pro-

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duzida sem obediência ao modelo legal previsto em lei, trata-se de prova ilegítima, passível de declaração de
nulidade”.
Prova crítica é sinônimo para a prova pericial.
Prova fora da terra é aquela produzida perante juízo distinto daquele em que se processa o feito, como acon-
tece no caso de carta rogatória ou precatória.
Prova emprestada: consiste na utilização, em um processo, de prova que foi produzida em outro, sendo que o
transporte dessa prova se dá pela Forma Documental. Vem para o novo processo com o MESMO VALOR pro-
batório que representava no processo no qual foi extraída.
#ATENÇÃO Teoria da Cegueira Deliberada (Willfull Blindness Doctrine ou Teoria das Instruções do Aves-
truz): Vem sendo aplicada em relação aos crimes de Tráfico de Drogas e de Lavagem de Capitais quanto a este
delito, se o agente deliberadamente evita a consciência quanto à origem ilícita dos bens, assume o risco de
produzir o resultado, respondendo a título de dolo eventual pelo delito.

9 - Sujeitos processuais: do juiz, do Ministério Público, do acusado e defensor, dos assistentes e auxiliares
da Justiça. Vítima no processo penal.

SUJEITOS

-JUIZ

CAUSAS DE IMPEDIMENTO CAUSAS DE SUSPEIÇÃO


As causas de impedimento referem-se a
As causas de suspeição referem-se ao ânimo subjetivo
vínculos objetivos do juiz com o processo,
do juiz quanto às partes, em regra são encontradas
independentemente de seu ânimo subjetivo. Há
externamente ao processo.
presunção absoluta de parcialidade.
Há divergência se gera nulidade relativa ou absoluta.
São causas de nulidade absoluta, alegáveis a
Renato Brasileiro diz que são causas de nulidade
qualquer tempo pelas partes. Renato Brasileiro diz
absoluta, porque o art. 572 não a inclui no rol daquelas
que os atos praticados são inexistentes.
que podem ser sanadas.
Rol é exemplificativo, porque permite a expansão por
Rol é taxativo.
razões de foro íntimo.

-MINISTÉRIO PÚBLICO: é função institucional do MP promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da
lei (art. 129, I, CF), com os atos destinados a efetivação do jus puniendi (requerer diligências, ser intimado, impetrar
recursos, etc.).

O Parquet deve conduzir-se com imparcialidade, pois deve defender os interesses da sociedade e fiscalizar a apli-
cação e a execução das leis, podendo, inclusive, pleitear a absolvição do acusado e recorrer em favor do réu (órgão
legitimado para a acusação e não órgão de acusação).

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É sua atribuição, ainda, o controle externo da atividade policial. Para o exercício de suas funções com autonomia e
segurança, a Constituição garantiu os membros do MP vitaliciedade (após 2 anos), irredutibilidade de vencimentos
e inamovibilidade.

Os membros do MP estão sujeitos às seguintes vedações: receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, hono-
rários, percentagens ou custas processuais; exercer a advocacia; participar de sociedade comercial, na forma da lei;
exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; exercer atividade
político-partidária; receber auxílio ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas
as exceções legais.

-OFENDIDO: é o sujeito passivo da infração penal. Em casos excepcionais, o Estado concede ao ofendido ou a
quem legalmente o represente o jus persequendi, permitindo assim ao sujeito passivo do crime o jus accusationis
(direito de acusar). O acusador particular é chamado de querelante e o sujeito contra quem se pede a atuação da
pretensão punitiva de querelado. O ofendido ou seu representante legal poderá ser também sujeito processual
principal na chamada ação penal privada subsidiária da pública (art. 5.°, LIV, da CF e art. 29 do CPP), quando o
órgão do Ministério Público não oferecer denúncia no prazo legal.

Observações:

a) O ofendido pode participar como assistente de acusação.

b) Pode existir litisconsórcio impróprio entre MP e ofendido (até mesmo no Júri), quando houver crime de ação
penal pública conexo com crime de ação penal privada. Esse litisconsórcio é chamado de impróprio porque são
duas peças de acusação (queixa e denúncia), que se reunirão em um mesmo processo por causa da conexão. Tem
doutrinador que chama de Ação Penal Adesiva.

c) a vítima pode ser conduzida coercitivamente para prestar depoimento (art. 201, § 1º, CPP).

Interesse de agir: a corrente majoritária defende que o assistente também tem interesse em uma condenação
justa e proporcional ao fato praticado, isto é, ele não possui apenas interesse econômico, mas também busca que
a justiça seja feita. O artigo 268 do CPP concede ao ofendido o direito de, facultativamente, auxiliar o Ministério
Público na acusação referente aos crimes que se apuram mediante ação pública, incondicionada ou condicionada,
dando-lhe a denominação de assistente.

O correu não pode intervir como assistente do MP, sob pena de ocasionar tumulto processual, pois ora
estaria acusando, ora se defendendo.

10 – Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória. Disposições gerais. Da prisão em


flagrante. Da prisão preventiva. Da prisão domiciliar. Das outras medidas cautelares. Da liberdade
provisória, com ou sem fiança. Da prisão temporária.

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PRISÃO E MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS

- MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL: antes de 2011, existia no CPP o que era chamado de “bipo-
laridade cautelar”, uma vez que só existiam duas medidas cautelares pessoais: prisão cautelar e liberdade provi-
sória. Com isso, o juiz só tinha duas opções: ou prendia o sujeito ou o deixava solto.

Contudo, a partir da lei 12.403/11, o art. 319 do CPP passou a contar com um rol de 9 medidas cautelares
pessoais diversas da prisão. Hoje, portanto, o juiz tem uma gama maior de opções entre prender o sujeito passi-
vo ou deixá-lo em liberdade. Além disso, essas cautelares diversas da prisão podem ser impostas às infrações que
não admitem, por exemplo, prisão preventiva.

Pressupostos para a aplicação das cautelares: as medidas cautelares pessoais só podem ser decretadas se pre-
sentes o FUMUS COMISSI DELICTI + PERICULUM IN LIBERTATIS.

-PRISÃO:

MODALIDADES DE PRISÃO
Flagrante próprio ou real: aquele em que o agente está cometendo a infração penal ou que
acaba de cometê-la;
Flagrante impróprio, irreal ou quase flagrante: aquele que o agente é perseguido, logo
após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir
ser autor da infração;
Flagrante presumido, ficto ou assimilado: aquele em que o agente é encontrado, logo
depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração;
Flagrante preparado ou provocado: um agente provocador induz terceiro à prática do
delito, adotando precauções para que o crime não se consume. Também chamado de delito
putativo por obra do agente provocador ou crime de ensaio. Configura crime impossível
(Súmula 145/STF: não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível
a sua consumação).
FLAGRANTE
Flagrante retardado ou diferido: é considerado legal. Exemplo: ação controlada (retardamento
da intervenção policial, que deve se dar no momento mais oportuno sob o ponto de vista da
colheita de provas);

Esta espécie de flagrante encontra-se prevista na lei de drogas (depende de autorização


judicial), na lei de lavagem de capitais (depende de autorização judicial) e na lei de organizações
criminosas (não depende de autorização judicial).
Flagrante esperado: a autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do
delito. A diferença entre o flagrante esperado e o preparado é que no preparado há o agente
provocador. É considerado legal;

Flagrante forjado ou urdido: cria provas de um delito inexistente. É ilegal.

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Flagrante fracionado: é o que ocorre nos casos de crime continuado, de acordo com
o art. 71 do Código Penal. Como existem várias infrações independentes, cada uma
FLAGRANTE
podendo constituir crime isoladamente, torna-se possível a prisão em flagrante por
cada uma delas, consubstanciando o que a doutrina denomina de crime fracionado.

É espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente, mediante


representação da autoridade policial ou requerimento do MP, do querelante ou do assistente,
em qualquer fase das investigações ou do processo criminal (nesta hipótese, pode ser
decretada de ofício pelo juiz), sempre que estiverem preenchidos os requisitos legais (art. 313)
e ocorrerem os motivos autorizadores listados no art. 312, desde que não sejam cabíveis as
medidas cautelares diversas da prisão (art. 319).

São os requisitos para a decretação da prisão preventiva:

(a) fumus comissi delicti (prova da materialidade e indícios de autoria);

(b) periculum in libertatis (presença de uma das hipóteses do art. 312);

(c) Impossibilidade de aplicação de medida cautelar diversa da prisão.

Obs.

-GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: indícios concretos de que o agente voltará a delinquir,


associados à gravidade e à repercussão do delito. Não se confunde com o mero clamor
PREVENTIVA público, que não justifica isoladamente a prisão preventiva. Ele é apenas mais um critério a ser
tomado como acessório, mas não um critério autônomo apto a lastrear, por si só, a medida.

- GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: É a aplicação da garantia da ordem pública


especificamente no campo da ordem econômica.

- POR CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: Exemplos: réu que ameaça a testemunha,


assaltante solto que não comparece à audiência.

- PARA ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL: Possibilidade concreta de fuga. A prisão


preventiva não pode ser decretada isoladamente pelo fundamento do artigo 366, é preciso
que haja a verificação dos demais requisitos. Se o réu foi citado por edital e não compareceu,
também não pode ser decretada a preventiva por garantia da instrução criminal, pois, para
obstruir a instrução criminal, o réu tem de estar presente. Em princípio, são argumentos
incompatíveis entre si.

Só pode ser decretada em crimes dolosos com pena superior a 4 anos, reincidentes dolosos
(qualquer pena), descumprimento de medida de protetiva de urgência (violência doméstica)
ou quando não se identificar civilmente.

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É espécie de prisão cautelar decretada pela autoridade judiciária competente durante a fase
preliminar de investigações, com prazo preestabelecido de duração, quando a privação da
liberdade de locomoção do indivíduo for indispensável para a obtenção de elementos de
informação quanto à autoria e materialidade das infrações penais mencionadas na lei nº
TEMPORÁRIA 9.760/89.

Lei 7960/89, art. 2º. A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
É um tipo especial de prisão que substitui a preventiva quando estão presentes os requisitos
dos arts. 312 e 313, mas, por alguma particularidade do acusado, ele não pode se submeter
ao gravame do cárcere.

#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei nº 13.257/2016 (Marco Legal da Primeira Infância). Poderá


o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: I - maior de 80
(oitenta) anos; II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; III - imprescindível
aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV -
DOMICILIAR
gestante; V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; VI - homem, caso
seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos
(olhar tabela comparativa no tópico da LEP).

O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016), ao alterar as hipóteses autorizativas da


concessão de prisão domiciliar, permite que o juiz substitua a prisão preventiva pela domiciliar
quando o agente for gestante ou mulher com filho até 12 anos de idade incompletos (art. 318,
IV e V, do CPP). STF, julgado em 21/6/2016 (Info 831).

#ATENÇÃO Juiz não pode conceder de ofício: prisão temporária, prisão preventiva e cautelar diversa da pri-
são durante o inquérito.

#SELIGA

Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1o Em até 24 horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão
em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.

#DEOLHONAJURIS
O juiz, mesmo sem provocação da autoridade policial ou da acusação, ao receber o auto de prisão em fla-
grante, deverá, quando presentes os requisitos previstos no art. 312 do CPP, converter a prisão em fla-
grante em preventiva, em cumprimento ao disposto no art. 310, II, do mesmo Código. Assim, não configura
nulidade a decretação, de ofício, da preventiva quando fruto da conversão da prisão em flagrante, haja vista o

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expresso permissivo do inciso II do art. 310 do CPP.


STJ. 5ª Turma. RHC 80.740/MG, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/06/2017. STJ. 6ª Turma. RHC 71.360/RS,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 28/6/2016.

Pode o Magistrado decretar a prisão preventiva, mesmo que a representação da autoridade policial
ou do Ministério Público seja pela decretação de prisão temporária, visto que, provocado, cabe ao juiz
ofertar o melhor direito aplicável à espécie. Vale ressaltar que neste caso não se está decretando a prisão de
ofício considerando que o julgador só atuou após ter sido previamente provocado, não se tratando de postura
que coloque em xeque a sua imparcialidade.
STJ. 5ª Turma. HC 319.471/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 16/06/2016. STJ. 6ª Turma. HC
362.962/RN, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 01/09/2016.

