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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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Sumário
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DIREITO PROCESSUAL PENAL: PROVAS ................................................................................................... 4
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1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 5
EL
1.1 Acepções da palavra prova............................................................................................................ 5
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1.2 Espécies de prova .......................................................................................................................... 6
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1.3 Terminologia da Prova ................................................................................................................ 12
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1.4 Indícios ........................................................................................................................................
14156 13
781
2. OBJETO DA PROVA ............................................................................................................................ 15
95
3. PROVA EMPRESTADA ........................................................................................................................ 17
A
CC
4. PRINCÍPIO DA NÃO AUTOINCRIMINAÇÃO X TEORIA GERAL DA PROVA ............................................ 19
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4.1 Condução Coercitiva ................................................................................................................... 29
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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9.5 Reconhecimento de Coisas e Pessoas ....................................................................................... 108
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9.6 Busca e Apreensão .................................................................................................................... 112
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9.6.1. Busca Pessoal .................................................................................................................... 113
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9.6.2. Busca Domiciliar ................................................................................................................ 116
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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DIREITO PROCESSUAL PENAL: PROVAS
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TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA
EL
CF/88
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GE
⦁ Art. 5º, XI e XII
⦁
04
Art. 5º, LV e LVI
70
⦁ Art. 5º, LXIII
58
⦁ Art. 93, IX
81
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CP
A
⦁
CC
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Art. 65, III
⦁
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Art. 150
⦁ Art. 342
S
TE
ES
CPP
PR
⦁ Art. 260
ZE
⦁
G
⦁ Art. 422
70
⦁ Art. 474
58
⦁ Art. 532
1
78
95
⦁ Lei 9296/96
TE
CF/88
D A
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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PROVAS
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⦁ Art. 5º, LV e LVI
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CPP
EL
⦁ Art. 3ª-A e 3ª-C, §3º
IZ
⦁ Art. 155 a 157
GE
⦁ Ar. 158 a 159
04
⦁ Art. 167, 168 e 169
70
⦁
58
Art. 182 e 184
81
⦁ Art. 185, caput, §§2º, 5º e 10º
7
95
⦁ Art. 187
A
⦁ Art. 197 e 200
CC
⦁ Art. 203, 206 e 207
⦁ Art. 217 e 221 ZA
S
⦁
TE
Art. 239
ES
⦁ Art. 366
14156
DA
ZA
⦁ Lei 9296/96
LL
ZE
SÚMULAS RELACIONADAS AO
14156
TEMA
EI
Súmula 74-STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento
G
04
hábil.
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58
1. INTRODUÇÃO
1
78
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Conforme conceituação apresentada por Renato Brasileiro, o termo “prova” pode ser categorizado
S
quais se procura chegar à verdade dos fatos relevantes para o julgamento. Nesse sentido, identifica-se o conceito
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de prova com a produção dos meios e atos praticados no processo visando ao convencimento do juiz sobre a
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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II- Prova como resultado: caracteriza-se pela formação da convicção do órgão julgador no curso do
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processo quanto à existência (ou não) de determinada situação fática, de acordo com os fatos alegados pelas
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partes;
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III- Prova como meio: instrumentos idôneos à formação da convicção do órgão julgador.
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70
58
Por sua vez, os destinatários da prova, ainda conforme o doutrinador, são todos aqueles que devem
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formar uma convicção. Assim, o destinatário é o órgão jurisdicional sobre o qual recai a competência para julgar
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95
o delito (LIMA, 2017, p. 583).
A
CC
1.2 Espécies de prova
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S
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decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será diferido. Podem ser produzidas na fase
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telefônica.
LL
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● Provas Não Repetíveis: Uma vez produzidas, não podem ser novamente coletadas ou produzidas, em
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judicial e em regra não dependem de autorização judicial. Ex.: exame de corpo de delito.
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● Provas Antecipadas: São as produzidas com a observância do contraditório real, perante a autoridade
1
78
judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início
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judicial e elas podem ser produzidas na fase investigatória e em juízo. Ex.: depoimento ad perpetuam
ZA
Obs.: Não se esqueça que as provas cautelares, antecipadas e irrepetíveis são exceções ao desvalor probatório
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do inquérito policial, de modo que, quando produzidas em sede de investigação criminal, podem ser utilizadas
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b) Prova Direta x Indireta (LIMA, 2017, p. 591):
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● Prova Direta: Permite conhecer o fato por meio de uma única operação inferencial.
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● Prova Indireta: Para alcançar uma conclusão acerca de um fato a provar, o juiz precisa realizar ao menos
GE
duas operações inferenciais. Em um primeiro momento, a partir da prova indireta produzida, chega à
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conclusão sobre a ocorrência de um fato, que ainda não é o fato a ser provado. Conhecido esse fato, por
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58
meio de um segundo procedimento inferencial, chega ao fato a ser provado.
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c) Prova Nominada x Inominada
A
CC
● Prova Nominada: É aquela que tem previsão legal (o nomen iuris da prova tem previsão no CPP ou em
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legislação especial), com ou sem procedimento probatório previsto em lei. Ex.: hipóteses previstas nos
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É a prova prevista em lei, pouco É a prova que não possui previsão legal. De
LL
Ex.: exame de corpo de delito (art. 158, tenha previsão legal, será admitido, desde que
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casos de estupro.
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● Prova Atípica: É aquela que não tem procedimento probatório previsto em lei. Ex.: reconhecimento de
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PROVA TÍPICA PROVA ATÍPICA
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É a prova que possui seu procedimento É a prova que não possui seu procedimento
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probatório previsto em lei. Ex.: previsto em lei. Ex.: reconstituição do crime e
EL
reconhecimento de pessoas (art. 226 do CPP). interceptação ambiental.
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Obs.: o reconhecimento é uma prova nominada Obs.: é prova nominada (prevista em lei) e
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(previsto em lei) e típica (procedimento atípica (procedimento não está previsto m lei).
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58
probatório previsto em lei).
781
95
A “autópsia psicológica” constitui prova atípica admissível no processo penal,
A
cabendo ao magistrado controlar a sua utilização no caso concreto. STJ. 6ª Turma. HC
CC
740.431-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/9/2022 (Info Especial 10).
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forense brasileira, consiste em exame retrospectivo que busca compreender os aspectos psicológicos envolvidos
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em mortes não esclarecidas. Trata-se de um método “concebido como meio para auxiliar médicos legistas a
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esclarecer a natureza de uma morte tida como indeterminada e que poderia estar associada a uma causa natural,
ZA
acidental, suicídio ou homicídio. O método também foi utilizado para conhecer as razões que motivaram mortes
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autoinfligidas” (CAVALCANTE, Fátima Gonçalves; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Autópsias psicológicas e
LL
psicossociais de idosos que morreram por suicídio no Brasil. Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação
ZE
Por se tratar de uma estratégia complexa, faz-se imperiosa a observância de critérios epistêmicos para a redução
G
04
do viés produzido pela subjetividade inerente a esse instrumento de avaliação. Daí a importância de fixação de
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Do contrário, o que se tem é um “recurso subjetivo, não fidedigno e com dificuldades para chegar a ser um
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instrumento adequadamente validado” (WERLANG, Blanca Susana Guevara. Autópsia Psicológica, importante
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estratégia de avaliação retrospectiva. Revista Ciência e Saúde Coletiva da Associação Brasileira de Saúde Coletiva.
A
CC
https://www.scielo.br/j/csc/a/9VvMztDcc7MZW6sfcw7YqyS/?lang=pt).
Nesse sentido, “a autópsia psicológica pode ser tão ampla e ilimitada como são os conteúdos possíveis de se
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TE
aplicar a ela. E é justamente essa variabilidade que faz com que a autópsia psicológica seja criticada, por se aplicar
ES
a muitos contextos e ainda não possuir um modelo padrão universal e validado pela comunidade científica”
PR
(GOMES, Flavia Nieto. O contributo da autópsia psicológica na investigação de mortes suspeitas. Dissertação
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[Mestrado em Ciências Policiais - Criminologia e Investigação Criminal]. Instituto Superior de Ciências Policiais e
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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e) Prova Anômala x Irritual:
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PROVA ANÔMALA PROVA IRRITUAL
GE
É aquela utilizada para fins diversos É aquela produzida sem a observância do
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daqueles que lhe são próprios, com modelo típico previsto em lei. É prova
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características de outra prova típica. Logo, ilegítima.
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existe meio de prova legalmente previsto
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para a colheita da prova, porém deixa-se de Ex.: reconhecimento em juízo que não
A
lado esse meio de prova para valer-se de segue o procedimento descrito no art. 226
CC
outro. É prova obtida por meios ilegítimos, do CPP.
podendo caracterizar uma nulidade ZA
S
TE
concreto.
PR
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DA
e da ampla defesa.
G
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Logo, enquanto a prova anômala segue o procedimento previsto em lei, embora não seja o adequado
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caso, a prova irritual é típica e desrespeita o modelo legal para a produção da prova.
1
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CAIU EM PROVA: (Delegado do Estado da Bahia 2022): Prova direta é aquela que demonstra, por si, o fato
A
CC
probando; que tem por objeto imediato a coisa que se quer verificar; prova indireta, é aquela que trata
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reflexamente do fato probando ou fato principal, mas guarda com ele estreita relação, e faz chegar a alguma
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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PROVAS
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Segundo a International Organization of Computer Evidence (IOCE), provas digitais são “informações
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transmitidas ou memorizadas em formato binário que pode ser utilizada na justiça”, abrangendo assim outras
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formas de armazenamento de dados. Podem ser classificadas, entre outros, como dados que se localizam
EL
armazenados em determinado suporte físico - computador, HD, pendrive, celular, entre outros -, podendo ser
IZ
usados para indicar elementos que demonstrem a ocorrência, ou não, de determinado fato. No processo
GE
penal, tem-se que as provas digitais podem ser utilizadas como fonte de prova, onde se pode extrair
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informações que venham a ser utilizadas na persecução penal.
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58
81
E qual a diferença para as fontes de provas tradicionais?
7
95
Gustavo Badaró, ao tratar do tema, ressalta a existência de 2 diferenças, uma de caráter ontológico, visto que
A
as provas digitais são caracterizadas pela imaterialidade, isso porque os elementos de provas digitais são
CC
conservados e transmitidos em linguagem não natural, mas digital; outra de cunho metodológico, pois a
ZA
ausência de materialidade exige uma metodologia especial de produção, admissão e valoração.
S
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Não há disciplina legal específica. A desmaterizalização e a volatilidade dessas provas, atraem a preocupação
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com a possibilidade de destruição e falsificação. Trata-se de fonte de prova que pode ser facilmente
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contaminada, apresentando alto grau de vulnerabilidade a erros. Diante disso, é preciso especial atenção em
ZA
Ensina Badaró que a prova digital deve se valer de instrumentos técnicos adequados para os trabalhos de
EI
investigação de dados digitais de modo a constituir uma prova utilizável em processo judicial. O método
G
empregado tem que garantir a integridade do dado digital e, com isso, a força probandi do conteúdo
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70
probatório por ele representado. Além disso, todo o processo técnico precisa ser documentado e registrado
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em todas as suas etapas, especialmente por envolver dados probatórios voláteis e sujeitos à mutação. A
1
78
documentação da cadeia de custódia é essencial no caso de análise de dados digitais, pois permitirá assegurar
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a autenticidade e a integralidade dos elementos de prova e submeter tal atividade investigativa à posterior
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crítica judiciária das partes, e excluirá que tenha havido alterações indevidas do material digital.
CC
Gustavo Badaró destaca, ainda, que o laudo técnico deve conter uma completa e exaustiva descrição dos
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sistemas informáticos utilizados, um elenco dos instrumentos utilizados e um detalhado relatório dos
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resultados obtidos.
ES
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No âmbito da prova tradicional, há divergência na doutrina acerca das consequências da quebra da cadeia de
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custódia (conforme será visto adiante). No caso da digital evidence, conforme pontua Badaró, a solução deve
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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PROVAS
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ser diversa da tradicional em razão da desmaterialização dos elementos de prova e a facilidade de mutação
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dos elementos de prova, caso sua obtenção e produção não respeitem os procedimentos técnicos. Se o
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método for inadequado ou se, embora adequado, não houver comprovação de seu emprego por ausência de
EL
registro da cadeia de custódia, não há como garantir a tutela da genuinidade e não alteração do dado
IZ
informático devido a sua natureza frágil e volátil.
GE
04
Fonte: BADARÓ, Gustavo. Os Standards Metodológicos de Produção na Prova Digital e a Importância da Cadeia
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de Custódia. Disponível em: https://www.ibccrim.org.br/js/pdf-
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js/web/viewer.html?file=/media/publicacoes/arquivos_pdf/revista-31-05-2021-10-44-29-869137.pdf
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95
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Ainda sobre as provas digitais e a cadeia de custódia, cabe destacar decisão do STJ: São inadmissíveis as
CC
provas digitais sem registro documental acerca dos procedimentos adotados pela polícia para a preservação
ZA
da integridade, autenticidade e confiabilidade dos elementos informáticos. (Processo sob segredo de justiça,
S
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Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Rel. Acd. Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por maioria, julgado em
ES
7/2/2023)
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Segundo a Corte Superior, em que pese a intrínseca volatilidade dos dados armazenados digitalmente,
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já são relativamente bem delineados os mecanismos necessários para assegurar sua integridade, tornando
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Conforme o precedente julgado, a autoridade policial que realiza a apreensão de um computador (ou
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outro dispositivo de armazenamento de informações digitais) deve copiar integralmente (bit a bit) o conteúdo
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do dispositivo, gerando uma imagem dos dados: um arquivo que espelha e representa fielmente o conteúdo
G
original. Ato contínuo, aplicando-se uma técnica de algoritmo hash, é possível obter uma assinatura única para
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cada arquivo - uma espécie de impressão digital ou DNA, por assim dizer, do arquivo. Esse código hash gerado
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da imagem teria um valor diferente caso um único bit de informação fosse alterado em alguma etapa da
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investigação, quando a fonte de prova já estivesse sob a custódia da polícia. Mesmo alterações pontuais e
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mínimas no arquivo resultariam numa hash totalmente diferente, pelo que se denomina em tecnologia da
A
informação de efeito avalanche. Desse modo, comparando as hashes calculadas nos momentos da coleta e da
CC
perícia (ou de sua repetição em juízo), é possível detectar se o conteúdo extraído do dispositivo foi alterado,
ZA
minimamente que seja. Não havendo alteração (isto é, permanecendo íntegro o corpo de delito), as hashes serão
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TE
idênticas, o que permite atestar com elevadíssimo grau de confiabilidade que a fonte de prova permaneceu
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intacta.
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As empresas de tecnologia que operam aplicações de internet no Brasil sujeitam-se
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à jurisdição nacional e, como tal, devem cumprir as determinações das autoridades
LO
nacionais do Poder Judiciário — inclusive as requisições feitas diretamente — quanto
EL
ao fornecimento de dados eletrônicos para a elucidação de investigações criminais,
IZ
ainda que parte de seus armazenamentos esteja em servidores localizados em países
GE
estrangeiros. ADC 51/DF, relator Ministro Gilmar Mendes, julgamento finalizado em
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23.2.2023
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1.3 Terminologia da Prova
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Segundo Renato Brasileiro distingue-se:
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S
●
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Fontes de prova: Derivam do fato delituoso em si, independentemente da existência do processo, sendo
ES
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DA
● Meios de prova: Dizem respeito a uma atividade endoprocessual que se desenvolve perante o juiz, com
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a participação dialética das partes, cujo objetivo precípuo é a fixação de dados probatórios no processo.
OU
LL
● Meios de obtenção de prova: Referem-se a certos procedimentos extraprocessuais, em regra, que têm
ZE
Cometido o fato delituoso, tudo São os instrumentos através dos Refere-se a certos procedimentos,
1
aquilo que possa esclarecer quais as fontes de prova são em regra extraprocessuais,
78
95
alguém cerca do crime pode ser introduzidas no processo. geralmente realizados por outros
A
(ex.: pessoas, coisas). Dizem respeito a uma atividade objetivo é a identificação das
ZA
Portanto, a fonte de prova deriva perante o juiz, com a participação contraditório será diferido, ou
ES
introdução nos autos do processo Ex.: A pessoa que presenciou o policial. Não se pode dar ciência a
OU
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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PROVAS
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ocorre através dos meios de crime praticado por Renato, ao uma pessoa da investigação,
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prova. prestar o depoimento, passará a ser senão ela vai tentar dificultar a
LO
um meio de prova. A arma da investigação.
EL
Ex.: Renato está com uma arma na prática do crime para se tornar um
IZ
mão, aponta para alguém, atira e meio de prova, deve ser apreendida Ex.: interceptação telefônica.
GE
a pessoa morre. Após, ele deixa a e periciada.
04
arma em cima da mesa. As
70
58
pessoas na sala de aula que
81
presenciaram o crime são fonte
7
95
de prova e, futuramente, serão
A
chamadas a depor em juízo. O
CC
depoimento em juízo será o meio
de prova. ZA
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1.4 Indícios
PR
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DA
A prova indireta, conforme já pontuado, é aquela a qual, para chegar a determinada conclusão, o juiz é
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ZE
obrigado a realizar pelo menos duas operações inferenciais. Por exemplo, gato e rato em uma caixa fechada, só
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sai o gato, testemunha só vê o gato saindo. Prova-se que saiu apenas o gato de lá, mas não se tem a prova direta
G
que ele comeu o rato, é uma prova indireta, pois o rato não está em nenhum lugar.
04
70
58
Art. 239, CPP - Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
1
78
relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras
95
circunstâncias.
A
CC
É possível condenar alguém com base em indícios (usado como sinônimo de prova indireta)?
ZA
R.: SIM, desde que se trate de indícios plurais, coerentes e coesos, e não de um único indício isolado.
S
TE
ES
Uma nota importante: A jurisprudência entende que a testemunha de “ouvir dizer” (conhecida no direito norte-
PR
americano como hearsay rule) não produz um depoimento confiável e, portanto, não serve como indício de
A
autoria.
D
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O testemunho por ouvir dizer (hearsay rule), produzido somente na fase inquisitorial,
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não serve como fundamento exclusivo da decisão de pronúncia, que submete o réu a
LO
julgamento pelo Tribunal do Júri. STJ. 6ª Turma. REsp 1373356-BA, Rel. Min. Rogerio
EL
Schietti Cruz, julgado em 20/4/2017 (Info 603).
IZ
GE
b) Sinônimo de prova semiplena
04
A prova semiplena possui menor valor persuasivo, razão pela qual não autoriza um juízo de certeza, mas
70
58
de mera probabilidade.
81
É considerada relevante quando houver decretação de medidas cautelares (fumus comissi delicti):
7
95
A
Art. 312, CPP - A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
CC
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
ZA
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova (juízo de certeza) da existência
S
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R.: NÃO!
OU
LL
ATENÇÃO: Delegado de polícia trabalha com indícios e não com provas no caso concreto.
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●
04
1ªC - NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise aprofundada seja
70
feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem
58
qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos
1
78
informativos obtidos na fase inquisitorial. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. HC 560.552/RS, Rel. Min. Ribeiro
95
Dantas, julgado em 23/02/2021. STJ. 6ª Turma. HC 589.270, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
A
CC
23/02/2021.
ZA
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objetivas!
ES
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● 2ªC - SIM. É possível admitir a pronúncia do acusado com base em indícios derivados do inquérito
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policial, sem que isso represente afronta ao art. 155. Embora a vedação imposta no art. 155 se aplique
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
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a qualquer procedimento penal, inclusive dos do Júri, não se pode perder de vista o objetivo da decisão
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de pronúncia não é o de condenar, mas apenas o de encerrar o juízo de admissibilidade da acusação
LO
(iudicium accusationis). Na pronúncia opera o princípio in dubio pro societate, porque é a favor da
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sociedade que se resolvem as dúvidas quanto à prova, pelo juízo natural da causa. Constitui a pronúncia,
IZ
portanto, juízo fundado de suspeita, que apenas e tão somente admite a acusação. Não profere juízo de
GE
certeza, necessário para a condenação, motivo pelo qual a vedação expressa do art. 155 do CPP não se
04
aplica à referida decisão. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no AgRg no AREsp 1702743/GO, Rel. Min.
70
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Joel Ilan Paciornik, julgado em 15/12/2020. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 1609833/RS, Rel. Min. Rogerio
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Schietti Cruz, julgado em 06/10/2020.
7
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A
ATENÇÃO: Termos importantes referentes às provas que não podem ser confundidos.
CC
Vestígio Todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou recolhido,
ZA
que se relaciona à infração penal (art. 158-A, §3º, CPP).
S
TE
Indício Circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize,
14156
DA
239 do CPP).
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2. OBJETO DA PROVA
S
TE
É tudo o que dever ser demonstrado no processo para comprovar a verdade. Nesse sentido, em regra, o
ES
objeto da prova são os fatos, dispensando-se a prova do Direito que se presume conhecido pelo julgador, salvo
PR
14156
exceções.
AD
ZA
Vejamos em um quadro comparativo o que precisa e o que não precisa ser provado no Processo Penal,
OU
15
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
para facilitar o aprendizado.
A
UZ
LO
PRECISA SER PROVADO NÃO PRECISA SER PROVADO
EL
Imputação constante da peça acusatória. Fatos axiomáticos ou intuitivos: são evidentes, de
IZ
acordo com o estágio atual da ciência.
GE
Obs.: Cabe à acusação provar nexo causal, fato típico, Ex: cocaína causa dependência, não precisa provar.
04
autoria, participação, dolo e culpa. Cabendo à defesa
70
58
provar os fatos modificativos, extintivos e Fatos inúteis: não interessam à causa.
81
impeditivos.
7
95
Presunções legais: afirmação da lei, de que um fato
A
Costumes é existente ou verdadeiro, independentemente de
CC
prova.
Ex: furto praticado durante o repouso noturno, ZA
S
TE
contrário.
14156
DA
penal em branco, presume-se que o juiz a conhece. • Relativa (iuris tantum): admite prova em contrário.
OU
drogas.
ZE
Direito estrangeiro, estadual e municipal, salvo em relação sexual com menor de 14 anos configura uma
70
relação à localidade em que exerce jurisdição. elementar do crime de estupro de vulnerável. Nesse
58
sentido:
1
78
14156
estadual e municipal APENAS da localidade em que Súmula 593 STJ: O crime de estupro de vulnerável se
A
CC
Obs.: Diversamente do que ocorre no Processo Civil, relacionamento amoroso com o agente.
PR
16
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 197, CPP - O valor da confissão se aferirá pelos conhece ou deveria conhecer.
A
UZ
critérios adotados para os outros elementos de prova, Ex.: datas históricas, como o Natal (25/12).
LO
e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com
EL
as demais provas do processo, verificando se entre ela
IZ
e esta existe compatibilidade ou concordância.
GE
04
ATENÇÃO! Em relação ao acusado revel, os fatos NÃO
70
58
se presumem verdadeiros, tendo em vista a regra
81
probatória que deriva do princípio da presunção de
7
95
inocência. Logo, o único efeito da revelia no Processo
A
Penal é a desnecessidade de intimação do acusado
CC
para os demais atos processuais, salvo em se tratando
de sentença condenatória ou absolutória imprópria. ZA
S
TE
ES
3. PROVA EMPRESTADA
PR
14156
DA
Segundo Renato Brasileiro, “consiste na utilização em um processo de prova que foi produzida em outro,
ZA
sendo que esse “transporte” da prova é feito por meio de certidão extraída daquele”.
OU
A prova deve ter sido produzida em processo com as mesmas partes que figuram no 2ª processo, ou ao
ZE
menos, no processo em que foi uma das partes quem suportou os efeitos. Nesse ponto, é preciso distinguir duas
EI
1. Como o MP é uno e indivisível, o acusado sempre poderá se valer de prova emprestada, sem que haja
04
70
prejuízo ao contraditório.
58
2. O Ministério Público só poderá se valer da prova emprestada se o acusado figurou como réu no processo
1
78
Se a prova foi produzida em processo no qual o acusado não teve participação, não há falar em prova
CC
Cumpre destacar que existem precedentes no âmbito do STJ afirmando que é possível a prova
S
TE
minoritário. Vejamos:
PR
17
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
do feito para o qual a prova será trasladada. (STJ, 6ª Turma, AgRg no REsp
A
UZ
1.471.625/SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 10/06/2015).
LO
EL
É necessária a observância do devido processo legal na colheita originária da prova que será emprestada e,
IZ
igualmente, quanto à produção da prova no novo processo.
GE
04
Consoante ensina Renato Brasileiro:
70
58
81
“(...) a utilização da prova emprestada só é possível se aquele contra quem ela for
7
95
utilizada tiver participado do processo onde essa prova foi produzida, observando-se,
A
assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Só se pode considerar como
CC
prova emprestada, portanto, aquela que foi produzida, no primeiro processo, perante
ZA
aquele que terá que se sujeitar a seus efeitos no segundo, com a possibilidade de ter
S
TE
contado, naquele, com todos os meios possíveis de contrariá-la. (..) (edição 2020,
ES
pagina 669).
PR
14156
DA
Cuidado! Existe parcela minoritária da doutrina (Geraldo Prado e Ada Pelegrini) que agrega mais um
04
70
requisito: para que seja prova emprestada, a prova transladada do processo originário para o segundo processo
58
14156
“(...) há posição minoritária na doutrina que sustenta que, além da produção da prova em
CC
contraditório, também se impõe o respeito ao princípio do juiz natural (CF, art. 5º, inciso LIII). Na
ZA
dicção de Grinover, “para o transporte puro e simples de uma prova, de um processo para outro,
S
TE
seria necessário que o contraditório no processo originário tivesse sido instituído perante o mesmo
ES
juiz, que também seja o juiz da segunda causa (entendendo-se, com o termo ‘juiz’, não a pessoa
PR
física investida na função, mas o órgão jurisdicional constitucionalmente competente)”. (in Manual
A
18
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
No âmbito constitucional, temos que a interceptação telefônica, conforme o texto da Lei Maior, só pode
A
UZ
14156
ser utilizada em investigação criminal ou no curso da instrução criminal (reserva constitucional qualificada).
LO
Assim, pelo menos em tese, NÃO é possível interceptação telefônica em processo administrativo e em processo
EL
cível. Contudo, é perfeitamente possível ser utilizada em processo cível ou administrativo a título de prova
IZ
emprestada, eis que o contraditório já foi exercido no processo criminal.
GE
Este é o entendimento do STF, vejamos:
04
70
58
Compartilhamento no inquérito civil das provas colhidas em investigação criminal
81
mesmo que acobertadas pelo sigilo
7
95
É possível compartilhar as provas colhidas em sede de investigação criminal para serem
A
utilizadas, como prova emprestada, em inquérito civil público e em outras ações
CC
decorrentes do fato investigado. Esse empréstimo é permitido mesmo que as provas
ZA
tenham sido obtidas por meio do afastamento ("quebra") judicial dos sigilos financeiro,
S
TE
fiscal e telefônico. STF. 1ª Turma. Inq 3305 AgR/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o
ES
14156
DA
ZA
CAIU EM PROVA:
OU
Foi questionado na 2ª fase de DPC/MS (Banca FAPEC): Cabe utilização como prova emprestada de elementos
LL
R.: Em regra, como os elementos informativos do inquérito são produzidos sem a observância do princípio do
EI
contraditório, eles não podem ser utilizados como prova emprestada, ainda que seja processo contra a mesma
G
pessoa que figurou como investigada no inquérito. Porém, no caso de provas não repetíveis (ex.: exames
04
70
periciais) é perfeitamente possível falar-se em prova emprestada, já que, em relação a elas, o contraditório será
58
Existe precedente do STF nesse sentido. No RE 328.138/MG, a 1ª turma admitiu a validade de prova pericial
A
Por fim, tem-se que, caso tenha sido declarada nula ou ilegal a prova originária, não se pode admitir a
S
TE
mesma como prova emprestada. Lado outro, caso o processo original tenha sido anulado por qualquer outro
ES
19
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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ES
PROVAS
PR
DA
a) Conceito
A
UZ
A garantia da não autoincriminação consiste no direito de não produzir prova contra si próprio, essa
LO
garantia vem sendo muito cobrada em prova no termo em latim “nemo tenetur se detegere”, positivado no artigo
EL
8º, g, do Pacto de São José da Costa Rica que garante à pessoa o “direito de não ser obrigado a depor contra si
IZ
mesma, nem a declarar-se culpada”.
