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SUMÁRIO

4. PERSECUÇÃO CRIMINAL 4

4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 4

4.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO) 5

4.3. INQUÉRITO POLICIAL 8


4.3.1. CONCEITO 8
4.3.2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL 12
4.3.3. FUNÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 14
4.3.4. FINALIDADE 16
4.3.5. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVAS 16
4.3.6. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA 18
4.3.7. FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA 19
4.3.8. VALOR PROBATÓRIO E VÍCIOS NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL 21
4.3.9. NATUREZA DO CRIME E ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES 23
4.3.10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL 26
4.3.11. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 41
4.3.12. PEÇAS DE INAUGURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 44
4.3.13. NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS 44
4.3.14. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS 50
4.3.15. RECONSTITUIÇÃO 51
4.3.16. PRAZOS PARA A CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL 52
4.3.16.1. CPP – REGRA GERAL 52
4.3.16.2. JUSTIÇA FEDERAL 52
4.3.16.3. CPM 52
4.3.16.4. LEI DOS CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR 53
4.3.16.5. LEI DOS CRIMES HEDIONDOS E PRISÃO TEMPORÁRIA 53
4.3.16.6. LEI DE DROGAS 53
4.3.18. EXCESSO DE PRAZO 54
4.3.18. RELATÓRIO 57
4.3.19. INDICIAMENTO 57
4.3.20. CONCLUSÃO DAS INVESTIGAÇÕES 61
4.3.21. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL 62
4.3.22. ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL 64

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4.3.23. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL 67

4.4. DE OLHO NAS SÚMULAS 68

4.5. INFORMATIVOS 69

4.6. JÁ CAIU. VAMOS TREINAR? 78

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APRESENTAÇÃO

Esse conteúdo faz parte da apostila de processo penal I do Manual Caseiro, sendo apenas um dos
capítulos abordados na apostila.

O primeiro passo para o sucesso nas provas é, certamente, a ESCOLHA DE UM BOM


MATERIAL.

E o que seria um bom material? Um bom material, meu caro aluno, é aquele que apresenta a
informação segura, de forma OBJETIVA, CONCISA, ATUALIZADA. Um bom material é, além
disso, aquele que busca preencher todas as lacunas do estudo, sem que recorramos a materiais adicionais.
Dessa forma, buscamos reunir todas as informações em um único material: doutrina, lei seca, questões
e jurisprudência.

O nosso material oferta justamente essa proposta, TUDO em UM só lugar.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL I

4. PERSECUÇÃO CRIMINAL

Segundo Távora e Alencar (2016), a persecução criminal para a apuração das infrações penais
e sua respectiva autoria comporta duas fases bem delineadas. A primeira, preliminar, inquisitiva, e
objeto do presente capítulo, é o inquérito policial. A segunda, submissa ao contraditório e à ampla
defesa, é denominada de fase processual. Assim, materializado o dever de punir do Estado com a
ocorrência de um suposto fato delituoso, cabe a ele, Estado, como regra, iniciar a persecutio criminis
para apurar, processar e enfim fazer valer o direito de punir, solucionando as lides e aplicando a lei ao
caso concreto.

Em RESUMO:

Fase Investigação
Investigatória Criminal
Persecução
Penal
Fase Processual
ou Judicial

4.1. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL

A investigação preliminar criminal é o conjunto de diligências preliminares devidamente


formalizadas que, nos limites da lei, se destinam a apurar a existência, materialidade, circunstâncias e
autoria de uma infração penal, coletando provas e elementos de informações que poderão ser utilizadas
na persecução penal. Desta feita é o gênero do qual fazem parte a investigação feita pelo Ministério
Público, comissões parlamentares de inquérito, termo circunstanciado de ocorrência (TCO), dentre
outros instrumentos investigatórios, mas o inquérito policial é sem dúvidas a principal espécie desse
gênero. Contudo, reforçamos, o inquérito policial é uma das espécies de investigações criminais (e não
a única).

Cumpre ainda fazermos uma distinção entre a persecução criminal e a investigação criminal.
Nesse sentido, a persecução criminal pode ser compreendida como atividade do Estado, desde a
investigação até o momento de aplicação ou não do sanção penal. Ou seja, quando surge um ilícito
criminal, surge para o estado o poder/dever em razão do monopólio por ele assumido, de aplicar a

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jurisdição e investigar aquela conduta delitiva, e a partir da colheita de elementos de informação,
eventualmente provocar o aparato jurisdicional por intermédio da propositura de uma ação penal, para
que obedecido devidamente o processo legal, verificar se, na situação concreta, deverá ser aplicada a
sanção penal.

Em RESUMO:

Fase investigatória
(Investigação
preliminar – inquérito
policial)
Persecução Penal
Fase
Judicial/Processual
(Ação Penal)

4.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO)

O termo circunstanciado de ocorrência trata-se de um procedimento simplificado, que não segue


o mesmo rigor do inquérito policial, substituindo este, nas investigações das infrações penais de menor
potencial ofensivo (IMPO). A competência para julgar IMPO é dos Juizados Especiais Criminais, nesse
sentido, a fase preliminar ao procedimento judicial é também disciplinada na Lei 9.099/95, cujo art. 69
dispõe sobre a lavratura do termo circunstanciado e seu encaminhamento imediato ao Juizado,
permitindo que a investigação policial seja concluída de forma mais célere.

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão
em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.

Dessa forma, enquanto o IP está para a investigação dos crimes comuns, o TCO está para a
investigação das infrações de menor potencial ofensivo. Portanto, pode-se dizer que o TCO tem função
de registrar os fatos que, em tese, configuram-se como IMPO. Nele será qualificado o ofendido, o autor
do fato criminoso, descrito o local e as condições em que ocorreu a infração penal e mencionará as
provas existentes, indicando desde já as testemunhas.

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Vale destacar, que nem sempre será utilizado o TCO para a investigação das infrações de menor
potencial ofensivo, conforme esquematizado abaixo:

Inquérito será instaurado mediante portaria, pois não é possível que


AUTORIA IGNORADA
o autor desconhecido compareça ao JECRIM.
Inquérito será instaurado, já que não é possível observar os
COMPLEXIDADE NA
INVESTIGAÇÃO
princípios que regem o procedimento sumaríssimo, quais sejam:
simplicidade, celeridade e informalidade.
Na hipótese de o indivíduo se recusar a comparecer no Jecrim, será
lavrado APF, e não TCO.
RECUSA DE #Atenção: no crime de porte de drogas para uso pessoal (art. 28, Lei 11.
COMPARECER AO 343/06) → ainda que o autor se recuse a comparecer no Jecrim, será
JECRIM lavrado TCO, uma vez que não é possível impor um título prisional àquele
que pratica o crime.

AUTOR NÃO PRESTA O IP será lavrado mediante APF, considerando uma interpretação a
SOCORRO IMEDIATO contrário senso do art. 301.
NOS CRIMES DO CTB Art. 301 . Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte
vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar
pronto e integral socorro àquela.

O art. 69 da Lei nº 9.099/95 fala que o termo circunstanciado é lavrado pela “autoridade
policial”. Quem é considerado “autoridade policial”?

De acordo com o STF, o termo circunstanciado é o instrumento legal que se limita a constatar a
ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo, motivo pelo qual não configura atividade
investigativa e, por via de consequência, NÃO se revela como função privativa de polícia judiciária
Assim, o art. 69 da Lei nº 9.099/95 não se refere exclusivamente à polícia judiciária, englobando também
as demais autoridades legalmente reconhecidas.

Dessa forma, o STF julgou constitucional norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura
de termos circunstanciados pela polícia militar e pelo corpo de bombeiros militar. Além disso, do
ponto de vista formal, de acordo com o art. 24, incisos X e XI, da CF/88 35, o Estado possui competência
para legislar sobre o tema, pois trata-se de assunto cuja competência é concorrente. [STF. Plenário. ADI
5637/MG, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11/3/2022 (Info 1046)].

Ademais, em recente decisão (24/02/2023), o plenário do Supremo Tribunal Federal, por


unanimidade, validou o decreto da Presidência da República que deu competência à Polícia Rodoviária
Federal (PRF) para lavrar termo circunstanciado de ocorrência (TCO) de crime federal de menor
potencial ofensivo. A questão foi objeto de duas ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs 6245 e

35CF/88, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre: (...) X - criação,
funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; XI - procedimentos em matéria processual;

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6264) julgadas na sessão virtual encerrada em 17/2. As duas ações questionavam o artigo 6º do Decreto
10.073/2019, que autorizava a lavratura do termo.

O STF, em uma ação que discutia a inconstitucionalidade dos parágrafos 2º e 3º do art.


48 da Lei 11.343/06, firmou entendimento de que cabe ao magistrado lavrar o TCO no crime de porte
ou posse de droga para uso pessoal, tipificado no art. 28 da Lei 11.343/06 e, somente na sua ausência,
poderá fazê-lo o delegado. O STF entendeu que a lavratura de termo circunstanciado e a requisição de
exames e perícias não são atividades de investigação. [STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia,
julgado em 29/06/2020 (Info 986 – clipping)]

ESQUEMATIZANDO:

AUTORIDADES
COMPETENTES PARA
LAVRAR TCO

POLÍCIA POLÍCIA MAGISTRADO


DELEGADO DE POLÍCIA BOMBEIROS
RODOVIÁRIA RODOVIÁRIA (ART. 28, LEI
POLÍCIA MILITAR MILITARES
FEDERAL ESTADUAL 11.343)

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RO Prova: Delegado de Polícia.
Considerando a doutrina e o entendimento do STF, o termo circunstanciado de ocorrência
A. refere-se a instrumento legal limitado a constatar a ocorrência de crimes de menor potencial ofensivo
e constitui atividade investigativa.
B. constitui instrumento cuja lavratura é função privativa da polícia judiciária.
C. deve ser lavrado em caso de crime que envolva violência doméstica ou familiar contra a mulher com
pena máxima inferior a dois anos.
D. deve ser lavrado em caso de crime de lesão corporal culposa cometido na direção de veículo
automotor em que o agente estava sob a influência de álcool.
E. pode ser lavrado pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar se houver norma estadual
prevendo tal possibilidade.
Gab. E.

