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Inquérito Policial

Natureza Jurídica
Procedimento administrativo (peça informativa, preparatória da ação penal)

Finalidade
Colher elementos de informação a respeito da autoria, materialidade e
circunstâncias do crime para subsidiar a opinio delicti

Destinatário
Ministério Público (titular da ação penal pública) ou ofendido (titular da ação
penal de iniciativa privada)
Inquérito Policial
Valor probatório

O valor probatório do inquérito policial é relativo!

Os elementos produzidos na fase inquisitorial não estão sujeitos ao contraditório e à


ampla defesa.
Inquérito Policial

Instaurado pela autoridade policial

Presidido pela autoridade policial


Inquérito Policial

Ministério Público pode presidir inquérito policial?


Não

Ministério Público pode investigar infração penal?


Sim. RE 593.727/MG, 14/05/2015 – Poderes implícitos (titular da ação penal)
Quem pode investigar?

-Ministério Público (PIC – Procedimento de Investigação Criminal)

-Detetive particular (Lei 13.432/17)

-Comissões parlamentares de inquérito (inquéritos parlamentares)

-Inquérito Policial Militar – crimes militares

-Polícias legislativas Câmara dos Deputados e Senado Federal (Súmula 397, STF:
O Poder de Polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de
crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a
prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.)
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - PC-AL - Delegado de Polícia Civil) No que se refere à
legislação processual e à jurisprudência pátrias, julgue o item subsequente.

O fato de o inquérito policial ser instaurado por promotor de justiça não impede
que o delegado dê prosseguimento ao procedimento e seja eventualmente
apontado como autoridade coatora na hipótese de impetração de habeas
corpus.
Características do IP
1) Escrito

Art. 9o, CPP – “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.”
Características do IP
2) Dispensável

Art. 27, CPP. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do


Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por
escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os
elementos de convicção.

Art. 12, CPP. ”O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre


que servir de base a uma ou outra”.
Características do IP
3) Sigiloso

Art. 20. “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação


do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.”

Súmula Vinculante 14. É direito do defensor, no interesse do representado, ter


acesso aos elementos da prova que já documentados em procedimentos
investigatórios realizados por órgão competente da policia judiciária, digam
respeito ao exercício do direito de defesa.
Lei 13.869/19

Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa,
assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas
a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo
sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Atenção!

O advogado/defensor precisa de procuração para ter acesso aos autos do


inquérito policial?

Não, qualquer advogado/defensor tem direito a ter acesso a autos de inquérito


policial.
A exceção fica por conta de inquéritos policiais que corram em segredo de justiça
ou atos investigatórios que contenham informações sigilosas.
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-BA - Promotor de Justiça) Acerca dos sistemas de investigação criminal e do inquérito policial,
julgue os próximos itens.
I. Após a conclusão de seus trabalhos, as comissões parlamentares de inquérito (CPI) têm competência para, se for o caso, promover
a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
II. É defeso ao Ministério Público realizar diretamente a investigação de crimes, porquanto inexiste no texto constitucional expressa
atribuição dessa função ao parquet.
III. O direito do defensor, no interesse do representado, de ter acesso amplo aos elementos de prova que digam respeito ao exercício
do direito de defesa abrange diligências ainda em andamento e elementos ainda não documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária.
IV. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), é cabível a anulação de processo penal em razão de eventuais
irregularidades verificadas em inquérito policial, uma vez que as nulidades processuais não têm relação somente com os defeitos de
ordem jurídica pelos quais tenham sido afetados os atos praticados ao longo da ação penal condenatória.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas os itens l e Il estão certos.
c) Apenas os itens l e IV estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Apenas os itens III e IV estão certos.
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-BA - Promotor de Justiça)
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas os itens l e Il estão certos.
c) Apenas os itens l e IV estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Apenas os itens III e IV estão certos.
4) Discricionário
Características do IP

Arts. 6º e 7º, CPP - rol exemplificativo de diligências que podem ser


realizadas/determinadas pela autoridade policial

Art. 14, CPP – “O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão


requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.”