GE
04
b) Previsão Normativa
70
58
Na CF/88 - art. 5º, LXIII, através da menção ao direito ao silêncio, que é um dos desdobramentos do
81
princípio do nemo tenetur se detegere.
7
95
A
Art.5º, LXIII, CF - O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de
CC
permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
ZA
S 14156
TE
Artigo 8º, item 2, CADH – (...) Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena
14156
DA
1 Direito ao silêncio – Consiste no direito de não responder às perguntas formuladas pela autoridade,
G
funcionando como espécie de manifestação passiva de defesa. É uma forma de se exercer a autodefesa.
04
70
58
3 Inexigibilidade de dizer a verdade ou direito de mentir – Cuidado! Mentiras defensivas são toleradas
A
pelo ordenamento jurídico, porém mentiras agressivas, incriminadoras de 3º não estão sob o manto do
CC
direito de defesa.
ZA
S
TE
4 Direito de não praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo – Consiste no direito de
ES
não adotar comportamentos ativos que colaborem com a atividade persecutória do Estado.
PR
AD
ZA
OU
20
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
5 Direito de não produzir nenhuma prova incriminadora invasiva - A prova invasiva é aquela que envolve
A
UZ
penetração no organismo humano, para extração ou utilização de alguma parte dele. Ou seja: se a prova
LO
for invasiva, a pessoa não precisa fazer. Ex. DNA, esperma, saliva, pele, unha.
EL
IZ
Obs.1: A CF/88 prevê que o investigado/acusado seja expressamente informado sobre o direito ao silêncio,
GE
sob pena de nulidade das provas obtidas.
04
70
58
Leading case – Interrogatório sub-reptício: HC 80949
81
(...) 3. Ilicitude decorrente - quando não da evidência de estar o suspeito, na ocasião,
7
95
ilegalmente preso ou da falta de prova idônea do seu assentimento à gravação
A
ambiental - de constituir, dita "conversa informal", modalidade de "interrogatório"
CC
sub-reptício, o qual - além de realizar-se sem as formalidades legais do interrogatório
ZA
no inquérito policial (C.Pr.Pen., art. 6º, V) -, se faz sem que o indiciado seja advertido
S
TE
e, com mais
14156
razão, em "conversa informal" gravada, clandestinamente ou não. (...)
ZE
Obs.2: Testemunhas também são destinatárias da garantia da não autoincriminação? (Questão prova oral
04
70
R.: Em regra, as testemunhas são obrigadas a se manifestar, sob pena de praticarem o crime de
1
78
desobediência ou falso testemunho. No entanto, quando a resposta a determinada pergunta puder importar em
95
autoincriminação, elas podem sim se valer do direito ao silêncio. Dessa forma, as testemunhas são titulares da
A
garantia constitucional ao silêncio (direito à não autoincriminação), mas seu exercício é realizado
CC
Inf. 754, STF: Se o indivíduo é convocado para depor como testemunha em uma
A
confissão não é válida se a autoridade que presidia o ato não o advertiu previamente
OU
21
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
de que ele não era obrigado a produzir prova contra si mesmo, tendo o direito de
A
UZ
permanecer calado. STF. 2ª Turma, 2014.
LO
EL
Inf. 816, STF: Determinada pessoa foi convocada a depor na condição de testemunha.
IZ
Antes de iniciar o depoimento, ela assinou termo no qual assumiu o compromisso de
GE
dizer a verdade. O termo dizia que "a depoente compromete-se a dizer a verdade,
04
ressalvadas as garantias constitucionais aplicáveis". Posteriormente, descobriu-se que
70
58
essa pessoa também estaria envolvida no esquema criminoso, razão pela qual foi
81
denunciada. O STF entendeu que não houve nulidade neste depoimento porque,
7
95
embora a denunciada tenha sido ouvida na condição de testemunha, assumindo o
A
compromisso de dizer a verdade, consta do termo de depoimento que ela foi
CC
informada de que estavam ressalvadas daquele compromisso “as garantias
ZA
constitucionais aplicáveis”. Logo, foi a ela conferido o direito de não responder a
S
TE
STF. Plenário.
PR
14156
DA
Obs.3: O silêncio do indiciado/acusado é uma garantia constitucional e não pode ser explorado em seu
ZA
desfavor.
OU
LL
O princípio do nemo tenetur se detegere garante ao acusado o direito de não produzir prova contra si
ZE
mesmo sendo inviável que o exercício desse direito lhe resulte em qualquer gravame. Como a Constituição
EI
Federal assegura ao acusado o direito ao silêncio (art. 5º, LXIII), seu exercício não pode ser interpretado como
G
Por isso, o art. 186, § único do CPP, após a reforma conferida pela Lei nº 10.792/2003, dispõe que o
58
silêncio não pode importar confissão e não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.
1
78
95
14156
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação,
A
o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
CC
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
PR
1º.12.2003)
D
ZA
OU
22
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Cumpre destacar que, em que pese a reforma produzida pela Lei 10.791/2003, a redação do art. 198 do
A
UZ
CPP ainda dispõe que “o silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a
LO
formação do convencimento do juiz”. A doutrina defende a não recepção da parte final deste dispositivo uma
EL
vez que o exercício do direito ao silêncio previsto na Carta Magna (art. 5º, LXIII) não pode resultar em qualquer
IZ
prejuízo para o acusado.
GE
04
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
70
58
elemento para a formação do convencimento do juiz.
81
7
95
A
Obs. 4: Direito ao Silêncio Seletivo 14156
CC
Qual é a extensão do direito ao silêncio? No âmbito do interrogatório judicial (aplicável, no que couber,
ZA
ao interrogatório em sede policial conforme dispõe o art. 6º, V do CPP), quando incide o direito ao silêncio e qual
S
TE
é a sua extensão?
ES
O interrogatório judicial é bifásico, pois tem-se a fase relativa à qualificação do réu e fase relativa à versão
PR
dos fatos.
14156
DA
Prevalece na doutrina e jurisprudência brasileira que o direito ao silêncio não alcança a 1ª fase. O réu
ZA
A primeira parte do interrogatório não se relaciona com o direito de não produzir prova
ZE
Lado outro, na fase relativa à versão dos fatos (mérito), há plena incidência do direito ao silêncio de
1
78
modo que a autodefesa pode ser exercida de forma livre, desimpedida e voluntária. É nessa seara que surge o
95
denominado “direito ao silêncio seletivo”. No legítimo exercício da autodefesa, acobertado pelo direito
A
constitucional ao silêncio, ensina Renato Brasileiro que “ao acusado se defere o direito de não responder a
CC
nenhuma pergunta, como responder a algumas delas e silenciar com relação a outras que entenda que possam
ZA
expô-lo a risco de autoincriminação” (in Manual de Processo Penal, edição 2020, pág. 750).
S
TE
Assim, é possível que o acusado (ou investigado) opte por responder, por exemplo, apenas as perguntas
ES
23
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
É ilegal o encerramento do interrogatório do paciente que se nega a responder aos
A
UZ
questionamentos do juiz instrutor antes de oportunizar as indagações pela defesa. 1.
LO
O artigo 186 do CPP estipula que, depois de devidamente qualificado e cientificado do
EL
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o
IZ
interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que
GE
lhe forem formuladas 2. O interrogatório, como meio de defesa, implica ao imputado
04
a possibilidade de responder a todas, nenhuma ou a apenas algumas perguntas
70
58
direcionadas ao acusado, que tem direito de poder escolher a estratégia que melhor
81
lhe aprouver à sua defesa. 3. Verifica-se a ilegalidade diante do precoce encerramento
7
95
do interrogatório do paciente, após manifestação do desejo de não responder às
A
perguntas do juízo condutor do processo, senão do seu advogado, sendo excluída a
CC
possibilidade de ser questionado pelo seu defensor técnico (...) (HC n. 703.978/SC,
ZA
relator Ministro Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Sexta
S
TE
Obs.5: Dever legal a interrupção imediata do interrogatório quando o imputado optar pelo exercício do direito
14156
DA
ao silêncio.
ZA
OU
Há discussão acerca do procedimento a ser adotado pela autoridade – policial ou judicial – quando o
LL
imputado, ao iniciar o interrogatório, informa que irá exercer o direito ao silêncio ou mesmo responder
ZE
A redação original do art. 191 do CPP previa que deveriam ser consignadas as perguntas que o réu
58
deixasse de responder e as razões que invocasse para o não fazer. Tal previsão foi suprimida pela reforma
1
78
operada pela Lei n. 10.792/03, que deu nova redação ao dispositivo. Todavia, na prática, ainda é relativamente
95
E é nesse contexto que deve ser compreendido o novo crime de abuso de autoridade previsto no art. 15,
ZA
inciso I da Lei 13. 869/19. Trata-se de tipo penal que criminaliza a conduta do agente público que “prossegue
S
TE
O novo tipo penal esclarece que, uma vez feita a opção livre e voluntária pelo direito ao silêncio, seja em
PR
relação ao todo, seja de maneira seletiva, impõe-se a imediata interrupção do ato, sem a formulação de mais
A
14156
nenhum questionamento. Toda e qualquer tentativa de dar continuidade ao ato poderá atrair a figura delituosa
D
ZA
em análise, desde que, logicamente, presente o elemento subjetivo especial do art. 1º, §1º, da Lei n. 13.869/19
OU
24
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
(“finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho
A
UZ
ou satisfação pessoal”).
LO
EL
d) Dever de Advertência quanto ao Direito à Não Auto-Incriminação
IZ
GE
A CF, no art.5º, LXIII, diz que “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
04
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;”.
70
58
Desse inciso, ensina a doutrina que a Constituição consagra um dever estatal de informar ao acusado os
81
seus direitos, sob pena de ilicitude da prova. O objetivo é evitar uma autoincriminação involuntária por força do
7
95
desconhecimento da lei, atraindo o dever de prévia e formal advertência.
A
Esse dever de advertência do direito ao silêncio é chamado pelo direito norte-americano de “Avisos de
CC
Miranda”, “Miranda Rights” ou, ainda, “Miranda Warnings”. Os Avisos de Miranda são três. Assim, nenhuma
ZA
validade pode ser dada às declarações feita à polícia sem que antes seja informado ao declarante que:
S
TE
Observações:
ZA
(2) No Brasil, a nota de culpa (nota de ciência das garantias constitucionais) é o documento que informa à
LL
(3) Dever de informação do direito de não autoincriminação e a mídia: O dever de informação do direito de
EI
não autoincriminação também se aplica à mídia? A mídia, na hora de entrevistar o acusado, tem que
G
“Se o preso deve ser prévia e formalmente advertido quanto ao direito ao silêncio, sob
95
pena de se reputar ilícita a prova que contra si produza, também não podem ser
A
depois do
14156interrogatório, é gravada sem o conhecimento daqueles, e, de igual modo,
ES
ao direito ao silêncio macula da ilicitude eventuais declarações por ele fornecidas que
A
25
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
14156
Não foi essa, todavia, a orientação do Supremo Tribunal Federal. Em HC apreciado pela
LO
2ª Turma (STF, 2ª Turma, HC 99.558/ES, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 14/12/2010) , em
EL
que se alegava a ilicitude da prova juntada aos autos, consistente em entrevista
IZ
concedida a jornal, na qual o acusado narrara o modus operandi de dois homicídios a
GE
ele imputados, sem ter sido previamente advertido de seu direito ao silêncio, reputou-
04
se que a Constituição teria conferido dignidade constitucional ao direito ao silêncio,
70
58
dispondo expressamente que o preso deve ser informado pela autoridade policial ou
81
judicial da faculdade de manter-se calado. Consignou-se que o dever de advertir os
7
95
presos e os acusados em geral de seu direito de permanecerem calados
A
consubstanciar-se-ia em uma garantia processual penal que teria como destinatário
CC
precípuo o Poder Público. Concluiu-se, entretanto, não haver qualquer nulidade na
ZA
juntada da prova, entrevista concedida espontaneamente a veículo de imprensa.
S
TE
ES
De todo modo, queremos crer que deve se evitar a concessão de entrevistas por presos
PR
cidadão de maneira voluntária seu interesse em apresentar sua versão acerca dos
OU
O alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não apenas pelo Delegado, durante o interrogatório
04
70
formal, mas também pelos policiais responsáveis pela voz de prisão em flagrante, pois a todos os órgãos estatais
58
quando recebe voz de prisão por policial, em situação de flagrante delito. Ademais, na
ZA
momento em que o dever de informação se impõe, torna ilícita a prova. Isso porque o
ES
26
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
observação ao direito ao silêncio, é inteiramente imprestável para fins de condenação
A
UZ
e, ainda, invalida demais provas obtidas através de tal interrogatório. No caso, a leitura
LO
dos depoimentos dos policiais responsáveis pela prisão da paciente demonstra que não
EL
foi observado o citado comando constitucional. (RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar
IZ
Mendes, julgado em 4/5/2021).
GE
04
70
58
e) Repercussões Materiais do Direito à Não Auto-Incriminação
81
1º) Crime de Denunciação Caluniosa
7
95
A garantia da não autoincriminação não abarca a possibilidade de incriminação de terceiros inocentes,
A
podendo ensejar a responsabilização pelo crime de denunciação caluniosa (art. 339, CP)
CC
Não se tolera que, no exercício da autodefesa, 3º reconhecidamente inocente seja incriminado, de forma
ZA
que responderá por denunciação caluniosa o imputado que, procurando se esquivar da responsabilização penal,
S
TE
venha a praticar a conduta prevista no art. 339 do CP. Quadro diverso se dá em casos de incriminação exclusiva
ES
dos coautores e partícipes, denunciados conjuntamente com o réu. Isso porque o acusado não satisfaz o núcleo
PR
verbal do crime de denunciação caluniosa na medida em que não dá causa a nada, não provoca a instauração
14156
DA
Ex.: Em caso de investigação de crime cometido em concurso de agentes, em que os acusados atribuem a culpa
OU
A garantia a não autoincriminação não legitima o uso de documento falso porque vulnerada a fé-
G
3º) Crime de Falsa Identidade (307 do CP) e Contravenção pertinente a recusa no fornecimento de dados
58
No crime de atribuir falsa identidade (art. 307 do CP) não há emprego de documento falso, o sujeito
95
apenas se declara falsamente ou usa documento verdadeiro, mas que não é dele e sim de um irmão ou amigo
A
muito parecido.
CC
b) Acusado: Divergência.
PR
1ªC: Tais condutas quando perpetradas pelo imputado são materialmente atípicas porque em verdade
A
traduzem exercício de autodefesa. Alguns autores, como Álvaro da Costa, ainda ponderam a existência de
D
ZA
OU
27
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
injusto impossível por absoluta impropriedade do meio, haja vista todos os mecanismos de identificação
A
UZ
criminal hoje à disposição do estado.
LO
2ªC – Majoritária e STF: O fornecimento de dados qualificativos corretos não importa autoincriminação.
EL
Tanto é que, se a qualificação por si só fosse mecanismo de autodefesa, ela seria chancelada pela CF e não
IZ
afastada com a sujeição à identificação criminal. Logo, não os ofertar ou atribuir-se falsa identidade
GE
configuram os ilícitos penais previstos no artigo 68 da LCP e artigo 307, do CP, não se mostrando
04
acobertados pela autodefesa.
70
58
Autores como Nucci ainda ponderam o artigo 186, caput, do CPP, alegando que o direito ao silêncio apenas
81
é anunciado depois de obtido os dados qualificativos, logo o direito ao silêncio não compreenderia os dados
7
95
qualificativos.
A
CC
Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial
ZA
é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
S
TE
ES
“O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, LXIII, da CF/88) não alcança aquele
14156
DA
que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus
ZA
antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP)”
OU
( RE 640.139)
LL
ZE
Art. 305, do CTB - “afastar- se o condutor, do veículo do local do acidente, para fugir à
04
70
Em que pese existirem posições na doutrina defendendo a incompatibilidade do art. 305 do CTB com a
95
garantia nemo tenetur se detegere, o STF, em sede de repercussão geral, fixou a seguinte tese:
A
CC
“A regra que prevê o crime do art. 305 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é
ZA
STF. Plenário. RE 971959/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (Repercussão
PR
28
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto de policiamento
A
UZ
ostensivo, para a prevenção e repressão de crimes, constitui conduta penalmente típica, prevista no art. 330 do
LO
Código Penal Brasileiro. STJ. 3ª Seção. REsp 1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
EL
09/03/2022 (Recurso Repetitivo – Tema 1060) (Info 732)
IZ
Conforme destaca o informativo 732 do STJ:
GE
O STJ já decidiu que "os direitos ao silêncio e de não produzir prova contra si mesmo
04
não são absolutos, razão pela qual não podem ser invocados para a prática de outros
70
58
delitos. Embora por fatos diversos, aplica-se ao presente caso a mesma solução
81
jurídica decidida pela Terceira Seção desta Corte Superior quando do julgamento do
7
95
REsp n. 1.362.524/MG, submetido à sistemática dos recursos repetitivos, no qual foi
A
fixada a tese de que 'típica é a conduta de atribuir-se falsa identidade perante
CC
autoridade policial, ainda que em situação de alegada autodefesa'" (HC 369.082/SC,
ZA
Rel. Min. Felix Fischer, Quinta Turma, julgado em 27/6/2017, DJe 1º/8/2017).
S
TE
Conforme apontado pelo Ministério Público Federal em seu parecer, "a possibilidade
ES
de prisão por outro delito não é suficiente para afastar a incidência da norma penal
PR
incriminadora, haja vista que a garantia da não autoincriminação não pode elidir a
14156
DA
relevantes pelo ordenamento jurídico, pois tal situação caracteriza abuso do direito,
EI
Seção. REsp
14156
1.859.933-SC, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em
A
09/03/2022.
CC
ZA
Art. 260, do CPP - “se o acusado não atender a intimidação para o interrogatório,
PR
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
A
29
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
a) Conceito
A
UZ
Por meio deste mandado de condução coercitiva, o investigado (ou acusado) é PRIVADO de sua
LO
liberdade de locomoção pelo lapso temporal necessário para ser levado à presença da Polícia Judiciária (ou
EL
MP) e participar de ato de investigação preliminar (ou ato processual penal) no qual sua presença seja
IZ
considerada imprescindível.
GE
04
b) Natureza Jurídica: Há divergência na doutrina.
70
58
81
1ª C (Prof. Marcus Paulo): A condução coercitiva é uma MEDIDA ADMINISTRATIVA e, por isso, pode ser
7
95
determinada não só pelo juiz (medida judicial e não jurisdicional), mas também pelo delegado bem como em
A
sede de CPI.
CC
ZA
2ª C (Renato Brasileiro): A condução coercitiva MEDIDA CAUTELAR DE NATUREZA PESSOAL DIVERSA DA PRISÃO.
S
TE
Conquanto não listada no rol das medidas cautelares diversas da prisão previstas nos artigos 319 e 320 do CPP,
ES
a condução coercitiva do investigado (ou acusado) também funciona como medida cautelar de coação pessoal.
PR
(1) Trata-se de medida de natureza urgente que irá recair sobre a liberdade de locomoção do acusado (ele
14156
14156
DA
não será preso, mas terá sua liberdade de locomoção cerceada por um determinado período).
ZA
(2) Há restrição na liberdade de locomoção, porém em grau menor que as prisões cautelares, vez que adstrita
OU
(3) Não pode durar mais de 24h, sob pena de assumir as vestes de prisão cautelar.
ZE
EI
c) Autoridade Competente:
G
O mandado de condução coercitiva é muito pouco trabalhado pela doutrina processual penal. O artigo
1
78
260 prevê: “…a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença”. O CPP não diz expressamente quem é
95
essa autoridade. Por isso, diante dessa redação dúbia do artigo 260, que o tema provoca tantas controvérsias.
A
CC
● Por se tratar de medida administrativa, a condução coercitiva pode ser determinada não só pelo
S
TE
juiz(medida judicial e não jurisdicional), mas também pelo delegado bem como em sede de CPI.
ES
● O STF TEM UM PRECEDENTE DE 2011 QUE PERMITE A CONDUÇÃO COERCITIVA DECRETADA PELA
PR
AUTORIDADE POLICIAL. (HC 107.644/SP: “Legitimidade dos agentes policiais, sob o comando da
A
autoridade policial competente (artigo 4º do CPP e artigo 6º do mesmo diploma legal), para tomar todas
D
ZA
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GE
CC
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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PROVAS
PR
DA
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A
UZ
2ª C (Renato Brasileiro): Desafia prévia autorização judicial vez que se trata de medida que importa em restrição
LO
à liberdade de locomoção.
EL
● Mandado de condução coercitiva É MATÉRIA SUJEITA À CLÁUSULA DE RESERVA JURISDICIONAL.
IZ
● O artigo 260, CPP deve ser interpretado de maneira que a autoridade competente é a judiciária (não
GE
pode o MP e nem a polícia judiciária). Interpretação dos artigos 260 + 282, §2º, ambos do CPP.
04
70
58
d) Mandado de condução coercitiva e o Direito de não produzir prova contra si mesmo
81
Pela leitura do art. 260 do CPP, cabe condução coercitiva para a PRÁTICA DE ATOS QUE NÃO PODEM
7
95
SER REALIZADOS SEM A PRESENÇA do acusado/investigado. Ex.: interrogatório, reconhecimento.
A
A condução coercitiva é constitucional em face da garantia da não autoincriminação, com assento
CC
constitucional e na CADH?
ZA
1ª C: Sim. A condução coercitiva em si é perfeitamente constitucional:
S
TE
(1) Isoladamente considerada, a condução coercitiva não obriga o imputado a produzir prova contra si próprio,
ES
este ao chegar ao local a que foi conduzido pode se recusar a se sujeitar ao procedimento probatório ao
PR
qual está a condução coercitiva atrelada. Assim, o que haverá será a inutilidade desta medida.
14156
DA
(2) Ademais, por vezes a condução coercitiva pode até se mostrar benéfica ao réu, como no caso de defensor
ZA
público que solicita a condução coercitiva de seu assistido com o objetivo de viabilizar a possibilidade de
OU
suspensão condicional do processo, ponderando-se que o réu não é obrigado a conhecer direito processual
LL
2ª C (Renato Brasileiro): É constitucional, desde que interpretado à luz da garantia a não autoincriminação,
EI
Pode ser conduzido coercitivamente para a prática de atos processuais que não estejam protegidos
04
70
pela garantia a não autoincriminação, ou seja, PROCEDIMENTOS PROBATÓRIOS EVASIVOS PASSIVOS, QUE
58
EXIGEM APENAS UMA POSTURA PASSIVA, UM TOLERAR do acusado ou investigado. Ex.: reconhecimento
1
78
pessoal.
95
Não poderá ser conduzido coercitivamente para A PRÁTICA DE PROCEDIMENTOS PROBATÓRIOS INVASIVOS
A
OU EVASIVOS ATIVOS, QUE DEMANDAM UMA COLABORAÇÃO ATIVA, UM AGIR por parte do acusado, pois
CC
não autoincriminação”.
AD
ZA
Na ADPF 444, o Ministro Gilmar Mendes, em 18/12/17, em medida liminar, proibiu a condução coercitiva para
OU
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L
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GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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ES
PROVAS
PR
DA
interrogatório, com base nos seguintes argumentos:
A
UZ
i. O STF entendeu que a condução coercitiva viola a liberdade de locomoção;
LO
ii. O STF entendeu que a condução coercitiva viola a dignidade da pessoa humana.
EL
IZ
Assim, caso seja determinada a condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tal
GE
conduta poderá ensejar:
04
⦁ Responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade;
70
⦁
58
Ilicitude das provas obtidas;
81
⦁ Responsabilidade civil do Estado.
7
95
A
Modulação dos efeitos: o STF afirmou que o entendimento acima não desconstitui (não invalida) os
CC
interrogatórios que foram realizados até a data do julgamento, ainda que os interrogados tenham sido
ZA
coercitivamente conduzidos para o referido ato processual. STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min.
S
TE
Segundo Renato Brasileiro, a condução coercitiva continua cabível para outras hipóteses que não sejam
14156
DA
o interrogatório.
ZA
Insta salientar que, com o advento da Lei 13.869/2019 (Nova Lei de Abuso de Autoridade), conduzir
OU
Embora a norma se refira a “comparecimento ao juízo”, é certo que o instituto da condução coercitiva,
95
tradicionalmente, também se aplica em âmbito policial, mormente quando envolve testemunhas, ofendidos ou
A
investigados recalcitrantes, tudo isso em analogia aos art. 201, §único, art. 218 e art. 260, o CPP. Além disso, o
CC
A condução coercitiva, pelo próprio nome, impõe obrigatoriedade de acatamento e, por senso jurídico,
PR
pressupõe que a pessoa foi devidamente cientificada e não atendeu ao chamado da autoridade.
A
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a condução coercitiva
D
ZA
de réu ou investigado para interrogatório, constante do artigo 260 do CPP, não foi recepcionada pela CRFB 88.
OU
32
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GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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PROVAS
PR
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A decisão foi tomada no julgamento das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 395 e
A
UZ
444, ajuizadas, respectivamente, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e pela Ordem dos Advogados do Brasil
LO
(OAB). O emprego da medida, segundo o entendimento majoritário, representa restrição à liberdade de
EL
locomoção e viola a presunção de não culpabilidade, sendo, portanto, incompatível com a Constituição Federal.
IZ
O que o art. 10 fez foi apenas tipificar a conduta que já era não recepcionada. Agora conduzir
GE
coercitivamente é crime. Como se não bastasse, foi além do investigado, alcançando a testemunha, pois no
04
julgado nas ADPF’s nada disseram sobre as testemunhas. Além disso, o mencionado dispositivo não imputa crime
70
58
no caso de condução de vítima (cuidado!).
81
7
95
ATENÇÃO: O tipo penal usa as expressões investigado e testemunha, portanto à luz do princípio da legalidade,
A
nada obsta a condução coercitiva do réu, pois seria analogia in malan partem.
CC
ZA
Nesse sentido, o professor Rogério Sanches e Rogério Greco (Abuso de Autoridade, pg. 97):
S
TE
ES
autoridade por parte do juiz que a decretou, sendo esta, portanto, uma falha que não
ZA
CAIU EM PROVA:
ZE
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): É permitida a condução coercitiva do investigado até a delegacia
EI
de polícia para submetê-lo ao procedimento de reconhecimento de pessoa, não havendo mácula ao preceito
G
04
5. PROVAS INADMISSÍVEIS
1
78
14156
95
a) Considerações iniciais: A vedação de provas ilícitas está amparada no Estado Democrático de Direito. Não é
A
CC
admissível que o Estado tenha uma postura delituosa na produção de provas. Agindo assim, o Estado estaria
ZA
De nada adiantaria a CF prever a inviolabilidade das ligações telefônicas, por exemplo, se fosse permitido
AD
ao Estado grampear aparelhos telefônicos sem autorização judicial. Ou, ainda, não faria sentindo proteger o
ZA
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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PROVAS
PR
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Como todo e qualquer direito fundamental, o direito à prova não tem natureza absoluta. Está sujeito a
A
UZ
limitações porque
14156
coexiste com outros direitos igualmente protegidos pelo ordenamento jurídico.
LO
EL
● Previsão Legal
IZ
A Constituição Federal, em seu art. 5º, LVI, veda a admissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos.
GE
04
CF, art. 5º, LVI: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;”.
70
58
81
Do mesmo modo, o Código de Processo Penal dispõe no art. 157 acerca da inadmissibilidade das provas
7
95
ilícitas.
A
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas,
CC
assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais.
ZA
§ 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não
S
TE
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos
14156
DA
Trata-se de uma distinção doutrinária, trazida para o Brasil por Ada Pellegrini, mas sendo fruto de uma
A
É a prova produzida com violação à regra de É a prova produzida com violação à regra de
ES
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IZ
GE
CC
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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PROVAS
PR
DA
“provas ilícitas” como: “obtidas em violação a
A
UZ
normas constitucionais ou legais”. No entanto, a
LO
redação não é clara, pois deixa dúvidas se as
EL
“normas legais” seriam somente de direito
IZ
material ou de direito material e processual.
GE
04
Há duas correntes:
70
58
1C: Interpretação extensiva - O conceito de prova
81
ilícita, a partir da reforma processual de 2008,
7
95
passou a abranger o conceito de prova ilegítima.
A
Como a lei não estabeleceu nenhuma distinção,
CC
a prova ilícita violaria tanto uma norma legal de
direito material como também uma norma legal ZA
S
TE
14156
DA
dispositivo
14156
faz referência às “normas legais” ele
OU
de direito material.