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4.3. INQUÉRITO POLICIAL

O prof. Leonardo de Barreto Moreira Alves (2021, pág.89) 36 ressalta a importância do inquérito
policial explicando que “em um Estado Democrático de Direito, no qual vige o princípio da presunção
da inocência e o processo é tido sob uma visão garantista, somente sendo possível a aplicação da pena
se há́ elementos de prova para tanto, surge o inquérito policial como a principal forma de investigação
estatal, tendo como função primordial sustentar e viabilizar o oferecimento da ação penal, garantindo
assim a sua justa causa, no sentido de exigência de um suporte probatório mínimo (indícios suficientes
de autoria e prova da materialidade do delito)”.

4.3.1. CONCEITO

O inquérito policial pode ser conceituado como um procedimento administrativo de natureza


inquisitorial, presidido por autoridade policial, que ostenta como finalidade viabilizar a identificação de
elementos de informação relacionados a autoria e materialidade delitiva, proporcionando ao titular da
ação penal a análise sobre a propositura ou não da ação penal.

Corroborando ao exposto, Távora e Alencar (2020), o inquérito policial deve ser compreendido
como sendo “procedimento administrativo, preliminar, presidido pelo delegado de polícia, no intuito
de identificar o autor do ilícito e os elementos que atestem a sua materialidade (existência),
contribuindo para a formação da opinião delitiva do titular da ação penal, ou seja, fornecendo
elementos para convencer o titular da ação penal se o processo deve ou não ser deflagrado”. Agregue-
se ainda a definição proposta, a característica de que o inquérito policial é um procedimento de cunho
inquisitorial.

Complementando, preceitua Pedro Coelho 37 “o inquérito policial pode ser definido como
procedimento administrativo de caráter preparatório e inquisitorial, presidido exclusivamente pela
autoridade policial, com a finalidade precípua de coletar elementos de informação acerca da autoria
e materialidade de uma infração penal”.

- PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: o que significa que o inquérito policial não é


PROCESSO, mas sim PROCEDIMENTO. Em não se tratando de processo, mas procedimento, na fase
do inquérito policial não há necessidade de observância do contraditório ou da ampla defesa. Nesse
sentido, explica Leonardo de Barreto Moreira Alves (2021, pág.89) 38 “inquérito policial não é um

36 Sinopse para Concursos. Processo Penal Parte Geral, Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, Editora Juspodivm.
37 Dialógos sobre o Processo Penal/ Pedro Coelho – Salvador: Editora JusPodivm, 2020.
38 Sinopse para Concursos. Processo Penal Parte Geral, Leonardo Barreto Moreira Alves, 2021, Editora Juspodivm.

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processo. Por conta disso, não há que se falar, em regra, na existência de contraditório nesta etapa,
vigendo, pois, um sistema inquisitivo, não existindo participação do agente do delito na produção de
provas”.

Os vícios oriundos da fase do inquérito policial não são hábeis a anular posterior processo, salvo
as chamadas provas ilícitas. Assim, em regra, não há que se falar em contaminação e declaração de
nulidade que macule o processo.

PRETENSÃO PUNITIVA
Investigação Preliminar Fase Judicial
NÃO CONTAMINAM o processo penal
Vícios no Inquérito Policial → subsequente.
Exceção: provas ilícitas.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2018 - Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Agente de Polícia Federal.
Depois de adquirir um revólver calibre 38, que sabia ser produto de crime, José passou a portá-lo
municiado, sem autorização e em desacordo com determinação legal. O comportamento suspeito de José
levou-o a ser abordado em operação policial de rotina. Sem a autorização de porte de arma de fogo, José
foi conduzido à delegacia, onde foi instaurado inquérito policial.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item seguinte.
O inquérito instaurado contra José é procedimento de natureza administrativa, cuja finalidade é obter
informações a respeito da autoria e da materialidade do delito.
Gab. CERTO.
Justificativa: O inquérito policial é procedimento administrativo, e não processo. Além disso, possui a finalidade
de colher elementos informativos de autoria e materialidade do delito.

- PROCEDIMENTO PRELIMINAR (preparatório da ação penal): nos termos do art. 12 do


CPP, inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Assim, temos que ele é preparatório da ação penal, na hipótese que servir de base para o ajuizamento
desta. Contudo, cumpre destacarmos que o inquérito policial possui a característica de ser um
procedimento dispensável, o que significa dizer que a ação penal poderá ser proposta sem o IP se já
houverem outros elementos comprobatórios da autoria e materialidade do delito.
Nesse sentido, preceitua Norberto Avena “o inquérito policial não é imprescindível ao
ajuizamento da ação penal. Na medida em que seu conteúdo é meramente informativo, se já dispuserem
o Ministério Público (na ação penal pública) ou o ofendido (na ação penal privada) dos elementos
necessários ao oferecimento da denúncia ou queixa-crime (indícios de autoria e prova da materialidade
do fato), poderá ser dispensado o procedimento policial sem que isto importe qualquer irregularidade
(arts. 39, § 5, e 46, § 1º, do CPP).

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- INQUISITORIAL: não há que se falar em contraditório ou ampla defesa na fase do inquérito
policial.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia.
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias
constitucionais.
No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do
princípio do contraditório, conforme a jurisprudência dominante.
Gab. CERTO.

- PRESIDIDO EXCLUSIVAMENTE PELO DELEGADO DE POLÍCIA: embora a


investigação preliminar não seja exclusiva da autoridade policial, podendo outros órgãos proceder a
investigação, por exemplo, o Ministério Público através do PIC, a presidência do inquérito policial é
atribuição exclusiva do Delegado de Polícia. Somente o Delegado de Polícia tem atribuição para
presidir o inquérito policial. Nesse sentido, explica Norberto Avena “a previsão legal de que incumbe
ao delegado a condução do inquérito policial não implica a proibição de que outros órgãos realizem
investigações criminais, como é o caso do Ministério Público. Destarte, deve a lei ser interpretada no
sentido de que a presidência do inquérito policial é incumbência do delegado, e não que a atividade
investigatória, em qualquer caso, seja exclusividade absoluta da polícia”.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2009 Banca: FUNIVERSA Órgão: PC-DF Prova: Delegado de Polícia. Nos termos da Constituição
Federal, ressalvada a competência da União, incumbem às polícias civis, dirigidas por delegados de
polícia de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Portanto, com as ressalvas constitucionais, cabe à polícia civil conduzir as investigações necessárias,
colhendo provas pré-constituídas e formar o inquérito, que servirá de base de sustentação a uma futura
ação penal. Acerca do tema inquérito policial, e com fundamento na orientação jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa incorreta.
A. Arquivado o inquérito policial por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode
a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
B. Pode o Ministério Público, como titular da ação penal pública, proceder a investigações e presidir o
inquérito policial.
C. Constitui direito do investigado e do respectivo defensor o acesso aos elementos coligidos no
inquérito policial, ainda que este tramite sob segredo de justiça.
D. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
E. O inquérito policial é dispensável, já que o Ministério Público pode embasar seu pedido em peças de
informação que concretizem justa causa para a denúncia.
Gab. B.

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Justificativa: Atenção, a questão pediu a alternativa incorreta. De fato, o MP pode investigar, contudo
a presidência do inquérito policial é exclusiva do Delegado de Polícia, o que torna a assertiva incorreta.

ATRIBUIÇÃO DO DELEGADO DE POLÍCIA: presidência do Inquérito Policial.

Lei nº. 12.830/2013


Art. 2º. As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo
Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
§1º. Ao delegado de polícia, cabe a condução da investigação criminal por meio de
inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo, a
apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

Embora a atribuição da presidência do inquérito policial seja exclusiva da polícia, existem outros
meios de investigação que poderão ser feitos por outro órgão, que não a Polícia Judiciária. (Ex.
Ministério Público realiza PIC - Procedimento Investigatório Criminal).

§2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de


perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.
(Desde que respeitada a Cláusula de Reserva de Jurisdição: por expressa previsão
constitucional, compete exclusivamente aos órgãos do Poder Judiciário, com total
exclusão de qualquer outro órgão estatal, a prática de determinadas restrições a
direitos e garantias individuais).
(...)
§4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente
poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos
procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia das
investigações.

- IDENTIFICAR ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO (autor do ilícito e elementos de


materialidade do delito): o inquérito policial tem a finalidade de colher elementos informativos.

No tocante aos elementos informativos, temos que eles são colhidos na fase do inquérito policial.
Diferentemente das provas, que são colhidas na fase do processo. Nesse momento, não há necessidade
de observância do contraditório e da ampla defesa. Tem por função corroborar na opinio delicti e serem
úteis para a eventual decretação de medidas cautelares.

Candidato, o juiz pode fundamentar sua decisão com base apenas nos elementos
informativos? Nos termos do art. 155 do CPP, não pode ser se for exclusivamente. O JUIZ NÃO PODE
CONDENAR COM BASE APENAS com o que consta no IP, pode utilizá-lo de maneira a complementá-
lo.

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Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?
Ano: 2016 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-GO Prova: Agente de Polícia Substituto.
A respeito do IP e da instrução criminal, assinale a opção correta.
A. O juiz é livre para apreciar as provas e, de acordo com sua convicção íntima, poderá basear a
condenação do réu exclusivamente nos elementos informativos colhidos no IP.
Gab. ERRADO.

Nos termos do art. 155 do Código de Processo Penal, embora o juiz possua liberdade para
apreciar as provas, é necessária a motivação, e não poderá proferir condenação com base
exclusivamente nos chamados “elementos informativos”. Vejamos a legislação:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.

4.3.2. NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL

Candidato, qual a natureza jurídica do Inquérito Policial? A natureza jurídica do inquérito


policial é ser PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO e não processo, desta forma uma eventual
irregularidade não contamina os atos subsequentes, conforme preceitua o STF:

2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal estabelece que a suspeição de autoridade


policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera peça informativa, de
que se serve o Ministério Público para o início da ação penal. Precedentes. 3. É inviável
anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito, pois, segundo
jurisprudência firmada neste Supremo Tribunal, as nulidades processuais concernem tão
somente aos defeitos de ordem jurídica pelos quais afetados os atos praticados ao longo da ação
penal condenatória. Precedentes. (RHC 131450, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda
Turma, julgado em 03/05/2016).

Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág. 252]39:

Diante disso, assevera-se que eventuais vícios existentes no inquérito policial não têm o
condão de contaminar a futura ação penal ajuizada com base nele. Ou seja, diligências

39Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora
JusPodivm,2021.