João, 19 anos, está respondendo a processo criminal por roubo. Quando era adolescente, cumpriu medida so-
cioeducativa por homicídio. O juiz, ao decretar a prisão preventiva do réu, poderá mencionar a prática desse ato
infracional como um dos fundamentos para a custódia cautelar? SIM. A prática de atos infracionais anteriores
serve para justificar a decretação ou manutenção da prisão preventiva como garantia da ordem pública,
considerando que indicam que a personalidade do agente é voltada à criminalidade, havendo fundado
receio de reiteração. Não é qualquer ato infracional, em qualquer circunstância, que pode ser utilizado para
caracterizar a periculosidade e justificar a prisão antes da sentença. É necessário que o magistrado examine três
condições: a) a gravidade específica do ato infracional cometido, independentemente de equivaler a
crime considerado em abstrato como grave; b) o tempo decorrido entre o ato infracional e o crime em
razão do qual é decretada a preventiva; e c) a comprovação efetiva da ocorrência do ato infracional.
STJ. 3ª Seção. RHC 63855-MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
11/5/2016 (Info 585).

#NÃOCONFUNDA

REVOGAÇÃO DA PRISÃO
RELAXAMENTO DA PRISÃO LIBERDADE PROVISÓRIA
CAUTELAR
Incide nas hipóteses de prisão Incide nas hipóteses de prisão
Incide nas hipóteses de prisão legal.
ilegal. legal.

Cabível em face de toda e Cabível em face da prisão


Por força da lei de 2011, passou a ser
qualquer espécie de prisão, desde temporária e da prisão
cabível em face de qualquer prisão.
que ilegal. preventiva.
É medida de contracautela e também de
Não se trata de medida cautelar, Não se trata de medida
medida cautelar autônoma, que pode
mas sim de medida de urgência cautelar, mas sim de medida de
ser aplicada com a imposição de uma
baseada no poder de polícia da urgência baseada no poder de
ou mais das medidas cautelares diversas
autoridade judiciária. polícia da autoridade judiciária.
da prisão (art. 321).

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Acarreta a restituição de liberdade Acarreta a restituição de


plena. No entanto, na hipótese do liberdade plena. Todavia,
relaxamento, presentes FUMUS + presentes FUMUS + Acarreta a restituição da liberdade com
PERICULUM, é possível a imposição PERICULUM, é possível vinculação.
de medidas cautelares, inclusive as a imposição de medidas
prisões preventiva e temporária. cautelares diversas da prisão.

Há dispositivos legais de duvidosa


constitucionalidade que vedam a
Cabível em relação a todos os Cabível em relação a todos os liberdade provisória, com ou sem fiança,
crimes. crimes. em relação a alguns delitos, o que,
todavia, não impede a aplicação das
medidas cautelares diversas da prisão.

Só pode ser decretada pela A competência recai sobre


Pode ser concedida tanto pela
autoridade judicial (há quem quem decretou a medida. Logo,
autoridade policial (art. 322), como pelo
defenda que o Delegado também se impetrado diretamente HC,
juiz.
pode). há supressão de instância.

PRISÃO DOMICILIAR DO CPP PRISÃO DOMICILIAR DA LEP

Arts. 317 e 318 do CPP. Art. 117 da LEP.

O CPP, ao tratar da prisão domiciliar, está se referindo A LEP, ao tratar da prisão domiciliar, está se referindo à
à possibilidade de o réu, em vez de ficar em prisão possibilidade de a pessoa já condenada cumprir a sua
preventiva, permanecer recolhido em sua residência. pena privativa de liberdade na própria residência.

Trata-se de uma medida cautelar que substitui


Trata-se, portanto, da execução penal
a prisão preventiva pelo recolhimento da pessoa em
(cumprimento da pena) na própria residência.
sua residência.

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Hipóteses (importante):

O juiz poderá substituir a prisão preventiva


pela domiciliar quando o agente for:

I — Maior de 80 anos;
Hipóteses (importante):
II — Extremamente debilitado por motivo de
doença grave; O preso que estiver cumprindo pena no regime aberto
poderá ficar em prisão domiciliar quando se tratar de
III — Imprescindível aos cuidados especiais condenado (a):
de pessoa menor de 6 anos de idade ou com
deficiência; I — Maior de 70 anos;

IV — Gestante; II — Acometido de doença grave;

V — Mulher com filho de até 12 (doze) anos de III — Com filho menor ou deficiente físico ou
idade incompletos; mental;

VI — Homem, caso seja o único responsável pelos IV — Gestante.


cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.

Obs.: os magistrados, membros do MP, da Defensoria


e da advocacia têm direito à prisão cautelar em
sala de Estado-Maior. Caso não exista, devem ficar
em prisão domiciliar.

O juiz pode determinar que a pessoa fique usando O juiz pode determinar que a pessoa fique usando
uma monitoração eletrônica. uma monitoração eletrônica.

#NOVIDADELEGIS

Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação con-
comitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.
#DEOLHONAJURIS
É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execução provisória da pena, para condenada
com filho menor de 12 anos ou responsável por pessoa com deficiência. Art. 318-A. A prisão preventiva imposta
à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por
prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não

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tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. STJ. 5ª Turma. HC 487763-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares
da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (Info 647).

Mesmo após a inserção do art. 318-A CPP, é possível que o juiz negue a prisão domiciliar para a mulher
gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência, desde que presente
situação excepcionalíssima. O art. 318-A do CPP, introduzido pela Lei nº 13.769/2018, estabelece um poder-de-
ver para o juiz substituir a prisão preventiva por domiciliar de gestante, mãe de criança menor de 12 anos e mu-
lher responsável por pessoa com deficiência, sempre que apresentada prova idônea do requisito estabelecido na
norma (art. 318, parágrafo único), ressalvadas as exceções legais. A normatização de apenas duas das exceções
não afasta a efetividade do que foi decidido pelo STF no HC 143.641/SP, nos pontos não alcançados pela nova
lei. O fato de o legislador não ter inserido outras exceções na lei, não significa que o magistrado esteja proibido
de negar o benefício quando se deparar com casos excepcionais. Assim, deve prevalecer a interpretação teleo-
lógica da lei, assim como a proteção aos valores mais vulneráveis. Com efeito, naquilo que a lei não regulou, o
precedente do STF deve continuar sendo aplicado, pois uma interpretação restritiva da norma pode representar,
em determinados casos, efetivo risco direto e indireto à criança ou ao deficiente, cuja proteção deve ser integral
e prioritária. STJ. 5ª Turma. HC 470549/TO, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/02/2019.

O art. 318, II, do CPP é chamado de prisão domiciliar humanitária. Em um caso concreto, o STF entendeu
que deveria conceder prisão humanitária ao réu tendo em vista o alto risco de saúde, a grande possibilidade
de desenvolver infecções no cárcere e a impossibilidade de tratamento médico adequado na unidade prisional
ou em estabelecimento hospitalar — tudo demostrado satisfatoriamente no laudo pericial. Considerou-se que
a concessão da medida era necessária para preservar a integridade física e moral do paciente, em respeito à
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF). STF. 2ª Turma.HC 153961/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
27/3/2018 (Info 895).

O STF reconheceu a existência de inúmeras mulheres grávidas e mães de crianças que estavam cumprindo prisão
preventiva em situação degradante, privadas de cuidados médicos pré-natais e pós-parto. Além disso, não havia
berçários e creches para seus filhos.
Também se reconheceu a existência, no Poder Judiciário, de uma “cultura do encarceramento”, que significa a
imposição exagerada e irrazoável de prisões provisórias a mulheres pobres e vulneráveis, em decorrência de
excessos na interpretação e aplicação da lei penal e processual penal, mesmo diante da existência de outras
soluções, de caráter humanitário, abrigadas no ordenamento jurídico vigente.
A Corte admitiu que o Estado brasileiro não tem condições de garantir cuidados mínimos relativos à maternida-
de, até mesmo às mulheres que não estão em situação prisional.
Diversos documentos internacionais preveem que devem ser adotadas alternativas penais ao encarceramento,
principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. É o caso,
por exemplo, das Regras de Bangkok.
Os cuidados com a mulher presa não se direcionam apenas a ela, mas igualmente aos seus filhos, os quais so-

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frem injustamente as consequências da prisão, em flagrante contrariedade ao art. 227 da Constituição, cujo teor
determina que se dê prioridade absoluta à concretização dos direitos das crianças e adolescentes.
Diante da existência desse quadro, deve-se dar estrito cumprimento do Estatuto da Primeira Infância
(Lei 13.257/2016), em especial da nova redação por ele conferida ao art. 318, IV e V, do CPP, que prevê:
Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
IV - gestante;
V - mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos;
Os critérios para a substituição de que tratam esses incisos devem ser os seguintes:
REGRA: Em regra, deve ser concedida prisão domiciliar para todas as mulheres presas que sejam:
- gestantes
- puérperas (que deram à luz há pouco tempo)
- mães de crianças (isto é, mães de menores até 12 anos incompletos) ou
- mães de pessoas com deficiência.
EXCEÇÕES:
Não deve ser autorizada a prisão domiciliar se:
1) a mulher tiver praticado crime mediante violência ou grave ameaça;
2) a mulher tiver praticado crime contra seus descendentes (filhos e/ou netos);
3) em outras situações excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juí-
zes que denegarem o benefício.
OBS 1: o raciocínio acima explicado vale também para adolescentes que tenham praticado atos infracionais.
OBS 2: a regra e as exceções acima explicadas também valem para a reincidente. O simples fato de que a
mulher ser reincidente não faz com que ela perca o direito à prisão domiciliar.
STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).

- FIANÇA:

• Delegado pode decretar fiança se a pena máxima for até 4 anos, salvo no crime do art. 24-A, da Lei Ma-
ria da Penha (crime de descumprimento de medida protetiva de urgência), em que a lei expressamente prevê
reserva de jurisdição para concessão da fiança, mesmo sendo o crime apenado com pena máxima de 2 anos.

• Inafiançáveis: racismo, ação de grupos armados, terrorismo, tortura, tráfico e hediondos.

• A fiança pode ser dispensada, reduzida ou aumentada, de acordo com a situação econômica do preso.

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#DEOLHONAJURIS O indivíduo foi preso em flagrante. O magistrado concedeu liberdade provisória com a
fixação de 2 salários-mínimos de fiança. Como não foi paga a fiança, o indivíduo permaneceu preso. A Defen-
soria Pública impetrou habeas corpus e o STF deferiu a liberdade provisória em favor do paciente com dispensa
do pagamento de fiança. Os Ministros afirmaram que era injusto e desproporcional condicionar a expedição do
alvará de soltura ao recolhimento da fiança. Segundo entendeu o STF, o réu não tinha condições financeiras de
arcar com o valor da fiança, o que se poderia presumir pelo fato de ser assistido pela Defensoria Pública, o que
pressuporia sua hipossuficiência. Assim, não estando previstos os pressupostos do art. 312 do CPP e não tendo o
preso condições de pagar a fiança, conclui-se que nada justifica a manutenção da prisão cautelar. STF. 1ª Turma.
HC 129474/PR, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 22/9/2015 (Info 800).

11 - Das medidas assecuratórias.

Art. 125.  Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os proventos da infração, ainda que já
tenham sido transferidos a terceiro.

Art. 126.  Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios veementes da proveniência ilícita dos bens.

Art. 127.  O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou mediante representação da au-
toridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia
ou queixa.

Art. 130.  O seqüestro poderá ainda ser embargado:

        I - pelo acusado, sob o fundamento de não terem os bens sido adquiridos com os proventos da infração;

        II - pelo terceiro, a quem houverem os bens sido transferidos a título oneroso, sob o fundamento de tê-los
adquirido de boa-fé.

        Parágrafo único.  Não poderá ser pronunciada decisão nesses embargos antes de passar em julgado a sentença
condenatória.

Art. 134.  A hipoteca legal sobre os imóveis do indiciado poderá ser requerida pelo ofendido em qualquer fase do
processo, desde que haja certeza da infração e indícios suficientes da autoria.

Art. 136. O arresto do imóvel poderá ser decretado de início, revogando-se, porém, se no prazo de 15 (quinze) dias
não for promovido o processo de inscrição da hipoteca legal.                 

Art. 137. Se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente, poderão ser arrestados bens
móveis suscetíveis de penhora, nos termos em que é facultada a hipoteca legal dos imóveis.               

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        § 1o  Se esses bens forem coisas fungíveis e facilmente deterioráveis, proceder-se-á na forma do § 5o do art. 120.

        § 2o  Das rendas dos bens móveis poderão ser fornecidos recursos arbitrados pelo juiz, para a manutenção do
indiciado e de sua família.

12 - Das Das citações e intimações. Forma, lugar e tempo dos atos processuais. 13 - Processo e
procedimento. Pressupostos processuais. Formas procedimentais. Procedimento comum. Instrução
criminal. Procedimento ordinário. Procedimento sumário. Procedimento sumaríssimo. Juizados Especiais
Criminais. Procedimento relativo ao Tribunal do Júri. Procedimentos especiais, inclusive de leis especiais.