ZE
Ex: Confissão obtida mediante tortura. Ex: Exame cadavérico feito por apenas um
04
70
Obs.: É possível que haja prova ilícita dentro do perito não oficial (deveriam ser dois).
58
O reconhecimento da prova ilícita ou da prova ilegítima que enseja a nulidade absoluta tem como
ES
consequência imediata o desentranhamento dos autos e a sua inutilização, para que não se possa influenciar
PR
O desentranhamento é o ato que materializa o que a doutrina chama de DIREITO DE EXCLUSÃO, para
D
ZA
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IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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PROVAS
PR
DA
O artigo 157, §3º, CPP prevê o desentranhamento da prova ilícita:
A
UZ
LO
Art.157, §3º, CPP - Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada
EL
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar
IZ
o incidente.
GE
04
Cuidado! O que deve ser desentranhado dos autos é a PROVA, e não os autos processuais que fazem
70
58
menção à prova ilícita. Assim já decidiu o STF:
81
7
95
As peças processuais que fazem referência à prova declarada ilícita não devem ser
A
desentranhadas do processo. Se determinada prova é considerada ilícita, ela deverá
CC
ser desentranhada do processo. Por outro lado, as peças do processo que fazem
ZA
14156
referência a essa prova (exs: denúncia, pronúncia etc.) não devem ser desentranhadas
S
TE
"provas" do crime e, por essa razão, estão fora da regra que determina a exclusão das
PR
provas obtidas por meios ilícitos prevista no art. 157 do CPP. Assim, a legislação, ao
14156
DA
tratar das provas ilícitas e derivadas, não determina a exclusão de "peças processuais"
ZA
que a elas façam referência. STF. 2ª Turma. RHC 137368/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
OU
Palocci do processo penal que tramita contra Lula, cuja juntada aos autos teria sido
G
“Termo de Colaboração de Antônio Palocci Filho”, cuja juntada aos autos foi promovida
1
78
de ofício, pelo então Juiz Federal Sérgio Moro. O STF entendeu que essa juntada foi
95
aconteceu cerca de três meses após a decisão judicial que o homologara. Para os
PR
Ministros, essa demora parece ter sido cuidadosamente planejada para gerar
A
verdadeiro fato político na semana que antecedia o primeiro turno das eleições
D
ZA
36
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IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
sigilo, com clara finalidade de que fosse dada publicidade às imputações dirigidas ao
A
UZ
réu, sem que as circunstâncias narradas no ajuste fossem relevantes para a ação penal
LO
em andamento. Em terceiro, o fato de a juntada e o levantamento do sigilo terem
EL
ocorrido por iniciativa do próprio juiz, isto é, sem qualquer provocação do órgão
IZ
acusatório. A determinação da juntada desse termo de delação, nesses moldes,
GE
consubstancia inequívoca quebra da imparcialidade. STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR,
04
rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
70
58
4/8/2020 (Info 985).
81
7
95
Contudo, existem hipóteses elencadas pela doutrina em que a prova, em que pese ilícita e, por
A
conseguinte, desentranhada dos autos, NÃO será inutilizada:
CC
1) Quando a prova PERTENCER LICITAMENTE a alguém ZA
S
−
TE
Pode ser que essa prova ilícita que foi desentranhada do processo seja um objeto qualquer que pertence
ES
− Ex. alguém viola o domicílio de alguém e pega uma carta. Se essa carta é reconhecida como ilícita num
14156
DA
futuro processo, ela não precisa ser destruída, pois a carta, em si, é um objeto lícito pertencente a
ZA
alguém.
OU
LL
2) Quando a PROVA ILÍCITA CONSISTIR NO CORPO DE DELITO em relação àquele que praticou um crime
ZE
14156
para obtê-la.
EI
−
04
Ex. Caso dos policiais que foram apurar um crime de corrupção supostamente praticado por uma escrivã
70
e tiraram a roupa da mulher à força (para pegar o dinheiro de corrupção que ela supostamente guardava
58
na calcinha). Os policiais, inclusive, gravaram todo o fato. Se, no processo de apuração da corrupção,
1
78
essa prova for reconhecida como ilícita, não pode ela ser destruída, porque ela prova a prática de crime
95
Com o advento da Lei 13.964/19 (Pacote Anticrime), foi inserido no CPP o §5º ao art. 157, com a seguinte
S
redação:
TE
ES
Art. 157. [...] § 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não
PR
37
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GE
CC
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
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O §5º positivou o que há muito tempo clamava a doutrina1, que sempre afirmou que o mero
A
UZ
desentranhamento da prova ilícita não era a única solução a ser tomada, pois, o juiz que tem contato com a
LO
prova ilícita, passa a ser impedido para o julgamento.
EL
IZ
“Quanto ao problema da contaminação do juiz que teve contato com a prova ilícita e
GE
que deve(ria) ser impedido de julgar, o veto ao § 4º do art. 157 deve ser analisado a
04
partir de seus próprios “fundamentos”, de que a exclusão desse juiz comprometeria a
70
58
“eficácia” do processo penal, gerando tumulto nas comarcas de juízo único. Logo, a
81
contrário senso, nas varas em que existam dois ou mais juízes, não se justificaria a
7
95
manutenção do juiz contaminado! Não havendo o motivo apontado no veto, não há
A
mais o menor fundamento para – erroneamente – manter um juiz contaminado no
CC
processo, proferindo sentença a partir da convicção formada com base na prova ilícita.
ZA
É óbvio que o juiz que conheceu a prova ilícita não pode julgar, pois está contaminado.
S
TE
Ressalta-se que parte da doutrina afirma que não haveria impedimento se foi o próprio juiz a quo que
14156
DA
identificou a ilicitude.14156
Isso porque, como ele pode ser tido por impedido se ele se limitou a fazer o que manda a
ZA
Constituição, ou seja, não admitir provas ilícitas? Se ele agiu em conformidade com a Constituição, não podemos
OU
extrair desse seu comportamento qualquer causa de impedimento. Por outro lado, se o reconhecimento da
LL
ilicitude proveio de uma instância superior, portanto, esse juiz não pode prosseguir, porque além de o juiz já ter
ZE
assimilado aquela informação, para ele está tudo certo, ou seja, ele vai desentranhar aquela prova contra sua
EI
vontade, dando cumprimento a uma determinação que proveio de órgão jurisdicional de instância superior, e aí
G
Cumpre destacar que essa novidade legislativa se encontra com a eficácia suspensa, em sede de medida
58
cautelar, concedida pelo Min. Fux nas ADIs 6.298, 6.299, 6.300 e 6.305.
1
78
95
São meios probatórios que, não obstante lícitos em sua essência, em seu momento de produção, por
ZA
decorrem de uma prova anteriormente obtida por meios ilícitos, são contaminados pela ilicitude originária. Tal
S
TE
vício da ilicitude originária é transmitida em razão do nexo causal existente entre elas. Ex.: confissão de homicídio
ES
mediante tortura.
PR
DA
ZA
1
(Jr, 2016, p. 363)
OU
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CC
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
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PR
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A prova ilícita por derivação é uma aplicação da teoria americana da árvore dos frutos envenenados,
A
UZ
segundo a qual o defeito existente no tronco contamina os frutos.
LO
A prova ilícita por derivação surge no Direito Americano, no julgado Silverthorne Lumber Co. X EUA
EL
(1920) e depois outro julgado em 1939 (Caso Nardone x EUA). A partir desse segundo julgado, começa a ser
IZ
utilizada a chamada Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (“fruits of poisonous tree theory”).
GE
No Brasil, ao julgar o HC 80.949, o STF considerou ilícita uma gravação feita por policiais de confissão do
04
acusado sem que houvesse advertência formal quanto ao direito ao silêncio.
70
58
Essa teoria era somente adotada pela jurisprudência, mas com a reforma do CPP em 2008, tornou-se
81
texto legal (art. 157, §1º):
7
95
A
Art. 157, § 1o São também inadmissíveis AS PROVAS DERIVADAS DAS ILÍCITAS, salvo
CC
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
ZA
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.
S
TE
ES
Veja uma decisão em que o STJ aborda expressamente a teoria (REsp 1.630.097/RJ – 5ª T. STJ):
PR
14156
DA
O Tribunal de origem considerou que, embora nada de ilícito houvesse sido encontrado
ZA
direito constitucional à não autoincriminação, uma vez que aquele foi compelido a
LL
reproduzir, contra si, conversa travada com terceira pessoa pelo sistema viva-voz do
ZE
inevitável, porquanto este fenômeno ocorre quando a prova derivada seria descoberta
04
70
de qualquer forma, com ou sem a prova ilícita, o que não se coaduna com o caso aqui
58
relato dos autos demonstra que a abordagem feita pelos milicianos foi obtida de forma
14156
A
autoincriminação. Não se pode perder de vista que qualquer tipo de prova contra o
ZA
réu que dependa dele mesmo só vale se o ato for feito de forma voluntária e
S
TE
poisonous tree), consagrada no art. 5º, inciso LVI, da Constituição Federal, que
A
obtidas a partir de outras declaradas nulas pela forma ilícita de sua colheita.
OU
39
L
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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ADA
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5.2.1 Limitações à Teoria da Prova Ilícita por Derivação
LO
EL
Com o passar dos anos, a Suprema Corte Americana entendeu que a Teoria da Prova Ilícita por Derivação
IZ
não poderia ser aplicada de forma ilimitada. Diante disso, surgiram teorias que visam a licitude da prova.
GE
São elas: Teoria da Fonte Independente, Descoberta Inevitável, Nexo Atenuado e Teoria do Encontro
04
Fortuito de Prova.
70
58
81
I. TEORIA DA FONTE INDEPENDENTE
7
95
A
Trata-se da prova obtida de forma independente, não sendo contaminada pelo veneno da prova ilícita.
CC
Assim, de um lado ela tem relação com a prova ilícita, mas por outro lado tem uma fonte independente que a
torna lícita. ZA
S
TE
Segundo Renato Brasileiro, “se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, legitimamente,
ES
novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de
PR
dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita, com esta não mantendo vínculo causal, tais dados
14156
DA
probatórios são admissíveis, porque não contaminados pela mácula da ilicitude originária”.
ZA
Essa teoria tem origem no direito americano (The Independent Source Limitation) no caso Bynum X US,
OU
onde o cidadão foi preso ilegalmente e, com essa prisão, fizeram uma identificação datiloscópica. Com a
LL
identificação (ilegal por derivação) acharam suas digitais na cena do crime. Pela ilegalidade, a Corte exclui essa
ZE
identificação. No entanto, posteriormente, verificaram que já existia uma identificação no sistema do FBI, de
EI
A Teoria da Fonte Independente já era adotada pelo STF (RHC 90.376, HC 83921), vindo a ser inserida no
04
70
Art. 157, § 1º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
95
ATENÇÃO: Segundo a doutrina, o legislador teria cometido um equívoco na redação do art. 157, §2º, pois na
S
TE
verdade ele conceituou no § 2º não a limitação da fonte independente, mas a teoria da descoberta inevitável
ES
14156
da prova.
PR
A
40
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Essa teoria também tem origem no direito norte-americano (The Inevitable Discovery Limitation) no
A
UZ
julgado Nix X Williams II (1984). O cidadão era suspeito de matar alguém, porém o cadáver não era localizado.
LO
Ele foi coagido e confessou onde estava o cadáver, que foi apreendido (prova ilícita por derivação). No entanto,
EL
no caso concreto, 200 voluntários da cidade já estavam fazendo uma varredura atrás do cadáver. A Suprema
IZ
Corte então decidiu: Realmente o cadáver foi descoberto por meio ilícito, porém na situação concreta, como os
GE
200 moradores já estavam nas imediações do cadáver, a descoberta seria inevitável, portanto, a apreensão do
04
cadáver foi lícita.
70
58
Segundo Renato Brasileiro, “se restar demonstrado que a prova derivada da ilícita seria produzida de
81
qualquer modo, independentemente da prova ilícita originária, tal prova deve ser considerada válida”.
7
95
Cuidado: Não é possível se valer dessa teoria com base em dados meramente especulativos, sendo
A
indispensável a existência de dados concretos, que demonstrem que a descoberta seria inevitável. Em outras
CC
palavras: a descoberta inevitável que conduz à licitude de uma prova colhida de forma irregular está pautada em
ZA
um JUÍZO DE INEVITABILIDADE. Assim, as provas ilícitas podem ser aproveitadas desde que seja cabalmente
S
TE
provado que a prova chegaria nos autos de qualquer maneira (juízo de inevitabilidade), considerando-se o
ES
rumo regular e lícito das investigações, o que tornaria irrelevante a sua obtenção primária ilícita.
PR
O STJ (HC 52.995) foi o primeiro Tribunal Superior a adotar a Limitação da Descoberta Inevitável. O STF
14156
DA
STJ: “(...) A inviolabilidade dos sigilos é a regra, e a quebra, a exceção. Sendo exceção,
LL
deve-se observar que a motivação para a quebra dos sigilos seja de tal ordem
14156
ZE
liberdade dos meios de prova, excetua-se a utilização daquelas obtidas por meios
04
70
afastam, por completo, a proteção que ora é requerida por meio de reconhecimento
A
de nulidade absoluta do feito. A primeira diz respeito a própria essência dessa nulidade
CC
que, em tese, ter-se-ia originado com a publicidade dada pelo banco ao sobrinho da
ZA
vítima, que também era seu herdeiro. (...) Tratou-se toda a operação bancária de um
S
TE
golpe efetivado por meio de um engodo. Titularidade solidária que detinha uma das
ES
pacientes e que agora é reclamada para efeitos de autorização legal, decorreu de ilícito
PR
efetivado contra vítima. Pretende-se, na verdade, obter benefício com a própria prática
A
41
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
foi obtido por herdeiro da vítima, circunstância que ocorreria de qualquer maneira
A
UZ
após a sua habilitação em inventário, a ensejar, da mesma maneira, o desenrolar do
LO
processo tal qual como ocorreu na espécie. Acolhimento da teoria da descoberta
EL
inevitável; a prova seria necessariamente descoberta por outros meios legais. No
IZ
caso, repita-se, o sobrinho da vítima, na condição de herdeiro, teria,
GE
inarredavelmente, após a habilitação no inventário, o conhecimento das
04
movimentações financeiras e, certamente, saberia do desfalque que a vítima havia
70
58
sofrido; ou seja, a descoberta era inevitável. Ordem denegada” (STJ, 6ª Turma, HC
81
52.995/AL, Rel. Min. Og Fernandes, Dje 04/10/2010)
7
95
A
Para muitos doutrinadores, essa teoria teria sido adotada pelo legislador no art. 157, §2º, in verbis:
CC
ZA
Art. 157, §2o Considera-se fonte independente (descoberta inevitável) aquela que por
S
TE
14156
14156
DA
Cuidado para não confundir com a teoria da fonte independente vista acima! Com efeito, quando o
ZA
referido dispositivo faz menção à fonte independente, quis, na verdade, trazer o conceito da limitação da
OU
descoberta inevitável.
LL
ZE
Obs.: Alguns doutrinadores (posição minoritária) afirmam que a adoção desta teoria pelo Brasil seria
EI
inconstitucional, pois ela estaria limitando excessivamente a vedação da prova ilícita constante da CF.
G
04
70
III. LIMITAÇÃO DA MANCHA PURGADA, NEXO ATENUADO OU TINTA DILUÍDA (TEORIA DOS VÍCIOS
58
SANADOS)
1
78
95
Como todas as demais, essa teoria também tem origem no Direito Americano (Teoria dos Vícios Sanados
A
ou da Tinta Diluída ou da Mancha Purgada – “Purge Taint Limitation” ou “Atenuated Connection Limitation”).
CC
Ocorre quando um ato posterior, totalmente independente, afasta a ilicitude originária. O vício da
ZA
ilicitude originária é atenuado em virtude do espaço temporal decorrido entre a prova primária e a secundária,
S
TE
Essa teoria foi adotada no caso Wong Sun v. United States (1963). Nesse caso, policiais da 'delegacia de
A
entorpecentes' entraram num domicílio sem 'causa provável' (indícios probatórios necessários para tal) e
D
ZA
prenderam ilegalmente 'A', o qual, quase imediatamente depois, acusou 'B' de ter vendido a droga. Os policiais,
OU
42
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
em seguida, prenderam ilegalmente 'B', o qual, por sua vez, indicou 'C', que também foi preso ilegalmente. Vários
A
UZ
dias mais tarde, depois de 'C' ter sido libertado, 'C' voluntariamente confessou oralmente aos policiais da
LO
delegacia de entorpecentes, durante seu interrogatório policial. A Suprema Corte excluiu a apreensão da droga
EL
encontrada com 'B' e as declarações de 'B' por terem sido 'frutos' da entrada ilegal na sua casa e da sua prisão
IZ
ilegal.
GE
Entretanto, rejeitou que a confissão de 'C' fosse fruto da sua prisão ilegal, pois, embora 'C' pudesse nunca
04
ter confessado se ele jamais tivesse sido preso ilegalmente, sua ação voluntária de confessar, depois de ter sido
70
58
solto e alertado de seus direitos, tinha tornado a conexão entre a prisão e a declaração tão atenuada que a
81
'nódoa' da ilegalidade tinha se dissipado.
7
95
A prova primária e a secundária, ou por conta de circunstâncias supervenientes na cadeia probatória ou
A
da vontade de um dos envolvidos em colaborar com a persecução criminal.
CC
Segundo Renato Brasileiro, “não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal entre a
ZA
prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias supervenientes
S
TE
na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos envolvidos em colaborar com
ES
a persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de um determinado meio de prova
PR
em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o gerou, um acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse
14156
DA
Alguns doutrinadores (Andrei Borges de Mendonça e Guilherme Madeira) entendem que essa teoria,
OU
Art. 157, § 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas (prova ilícita
EI
por derivação), salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e
G
outras (teoria da tinta diluída), ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
04
70
ATENUAÇÃO.PRERROGATIVA
14156 DE FORO. CONEXÃO E CONTINÊNCIA. COMPETÊNCIA.
A
43
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
LAVAGEM DE DINHEIRO. CONSUNÇÃO. MATÉRIA DE PROVA. ATIPICIDADE.
A
UZ
INOCORRÊNCIA. RECEBIMENTO.
LO
(...)
EL
5. De acordo com a teoria do nexo causal atenuado ou da mancha purgada, i) o lapso
IZ
temporal decorrido entre a prova primária e a secundária; ii) as circunstâncias
GE
intervenientes na cadeia probatória; iii) a menor relevância da ilegalidade; ou iv) a
04
vontade do agente em colaborar com a persecução criminal, entre outros elementos,
70
58
atenuam a ilicitude originária, expurgando qualquer vício que possa recair sobre a
81
prova secundária e afastando a inadmissibilidade de referida prova.6. Na presente
7
95
hipótese, as provas encaminhadas ao MP brasileiro são legítimas, segundo o parâmetro
A
de legalidade suíço, e o meio de sua obtenção não ofende a ordem pública, a soberania
CC
nacional e os bons costumes brasileiros, até porque decorreu de circunstância
ZA
autônoma interveniente na cadeia causal, a qual afastaria a mancha da ilegalidade
S
TE
existente no indício primário. Não há, portanto, razões para a declaração de sua
ES
A teoria do encontro fortuito ou casual de provas é utilizada nos casos em que, no cumprimento de uma
ZE
diligência relativa a um delito, a autoridade policial casualmente encontra provas pertinentes à outra infração
EI
penal é obtida a partir de diligência regularmente autorizada para a investigação de outro crime. Nesses casos,
58
a validade da prova inesperadamente obtida está condicionada à forma como foi realizada a diligência: se houve
1
78
desvio de finalidade, abuso de autoridade, a prova NÃO deve ser considerada válida; se o encontro da prova foi
95
●
ZA
Ex.: Alguém mantém um tigre em casa e o IBAMA descobre, de modo que se solicita ao juiz um mandado
ES
de busca e apreensão para o tigre. No cumprimento do mandado, a autoridade policial entra na casa e começa
PR
a abrir gavetas, de modo que encontra documentos que comprovam um crime tributário.
D A
ZA
OU
44
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Pode usar esse documento como prova? Nesse caso, como a autoridade abre gavetas, ele está desviando
A
UZ
a finalidade de buscar o tigre. Portanto, a prova é ilícita. Se fosse o contrário, ou seja, procurando documentos e
LO
achasse o tigre por acaso, seria lícito.
EL
A teoria do encontro fortuito de provas não deve ser trabalhada única e exclusivamente para as
IZ
hipóteses de cumprimento de mandados de busca e apreensão. Sua utilização também se apresenta útil no
GE
tocante ao cumprimento de interceptações telefônicas. Isso porque é comum que, no curso de uma
04
interceptação telefônica regularmente autorizada pelo juiz competente para investigar crime punido com pena
70
58
de reclusão, sejam descobertos elementos probatórios relativos a outros delitos e/ou outros indivíduos. Em tais
81
hipóteses, verificando-se que não houve desvio de finalidade no cumprimento da diligência, dúvidas não temos
7
95
quanto à validade dos elementos assim obtidos.
A
CC
A serendipidade pode ser classificada conforme o grau:
ZA
S
▪
TE
Serendipidade ou encontro fortuito de 1º grau: Ocorre quando os encontros fortuitos são de fatos
ES
conexos ou continentes com os fatos sob investigação. Nesse caso, a prova produzida pode ser valorada
PR
pelo juiz.
14156
DA
▪ Serendipidade ou encontro fortuito de 2º grau: Ocorre quando se trata de fatos não conexos ou quando
ZA
criminis.
LL
ZE
▪
04
criminoso de outra pessoa que inicialmente não estava sendo investigada. Ex: durante a interceptação
58
telefônica instaurada para investigar João, descobre-se que um de seus comparsas é Pedro (Deputado
1
78
Federal).
95
A
▪
CC
Serendipidade objetiva: Ocorre quando, no curso da medida, surgirem indícios da prática de outro crime
ZA
Obs.: Segundo entendimento do STF (HC 129.678), o Crime Achado é a infração penal desconhecida e não
ES
investigada até o momento em que se descobre o delito. Em caso concreto apreciado pelo referido órgão, apesar
PR
de ter sido autorizada para investigar um crime de tráfico de drogas, a interceptação telefônica acabou por
AD
ZA
OU
45
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
revelar a prática de um delito de homicídio. Nesse caso, presentes os requisitos constitucionais e legais, a prova
A
UZ
deve ser considerada lícita.
LO
EL
Obs.: Mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia.
IZ
GE
De acordo com a Lei 8.906/94, com redação dada pela Lei 11.767/08, o mandado de busca e apreensão
04
a ser realizado em escritório de advocacia deve ser ESPECÍFICO e PORMENORIZADO, a ser cumprido na presença
70
58
de representante da OAB, sendo vedada a utilização de documentos e objetos pertencentes a clientes do
81
advogado investigado, salvo se tais clientes também estiverem sendo investigados como partícipes ou coautores
7
95
do advogado.
A
Ou seja, no cumprimento de mandado de busca e apreensão em escritório de advocacia NÃO se aplica a
CC
teoria do encontro fortuito quanto a documentos não referentes ao investigado, pois estariam protegidos pelo
ZA
sigilo, não fazendo parte do objeto da diligência. Seria, assim, configurado um desvio de finalidade da diligência,
S
TE
Ex.: “A” é advogado e seu escritório foi objeto de uma busca e apreensão porque “A” era suspeito de ter
PR
praticado o crime “X”. Durante a busca e apreensão foram apreendidos documentos relacionados com “B”
14156
DA
(cliente de “A”) que não era investigado pelo crime “X” e, por conta desses documentos apreendidos, “B” foi
ZA
denunciado pelo crime “Y”. “B” impetrou habeas corpus no STJ afirmando que a apreensão dos documentos foi
OU
ilegal.
LL
14156
ZE
CAIU EM PROVA:
EI
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): Uma operação policial foi deflagrada para coibir a atividade ilícita
G
04
produtos de furto e roubos, eram cortados e suas peças eram vendidas no mercado paralelo em todo o estado.
58
Atuaram na operação 80 agentes de polícia e 10 delegados, que, munidos de mandados de busca e apreensão e
1
78
mandados de prisão, prenderam 40 pessoas, recuperaram 120 automóveis furtados e roubados e centenas de
95
peças diversas de automóveis, além de terem efetuado a prisão em flagrante de 60 pessoas. Na operação,
A
CC
também foram apreendidos telefones celulares, chips, documentos de propriedade de veículos e diversas placas
ZA
automóvel, minutos antes da chegada dos policiais. Ainda, um dos presos em flagrante disse, no momento da
ES
prisão, que grande parte dos documentos dos carros furtados e roubados apreendidos estava no escritório do
PR
advogado Orozimbo, guardados para serem negociados com integrantes de quadrilha que vendia carros no
A
Paraguai. Os celulares apreendidos com quatro dos presos foram desbloqueados pelos titulares das linhas,
D
ZA
46
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
quadrilha, nominado de Thief. Fotos e vídeos de integrantes da quadrilha, agindo nas ruas da cidade, também
A
UZ
foram encontrados nos celulares. Os documentos pessoais de Thief (passaporte, identidade e CPF) ficavam no
LO
escritório de Orozimbo, guardados num cofre.
EL
IZ
Considerando essa situação hipotética, eventual procedimento de busca e apreensão no escritório do advogado
GE
Orozimbo será protegido pela inviolabilidade relativa, por existirem indícios da sua participação nos crimes
04
objeto da operação – item considerado correto.
70
58
81
Destaques jurisprudenciais sobre o tema Prova Ilícita:
7
95
A
A determinação judicial para identificação dos usuários que operaram em
CC
determinada área geográfica, suficientemente fundamentada, não ofende a
ZA
proteção à privacidade e à intimidade. A quebra do sigilo de dados armazenados não
S
TE
ordem judicial
14156 para quebra do sigilo dos registros, delimitada por parâmetros de
ZA
atingidos por tal diligência. STJ. 3ª Seção. RMS 61302-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz,
EI
Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qualquer
58
prova obtida mediante abertura de carta, telegrama, pacote ou meio análogo. STF.
A
Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin,
CC
47
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
entendimento, os ministros negaram provimento a recurso do Ministério Público que
A
UZ
pedia o restabelecimento da sentença que condenou um homem por tráfico de drogas.
LO
O MP sustentava a validade das provas obtidas pelos guardas municipais que
EL
efetuaram a prisão em flagrante do acusado. Segundo os autos, após denúncia
IZ
anônima, os guardas municipais abordaram o réu e, não encontrando entorpecentes
GE
com ele, seguiram até um terreno nas proximidades, onde teriam apreendido maconha
04
e filme plástico supostamente utilizado para embalar a droga (Resp 1.854.065, 6ª T, STJ
70
58
– 20202).
81
7
95
É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em
A
denúncia anônima. É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com
CC
base unicamente em denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade prisional
ZA
recebeu uma ligação anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu marido João,
S
TE
tentaria entrar no presídio com droga. Diante disso, a diretora ordenou que a agente
ES
confessou que estava levando a droga para seu marido. A prova colhida é ilícita. STJ. 6ª
ZA
Turma. REsp 1695349-RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 08/10/2019 (Info
OU
659).
LL
ZE
A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita
EI
nem deve ser excluída do processo. O exame de corpo de delito deve ser realizado por
G
perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de vista estritamente formal, o perito
04
70
peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada por perito
1
78
papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do
95
com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve
14156
CC
ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário do
ZA
realizaram o laudo pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a
ES
2
Fonte: Leia mais:
D
ZA
https://delegadoplantonista.webnode.com.br/news/provas-obtidas-por-guarda-municipal-por-meio-de-denuncia-
anonima-sao-invalidas/
OU
48
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele
A
UZ
contida. Assim, cabe às partes, respeitado o contraditório e a ampla defesa, durante o
LO
julgamento pelo tribunal do júri, defender a validade do documento ou impugná-lo.
EL
STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.
IZ
Alexandre de Moraes, julgado em 24/9/2019 (Info 953).
GE
04
É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade policial que atende, sem
70
58
autorização, o telefone móvel do acusado e se passa pela pessoa sob
81
investigação.Não tendo a autoridade policial permissão do titular da linha telefônica,
7
95
ou mesmo da Justiça, para ler mensagens nem para atender ao telefone móvel da
A
pessoa sob investigação e travar conversa por meio do aparelho com qualquer
CC
interlocutor que seja se passando por seu dono, a prova obtida dessa maneira arbitrária
ZA
é ilícita. No caso concreto, o policial atendeu ao telefone do condutor, sem autorização
S
TE
para tanto, e passou-se por ele para fazer a negociação de drogas e provocar o
ES
flagrante. Esse policial também obteve acesso, sem autorização pessoal nem judicial,
PR
Turma. HC 511484-RS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/08/2019 (Info
ZA
655).