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investigatórias que sejam colhidas descumprindo a forma prevista no ordenamento jurídico não
repercutem na futura ação penal, não têm como consequência a nulidade do processo.

O inquérito policial é um procedimento administrativo, não se trata de processo judicial, bem


como, de processo administrativo. Em sendo procedimento administrativo, dele não resulta a
imposição direta de uma sanção penal. Conforme apontado acima, uma das consequências da natureza
do Inquérito Policial como sendo procedimento administrativo, é de que os vícios constantes do mesmo
não contaminam o processo penal que der origem, SALVO na hipótese das chamadas provas ilícitas.

Exemplo de irregularidades que não tem o condão de macular a futura ação penal: crimes de
competência da justiça estadual sendo investigado pela Polícia Federal. Nesse caso, haverá mera
irregularidade.

STF:

Não há nulidade na ação penal instaurada a partir de elementos informativos colhidos em


inquérito policial que não deveria ter sido conduzido pela Polícia Federal considerando que
a situação não se enquadrava no art. 1º da Lei
Caso concreto: a Polícia Federal, sob a supervisão do Ministério Público estadual e do Juízo de
Direito, conduziu inquérito policial destinado a apurar crimes de competência da Justiça
Estadual. Entendeu-se que a Polícia Federal não tinha atribuição para apurar tais delitos
considerando que não se enquadravam nas hipóteses do art. 144, § 1º da CF/88 e do art. 1º da
Lei nº 10.446/2002.
A despeito disso, o STF entendeu que não havia nulidade na ação penal instaurada com base nos
elementos informativos colhidos.
O fato de os crimes de competência da Justiça Estadual terem sido investigados pela Polícia
Federal não geram nulidade. Isso porque esse procedimento investigatório, presidido por
autoridade de Polícia Federal, foi supervisionado pelo Juízo estadual (juízo competente) e por
membro do Ministério Público estadual (que tinha a atribuição para a causa).
O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter meramente informativo e
não obrigatório à regular instauração do processo-crime, cuja finalidade consiste em subsidiar
eventual denúncia a ser apresentada pelo Ministério Público, razão pela qual irregularidades
ocorridas não implicam, de regra, nulidade de processo-crime.
O art. 5º, LIII, da Constituição Federal, afirma que “ninguém será processado nem sentenciado
senão pela autoridade competente”. Esse dispositivo contempla o chamado “princípio do juiz
natural”, princípio esse que não se estende para autoridades policiais, considerando que estas não
possuem competência para julgar.
Logo, não é possível anular provas ou processos em tramitação com base no argumento de que
a Polícia Federal não teria atribuição para investigar os crimes apurados.
A desconformidade da atuação da Polícia Federal com as disposições da Lei nº 10.446/2002 e
eventuais abusos cometidos por autoridade policial, embora possam implicar responsabilidade
no âmbito administrativo ou criminal dos agentes, não podem gerar a nulidade do inquérito ou
do processo penal.
STF. 1ª Turma. HC 169348/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

Ainda sobre a não contaminação dos vícios do inquérito policial na ação penal subsequente:

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É incabível a anulação de processo penal em razão de suposta irregularidade verificada em
inquérito policial
A suspeição de autoridade policial não é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera
peça informativa, de que se serve o Ministério Público para o início da ação penal.
Assim, é inviável a anulação do processo penal por alegada irregularidade no inquérito,
pois, segundo jurisprudência firmada no STF, as nulidades processuais estão relacionadas apenas
a defeitos de ordem jurídica pelos quais são afetados os atos praticados ao longo da ação penal
condenatória.
STF. 2ª Turma. RHC 131450/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 3/5/2016 (Info 824).

Por outro lado, podemos apontar como irregularidade na fase do inquérito policial que irá
macular o futuro processo, a confissão do agente na Delegacia obtida mediante tortura dos agentes
públicos. Nesse caso, estamos diante de uma prova ilícita por patente violação a norma de direito
material. Não cabe falarmos em mera irregularidade neste segundo caso.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: Delegado de Polícia Federal.
Julgue o seguinte item, a respeito de suspeição e impedimento no âmbito do processo penal.
O fato de não ser cabível a oposição de exceção de suspeição à autoridade policial na presidência do IP
faz, por consequência, que não sejam cabíveis as hipóteses de suspeição em investigação criminal.

Gab. ERRADO.

Inicialmente, cumpre reafirmarmos que de fato, não é cabível a exceção de suspeição em face da
autoridade policial, nos termos do art. 107 do CPP. Contudo, isso não significa que não seja possível a
alegação de suspeição, inclusive, o CPP declina que esta deverá ser levantada pelo próprio delegado de
polícia, quando ocorrer motivo legal. Nesse sentido, o texto normativo “não se poderá opor suspeição
às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando ocorrer
motivo legal”.

4.3.3. FUNÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

FUNÇÃO PREPARATÓRIA FUNÇÃO PRESERVADORA


O inquérito policial serve para fornecer elementos O inquérito policial inibe ações penais
de informação para que o titular da ação penal temerárias, evitando imputações criminais
forme sua opinio delicti. infundadas.

A função preparatória do inquérito policial, que é a função mais conhecida entre os estudiosos,
revela o lastro probatório mínimo necessário para o ajuizamento da ação penal.

Dessa forma, temos que a finalidade do inquérito policial é colher elementos de informação a
respeito da autoria, materialidade e circunstâncias do crime para subsidiar a opinio delicti. A

14
opinio delicti é a convicção do titular da ação penal de que houve um crime e que um crime foi praticado
por determinada pessoa.

Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte
afirmação: “O inquérito policial é um procedimento preliminar, extrajudicial e preparatório para a ação
penal, sendo por isso considerado como a primeira fase da persecutio criminis; é instaurado pela polícia
judiciária e tem como finalidade a apuração de infração penal e de sua respectiva autoria”.

Vale destacar que o inquérito policial além de ser instrumento unidirecional com função
preparatória (para eventual ação penal), possui uma função preservadora da dignidade da pessoa
humana e do status de inocência (binômio de função preparatória-preservadora).

Conforme ensina o prof. Norberto Avena, a função preservadora do inquérito policial está
relacionada ao intuito de evitar imputações infundadas ou levianas. Tal linha de pensamento, ao fim e
ao cabo, importa em afastar a clássica função unidirecional da investigação criminal, voltada
exclusivamente para a acusação.

O inquérito policial também possui uma função preservadora. Fala-se em função preservadora
pelo fato de que o inquérito serve como instrumento de inibir a instauração de um processo
destituído de elementos de autoria e materialidade, ou seja, um processo temerário.
Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág, 234]40:

Função preservadora: é a função que assegura que o inquérito servira como filtro contra
processos penais temerários, levianos, arbitrários, o que violaria direitos fundamentais
colocados em jogo, notadamente a presunção de inocência, o status dignitatis e a dignidade da
pessoa humana. Entende-se que o simples ajuizamento da ação penal contra alguém provoca um
fardo à pessoa [...], não podendo, pois, ser ato leviano, desprovido de provas e sem um exame
pré-constituído da legalidade. Esse mecanismo auxilia a Justiça Criminal a preservar inocentes
de acusações injustas e temerárias, garantindo um juízo inaugural de delibação, inclusive para
verificar se se trata de fato definido como crime? O inquérito constitui-se assim em um meio de
afastar dúvidas e corrigir o prumo da investigação, evitando-se o indesejável erro judiciário [...].

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Em concurso de Delegado de Polícia Civil do Pará (2016), foi apontada como CORRETA a seguinte
afirmação: “O inquérito ostenta a função preservadora, consistente em preservar a inocência contra
acusações infundadas e o organismo judiciário contra o custo e a inutilidade em que estas redundariam,
propiciando sólida base e elementos para a propositura e exercício da ação penal”.

40Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora
JusPodivm,2021.

15
4.3.4. FINALIDADE

O inquérito policial possui a finalidade de apurar os elementos de informação quanto a


autoria e materialidade de uma infração penal. É cediço que após a prática delitiva, surge para o
Estado o poder-dever de punir o autor do delito, esse poder-dever constituir-se no chamado jus puniendi.

Nesse contexto, o inquérito policial apresenta-se como instrumento disponibilizado ao Estado


destinado à colheita de elementos de informação quanto à autoria e à materialidade do delito,
viabilizando posterior propositura da ação penal pelo seu titular (seja o Ministério Público ou a
vítima/ofendido). O propósito dos elementos de informação colhidos no inquérito policial é fornecer
ao titular da ação penal subsídios para o oferecimento da peça acusatória (denúncia ou queixa-
crime).

Corroborando ao exposto, preceitua Fábio Roque e Klaus Negri (2020): 41

O objetivo do inquérito policial é apurar a existência da infração penal (materialidade) e quem a


cometeu (autoria), consoante o art. 4°, CPP. De modo prático, não visa a fornecer os elementos
necessários para que o titular da ação penal mova uma ação penal; visa, na verdade, a munir o
acusador de elementos para formar o seu convencimento, isto é, a formar a sua opinio
delicti, de modo que disso pode ensejar – ou não – uma ação penal.

4.3.5. ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO E PROVAS

Candidato, muito se destaca sobre a finalidade do inquérito policial ser a de colher


elementos de informação, mas o que são esses elementos de informação? São provas?

Muita atenção nesse ponto, prezado candidato. É de extrema relevância a distinção entre os
chamados elementos de informação e as provas. Desse modo, já podemos afirmar a indagação no
sentido de que não, elementos de informação não é sinônimo de provas e devemos vislumbrar de forma
pontual a distinção entre eles.

Vejamos, inicialmente, o que prevê o Código de Processo Penal:

Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente
nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.

41Costa, Klaus Negri. Processo penal didático/ Klaus Negri Costa, Fábio Roque Araújo – Salvador: Editora Juspodbm, 3 Ed.
rev. Ampl. e atual 2020.

16
Ao analisarmos o teor do art. 155 do CPP, já podemos extrair uma conclusão: enquanto a prova
é produzida em contraditório judicial, os elementos informativos (elementos de informação) são
colhidos na fase de investigação.

