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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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OU
ZA

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DA
PR

1
ES

14156
TE
S
ZA
CC
A
95
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58

DAS PROVAS
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A DA
PR
ES
DIREITO PROCESSUAL PENAL

TE
S
ZA
CC
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Sumário

A
UZ
DIREITO PROCESSUAL PENAL: PROVAS ................................................................................................... 4

LO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 5

EL
1.1 Acepções da palavra prova............................................................................................................ 5

IZ
GE
1.2 Espécies de prova .......................................................................................................................... 6

04
1.3 Terminologia da Prova ................................................................................................................ 12

70
58
1.4 Indícios ........................................................................................................................................
14156 13

781
2. OBJETO DA PROVA ............................................................................................................................ 15

95
3. PROVA EMPRESTADA ........................................................................................................................ 17

A
CC
4. PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO X TEORIA GERAL DA PROVA ............................................ 19
ZA
4.1 Condução Coercitiva ................................................................................................................... 29
S
TE

5. PROVAS INADMISSÍVEIS .................................................................................................................... 33


ES
PR

5.1 Distinção Entre Prova Ilícita e Prova Ilegítima ............................................................................. 34


14156
DA

5.2 Teoria da Prova Ilícita por Derivação ........................................................................................... 38


ZA

5.2.1 Limitações à Teoria da Prova Ilícita por Derivação ............................................................... 40


OU

6. ÔNUS DA PROVA ............................................................................................................................... 51


LL

6.1 Distribuição do Ônus da Prova .................................................................................................... 51


ZE
EI

6.2 Da Iniciativa Probatória do Juiz e o Sistema Acusatório .............................................................. 52


G
04

7. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO (VALORAÇÃO) DA PROVA: ....................................................................... 53


70

8. CADEIA DE CUSTÓDIA DAS PROVAS .................................................................................................. 58


158

8.1 Considerações iniciais ................................................................................................................. 61


78
95

8.2 Princípios da mesmidade e desconfiança .................................................................................... 62


A
CC

8.3 Fases da cadeia de custódia .................................................................................................... 63


ZA

8.4 Quebra da Cadeia de Custódia .................................................................................................... 72


S
TE

9. MEIOS DE PROVA EM ESPÉCIE .......................................................................................................... 72


ES

9.1 Exame de Corpo de Delito ........................................................................................................... 72


PR

9.2 Interrogatório Judicial ................................................................................................................. 78


A
D

9.3 Confissão ..................................................................................................................................... 87


ZA
OU

2
L
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IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
14156

9.4 Prova Testemunhal ..................................................................................................................... 90

A
UZ
9.5 Reconhecimento de Coisas e Pessoas ....................................................................................... 108

LO
9.6 Busca e Apreensão .................................................................................................................... 112

EL
IZ
9.6.1. Busca Pessoal .................................................................................................................... 113

GE
9.6.2. Busca Domiciliar ................................................................................................................ 116

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7 81
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CC
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S
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ES
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DA
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OU
LL
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G EI
04
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78
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CC
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DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
DIREITO PROCESSUAL PENAL: PROVAS

A
UZ
LO
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

EL
CF/88

IZ
GE
⦁ Art. 5º, XI e XII

04
Art. 5º, LV e LVI

70
⦁ Art. 5º, LXIII

58
⦁ Art. 93, IX

81
7
95
CP

A

CC
14156
Art. 65, III

ZA
Art. 150
⦁ Art. 342
S
TE
ES

CPP
PR

⦁ Art. 3º-A 14156


DA

⦁ Art. 3º-C, §3º


ZA

⦁ Art. 6º, III


OU

⦁ Art. 155 a 250 (engloba teoria geral da prova e provas em espécie)


LL

⦁ Art. 260
ZE

⦁ Art. 366 e 367


EI


G

Art. 400, 401, 406, §2º, 411, §2º


04

⦁ Art. 422
70

⦁ Art. 474
58

⦁ Art. 532
1
78
95

Outros Diplomas Legais


A
CC

⦁ Art. 50, §1º, 57 e 54, III, da Lei de Drogas


ZA

⦁ Art. 7º, inc. XIX, da Lei 8.906/94


S

⦁ Lei 9296/96
TE

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


ES
PR

CF/88
D A

⦁ Art. 5º, XI e XII


ZA
OU

4
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
⦁ Art. 5º, LV e LVI

A
UZ
LO
CPP

EL
⦁ Art. 3ª-A e 3ª-C, §3º

IZ
⦁ Art. 155 a 157

GE
⦁ Ar. 158 a 159

04
⦁ Art. 167, 168 e 169

70

58
Art. 182 e 184

81
⦁ Art. 185, caput, §§2º, 5º e 10º

7
95
⦁ Art. 187

A
⦁ Art. 197 e 200

CC
⦁ Art. 203, 206 e 207
⦁ Art. 217 e 221 ZA
S

TE

Art. 239
ES

⦁ Art. 240 a 245


PR

⦁ Art. 366
14156
DA
ZA

Outros Diplomas Legais


OU

⦁ Lei 9296/96
LL
ZE

SÚMULAS RELACIONADAS AO
14156
TEMA
EI

Súmula 74-STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento
G
04

hábil.
70
58

1. INTRODUÇÃO
1
78
95

1.1 Acepções da palavra prova


A
CC
ZA

Conforme conceituação apresentada por Renato Brasileiro, o termo “prova” pode ser categorizado
S

conforme as seguintes acepções:


TE
ES

I- Prova como atividade probatória: conjunto de atividades de verificação e demonstração, mediante as


PR

quais se procura chegar à verdade dos fatos relevantes para o julgamento. Nesse sentido, identifica-se o conceito
D A

de prova com a produção dos meios e atos praticados no processo visando ao convencimento do juiz sobre a
ZA

veracidade (ou não) de uma alegação sobre um fato;


OU

5
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
II- Prova como resultado: caracteriza-se pela formação da convicção do órgão julgador no curso do

LO
processo quanto à existência (ou não) de determinada situação fática, de acordo com os fatos alegados pelas

EL
partes;

IZ
GE
III- Prova como meio: instrumentos idôneos à formação da convicção do órgão julgador.

04
70
58
Por sua vez, os destinatários da prova, ainda conforme o doutrinador, são todos aqueles que devem

81
formar uma convicção. Assim, o destinatário é o órgão jurisdicional sobre o qual recai a competência para julgar

7
95
o delito (LIMA, 2017, p. 583).

A
CC
1.2 Espécies de prova
ZA
S
TE

a) Provas Cautelares x Antecipadas x Não Repetíveis


ES
PR

● Provas Cautelares: Aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova em razão do


14156
DA

decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será diferido. Podem ser produzidas na fase
ZA

investigatória ou na fase judicial e em regra dependem de autorização judicial. Ex.: interceptação


OU

telefônica.
LL
ZE

● Provas Não Repetíveis: Uma vez produzidas, não podem ser novamente coletadas ou produzidas, em
EI

virtude do desaparecimento da fonte probatória. Podem ser produzidas na fase investigatória14156


e na fase
G

judicial e em regra não dependem de autorização judicial. Ex.: exame de corpo de delito.
04
70
58

● Provas Antecipadas: São as produzidas com a observância do contraditório real, perante a autoridade
1
78

judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início
95

do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. É indispensável prévia autorização


A
CC

judicial e elas podem ser produzidas na fase investigatória e em juízo. Ex.: depoimento ad perpetuam
ZA

rei memoriam (art. 225, CPP).


S
TE

Obs.: Não se esqueça que as provas cautelares, antecipadas e irrepetíveis são exceções ao desvalor probatório
ES

do inquérito policial, de modo que, quando produzidas em sede de investigação criminal, podem ser utilizadas
PR

para fundamentar uma condenação.


AD
ZA
OU

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L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
b) Prova Direta x Indireta (LIMA, 2017, p. 591):

A
UZ
LO
● Prova Direta: Permite conhecer o fato por meio de uma única operação inferencial.

EL
IZ
14156
● Prova Indireta: Para alcançar uma conclusão acerca de um fato a provar, o juiz precisa realizar ao menos

GE
duas operações inferenciais. Em um primeiro momento, a partir da prova indireta produzida, chega à

04
conclusão sobre a ocorrência de um fato, que ainda não é o fato a ser provado. Conhecido esse fato, por

70
58
meio de um segundo procedimento inferencial, chega ao fato a ser provado.

81
7
95
c) Prova Nominada x Inominada

A
CC
● Prova Nominada: É aquela que tem previsão legal (o nomen iuris da prova tem previsão no CPP ou em
ZA
legislação especial), com ou sem procedimento probatório previsto em lei. Ex.: hipóteses previstas nos
S
TE

art. 155 a 250, CPP.


ES
PR

● Prova Inominada: É aquela que não tem previsão legal.


14156
DA
ZA

PROVA NOMINADA PROVA INOMINADA


OU

É a prova prevista em lei, pouco É a prova que não possui previsão legal. De
LL

importando se o procedimento está acordo com a doutrina, vigora no Processo Penal


ZE

previsto em lei. o princípio da liberdade quanto aos meios de


EI

prova. Assim, ainda que o meio de prova não


G
04

Ex.: exame de corpo de delito (art. 158, tenha previsão legal, será admitido, desde que
70

CPP). não seja uma prova ilícita, imoral e antiética.


58

Ex.: reconhecimento fotográfico por e-mail em


1
78

casos de estupro.
95
A
CC

d) Prova Típica x Atípica


ZA
S

● Prova Típica: É aquela cujo procedimento está previsto no texto da lei.


TE
ES

● Prova Atípica: É aquela que não tem procedimento probatório previsto em lei. Ex.: reconhecimento de
PR

pessoas - é uma prova nominada e típica.


AD
ZA
OU

7
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
PROVA TÍPICA PROVA ATÍPICA

A
UZ
É a prova que possui seu procedimento É a prova que não possui seu procedimento

LO
probatório previsto em lei. Ex.: previsto em lei. Ex.: reconstituição do crime e

EL
reconhecimento de pessoas (art. 226 do CPP). interceptação ambiental.

IZ
GE
Obs.: o reconhecimento é uma prova nominada Obs.: é prova nominada (prevista em lei) e

04
(previsto em lei) e típica (procedimento atípica (procedimento não está previsto m lei).

70
58
probatório previsto em lei).

781
95
A “autópsia psicológica” constitui prova atípica admissível no processo penal,

A
cabendo ao magistrado controlar a sua utilização no caso concreto. STJ. 6ª Turma. HC

CC
740.431-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2022 (Info Especial 10).
ZA
S
TE

Conforme informações disponíveis no site “dizerodireito”, a “autópsia psicológica”, raras14156


vezes utilizada na praxis
ES

forense brasileira, consiste em exame retrospectivo que busca compreender os aspectos psicológicos envolvidos
PR

em mortes não esclarecidas. Trata-se de um método “concebido como meio para auxiliar médicos legistas a
14156
DA

esclarecer a natureza de uma morte tida como indeterminada e que poderia estar associada a uma causa natural,
ZA

acidental, suicídio ou homicídio. O método também foi utilizado para conhecer as razões que motivaram mortes
OU

autoinfligidas” (CAVALCANTE, Fátima Gonçalves; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Autópsias psicológicas e
LL

psicossociais de idosos que morreram por suicídio no Brasil. Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação
ZE

Brasileira de Saúde Coletiva. Volume 17, número 8, 2012, p. 1.944).


EI

Por se tratar de uma estratégia complexa, faz-se imperiosa a observância de critérios epistêmicos para a redução
G
04

do viés produzido pela subjetividade inerente a esse instrumento de avaliação. Daí a importância de fixação de
70

critérios de admissibilidade das provas científicas no processo penal.


58

Do contrário, o que se tem é um “recurso subjetivo, não fidedigno e com dificuldades para chegar a ser um
1
78

instrumento adequadamente validado” (WERLANG, Blanca Susana Guevara. Autópsia Psicológica, importante
95

estratégia de avaliação retrospectiva. Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
A
CC

Volume 17, número 8, 2012, p. 1.956. Disponível em:


ZA

https://www.scielo.br/j/csc/a/9VvMztDcc7MZW6sfcw7YqyS/?lang=pt).
Nesse sentido, “a autópsia psicológica pode ser tão ampla e ilimitada como são os conteúdos possíveis de se
S
TE

aplicar a ela. E é justamente essa variabilidade que faz com que a autópsia psicológica seja criticada, por se aplicar
ES

a muitos contextos e ainda não possuir um modelo padrão universal e validado pela comunidade científica”
PR

(GOMES, Flavia Nieto. O contributo da autópsia psicológica na investigação de mortes suspeitas. Dissertação
A

[Mestrado em Ciências Policiais - Criminologia e Investigação Criminal]. Instituto Superior de Ciências Policiais e
D
ZA

Segurança Interna. Lisboa, 2017, p. 21. Disponível em: l1nq.com/EN0wO).


OU

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EL
IZ
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CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
LO
e) Prova Anômala x Irritual:

EL
IZ
PROVA ANÔMALA PROVA IRRITUAL

GE
É aquela utilizada para fins diversos É aquela produzida sem a observância do

04
14156
daqueles que lhe são próprios, com modelo típico previsto em lei. É prova

70
58
características de outra prova típica. Logo, ilegítima.

81
existe meio de prova legalmente previsto

7
95
para a colheita da prova, porém deixa-se de Ex.: reconhecimento em juízo que não

A
lado esse meio de prova para valer-se de segue o procedimento descrito no art. 226

CC
outro. É prova obtida por meios ilegítimos, do CPP.
podendo caracterizar uma nulidade ZA
S
TE

absoluta ou relativa, a depender do caso


ES

concreto.
PR

14156
DA

Ex.: a testemunha - seu conhecimento deve


ZA

vir aos autos através de um depoimento


OU

prestado em juízo, e não através de uma


LL

mera certidão juntada aos autos, sob pena


ZE

de violação aos princípios do contraditório


EI

e da ampla defesa.
G
04
70

Logo, enquanto a prova anômala segue o procedimento previsto em lei, embora não seja o adequado
58

caso, a prova irritual é típica e desrespeita o modelo legal para a produção da prova.
1
78
95

CAIU EM PROVA: (Delegado do Estado da Bahia 2022): Prova direta é aquela que demonstra, por si, o fato
A
CC

probando; que tem por objeto imediato a coisa que se quer verificar; prova indireta, é aquela que trata
ZA

reflexamente do fato probando ou fato principal, mas guarda com ele estreita relação, e faz chegar a alguma
S

conclusão a respeito dele, via raciocínio lógico-dedutivo – item considerado correto.


TE
ES

PROVA DIGITAL (DIGITAL EVIDENCES)


PR

Atenção! Tema cobrado na prova de Delegado do Estado de São Paulo em 2022.


AD
ZA
OU

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IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Segundo a International Organization of Computer Evidence (IOCE), provas digitais são “informações

A
UZ
transmitidas ou memorizadas em formato binário que pode ser utilizada na justiça”, abrangendo assim outras

LO
formas de armazenamento de dados. Podem ser classificadas, entre outros, como dados que se localizam

EL
armazenados em determinado suporte físico - computador, HD, pendrive, celular, entre outros -, podendo ser

IZ
usados para indicar elementos que demonstrem a ocorrência, ou não, de determinado fato. No processo

GE
penal, tem-se que as provas digitais podem ser utilizadas como fonte de prova, onde se pode extrair

04
informações que venham a ser utilizadas na persecução penal.

70
58
81
E qual a diferença para as fontes de provas tradicionais?

7
95
Gustavo Badaró, ao tratar do tema, ressalta a existência de 2 diferenças, uma de caráter ontológico, visto que

A
as provas digitais são caracterizadas pela imaterialidade, isso porque os elementos de provas digitais são

CC
conservados e transmitidos em linguagem não natural, mas digital; outra de cunho metodológico, pois a
ZA
ausência de materialidade exige uma metodologia especial de produção, admissão e valoração.
S
TE
ES

Não há disciplina legal específica. A desmaterizalização e a volatilidade dessas provas, atraem a preocupação
PR

com a possibilidade de destruição e falsificação. Trata-se de fonte de prova que pode ser facilmente
14156
DA

contaminada, apresentando alto grau de vulnerabilidade a erros. Diante disso, é preciso especial atenção em
ZA

relação à cadeia de custódia das provas digitais.


OU
LL

Como se dá a cadeia de custódia da prova digital?


ZE

Ensina Badaró que a prova digital deve se valer de instrumentos técnicos adequados para os trabalhos de
EI

investigação de dados digitais de modo a constituir uma prova utilizável em processo judicial. O método
G

empregado tem que garantir a integridade do dado digital e, com isso, a força probandi do conteúdo
04
70

probatório por ele representado. Além disso, todo o processo técnico precisa ser documentado e registrado
58

em todas as suas etapas, especialmente por envolver dados probatórios voláteis e sujeitos à mutação. A
1
78

documentação da cadeia de custódia é essencial no caso de análise de dados digitais, pois permitirá assegurar
95

a autenticidade e a integralidade dos elementos de prova e submeter tal atividade investigativa à posterior
A

crítica judiciária das partes, e excluirá que tenha havido alterações indevidas do material digital.
CC

Gustavo Badaró destaca, ainda, que o laudo técnico deve conter uma completa e exaustiva descrição dos
ZA

sistemas informáticos utilizados, um elenco dos instrumentos utilizados e um detalhado relatório dos
S
TE

resultados obtidos.
ES

14156
PR

O que ocorre em caso de quebra da cadeia de custódia da prova digital?


A

No âmbito da prova tradicional, há divergência na doutrina acerca das consequências da quebra da cadeia de
D
ZA

custódia (conforme será visto adiante). No caso da digital evidence, conforme pontua Badaró, a solução deve
OU

10
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EL
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GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
ser diversa da tradicional em razão da desmaterialização dos elementos de prova e a facilidade de mutação

A
UZ
dos elementos de prova, caso sua obtenção e produção não respeitem os procedimentos técnicos. Se o

LO
método for inadequado ou se, embora adequado, não houver comprovação de seu emprego por ausência de

EL
registro da cadeia de custódia, não há como garantir a tutela da genuinidade e não alteração do dado

IZ
informático devido a sua natureza frágil e volátil.

GE
04
Fonte: BADARÓ, Gustavo. Os Standards Metodológicos de Produção na Prova Digital e a Importância da Cadeia

70
58
de Custódia. Disponível em: https://www.ibccrim.org.br/js/pdf-

81
js/web/viewer.html?file=/media/publicacoes/arquivos_pdf/revista-31-05-2021-10-44-29-869137.pdf

7
95
A
Ainda sobre as provas digitais e a cadeia de custódia, cabe destacar decisão do STJ: São inadmissíveis as

CC
provas digitais sem registro documental acerca dos procedimentos adotados pela polícia para a preservação
ZA
da integridade, autenticidade e confiabilidade dos elementos informáticos. (Processo sob segredo de justiça,
S
TE

Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Rel. Acd. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por maioria, julgado em
ES

7/2/2023)
PR

Segundo a Corte Superior, em que pese a intrínseca volatilidade dos dados armazenados digitalmente,
14156
DA

já são relativamente bem delineados os mecanismos necessários para assegurar sua integridade, tornando
ZA

possível verificar se alguma informação foi alterada, suprimida ou adicionada após


14156
a coleta inicial das fontes de
OU

prova pela polícia.


LL

Conforme o precedente julgado, a autoridade policial que realiza a apreensão de um computador (ou
ZE

outro dispositivo de armazenamento de informações digitais) deve copiar integralmente (bit a bit) o conteúdo
EI

do dispositivo, gerando uma imagem dos dados: um arquivo que espelha e representa fielmente o conteúdo
G

original. Ato contínuo, aplicando-se uma técnica de algoritmo hash, é possível obter uma assinatura única para
04
70

cada arquivo - uma espécie de impressão digital ou DNA, por assim dizer, do arquivo. Esse código hash gerado
58

da imagem teria um valor diferente caso um único bit de informação fosse alterado em alguma etapa da
1
78

investigação, quando a fonte de prova já estivesse sob a custódia da polícia. Mesmo alterações pontuais e
95

mínimas no arquivo resultariam numa hash totalmente diferente, pelo que se denomina em tecnologia da
A

informação de efeito avalanche. Desse modo, comparando as hashes calculadas nos momentos da coleta e da
CC

perícia (ou de sua repetição em juízo), é possível detectar se o conteúdo extraído do dispositivo foi alterado,
ZA

minimamente que seja. Não havendo alteração (isto é, permanecendo íntegro o corpo de delito), as hashes serão
S
TE

idênticas, o que permite atestar com elevadíssimo grau de confiabilidade que a fonte de prova permaneceu
ES

intacta.
PR
A

Atenção ao Info 765 STJ!


D
ZA
OU

11
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
As empresas de tecnologia que operam aplicações de internet no Brasil sujeitam-se

A
UZ
à jurisdição nacional e, como tal, devem cumprir as determinações das autoridades

LO
nacionais do Poder Judiciário — inclusive as requisições feitas diretamente — quanto

EL
ao fornecimento de dados eletrônicos para a elucidação de investigações criminais,

IZ
ainda que parte de seus armazenamentos esteja em servidores localizados em países

GE
estrangeiros. ADC 51/DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em

04
23.2.2023

70
58
81
7
14156

95
1.3 Terminologia da Prova

A
CC
Segundo Renato Brasileiro distingue-se:
ZA
S

TE

Fontes de prova: Derivam do fato delituoso em si, independentemente da existência do processo, sendo
ES

que sua introdução no feito se dá através dos meios de prova.


PR

14156
DA

● Meios de prova: Dizem respeito a uma atividade endoprocessual que se desenvolve perante o juiz, com
ZA

a participação dialética das partes, cujo objetivo precípuo é a fixação de dados probatórios no processo.
OU
LL

● Meios de obtenção de prova: Referem-se a certos procedimentos extraprocessuais, em regra, que têm
ZE

como objetivo precípuo a identificação de fontes de prova.


G EI
04

FONTE DE PROVA MEIO DE PROVA MEIO DE OBTENÇÃO DE PROVA


70
58

Cometido o fato delituoso, tudo São os instrumentos através dos Refere-se a certos procedimentos,
1

aquilo que possa esclarecer quais as fontes de prova são em regra extraprocessuais,
78
95

alguém cerca do crime pode ser introduzidas no processo. geralmente realizados por outros
A

conceituado como fonte de prova agentes que não o juiz, cujo


CC

(ex.: pessoas, coisas). Dizem respeito a uma atividade objetivo é a identificação das
ZA

endoprocessual, que se desenvolve fontes de prova. Nesse caso, o


S
TE

Portanto, a fonte de prova deriva perante o juiz, com a participação contraditório será diferido, ou
ES

do fato delituoso em si, das partes, em fiel observância ao postergado.


PR

independentemente da existência contraditório e à ampla defesa.


A

do processo, sendo que sua Esse é o trabalho da autoridade


D
ZA

introdução nos autos do processo Ex.: A pessoa que presenciou o policial. Não se pode dar ciência a
OU

12
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
ocorre através dos meios de crime praticado por Renato, ao uma pessoa da investigação,

A
UZ
prova. prestar o depoimento, passará a ser senão ela vai tentar dificultar a

LO
um meio de prova. A arma da investigação.

EL
Ex.: Renato está com uma arma na prática do crime para se tornar um

IZ
mão, aponta para alguém, atira e meio de prova, deve ser apreendida Ex.: interceptação telefônica.

GE
a pessoa morre. Após, ele deixa a e periciada.

04
arma em cima da mesa. As

70
58
pessoas na sala de aula que

81
presenciaram o crime são fonte

7
95
de prova e, futuramente, serão

A
chamadas a depor em juízo. O

CC
depoimento em juízo será o meio
de prova. ZA
S
TE
ES

1.4 Indícios
PR

14156
DA

Conceito que apresenta duas acepções:


ZA
OU

a) Sinônimo de prova indireta


LL

A prova indireta, conforme já pontuado, é aquela a qual, para chegar a determinada conclusão, o juiz é
14156
ZE

obrigado a realizar pelo menos duas operações inferenciais. Por exemplo, gato e rato em uma caixa fechada, só
EI

sai o gato, testemunha só vê o gato saindo. Prova-se que saiu apenas o gato de lá, mas não se tem a prova direta
G

que ele comeu o rato, é uma prova indireta, pois o rato não está em nenhum lugar.
04
70
58

Art. 239, CPP - Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
1
78

relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
95

circunstâncias.
A
CC

É possível condenar alguém com base em indícios (usado como sinônimo de prova indireta)?
ZA

R.: SIM, desde que se trate de indícios plurais, coerentes e coesos, e não de um único indício isolado.
S
TE
ES

Uma nota importante: A jurisprudência entende que a testemunha de “ouvir dizer” (conhecida no direito norte-
PR

americano como hearsay rule) não produz um depoimento confiável e, portanto, não serve como indício de
A

autoria.
D
ZA
OU

13
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido somente na fase inquisitorial,

A
UZ
não serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a

LO
julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1373356-BA, Rel. Min. Rogerio

EL
Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 603).

IZ
GE
b) Sinônimo de prova semiplena

04
A prova semiplena possui menor valor persuasivo, razão pela qual não autoriza um juízo de certeza, mas

70
58
de mera probabilidade.

81
É considerada relevante quando houver decretação de medidas cautelares (fumus comissi delicti):

7
95
A
Art. 312, CPP - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem

CC
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
ZA
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova (juízo de certeza) da existência
S
TE

do crime e indício (prova semiplena) suficiente de autoria e de perigo gerado pelo


ES

estado de liberdade do imputado.


PR

14156
DA

É possível condenar alguém com base em uma prova semiplena?


ZA

R.: NÃO!
OU
LL

ATENÇÃO: Delegado de polícia trabalha com indícios e não com provas no caso concreto.
ZE
EI

É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em indícios derivados do inquérito policial?


G


04

1ªC - NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise aprofundada seja
70

feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem
58

qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos
1
78

informativos obtidos na fase inquisitorial. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. Ribeiro
95

Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
A
CC

23/02/2021.
ZA
S

É a posição que tem prevalecido, devendo ser adotada em provas


TE

objetivas!
ES

14156
PR

● 2ªC - SIM. É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito
AD

policial, sem que isso represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se aplique
ZA
OU

14
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
a qualquer procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de vista o objetivo da decisão

A
UZ
de pronúncia não é o de condenar, mas apenas o de encerrar o juízo de admissibilidade da acusação

LO
(iudicium accusationis). Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da

EL
sociedade que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo juízo natural da causa. Constitui a pronúncia,

IZ
portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e tão somente admite a acusação. Não profere juízo de

GE
certeza, necessário para a condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se

04
aplica à referida decisão. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO, Rel. Min.

70
58
Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1609833/RS, Rel. Min. Rogerio

81
Schietti Cruz, julgado em 06/10/2020.

7
95
A
ATENÇÃO: Termos importantes referentes às provas que não podem ser confundidos.

CC
Vestígio Todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
ZA
que se relaciona à infração penal (art. 158-A, §3º, CPP).
S
TE

Evidência É o vestígio que, após as devidas análises, tem constatada, técnica e


ES

cientificamente, sua relação com o fato periciado


PR

Indício Circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize,
14156
DA

por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias (art.


ZA

239 do CPP).
OU
LL

Elementos de informação Colhidos na fase inquisitorial (pré-processual), com a finalidade de embasar a


ZE

opinio delicti do órgão acusador. Também viabilizam a decretação de medidas


EI

cautelares. Em geral, não autorizam uma condenação, pois não foram


G

formados com observância do contraditório e da ampla defesa.


04
70

Prova É o meio de se demonstrar a verdade de um fato, destinando-se à formação


58

do livre convencimento motivado do juiz. É produzida sob o crivo do


1
78

contraditório e da ampla defesa (art. 155, caput do CPP).


95
A
CC
ZA

2. OBJETO DA PROVA
S
TE

É tudo o que dever ser demonstrado no processo para comprovar a verdade. Nesse sentido, em regra, o
ES

objeto da prova são os fatos, dispensando-se a prova do Direito que se presume conhecido pelo julgador, salvo
PR

14156
exceções.
AD
ZA

Vejamos em um quadro comparativo o que precisa e o que não precisa ser provado no Processo Penal,
OU

15
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
para facilitar o aprendizado.

A
UZ
LO
PRECISA SER PROVADO NÃO PRECISA SER PROVADO

EL
Imputação constante da peça acusatória. Fatos axiomáticos ou intuitivos: são evidentes, de

IZ
acordo com o estágio atual da ciência.

GE
Obs.: Cabe à acusação provar nexo causal, fato típico, Ex: cocaína causa dependência, não precisa provar.

04
autoria, participação, dolo e culpa. Cabendo à defesa

70
58
provar os fatos modificativos, extintivos e Fatos inúteis: não interessam à causa.

81
impeditivos.

7
95
Presunções legais: afirmação da lei, de que um fato

A
Costumes é existente ou verdadeiro, independentemente de

CC
prova.
Ex: furto praticado durante o repouso noturno, ZA
S
TE

dependerá do lugar onde ocorre - Vigência de Pode ser:


ES

regulamentos e portarias. • Absoluta (iurie et de iure): não admite prova em


PR

contrário.
14156
DA

Obs.: Se a portaria é complemento de uma norma Ex.: inimputabilidade do menor de 18 anos.


ZA

penal em branco, presume-se que o juiz a conhece. • Relativa (iuris tantum): admite prova em contrário.
OU

Ex: Portaria 344 da ANVISA, complemento da lei de Inverte o ônus da prova


LL

drogas.
ZE

Obs.: A presunção de violência nos crimes sexuais


EI

não mais subsiste. O simples fato de manter uma


G
04

Direito estrangeiro, estadual e municipal, salvo em relação sexual com menor de 14 anos configura uma
70

relação à localidade em que exerce jurisdição. elementar do crime de estupro de vulnerável. Nesse
58

sentido:
1
78

Obs.: O juiz está obrigado a conhecer o direito


95

14156

estadual e municipal APENAS da localidade em que Súmula 593 STJ: O crime de estupro de vulnerável se
A
CC

exerce jurisdição. configura com a conjunção carnal ou prática de ato


ZA

libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante


S

Fatos não contestados ou incontroversos. eventual consentimento da vítima para a prática do


TE

ato, sua experiência sexual anterior ou existência de


ES

Obs.: Diversamente do que ocorre no Processo Civil, relacionamento amoroso com o agente.
PR

não existe confissão presumida no Processo Penal.


AD

Nesse sentido: Fatos notórios: são aqueles que todo mundo


ZA
OU

16
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 197, CPP - O valor da confissão se aferirá pelos conhece ou deveria conhecer.

A
UZ
critérios adotados para os outros elementos de prova, Ex.: datas históricas, como o Natal (25/12).

LO
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com

EL
as demais provas do processo, verificando se entre ela

IZ
e esta existe compatibilidade ou concordância.

GE
04
ATENÇÃO! Em relação ao acusado revel, os fatos NÃO

70
58
se presumem verdadeiros, tendo em vista a regra

81
probatória que deriva do princípio da presunção de

7
95
inocência. Logo, o único efeito da revelia no Processo

A
Penal é a desnecessidade de intimação do acusado

CC
para os demais atos processuais, salvo em se tratando
de sentença condenatória ou absolutória imprópria. ZA
S
TE
ES

3. PROVA EMPRESTADA
PR

14156
DA

Segundo Renato Brasileiro, “consiste na utilização em um processo de prova que foi produzida em outro,
ZA

sendo que esse “transporte” da prova é feito por meio de certidão extraída daquele”.
OU

Nesse sentido, temos que:


LL

A prova deve ter sido produzida em processo com as mesmas partes que figuram no 2ª processo, ou ao
ZE

menos, no processo em que foi uma das partes quem suportou os efeitos. Nesse ponto, é preciso distinguir duas
EI

situações, de acordo com quem a prova emprestada beneficia:


G

1. Como o MP é uno e indivisível, o acusado sempre poderá se valer de prova emprestada, sem que haja
04
70

prejuízo ao contraditório.
58

2. O Ministério Público só poderá se valer da prova emprestada se o acusado figurou como réu no processo
1
78

no qual a prova foi originalmente produzida.


95
A

Se a prova foi produzida em processo no qual o acusado não teve participação, não há falar em prova
CC

emprestada, e sim em mera prova documental ou compartilhamento de prova.


ZA

Cumpre destacar que existem precedentes no âmbito do STJ afirmando que é possível a prova
S
TE

emprestada proveniente de ação penal14156


que não participaram as partes. No entanto, trata-se de posicionamento
ES

minoritário. Vejamos:
PR

(...) Consolidou-se a jurisprudência desta Corte Superior de Justiça no sentido da


A

admissibilidade, uma vez observado o devido contraditório, de prova emprestada


D
ZA

(PROVA DOCUMENTAL) proveniente de ação penal da qual não participaram as partes


OU

17
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
do feito para o qual a prova será trasladada. (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp

A
UZ
1.471.625/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 10/06/2015).

LO
EL
É necessária a observância do devido processo legal na colheita originária da prova que será emprestada e,

IZ
igualmente, quanto à produção da prova no novo processo.

GE
04
Consoante ensina Renato Brasileiro:

70
58
81
“(...) a utilização da prova emprestada só é possível se aquele contra quem ela for

7
95
utilizada tiver participado do processo onde essa prova foi produzida, observando-se,

A
assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Só se pode considerar como

CC
prova emprestada, portanto, aquela que foi produzida, no primeiro processo, perante
ZA
aquele que terá que se sujeitar a seus efeitos no segundo, com a possibilidade de ter
S
TE

contado, naquele, com todos os meios possíveis de contrariá-la. (..) (edição 2020,
ES

pagina 669).
PR

14156
DA

O STJ, inclusive, possui entendimento sumulado sobre o tema:


ZA
OU

Súmula n. 591 do STJ: É permitida a prova emprestada no processo administrativo


LL

disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo competente e respeitados o


ZE

contraditório e a ampla defesa.


EI
G

Cuidado! Existe parcela minoritária da doutrina (Geraldo Prado e Ada Pelegrini) que agrega mais um
04
70

requisito: para que seja prova emprestada, a prova transladada do processo originário para o segundo processo
58

deve ser produzida perante o mesmo juiz natural.


1
78

Ensina Renato Brasileiro que:


95
A

14156
“(...) há posição minoritária na doutrina que sustenta que, além da produção da prova em
CC

contraditório, também se impõe o respeito ao princípio do juiz natural (CF, art. 5º, inciso LIII). Na
ZA

dicção de Grinover, “para o transporte puro e simples de uma prova, de um processo para outro,
S
TE

seria necessário que o contraditório no processo originário tivesse sido instituído perante o mesmo
ES

juiz, que também seja o juiz da segunda causa (entendendo-se, com o termo ‘juiz’, não a pessoa
PR

física investida na função, mas o órgão jurisdicional constitucionalmente competente)”. (in Manual
A

de Processo Penal, edição 2020, página 669)


D
ZA
OU

18
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
No âmbito constitucional, temos que a interceptação telefônica, conforme o texto da Lei Maior, só pode

A
UZ
14156
ser utilizada em investigação criminal ou no curso da instrução criminal (reserva constitucional qualificada).

LO
Assim, pelo menos em tese, NÃO é possível interceptação telefônica em processo administrativo e em processo

EL
cível. Contudo, é perfeitamente possível ser utilizada em processo cível ou administrativo a título de prova

IZ
emprestada, eis que o contraditório já foi exercido no processo criminal.

GE
Este é o entendimento do STF, vejamos:

04
70
58
Compartilhamento no inquérito civil das provas colhidas em investigação criminal

81
mesmo que acobertadas pelo sigilo

7
95
É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem

A
utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações

CC
decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido mesmo que as provas
ZA
tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial dos sigilos financeiro,
S
TE

fiscal e telefônico. STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ES

acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 23/2/2016 (Info 815).


PR

14156
DA
ZA

CAIU EM PROVA:
OU

Foi questionado na 2ª fase de DPC/MS (Banca FAPEC): Cabe utilização como prova emprestada de elementos
LL

informativos produzidos no inquérito?


ZE

R.: Em regra, como os elementos informativos do inquérito são produzidos sem a observância do princípio do
EI

contraditório, eles não podem ser utilizados como prova emprestada, ainda que seja processo contra a mesma
G

pessoa que figurou como investigada no inquérito. Porém, no caso de provas não repetíveis (ex.: exames
04
70

periciais) é perfeitamente possível falar-se em prova emprestada, já que, em relação a elas, o contraditório será
58

respeitado, ainda que de forma diferida.


1
78
95

Existe precedente do STF nesse sentido. No RE 328.138/MG, a 1ª turma admitiu a validade de prova pericial
A

produzida em inquérito distinto como prova emprestada.


CC
ZA

Por fim, tem-se que, caso tenha sido declarada nula ou ilegal a prova originária, não se pode admitir a
S
TE

mesma como prova emprestada. Lado outro, caso o processo original tenha sido anulado por qualquer outro
ES

motivo que não a prova, admite-se a prova emprestada.