OU
LL
É ilícita a prova obtida em revista pessoal feita por agentes de segurança particular.
ZE
Caso concreto: o homem passava pela catraca de uma das estações da Companhia
EI
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com uma mochila nas costas, quando foi
G
condenado pelo TJ/SP por tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº 11.343/2006). O STJ,
95
contudo, entendeu que a prova usada na condenação foi ilícita considerando que
A
obtida mediante revista pessoal ilegal feita pelos agentes da CPTM. Segundo a CF/88 e
CC
e condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo com base em prova recolhida em
PR
revista pessoal feita por agentes de segurança privada da Companhia Paulista de Trens
A
Metropolitanos (CPTM). STJ. 5ª Turma. HC 470.937/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
D
ZA
julgado em 04/06/2019.
OU
49
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
A DA
UZ
São ilegais as provas obtidas por policial militar que, designado para coletar dados
LO
nas ruas como agente de inteligência, passa a atuar, sem autorização judicial, como
EL
agente infiltrado em grupo criminoso. Determinado policial militar foi designado para
IZ
participar, nas ruas, à paisana, de passeatas e manifestações, a fim de coletar dados
GE
para subsidiar a Força Nacional de Segurança em atuação estratégica diante dos
04
movimentos sociais e dos protestos ocorridos no Brasil em 2014. Para essa atividade,
70
58
não se exigia prévia autorização judicial. No curso de sua atividade originária, o referido
81
policial, percebendo que algumas pessoas estavam se reunindo para planejar a prática
7
95
de crimes, aproximou-se desses suspeitos, ganhou a sua confiança e infiltrou-se no
A
grupo participando das conversas virtuais e das reuniões presenciais dos envolvidos.
CC
Assim, o policial ultrapassou os limites da sua atribuição original e passou a agir como
ZA
agente infiltrado. Ocorre que a infiltração de agentes somente pode acontecer após
S
TE
prévia autorização judicial, o que não havia no caso. Diante disso, o STF declarou a
ES
e dos depoimentos por ele prestados em sede policial e em juízo, nos termos do art.
14156
DA
157, § 3º, do CPP. STF. 2ª Turma. HC 147837/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
ZA
É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp via Código QR para
ZE
acesso no WhatsApp Web. Também são nulas todas as provas e atos que dela
EI
14156
independentes. Não é possível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação
04
70
pelo aplicativo WhatsApp. STJ. 6ª Turma. RHC 99735-SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
1
78
forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira
ZA
RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe de 5/9/2016, esta Corte teve a
PR
ilícito o acesso aos dados do celular e das conversas de whatsapp extraídas do aparelho
D
ZA
50
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
que, no acesso aos dados do aparelho, se tem a devassa de dados particulares, com
A
UZ
violação à intimidade do agente. No caso presente, embora nada de ilícito houvesse
LO
sido encontrado em poder do acusado, a prova da traficância foi obtida em flagrante
EL
violação ao direito constitucional à não autoincriminação, uma vez que aquele foi
IZ
compelido a reproduzir, contra si, conversa travada com terceira pessoa pelo sistema
GE
viva-voz do celular, que conduziu os policiais à sua residência e culminou com a
04
arrecadação de todo material estupefaciente em questão. Desse modo, está-se diante
70
58
de situação onde a prova está contaminada, diante do disposto na essência da teoria
81
dos frutos da árvore envenenada (fruit sof the poisonous tree), consagrada no art. 5º,
7
95
inciso LVI, da Constituição Federal, que proclama a nódoa de provas, supostamente
A
consideradas lícitas e admissíveis, mas obtidas a partir de outras declaradas nulas pela
CC
forma ilícita de sua colheita. 5ª Turma. REsp 1.630.097-RJ, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 18/4/2017 ZA
S
TE
ES
14156
vítima morta, cujo celular foi entregue pela sua esposa. Não há ilegalidade na perícia
14156
DA
hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, tendo o referido telefone sido
OU
entregue à autoridade policial por sua esposa. STJ. 6ª Turma.RHC 86076-MT, Rel. Min.
LL
Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 19/10/2017 (Info
ZE
617). Cuidado para não confundir: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas
EI
RHC 67379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info 593). STJ. 6ª
1
78
Turma. RHC 51531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 19/4/2016 (Info 583).
95
A
6. ÔNUS DA PROVA
CC
ZA
O ônus da prova é o encargo (faculdade) que recai sobre a parte de provar a veracidade do fato por ela
S
TE
alegado, resultando de sua inatividade uma situação de desvantagem perante o Direito. O que se prova na
ES
51
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
O art. 156, CPP, dispõe que a prova da alegação incumbirá a quem a fizer. Nesse contexto, há duas
A
UZ
correntes que tratam sobre a distribuição do ônus da prova no Processo Penal. Vejamos:
LO
EL
1ª C (minoritária): O acusado não possui nenhum ônus da prova do Processo Penal, uma vez que a CF consagra
IZ
o princípio da presunção de inocência. Desta forma, o ônus da prova recai, integralmente, sobre a acusação.
GE
Para essa corrente, inclusive, o art. 156, CPP seria inconstitucional, por violação ao art. 5, LVIII, CF. Nesse sentido
04
14156
Aury Lopes Jr.
70
58
81
2ª C (majoritária): É possível haver distribuição do ônus da prova. Portanto, haverá ônus da prova para acusação
7
95
e para a defesa. Nesse sentido, tem-se:
A
CC
ÔNUS DA ACUSAÇÃO ÔNUS DA DEFESA
⦁ Existência de fato típico (1) ZA
⦁ Causas excludentes de ilicitude
S
TE
(1) Pela teoria da ratio cognoscendi (ou indiciariedade) se o fato é típico, presume-se que seja ilícito. Por
EI
isso, a acusação só prova a tipicidade, pois quanto ao resto há uma presunção iuris tantum (relativa) da
G
existência. Diante disso, caso provada a tipicidade, mas havendo dúvida no caso da excludente da
04
70
ilicitude, deveria o juiz condenar, pois a tipicidade é indício da ilicitude, mas não foi esse o entendimento
58
do CPP.
1
78
(2) Quanto à culpa, a doutrina é pacífica quanto à necessidade de prova da acusação. Já no que se refere ao
95
dolo, muitos autores dizem ser presumido, não precisando de prova, ou seja, cabendo à defesa provar
A
sua ausência. No entanto, tal entendimento não procede, principalmente em um Estado onde vige o
CC
princípio da presunção de inocência do acusado. A prova do dolo é feita a partir da análise dos elementos
ZA
objetivos do caso concreto, até porque não é possível provar um elemento intelectivo. Devem ser
S
TE
52
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
A principal alteração no capítulo de provas com o advento da Lei 13.964/19, a nosso ver, foi a reafirmação
A
UZ
do sistema acusatório e a vedação imposta ao juiz de substituir as partes na atividade probatória, conforme
LO
Art. 3- A do CPP:
EL
IZ
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedada a iniciativa do juiz na fase
GE
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
04
70
58
Apesar do novo Art. 3-A do CPP, a Lei 13.964/19 NÃO alterou de forma expressa o art. 156 do CPP, que
81
positiva a iniciativa probatória do juiz. Dispõe o referido artigo que é facultado ao juiz, de ofício:
7
95
A
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas
CC
consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e
proporcionalidade da medida; ZA
S
TE
14156
DA
Nesse contexto, parte da doutrina considera que o art. 156 do CPP foi tacitamente revogado. Entretanto,
ZA
14156
LL
ZE
a) Sistema das Ordálias (Ordálios) / “Juízos de Deus”: Ordálio ou ordália é um tipo de prova judiciária
04
70
usada para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza e
58
cujo resultado é interpretado como um juízo divino. Também é conhecido como juízo de Deus (judicium Dei, em
1
78
latim).
95
Atribuía-se uma vontade divina na avaliação das provas. Um exemplo era a chamada prova pelo fogo,
A
hipótese na qual, caso o sujeito caminhasse tantos metros sobre a brasa, seria considerado inocente. Assim,
CC
53
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Perceba que, como o juiz não é obrigado a fundamentar seu convencimento, nada impede que se utilize
A
UZ
de provas que não constem dos autos do processo. Além disso, pode empregar conhecimentos particulares sobre
LO
a demanda. Isso porque, não há como analisar o caminho percorrido pelo juiz para chegar à sua conclusão.
EL
IZ
ATENÇÃO: Em regra, não é adotado no Brasil, salvo em relação aos jurados no Tribunal do Júri, que possuem
GE
ampla liberdade para valoração das provas, dispensando-se a fundamentação da decisão, enquanto juízes leigos.
04
Essa disciplina não se aplica às decisões do juiz da 1ª fase do procedimento, bem como do juiz-presidente, que
70
58
devem ser fundamentadas.
81
7
95
c) Sistema da Verdade Legal / Tarifário de Provas / da Certeza Moral do Legislador: Os meios de prova
A
têm valor probatório fixado em abstrato pelo legislador, cabendo ao juiz fazer tão somente um cálculo
CC
aritmético.
ZA
Era o sistema probatório que vigorava no processo inquisitorial (que se opõe ao sistema acusatório
S
TE
1) Prova quanto ao estado das pessoas – Está sujeita às restrições estabelecidas na lei civil. Ex.: certidão
OU
Art. 155, § único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as
EI
Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão de óbito, e
58
CPP, Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
PR
54
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
14156
sob a ótica do CPC, afirmam que o correto é Sistema do Convencimento Motivado e não mais utilizado a
A
UZ
expressão “livre”.
LO
Sobre o tema, ensina Renato Brasileiro:
EL
IZ
“De acordo com o sistema do livre convencimento motivado (persuasão racional ou
GE
livre apreciação judicial da prova), o magistrado tem ampla liberdade na valoração das
04
provas constantes dos autos, as quais têm, legal e abstratamente, o mesmo valor,
70
58
porém se vê obrigado a fundamentar sua decisão”
81
7
95
Logo, possui duas principais características:
A
1 O juiz possui ampla liberdade na valoração da prova, que tem abstratamente o mesmo valor. Basta que
CC
a prova seja admitida pela lei e submetida a um prévio juízo de credibilidade, não podendo ser ilícita ou
ilegítima ZA
S
TE
2 O juiz é obrigado a fundamentar. Permite às partes não somente aferir que a convicção foi realmente
ES
extraída do material probatório constante dos autos, como também analisar os motivos legais que
PR
Encontra-se previsto no art. 93, IX da CF, art. 155 do CPP e 401, §1º, CPP (conforme informativo 918 do
ZE
STF)
GEI
04
Art. 93, CF. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre
70
(...)
1
78
Art. 155, CPP. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
PR
repetíveis e antecipadas.
OU
55
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições
A
UZ
estabelecidas na lei civil.
LO
EL
Art. 400. Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de
IZ
60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição
GE
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o
04
disposto no art. 222 deste Código, bem como os esclarecimentos dos peritos, às
70
58
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
81
acusado.
7
95
§1º As provas serão produzidas numa só audiência, podendo o juiz indeferir as
A
consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias.
CC
ZA
Efeitos da adoção do Sistema do Convencimento Motivado pelo ordenamento brasileiro:
S
TE
ES
✔ Não existe prova de valor absoluto → ausência de hierarquia, toda prova tem valor relativo, inclusive a
PR
confissão (outrora considerada como a rainha das provas) tem valor relativo à luz do art. 197 do CPP.
14156
DA
✔ Ausência de limitação quanto aos meios de prova, sendo admitidas provas inominadas;
ZA
✔ O juiz deve valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para afastá-las (ex.: mesmo que o
OU
juiz não acolha, se ele a afastar, deverá declarar o motivo). Assim, não basta o direito a produzir a prova,
LL
surge o direito de que a prova seja apreciada pelo juiz (garantia do contraditório).
ZE
✔ Somente são válidas as provas constantes do processo, conhecimentos privados do juiz não tem validade.
GEI
04
O direito à produção de provas não é absoluto, haja vista que a própria lei processual
70
penal, em seu artigo 400, § 1º, faculta ao julgador, desde que de forma fundamentada,
58
14156
CC
requeridos pelas partes devem ser admitidos. Somente haverá exclusão nos casos de
ZA
OU
56
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
manifesta irrelevância ou impertinência do meio probatório requerido pelas partes”.
A
UZ
(Processo Penal. 6ª ed. RT, 2018. p. 409).
LO
EL
A discricionariedade associada ao deferimento da produção probatória decorre
IZ
implicitamente do sistema de persuasão racional, em que o Estado-Juiz figura como
GE
destinatário do conjunto probatório e atua, mediante critérios de liberdade regrada,
04
nas 14156
etapas de admissão e valoração da prova (AgR no HC 173.777, Rel. Min. Edson
70
58
Fachin, Segunda Turma, DJe 12.12.2019).
81
7
95
e) Teoria racionalista da prova: O STF, em um julgado da 2ª Turma, publicado no Informativo 935, diante
A
da análise da temática do in dubio pro societate no processo penal, propôs a adoção de um novo sistema de
CC
valoração da prova, o sistema racionalista.
ZA
Saindo de um sistema em que os critérios eram totalmente vinculados, passou-se para um modelo de
S
TE
“livre convencimento”, em que uma pretensa liberdade do julgador ocasionou total abertura à
ES
Por isso, é importante que adote uma teoria racionalista da prova segundo a qual:
14156
●
DA
Não deve haver critérios de valoração das provas rigidamente definidos na lei;
ZA
● Por outro lado, o juízo sobre os fatos deve ser pautado por critérios de lógica e racionalidade, podendo ser
OU
●
04
Standards Probatórios, que são denominados “Modelos de Constatação” (KNIJNIK, Danilo. A prova nos juízos
95
Os modelos de constatação são níveis de convencimento ou de certeza, que servem de critério para que
ZA
seja proferida decisão em determinado sentido. Ex.: O modelo de constatação para se condenar alguém é
S
baseado em provas concretas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa no processo judicial.
TE
Em resumo, a teoria racionalista da prova propõe a criação de parâmetros para a valoração da prova, já
ES
que, segundo a teoria, o livre convencimento motivado poderia dar margem ao decisionismo e a
PR
fundamentações vazias. Como parâmetro de valoração trabalha com a ideia de “standards probatórios” ou
DA
57
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
“Em razão do influxo do direito material em jogo e da regra probatória do in dubio pro
LO
reo, não se pode negar que o processo penal adota um standard de prova bastante
EL
elevado para a desconstituição do estado de inocência do acusado. Esse grau de
IZ
convencimento necessário para a prolação de uma sentença condenatória, baseado
GE
em provas além de qualquer dúvida razoável, não é o mesmo standard necessário,
04
todavia, para outras decisões ao longo da persecução penal. É dizer, os standards
70
58
probatórios podem variar de acordo com as diferentes decisões que são proferidas
81
pelo magistrado ao longo do processo.
7
95
A
A título de exemplo, oferecida uma denúncia anônima perante o Ministério Público,
CC
não se admite, de imediato, a instauração de um inquérito policial. Antes, incumbe
ZA
verificar a procedência das informações. Para a decretação de uma medida cautelar,
S
TE
como, por exemplo, a prisão preventiva, o art. 312 do CPP impõe a presença de prova
ES
processo penal (CPP, art. 395, III). A pronúncia, por sua vez, demanda não apenas o
ZA
de autoria (CPP, art. 413). Por fim, para que alguém seja condenado, é necessário um
LL
razoável.”
GEI
É preciso conhecer a literalidade dos dispositivos que disciplinam a matéria, cuja regulamentação no CPP
1
78
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
S
TE
14156
reconhecimento até o descarte.
ES
58
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado ou
A
UZ
recolhido, que se relaciona à infração penal.
LO
EL
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
IZ
etapas:
GE
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a
04
produção da prova pericial;
70
58
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
81
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
7
95
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou
A
no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
CC
fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial
ZA
produzido pelo perito responsável pelo atendimento;
S
TE
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
ES
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
OU
posse;
04
14156
70
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
58
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
ES
59
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação
A
UZ
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial.
LO
EL
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
IZ
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
GE
quando for necessária a realização de exames complementares.
04
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser tratados
70
58
como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza criminal
81
responsável por detalhar a forma do seu cumprimento.
7
95
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer
A
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo
CC
tipificada como fraude processual a sua realização.
ZA
S
TE
natureza do material.
PR
o transporte.
14156
OU
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
G
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
ZA
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
S
TE
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
PR
60
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
A
UZ
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
LO
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
EL
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
IZ
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
GE
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
04
destinação, a data e horário da ação.
70
58
81
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
7
95
custódia, devendo nela permanecer.
A
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
CC
armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou judiciária determinar
ZA
as condições de depósito do referido material em local diverso, mediante
S
TE
CAIU EM PROVA:
14156
DA
(Delegado do Estado de Goiás 2022): Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos
ZA
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de
OU
crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte- item considerado
LL
correto.
ZE
EI
14156
70
A cadeia de custódia é um conceito que já era utilizado em todas as disciplinas que integram as ciências
A
CC
criminalísticas e consiste, segundo o art. 158-A do CPP, no conjunto de todos os procedimentos utilizados para
ZA
manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte.
S
TE
A cadeia de custódia possui a função de garantir a integridade da prova. Nesse contexto, assegura a
ES
idoneidade e rastreabilidade dos vestígios com a finalidade de preservar a confiabilidade e transparência até
PR
61
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Sobre o tema, ensina Aury Lopes Jr3:
A
UZ
LO
“A prova serve, a um só tempo, para buscar a reconstituição (aproximativa e parcial)
EL
de um fato passado, histórico, para um juiz ‘ignorante’ (pois ignora os fatos). É a prova
IZ
que permite a atividade recognitiva (e não cognitiva, pois indireta) do juiz em relação
GE
ao fato histórico (story of the case) narrado pela acusação. Ao mesmo tempo tem uma
04
função persuasiva, pois é através dela que se permite a construção do convencimento,
70
58
da decisão. Por isso, as provas servem para obter a captura psíquica do julgador, para
81
formar sua convicção. A preservação das fontes de prova é, portanto, fundamental,
7
95
principalmente quando se trata de provas cuja produção ocorre fora do processo, como
A
é o caso da coleta de DNA, interceptação telefônica, etc. Trata-se de verdadeira
CC
condição de validade da prova.”
ZA
S
TE
A discussão acerca da quebra da cadeia de custódia adquire especial relevância nas provas que tem
14156
DA
pretensão de ‘evidência’, ou seja, aquelas obtidas ‘fora do processo’, sob as quais não há o contraditório.
ZA
Nestas situações, é crucial que se demonstre de forma documentada a cadeia de custódia e toda a
OU
trajetória feita, da coleta até a inserção no processo e valoração judicial. Isso porque, por exemplo, se um
LL
acusado reponde pelo crime de tráfico e o laudo pericial definitivo ainda não foi realizado, é imprescindível que
ZE
se tenha a garantia de que a substância apreendida em poder do acusado seja a mesma submetida a análise.
EI
Geraldo Prado traz essa demonstração como exigência dos princípios da “mesmidade” 4 e da
G
“desconfiança”.
04
70
58
Por “mesmidade” (forma aproximada a empregada na língua espanhola, que não possui correspondente
95
em português e não pode ser traduzido como ‘mesmice’), entende-se a garantia de que a prova valorada é
A
exatamente e integralmente aquela que foi colhida, correspondendo, portanto, “a mesma”. Não raras vezes,
CC
por diferentes filtros e manipulações feitas pelas autoridades que colhem/custodiam a prova, o que é trazido
ZA
para o processo não obedece a exigência de “mesmidade”, senão que corresponde ao signo de ‘parte do’, que
S
TE
3
(Jr, A importância da cadeia de custódia para preservar a prova penal, 2015)
ZA
4
(Prado, Ainda sobre a quebra da cadeia de custódia das provas, pp. 16-17)
OU
62
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Questão recorrente nas interceptações telefônicas está na violação da “mesmidade” e, por via de
A
UZ
consequência, do direito da defesa de ter acesso a integralidade da prova na sua originalidade (manifestação do
LO
contraditório = direito à informação e paridade de armas), na medida em que a prova é ‘filtrada’ pela autoridade
EL
policial ou órgão acusador, que traz para o processo (e submete ao contraditório diferido) apenas o que lhe
IZ
interessa. Não é ‘a mesma’ prova colhida, mas apenas aquela que interessa ao acusador, subtraindo o acesso da
GE
defesa. A manipulação (e aqui se emprega no sentido físico do vocábulo, sem juízo de desvalor ou atribuição de
04
má-fé ao ‘manipulador’) é feita durante a custódia e viola exatamente as regras
14156
de preservação da idoneidade.
70
58
81
II. Princípio da Desconfiança
7
95
Já a “desconfiança” (decorrência salutar na democracia, onde se desconfia do poder, que precisa ser
A
legitimado sempre) consiste na exigência de que as provas (documentos, DNA, áudios etc.) devam ser
CC
‘acreditadas’, submetidas a um procedimento que demonstre que correspondem ao que a parte alega ser.
ZA
Como explica Geraldo Prado, o tema de provas exige a intervenção de regras de “acreditação”, pois nem tudo
S
TE
que ingressa no processo pode ter valor probatório, há que ser “acreditado”, legitimado, valorado desde sua
ES
A exigência de proteção da cadeia de custódia da prova, ao fim e ao cabo, impõe um novo olhar, mais
14156
DA
democrático, que supera a ideia de que a presunção de veracidade dos agentes públicos é verdadeira panaceia
ZA
ATENÇÃO: Em provas discursivas e orais, ao tratar dos princípios da mesmidade e da desconfiança é importante
95
em duas grandes fases: a fase interna e fase externa (não vamos adotar necessariamente a ordem dos incisos).
ES
PR
a) Fase Externa:
A
A fase externa compreende todos os passos entre a preservação do local de crime ou apreensões dos
D
ZA
63
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
portanto, a preservação do local de crime, a busca do vestígio, seu reconhecimento, isolamento, fixação, coleta,
A
UZ
acondicionamento, transporte e recebimento.
LO
EL
I. Do isolamento
IZ
GE
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
04
etapas: [...]
70
58
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
81
preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime;
7
95
A
Antes mesmo de se realizar o reconhecimento, o local deve ser isolado para que, após uma análise pelo
CC
perito, possa ser identificado o que é relevante ou não na compreensão da cena do crime.
ZA
O isolamento do local deve ser um isolamento físico, através de fitas, cordas ou outros meios,
S
TE
abrangendo o local propriamente dito e as vias de acesso. Quando o tiro ocorreu em local fechado, uma
ES
residência, por exemplo, muitas vezes os familiares da vítima, na tentativa de socorrê-la ou de preservar sua
PR
imagem, alteram o local. Em locais abertos os populares também podem alterar o local5. É o art. 169 do CPP que
14156
DA
Art. 169. Para efeito de exame do local onde houver sido praticada a infração, a
LL
autoridade providenciará imediatamente para que não se altere o estado das coisas
ZE
até a chegada dos peritos, que poderão instruir seus laudos com fotografias, desenhos
EI
ou esquema elucidativos.
G
04
70
A atuação da autoridade policial na preservação do local é de vital importância. Essa atuação, por vezes,
58
deve ser firme, enérgica, evitando a alteração ou a subtração de vestígios materiais importantes, relacionados
1
78
com o fato. A própria autoridade policial ou seu agente deve respeitar o local evitando o deslocamento ou o
95
recolhimento, antes da chegada dos peritos, de qualquer vestígio material. O perito oficial deve ser a primeira
A
Cabe ressaltar que, segundo o Art. 158-C do CPP, o ingresso em local isolado pode tipificar o crime de
ZA
fraude processual:
S
TE
ES
PR
14156
DA
ZA
5
(Baldasso)
OU
64
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 158-C. § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de
A
UZ
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito
LO
responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização.
EL
IZ
II. Do reconhecimento
GE
04
O reconhecimento da importância de cada elemento deve ser feito pelo perito criminal que analisará a
70
58
cena do crime, NÃO devendo ser feito pelo policial militar ou mesmo pela autoridade policial e seus agentes. O
81
próprio CPP estabelece que cabe à Autoridade Policial preservar o local do crime para que o perito criminal possa
7
95
realizar a análise de cada um dos elementos.
A
CC
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
etapas: ZA
S
TE
14156
14156
DA
A terceira fase do procedimento é a descrição pormenorizada do vestígio e de tudo que o cerca. Todos
LL
aqueles que tiveram contato com o vestígio serão objeto da descrição, bem como eventual alteração. Na prática,
ZE
ainda é comum um corpo ser fotografado ao lado de objetos pessoais que não são descritos no laudo e acabam
EI
etapas:
1
78
no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por
A
IV. Da coleta
ES
PR
A coleta ocorre no momento em que o vestígio é retirado do local original. É realizada preferencialmente
A
por perito oficial (art. 158-C do CPP) e deve preservar as características originais do vestígio.
D
ZA
OU
65
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
A
UZ
etapas:
LO
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando
EL
suas características e natureza;
IZ
GE
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
04
oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo
70
58
quando for necessária a realização de exames complementares.
81
7
95
V. Do acondicionamento
A
CC
Acondicionar significar “pôr ou guardar em” e, no processo penal, possui o sentido de embalar o vestígio
ZA
de modo que não haja contaminação ou desnaturação do mesmo. Sendo assim, o acondicionamento possui a
S
TE
A alteração legislativa é salutar, entretanto esbarra na falta de estrutura do Estado. Isso porque, na
PR
maioria dos entes da federação, sequer há disponibilização de recipientes plásticos adequados para o
14156
DA
acondicionamento de vestígios.
ZA
Importante, ainda, que todo recipiente utilizado para acondicionar o vestígio será selado com lacre e,
OU
sempre que necessário, os lacres violados serão acondicionados em outro recipiente, mantendo o registro da
LL
cadeia de custódia.
ZE
EI
etapas: [...]
04
70
químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de
95
14156
natureza do material.
S
TE
o transporte.
AD
ZA
OU
66
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas características,
A
UZ
impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço para
LO
registro de informações sobre seu conteúdo.
EL
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise e,
IZ
motivadamente, por pessoa autorizada.
GE
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de
04
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, o local, a
70
58
finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre utilizado.
81
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente.
7
95
A
Obs.: Em 2017 (Informativo 608), o STJ entendeu que a ausência de lacre em todos os documentos e
CC
bens apreendidos durante uma busca e apreensão, NÃO torna automaticamente ilegítima a prova obtida.
ZA
S
14156
TE
pelo art. 563 do CPP, segundo o qual "nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade
PR
modificar o conteúdo da prova colhida. Por fim, à míngua de exigência legal específica,
04
70
No entanto, diante da introdução da cadeia de custódia pela ei 13.964/19, é possível identificar julgados
ZA
67
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
A autenticação de uma prova é um dos métodos que assegura ser o item apresentado
A
UZ
aquilo que se afirma ele ser, denominado pela doutrina de princípio da mesmidade.
LO
(...)
EL
Se é certo que, por um lado, o legislador trouxe, nos arts. 158-A a 158-F do CPP,
IZ
determinações extremamente detalhadas de como se deve preservar a cadeia de
GE
custódia da prova, também é certo que, por outro, quedou-se silente em relação aos
04
critérios objetivos para definir quando ocorre a quebra da cadeia de custódia e quais
70
58
as consequências jurídicas, para o processo penal, dessa quebra ou do
81
descumprimento de um desses dispositivos legais. No âmbito da doutrina, as soluções
7
95
apresentadas são as mais diversas.
A
(...)
CC
Mostra-se mais adequada a posição que sustenta que as irregularidades constantes da
ZA
cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo magistrado com todos os elementos
S
TE
outras provas capazes de dar sustentação à acusação, deve a pretensão ser julgada
PR
apreendida no local dos fatos foi a mesma apresentada para fins de realização de
ZE
exame pericial e, por conseguinte, a mesma usada pelo Juiz sentenciante para
EI
dos vestígios coletados (art. 158-D, § 1º, do CPP). A integralidade do lacre não é uma
04
70
manipulado, adulterado ou substituído, tanto que somente o perito poderá realizar seu
1
78
158-D, § 3º, do CPP). (HC 653515-RJ, 6ª Turma, Rel. Min. Laurita Vaz, DJe 23/11/2021).