Em RESUMO:

ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO PROVAS


São colhidos na fase investigatória. São produzidas na fase judicial. SALVO, as
provas cautelares, irrepetíveis e antecipadas.
É desnecessário a observância do contraditório e Torna-se imprescindível a observância dos
da ampla defesa. princípios do contraditório e da ampla defesa.
Atuação excepcional do juiz (cláusula de reserva de O juiz é dotado de iniciativa probatória
jurisdição). Para confecção dos elementos de (subsidiária).
informação como regra, não será necessária a
participação do juiz, salvo nos casos em que durante
a investigação se precise vulnerar um direito de
intimidade, por exemplo, decretação da
interceptação telefônica.

Atuação de ofício: Não é cabível atuação de ofício


do juiz nessa fase (reforçada pela Lei 13.964/19).
Buscam a formação da opinio delicti do titular da Buscam convencer o juiz para posterior sentença.
ação penal. Além disso, colabora na junção de Assim, contemplamos que as provas corroboram
elementos necessários para a decretação de medidas para o convencimento do juiz.
cautelares (ex. elementos para a fundamentação da
decretação da prisão preventiva).

Nesse sentido, explica Leonardo Barreto [2021, pág, 235]42:

Elementos de informação: são produzidos na investigação criminal, no intuito


de se promover um juizo de probabilidade, não havendo o respeito ao
contraditório e à ampla defesa, muito menos à publicidade e à imediatidade, não
podendo ser utilizados, via de regra, para a formação do convencimento do juiz
e consequente prolação de sentença penal condenatoria.

Provas: são produzidas no processo penal, diante de um juiz, com respeito ao


contraditório, ampla detesa, publicidade e imediatidade, e pretendem formar o
convencimento do juiz, permitindo que este venha a utilizá-la para fins de
condenação do réu.

42Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora
JusPodivm,2021.

17
Candidato, é possível o magistrado utilizar os elementos informativos para fundamentar
sua sentença? Nos termos do art. 155 do CPP, não pode ser se for exclusivamente com base neles, ou
seja, não poderá condenar com base apenas nos elementos informativos.

O JUIZ NÃO PODE CONDENAR COM BASE APENAS com o que consta no inquérito
policial, contudo, pode utilizá-lo de maneira a complementá-lo. Desse modo, contemplamos que o
juiz pode se valer dos elementos de informação para fundamentar a sentença condenatória desde que
não baseadas exclusivamente nos elementos de informação, conforme preceitua o art. 155 do CP. Nesse
sentido, a Jurisprudência:

I. Habeas corpus: falta de justa causa: inteligência. 1. A previsão legal de


cabimento de habeas corpus quando não houver "justa causa" para a coação
alcança tanto a instauração de processo penal, quanto, com maior razão, a
condenação, sob pena de contrariar a Constituição. 2. Padece de falta de justa
causa a condenação que se funde EXCLUSIVAMENTE em elementos
informativos do inquérito policial. II. Garantia do contraditório: inteligência.
Ofende a garantia constitucional do contraditório fundar-se a condenação
exclusivamente em testemunhos prestados no inquérito policial, sob o pretexto
de não se haver provado, em juízo, que tivessem sido obtidos mediante coação.
(RE 287658, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma,
julgado em 16/09/2003).

4.3.6. ATRIBUIÇÃO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA

Existem várias formas de investigação criminal, o PIC de atribuição do Ministério Público, por
exemplo. Contudo, outras autoridades que não seja a autoridade policial não pode instaurar e presidir
o inquérito, essa atribuição é única e exclusiva do Delegado. Nesse sentido, o art. Art. 2° § 1° da Lei
n. 12.830/2013. Vejamos:

Lei 12.830/2013, Art. 2° § 1° Ao DELEGADO DE POLÍCIA, na qualidade de


autoridade policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito
policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das
circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

§ 2° Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de


perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos. (...)

§ 4° O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá


ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância

18
dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia
da investigação.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?

Ano: 2019 Banca: MPE-PR Órgão: MPE-PR Prova: Promotor Substituto.

Sobre o inquérito policial, controle externo da atividade policial e poder investigatório do Ministério
Público, analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa incorreta:

A. O inquérito policial pode ser instaurado de ofício, por requisição do Ministério Público e a
requerimento do ofendido em casos de crime de ação penal pública incondicionada.

B. O membro do “Parquet”, com atuação na área de investigação criminal, pode avocar a presidência do
inquérito policial, em sede de controle difuso da atividade policial.

C. No exercício do controle externo da atividade policial, o membro do “Parquet”, pode requisitar


informações, a serem prestadas pela autoridade, acerca de inquérito policial não concluído no prazo
legal, bem assim requisitar sua imediata remessa ao Ministério Público ou Poder Judiciário, no estado
em que se encontre.

D. O membro do Ministério Público pode encaminhar peças de informação em seu poder diretamente
ao Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor potencial ofensivo.

E. No inquérito policial, a autoridade policial assegurará o sigilo necessário à elucidação do fato ou


exigido pelo interesse da sociedade e, no procedimento investigatório criminal, os atos e peças, em regra,
são públicos.
Gab. B.
Justificativa: No controle externo da atividade policial que incumbe ao MP, nos termos do art. 129, VII,
da CF, não há a possibilidade de avocar inquérito policial, cuja atribuição para presidência é da
autoridade policial. Lembre-se, a presidência do inquérito policial é de atribuição exclusiva da
autoridade policial.

4.3.7. FUNÇÕES EXERCIDAS PELA POLÍCIA

Polícia
Administrativa

Polícia Polícia
Investigativa Judiciária

19
a) Polícia Administrativa, Preventiva ou Ostensiva: é a atividade policial de natureza preventiva,
encontra-se atrelada a segurança pública, cujo propósito é de impedir a prática de infrações
penais. Denota-se, pois, o seu caráter preventivo. Exemplo: ronda ostensiva realizada pela Polícia
Militar. A polícia administrativa previne crimes.

b) Polícia Judiciária: é a atividade policial de natureza repressiva, cuja atuação acontece depois
que ocorre a prática de uma infração penal. É essa polícia que tem a missão de colher os
chamados elementos de informação para subsidiar a futura ação penal. Exemplo: Polícia Civil.
A polícia judiciária investiga crimes. Em suma, “é aquela voltada para a investigação criminal,
tendo, portanto, caráter repressivo, já que atua após a prática da infração penal, apurando a
sua autoria e materialidade” [ALVES, 2021, pág. 236]43.

c) Polícia Investigativa: Para parte da doutrina a função de polícia investigativa não é a mesma
coisa da função de polícia judiciária, e a primeira não é exclusiva da polícia civil e federal. Temos
algumas disposições normativas que asseveram acerca da diferença entre funções investigativas
e judiciárias:

CF/88 Art. 144, § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e
mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:
I - APURAR INFRAÇÕES PENAIS contra a ordem política e social ou em detrimento de bens,
serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como
outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão
uniforme, segundo se dispuser em lei;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de POLÍCIA JUDICIÁRIA da União.

Observe que nesse aspecto a polícia judiciária é diferente da polícia investigava, tendo em vista
que não teria sentido o legislador fazer tal distinção como vemos no artigo supracitado. Vejamos também
o texto da Lei 12.830/2013:

Art. 2º As funções de POLÍCIA JUDICIÁRIA e a APURAÇÃO DE INFRAÇÕES PENAIS


exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

Súmula Vinculante 14 do STF: Súmula Vinculante 14 STF - É direito do defensor, no interesse


do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.

43Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora
JusPodivm,2021.

20
No tocante ao teor da súmula vinculante n. 14, ao analisarmos pontualmente seu texto,
vislumbrarmos um primeiro erro – expressão elementos de prova “não há o que se falar elementos de
prova, em âmbito de investigação temos os chamados elementos de informação”, enquanto no âmbito
processual temos a prova propriamente (elementos de prova tecnicamente não existe). Posteriormente
cumpre destacar a expressão “competência” (deveria ser atribuição ou função) de polícia judiciária,
também é um termo que tecnicamente equivocado, competência é atrelado a função jurisdicional. De
qualquer forma, apesar dos erros, a súmula traz uma ideia de não diferenciação de polícia investigativa
e judiciária. Desta feita, podemos concluir acerca deste tema, que com relação a função de polícia
investigativa e judiciária é possível que sejam tratadas de forma divergente, bem como, de forma
sinônima.

4.3.8. VALOR PROBATÓRIO E VÍCIOS NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL

Candidato, qual o valor probatório do Inquérito Policial? O inquérito policial TEM VALOR
PROBATÓRIO RELATIVO, o que significa dizer que os elementos informativos colhidos nessa fase,
não são hábeis a fundamentar uma sentença condenatória, por si só, isso porque esses elementos
informativos não foram submetidos ao contraditório e a ampla defesa.

O valor probatório do inquérito policial é relativo, no sentido de que ele, por si só, não pode ser
utilizado para a formação do convencimento do juiz e consequente prolação de sentença penal
condenatória. E que os elementos informativos da investigação são produzidos sem a
observância do contraditório e da ampla defesa, ou seja, de forma unilateral, a partir de
determinações emanadas do delegado de polícia, sem envolvimento direto e efetivo do
investigado e do Ministério Público44.

Dessa forma, temos que o valor probatório do inquérito policial é relativo. Os elementos
produzidos na fase inquisitorial não estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa.

Quando se fala de inquérito policial, é preciso lembrar que o inquérito policial por si só não
produz provas. Prova é um elemento que demonstra determinado fato, mas que está sujeito ao
contraditório e à ampla defesa. Ou seja, é quando o titular da ação penal produz um elemento mostrando
que um fato ocorreu e que foi praticado por determinada pessoa, mas aquele que é imputado pode
contraditar, pode se defender daquilo que está sendo demonstrado.

44Alves, Leonardo Barreto Moreira. Manual de Processo Penal / Leonardo Barreto Moreira Alves - São Paulo: Editora
JusPodivm,2021.

21
No inquérito policial, em regra, não há provas, há elementos de informação. Quando o
delegado de polícia descobre algum fato no âmbito do inquérito policial, ele está descobrindo um
elemento de informação.

CPP, Art. 155. “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e
antecipadas.”