PR
A

4. PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO X TEORIA GERAL DA PROVA


D
ZA
OU

19
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
a) Conceito

A
UZ
A garantia da não autoincriminação consiste no direito de não produzir prova contra si próprio, essa

LO
garantia vem sendo muito cobrada em prova no termo em latim “nemo tenetur se detegere”, positivado no artigo

EL
8º, g, do Pacto de São José da Costa Rica que garante à pessoa o “direito de não ser obrigado a depor contra si

IZ
mesma, nem a declarar-se culpada”.

GE
04
b) Previsão Normativa

70
58
Na CF/88 - art. 5º, LXIII, através da menção ao direito ao silêncio, que é um dos desdobramentos do

81
princípio do nemo tenetur se detegere.

7
95
A
Art.5º, LXIII, CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de

CC
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
ZA
S 14156
TE

Na CADH - art.8º, item 2, alínea “g”:


ES
PR

Artigo 8º, item 2, CADH – (...) Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
14156
DA

igualdade, às seguintes garantias mínimas:(...) g) direito de não ser obrigado a depor


ZA

contra si mesma, nem a declarar-se culpada;


OU
LL

c) Desdobramentos do Princípio da Não Autoincriminação:


ZE
EI

1 Direito ao silêncio – Consiste no direito de não responder às perguntas formuladas pela autoridade,
G

funcionando como espécie de manifestação passiva de defesa. É uma forma de se exercer a autodefesa.
04
70
58

2 Direito de não ser constrangido a confessar a prática de ilícito penal


1
78
95

3 Inexigibilidade de dizer a verdade ou direito de mentir – Cuidado! Mentiras defensivas são toleradas
A

pelo ordenamento jurídico, porém mentiras agressivas, incriminadoras de 3º não estão sob o manto do
CC

direito de defesa.
ZA
S
TE

4 Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo – Consiste no direito de
ES

não adotar comportamentos ativos que colaborem com a atividade persecutória do Estado.
PR
AD
ZA
OU

20
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
5 Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva - A prova invasiva é aquela que envolve

A
UZ
penetração no organismo humano, para extração ou utilização de alguma parte dele. Ou seja: se a prova

LO
for invasiva, a pessoa não precisa fazer. Ex. DNA, esperma, saliva, pele, unha.

EL
IZ
Obs.1: A CF/88 prevê que o investigado/acusado seja expressamente informado sobre o direito ao silêncio,

GE
sob pena de nulidade das provas obtidas.

04
70
58
Leading case – Interrogatório sub-reptício: HC 80949

81
(...) 3. Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião,

7
95
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação

A
ambiental - de constituir, dita "conversa informal", modalidade de "interrogatório"

CC
sub-reptício, o qual - além de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório
ZA
no inquérito policial (C.Pr.Pen., art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado seja advertido
S
TE

do seu direito ao silêncio. 4. O privilégio contra a auto-incriminação – nemo tenetur se


ES

detegere -, erigido em garantia fundamental pela Constituição -além da


PR

inconstitucionalidade superveniente da parte final do art. 186 C.Pr.Pen. - importou


14156
DA

compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado do seu


ZA

direito ao silêncio: a falta da advertência - e da sua documentação formal -faz ilícita a


OU

prova que, contra si mesmo, forneça o indiciado ou acusado no interrogatório formal


LL

e, com mais
14156
razão, em "conversa informal" gravada, clandestinamente ou não. (...)
ZE

(STF, HC 80.949/RJ, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Primeira Turma, j. 30/10/2001).


GEI

Obs.2: Testemunhas também são destinatárias da garantia da não autoincriminação? (Questão prova oral
04
70

Amapá, Delegado, 2017)


58

R.: Em regra, as testemunhas são obrigadas a se manifestar, sob pena de praticarem o crime de
1
78

desobediência ou falso testemunho. No entanto, quando a resposta a determinada pergunta puder importar em
95

autoincriminação, elas podem sim se valer do direito ao silêncio. Dessa forma, as testemunhas são titulares da
A

garantia constitucional ao silêncio (direito à não autoincriminação), mas seu exercício é realizado
CC

pontualmente em relação a perguntas cujas respostas podem importar autoincriminação.


ZA
S
TE

Veja a jurisprudência sobre o tema:


ES
PR

Inf. 754, STF: Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma
A

investigação e, durante o seu depoimento, acaba confessando um crime, essa


D
ZA

confissão não é válida se a autoridade que presidia o ato não o advertiu previamente
OU

21
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
de que ele não era obrigado a produzir prova contra si mesmo, tendo o direito de

A
UZ
permanecer calado. STF. 2ª Turma, 2014.

LO
EL
Inf. 816, STF: Determinada pessoa foi convocada a depor na condição de testemunha.

IZ
Antes de iniciar o depoimento, ela assinou termo no qual assumiu o compromisso de

GE
dizer a verdade. O termo dizia que "a depoente compromete-se a dizer a verdade,

04
ressalvadas as garantias constitucionais aplicáveis". Posteriormente, descobriu-se que

70
58
essa pessoa também estaria envolvida no esquema criminoso, razão pela qual foi

81
denunciada. O STF entendeu que não houve nulidade neste depoimento porque,

7
95
embora a denunciada tenha sido ouvida na condição de testemunha, assumindo o

A
compromisso de dizer a verdade, consta do termo de depoimento que ela foi

CC
informada de que estavam ressalvadas daquele compromisso “as garantias
ZA
constitucionais aplicáveis”. Logo, foi a ela conferido o direito de não responder a
S
TE

perguntas cujas respostas pudessem eventualmente acarretar sua autoincriminação.


ES

STF. Plenário.
PR

14156
DA

Obs.3: O silêncio do indiciado/acusado é uma garantia constitucional e não pode ser explorado em seu
ZA

desfavor.
OU
LL

O princípio do nemo tenetur se detegere garante ao acusado o direito de não produzir prova contra si
ZE

mesmo sendo inviável que o exercício desse direito lhe resulte em qualquer gravame. Como a Constituição
EI

Federal assegura ao acusado o direito ao silêncio (art. 5º, LXIII), seu exercício não pode ser interpretado como
G

indício de sua culpabilidade.


04
70

Por isso, o art. 186, § único do CPP, após a reforma conferida pela Lei nº 10.792/2003, dispõe que o
58

silêncio não pode importar confissão e não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
1
78
95

14156
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação,
A

o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
CC

permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.


ZA

(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)


S
TE
ES

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
PR

interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído pela Lei nº 10.792, de


A

1º.12.2003)
D
ZA
OU

22
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Cumpre destacar que, em que pese a reforma produzida pela Lei 10.791/2003, a redação do art. 198 do

A
UZ
CPP ainda dispõe que “o silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a

LO
formação do convencimento do juiz”. A doutrina defende a não recepção da parte final deste dispositivo uma

EL
vez que o exercício do direito ao silêncio previsto na Carta Magna (art. 5º, LXIII) não pode resultar em qualquer

IZ
prejuízo para o acusado.

GE
04
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir

70
58
elemento para a formação do convencimento do juiz.

81
7
95
A
Obs. 4: Direito ao Silêncio Seletivo 14156

CC
Qual é a extensão do direito ao silêncio? No âmbito do interrogatório judicial (aplicável, no que couber,
ZA
ao interrogatório em sede policial conforme dispõe o art. 6º, V do CPP), quando incide o direito ao silêncio e qual
S
TE

é a sua extensão?
ES

O interrogatório judicial é bifásico, pois tem-se a fase relativa à qualificação do réu e fase relativa à versão
PR

dos fatos.
14156
DA

Prevalece na doutrina e jurisprudência brasileira que o direito ao silêncio não alcança a 1ª fase. O réu
ZA

não pode se negar a responder às perguntas relativas à sua qualificação.


OU
LL

A primeira parte do interrogatório não se relaciona com o direito de não produzir prova
ZE

contra si. O direito a não se autoincriminar diz respeito ao mérito da pretensão


EI

punitiva, não à identificação do investigado/acusado. STJ. 6ª Turma. RHC 126.362/BA,


G

Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, DJe 29/09/2020.


04
70
58

Lado outro, na fase relativa à versão dos fatos (mérito), há plena incidência do direito ao silêncio de
1
78

modo que a autodefesa pode ser exercida de forma livre, desimpedida e voluntária. É nessa seara que surge o
95

denominado “direito ao silêncio seletivo”. No legítimo exercício da autodefesa, acobertado pelo direito
A

constitucional ao silêncio, ensina Renato Brasileiro que “ao acusado se defere o direito de não responder a
CC

nenhuma pergunta, como responder a algumas delas e silenciar com relação a outras que entenda que possam
ZA

expô-lo a risco de autoincriminação” (in Manual de Processo Penal, edição 2020, pág. 750).
S
TE

Assim, é possível que o acusado (ou investigado) opte por responder, por exemplo, apenas as perguntas
ES

da defesa, silenciando quando as perguntas forem formuladas pela acusação.


PR

Nesse panorama, decidiu o STJ:


AD
ZA
OU

23
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente que se nega a responder aos

A
UZ
questionamentos do juiz instrutor antes de oportunizar as indagações pela defesa. 1.

LO
O artigo 186 do CPP estipula que, depois de devidamente qualificado e cientificado do

EL
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o

IZ
interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que

GE
lhe forem formuladas 2. O interrogatório, como meio de defesa, implica ao imputado

04
a possibilidade de responder a todas, nenhuma ou a apenas algumas perguntas

70
58
direcionadas ao acusado, que tem direito de poder escolher a estratégia que melhor

81
lhe aprouver à sua defesa. 3. Verifica-se a ilegalidade diante do precoce encerramento

7
95
do interrogatório do paciente, após manifestação do desejo de não responder às

A
perguntas do juízo condutor do processo, senão do seu advogado, sendo excluída a

CC
possibilidade de ser questionado pelo seu defensor técnico (...) (HC n. 703.978/SC,
ZA
relator Ministro Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Sexta
S
TE

Turma, julgado em 5/4/2022, DJe de 7/4/2022.)


ES
PR

Obs.5: Dever legal a interrupção imediata do interrogatório quando o imputado optar pelo exercício do direito
14156
DA

ao silêncio.
ZA
OU

Há discussão acerca do procedimento a ser adotado pela autoridade – policial ou judicial – quando o
LL

imputado, ao iniciar o interrogatório, informa que irá exercer o direito ao silêncio ou mesmo responder
ZE

exclusivamente às perguntas formuladas pelo seu defensor.


EI

Há o dever de interrupção imediata do ato ou é possível que a autoridade continue formulando as


G

perguntas que seriam realizadas, consignando-as em ata?


04
70

A redação original do art. 191 do CPP previa que deveriam ser consignadas as perguntas que o réu
58

deixasse de responder e as razões que invocasse para o não fazer. Tal previsão foi suprimida pela reforma
1
78

operada pela Lei n. 10.792/03, que deu nova redação ao dispositivo. Todavia, na prática, ainda é relativamente
95

comum em interrogatórios policiais e judiciais o prosseguimento do interrogatório e a consignação de todas as


A

perguntas que seriam formuladas ao interrogando.


CC

E é nesse contexto que deve ser compreendido o novo crime de abuso de autoridade previsto no art. 15,
ZA

inciso I da Lei 13. 869/19. Trata-se de tipo penal que criminaliza a conduta do agente público que “prossegue
S
TE

com o interrogatório de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio.”


ES

O novo tipo penal esclarece que, uma vez feita a opção livre e voluntária pelo direito ao silêncio, seja em
PR

relação ao todo, seja de maneira seletiva, impõe-se a imediata interrupção do ato, sem a formulação de mais
A

14156
nenhum questionamento. Toda e qualquer tentativa de dar continuidade ao ato poderá atrair a figura delituosa
D
ZA

em análise, desde que, logicamente, presente o elemento subjetivo especial do art. 1º, §1º, da Lei n. 13.869/19
OU

24
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
(“finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho

A
UZ
ou satisfação pessoal”).

LO
EL
d) Dever de Advertência quanto ao Direito à Não Auto-Incriminação

IZ
GE
A CF, no art.5º, LXIII, diz que “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer

04
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;”.

70
58
Desse inciso, ensina a doutrina que a Constituição consagra um dever estatal de informar ao acusado os

81
seus direitos, sob pena de ilicitude da prova. O objetivo é evitar uma autoincriminação involuntária por força do

7
95
desconhecimento da lei, atraindo o dever de prévia e formal advertência.

A
Esse dever de advertência do direito ao silêncio é chamado pelo direito norte-americano de “Avisos de

CC
Miranda”, “Miranda Rights” ou, ainda, “Miranda Warnings”. Os Avisos de Miranda são três. Assim, nenhuma
ZA
validade pode ser dada às declarações feita à polícia sem que antes seja informado ao declarante que:
S
TE

1. Tem o direito de não responder;


ES

2. Tudo que disser pode ser usado contra ele;


PR

3. Tem o direito à assistência de defensor escolhido ou nomeado.


14156
DA

Observações:
ZA

(1) No Brasil, só o primeiro aviso está consagrado na CF.


OU

(2) No Brasil, a nota de culpa (nota de ciência das garantias constitucionais) é o documento que informa à
LL

pessoa os seus direitos constitucionais.


ZE

(3) Dever de informação do direito de não autoincriminação e a mídia: O dever de informação do direito de
EI

não autoincriminação também se aplica à mídia? A mídia, na hora de entrevistar o acusado, tem que
G

informá-lo do seu direito ao silêncio?


04
70

Conforme expõe o doutrinador Renato Brasileiro:


158
78

“Se o preso deve ser prévia e formalmente advertido quanto ao direito ao silêncio, sob
95

pena de se reputar ilícita a prova que contra si produza, também não podem ser
A

consideradas válidas entrevistas concedidas por presos à imprensa, antes ou após a


CC

lavratura do flagrante, sem o conhecimento de seu direito constitucional. Com efeito,


ZA

não raramente a conversa informal entre indiciados presos e repórteres, antes ou


S
TE

depois do
14156interrogatório, é gravada sem o conhecimento daqueles, e, de igual modo,
ES

utilizada, judicialmente, em prejuízo da defesa. Ora, a ausência de advertência quanto


PR

ao direito ao silêncio macula da ilicitude eventuais declarações por ele fornecidas que
A

lhe sejam prejudiciais, porquanto produzidas com violação ao preceito constitucional


D
ZA

que assegura o direito ao silêncio (CF, art. 5º, LXIII).


OU

25
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
14156

Não foi essa, todavia, a orientação do Supremo Tribunal Federal. Em HC apreciado pela

LO
2ª Turma (STF, 2ª Turma, HC 99.558/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2010) , em

EL
que se alegava a ilicitude da prova juntada aos autos, consistente em entrevista

IZ
concedida a jornal, na qual o acusado narrara o modus operandi de dois homicídios a

GE
ele imputados, sem ter sido previamente advertido de seu direito ao silêncio, reputou-

04
se que a Constituição teria conferido dignidade constitucional ao direito ao silêncio,

70
58
dispondo expressamente que o preso deve ser informado pela autoridade policial ou

81
judicial da faculdade de manter-se calado. Consignou-se que o dever de advertir os

7
95
presos e os acusados em geral de seu direito de permanecerem calados

A
consubstanciar-se-ia em uma garantia processual penal que teria como destinatário

CC
precípuo o Poder Público. Concluiu-se, entretanto, não haver qualquer nulidade na
ZA
juntada da prova, entrevista concedida espontaneamente a veículo de imprensa.
S
TE
ES

De todo modo, queremos crer que deve se evitar a concessão de entrevistas por presos
PR

à imprensa, salvo se, previamente advertido quanto ao direito ao silêncio, e


14156
DA

devidamente orientado das consequências jurídicas de suas declarações, manifestar o


ZA

cidadão de maneira voluntária seu interesse em apresentar sua versão acerca dos
OU

fatos, abrindo mão do direito de se calar” (edição 2020, página 74).


LL
ZE

(4) Momento de observância do dever de advertência


GEI

O alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo Delegado, durante o interrogatório
04
70

formal, mas também pelos policiais responsáveis pela voz de prisão em flagrante, pois a todos os órgãos estatais
58

impõe-se o dever de zelar pelos direitos fundamentais.


1
78
95

A Constituição Federal impõe ao Estado a obrigação de informar ao preso seu direito


A

ao silêncio não apenas no interrogatório formal, mas logo no momento da abordagem,


CC

quando recebe voz de prisão por policial, em situação de flagrante delito. Ademais, na
ZA

linha de precedentes da Corte, a falta da advertência ao direito ao silêncio, no


S
TE

momento em que o dever de informação se impõe, torna ilícita a prova. Isso porque o
ES

privilégio contra a auto-incriminação (nemo tenetur se detegere), erigido em garantia


PR

fundamental pela Constituição, importou compelir o inquiridor, na polícia ou em juízo,


A

ao dever de advertir o interrogado acerca da possibilidade de permanecer calado.


D
ZA

Dessa forma, qualquer suposta confissão firmada, no momento da abordagem, sem


OU

26
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
observação ao direito ao silêncio, é inteiramente imprestável para fins de condenação

A
UZ
e, ainda, invalida demais provas obtidas através de tal interrogatório. No caso, a leitura

LO
dos depoimentos dos policiais responsáveis pela prisão da paciente demonstra que não

EL
foi observado o citado comando constitucional. (RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar

IZ
Mendes, julgado em 4/5/2021).

GE
04
70
58
e) Repercussões Materiais do Direito à Não Auto-Incriminação

81
1º) Crime de Denunciação Caluniosa

7
95
A garantia da não autoincriminação não abarca a possibilidade de incriminação de terceiros inocentes,

A
podendo ensejar a responsabilização pelo crime de denunciação caluniosa (art. 339, CP)

CC
Não se tolera que, no exercício da autodefesa, 3º reconhecidamente inocente seja incriminado, de forma
ZA
que responderá por denunciação caluniosa o imputado que, procurando se esquivar da responsabilização penal,
S
TE

venha a praticar a conduta prevista no art. 339 do CP. Quadro diverso se dá em casos de incriminação exclusiva
ES

dos coautores e partícipes, denunciados conjuntamente com o réu. Isso porque o acusado não satisfaz o núcleo
PR

verbal do crime de denunciação caluniosa na medida em que não dá causa a nada, não provoca a instauração
14156
DA

de nenhum procedimento investigatório, existindo, apenas, o exercício do direito de defesa.


ZA

Ex.: Em caso de investigação de crime cometido em concurso de agentes, em que os acusados atribuem a culpa
OU

totalmente aos demais.


LL
ZE

2º) Crime de Uso de Documento Falso (art. 304 do CP):


EI

A garantia a não autoincriminação não legitima o uso de documento falso porque vulnerada a fé-
G

pública, extrapolando-se os limites da autodefesa


04
70

3º) Crime de Falsa Identidade (307 do CP) e Contravenção pertinente a recusa no fornecimento de dados
58

qualificativos (68 da LCP):


1
78

No crime de atribuir falsa identidade (art. 307 do CP) não há emprego de documento falso, o sujeito
95

apenas se declara falsamente ou usa documento verdadeiro, mas que não é dele e sim de um irmão ou amigo
A

muito parecido.
CC

É preciso distinguir as hipóteses conforme a condição do agente que pratica o crime:


ZA
S
TE

a) Testemunha: incorrerá no crime do art. 307 do CP ou no art. 68 da LCP.


14156
ES

b) Acusado: Divergência.
PR

1ªC: Tais condutas quando perpetradas pelo imputado são materialmente atípicas porque em verdade
A

traduzem exercício de autodefesa. Alguns autores, como Álvaro da Costa, ainda ponderam a existência de
D
ZA
OU

27
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
injusto impossível por absoluta impropriedade do meio, haja vista todos os mecanismos de identificação

A
UZ
criminal hoje à disposição do estado.

LO
2ªC – Majoritária e STF: O fornecimento de dados qualificativos corretos não importa autoincriminação.

EL
Tanto é que, se a qualificação por si só fosse mecanismo de autodefesa, ela seria chancelada pela CF e não

IZ
afastada com a sujeição à identificação criminal. Logo, não os ofertar ou atribuir-se falsa identidade

GE
configuram os ilícitos penais previstos no artigo 68 da LCP e artigo 307, do CP, não se mostrando

04
acobertados pela autodefesa.

70
58
Autores como Nucci ainda ponderam o artigo 186, caput, do CPP, alegando que o direito ao silêncio apenas

81
é anunciado depois de obtido os dados qualificativos, logo o direito ao silêncio não compreenderia os dados

7
95
qualificativos.

A
CC
Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial
ZA
é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
S
TE
ES

STF firmou a seguinte tese em sede de repercussão geral:


PR

“O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, LXIII, da CF/88) não alcança aquele
14156
DA

que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus
ZA

antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP)”
OU

( RE 640.139)
LL
ZE

4º) Crime de Omissão de Socorro no CTB (art. 305):


GEI

Art. 305, do CTB - “afastar- se o condutor, do veículo do local do acidente, para fugir à
04
70

responsabilidade penal ou civil que lhe possa ser


14156
atribuída”.
58
1
78

Em que pese existirem posições na doutrina defendendo a incompatibilidade do art. 305 do CTB com a
95

garantia nemo tenetur se detegere, o STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A
CC

“A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é
ZA

constitucional, posto não infirmar o princípio da não incriminação, garantido o direito


S
TE

ao silêncio e ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e da antijuridicidade.”


ES

STF. Plenário. RE 971959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (Repercussão
PR

Geral – Tema 907) (Info 923).


AD
ZA

5º) Crime de Desobediência (art. 330, CP):


OU

28
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto de policiamento

A
UZ
ostensivo, para a prevenção e repressão de crimes, constitui conduta penalmente típica, prevista no art. 330 do

LO
Código Penal Brasileiro. STJ. 3ª Seção. REsp 1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em

EL
09/03/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1060) (Info 732)

IZ
Conforme destaca o informativo 732 do STJ:

GE
O STJ já decidiu que "os direitos ao silêncio e de não produzir prova contra si mesmo

04
não são absolutos, razão pela qual não podem ser invocados para a prática de outros

70
58
delitos. Embora por fatos diversos, aplica-se ao presente caso a mesma solução

81
jurídica decidida pela Terceira Seção desta Corte Superior quando do julgamento do

7
95
REsp n. 1.362.524/MG, submetido à sistemática dos recursos repetitivos, no qual foi

A
fixada a tese de que 'típica é a conduta de atribuir-se falsa identidade perante

CC
autoridade policial, ainda que em situação de alegada autodefesa'" (HC 369.082/SC,
ZA
Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 27/6/2017, DJe 1º/8/2017).
S
TE

Conforme apontado pelo Ministério Público Federal em seu parecer, "a possibilidade
ES

de prisão por outro delito não é suficiente para afastar a incidência da norma penal
PR

incriminadora, haja vista que a garantia da não autoincriminação não pode elidir a
14156
DA

necessidade de proteção ao bem jurídico tutelado pelo crime de desobediência. [...]


ZA

O acusado tem direito constitucional de permanecer calado, de não produzir prova


OU

contra si e, inclusive, de mentir acerca do fato criminoso. Contudo, a pretexto de


LL

exercer tais prerrogativas, não pode praticar condutas consideradas penalmente


ZE

relevantes pelo ordenamento jurídico, pois tal situação caracteriza abuso do direito,
EI

desbordando a respectiva esfera protetiva".


G

Assim, o entendimento segundo o qual o indivíduo, quando no seu exercício de


04
70

defesa, não teria a obrigação de se submeter à ordem legal oriunda de funcionário


58

público pode acarretar o estímulo à impunidade e dificultar, ou até mesmo impedir,


1
78

o exercício da atividade policial e, consequentemente, da segurança pública. STJ. 3ª


95

Seção. REsp
14156
1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
A

09/03/2022.
CC
ZA

4.1 Condução Coercitiva


S
TE
ES

Art. 260, do CPP - “se o acusado não atender a intimidação para o interrogatório,
PR

reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
A

autoridade poderá mandar conduzi-lo a sua presença”.


D
ZA
OU

29
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
a) Conceito

A
UZ
Por meio deste mandado de condução coercitiva, o investigado (ou acusado) é PRIVADO de sua

LO
liberdade de locomoção pelo lapso temporal necessário para ser levado à presença da Polícia Judiciária (ou

EL
MP) e participar de ato de investigação preliminar (ou ato processual penal) no qual sua presença seja

IZ
considerada imprescindível.

GE
04
b) Natureza Jurídica: Há divergência na doutrina.

70
58
81
1ª C (Prof. Marcus Paulo): A condução coercitiva é uma MEDIDA ADMINISTRATIVA e, por isso, pode ser

7
95
determinada não só pelo juiz (medida judicial e não jurisdicional), mas também pelo delegado bem como em

A
sede de CPI.

CC
ZA
2ª C (Renato Brasileiro): A condução coercitiva MEDIDA CAUTELAR DE NATUREZA PESSOAL DIVERSA DA PRISÃO.
S
TE

Conquanto não listada no rol das medidas cautelares diversas da prisão previstas nos artigos 319 e 320 do CPP,
ES

a condução coercitiva do investigado (ou acusado) também funciona como medida cautelar de coação pessoal.
PR

(1) Trata-se de medida de natureza urgente que irá recair sobre a liberdade de locomoção do acusado (ele
14156
14156
DA

não será preso, mas terá sua liberdade de locomoção cerceada por um determinado período).
ZA

(2) Há restrição na liberdade de locomoção, porém em grau menor que as prisões cautelares, vez que adstrita
OU

ao tempo necessário para a preservação das fontes de prova.


LL

(3) Não pode durar mais de 24h, sob pena de assumir as vestes de prisão cautelar.
ZE
EI

c) Autoridade Competente:
G

A polícia judiciária e o MP podem expedir os mandados de condução coercitiva de investigado ou trata-


04
70

se de medida que desafia prévia autorização judicial?


58

O mandado de condução coercitiva é muito pouco trabalhado pela doutrina processual penal. O artigo
1
78

260 prevê: “…a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”. O CPP não diz expressamente quem é
95

essa autoridade. Por isso, diante dessa redação dúbia do artigo 260, que o tema provoca tantas controvérsias.
A
CC

1ª C (Prof. Marcus Paulo + Precedente do STF): Dispensa autorização judicial prévia.


ZA

● Por se tratar de medida administrativa, a condução coercitiva pode ser determinada não só pelo
S
TE

juiz(medida judicial e não jurisdicional), mas também pelo delegado bem como em sede de CPI.
ES

● O STF TEM UM PRECEDENTE DE 2011 QUE PERMITE A CONDUÇÃO COERCITIVA DECRETADA PELA
PR

AUTORIDADE POLICIAL. (HC 107.644/SP: “Legitimidade dos agentes policiais, sob o comando da
A

autoridade policial competente (artigo 4º do CPP e artigo 6º do mesmo diploma legal), para tomar todas
D
ZA

as previdências necessárias à elucidação de um delito”). Trata-se de um precedente isolado.


OU

30
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
14156

A
UZ
2ª C (Renato Brasileiro): Desafia prévia autorização judicial vez que se trata de medida que importa em restrição

LO
à liberdade de locomoção.

EL
● Mandado de condução coercitiva É MATÉRIA SUJEITA À CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL.

IZ
● O artigo 260, CPP deve ser interpretado de maneira que a autoridade competente é a judiciária (não

GE
pode o MP e nem a polícia judiciária). Interpretação dos artigos 260 + 282, §2º, ambos do CPP.

04
70
58
d) Mandado de condução coercitiva e o Direito de não produzir prova contra si mesmo

81
Pela leitura do art. 260 do CPP, cabe condução coercitiva para a PRÁTICA DE ATOS QUE NÃO PODEM

7
95
SER REALIZADOS SEM A PRESENÇA do acusado/investigado. Ex.: interrogatório, reconhecimento.

A
A condução coercitiva é constitucional em face da garantia da não autoincriminação, com assento

CC
constitucional e na CADH?
ZA
1ª C: Sim. A condução coercitiva em si é perfeitamente constitucional:
S
TE

(1) Isoladamente considerada, a condução coercitiva não obriga o imputado a produzir prova contra si próprio,
ES

este ao chegar ao local a que foi conduzido pode se recusar a se sujeitar ao procedimento probatório ao
PR

qual está a condução coercitiva atrelada. Assim, o que haverá será a inutilidade desta medida.
14156
DA

(2) Ademais, por vezes a condução coercitiva pode até se mostrar benéfica ao réu, como no caso de defensor
ZA

público que solicita a condução coercitiva de seu assistido com o objetivo de viabilizar a possibilidade de
OU

suspensão condicional do processo, ponderando-se que o réu não é obrigado a conhecer direito processual
LL

penal e nem a possibilidade de sursis processual.


ZE

2ª C (Renato Brasileiro): É constitucional, desde que interpretado à luz da garantia a não autoincriminação,
EI

com assento constitucional e na CADH.


G

Pode ser conduzido coercitivamente para a prática de atos processuais que não estejam protegidos
04
70

pela garantia a não autoincriminação, ou seja, PROCEDIMENTOS PROBATÓRIOS EVASIVOS PASSIVOS, QUE
58

EXIGEM APENAS UMA POSTURA PASSIVA, UM TOLERAR do acusado ou investigado. Ex.: reconhecimento
1
78

pessoal.
95

Não poderá ser conduzido coercitivamente para A PRÁTICA DE PROCEDIMENTOS PROBATÓRIOS INVASIVOS
A

OU EVASIVOS ATIVOS, QUE DEMANDAM UMA COLABORAÇÃO ATIVA, UM AGIR por parte do acusado, pois
CC

nestes casos, há proteção constitucional. Ex.: interrogatório.


ZA
S
TE

Em 2018, o STF declarou a condução coercitiva INCOMPATÍVEL com a CF (não recepção)


ES

QUANDO IMPLEMENTADA PARA FINS DE INTERROGATÓRIO. O argumento base foi a garantia da


PR

não autoincriminação”.
AD
ZA

Na ADPF 444, o Ministro Gilmar Mendes, em 18/12/17, em medida liminar, proibiu a condução coercitiva para
OU

31
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
interrogatório, com base nos seguintes argumentos:

A
UZ
i. O STF entendeu que a condução coercitiva viola a liberdade de locomoção;

LO
ii. O STF entendeu que a condução coercitiva viola a dignidade da pessoa humana.

EL
IZ
Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal

GE
conduta poderá ensejar:

04
⦁ Responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade;

70

58
Ilicitude das provas obtidas;

81
⦁ Responsabilidade civil do Estado.

7
95
A
Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não desconstitui (não invalida) os

CC
interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que os interrogados tenham sido
ZA
coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min.
S
TE

Gilmar Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).


ES
PR

Segundo Renato Brasileiro, a condução coercitiva continua cabível para outras hipóteses que não sejam
14156
DA

o interrogatório.
ZA

Insta salientar que, com o advento da Lei 13.869/2019 (Nova Lei de Abuso de Autoridade), conduzir
OU

coercitivamente investigado ou testemunha, quando manifestamente descabida ou sem prévia intimação,


LL

configura crime de abuso de autoridade.


ZE
EI

Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha


14156
ou investigado manifestamente
G

descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:


04
70

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


58
1
78

Embora a norma se refira a “comparecimento ao juízo”, é certo que o instituto da condução coercitiva,
95

tradicionalmente, também se aplica em âmbito policial, mormente quando envolve testemunhas, ofendidos ou
A

investigados recalcitrantes, tudo isso em analogia aos art. 201, §único, art. 218 e art. 260, o CPP. Além disso, o
CC

próprio tipo penal também fala em “investigado”.


ZA

No mais, são dois os comportamentos puníveis: “decretar condução coercitiva manifestamente


S
TE

descabida” ou “decretar condução coercitiva sem prévia intimação de comparecimento”.


ES

A condução coercitiva, pelo próprio nome, impõe obrigatoriedade de acatamento e, por senso jurídico,
PR

pressupõe que a pessoa foi devidamente cientificada e não atendeu ao chamado da autoridade.
A

Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a condução coercitiva
D
ZA

de réu ou investigado para interrogatório, constante do artigo 260 do CPP, não foi recepcionada pela CRFB 88.
OU

32
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A decisão foi tomada no julgamento das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 395 e

A
UZ
444, ajuizadas, respectivamente, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pela Ordem dos Advogados do Brasil

LO
(OAB). O emprego da medida, segundo o entendimento majoritário, representa restrição à liberdade de

EL
locomoção e viola a presunção de não culpabilidade, sendo, portanto, incompatível com a Constituição Federal.

IZ
O que o art. 10 fez foi apenas tipificar a conduta que já era não recepcionada. Agora conduzir

GE
coercitivamente é crime. Como se não bastasse, foi além do investigado, alcançando a testemunha, pois no

04
julgado nas ADPF’s nada disseram sobre as testemunhas. Além disso, o mencionado dispositivo não imputa crime

70
58
no caso de condução de vítima (cuidado!).

81
7
95
ATENÇÃO: O tipo penal usa as expressões investigado e testemunha, portanto à luz do princípio da legalidade,

A
nada obsta a condução coercitiva do réu, pois seria analogia in malan partem.

CC
ZA
Nesse sentido, o professor Rogério Sanches e Rogério Greco (Abuso de Autoridade, pg. 97):
S
TE
ES

“Assim, em virtude da redação legal, entendemos que se for decretada a condução


PR

coercitiva manifestamente descabida do acusado não se poderá falar em abuso de


14156
DA

autoridade por parte do juiz que a decretou, sendo esta, portanto, uma falha que não
ZA

poderá ser preenchida via analogia”.


OU
LL

CAIU EM PROVA:
ZE

(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): É permitida a condução coercitiva do investigado até a delegacia
EI

de polícia para submetê-lo ao procedimento de reconhecimento de pessoa, não havendo mácula ao preceito
G
04

nemo tenetur se detegere- item considerado correto.


70
58

5. PROVAS INADMISSÍVEIS
1
78

14156
95

a) Considerações iniciais: A vedação de provas ilícitas está amparada no Estado Democrático de Direito. Não é
A
CC

admissível que o Estado tenha uma postura delituosa na produção de provas. Agindo assim, o Estado estaria
ZA

se nivelando ao próprio criminoso.


S
TE

b) Fundamento: Proteção aos direitos fundamentais.


ES
PR

De nada adiantaria a CF prever a inviolabilidade das ligações telefônicas, por exemplo, se fosse permitido
AD

ao Estado grampear aparelhos telefônicos sem autorização judicial. Ou, ainda, não faria sentindo proteger o
ZA

domicílio e possibilitar a entrada sem mandado ou flagrante para fazer buscas.


OU

33
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Como todo e qualquer direito fundamental, o direito à prova não tem natureza absoluta. Está sujeito a

A
UZ
limitações porque
14156
coexiste com outros direitos igualmente protegidos pelo ordenamento jurídico.

LO
EL
● Previsão Legal

IZ
A Constituição Federal, em seu art. 5º, LVI, veda a admissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos.

GE
04
CF, art. 5º, LVI: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;”.

70
58
81
Do mesmo modo, o Código de Processo Penal dispõe no art. 157 acerca da inadmissibilidade das provas

7
95
ilícitas.

A
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,

CC
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
ZA
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
S
TE

evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas


ES

puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.


PR

§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
14156
DA

e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao


ZA

fato objeto da prova.


OU

§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta


LL

será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente.


ZE

§ 4º (VETADO) (Incluído pela Lei n. 11.690, de 2008)


EI

§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá


G

proferir a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)


04
70
58

5.1 Distinção Entre Prova Ilícita e Prova Ilegítima


1
78
95

Trata-se de uma distinção doutrinária, trazida para o Brasil por Ada Pellegrini, mas sendo fruto de uma
A

criação de Pietro Novolone.


CC
ZA

PROVA ILÍCITA PROVA ILEGÍTIMA


S
TE

É a prova produzida com violação à regra de É a prova produzida com violação à regra de
ES

direito material. direito processual.


PR

Ex art. 479, CPP.


A

Obs.: O art. 157, caput, do CPP conceituou


D
ZA
OU

34
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
“provas ilícitas” como: “obtidas em violação a

A
UZ
normas constitucionais ou legais”. No entanto, a

LO
redação não é clara, pois deixa dúvidas se as

EL
“normas legais” seriam somente de direito

IZ
material ou de direito material e processual.

GE
04
Há duas correntes:

70
58
1C: Interpretação extensiva - O conceito de prova

81
ilícita, a partir da reforma processual de 2008,

7
95
passou a abranger o conceito de prova ilegítima.

A
Como a lei não estabeleceu nenhuma distinção,

CC
a prova ilícita violaria tanto uma norma legal de
direito material como também uma norma legal ZA
S
TE

de direito processual. Assim, a distinção não teria


ES

mais sentido algum.


PR

14156
DA

2C: Interpretação restritiva - Quando o


ZA

dispositivo
14156
faz referência às “normas legais” ele
OU

estaria fazendo menção apenas às normas legais


LL

de direito material.
ZE

Momento: É produzida, em regra, antes do Momento: É produzida no curso do processo


EI

processo (extraprocessual). (endoprocessual)


G

Ex: Confissão obtida mediante tortura. Ex: Exame cadavérico feito por apenas um
04
70

Obs.: É possível que haja prova ilícita dentro do perito não oficial (deveriam ser dois).
58

processo, por exemplo, o juiz não adverte o


1
78

acusado que possui direito ao silêncio.