Art. 2º §2º, Lei 12.830/13 – “Durante a investigação criminal, cabe ao delegado


de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que
interessem à apuração dos fatos.”
Características do IP
4) Discricionário

Apesar do IP possuir a característica da discricionariedade, esta não é absoluta:

CPP, Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade
policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não for necessária ao
esclarecimento da verdade.
Características do IP
5) Inquisitorial / inquisitivo

Natureza Jurídica do IP – Procedimento de natureza administrativa


Código de Processo Penal
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144
da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação
de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir
defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Código de Processo Penal
Art. 14-A. (...)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até
48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de defensor
pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a
que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do investigado.
(...)
Condução coercitiva

CPP, Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,


reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença.
Condução coercitiva
STF – ADPFs 395/DF e 444/DF, julgadas em 14/06/2018
Presunção de não culpabilidade. A condução coercitiva representa restrição
temporária da liberdade de locomoção mediante condução sob custódia por forças
policiais, em vias públicas, não sendo tratamento normalmente aplicado a pessoas
inocentes. Violação.
Dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88). O indivíduo deve ser reconhecido
como um membro da sociedade dotado de valor intrínseco, em condições de
igualdade e com direitos iguais. Tornar o ser humano mero objeto no Estado,
consequentemente, contraria a dignidade humana (...).
Liberdade de locomoção. A condução coercitiva representa uma supressão absoluta,
ainda que temporária, da liberdade de locomoção. Há uma clara interferência na
liberdade de locomoção, ainda que por período breve.
Condução coercitiva
STF – ADPFs 395/DF e 444/DF, julgadas em 14/06/2018 (cont.)
A legislação prevê o direito de ausência do investigado ou acusado ao interrogatório.
O direito de ausência, por sua vez, afasta a possibilidade de condução coercitiva.
Arguição julgada procedente, para declarar a incompatibilidade com a Constituição
Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, tendo
em vista que o imputado não é legalmente obrigado a participar do ato, e pronunciar
a não recepção da expressão “para o interrogatório”, constante do art. 260 do CPP.
Condução coercitiva

Situações que não admitem a condução coercitiva do indiciado/réu:


1. Interrogatório
2. Declarações perante CPI
3. Comparecimento à audiência de instrução e julgamento
4. Reconstituição simulada dos fatos
5. Fornecimento de material para perícia criminal
6. Participação de acareação
Condução coercitiva

Situações que admitem a condução coercitiva do indiciado/réu:


1. Reconhecimento pessoal
2. Identificação criminal (Lei 12.037/09, art. 3º)
Condução coercitiva
Pessoas que podem sofrer condução coercitiva:
1. Indiciado/réu, quando não presente o nemo tenetur se detegere
2. Ofendido (art. 201, §1º, CPP)
3. Testemunhas (art. 218, CPP)
4. Perito (art. 278, CPP)

Necessária prévia intimação!


Condução coercitiva
Consequências para quem realiza a condução coercitiva de pessoas
indevidamente:
Responsabilidade disciplinar, civil e penal* do agente ou da autoridade
Ilicitude das provas obtidas
Responsabilidade civil do Estado

* Lei 13.869/19: Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado


manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena -
detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - PC-AL - Delegado de Polícia Civil) Ainda acerca do
processo penal brasileiro, julgue o item que se segue.

Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a regra


estabelecida pelo Código de Processo Penal segundo a qual é possível condução
coercitiva de vítimas durante o inquérito policial.
Características do IP
6) Indisponível

Art. 17, CPP. “A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de
inquérito.”
O inquérito policial pode ser arquivado?
SIM.

Quem tem competência para arquivar o inquérito policial?


O Ministério Público.

O juiz pode discordar do requerimento de arquivamento do inquérito policial?