PROCEDIMENTO RELATIVO AOS PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DO


JÚRI

- 1ª FASE - IUDICIUM ACCUSATIONIS:

Trâmite: oferecimento da denúncia pelo MP ou queixa-crime pelo querelante  recebimento da denúncia pelo
Juiz citação do acusado para responder em 10 dias  não apresentada resposta no prazo legal: o juiz nomeará
defensor público para oferecê-la em 10 dias  Réplica: juiz ouvirá MP ou o querelante sobre preliminares e docu-
mentos (5 dias)  inquirição de testemunhas e realização de diligências, no prazo máximo de 10 dias  audiência
de instrução e conclusão do procedimento em até 90 dias.

Audiência de instrução: declarações do ofendido  inquirição de testemunhas (arroladas pela acusação e de-
fesa)  esclarecimentos dos peritos acareações  reconhecimento de pessoas e coisas  interrogatório do
acusado  alegações finais orais  encerrados os debates o juiz proferirá a decisão ou o fará em 10 dias.

Debates orais: As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo
prazo de 20 minutos, prorrogáveis por mais 10. Havendo mais de 1 acusado, o tempo previsto para a acusação e
a defesa de cada um deles será individual. Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão
concedidos 10 minutos, prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa.

Exceções eventualmente ajuizadas: As exceções serão processadas em apartado, nos termos dos arts. 95 a
112 deste Código (art. 407, CPP).

Prazo para conclusão da 1ª fase: O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 dias (art. 412, CPP).

Testemunhas: máximo de 8 testemunhas (art. 406, §2º, CPP).

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PRONÚNCIA IMPRONÚNCIA ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA DESCLASSIFICAÇÃO


O réu será absolvido
desde logo, quando
estiver provado (a):
O réu será impronunciado Ocorre quando o juiz se
quando o juiz não se - A inexistência do fato;
convencer de que o fato
convencer: narrado não é um crime
O réu será pronunciado - Que o réu não é autor
- Da materialidade do fato; ou partícipe do fato; doloso contra a vida, mas
quando o juiz se sim outro delito, devendo,
convencer de que existem - Da existência de indícios - Que o fato não constitui então, remeter o processo
prova da materialidade suficientes de autoria ou crime; para o juízo competente.
do fato e indícios de participação.
suficientes de autoria ou - Que existe uma causa Ex.: juiz entende que não
de participação. Ex: a única testemunha de isenção de pena ou de houve homicídio doloso,
que havia reconhecido o exclusão do crime. mas sim latrocínio.
réu no IP não foi ouvida
em juízo. Ex.: todas as testemunhas
ouvidas afirmaram que o
réu não foi o autor dos
disparos
RECURSO CABÍVEL: RECURSO CABÍVEL: RECURSO CABÍVEL: RECURSO CABÍVEL:
RESE APELAÇÃO APELAÇÃO RESE

Fundamentação da pronúncia: limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios


suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o
acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena (art. 413, §1º, CPP), sob
pena de excesso de linguagem (eloquência acusatória).

#DEOLHONOJULGADO A pronúncia com excesso de linguagem deverá ser anulada e outra prolatada em seu
lugar. Não basta o mero desentranhamento do ato processual, conforme entendimento do STJ (Info 561) e do
STF (Info 795).

Na pronúncia não se faz análise de aspectos diretamente relacionados à dosimetria da pena. Por exemplo: é causa
de nulidade a decisão de pronúncia que faz menção ao concurso de crimes pertinente (material, formal ou conti-
nuado).

A mera leitura da decisão de pronúncia em plenário não constitui nulidade, exceto se utilizada como argumento
de autoridade.

#VAMOSREFORÇAR

.Indicação da materialidade do fato;

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.Existência de indícios suficientes de autoria ou de participação;

.Dispositivo legal;

.Circunstâncias qualificadoras;

.Causas de aumento de pena.

Nova denúncia ou queixa: enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia
ou queixa, se houver prova nova (art. 414, parágrafo único, CPP).

Emendatio libelli: o juiz, quando da sentença, verificando que a tipificação não corresponde aos fatos narrados na
petição inicial, poderá atribuir definição jurídica diversa, ainda que o acusado fique sujeito a pena mais grave (art.
383 c/c art. 418, CPP). Na emendatio os fatos provados são exatamente os fatos narrados.

Mutatio libelli: o juiz conclui que o fato narrado na inicial não corresponde aos fatos provados na instrução pro-
cessual, devendo remeter o processo ao Ministério Público, que deverá aditar a peça inaugural. Na mutatio, os
fatos provados são distintos dos fatos narrados (art. 384, CPP).

Desaforamento: é possível nas seguintes hipóteses:

• Em caso de interesse da ordem pública (art. 427, CPP);

• Quando houver dúvida sobre a imparcialidade do juiz (art. 427, CPP);

• Nos casos de possível comprometimento à segurança do acusado (art. 427, CPP);

• Em caso de excesso de serviço, se o julgamento não puder ser realizado em até 6 meses (art. 428, CPP).

Efeito suspensivo do pedido de desaforamento: em sendo relevantes os motivos elencados, é possível que o juiz
suspenda o julgamento pelo Tribunal do Júri (art. 427, § 2º, CPP).

Oitiva obrigatória do juiz presidente: quando o desaforamento não for pedido dele (art. 427, p. 3º, CPP).

Não será possível o pedido de desaforamento: (art.. 427, § 4º CPP):

.Na pendência de recurso contra decisão de pronúncia;

.Quando já tiver havido o julgamento, salvo se o motivo que justifique a presença dos requisitos para o de-
saforamento tenha ocorrido após isso.

Reaforamento: seria retornar os autos para a vara de origem. Não é possível. O que não impede novo desafora-
mento, caso existentes os requisitos do art. 427, caput c/c art. 428, CPP.

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Recurso: como não há previsão legal de recurso cabível, a jurisprudência tem admitido apenas o uso do HC.

A defesa tem que se manifestar? Sim, sob pena de nulidade.

Súmula 712, STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri sem
audiência da defesa.
#DEOLHONOJULGADO No caso de desaforamento para outra comarca, deve-se preferir as mais próximas. No
caso de desaforamento fundada na imparcialidade do corpo de jurados, o foro competente para a realização
do júri deve ser aquele em que esse risco não exista. Assim, o deslocamento da competência nesses casos não
é geograficamente limitado às comarcas mais próximas (STJ, HC 219.739/RJ).

Ordem de julgamento: salvo motivo relevante que autorize alteração na ordem dos julgamentos, terão preferên-
cia (art. 429, CPP):

.Os acusados presos;

.Dentre os acusados presos, aqueles que estiverem há mais tempo na prisão;                   

.Em igualdade de condições, os precedentemente pronunciados.

Assistente de acusação: o assistente somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 dias antes da
data da sessão na qual pretenda atuar (art. 430, CPP).

-2ª FASE - IUDICIUM CAUSAE:

Sentença: em caso de condenação, o juiz deverá levar em consideração as circunstâncias agravantes e atenuantes
alegadas nos debates (art. 492, I, “b”, CPP).

Desclassificação e prorrogação da competência: Se houver desclassificação da infração para outra de compe-


tência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando
o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o
disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (art. 492, §1º, CPP).

Desclassificação e crime conexo: Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida
será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, as regras da prorrogação da
competência previstas no art. 492, CPP.

Testemunhas: máximo de 5 testemunhas (art. 422, CPP).

Outro tema de grande relevância para a prova são os quesitos (art. 482 e seguintes do CPP).

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OBS: não se pode inverter a ordem da quesitação e omitir do Conselho de Sentença tese de defesa (nulidade ab-
soluta).

a) Desclassificação Própria: a decisão dos jurados é direcionada à transferência do julgamento ao juiz, sem prévia
especificação do crime;

b) Desclassificação Imprópria: a decisão dos jurados é direcionada à transferência do julgamento ao juiz, com es-
pecificação prévia do crime;

OBS: a tese da legítima defesa é inserida no quesito genérico de absolvição.

#DEOLHONASSÚMULAS

Súmula vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa
de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual;

Súmula 603, STF: A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do tribunal
do júri;

Súmula 206, STF: É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado que funcionou em julga-
mento anterior do mesmo processo;

Súmula 713, STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua in-
terposição.

14 - Da sentença. Conceito, requisitos, classificação, publicação e intimação. Sentença absolutória:


providências e efeitos. Sentença condenatória: fundamentação da pena e efeitos. Efeitos civis da
sentença penal.

-EMENDATIO LIBELLI: instituto que permite ao juiz corrigir os equívocos de enquadramento de artigo existentes
na inicial acusatória. Os fatos narrados estão perfeitos e foram confirmados na instrução.

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição
jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave.

Momento de aplicação: segundo o CPP é na sentença ou na decisão de pronúncia (procedimento do júri). Ressal-
te-se que a doutrina e a jurisprudência têm admitido em determinados casos a correção do enquadramento típico
logo no ato de recebimento da exordial acusatória.

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MUTATIO LIBELLI:

Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conse-
quência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o
Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver
sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente.
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código.
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de
qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo
interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento.
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando
o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento.
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
Súmula 453-STF: Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal,
que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida,
explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.

15 - Das nulidades.

NULIDADES

#DEOLHONASSÚMULAS

SÚMULA 523 - STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o
anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

SÚMULA 361, STF: No processo penal, é nulo o exame realizado por um só perito, considerando-se impedido o
que tiver funcionado, anteriormente, na diligência de apreensão.
#CUIDADO: essa súmula só é válida nos casos de perícia realizada por peritos não oficiais. Isso porque o CPP
pede que, nesses casos, haja 2 peritos não oficiais (art. 159, §1º, CPP).

SÚMULA 706, STF: É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção;

SÚMULA 707, STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso
interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo;

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SÚMULA 708, STF: É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único
defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.

16 - Dos recursos em geral: princípios, modalidades, recursos em espécie e fungibilidade. 17 - Recursos


especial e extraordinário.

RECURSOS

PRINCIPAIS PRAZOS
CARTA TESTEMUNHÁVEL 48 horas
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 2 dias
RESE 5 dias + 2 dias para razões
5 dias + 8 dias para razões
APELAÇÃO (Exceção: arrazoar em 3 dias - assistente e
contravenção penal)
CORREIÇÃO PARCIAL 5 dias
EMBARGOS INFRINGENTES ou DE NULIDADE 10 dias
RE/REsp 15 dias
RESE contra lista de jurados 20 dias

-PRINCÍPIOS RECURSAIS:

• Duplo grau de jurisdição: consiste na possibilidade de um reexame integral (matéria de fato e de direito)
da decisão do juízo a quo, a ser confiado a órgão jurisdicional diverso do que a proferiu e, em regra, de hie-
rarquia superior na ordem jurídica.

• Taxatividade: O recurso deve estar previsto em lei. Logo, o rol de recursos e suas hipóteses de cabimento
são taxativas. Essa lei deve ser federal, pois, de acordo com o art. 22, I, compete privativamente à União
legislar sobre direito processual.

• Unirrecorribilidade (unicidade ou singularidade) das decisões: Pelo menos em regra, a cada decisão
recorrível corresponde um único recurso.

• Voluntariedade: A existência de um recurso está condicionada à manifestação da vontade da parte, que


demonstra seu interesse de recorrer com a interposição do recurso.

#OLHAOGANCHO E quanto ao reexame necessário (recurso de ofício)?


Art. 574. Os recursos serão voluntários, excetuando-se os seguintes casos, em que deverão ser interpostos, de
ofício, pelo juiz:
I - da sentença que conceder habeas corpus; -> Parte minoritária da doutrina diz que esse inciso I não se aplica
mais, pois, hoje, o MP pode recorrer dessa decisão, o que não era possível à época da edição do CPP (STJ dis-
corda).

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II - da que absolver desde logo o réu com fundamento na existência de circunstância que exclua o crime ou isente
o réu de pena, nos termos do art. 411. -> Doutrina diz que esse dispositivo foi revogado pela reforma de 2008,
pois o novo art. 415 não traz essa possibilidade.

• Non reformatio in pejus (efeito PRODRÔMICO da sentença):

Exemplo: Súmula 525, STF: A medida de segurança não será aplicada em segunda instância, quando
só o réu tenha recorrido.

• Reformatio in mellius: quanto ao recurso da acusação, a despeito de divergências doutrinárias, prevalece


o entendimento de que se aplica o sistema do benefício comum, isto é, do recurso interposto pelo MP, que-
relante ou assistente da acusação, pode resultar benefício ao acusado.