95

Consequências: Por serem inadmissíveis, Consequências: Declaração de nulidade


A

deverão ser excluídas (desentranhadas) do (absoluta ou relativa), aplicando-se a Teoria


CC

processo, nos termos do art. 157, §3º do CP. das Nulidades.


ZA
S
TE

O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem como
ES

consequência imediata o desentranhamento dos autos e a sua inutilização, para que não se possa influenciar
PR

indevidamente o convencimento do magistrado.


A

O desentranhamento é o ato que materializa o que a doutrina chama de DIREITO DE EXCLUSÃO, para
D
ZA

que não se possa influenciar indevidamente o convencimento do magistrado.


OU

35
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O artigo 157, §3º, CPP prevê o desentranhamento da prova ilícita:

A
UZ
LO
Art.157, §3º, CPP - Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada

EL
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar

IZ
o incidente.

GE
04
Cuidado! O que deve ser desentranhado dos autos é a PROVA, e não os autos processuais que fazem

70
58
menção à prova ilícita. Assim já decidiu o STF:

81
7
95
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem ser

A
desentranhadas do processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela deverá

CC
ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que fazem
ZA
14156

referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas
S
TE

e substituídas. A denúncia, a sentença de pronúncia e as demais peças judiciais não são


ES

"provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que determina a exclusão das
PR

provas obtidas por meios ilícitos prevista no art. 157 do CPP. Assim, a legislação, ao
14156
DA

tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a exclusão de "peças processuais"
ZA

que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC 137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
OU

julgado em 29/11/2016 (Info 849).


LL
ZE

STF determinou o desentranhamento do termo de colaboração premiada de Antônio


EI

Palocci do processo penal que tramita contra Lula, cuja juntada aos autos teria sido
G

promovida indevidamente, de ofício, pelo ex-Juiz Sérgio Moro. A defesa do ex-


04
70

Presidente Lula impetrou habeas corpus no STF pedindo o desentranhamento do


58

“Termo de Colaboração de Antônio Palocci Filho”, cuja juntada aos autos foi promovida
1
78

de ofício, pelo então Juiz Federal Sérgio Moro. O STF entendeu que essa juntada foi
95

ilícita e determinou o seu desentranhamento. Os Ministros apontaram três


A

circunstâncias envolvendo essa conduta que revelariam a parcialidade do magistrado


CC

na condução do processo: Em primeiro lugar, o termo de colaboração foi juntado


ZA

quando a fase de instrução processual havia sido encerrada, de forma que as


S
TE

declarações sequer estariam aptas a fundamentar a prolação da sentença. Em segundo,


ES

aconteceu cerca de três meses após a decisão judicial que o homologara. Para os
PR

Ministros, essa demora parece ter sido cuidadosamente planejada para gerar
A

verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições
D
ZA

presidenciais. Ato contínuo à juntada, foi determinado o imediato levantamento do


OU

36
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
sigilo, com clara finalidade de que fosse dada publicidade às imputações dirigidas ao

A
UZ
réu, sem que as circunstâncias narradas no ajuste fossem relevantes para a ação penal

LO
em andamento. Em terceiro, o fato de a juntada e o levantamento do sigilo terem

EL
ocorrido por iniciativa do próprio juiz, isto é, sem qualquer provocação do órgão

IZ
acusatório. A determinação da juntada desse termo de delação, nesses moldes,

GE
consubstancia inequívoca quebra da imparcialidade. STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR,

04
rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em

70
58
4/8/2020 (Info 985).

81
7
95
Contudo, existem hipóteses elencadas pela doutrina em que a prova, em que pese ilícita e, por

A
conseguinte, desentranhada dos autos, NÃO será inutilizada:

CC
1) Quando a prova PERTENCER LICITAMENTE a alguém ZA
S

TE

Pode ser que essa prova ilícita que foi desentranhada do processo seja um objeto qualquer que pertence
ES

de maneira lícita a um terceiro.


PR

− Ex. alguém viola o domicílio de alguém e pega uma carta. Se essa carta é reconhecida como ilícita num
14156
DA

futuro processo, ela não precisa ser destruída, pois a carta, em si, é um objeto lícito pertencente a
ZA

alguém.
OU
LL

2) Quando a PROVA ILÍCITA CONSISTIR NO CORPO DE DELITO em relação àquele que praticou um crime
ZE

14156
para obtê-la.
EI

− A prova ilícita pode ser a prova do crime da pessoa que a produziu.


G


04

Ex. Caso dos policiais que foram apurar um crime de corrupção supostamente praticado por uma escrivã
70

e tiraram a roupa da mulher à força (para pegar o dinheiro de corrupção que ela supostamente guardava
58

na calcinha). Os policiais, inclusive, gravaram todo o fato. Se, no processo de apuração da corrupção,
1
78

essa prova for reconhecida como ilícita, não pode ela ser destruída, porque ela prova a prática de crime
95

de abuso de autoridade ou constrangimento ilegal por parte dos policiais.


A
CC
ZA

Com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), foi inserido no CPP o §5º ao art. 157, com a seguinte
S

redação:
TE
ES

Art. 157. [...] § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não
PR

poderá proferir a sentença ou acórdão. (NR)


AD
ZA
OU

37
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O §5º positivou o que há muito tempo clamava a doutrina1, que sempre afirmou que o mero

A
UZ
desentranhamento da prova ilícita não era a única solução a ser tomada, pois, o juiz que tem contato com a

LO
prova ilícita, passa a ser impedido para o julgamento.

EL
IZ
“Quanto ao problema da contaminação do juiz que teve contato com a prova ilícita e

GE
que deve(ria) ser impedido de julgar, o veto ao § 4º do art. 157 deve ser analisado a

04
partir de seus próprios “fundamentos”, de que a exclusão desse juiz comprometeria a

70
58
“eficácia” do processo penal, gerando tumulto nas comarcas de juízo único. Logo, a

81
contrário senso, nas varas em que existam dois ou mais juízes, não se justificaria a

7
95
manutenção do juiz contaminado! Não havendo o motivo apontado no veto, não há

A
mais o menor fundamento para – erroneamente – manter um juiz contaminado no

CC
processo, proferindo sentença a partir da convicção formada com base na prova ilícita.
ZA
É óbvio que o juiz que conheceu a prova ilícita não pode julgar, pois está contaminado.
S
TE

Não basta desentranhar a prova; deve-se “desentranhar” o juiz!”


ES
PR

Ressalta-se que parte da doutrina afirma que não haveria impedimento se foi o próprio juiz a quo que
14156
DA

identificou a ilicitude.14156
Isso porque, como ele pode ser tido por impedido se ele se limitou a fazer o que manda a
ZA

Constituição, ou seja, não admitir provas ilícitas? Se ele agiu em conformidade com a Constituição, não podemos
OU

extrair desse seu comportamento qualquer causa de impedimento. Por outro lado, se o reconhecimento da
LL

ilicitude proveio de uma instância superior, portanto, esse juiz não pode prosseguir, porque além de o juiz já ter
ZE

assimilado aquela informação, para ele está tudo certo, ou seja, ele vai desentranhar aquela prova contra sua
EI

vontade, dando cumprimento a uma determinação que proveio de órgão jurisdicional de instância superior, e aí
G

sim se justifica o seu afastamento, o seu impedimento (Marcos Dutra).


04
70

Cumpre destacar que essa novidade legislativa se encontra com a eficácia suspensa, em sede de medida
58

cautelar, concedida pelo Min. Fux nas ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
1
78
95

5.2 Teoria da Prova Ilícita por Derivação


A
CC

São meios probatórios que, não obstante lícitos em sua essência, em seu momento de produção, por
ZA

decorrem de uma prova anteriormente obtida por meios ilícitos, são contaminados pela ilicitude originária. Tal
S
TE

vício da ilicitude originária é transmitida em razão do nexo causal existente entre elas. Ex.: confissão de homicídio
ES

mediante tortura.
PR
DA
ZA

1
(Jr, 2016, p. 363)
OU

38
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A prova ilícita por derivação é uma aplicação da teoria americana da árvore dos frutos envenenados,

A
UZ
segundo a qual o defeito existente no tronco contamina os frutos.

LO
A prova ilícita por derivação surge no Direito Americano, no julgado Silverthorne Lumber Co. X EUA

EL
(1920) e depois outro julgado em 1939 (Caso Nardone x EUA). A partir desse segundo julgado, começa a ser

IZ
utilizada a chamada Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (“fruits of poisonous tree theory”).

GE
No Brasil, ao julgar o HC 80.949, o STF considerou ilícita uma gravação feita por policiais de confissão do

04
acusado sem que houvesse advertência formal quanto ao direito ao silêncio.

70
58
Essa teoria era somente adotada pela jurisprudência, mas com a reforma do CPP em 2008, tornou-se

81
texto legal (art. 157, §1º):

7
95
A
Art. 157, § 1o São também inadmissíveis AS PROVAS DERIVADAS DAS ILÍCITAS, salvo

CC
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
ZA
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
S
TE
ES

Veja uma decisão em que o STJ aborda expressamente a teoria (REsp 1.630.097/RJ – 5ª T. STJ):
PR

14156
DA

O Tribunal de origem considerou que, embora nada de ilícito houvesse sido encontrado
ZA

em poder do acusado, a prova da traficância foi obtida em flagrante violação ao


OU

direito constitucional à não autoincriminação, uma vez que aquele foi compelido a
LL

reproduzir, contra si, conversa travada com terceira pessoa pelo sistema viva-voz do
ZE

celular, que conduziu os policiais à sua residência e culminou com a arrecadação de


EI

todo material estupefaciente em questão. 2. Não se cogita estar diante de descoberta


G

inevitável, porquanto este fenômeno ocorre quando a prova derivada seria descoberta
04
70

de qualquer forma, com ou sem a prova ilícita, o que não se coaduna com o caso aqui
58

tratado em que a prova do crime dependeu da informação obtida pela autoridade


1
78

policial quando da conversa telefônica travada entre o suspeito e terceira pessoa. 3. O


95

relato dos autos demonstra que a abordagem feita pelos milicianos foi obtida de forma
14156
A

involuntária e coercitiva, por má conduta policial, gerando uma verdadeira


CC

autoincriminação. Não se pode perder de vista que qualquer tipo de prova contra o
ZA

réu que dependa dele mesmo só vale se o ato for feito de forma voluntária e
S
TE

consciente.4. Está-se diante de situação onde a prova está contaminada, diante do


ES

disposto na essência da teoria dos frutos da árvore envenenada (fruits of the


PR

poisonous tree), consagrada no art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal, que
A

proclama a nódoa de provas, supostamente consideradas lícitas e admissíveis, mas


D
ZA

obtidas a partir de outras declaradas nulas pela forma ilícita de sua colheita.
OU

39
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
5.2.1 Limitações à Teoria da Prova Ilícita por Derivação

LO
EL
Com o passar dos anos, a Suprema Corte Americana entendeu que a Teoria da Prova Ilícita por Derivação

IZ
não poderia ser aplicada de forma ilimitada. Diante disso, surgiram teorias que visam a licitude da prova.

GE
São elas: Teoria da Fonte Independente, Descoberta Inevitável, Nexo Atenuado e Teoria do Encontro

04
Fortuito de Prova.

70
58
81
I. TEORIA DA FONTE INDEPENDENTE

7
95
A
Trata-se da prova obtida de forma independente, não sendo contaminada pelo veneno da prova ilícita.

CC
Assim, de um lado ela tem relação com a prova ilícita, mas por outro lado tem uma fonte independente que a
torna lícita. ZA
S
TE

Segundo Renato Brasileiro, “se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente,
ES

novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de
PR

dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais dados
14156
DA

probatórios são admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária”.
ZA

Essa teoria tem origem no direito americano (The Independent Source Limitation) no caso Bynum X US,
OU

onde o cidadão foi preso ilegalmente e, com essa prisão, fizeram uma identificação datiloscópica. Com a
LL

identificação (ilegal por derivação) acharam suas digitais na cena do crime. Pela ilegalidade, a Corte exclui essa
ZE

identificação. No entanto, posteriormente, verificaram que já existia uma identificação no sistema do FBI, de
EI

forma independente, o que possibilitou o processo e a condenação do Bynum.


G

A Teoria da Fonte Independente já era adotada pelo STF (RHC 90.376, HC 83921), vindo a ser inserida no
04
70

art. 157, §1º.


158
78

Art. 157, § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
95

não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas


A

puderem ser obtidas por uma FONTE INDEPENDENTE das primeiras.


CC
ZA

ATENÇÃO: Segundo a doutrina, o legislador teria cometido um equívoco na redação do art. 157, §2º, pois na
S
TE

verdade ele conceituou no § 2º não a limitação da fonte independente, mas a teoria da descoberta inevitável
ES

14156
da prova.
PR
A

II. TEORIA DA DESCOBERTA INEVITÁVEL


D
ZA
OU

40
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Essa teoria também tem origem no direito norte-americano (The Inevitable Discovery Limitation) no

A
UZ
julgado Nix X Williams II (1984). O cidadão era suspeito de matar alguém, porém o cadáver não era localizado.

LO
Ele foi coagido e confessou onde estava o cadáver, que foi apreendido (prova ilícita por derivação). No entanto,

EL
no caso concreto, 200 voluntários da cidade já estavam fazendo uma varredura atrás do cadáver. A Suprema

IZ
Corte então decidiu: Realmente o cadáver foi descoberto por meio ilícito, porém na situação concreta, como os

GE
200 moradores já estavam nas imediações do cadáver, a descoberta seria inevitável, portanto, a apreensão do

04
cadáver foi lícita.

70
58
Segundo Renato Brasileiro, “se restar demonstrado que a prova derivada da ilícita seria produzida de

81
qualquer modo, independentemente da prova ilícita originária, tal prova deve ser considerada válida”.

7
95
Cuidado: Não é possível se valer dessa teoria com base em dados meramente especulativos, sendo

A
indispensável a existência de dados concretos, que demonstrem que a descoberta seria inevitável. Em outras

CC
palavras: a descoberta inevitável que conduz à licitude de uma prova colhida de forma irregular está pautada em
ZA
um JUÍZO DE INEVITABILIDADE. Assim, as provas ilícitas podem ser aproveitadas desde que seja cabalmente
S
TE

provado que a prova chegaria nos autos de qualquer maneira (juízo de inevitabilidade), considerando-se o
ES

rumo regular e lícito das investigações, o que tornaria irrelevante a sua obtenção primária ilícita.
PR

O STJ (HC 52.995) foi o primeiro Tribunal Superior a adotar a Limitação da Descoberta Inevitável. O STF
14156
DA

possui alguns precedentes adotando a referida teoria (HC 91.867).


ZA
OU

STJ: “(...) A inviolabilidade dos sigilos é a regra, e a quebra, a exceção. Sendo exceção,
LL

deve-se observar que a motivação para a quebra dos sigilos seja de tal ordem
14156
ZE

necessária que encontre apoio no princípio da proporcionalidade, sob pena de se


EI

considerarem ilícitas as provas decorrentes dessa violação. Assim, a par da regra da


G

liberdade dos meios de prova, excetua-se a utilização daquelas obtidas por meios
04
70

ilegais, conforme dispõe o inciso LVI do art. 5º da Constituição Federal, inserindo-se,


58

nesse contexto, as oriundas da quebra de sigilo sem autorização judicial devidamente


1
78

motivada. Entretanto, no caso, há que se fazer duas considerações essenciais que


95

afastam, por completo, a proteção que ora é requerida por meio de reconhecimento
A

de nulidade absoluta do feito. A primeira diz respeito a própria essência dessa nulidade
CC

que, em tese, ter-se-ia originado com a publicidade dada pelo banco ao sobrinho da
ZA

vítima, que também era seu herdeiro. (...) Tratou-se toda a operação bancária de um
S
TE

golpe efetivado por meio de um engodo. Titularidade solidária que detinha uma das
ES

pacientes e que agora é reclamada para efeitos de autorização legal, decorreu de ilícito
PR

efetivado contra vítima. Pretende-se, na verdade, obter benefício com a própria prática
A

criminosa. Impossibilidade de se beneficiar da própria torpeza. A segunda


D
ZA

consideração, não menos importante, é que o extrato ou documento de transferência


OU

41
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
foi obtido por herdeiro da vítima, circunstância que ocorreria de qualquer maneira

A
UZ
após a sua habilitação em inventário, a ensejar, da mesma maneira, o desenrolar do

LO
processo tal qual como ocorreu na espécie. Acolhimento da teoria da descoberta

EL
inevitável; a prova seria necessariamente descoberta por outros meios legais. No

IZ
caso, repita-se, o sobrinho da vítima, na condição de herdeiro, teria,

GE
inarredavelmente, após a habilitação no inventário, o conhecimento das

04
movimentações financeiras e, certamente, saberia do desfalque que a vítima havia

70
58
sofrido; ou seja, a descoberta era inevitável. Ordem denegada” (STJ, 6ª Turma, HC

81
52.995/AL, Rel. Min. Og Fernandes, Dje 04/10/2010)

7
95
A
Para muitos doutrinadores, essa teoria teria sido adotada pelo legislador no art. 157, §2º, in verbis:

CC
ZA
Art. 157, §2o Considera-se fonte independente (descoberta inevitável) aquela que por
S
TE

si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução


ES

criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova.


PR

14156
14156
DA

Cuidado para não confundir com a teoria da fonte independente vista acima! Com efeito, quando o
ZA

referido dispositivo faz menção à fonte independente, quis, na verdade, trazer o conceito da limitação da
OU

descoberta inevitável.
LL
ZE

Obs.: Alguns doutrinadores (posição minoritária) afirmam que a adoção desta teoria pelo Brasil seria
EI

inconstitucional, pois ela estaria limitando excessivamente a vedação da prova ilícita constante da CF.
G
04
70

III. LIMITAÇÃO DA MANCHA PURGADA, NEXO ATENUADO OU TINTA DILUÍDA (TEORIA DOS VÍCIOS
58

SANADOS)
1
78
95

Como todas as demais, essa teoria também tem origem no Direito Americano (Teoria dos Vícios Sanados
A

ou da Tinta Diluída ou da Mancha Purgada – “Purge Taint Limitation” ou “Atenuated Connection Limitation”).
CC

Ocorre quando um ato posterior, totalmente independente, afasta a ilicitude originária. O vício da
ZA

ilicitude originária é atenuado em virtude do espaço temporal decorrido entre a prova primária e a secundária,
S
TE

ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou da vontade de um dos envolvidos em


ES

colaborar com a persecução criminal.


PR

Essa teoria foi adotada no caso Wong Sun v. United States (1963). Nesse caso, policiais da 'delegacia de
A

entorpecentes' entraram num domicílio sem 'causa provável' (indícios probatórios necessários para tal) e
D
ZA

prenderam ilegalmente 'A', o qual, quase imediatamente depois, acusou 'B' de ter vendido a droga. Os policiais,
OU

42
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
em seguida, prenderam ilegalmente 'B', o qual, por sua vez, indicou 'C', que também foi preso ilegalmente. Vários

A
UZ
dias mais tarde, depois de 'C' ter sido libertado, 'C' voluntariamente confessou oralmente aos policiais da

LO
delegacia de entorpecentes, durante seu interrogatório policial. A Suprema Corte excluiu a apreensão da droga

EL
encontrada com 'B' e as declarações de 'B' por terem sido 'frutos' da entrada ilegal na sua casa e da sua prisão

IZ
ilegal.

GE
Entretanto, rejeitou que a confissão de 'C' fosse fruto da sua prisão ilegal, pois, embora 'C' pudesse nunca

04
ter confessado se ele jamais tivesse sido preso ilegalmente, sua ação voluntária de confessar, depois de ter sido

70
58
solto e alertado de seus direitos, tinha tornado a conexão entre a prisão e a declaração tão atenuada que a

81
'nódoa' da ilegalidade tinha se dissipado.

7
95
A prova primária e a secundária, ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou

A
da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a persecução criminal.

CC
Segundo Renato Brasileiro, “não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal entre a
ZA
prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias supervenientes
S
TE

na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com
ES

a persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de um determinado meio de prova
PR

em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o gerou, um acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse
14156
DA

vício, permitindo-se, assim, o aproveitamento da prova inicialmente contaminada”.


ZA

Alguns doutrinadores (Andrei Borges de Mendonça e Guilherme Madeira) entendem que essa teoria,
OU

também, foi colocada no art. 157, §1º, in verbis:


LL
ZE

Art. 157, § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (prova ilícita
EI

por derivação), salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
G

outras (teoria da tinta diluída), ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
04
70

fonte independente das primeiras (teoria da fonte independente).


58
1
78

No âmbito dos Tribunais, há precedente do STJ reconhecendo a aplicação da teoria:


95
A

AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. COOPERAÇÃO JURÍDICA INTERNACIONAL. PROVA


CC

PRODUZIDA NO EXTERIOR. PARÂMETRO DE VALIDADE. ADMISSIBILIDADE NO


ZA

PROCESSO. ORDEM PÚBLICA, SOBERANIA NACIONAL E BONS COSTUMES. VIOLAÇÃO.


S
TE

INOCORRÊNCIA. PROVAS ILÍCITAS DERIVADAS. FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA.


ES

EXCEÇÕES. TEORIA DA MANCHA PURGADA. NEXO DE CAUSALIDADE.


PR

ATENUAÇÃO.PRERROGATIVA
14156 DE FORO. CONEXÃO E CONTINÊNCIA. COMPETÊNCIA.
A

DESMEMBRAMENTO. FORO PREVALENTE. ART. 78 DO CPP. PREJUÍZO CONCRETO.


D
ZA

DEFESA. AUSÊNCIA. CORRUPÇÃO PASSIVA QUALIFICADA. APTIDÃO DA DENÚNCIA.


OU

43
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
LAVAGEM DE DINHEIRO. CONSUNÇÃO. MATÉRIA DE PROVA. ATIPICIDADE.

A
UZ
INOCORRÊNCIA. RECEBIMENTO.

LO
(...)

EL
5. De acordo com a teoria do nexo causal atenuado ou da mancha purgada, i) o lapso

IZ
temporal decorrido entre a prova primária e a secundária; ii) as circunstâncias

GE
intervenientes na cadeia probatória; iii) a menor relevância da ilegalidade; ou iv) a

04
vontade do agente em colaborar com a persecução criminal, entre outros elementos,

70
58
atenuam a ilicitude originária, expurgando qualquer vício que possa recair sobre a

81
prova secundária e afastando a inadmissibilidade de referida prova.6. Na presente

7
95
hipótese, as provas encaminhadas ao MP brasileiro são legítimas, segundo o parâmetro

A
de legalidade suíço, e o meio de sua obtenção não ofende a ordem pública, a soberania

CC
nacional e os bons costumes brasileiros, até porque decorreu de circunstância
ZA
autônoma interveniente na cadeia causal, a qual afastaria a mancha da ilegalidade
S
TE

existente no indício primário. Não há, portanto, razões para a declaração de sua
ES

inadmissibilidade no presente processo. (APn 856/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,


PR

CORTE ESPECIAL, julgado em 18/10/2017, DJe 06/02/2018; grifou-se).


14156
DA
ZA

IV. TEORIA DO ENCONTRO FORTUITO DE PROVAS


14156
OU
LL

A teoria do encontro fortuito ou casual de provas é utilizada nos casos em que, no cumprimento de uma
ZE

diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à outra infração
EI

penal, que não estavam na linha de desdobramento normal da investigação.


G

Fala-se em encontro fortuito de provas ou serendipidade quando a prova de determinada infração


04
70

penal é obtida a partir de diligência regularmente autorizada para a investigação de outro crime. Nesses casos,
58

a validade da prova inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência: se houve
1
78

desvio de finalidade, abuso de autoridade, a prova NÃO deve ser considerada válida; se o encontro da prova foi
95

casual, fortuito, a prova É válida.


A

● Se tais elementos forem obtidos de maneira fortuita, são plenamente válidos;


CC


ZA

Se tiver ocorrido desvio de finalidade, deve ser reconhecida a ilicitude da prova.


S
TE

Ex.: Alguém mantém um tigre em casa e o IBAMA descobre, de modo que se solicita ao juiz um mandado
ES

de busca e apreensão para o tigre. No cumprimento do mandado, a autoridade policial entra na casa e começa
PR

a abrir gavetas, de modo que encontra documentos que comprovam um crime tributário.
D A
ZA
OU

44
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Pode usar esse documento como prova? Nesse caso, como a autoridade abre gavetas, ele está desviando

A
UZ
a finalidade de buscar o tigre. Portanto, a prova é ilícita. Se fosse o contrário, ou seja, procurando documentos e

LO
achasse o tigre por acaso, seria lícito.

EL
A teoria do encontro fortuito de provas não deve ser trabalhada única e exclusivamente para as

IZ
hipóteses de cumprimento de mandados de busca e apreensão. Sua utilização também se apresenta útil no

GE
tocante ao cumprimento de interceptações telefônicas. Isso porque é comum que, no curso de uma

04
interceptação telefônica regularmente autorizada pelo juiz competente para investigar crime punido com pena

70
58
de reclusão, sejam descobertos elementos probatórios relativos a outros delitos e/ou outros indivíduos. Em tais

81
hipóteses, verificando-se que não houve desvio de finalidade no cumprimento da diligência, dúvidas não temos

7
95
quanto à validade dos elementos assim obtidos.

A
CC
A serendipidade pode ser classificada conforme o grau:
ZA
S

TE

Serendipidade ou encontro fortuito de 1º grau: Ocorre quando os encontros fortuitos são de fatos
ES

conexos ou continentes com os fatos sob investigação. Nesse caso, a prova produzida pode ser valorada
PR

pelo juiz.
14156
DA

▪ Serendipidade ou encontro fortuito de 2º grau: Ocorre quando se trata de fatos não conexos ou quando
ZA

não exista 14156


continência com os fatos sob investigação. Nesse caso, a prova produzida vale como notitia
OU

criminis.
LL
ZE

A serendipidade pode, ainda, ser objetiva ou subjetiva:


EI
G


04

Serendipidade subjetiva: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios do envolvimento


70

criminoso de outra pessoa que inicialmente não estava sendo investigada. Ex: durante a interceptação
58

telefônica instaurada para investigar João, descobre-se que um de seus comparsas é Pedro (Deputado
1
78

Federal).
95
A


CC

Serendipidade objetiva: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da prática de outro crime
ZA

que não estava sendo investigado.


S
TE

Obs.: Segundo entendimento do STF (HC 129.678), o Crime Achado é a infração penal desconhecida e não
ES

investigada até o momento em que se descobre o delito. Em caso concreto apreciado pelo referido órgão, apesar
PR

de ter sido autorizada para investigar um crime de tráfico de drogas, a interceptação telefônica acabou por
AD
ZA
OU

45
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
revelar a prática de um delito de homicídio. Nesse caso, presentes os requisitos constitucionais e legais, a prova

A
UZ
deve ser considerada lícita.

LO
EL
Obs.: Mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia.

IZ
GE
De acordo com a Lei 8.906/94, com redação dada pela Lei 11.767/08, o mandado de busca e apreensão

04
a ser realizado em escritório de advocacia deve ser ESPECÍFICO e PORMENORIZADO, a ser cumprido na presença

70
58
de representante da OAB, sendo vedada a utilização de documentos e objetos pertencentes a clientes do

81
advogado investigado, salvo se tais clientes também estiverem sendo investigados como partícipes ou coautores

7
95
do advogado.

A
Ou seja, no cumprimento de mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia NÃO se aplica a

CC
teoria do encontro fortuito quanto a documentos não referentes ao investigado, pois estariam protegidos pelo
ZA
sigilo, não fazendo parte do objeto da diligência. Seria, assim, configurado um desvio de finalidade da diligência,
S
TE

ocasionando a ilicitude das provas.


ES

Ex.: “A” é advogado e seu escritório foi objeto de uma busca e apreensão porque “A” era suspeito de ter
PR

praticado o crime “X”. Durante a busca e apreensão foram apreendidos documentos relacionados com “B”
14156
DA

(cliente de “A”) que não era investigado pelo crime “X” e, por conta desses documentos apreendidos, “B” foi
ZA

denunciado pelo crime “Y”. “B” impetrou habeas corpus no STJ afirmando que a apreensão dos documentos foi
OU

ilegal.
LL

14156
ZE

CAIU EM PROVA:
EI

(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): Uma operação policial foi deflagrada para coibir a atividade ilícita
G
04

de determinados ferros-velhos na região da Baixada Fluminense, onde, segundo as investigações, carros,


70

produtos de furto e roubos, eram cortados e suas peças eram vendidas no mercado paralelo em todo o estado.
58

Atuaram na operação 80 agentes de polícia e 10 delegados, que, munidos de mandados de busca e apreensão e
1
78

mandados de prisão, prenderam 40 pessoas, recuperaram 120 automóveis furtados e roubados e centenas de
95

peças diversas de automóveis, além de terem efetuado a prisão em flagrante de 60 pessoas. Na operação,
A
CC

também foram apreendidos telefones celulares, chips, documentos de propriedade de veículos e diversas placas
ZA

de identificação veicular. Em um desses ferros-velhos, Orozimbo, advogado, encontrava-se ao lado de um


automóvel produto de crime. Conforme filmagens apreendidas pela polícia, ele havia chegado ao local nesse
S
TE

automóvel, minutos antes da chegada dos policiais. Ainda, um dos presos em flagrante disse, no momento da
ES

prisão, que grande parte dos documentos dos carros furtados e roubados apreendidos estava no escritório do
PR

advogado Orozimbo, guardados para serem negociados com integrantes de quadrilha que vendia carros no
A

Paraguai. Os celulares apreendidos com quatro dos presos foram desbloqueados pelos titulares das linhas,
D
ZA

espontânea e consentidamente, e mostravam conversas em grupos de aplicativos de mensagem com o chefe de


OU

46
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
quadrilha, nominado de Thief. Fotos e vídeos de integrantes da quadrilha, agindo nas ruas da cidade, também

A
UZ
foram encontrados nos celulares. Os documentos pessoais de Thief (passaporte, identidade e CPF) ficavam no

LO
escritório de Orozimbo, guardados num cofre.

EL
IZ
Considerando essa situação hipotética, eventual procedimento de busca e apreensão no escritório do advogado

GE
Orozimbo será protegido pela inviolabilidade relativa, por existirem indícios da sua participação nos crimes

04
objeto da operação – item considerado correto.

70
58
81
Destaques jurisprudenciais sobre o tema Prova Ilícita:

7
95
A
A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em

CC
determinada área geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a
ZA
proteção à privacidade e à intimidade. A quebra do sigilo de dados armazenados não
S
TE

obriga a autoridade judiciária a indicar previamente as pessoas que estão sendo


ES

investigadas, até porque o objetivo precípuo dessa medida é justamente de


PR

proporcionar a identificação do usuário do serviço ou do terminal utilizado. Logo, a


14156
DA

ordem judicial
14156 para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de
ZA

pesquisa em determinada região e por período de tempo, não se mostra medida


OU

desproporcional, porquanto, tendo como norte a apuração de gravíssimos crimes, não


LL

impõe risco desmedido à privacidade e à intimidade dos usuários possivelmente


ZE

atingidos por tal diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
EI

julgado em 26/08/2020 (Info 678).


G
04
70

Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qualquer
58

encomenda postada nos Correios, ante a inviolabilidade do sigilo das


1
78

correspondências. Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a


95

prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo. STF.
A

Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin,
CC

julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).


ZA
S
TE

São inválidas as provas obtidas pela guarda municipal em atividade investigativa,


ES

iniciada após denúncia anônima, que extrapola a situação de flagrante. Por


PR

unanimidade, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça decidiu que são inválidas as


A

provas obtidas pela guarda municipal em atividade investigativa, iniciada após


D
ZA

denúncia anônima, que extrapola a situação de flagrante. Com base nesse


OU

47
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
entendimento, os ministros negaram provimento a recurso do Ministério Público que

A
UZ
pedia o restabelecimento da sentença que condenou um homem por tráfico de drogas.

LO
O MP sustentava a validade das provas obtidas pelos guardas municipais que

EL
efetuaram a prisão em flagrante do acusado. Segundo os autos, após denúncia

IZ
anônima, os guardas municipais abordaram o réu e, não encontrando entorpecentes

GE
com ele, seguiram até um terreno nas proximidades, onde teriam apreendido maconha

04
e filme plástico supostamente utilizado para embalar a droga (Resp 1.854.065, 6ª T, STJ

70
58
– 20202).

81
7
95
É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em

A
denúncia anônima. É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com

CC
base unicamente em denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade prisional
ZA
recebeu uma ligação anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu marido João,
S
TE

tentaria entrar no presídio com droga. Diante disso, a diretora ordenou que a agente
ES

penitenciária fizesse uma revista minuciosa em Rafaela. Na revista íntima efetuada, a


PR

agente penitenciária encontrou droga escondida na vagina da visitante. Rafaela


14156
DA

confessou que estava levando a droga para seu marido. A prova colhida é ilícita. STJ. 6ª
ZA

Turma. REsp 1695349-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/10/2019 (Info
OU

659).
LL
ZE

A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita
EI

nem deve ser excluída do processo. O exame de corpo de delito deve ser realizado por
G

perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de vista estritamente formal, o perito
04
70

papiloscopista não se encontra previsto no art. 5º da Lei nº 12.030/2009, que lista os


58

peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada por perito
1
78

papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do
95

processo. Os peritos papiloscopistas são integrantes de órgão público oficial do Estado


A

com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve
14156
CC

ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário do
ZA

Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer aos jurados que os papiloscopistas – que


S
TE

realizaram o laudo pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a
ES

neutralidade do conselho de sentença. Isso porque, para o jurado leigo, a afirmação,


PR
A

2
Fonte: Leia mais:
D
ZA

https://delegadoplantonista.webnode.com.br/news/provas-obtidas-por-guarda-municipal-por-meio-de-denuncia-
anonima-sao-invalidas/
OU

48
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele

A
UZ
contida. Assim, cabe às partes, respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante o

LO
julgamento pelo tribunal do júri, defender a validade do documento ou impugná-lo.

EL
STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.

IZ
Alexandre de Moraes, julgado em 24/9/2019 (Info 953).

GE
04
É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade policial que atende, sem

70
58
autorização, o telefone móvel do acusado e se passa pela pessoa sob

81
investigação.Não tendo a autoridade policial permissão do titular da linha telefônica,

7
95
ou mesmo da Justiça, para ler mensagens nem para atender ao telefone móvel da

A
pessoa sob investigação e travar conversa por meio do aparelho com qualquer

CC
interlocutor que seja se passando por seu dono, a prova obtida dessa maneira arbitrária
ZA
é ilícita. No caso concreto, o policial atendeu ao telefone do condutor, sem autorização
S
TE

para tanto, e passou-se por ele para fazer a negociação de drogas e provocar o
ES

flagrante. Esse policial também obteve acesso, sem autorização pessoal nem judicial,
PR

aos dados do aparelho de telefonia móvel em questão, lendo as mensagens. STJ. 6ª


14156
DA

Turma. HC 511484-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/08/2019 (Info
ZA

655).
OU
LL

É ilícita a prova obtida em revista pessoal feita por agentes de segurança particular.
ZE

Caso concreto: o homem passava pela catraca de uma das estações da Companhia
EI

Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com uma mochila nas costas, quando foi
G

abordado por dois agentes de segurança privados da empresa. Os seguranças


04
70

acreditavam que se tratava de vendedor ambulante e fizeram uma revista, tendo


58

encontrado dois tabletes de maconha na mochila do passageiro. O homem foi


1
78

condenado pelo TJ/SP por tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006). O STJ,
95

contudo, entendeu que a prova usada na condenação foi ilícita considerando que
A

obtida mediante revista pessoal ilegal feita pelos agentes da CPTM. Segundo a CF/88 e
CC

o CPP, somente as autoridades judiciais, policiais ou seus agentes, estão autorizados a


ZA

realizarem a busca domiciliar ou pessoal. Diante disso, a 5ª Turma do STJ concedeu


S
TE

habeas corpus para absolver e mandar soltar um homem acusado de tráfico


14156 de drogas
ES

e condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo com base em prova recolhida em
PR

revista pessoal feita por agentes de segurança privada da Companhia Paulista de Trens
A

Metropolitanos (CPTM). STJ. 5ª Turma. HC 470.937/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
D
ZA

julgado em 04/06/2019.
OU

49
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
A DA
UZ
São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados

LO
nas ruas como agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como

EL
agente infiltrado em grupo criminoso. Determinado policial militar foi designado para

IZ
participar, nas ruas, à paisana, de passeatas e manifestações, a fim de coletar dados

GE
para subsidiar a Força Nacional de Segurança em atuação estratégica diante dos

04
movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 2014. Para essa atividade,

70
58
não se exigia prévia autorização judicial. No curso de sua atividade originária, o referido

81
policial, percebendo que algumas pessoas estavam se reunindo para planejar a prática

7
95
de crimes, aproximou-se desses suspeitos, ganhou a sua confiança e infiltrou-se no

A
grupo participando das conversas virtuais e das reuniões presenciais dos envolvidos.