Não.
Código de Processo Penal
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os
autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma
da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento
do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser
provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
Código de Processo Penal

Antiga redação:
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia,
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-
la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz
obrigado a atender.
Uma vez arquivado o IP, é possível desarquivá-lo?

Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Súmula 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a


requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem
novas provas.
Motivo do Arquivamento do É possível desarquivar o Inquérito Policial?
Inquérito Policial

Insuficiência de provas Sim

Ausência de justa causa Sim

Atipicidade do fato Não


Não. Todavia há uma exceção: certidão de óbito
Causa extintiva da punibilidade falsa. Neste caso é possível desarquivar.
Não
Causa extintiva da culpabilidade

STJ: Não
Causa excludente da ilicitude STF: Sim
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - PO-AL – Papiloscopista) Quanto ao inquérito policial
e à ação penal, julgue o item a seguir.

O arquivamento do inquérito policial por atipicidade da conduta faz coisa


julgada formal, o que permite a reabertura de investigações pela autoridade
policial em determinadas situações.
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Escrivão de Polícia) Assinale a opção correta a respeito do
arquivamento do inquérito policial.
a) É possível a reabertura das investigações na hipótese de surgimento de novas provas, caso o inquérito
policial tenha sido arquivado por determinação judicial em razão da atipicidade do fato.
b) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o arquivamento de inquérito em virtude da
prática de conduta acobertada pelo estrito cumprimento do dever legal obsta seu desarquivamento
caso surjam novas provas sobre a excludente de ilicitude.
c) O arquivamento de inquérito fundamentado na morte do agente faz coisa julgada material, ainda que
se reconheça a falsidade da certidão de óbito apresentada.
d) Ocorre arquivamento implícito quando o órgão de acusação, ao oferecer a denúncia, deixa de se
manifestar sobre fato ou pessoa objeto da investigação, não se admitindo a propositura de nova ação
penal posteriormente.
e) O arquivamento determinado por decisão de juiz absolutamente incompetente pode fazer coisa
julgada material, a depender do fundamento utilizado, o que impede a instauração de outra apuração
sobre o mesmo episódio.
(FGV - 2022 - TJ-GO - Juiz Leigo) O Ministério Público requereu, dentro do prazo legal, o
arquivamento do inquérito policial, e o juiz considerou improcedentes as razões por
aquele invocadas, remetendo os autos ao procurador-geral de Justiça. Se este insistir
no arquivamento:
a) poderá o ofendido ajuizar ação privada subsidiária;
b) poderá o juiz desarquivar o inquérito policial de ofício;
c) estará o juiz obrigado a atender à determinação de arquivamento do inquérito
policial;
d) poderá o juiz remeter os autos a outro membro do Ministério Público para
oferecimento de denúncia;
e) deverá o juiz devolver os autos à autoridade policial, a fim de que esta realize as
diligências imprescindíveis ao exercício da ação penal.
(CESPE / CEBRASPE - 2022 - PC-PB - Perito Oficial Químico Legal) O arquivamento
de inquérito poderá ser feito
a) pelo juiz, a pedido da autoridade policial.
b) pelo juiz, apenas a requerimento do Ministério Público.
c) pela autoridade policial, pelo Ministério Público e pelo juiz.
d) pela autoridade policial, de ofício ou a pedido da vítima.
e) pelo juiz, de ofício, e a requerimento do Ministério Público.
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - MPE-SC - Promotor de Justiça) No que concerne ao
juiz de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a
seguir.

Segundo o entendimento do STF, o arquivamento do inquérito pelo Poder


Judiciário sem prévio requerimento do titular da ação penal concretiza poder-
dever do magistrado, que, na fase pré-processual da persecução penal, atua
como juiz de garantias.
(INSTITUTO AOCP - 2023 - MPE-RR - Promotor de Justiça) No que concerne ao juiz
de garantias, à ação penal, à jurisdição e à competência, julgue o item a seguir.