A
CC
Ressalta-se que, embora o tema ainda não seja uniforme (como será visto detalhadamente adiante), o
ZA
STJ tem entendido, conforme o referido julgado, que as “irregularidades da cadeia de custódia devem ser
S
TE
sopesadas pelo magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a prova é
ES
confiável”. Logo, para a Corte Superior, a inobservância dos procedimentos relativos à cadeia de custódia não
PR
VI. Do transporte
OU
68
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
Como condição de validade da prova, o vestígio coletado e acondicionado deve ser transportado de
LO
forma adequada. Ganha relevo o transporte dos vestígios biológicos, que devem ser transportados em veículo
EL
que assegure a manutenção das características originais do vestígio, inclusive quanto à temperatura.
IZ
GE
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
04
etapas: [...]
70
58
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as
81
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a
7
95
garantir a manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua
A
posse;
CC
ZA
Por fim, a fase externa se encerra com o recebimento do vestígio no órgão responsável pelo
S
TE
14156
DA
b) FASE INTERNA
ZA
OU
A fase interna compreende todas as etapas entre a entrada do vestígio no órgão pericial até sua
LL
devolução juntamente com o laudo pericial, ao órgão requisitante da perícia. Compreende, portanto, a
ZE
recepção e conferência do vestígio, a classificação, guarda e/ou distribuição do vestígio, análise pericial
EI
propriamente dita, guarda e devolução do vestígio de prova, guarda de vestígios para contraperícia, registro da
G
cadeia de custódia.
04
70
58
I. Do recebimento 14156
1
78
95
Conforme dito, a fase de recebimento é, ao mesmo tempo, o momento em que se encerra a fase interna
A
e que dá início a fase externa. É o momento da transferência da posse do vestígio, que também deve guardar o
CC
procedimento adequado.
ZA
S
TE
etapas: [...]
PR
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser
A
69
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
o vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo,
A
UZ
assinatura e identificação de quem o recebeu;
LO
EL
II. Do processamento
IZ
GE
O processamento do vestígio dá-se durante a manipulação do mesmo para a realização do exame pelo
04
perito, com a posterior confecção do laudo. É o momento em que se realiza a perícia propriamente.
70
58
81
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes
7
95
etapas: [...]
A
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a
CC
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se
ZA
obter o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
S
TE
ES
III. Do armazenamento
PR
14156
DA
etapas: [...]
OU
14156
G
O vestígio que serviu de base à perícia deverá ser disponibilizado no ambiente do órgão oficial para
04
70
Art. 159. § 6o. Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de
95
base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
A
sua guarda, e na presença de Perito Oficial, para exame pelos Assistentes, salvo se for
CC
Com a Lei 13.964/19, surgiu a imposição aos institutos de criminalística de criar suas respectivas centrais
ES
de custódia, que serão responsáveis pelo armazenamento e registro da manipulação dos vestígios.
PR
AD
ZA
OU
70
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
A
UZ
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
LO
diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal.
EL
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para
IZ
conferência, recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção,
GE
a classificação e a distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e
04
apresentar condições ambientais que não interfiram nas características do vestígio.
70
58
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser protocoladas,
14156
81
consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se relacionam.
7
95
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser
A
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso.
CC
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser
ZA
registradas, consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a
S
TE
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central de
14156
DA
IV. Do descarte
04
70
58
A Lei 13.964/19 chama de “descarte” a fase de liberação do vestígio. É nessa fase que pode ocorrer a
1
78
restituição do objeto ao proprietário, a destruição propriamente, como no caso das drogas ou ser dada outra
95
destinação conforme a lei, dependendo, em alguns casos, de autorização judicial. Perceba que a fase do descarte
A
etapas: [...]
ES
71
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
8.4 Quebra da Cadeia de Custódia
A
UZ
LO
Trata-se de tema que suscita divergência, merecendo destaque duas correntes:
EL
IZ
1ªC: Ilicitude da prova (Aury Lopes Jr. e Geraldo Prado) – A quebra da cadeia de custódia leva a
GE
declaração de ilicitude da prova e a sua exclusão dos autos, bem como das demais provas dela derivadas.
04
2ª C: Menor valor probatório (Gustavo Badaró e Renato Brasileiro) – A quebra da cadeia de custódia não
70
58
leva, obrigatoriamente, à ilicitude ou à ilegitimidade da prova, devendo ser analisado o caso concreto.
81
7
95
O STJ tem adotado entendimento no sentido da 2ª corrente. Vejamos:
A
CC
As irregularidades constantes da cadeia de custódia devem ser sopesadas pelo
ZA
magistrado com todos os elementos produzidos na instrução, a fim de aferir se a
S
TE
prova é confiável. STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd. Min.
ES
14156
DA
CAIU EM PROVA: O tema foi objeto de questionamento na prova discursiva de Delegado de PCMG 2021.
ZA
OU
LL
ZE
a) Conceitos
1
78
95
● Corpo de delito: trata-se do conjunto de vestígios materiais deixados pela infração penal. A expressão
A
CC
“corpo de delito” não necessariamente significa o corpo de uma pessoa, mas sim os vestígios deixados
ZA
pelo crime, ou seja, diz respeito à materialidade da infração penal. Ex.: Crime de Latrocínio (art. 157, §3º,
S
CP) em um apartamento. Nesse caso, o corpo de delito não se resume ao cadáver, abrangendo também
TE
todos os vestígios perceptíveis pelos sentidos humanos, tais como eventuais marcas de sangue deixadas
ES
no chão, a arma de fogo utilizada para a prática do delito, eventuais sinais de arrombamento da porta
PR
14156
do apartamento, etc.
AD
ZA
● Exame de corpo de delito: é uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos ou científicos
OU
72
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
sobre os vestígios deixados pela infração penal, seja para fins de comprovação da materialidade do
A
UZ
crime, seja para fins de comprovação da autoria.
LO
EL
Renato Brasileiro explica que, como o magistrado não é dotado de conhecimentos enciclopédicos, e se
IZ
vê obrigado a julgar causas das mais variadas espécies, afigura-se necessário recorrer a especialistas, os
GE
quais, dotados de conhecimentos específicos acerca do assunto, podem auxiliar o juiz no esclarecimento
04
do fato delituoso (2017, pág. 654).
70
58
81
Obs.: O exame de corpo de delito NÃO é a única espécie de exame pericial. Ex.: perícia de insanidade mental
7
95
(não é exame de corpo de delito).
A
CC
● Laudo de exame de corpo de delito: refere-se a uma peça técnica elaborada pelos peritos durante ou
após a conclusão do exame pericial. ZA
S
TE
Estrutura:
ES
. Preâmbulo: qualificação do perito oficial ou dos peritos não oficiais e do objeto da perícia;
PR
14156
b) Momento para a juntada do laudo pericial
ZE
EI
R.: Em regra, o laudo pericial não funciona como condição de procedibilidade. Ou seja, o laudo é
04
70
Todavia, temos exceções, hipóteses em que o laudo funcionará como condição de procedibilidade:
1
78
1) Laudo de Constatação na Lei de Drogas: trata-se do laudo provisório previsto na Lei 11.343/06,
95
Lei 11.343/06, art. 50, § 1º: Para efeito da lavratura do CPP, art. 525: No caso de haver o crime deixado vestígio,
PR
auto de prisão em flagrante e estabelecimento da a queixa ou a denúncia não será recebida se não for
AD
materialidade do delito, é suficiente o laudo de instruída com o exame pericial dos objetos que
ZA
OU
73
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
constatação da natureza e quantidade da droga, constituam o corpo de delito.
A
UZ
firmado por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
LO
idônea.
EL
IZ
Dessa forma, temos que, em regra, o laudo pericial pode ser juntado durante o curso do processo, desde
GE
que o seja com a antecedência mínima de 10 dias em relação a audiência una de instrução e julgamento, pois
04
este é o prazo mínimo exigido para pedir os esclarecimentos.
70
58
81
CPP, art. 400: Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo
7
95
de 60 (sessenta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição
A
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o
CC
disposto no art. 222 deste Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às
ZA
acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o
S
TE
acusado.
ES
PR
Na AIJ é possível esclarecimentos dos peritos, contudo, para que esses esclarecimentos ocorram é
14156
DA
necessário que o pedido seja feito com antecedência mínima de 10 dias (CPP, art. 159, § 5º, I).
ZA
OU
Nos moldes do art. 158 do CPP, “quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
EI
tarifada, incidindo quando a infração deixar vestígio, ou seja, quando envolver infrações penais não transeuntes,
58
● Infração não transeunte: É aquela que deixou vestígios. Portanto, será obrigatória a realização do
A
CC
Infrações transeuntes: É aquela que NÃO deixa vestígios. Portanto, não será possível o exame de corpo
de delito. Ex.: injúria verbal que não tenha sido objeto de captação.
S
TE
ES
●
D
Exame de corpo de delito direto: É aquele realizado diretamente pelo perito oficial (ou por dois peritos
ZA
74
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
● Exame de corpo de delito indireto: Há divergência quanto a sua definição.
A
UZ
1ªC (minoritária): Trata-se de exame feito por peritos com base no relato de testemunhas ou com
LO
base na análise de documentos.
EL
2ªC (majoritária): 14156
NÃO é um exame propriamente dito, mas apenas a prova testemunhal ou
IZ
documental suprindo a ausência do exame direto.
GE
04
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
70
58
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
81
7
95
Exame de corpo de delito direto Exame de corpo de delito indireto
A
O exame de corpo de delito direto é aquele feito por 1ª C: É um exame feito por peritos com base no relato de
CC
perito oficial (ou dois peritos não oficiais) sobre o testemunhas ou com base na análise de documentos.
próprio corpo de delito. ZA
2ª C: É o disposto ao teor do art. 167 do CPP. Não é um
S
TE
A Lei nº 13.721/2018 acrescentou o §único ao art. 158 do CPP afirmando que deverá ser dada prioridade
ZE
f) Peritos:
A
CC
ZA
periciais, fornecendo dados capazes de auxiliar o magistrado por ocasião da sentença. O perito é pessoa de
ES
confiança da autoridade (delegado ou juiz), não sendo permitido às partes intervenção na nomeação. Contudo
PR
as partes podem apresentar quesitos, que são as perguntas a serem respondidas pelos peritos.
D A
ZA
OU
75
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Como decorrência lógica do fato de ser auxiliar do juízo, o perito tem a obrigação/dever de ser imparcial
A
UZ
(mesmas características do magistrado), podendo ser arguida as mesmas causas de impedimento e suspeição do
LO
juiz em seu desfavor.
EL
Além disso, cabe destacar que o perito é considerado funcionário público tanto o oficial, que exerce
IZ
cargo, quanto o não oficial, que desenvolve sua função pública, transitoriamente e sem remuneração.
GE
Se o perito, no desempenho de seu mister, falsear ou calar a verdade, incorre no crime de falsa perícia
04
(art. 342, CP). Ademais, o perito (oficial) não poderá recusar o seu encargo injustificadamente, pois tal recusa,
70
58
por si só, já constitui infração funcional, passível de responsabilização, conforme art. 277 do CPP.
81
7
95
g) Assistente Técnico:
A
CC
É pessoa dotada de conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos, que traz ao processo informações
ZA
especializadas, relacionadas ao objeto da perícia, conforme inclusão pela Lei 11.689/08. O assistente é auxiliar
S
TE
14156
das partes e por isso tem atuação parcial.
ES
Para fins penais, ele NÃO é considerado funcionário público, pois não exerce cargo, emprego ou função.
PR
É contratado para descredibilizar o laudo oficial (é parcial). A admissão do assistente é deliberada pelo juiz em
14156
DA
ato irrecorrível. Contudo, quem se sentir prejudicado poderá manejar mandado de segurança.
ZA
R.: Não, apenas o perito pode praticar esse crime (falsa perícia – art. 342 do CP). Trata-se de crime
LL
próprio. Contudo, há quem defenda poder responder por falsidade ideológica se inserir informações falsas.
ZE
EI
É auxiliar das partes. Logo, a sua atuação é É auxiliar do juízo. Logo, a sua atuação deve ser
1
78
parcial. imparcial.
95
Sua atuação ocorre na fase processual. Sua atuação ocorre na fase investigatória ou
A
processual.
CC
não oficial.
ES
Não responde por falsa perícia. Responde pelo crime de falsa perícia, tipificado
PR
mão própria).
D
ZA
OU
76
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
O momento da persecução penal em que o assistente técnico pode atuar é tema que sofreu alteração
A
UZ
pelo Pacote Anticrime (Lei 13. 964/2019).
LO
● Antes da Lei 13. 964/2019: A atuação do assistente técnico estava restrita à fase judicial e condicionada
EL
à previa autorização judicial (art. 159, §3º do CPP). Não se admitia a intervenção do assistente técnico
IZ
na fase investigatória.
GE
● Após a Lei 13. 964/2019: O art. 3º-B, inciso XVI passou a prever a competência do juiz de garantias para
04
deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção de perícia.
70
58
Considerando que a atuação do juiz das garantias está restrita à fase investigatória da persecução penal,
81
a admissão do assistente técnico indicado pelas partes poderá ocorrer desde a fase de investigação, não se
7
95
limitando à fase processual.
A
Obs. 1: Aplica-se subsidiariamente o art. 474 do CPC, de modo que o juiz das garantias deve dar ciência
CC
às partes da data e do local por ele designados (ou indicados pelo perito) para ter início a produção de prova.
ZA
Obs.2: A realização de simples perícia na fase investigatória não está condicionada à previa indicação de
S
TE
assistente técnico. O inciso XVI autoriza o juiz das garantias a deferir a admissão de assistente técnico para
ES
acompanhar a produção da perícia já na fase investigatória, mas não transforma essa intervenção em requisito
PR
Por fim, cumpre destacar que os artigos introduzidos pela Lei 13.964/2019 que dizem respeito ao juiz
ZA
das garantias estão com a eficácia suspensa por força de medida cautelar concedida pelo Min. Fux em sede de
OU
ADI.
LL
ZE
CAIU EM PROVA:
EI
G
(Delegado do Estado do Amazonas 2022): O Art. 158 do CPP ilustra a importância do exame de corpo de delito,
04
70
necessário nos casos em que a infração deixar vestígios. Sobre o corpo de delito, é correto afirmar que o corpo
58
de delito é a base residual do crime e pode corresponder a pessoas ou coisas – item considerado correto.
1
78
95
(Delegado do Estado do Amazonas 2022): De acordo com o Art. 160 do CPP, os peritos elaborarão o laudo
A
pericial, no qual deverão descrever minuciosamente o que examinarem e responder aos quesitos formulados o
CC
laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
ZA
14156
TE
ES
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): No que se refere à prova pericial no curso do processo judicial, é
PR
permitido às partes:
A
I- requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos.
D
ZA
OU
77
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
II- demandar esclarecimentos dos peritos desde que os quesitos ou questões sejam encaminhados com
A
UZ
antecedência mínima de 15 dias.
LO
III- arguir o impedimento legal do perito.
EL
Itens considerados corretos: I e III.
IZ
GE
9.2 Interrogatório Judicial
04
70
58
É o ato processual por meio do qual o juiz ouve o acusado sobre sua pessoa e sobre a imputação que lhe
81
é feita.
7
95
Parte da doutrina argumenta que o interrogatório judicial atualmente divide-se em duas fases: a
A
primeira fase correspondente aos questionamentos sobre a pessoa e a segunda fase que é o questionamento
CC
sobre a imputação.
Nesse sentido, a legislação: ZA
S
TE
ES
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a pessoa do acusado
PR
e sobre os fatos.
14156
DA
vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade, vida
OU
Além disso, desde 2016, em decorrência de alteração legislativa ocasionada pelo Estatuto da 1ª Infância,
04
70
exige-se o questionamento a respeito da existência de filhos da pessoa do interrogado. Nessa esteira, o art. 185,
58
§10 do CPP.
1
78
95
eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
ZA
S
TE
ATENÇÃO: O interrogatório de qualificação NÃO está abrangido pelo nemo tenetur se detegere, podendo
ES
A 2ª parte do interrogatório, por sua vez, diz respeito aos fatos imputados.
ZA
OU
78
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 187. § 2º Na segunda parte será perguntado sobre:
A
UZ
I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita;
LO
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a que atribuí-la,
EL
se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e quais
IZ
sejam, e se com elas esteve antes da prática da infração ou depois dela;
GE
III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta;
04
IV - as provas já apuradas;
70
58
V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e desde quando,
81
e se tem o que alegar contra elas;
7
95
VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou qualquer objeto que
A
com esta se relacione e tenha sido apreendido;
CC
VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos antecedentes
e circunstâncias da infração; ZA
S
TE
CPP entre os “meios de prova”. Ademais, pelo momento em que este era realizado (antes de 2008 era o 1º ato
ZE
14156
da audiência).
EI
2ªC - MEIO DE DEFESA, visto que consiste na possibilidade de o réu apresentar sua versão dos fatos como
G
expressão do exercício da autodefesa. Quem alega ser meio de defesa o faz argumentando que há sobre ele o
04
70
direito ao silêncio (se fosse meio de prova o acusado estaria obrigado a responder as acusações). Por fim, a
58
constitucional que assegura ao réu o direito ao silêncio e de não produzir provas contra si (meio de defesa),
A
aliado a possibilidade de que o juiz leve em conta as declarações do acusado em sua sentença, seja absolutória
CC
Cumpre recordarmos ainda que, a ampla defesa divide-se na defesa técnica (exercida por meio do advogado) e
ES
autodefesa (exercida pelo acusado), que inclui o direito de presença, direito de audiência e capacidade
PR
postulatória autônoma.
AD
ZA
b) Características do interrogatório:
OU
79
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
O interrogatório caracteriza-se por ser um:
LO
● Ato personalíssimo: o interrogatório necessita ser exercido pessoalmente pelo acusado e, tratando-se
EL
do interrogatório da pessoa jurídica, na pessoa de seu representante legal.
IZ
● Ato assistido tecnicamente: a defesa técnica é obrigatória na realização do interrogatório, sendo a sua
GE
ausência causa de nulidade absoluta, conferindo-se o direito de entrevista reservada.
04
● Ato contraditório: após o advento da Lei nº 10.792/03 o interrogatório passou a ser reconhecido como
70
58
meio de defesa (anteriormente, não havia contraditório e nem ampla defesa no interrogatório judicial,
81
sendo um ato privativo do juiz).
7
95
14156
A
Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se restou algum
CC
fato para ser esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se o entender
pertinente e relevante. ZA
S
TE
ES
Exceção na 2ª fase do procedimento do júri: por força do artigo 474, do CPP, na 2ª fase do júri, as
ZE
perguntas também começam pelo juiz, mas as partes fazem perguntas diretamente. Além disso, depois é
EI
meio de prova. Assim, o juiz deve assegurar ao acusado a possibilidade de ser ouvido.
PR
Ao tratar sobre o depoimento das testemunhas, o art. 220 do CPP, permite que aquelas
A
inquiridas onde estiverem. Mas, no caso do réu que teve sua prisão preventiva
OU
80
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
decretada e se encontra foragido, não é possível que o interrogatório seja realizado de
A
UZ
forma virtual (por videoconferência ou no local onde estiver). Isso porque não há
LO
previsão desta circunstância no art. 220 do CPP. STJ. 6ª Turma. HC 640.770-SP, Rel. Min.
EL
Sebastião Reis Júnior, julgado em 15/06/2021.
IZ
GE
O ato de delegação da condução e direção de produção de prova oral à autoridade
04
estrangeira, a fim de que esta proceda diretamente à inquirição da testemunha ou
70
58
do investigado, não encontra qualquer tipo de respaldo constitucional, legal ou
81
jurisprudencial.
7
95
Trata-se de ato eivado de nulidade absoluta, por ofensa à soberania nacional, o qual
A
não pode produzir efeitos dentro de investigações penais que estejam dentro das
CC
atribuições das autoridades brasileiras. STJ. 6ª Turma. RHC 102322-RJ, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 12/05/2020 (Info 672). ZA
S
TE
ES
c) Ausência do interrogatório:
PR
14156
DA
Uma vez caracterizado como meio de defesa, a ausência do interrogatório é causa de nulidade absoluta
ZA
em decorrência da violação ao exercício do direito de defesa, sem prejuízo da opção do próprio acusado pelo
OU
não exercício do direito de audiência, hipótese em que não haverá nulidade a ser declarada.
14156
LL
É importante lembrar que trabalhar com nulidade é sempre trabalhar com prejuízo, de modo que, com
ZE
uma sentença absolutória não existe prejuízo, logo, não existe nulidade. Lado outro, haverá prejuízo evidente
EI
durante toda a instrução criminal, é nula a ação penal que tenha condenado o réu sem
95
a sua presença, o qual não foi citado nem compareceu pessoalmente a qualquer ato
A
● Com o advento a Lei nº 11.719/2008: Trata-se do último ato da instrução (interrogatório judicial). Dessa
D
ZA
forma, temos que desde o advento das Leis n. 11.719/08 e 11.689/08, o interrogatório passou a ser o
OU
81
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
último ato da instrução probatória, reforçando a natureza jurídica de meio de defesa. O art. 400, CPP é
A
UZ
aplicado ao procedimento comum e ao procedimento do júri:
LO
EL
Inobstante a previsão do CPP, há leis especiais que preveem o interrogatório ainda no início da instrução
IZ
probatória. São elas:
GE
⦁ Lei de Drogas: art. 57, Lei 11.343/2006;
04
⦁ CPPM: art. 302;
70
58
⦁ Procedimento originários dos tribunais: Lei nº 8.038/90.
81
7
95
Diante desse cenário, havia questionamento acerca de qual a regra a aplicar, a norma geral do CPP ou as
A
respectivas leis especiais. Contudo, o STF manifestou-se sobre a problemática e pacificou a questão
CC
entendendo que a mudança introduzida em 2008 não possui somente o status de lei ordinária, mas vem ao
ZA
encontro da ampla defesa, afastando, pois, a regra hermenêutica, a qual preceitua que a lei especial prevalece
S
TE
sobre a lei geral. Assim, sob a ótica da ampla defesa é melhor ao acusado ser interrogado ao final.
ES
Em suma, o STF passou a entender que todas as regras especiais acima perderam a razão de ser:
PR
14156
DA
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que se
OU
Penal (CPP). Na sessão desta quinta-feira (3), os ministros negaram o pedido no caso
EI
concreto – Habeas Corpus (HC) 127900 [para os processos criminais com instrução
G
ainda não encerrada até 10.03.2016 não é necessário aplicar tal orientação] – tendo
04
70
O art. 400 do CPP prevê que o interrogatório deverá ser realizado como último ato da
PR
14156
instrução criminal. Essa regra deve ser aplicada: • nos processos penais militares; • nos
A
legislação especial (ex: lei de drogas). Essa tese acima exposta (interrogatório como
OU
82
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
14156
DA
último ato da instrução em todos os procedimentos penais) só se tornou obrigatória a
A
UZ
partir da data de publicação da ata de julgamento do HC 127900/AM pelo STF, ou seja,
LO
do dia 11/03/2016 em diante. Os interrogatórios realizados nos processos penais
EL
militares, eleitorais e da lei de drogas até o dia 10/03/2016 são válidos mesmo que
IZ
tenham sido efetivados como o primeiro ato da instrução. STF. Plenário. HC
GE
127900/AM, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2016 (Info 816). STJ. 6ª Turma. HC
04
397382-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 3/8/2017 (Info 609)
70
58
(Fonte: Dizer o Direito).
81
7
95
Ainda sobre o entendimento jurisprudencial acerca do interrogatório, cabe destacar que o STF entende
A
que o acusado não pode assistir interrogatório do corréu mesmo que seja advogado.
CC
ZA
Se houver mais de um acusado, cada um dos réus não terá direito de acompanhar o
S
TE
interrogatório dos corréus. Segundo o CPP, havendo mais de um acusado, eles deverão
ES
ser interrogados separadamente (art. 191). Ex.: João e Pedro são réus em uma ação
PR
depoimento do outro. Logo, quando João for ser interrogado, Pedro terá que sair da
ZA
sala, ficando, contudo, seu advogado presente. No instante em que Pedro for prestar
OU
seus esclarecimentos, será a vez de João deixar o recinto, ficando representado por seu
LL
advogado. Se o réu for advogado e estiver atuando em causa própria, mesmo assim
ZE
deverá ser aplicada a regra do art. 191 do CPP. Em outras palavras, quando o corréu
EI
for ser interrogado, o acusado (que atua como advogado) terá que sair da sala de
G
ATENÇÃO! Há exceção quando envolver delação premiada. Nesse caso, de acordo com entendimento
95
do STF, o advogado do réu delatado deverá, obrigatoriamente, estar presente no interrogatório do corréu
A
delator.
CC
ZA
corréu que com ele responde o mesmo processo criminal? REGRA: não. A presença da
ES
83
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
advogado dos réus delatados é indispensável. Neste caso, deve-se exigir a presença dos
A
UZ
advogados dos réus delatados, pois, na colaboração premiada, o delator adere à
LO
acusação em troca de um benefício acordado entre as partes e homologado pelo
EL
julgador natural. Normalmente, o delator presta contribuições à persecução penal
IZ
14156
incriminando eventuais corréus, razão pela qual seus advogados devem acompanhar o
GE
ato. Se o advogado do corréu não comparece ao interrogatório do réu delator, haverá
04
nulidade? Depende: • Se o corréu foi delatado no interrogatório e seu advogado não
70
58
compareceu: sim, haverá nulidade. • Se o corréu não foi delatado no interrogatório:
81
não. Isso porque não houve prejuízo. STF. 2ª Turma. AO 2093/RN, Rel. Min. Cármen
7
95
Lúcia, julgado em 3/9/2019 (Info 955) (Fonte: Dizer o Direito).
A
CC
9.2.1. Interrogatório por Videoconferência:
ZA
S
TE
O interrogatório por videoconferência é regulamentado no art. 185, CPP e tem caráter excepcional, ou seja,
ES
14156
DA
requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de
OU
tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes
ZE
finalidades:
EI
I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso
G
integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
04
70
deslocamento;
158
78
Não pode ser um risco genérico, que é inerente a qualquer transporte de preso. Deve
95
fugir.
CC
ZA
circunstância pessoal;
PR
AD
Seja por enfermidade ou qualquer circunstância pessoal que dificulte sua presença na
ZA
sede do juízo, como localização diversa e longínqua da comarca onde corre a causa.
OU
84
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
OBS: Vale lembrar que a videoconferência não serve apenas para interrogatório, mas
A
UZ
para garantir a presença do acusado em qualquer ato processual.
LO
EL
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não
IZ
seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217
GE
deste Código;
04
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública.
70
58
81
Quanto ao procedimento, destaca-se que a sua realização depende de decisão fundamentada da
7
95
autoridade judiciária, devendo as partes serem intimadas com 10 dias de antecedência (art. 185, §3º) e é
A
obrigatória a presença de advogados do réu no presídio e no fórum (art. 185, §5º).
CC
ZA
Art.14156185, §3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
S
TE
(...)
PR
Não há ilegalidade ou nulidade na decisão do juiz que opta pela escolha de realização
1
78
deslocamento do acusado até o local da audiência, bem como pelo risco à segurança
A
princípio pas de nullité sans grief, que vigora plenamente no processo penal pátrio (art.
ZA
563 do CPP), não se declara nulidade de ato se dele não resulta demonstrado efetivo
S
TE
prejuízo para a parte. STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 125373/RS, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
ES
julgado em 18/08/2020.
PR
AD
ZA
OU
85
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
A escassez de agentes penitenciários para realizar a escolta de detentos é argumento
A
UZ
válido para justificar a excepcionalidade da audiência por meio remoto. STJ. 5ª Turma.
LO
AgRg no HC 587424/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 06/10/2020.
EL
IZ
Outros entendimentos jurisprudenciais sobre o interrogatório:
GE
04
O simples fato de o juiz ser “duro” no interrogatório não implica quebra da
70
58
imparcialidade. A condução do interrogatório do réu de forma firme e até um tanto
81
rude durante o júri não importa, necessariamente, em quebra da imparcialidade do
7
95
14156
magistrado e em influência negativa nos jurados. STJ. 6ª Turma. HC 410161-PR, Rel.
A
Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 17/04/2018 (Info 625).