É possível, durante o inquérito policial, a produção de provas. Mas no caso dessas provas
não há que se falar em contraditório real, mas apenas em contraditório diferido.

a) Provas cautelares: produzidas no momento anterior à ação penal, e que precisam ser produzidas
naquele momento, pois serão utilizadas posteriormente na ação penal, e se não for produzida não
terá como dar prosseguimento as investigações, pois há um risco de perecimento. Exemplo:
Interceptação telefônica.

b) Provas não repetíveis: eventualmente podem vir a se perder se não forem produzidas em um
momento específico. Exemplo: exame de corpo de delito em vítima do crime de lesão corporal.
No caso as marcas corporais podem vir a se perder se não forem registradas
c) Provas antecipadas: produzidas antes mesmo da ação penal. São aquelas produzidas perante o
juiz, antes do momento adequad, ou seja, em momento processual distinto do previsto. Exemplo:
Testemunha com 89 anos de idade com COVID-19, a chance dessa testemunha vir a falecer é
alta, então o juiz determina a colheita do depoimento antecipadamente [art. 225 do CPP].

Em RESUMO:

PROVAS CAUTELARES PROVAS IRREPETÍVEIS PROVAS ANTECIPADAS


São aquelas que uma vez São aquelas produzidas
São aquelas que sofrem risco
realizadas não poderão ser perante o juiz, antes do
de perecimento;
refeitas; momento adequado;
Ex.: Interrogatório de
Ex.: Exame de corpo de
Ex.: Interceptação telefônica; testemunha em estado
delito em vítima de agressão.
terminal.
Dependem de autorização Não dependem de Dependem de autorização
judicial; autorização judicial; judicial;
Possuem contraditório Possuem contraditório
Possuem contraditório real.
postergado ou diferido. postergado ou diferido.

CPP Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas
respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.

22
Polícia judiciária: Polícias Civis e Polícia Federal. É a polícia que auxilia o Poder Judiciário
para as futuras ações penais e para a persecução penal. São instituições comandadas por um delegado de
polícia.

Obs.: o mero fato de um delegado de polícia de determinada localidade investigar um crime praticado
em outra localidade não gera irregularidade. Todas as provas produzidas, desde que lícitas, serão válidas
e ensejarão provas no âmbito da ação penal.

Candidato, caso um delegado de Polícia Civil investigue um crime de competência da


Justiça Federal que, em tese, deveria ser investigado pela Polícia Federal, haverá algum vício?
Pode-se falar que há uma irregularidade, mas essa mera irregularidade não gerará qualquer sanção
processual. Os elementos e as provas colhidas por esse delegado de Polícia Civil serão válidas e não
vão macular a ação penal, ainda que essa ação penal seja de competência da Justiça Federal.

Sobre o tema, vejamos o informativo do STJ:

A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria suspeição não eiva


de nulidade o processo judicial, por si só, sendo necessária a demonstração do
prejuízo suportado pelo réu.
Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados
que participou das investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito
já que seu pai também teria envolvimento com a organização criminosa. Logo, o
Delegado deveria ter se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP: “Não se
poderá opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas
declarar-se suspeitas, quando ocorrer motivo legal. ” Para o STJ, contudo, o
descumprimento do art. 107 do CPP - quando a autoridade policial deixa de afirmar sua
própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do processo judicial, sendo necessária
a demonstração do prejuízo suportado pelo réu. O inquérito é uma peça de informação,
destinada a auxiliar a construção da opinio delicti do MP. Vale ressaltar, inclusive, que
o inquérito é uma peça facultativa. Logo, possíveis irregularidades ocorridas no
inquérito policial não afetam a ação penal. No caso concreto, dentre as provas que
fundamentaram a condenação do réu, apenas a interceptação telefônica foi realizada
com a participação do Delegado suspeito. A defesa, contudo, não se insurgiu contra o
conteúdo material das conversas gravadas nem indicou que seriam falsas. Assim, como
não foi demonstrado qualquer prejuízo causado pela suspeição, é inviável decretação de
nulidade da condenação. STJ. 5ª Turma. REsp 1942942-RO, Rel. Min. Ribeiro Dantas,
julgado em 10/08/2021 (Info 704).

4.3.9. NATUREZA DO CRIME E ATRIBUIÇÃO PARA AS INVESTIGAÇÕES

Nos crimes militares de competência da Justiça Militar da União, a atribuição para presidir a
investigação será de um oficial denominado “encarregado”, que será pertencente a mesma força armada
e via de regra terá uma patente maior que a do investigado.

23
Da mesma forma, nos crimes militares de competência da Justiça Militar do Estado, a
atribuição para presidir a investigação será de um oficial denominado “encarregado”, que será
pertencente a mesma força armada e via de regra terá uma patente maior que a do investigado.

Nos crimes eleitorais via de regra a atribuição para investigação será da Polícia Federal,
considerando o interesse direto da União. No entanto existe uma exceção pacificada no TSE, nos locais
em que não houver sede da polícia federal, os crimes serão investigados pela polícia civil. Dessa forma,
contemplamos que a atribuição da PF não excluirá a atribuição subsidiária da polícia civil estadual, na
hipótese de município em que não haja órgão da Polícia Federal.

Habeas corpus. Oferecimento. Denúncia. Ausência. Pronunciamento. Autoridade Judiciária.


TRE. Crime eleitoral. Possibilidade. Investigá-lo. Polícia estadual. Ausência. Órgão da Polícia
Federal. Art. 290 do Código Eleitoral. Na investigação de crime eleitoral, não há óbice para a
atuação da polícia estadual quando no local do crime não existir órgão da Polícia Federal.
Ausência de constrangimento ilegal do paciente, em razão de oferecimento da denúncia, quando
presentes a tipicidade da conduta e indícios de autoria. O processo de habeas corpus não admite
o exame aprofundado das provas. Nesse entendimento, o Tribunal indeferiu o habeas corpus.
Unânime. Habeas Corpus n 439/SP, rel. Min. Carlos Velloso, em 15.5.2003.

Nos crimes de competência da justiça estadual, as investigações serão atribuição da polícia


civil. Contudo, cumpre destacarmos que nesse caso, é possível ainda a atuação da polícia federal (art.
144, par. 1º, I da CF/88).

Nos crimes de competência da justiça federal (art. 144, par. 1º, I da CF/88) há uma exceção.
A atribuição de investigação da polícia federal é maior que a competência dos crimes da justiça
federal, de forma que existem situações de crimes de competência da justiça estadual, mas que são
investigados pela polícia federal, desde que presentes dois requisitos cumulativos:

(i) Repercussão Interestadual ou Internacional e


(ii) Exigir Repressão Uniforme, conforme dispuser lei específica. (Lei 10.446/2002).

Trata-se de um rol exemplificativo prioritário (deve se tomar cuidado na hora de se ampliar o


rol). Desta forma se estiver presente crime do rol do art. 1º da Lei 10.446/2002 e estiver presente a
repercussão interestadual ou internacional e exigir repressão uniforme, a polícia federal sem qualquer
outra condicionante pode instaurar a investigação.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-ES Prova: Delegado de Polícia.
Em relação ao inquérito policial, assinale a opção correta.

24
A. Havendo repercussão interestadual que exija repressão uniforme, o delegado da Polícia Federal
poderá apurar crimes cuja apuração seja de competência da justiça estadual, não havendo mácula apta a
invalidar a produção de provas.
B. O delegado de polícia não pode presidir nem instaurar inquérito policial para apurar crime ocorrido
fora de sua circunscrição territorial, pois o lugar de consumação do delito é o que define a atribuição da
polícia investigativa, em nome do princípio do delegado natural.
C. Se, no curso de investigações policiais presididas por delegado de polícia civil estadual, sobrevier a
federalização do crime, deverá ser mantida a atribuição da polícia civil estadual, uma vez que esta não
está subordinada à Polícia Federal e não há, no ordenamento jurídico brasileiro, a possibilidade de
instauração do incidente de deslocamento de competência no curso do inquérito.
D. O prazo para o delegado de polícia civil concluir o inquérito policial é de trinta dias, se o indiciado
estiver solto, configurando constrangimento ilegal a superação desse prazo sem autorização judicial, por
se tratar de prazo próprio.
E. Ainda que haja motivo de interesse público, o chefe de polícia civil não pode avocar nem redistribuir
o inquérito policial, uma vez que a regra dos atos administrativos não se aplica no âmbito da investigação
policial.
Gab. A.
Cumpre ressaltarmos que o parágrafo único deste artigo traz que se for outro crime que não
previsto no rol exemplificativo e presentes os dois requisitos cumulativos podem ensejar a atuação
investigativa da polícia federal, desde que autorizadas pelo ministro da justiça.

Art. 1º Na forma do inciso I do § 1o do art. 144 da Constituição, quando houver repercussão


interestadual ou internacional que exija repressão uniforme, poderá o Departamento de Polícia
Federal do Ministério da Justiça, sem prejuízo da responsabilidade dos órgãos de segurança
pública arrolados no art. 144 da Constituição Federal, em especial das Polícias Militares e Civis
dos Estados, proceder à investigação, dentre outras, das seguintes infrações penais:

I – sequestro, cárcere privado e extorsão mediante sequestro (arts. 148 e 159 do Código Penal),
se o agente foi impelido por motivação política ou quando praticado em razão da função pública
exercida pela vítima;

II – formação de cartel (incisos I, a, II, III e VII do art. 4º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro
de 1990);

III – relativas à violação a direitos humanos, que a República Federativa do Brasil se


comprometeu a reprimir em decorrência de tratados internacionais de que seja parte;

IV – furto, roubo ou receptação de cargas, inclusive bens e valores, transportadas em operação


interestadual ou internacional, quando houver indícios da atuação de quadrilha ou bando em
mais de um Estado da Federação. (Antiga quadrilha ou bando, agora associação criminosa).

V - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou


medicinais e venda, inclusive pela internet, depósito ou distribuição do produto falsificado,
corrompido, adulterado ou alterado (art. 273 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
- Código Penal). (Incluído pela Lei nº 12.894, de 2013).

25
VI - furto, roubo ou dano contra instituições financeiras, incluindo agências bancárias ou
caixas eletrônicos, quando houver indícios da atuação de associação criminosa em mais de
um Estado da Federação. (Incluído pela Lei nº 13.124, de 2015).

VII – quaisquer crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam
conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres.
(Incluído pela Lei nº 13.642, de 2018).

Parágrafo único. Atendidos os pressupostos do caput, o Departamento de Polícia Federal


procederá à apuração de outros casos, desde que tal providência seja autorizada ou
determinada pelo Ministro de Estado da Justiça.