Discordando das razões invocadas pelo Ministério Público, o Juiz de Direito


poderá indeferir a promoção de arquivamento do inquérito policial, remetendo
os autos ao Procurador-geral de Justiça.
(INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil) Acerca das modificações introduzidas
pelo chamado “pacote anticrime” ao Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta.
a) O processo penal terá estrutura inquisitória, vedadas a iniciativa do juiz na fase instrutória
judicial e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
b) Em todos os casos em que policiais civis ou militares forem investigados, deverão ser citados
da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até
quarenta e oito horas a contar do recebimento da citação.
c) Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da
mesma natureza, o órgão do Ministério Público deverá impor sigilo ao procedimento.
d) O inquérito policial terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
e) Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito
policial, poderá, no prazo de trinta dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria
à revisão da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
orgânica.
Características do IP
7) Oficial

A apuração de crimes e a persecução penal é responsabilidade e dever do Estado.


O Inquérito Policial é presidido pela autoridade policial que é uma autoridade pública.
8) Oficioso
Características do IP
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1º O requerimento a que se refere o nº II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou
de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2º Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para
o chefe de Polícia.
Características do IP
Art. 5o (...)
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-
la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,
não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder
a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Formas de instauração do inquérito policial
Crimes de ação penal pública incondicionada
Instauração de ofício (art. 5º, CPP)
Instauração mediante requisição do juiz ou do Ministério Público (art. 5º,
CPP)
Instauração mediante requerimento do ofendido (art. 5º, CPP)

Crimes de ação penal pública condicionada


À requisição do Ministro da Justiça (art. 24, CPP)
À representação da vítima (art. 5º, §4º, CPP)

Crimes de ação penal de iniciativa privada


Instauração mediante requerimento da vítima (art. 5º, §5º, CPP)
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-CE - Técnico Judiciário - Área: Judiciária) Acerca do
inquérito policial, assinale a opção correta.
a) As diligências requeridas pelo ofendido no curso do inqérito policial deverão ser
realizadas pela autoridade policial.
b) Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, não
acompanharão os autos do inquérito.
c) Nos crimes de ação privada, a lei permite que autoridade policial instaure inquérito
policial ainda que não haja o requerimento ofendido.
d) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito não é cabível
recurso.
e) Nos crimes em que a ação pública depender de representação o inquérito não
poderá sem ela ser iniciado.
(Quadrix - 2023 - CRM - MG – Advogado) De acordo com as disposições do Código de Processo
Penal sobre o inquérito policial, assinale a alternativa correta.
a) A polícia legislativa será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais de sua autoria.
b) Nos crimes de ação pública, o inquérito policial somente será iniciado mediante requisição
da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de
quem tiver qualidade para representá-lo.
c) Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito, caberá recurso para o
juiz competente.
d) Para verificar a possibilidade de a infração haver sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, ainda que esta
contrarie a moralidade ou a ordem pública.
e) O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial,
senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
Notitia criminis
Notitia criminis de cognição imediata (direta ou espontânea)

Notitia criminis de cognição mediata (indireta ou provocada)

Notitia criminis de cognição coercitiva

Notitia criminis inqualificada


Notitia criminis inqualificada
1º) Recebimento da notitia criminis inqualificada;