CC
Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original e passou a agir como
ZA
agente infiltrado. Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após
S
TE

prévia autorização judicial, o que não havia no caso. Diante disso, o STF declarou a
ES

ilicitude e determinou o desentranhamento da infiltração realizada pelo policial militar


PR

e dos depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art.
14156
DA

157, § 3º, do CPP. STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
ZA

26/2/2019 (Info 932).


OU
LL

É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via Código QR para
ZE

acesso no WhatsApp Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela
EI

diretamente dependam ou sejam consequência, ressalvadas eventuais fontes


G

14156
independentes. Não é possível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação
04
70

telefônica e o espelhamento, por meio do WhatsApp Web, das conversas realizadas


58

pelo aplicativo WhatsApp. STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
1
78

em 27/11/2018 (Info 640).


95
A

Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, colhida de


CC

forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira
ZA

pessoa em telefone celular, por meio do recurso "viva-voz", que conduziu ao


S
TE

flagrante do crime de tráfico ilícito de entorpecentes. No julgamento do RHC 51.531-


ES

RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe de 5/9/2016, esta Corte teve a
PR

oportunidade de apreciar matéria semelhante ao caso aqui tratado, considerando


A

ilícito o acesso aos dados do celular e das conversas de whatsapp extraídas do aparelho
D
ZA

celular da acusada, dada a ausência de ordem judicial para tanto, ao entendimento de


OU

50
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
que, no acesso aos dados do aparelho, se tem a devassa de dados particulares, com

A
UZ
violação à intimidade do agente. No caso presente, embora nada de ilícito houvesse

LO
sido encontrado em poder do acusado, a prova da traficância foi obtida em flagrante

EL
violação ao direito constitucional à não autoincriminação, uma vez que aquele foi

IZ
compelido a reproduzir, contra si, conversa travada com terceira pessoa pelo sistema

GE
viva-voz do celular, que conduziu os policiais à sua residência e culminou com a

04
arrecadação de todo material estupefaciente em questão. Desse modo, está-se diante

70
58
de situação onde a prova está contaminada, diante do disposto na essência da teoria

81
dos frutos da árvore envenenada (fruit sof the poisonous tree), consagrada no art. 5º,

7
95
inciso LVI, da Constituição Federal, que proclama a nódoa de provas, supostamente

A
consideradas lícitas e admissíveis, mas obtidas a partir de outras declaradas nulas pela

CC
forma ilícita de sua colheita. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 18/4/2017 ZA
S
TE
ES

Mesmo sem autorização judicial, polícia pode acessar conversas do Whatsapp da


PR

14156
vítima morta, cujo celular foi entregue pela sua esposa. Não há ilegalidade na perícia
14156
DA

de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na


ZA

hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido
OU

entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma.RHC 86076-MT, Rel. Min.
LL

Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info
ZE

617). Cuidado para não confundir: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas
EI

obtidas pela polícia por meio da extração de dados e de conversas registradas no


G

Whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que o


04
70

aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante. STJ. 5ª Turma.


58

RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª
1
78

Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
95
A

6. ÔNUS DA PROVA
CC
ZA

O ônus da prova é o encargo (faculdade) que recai sobre a parte de provar a veracidade do fato por ela
S
TE

alegado, resultando de sua inatividade uma situação de desvantagem perante o Direito. O que se prova na
ES

verdade é a afirmativa, porque o fato em si não tem como ser provado.


PR
A

6.1 Distribuição do Ônus da Prova


D
ZA
OU

51
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O art. 156, CPP, dispõe que a prova da alegação incumbirá a quem a fizer. Nesse contexto, há duas

A
UZ
correntes que tratam sobre a distribuição do ônus da prova no Processo Penal. Vejamos:

LO
EL
1ª C (minoritária): O acusado não possui nenhum ônus da prova do Processo Penal, uma vez que a CF consagra

IZ
o princípio da presunção de inocência. Desta forma, o ônus da prova recai, integralmente, sobre a acusação.

GE
Para essa corrente, inclusive, o art. 156, CPP seria inconstitucional, por violação ao art. 5, LVIII, CF. Nesse sentido

04
14156
Aury Lopes Jr.

70
58
81
2ª C (majoritária): É possível haver distribuição do ônus da prova. Portanto, haverá ônus da prova para acusação

7
95
e para a defesa. Nesse sentido, tem-se:

A
CC
ÔNUS DA ACUSAÇÃO ÔNUS DA DEFESA
⦁ Existência de fato típico (1) ZA
⦁ Causas excludentes de ilicitude
S
TE

⦁ Autoria/Participação ⦁ Causas excludentes de culpabilidade


ES

⦁ Nexo causal ⦁ Causas extintivas de punibilidade


PR

⦁ Dolo/Culpa (alguns defendem que ⦁ Álibi (3)


14156
DA

seriam presumidos) (2)


ZA
OU

Obs. deve haver um juízo de certeza.


LL
ZE

(1) Pela teoria da ratio cognoscendi (ou indiciariedade) se o fato é típico, presume-se que seja ilícito. Por
EI

isso, a acusação só prova a tipicidade, pois quanto ao resto há uma presunção iuris tantum (relativa) da
G

existência. Diante disso, caso provada a tipicidade, mas havendo dúvida no caso da excludente da
04
70

ilicitude, deveria o juiz condenar, pois a tipicidade é indício da ilicitude, mas não foi esse o entendimento
58

do CPP.
1
78

(2) Quanto à culpa, a doutrina é pacífica quanto à necessidade de prova da acusação. Já no que se refere ao
95

dolo, muitos autores dizem ser presumido, não precisando de prova, ou seja, cabendo à defesa provar
A

sua ausência. No entanto, tal entendimento não procede, principalmente em um Estado onde vige o
CC

princípio da presunção de inocência do acusado. A prova do dolo é feita a partir da análise dos elementos
ZA

objetivos do caso concreto, até porque não é possível provar um elemento intelectivo. Devem ser
S
TE

observados os elementos objetivos para chegar à conclusão da existência do dolo.


ES

(3) Espécie de prova indireta da defesa.


PR
A

6.2 Da Iniciativa Probatória do Juiz e o Sistema Acusatório


D
ZA
OU

52
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A principal alteração no capítulo de provas com o advento da Lei 13.964/19, a nosso ver, foi a reafirmação

A
UZ
do sistema acusatório e a vedação imposta ao juiz de substituir as partes na atividade probatória, conforme

LO
Art. 3- A do CPP:

EL
IZ
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedada a iniciativa do juiz na fase

GE
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.

04
70
58
Apesar do novo Art. 3-A do CPP, a Lei 13.964/19 NÃO alterou de forma expressa o art. 156 do CPP, que

81
positiva a iniciativa probatória do juiz. Dispõe o referido artigo que é facultado ao juiz, de ofício:

7
95
A
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas

CC
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida; ZA
S
TE

II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de


ES

diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.


PR

14156
DA

Nesse contexto, parte da doutrina considera que o art. 156 do CPP foi tacitamente revogado. Entretanto,
ZA

é preciso aguardar o posicionamento da jurisprudência a respeito do tema.


OU

14156
LL
ZE

7. SISTEMAS DE AVALIAÇÃO (VALORAÇÃO) DA PROVA:


EI
G

a) Sistema das Ordálias (Ordálios) / “Juízos de Deus”: Ordálio ou ordália é um tipo de prova judiciária
04
70

usada para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza e
58

cujo resultado é interpretado como um juízo divino. Também é conhecido como juízo de Deus (judicium Dei, em
1
78

latim).
95

Atribuía-se uma vontade divina na avaliação das provas. Um exemplo era a chamada prova pelo fogo,
A

hipótese na qual, caso o sujeito caminhasse tantos metros sobre a brasa, seria considerado inocente. Assim,
CC

buscava-se na revelação divina a inocência ou culpabilidade do réu.


ZA
S
TE

b) Sistema da Íntima Convicção / da Certeza Moral do Juiz:


ES
PR

Utiliza duas premissas importantes:


A

1 O juiz é livre para valorar as provas;


D
ZA

2 O juiz não é obrigado a fundamentar o seu convencimento.


OU

53
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Perceba que, como o juiz não é obrigado a fundamentar seu convencimento, nada impede que se utilize

A
UZ
de provas que não constem dos autos do processo. Além disso, pode empregar conhecimentos particulares sobre

LO
a demanda. Isso porque, não há como analisar o caminho percorrido pelo juiz para chegar à sua conclusão.

EL
IZ
ATENÇÃO: Em regra, não é adotado no Brasil, salvo em relação aos jurados no Tribunal do Júri, que possuem

GE
ampla liberdade para valoração das provas, dispensando-se a fundamentação da decisão, enquanto juízes leigos.

04
Essa disciplina não se aplica às decisões do juiz da 1ª fase do procedimento, bem como do juiz-presidente, que

70
58
devem ser fundamentadas.

81
7
95
c) Sistema da Verdade Legal / Tarifário de Provas / da Certeza Moral do Legislador: Os meios de prova

A
têm valor probatório fixado em abstrato pelo legislador, cabendo ao juiz fazer tão somente um cálculo

CC
aritmético.
ZA
Era o sistema probatório que vigorava no processo inquisitorial (que se opõe ao sistema acusatório
S
TE

adotado pela CF/88). A confissão, por exemplo,


14156 tinha valor absoluto, por isso, muitas vezes, utilizava-se a tortura
ES

para que o suposto acusado confessasse (“rainha das provas”).


PR

Em regra, não é adotado no Brasil. Há algumas exceções. Vejamos:


14156
DA
ZA

1) Prova quanto ao estado das pessoas – Está sujeita às restrições estabelecidas na lei civil. Ex.: certidão
OU

de casamento, certidão de óbito e certidão de nascimento.


LL
ZE

Art. 155, § único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
EI

restrições estabelecidas na lei civil.


G
04
70

Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e
58

depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a punibilidade.


1
78
95

Súmula. 74 STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu (menor


A
CC

de 21 anos – atenuante) requer prova por documento hábil.


ZA

2) Crimes que deixam vestígios – Há necessidade de exame de corpo e delito.


S
TE
ES

CPP, Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
PR

de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.


AD
ZA

d) Sistema do Livre Convencimento Motivado / da Persuasão Racional do Juiz: Alguns doutrinadores,


OU

54
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
14156

sob a ótica do CPC, afirmam que o correto é Sistema do Convencimento Motivado e não mais utilizado a

A
UZ
expressão “livre”.

LO
Sobre o tema, ensina Renato Brasileiro:

EL
IZ
“De acordo com o sistema do livre convencimento motivado (persuasão racional ou

GE
livre apreciação judicial da prova), o magistrado tem ampla liberdade na valoração das

04
provas constantes dos autos, as quais têm, legal e abstratamente, o mesmo valor,

70
58
porém se vê obrigado a fundamentar sua decisão”

81
7
95
Logo, possui duas principais características:

A
1 O juiz possui ampla liberdade na valoração da prova, que tem abstratamente o mesmo valor. Basta que

CC
a prova seja admitida pela lei e submetida a um prévio juízo de credibilidade, não podendo ser ilícita ou
ilegítima ZA
S
TE

2 O juiz é obrigado a fundamentar. Permite às partes não somente aferir que a convicção foi realmente
ES

extraída do material probatório constante dos autos, como também analisar os motivos legais que
PR

levaram o magistrado a firmar sua conclusão, viabilizando o exercício do direito de defesa.


14156
DA
ZA

ATENÇÃO: Em regra, é o sistema adotado pelo Brasil.


OU
LL

Encontra-se previsto no art. 93, IX da CF, art. 155 do CPP e 401, §1º, CPP (conforme informativo 918 do
ZE

STF)
GEI
04

Art. 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre
70

o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:


58

(...)
1
78

IX- todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e


95

FUNDAMENTADAS TODAS AS DECISÕES, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a


A
CC

presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a


ZA

estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo


não prejudique o interesse público à informação;
S
TE
ES

Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
PR

em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos


A

elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não


D
ZA

repetíveis e antecipadas.
OU

55
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições

A
UZ
estabelecidas na lei civil.

LO
EL
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de

IZ
60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição

GE
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o

04
disposto no art. 222 deste Código, bem como os esclarecimentos dos peritos, às

70
58
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o

81
acusado.

7
95
§1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as

A
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.

CC
ZA
Efeitos da adoção do Sistema do Convencimento Motivado pelo ordenamento brasileiro:
S
TE
ES

✔ Não existe prova de valor absoluto → ausência de hierarquia, toda prova tem valor relativo, inclusive a
PR

confissão (outrora considerada como a rainha das provas) tem valor relativo à luz do art. 197 do CPP.
14156
DA

✔ Ausência de limitação quanto aos meios de prova, sendo admitidas provas inominadas;
ZA

✔ O juiz deve valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para afastá-las (ex.: mesmo que o
OU

juiz não acolha, se ele a afastar, deverá declarar o motivo). Assim, não basta o direito a produzir a prova,
LL

surge o direito de que a prova seja apreciada pelo juiz (garantia do contraditório).
ZE

✔ Somente são válidas as provas constantes do processo, conhecimentos privados do juiz não tem validade.
GEI
04

O direito à produção de provas não é absoluto, haja vista que a própria lei processual
70

penal, em seu artigo 400, § 1º, faculta ao julgador, desde que de forma fundamentada,
58

indeferir as provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. STF. 2ª


1
78

Turma. HC 191858, 628075, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 30/11/2020.


95
A

14156
CC

Explicação via Dizer o Direito:


ZA

O julgador deve realizar um controle de admissibilidade de provas requeridas pelas


S

partes, a partir dos critérios de relevância e pertinência.


TE

Assim, é a doutrina de Gustavo Badaró: “nos sistemas probatórios em que às partes é


ES

assegurado um verdadeiro direito à prova, os critérios de admissibilidade devem ser


PR

concebidos a partir de um regime de inclusão: a regra é que os meios de prova


AD

requeridos pelas partes devem ser admitidos. Somente haverá exclusão nos casos de
ZA
OU

56
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
manifesta irrelevância ou impertinência do meio probatório requerido pelas partes”.

A
UZ
(Processo Penal. 6ª ed. RT, 2018. p. 409).

LO
EL
A discricionariedade associada ao deferimento da produção probatória decorre

IZ
implicitamente do sistema de persuasão racional, em que o Estado-Juiz figura como

GE
destinatário do conjunto probatório e atua, mediante critérios de liberdade regrada,

04
nas 14156
etapas de admissão e valoração da prova (AgR no HC 173.777, Rel. Min. Edson

70
58
Fachin, Segunda Turma, DJe 12.12.2019).

81
7
95
e) Teoria racionalista da prova: O STF, em um julgado da 2ª Turma, publicado no Informativo 935, diante

A
da análise da temática do in dubio pro societate no processo penal, propôs a adoção de um novo sistema de

CC
valoração da prova, o sistema racionalista.
ZA
Saindo de um sistema em que os critérios eram totalmente vinculados, passou-se para um modelo de
S
TE

“livre convencimento”, em que uma pretensa liberdade do julgador ocasionou total abertura à
ES

discricionariedade no juízo de fatos.


PR

Por isso, é importante que adote uma teoria racionalista da prova segundo a qual:
14156

DA

Não deve haver critérios de valoração das provas rigidamente definidos na lei;
ZA

● Por outro lado, o juízo sobre os fatos deve ser pautado por critérios de lógica e racionalidade, podendo ser
OU

controlado em âmbito recursal ordinário.


LL
ZE

A valoração racional da prova é uma imposição constitucional decorrente:


EI

● Do direito à prova (art. 5º, LV, CF/88); e


G


04

Do dever de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX).


70
58

Um pressuposto fundamental para a adoção de uma teoria racionalista da prova é a definição de


1
78

Standards Probatórios, que são denominados “Modelos de Constatação” (KNIJNIK, Danilo. A prova nos juízos
95

cível, penal e tributário. Forense, 2007, p. 37).


A
CC

Os modelos de constatação são níveis de convencimento ou de certeza, que servem de critério para que
ZA

seja proferida decisão em determinado sentido. Ex.: O modelo de constatação para se condenar alguém é
S

baseado em provas concretas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa no processo judicial.
TE

Em resumo, a teoria racionalista da prova propõe a criação de parâmetros para a valoração da prova, já
ES

que, segundo a teoria, o livre convencimento motivado poderia dar margem ao decisionismo e a
PR

fundamentações vazias. Como parâmetro de valoração trabalha com a ideia de “standards probatórios” ou
DA

“modelos de constatação”, que são critérios racionais e objetivos.


ZA

Sobre o tema, ainda, destaca Renato Brasileiro que:


OU

57
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
“Em razão do influxo do direito material em jogo e da regra probatória do in dubio pro

LO
reo, não se pode negar que o processo penal adota um standard de prova bastante

EL
elevado para a desconstituição do estado de inocência do acusado. Esse grau de

IZ
convencimento necessário para a prolação de uma sentença condenatória, baseado

GE
em provas além de qualquer dúvida razoável, não é o mesmo standard necessário,

04
todavia, para outras decisões ao longo da persecução penal. É dizer, os standards

70
58
probatórios podem variar de acordo com as diferentes decisões que são proferidas

81
pelo magistrado ao longo do processo.

7
95
A
A título de exemplo, oferecida uma denúncia anônima perante o Ministério Público,

CC
não se admite, de imediato, a instauração de um inquérito policial. Antes, incumbe
ZA
verificar a procedência das informações. Para a decretação de uma medida cautelar,
S
TE

como, por exemplo, a prisão preventiva, o art. 312 do CPP impõe a presença de prova
ES

da materialidade (juízo de certeza) e indícios de autoria (juízo de probabilidade).


PR

Oferecida a peça acusatória, incumbe ao magistrado aferir se há justa causa para o


14156
DA

processo penal (CPP, art. 395, III). A pronúncia, por sua vez, demanda não apenas o
ZA

convencimento quanto à materialidade, mas também a presença de indícios suficientes


OU

de autoria (CPP, art. 413). Por fim, para que alguém seja condenado, é necessário um
LL

juízo de certeza acerca da autoria e da materialidade além de qualquer dúvida


ZE

razoável.”
GEI

8. CADEIA DE CUSTÓDIA DAS PROVAS


04
70
58

É preciso conhecer a literalidade dos dispositivos que disciplinam a matéria, cuja regulamentação no CPP
1
78

advém da inclusão pela Lei 13.964/19.


95
A

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos


CC

utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em


ZA

locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
S
TE

14156
reconhecimento até o descarte.
ES

§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou com


PR

procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio.


A

§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para


D
ZA

a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.


OU

58
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou

A
UZ
recolhido, que se relaciona à infração penal.

LO
EL
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes

IZ
etapas:

GE
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a

04
produção da prova pericial;

70
58
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e

81
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;

7
95
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou

A
no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por

CC
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial
ZA
produzido pelo perito responsável pelo atendimento;
S
TE

IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
ES

suas características e natureza;


PR

V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é


14156
DA

embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas,


ZA

químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
OU

quem realizou a coleta e o acondicionamento;


LL

VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as


ZE

condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a


EI

garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua


G

posse;
04

14156
70

VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
58

documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e


1
78

unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou


95

o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo,


A

assinatura e identificação de quem o recebeu;


CC

VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a


ZA

metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se


S
TE

obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
ES

IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do


PR

material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou


A

transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente;


D
ZA
OU

59
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação

A
UZ
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.

LO
EL
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito

IZ
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo

GE
quando for necessária a realização de exames complementares.

04
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados

70
58
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal

81
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.

7
95
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer

A
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo

CC
tipificada como fraude processual a sua realização.
ZA
S
TE

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela


ES

natureza do material.
PR

§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração


14156
DA

individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante


ZA

o transporte.
14156
OU

§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características,


LL

impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para


ZE

registro de informações sobre seu conteúdo.


EI

§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
G

motivadamente, por pessoa autorizada.


04
70

§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de


58

acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a


1
78

finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.


95

§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.


A
CC

Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
ZA

destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
S
TE

diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.


ES

§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
PR

conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção,


A

a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e


D
ZA

apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.


OU

60
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,

A
UZ
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.

LO
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser

EL
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.

IZ
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser

GE
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a

04
destinação, a data e horário da ação.

70
58
81
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de

7
95
custódia, devendo nela permanecer.

A
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de

CC
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar
ZA
as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante
S
TE

requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.


ES
PR

CAIU EM PROVA:
14156
DA

(Delegado do Estado de Goiás 2022): Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos
ZA

utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
OU

crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte- item considerado
LL

correto.
ZE
EI

8.1 Considerações iniciais


G
04

14156
70

“A cadeia de custódia contribui para a validação da prova pericial e o respectivo laudo


58

gerado”. (Ettore Ferrari Júnior)


1
78
95

A cadeia de custódia é um conceito que já era utilizado em todas as disciplinas que integram as ciências
A
CC

criminalísticas e consiste, segundo o art. 158-A do CPP, no conjunto de todos os procedimentos utilizados para
ZA

manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
S
TE

A cadeia de custódia possui a função de garantir a integridade da prova. Nesse contexto, assegura a
ES

idoneidade e rastreabilidade dos vestígios com a finalidade de preservar a confiabilidade e transparência até
PR

que o processo seja concluído.


AD
ZA
OU

61
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Sobre o tema, ensina Aury Lopes Jr3:

A
UZ
LO
“A prova serve, a um só tempo, para buscar a reconstituição (aproximativa e parcial)

EL
de um fato passado, histórico, para um juiz ‘ignorante’ (pois ignora os fatos). É a prova

IZ
que permite a atividade recognitiva (e não cognitiva, pois indireta) do juiz em relação

GE
ao fato histórico (story of the case) narrado pela acusação. Ao mesmo tempo tem uma

04
função persuasiva, pois é através dela que se permite a construção do convencimento,

70
58
da decisão. Por isso, as provas servem para obter a captura psíquica do julgador, para

81
formar sua convicção. A preservação das fontes de prova é, portanto, fundamental,

7
95
principalmente quando se trata de provas cuja produção ocorre fora do processo, como

A
é o caso da coleta de DNA, interceptação telefônica, etc. Trata-se de verdadeira

CC
condição de validade da prova.”
ZA
S
TE

8.2 Princípios da mesmidade e desconfiança


ES
PR

A discussão acerca da quebra da cadeia de custódia adquire especial relevância nas provas que tem
14156
DA

pretensão de ‘evidência’, ou seja, aquelas obtidas ‘fora do processo’, sob as quais não há o contraditório.
ZA

Nestas situações, é crucial que se demonstre de forma documentada a cadeia de custódia e toda a
OU

trajetória feita, da coleta até a inserção no processo e valoração judicial. Isso porque, por exemplo, se um
LL

acusado reponde pelo crime de tráfico e o laudo pericial definitivo ainda não foi realizado, é imprescindível que
ZE

se tenha a garantia de que a substância apreendida em poder do acusado seja a mesma submetida a análise.
EI

Geraldo Prado traz essa demonstração como exigência dos princípios da “mesmidade” 4 e da
G

“desconfiança”.
04
70
58

I. Princípio da Mesmidade 14156


1
78

Por “mesmidade” (forma aproximada a empregada na língua espanhola, que não possui correspondente
95

em português e não pode ser traduzido como ‘mesmice’), entende-se a garantia de que a prova valorada é
A

exatamente e integralmente aquela que foi colhida, correspondendo, portanto, “a mesma”. Não raras vezes,
CC

por diferentes filtros e manipulações feitas pelas autoridades que colhem/custodiam a prova, o que é trazido
ZA

para o processo não obedece a exigência de “mesmidade”, senão que corresponde ao signo de ‘parte do’, que
S
TE

constitui, em última análise, ‘a outro’ e não ‘ao mesmo’.


ES
PR
D A

3
(Jr, A importância da cadeia de custódia para preservar a prova penal, 2015)
ZA

4
(Prado, Ainda sobre a quebra da cadeia de custódia das provas, pp. 16-17)
OU

62
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Questão recorrente nas interceptações telefônicas está na violação da “mesmidade” e, por via de

A
UZ
consequência, do direito da defesa de ter acesso a integralidade da prova na sua originalidade (manifestação do

LO
contraditório = direito à informação e paridade de armas), na medida em que a prova é ‘filtrada’ pela autoridade

EL
policial ou órgão acusador, que traz para o processo (e submete ao contraditório diferido) apenas o que lhe

IZ
interessa. Não é ‘a mesma’ prova colhida, mas apenas aquela que interessa ao acusador, subtraindo o acesso da

GE
defesa. A manipulação (e aqui se emprega no sentido físico do vocábulo, sem juízo de desvalor ou atribuição de

04
má-fé ao ‘manipulador’) é feita durante a custódia e viola exatamente as regras
14156
de preservação da idoneidade.

70
58
81
II. Princípio da Desconfiança

7
95
Já a “desconfiança” (decorrência salutar na democracia, onde se desconfia do poder, que precisa ser

A
legitimado sempre) consiste na exigência de que as provas (documentos, DNA, áudios etc.) devam ser

CC
‘acreditadas’, submetidas a um procedimento que demonstre que correspondem ao que a parte alega ser.
ZA
Como explica Geraldo Prado, o tema de provas exige a intervenção de regras de “acreditação”, pois nem tudo
S
TE

que ingressa no processo pode ter valor probatório, há que ser “acreditado”, legitimado, valorado desde sua
ES

coleta até a produção em juízo para ter valor probatório.


PR

A exigência de proteção da cadeia de custódia da prova, ao fim e ao cabo, impõe um novo olhar, mais
14156
DA

democrático, que supera a ideia de que a presunção de veracidade dos agentes públicos é verdadeira panaceia
ZA

para nossos problemas.


OU

Assim, conclui Aury Lopes Jr, citando Geraldo Prado:


LL
ZE

“A resposta, para além de tudo o que já se disse sobre o valor e imprescindibilidade de


EI

estrito respeito às “regras do jogo”, está na necessidade de incorporar um “efeito


G

dissuasório” (deterrent effect) que serve de desestímulo às agências repressivas quanto


04
70

à tentação de recorrerem a práticas ilegais para obter a punição” (Geraldo Prado).”


58
1
78

ATENÇÃO: Em provas discursivas e orais, ao tratar dos princípios da mesmidade e da desconfiança é importante
95

citar o doutrinador Geraldo Prado.


A
CC
ZA

8.3 Fases da cadeia de custódia


Como forma de facilitar a fixação das diversas fases da cadeia de custódia, vamos trabalhar com a divisão
S
TE

em duas grandes fases: a fase interna e fase externa (não vamos adotar necessariamente a ordem dos incisos).
ES
PR

a) Fase Externa:
A

A fase externa compreende todos os passos entre a preservação do local de crime ou apreensões dos
D
ZA

elementos de prova e a chegada do vestígio ao órgão pericial encarregado de processá-lo. Compreende,


OU

63
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
portanto, a preservação do local de crime, a busca do vestígio, seu reconhecimento, isolamento, fixação, coleta,

A
UZ
acondicionamento, transporte e recebimento.

LO
EL
I. Do isolamento

IZ
GE
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes

04
etapas: [...]

70
58
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e

81
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;

7
95
A
Antes mesmo de se realizar o reconhecimento, o local deve ser isolado para que, após uma análise pelo

CC
perito, possa ser identificado o que é relevante ou não na compreensão da cena do crime.
ZA
O isolamento do local deve ser um isolamento físico, através de fitas, cordas ou outros meios,
S
TE

abrangendo o local propriamente dito e as vias de acesso. Quando o tiro ocorreu em local fechado, uma
ES

residência, por exemplo, muitas vezes os familiares da vítima, na tentativa de socorrê-la ou de preservar sua
PR

imagem, alteram o local. Em locais abertos os populares também podem alterar o local5. É o art. 169 do CPP que
14156
DA

determina o isolamento, nos seguintes termos:


ZA
OU

Art. 169. Para efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
LL

autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
ZE

até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos
EI

ou esquema elucidativos.
G
04
70

A atuação da autoridade policial na preservação do local é de vital importância. Essa atuação, por vezes,
58

deve ser firme, enérgica, evitando a alteração ou a subtração de vestígios materiais importantes, relacionados
1
78

com o fato. A própria autoridade policial ou seu agente deve respeitar o local evitando o deslocamento ou o
95

recolhimento, antes da chegada dos peritos, de qualquer vestígio material. O perito oficial deve ser a primeira
A

pessoa a adentrar no local.


CC

Cabe ressaltar que, segundo o Art. 158-C do CPP, o ingresso em local isolado pode tipificar o crime de
ZA

fraude processual:
S
TE
ES
PR

14156
DA
ZA

5
(Baldasso)
OU

64
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 158-C. § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de

A
UZ
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito

LO
responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.

EL
IZ
II. Do reconhecimento

GE
04
O reconhecimento da importância de cada elemento deve ser feito pelo perito criminal que analisará a

70
58
cena do crime, NÃO devendo ser feito pelo policial militar ou mesmo pela autoridade policial e seus agentes. O

81
próprio CPP estabelece que cabe à Autoridade Policial preservar o local do crime para que o perito criminal possa

7
95
realizar a análise de cada um dos elementos.

A
CC
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
etapas: ZA
S
TE

I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a


ES

produção da prova pericial;


PR

14156

14156
DA

III. Da fixação (descrição)


ZA
OU

A terceira fase do procedimento é a descrição pormenorizada do vestígio e de tudo que o cerca. Todos
LL

aqueles que tiveram contato com o vestígio serão objeto da descrição, bem como eventual alteração. Na prática,
ZE

ainda é comum um corpo ser fotografado ao lado de objetos pessoais que não são descritos no laudo e acabam
EI

se perdendo pelos diversos departamentos para os quais são remetidos.


G
04
70

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes


58

etapas:
1
78

III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou


95

no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
A

fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial


CC

produzido pelo perito responsável pelo atendimento;


ZA
S
TE

IV. Da coleta
ES
PR

A coleta ocorre no momento em que o vestígio é retirado do local original. É realizada preferencialmente
A

por perito oficial (art. 158-C do CPP) e deve preservar as características originais do vestígio.
D
ZA
OU

65
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes

A
UZ
etapas:

LO
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando

EL
suas características e natureza;

IZ
GE
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito

04
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo

70
58
quando for necessária a realização de exames complementares.

81
7
95
V. Do acondicionamento

A
CC
Acondicionar significar “pôr ou guardar em” e, no processo penal, possui o sentido de embalar o vestígio
ZA
de modo que não haja contaminação ou desnaturação do mesmo. Sendo assim, o acondicionamento possui a
S
TE

finalidade de manter íntegras as características físicas, químicas e biológicas do vestígio.


ES

A alteração legislativa é salutar, entretanto esbarra na falta de estrutura do Estado. Isso porque, na
PR

maioria dos entes da federação, sequer há disponibilização de recipientes plásticos adequados para o
14156
DA

acondicionamento de vestígios.
ZA

Importante, ainda, que todo recipiente utilizado para acondicionar o vestígio será selado com lacre e,
OU

sempre que necessário, os lacres violados serão acondicionados em outro recipiente, mantendo o registro da
LL

cadeia de custódia.
ZE
EI

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes


G

etapas: [...]
04
70

V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é


58

embalado de forma individualizada, de acordo com suas características físicas,


1
78

químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
95

quem realizou a coleta e o acondicionamento;


A
CC

14156

Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela


ZA

natureza do material.
S
TE

§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração


ES

individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante


PR

o transporte.
AD
ZA
OU

66
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características,

A
UZ
impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para

LO
registro de informações sobre seu conteúdo.

EL
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,

IZ
motivadamente, por pessoa autorizada.

GE
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de

04
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a

70
58
finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.

81
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.

7
95
A
Obs.: Em 2017 (Informativo 608), o STJ entendeu que a ausência de lacre em todos os documentos e

CC
bens apreendidos durante uma busca e apreensão, NÃO torna automaticamente ilegítima a prova obtida.
ZA
S
14156
TE

Inicialmente, consigne-se que a disciplina das nulidades, no processo penal é regida


ES

pelo art. 563 do CPP, segundo o qual "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade
PR

não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa". É assente, ainda, na


14156
DA

jurisprudência desta Corte e do STF que a demonstração do prejuízo é essencial à


ZA

alegação de nulidade, seja ela relativa ou absoluta. Ante a presunção de validade e


OU

legitimidade dos atos praticados por funcionários públicos, compete à defesa


LL

demonstrar de forma concreta o descumprimento das formalidades legais e


ZE

essenciais do ato e, especificamente, que o material apreendido e eventualmente


EI

não lacrado foi corrompido ou adulterado, de forma a causar prejuízo à defesa e


G

modificar o conteúdo da prova colhida. Por fim, à míngua de exigência legal específica,
04
70

a ausência de lacre em todos os documentos e bens apreendidos – que decorreu da


58

grande quantidade de material – desacompanhada de maiores dados concretos sobre


1
78

efetiva interferência dos agentes públicos ou da acusação sobre as provas colhidas –,


95

não tem o condão de nulificar o ato e a ação penal.


A
CC

No entanto, diante da introdução da cadeia de custódia pela ei 13.964/19, é possível identificar julgados
ZA

dispondo em sentido diverso:


S
TE
ES

(...) Segundo o disposto no art. 158-A do CPP, "Considera-se cadeia de custódia o


PR

conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e documentar a história


A

cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua


D
ZA

posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte".


OU

67
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A autenticação de uma prova é um dos métodos que assegura ser o item apresentado

A
UZ
aquilo que se afirma ele ser, denominado pela doutrina de princípio da mesmidade.

LO
(...)

EL
Se é certo que, por um lado, o legislador trouxe, nos arts. 158-A a 158-F do CPP,

IZ
determinações extremamente detalhadas de como se deve preservar a cadeia de

GE
custódia da prova, também é certo que, por outro, quedou-se silente em relação aos

04
critérios objetivos para definir quando ocorre a quebra da cadeia de custódia e quais

70
58
as consequências jurídicas, para o processo penal, dessa quebra ou do

81
descumprimento de um desses dispositivos legais. No âmbito da doutrina, as soluções

7
95
apresentadas são as mais diversas.

A
(...)

CC
Mostra-se mais adequada a posição que sustenta que as irregularidades constantes da
ZA
cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo magistrado com todos os elementos
S
TE

produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é confiável. Assim, à míngua de


ES

outras provas capazes de dar sustentação à acusação, deve a pretensão ser julgada
PR

improcedente, por insuficiência probatória, e o réu ser absolvido.


14156
DA

O fato de a substância haver chegado para perícia em um saco de supermercado,


ZA

fechado por nó e desprovido de lacre, fragiliza, na verdade, a própria pretensão


OU

acusatória, porquanto não permite identificar, com precisão, se a substância


LL

apreendida no local dos fatos foi a mesma apresentada para fins de realização de
ZE

exame pericial e, por conseguinte, a mesma usada pelo Juiz sentenciante para
EI

lastrear o seu decreto condenatório. Não se garantiu a inviolabilidade e a idoneidade


G

dos vestígios coletados (art. 158-D, § 1º, do CPP). A integralidade do lacre não é uma
04
70

medida meramente protocolar; é, antes, a segurança de que o material não foi


58

manipulado, adulterado ou substituído, tanto que somente o perito poderá realizar seu
1
78

rompimento para análise, ou outra pessoa autorizada, 14156


quando houver motivos (art.
95

158-D, § 3º, do CPP). (HC 653515-RJ, 6ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 23/11/2021).
A
CC

Ressalta-se que, embora o tema ainda não seja uniforme (como será visto detalhadamente adiante), o
ZA

STJ tem entendido, conforme o referido julgado, que as “irregularidades da cadeia de custódia devem ser
S
TE

sopesadas pelo magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é
ES

confiável”. Logo, para a Corte Superior, a inobservância dos procedimentos relativos à cadeia de custódia não
PR

implica, por si só, na nulidade dos elementos probatórios produzidos.


AD
ZA

VI. Do transporte
OU

68
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
Como condição de validade da prova, o vestígio coletado e acondicionado deve ser transportado de

LO
forma adequada. Ganha relevo o transporte dos vestígios biológicos, que devem ser transportados em veículo

EL
que assegure a manutenção das características originais do vestígio, inclusive quanto à temperatura.

IZ
GE
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes

04
etapas: [...]

70
58
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as

81
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a

7
95
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua

A
posse;

CC
ZA
Por fim, a fase externa se encerra com o recebimento do vestígio no órgão responsável pelo
S
TE

armazenamento do vestígio. Portanto, a fase de recebimento é, ao mesmo tempo, o momento em que se


ES

encerra a fase interna e que dá início à fase externa.