Em RESUMO:

CRIMES MILITARES Polícia Judiciária Militar. Encarregado.


CRIMES ELEITORAIS Polícia Federal. Subsidiariamente, a polícia civil Estadual.
CRIMES ESTADUAIS Polícia Civil. Excepcionalmente, Polícia Federal.
CRIMES FEDERAIS Polícia Federal.

4.3.10. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

Escrito

Oficiosidade
e Dispensável
Oficialidade

CARACTERÍSTICAS
DO INQUÉRITO
POLICIAL
Temporário Sigiloso

Discricionário
e Indisponível Inquisitorial

A. Procedimento Escrito: nos moldes do art. 9° do CPP, as peças do inquérito serão reduzidas
a escrito. Desse modo, temos que a forma escrita é que será adotada e prevalecerá na elaboração
do inquérito policial, leia-se, na formalização das investigações. E os atos praticados de forma
oral? Entende-se que esses deverão ser reduzidos a termo e, neste caso, rubricadas pela

26
autoridade policial. Corroborando ao exposto Norberto Avena 45 “todos os atos realizados no
curso das investigações policiais serão formalizados de forma escrita e rubricados pela
autoridade, incluindo-se, nesta regra, depoimentos, testemunhos, reconhecimentos, acareações
e todo gênero de diligências que sejam realizadas”.
Vejamos o dispositivo legal:

Art. 9º Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a


escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

B. Dispensabilidade: na eventual hipótese de o titular da ação penal já contar com elementos de


informação suficientes para subsidiar a futura ação penal, o inquérito policial poderá ser
dispensado. Nesse sentido, vejamos o texto normativo:

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir
de base a uma ou outra.

Interpretando o teor do art. 12 do CPP em sentido contrário, podemos concluir que se não servir
de base para denúncia ou queixa, será dispensado. Contudo, se servir de base, deverá acompanhar a
peça (denúncia ou queixa-crime). Nessa mesma linha, dispõe o art. Art. 39 § 5° do CPP:

Art. 39, § 5º O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a


representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e,
neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte
afirmação quanto a dispensabilidade do inquérito policial: “A instauração de inquérito policial não é
imprescindível à propositura da ação penal pública, podendo o Ministério Público valer-se de outros
elementos de prova para formar sua convicção”.

Obs.: Existe uma doutrina minoritária, uma corrente doutrinária, que entende que o
inquérito policial é indispensável. Como a maior parte das ações penais são precedidas de inquérito
policial, essa corrente defende que a regra é a prévia realização de um inquérito policial e apenas
excepcionalmente não haveria um inquérito policial prévio e, portanto, o inquérito policial seria
indispensável.

Nesse sentido, explica Leonardo Barreto (2021, pág. 255):

45Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:
MÉTODO,
2018.

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Há posição (minoritária) na doutrina sustentando que o inquérito policial seria indispensável.
Sem dúvida alguma, Henrique Hoffmann é o maior defensor desta ideia. Para este brilhante
autor, dentre outros argumentos relevantes, observa-se que “nos crimes de ação penal publica
incondicionada (que são a maioria), a regra é a obrigatoriedade de instauração do inquérito
policial, e esse procedimento deve acompanhar a peça acusatória sempre que servir de suporte à
acusação, daí porque a regra é a indispensabilidade, sendo a dispensabilidade uma exceção que
por isso não pode ser erigida à característica do instituto”.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2017 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: Promotor de Justiça Substituto.
Assinale a alternativa correta.
A. O inquérito policial, por ser peça informativa, é dispensável para a propositura da ação penal, mas
sempre acompanhará a inicial acusatória quando servir de base para a denúncia ou a queixa.
B. A autoridade policial poderá, a seu critério e em qualquer hipótese, nos termos do artigo 7º do Código
de Processo Penal, determinar a reprodução simulada dos fatos com as participações obrigatórias do
indiciado e do ofendido.
C. Os elementos informativos do inquérito policial servem de base para o oferecimento da denúncia,
mas não podem ser considerados para o reconhecimento da procedência ou não da ação penal.
D. O arquivamento do inquérito policial se dá por decisão judicial e impede que a autoridade policial,
de ofício, proceda a novas investigações.
E. Nos crimes que dependem de representação, a autoridade policial só poderá instaurar inquérito
policial em razão de iniciativa formal do ofendido, seu representante legal ou de procurador com poderes
especiais.
Gab. A.
Justificativa: A alternativa foi elaborada de acordo com o art. 12 do CPP, que prevê que o inquérito
policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. A “contrario
sensu”, quando não servir de base, será dispensável, não precisando acompanhar.

C. Procedimento Sigiloso: A regra geral é a de que o inquérito policial seja sigiloso, tendo em vista
a possibilidade da coleta de mais elementos de informação e garantia da eficácia das diligências
empreendidas no inquérito policial, vejamos o texto normativo:

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação


do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Dessa forma, ao contrário do que ocorre em relação ao processo criminal, que se rege pelo
princípio da publicidade (salvo exceções legais), no inquérito policial é possível resguardar sigilo
durante a sua realização.

O sigilo na fase do inquérito policial mostra-se necessário para garantia da própria eficácia das
investigações, posto que a sua publicação acabaria por prejudicar a própria medida, basta pensarmos,

28
por exemplo, que o investigado tivesse conhecimento que em face dele teria sido decretada a
interceptação telefônica, com toda certeza, não seriam colhidas as conversas necessárias.

Cumpre ressaltarmos, esse sigilo não é oposto em face de todos os envolvidos na relação
processual penal. Conforme explica o prof. Norberto Avena, “o sigilo não alcança o juiz e o Ministério
Público. Não alcança, também, o advogado que, por força do art. 7, XIV, Estatuto da OAB, tem o
direito de examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração (salvo nas hipóteses de sigilo formalmente decretado, caso em que o instrumento
procuratório é necessário, nos termos do art. 7, § 10, do EOAB), autos de flagrante e de investigações
de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças
e tomar apontamentos em meio físico ou digital, estabelecendo, ainda, a Súmula Vinculante 14 do STF”.
Nessa esteira, vejamos o teor da Súmula:

Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, JÁ DOCUMENTADOS em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

O acesso está restrito as diligências JÁ DOCUMENTADAS, e não aquelas ainda em


andamento.

Cumpre ressaltarmos que essa súmula não instituiu o contraditório e/ou ampla defesa no âmbito
do inquérito policial, simplesmente criou, leia-se, reafirmou o direito de acesso da defesa aos
documentos que já foram documentados.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia.
Assinale a opção correta, acerca de inquérito policial.
A. A autoridade policial que preside o inquérito policial para apurar crime de ação penal pública pode,
fundamentadamente, decidir sobre a conveniência e(ou) oportunidade de diligências requisitadas pelo
Ministério Público.
B. O inquérito policial, consoante o princípio da oficialidade, poderá ser instaurado apenas de ofício
pela autoridade policial ou mediante requisição do Ministério Público.
C. Com base em denúncia anônima de fato criminoso, a autoridade policial pode, independentemente
de apuração prévia, instaurar inquérito policial com fundamento exclusivo naquela informação
anônima.
D. Não se permite ao indiciado qualquer tipo de intervenção probatória durante o inquérito policial.
E. O investigado deve ter acesso a todos os elementos já documentados nos autos do inquérito policial,
ressalvadas as diligências em andamento cuja eficácia dependa do sigilo.
Gab. E.

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Nos termos da Súmula Vinculante 14, restringe-se aos elementos de prova já documentados, e
não a todos e quaisquer documentos, ante a premente possibilidade de atrapalhar as próprias
investigações. Nesse sentido, vejamos o teor da súmula: Súmula Vinculante 14. É direito do defensor,
no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte
afirmação: “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2013 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: Promotor de Justiça.
Sobre o inquérito policial, assinale a alternativa correta:
A. ainda existe, em casos excepcionais e previstos em lei, a figura do curador para indiciados menores
de vinte e um anos.
B. o sigilo possui dupla função: garantista no sentido de preservar o investigado e utilitarista de assegurar
a eficácia da investigação.
C. nos crimes relacionados ao tráfico de drogas (Lei n. 11.343/06), fixou-se o prazo de conclusão do
inquérito em 30 dias para o réu preso e 60 dias para réus soltos, podendo haver duplicação pelo juiz
mediante pedido justificado.
D. a polícia civil não exerce funções de polícia administrativa.
Gab. B.
Justificativa: É o que decorre do CPP: Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário
à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.

Acesso dos autos do Inquérito Policial pelo Advogado

Candidato, para que o advogado/defensor tenha acesso aos autos do inquérito policial é necessária
procuração? Em regra, não. Qualquer advogado/defensor tem direito a ter acesso a autos de inquérito
policial. A exceção fica por conta de inquéritos policiais que corram em segredo de justiça ou atos
investigatórios que contenham informações sigilosas.

Vejamos:

Estatuto da OAB, Art. 7º – São direitos do advogado:


XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, MESMO SEM
PROCURAÇÃO, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em
andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
meio físico ou digital.

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§10º. NOS AUTOS SUJEITOS A SIGILO, deve o advogado apresentar procuração para o
exercício dos direitos que trata o inciso XIV.

Candidato, diante de depoimento colhido de uma testemunha, deve a autoridade policial


promover a juntada imediata do documento? Ou poderia promover a juntada posterior deste
depoimento, com a finalidade de assegurar seu sigilo? A regra é a juntada imediata. Entretanto,
conforme o art. 20 do CPP, cabe à autoridade policial assegurar “no inquérito o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. ” Assim, excepcionalmente, poderá o
delegado promover a juntada posterior do depoimento sem incorrer em qualquer ilegalidade, observado
o princípio da proporcionalidade.

Autorização Judicial prévia – acesso aos autos do IP

Candidato, para que o advogado tenha acesso aos autos do IP, é necessária autorização
judicial prévia? Em regra, não há necessidade de autorização judicial prévia para que o advogado tenha
acesso dos autos do IP. Contudo, existe uma exceção prevista ao teor do art. 23, da Lei nº 12.850/2013
(Lei das Organizações Criminosa):

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defensor,
no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
exercício do direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os
referentes às diligências em andamento.