• Dialeticidade: Por conta desse princípio, a petição de um recurso deve conter os fundamentos de fato e
de direito que embasam o inconformismo do recorrente. O recurso, portanto, deve ser dialético, discursivo,
pois incumbe ao recorrente declinar os fundamentos de seu pedido. Há dois fundamentos: (a) Permitir que
a parte contrária possa elaborar suas contrarrazões; (b) Fixar os limites de atuação do Tribunal na apreciação
do recurso.

-RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE):

Forma:

Art. 587. Quando o recurso houver de subir por instrumento, a parte indicará, no respectivo termo, ou em requer-
imento avulso, as peças dos autos de que pretenda traslado.
Parágrafo único. O traslado será extraído, conferido e concertado no prazo de cinco dias, e dele constarão sempre
a decisão recorrida, a certidão de sua intimação, se por outra forma não for possível verificar-se a oportunidade do
recurso, e o termo de interposição.
Art. 590. Quando for impossível ao escrivão extrair o traslado no prazo da lei, poderá o juiz prorrogá-lo até o
dobro.
Art. 583. Subirão nos próprios autos os recursos:
I - quando interpostos de oficio;
II - nos casos do art. 581, I, III, IV, VI, VIII e X;
III - quando o recurso não prejudicar o andamento do processo.
Parágrafo único. O recurso da pronúncia subirá em traslado, quando, havendo dois ou mais réus, qualquer deles
se conformar com a decisão ou todos não tiverem sido ainda intimados da pronúncia.

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Processamento:

Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, refor-
mará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários.
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer
da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de
novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado.

#DEOLHONAJURIS As hipóteses de cabimento de recurso em sentido estrito trazidas pelo art. 581 do CPP são:
* exaustivas (taxativas);
* admitem interpretação extensiva
* não admitem interpretação analógica.
A decisão do juiz que revoga a medida cautelar diversa da prisão de comparecimento periódico em juízo (art.
319, I, do CPP) pode ser impugnada por meio de RESE? SIM, com base na intepretação extensiva do art. 581, V. O
inciso V expressamente permite RESE contra a decisão do juiz que revogar prisão preventiva. Esta decisão é simi-
lar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão. Logo, permite-se a interpretação extensiva neste caso.
Em suma: é cabível recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão. STJ.
6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 (Info 596).

#NUNCASEIQUANDOCABE #MACETE

RACIOCÍNIO FEITO PELA DOUTRINA


Se a decisão for anterior à sentença condenatória ou
Talvez seja caso de RESE: veja lá no rol do art. 581, CPP.
absolutória
Se a decisão foi proferida dentro de sentença condenatória APELAÇÃO: quando for caso de apelação não se
ou absolutória interpõe RESE.
Se a decisão for proferido após o trânsito em julgado da AGRAVO EM EXECUÇÃO: ainda que conste no rol do
sentença condenatória ou absolutória imprópria art. 581, CPP.

-APELAÇÃO: É o recurso ordinário por excelência, pois permite ao órgão ad quem a ampla possibilidade de rea-
nalisar todas as questões, fáticas e jurídicas, já apreciadas no curso do feito. Lembrando que, por força do art. 593,
§4º, não cabe RESE se já cabível apelação.

Art. 593. § 4º Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente
de parte da decisão se recorra.

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Hipóteses de cabimento:

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 dias:


I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no
Capítulo anterior;
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
Art. 593. § 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos jurados aos
quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
Art. 593. § 3º Se a apelação se fundar no nº III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a de-
cisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para sujeitar o réu a novo
julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.

Princípio da unirrecorribilidade ou da unicidade ou da singularidade do recurso: a apelação é um recurso


residual (quando não couber RESE, caberá apelação) – art. 583, §4º, CPP.

Atuação subsidiária do ofendido ou do CADI: (art. 598, CPP) nos crimes de competência do Tribunal do Júri, ou
do juiz singular, se da sentença não for interposta apelação pelo MP no prazo legal, o ofendido ou qualquer das
pessoas enumeradas no art. 31, ainda que não se tenha habilitado como assistente, poderá interpor apelação, que
não terá, porém, efeito suspensivo. Prazo: 15 dias e correrá do dia em que terminar o do MP (art. 598, p.u).

Prazo comum: quando forem 2 ou mais os apelantes ou apelados, os prazos serão comuns (art. 600, §3º, CPP).

Forma:

Art. 603. A apelação subirá nos autos originais e, a não ser no Distrito Federal e nas comarcas que forem sede de
Tribunal de Apelação, ficará em cartório traslado dos termos essenciais do processo referidos no art. 564, III.
#SELIGA ASSITENTE DE ACUSAÇÃO
Quanto ao prazo para o assistente de acusação recorrer, depende:

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• Já estava previamente habilitado nos autos: prazo de 05 dias;


• Não estava previamente habilitado nos autos: 15 dias.
#OLHAAJURIS Os prazos do assistente começam quando do esgotamento do prazo do MP (448/STF).

Em regra, é incabível, por ilegitimidade ativa ad causam, o manejo de reclamação por quem não tenha
sido parte no processo subjetivo que tramitou perante o STF. No entanto, em um caso específico, o STF
abriu uma exceção para esse entendimento. Um dos filhos da vítima do homicídio figurou no processo
criminal como assistente de acusação. O acusado foi condenado. Ocorre que, em revisão criminal, o réu
foi absolvido pelo Tribunal de Justiça. Diante disso, um outro filho da vítima, com a mesma advogada
que assistiu a família durante o processo, ajuizou reclamação no STF contra esse acórdão do TJ. O STF
reconheceu a legitimidade do autor da reclamação afirmando que se mostra inequívoco o interesse da
família da vítima no deslinde do caso. Não se pode, por excessivo apelo formal, afastar a relação de pertinên-
cia subjetiva do autor da reclamação que, como filho da vítima, atua também na qualidade de representante dos
interesses da família. Assim, o filho da vítima do homicídio, mesmo que não tenha sido assistente de acusação
no curso da ação penal, tem legitimidade para ajuizar reclamação contra decisão do Tribunal de Justiça que ab-
solveu o réu no julgamento de revisão criminal, alegando que esta decisão violou a autoridade de acórdão do
STF. STF. 1ª Turma. Rcl 29621 AgR/MT, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25/6/2019 (Info 945)

18 - Das ações de impugnação. Da revisão criminal. Do habeas corpus. Do mandado de segurança. Das
exceções. Do desaforamento.

REVISÃO CRIMINAL

Trata-se de uma ação autônoma de impugnação, de competência originária dos Tribunais (ou da Turma Re-
cursal no caso dos Juizados), por meio da qual a pessoa condenada requer ao Tribunal que reveja a decisão que a
condenou (e que já transitou em julgado), sob o argumento de que ocorreu erro judiciário (art. 621, CPP).

Hipóteses legais: I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos
autos; II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente
falsos; III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância
que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Revisão criminal X ação rescisória:

REVISÃO CRIMINAL AÇÃO RESCISÓRIA


Pode ser interposta a qualquer tempo após o trân- Deve ser interposta até o prazo de 2 anos após o
sito em julgado (não há prazo de decadência para trânsito em julgado.
ajuizar a revisão: art. 622, CPP).

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Só pode ser ajuizada em favor do condenado (só


A ação rescisória pode ser proposta pelo autor ou pelo
existe revisão criminal pro reo; não existe revisão cri-
réu.
minal pro societate).

Pressupostos: existência de decisão condenatória (ou absolutória imprópria) com trânsito em julgado; demons-
tração de que houve erro judiciário.

Quem pode propor a revisão criminal? (art. 623, CPP):

.Próprio réu;

.Procurador legalmente habilitado pelo réu;

.O cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do réu, caso este já tenha morrido.

Competência: tribunal (art. 624, II, CPP).

Pedido na revisão criminal: a revisão criminal se presta às hipóteses taxativas do art. 626 do CPP: julgando pro-
cedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu, modificar a pena ou anular
o processo.

#DEOLHONASÚMULA

Súmula 393, STF: Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão.

HABEAS CORPUS

Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário,
proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.

súmula 693-STF: Não cabe “habeas corpus” contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

súmula 695-STF: Não cabe “habeas corpus” quando já extinta a pena privativa de liberdade.

MANDADO DE SEGURANÇA EM MATÉRIA CRIMINAL

Direito líquido e certo é aquele apto a ser exercido imediatamente pelo seu titular, independentemente de instrução
probatória. O procedimento será o mesmo aplicável à matéria cível.

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Hipóteses mais frequentes:

a) para garantir ao advogado o direito de entrevistar o cliente;

b) para assegurar a juntada de documentos em qualquer fase do processo penal (permissivo do artigo
231 do CPP);

c) contra apreensão indevida de objetos;

d) para assegurar a terceiro de boa-fé restituição de coisas apreendidas;

e) contra despacho que inadmite assistente de acusação;

f ) para assegurar ao advogado vista do inquérito policial ou o direito de acompanhar durante o curso deste o
indiciado;

g) no caso de decisão de indeferimento de habilitação do assistente (art. 268, CPP);

h) nos procedimentos de sequestro, arresto ou de restituição de bens apreendidos (art. 188 e seguinte
do CPP).

Existem duas súmulas importantes sobre o tema que você #TEMQUESABER!

Súmula 701-STF:No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em pro-
cesso penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal inter-
posto pelo Ministério Público. #VAICAIR

19 - Aspectos processuais penais das seguintes Leis, com as alterações legislativas que seguiram em
relação a elas: Execução Penal (Lei nº 7.210/84); Juizado especial criminal (Lei nº 9.099/95); Interceptação
telefônica (Lei nº 9.296/96); Lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores (Lei nº 9.613/98); Proteção
a testemunhas (Lei nº 9.807/99); Organizações criminosas (Lei nº 12.850/13); Violência doméstica (Lei
nº 11.340/06) e Drogas (Lei nº 11.343/06).

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EXECUÇÃO PENAL

• Material: alimentos, vestuário, higiene.

• Saúde: atendimento médico, farmacêutico e odontológico.

• Jurídica: para os que não possuem condição financeira de arcar com um


advogado. Prestada pela Defensoria Pública. Núcleos especiais da DP, dentro e
fora dos estabelecimentos penais.

A defensoria pública é órgão de execução penal e participa do conselho da


comunidade. Velará pela regular execução da pena e da medida de segurança.
Nos estabelecimentos penais terá instalação destinada à DP.
ASSISTÊNCIA AO
PRESO • Educacional: formação profissional.

Primeiro grau de ensino obrigatório. Ensino médio deve ser implementado


visando sempre à universalização da educação. Uso de educação a distância e
cursos supletivos prestados pela União, Estados e Municípios.

• Social: preparar para o retorno à liberdade e o convívio com a sociedade.

• Religiosa: liberdade de culto. Local apropriado para culto. Não é obrigatória a


participação.

1- Trabalho interno: o condenado é obrigado a trabalhar conforme as suas aptidões.


Para o preso provisório isso é facultativo.

Jornada de 6 a 8 horas. Pode ter horário especial em caso de serviços de manutenção e


conservação do estabelecimento penal.

O governo pode celebrar convênio com a iniciativa privada para oferecer esse trabalho.

2- Trabalho externo: se o condenado está cumprindo a pena em regime fechado, só e


TRABALHO possível em obras públicas, realizada pelo poder público ou entidades privadas.

Máximo 10% dos empregados pode estar nessa condição.

Para o serviço ser prestado à entidade privada deve haver o consentimento do preso.

Só é permitido se o preso em regime fechado tenha cumprido 1/6 da pena.

Isso não se aplica para presos em regime semiaberto.

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Art. 39. Constituem deveres do condenado:

I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;

II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se;

III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;

IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à


ordem ou à disciplina;

V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;


DEVERES DO
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
CONDENADO
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;

VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua
manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho;

IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;

X - conservação dos objetos de uso pessoal.

Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo.

Vale para o preso definitivo e para o provisório.

Aplica às sanções penais o princípio da anterioridade e da legalidade (previsão legal ou


regulamentar).

É vedado o uso de cela escura e de sanções coletivas.

-Faltas disciplinares: leves, médias e graves.

A tentativa é punida da mesma forma que a falta consumada.

Falta grave: previsão na LEP.


DISCIPLINA
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:

I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina;

II - fugir;

III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem;

IV - provocar acidente de trabalho;

V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas;

VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.

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VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.

Cometer ato previsto como crime doloso constitui falta grave e, nesse caso, é possível
aplicar o regime disciplinar diferenciado. Esse poderá durar até 360 dias, que pode
ser repetido apenas no caso de outra falta grave e até o limite de 1/6 da pena. Nesse
caso o preso será recolhido em cela individual, só poderá ter visita de até duas pessoas,
sem contar crianças, por até duas horas, e banho de sol de até 2 horas.