PR

14156
DA

b) FASE INTERNA
ZA
OU

A fase interna compreende todas as etapas entre a entrada do vestígio no órgão pericial até sua
LL

devolução juntamente com o laudo pericial, ao órgão requisitante da perícia. Compreende, portanto, a
ZE

recepção e conferência do vestígio, a classificação, guarda e/ou distribuição do vestígio, análise pericial
EI

propriamente dita, guarda e devolução do vestígio de prova, guarda de vestígios para contraperícia, registro da
G

cadeia de custódia.
04
70
58

I. Do recebimento 14156
1
78
95

Conforme dito, a fase de recebimento é, ao mesmo tempo, o momento em que se encerra a fase interna
A

e que dá início a fase externa. É o momento da transferência da posse do vestígio, que também deve guardar o
CC

procedimento adequado.
ZA
S
TE

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes


ES

etapas: [...]
PR

VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
A

documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e


D
ZA

unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou


OU

69
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo,

A
UZ
assinatura e identificação de quem o recebeu;

LO
EL
II. Do processamento

IZ
GE
O processamento do vestígio dá-se durante a manipulação do mesmo para a realização do exame pelo

04
perito, com a posterior confecção do laudo. É o momento em que se realiza a perícia propriamente.

70
58
81
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes

7
95
etapas: [...]

A
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a

CC
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se
ZA
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
S
TE
ES

III. Do armazenamento
PR

14156
DA

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes


ZA

etapas: [...]
OU

IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do


LL

material a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou


ZE

transportado, com vinculação ao número do laudo correspondente;


EI

14156
G

O vestígio que serviu de base à perícia deverá ser disponibilizado no ambiente do órgão oficial para
04
70

exame pelo assistente técnico, conforme o CPP:


58
1
78

Art. 159. § 6o. Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de
95

base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
A

sua guarda, e na presença de Perito Oficial, para exame pelos Assistentes, salvo se for
CC

impossível a sua conservação.


ZA
S
TE

Com a Lei 13.964/19, surgiu a imposição aos institutos de criminalística de criar suas respectivas centrais
ES

de custódia, que serão responsáveis pelo armazenamento e registro da manipulação dos vestígios.
PR
AD
ZA
OU

70
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia

A
UZ
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada

LO
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.

EL
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para

IZ
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção,

GE
a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e

04
apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.

70
58
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
14156

81
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.

7
95
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser

A
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.

CC
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
ZA
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
S
TE

destinação, a data e horário da ação.’


ES
PR

Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
14156
DA

custódia, devendo nela permanecer.


ZA

Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de


OU

armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar


LL

as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante


ZE

requerimento do diretor do órgão central de perícia oficial de natureza criminal.


G EI

IV. Do descarte
04
70
58

A Lei 13.964/19 chama de “descarte” a fase de liberação do vestígio. É nessa fase que pode ocorrer a
1
78

restituição do objeto ao proprietário, a destruição propriamente, como no caso das drogas ou ser dada outra
95

destinação conforme a lei, dependendo, em alguns casos, de autorização judicial. Perceba que a fase do descarte
A

é o momento em que o vestígio sai da guarda da central de custódia.


CC
ZA

Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes


S
TE

etapas: [...]
ES

X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação


PR

vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.


AD
ZA
OU

71
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
8.4 Quebra da Cadeia de Custódia

A
UZ
LO
Trata-se de tema que suscita divergência, merecendo destaque duas correntes:

EL
IZ
1ªC: Ilicitude da prova (Aury Lopes Jr. e Geraldo Prado) – A quebra da cadeia de custódia leva a

GE
declaração de ilicitude da prova e a sua exclusão dos autos, bem como das demais provas dela derivadas.

04
2ª C: Menor valor probatório (Gustavo Badaró e Renato Brasileiro) – A quebra da cadeia de custódia não

70
58
leva, obrigatoriamente, à ilicitude ou à ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso concreto.

81
7
95
O STJ tem adotado entendimento no sentido da 2ª corrente. Vejamos:

A
CC
As irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo
ZA
magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a
S
TE

prova é confiável. STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min.
ES

Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 720).


PR

14156
DA

CAIU EM PROVA: O tema foi objeto de questionamento na prova discursiva de Delegado de PCMG 2021.
ZA
OU
LL
ZE

9. MEIOS DE PROVA EM ESPÉCIE


GEI
04

9.1 Exame de Corpo de Delito


70
58

a) Conceitos
1
78
95

● Corpo de delito: trata-se do conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. A expressão
A
CC

“corpo de delito” não necessariamente significa o corpo de uma pessoa, mas sim os vestígios deixados
ZA

pelo crime, ou seja, diz respeito à materialidade da infração penal. Ex.: Crime de Latrocínio (art. 157, §3º,
S

CP) em um apartamento. Nesse caso, o corpo de delito não se resume ao cadáver, abrangendo também
TE

todos os vestígios perceptíveis pelos sentidos humanos, tais como eventuais marcas de sangue deixadas
ES

no chão, a arma de fogo utilizada para a prática do delito, eventuais sinais de arrombamento da porta
PR

14156

do apartamento, etc.
AD
ZA

● Exame de corpo de delito: é uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos ou científicos
OU

72
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
sobre os vestígios deixados pela infração penal, seja para fins de comprovação da materialidade do

A
UZ
crime, seja para fins de comprovação da autoria.

LO
EL
Renato Brasileiro explica que, como o magistrado não é dotado de conhecimentos enciclopédicos, e se

IZ
vê obrigado a julgar causas das mais variadas espécies, afigura-se necessário recorrer a especialistas, os

GE
quais, dotados de conhecimentos específicos acerca do assunto, podem auxiliar o juiz no esclarecimento

04
do fato delituoso (2017, pág. 654).

70
58
81
Obs.: O exame de corpo de delito NÃO é a única espécie de exame pericial. Ex.: perícia de insanidade mental

7
95
(não é exame de corpo de delito).

A
CC
● Laudo de exame de corpo de delito: refere-se a uma peça técnica elaborada pelos peritos durante ou
após a conclusão do exame pericial. ZA
S
TE

Estrutura:
ES

. Preâmbulo: qualificação do perito oficial ou dos peritos não oficiais e do objeto da perícia;
PR

. Exposição: narrativa de tudo que é observado pelos experts;


14156
DA

. Fundamentação: motivos que levaram os experts à conclusão final;


ZA

. Conclusão técnica: resposta aos quesitos.


OU
LL

14156
b) Momento para a juntada do laudo pericial
ZE
EI

Pergunta-se: O laudo pericial pode ser juntado a qualquer momento?


G

R.: Em regra, o laudo pericial não funciona como condição de procedibilidade. Ou seja, o laudo é
04
70

dispensável quando do oferecimento da denúncia.


58

Todavia, temos exceções, hipóteses em que o laudo funcionará como condição de procedibilidade:
1
78

1) Laudo de Constatação na Lei de Drogas: trata-se do laudo provisório previsto na Lei 11.343/06,
95

indispensável para o oferecimento da denúncia e a própria lavratura do auto de prisão em flagrante


A
CC

(posteriormente há a lavratura do laudo definitivo);


ZA

2) Crimes contra a propriedade imaterial.


S
TE

LAUDO DE CONSTATAÇÃO DE DROGAS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL


ES

Lei 11.343/06, art. 50, § 1º: Para efeito da lavratura do CPP, art. 525: No caso de haver o crime deixado vestígio,
PR

auto de prisão em flagrante e estabelecimento da a queixa ou a denúncia não será recebida se não for
AD

materialidade do delito, é suficiente o laudo de instruída com o exame pericial dos objetos que
ZA
OU

73
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
constatação da natureza e quantidade da droga, constituam o corpo de delito.

A
UZ
firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa

LO
idônea.

EL
IZ
Dessa forma, temos que, em regra, o laudo pericial pode ser juntado durante o curso do processo, desde

GE
que o seja com a antecedência mínima de 10 dias em relação a audiência una de instrução e julgamento, pois

04
este é o prazo mínimo exigido para pedir os esclarecimentos.

70
58
81
CPP, art. 400: Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo

7
95
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição

A
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o

CC
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
ZA
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
S
TE

acusado.
ES
PR

Na AIJ é possível esclarecimentos dos peritos, contudo, para que esses esclarecimentos ocorram é
14156
DA

necessário que o pedido seja feito com antecedência mínima de 10 dias (CPP, art. 159, § 5º, I).
ZA
OU

c) Obrigatoriedade de realização do exame de corpo de delito:


LL
ZE

Nos moldes do art. 158 do CPP, “quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
EI

corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado”.


G

A obrigatoriedade da realização do exame pericial é exemplo nítido de resquício do sistema da prova


04
70

tarifada, incidindo quando a infração deixar vestígio, ou seja, quando envolver infrações penais não transeuntes,
58

não passageiras ou delito de fato permanente.


1
78
95

● Infração não transeunte: É aquela que deixou vestígios. Portanto, será obrigatória a realização do
A
CC

exame de corpo de delito. Ex.: crime de homicídio cujo cadáver


14156
foi encontrado.

ZA

Infrações transeuntes: É aquela que NÃO deixa vestígios. Portanto, não será possível o exame de corpo
de delito. Ex.: injúria verbal que não tenha sido objeto de captação.
S
TE
ES

d) Exame de corpo de delito direto e indireto:


PR
A


D

Exame de corpo de delito direto: É aquele realizado diretamente pelo perito oficial (ou por dois peritos
ZA

não oficiais) sobre o próprio corpo de delito.


OU

74
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
● Exame de corpo de delito indireto: Há divergência quanto a sua definição.

A
UZ
1ªC (minoritária): Trata-se de exame feito por peritos com base no relato de testemunhas ou com

LO
base na análise de documentos.

EL
2ªC (majoritária): 14156
NÃO é um exame propriamente dito, mas apenas a prova testemunhal ou

IZ
documental suprindo a ausência do exame direto.

GE
04
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os

70
58
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

81
7
95
Exame de corpo de delito direto Exame de corpo de delito indireto

A
O exame de corpo de delito direto é aquele feito por 1ª C: É um exame feito por peritos com base no relato de

CC
perito oficial (ou dois peritos não oficiais) sobre o testemunhas ou com base na análise de documentos.
próprio corpo de delito. ZA
2ª C: É o disposto ao teor do art. 167 do CPP. Não é um
S
TE

exame propriamente dito, mas apenas uma espécie de


ES

prova testemunhal ou documental suprindo a ausência de


PR

corpo de delito direto. É a posição majoritária.


14156
DA
ZA

e) Prioridade na realização do Exame de Corpo de Delito:


OU
LL

A Lei nº 13.721/2018 acrescentou o §único ao art. 158 do CPP afirmando que deverá ser dada prioridade
ZE

à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva:


EI

i. Violência doméstica e familiar contra mulher;


G
04

ii. Violência contra criança ou adolescente;


70

iii. Violência contra idoso; ou


58

iv. Violência contra pessoa com deficiência.


1
78
95

f) Peritos:
A
CC
ZA

Segundo Renato Brasileiro, o perito é um auxiliar do juízo, dotado de conhecimentos técnicos ou


científicos sobre determinada área do conhecimento humano, que tem a função estatal de realizar exames
S
TE

periciais, fornecendo dados capazes de auxiliar o magistrado por ocasião da sentença. O perito é pessoa de
ES

confiança da autoridade (delegado ou juiz), não sendo permitido às partes intervenção na nomeação. Contudo
PR

as partes podem apresentar quesitos, que são as perguntas a serem respondidas pelos peritos.
D A
ZA
OU

75
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Como decorrência lógica do fato de ser auxiliar do juízo, o perito tem a obrigação/dever de ser imparcial

A
UZ
(mesmas características do magistrado), podendo ser arguida as mesmas causas de impedimento e suspeição do

LO
juiz em seu desfavor.

EL
Além disso, cabe destacar que o perito é considerado funcionário público tanto o oficial, que exerce

IZ
cargo, quanto o não oficial, que desenvolve sua função pública, transitoriamente e sem remuneração.

GE
Se o perito, no desempenho de seu mister, falsear ou calar a verdade, incorre no crime de falsa perícia

04
(art. 342, CP). Ademais, o perito (oficial) não poderá recusar o seu encargo injustificadamente, pois tal recusa,

70
58
por si só, já constitui infração funcional, passível de responsabilização, conforme art. 277 do CPP.

81
7
95
g) Assistente Técnico:

A
CC
É pessoa dotada de conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos, que traz ao processo informações
ZA
especializadas, relacionadas ao objeto da perícia, conforme inclusão pela Lei 11.689/08. O assistente é auxiliar
S
TE

14156
das partes e por isso tem atuação parcial.
ES

Para fins penais, ele NÃO é considerado funcionário público, pois não exerce cargo, emprego ou função.
PR

É contratado para descredibilizar o laudo oficial (é parcial). A admissão do assistente é deliberada pelo juiz em
14156
DA

ato irrecorrível. Contudo, quem se sentir prejudicado poderá manejar mandado de segurança.
ZA

Pergunta-se: O assistente responde por crime de falsa perícia?


OU

R.: Não, apenas o perito pode praticar esse crime (falsa perícia – art. 342 do CP). Trata-se de crime
LL

próprio. Contudo, há quem defenda poder responder por falsidade ideológica se inserir informações falsas.
ZE
EI

O assistente técnico diferencia-se do perito nos seguintes aspectos:


G
04
70

ASSISTENTE TÉCNICO PERITO


58

É auxiliar das partes. Logo, a sua atuação é É auxiliar do juízo. Logo, a sua atuação deve ser
1
78

parcial. imparcial.
95

Sua atuação ocorre na fase processual. Sua atuação ocorre na fase investigatória ou
A

processual.
CC

Não é considerado funcionário público. É considerado funcionário público para fins


ZA

penais, tanto o perito oficial quanto o perito


S
TE

não oficial.
ES

Não responde por falsa perícia. Responde pelo crime de falsa perícia, tipificado
PR

ao teor do art. 342 do Código Penal (crime de


A

mão própria).
D
ZA
OU

76
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O momento da persecução penal em que o assistente técnico pode atuar é tema que sofreu alteração

A
UZ
pelo Pacote Anticrime (Lei 13. 964/2019).

LO
● Antes da Lei 13. 964/2019: A atuação do assistente técnico estava restrita à fase judicial e condicionada

EL
à previa autorização judicial (art. 159, §3º do CPP). Não se admitia a intervenção do assistente técnico

IZ
na fase investigatória.

GE
● Após a Lei 13. 964/2019: O art. 3º-B, inciso XVI passou a prever a competência do juiz de garantias para

04
deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção de perícia.

70
58
Considerando que a atuação do juiz das garantias está restrita à fase investigatória da persecução penal,

81
a admissão do assistente técnico indicado pelas partes poderá ocorrer desde a fase de investigação, não se

7
95
limitando à fase processual.

A
Obs. 1: Aplica-se subsidiariamente o art. 474 do CPC, de modo que o juiz das garantias deve dar ciência

CC
às partes da data e do local por ele designados (ou indicados pelo perito) para ter início a produção de prova.
ZA
Obs.2: A realização de simples perícia na fase investigatória não está condicionada à previa indicação de
S
TE

assistente técnico. O inciso XVI autoriza o juiz das garantias a deferir a admissão de assistente técnico para
ES

acompanhar a produção da perícia já na fase investigatória, mas não transforma essa intervenção em requisito
PR

para a realização de exames periciais nesse momento da persecução penal.


14156
DA

Por fim, cumpre destacar que os artigos introduzidos pela Lei 13.964/2019 que dizem respeito ao juiz
ZA

das garantias estão com a eficácia suspensa por força de medida cautelar concedida pelo Min. Fux em sede de
OU

ADI.
LL
ZE

CAIU EM PROVA:
EI
G

(Delegado do Estado do Amazonas 2022): O Art. 158 do CPP ilustra a importância do exame de corpo de delito,
04
70

necessário nos casos em que a infração deixar vestígios. Sobre o corpo de delito, é correto afirmar que o corpo
58

de delito é a base residual do crime e pode corresponder a pessoas ou coisas – item considerado correto.
1
78
95

(Delegado do Estado do Amazonas 2022): De acordo com o Art. 160 do CPP, os peritos elaborarão o laudo
A

pericial, no qual deverão descrever minuciosamente o que examinarem e responder aos quesitos formulados o
CC

laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
ZA

requerimento dos peritos – item considerado correto.


S

14156
TE
ES

(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): No que se refere à prova pericial no curso do processo judicial, é
PR

permitido às partes:
A

I- requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos.
D
ZA
OU

77
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
II- demandar esclarecimentos dos peritos desde que os quesitos ou questões sejam encaminhados com

A
UZ
antecedência mínima de 15 dias.

LO
III- arguir o impedimento legal do perito.

EL
Itens considerados corretos: I e III.

IZ
GE
9.2 Interrogatório Judicial

04
70
58
É o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe

81
é feita.

7
95
Parte da doutrina argumenta que o interrogatório judicial atualmente divide-se em duas fases: a

A
primeira fase correspondente aos questionamentos sobre a pessoa e a segunda fase que é o questionamento

CC
sobre a imputação.
Nesse sentido, a legislação: ZA
S
TE
ES

Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado
PR

e sobre os fatos.
14156
DA

§ 1º Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, meios de


ZA

vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida
OU

pregressa, notadamente se foi preso ou processado alguma vez e, em caso afirmativo,


LL

qual o juízo do processo, se houve


14156 suspensão condicional ou condenação, qual a pena
ZE

imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.


G EI

Além disso, desde 2016, em decorrência de alteração legislativa ocasionada pelo Estatuto da 1ª Infância,
04
70

exige-se o questionamento a respeito da existência de filhos da pessoa do interrogado. Nessa esteira, o art. 185,
58

§10 do CPP.
1
78
95

Art. 185. § 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência de


A

filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de


CC

eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
ZA
S
TE

ATENÇÃO: O interrogatório de qualificação NÃO está abrangido pelo nemo tenetur se detegere, podendo
ES

caracterizar, inclusive, o crime de falsa identidade (Súmula 522 do STJ).


PR
AD

A 2ª parte do interrogatório, por sua vez, diz respeito aos fatos imputados.
ZA
OU

78
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 187. § 2º Na segunda parte será perguntado sobre:

A
UZ
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;

LO
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la,

EL
se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais

IZ
sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;

GE
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;

04
IV - as provas já apuradas;

70
58
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando,

81
e se tem o que alegar contra elas;

7
95
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que

A
com esta se relacione e tenha sido apreendido;

CC
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes
e circunstâncias da infração; ZA
S
TE

VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.


ES
PR

a) Natureza Jurídica do Interrogatório Judicial:


14156
DA
ZA

Há pelo menos três correntes sobre o tema:


OU

1ªC - MEIO DE PROVA, em decorrência da própria localização topográfica do interrogatório judicial no


LL

CPP entre os “meios de prova”. Ademais, pelo momento em que este era realizado (antes de 2008 era o 1º ato
ZE

14156
da audiência).
EI

2ªC - MEIO DE DEFESA, visto que consiste na possibilidade de o réu apresentar sua versão dos fatos como
G

expressão do exercício da autodefesa. Quem alega ser meio de defesa o faz argumentando que há sobre ele o
04
70

direito ao silêncio (se fosse meio de prova o acusado estaria obrigado a responder as acusações). Por fim, a
58

realização do interrogatório que passou a ser o ato final da audiência.


1
78

3ªC - MEIO DE PROVA E DE DEFESA, a natureza dúplice do interrogatório decorre da previsão


95

constitucional que assegura ao réu o direito ao silêncio e de não produzir provas contra si (meio de defesa),
A

aliado a possibilidade de que o juiz leve em conta as declarações do acusado em sua sentença, seja absolutória
CC

ou condenatória, estando o ato previsto no capítulo relativo às provas no CPP.


ZA
S
TE

Cumpre recordarmos ainda que, a ampla defesa divide-se na defesa técnica (exercida por meio do advogado) e
ES

autodefesa (exercida pelo acusado), que inclui o direito de presença, direito de audiência e capacidade
PR

postulatória autônoma.
AD
ZA

b) Características do interrogatório:
OU

79
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
O interrogatório caracteriza-se por ser um:

LO
● Ato personalíssimo: o interrogatório necessita ser exercido pessoalmente pelo acusado e, tratando-se

EL
do interrogatório da pessoa jurídica, na pessoa de seu representante legal.

IZ
● Ato assistido tecnicamente: a defesa técnica é obrigatória na realização do interrogatório, sendo a sua

GE
ausência causa de nulidade absoluta, conferindo-se o direito de entrevista reservada.

04
● Ato contraditório: após o advento da Lei nº 10.792/03 o interrogatório passou a ser reconhecido como

70
58
meio de defesa (anteriormente, não havia contraditório e nem ampla defesa no interrogatório judicial,

81
sendo um ato privativo do juiz).

7
95
14156

A
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum

CC
fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender
pertinente e relevante. ZA
S
TE
ES

Em regra, o método de realização do interrogatório é o presidencialista, de modo que o juiz pergunta


PR

primeiro e, posteriormente, as partes farão suas perguntas por meio do juiz.


14156
DA

1º) perguntas do juiz


ZA

2º) perguntas das partes, por intermédio do juiz.


OU
LL

Exceção na 2ª fase do procedimento do júri: por força do artigo 474, do CPP, na 2ª fase do júri, as
ZE

perguntas também começam pelo juiz, mas as partes fazem perguntas diretamente. Além disso, depois é
EI

conferida aos jurados a oportunidade de realizar perguntas por intermédio do juiz.


G

1º) perguntas do juiz


04
70

2º) perguntas das partes, diretamente;


58

3º) perguntas dos jurados, por intermédio do juiz.


1
78
95

Atente-se à jurisprudência sobre o tema:


A
CC

Não cabe a pretensão de realizar o interrogatório de forma virtual ao foragido por


ZA

considerável período, pois a situação não se amolda ao art. 220 do CPP.


S
TE

O interrogatório é um ato que concretiza o direito de autodefesa do réu, além de ser


ES

meio de prova. Assim, o juiz deve assegurar ao acusado a possibilidade de ser ouvido.
PR

Ao tratar sobre o depoimento das testemunhas, o art. 220 do CPP, permite que aquelas
A

impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor, sejam


D
ZA

inquiridas onde estiverem. Mas, no caso do réu que teve sua prisão preventiva
OU

80
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
decretada e se encontra foragido, não é possível que o interrogatório seja realizado de

A
UZ
forma virtual (por videoconferência ou no local onde estiver). Isso porque não há

LO
previsão desta circunstância no art. 220 do CPP. STJ. 6ª Turma. HC 640.770-SP, Rel. Min.

EL
Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/06/2021.

IZ
GE
O ato de delegação da condução e direção de produção de prova oral à autoridade

04
estrangeira, a fim de que esta proceda diretamente à inquirição da testemunha ou

70
58
do investigado, não encontra qualquer tipo de respaldo constitucional, legal ou

81
jurisprudencial.

7
95
Trata-se de ato eivado de nulidade absoluta, por ofensa à soberania nacional, o qual

A
não pode produzir efeitos dentro de investigações penais que estejam dentro das

CC
atribuições das autoridades brasileiras. STJ. 6ª Turma. RHC 102322-RJ, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 12/05/2020 (Info 672). ZA
S
TE
ES

c) Ausência do interrogatório:
PR

14156
DA

Uma vez caracterizado como meio de defesa, a ausência do interrogatório é causa de nulidade absoluta
ZA

em decorrência da violação ao exercício do direito de defesa, sem prejuízo da opção do próprio acusado pelo
OU

não exercício do direito de audiência, hipótese em que não haverá nulidade a ser declarada.
14156
LL

É importante lembrar que trabalhar com nulidade é sempre trabalhar com prejuízo, de modo que, com
ZE

uma sentença absolutória não existe prejuízo, logo, não existe nulidade. Lado outro, haverá prejuízo evidente
EI

caso haja sentença condenatória.


G
04
70

Ainda que o réu tenha constituído advogado antes do oferecimento da denúncia - na


58

data da prisão em flagrante - e o patrono tenha atuado, por determinação do Juiz,


1
78

durante toda a instrução criminal, é nula a ação penal que tenha condenado o réu sem
95

a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu pessoalmente a qualquer ato
A

do processo, inexistindo prova inequívoca de que tomou conhecimento da denúncia.


CC

(Info 580, STJ, 2016 – 6ª turma)


ZA
S
TE

d) Momento de realização do interrogatório judicial no procedimento comum e no procedimento do Júri:


ES
PR

● Antes de 2008: O interrogatório era o primeiro ato da instrução processual.


A

● Com o advento a Lei nº 11.719/2008: Trata-se do último ato da instrução (interrogatório judicial). Dessa
D
ZA

forma, temos que desde o advento das Leis n. 11.719/08 e 11.689/08, o interrogatório passou a ser o
OU

81
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
último ato da instrução probatória, reforçando a natureza jurídica de meio de defesa. O art. 400, CPP é

A
UZ
aplicado ao procedimento comum e ao procedimento do júri:

LO
EL
Inobstante a previsão do CPP, há leis especiais que preveem o interrogatório ainda no início da instrução

IZ
probatória. São elas:

GE
⦁ Lei de Drogas: art. 57, Lei 11.343/2006;

04
⦁ CPPM: art. 302;

70
58
⦁ Procedimento originários dos tribunais: Lei nº 8.038/90.

81
7
95
Diante desse cenário, havia questionamento acerca de qual a regra a aplicar, a norma geral do CPP ou as

A
respectivas leis especiais. Contudo, o STF manifestou-se sobre a problemática e pacificou a questão

CC
entendendo que a mudança introduzida em 2008 não possui somente o status de lei ordinária, mas vem ao
ZA
encontro da ampla defesa, afastando, pois, a regra hermenêutica, a qual preceitua que a lei especial prevalece
S
TE

sobre a lei geral. Assim, sob a ótica da ampla defesa é melhor ao acusado ser interrogado ao final.
ES

Em suma, o STF passou a entender que todas as regras especiais acima perderam a razão de ser:
PR

14156
DA

Decidiu que interrogatório ao final da instrução criminal se aplica a processos militares.


ZA

Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que se
OU

aplica ao processo penal militar a exigência de realização do interrogatório do réu ao


LL

final da instrução criminal, conforme previsto no artigo 400 do Código de Processo


ZE

Penal (CPP). Na sessão desta quinta-feira (3), os ministros negaram o pedido no caso
EI

concreto – Habeas Corpus (HC) 127900 [para os processos criminais com instrução
G

ainda não encerrada até 10.03.2016 não é necessário aplicar tal orientação] – tendo
04
70

em vista o princípio da segurança jurídica. No entanto, fixaram a orientação no sentido


58

de que, a partir da publicação da ata do julgamento [10.03.2016], seja aplicável a regra


1
78

do CPP às instruções não encerradas nos processos de natureza penal militar e


95

eleitoral e a todos os procedimentos penais regidos por legislação especial.


A
CC

O STJ já tinha decisão nesse sentido a respeito da Lei de Drogas:


ZA
S
TE

O interrogatório, na Lei de Drogas, é o último ato da instrução.


ES

O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da
PR

14156
instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada: • nos processos penais militares; • nos
A

processos penais eleitorais e • em todos os procedimentos penais regidos por


D
ZA

legislação especial (ex: lei de drogas). Essa tese acima exposta (interrogatório como
OU

82
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
14156

DA
último ato da instrução em todos os procedimentos penais) só se tornou obrigatória a

A
UZ
partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM pelo STF, ou seja,

LO
do dia 11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais

EL
militares, eleitorais e da lei de drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que

IZ
tenham sido efetivados como o primeiro ato da instrução. STF. Plenário. HC

GE
127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC

04
397382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/8/2017 (Info 609)

70
58
(Fonte: Dizer o Direito).

81
7
95
Ainda sobre o entendimento jurisprudencial acerca do interrogatório, cabe destacar que o STF entende

A
que o acusado não pode assistir interrogatório do corréu mesmo que seja advogado.

CC
ZA
Se houver mais de um acusado, cada um dos réus não terá direito de acompanhar o
S
TE

interrogatório dos corréus. Segundo o CPP, havendo mais de um acusado, eles deverão
ES

ser interrogados separadamente (art. 191). Ex.: João e Pedro são réus em uma ação
PR

penal. No momento em que forem ser interrogados, um não poderá ouvir o


14156
DA

depoimento do outro. Logo, quando João for ser interrogado, Pedro terá que sair da
ZA

sala, ficando, contudo, seu advogado presente. No instante em que Pedro for prestar
OU

seus esclarecimentos, será a vez de João deixar o recinto, ficando representado por seu
LL

advogado. Se o réu for advogado e estiver atuando em causa própria, mesmo assim
ZE

deverá ser aplicada a regra do art. 191 do CPP. Em outras palavras, quando o corréu
EI

for ser interrogado, o acusado (que atua como advogado) terá que sair da sala de
G

audiência. STF. 2ª Turma. HC 101021/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em


04
70

20/5/2014 (Info 747) (Fonte: Dizer o Direito).


58
1
78

ATENÇÃO! Há exceção quando envolver delação premiada. Nesse caso, de acordo com entendimento
95

do STF, o advogado do réu delatado deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do corréu
A

delator.
CC
ZA

O advogado de um réu deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do


S
TE

corréu que com ele responde o mesmo processo criminal? REGRA: não. A presença da
ES

defesa técnica é imprescindível durante o interrogatório do réu por ela representado,


PR

não quanto aos demais. Assim, é obrigatória a presença do advogado no interrogatório


A

do seu cliente. No interrogatório dos demais réus, essa presença é, em regra,


D
ZA

facultativa. EXCEÇÃO: se o interrogatório é de um corréu delator, a presença do


OU

83
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
advogado dos réus delatados é indispensável. Neste caso, deve-se exigir a presença dos

A
UZ
advogados dos réus delatados, pois, na colaboração premiada, o delator adere à

LO
acusação em troca de um benefício acordado entre as partes e homologado pelo

EL
julgador natural. Normalmente, o delator presta contribuições à persecução penal

IZ
14156
incriminando eventuais corréus, razão pela qual seus advogados devem acompanhar o

GE
ato. Se o advogado do corréu não comparece ao interrogatório do réu delator, haverá

04
nulidade? Depende: • Se o corréu foi delatado no interrogatório e seu advogado não

70
58
compareceu: sim, haverá nulidade. • Se o corréu não foi delatado no interrogatório:

81
não. Isso porque não houve prejuízo. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen

7
95
Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 955) (Fonte: Dizer o Direito).

A
CC
9.2.1. Interrogatório por Videoconferência:
ZA
S
TE

O interrogatório por videoconferência é regulamentado no art. 185, CPP e tem caráter excepcional, ou seja,
ES

só ocorre em casos específicos previstos em lei (art. 185, §2º).


PR

14156
DA

Art. 185, § 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a


ZA

requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de
OU

videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em


LL

tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes
ZE

finalidades:
EI

I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso
G

integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
04
70

deslocamento;
158
78

Não pode ser um risco genérico, que é inerente a qualquer transporte de preso. Deve
95

ser demonstrada fundada suspeita no sentido de o réu integrar organização ou que vá


A

fugir.
CC
ZA

II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante


S
TE

dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra


ES

circunstância pessoal;
PR
AD

Seja por enfermidade ou qualquer circunstância pessoal que dificulte sua presença na
ZA

sede do juízo, como localização diversa e longínqua da comarca onde corre a causa.
OU

84
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
OBS: Vale lembrar que a videoconferência não serve apenas para interrogatório, mas

A
UZ
para garantir a presença do acusado em qualquer ato processual.

LO
EL
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não

IZ
seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217

GE
deste Código;

04
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública.

70
58
81
Quanto ao procedimento, destaca-se que a sua realização depende de decisão fundamentada da

7
95
autoridade judiciária, devendo as partes serem intimadas com 10 dias de antecedência (art. 185, §3º) e é

A
obrigatória a presença de advogados do réu no presídio e no fórum (art. 185, §5º).

CC
ZA
Art.14156185, §3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
S
TE

videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.


ES

(...)
PR

§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de


14156
DA

entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência,


ZA

fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação


OU

entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do


LL

Fórum, e entre este e o preso.


ZE
EI

Segundo o STJ, é válida a realização do interrogatório por videoconferência no caso de dificuldade de


G

deslocamento do acusado até o local da audiência.


04
70
58

Não há ilegalidade ou nulidade na decisão do juiz que opta pela escolha de realização
1
78

do interrogatório do réu por meio de videoconferência em razão da dificuldade de


95

deslocamento do acusado até o local da audiência, bem como pelo risco à segurança
A

pública, haja vista a insuficiência de agentes para realizar a escolta. Em obediência ao


CC

princípio pas de nullité sans grief, que vigora plenamente no processo penal pátrio (art.
ZA

563 do CPP), não se declara nulidade de ato se dele não resulta demonstrado efetivo
S
TE

prejuízo para a parte. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 125373/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
ES

julgado em 18/08/2020.
PR
AD
ZA
OU

85
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A escassez de agentes penitenciários para realizar a escolta de detentos é argumento

A
UZ
válido para justificar a excepcionalidade da audiência por meio remoto. STJ. 5ª Turma.

LO
AgRg no HC 587424/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 06/10/2020.

EL
IZ
Outros entendimentos jurisprudenciais sobre o interrogatório:

GE
04
O simples fato de o juiz ser “duro” no interrogatório não implica quebra da

70
58
imparcialidade. A condução do interrogatório do réu de forma firme e até um tanto

81
rude durante o júri não importa, necessariamente, em quebra da imparcialidade do

7
95
14156
magistrado e em influência negativa nos jurados. STJ. 6ª Turma. HC 410161-PR, Rel.

A
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/04/2018 (Info 625).

CC
ZA
Há excesso de prazo em caso de réu preso há mais de quatro anos sem ter sido sequer
S
TE

realizado seu interrogatório. Em um caso concreto, o réu foi preso preventivamente


ES

pela suposta prática de delitos previstos na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). Ocorre
PR

que já se passaram mais de quatro anos desde a prisão preventiva sem haver, sequer,
14156
DA

audiência de interrogatório. Diante disso, o STF entendeu que havia flagrante excesso
ZA

de prazo na segregação cautelar e, por essa razão, concedeu habeas corpus para
OU

determinar a soltura do paciente. Embora a razoável duração do processo não possa


LL

ser considerada de maneira isolada e descontextualizada das peculiaridades do caso


ZE

concreto, diante da demora no encerramento da instrução criminal, sem que o


EI

paciente, preso preventivamente, tenha sido interrogado e sem que tenham dado
G

causa à demora, não se sustenta a manutenção da constrição cautelar. STF. 2ª Turma.


04
70

HC 141583/RN, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 19/9/2017 (Info 878).


158
78

É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente que se nega a responder aos


95

questionamentos do juiz instrutor antes de oportunizar as indagações pela defesa. 1.


A

O artigo 186 do CPP estipula que, depois de devidamente qualificado e cientificado do


CC

inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o
ZA

interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que


S
TE

lhe forem formuladas 2. O interrogatório, como meio de defesa, implica ao imputado


ES

a possibilidade de responder a todas, nenhuma ou a apenas algumas perguntas


PR

direcionadas ao acusado, que tem direito de poder escolher a estratégia que melhor
A

lhe aprouver à sua defesa. 3. Verifica-se a ilegalidade diante do precoce encerramento


D
ZA

do interrogatório do paciente, após manifestação do desejo de não responder às


OU

86
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
perguntas do juízo condutor do processo, senão do seu advogado, sendo excluída a

A
UZ
possibilidade de ser questionado pelo seu defensor técnico (...) (HC n. 703.978/SC,

LO
relator Ministro Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Sexta

EL
Turma, julgado em 5/4/2022, DJe de 7/4/2022.)

IZ
GE
9.3 Confissão

04
70
58
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros

81
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais

7
95
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou

A
concordância.

CC
ZA
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
S
TE

elemento para a formação do convencimento do juiz. (não recepcionado)


ES
PR

Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos
14156
DA

autos, observado o disposto no art. 195.


ZA
OU

a) Conceito:
LL
ZE

Ocorre quando o próprio acusado admite a veracidade da imputação, quer perante a autoridade policial
EI

quer perante a autoridade judiciária.


G

Alguns autores afirmam que a confissão é um testemunho duplamente qualificado, uma vez que:
04


70

Do ponto de vista objetivo, a confissão recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa;
58

● Do ponto de vista subjetivo, a confissão provém do próprio acusado e não de terceiros.


1
78
95

b) Natureza Jurídica:
A
CC

14156
ZA

Configura atenuante genérica, à luz do art. 65, III, do CP.


S
TE

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº
ES

7.209, de 11.7.1984)
PR

III - ter o agente


A

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;


D
ZA
OU

87
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Súmula 545/STJ - Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento

A
UZ
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.

LO
EL
c) Valor Probatório:

IZ
GE
Antigamente, a confissão possuía valor absoluto, por isso era chamada de “rainha das provas”. Assim,

04
diante da confissão do réu (que muitas vezes acontecia mediante tortura) sua condenação era imperativa.