CC
ZA
Há excesso de prazo em caso de réu preso há mais de quatro anos sem ter sido sequer
S
TE
pela suposta prática de delitos previstos na Lei nº 11.343/2006 (Lei de Drogas). Ocorre
PR
que já se passaram mais de quatro anos desde a prisão preventiva sem haver, sequer,
14156
DA
audiência de interrogatório. Diante disso, o STF entendeu que havia flagrante excesso
ZA
de prazo na segregação cautelar e, por essa razão, concedeu habeas corpus para
OU
paciente, preso preventivamente, tenha sido interrogado e sem que tenham dado
G
inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o
ZA
direcionadas ao acusado, que tem direito de poder escolher a estratégia que melhor
A
86
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
perguntas do juízo condutor do processo, senão do seu advogado, sendo excluída a
A
UZ
possibilidade de ser questionado pelo seu defensor técnico (...) (HC n. 703.978/SC,
LO
relator Ministro Olindo Menezes (Desembargador Convocado do TRF 1ª Região), Sexta
EL
Turma, julgado em 5/4/2022, DJe de 7/4/2022.)
IZ
GE
9.3 Confissão
04
70
58
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
81
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais
7
95
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
A
concordância.
CC
ZA
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir
S
TE
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos
14156
DA
a) Conceito:
LL
ZE
Ocorre quando o próprio acusado admite a veracidade da imputação, quer perante a autoridade policial
EI
Alguns autores afirmam que a confissão é um testemunho duplamente qualificado, uma vez que:
04
●
70
Do ponto de vista objetivo, a confissão recai sobre fatos contrários ao interesse de quem confessa;
58
b) Natureza Jurídica:
A
CC
14156
ZA
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº
ES
7.209, de 11.7.1984)
PR
87
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Súmula 545/STJ - Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento
A
UZ
do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art. 65, III, d, do Código Penal.
LO
EL
c) Valor Probatório:
IZ
GE
Antigamente, a confissão possuía valor absoluto, por isso era chamada de “rainha das provas”. Assim,
04
diante da confissão do réu (que muitas vezes acontecia mediante tortura) sua condenação era imperativa.
70
14156
58
Atualmente, qualquer prova tem valor relativo, inclusive, a confissão, conforme o art. 197:
81
7
95
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
A
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais
CC
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância. ZA
S
TE
ES
confissão, sem que seja confrontada com outros meios de prova que a confirmem ou contraditem.
14156
DA
ZA
d) Espécies:
OU
LL
I. Confissão extrajudicial: É a confissão feita fora do processo e sem observância do contraditório e da ampla
ZE
defesa.
GEI
R.: A doutrina entende que a confissão extrajudicial não tem valor probatório. Já a jurisprudência, admite
58
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
A
repetíveis e antecipadas.
S
TE
ES
II. Confissão judicial: É feita no curso do processo penal, perante a autoridade judiciária. Seu valor probatório é
PR
maior do que o da confissão extrajudicial, pois o acusado está perante o juiz, assistido por um advogado e
A
88
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Possui duas espécies, quais sejam:
A
UZ
● Própria: feita perante a autoridade judiciária competente;
LO
● Imprópria: feita perante a autoridade judiciária incompetente.
EL
IZ
III. Confissão explícita: Ocorre quando é feita de maneira clara e inequívoca.
GE
04
IV. Confissão implícita: Ocorre quando o acusado pratica um ato que importe no reconhecimento da culpa, como
70
58
14156
pagar a indenização a vítima. Não tem valor probatório, não sendo admitida no processo penal.
7 81
95
ATENÇÃO: No JECRIM a composição civil dá ensejo à renúncia ao direito de queixa ou representação da vítima.
A
CC
V. Confissão simples: O acusado confessa a prática do delito sem invocar qualquer tese de defesa.
ZA
S
TE
VI. Confissão qualificada: O acusado confessa a prática do delito, mas opõe algum fato modificativo, impeditivo ou
ES
14156
DA
VII. Confissão ficta ou presumida: NÃO existe confissão ficta no processo penal, como no processo civil, decorrente
ZA
da revelia. Tal presunção não ocorre, pois vige no processo penal o nemo tenetur se detegere (direito ao silêncio).
OU
LL
Conforme os art. 366 e 367, se o acusado for citado por edital e não comparecer e nem constituir
EI
advogado, ficam suspensos o processo e o prazo prescricional, não ocorrendo à revelia (art. 366).
G
04
70
Art. 366. Se o acusado, citado por EDITAL, não comparecer, nem constituir advogado,
58
Todavia se o acusado foi citado ou intimado pessoalmente e não compareceu, será decretada sua revelia
S
(art. 367).
TE
ES
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado
PR
PESSOALMENTE para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou,
A
D
89
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Ou seja, há a possibilidade de revelia no processo penal, contudo, ela não produz a confissão ficta e tem
A
UZ
como único efeito prático a desnecessidade de intimação do acusado para prática dos atos processuais, salvo
LO
em relação à sentença condenatória, da qual deve ser cientificado.
EL
IZ
VIII. Confissão delatória: Também é conhecida como CHAMAMENTO DE CORRÉU ou DELAÇÃO PREMIADA.
GE
04
● Materialização da delação premiada: Na prática (de lege ferenda) vem sendo lavrado um acordo sigiloso
70
58
entre a acusação e a defesa (quase um contrato), a ser submetido à homologação do juiz.
81
● Valor probatório da delação premiada: Para a jurisprudência do STF, uma delação premiada, por si só,
7
95
NÃO é fundamento idôneo para a condenação, devendo estar respaldada por outros elementos
A
probatórios.
CC
e) Características: ZA
S
TE
ES
● Ato personalíssimo: Não se pode transmitir o poder de confessar, apenas o acusado pode confessar.
PR
● Ato livre e espontâneo: O acusado possui direito ao silêncio, irá optar por confessar ou não o ato
14156
DA
criminoso.
ZA
● Ato retratável: Acusado pode se retratar da confissão a qualquer momento, no todo ou em parte (art.
OU
200).
LL
ZE
Art. 200. A confissão será divisível e RETRATÁVEL, sem prejuízo do livre convencimento
EI
● Ato divisível: O acusado pode confessar um delito e negar outros. O juiz pode considerar verdadeira
58
apenas uma parte da confissão, não valorando a parte que considerar inverossímil. Ex.: Juiz aceita a
1
78
Enunciado 13 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ: A inexistência de confissão do investigado
ZA
antes da formação da opinio delicti do Ministério Público não pode ser interpretada como desinteresse em
entabular eventual acordo de não persecução penal.
S
14156
TE
ES
a) Conceito de Testemunha:
ZA
OU
90
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
É toda pessoa humana capaz de depor e que seja estranha ao processo, chamada a se manifestar sobre
A
UZ
fato percebido por seus sentidos e relativos à causa.
LO
Qualquer pessoa física pode ser testemunha, conforme art. 202 do CPP:
EL
IZ
Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
GE
04
b) Deveres da Testemunha:
70
14156
58
81
I. Dever de Depor:
7
95
A
Em regra, toda pessoa possui a obrigação de depor. Percebe-se que a testemunha, ao contrário do
CC
acusado, não tem direito ao silêncio, com exceção das hipóteses em que sua manifestação puder lhe incriminar
(nemo tenetur se detegere). ZA
S
TE
No entanto, aqui também existem exceções ao dever de depor. Vejamos: O art. 206 enumera alguns
ES
parentes do acusado que PODEM SE RECUSAR a prestação de depoimento, salvo quando não existir outros
PR
meios de comprovar o fato probando. Estão incluídos neste rol o ascendente ou descendente, o afim em linha
14156
DA
reta, o cônjuge, ainda que separado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado (art. 206)
ZA
OU
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
EI
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
G
e de suas circunstâncias.
04
70
58
Conforme o art. 207 do CPP, SÃO PROIBIDAS de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
1
78
ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu
95
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
ZA
ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
S
TE
O advogado, mesmo desobrigado pela parte interessada, está proibido de depor (art. 7º, inc. XIX, da Lei
A
8.906/94).
D
ZA
OU
91
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
EOAB - Art. 7º São direitos do advogado:
A
UZ
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva
LO
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado,
EL
mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que
IZ
constitua sigilo profissional;
GE
04
Veja a jurisprudência sobre o tema:
70
58
81
Advogado que teve seus poderes revogados pela cliente, que pediu de volta os
7
95
documentos do caso, não pode depor como testemunha no processo porque a conduta
A
da parte demonstra que ela não liberou o causídico do sigilo profissional que ele deve
CC
respeitar. STF. 2ª Turma. Rcl 37235/RR. Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
18/2/2020 (Info 967). ZA
S
TE
ES
14156 14156
DA
Uma vez intimada, a testemunha é obrigada a comparecer (na mesma comarca em que reside), sob a
ZA
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
G
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
04
70
e de suas circunstâncias.
158
78
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo
95
determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força
CC
pública.
ZA
S
TE
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem
ES
92
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
STJ (RHC 133.829): De acordo com precedentes do Superior Tribunal de Justiça e do
LO
Supremo Tribunal Federal, as pessoas convocadas como testemunhas por Comissão
EL
Parlamentar de Inquérito (CPI) têm o dever de comparecer aos atos para os quais
IZ
foram chamadas, para que prestem esclarecimentos e contribuam com as
GE
investigações. O direito ao não comparecimento está restrito aos investigados, não se
04
estendendo às testemunhas. O relator lembrou que as CPIs possuem poderes de
70
58
investigação próprios das autoridades judiciais, como previsto pelo artigo 58, parágrafo
81
3º, da Constituição Federal. Ademais, segundo o ministro, entre as provas que podem
7
95
ser produzidas na instrução criminal, está a indagação de pessoas capazes
14156
de contribuir
A
para o esclarecimento dos fatos. "A essas pessoas dá-se o nome de testemunhas, as
CC
quais, nos termos do artigo 206 do Código de Processo Penal, não podem eximir-se da
ZA
obrigação de depor, ou seja, trata-se de um múnus público", explicou o ministro. Fonte:
S
TE
Conjur.
ES
PR
1. Pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou velhice, serão inquiridas onde estiverem (art. 220);
OU
LL
2. Pessoas enumeradas no art. 221 serão inquiridas em dia, hora e local previamente ajustados entre
04
70
elas e o juiz.
58
1
78
juízes dos Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem como os
S
TE
do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
ES
eles e o juiz.
PR
AD
ZA
OU
93
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
STF (AP n. 421 - QO) entendeu que a prerrogativa deve ser observada, mas não significa
A
UZ
que o juiz tenha que ficar indefinidamente aguardando a boa vontade das autoridades
LO
listadas.
EL
IZ
ATENÇÃO: o art. 221 está inserido no Capítulo que disciplina a prova testemunhal. Portanto, o dispositivo NÃO
GE
se aplica às hipóteses em que essas autoridades figurarem como acusadas no processo, mas sim quando forem
04
testemunhas (e o STF admite quando elas forem vítimas). E mais: caso a autoridade não utilize a prerrogativa
70
58
do art. 221 no prazo de 30 dias, o STF entende que esse direito se perde.
81
7
95
Inclusive, em 18/08/2020, reiterando sua jurisprudência consolidada, o STF negou ao Presidente da República
A
(Jair Bolsonaro), na qualidade de investigado, que realizasse seu depoimento por escrito. A decisão foi tomada
CC
no Inquérito 4831/DF, de relatoria do Ministro Celso de Mello, instaurado contra o Presidente da República, e o
ex-ministro da Justiça e Segurança Pública. ZA
S
TE
ES
penal, não têm o direito de serem inquiridas em local, dia e hora previamente ajustados
ZA
com a autoridade policial ou com o juiz. Isso porque não há previsão legal que assegure
OU
essa prerrogativa processual, tendo em vista que o art. 221 do CPP se restringe às
LL
3. Pessoas residentes em comarcas diversas da que se desenvolva o processo, caso no qual poderão ser
58
inquiridas pelo juiz de sua comarca, mediante CARTA PRECATÓRIA, ou pelo meio de VIDEOCONFERÊNCIA.
1
78
14156
95
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo juiz do
A
lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
CC
94
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
de sons e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo ser
A
UZ
realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução e julgamento.
LO
EL
É indispensável a intimação quanto a expedição da carta precatória, sob pena de nulidade relativa.
IZ
Porém, cabe a parte diligenciar junto ao juízo deprecado para saber a data da oitiva no juízo deprecado (Súmula
GE
155 do STF e Súmula 273 do STJ).
04
70
58
Súmula 155/STF - É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
81
expedição de precatória para inquirição de testemunha.
7
95
A
Súmula 273/STJ - Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se
CC
desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.
ZA
S
TE
Aqui, entra, também, a CARTA ROGATÓRIA, prevista no CPP. O artigo 222-A foi introduzido ao CPP pela
ES
Lei n. 11.900/09. Na AP. n. 470 – QO n. 4, o Supremo entendeu que o dispositivo seria plenamente constitucional
PR
em razão da boa-fé.
14156
DA
ZA
deste Código.
GEI
14156
70
prescricional ficará suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional
58
voltará a correr antes mesmo que a carta seja juntada aos autos. O CPP afirma que,
1
78
se for expedida uma carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo
95
prescricional ficará suspenso até que ela seja cumprida: Art. 368. Estando o acusado no
A
curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento. Até quando o prazo prescricional
ZA
fica suspenso? Até o cumprimento da carta ou até a sua juntada aos autos? O termo
S
TE
final da suspensão do prazo prescricional pela expedição de carta rogatória para citação
ES
estrangeiro, ainda que haja demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos
A
autos. STJ. 5ª Turma. REsp 1882330/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
D
ZA
95
L
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IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
III. Dever de Prestar o Compromisso de Dizer a Verdade:
LO
EL
Toda testemunha tem o dever de prestar o compromisso de dizer a verdade (art. 203 do CPP).
IZ
Lembrando que, quando o depoimento puder lhe incriminar, a testemunha poderá fazer invocar o
GE
direito ao silêncio, desdobramento do princípio da não autoincriminação.
04
70
58
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
81
14156
que souber e lhe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e
7
95
sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que
A
grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que
CC
souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais
possa avaliar-se de sua credibilidade. ZA
S
TE
ES
As exceções são:
PR
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
ZE
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
EI
e de suas circunstâncias.
G
04
70
Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e
58
2. Menor de 14 anos;
CC
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício
A
ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada,
D
ZA
96
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
A ausência do compromisso não dá à testemunha o direito de mentir. A testemunha tem o dever de
LO
dizer a verdade, sob pena de responder por falso testemunho.
EL
O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata
IZ
ou declara a verdade (art. 342 do CP).
GE
04
CP Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha,
70
58
perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo,
81
inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
7
95
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o
A
ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
CC
ZA
ATENÇÃO: A doutrina costuma chamar as testemunhas não compromissadas de INFORMANTES.
S
TE
14156
ES
Pergunta-se: A testemunha que não presta compromisso, chamada de informante, pode praticar o
PR
1ª C: Toda testemunha, compromissada ou não pode ser sujeito ativo do crime do art. 342, a lei não
OU
diferencia, logo não cabe ao intérprete fazê-lo. Não bastasse, a testemunha não compromissada, pode servir
LL
como argumento de condenação ou absolvição. Quem falou que o juiz não pode utilizar o testemunho de um
ZE
informante para basear seu julgamento? Em outras palavras: qualquer testemunha poderá praticar o crime do
EI
art. 342 do CP, pois este tipo penal não traz o compromisso de dizer a verdade como uma elementar do crime
G
04
de falso testemunho.
70
2ªC: Se a lei não submete a testemunha informante ao compromisso de dizer a verdade, NÃO pode
58
cometer o ilícito do art. 342. Ora, se a própria lei não colhe delas o compromisso de dizer a verdade, a lei não
1
78
configurar até mesmo pelo silêncio da testemunha), o juiz remeterá cópia do depoimento à autoridade policial
para instauração de inquérito. Se o fato se der em julgamento perante o tribunal do júri, prevê o art. 211, §único,
S
TE
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L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de 1 (um) ano, qualquer mudança de residência, sujeitando-
A
UZ
se, pela simples omissão, às penas do não comparecimento (art. 224 do CPP).
LO
EL
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer mudança
14156
IZ
de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não comparecimento.
GE
04
c) Espécies de Testemunhas:
70
58
81
● Testemunhas Numerárias: São aquelas arroladas pelas partes e que prestam o compromisso legal, sendo
7
95
computadas para efeito de aferição do número máximo de testemunhas legalmente permitido.
A
CC
Quantidade de testemunhas: Contabilização apenas das testemunhas numerárias.
RITO ORDINÁRIO ZA
Até 08 testemunhas (art. 401, caput, e §1º, do CPP)
S
TE
ES
● Testemunhas Extranumerárias: São aquelas que não são computadas no número de testemunhas
158
legalmente permitido, podendo ser ouvidas em número ilimitado. Incluem-se as testemunhas ouvidas por
78
iniciativa do juiz, testemunhas arroladas pelas partes que não prestam compromisso legal e testemunhas
95
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
S
referirem.
§2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber que interesse à
DA
decisão da causa.
ZA
OU
98
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EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
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A
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● Testemunhas Diretas: São aquelas que depõem sobre fatos que PRESENCIOU. São as chamadas
LO
testemunhas visuais.
EL
IZ
● Testemunhas Indiretas: São aquelas que depõem sobre fatos que OUVIU DIZER (hear say). Seu depoimento
GE
possui menor valor probatório.
04
70
58
STJ (REsp n. 1.373.356): Apesar do Brasil não ter um regramento proibindo as
81
testemunhas indiretas, ao contrário de outros Países, o Superior Tribunal de Justiça
7
95
concluiu ser intolerável que alguém em juízo se limite tão somente a dizer o que ela
A
ouviu falar e que isso seja tido como prova robusta para um decreto condenatório.
CC
● ZA
Testemunhas Próprias: São aquelas que prestam declarações sobre a infração penal.
S
TE
ES
● Testemunhas Laudadoras ou de Beatificação: São aquelas que prestam declarações relacionadas aos
PR
● Testemunhas Impróprias, Instrumentárias ou Fedatárias: São aquelas que prestam declarações sobre a
OU
regularidade de um ato do processo ou do inquérito policial, e não sobre a própria infração penal. Ex.:
LL
testemunhas de apresentação que são chamadas para presenciar o auto de prisão em flagrante.
ZE
EI
testemunhas fedatárias, como ocorre no auto de prisão em flagrante, previsto no art. 304, §§ 2° e 3°, do CPP.
70
58
colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de
95
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal,
S
o auto.
TE
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
PR
99
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
§ 3o Quando o ACUSADO se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto
A
UZ
de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua
LO
leitura na presença deste.
EL
IZ
● Informantes: São aquelas testemunhas que não prestam o compromisso legal, como por exemplo, o filho ou
GE
a mãe do réu, que são chamadas para depor (art. 206 CPP).
04
70
58
Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
81
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o
7
95
cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado,
A
salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato
CC
e de suas circunstâncias.
ZA
S
TE
● Testemunhas Referidas: São aquelas mencionadas (referidas) por outras testemunhas já ouvidas, não
ES
14156
DA
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das
ZA
referirem.
ZE
EI
CAIU EM PROVA:
G
04
(Delegado do Estado de Goiás 2022): As testemunhas referidas não devem ser computadas para fins do número
70
De acordo com o STF, não há nenhuma inconstitucionalidade, tendo em vista que visa à preservação da
ZA
integridade da testemunha.
S
TE
● Testemunhas Ausentes: São aquelas que não comparecem para depor em juízo. Assim, elas podem até já
ES
ter sido ouvidas durante a fase investigatória, mas por algum motivo não compareceram em juízo para
PR
14156
100
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
● Testemunhas Remotas: São aquelas ouvidas por videoconferência.
A
UZ
LO
● Testemunhas da Coroa: São aqueles depoimentos prestados pelo agente infiltrado. Esta figura foi prevista
EL
em alguns diplomas, como a Lei n. 12.850/2013 e a Lei n. 11.343/2006. O agente infiltrado é o policial que,
IZ
mediante autorização judicial, ingressa em uma organização criminosa, colhendo material probatório acerca
GE
das práticas delitivas.
04
70
58
● Testemunhas Vulneráveis e “depoimento sem dano”: Salienta-se que não são apenas as pessoas do art.
81
14156
217-A do CP. Segundo a doutrina, também podem ser incluídas como testemunhas vulneráveis pessoas
7
95
idosas ou em situações de vulnerabilidade, como a de violência doméstica ou familiar contra a mulher.
A
CC
Durante muitos anos as pessoas vulneráveis eram ouvidas sem nenhum cuidado. Para contornar as
ZA
consequências, como a revitimização, foi construído doutrinariamente o que se chamou de depoimento sem
S
TE
Lei 13.431/17:
14156
DA
Art. 9º: A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer contato, ainda que
G
04
visual, com o suposto autor ou acusado, ou com outra pessoa que represente ameaça,
70
coação ou constrangimento.
58
Art. 11: O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será
ZA
realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida
a ampla defesa do investigado.
S
TE
101
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
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UZ
(Info 767 STJ) É justificável a antecipação de prova no caso de depoimento especial
LO
de adolescente vítima de possível crime sexual - na forma da Lei n. 13.431/2017 - pela
EL
relevância da palavra da vítima em crimes dessa natureza e na sua urgência pela
IZ
falibilidade da memória de crianças e adolescentes. Processo em segredo de justiça,
GE
Rel. Ministro Messod Azulay Neto, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
04
6/3/2023, DJe 14/3/2023.
70
58
O depoimento sem dano consiste na oitiva judicial de crianças e adolescentes que
81
foram supostamente vítimas de crimes contra a dignidade sexual por meio de um
7
95
procedimento especial, que consiste no seguinte: a criança ou o adolescente fica em
A
uma sala reservada, sendo o depoimento colhido por um técnico (psicólogo ou
CC
assistente social), que faz as perguntas de forma indireta, por meio de uma conversa
ZA
em tom mais informal e gradual, à medida que vai se estabelecendo uma relação de
S
TE
sistema audiovisual que está gravando a conversa do técnico com a vítima. A Lei nº
14156
DA
mesmo antes desta Lei, o STJ já entendia que era válida, nos crimes sexuais contra
OU
denominado “depoimento sem dano”. STJ. 5ª Turma. RHC 45.589-MT, Rel. Min. Gurgel
1
78
14156
A
Art. 225: Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de
ZA
que ao tempo da instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
S
TE
102
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 212, do CPP: As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
A
UZ
testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem
LO
relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo
EL
único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.
IZ
GE
O art. 212 estabeleceu o método de inquirição direta das testemunhas (sistema de inquirição direta
04
ou cross examination). Isso porque, com a reforma do CPP, operada pela Lei nº 11.690/2008, a participação do
70
58
juiz na inquirição das testemunhas foi reduzida ao mínimo possível. A ideia é justamente que o depoimento não
81
seja conduzido pelo juiz e sim pelas partes, podendo o juiz intervir apenas excepcionalmente a título
7
95
complementar. Desse modo, as perguntas agora são formuladas diretamente pelas partes (MP e defesa) às
A
testemunhas.
CC
Pergunta-se: Quem inicia a inquirição? ZA
S
TE
R.: Pela parte que arrolou a testemunha. Ex.: Na denúncia, o MP arrolou duas testemunhas (Carlos e
ES
Fernando). A defesa, na resposta escrita, também arrolou uma testemunha (André). No momento da audiência
PR
questionamentos e, por fim, o juiz poderá complementar a inquirição, se houver pontos não esclarecidos.
ZE
Depois de serem ouvidas todas as testemunhas de acusação, serão inquiridas as testemunhas de defesa
EI
R.: A própria defesa. Quando a defesa acabar de perguntar, o Ministério Público terá direito de formular
1
78
questionamentos e, por fim, o juiz poderá complementar a inquirição, se houver pontos não esclarecidos.
95
Assim, em regra, o juiz deverá apenas ficar calado, ouvindo e valorando, em seu íntimo, as perguntas e
A
as respostas. O juiz, contudo, deverá intervir e indeferir a pergunta formulada pela parte, antes que a
CC
Pergunta-se: O que acontece se o juiz não obedecer a esta regra? O que ocorre se o juiz iniciar as perguntas,
ZA
103
L
EL
IZ
GE
CC
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DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
R.: Existem duas correntes sobre o tema.
A
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1ª C: Se o juiz inicia as perguntas há inobservância do art. 212 do CPP, o que gera a nulidade do ato. É como
LO
se fosse uma nulidade absoluta.
14156
EL
IZ
Não cabe ao juiz, na audiência de instrução e julgamento de processo penal, iniciar a
GE
inquirição de testemunha, cabendo-lhe, apenas, complementar a inquirição sobre os
04
pontos não esclarecidos. STF. 1ª Turma. HC 161658/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
70
58
julgado em 2/6/2020 (Info 980). STF. 1ª Turma. HC 187035/SP, Rel. Min. Marco Aurélio,
81
julgado em 6/4/2021 (Info 1012).
7
95
A
2ª C: O fato de o juiz iniciar a inquirição das testemunhas pode gerar, quando muito, nulidade relativa,
CC
cujo reconhecimento depende da demonstração do prejuízo para a parte que a suscita. Assim, não deve ser
ZA
acolhida a alegação de nulidade em razão da não observância da ordem de formulação de perguntas às
S
TE
testemunhas, estabelecida pelo art. 212 do CPP, se a parte não se desincumbiu do ônus de demonstrar o prejuízo
ES
decorrente da inversão da ordem de inquirição das testemunhas. A demonstração de prejuízo, a teor do art. 563
PR
para a parte que a suscita. A defesa trouxe argumentação genérica, sem demonstrar
ZE
incide a regra segundo a qual não haverá declaração de nulidade quando não
G
demonstrado o efetivo prejuízo causado à parte (pas de nullité sans grief). STF. 1ª
04
70
Jurisprudência em Teses (Ed. 69): Tese 12: A inquirição das testemunhas pelo Juiz antes
95
que seja oportunizada às partes a formulação das perguntas, com a inversão da ordem
A
Não é possível anular o processo, por ofensa ao art. 212 do Código de Processo Penal,
S
TE
quando não verificado prejuízo concreto advindo da forma como foi realizada a
ES
104
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
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nulidade. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1493757/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
A
UZ
julgado em 28/04/2020.
LO
EL
A inquirição das testemunhas pelo juiz antes que seja oportunizada a formulação das
IZ
perguntas às partes, com a inversão da ordem prevista no art. 212 do Código de
GE
Processo Penal, constitui nulidade relativa. Não havendo demonstração do prejuízo,
04
nos termos exigidos pelo art. 563 do mesmo estatuto processual, não se procede à
70
58
anulação do ato. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 578.934/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
81
julgado em 02/06/2020.
7
95
A
Jurisprudências importantes sobre prova testemunhal:
CC
ZA
Indeferimento de todas as testemunhas da defesa sob o argumento de que seriam
S
TE
série de testemunhas, mas o juiz negou a oitiva afirmando que o requerimento seria
PR
protelatório, haja vista que as testemunhas não teriam, em tese, vinculação com os
14156
DA
direito à prova é expressão de uma inderrogável prerrogativa jurídica, que não pode
OU
400, § 1º, do CPP) faculta ao juiz o indeferimento das provas consideradas irrelevantes,
ZE
legal, visto que frustrou a possibilidade de o acusado produzir as provas que reputava
04
14156
70
dos policiais prestado em juízo constitui meio de prova idôneo, podendo embasar a
CC
para condenação, sobretudo quando colhidas no âmbito do devido processo legal e sob
ES
testemunhas não gozam de imparcialidade, sendo, contudo, ônus seu essa prova. STJ.
A
105
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Antecipação da prova testemunhal pela gravidade do crime e possibilidade concreta
A
UZ
de perecimento. A antecipação da prova testemunhal prevista no art. 366 do CPP pode
LO
ser justificada como medida necessária pela gravidade do crime praticado e
EL
possibilidade concreta de perecimento, haja vista que as testemunhas poderiam se
IZ
14156
esquecer de detalhes importantes dos fatos em decorrência do decurso do tempo.
GE
Além disso, a antecipação da oitiva das testemunhas não traz nenhum prejuízo às
04
garantias inerentes à defesa. Isso porque quando o processo retomar seu curso, caso
70
58
haja algum ponto novo a ser esclarecido em favor do réu, basta que seja feita nova
81
inquirição. STF. 2ª Turma. HC 135386/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/
7
95
o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 13/12/2016 (Info 851).
A
CC
IMPORTANTE!