Em RESUMO:

Investigação que apura


Investigação SEM sigilo Investigação COM sigilo ORCRIM com SIGILO
decretado
apenas advogado com o defensor terá acesso aos autos
QUALQUER advogado pode
PROCURAÇÃO pode acessar os apenas com AUTORIZAÇÃO
acessar os autos;
autos; JUDICIAL.

D. Procedimento Inquisitorial: nesta fase não há necessidade de observância do contraditório e da


ampla defesa. Não existe contraditório ou ampla defesa no curso do inquérito policial. Além
disso, eventuais irregularidades não contaminam eventual processo futuro.

Nas lições de Norberto Avena (2020, pág. 164), “salvo na hipótese de inquérito instaurado pela
polícia federal visando à expulsão do estrangeiro, não são inerentes à sindicância policial as garantias
do contraditório e da ampla defesa”.

31
Trata-se o inquérito, assim, de um procedimento inquisitivo, voltado, precipuamente, à obtenção
de elementos que sirvam de suporte ao oferecimento de denúncia ou de queixa-crime (função
preparatória do inquérito).
Observação: Existe uma exceção à ausência de contraditório: o inquérito policial que tem como
objetivo a expulsão de estrangeiro. Neste, há uma série de procedimentos a serem adotados, bem como
prazo para apresentação de defesa pelo expulsando e seu defensor.
Entretanto, a nova lei de migração (Lei n. 13.445/2017) denomina este inquérito de
PROCESSO DE EXPULSÃO e explicita: “Art. 58. No processo de expulsão serão garantidos o
contraditório e a ampla defesa.”

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: Delegado de Polícia.
Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coletivos e às garantias
constitucionais.
No âmbito do inquérito policial, cuja natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do
princípio do contraditório, conforme a jurisprudência dominante.
Gab. CERTO.

O entendimento do STJ é de que é inaplicável o princípio do contraditório tendo em vista que o


inquérito possui apenas natureza administrativa:

HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DO RECURSO PRÓPRIO. NÃO


RECONHECIMENTO. HOMICÍDIO QUALIFICADO. INQUÉRITO
POLICIAL. INOBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. FASE PRÉ-
PROCESSUAL. NATUREZA MERAMENTE INFORMATIVA. EXUMAÇÃO DE
CADÁVER. AUSÊNCIA DE PRAZO HÁBIL PARA REQUERER NOMEAÇÃO DE
ASSISTENTE TÉCNICO. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. AUSÊNCIA DE PATENTE
ILEGALIDADE. Precedentes. III – inaplicável o princípio do contraditório na fase
inquisitorial, porquanto essa possui natureza administrativa, destinando-se a prover
elementos informativos ao responsável pela Acusação, que lhe permitam oferecer a
denúncia. Precedentes. IV- Impossibilidade desta Corte aprofundar o exame do conjunto fático-
probatório, sobretudo na via estreita do writ. (STJ HC 212494 SC 2011/01573769,
Relator: Ministra Regina Helena da Costa, Data de julgamento: 08/05/2014, T5 – quinta turma,
Data de Publicação DJe 14/05/2014.)

E. Procedimento Discricionário: por se tratar de procedimento administrativo (e não processo), o


inquérito policial não tem o rigor procedimental da persecução em juízo.

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Desse modo, o delegado de polícia conduz as investigações da forma que melhor se
apresenta e mostra-se necessária. Nessa esteira, existe um rol não taxativo nos art. 6º e 7º do CPP de
diligências previstas para serem cumpridas. Destaca-se, porém, que essas diligências não são
vinculantes, obrigatórias, e o delegado pode verificar quais serão necessárias, bem como, poderá também
realizar alguma que não esteja prevista. Inobstante a regra da não obrigatoriedade de diligências pré-
estipuladas, o Ordenamento Jurídico comporta uma exceção, qual seja, a realização do exame de corpo
de delito nos crimes que deixam vestígios.
Por todo o exposto, contemplamos que dizer que o inquérito policial goza da característica da
discricionariedade significa que a autoridade policial possui liberdade de atuação dentro dos parâmetros
legais que lhe são conferidos. Não há que se falar em procedimento rígido de observância obrigatória.
Sobre o tema, discorre Norberto Avena 46, “a persecução, no inquérito policial, concentra-se na
figura do delegado de polícia, que, por isso mesmo, pode determinar ou postular, com
discricionariedade, todas as diligências que julgar necessárias ao esclarecimento dos fatos. Enfim, uma
vez instaurado o inquérito, possui a autoridade policial liberdade para decidir acerca das providências
pertinentes ao êxito da investigação. Isso quer dizer que, no início da investigação e no seu curso, cabe
ao delegado proceder ao que tem sido chamado pela doutrina de juízo de prognose, a partir do qual
decidirá quais providências são necessárias para elucidar a infração penal investigada”.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Em concurso de Delegado de Polícia Civil de Goiás (2022), foi apontada como CORRETA a seguinte
afirmação: “No que diz respeito ao inquérito policial, o ofendido, ou seu representante legal, e o
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade”.

NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM LEMBRAR DA EXCECÃO:

A discricionariedade como característica do inquérito policial não é de natureza absoluta, leia-


se, o Ordenamento Jurídico Brasileiro contempla exceções, ou seja, situação na qual a realização de
determinadas diligências será de realização obrigatória. Exemplo: realização do exame de corpo
de delito nos crimes que deixam vestígios.

Diante do exposto, contemplamos que não caberá a Autoridade Policial o indeferimento das
diligências de natureza relevante, como é o caso do exame de corpo de delito nos crimes que deixam
vestígios. Contudo, aqueles requerimentos que se tratar meramente de diligências impertinentes e
protelatórias, poderão ser indeferidos.

46Avena, Norberto. Processo penal / Norberto Avena. – 10. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo:
MÉTODO,
2018.

33
No que tange a realização do exame de corpo de delito, preceitua o art. 158 do CPP “quando a
infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo
supri-lo a confissão do acusado”.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2017 Banca: FAPEMS Órgão: PC-MS Prova: Delegado de Polícia.
Sobre as diligências que podem ser realizadas pelo Delegado de Polícia, é correto afirmar que
A. caso o ofendido ou seu representante legal apresente requerimento para instauração de inquérito
policial, a autoridade policial deve atender ao pedido, em observância do princípio da obrigatoriedade.
B. deparando-se com uma notícia na imprensa que relate um fato delituoso, a autoridade policial deve
instaurar inquérito policial de ofício, elaborando, conforme determina o Código de Processo Penal
vigente, um relatório sobre a forma como tomou conhecimento do crime.
C. conforme disposição expressa no Código de Processo Penal vigente, o Delegado de Polícia não é
obrigado a determinar a realização de perícia requerida pelo investigado, ofendido ou seu representante
legal, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade, ainda que se trate de exame de corpo de
delito, pois a investigação é conduzida de forma discricionária.
D. o inquérito policial é um procedimento discricionário, portanto, cabe ao Delegado de Polícia conduzir
as diligências de acordo com as especificidades do caso concreto, não estando obrigado a seguir uma
sequência predeterminada de atos.
E. poderá a autoridade policial determinar em todas as espécies de crimes, atendidos os requisitos legais
e suas peculiaridades, a reconstituição do fato delituoso, desde que não contrarie a moralidade ou a
ordem pública, com a participação obrigatória do investigado.
Gab. D.

F. Procedimento Indisponível: Uma vez iniciado o inquérito a autoridade policial não poderá
arquivar. Nessa esteira, dispõe Távora e Alencar (2016): a persecução criminal é de ordem
pública, e uma vez iniciado o inquérito, não pode o delegado de polícia dele dispor.

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de


inquérito.

Delegado NÃO pode arquivar autos do inquérito policial.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Em concurso de Delegado de Polícia Civil da Bahia (2022), foi apontada como INCORRETA a
seguinte afirmação: “O inquérito policial é indisponível para a autoridade policial. Instaurado, deverá
ser conduzido até que se esgotem as diligências legalmente possíveis, com vista à completa apuração do
fato apontado como ilícito penal. Contudo, ausentes os elementos do crime, a autoridade policial poderá
mandar arquivar os autos de inquérito”.

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Nos moldes do art. 17, a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
O delegado de polícia não pode arquivar nem requisitar arquivamento de um inquérito policial, pois ele
não é o titular da ação penal. O titular da ação penal é o Ministério Público.

➔ O inquérito policial pode ser arquivado? Sim.

➢ Quem tem competência para arquivar o inquérito policial?


Somente o juiz, mediante requerimento do Ministério Público.
Obs.: Essa é a antiga redação do art. 28 do CPP.

➢ O juiz pode discordar do requerimento de arquivamento do inquérito policial?

Sim, art. 28, CPP.


Obs.: Essa é a antiga redação do art. 28 do CPP

O ministro Luiz Fux, em janeiro de 2020, suspendeu a eficácia prática de alguns artigos alterados
pelo pacote anticrime, Lei n. 13.964/2019. Ele suspendeu a nova redação do art. 28 do Código de
Processo Penal. Então, por enquanto, a sistemática antiga está válida. Portanto, conforme veremos em
um tópico específico, é necessário estudar a redação antiga, que é como está sendo realizado na
prática, e também é necessário estudar a redação atualizada trazida pelo pacote anticrime
(atualmente suspensa), porque também pode ser cobrada em provas.

➔ Candidato, uma vez arquivado o IP, é possível desarquivá-lo?

CPP, art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade


judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a
novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

Súmula n. 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do


Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

A regra é que o inquérito policial arquivado pode ser desarquivado. Entretanto, a depender da
fundamentação do arquivamento, entende a jurisprudência que ele não poderia ser desarquivado.
Para melhor compreensão do tema, vejamos:

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MOTIVO DO ARQUIVAMENTO DO É POSSÍVEL DESARQUIVAR O
INQUÉRITO POLICIAL INQUÉRITO POLICIAL?
Insuficiência de provas Sim.
Ausência de justa causa
Sim.
(materialidade ou indícios de autoria)
Atipicidade do fato Não.
Não.
Causa extintiva da punibilidade Exceção: certidão de óbito falsa,
neste caso é possível desarquivar.
Não.
Causa extintiva da culpabilidade
Exceção: inimputabilidade.
STJ: Não.
Causa excludente da ilicitude
STF: Sim.