70
14156

58
Atualmente, qualquer prova tem valor relativo, inclusive, a confissão, conforme o art. 197:

81
7
95
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros

A
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais

CC
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância. ZA
S
TE
ES

Vale lembrar que é pacífico na jurisprudência a impossibilidade de condenação baseada SOMENTE em


PR

confissão, sem que seja confrontada com outros meios de prova que a confirmem ou contraditem.
14156
DA
ZA

d) Espécies:
OU
LL

I. Confissão extrajudicial: É a confissão feita fora do processo e sem observância do contraditório e da ampla
ZE

defesa.
GEI

Pergunta-se: Qual o valor dessa confissão (que, em geral, ocorre no APF)?


04
70

R.: A doutrina entende que a confissão extrajudicial não tem valor probatório. Já a jurisprudência, admite
58

sua utilização subsidiária (art. 155).


1
78
95

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
A

contraditório judicial, NÃO podendo fundamentar sua decisão EXCLUSIVAMENTE nos


CC

elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não


ZA

repetíveis e antecipadas.
S
TE
ES

II. Confissão judicial: É feita no curso do processo penal, perante a autoridade judiciária. Seu valor probatório é
PR

maior do que o da confissão extrajudicial, pois o acusado está perante o juiz, assistido por um advogado e
A

confrontado pela acusação.


D
ZA
OU

88
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Possui duas espécies, quais sejam:

A
UZ
● Própria: feita perante a autoridade judiciária competente;

LO
● Imprópria: feita perante a autoridade judiciária incompetente.

EL
IZ
III. Confissão explícita: Ocorre quando é feita de maneira clara e inequívoca.

GE
04
IV. Confissão implícita: Ocorre quando o acusado pratica um ato que importe no reconhecimento da culpa, como

70
58
14156
pagar a indenização a vítima. Não tem valor probatório, não sendo admitida no processo penal.

7 81
95
ATENÇÃO: No JECRIM a composição civil dá ensejo à renúncia ao direito de queixa ou representação da vítima.

A
CC
V. Confissão simples: O acusado confessa a prática do delito sem invocar qualquer tese de defesa.
ZA
S
TE

VI. Confissão qualificada: O acusado confessa a prática do delito, mas opõe algum fato modificativo, impeditivo ou
ES

extintivo do direito de punir. Ex.: excludente da ilicitude ou culpabilidade.


PR

14156
DA

VII. Confissão ficta ou presumida: NÃO existe confissão ficta no processo penal, como no processo civil, decorrente
ZA

da revelia. Tal presunção não ocorre, pois vige no processo penal o nemo tenetur se detegere (direito ao silêncio).
OU
LL

E existe revelia no Processo Penal?


ZE

Conforme os art. 366 e 367, se o acusado for citado por edital e não comparecer e nem constituir
EI

advogado, ficam suspensos o processo e o prazo prescricional, não ocorrendo à revelia (art. 366).
G
04
70

Art. 366. Se o acusado, citado por EDITAL, não comparecer, nem constituir advogado,
58

ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz


1
78

determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,


95

decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.


A
CC
ZA

Todavia se o acusado foi citado ou intimado pessoalmente e não compareceu, será decretada sua revelia
S

(art. 367).
TE
ES

Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
PR

PESSOALMENTE para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou,
A
D

no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo.


ZA
OU

89
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Ou seja, há a possibilidade de revelia no processo penal, contudo, ela não produz a confissão ficta e tem

A
UZ
como único efeito prático a desnecessidade de intimação do acusado para prática dos atos processuais, salvo

LO
em relação à sentença condenatória, da qual deve ser cientificado.

EL
IZ
VIII. Confissão delatória: Também é conhecida como CHAMAMENTO DE CORRÉU ou DELAÇÃO PREMIADA.

GE
04
● Materialização da delação premiada: Na prática (de lege ferenda) vem sendo lavrado um acordo sigiloso

70
58
entre a acusação e a defesa (quase um contrato), a ser submetido à homologação do juiz.

81
● Valor probatório da delação premiada: Para a jurisprudência do STF, uma delação premiada, por si só,

7
95
NÃO é fundamento idôneo para a condenação, devendo estar respaldada por outros elementos

A
probatórios.

CC
e) Características: ZA
S
TE
ES

● Ato personalíssimo: Não se pode transmitir o poder de confessar, apenas o acusado pode confessar.
PR

● Ato livre e espontâneo: O acusado possui direito ao silêncio, irá optar por confessar ou não o ato
14156
DA

criminoso.
ZA

● Ato retratável: Acusado pode se retratar da confissão a qualquer momento, no todo ou em parte (art.
OU

200).
LL
ZE

Art. 200. A confissão será divisível e RETRATÁVEL, sem prejuízo do livre convencimento
EI

do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.


G
04
70

● Ato divisível: O acusado pode confessar um delito e negar outros. O juiz pode considerar verdadeira
58

apenas uma parte da confissão, não valorando a parte que considerar inverossímil. Ex.: Juiz aceita a
1
78

confissão do ato, mas repudia a alegação de fato impeditivo (excludente de culpabilidade).


95
A
CC

Enunciado 13 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: A inexistência de confissão do investigado
ZA

antes da formação da opinio delicti do Ministério Público não pode ser interpretada como desinteresse em
entabular eventual acordo de não persecução penal.
S

14156
TE
ES

9.4 Prova Testemunhal


PR
AD

a) Conceito de Testemunha:
ZA
OU

90
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
É toda pessoa humana capaz de depor e que seja estranha ao processo, chamada a se manifestar sobre

A
UZ
fato percebido por seus sentidos e relativos à causa.

LO
Qualquer pessoa física pode ser testemunha, conforme art. 202 do CPP:

EL
IZ
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.

GE
04
b) Deveres da Testemunha:

70
14156

58
81
I. Dever de Depor:

7
95
A
Em regra, toda pessoa possui a obrigação de depor. Percebe-se que a testemunha, ao contrário do

CC
acusado, não tem direito ao silêncio, com exceção das hipóteses em que sua manifestação puder lhe incriminar
(nemo tenetur se detegere). ZA
S
TE

No entanto, aqui também existem exceções ao dever de depor. Vejamos: O art. 206 enumera alguns
ES

parentes do acusado que PODEM SE RECUSAR a prestação de depoimento, salvo quando não existir outros
PR

meios de comprovar o fato probando. Estão incluídos neste rol o ascendente ou descendente, o afim em linha
14156
DA

reta, o cônjuge, ainda que separado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado (art. 206)
ZA
OU

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,


LL

entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o


ZE

cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
EI

salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
G

e de suas circunstâncias.
04
70
58

Conforme o art. 207 do CPP, SÃO PROIBIDAS de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
1
78

ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
95

testemunho. São exemplos o advogado, o padre, o psicólogo, o médico etc.


A
CC

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
ZA

ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
S
TE

quiserem dar o seu testemunho.


ES
PR

O advogado, mesmo desobrigado pela parte interessada, está proibido de depor (art. 7º, inc. XIX, da Lei
A

8.906/94).
D
ZA
OU

91
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
EOAB - Art. 7º São direitos do advogado:

A
UZ
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva

LO
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado,

EL
mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que

IZ
constitua sigilo profissional;

GE
04
Veja a jurisprudência sobre o tema:

70
58
81
Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os

7
95
documentos do caso, não pode depor como testemunha no processo porque a conduta

A
da parte demonstra que ela não liberou o causídico do sigilo profissional que ele deve

CC
respeitar. STF. 2ª Turma. Rcl 37235/RR. Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/2/2020 (Info 967). ZA
S
TE
ES

II. Dever de Comparecimento:


PR

14156 14156
DA

Uma vez intimada, a testemunha é obrigada a comparecer (na mesma comarca em que reside), sob a
ZA

pena de não o fazendo ser conduzida coercitivamente.


OU
LL

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,


ZE

entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o


EI

cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
G

salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
04
70

e de suas circunstâncias.
158
78

Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo
95

justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou


A

determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força
CC

pública.
ZA
S
TE

Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem
ES

prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento


PR

das custas da diligência.


AD
ZA

Veja a jurisprudência sobre o tema:


OU

92
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
STJ (RHC 133.829): De acordo com precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do

LO
Supremo Tribunal Federal, as pessoas convocadas como testemunhas por Comissão

EL
Parlamentar de Inquérito (CPI) têm o dever de comparecer aos atos para os quais

IZ
foram chamadas, para que prestem esclarecimentos e contribuam com as

GE
investigações. O direito ao não comparecimento está restrito aos investigados, não se

04
estendendo às testemunhas. O relator lembrou que as CPIs possuem poderes de

70
58
investigação próprios das autoridades judiciais, como previsto pelo artigo 58, parágrafo

81
3º, da Constituição Federal. Ademais, segundo o ministro, entre as provas que podem

7
95
ser produzidas na instrução criminal, está a indagação de pessoas capazes
14156
de contribuir

A
para o esclarecimento dos fatos. "A essas pessoas dá-se o nome de testemunhas, as

CC
quais, nos termos do artigo 206 do Código de Processo Penal, não podem eximir-se da
ZA
obrigação de depor, ou seja, trata-se de um múnus público", explicou o ministro. Fonte:
S
TE

Conjur.
ES
PR

Em alguns casos, no entanto, o dever de comparecimento é mitigado. São eles:


14156
DA
ZA

1. Pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou velhice, serão inquiridas onde estiverem (art. 220);
OU
LL

Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de comparecer


ZE

para depor, serão inquiridas onde estiverem.


GEI

2. Pessoas enumeradas no art. 221 serão inquiridas em dia, hora e local previamente ajustados entre
04
70

elas e o juiz.
58
1
78

Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e deputados


95

federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e Territórios, os


A

secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos Municípios, os deputados


CC

às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e


ZA

juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os
S
TE

do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
ES

eles e o juiz.
PR
AD
ZA
OU

93
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
STF (AP n. 421 - QO) entendeu que a prerrogativa deve ser observada, mas não significa

A
UZ
que o juiz tenha que ficar indefinidamente aguardando a boa vontade das autoridades

LO
listadas.

EL
IZ
ATENÇÃO: o art. 221 está inserido no Capítulo que disciplina a prova testemunhal. Portanto, o dispositivo NÃO

GE
se aplica às hipóteses em que essas autoridades figurarem como acusadas no processo, mas sim quando forem

04
testemunhas (e o STF admite quando elas forem vítimas). E mais: caso a autoridade não utilize a prerrogativa

70
58
do art. 221 no prazo de 30 dias, o STF entende que esse direito se perde.

81
7
95
Inclusive, em 18/08/2020, reiterando sua jurisprudência consolidada, o STF negou ao Presidente da República

A
(Jair Bolsonaro), na qualidade de investigado, que realizasse seu depoimento por escrito. A decisão foi tomada

CC
no Inquérito 4831/DF, de relatoria do Ministro Celso de Mello, instaurado contra o Presidente da República, e o
ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. ZA
S
TE
ES

As autoridades com prerrogativa de foro previstas no art. 221 do CPP, quando


PR

figurarem na condição de investigados no inquérito policial ou de acusados na ação


14156
DA

penal, não têm o direito de serem inquiridas em local, dia e hora previamente ajustados
ZA

com a autoridade policial ou com o juiz. Isso porque não há previsão legal que assegure
OU

essa prerrogativa processual, tendo em vista que o art. 221 do CPP se restringe às
LL

hipóteses em que as autoridades nele elencadas participem do processo na qualidade


ZE

de testemunhas, e não como investigados ou acusados. STJ. 5ª Turma. HC 250970-SP,


EI

Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 23/9/2014 (Info 547).


G
04
70

3. Pessoas residentes em comarcas diversas da que se desenvolva o processo, caso no qual poderão ser
58

inquiridas pelo juiz de sua comarca, mediante CARTA PRECATÓRIA, ou pelo meio de VIDEOCONFERÊNCIA.
1
78

14156
95

Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do
A

lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
CC

razoável, intimadas as partes.


ZA

§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal.


S
TE

§ 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo tempo, a


ES

precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.


PR

§ 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha poderá ser


A

realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão


D
ZA
OU

94
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser

A
UZ
realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.

LO
EL
É indispensável a intimação quanto a expedição da carta precatória, sob pena de nulidade relativa.

IZ
Porém, cabe a parte diligenciar junto ao juízo deprecado para saber a data da oitiva no juízo deprecado (Súmula

GE
155 do STF e Súmula 273 do STJ).

04
70
58
Súmula 155/STF - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da

81
expedição de precatória para inquirição de testemunha.

7
95
A
Súmula 273/STJ - Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se

CC
desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.
ZA
S
TE

Aqui, entra, também, a CARTA ROGATÓRIA, prevista no CPP. O artigo 222-A foi introduzido ao CPP pela
ES

Lei n. 11.900/09. Na AP. n. 470 – QO n. 4, o Supremo entendeu que o dispositivo seria plenamente constitucional
PR

em razão da boa-fé.
14156
DA
ZA

Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada previamente a sua


OU

imprescindibilidade, arcando a parte requerente com os custos de envio.


LL

Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222


ZE

deste Código.
GEI

Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo


04

14156
70

prescricional ficará suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional
58

voltará a correr antes mesmo que a carta seja juntada aos autos. O CPP afirma que,
1
78

se for expedida uma carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo
95

prescricional ficará suspenso até que ela seja cumprida: Art. 368. Estando o acusado no
A

estrangeiro, em lugar sabido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o


CC

curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. Até quando o prazo prescricional
ZA

fica suspenso? Até o cumprimento da carta ou até a sua juntada aos autos? O termo
S
TE

final da suspensão do prazo prescricional pela expedição de carta rogatória para citação
ES

do acusado no exterior é a data da efetivação da comunicação processual no


PR

estrangeiro, ainda que haja demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos
A

autos. STJ. 5ª Turma. REsp 1882330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
D
ZA

06/04/2021 (Info 691).


OU

95
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
III. Dever de Prestar o Compromisso de Dizer a Verdade:

LO
EL
Toda testemunha tem o dever de prestar o compromisso de dizer a verdade (art. 203 do CPP).

IZ
Lembrando que, quando o depoimento puder lhe incriminar, a testemunha poderá fazer invocar o

GE
direito ao silêncio, desdobramento do princípio da não autoincriminação.

04
70
58
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do

81
14156
que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e

7
95
sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que

A
grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que

CC
souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais
possa avaliar-se de sua credibilidade. ZA
S
TE
ES

As exceções são:
PR

1. Parentes próximos do réu (art. 206 c/c 208 do CPP);


14156
DA
ZA

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,


OU

entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o


LL

cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
ZE

salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
EI

e de suas circunstâncias.
G
04
70

Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e
58

deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se


1
78

refere o art. 206.


95
A

2. Menor de 14 anos;
CC

3. Deficientes mentais (art. 208 do CPP).


ZA
S
TE

OBS: As testemunhas do art. 207 prestam o compromisso.


ES
PR

Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
A

ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
D
ZA

quiserem dar o seu testemunho.


OU

96
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
A ausência do compromisso não dá à testemunha o direito de mentir. A testemunha tem o dever de

LO
dizer a verdade, sob pena de responder por falso testemunho.

EL
O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata

IZ
ou declara a verdade (art. 342 do CP).

GE
04
CP Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,

70
58
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,

81
inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.

7
95
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o

A
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.

CC
ZA
ATENÇÃO: A doutrina costuma chamar as testemunhas não compromissadas de INFORMANTES.
S
TE

14156
ES

Pergunta-se: A testemunha que não presta compromisso, chamada de informante, pode praticar o
PR

delito do art. 342 CP?


14156
DA

R.: Há divergência de entendimento.


ZA

1ª C: Toda testemunha, compromissada ou não pode ser sujeito ativo do crime do art. 342, a lei não
OU

diferencia, logo não cabe ao intérprete fazê-lo. Não bastasse, a testemunha não compromissada, pode servir
LL

como argumento de condenação ou absolvição. Quem falou que o juiz não pode utilizar o testemunho de um
ZE

informante para basear seu julgamento? Em outras palavras: qualquer testemunha poderá praticar o crime do
EI

art. 342 do CP, pois este tipo penal não traz o compromisso de dizer a verdade como uma elementar do crime
G
04

de falso testemunho.
70

2ªC: Se a lei não submete a testemunha informante ao compromisso de dizer a verdade, NÃO pode
58

cometer o ilícito do art. 342. Ora, se a própria lei não colhe delas o compromisso de dizer a verdade, a lei não
1
78

pode cobrar. PREVALECE.


95
A
CC

Ao final do depoimento, em se convencendo da existência do crime de falso testemunho (que pode se


ZA

configurar até mesmo pelo silêncio da testemunha), o juiz remeterá cópia do depoimento à autoridade policial
para instauração de inquérito. Se o fato se der em julgamento perante o tribunal do júri, prevê o art. 211, §único,
S
TE

que a testemunha deverá ser de imediato apresentada à autoridade policial.


ES
PR

IV. Dever de Comunicar Alteração de Endereço:


AD
ZA
OU

97
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de 1 (um) ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-

A
UZ
se, pela simples omissão, às penas do não comparecimento (art. 224 do CPP).

LO
EL
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança
14156

IZ
de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não comparecimento.

GE
04
c) Espécies de Testemunhas:

70
58
81
● Testemunhas Numerárias: São aquelas arroladas pelas partes e que prestam o compromisso legal, sendo

7
95
computadas para efeito de aferição do número máximo de testemunhas legalmente permitido.

A
CC
Quantidade de testemunhas: Contabilização apenas das testemunhas numerárias.
RITO ORDINÁRIO ZA
Até 08 testemunhas (art. 401, caput, e §1º, do CPP)
S
TE
ES

RITO SUMÁRIO Até 05 testemunhas (art. 532, do CPP)


PR

RITO SUMARÍSSIMO Até 03 testemunhas


14156
(art. 34, Lei 9099/95).
DA
ZA

LEI DE DROGAS Até 05 testemunhas (art. 54, III, da referida lei)


OU
LL

1ª FASE DO TRIBUNAL DO JÚRI Até 08 testemunhas (art. 406, §2º, do CPP)


ZE
GEI

2ª FASE DO TRIBUNAL DO JÚRI Até 05 testemunhas (art. 422, do CPP)


04
70

● Testemunhas Extranumerárias: São aquelas que não são computadas no número de testemunhas
158

legalmente permitido, podendo ser ouvidas em número ilimitado. Incluem-se as testemunhas ouvidas por
78

iniciativa do juiz, testemunhas arroladas pelas partes que não prestam compromisso legal e testemunhas
95

que nada sabem dos fatos (art. 209 do CPP).


A
CC
ZA

Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
S

indicadas pelas partes.


TE

§1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se


ES
PR

referirem.
§2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à
DA

decisão da causa.
ZA
OU

98
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
14156

A
UZ
● Testemunhas Diretas: São aquelas que depõem sobre fatos que PRESENCIOU. São as chamadas

LO
testemunhas visuais.

EL
IZ
● Testemunhas Indiretas: São aquelas que depõem sobre fatos que OUVIU DIZER (hear say). Seu depoimento

GE
possui menor valor probatório.

04
70
58
STJ (REsp n. 1.373.356): Apesar do Brasil não ter um regramento proibindo as

81
testemunhas indiretas, ao contrário de outros Países, o Superior Tribunal de Justiça

7
95
concluiu ser intolerável que alguém em juízo se limite tão somente a dizer o que ela

A
ouviu falar e que isso seja tido como prova robusta para um decreto condenatório.

CC
● ZA
Testemunhas Próprias: São aquelas que prestam declarações sobre a infração penal.
S
TE
ES

● Testemunhas Laudadoras ou de Beatificação: São aquelas que prestam declarações relacionadas aos
PR

antecedentes do réu. 14156


DA
ZA

● Testemunhas Impróprias, Instrumentárias ou Fedatárias: São aquelas que prestam declarações sobre a
OU

regularidade de um ato do processo ou do inquérito policial, e não sobre a própria infração penal. Ex.:
LL

testemunhas de apresentação que são chamadas para presenciar o auto de prisão em flagrante.
ZE
EI

Em juízo, se o acusado se recusar a assinar o termo do interrogatório, não há necessidade de


G
04

testemunhas fedatárias, como ocorre no auto de prisão em flagrante, previsto no art. 304, §§ 2° e 3°, do CPP.
70
58

Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e


1
78

colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
95

entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o


A
CC

acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita,


ZA

colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal,
S

o auto.
TE

2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,


ES

nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
PR

testemunhado a apresentação do preso à autoridade.


DA
ZA
OU

99
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
§ 3o Quando o ACUSADO se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto

A
UZ
de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua

LO
leitura na presença deste.

EL
IZ
● Informantes: São aquelas testemunhas que não prestam o compromisso legal, como por exemplo, o filho ou

GE
a mãe do réu, que são chamadas para depor (art. 206 CPP).

04
70
58
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,

81
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o

7
95
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,

A
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato

CC
e de suas circunstâncias.
ZA
S
TE

● Testemunhas Referidas: São aquelas mencionadas (referidas) por outras testemunhas já ouvidas, não
ES

entrando no número permitido (art. 209, §1º CPP).


PR

14156
DA

Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
ZA

indicadas pelas partes.


OU

§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se


LL

referirem.
ZE
EI

CAIU EM PROVA:
G
04

(Delegado do Estado de Goiás 2022): As testemunhas referidas não devem ser computadas para fins do número
70

máximo de testemunhas a serem ouvidas - item considerado correto.


158
78

● Testemunhas Anônimas: São aquelas cuja qualificação não é informada ao acusado.


95
A
CC

De acordo com o STF, não há nenhuma inconstitucionalidade, tendo em vista que visa à preservação da
ZA

integridade da testemunha.
S
TE

● Testemunhas Ausentes: São aquelas que não comparecem para depor em juízo. Assim, elas podem até já
ES

ter sido ouvidas durante a fase investigatória, mas por algum motivo não compareceram em juízo para
PR

14156

prestar seu depoimento. Ex.: morreram, estão com medo.


DA
ZA
OU

100
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
● Testemunhas Remotas: São aquelas ouvidas por videoconferência.

A
UZ
LO
● Testemunhas da Coroa: São aqueles depoimentos prestados pelo agente infiltrado. Esta figura foi prevista

EL
em alguns diplomas, como a Lei n. 12.850/2013 e a Lei n. 11.343/2006. O agente infiltrado é o policial que,

IZ
mediante autorização judicial, ingressa em uma organização criminosa, colhendo material probatório acerca

GE
das práticas delitivas.

04
70
58
● Testemunhas Vulneráveis e “depoimento sem dano”: Salienta-se que não são apenas as pessoas do art.

81
14156

217-A do CP. Segundo a doutrina, também podem ser incluídas como testemunhas vulneráveis pessoas

7
95
idosas ou em situações de vulnerabilidade, como a de violência doméstica ou familiar contra a mulher.

A
CC
Durante muitos anos as pessoas vulneráveis eram ouvidas sem nenhum cuidado. Para contornar as
ZA
consequências, como a revitimização, foi construído doutrinariamente o que se chamou de depoimento sem
S
TE

dano. Posteriormente, foi positivado, sendo denominado de Depoimento Especial.


ES
PR

Lei 13.431/17:
14156
DA

Art. 7º: Escuta especializada é o procedimento de entrevista sobre situação de violência


ZA

com criança ou adolescente perante órgão da rede de proteção, limitado o relato


OU

estritamente ao necessário para o cumprimento de sua finalidade.


LL

Art. 8º: Depoimento especial é o procedimento de oitiva de criança ou adolescente


ZE

vítima ou testemunha de violência perante autoridade policial ou judiciária.


EI

Art. 9º: A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que
G
04

visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça,
70

coação ou constrangimento.
58

Art. 10: A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local


1
78

apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade


95

da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência.


A
CC

Art. 11: O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será
ZA

realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida
a ampla defesa do investigado.
S
TE

§ 1º: O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova:


ES

I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos;


PR

II - em caso de violência sexual.


DA
ZA

Veja a jurisprudência sobre o “depoimento sem dano”:


OU

101
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
(Info 767 STJ) É justificável a antecipação de prova no caso de depoimento especial

LO
de adolescente vítima de possível crime sexual - na forma da Lei n. 13.431/2017 - pela

EL
relevância da palavra da vítima em crimes dessa natureza e na sua urgência pela

IZ
falibilidade da memória de crianças e adolescentes. Processo em segredo de justiça,

GE
Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em

04
6/3/2023, DJe 14/3/2023.

70
58
O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes que

81
foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio de um

7
95
procedimento especial, que consiste no seguinte: a criança ou o adolescente fica em

A
uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou

CC
assistente social), que faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa
ZA
em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de
S
TE

confiança entre ele e a vítima. O juiz, o Ministério Público, o réu e o Advogado/Defensor


ES

Público acompanham, em tempo real, o depoimento em outra sala por meio de um


PR

sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico com a vítima. A Lei nº
14156
DA

13.431/2017 trouxe regras para a realização do depoimento sem dano. No entanto,


ZA

mesmo antes desta Lei, o STJ já entendia que era válida, nos crimes sexuais contra
OU

criança e adolescente, a inquirição da vítima na modalidade do “depoimento sem


LL

dano”, em respeito à sua condição especial de pessoa em desenvolvimento, inclusive


ZE

antes da deflagração da persecução penal, mediante prova antecipada. Assim, mesmo


EI

antes da Lei nº 13.431/2017, não configurava nulidade por cerceamento de defesa o


G

fato de o defensor e o acusado de crime sexual praticado contra criança ou adolescente


04
70

não estarem presentes na oitiva da vítima devido à utilização do método de inquirição


58

denominado “depoimento sem dano”. STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min. Gurgel
1
78

de Faria, julgado em 24/2/2015 (Info 556).


95

14156
A

Depoimento ad perpetuam rei memoriam:


CC

Art. 225: Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de
ZA

que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
S
TE

tomar-lhe antecipadamente o depoimento.


ES
PR

e) Método de Inquirição das Testemunhas


AD
ZA
OU

102
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 212, do CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à

A
UZ
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem

LO
relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo

EL
único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.

IZ
GE
O art. 212 estabeleceu o método de inquirição direta das testemunhas (sistema de inquirição direta

04
ou cross examination). Isso porque, com a reforma do CPP, operada pela Lei nº 11.690/2008, a participação do

70
58
juiz na inquirição das testemunhas foi reduzida ao mínimo possível. A ideia é justamente que o depoimento não

81
seja conduzido pelo juiz e sim pelas partes, podendo o juiz intervir apenas excepcionalmente a título

7
95
complementar. Desse modo, as perguntas agora são formuladas diretamente pelas partes (MP e defesa) às

A
testemunhas.

CC
Pergunta-se: Quem inicia a inquirição? ZA
S
TE

R.: Pela parte que arrolou a testemunha. Ex.: Na denúncia, o MP arrolou duas testemunhas (Carlos e
ES

Fernando). A defesa, na resposta escrita, também arrolou uma testemunha (André). No momento da audiência
PR

de instrução, inicia-se ouvindo as testemunhas arroladas pelo MP (Carlos e Fernando).


14156
DA
ZA

Pergunta-se: Quem primeiro fará perguntas a essas testemunhas?


OU

R.: O Ministério Público. Quando o MP acabar de perguntar, a defesa terá direito


14156 de formular seus
LL

questionamentos e, por fim, o juiz poderá complementar a inquirição, se houver pontos não esclarecidos.
ZE

Depois de serem ouvidas todas as testemunhas de acusação, serão inquiridas as testemunhas de defesa
EI

(no exemplo dado, apenas André).


G
04
70

Pergunta-se: Quem primeiro fará as perguntas a testemunha de defesa?


58

R.: A própria defesa. Quando a defesa acabar de perguntar, o Ministério Público terá direito de formular
1
78

questionamentos e, por fim, o juiz poderá complementar a inquirição, se houver pontos não esclarecidos.
95

Assim, em regra, o juiz deverá apenas ficar calado, ouvindo e valorando, em seu íntimo, as perguntas e
A

as respostas. O juiz, contudo, deverá intervir e indeferir a pergunta formulada pela parte, antes que a
CC

testemunha responda, caso se verifique uma das seguintes situações:


ZA

· Quando a pergunta feita pela parte puder induzir a resposta da testemunha;


S
TE

· Quando a pergunta não tiver relação com a causa;


ES

· Quando a pergunta for a repetição de outra já respondida.


PR
AD

Pergunta-se: O que acontece se o juiz não obedecer a esta regra? O que ocorre se o juiz iniciar as perguntas,
ZA

inquirindo a testemunha antes das partes?


OU

103
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
R.: Existem duas correntes sobre o tema.

A
UZ
1ª C: Se o juiz inicia as perguntas há inobservância do art. 212 do CPP, o que gera a nulidade do ato. É como

LO
se fosse uma nulidade absoluta.
14156

EL
IZ
Não cabe ao juiz, na audiência de instrução e julgamento de processo penal, iniciar a

GE
inquirição de testemunha, cabendo-lhe, apenas, complementar a inquirição sobre os

04
pontos não esclarecidos. STF. 1ª Turma. HC 161658/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,

70
58
julgado em 2/6/2020 (Info 980). STF. 1ª Turma. HC 187035/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,

81
julgado em 6/4/2021 (Info 1012).

7
95
A
2ª C: O fato de o juiz iniciar a inquirição das testemunhas pode gerar, quando muito, nulidade relativa,

CC
cujo reconhecimento depende da demonstração do prejuízo para a parte que a suscita. Assim, não deve ser
ZA
acolhida a alegação de nulidade em razão da não observância da ordem de formulação de perguntas às
S
TE

testemunhas, estabelecida pelo art. 212 do CPP, se a parte não se desincumbiu do ônus de demonstrar o prejuízo
ES

decorrente da inversão da ordem de inquirição das testemunhas. A demonstração de prejuízo, a teor do art. 563
PR

do CPP, é essencial à alegação de nulidade.


14156
DA
ZA

A inobservância do procedimento previsto no art. 212 do CPP pode gerar, quando


OU

muito, nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da demonstração do prejuízo


LL

para a parte que a suscita. A defesa trouxe argumentação genérica, sem demonstrar
ZE

qualquer prejuízo concretamente sofrido, capaz de nulificar o julgado. Nesse contexto,


EI

incide a regra segundo a qual não haverá declaração de nulidade quando não
G

demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief). STF. 1ª
04
70

Turma. HC 177530 AgR, Rel. Alexandre de Moraes, julgado em 20/12/2019.


58
1
78

Jurisprudência em Teses (Ed. 69): Tese 12: A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes
95

que seja oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a inversão da ordem
A

prevista no art. 212 do Código de Processo Penal, constitui nulidade relativa.


CC
ZA

Não é possível anular o processo, por ofensa ao art. 212 do Código de Processo Penal,
S
TE

quando não verificado prejuízo concreto advindo da forma como foi realizada a
ES

inquirição das testemunhas, sendo certo que, segundo entendimento consolidado


PR

neste Superior Tribunal, o simples advento de sentença condenatória não tem o


A

condão, por si só, de cristalizar o prejuízo indispensável para o reconhecimento da


D
ZA
OU

104
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
nulidade. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1493757/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,

A
UZ
julgado em 28/04/2020.

LO
EL
A inquirição das testemunhas pelo juiz antes que seja oportunizada a formulação das

IZ
perguntas às partes, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do Código de

GE
Processo Penal, constitui nulidade relativa. Não havendo demonstração do prejuízo,

04
nos termos exigidos pelo art. 563 do mesmo estatuto processual, não se procede à

70
58
anulação do ato. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 578.934/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,

81
julgado em 02/06/2020.

7
95
A
Jurisprudências importantes sobre prova testemunhal:

CC
ZA
Indeferimento de todas as testemunhas da defesa sob o argumento de que seriam
S
TE

protelatórias: constrangimento ilegal. Na fase de defesa prévia, o réu arrolou uma


ES

série de testemunhas, mas o juiz negou a oitiva afirmando que o requerimento seria
PR

protelatório, haja vista que as testemunhas não teriam, em tese, vinculação com os
14156
DA

fatos criminosos imputados. O STF entendeu que houve constrangimento ilegal. O


ZA

direito à prova é expressão de uma inderrogável prerrogativa jurídica, que não pode
OU

ser, arbitrariamente, negada ao réu. O princípio do livre convencimento motivado (art.


LL

400, § 1º, do CPP) faculta ao juiz o indeferimento das provas consideradas irrelevantes,
ZE

impertinentes ou protelatórias. No entanto, no caso concreto houve o indeferimento


EI

de todas as testemunhas de defesa. Dessa forma, houve ofensa ao devido processo


G

legal, visto que frustrou a possibilidade de o acusado produzir as provas que reputava
04

14156
70

necessárias à demonstração de suas alegações. STF. 2ª Turma. HC 155363/RJ, Rel. Min.


58

Dias Toffoli, julgado em 8/5/2018 (Info 901).


1
78
95

Depoimento dos policiais pode fundamentar a sentença condenatória. O depoimento


A

dos policiais prestado em juízo constitui meio de prova idôneo, podendo embasar a
CC

condenação do réu. Assim, por exemplo, as declarações dos policiais militares


ZA

responsáveis pela efetivação da prisão em flagrante constituem meio válido de prova


S
TE

para condenação, sobretudo quando colhidas no âmbito do devido processo legal e sob
ES

o crivo do contraditório. A defesa pode demonstrar, no caso concreto, que as


PR

testemunhas não gozam de imparcialidade, sendo, contudo, ônus seu essa prova. STJ.
A

5ª Turma. HC 395.325/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 18/05/2017.


D
ZA
OU

105
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Antecipação da prova testemunhal pela gravidade do crime e possibilidade concreta

A
UZ
de perecimento. A antecipação da prova testemunhal prevista no art. 366 do CPP pode

LO
ser justificada como medida necessária pela gravidade do crime praticado e

EL
possibilidade concreta de perecimento, haja vista que as testemunhas poderiam se

IZ
14156
esquecer de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso do tempo.

GE
Além disso, a antecipação da oitiva das testemunhas não traz nenhum prejuízo às

04
garantias inerentes à defesa. Isso porque quando o processo retomar seu curso, caso

70
58
haja algum ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta que seja feita nova

81
inquirição. STF. 2ª Turma. HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/

7
95
o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016 (Info 851).

A
CC
IMPORTANTE!
(1) Por quanto tempo o prazo prescricional ficaria suspenso? ZA
S
TE

O tema era alvo de divergência jurisprudencial. No entanto, o STF, aderindo à posição já consolidada e sumulada
ES

do STJ, passou a entender que, no caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de
PR

prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime. Veja:


14156
DA
ZA

Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos na
OU

Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo prescricional
LL

ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer
ZE

suspenso. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
EI

o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
G

consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. STF.
04
70

Plenário. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema
58

438) (Info 1001).


1
78
95

No mesmo sentido: Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
A

pena cominada.
CC
ZA

(2) Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a sua
S
TE

oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências e,
ES

se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela
PR

jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do
A

art. 366 do CPP?


D
ZA

SIM. É a posição do STJ.


OU

106
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade faz com que ele

A
UZ
presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma das ocorrências acabam se perdendo

LO
em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os policiais sejam ouvidos como produção antecipada da prova

EL
testemunhal, pois além da proximidade temporal com a ocorrência dos fatos proporcionar uma maior fidelidade

IZ
das declarações, possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos vivenciados por ele, o que terá grande

GE
relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a defesa técnica repute necessária a repetição do

04
seu depoimento por ocasião da retomada do curso da ação penal.

70
58
Nesse sentido: AgRg no AREsp 1.995.527-SE, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por

81
unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022.

7
95
A
O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos. Exemplos:

CC
· Não admitindo: STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015;
ZA
· Admitindo: STF. 2ª Turma. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão: Gilmar Mendes,
S
TE

julgado em 13/12/2016.
14156
ES
PR

g) Valor Probatório da Prova Testemunhal


14156
DA
ZA

O valor probatório da prova testemunhal é RELATIVO. O juiz deve confiar nos depoimentos, posto que
OU

prestados sob compromisso, desde que não estejam em desacordo evidente com os demais elementos de prova
LL

constante nos autos.


ZE

Sempre houve intensa divergência na doutrina e jurisprudência a respeito da credibilidade do


EI

depoimento policial enquanto prova testemunhal. Vejamos:


G

1ª C (doutrina majoritária / Tribunais Superiores): Não há ressalvas, em princípio, quanto à prova policial,
04
70

porque como se dá credibilidade ao depoimento de qualquer cidadão comum, não há de ser diferente com o
58

policial até porque, enquanto agente da administração pública, goza de fé pública (presunção relativa de
1
78

legitimidade dos seus atos).


95

Jurisprudência em Teses STJ – Ed. 105, nº 6: É válido e revestido de eficácia probatória


A

o testemunho prestado por policiais envolvidos em ação investigativa ou responsáveis


CC

por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia com as demais provas dos autos
ZA

e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.