(1) Por quanto tempo o prazo prescricional ficaria suspenso? ZA
S
TE
O tema era alvo de divergência jurisprudencial. No entanto, o STF, aderindo à posição já consolidada e sumulada
ES
do STJ, passou a entender que, no caso do art. 366 do CPP, o prazo prescricional ficará suspenso pelo tempo de
PR
Em caso de inatividade processual decorrente de citação por edital, ressalvados os crimes previstos na
OU
Constituição Federal como imprescritíveis, é constitucional limitar o período de suspensão do prazo prescricional
LL
ao tempo de prescrição da pena máxima em abstrato cominada ao crime, a despeito de o processo permanecer
ZE
suspenso. Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos
EI
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas
G
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312. STF.
04
70
Plenário. STF. Plenário. RE 600851, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 04/12/2020 (Repercussão Geral – Tema
58
No mesmo sentido: Súmula 415-STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
A
pena cominada.
CC
ZA
(2) Existe um argumento no sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá ser autorizada a sua
S
TE
oitiva como prova antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências e,
ES
se houvesse o decurso do tempo, eles poderiam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela
PR
jurisprudência? A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do
A
106
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
O fato de o agente de segurança pública atuar constantemente no combate à criminalidade faz com que ele
A
UZ
presencie crimes diariamente. Em virtude disso, os detalhes de cada uma das ocorrências acabam se perdendo
LO
em sua memória. Essa peculiaridade justifica que os policiais sejam ouvidos como produção antecipada da prova
EL
testemunhal, pois além da proximidade temporal com a ocorrência dos fatos proporcionar uma maior fidelidade
IZ
das declarações, possibilita ainda o registro oficial da versão dos fatos vivenciados por ele, o que terá grande
GE
relevância para a garantia da ampla defesa do acusado, caso a defesa técnica repute necessária a repetição do
04
seu depoimento por ocasião da retomada do curso da ação penal.
70
58
Nesse sentido: AgRg no AREsp 1.995.527-SE, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, por
81
unanimidade, julgado em 19/12/2022, DJe 21/12/2022.
7
95
A
O STF não tem uma posição consolidada sobre o tema, havendo decisões em ambos os sentidos. Exemplos:
CC
· Não admitindo: STF. 2ª Turma. HC 130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015;
ZA
· Admitindo: STF. 2ª Turma. HC 135386, Rel. Ricardo Lewandowski, Relator(a) p/ Acórdão: Gilmar Mendes,
S
TE
julgado em 13/12/2016.
14156
ES
PR
O valor probatório da prova testemunhal é RELATIVO. O juiz deve confiar nos depoimentos, posto que
OU
prestados sob compromisso, desde que não estejam em desacordo evidente com os demais elementos de prova
LL
1ª C (doutrina majoritária / Tribunais Superiores): Não há ressalvas, em princípio, quanto à prova policial,
04
70
porque como se dá credibilidade ao depoimento de qualquer cidadão comum, não há de ser diferente com o
58
policial até porque, enquanto agente da administração pública, goza de fé pública (presunção relativa de
1
78
por prisão em flagrante, quando estiver em harmonia com as demais provas dos autos
ZA
2ª C (Camargo Aranha): Como a investigação foi conduzida pelos policiais é certo que possuem interesse
ES
na condenação do réu, o que legitimaria toda a investigação realizada, não sendo tais depoimentos, portanto,
PR
107
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
O testemunho prestado em juízo pelo policial deve ser valorado, assim como acontece
A
UZ
com a prova testemunhal em geral, conforme critérios de coerência interna, coerência
LO
externa e sintonia com as demais provas dos autos. (5ª T. STJ, AREsp 1.936.393-RJ,
EL
Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 25/10/2022, DJe
IZ
08/11/2022.)
GE
04
9.5 Reconhecimento de Coisas e Pessoas
70
58
81
Trata-se do procedimento disciplinado nos art. 226 a art. 228, do CPP e que merece especial destaque
7
95
em razão das diversas discussões jurisprudenciais pelas quais a temática passou nos últimos anos.
A
CC
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de pessoa,
proceder-se-á pela seguinte forma: ZA
S
TE
outras que com ela tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver de fazer
ZA
o reconhecimento a apontá-la;
OU
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o reconhecimento, por
LL
efeito de intimidação ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa que
ZE
deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para que esta não veja aquela;
EI
testemunhas presenciais.
58
Parágrafo único. O disposto no III deste artigo não terá aplicação na fase da instrução
1
78
14156
A
O art. 226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas (reconhecimento pessoal).
CC
1ª C: NÃO, pois o procedimento constitui mera recomendação legal. Era a posição pacífica da 5ª Turma
S
TE
As disposições contidas no art. 226 do CPP configuram uma recomendação legal, e não
A
uma exigência absoluta. Assim, é válido o ato mesmo que realizado de forma diversa
D
ZA
OU
108
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
da prevista em lei. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1665453/SP, Rel. Min. Joel Ilan
A
UZ
Paciornik, julgado em 02/06/2020.
LO
EL
2ª C: SIM, pois o procedimento constitui garantia mínima ao acusado. Nesse sentido, julgado da 6ª
IZ
Turma do STJ, que promoveu uma virada jurisprudencial e fixou as seguintes conclusões:
GE
● O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento previsto no art. 226 do Código de
04
Processo Penal, cujas formalidades constituem garantia mínima para quem se encontra na condição
70
58
de suspeito da prática de um crime;
81
● À vista dos efeitos e dos riscos de um reconhecimento falho, a inobservância do procedimento descrito
7
95
na referida norma processual torna inválido o reconhecimento da pessoa suspeita e não poderá servir
A
de lastro a eventual condenação, mesmo se confirmado o reconhecimento em juízo;
CC
● Pode o magistrado
14156 realizar, em juízo, o ato de reconhecimento formal, desde que observado o devido
ZA
procedimento probatório, bem como pode ele se convencer da autoria delitiva a partir do exame de
S
TE
outras provas que não guardem relação de causa e efeito com o ato viciado de reconhecimento;
ES
a eventual reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que
ZA
confirmado em juízo. STJ. 6ª Turma. HC 598886-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em
OU
Ainda, houve decisão do STF sobre o reconhecimento de pessoas no mesmo sentido da 6ª Turma:
GEI
04
presunção de inocência. STF. 2ª Turma. RHC 206846/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes,
95
Nesse sentido, tem-se que o reconhecimento (fotográfico ou presencial) efetuado pela vítima, em sede
S
inquisitorial, não constitui evidência segura da autoria do delito, dada a falibilidade da memória humana, que
TE
se sujeita aos efeitos tanto do esquecimento, quanto de emoções e de sugestões vindas de outras pessoas que
ES
podem gerar “falsas memórias”, além da influência decorrente de fatores, como, por exemplo, o tempo em que
PR
a vítima esteve exposta ao delito e ao agressor; o trauma gerado pela gravidade do fato; o tempo decorrido entre
AD
o contato com o autor do delito e a realização do reconhecimento; as condições ambientais (tais como
ZA
visibilidade do local no momento dos fatos); estereótipos culturais (como cor, classe social, sexo, etnia etc.).
OU
109
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Note que, acerca da temática de reconhecimento fotográfico, ainda, a 6ª Turma do STJ decidiu que “no
A
UZ
caso em que o reconhecimento fotográfico na fase inquisitorial não tenha observado o procedimento legal,
LO
mas a vítima relata o delito de forma que não denota riscos de um reconhecimento falho, dá-se ensejo a
EL
distinguishing quanto ao acórdão do HC 598.886/SC, que invalida qualquer reconhecimento formal - pessoal
IZ
ou fotográfico - que não siga estritamente o que determina o art. 226 do CPP.” (STJ. 6a Turma. REsp 1.969.032-
GE
RS, Rel. Min. Olindo Menezes (Desembargador convocado do TRF da 1ª Região), Sexta Turma, por unanimidade,
04
julgado em 17/05/2022, DJe 20/05/2022. - Info 739)
70
58
Note, por oportuno, que o Julgado no informativo 739 não supera o entendimento do Info 684 (O art.
81
226 do CPP estabelece formalidades para o reconhecimento de pessoas - reconhecimento pessoal - e o
7
95
descumprimento dessas formalidades enseja a nulidade do reconhecimento), pois, no julgamento do HC
A
598.886/SC, da relatoria do Min. Rogério Schietti Cruz, decidiu a Sexta Turma, revendo anterior interpretação,
CC
no sentido de que se "determine, doravante, a invalidade de qualquer reconhecimento formal - pessoal ou
ZA
fotográfico - que não siga estritamente o que determina o art. 226 do CPP, sob pena de continuar-se a gerar uma
S
TE
instabilidade e insegurança de sentenças judiciais que, sob o pretexto de que outras provas produzidas em apoio
ES
a tal ato - todas, porém, derivadas de um reconhecimento desconforme ao modelo normativo - autorizariam a
PR
Além disso, importante observar que o entendimento do STF (2ª Turma. RHC 206846/SP) conforme
ZA
Por fim, a título de complementação, a posição pacífica da 5ª Turma ERA em sentido contrário de que as
LL
disposições contidas no art. 226 do CPP configuram uma recomendação legal, e não uma exigência absoluta.
ZE
Assim, entendia que era válido o ato mesmo que realizado de forma diversa da prevista em lei (STJ. 5ª Turma.
EI
AgRg no AREsp 1665453/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 02/06/2020). Contudo, a Turma se ajustou
G
no HC 694.083/PB, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/11/2021, DJe
04
70
29/11/2021:
58
O reconhecimento fotográfico serve como prova apenas inicial e deve ser ratificado
1
78
observância (parcial ou total) dos preceitos do art. 226 do CPP e sem justificativa idônea
CC
previsto no art. 226 do CPP, deve ser mantida a condenação quando houver outras
OU
110
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
provas produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa, independentes e
A
UZ
suficientes o bastante, para lastrear o decreto condenatório.
LO
Se as demais provas que compuseram o acervo fático-probatório amealhado aos autos
EL
foram produzidas por fonte independente da que culminou com o elemento
IZ
informativo obtido por meio do reconhecimento fotográfico realizado na fase
GE
inquisitiva, de maneira que, ainda que o reconhecimento haja sido feito em desacordo
04
com o modelo legal e, assim, não possa ser sopesado, nem mesmo de forma
70
14156
58
suplementar, para fundamentar a condenação do réu, aquelas provas, independentes
81
e suficientes o bastante, produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa,
7
95
podem lastrear o decreto condenatório. AgRg nos EDcl no HC 656.845-PR, Rel. Min.
A
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022, DJe
CC
17/10/2022
ZA
S
TE
É ilícita a prova obtida por meio de reconhecimento fotográfico judicial que não
ES
observou o art. 226 do Código de Processo Penal, sendo devida a absolvição quando
PR
efetivada no curso das investigações, o qual estava com um dos acusados que não foi
OU
reconhecido por nenhuma das vítimas. REsp 1.996.268-GO, Rel. Ministra Laurita Vaz,
LL
CAIU EM PROVA:
G
(Delegado do Estado do Amazonas 2022): Sobre o reconhecimento fotográfico, de acordo com a atual
04
70
orientação do STJ, é correto afirmar que o reconhecimento fotográfico realizado na investigação serve apenas
58
como prova inicial, dependendo de posteriormente haver reconhecimento pessoal – item considerado correto.
1
78
95
Pergunta-se: E se a nulidade do reconhecimento só foi decretada depois de o réu ter sido condenado?
A
CC
Isso significa que ele deverá ser absolvido? Ex: o réu foi condenado pelo juiz; em apelação, o TJ decide que o
ZA
absolvido.
PR
111
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Desse modo, se declarada a irregularidade do ato, eventual condenação já proferida poderá ser mantida,
A
UZ
se fundamentada em provas independentes e não contaminadas.
LO
EL
Ainda sobre a temática, cabe destacar a ressalva trazida pelo STJ:
IZ
GE
Se a vítima é capaz de individualizar o autor do fato, é desnecessário instaurar o
04
procedimento do art. 226 do CPP. 1. Para a jurisprudência desta Corte Superior, o
70
14156
58
reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por fotografia, realizado na fase do
81
inquérito policial, apenas é apto para identificar o réu e fixar a autoria delitiva quando
7
95
observadas as formalidades previstas no art. 226 do Código de Processo Penal (HC n.
A
598.886/SC, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, DJe 18/12/2020). 2. O art.
CC
226, antes de descrever o procedimento de reconhecimento de pessoa, diz em seu
ZA
caput que o rito terá lugar "quando houver necessidade", ou seja, o reconhecimento
S
TE
Processo Penal. 4. Antes, esta Corte dizia que o procedimento não era vinculante;
14156
DA
agora, evoluiu no sentido de exigir sua observância, o que não significa que a prova de
ZA
nova orientação buscou afastar a prática recorrente dos agentes de segurança pública
04
70
na rede social facebook foi apenas uma das circunstâncias do fato, tendo em conta que
ZA
a negociação deu-se por essa rede social. 7. Agravo regimental improvido. (AgRg no
S
TE
AgRg no HC n. 721.963/SP, relator Ministro Sebastião Reis Júnior, Sexta Turma, julgado
ES
112
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
● Distinção entre Busca e Apreensão:
A
UZ
LO
A busca é uma diligência cujo objetivo é encontrar pessoas ou coisas. Por outro lado, apreensão é uma
EL
medida de constrição, em que a pessoa ou a coisa será colocada sob a custódia do estado.
IZ
GE
● Objeto: Podem ser objeto tanto pessoas quanto coisas, nos termos do art. 240 do CPP.
04
70
58
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
81
§ 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
7
95
a) prender criminosos; 14156
A
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
CC
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou
contrafeitos; ZA
S
TE
haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do
OU
fato;
LL
parágrafo anterior.
158
78
● Espécies de Busca:
95
A
CC
●
S
Busca pessoal por razões de segurança: Relacionado ao Poder de Polícia. Cita-se, como exemplo, a
TE
busca pessoal feita antes de entrar em estádios, em parques, em festas. Não há necessidade de fundada
ES
suspeita. A pessoa pode se recusar e, com isso, ser impedida de entrar no local.
PR
A
●
D
Busca pessoal de natureza processual penal: Prevista no §2º do art. 240 do CPP.
ZA
OU
113
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Art. 240, § 2º: Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que
A
UZ
alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h
LO
do parágrafo anterior.
EL
IZ
Perceba que, para haver busca pessoal, é necessária a fundada suspeita. Nesse sentido:
GE
04
STF: “(...) A fundada suspeita prevista no art. 244 do CPP não pode fundar-se em
70
58
parâmetros unicamente subjetivos, exigindo elementos concretos que indiquem a
81
necessidade da revista, em face do constrangimento que causa. Ausência, no caso, de
7
95
elementos dessa natureza, que não se pode ter por configurados na alegação de que
A
trajava, o paciente, um ‘blusão’ suscetível de esconder uma arma, sob risco de
CC
referendo a condutas arbitrárias ofensivas a direitos e garantias individuais e
ZA
caracterizadoras de abuso de poder”. (STF, 1ª Turma, HC 81.305/GO, Rel. Min. Ilmar
S
TE
Além disso, a busca pessoal de natureza processual penal não depende de autorização judicial prévia,
14156
DA
Polícia recebeu denúncia anônima contra o suspeito e foi apurar; quando o suspeito
95
viu a polícia, ficou nervoso e jogou sacola com drogas no chão; tais circunstâncias
A
dispensou uma sacola no chão quando avistou a guarnição. Com efeito, o ato de
ES
114
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
posse de mais objetos relacionados ao crime. HC n. 742.815/GO, relator Ministro
A
UZ
Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, julgado em 23/8/2022, DJe de 31/8/2022.
LO
EL
Em regra, a busca em veículo é equiparada à busca pessoal e não precisa de mandado
IZ
judicial para a sua realização. A apreensão de documentos no interior de veículo
GE
14156
04
autorização judicial quando houver fundada suspeita de que em seu interior estão
70
58
escondidos elementos necessários à elucidação dos fatos investigados. Exceção: será
81
necessária autorização judicial quando o veículo é destinado à habitação do indivíduo,
7
95
como no caso de trailers, cabines de caminhão, barcos, entre outros, quando, então,
A
se inserem no conceito jurídico de domicílio. STF. 2ª Turma. RHC 117767/DF, Rel. Min.
CC
Teori Zavascki, julgado em 11/10/2016 (Info 843).
ZA
S
TE
ATENÇÃO: O entendimento do STJ é no sentido de que a realização de busca pessoal só pode ser feita por forças
ES
policiais, não sendo lícita busca por pessoas que não sejam policiais, pois violaria o princípio da legalidade (art.
PR
5º, II, CF/88), ou seja, deve ser dada uma interpretação restritiva. REsp 2.005.007-TO, Dje 19/09/2022.
14156
DA
ZA
Policiais não podem fazer a revista pessoal unicamente pelo fato de acharem que o
OU
isso, não é suficiente para caracterizar a fundada suspeita para fins de busca pessoal,
EI
medida invasiva que exige mais do que mera desconfiança fundada em elementos
G
04
por parte dos agentes públicos. 3. Recurso especial provido, a fim de anular as provas
1
78
absolver o Recorrente, nos termos do art. 386, inciso II, do Código de Processo Penal.
A
CC
É ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança privada e todas as provas
ES
decorrentes desta. STJ. 5ª Turma. HC 470.937/SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado
PR
Segundo o inciso II do art. 5º da Constituição Federal “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
OU
115
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
alguma coisa senão em virtude de lei”. Na hipótese, o agente não tinha a obrigação de se sujeitar à revista
A
UZ
pessoal. Isso porque não existe lei autorizando que esse ato seja feito pelos seguranças privados do metrô. Vale
LO
ressaltar que esses agentes de segurança não podem nem sequer ser equiparados a guardas municipais, já que
EL
são empregados de uma sociedade de economia mista operadora de transporte ferroviário no Estado de São
IZ
Paulo, sendo regidos, portanto, pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
GE
04
As guardas municipais não possuem competência para patrulhar supostos pontos de
70
58
tráfico de drogas, realizar abordagens e revistas em indivíduos suspeitos da prática
81
de tal crime ou ainda investigar denúncias anônimas relacionadas ao tráfico e outros
7
95
delitos cuja prática não atinja de maneira clara, direta e imediata os bens, serviços e
A
instalações municipais. STJ. 6ª Turma. REsp 1.977.119-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti
CC
Cruz, julgado em 16/08/2022 (Info 746). 14156
ZA
S
TE
Inviolabilidade domiciliar: A CF, em seu art. 5º, XI, prevê que a casa é o asilo inviolável do indivíduo.
14156
DA
ZA
Art. 5º, XI: a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
OU
ATENÇÃO:
G
O simples fato de o acusado ter antecedente por tráfico de drogas não autoriza a
04
70
concretos e robustos de que, nesse momento específico, ele guarda drogas em sua
1
78
circunstâncias de ele já haver sido preso em flagrante pelo porte da arma de fogo em
A
via pública e estar detido, sozinho - sem a oportunidade de ser assistido por defesa
CC
técnica e sem mínimo esclarecimento sobre seus direitos -, diante de dois policiais
ZA
a) Conceito de casa:
OU
116
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
ADA
UZ
O conceito de “casa” pode ser extraído do art. 150 do CP, que prevê o crime de violação de domicílio.
LO
EL
Art. 150: § 4º: A expressão ‘casa’ compreende:
IZ
I - qualquer compartimento habitado;
GE
II - aposento ocupado de habitação coletiva;
04
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade
70
58
(por exemplo, escritório de advocacia). 14156
81
7
95
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
A
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo
CC
a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
ZA
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
S
TE
ES
ATENÇÃO: Salienta-se que, de acordo com o STJ, a habitação em prédio abandonado de escola municipal pode
PR
caracterizar o conceito de domicílio em que incide a proteção disposta no art. 5º, inciso XI da Constituição
14156
DA
Federal.
ZA
OU
Federal.
EI
proteção constitucional.
58
Anota-se, por fim, que o Decreto n. 7.053/2009, que instituiu a Política Nacional para
1
78
AgRg no HC 712.529-SE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade,
ZA
ATENÇÃO: Salienta-se que, de acordo com o STF, os estabelecimentos empresariais podem ser considerados
ES
STF: “(...) Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, IX, CF). Busca e apreensão em
ZA
117
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
contra o ingresso não consentido. Não verificação das hipóteses que dispensam o
A
UZ
consentimento. Mandado de busca e apreensão perfeitamente delimitado. Diligência
LO
estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude do resultado
EL
da diligência. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas”. (STF, 2ª
IZ
Turma, HC 106.566/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 16/12/2014, DJe 53 18/03/2015).
GE
04
STJ: A abordagem policial em estabelecimento comercial, ainda que a diligência tenha
70
58
ocorrido quando não havia mais clientes, é hipótese de local aberto ao público, que
81
não recebe a proteção constitucional da inviolabilidade do domicílio.
7
95
Consoante decidido no RE 603.616/RO, pelo Supremo Tribunal Federal, "a entrada
A
forçada em domicílio sem mandado judicial é lícita, mesmo em período noturno,
CC
quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que
ZA
indiquem que, dentro da casa, ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
S
TE
dos atos praticados". Todavia, no caso, verifica-se que os policiais afirmaram que "havia
PR
denúncia anônima dando conta de que parte do carregamento subtraído estava nas
ZA
ATENÇÃO: Gabinete de Delegado de Polícia e escritório de advocacia são considerados domicílios e se sujeitam
95
às normas estudadas.
A
CC
ZA
14156
Delegado. STJ. 5ª Turma. HC 298.763-SC, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 7/10/2014.
D
ZA
OU
118
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Busca e apreensão em escritório de advocacia. Os §§ 6º e 7º do art. 7º do Estatuto da
A
UZ
OAB preveem que documentos, mídias e objetos pertencentes a clientes do advogado
LO
investigado, bem como demais instrumentos de trabalho que contenham informações
EL
sobre clientes, somente poderão ser utilizados caso estes clientes estejam sendo
IZ
formalmente investigados como partícipes ou coautores pela prática do mesmo crime
GE
que deu causa à quebra de inviolabilidade. STJ. 6ª Turma. HC 227799-RS, Rel. Min.
04
Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/4/2012.
70
58
81
ATENÇÃO: NÃO há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em
7
95
apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente
A
ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é utilizado para a prática de crime
CC
permanente. STJ. 5ª Turma. HC 588445-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 25/08/2020 (Info
678). ZA
S
TE
ES
CAIU EM PROVA:
PR
(Delegado do Estado do Espírito Santo 2022): Agente de polícia civil não poderá realizar buscas sem mandado
14156
DA
IMPORTANTE!
LL
probatório, para que policiais ingressem no domicílio do suspeito sem mandado judicial?
EI
G
suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que
70
autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a
58
operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo. STJ, 6ª Turma.
1
78
HC 598051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 02/03/2021 (Info 687).
95
A
CC
ingresso no domicílio do suspeito sem mandado judicial, a existência de fundadas razões (justa causa),
TE
aferidas de modo objetivo e devidamente justificadas, de maneira a indicar que dentro da casa ocorre
ES
14156
● O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza permanente,
AD
nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se encontra a droga.
ZA
OU
119
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se concluir que do atraso
A
UZ
decorrente da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e concretamente inferir que a prova
LO
do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada.
EL
● O consentimento do morador, para validar o ingresso de agentes estatais em sua casa e a busca e
IZ
14156
apreensão de objetos relacionados ao crime, precisa ser voluntário e livre de qualquer tipo de
GE
constrangimento ou coação.
04
● A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na residência do suspeito
70
58
incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que
81
autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso,
7
95
a operação deve ser registrada em áudio-vídeo e preservada tal prova enquanto durar o processo.
A
● A violação a essas regras e condições legais e constitucionais para o ingresso no domicílio alheio resulta
CC
na ilicitude das provas obtidas em decorrência da medida, bem como das demais provas que dela
ZA
decorrerem em relação de causalidade, sem prejuízo de eventual responsabilização penal do(s)
S
TE
b) Conceito de dia:
14156
DA
ZA
Não há na doutrina consenso acerca do que seria dia em virtude das dimensões continentais do território
OU
brasileiro de modo que o nascer e o pôr do sol ocorrem em horários diversos a depender da região do país.
LL
Parte da doutrina advoga a utilização de um critério cronológico, por ser mais seguro, considerando
ZE
como dia o período compreendido entre às 6h e 18h ou entre às 6h e 20h (pautado no art. 212 do CPC). De outro
EI
lado, há quem defenda a adoção do critério físico-astronômico, considerando como dia o período compreendido
G
04
A Lei de Abuso de Autoridade trouxe previsão do prazo de: “III - cumpre mandado de busca e apreensão
58
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas)”. Positivou, pelo menos para fins de
1
78
tipificação de abuso de autoridade, o conceito de “noite” e, a contrário sensu, também o de “dia” – entre 5h e
95
21h.
A
CC
constante do art. 22, §1º, III, da Lei n. 13.869/19. Se a Constituição Federal autoriza o ingresso em domicílio
alheio exclusivamente durante o dia, é inadmissível que o legislador infraconstitucional venha a afirmar que um
S
TE
mandado de busca domiciliar possa ser cumprido às 20h59min, quando certamente o sol já terá desaparecido
ES
120
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
optou por positivar o conceito de dia (05h-21h) e o de noite (21h-05h), e não o
A
UZ
condicionou à existência de luminosidade solar. Há de se ter em mente que são dois os
LO
objetivos da proteção constitucional à inviolabilidade do domicílio durante a noite
EL
constante do art. 5º, XI, da Constituição Federal: primeiro, não atrapalhar o merecido
IZ
descanso das pessoas; segundo, evitar quaisquer arbitrariedades por parte dos agentes
GE
públicos em um período de maior precariedade de vigilância e defesa decorrente do
04
recolhimento das pessoas para o repouso durante a noite. Por mais que se queira
70
58
argumentar que não há mais luminosidade solar às 20h59min, trata-se de horário em
81
que as pessoas ainda estão acordadas, pelo menos em regra. Portanto, o fato de o
7
95
legislador autorizar o cumprimento de um mandado de busca nesse horário não
A
importa em violação ao núcleo essencial do dispositivo constitucional. Pelo contrário.
CC
Bem ou mal, agiu dentro de uma margem de razoabilidade e proporcionalidade para
ZA
definir o conceito de noite e, a contrario sensu, de dia. A inovação deriva de espaço
S
TE
verão, ora não, é perfeitamente possível que o sol já tenha raiado às 5h e que ainda
ZA
haja certa
14156 luminosidade por volta de 20h, 20h30min, a depender, logicamente, da
OU
da Constituição Federal e aplicação da própria lei penal, por que não se admitir que o
G
por não haver lesão ao núcleo essencial do art. 5º, XI, da Constituição Federal, nem
58
a este ou àquele Tribunal, para, enfim, trabalharmos com um conceito legal, positivo,
ZA
capaz, portanto, de transmitir maior segurança jurídica não apenas aos agentes
S
TE
121
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
entre as 5h (cinco horas) e 21h (vinte e uma horas), pouco importando se já há, ou
A
UZ
ainda perdura, respectivamente, a luz solar, eis que a lei não fez nenhuma referência
LO
ao critério físico-astronômico, hipótese em que a prova obtida será considerada lícita.
EL
Por outro lado, cumprido o mandado antes das 5h (cinco) horas e depois de 21h (vinte
IZ
e uma horas), para além da ilicitude das provas então obtidas, o crime restará
GE
caracterizado, mesmo que o sol já tenha raiado, naquele caso, ou que ainda perdure a
04
luz do sol, nesta última hipótese” (in Manual de Processo Penal, edição 2020, páginas
70
58
797 e 798)
81
7
95
De todo modo, o importante é que o início do cumprimento do mandado se dê durante o dia, ainda que
14156
A
eventualmente se prolongue por um período durante a noite.
CC
ZA
ATENÇÃO: Não confundir com a BUSCA EXPLORATÓRIA ou a EXPLORAÇÃO DE LOCAL, consubstanciada no
S
TE
ingresso de agente público em imóvel alheio, ainda que no período noturno, para fins de instalação de
ES
equipamentos destinados à captação de sinais óticos e acústicos, mediante prévia autorização judicial. Há
PR
precedente do STF admitindo o ingresso de autoridade policial, mediante prévia autorização judicial, em
14156
DA
escritório de advocacia no período noturno para instalação de equipamento destinado à captação de sinais
ZA
óticos e acústicos, o que seria justificável sob o argumento de que a natureza da execução de tais medidas
OU
jamais permitiria que fossem realizadas com publicidade durante o dia, sob pena de absoluta ineficácia: STF,
LL
Pleno, Inq. 2.424/RJ, Rel. Min. Cezar Peluso, j. 26/11/2008, DJe 55 25/03/2010.