Nas hipóteses em que não pode ocorrer o desarquivamento do inquérito policial, o fundamento
da jurisprudência é de que a decisão judicial que arquivou o inquérito policial fez coisa julgada formal
e material. Ou seja, houve uma decisão de mérito sobre o assunto.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-PB Prova: Delegado de Polícia Civil.
Em regra, é possível desarquivar o inquérito policial quando fundamentado na:
A. atipicidade do fato.
B. falta de justa causa para a ação penal.
C. decadência do direito de representação do ofendido.
D. comprovação de coação moral irresistível.
E. menoridade do autor do fato.
Gabarito A.

Na nova sistemática, o juiz não decide a respeito do arquivamento do inquérito policial, é


uma determinação do Ministério Público e da instância de revisão ministerial. Então agora essa
decisão do Ministério Público não gerará uma coisa julgada material. Portanto, há questionamentos
acerca da validade dessa tabela de possibilidades de desarquivamento do inquérito policial, mas
tem prevalecido o entendimento de que as regras permanecem válidas.

● Arquivamento Implícito

Ministério Público deixa de oferecer a denúncia acerca de determinado indiciado


(subjetivo) ou fato (objetivo), sem, contudo, determinar o arquivamento. Arquivamento implícito
não é admitido pela jurisprudência pátria.

● Arquivamento Indireto

Ministério Público deixa de oferecer a denúncia perante determinado juízo por


considerá-lo incompetente para a ação penal. Neste caso, procede-se na forma do art. 28 do CPP,
para que a instância de revisão ministerial decida sobre o assunto.

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G. Procedimento Temporário: é a conclusão que podemos extrair da análise do art. 10 do CPP o
qual prevê um prazo determinado para o encerramento do inquérito policial. Logo, verifica-
se que o procedimento administrativo em estudo é de natureza temporária. Dessa forma, temos
que o IP é transitório, leia-se, temporário.

Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso
em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir
do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver
solto, mediante fiança ou sem ela.

Art. 10 c/c o Art. 3-B §2º, do CPP

INDICIADO PRESO INDICIADO SOLTO


10 dias + 15* 47 30 dias

NÃO POSSO IR PARA A PROVA SEM RECORDAR DA SITUAÇÃO EXCEPCIONAL:

Conforme visto acima, contemplamos que o inquérito policial é temporário, ou seja, possui
prazo determinado para a sua conclusão.

Nos moldes previstos no art. 10 do CPP esse prazo é de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso
em flagrante ou estiver preso preventivamente, ou de 30 dias, no caso em que estiver solto.

Questiona-se, esse prazo é próprio ou impróprio? Quais as consequências jurídicas da


inobservância do prazo? A doutrina entende e defende que o prazo para encerramento do IP é
impróprio para o caso de indiciado solto. Contudo, deve-se ficar atento a observância do princípio da
razoável duração por analogia ao previsto no art. 5°, LXXVIII da Constituição Federal, sob pena de
configuração de constrangimento ilegal.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2022 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-GO Prova: Delegado de Polícia Substituto.
A respeito do regime jurídico do inquérito policial e das demais investigações preliminares, assinale a
alternativa INCORRETA.
A. O Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade própria, e por prazo
razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a
qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus
agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de

47 Com a vigência do Pacote Anticrime, o art. 3-B §2º, do CPP, é expresso ao afirmar que a duração do inquérito de
investigado preso poderá ser prorrogada uma única vez, por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação
não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

37
que se acham investidos, em nosso País, os Advogados, sem prejuízo do permanente controle
jurisdicional dos atos documentados produzidos pela instituição.
B. Ante o princípio constitucional da não culpabilidade, inquéritos e processos criminais em curso são
neutros na definição dos antecedentes criminais.
C. Sendo o ato de indiciamento de atribuição exclusiva da autoridade policial, não existe fundamento
jurídico que autorize o magistrado, após receber a denúncia, requisitar ao delegado de polícia o
indiciamento de determinada pessoa.
D. O prazo de que trata o Código de Processo Penal para término do inquérito é próprio, não prevendo
a lei qualquer consequência processual, máxime a preclusão, se a conclusão do inquérito ocorrer após
trinta dias de sua instauração, estando solto o réu.
E. Descabe cogitar de implemento de inquérito pelo Ministério Público quando este, ante elementos que
lhe chegaram, provoca a instauração pela autoridade policial.
Gab. D.

Pacote Anticrime e Possiblidade de Prorrogação

Corroborando ao exposto, explicam Fábio Roque e Nestor Távora (2020): 48

Outro ponto de extrema relevância no novel dispositivo diz respeito à possibilidade de o juiz das
garantias prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito policial por até́ 15 (quinze) dias.
Após a conclusão do referido prazo, se a investigação não for concluída, haverá o relaxamento
da prisão. Esta nova sistemática legislativa altera a regra do CPP, que não previa a possibilidade
de prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito policial, quando o investigado se
encontrar preso.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2019 Banca: CEBRASPE Órgão: MPE-PI Prova: Promotor de Justiça Substituto.
Considerando-se o entendimento dos tribunais superiores a respeito de inquérito policial, é correto
afirmar que
A. o fato de a autoridade policial encontrar provas que justifiquem o flagrante delito convalida a irregular
entrada em residência sem autorização judicial e sem permissão do morador.
B. é possível constatar constrangimento ilegal em razão da excessiva e desarrazoada duração da
investigação, ainda que o prazo de conclusão do inquérito policial seja impróprio.
C. nulidade ocorrida em inquérito policial, em regra, contamina todo o processo penal decorrente.
D. o arquivamento fundamentado em excludente de ilicitude resulta em coisa julgada material, não
podendo mais ocorrer posterior desarquivamento do feito.
E. o Ministério Público, em razão de seu poder investigatório, pode instaurar procedimento
investigatório, realizar diligências e, ainda, presidir inquérito policial.
Gab. B.
Veja o seguinte precedente do STJ:

48CÓDIGO DE PROCESSO PENAL PARA CONCURSOS. 11a. edição. Fábio Roque Araújo Nestor Távora. ATUALIZAÇÃO, 2020.
Editora Juspodivm.

38
Há excesso de prazo para conclusão de inquérito policial, quando, a despeito do
investigado se encontrar solto e de não sofrer efeitos de qualquer medida restritiva,
a investigação perdura por longo período e não resta demonstrada a complexidade
apta a afastar o constrangimento ilegal.
O prazo para a conclusão do inquérito policial, em caso de investigado solto é impróprio.
Assim, pode ser prorrogado a depender da complexidade das investigações. Contudo,
consoante precedentes desta Corte Superior, é possível que se realize, por meio de
habeas corpus, o controle acerca da razoabilidade da duração da investigação, sendo
cabível, até mesmo, o trancamento do inquérito policial, caso demonstrada a excessiva
demora para a sua conclusão. STJ. 6ª Turma. HC 653299-SC, Rel. Min. Laurita Vaz,
Rel. Acd. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/08/2022 (Info 747).

Vamos REFORÇAR os prazos?

PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL


Previsão Legal Preso Solto
10 dias, prorrogáveis por até
CPP (Regra Geral) 15 #PACOTEANTICRIME 30 dias, prorrogáveis
Obs.: Suspenso pelo STF
Polícia Federal 15 dias + (15) 30 dias
Crimes contra a Economia 10 dias 10 dias
Popular
Lei de Drogas 30 dias + (30) 90 dias + (90)
Inquérito Militar 20 dias 40 dias + (20)
Fonte: Tabela extraída do material do Legislação Bizurada @deltacaveira.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?


Ano: 2018 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-MA Prova: Delegado de Polícia Civil.
De acordo com as legislações especiais pertinentes, o inquérito policial deve ser concluído no
A. prazo comum de quinze dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de crimes de tortura.
B. mesmo prazo estipulado para a apreciação das medidas protetivas, nos casos de crimes previstos na
lei Maria da Penha.
C. prazo comum de dez dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de crimes contra a economia
popular.
D. prazo de trinta dias, se o indiciado estiver solto, e de quinze dias, se ele estiver preso, de acordo com
a Lei de Drogas.
E. prazo de quinze dias, se o crime for de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, conforme o Estatuto
do Desarmamento.
Gab. C
Justificativa: O prazo será de 10 dias nos crimes contra a economia popular, esteja o acusado preso ou
solto, o prazo é comum aos dois.

39
H. Procedimento Oficial: o inquérito policial é realizado por uma autoridade oficial, no caso o
delegado de polícia, devidamente habilitado. Nesse sentido, explica Norberto Avena, trata-se de
investigação que deve ser realizada por autoridades e agentes integrantes dos quadros públicos,
sendo vedada a delegação da atividade investigatória a particulares, inclusive por força da
própria Constituição Federal. A propósito, dispõe o art. 144, § 4°, dessa Carta que “às polícias
civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares”.

Como #JÁCAIU esse assunto em prova de concursos?

Ano: 2022 Banca: CEBRASPE Órgão: PC-RJ Prova: Delegado de Polícia.


O inquérito policial é atividade investigatória realizada por órgãos oficiais, não podendo ficar a cargo
do particular, ainda que a titularidade do exercício da ação penal pelo crime investigado seja atribuída
ao ofendido.
Considerando-se as características do inquérito policial, é correto afirmar que o texto anterior discorre
sobre
A. o procedimento escrito do inquérito policial.
B. a indisponibilidade do inquérito policial.
C. a oficiosidade do inquérito policial.
D. a oficialidade do inquérito policial.
E. a dispensabilidade do inquérito policial.
Gab. D.

PROCEDIMENTO OFICIAL PROCEDIMENTO OFICIOSO


Atuação por AUTORIDADE OFICIAL Atuação de OFÍCIO

I. Procedimento Oficioso: a instauração do inquérito policial por parte do Delegado de Polícia


ocorre, em regra, de ofício, salvo nos casos de ação privada e pública condicionada, em que o
início dependerá do requerimento ou representação. Dessa forma, contemplamos que nos crimes
de ação penal pública incondicionada, o Delegado de Polícia tem o dever de proceder a apuração
do fato delituoso de ofício.

J. Incomunicabilidade: Esta característica não foi recepcionada pela Constituição, tendo em


vista que na vigência do estado de defesa é vedada a incomunicabilidade do preso. CF/88 Art.
136, § 3º.

Obs.: inobstante a não recepção da incomunicabilidade, algumas provas já cobraram a


literalidade do dispositivo legal. Desse modo, segue abaixo:

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