Esse regime pode ser aplicado ao preso provisório ou condenado que participe
de organização criminosa ou se apresentarem alto risco à ordem e à segurança do
estabelecimento.

Súmula 526 STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato


definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de
DISCIPLINA
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.

Prazo prescricional para apuração de falta grave: a LEP não prevê prazo prescricional,
então a doutrina e jurisp. divergem sobre o assunto. Prevalece a posição que diz que
o prazo será de 3 anos, isto é, menos prazo previsto no art.109 do CP. Outras posições
adotam os 2 anos da prescrição de multa ou prevê que a prescrição deve ser prevista
em decreto de indulto.

Sanções: aplicadas pelo diretor do presídio. Sempre motivada.

Considerar a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato.

• Advertência verbal
• Repreensão
• Suspensão de direitos – Max 30 dias
• Isolamento – Max 30 dias, comunicar ao juiz da execução.
• Regime disciplinar diferenciado – só pode ser aplicada pelo juiz da execução.

Súmula 533 STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da


PROCEDIMENTO execução penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo
DISCIPLINAR diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por
advogado constituído ou defensor público nomeado.

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Separação do preso provisório do preso condenado por sentença final.

Separação por categoria: Regras mínimas para tratamento de reclusos.

1- Presos provisórios são separados entre si conforme o crime que cometeram:


ESTABELECIMENTOS hediondos, com violência ou grave ameaça, outros crime.
PENAIS 2- Presos condenados são separados da seguinte forma: hediondo, reincidência
em crime de violência e grave ameaça, primário em crime de violência e grave
ameaça, demais condenados.

Presídios federais se a segurança pública ou do próprio condenado exigir.


Passar de um regime rigoroso para outro mais ameno. Essa progressão decorre de um
mérito do condenado e exige que este cumpra 1/6 da pena.

Tendo o condenado cumprido 1/6 da pena no regime anterior e obtido a progressão do


regime, para a nova progressão deverá cumprir apenas um sexto da pena restante, e
não da pena total aplicada.

Progressão de regime = 1/6 da pena + bom comportamento + pagar a pena de multa


(exceto se tiver incapacidade econômica) no caso de crimes contra a Administração
Pública.

Se cumprir com estes requisitos, então o condenado possui direito subjetivo a esta
progressão.

Obs. Na lei de organização criminosa há a previsão de concessão da progressão do


colaborador, mesmo sem cumprir tais requisitos.

PROGRESSÃO DE
REGIME
Hediondos e equiparados: 2/5 se primário e 3/5 se reincidente.

Súmula 471-STJ: Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes


da vigência da lei n° 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no artigo 112 da Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional. • Para os crimes hediondos ou equiparados
praticados antes da Lei n° 11.464/2007. exige- se o cumprimento de um 1/6 da pena para
a progressão de regime.

• A Lei n° 11.464/2007. ao alterar a redação do art. 2° da Lei 8.012/90, passou a exigir o


cumprimento de 2/5 da pena, para condenado primário, e 3/5, para reincidente.

Súmula vinculante nº 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena


por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade
do art. 2º da lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990 (OBRIGA O EXAME CRIMINOLOGICO),
sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.

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Súmula 717: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em


sentença não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

É possível o uso de HC para garantir a progressão.

Não cabe progressão por salto.


PROGRESSÃO DE
REGIME A falta grave interrompe o prazo para progressão de regime.

Só pode ir pro regime aberto se o condenado estiver trabalhando ou comprovar a


possibilidade de fazê-lo e apresentar indícios de autodisciplina e senso de responsabilidade.
Juiz pode determinar obrigações como não se ausentar da cidade, horários fixados,
comparecer em juízo regularmente. Tais condições podem ser alteradas conforme a
necessidade e circunstâncias.

Permissão de saída: razão humanitária. É concedida pelo diretor do presídio, em caso


de saúde ou morte de familiar. A lei não estabelece o prazo para essa forma de saída.
Para o condenado ao regime fechado ou semiaberto.

Saída temporária: determinada pelo juiz. Para o condenado em regime semiaberto


com o intuito de frequentar cursos, visitar familiares ou para o retorno ao convívio social.
AUTORIZAÇÃO DE
SAÍDA Deve cumprir 1/6 da pena se primários ou ¼ se reincidente e, além disso, deve ter bom
comportamento.

Previsão de prazo máximo de 35 dias no ano.

No período que tiver usufruindo desse direito o preso deve ficar recolhido à noite, deve
informar o endereço da família e não pode frequentar bares e casas noturnas.

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Condenado em regime fechado o semiaberto.

-Por estudo: 12 horas de estudo, distribuídas em até 3 dias = 1 dia de pena.

-Por trabalho: 3 dia de trabalho = 1 dia de pena.

Preso impossibilitado de trabalhar por acidente continuará a se beneficiar da remição.

É possível cumular trabalho e estudo para fins de remição.

Se concluir o ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena


terá um acréscimo de 1/3 de dias remidos.
REMIÇÃO
- Atividade de leitura pode gerar remição da pena.

-O tempo remido é computado como pena cumprida.

- remição ficta: se o Estado não oferecer ao preso a possibilidade de exercer atividade


para contabilizar a remição essa será contada mesmo sem prestar o trabalho, pois é
direito do preso. Não acolhido por falta de previsão legal.

Mas, tem previsão expressa na LEP para casos de condenado que sofre acidente de
trabalho.

-Falta grave gera a perda de até 1/3 dos dias remidos, definido pelo juiz a quantidade.
Cumprir o restante da pena em liberdade.

Só para condenados a pena superior a 2 anos.

-cumprir:

• 1/3 da pena para primário


• ½ da pena o reincidente em crime doloso (não vale para crime culposo)
• 2/3 da pena se crime hediondo ou equiparado. Não vale se for reincidente
específico, isto é, cometeu o mesmo crime ou de mesma natureza.

+ bom comportamento + aptidão para prover a própria subsistência + pagar à


LIVRAMENTO indenização concedida à vítima.
CONDICIONAL
Falta grave não interrompe esse prazo.

Contado sobre a pena total.

O pedido do livramento é dirigido ao juiz, mas este só pode decidir após parecer do MP
e do Conselho Penitenciário.

Súmula 715 STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento,
determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros
benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

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-Condições:

Obrigatórias: Obter ocupação lícita, comunicar periodicamente o juiz a sua ocupação,


não mudar de comarca sem autorização do juízo.

Facultativas: não alterar de residência sem comunicar, recolher-se em hora determinada,


não frequentar determinados lugares.

Tais condições podem ser reajustadas a qualquer tempo.

O descumprimento das condições ou a execução de uma nova infração gera a revogação


LIVRAMENTO do benefício.
CONDICIONAL
Revogação obrigatória: condenação à pena privativa de liberdade por crime cometido
no período de livramento (se a pena for de multa ou restritiva de direito é facultativa a
revogação).

Revogação facultativa: casos acima e se descumprir as obrigações.

Se a revogação for para o crime cometido antes do livramento o período desde conta
como pena cumprida e será possível novo livramento, verificando sempre a soma das
penas. Mas se for por outro motivo, então esse período não é computado e não caberá
novo livramento.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 700-STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal.

Súmula vinculante 56-STF: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do conde-
nado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta hipótese, os parâmetros fixados no Recurso
Extraordinário (RE) 641320.

Súmula 493-STJ: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime
aberto.

Súmula 491-STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional

Súmula 562-STJ: É possível a remição de parte do tempo de execução da pena quando o condenado, em regime
fechado ou semiaberto, desempenha atividade laborativa, ainda que extramuros.

Súmula 716-STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regime
menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.

Súmula 535-STJ: A prática de falta grave NÃO interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.

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Súmula 534-STJ: A prática de falta grave interrompe a contagem do prazo para a progressão de regime de cum-
primento de pena, o qual se reinicia a partir do cometimento dessa infração.

Súmula 441-STJ: A falta grave NÃO interrompe o prazo para obtenção do livramento condicional.

Súmula 533-STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução penal, é imprescin-
dível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabelecimento prisional, assegurado o direito
de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou defensor público nomeado.

Súmula 526-STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso
no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal
instaurado para apuração do fato.

Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de
delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Súmula 631-STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge
os efeitos secundários, penais ou extrapenais.

#DEOLHONAJURIS:

É possível a concessão de prisão domiciliar, ainda que se trate de execução provisória da pena, para condenada
com filho menor de 12 anos ou responsável por pessoa com deficiência. Art. 318-A. A prisão preventiva imposta
à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída por
prisão domiciliar, desde que: I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não
tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
STJ. 5ª Turma. HC 487763-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 02/04/2019 (Info 647).

A unificação de penas não enseja a alteração da data-base para concessão de novos benefícios execu-
tórios. STJ. 3ª Seção. ProAfR no REsp 1753509-PR, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/12/2018
(recurso repetitivo) (Info 644)

Embora o Estado tenha o dever de prover trabalho aos internos que desejem laborar, reconhecer a
remição ficta da pena, nesse caso, faria com que todas as pessoas do sistema prisional obtivessem o
benefício, fato que causaria substancial mudança na política pública do sistema carcerário, além de invadir a
esfera do Poder Executivo. O instituto da remição exige, necessariamente, a prática de atividade laboral ou
educacional. Trata-se de reconhecimento pelo Estado do direito à diminuição da pena em virtude de trabalho
efetuado pelo detento. Não sendo realizado trabalho, estudo ou leitura, não há que se falar em direito
à remição. STF. 1ª Turma. HC 124520/RO, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Roberto Barroso, julgado em

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29/5/2018 (Info 904). STJ. 5ª Turma. HC 421425/MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 27/02/2018. STJ. 6ª Turma.
HC 425155/MG, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018.

Ficando comprovado que o reeducando efetivamente exerceu o trabalho artesanal, ele tem direito à re-
mição. A alegação do Ministério Público no sentido de que é impossível controlar as horas trabalhadas com ar-
tesanato não é um argumento válido. Cabe ao Estado ao Estado administrar o cumprimento do trabalho no âm-
bito carcerário, não sendo razoável imputar ao sentenciado qualquer tipo de desídia na fiscalização ou controle
desse meio. Caso concreto: o apenado trabalhou na confecção de tapetes por 98 dias, tendo direito à remição
de 32 dias de pena. STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1720785/RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 03/05/2018.

É possível a remição do tempo de trabalho realizado antes do início da execução da pena, desde que em
data posterior à prática do delito. STJ. 6ª Turma. HC 420.257-RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/04/2018
(Info 625).

O art. 75 do Código Penal prevê que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a 30 anos. Isso significa que, se o réu for condenado a uma pena de 100 anos de reclusão, o limite
máximo de cumprimento da pena será 30 anos. Vale ressaltar, no entanto, que, no cálculo dos benefícios da
execução penal, deverá ser considerada a pena total aplicada. Assim, ao se calcular o requisito objetivo da
progressão de regime, o juiz deverá considerar o total da pena imposta (e não o limite do art. 75 do CP). Ex: 1/6
de 100 anos (pena total) e não 1/6 de 30 anos. Existe um enunciado que espelha essa conclusão: Súmula 715-
STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código
Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais
favorável de execução. STF. 1ª Turma.HC 112182, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barro-
so, julgado em 03/04/2018 (Info 896).

A alteração da data-base para concessão de novos benefícios executórios, em razão da unificação das
penas, não encontra respaldo legal. Assim, não se pode desconsiderar o período de cumprimento de pena
desde a última prisão ou desde a última infração disciplinar, seja por delito ocorrido antes do início da execução
da pena, seja por crime praticado depois e já apontado como falta disciplinar grave. Se isso for desconsidera-
do, haverá excesso de execução. STJ. 3ª Seção. REsp 1557461-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
22/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 621).

É possível a remição de pena com base no trabalho exercido durante o período em que o apenado esteve preso
em sua residência (prisão domiciliar). A fim de evitar uma interpretação restritiva da norma, impõe-se o reco-
nhecimento dos dias trabalhados, ainda que em prisão domiciliar. Em se tratando de remição da pena é possível
fazer uma interpretação extensiva em prol do preso e da sociedade. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1689353/SC,
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/02/2018.

O desaforamento de um caso se encerra com o veredito do júri popular. Por isso, a execução provisória da pena

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(que ocorre depois de a condenação ser confirmada pelo Tribunal em 2ª instância) deverá ser determinada
pelo juízo originário da causa, e não pelo presidente do Tribunal do Júri onde se deu o julgamento. Em outras
palavras, em caso de desaforamento, o deslocamento da competência ocorre apenas para o julgamento
no Tribunal do Júri. Uma vez tendo este sido encerrado, esgota-se a competência da comarca destinatária,
devendo a execução provisória ser conduzida pelo juízo originário da causa. STJ. 6ª Turma.HC 374713-RS,
Rel. Min. Antônio Saldanha Palheiro, julgado em 6/6/2017 (Info 605).