2º) Verificação de procedência das informações (VPI) – análise da


verossimilhança dos fatos denunciados – art. 5º, § 3º ,CPP

3º) Instauração de Inquérito Policial

4º) Representação por medidas cautelares


Jurisprudência
Denúncia anônima pode dar ensejo a entrada dos policiais em residência a fim de
proceder a buscas?
Em regra, não.
Excepcionalmente, entretanto, é possível se a denúncia anônima for rica em
detalhes e estiver presente fundada suspeita de que há situação flagrancial em
curso.
AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME DE TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. CONDENAÇÃO RATIFICADA EM SEDE DE
APELAÇÃO. NULIDADE. ALEGADA ILICITUDE DAS PROVAS. VIOLAÇÃO DE DOMICÍLIO. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE FUNDADAS
RAZÕES. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. Como é de conhecimento, o Supremo Tribunal Federal definiu, em repercussão geral, que o ingresso forçado em domicílio sem
mandado judicial apenas se revela legítimo - a qualquer hora do dia, inclusive durante o período noturno - quando amparado em
fundadas razões, devidamente justificadas pelas circunstâncias do caso concreto, que indiquem estar ocorrendo, no interior da casa,
situação de flagrante delito (RE n. 603.616, Relator Ministro GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 5/11/2015, Repercussão Geral
- Dje 9/5/1016 Public. 10/5/2016).
2. (...) Ou seja, somente quando o contexto fático anterior à invasão permitir a conclusão acerca da ocorrência de crime no
interior da residência é que se mostra possível sacrificar o direito à inviolabilidade do domicílio. 3. (...)
4. Na hipótese, o contexto fático delineado nos autos evidenciou existirem fundadas suspeitas para que a autoridade policial
realizasse a vistoria no imóvel, tendo em vista a denúncia anônima que havia indicado, com precisão e riqueza de detalhes, o
endereço em que estariam sendo comercializados os entorpecentes, aliada ao fato de que os policiais civis, do lado de fora da
casa, chamaram o nome de um dos agravantes, o qual saiu no corredor e, ao perceber a presença policial, gritou as seguintes
palavras: "Molhou! Molhou! Joga fora". Diante da fundada suspeita, os policiais adentraram ao imóvel e surpreenderam o agravante
Felipe, no banheiro, quando dispensava parte da droga no vaso sanitário, e localizaram o agravante Marcos, no último quarto do
imóvel, no qual havia mais drogas e petrechos usados no fracionamento e embalo de entorpecentes. Havia, portanto, elementos
objetivos e racionais que justificaram o ingresso da polícia em domicílio alheio, sem autorização judicial, oportunidade na qual foram
encontradas 90 porções de crack e 226 porções de cocaína. 5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(STJ. AgRg no HC 741190/SP. Julgado em 24/05/2022).
Delatio criminis

CPP. Art. 5º, § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência
de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das
informações, mandará instaurar inquérito.
Delatio criminis

Delatio criminis simples


Ocorre quando qualquer do povo comunica à autoridade policial a prática de
uma infração penal. (art. 5º, §3º, CPP)

Delatio criminis postulatória


Ocorre quando a vítima oferece representação criminal, solicitando
providências à autoridade policial. É uma das formas de notitia criminis
mediata.
Inquérito Policial

É scrito
I nquisitivo e Indisponível
D ispensável e Discricionário
O ficial
S igiloso
O ficioso
INDICIAMENTO
Conceito: Ato fundamentado de atribuir a prática de infração penal (contravenção
penal ou crime) a uma pessoa determinada.
Elementos (pressupostos): Autoria, materialidade e circunstâncias.
Quem pode indiciar?
Quando ocorre o indiciamento?
É possível indiciamento no auto de prisão em flagrante?
INDICIAMENTO

Lei 12.830/13, Art. 2º, § 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-


á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá
indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
INDICIAMENTO

Impossibilidade de indiciamento durante a ação penal!!


INDICIAMENTO

É possível haver o desindiciamento?


Sim! Em regra, deverá ser feito pelo Delegado.
Excepcionalmente, pode o juiz determinar o desindiciamento em sede de habeas corpus:

“PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. INQUÉRITO POLICIAL. INDICIAMENTO. FALTA DE


ELEMENTOS NECESSÁRIOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADO. O indiciamento
configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos mínimos de
materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de ser
ouvido e de apresentar documentos. Ordem CONCEDIDA em parte, para possibilitar ao
paciente que preste seus esclarecimentos acerca do fato, em termo de declaração; junte
documentos e indique providências no caderno investigatório.” (HC 43599/SP, Dje
04/08/2008)
Prazo e Conclusão do inquérito policial
CPP, Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo
de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará
autos ao juiz competente.
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a
autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Código de Processo Penal

Art. 3º-B (...)