S
TE

2ª C (Camargo Aranha): Como a investigação foi conduzida pelos policiais é certo que possuem interesse
ES

na condenação do réu, o que legitimaria toda a investigação realizada, não sendo tais depoimentos, portanto,
PR

desinteressados. Entendimento que não tem penetração jurisprudencial.


A

No informativo 756, a 5ª Turma do STJ trouxe um importante julgado a respeito do tema:


D
ZA
OU

107
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
O testemunho prestado em juízo pelo policial deve ser valorado, assim como acontece

A
UZ
com a prova testemunhal em geral, conforme critérios de coerência interna, coerência

LO
externa e sintonia com as demais provas dos autos. (5ª T. STJ, AREsp 1.936.393-RJ,

EL
Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe

IZ
08/11/2022.)

GE
04
9.5 Reconhecimento de Coisas e Pessoas

70
58
81
Trata-se do procedimento disciplinado nos art. 226 a art. 228, do CPP e que merece especial destaque

7
95
em razão das diversas discussões jurisprudenciais pelas quais a temática passou nos últimos anos.

A
CC
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,
proceder-se-á pela seguinte forma: ZA
S
TE

I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a descrever a pessoa


ES

que deva ser reconhecida;


PR

Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se possível, ao lado de


14156
DA

outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer
ZA

o reconhecimento a apontá-la;
OU

III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
LL

efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
ZE

deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
EI

IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito pela


G

autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por duas


04
70

testemunhas presenciais.
58

Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução
1
78

criminal ou em plenário de julgamento.


95

14156
A

O art. 226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas (reconhecimento pessoal).
CC

Pergunta-se: O descumprimento dessas formalidades enseja a nulidade do reconhecimento?


ZA

1ª C: NÃO, pois o procedimento constitui mera recomendação legal. Era a posição pacífica da 5ª Turma
S
TE

e que prevalecia na jurisprudência até 2020.


ES
PR

As disposições contidas no art. 226 do CPP configuram uma recomendação legal, e não
A

uma exigência absoluta. Assim, é válido o ato mesmo que realizado de forma diversa
D
ZA
OU

108
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
da prevista em lei. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1665453/SP, Rel. Min. Joel Ilan

A
UZ
Paciornik, julgado em 02/06/2020.

LO
EL
2ª C: SIM, pois o procedimento constitui garantia mínima ao acusado. Nesse sentido, julgado da 6ª

IZ
Turma do STJ, que promoveu uma virada jurisprudencial e fixou as seguintes conclusões:

GE
● O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226 do Código de

04
Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem se encontra na condição

70
58
de suspeito da prática de um crime;

81
● À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância do procedimento descrito

7
95
na referida norma processual torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e não poderá servir

A
de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmado o reconhecimento em juízo;

CC
● Pode o magistrado
14156 realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o devido

ZA
procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da autoria delitiva a partir do exame de
S
TE

outras provas que não guardem relação de causa e efeito com o ato viciado de reconhecimento;
ES

● O reconhecimento do suspeito por simples exibição de fotografia(s) ao reconhecedor, a par de dever


PR

seguir o mesmo procedimento do reconhecimento


14156
pessoal, há de ser visto como etapa antecedente
DA

a eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que
ZA

confirmado em juízo. STJ. 6ª Turma. HC 598886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
OU

27/10/2020 (Info 684).


LL
ZE

Ainda, houve decisão do STF sobre o reconhecimento de pessoas no mesmo sentido da 6ª Turma:
GEI
04

A desconformidade ao regime procedimental determinado no art. 226 do CPP deve


70

acarretar a nulidade do ato e sua desconsideração para fins decisórios, justificando-


58

se eventual condenação somente se houver elementos independentes para superar a


1
78

presunção de inocência. STF. 2ª Turma. RHC 206846/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
95

julgado em 22/2/2022 (Info 1045).


A
CC
ZA

Nesse sentido, tem-se que o reconhecimento (fotográfico ou presencial) efetuado pela vítima, em sede
S

inquisitorial, não constitui evidência segura da autoria do delito, dada a falibilidade da memória humana, que
TE

se sujeita aos efeitos tanto do esquecimento, quanto de emoções e de sugestões vindas de outras pessoas que
ES

podem gerar “falsas memórias”, além da influência decorrente de fatores, como, por exemplo, o tempo em que
PR

a vítima esteve exposta ao delito e ao agressor; o trauma gerado pela gravidade do fato; o tempo decorrido entre
AD

o contato com o autor do delito e a realização do reconhecimento; as condições ambientais (tais como
ZA

visibilidade do local no momento dos fatos); estereótipos culturais (como cor, classe social, sexo, etnia etc.).
OU

109
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Note que, acerca da temática de reconhecimento fotográfico, ainda, a 6ª Turma do STJ decidiu que “no

A
UZ
caso em que o reconhecimento fotográfico na fase inquisitorial não tenha observado o procedimento legal,

LO
mas a vítima relata o delito de forma que não denota riscos de um reconhecimento falho, dá-se ensejo a

EL
distinguishing quanto ao acórdão do HC 598.886/SC, que invalida qualquer reconhecimento formal - pessoal

IZ
ou fotográfico - que não siga estritamente o que determina o art. 226 do CPP.” (STJ. 6a Turma. REsp 1.969.032-

GE
RS, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade,

04
julgado em 17/05/2022, DJe 20/05/2022. - Info 739)

70
58
Note, por oportuno, que o Julgado no informativo 739 não supera o entendimento do Info 684 (O art.

81
226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas - reconhecimento pessoal - e o

7
95
descumprimento dessas formalidades enseja a nulidade do reconhecimento), pois, no julgamento do HC

A
598.886/SC, da relatoria do Min. Rogério Schietti Cruz, decidiu a Sexta Turma, revendo anterior interpretação,

CC
no sentido de que se "determine, doravante, a invalidade de qualquer reconhecimento formal - pessoal ou
ZA
fotográfico - que não siga estritamente o que determina o art. 226 do CPP, sob pena de continuar-se a gerar uma
S
TE

instabilidade e insegurança de sentenças judiciais que, sob o pretexto de que outras provas produzidas em apoio
ES

a tal ato - todas, porém, derivadas de um reconhecimento desconforme ao modelo normativo - autorizariam a
PR

condenação, potencializando, assim, o concreto risco de graves erros judiciários".


14156
DA

Além disso, importante observar que o entendimento do STF (2ª Turma. RHC 206846/SP) conforme
ZA

exposto acima também é pela nulidade.


OU

Por fim, a título de complementação, a posição pacífica da 5ª Turma ERA em sentido contrário de que as
LL

disposições contidas no art. 226 do CPP configuram uma recomendação legal, e não uma exigência absoluta.
ZE

Assim, entendia que era válido o ato mesmo que realizado de forma diversa da prevista em lei (STJ. 5ª Turma.
EI

AgRg no AREsp 1665453/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/06/2020). Contudo, a Turma se ajustou
G

no HC 694.083/PB, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/11/2021, DJe
04
70

29/11/2021:
58

O reconhecimento fotográfico serve como prova apenas inicial e deve ser ratificado
1
78

por reconhecimento presencial, assim que possível. E, no caso de uma ou ambas as


95

formas de reconhecimento terem sido efetuadas, em 14156


sede inquisitorial, sem a
A

observância (parcial ou total) dos preceitos do art. 226 do CPP e sem justificativa idônea
CC

para o descumprimento do rito processual, ainda que confirmado em juízo, o


ZA

reconhecimento falho se revelará incapaz de permitir a condenação, como regra


S
TE

objetiva e de critério de prova, sem corroboração do restante do conjunto probatório,


ES

produzido na fase judicial.


PR
A

Ainda que o reconhecimento fotográfico esteja em desacordo com o procedimento


D
ZA

previsto no art. 226 do CPP, deve ser mantida a condenação quando houver outras
OU

110
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
provas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, independentes e

A
UZ
suficientes o bastante, para lastrear o decreto condenatório.

LO
Se as demais provas que compuseram o acervo fático-probatório amealhado aos autos

EL
foram produzidas por fonte independente da que culminou com o elemento

IZ
informativo obtido por meio do reconhecimento fotográfico realizado na fase

GE
inquisitiva, de maneira que, ainda que o reconhecimento haja sido feito em desacordo

04
com o modelo legal e, assim, não possa ser sopesado, nem mesmo de forma

70
14156

58
suplementar, para fundamentar a condenação do réu, aquelas provas, independentes

81
e suficientes o bastante, produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa,

7
95
podem lastrear o decreto condenatório. AgRg nos EDcl no HC 656.845-PR, Rel. Min.

A
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022, DJe

CC
17/10/2022
ZA
S
TE

É ilícita a prova obtida por meio de reconhecimento fotográfico judicial que não
ES

observou o art. 226 do Código de Processo Penal, sendo devida a absolvição quando
PR

as provas remanescentes são tão somente a confissão extrajudicial, integralmente


14156
DA

retratada em Juízo, e a apreensão de um dos bens subtraídos, meses após os fatos,


ZA

efetivada no curso das investigações, o qual estava com um dos acusados que não foi
OU

reconhecido por nenhuma das vítimas. REsp 1.996.268-GO, Rel. Ministra Laurita Vaz,
LL

Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/4/2023


ZE
EI

CAIU EM PROVA:
G

(Delegado do Estado do Amazonas 2022): Sobre o reconhecimento fotográfico, de acordo com a atual
04
70

orientação do STJ, é correto afirmar que o reconhecimento fotográfico realizado na investigação serve apenas
58

como prova inicial, dependendo de posteriormente haver reconhecimento pessoal – item considerado correto.
1
78
95

Pergunta-se: E se a nulidade do reconhecimento só foi decretada depois de o réu ter sido condenado?
A
CC

Isso significa que ele deverá ser absolvido? Ex: o réu foi condenado pelo juiz; em apelação, o TJ decide que o
ZA

reconhecimento foi nulo porque descumpriu as formalidades. Ele será absolvido?


R:.Depende.
S
TE

● Se a condenação somente se fundamentou no reconhecimento: SIM. O réu deverá ser necessariamente


ES

absolvido.
PR

● Se a condenação se baseou também em outros elementos de prova independentes e não


AD

contaminados: NÃO. Neste caso, a condenação poderá ser mantida.


ZA
OU

111
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Desse modo, se declarada a irregularidade do ato, eventual condenação já proferida poderá ser mantida,

A
UZ
se fundamentada em provas independentes e não contaminadas.

LO
EL
Ainda sobre a temática, cabe destacar a ressalva trazida pelo STJ:

IZ
GE
Se a vítima é capaz de individualizar o autor do fato, é desnecessário instaurar o

04
procedimento do art. 226 do CPP. 1. Para a jurisprudência desta Corte Superior, o

70
14156

58
reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por fotografia, realizado na fase do

81
inquérito policial, apenas é apto para identificar o réu e fixar a autoria delitiva quando

7
95
observadas as formalidades previstas no art. 226 do Código de Processo Penal (HC n.

A
598.886/SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 18/12/2020). 2. O art.

CC
226, antes de descrever o procedimento de reconhecimento de pessoa, diz em seu
ZA
caput que o rito terá lugar "quando houver necessidade", ou seja, o reconhecimento
S
TE

de pessoas deve seguir o procedimento previsto quando há dúvida sobre a


ES

identificação do suposto autor. A prova de autoria não é tarifada pelo Código de


PR

Processo Penal. 4. Antes, esta Corte dizia que o procedimento não era vinculante;
14156
DA

agora, evoluiu no sentido de exigir sua observância, o que não significa que a prova de
ZA

autoria deverá sempre observar o procedimento do art. 226 do Código de Processo


OU

Penal. O reconhecimento de pessoa continua tendo espaço quando há necessidade, ou


LL

seja, dúvida quanto à individualização do suposto autor do fato. Trata-se do método


ZE

legalmente previsto para, juridicamente, sanar dúvida quanto à autoria. Se a vítima é


EI

capaz de individualizar o agente, não é necessário instaurar a metodologia legal. 5. A


G

nova orientação buscou afastar a prática recorrente dos agentes de segurança pública
04
70

de apresentar fotografias às vítimas antes da realização do procedimento de


58

reconhecimento de pessoas, induzindo determinada conclusão. 6. A condenação não


1
78

se amparou, exclusivamente, no reconhecimento pessoal realizado na fase do


95

inquérito policial, destacando-se, sobretudo, que uma das vítimas reconheceu o


A

agravante em Juízo, descrevendo a negociação e a abordagem. A identificação do perfil


CC

na rede social facebook foi apenas uma das circunstâncias do fato, tendo em conta que
ZA

a negociação deu-se por essa rede social. 7. Agravo regimental improvido. (AgRg no
S
TE

AgRg no HC n. 721.963/SP, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado
ES

em 19/4/2022, DJe de 13/6/2022)


PR
A

9.6 Busca e Apreensão


D
ZA
OU

112
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
● Distinção entre Busca e Apreensão:

A
UZ
LO
A busca é uma diligência cujo objetivo é encontrar pessoas ou coisas. Por outro lado, apreensão é uma

EL
medida de constrição, em que a pessoa ou a coisa será colocada sob a custódia do estado.

IZ
GE
● Objeto: Podem ser objeto tanto pessoas quanto coisas, nos termos do art. 240 do CPP.

04
70
58
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.

81
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

7
95
a) prender criminosos; 14156

A
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

CC
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
contrafeitos; ZA
S
TE

d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou


ES

destinados a fim delituoso;


PR

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;


14156
DA

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando


ZA

haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do
OU

fato;
LL

g) apreender pessoas vítimas de crimes;


ZE

h) colher qualquer elemento de convicção.


EI

§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém


G

oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h do


04
70

parágrafo anterior.
158
78

● Espécies de Busca:
95
A
CC

9.6.1. Busca Pessoal


ZA


S

Busca pessoal por razões de segurança: Relacionado ao Poder de Polícia. Cita-se, como exemplo, a
TE

busca pessoal feita antes de entrar em estádios, em parques, em festas. Não há necessidade de fundada
ES

suspeita. A pessoa pode se recusar e, com isso, ser impedida de entrar no local.
PR
A


D

Busca pessoal de natureza processual penal: Prevista no §2º do art. 240 do CPP.
ZA
OU

113
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Art. 240, § 2º: Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que

A
UZ
alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h

LO
do parágrafo anterior.

EL
IZ
Perceba que, para haver busca pessoal, é necessária a fundada suspeita. Nesse sentido:

GE
04
STF: “(...) A fundada suspeita prevista no art. 244 do CPP não pode fundar-se em

70
58
parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a

81
necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de

7
95
elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que

A
trajava, o paciente, um ‘blusão’ suscetível de esconder uma arma, sob risco de

CC
referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e
ZA
caracterizadoras de abuso de poder”. (STF, 1ª Turma, HC 81.305/GO, Rel. Min. Ilmar
S
TE

Galvão, DJ 22/02/2002 p. 35).


ES
PR

Além disso, a busca pessoal de natureza processual penal não depende de autorização judicial prévia,
14156
DA

nos termos do art. 244 do CPP: 14156


ZA
OU

Art. 244: A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando


LL

houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de


ZE

objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou quando a medida for


EI

determinada no curso de busca domiciliar.


G
04
70

Sobre o tema, dispõe o STF:


158
78

Polícia recebeu denúncia anônima contra o suspeito e foi apurar; quando o suspeito
95

viu a polícia, ficou nervoso e jogou sacola com drogas no chão; tais circunstâncias
A

justificam a busca pessoal realizada no indivíduo. (...) 2. No caso, além das


CC

informações anônimas recebidas pelos policiais a respeito da traficância no local onde


ZA

estava o paciente, os agentes públicos ressaltaram que ele demonstrou nervosismo e


S
TE

dispensou uma sacola no chão quando avistou a guarnição. Com efeito, o ato de
ES

dispensar uma sacola na rua ao notar a aproximação da guarnição, somado ao


PR

nervosismo demonstrado e à denúncia anônima pretérita de que o acusado estava


A

praticando o crime de tráfico de drogas no local, indica a existência de fundada suspeita


D
ZA

de que o recipiente contivesse substâncias entorpecentes e de que o réu estivesse na


OU

114
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
posse de mais objetos relacionados ao crime. HC n. 742.815/GO, relator Ministro

A
UZ
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 23/8/2022, DJe de 31/8/2022.

LO
EL
Em regra, a busca em veículo é equiparada à busca pessoal e não precisa de mandado

IZ
judicial para a sua realização. A apreensão de documentos no interior de veículo

GE
14156

automotor constitui uma espécie de "busca pessoal" e, portanto, não necessita de

04
autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior estão

70
58
escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. Exceção: será

81
necessária autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo,

7
95
como no caso de trailers, cabines de caminhão, barcos, entre outros, quando, então,

A
se inserem no conceito jurídico de domicílio. STF. 2ª Turma. RHC 117767/DF, Rel. Min.

CC
Teori Zavascki, julgado em 11/10/2016 (Info 843).
ZA
S
TE

ATENÇÃO: O entendimento do STJ é no sentido de que a realização de busca pessoal só pode ser feita por forças
ES

policiais, não sendo lícita busca por pessoas que não sejam policiais, pois violaria o princípio da legalidade (art.
PR

5º, II, CF/88), ou seja, deve ser dada uma interpretação restritiva. REsp 2.005.007-TO, Dje 19/09/2022.
14156
DA
ZA

Policiais não podem fazer a revista pessoal unicamente pelo fato de acharem que o
OU

suspeito demonstrou nervosismo ao avistá-los. 1. A percepção de nervosismo do


LL

averiguado por parte de agentes públicos é dotada de excesso de subjetivismo e, por


ZE

isso, não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca pessoal,
EI

medida invasiva que exige mais do que mera desconfiança fundada em elementos
G
04

intuitivos. 2. À falta de dados concretos indicativos de fundada suspeita, deve ser


70

considerada nula a busca pessoal amparada na impressão de nervosismo do Acusado


58

por parte dos agentes públicos. 3. Recurso especial provido, a fim de anular as provas
1
78

obtidas ilicitamente, bem como as provas delas decorrentes e, em consequência,


95

absolver o Recorrente, nos termos do art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal.
A
CC

(REsp n. 1.961.459/SP, relatora Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, julgado em


ZA

5/4/2022, DJe de 8/4/2022.)


S
TE

É ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança privada e todas as provas
ES

decorrentes desta. STJ. 5ª Turma. HC 470.937/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
PR

em 04/06/2019 (Info 651).


AD
ZA

Segundo o inciso II do art. 5º da Constituição Federal “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
OU

115
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
alguma coisa senão em virtude de lei”. Na hipótese, o agente não tinha a obrigação de se sujeitar à revista

A
UZ
pessoal. Isso porque não existe lei autorizando que esse ato seja feito pelos seguranças privados do metrô. Vale

LO
ressaltar que esses agentes de segurança não podem nem sequer ser equiparados a guardas municipais, já que

EL
são empregados de uma sociedade de economia mista operadora de transporte ferroviário no Estado de São

IZ
Paulo, sendo regidos, portanto, pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

GE
04
As guardas municipais não possuem competência para patrulhar supostos pontos de

70
58
tráfico de drogas, realizar abordagens e revistas em indivíduos suspeitos da prática

81
de tal crime ou ainda investigar denúncias anônimas relacionadas ao tráfico e outros

7
95
delitos cuja prática não atinja de maneira clara, direta e imediata os bens, serviços e

A
instalações municipais. STJ. 6ª Turma. REsp 1.977.119-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti

CC
Cruz, julgado em 16/08/2022 (Info 746). 14156

ZA
S
TE

9.6.2. Busca Domiciliar


ES
PR

Inviolabilidade domiciliar: A CF, em seu art. 5º, XI, prevê que a casa é o asilo inviolável do indivíduo.
14156
DA
ZA

Art. 5º, XI: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
OU

o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para


LL

prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;


ZE
EI

ATENÇÃO:
G

O simples fato de o acusado ter antecedente por tráfico de drogas não autoriza a
04
70

realização de busca domiciliar, porquanto desacompanhado de outros indícios


58

concretos e robustos de que, nesse momento específico, ele guarda drogas em sua
1
78

residência. Mesmo se ausente coação direta e explícita sobre o acusado, as


95

circunstâncias de ele já haver sido preso em flagrante pelo porte da arma de fogo em
A

via pública e estar detido, sozinho - sem a oportunidade de ser assistido por defesa
CC

técnica e sem mínimo esclarecimento sobre seus direitos -, diante de dois policiais
ZA

armados, poderiam macular a validade de eventual consentimento para a realização


S
TE

de busca domiciliar, em virtude da existência de um constrangimento


ES

ambiental/circunstancial (HC 762.932-SP, Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta


PR

Turma, por unanimidade, julgado em 22/11/2022, DJe 30/11/2022).


AD
ZA

a) Conceito de casa:
OU

116
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
O conceito de “casa” pode ser extraído do art. 150 do CP, que prevê o crime de violação de domicílio.

LO
EL
Art. 150: § 4º: A expressão ‘casa’ compreende:

IZ
I - qualquer compartimento habitado;

GE
II - aposento ocupado de habitação coletiva;

04
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade

70
58
(por exemplo, escritório de advocacia). 14156

81
7
95
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":

A
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo

CC
a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
ZA
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
S
TE
ES

ATENÇÃO: Salienta-se que, de acordo com o STJ, a habitação em prédio abandonado de escola municipal pode
PR

caracterizar o conceito de domicílio em que incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição
14156
DA

Federal.
ZA
OU

A habitação em prédio abandonado de escola municipal pode caracterizar o conceito


LL

de domicílio em que incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição


ZE

Federal.
EI

Não procede o fundamento de que o fato de o agravante habitar o prédio abandonado


G
04

de uma escola municipal descaracterizaria o conceito de domicílio, para que haja


70

proteção constitucional.
58

Anota-se, por fim, que o Decreto n. 7.053/2009, que instituiu a Política Nacional para
1
78

População em Situação de Rua, reforça a condição de moradia aos habitantes de


95

logradouros públicos e áreas degradadas.


A
CC

AgRg no HC 712.529-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade,
ZA

julgado em 25/10/2022, publicado em 04/11/2022 (Info 755).


S
TE

ATENÇÃO: Salienta-se que, de acordo com o STF, os estabelecimentos empresariais podem ser considerados
ES

como “casa”, quando não forem abertos ao público.


PR
AD

STF: “(...) Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, IX, CF). Busca e apreensão em
ZA

estabelecimento empresarial. Estabelecimentos empresariais estão sujeitos à proteção


OU

117
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
contra o ingresso não consentido. Não verificação das hipóteses que dispensam o

A
UZ
consentimento. Mandado de busca e apreensão perfeitamente delimitado. Diligência

LO
estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude do resultado

EL
da diligência. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas”. (STF, 2ª

IZ
Turma, HC 106.566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16/12/2014, DJe 53 18/03/2015).

GE
04
STJ: A abordagem policial em estabelecimento comercial, ainda que a diligência tenha

70
58
ocorrido quando não havia mais clientes, é hipótese de local aberto ao público, que

81
não recebe a proteção constitucional da inviolabilidade do domicílio.

7
95
Consoante decidido no RE 603.616/RO, pelo Supremo Tribunal Federal, "a entrada

A
forçada em domicílio sem mandado judicial é lícita, mesmo em período noturno,

CC
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
ZA
indiquem que, dentro da casa, ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
S
TE

responsabilidade disciplinar, civil, e penal do agente ou da autoridade e de nulidade


ES

dos atos praticados". Todavia, no caso, verifica-se que os policiais afirmaram que "havia
PR

uma investigação em andamento relativa a um roubo de carga, tendo sido veiculada


14156
DA

denúncia anônima dando conta de que parte do carregamento subtraído estava nas
ZA

dependências da borracharia pertencente ao réu, diante do que procederam à


OU

diligência local".Desse modo, como se trata de estabelecimento comercial - em


LL

funcionamento e aberto ao público - não pode receber a proteção que a Constituição


ZE

Federal confere à casa. Assim, não há violação à garantia constitucional da


EI

inviolabilidade do domicílio, a caracterizar a ocorrência de constrangimento ilegal (HC


G

754.789-RS, Rel. Ministro Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF 1ª


04
70

Região), Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 6/12/2022).


58
1
78

ATENÇÃO: Gabinete de Delegado de Polícia e escritório de advocacia são considerados domicílios e se sujeitam
95

às normas estudadas.
A
CC
ZA

Configura o crime de violação de domicílio (art. 150 do CP) o ingresso e a


permanência, sem autorização, em gabinete de Delegado de Polícia, embora faça
S
TE

parte de um prédio ou de uma repartição públicos. No caso concreto, dezenas de


ES

manifestantes foram até a Delegacia de Polícia Federal cobrar agilidade na conclusão


PR

14156

de um inquérito policial. Como não foram recebidos, decidiram invadir o gabinete do


A

Delegado. STJ. 5ª Turma. HC 298.763-SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/10/2014.
D
ZA
OU

118
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Busca e apreensão em escritório de advocacia. Os §§ 6º e 7º do art. 7º do Estatuto da

A
UZ
OAB preveem que documentos, mídias e objetos pertencentes a clientes do advogado

LO
investigado, bem como demais instrumentos de trabalho que contenham informações

EL
sobre clientes, somente poderão ser utilizados caso estes clientes estejam sendo

IZ
formalmente investigados como partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime

GE
que deu causa à quebra de inviolabilidade. STJ. 6ª Turma. HC 227799-RS, Rel. Min.

04
Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/4/2012.

70
58
81
ATENÇÃO: NÃO há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em

7
95
apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente

A
ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime

CC
permanente. STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info
678). ZA
S
TE
ES

CAIU EM PROVA:
PR

(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): Agente de polícia civil não poderá realizar buscas sem mandado
14156
DA

judicial em trailer estacionado onde se domicilia pessoa - item considerado correto.


ZA
OU

IMPORTANTE!
LL

Pergunta-se: Na hipótese de suspeita de flagrância delitiva, qual a exigência, em termos de standard


ZE

probatório, para que policiais ingressem no domicílio do suspeito sem mandado judicial?
EI
G

R.: A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do


04

suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que
70

autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a
58

operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo. STJ, 6ª Turma.
1
78

HC 598051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
95
A
CC

A partir da jurisprudência mais recente, podem ser extraídas algumas conclusões:


ZA

● Na hipótese de suspeita de crime em flagrante, exige-se, em termos de standard probatório para


S

ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa),
TE

aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre
ES

situação de flagrante delito.


PR

14156

● O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza permanente,
AD

nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se encontra a droga.
ZA
OU

119
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do atraso

A
UZ
decorrente da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e concretamente inferir que a prova

LO
do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada.

EL
● O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e

IZ
14156
apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de

GE
constrangimento ou coação.

04
● A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito

70
58
incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que

81
autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso,

7
95
a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada tal prova enquanto durar o processo.

A
● A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso no domicílio alheio resulta

CC
na ilicitude das provas obtidas em decorrência da medida, bem como das demais provas que dela
ZA
decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal do(s)
S
TE

agente(s) público(s) que tenha(m) realizado a diligência.


ES
PR

b) Conceito de dia:
14156
DA
ZA

Não há na doutrina consenso acerca do que seria dia em virtude das dimensões continentais do território
OU

brasileiro de modo que o nascer e o pôr do sol ocorrem em horários diversos a depender da região do país.
LL

Parte da doutrina advoga a utilização de um critério cronológico, por ser mais seguro, considerando
ZE

como dia o período compreendido entre às 6h e 18h ou entre às 6h e 20h (pautado no art. 212 do CPC). De outro
EI

lado, há quem defenda a adoção do critério físico-astronômico, considerando como dia o período compreendido
G
04

entre a aurora e o crepúsculo (enquanto houver luz solar).


70

A Lei de Abuso de Autoridade trouxe previsão do prazo de: “III - cumpre mandado de busca e apreensão
58

domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas)”. Positivou, pelo menos para fins de
1
78

tipificação de abuso de autoridade, o conceito de “noite” e, a contrário sensu, também o de “dia” – entre 5h e
95

21h.
A
CC

Já existem vozes na doutrina defendendo a inconstitucionalidade do conceito de noite (e de dia)


ZA

constante do art. 22, §1º, III, da Lei n. 13.869/19. Se a Constituição Federal autoriza o ingresso em domicílio
alheio exclusivamente durante o dia, é inadmissível que o legislador infraconstitucional venha a afirmar que um
S
TE

mandado de busca domiciliar possa ser cumprido às 20h59min, quando certamente o sol já terá desaparecido
ES

no horizonte. (AZEVEDO, André Boiani).


PR

Em sentido contrário, defende Renato Brasileiro que:


AD
ZA

“(...) de modo a superar controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais, o legislador


OU

120
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
optou por positivar o conceito de dia (05h-21h) e o de noite (21h-05h), e não o

A
UZ
condicionou à existência de luminosidade solar. Há de se ter em mente que são dois os

LO
objetivos da proteção constitucional à inviolabilidade do domicílio durante a noite

EL
constante do art. 5º, XI, da Constituição Federal: primeiro, não atrapalhar o merecido

IZ
descanso das pessoas; segundo, evitar quaisquer arbitrariedades por parte dos agentes

GE
públicos em um período de maior precariedade de vigilância e defesa decorrente do

04
recolhimento das pessoas para o repouso durante a noite. Por mais que se queira

70
58
argumentar que não há mais luminosidade solar às 20h59min, trata-se de horário em

81
que as pessoas ainda estão acordadas, pelo menos em regra. Portanto, o fato de o

7
95
legislador autorizar o cumprimento de um mandado de busca nesse horário não

A
importa em violação ao núcleo essencial do dispositivo constitucional. Pelo contrário.

CC
Bem ou mal, agiu dentro de uma margem de razoabilidade e proporcionalidade para
ZA
definir o conceito de noite e, a contrario sensu, de dia. A inovação deriva de espaço
S
TE

lídimo de conformação normativa do tema pelo legislador ordinário. Não se está a


ES

interpretar a Constituição à luz da Lei n. 13.869/19, mas sim o oposto: em um país de


PR

dimensões continentais como o nosso, em que ora se utiliza o denominado horário de


14156
DA

verão, ora não, é perfeitamente possível que o sol já tenha raiado às 5h e que ainda
ZA

haja certa
14156 luminosidade por volta de 20h, 20h30min, a depender, logicamente, da
OU

região do país e da época do ano em que estivermos. É dizer, à semelhança do art. 2º


LL

da Lei n. 13.869/19 e do art. 150, §4º, do Código Penal, que definiram,


ZE

respectivamente, os conceitos de agente público e de casa, para fins de interpretação


EI

da Constituição Federal e aplicação da própria lei penal, por que não se admitir que o
G

legislador ordinário possa, enfim, definir o conceito de noite (e de dia)? Em conclusão,


04
70

por não haver lesão ao núcleo essencial do art. 5º, XI, da Constituição Federal, nem
58

tampouco violação da finalidade da proteção constitucional, respeitando-se, ademais,


1
78

o princípio da proporcionalidade, é tempo de abandonarmos critérios doutrinários e


95

jurisprudenciais, deixando a sorte ou o azar do agente público responsável pelo estrito


A

cumprimento do dever legal condicionados à distribuição de seu futuro habeas corpus


CC

a este ou àquele Tribunal, para, enfim, trabalharmos com um conceito legal, positivo,
ZA

capaz, portanto, de transmitir maior segurança jurídica não apenas aos agentes
S
TE

públicos responsáveis pelo cumprimento de mandados de busca domiciliar, mas


ES

também a todos os cidadãos, que, doravante, saberão antecipadamente o horário em


PR

que são obrigados a franquear o acesso ao seu domicílio diante da exibição de


A

mandado judicial. Destarte, caso a polícia tenha em mãos mandado de busca


D
ZA

domiciliar, expedido pela autoridade judiciária competente, poderá invadir o domicílio


OU

121
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
entre as 5h (cinco horas) e 21h (vinte e uma horas), pouco importando se já há, ou

A
UZ
ainda perdura, respectivamente, a luz solar, eis que a lei não fez nenhuma referência

LO
ao critério físico-astronômico, hipótese em que a prova obtida será considerada lícita.

EL
Por outro lado, cumprido o mandado antes das 5h (cinco) horas e depois de 21h (vinte

IZ
e uma horas), para além da ilicitude das provas então obtidas, o crime restará

GE
caracterizado, mesmo que o sol já tenha raiado, naquele caso, ou que ainda perdure a

04
luz do sol, nesta última hipótese” (in Manual de Processo Penal, edição 2020, páginas

70
58
797 e 798)

81
7
95
De todo modo, o importante é que o início do cumprimento do mandado se dê durante o dia, ainda que
14156

A
eventualmente se prolongue por um período durante a noite.

CC
ZA
ATENÇÃO: Não confundir com a BUSCA EXPLORATÓRIA ou a EXPLORAÇÃO DE LOCAL, consubstanciada no
S
TE

ingresso de agente público em imóvel alheio, ainda que no período noturno, para fins de instalação de
ES

equipamentos destinados à captação de sinais óticos e acústicos, mediante prévia autorização judicial. Há
PR

precedente do STF admitindo o ingresso de autoridade policial, mediante prévia autorização judicial, em
14156
DA

escritório de advocacia no período noturno para instalação de equipamento destinado à captação de sinais
ZA

óticos e acústicos, o que seria justificável sob o argumento de que a natureza da execução de tais medidas
OU

jamais permitiria que fossem realizadas com publicidade durante o dia, sob pena de absoluta ineficácia: STF,
LL

Pleno, Inq. 2.424/RJ, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 26/11/2008, DJe 55 25/03/2010.
ZE
EI

Segundo o Professor Leonardo Barreto, a busca exploratória é a permissão conferida, por meio de ordem
G

judicial, a agentes policiais ou executores para realizarem diligência sem qualquer arrecadação ou apreensão
04
70

de elementos informativos considerados pertinentes às investigações. Ela pretende apenas e tão somente
58

efetuar o registro dos elementos no ambiente ou promover a instalação de equipamentos de captação


1
78

ambiental, de forma discreta, para melhor avaliação quanto à deflagração da operação.


95

O ingresso e a exploração na busca domiciliar exploratória do local deve ser delineado pela ausência de
A

publicidade e sigilo total, sem incluir o que preconiza o art. 245 do CPP, que disciplina o procedimento de
CC

busca e determina a ciência ao morador ao teor do mandado judicial.


ZA

O instituto da busca exploratória, implementada no curso da denominada “Operação Hurricane”, no Inquérito


S
TE

2.424 (STF), em investigação que visava desarticular organização criminosa envolvendo magistrados (entre
ES

eles um ministro do Superior Tribunal de Justiça), um procurador regional da República e um advogado, na


PR

suposta prática dos crimes de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação. Trata-se, portanto, de um meio
A

(excepcional) de obtenção de prova. Como um meio atípico e oculto de produção de provas consistente na
D
ZA

busca de elementos probatórios em local de acesso restrito e, na hipótese de sua localização, na realização
OU

122
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
dos devidos registros sem que os investigados tenham conhecimento da ação realizada. Na hipótese

A
UZ
submetida ao crivo do Excelso Pretório houve, ainda, a instalação de equipamento de captação ambiental.

LO
Com relação à realização da busca exploratória em período noturno, pode ser excepcionada, como o fez o

EL
Supremo Tribunal Federal no referido julgamento, a regra do art. 5º, XI, da Constituição 14156
da República,

IZ
permitindo-se sua realização com fulcro na aplicação do princípio da proporcionalidade, “pois a situação não

GE
se encontrava acobertada pela inviolabilidade constitucional”, considerando-se, ainda, a manifesta

04
impossibilidade de realização da diligência durante o período diurno, quando o escritório desenvolve

70
58
regularmente suas atividades. Vale lembrar que foi autorizado o ingresso sigiloso da autoridade policial,

81
durante a noite, a fim que procedesse ao registro e análise de sinais obtidos no escritório do investigado,

7
95
mediante duas modalidades de diligências: primeiro, a busca exploratória, em que se diligenciou a fim de

A
identificar elementos de prova no local, efetuando-se os devidos registros; segundo, para instalação de

CC
equipamentos de captação de sinais acústicos.
ZA
A partir desse julgado, desde 2010, tem-se uma inovação jurisprudencial no instituto da busca domiciliar: o
S
TE

agente policial ingressa no local e não efetua arrecadação ou apreensão de elementos considerados
ES

pertinentes, mas apenas efetua o registro deles por fotografias, filmagens ou mesmo scanners portáteis. Em
PR

razão de lógica investigativa, o ingresso e a exploração têm por diretriz a ausência de publicidade e sigilo, sem
14156
DA

a aplicação do artigo 245 do Código de Processo Penal.


ZA
OU

O mandado de busca e apreensão só pode ser executado durante o dia. Por outro lado, em havendo
LL

flagrante delito, desastre ou necessidade de prestar socorro, será possível afastar a garantia da inviolabilidade
ZE

domiciliar.
EI

Veja um dos exemplos fixados em repercussão geral pelo STF:


G
04
70

A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período


58

noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori,


1
78

que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
95

responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade


A

dos atos praticados. (Info 806).