A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira eletrônica configura mero
descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação de sanção disciplinar, mas não configura,
mesmo em tese, a prática de falta grave. Não confundir:
- Apenado que rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: falta grave.
- Apenado que descumpre o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica: não configura a prática de
falta grave. STJ. 6ª Turma. REsp 1519802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/11/2016 (Info
595).

As autorizações de saída temporária para visita à família e para participação em atividades que concorram para
o retorno ao convívio social, se limitadas a cinco vezes durante o ano, deverão observar o prazo mínimo de 45
dias de intervalo entre uma e outra. Na hipótese de maior número de saídas temporárias de curta duração,
já intercaladas durante os doze meses do ano e muitas vezes sem pernoite, não se exige o intervalo
previsto no art. 124, § 3º, da LEP. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).

O fato de o estabelecimento penal onde se encontra o detento assegurar acesso a atividades laborais e à edu-
cação formal, não impede que ele obtenha também a remição pela leitura, que é atividade complementar,
mas não subsidiária, podendo ocorrer concomitantemente, havendo compatibilidade de horários. STJ. 5ª
Turma. HC 353689-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 14/6/2016 (Info 587).

O calendário prévio das saídas temporárias deverá ser fixado, obrigatoriamente, pelo Juízo das Execu-
ções, não se lhe permitindo delegar à autoridade prisional a escolha das datas específicas nas quais o
apenado irá usufruir os benefícios. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).
Súmula 520, do STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível
de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.
É recomendável que cada autorização de saída temporária do preso seja precedida de decisão judicial
motivada. Entretanto, se a apreciação individual do pedido estiver, por deficiência exclusiva do aparato
estatal, a interferir no direito subjetivo do apenado e no escopo ressocializador da pena, deve ser
reconhecida, excepcionalmente, a possibilidade de fixação de calendário anual de saídas temporárias
por ato judicial único, observadas as hipóteses de revogação automática do art. 125 da LEP. STJ. 3ª Seção.

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REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).

Respeitado o limite anual de 35 dias, estabelecido pelo art. 124 da LEP, é cabível a concessão de maior
número de autorizações de curta duração. STJ. 3ª Seção. REsp 1544036-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
julgado em 14/9/2016 (recurso repetitivo) (Info 590).

JUIZADO ESPECIAL

Art. 98, I, da CF/88: a União, no DF e nos Territórios, e os Estados criarão Juizados Especiais, providos por juízes
togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos
nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau.

A tradicional jurisdição de conflito cede espaço para uma jurisdição consensual: acordo entre as partes, repara-
ção voluntária dos danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade. Procura-se evitar, o
quanto possível, a instauração de um processo penal (princípio da intervenção mínima).

MEDIDAS DESPENALIZADORAS MEDIDA DESCARCERIZADORA


COMPOSIÇÃO DOS DANOS CIVIS Ao autor do fato que, após a lavratura do termo
TRANSAÇÃO PENAL circunstanciado, for IMEDIATAMENTE ENCAMINHADO
AO JUIZADO OU ASSUMIR O COMPROMISSO DE
REPRESENTAÇÃO NOS CRIMES DE LESÕES
A ELE COMPARECER, NÃO SE IMPORÁ PRISÃO
CORPORAIS LEVES E CULPOSAS
EM FLAGRANTE, NEM SE EXIGIRÁ FIANÇA (art. 69,
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO parágrafo único).

-PRINCÍPIOS:

1- Oralidade;

2- Simplicidade: em vez do inquérito policial, há um termo circunstanciado (TCO); É desnecessário o exame de


corpo de delito para o oferecimento da denúncia, quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim
médico ou prova equivalente (art. 77, §1º); Afastamento da competência dos Juizados das causas complexas ou
que demandem maiores investigações (art. 77, §2º); Remessa dos autos ao juízo comum quando o acusado não
for encontrado para ser citado pessoalmente (art. 66, parágrafo único).

3- Informalidade: não há necessidade de se observar o rigorismo formal, desde que a finalidade do ato processual
seja atingida (instrumentalidade das formas); Os atos processuais poderão se realizar em horário noturno e em
qualquer dia da semana, conforme dispuserem as normas de organização judiciária (art. 64); A prática de atos
processuais em outras comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de comunicação (art. 65, §2º); A
intimação será feita por correspondência, com aviso de recebimento pessoal, ou por qualquer meio idôneo de
comunicação (art. 67); É dispensado o relatório da sentença (art. 81, §3º); Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 82, §5º).

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4 – Economia processual: o maior número possível de atos processuais deve ser praticado no menor espaço de
tempo e de maneira menos onerosa para as partes e para o Estado.

5- Celeridade: necessidade de rapidez e agilidade do processo.

COMPETÊNCIA
Inexistência de circunstância que desloque a competência para
o juízo comum:
Natureza da infração penal (infração de menor
potencial ofensivo) A) impossibilidade de citação pessoal do acusado;

B) complexidade da causa;

C) conexão e continência com crime comum.

Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções
penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa.

Havendo concurso de crimes, as penas devem ser somadas. Se o resultado for de até 2 anos, o JECRIM é
competente; se for superior, é competente o juízo comum (aplicando-se aplicação da composição dos danos
civis e da transação penal em relação à infração de menor potencial ofensivo). Não se aplica o art. 119 do CP.

Se o acusado comete infração de menor potencial ofensivo e tem foro por prerrogativa de função, a com-
petência é do tribunal, devendo incidir os institutos despenalizadores. A incidência dos institutos ultrapassa
os limites formais e orgânicos dos JECrim, projetando-se sobre procedimentos penais instaurados perante outros
órgãos judiciários ou tribunais, porquanto produzem evidente reflexo sobre a pretensão punitiva do Estado (STF,
Inq. 1.055).

-TRANSAÇÃO PENAL: tratando-se de ação penal pública condicionada ou de ação penal privada, anterior com-
posição de danos impede o oferecimento da proposta de transação, porquanto a homologação da conciliação
civil acarreta a renúncia ao direito de queixa ou representação, com a consequente extinção da punibili-
dade (art. 74, parágrafo único).

Não há assistente de acusação, já que ainda não há processo penal.

A transação pode ser oferecida oralmente ou por escrito.

É nula a homologação da aceitação da transação penal sem que o autor do fato delituoso esteja amparado
por advogado, pois não se pode admitir que princípios norteadores dos juizados especiais como a oralidade, a
informalidade e a celeridade afastem o devido processo legal (STF, HC 88.797).

Se autor do fato e advogado divergem, prevalece a vontade do autor do fato, destinatário da transação. Tanto é
que o §4º do art. 76 faz menção apenas à aceitação do autor da infração.

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Aceita a proposta, esta será submetida à apreciação do juiz, que deverá verificar sua legalidade. Essa de-
cisão que homologa a transação não gera reincidência, reconhecimento de culpabilidade, nem tampouco efeitos
civis ou administrativos, sendo registrada apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de 5 anos.

Eventual anotação de transação penal, isoladamente considerada, não pode ser usada contra o autor do fato
nem mesmo para fins de valoração negativa em concursos públicos (STJ, RMS 28.851).

Prevalece o entendimento de que a decisão homologatória da transação tem natureza declaratória. Como a
decisão não gera efeitos civis, e tal decisão não tem natureza condenatória, a decisão homologatória não funciona
como título executivo para ser utilizado no cível. Cabe ao ofendido ingressar com ação de conhecimento caso tenha
interesse na reparação dos danos causados pelo delito.

REQUISITOS
Condenação anterior à PRD ou multa não impedem a transação,
bem como a condenação por contravenção. Prevalece que se a
sentença condenatória à PPL transitar em julgado após a prática
NÃO TER SIDO O AUTOR DO FATO da infração de menor potencial ofensivo, mas antes da audiência
CONDENADO, PELA PRÁTICA DE preliminar, há óbice para a transação, pois fica evidente que é
CRIME, À PPL, POR SENTENÇA incompatível com as finalidades da intervenção penal em sujeito
DEFINITIVA com condenação definitiva à PPL. Por isso que a lei não utilizou a
expressão “reincidência”.
NÃO TER SIDO O AGENTE
BENEFICIADO ANTERIORMENTE, NO
PRAZO DE 5 ANOS, PELA TRANSAÇÃO
ANTECEDENTES, CONDUTA
SOCIAL, PERSONALIDADE DO
AGENTE, BEM COMO OS MOTIVOS
E CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO
FAVORÁVEIS AO AGENTE
CRIMES DE AÇÃO PÚBLICA Fonaje 112: na ação penal de iniciativa privada, cabem transação
CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO, penal e suspensão condicional do processo, mediante proposta do
DE AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA MP. Renato Brasileiro entende que o ofendido é o titular da ação
E DE AÇÃO PRIVADA privada e que cabe a ele oferecer a proposta de transação.
CRIMES AMBIENTAIS: PRÉVIA
COMPOSIÇÃO DO DANO
Art. 27 da Lei 9.605/98.
AMBIENTAL, SALVO COMPROVADA
IMPOSSIBILIDADE

-SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO: requisitos: pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano,
abrangidos ou não pela lei 9.099, ressalvadas as hipóteses de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Qualificadoras, privilégios, causas de aumento e de diminuição da pena são levadas em consideração para se aferir
o cabimento da suspensão. Como se considera a pena mínima, deve-se utilizar o patamar que menos aumente ou
que mais diminua a pena.

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Também cabe nos crimes de ação privada: se o ofendido pode escolher entre nenhuma punição (extinção da
punibilidade pela decadência, renúncia, perdão ou perempção) ou punição total (oferecendo queixa-crime e bus-
cando a sentença penal condenatória), pode dispor de uma solução consensual como a suspensão condicional do
processo.

#SELIGANASÚMULA

Súmula vinculante 35-STF: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz
coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Minis-
tério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito
policial.
Súmula 696-STF: Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas se
recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplican-
do-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
#DEOLHONAJURIS:
A suspensão condicional do processo não é direito subjetivo do acusado, mas sim um poder-dever do Mi-
nistério Público, titular da ação penal, a quem cabe, com exclusividade, analisar a possibilidade de aplicação
do referido instituto, desde que o faça de forma fundamentada. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 74464/PR, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 02/02/2017. A suspensão condicional do processo é solução de consenso
e não direito subjetivo do acusado. STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 91265/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
27/02/2018.

O réu foi denunciado pela prática de dois crimes em concurso formal. A sentença condenou o agente pelos dois
delitos. Em embargos de declaração foi reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, pela pena em concreto,
em relação a um dos crimes. A pena mínima do delito que restou é igual a 1 ano. Mesmo assim, não se poderá
conceder suspensão condicional do processo em relação a este crime remanescente. A súmula 337 do STJ afir-
ma: “É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva.” No caso, no entanto, a denúncia foi julgada totalmente procedente e somente após
isso foi reconhecida a prescrição em razão da pena concreta. Assim, não houve procedência PARCIAL da
pretensão punitiva, mas sim integral, não sendo caso de incidência da Súmula 337 do STJ. STJ. 6ª Turma.
REsp 1500029-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 27/9/2016 (Info 591).

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INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
1- houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal;

2- a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis, isto é, ela é imprescindível
Requisitos e subsidiaria, pois só é usada como última opção.

3- crimes punidos com pena de reclusão.


Deve ser autorizada pelo juiz.
Requerimento do MP no inquérito ou ao longo do processo.
Requerimento do delegado de polícia no inquérito.
Legitimidade Teoria do Juízo Aparente: É competente para autorizar a interceptação telefônica
o juízo competente para eventual e futura ação penal, com base nas informações
existentes, quando do deferimento da interceptação.
Prazo 15 dias prorrogáveis.

O Plenário do STF reafirmou o entendimento de que não é imprescindível que a transcrição de intercep-
tações telefônicas seja feita integralmente, salvo nos casos em que esta for determinada pelo relator do
processo.
STF. Plenário. AP 508 AgR/AP, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08/02/2019.

É inconstitucional Resolução do CNJ que proíbe o juiz de prorrogar a interceptação telefônica durante
o plantão judiciário ou durante o recesso do fim de ano. STF (INF. 899)

Prorrogação do prazo.
I- As interceptações telefônicas podem ser prorrogadas sucessivas vezes pelo tempo necessário, especialmente
quando o caso for complexo e a prova indispensável.
II- A fundamentação da prorrogação pode manter-se idêntica à do pedido original, pois a repetição das razões
que justificaram a escuta não constitui, por si só, ilicitude. STJ. Julgado em 14/02/2012.