ZE
EI
Segundo o Professor Leonardo Barreto, a busca exploratória é a permissão conferida, por meio de ordem
G
judicial, a agentes policiais ou executores para realizarem diligência sem qualquer arrecadação ou apreensão
04
70
de elementos informativos considerados pertinentes às investigações. Ela pretende apenas e tão somente
58
O ingresso e a exploração na busca domiciliar exploratória do local deve ser delineado pela ausência de
A
publicidade e sigilo total, sem incluir o que preconiza o art. 245 do CPP, que disciplina o procedimento de
CC
2.424 (STF), em investigação que visava desarticular organização criminosa envolvendo magistrados (entre
ES
suposta prática dos crimes de quadrilha, corrupção passiva e prevaricação. Trata-se, portanto, de um meio
A
(excepcional) de obtenção de prova. Como um meio atípico e oculto de produção de provas consistente na
D
ZA
busca de elementos probatórios em local de acesso restrito e, na hipótese de sua localização, na realização
OU
122
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
dos devidos registros sem que os investigados tenham conhecimento da ação realizada. Na hipótese
A
UZ
submetida ao crivo do Excelso Pretório houve, ainda, a instalação de equipamento de captação ambiental.
LO
Com relação à realização da busca exploratória em período noturno, pode ser excepcionada, como o fez o
EL
Supremo Tribunal Federal no referido julgamento, a regra do art. 5º, XI, da Constituição 14156
da República,
IZ
permitindo-se sua realização com fulcro na aplicação do princípio da proporcionalidade, “pois a situação não
GE
se encontrava acobertada pela inviolabilidade constitucional”, considerando-se, ainda, a manifesta
04
impossibilidade de realização da diligência durante o período diurno, quando o escritório desenvolve
70
58
regularmente suas atividades. Vale lembrar que foi autorizado o ingresso sigiloso da autoridade policial,
81
durante a noite, a fim que procedesse ao registro e análise de sinais obtidos no escritório do investigado,
7
95
mediante duas modalidades de diligências: primeiro, a busca exploratória, em que se diligenciou a fim de
A
identificar elementos de prova no local, efetuando-se os devidos registros; segundo, para instalação de
CC
equipamentos de captação de sinais acústicos.
ZA
A partir desse julgado, desde 2010, tem-se uma inovação jurisprudencial no instituto da busca domiciliar: o
S
TE
agente policial ingressa no local e não efetua arrecadação ou apreensão de elementos considerados
ES
pertinentes, mas apenas efetua o registro deles por fotografias, filmagens ou mesmo scanners portáteis. Em
PR
razão de lógica investigativa, o ingresso e a exploração têm por diretriz a ausência de publicidade e sigilo, sem
14156
DA
O mandado de busca e apreensão só pode ser executado durante o dia. Por outro lado, em havendo
LL
flagrante delito, desastre ou necessidade de prestar socorro, será possível afastar a garantia da inviolabilidade
ZE
domiciliar.
EI
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
95
123
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
ponto de venda de drogas, quando, ao avistar a guarnição de policiais, refugiou-se
A
UZ
dentro de sua casa, sendo certo que, após revista em seu domicílio, foram encontradas
LO
substâncias entorpecentes (18 pedras de crack). Havia, consoante se demonstrou,
EL
suspeitas vagas sobre eventual tráfico de drogas perpetrado pelo réu, em razão, única
IZ
e exclusivamente, do local em que ele estava no momento em que policiais militares
GE
realizavam patrulhamento de rotina e em virtude de seu comportamento de correr
04
para sua residência, conduta que pode explicar-se por diversos motivos, não
70
58
necessariamente o de que o suspeito cometia, no momento, ação caracterizadora de
81
mercancia ilícita de drogas. 12. A mera intuição acerca de eventual traficância praticada
7
95
pelo recorrido, embora pudesse autorizar abordagem policial, em via pública, para
A
averiguação, não configura, por si só, justa causa a autorizar o ingresso em seu
CC
domicílio, sem o consentimento do morador – que deve ser mínima e seguramente
ZA
comprovado – e sem determinação judicial. (REsp 1.574.681)
S
TE
ES
Obs.: Destaca-se que o STF entendeu que, excepcionalmente, no caso de Interceptação ambiental, seria
PR
c) Reserva de jurisdição:
OU
LL
Certos direitos e garantias só podem sofrer restrição com base em ordem de autoridade judiciária
ZE
competente. É o que acontece com a violação do domicílio, sujeita à cláusula de reserva de jurisdição, de modo
EI
ATENÇÃO!
158
78
14156
A
Para o STJ, a ausência de individualização das medidas de busca e apreensão contraria diversos
CC
dispositivos legais, como os arts. 240, 242, 244, 245, 248 e 249 do CPP, bem como o art. 5º, XI, da CF/88, que
ZA
traz como direito fundamental a inviolabilidade do domicílio. É indispensável que o mandado de busca e
S
TE
apreensão tenha objetivo certo e pessoa determinada, não se admitindo ordem judicial genérica.
ES
PR
feita de forma genérica e indiscriminada. O STJ concedeu habeas corpus) para anular
D
ZA
124
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Jacarezinho e no Conjunto Habitacional Morar Carioca, no Rio de Janeiro (RJ), sem
A
UZ
identificar o nome de investigados e os endereços a serem objeto da abordagem
LO
policial. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro impetrou o habeas corpus coletivo em
EL
benefício dos moradores dessas comunidades pobres, argumentando que, além de
IZ
ofender a garantia constitucional que protege o domicílio, o ato representou a
GE
14156
legitimação de uma série de violações gravíssimas, sistemáticas e generalizadas de
04
direitos humanos. A medida foi tomada, em agosto de 2017, após a morte de um
70
58
policial em operação das forças de segurança nas favelas de Jacarezinho, Manguinhos,
81
Mandela, Bandeira 2 e Morar Carioca, o que levou à concessão da ordem judicial de
7
95
busca e apreensão domiciliar generalizada na região. A ordem era para que a polícia
A
tentasse encontrar armas, documentos, celulares e outras provas contra facções
CC
criminosas. Na decisão que autorizou a revista indiscriminada de residências nas áreas
ZA
indicadas pela polícia, a juíza responsável fez menção à forma desorganizada como as
S
TE
numeração que as individualize. Segundo ela, a revista coletiva seria necessária para a
PR
própria segurança dos moradores da região e dos policiais que ali atuam.. STJ. 6ª
14156
DA
05/11/2019.
OU
LL
(2) NÃO existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de documento a ser
ZE
Situação hipotética: João, médico, estava sendo investigado por, supostamente, ter adulterado
04
70
prontuários de pacientes internados em clínica psiquiátrica, com o objetivo de camuflar ilicitudes que ocorriam
58
no local. A autoridade policial formulou representação ao juiz pedindo a busca e apreensão na clínica psiquiátrica
1
78
João impetrou habeas corpus alegando que a apreensão foi ilícita, considerando que na decisão que
CC
autorizou a medida não existia autorização específica para a apreensão de prontuários médicos. Segundo a
ZA
defesa, os prontuários são documentos sigilosos e, portanto, só poderiam ter sido recolhidos com autorização
S
TE
judicial específica.
ES
PR
imprescindível autorização judicial prévia. O fato de o mandado de busca não ter feito
D
ZA
125
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
encontram-se inseridos na categoria de documentos em geral.
A
UZ
STJ. 6ª Turma. RHC 141737/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 27/04/2021
LO
(Info 694).
EL
IZ
CPP, art. 243: O mandado de busca deverá:
GE
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o
04
nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da
70
58
pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem;
81
7
95
O art. 243 do CPP disciplina os requisitos do mandado de busca e apreensão, dentre
A
os quais não se encontra o detalhamento do que pode ou não ser arrecadado. STJ. 5ª
CC
Turma. HC 524.581/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 13/2/2020.
ZA
S
TE
apreendidos os materiais que pudessem guardar relação estrita com aqueles fatos.
PR
ausente, assim, nessas situações, justa causa para a medida." (HC 512.418/RJ, Relator
CC
Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 3/12/2019) Com efeito, "não se admite que
ZA
colhida, bem como dela derivadas, nos termos do art. 157 do Código de Processo
A
Penal (RHC 105.138/MS, Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, DJe 10/4/2019)" (AgRg
D
ZA
126
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
20/6/2022). Ademais, "havendo controvérsia entre as declarações dos policiais e do
A
UZ
flagranteado e inexistindo a comprovação de que a autorização do
LO
morador foi livre e sem vício de consentimento, impõe-se o reconhecimento da
EL
ilegalidade da busca domiciliar e consequentemente de toda a prova dela decorrente
IZ
(fruits of the poisonous tree)" (AgRg no HC 703.991/RS, Relator Ministro Ribeiro
GE
Dantas, Quinta Turma, DJe de 16/5/2022). AgRg no HC 766.654-SP, Rel. Ministro
04
Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 13/09/2022,
70
58
DJe 19/09/2022..
81
(Fonte: Dizer o Direito)
7
95
A
d) Autorização expressa para busca e apreensão:
CC
ZA
Além da ordem judicial, a autorização expressa do morador para a busca e apreensão constitui a outra
S
TE
Para ser válido, o consentimento tem que ser dado pela pessoa que tem o poder de disposição da
PR
14156
intimidade e da vida privada. Entretanto, em havendo divergência entre os moradores presentes, prevalecerá
14156
DA
Quanto ao tema, o STJ entendeu ser válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede de
OU
empresa investigada dada por pessoa que age como sua representante.
LL
Imagine a seguinte situação hipotética: Foi instaurado inquérito policial para apurar crimes contra a
ZE
administração pública que teriam sido praticados pelos sócios de uma sociedade empresária. Após
EI
representação da autoridade policial, o juiz deferiu medida cautelar de busca e apreensão a ser cumprida na
G
sede da empresa. No mandado de busca e apreensão, constou o seguinte endereço: Rua Um, nº 418, Bairro Nova
04
70
Paulista. Os policiais se dirigiram até o local e fizeram o cumprimento do mandado. Ocorre que foram informados
58
de que naquele imóvel funciona apenas a filial da empresa e que os documentos contábeis (objeto do mandado)
1
78
ficavam em outra unidade, situada no Centro, esta sim a sede da empresa. O Delegado de Polícia foi até a
95
Delegacia para preparar nova representação dirigida ao juiz para estender a autorização judicial de busca e
A
apreensão para esse outro local. Enquanto isso, uma equipe da Polícia resolveu se dirigir até a sede da empresa,
CC
no Centro, a fim de já localizar o imóvel e se preparar para a chegada da ordem judicial. Chegando até a sede da
ZA
empresa no Centro, os policiais foram recebidos por Talita, que se apresentou como pessoa responsável pela
S
TE
empresa. Talita concedeu autorização por escrito, assinada por ela e mais duas testemunhas, permitindo a
ES
A medida foi cumprida, tendo sido apreendidos diversos documentos da empresa. Posteriormente,
A
alegou-se a nulidade da prova considerando que a mulher que concedeu a autorização não seria mais sócia da
D
ZA
empresa, sendo mera funcionária, sem poderes para permitir a entrada dos policiais no imóvel.
OU
127
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Nesse caso, a autorização foi válida? SIM. A mulher que concedeu a autorização, embora tenha deixado
A
UZ
de ser formalmente sócia, continuou assinando documentos como representante da empresa. A evidência de
LO
que ela ainda agia como representante da empresa é reforçada pelo fato de que tinha a chave do escritório sede
EL
da empresa e livre acesso a ele, não tendo sido barrada por nenhum dos empregados que estavam no local, nem
IZ
mesmo pelo advogado da empresa que acompanhou toda a diligência.
GE
04
É válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede de empresa
70
58
investigada dada por pessoa que age como sua representante. STJ. 5ª Turma. RMS
81
57.740-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 23/03/2021 (Info 690).
7
95
A
(Fonte: Dizer o Direito)
CC
14156
● Conceito: Fishing expedition consiste em “uma investigação especulativa indiscriminada, sem objetivo certo
PR
ou declarado, que ‘lança’ suas redes com a esperança de ‘pescar’ qualquer prova, para subsidiar uma futura
14156
DA
acusação. Ou seja, é uma investigação prévia, realizada de maneira muito ampla e genérica para buscar
ZA
evidências sobre a prática de futuros crimes. Como consequência, não pode ser aceita no ordenamento
OU
jurídico brasileiro, sob pena de malferimento das balizas de um processo penal democrático de índole
LL
Constitucional.” (MELO E SILVA, Philipe Benoni. Fishing Expedition: a pesca predatória por provas por parte
ZE
Nas palavras do Min. Gilmar Mendes, a prática da fishing expedition consiste em “investigações genéricas
04
70
para buscar elementos incriminatórios aleatoriamente, sem qualquer embasamento prévio” (HC 163461).
158
78
STJ. 5ª Turma. AgRg no RMS 62.562-MT, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador
PR
07/12/2021.
D
ZA
OU
128
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Além de violar prerrogativas da advocacia, a deflagração de amplas, inespecíficas e
A
UZ
14156
desarrazoadas medidas de busca e apreensão em desfavor de advogados pode
LO
evidenciar a prática de “fishing expedition”. STF. 2ª Turma. Rcl 43479/RJ, Rel. Min.
EL
Gilmar Mendes, julgado em 10/8/2021 (Info 1025).
IZ
GE
Jurisprudências importantes sobre busca e apreensão:
04
70
58
O MP pode escolher quais elementos obtidos na busca e apreensão serão utilizados
81
pela acusação; no entanto, o material restante deve permanecer à livre consulta do
7
95
acusado, para o exercício de suas faculdades defensivas. Realizada a busca e
A
apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência ficar adstrito aos
CC
elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa
ZA
acesso à integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial. STJ. 6ª
S
TE
Turma. RHC 114683/RJ, Rel. Rogério Schietti Cruz, julgado em 13/04/2021 (Info 692).
ES
PR
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal pode ser decretada por juízo de 1ª
LL
no Congresso Nacional. STF. Plenário. Rcl 25537/DF e AC 4297/DF, Rel. Min. Edson
A
129
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
Busca e apreensão ordenada contra o marido da Senadora, mas cujo cumprimento
A
UZ
ocorreu no imóvel funcional onde
14156 ambos residem: deve-se observar as regras de foro
LO
privativo. Paulo Bernardo era investigado e o juiz de 1º grau determinou, contra ele,
EL
busca e apreensão. Ocorre que Paulo Bernardo residia com a sua esposa, a Senadora
IZ
Gleisi Hoffmann, em um imóvel funcional cedido pelo Senado. Desse modo, a busca e
GE
apreensão foi realizada neste imóvel funcional. O STF entendeu que esta prova foi ilícita
04
(art. 5º, LVI, da CF/88) e determinou a sua inutilização e o desentranhamento dos autos
70
58
de todas as provas obtidas por meio da referida diligência. O Supremo entendeu que a
81
ordem judicial de busca e apreensão foi ampla e vaga, sem prévia individualização dos
7
95
bens que seriam de titularidade da Senadora e daqueles que pertenciam ao seu marido.
A
Diante disso, o STF entendeu que o juiz, ao dar essa ordem genérica, acabou por
CC
também determinar medida de investigação contra a própria Senadora. Logo, como ela
ZA
tinha foro por prerrogativa de função no STF (art. 102, I, “b”, da CF/88), somente o
S
TE
federal. Isso significa que o juiz de 1ª instância usurpou uma competência que era do
PR
STF. Reconheceu, por conseguinte, a ilicitude da prova obtida (art. 5º, LVI, da CF/88) e
14156
DA
de outras diretamente dela derivadas. STF. 2ª Turma. Rcl 24473/DF, Rel. Min. Dias
ZA
Policiais militares podem cumprir mandado de busca e apreensão? Embora não seja
ZE
atividade típica da Polícia Militar, não consiste em ilegalidade - muito menos nulidade
EI
à Polícia Federal e à Polícia Civil, com exclusividade, unicamente o exercício das funções
04
70
de polícia judiciária (art. 144 da CF/88). Tal exclusividade não se estende à atividade de
58
polícia investigativa. STF. 2ª Turma. RE 404593, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em
1
78
18/08/2009. STJ. RHC 66.450/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
95
22/09/2016.
A
CC
justificar o motivo de tal conduta. STJ. 6ª Turma. RHC 142.250-RS, Rel. Min. Sebastião
PR
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L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
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PROVAS
PR
DA
A indução do morador a erro na autorização do ingresso em domicílio macula a
A
UZ
validade da manifestação de vontade e, por consequência, contamina toda a busca e
LO
apreensão. (HC 674.139/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
EL
julgado em 15/02/2022, DJe 24/02/2022).
IZ
GE
CAIU EM PROVA:
04
70
58
(Delegado do Estado do Rio de Janeiro 2022): De acordo com o entendimento dos tribunais superiores, é lícita
81
a prova obtida:
7
95
a) em revista 14156
pessoal feita por agentes de segurança privada que trabalham em estação de metrô.
A
b) por busca e apreensão de documento no interior de veículo automotor utilizado para passeio, sem prévia
CC
autorização judicial.
ZA
c) pela polícia, por meio da extração de conversas do celular apreendido do preso no momento do flagrante,
S
TE
d) por meio de revista íntima realizada em visitante de estabelecimento prisional, ainda que motivada por
PR
denúncia anônima.
14156
DA
e) por meio de abertura de cartas, correspondências ou qualquer encomenda postada nos Correios.
ZA
Gabarito: letra b.
OU
LL
Não é possível aplicar multa contra o WhatsApp pelo fato de a empresa não conseguir
G
04
criptografia de ponta a ponta. Caso concreto: o juiz expediu ordem para que o
58
crimes. O WhatsApp respondeu que não consegue cumprir a determinação judicial por
A
CC
impedimentos de ordem técnica. Isso porque as mensagens trocadas via aplicativo são
ZA
131
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GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
14156
que, em uma sociedade democrática, são essenciais para a vida pública. A criptografia
A
UZ
protege os direitos dos usuários da internet, garantindo a privacidade de suas
LO
comunicações. Logo, é do interesse do Estado brasileiro encorajar as empresas e as
EL
pessoas a utilizarem a criptografia e manter o ambiente digital com a maior segurança
IZ
possível para os usuários. Existe, contudo, uma ponderação a ser feita: em alguns casos
GE
a criptografia é utilizada para acobertar a prática de crimes, como, por exemplo, os
04
casos de pornografia infantil e de condutas antidemocráticas, como manifestações
70
58
xenófobas, racistas e intolerantes, que ameaçam o Estado de Direito.
81
7
95
A partir daí, indaga-se: o risco à segurança pública representado pelo uso da
A
criptografia justifica restringir ou proibir a sua adoção pelas empresas? O tema está
CC
sendo apreciado pelo STF na ADPF 403 e na ADI 5527, que foi iniciado com os votos dos
ZA
Ministros Edson Fachin e Rosa Weber, tendo sido suspenso em razão de pedido de
S
TE
vista. Apesar de o julgamento dessas ações constitucionais ainda não ter sido
ES
tecnologia. Diante disso, o recurso foi provido para afastar a multa aplicada pelo
G
60531-RO, Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. Acd. Min. Ribeiro Dantas, julgado em
1
78
Para o acesso a dados telemáticos não é necessário a delimitação temporal para fins
CC
acessos requeridos pelo Ministério Público, por se tratar de dados estáticos, constantes
S
TE
nas plataformas de dados. Apesar de o art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil
ES
inaplicável nos casos de dados já armazenados que devem ser obtidos para fins de
D
ZA
OU
132
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GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
investigações criminais. STJ. 6ª Turma. HC 587732-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
A
UZ
em 20/10/2020 (Info 682).
LO
EL
Explicação Dizer o Direito:
IZ
Não é necessário especificar a limitação temporal para os acessos requeridos pelo
GE
14156
04
dados.
70
58
Apesar de o art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) determinar
81
que a requisição judicial de registro deve conter o período ao qual se referem, tal
7
95
quesito só é necessário para o fluxo de comunicações, sendo inaplicável nos casos de
A
dados já armazenados que devem ser obtidos para fins de investigações criminais.
CC
No caso, não se trata de guarda e disponibilização dos registros de conexão e de
ZA
acesso a aplicações de internet, e, acaso fosse, a autoridade policial ou o Ministério
S
TE
É lícito o compartilhamento promovido pela Receita Federal dos dados bancários por
OU
ela obtidos a partir de permissivo legal, com a Polícia e com o Ministério Público, ao
LL
de infração penal. STF. 1ª Turma. RE 1043002 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado
EI
em 01/12/2017. STF. 2ª Turma. RHC 121429/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em
G
04
19/4/2016 (Info 822). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1601127-SP, Rel. Min. Ribeiro
70
Dantas, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, julgado em 20/09/2018 (Info 634). STJ. 6ª Turma.
58
HC 422473-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2018 (Info 623).
1
78
95
Público. STJ. 3ª Seção. RHC 83.233-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
ZA
identificar indícios de crime e comunicar suas suspeitas aos órgãos de investigação para
PR
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L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
TE
ES
PROVAS
PR
DA
solicitar ao COAF ou à Receita Federal informações financeiras sigilosas detalhadas
A
UZ
sobre determinada pessoa, física ou jurídica, sem a prévia autorização judicial.
LO
EL
É lícito o compartilhamento de dados bancários feito por órgão de investigação do
IZ
país estrangeiro para a polícia brasileira, mesmo que, no Estado de origem, essas
GE
informações não tenham sido obtidas com autorização judicial, já que isso não é
04
exigido naquele país Respeitadas as garantias processuais do investigado, não há
70
58
prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem a participação das
81
autoridades centrais. A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção somente poderia
7
95
ser pronunciada se o réu demonstrasse alguma violação de suas garantias ou das
A
específicas regras de produção probatória. STJ. 5ª Turma. AREsp 701.833/SP, Rel. Min.
CC
Ribeiro Dantas, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
ZA
S
TE
A perícia realizada por perito papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita
ES
nem deve ser excluída do processo. O exame de corpo de delito deve ser realizado por
PR
perito oficial (art. 159 do CPP). Do ponto de vista estritamente formal, o perito
14156
DA
peritos oficiais de natureza criminal. Apesar disso, a perícia realizada por perito
OU
papiloscopista não pode ser considerada prova ilícita nem deve ser excluída do
LL
com diversas atribuições legais, sendo considerados órgão auxiliar da Justiça. Não deve
EI
ser mantida decisão que determinava que, quando o réu fosse levado ao Plenário do
G
realizaram o laudo pericial – não são peritos oficiais. Esse esclarecimento retiraria a
58
pelo juiz, no sentido de que o laudo não é oficial equivale a tachar de ilícita a prova nele
95
STF. 1ª Turma. HC 174400 AgR/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min.
ZA
Não há14156
violação da SV 14 se os elementos de prova estão disponíveis nos autos para
PR
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CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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deflagrada a investigação. Súmula vinculante 14-STF: É direito do defensor, no
A
UZ
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
LO
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência
EL
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. Caso concreto:
IZ
14156
defesa ingressou com reclamação no STF alegando que o magistrado não permitiu que
GE
ela tivesse acesso ao procedimento de interceptação telefônica que serviu de base ao
04
oferecimento da denúncia. Ficou provado, no entanto, que o procedimento estava
70
58
disponível para a defesa, de forma que não houve violação à SV 14. STF. 1ª Turma. Rcl
81
27919 AgR/GO, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 27/8/2019 (Info 949).
7
95
A
Não se admite condenação baseada exclusivamente em declarações informais
CC
prestadas a policiais no momento da prisão em flagrante. A CF/88 determina que as
ZA
autoridades estatais informem os presos que eles possuem o direito de permanecer
S
TE
em silêncio (art. 5º, LXIII). Esse alerta sobre o direito ao silêncio deve ser feito não
ES
apenas pelo Delegado, durante o interrogatório formal, mas também pelos policiais
PR
responsáveis pela voz de prisão em flagrante. Isso porque a todos os órgãos estatais
14156
DA
ao direito ao silêncio torna ilícita a prova obtida a partir dessa confissão. STF. 2ª Turma.
OU
RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/5/2021 (Info 1016).
LL
ZE
ou registros de conexão por prazo superior ao legal, feito por autoridade policial,
G
superveniente. STJ. 6ª Turma. HC 545.097-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado
D
ZA
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CC
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S
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PROVAS
PR
ADA
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LO
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ
EL
EDIÇÃO N. 105: PROVAS NO PROCESSO PENAL - I
IZ
GE
1) As provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e reexaminadas na
04
instrução criminal, com observância do contraditório e da ampla defesa, não violam o
70
58
art. 155 do Código de Processo Penal - CPP visto que eventuais irregularidades
81
ocorridas no inquérito policial não contaminam a ação penal dele decorrente.
7
95
A
2) Perícias e documentos produzidos na fase inquisitorial são revestidos de eficácia
CC
probatória sem a necessidade de serem repetidos no curso da ação penal por se
sujeitarem ao contraditório diferido. ZA
S
TE
ES
Tese mitigada: “2. A Terceira Seção desta Corte, flexibilizando o disposto no verbete
OU
sumular n. 455 do STJ, tem entendido que a fundamentação da decisão que determina
LL
não havendo outros meios de prova disponíveis, as testemunhas, pela natureza de sua
EI
atuação profissional, marcada pelo contato diário com os fatos criminosos que
G
apresentam semelhanças em sua dinâmica, devem ser ouvidas com a possível urgência
04
70
(...) 3. No caso concreto, a única testemunha de acusação ouvida (um Agente Fiscal de
58
Rendas) exerce profissão que lida cotidianamente com uma série de fatos tributários
1
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memória, o que justifica a sua oitiva com urgência. (...) (STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC
A
oferecimento da denúncia.
AD
ZA
OU
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5) A incidência da qualificadora rompimento de obstáculo, prevista no art. 155, § 4º, I,
A
UZ
do Código Penal, está condicionada à comprovação por laudo pericial, salvo em caso
LO
de desaparecimento dos vestígios, quando a prova testemunhal, a confissão do
EL
acusado ou o exame indireto poderão lhe suprir a falta.
IZ
GE
6) É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por policiais
04
envolvidos em ação investigativa ou responsáveis por prisão em flagrante, quando
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58
estiver em harmonia com as demais provas dos autos e for colhido sob o crivo do
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contraditório e da ampla defesa.
7
95
A
7) O reconhecimento fotográfico do réu, quando ratificado em juízo, sob a garantia do
CC
contraditório e ampla defesa, pode servir como meio idôneo de prova para
fundamentar a condenação. ZA
S
TE
prova apenas inicial e deve ser ratificado por reconhecimento presencial, assim que
PR
14156
maus antecedentes e a reincidência, não sendo necessária a apresentação de certidão
1
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cartorária.
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A
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EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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PROVAS
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ADA
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1) É possível o arrolamento de testemunhas pelo assistente de acusação (art. 271 do
LO
Código de Processo Penal), desde que respeitado o limite de 5 (cinco) pessoas, previsto
EL
no art. 422 do CPP.
IZ
GE
2) O réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por sistema de videoconferência,
04
audiência de inquirição de testemunhas realizada, presencialmente, perante o Juízo
70
58
natural da causa, por ausência de previsão legal, regulamentar e principiológica.
81
7
95
3) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da vítima possui
A
especial relevância, desde que esteja em consonância com as demais provas acostadas
CC
aos autos.
ZA
S
TE
CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são policiais, tendo em vista a relevante
ZE
14156
marcada pelo contato diário com fatos criminosos.
G
04
70
7) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular,
A
medida.
AD
ZA
OU
138
L
EL
IZ
GE
CC
ZA
DIREITO PROCESSUAL PENAL
S
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9) É necessária a realização do exame de corpo de delito para comprovação da
A
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materialidade do crime quando a conduta deixar vestígios, entretanto, o laudo pericial
LO
será substituído por outros elementos de prova na hipótese em que as evidências
EL
tenham desaparecido ou que o lugar se tenha tornado impróprio ou, ainda, quando as
IZ
circunstâncias do crime não permitirem a análise técnica.
GE
04
10) O laudo toxicológico definitivo é imprescindível para a configuração do crime de
70
58
tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de se ter por incerta a materialidade do delito
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e, por conseguinte, ensejar a absolvição do acusado.
7
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A
11) É possível, em situações excepcionais, a comprovação da materialidade do crime
CC
de tráfico de drogas pelo laudo de constatação provisório, desde que esteja dotado de
ZA
certeza idêntica à do laudo definitivo e que tenha sido elaborado por perito oficial, em
S
TE
causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º-A, I, do Código Penal, quando
ZA
14156
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