CC
ZA

O ingresso regular de domicílio alheio depende, para sua validade e regularidade, da


S
TE

existência de fundadas razões (justa causa) que sinalizem para a possibilidade de


ES

mitigação do direito fundamental em questão. É dizer, somente quando o contexto


PR

fático anterior à invasão permitir a conclusão acerca da ocorrência de crime no interior


A

da residência é que se mostra possível sacrificar o direito à inviolabilidade do domicílio.


D
ZA

Na hipótese sob exame, o acusado estava em local supostamente conhecido como


OU

123
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
ponto de venda de drogas, quando, ao avistar a guarnição de policiais, refugiou-se

A
UZ
dentro de sua casa, sendo certo que, após revista em seu domicílio, foram encontradas

LO
substâncias entorpecentes (18 pedras de crack). Havia, consoante se demonstrou,

EL
suspeitas vagas sobre eventual tráfico de drogas perpetrado pelo réu, em razão, única

IZ
e exclusivamente, do local em que ele estava no momento em que policiais militares

GE
realizavam patrulhamento de rotina e em virtude de seu comportamento de correr

04
para sua residência, conduta que pode explicar-se por diversos motivos, não

70
58
necessariamente o de que o suspeito cometia, no momento, ação caracterizadora de

81
mercancia ilícita de drogas. 12. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada

7
95
pelo recorrido, embora pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para

A
averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu

CC
domicílio, sem o consentimento do morador – que deve ser mínima e seguramente
ZA
comprovado – e sem determinação judicial. (REsp 1.574.681)
S
TE
ES

Obs.: Destaca-se que o STF entendeu que, excepcionalmente, no caso de Interceptação ambiental, seria
PR

possível o ingresso no período noturno, justamente para garantir a efetividade da medida.


14156
DA
ZA

c) Reserva de jurisdição:
OU
LL

Certos direitos e garantias só podem sofrer restrição com base em ordem de autoridade judiciária
ZE

competente. É o que acontece com a violação do domicílio, sujeita à cláusula de reserva de jurisdição, de modo
EI

que apenas o juiz pode determinar.


G
04
70

ATENÇÃO!
158
78

(1) NÃO podem ser admitidos mandados de busca GENÉRICOS ou COLETIVOS.


95

14156
A

Para o STJ, a ausência de individualização das medidas de busca e apreensão contraria diversos
CC

dispositivos legais, como os arts. 240, 242, 244, 245, 248 e 249 do CPP, bem como o art. 5º, XI, da CF/88, que
ZA

traz como direito fundamental a inviolabilidade do domicílio. É indispensável que o mandado de busca e
S
TE

apreensão tenha objetivo certo e pessoa determinada, não se admitindo ordem judicial genérica.
ES
PR

É ilegal a decisão judicial que autoriza busca e apreensão coletiva em residências,


A

feita de forma genérica e indiscriminada. O STJ concedeu habeas corpus) para anular
D
ZA

decisão que autorizou busca e apreensão em domicílios nas comunidades de


OU

124
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Jacarezinho e no Conjunto Habitacional Morar Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), sem

A
UZ
identificar o nome de investigados e os endereços a serem objeto da abordagem

LO
policial. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro impetrou o habeas corpus coletivo em

EL
benefício dos moradores dessas comunidades pobres, argumentando que, além de

IZ
ofender a garantia constitucional que protege o domicílio, o ato representou a

GE
14156
legitimação de uma série de violações gravíssimas, sistemáticas e generalizadas de

04
direitos humanos. A medida foi tomada, em agosto de 2017, após a morte de um

70
58
policial em operação das forças de segurança nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos,

81
Mandela, Bandeira 2 e Morar Carioca, o que levou à concessão da ordem judicial de

7
95
busca e apreensão domiciliar generalizada na região. A ordem era para que a polícia

A
tentasse encontrar armas, documentos, celulares e outras provas contra facções

CC
criminosas. Na decisão que autorizou a revista indiscriminada de residências nas áreas
ZA
indicadas pela polícia, a juíza responsável fez menção à forma desorganizada como as
S
TE

comunidades pobres ganham novas casas constantemente, sem registro ou


ES

numeração que as individualize. Segundo ela, a revista coletiva seria necessária para a
PR

própria segurança dos moradores da região e dos policiais que ali atuam.. STJ. 6ª
14156
DA

Turma. AgRg no HC 435.934/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em


ZA

05/11/2019.
OU
LL

(2) NÃO existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de documento a ser
ZE

apreendido, ainda que de natureza sigilosa.


GEI

Situação hipotética: João, médico, estava sendo investigado por, supostamente, ter adulterado
04
70

prontuários de pacientes internados em clínica psiquiátrica, com o objetivo de camuflar ilicitudes que ocorriam
58

no local. A autoridade policial formulou representação ao juiz pedindo a busca e apreensão na clínica psiquiátrica
1
78

e na residência do investigado. O magistrado deferiu a medida e a polícia apreendeu diversos prontuários


95

médicos que haviam sido assinados pelo investigado.


A

João impetrou habeas corpus alegando que a apreensão foi ilícita, considerando que na decisão que
CC

autorizou a medida não existia autorização específica para a apreensão de prontuários médicos. Segundo a
ZA

defesa, os prontuários são documentos sigilosos e, portanto, só poderiam ter sido recolhidos com autorização
S
TE

judicial específica.
ES
PR

Embora os prontuários possam conter dados sigilosos, foram apreendidos a partir da


A

imprescindível autorização judicial prévia. O fato de o mandado de busca não ter feito
D
ZA

uma discriminação específica é irrelevante, até porque os prontuários médicos


OU

125
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
encontram-se inseridos na categoria de documentos em geral.

A
UZ
STJ. 6ª Turma. RHC 141737/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 27/04/2021

LO
(Info 694).

EL
IZ
CPP, art. 243: O mandado de busca deverá:

GE
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o

04
nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da

70
58
pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;

81
7
95
O art. 243 do CPP disciplina os requisitos do mandado de busca e apreensão, dentre

A
os quais não se encontra o detalhamento do que pode ou não ser arrecadado. STJ. 5ª

CC
Turma. HC 524.581/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 13/2/2020.
ZA
S
TE

Suficiente à delimitação da busca e apreensão é a determinação de que deveriam ser


ES

apreendidos os materiais que pudessem guardar relação estrita com aqueles fatos.
PR

STJ. 6ª Turma. HC 537.017/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro, DJe 3/2/2020.


14156
DA
ZA

Havendo controvérsia entre as declarações dos policiais e do flagranteado, e


OU

inexistindo a comprovação de que a autorização do morador foi livre e sem vício de


LL

consentimento, impõe-se o reconhecimento da ilegalidade da busca domiciliar. O


ZE

ingresso regular em domicílio alheio depende, para sua validade e regularidade, da


EI

existência de fundadas 14156


razões que sinalizem a possibilidade de mitigação do direito
G

fundamental em questão. É dizer, somente quando o contexto fático anterior à invasão


04
70

permitir a conclusão acerca da ocorrência de crime no interior da residência é que se


58

mostra possível sacrificar o direito à inviolabilidade do domicílio. Deve-se frisar, ainda,


1
78

que "a mera denúncia anônima, desacompanhada de outros elementos preliminares


95

indicativos de crime, não legitima o ingresso de policiais no domicílio indicado, estando,


A

ausente, assim, nessas situações, justa causa para a medida." (HC 512.418/RJ, Relator
CC

Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 3/12/2019) Com efeito, "não se admite que
ZA

a autoridade policial, apenas com base em delação anônima, sem a produção de


S
TE

elementos capazes de evidenciar fundadas suspeitas da prática delitiva, viole o


ES

direito constitucional à inviolabilidade do domicílio, conduzindo à ilicitude da prova


PR

colhida, bem como dela derivadas, nos termos do art. 157 do Código de Processo
A

Penal (RHC 105.138/MS, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 10/4/2019)" (AgRg
D
ZA

no HC 698.199/RS, Relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, DJe de


OU

126
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
20/6/2022). Ademais, "havendo controvérsia entre as declarações dos policiais e do

A
UZ
flagranteado e inexistindo a comprovação de que a autorização do

LO
morador foi livre e sem vício de consentimento, impõe-se o reconhecimento da

EL
ilegalidade da busca domiciliar e consequentemente de toda a prova dela decorrente

IZ
(fruits of the poisonous tree)" (AgRg no HC 703.991/RS, Relator Ministro Ribeiro

GE
Dantas, Quinta Turma, DJe de 16/5/2022). AgRg no HC 766.654-SP, Rel. Ministro

04
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 13/09/2022,

70
58
DJe 19/09/2022..

81
(Fonte: Dizer o Direito)

7
95
A
d) Autorização expressa para busca e apreensão:

CC
ZA
Além da ordem judicial, a autorização expressa do morador para a busca e apreensão constitui a outra
S
TE

exceção à garantia da inviolabilidade domiciliar.


ES

Para ser válido, o consentimento tem que ser dado pela pessoa que tem o poder de disposição da
PR

14156
intimidade e da vida privada. Entretanto, em havendo divergência entre os moradores presentes, prevalecerá
14156
DA

sempre o dissenso, pois não se pode dispor da intimidade.


ZA

Quanto ao tema, o STJ entendeu ser válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede de
OU

empresa investigada dada por pessoa que age como sua representante.
LL

Imagine a seguinte situação hipotética: Foi instaurado inquérito policial para apurar crimes contra a
ZE

administração pública que teriam sido praticados pelos sócios de uma sociedade empresária. Após
EI

representação da autoridade policial, o juiz deferiu medida cautelar de busca e apreensão a ser cumprida na
G

sede da empresa. No mandado de busca e apreensão, constou o seguinte endereço: Rua Um, nº 418, Bairro Nova
04
70

Paulista. Os policiais se dirigiram até o local e fizeram o cumprimento do mandado. Ocorre que foram informados
58

de que naquele imóvel funciona apenas a filial da empresa e que os documentos contábeis (objeto do mandado)
1
78

ficavam em outra unidade, situada no Centro, esta sim a sede da empresa. O Delegado de Polícia foi até a
95

Delegacia para preparar nova representação dirigida ao juiz para estender a autorização judicial de busca e
A

apreensão para esse outro local. Enquanto isso, uma equipe da Polícia resolveu se dirigir até a sede da empresa,
CC

no Centro, a fim de já localizar o imóvel e se preparar para a chegada da ordem judicial. Chegando até a sede da
ZA

empresa no Centro, os policiais foram recebidos por Talita, que se apresentou como pessoa responsável pela
S
TE

empresa. Talita concedeu autorização por escrito, assinada por ela e mais duas testemunhas, permitindo a
ES

entrada dos policiais e a realização da busca e apreensão no interior do imóvel.


PR

A medida foi cumprida, tendo sido apreendidos diversos documentos da empresa. Posteriormente,
A

alegou-se a nulidade da prova considerando que a mulher que concedeu a autorização não seria mais sócia da
D
ZA

empresa, sendo mera funcionária, sem poderes para permitir a entrada dos policiais no imóvel.
OU

127
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Nesse caso, a autorização foi válida? SIM. A mulher que concedeu a autorização, embora tenha deixado

A
UZ
de ser formalmente sócia, continuou assinando documentos como representante da empresa. A evidência de

LO
que ela ainda agia como representante da empresa é reforçada pelo fato de que tinha a chave do escritório sede

EL
da empresa e livre acesso a ele, não tendo sido barrada por nenhum dos empregados que estavam no local, nem

IZ
mesmo pelo advogado da empresa que acompanhou toda a diligência.

GE
04
É válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede de empresa

70
58
investigada dada por pessoa que age como sua representante. STJ. 5ª Turma. RMS

81
57.740-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info 690).

7
95
A
(Fonte: Dizer o Direito)

CC
14156

e) Fishing Expedition ( Pescaria Probatória) ZA


S
TE
ES

● Conceito: Fishing expedition consiste em “uma investigação especulativa indiscriminada, sem objetivo certo
PR

ou declarado, que ‘lança’ suas redes com a esperança de ‘pescar’ qualquer prova, para subsidiar uma futura
14156
DA

acusação. Ou seja, é uma investigação prévia, realizada de maneira muito ampla e genérica para buscar
ZA

evidências sobre a prática de futuros crimes. Como consequência, não pode ser aceita no ordenamento
OU

jurídico brasileiro, sob pena de malferimento das balizas de um processo penal democrático de índole
LL

Constitucional.” (MELO E SILVA, Philipe Benoni. Fishing Expedition: a pesca predatória por provas por parte
ZE

dos órgãos de investigação).


GEI

Nas palavras do Min. Gilmar Mendes, a prática da fishing expedition consiste em “investigações genéricas
04
70

para buscar elementos incriminatórios aleatoriamente, sem qualquer embasamento prévio” (HC 163461).
158
78

● (In)admissibilidade do fenômeno do Fishing Expedition


95
A
CC

Os indícios de autoria antecedem as medidas invasivas, não se admitindo em um


ZA

Estado Democrático de Direito que primeiro sejam violadas as garantias


constitucionais para só então, em um segundo momento, e eventualmente, se justificar
S
TE

a medida anterior, sob pena de se legitimar verdadeira fishing expedition.


ES

STJ. 5ª Turma. AgRg no RMS 62.562-MT, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador
PR

Convocado do TJDFT), Rel. Acd. Min. Reynaldo Soares Da Fonseca, julgado em


A

07/12/2021.
D
ZA
OU

128
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Além de violar prerrogativas da advocacia, a deflagração de amplas, inespecíficas e

A
UZ
14156
desarrazoadas medidas de busca e apreensão em desfavor de advogados pode

LO
evidenciar a prática de “fishing expedition”. STF. 2ª Turma. Rcl 43479/RJ, Rel. Min.

EL
Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2021 (Info 1025).

IZ
GE
Jurisprudências importantes sobre busca e apreensão:

04
70
58
O MP pode escolher quais elementos obtidos na busca e apreensão serão utilizados

81
pela acusação; no entanto, o material restante deve permanecer à livre consulta do

7
95
acusado, para o exercício de suas faculdades defensivas. Realizada a busca e

A
apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência ficar adstrito aos

CC
elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa
ZA
acesso à integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial. STJ. 6ª
S
TE

Turma. RHC 114683/RJ, Rel. Rogério Schietti Cruz, julgado em 13/04/2021 (Info 692).
ES
PR

A determinação de busca e apreensão nas dependências da Câmara dos Deputados


14156
DA

ou do Senado Federal pode ser decretada por juízo de 1ª instância se o investigado


ZA

não for congressista. A determinação de busca e apreensão nas dependências da


OU

Câmara dos Deputados ou do Senado Federal pode ser decretada por juízo de 1ª
LL

instância se o investigado não for congressista A Constituição, ao disciplinar as


ZE

imunidades e prerrogativas dos parlamentares, não conferiu exclusividade ao STF para


EI

determinar medidas de busca e apreensão nas dependências da Câmara dos


G

Deputados ou do Senado Federal. Assim, a determinação de busca e apreensão nas


04
70

dependências do Congresso Nacional, desde que não direcionada a apurar conduta de


58

congressista, não se relaciona com as imunidades e prerrogativas parlamentares. Isso


1
78

porque, ao contrário do que ocorre com as imunidades diplomáticas, as prerrogativas


95

e imunidades parlamentares não se estendem aos locais onde os parlamentares


A

exercem suas atividades nem ao corpo auxiliar. O fato de o endereço de cumprimento


CC

da medida coincidir com as dependências do Congresso Nacional não atrai, de modo


ZA

automático e necessário, a competência do STF. É necessário examinar, no caso


S
TE

concreto, se a investigação tinha congressista como alvo. O STF não detém


ES

competência exclusiva para apreciação de pedido de busca e apreensão a ser cumprida


PR

no Congresso Nacional. STF. Plenário. Rcl 25537/DF e AC 4297/DF, Rel. Min. Edson
A

Fachin, julgados em 26/6/2019 (Info 945).


D
ZA
OU

129
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
Busca e apreensão ordenada contra o marido da Senadora, mas cujo cumprimento

A
UZ
ocorreu no imóvel funcional onde
14156 ambos residem: deve-se observar as regras de foro

LO
privativo. Paulo Bernardo era investigado e o juiz de 1º grau determinou, contra ele,

EL
busca e apreensão. Ocorre que Paulo Bernardo residia com a sua esposa, a Senadora

IZ
Gleisi Hoffmann, em um imóvel funcional cedido pelo Senado. Desse modo, a busca e

GE
apreensão foi realizada neste imóvel funcional. O STF entendeu que esta prova foi ilícita

04
(art. 5º, LVI, da CF/88) e determinou a sua inutilização e o desentranhamento dos autos

70
58
de todas as provas obtidas por meio da referida diligência. O Supremo entendeu que a

81
ordem judicial de busca e apreensão foi ampla e vaga, sem prévia individualização dos

7
95
bens que seriam de titularidade da Senadora e daqueles que pertenciam ao seu marido.

A
Diante disso, o STF entendeu que o juiz, ao dar essa ordem genérica, acabou por

CC
também determinar medida de investigação contra a própria Senadora. Logo, como ela
ZA
tinha foro por prerrogativa de função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88), somente o
S
TE

Supremo poderia ter ordenado qualquer medida de investigação contra a parlamentar


ES

federal. Isso significa que o juiz de 1ª instância usurpou uma competência que era do
PR

STF. Reconheceu, por conseguinte, a ilicitude da prova obtida (art. 5º, LVI, da CF/88) e
14156
DA

de outras diretamente dela derivadas. STF. 2ª Turma. Rcl 24473/DF, Rel. Min. Dias
ZA

Toffoli, julgado em 26/6/2018 (Info 908).


OU
LL

Policiais militares podem cumprir mandado de busca e apreensão? Embora não seja
ZE

atividade típica da Polícia Militar, não consiste em ilegalidade - muito menos nulidade
EI

- eventual cumprimento de mandado de busca e apreensão pela instituição. Compete


G

à Polícia Federal e à Polícia Civil, com exclusividade, unicamente o exercício das funções
04
70

de polícia judiciária (art. 144 da CF/88). Tal exclusividade não se estende à atividade de
58

polícia investigativa. STF. 2ª Turma. RE 404593, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em
1
78

18/08/2009. STJ. RHC 66.450/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
95

22/09/2016.
A
CC

A busca e apreensão de bens em interior de veículo é legal e inerente ao dever de


ZA

fiscalização regular da Polícia Rodoviária Federal, em se tratando do flagrante de


S
TE

transporte de vultosa quantia em dinheiro e não tendo o investigado logrado


ES

justificar o motivo de tal conduta. STJ. 6ª Turma. RHC 142.250-RS, Rel. Min. Sebastião
PR

Reis Júnior, julgado em 28/09/2021 (Info 711).


AD
ZA
OU

130
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
A indução do morador a erro na autorização do ingresso em domicílio macula a

A
UZ
validade da manifestação de vontade e, por consequência, contamina toda a busca e

LO
apreensão. (HC 674.139/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,

EL
julgado em 15/02/2022, DJe 24/02/2022).

IZ
GE
CAIU EM PROVA:

04
70
58
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): De acordo com o entendimento dos tribunais superiores, é lícita

81
a prova obtida:

7
95
a) em revista 14156
pessoal feita por agentes de segurança privada que trabalham em estação de metrô.

A
b) por busca e apreensão de documento no interior de veículo automotor utilizado para passeio, sem prévia

CC
autorização judicial.
ZA
c) pela polícia, por meio da extração de conversas do celular apreendido do preso no momento do flagrante,
S
TE

sendo desnecessária prévia autorização judicial.


ES

d) por meio de revista íntima realizada em visitante de estabelecimento prisional, ainda que motivada por
PR

denúncia anônima.
14156
DA

e) por meio de abertura de cartas, correspondências ou qualquer encomenda postada nos Correios.
ZA

Gabarito: letra b.
OU
LL

Sobre o tema de Provas, é importante a leitura ainda de outras decisões:


ZE
EI

Não é possível aplicar multa contra o WhatsApp pelo fato de a empresa não conseguir
G
04

interceptar as mensagens trocadas pelo aplicativo e que são protegidas por


70

criptografia de ponta a ponta. Caso concreto: o juiz expediu ordem para que o
58

WhatsApp interceptasse as mensagens trocadas por determinados investigados,


1
78

suspeitos de integrarem uma organização criminosa que estariam ainda praticando


95

crimes. O WhatsApp respondeu que não consegue cumprir a determinação judicial por
A
CC

impedimentos de ordem técnica. Isso porque as mensagens trocadas via aplicativo são
ZA

criptografadas de ponta a ponta. O magistrado não concordou com o argumento e


aplicou multa contra a empresa. Segundo a opinião dos especialistas, realmente não é
S
TE

possível a interceptação de mensagens criptografadas do WhatsApp devido à adoção


ES

de criptografia forte pelo aplicativo. Ao utilizar a criptografia de ponta a ponta, a


PR

empresa está criando um mecanismo de proteção à liberdade de expressão e de


A

comunicação privada, garantia reconhecida expressamente na Constituição Federal


D
ZA

(art. 5º, IX). A criptografia é, portanto, um meio de se assegurar a proteção de direitos


OU

131
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
14156
que, em uma sociedade democrática, são essenciais para a vida pública. A criptografia

A
UZ
protege os direitos dos usuários da internet, garantindo a privacidade de suas

LO
comunicações. Logo, é do interesse do Estado brasileiro encorajar as empresas e as

EL
pessoas a utilizarem a criptografia e manter o ambiente digital com a maior segurança

IZ
possível para os usuários. Existe, contudo, uma ponderação a ser feita: em alguns casos

GE
a criptografia é utilizada para acobertar a prática de crimes, como, por exemplo, os

04
casos de pornografia infantil e de condutas antidemocráticas, como manifestações

70
58
xenófobas, racistas e intolerantes, que ameaçam o Estado de Direito.

81
7
95
A partir daí, indaga-se: o risco à segurança pública representado pelo uso da

A
criptografia justifica restringir ou proibir a sua adoção pelas empresas? O tema está

CC
sendo apreciado pelo STF na ADPF 403 e na ADI 5527, que foi iniciado com os votos dos
ZA
Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, tendo sido suspenso em razão de pedido de
S
TE

vista. Apesar de o julgamento dessas ações constitucionais ainda não ter sido
ES

concluído, a 3ª Seção do STJ, em harmonia com os votos já proferidos pelos Ministros


PR

do STF, chegou à conclusão de que: O ordenamento jurídico brasileiro não autoriza,


14156
DA

em detrimento da proteção gerada pela criptografia de ponta a ponta, em benefício


ZA

da liberdade de expressão e do direito à intimidade, sejam os desenvolvedores da


OU

tecnologia multados por descumprirem ordem judicial incompatível com encriptação.


LL

Os benefícios advindos da criptografia de ponta a ponta se sobrepõem às eventuais


ZE

perdas pela impossibilidade de se coletar os dados das conversas dos usuários da


EI

tecnologia. Diante disso, o recurso foi provido para afastar a multa aplicada pelo
G

magistrado ante a impossibilidade fática, no caso concreto, de cumprimento da ordem


04
70

judicial, haja vista o emprego da criptografia de ponta-a-ponta. STJ. 3ª Seção. RMS


58

60531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
1
78

09/12/2020 (Info 684).


95
A

Para o acesso a dados telemáticos não é necessário a delimitação temporal para fins
CC

de investigações criminais. Não é necessário especificar a limitação temporal para os


ZA

acessos requeridos pelo Ministério Público, por se tratar de dados estáticos, constantes
S
TE

nas plataformas de dados. Apesar de o art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil
ES

da Internet) determinar que a requisição judicial de registro deve conter o período ao


PR

qual se referem, tal quesito só é necessário para o fluxo de comunicações, sendo


A

inaplicável nos casos de dados já armazenados que devem ser obtidos para fins de
D
ZA
OU

132
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
investigações criminais. STJ. 6ª Turma. HC 587732-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado

A
UZ
em 20/10/2020 (Info 682).

LO
EL
Explicação Dizer o Direito:

IZ
Não é necessário especificar a limitação temporal para os acessos requeridos pelo

GE
14156

Ministério Público, por se tratar de dados estáticos, constantes nas plataformas de

04
dados.

70
58
Apesar de o art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) determinar

81
que a requisição judicial de registro deve conter o período ao qual se referem, tal

7
95
quesito só é necessário para o fluxo de comunicações, sendo inaplicável nos casos de

A
dados já armazenados que devem ser obtidos para fins de investigações criminais.

CC
No caso, não se trata de guarda e disponibilização dos registros de conexão e de
ZA
acesso a aplicações de internet, e, acaso fosse, a autoridade policial ou o Ministério
S
TE

Público poderia requerer cautelarmente que o provedor de aplicações de internet,


ES

por ordem judicial, guardasse os registros de acesso à aplicação de internet, para


PR

finalidades de investigação criminal.


14156
DA
ZA

É lícito o compartilhamento promovido pela Receita Federal dos dados bancários por
OU

ela obtidos a partir de permissivo legal, com a Polícia e com o Ministério Público, ao
LL

término do procedimento administrativo fiscal, quando verificada a prática, em tese,


ZE

de infração penal. STF. 1ª Turma. RE 1043002 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
EI

em 01/12/2017. STF. 2ª Turma. RHC 121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
G
04

19/4/2016 (Info 822). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1601127-SP, Rel. Min. Ribeiro
70

Dantas, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, julgado em 20/09/2018 (Info 634). STJ. 6ª Turma.
58

HC 422473-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2018 (Info 623).
1
78
95

É ilegal a requisição, sem autorização judicial, de dados fiscais pelo Ministério


A
CC

Público. STJ. 3ª Seção. RHC 83.233-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
ZA

09/02/2022 (Info 724).


S
TE

Obs.: Uma coisa é órgão de fiscalização financeira, dentro de suas atribuições,


ES

identificar indícios de crime e comunicar suas suspeitas aos órgãos de investigação para
PR

que, dentro da legalidade e de suas atribuições, investiguem a procedência de tais


A

suspeitas. Outra, é o órgão de investigação, a polícia ou o Ministério Público, sem


D
ZA

qualquer tipo de controle, alegando a possibilidade de ocorrência de algum crime,


OU

133
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
solicitar ao COAF ou à Receita Federal informações financeiras sigilosas detalhadas

A
UZ
sobre determinada pessoa, física ou jurídica, sem a prévia autorização judicial.

LO
EL
É lícito o compartilhamento de dados bancários feito por órgão de investigação do

IZ
país estrangeiro para a polícia brasileira, mesmo que, no Estado de origem, essas

GE
informações não tenham sido obtidas com autorização judicial, já que isso não é

04
exigido naquele país Respeitadas as garantias processuais do investigado, não há

70
58
prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem a participação das

81
autoridades centrais. A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção somente poderia

7
95
ser pronunciada se o réu demonstrasse alguma violação de suas garantias ou das

A
específicas regras de produção probatória. STJ. 5ª Turma. AREsp 701.833/SP, Rel. Min.

CC
Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
ZA
S
TE

A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita
ES

nem deve ser excluída do processo. O exame de corpo de delito deve ser realizado por
PR

perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de vista estritamente formal, o perito
14156
DA

papiloscopista não se encontra previsto no art. 5º da Lei nº 12.030/2009, que lista os


ZA

peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada por perito
OU

papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do
LL

processo. Os peritos papiloscopistas são integrantes de órgão público oficial do Estado


ZE

com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve
EI

ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário do
G

Júri, o juiz-presidente deveria esclarecer aos jurados que os papiloscopistas – que


04
70

realizaram o laudo pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a
58

neutralidade do conselho de sentença. Isso porque, para o jurado leigo, a afirmação,


1
78

pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele
95

contida. Assim, cabe às partes, respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante o


A

julgamento pelo tribunal do júri, defender a validade do documento ou impugná-lo.


CC

STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.
ZA

Alexandre de Moraes, julgado em 24/9/2019 (Info 953).


S
TE
ES

Não há14156
violação da SV 14 se os elementos de prova estão disponíveis nos autos para
PR

as partes. Não há violação da súmula vinculante 14 no caso em que, ao contrário do


A

que alega a defesa, os áudios interceptados foram juntados ao inquérito policial e


D
ZA

sempre estiveram disponíveis para as partes, inclusive na forma digitalizada depois de


OU

134
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
deflagrada a investigação. Súmula vinculante 14-STF: É direito do defensor, no

A
UZ
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já

LO
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência

EL
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Caso concreto:

IZ
14156
defesa ingressou com reclamação no STF alegando que o magistrado não permitiu que

GE
ela tivesse acesso ao procedimento de interceptação telefônica que serviu de base ao

04
oferecimento da denúncia. Ficou provado, no entanto, que o procedimento estava

70
58
disponível para a defesa, de forma que não houve violação à SV 14. STF. 1ª Turma. Rcl

81
27919 AgR/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (Info 949).

7
95
A
Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais

CC
prestadas a policiais no momento da prisão em flagrante. A CF/88 determina que as
ZA
autoridades estatais informem os presos que eles possuem o direito de permanecer
S
TE

em silêncio (art. 5º, LXIII). Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não
ES

apenas pelo Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos policiais
PR

responsáveis pela voz de prisão em flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais
14156
DA

impõe-se o dever de zelar pelos direitos fundamentais. A falta da advertência quanto


ZA

ao direito ao silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão. STF. 2ª Turma.
OU

RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/5/2021 (Info 1016).
LL
ZE

O requerimento de simples guarda dos registros de acesso a aplicações de internet


EI

ou registros de conexão por prazo superior ao legal, feito por autoridade policial,
G

administrativa ou Ministério Público, prescinde de prévia autorização judicial. STJ. 6ª


04
70

Turma. HC 626.983-PR, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF


58

da 1ª Região), julgado em 08/02/2022 (Info 724).


1
78
95

O MP pode requerer diretamente que a Apple, Google etc guardem os registros de


A

acesso a aplicações de internet ou registros de conexão de pessoas investigadas


CC

enquanto se aguarda pedido de quebra de sigilo de dados.


ZA
S
TE

Viola o princípio constitucional da ampla defesa o indeferimento de prova nova sem


ES

a demonstração de seu caráter manifestamente protelatório ou meramente


PR

tumultuário, mormente quando esta teve como causa situação processual


A

superveniente. STJ. 6ª Turma. HC 545.097-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
D
ZA

em 28/09/2021 (Info 711).


OU

135
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
ADA
UZ
LO
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ

EL
EDIÇÃO N. 105: PROVAS NO PROCESSO PENAL - I

IZ
GE
1) As provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e reexaminadas na

04
instrução criminal, com observância do contraditório e da ampla defesa, não violam o

70
58
art. 155 do Código de Processo Penal - CPP visto que eventuais irregularidades

81
ocorridas no inquérito policial não contaminam a ação penal dele decorrente.

7
95
A
2) Perícias e documentos produzidos na fase inquisitorial são revestidos de eficácia

CC
probatória sem a necessidade de serem repetidos no curso da ação penal por se
sujeitarem ao contraditório diferido. ZA
S
TE
ES

3) A decisão que determina a produção antecipada


14156
de provas com base no art. 366 do
PR

CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero


14156
DA

decurso do tempo. (Súmula n. 455/STJ)


ZA

Tese mitigada: “2. A Terceira Seção desta Corte, flexibilizando o disposto no verbete
OU

sumular n. 455 do STJ, tem entendido que a fundamentação da decisão que determina
LL

a produção antecipada de provas pode limitar-se a destacar a probabilidade de que,


ZE

não havendo outros meios de prova disponíveis, as testemunhas, pela natureza de sua
EI

atuação profissional, marcada pelo contato diário com os fatos criminosos que
G

apresentam semelhanças em sua dinâmica, devem ser ouvidas com a possível urgência
04
70

(...) 3. No caso concreto, a única testemunha de acusação ouvida (um Agente Fiscal de
58

Rendas) exerce profissão que lida cotidianamente com uma série de fatos tributários
1
78

semelhantes que, com o decurso do tempo, podem se nublar ou esvanecer em sua


95

memória, o que justifica a sua oitiva com urgência. (...) (STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC
A

101.881/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 12/05/2020).


CC
ZA

4) A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios mínimos de


S
TE

materialidade e de autoria, de modo que a certeza deverá ser comprovada durante a


ES

instrução probatória, prevalecendo o princípio do in dubio pro societate na fase de


PR

oferecimento da denúncia.
AD
ZA
OU

136
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL

S
TE
ES
PROVAS

PR
DA
5) A incidência da qualificadora rompimento de obstáculo, prevista no art. 155, § 4º, I,

A
UZ
do Código Penal, está condicionada à comprovação por laudo pericial, salvo em caso

LO
de desaparecimento dos vestígios, quando a prova testemunhal, a confissão do

EL
acusado ou o exame indireto poderão lhe suprir a falta.

IZ
GE
6) É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais

04
envolvidos em ação investigativa ou responsáveis por prisão em flagrante, quando

70
58
estiver em harmonia com as demais provas dos autos e for colhido sob o crivo do

81
contraditório e da ampla defesa.

7
95
A
7) O reconhecimento fotográfico do réu, quando ratificado em juízo, sob a garantia do

CC
contraditório e ampla defesa, pode servir como meio idôneo de prova para
fundamentar a condenação. ZA
S
TE

Atenção com a jurisprudência atual!! O reconhecimento fotográfico serve como


ES

prova apenas inicial e deve ser ratificado por reconhecimento presencial, assim que
PR

possível. E, no caso de uma ou ambas as formas de reconhecimento terem sido


14156
DA

efetuadas, em sede inquisitorial, sem a observância (parcial ou total) dos preceitos


ZA

do art. 226 do CPP e sem justificativa idônea para o descumprimento do rito


OU

processual, ainda que confirmado em juízo, o reconhecimento falho se revelará


LL

incapaz de permitir a condenação, como regra objetiva e de critério de prova, sem


ZE

corroboração do restante do conjunto probatório, produzido na fase judicial. STJ. 5ª


EI

Turma. HC 652284/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 27/04/2021.


G
04
70

8) A folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a comprovar os


58

14156
maus antecedentes e a reincidência, não sendo necessária a apresentação de certidão
1
78

cartorária.
95
A

9) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por


CC

documento hábil. (Súmula n. 74/STJ)


ZA
S
TE

10) O registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito do processo penal


ES

dispensa sua degravação ou transcrição, em prol dos princípios da razoável duração do


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processo e da celeridade processual, salvo comprovada demonstração de necessidade.


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EDIÇÃO N. 111: PROVAS NO PROCESSO PENAL - II


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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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PROVAS

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1) É possível o arrolamento de testemunhas pelo assistente de acusação (art. 271 do

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Código de Processo Penal), desde que respeitado o limite de 5 (cinco) pessoas, previsto

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no art. 422 do CPP.

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2) O réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por sistema de videoconferência,

04
audiência de inquirição de testemunhas realizada, presencialmente, perante o Juízo

70
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natural da causa, por ausência de previsão legal, regulamentar e principiológica.

81
7
95
3) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima possui

A
especial relevância, desde que esteja em consonância com as demais provas acostadas

CC
aos autos.
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4) Nos delitos praticados em ambiente doméstico e familiar, geralmente praticados à


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clandestinidade, sem a presença de testemunhas, a palavra da vítima possui especial


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relevância, notadamente quando corroborada por outros elementos probatórios


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acostados aos autos.


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5) É possível a antecipação da colheita da prova testemunhal, com base no art. 366 do


LL

CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são policiais, tendo em vista a relevante
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probabilidade de esvaziamento da prova pela natureza da atuação profissional,


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marcada pelo contato diário com fatos criminosos.
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6) Não há cerceamento de defesa quando a decisão que indefere oitiva de testemunhas


58

residentes em outro país for devidamente fundamentada.


1
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7) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular,
A

relativos a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), e


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obtida diretamente pela polícia, sem prévia autorização judicial.


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8) É desnecessária a realização de perícia para a identificação de voz captada nas


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interceptações telefônicas, salvo quando houver dúvida plausível que justifique a


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medida.
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DIREITO PROCESSUAL PENAL

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9) É necessária a realização do exame de corpo de delito para comprovação da

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materialidade do crime quando a conduta deixar vestígios, entretanto, o laudo pericial

LO
será substituído por outros elementos de prova na hipótese em que as evidências

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tenham desaparecido ou que o lugar se tenha tornado impróprio ou, ainda, quando as

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circunstâncias do crime não permitirem a análise técnica.

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04
10) O laudo toxicológico definitivo é imprescindível para a configuração do crime de

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tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de se ter por incerta a materialidade do delito

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e, por conseguinte, ensejar a absolvição do acusado.

7
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11) É possível, em situações excepcionais, a comprovação da materialidade do crime

CC
de tráfico de drogas pelo laudo de constatação provisório, desde que esteja dotado de
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certeza idêntica à do laudo definitivo e que tenha sido elaborado por perito oficial, em
S
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procedimento e com conclusões equivalentes.


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PR

12) É prescindível a apreensão e a perícia de arma de fogo para a caracterização de


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causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal, quando
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evidenciado o seu emprego por outros meios de prova.


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