Não há restrição legal ao número de vezes em que pode ocorrer a renovação da interceptação telefôni-
ca. A Lei n. 9.296/96 prevê que a interceptação telefônica “não poderá exceder o prazo de quinze dias, renovável
por igual tempo uma vez comprovada a indispensabilidade do meio de prova”. A interceptação telefônica não
pode exceder 15 dias. Contudo, pode ser renovada por igual período, não havendo restrição legal ao número de
vezes para tal renovação, se comprovada a sua necessidade. STF (Info 855).

Em relação às interceptações telefônicas, o prazo de 15 dias, previsto na Lei n 9.296/96, é contado a partir do dia
em que se iniciou a escuta telefônica e não da data da decisão judicial. STJ. Julgado em 20/3/2012.

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Obrigar o suspeito a colocar seu celular em “viva voz’” no momento de uma ligação é considerado prova
ilícita. STJ. (lnfo 603).

Degravação não precisa ser feita por peritos oficiais. É obrigatório que a degravação das conversas intercep-
tadas seja feita por perito oficio? NÃO. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que não há necessidade
de degravação dos diálogos em sua integridade por peritos oficiais, visto que a Lei 9.296/96 não faz qualquer
exigência nesse sentido. STJ. Julgado em 18/06/2013

Indícios de autoria surgidos fortuitamente durante interceptação. A sentença de pronúncia pode ser fun-
damentada em indícios de autoria surgidos, de forma fortuita, durante a investigação de outros crimes no de-
correr de interceptação telefônica determinada por juiz diverso daquele competente para o julgamento da ação
principal. STJ. (lnfo 546).

Encontro de diálogos envolvendo autoridade com foro privativo e demora na remessa das intercepta-
ções para o Tribunal competente para investigar o titular do cargo. A partir do momento em que surgem
indícios de participação de detentor de prerrogativa de foro nos fatos apurados, cumpre à autoridade judicial
declinar da competência, e não persistir na prática de atos objetivando aprofundar a investigação. No caso
concreto, um famoso “bicheiro· foi interceptado pela polícia. Ele conversava constantemente com um Senador,
a quem prestava favores. Depois de meses de conversas gravadas entre o “bicheiro” e o Senador, o Juiz respon-
sável remeteu os diálogos para o STF. As interceptações foram declaradas nulas por violação ao princípio do juiz
natural. STF. Julgado em 25/10/2016.
Teoria do juízo aparente: não é ilícita a interceptação autorizada por um magistrado aparentemente compe-
tente ao tempo da decisão e que, posteriormente venha a ser declarado incompetente (Info 701 - STF).

Teoria da serendipidade: a respeito dos indícios de autoria e dos novos crimes descobertos fortuitamente (seren-
dipidade) durante a interceptação telefônica, a doutrina faz a seguinte distinção:

a) Serendipidade subjetiva (descoberta fortuita de novos infratores): neste caso, segundo o entendimento
prevalente, a interceptação valerá contra todos; desde que haja conexão;

b) Serendipidade objetiva (descoberta fortuita de novas infrações): inclusive se o crime for apenado com
detenção). Essa última subdivide-se em:

.serendipidade objetiva de primeiro grau: se as infrações são conexas, a interceptação vale como prova
para todos os delitos, mesmo quando o delito conexo seja apenado com detenção.

.serendipidade objetiva de segundo grau : se as infrações não são conexas, a interceptação funcionará
como mera notícia crime, permitindo a instauração de inquérito policial.

#NÃOCONFUNDA

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INTERCEPTAÇÃO, ESCUTA E GRAVAÇÃO TELEFÔNICA


INTERCEPTAÇÃO
ESCUTA TELEFÔNICA GRAVAÇÃO TELEFÔNICA
TELEFÔNICA
Ocorre quando o diálogo telefônico
travado entre duas pessoas é
gravado por um dos próprios
Ocorre quando um terceiro capta
Ocorre quando um terceiro capta interlocutores, sem o consentimento
o diálogo telefônico travado entre
o diálogo telefônico travado entre ou a ciência do outro. Também é
duas pessoas, sendo que um dos
duas pessoas, sem que nenhum dos chamada de gravação clandestina
interlocutores sabe que está sendo
interlocutores saiba. (obs.: a palavra “clandestina” está
realizada a escuta.
empregada não na acepção de
“ilícito”, mas sim no sentido de “feito
às ocultas”).
Ex.: polícia, com autorização judicial
grampeia os telefones dos membros Ex.: polícia grava a conversa Ex.: mulher grava a conversa
de uma quadrilha e grava os telefônica que o pai mantém com o telefônica no qual o ex-marido
diálogos mantidos entre. sequestrador de seu filho. ameaça matá-la.
eles.
A gravação telefônica é válida
mesmo que tenha sido realizada
Para que a interceptação seja válida SEM autorização judicial.
é indispensável a autorização judicial Para que seja realizada é
(entendimento indispensável a autorização judicial A única exceção em que haveria
(posição majoritária). ilicitude se dá no caso em que a
pacifico). conversa era amparada por sigilo
(ex.: advogados e clientes, padres e
fiéis).

LAVAGEM DE DINHEIRO (LEI Nº 9.613/98 )

Justa causa duplicada e crime antecedente: uma das condições da ação penal é a justa causa, ou seja, o lastro
probatório mínimo que o Promotor deverá instrumentalizar em sua denúncia. Na lei de lavagem de capitais, deve-
-se analisar se MP atendeu aos 2 lastros probatórios, à “justa causa duplicada”:

.Comprovação de que houve ocultação ou dissimilação de dinheiro, bens ou valores;

.Comprovação de que essa ocultação ou dissimilação de dinheiro, bens ou valores se deu em razão da exis-
tência de uma infração penal, direta ou indiretamente.

Competência: como regra, será da justiça estadual. Será da Justiça Federal nas hipóteses previstas no art. 2º, III, “a”.

Medidas assecuratórias: o membro do MP ou o delegado de polícia, após ouvir o MP, requerer/representar ao

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juiz pela decretação de medidas assecuratórias a fim de salvaguardar o efeito prático de futura condenação. Para
tanto, é preciso se provar a existência de indícios suficientes de infração penal.

Ação controlada: trata-se de retardamento da interferência estatal, por motivo de política investigatória, a fim de
se alcançar um maior número de participantes daquela associação, especialmente os “chefes” dela. #NÃOESQUE-
ÇA Também tem previsão na Lei de Drogas..

Crime de lavagem de dinheiro e citação do acusado por edital: o art. 366 do CPP preconiza que, na hipótese
de o acusado ser citado por edital, não comparecer e nem constituir advogado, os autos ficarão suspensos (e a
prescrição também), à exceção da produção antecipada de provas. Pois bem. Como fica aqui na lei de lavagem
de dinheiro? Segundo o art. 2º, §2º, não há o que se falar em suspensão do processo e da prescrição nos casos
de acusado citado por edital que não comparece e nem constitui advogado. De toda forma, o juiz irá nomear um
defensor dativo para esse acusado aparentemente inerte.

Acesso a dados cadastrais dos investigados: o art. 17-B permite que a autoridade policial e o MP tenham acesso
aos dados cadastrais do investigado, independentemente de autorização judicial. São eles: qualificação pessoal,
filiação, endereço. O STJ já decidiu que o direito à intimidade (art. 5º, X, CF) não é absoluto.

Indiciamento de servidor público: em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo
de remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada,
o seu retorno (art. 17-D).

PROTEÇÃO A TESTEMUNHAS (LEI 9.807/99)

Art. 1º As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de crimes


que estejam coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de colaborarem
com a investigação ou processo criminal serão prestadas pela União, pelos Estados
e pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas competências, na forma de programas
especiais organizados com base nas disposições desta Lei.

Atenção para a extensão da proteção – “A proteção poderá ser dirigida ou estendida


ao cônjuge ou companheiro, ascendentes, descendentes e dependentes que tenham
A QUEM A LEI SE convivência habitual com a vítima ou testemunha, conforme o especificamente
DESTINA? necessário em cada caso.”

Importante (Art. 2º):

§3º O ingresso no programa, as restrições de segurança e demais medidas por ele


adotadas terão sempre a anuência da pessoa protegida, ou de seu representante legal.

§4º Após ingressar no programa, o protegido ficará obrigado ao cumprimento das


normas por ele prescritas.

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1) os indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incompatível com as restrições de


comportamento exigidas pelo programa,
ESTÃO EXCLUÍDOS 2) os condenados que estejam cumprindo pena
DA PROTEÇÃO: 3) os indiciados ou acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas modalidades.
Obs: Tal exclusão não trará prejuízo a eventual prestação de medidas de preservação da
integridade física desses indivíduos por parte dos órgãos de segurança pública.
QUEM DECIDE
Um Conselho Deliberativo formado por: representantes do Ministério Público, do Poder
SOBRE O INGRESSO
Judiciário e de órgãos públicos e privados relacionados com a segurança pública e a
OU EXCLUSÃO DO
defesa dos direitos humanos.
PROGRAMA?
Art. 7º Os programas compreendem, dentre outras, as seguintes medidas, aplicáveis
isolada ou cumulativamente em benefício da pessoa protegida, segundo a gravidade
e as circunstâncias de cada caso:

I - segurança na residência, incluindo o controle de telecomunicações;

II - escolta e segurança nos deslocamentos da residência, inclusive para fins de trabalho


ou para a prestação de depoimentos;

III - transferência de residência ou acomodação provisória em local compatível com a


proteção;

IV - preservação da identidade, imagem e dados pessoais;


MEDIDAS DE
PROTEÇÃO: (ESSE V - ajuda financeira mensal para prover as despesas necessárias à subsistência individual
É O ARTIGO MAIS ou familiar, no caso de a pessoa protegida estar impossibilitada de desenvolver trabalho
IMPORTANTE DA LEI) regular ou de inexistência de qualquer fonte de renda;

VI - suspensão temporária das atividades funcionais, sem prejuízo dos respectivos


vencimentos ou vantagens, quando servidor público ou militar;

VII - apoio e assistência social, médica e psicológica;

VIII - sigilo em relação aos atos praticados em virtude da proteção concedida;

IX - apoio do órgão executor do programa para o cumprimento de obrigações civis e


administrativas que exijam o comparecimento pessoal.

Parágrafo único. A ajuda financeira mensal terá um teto fixado pelo conselho deliberativo
no início de cada exercício financeiro.
Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a duração máxima de dois anos.
DURAÇÃO MÁXIMA
DO PROGRAMA: Parágrafo único. Em circunstâncias excepcionais, perdurando os motivos que autorizam
a admissão, a permanência poderá ser prorrogada.

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Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão
judicial e a conseqüente extinção da punibilidade ao acusado que, sendo primário,
tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração tenha resultado:

I - a identificação dos demais co-autores ou partícipes da ação criminosa;

II - a localização da vítima com a sua integridade física preservada;

III - a recuperação total ou parcial do produto do crime.

Parágrafo único. A concessão do perdão judicial levará em conta a personalidade do


beneficiado e a natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social do fato criminoso.

Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação


PROTEÇÃO AOS RÉUS policial e o processo criminal na identificação dos demais co-autores ou partícipes do
COLABORADORES: crime, na localização da vítima com vida e na recuperação total ou parcial do produto
do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços.

Art. 15. Serão aplicadas em benefício do colaborador, na prisão ou fora dela, medidas
especiais de segurança e proteção a sua integridade física, considerando ameaça ou
coação eventual ou efetiva.

§1º Estando sob prisão temporária, preventiva ou em decorrência de flagrante delito, o


colaborador será custodiado em dependência separada dos demais presos.

§2º Durante a instrução criminal, poderá o juiz competente determinar em favor do


colaborador qualquer das medidas previstas no art. 8o desta Lei.

§3º No caso de cumprimento da pena em regime fechado, poderá o juiz criminal


determinar medidas especiais que proporcionem a segurança do colaborador em relação
aos demais apenados.

LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (LEI Nº 12.850/13)

Acesso a dados cadastrais do investigado: a autoridade policial e o MP podem ter acesso aos dados cadastrais
do investigado, independentemente de autorização judicial. São eles: qualificação pessoal, filiação, endereço.

Prazo máximo de duração da instrução criminal: não poderá exceder a 120 dias quando o réu estiver preso,
prorrogáveis por igual período.

Sigilo da investigação: o sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do
representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa, devida-
mente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às diligências em andamento (art. 23).

Colaboração premiada: possui natureza jurídica de meio de obtenção de prova. Isso quer dizer a colaboração

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premiada, diferentemente da testemunha, por exemplo, não pode ser utilizada, de maneira isolada, como prova e,
por conseguinte, como fundamento jurídico para o convencimento motivado do juiz. Diante disso, é certo que a
colaboração premiada deve ser entendida como um instrumento ou uma técnica especial voltada à obtenção da
prova propriamente dita.