§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar,
uma única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se
ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente
relaxada.
Conclusão do inquérito policial

Ausência de relatório ou de fundamentação deste tem o condão de viciar a


ação penal?

“INQUÉRITO. RELATÓRIO FINAL DO DELEGADO DE POLÍCIA. AUSÊNCIA DE


FUNDAMENTAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O inquérito é peça meramente
informativa, sendo que a ausência de fundamentação do relatório final da
autoridade policial não contamina a ação penal.” (STJ, RESP 1.172.258/RS,
16/10/2012)
Indiciado preso Indiciado solto
Código de Processo Penal 10 dias + 15 dias* 30 dias
Inquérito Policial Federal 15 dias + 15 dias 30 dias
Inquérito Policial Militar 20 dias 40 dias + 20 dias
Crimes contra a economia 10 dias 10 dias
popular
Lei de Drogas (Lei 11.343/06) 30 dias + 30 dias 90 dias + 90 dias
Prisão temporária em crimes 30 dias + 30 dias -
hediondos
Código de Processo Penal
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão
remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de
seu representante legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante
traslado.
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Direito)

Na ação penal privada, concluído o inquérito policial, o delegado de polícia


remeterá os autos ao juízo competente, independentemente de tramitação pelo
órgão ministerial.
Vícios do IP
Eventuais vícios do inquérito policial não atingem a ação penal!

“É assente na jurisprudência desta Corte que eventuais vícios existentes no


inquérito policial, peça meramente informativa, não contaminam a ação penal”
(STF, HC 111094/SC, julgado em 26/06/2012)

“No que se refere aos alegados vícios no inquérito policial, a jurisprudência desta
Superior Corte de Justiça já se firmou no sentido de que eventuais
irregularidades ocorridas na fase inquisitorial não possuem o condão de macular
todo o processo criminal.” (STJ, HC 216201, julgado em 02/08/2012)
É cabível a tramitação direta do inquérito policial entre o Delegado e o
Ministério Público?
“A tramitação direta de inquéritos entre a polícia judiciária e o órgão de persecução
criminal traduz expediente que, longe de violar preceitos constitucionais, atende à
garantia da duração razoável do processo, assegurando célere tramitação, bem como
aos postulados da economia processual e da eficiência. Essa constatação não afasta a
necessidade de observância, no bojo de feitos investigativos, da chamada cláusula de
reserva de jurisdição.
Não se mostra ilegal a portaria que determina o trâmite do inquérito policial
diretamente entre polícia e órgão da acusação, encontrando o ato indicado como coator
fundamento na Resolução n. 63/2009 do Conselho da Justiça Federal.”
(STJ. 5ª Turma. RMS 46.165-SP, julgado em 19/11/2015)
É cabível a tramitação direta do inquérito policial entre o Delegado e o
Ministério Público?
(CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-ES - Analista Judiciário - Especialidade: Direito)
Acerca do inquérito policial e da sua tramitação, julgue os itens que se seguem.

Excetuando-se as situações em que há necessidade de adoção de medidas


constritivas ou acautelatórias, o inquérito policial, na ação penal pública,
tramitará diretamente entre o órgão policial e o Ministério Público.
Código de Processo Penal

Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela


autoridade policial.
Código de Processo Penal

CPP, Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de


despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade
ou a conveniência da investigação o exigir.
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será
decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer hipótese, o
disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
(Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963).

DISPOSITIVO NÃO RECEPCIONADO PELA CF/88


TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
Lei 9.099/95
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará
termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor
do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso
de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
1) STF – Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 3807, julgada em 26/6/2020
De acordo com o STF, o termo circunstanciado de ocorrência representa mero
boletim de ocorrência detalhado e não ato de investigação. E, por não se tratar
de procedimento investigatório, não requer que seja necessariamente lavrado
por Delegado de Polícia.

2) STF – Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 5367, julgada em 11/3/2022


É constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de
termos circunstanciados pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiro Militar.

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