Colaboração x delação: não há que se confundir os conceitos: a primeira constitui gênero, ao passo que a segun-
da constitui uma de suas espécies:

.A colaboração premiada é destinada à obtenção de uma série variada de resultados probatórios. A título
de exemplificação, preconiza o art. 4º que da colaboração premiada poderá advir variados resultados, a exemplo
da identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles pra-
ticadas; da revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; da prevenção de
infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; da recuperação total ou parcial do produto
ou do proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; da localização de eventual vítima com
a sua integridade física preservada.

.A delação premiada se resume à indicação de outros agentes envolvidos na trama delituosa, o que eviden-
cia ser tão somente um dos resultados estipulados pela lei para a colaboração premiada. Cita-se, como exemplo
de delação premiada, o disposto no art. 1º, § 5º, da Lei 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Dinheiro) e art. 41 da Lei
11.343/2006 (Lei de Drogas).

#SELIGANACOLABORAÇÃOCRUZADA

Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (Info 800), o ordenamento jurídico brasileiro não admite
a chamada colaboração cruzada, também denominada colaboração recíproca ou cross collaboration, com-
preendida como a possibilidade de confirmação do teor do depoimento do colaborador por outro colaborador
ou delator. Com efeito, determina o art. 4º, §16, da Lei 12.850/2013, que nenhuma sentença condenatória será
proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. Em outras palavras, o teor das
informações prestadas pelo colaborador não pode ser utilizado, de maneira isolada, como fundamento para o
édito condenatório. É imprescindível a sua corroboração por outras provas, a exemplo de documentos, teste-
munhas, pericias etc.
Nesse cenário, para a Corte Suprema, não é admissível que as declarações do agente colaborador adquiram
valor probatório quando confirmadas tão somente por outros colaboradores ou delatores.
Aqui, segundo parte da doutrina, há uma mitigação do convencimento motivado do juiz, uma vez que a conde-
nação não poderá ser justificada apenas com base na colaboração recíproca.

79 RETA FINAL TJ/MS | @CICLOSR3


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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA (LEI Nº 11.340/06)

Possibilidade de retratação: aplica-se nos casos de ações penais públicas condicionadas à representação da
ofendida, a exemplo do crime de ameaça. Só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o MP.

Cesta básica e substituição da pena: é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que impli-
que o pagamento isolado de multa.

#SELIGANASÚMULA

Súmula 588 – STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.

Quem pode requerer medida protetiva? MP ou a Ofendida.

Possibilidade de o juiz conceder novas medidas protetivas ou rever as eventualmente concedidas: poderá
o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas protetivas de ur-
gência ou rever aquelas já concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de seu
patrimônio, ouvido o Ministério Público (art. 19, §3º).

Notificação da ofendida: a ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, especial-
mente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação do advogado constituído ou do
defensor público (art. 21). #LEMBRAR a ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor (art.
21, parágrafo único).

Medidas protetivas que obrigam o agressor: (art. 22) a) suspensão da posse ou restrição do porte de armas; b)
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; c) proibição de determinadas condutas; d)
restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores; e) prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

Medidas protetivas à ofendida: (art. 24) a) restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendi-
da; b) proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação de propriedade em
comum, salvo expressa autorização judicial; c) suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
d) prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prática
de violência doméstica e familiar contra a ofendida.

Participação do MP: o MP intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da violência
doméstica e familiar contra a mulher (art. 25).

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Não aplicação da lei nº 9.099/95: aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, in-
dependentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995 (art. 41).

#DEOLHONOSJULGADOS

Descumprimento das medidas impostas ao agressor: o STJ entende que o descumprimento reiterado das
medidas protetivas da LMP, com risco concreto à integridade física da vítima, justifica a prisão cautelar
do agressor (STJ, RHC 40.567/DF);

Cabimento de HC para questionar a legalidade de medida protetiva da LMP: STJ tem um julgado permitindo
a impetração de HC para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de urgência con-
sistente na proibição de se aproximar de vítima de violência doméstica e familiar (STJ, HC 298.499/AL);

O descumprimento de medida protetiva não configura crime de desobediência (STJ, Info 538);

Não é possível a substituição de pena privativa de direito por restritiva de direitos ao condenado pela
prática do crime de lesão corporal praticada em ambiente doméstico (art. 129, §9º, CP), STF, Info 804;

Possibilidade de conversão da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos aos condenados pela prática
de contravenção penal de vias de fato, por se tratar de modalidade de infração penal não alcançada pelo óbice
do art. 44, I, CP - (STF, HC 131160).

#DEOLHONASSÚMULAS

Súmula 536, STJ: A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam na hipótese de delitos
sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha;
Súmula 542, STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a
mulher é pública incondicionada.
Súmula 588, STJ: A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra
a mulher no âmbito das relações domésticas.
Súmula 600, STJ: Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006
(Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima.

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Descumprimento de medida protetiva de urgência:

A conduta de descumprir medida protetiva de urgência prevista na Lei Maria da Penha configura
crime?
Antes da Lei nº 13.641/2018: NÃO Depois da Lei nº 13.641/2018 (atualmente): SIM

Antes da alteração, o STJ entendia que o Foi inserido novo tipo penal na Lei Maria da Penha
descumprimento de medida protetiva de urgência prevendo como crime essa conduta:
prevista na Lei Maria da Penha (art. 22 da Lei
11.340/2006) não configurava infração penal. Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas
protetivas de urgência previstas nesta Lei:
O agente não respondia nem mesmo por crime de
desobediência (art. 330 do CP). Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos.

#SELIGA A Lei nº 13.641/2018 é uma lei posterior mais gravosa. Isso porque, antes da sua edição, entendia-se
que a conduta de descumprir medida protetiva de urgência não era considerada crime. Assim, se o agente des-
cumpriu a medida protetiva até o dia 03/04/2018, ele não cometeu delito. No entanto, se esse descumprimento
ocorreu no dia 04/04/2018 ou em data posterior, o sujeito incide no crime tipificado no art. 24-A da Lei Maria
da Penha.

#NOVIDADELEGISLATIVA Em 2019 a LMP sofreu diversas alterações, vamos lembrá-las:

Assistência à mulher em situação de VD: atendimento pelo SUS e ressarcimento pelo agressor:

Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde,
no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente
quando for o caso.

§ 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de violência doméstica e familiar no
cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

§ 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física
e psicológica:

I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;

II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis meses.

III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da
ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável pe-
rante o juízo competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)

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§ 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a
profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e
outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.

§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral
ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema
Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para
o total tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas unidades de saúde que prestarem os
serviços. (Incluído pela Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)

§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o


monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar amparadas por medidas protetivas terão
seus custos ressarcidos pelo agressor. (Incluído pela Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)

§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer natu-
reza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade
de substituição da pena aplicada. (Incluído pela Lei nº 13.871, de 2019) (Vigência)

§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para matricular seus dependen-
tes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, ou transferi-los para essa instituição,
mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo
de violência doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)

§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos conforme o


disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos
órgãos competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019).

Providências da autoridade policial:

Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá, entre
outras providências:

(...)

V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de as-
sistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo competente da ação de separação judicial,
de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894,
de 2019)

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Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a
autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de
Processo Penal:

(...)

VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
juntar aos autos essa informação, bem como notificar a ocorrência à instituição responsável pela concessão
do registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
Desarmamento); (Incluído pela Lei nº13.880, de 2019) #APOSTACICLOS

(...)

§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá conter:

(...)

IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. (Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019).

#APOSTACICLOS Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediata-
mente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da
denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de horas e
decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao
Ministério Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência,
não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

Medidas protetivas de urgência:

Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 horas:

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(...)

II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, quando for o caso, in-
clusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou de
dissolução de união estável perante o juízo competente; (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)

(...)

IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº13.880,
de 2019)

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:

(...)

V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais próxima
do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, independentemente da existência de vaga.
(Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)

Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de urgência. (Incluído pela Lei nº
13.827, de 2019)

Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de dados mantido e regu-
lamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria
Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade
das medidas protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)

LEI DE DROGAS (LEI Nº 11.343/06)

Expropriação de glebas cultivadas com plantações ilícitas: o art. 243, CF c/c art. 32, §4º, da lei de drogas de-
terminam a expropriação (confisco) de terras usadas para a plantação de substâncias entorpecentes. O STJ e o STF
entendem que haverá a expropriação total do terreno (e não apenas da área usada para a plantação). ATENÇÃO:
a expropriação prevista no art. 243 da CF pode ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu
em culpa, ainda que in vigilando ou in eligendo (STF, Info 851).

-Crime de uso:

Competência: (art. 48, § 1º) o agente de qualquer das condutas previstas no art. 28 da Lei, salvo se houver con-
curso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37, será processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei
n 9.099, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais.

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Flagrante: (art. 48, §2º) não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encami-
nhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessários.

Possibilidade de utilização do HC: é entendimento sumulado que não se permite o uso de HC quando a pena
de multa for a única cominada (súmula 693, STF). Assim, não é possível se falar, em tese, na utilização de HC para
o crime de uso de drogas (art. 28).

#DEOLHONASÚMULA

Súmula 693, STF: não cabe “habeas corpus” contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

-Crime de tráfico:

Flagrante: (art.50) correndo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comuni-
cação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério
Público, em 24 horas.

(§3º) Recebida cópia do APF, o juiz, no prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação
e determinará a destruição das drogas apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo defi-
nitivo. (§4º) A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 dias na
presença do MP e da autoridade sanitária. (§5º ) O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição
das drogas referida no §3º, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia, certificando-se neste a
destruição total delas.

.Flagrante preparado: ocorre quando policiais ou um particular instiga o agente para que ele cometa o crime
e seja preso em flagrante. Trata-se de crime impossível/crime de ensaio. É, inclusive, entendimento sumulado
(súmula 145, STF). Não confundir com o flagrante prorrogado ou diferido (aqui se posterga o flagrante por uma
questão de política investigatória).

Laudo provisório: (art. 50, §1º) para efeito da lavratura do APF e estabelecimento da materialidade do delito, é
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste,
por pessoa idônea. (§ 2º) O perito que subscrever o laudo a que se refere o § 1º não ficará impedido de participar
da elaboração do laudo definitivo.

Exigência de laudo definitivo para condenação: entendimento inédito da 1ª Turma do STF de que a apresenta-
ção do laudo toxicológico definitivo mesmo após a condenação não causa nulidade, sendo necessário demonstrar
o prejuízo (RHC 110.429/MG, rel. Luiz Fux, j.6.3.2012).

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Ausência de apreensão da droga e o “exame indireto”: a ausência de apreensão da droga não torna a con-
duta atípica, se existirem outros elementos de prova aptos a comprovarem o crime de tráfico (HC 131.455-MT,
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 2/8/2012. 6ª Turma).

Conclusão do IP: (art. 51) prazo de 30 para indiciado preso e 90 dias, solto.

Procedimentos investigatórios: (art. 53) em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos
na Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o MP, os seguintes proce-
dimentos investigatórios:

a) infiltração por agentes de polícia: em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes;

b) não-atuação policial: sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados
em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior
número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. A autorização
será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de
colaboradores.

Instrução criminal: (art. 54) recebidos em juízo os autos do IP, de CPI ou peças de informação, dar-se-á vista ao
MP para, no prazo de 10 dias, adotar uma das seguintes providências: requerer o arquivamento; requisitar as dili-
gências que entender necessárias; oferecer denúncia, arrolar até 5 testemunhas e requerer as demais provas que
entender pertinentes.

(art. 55) Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no
prazo de 10 dias. Na resposta, consistente em defesa preliminar e exceções, o acusado poderá arguir preliminares e
invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas que pretende produzir
e, até o número de 5, arrolar testemunhas.

Medidas assecuratórias: fazer leitura dos arts. 60 a 64 da lei.

Configuração do tráfico interestadual e competência: (art. 70) a competência em regra é da Justiça Estadual,
inclusive, em se tratando de tráfico interestadual. E, conforme o próprio STF, não há necessidade de se transpor
fronteiras para a configuração do tráfico interestadual.

Inconstitucionalidade do regime inicial fechado: o Pleno do STF declarou a inconstitucionalidade do art.2º, §


1º da Lei 8.072/90, que impunha o regime inicial fechado para crimes hediondos. Esta decisão foi tomada em obe-
diência ao princípio da individualização da pena.

Possibilidade de penas restritivas de direito: perfeitamente admissível a substituição da pena privativa de liber-
dade por restritivas de direito, bem como a concessão de liberdade provisória.

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