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Turma

“Serei Delta”

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MATERIAL DE APOIO ESQUEMATIZADO
A finalidade deste material não é exaurir o conteúdo, mas trazer de forma complementar,
direcionada e esquematizada, fazendo com que o aluno tenha contato com os temas de maior
incidência nas provas de Delegado de Polícia, em decorrência de pesquisas e análise com
mapeamento do assuntos dos editais e das provas aplicadas nos últimos 10 anos para a referida
carreira.
Além disso, utilizamos o processo de aprendizado avançado, explicitando informações na
medida suficiente e necessária para que o aluno consiga estudar, revisar e memorizar com
qualidade.

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INQUÉRITO POLICIAL

SUMÁRIO

1. INQUERITO POLICIAL
1.1. Características __________________________________________________________2
1.2. Notícia-Crime e Instauração ________________________________________________9
1.3. Providenciais Preliminares _________________________________________________18
1.4. Indiciamento ____________________________________________________________24
1.5. Encerramento_ __________________________________________________________37
1.6. Atribuições da autoridade policial ____________________________________________48

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1. INQUERITO POLICIAL
1.1. Características
COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA
O inquérito policial consiste no principal instrumento de investigação criminal, com caráter
preparatório e preliminar para a fase processual, que é inaugurada pela ação penal. Trata-se de
um procedimento administrativo baseado na realização de diligências investigatórias com o
objetivo de apurar a autoria e a materialidade delitiva, visando fornecer substrato para
propositura da ação penal ao órgão responsável pela acusação. É uma atividade específica da
polícia judiciária, realizada pela polícia civil ou pela polícia federal.1
Quais são os princípios ou características do inquérito policial?
a) Procedimento Inquisitivo: É o mesmo que dizer que o sujeito que está sob investigação,
sendo o possível autor de um crime, é o objeto de investigação. Nesse caso não há contraditório,
nem ampla defesa.
b) Realizado pela Polícia Judiciária: Nessa situação o inquérito policial ficará sob a
responsabilidade da polícia civil, que em fase preliminar, buscará obter provas da existência
e indícios da autoria do crime.
c) Sigiloso: O sigilo visa assegurar a explicação dos fatos e o interesse da sociedade na solução
do possível crime.
Se atente ao fato de que, o sigilo em casos de inquéritos não se aplica aos advogados,
independentemente de procuração, tendo como exceção os casos em segredo de justiça ou
determinado pelo juiz, hipóteses na qual o advogado precisa estar constituído nos autos do
inquérito.
d) Escrito: É o mesmo que dizer que todas as peças em um só processo serão reduzidas a
termo, ou seja, tudo que ocorrer no deslinde do inquérito será escrito e juntado aos autos do
inquérito.
e) Dispensável: O inquérito policial será peça auxiliar e não obrigatória, estando
acompanhado da denúncia ou da queixa e servirá de base para seu oferecimento.
Em situações em que não sirva de base, por já haver provas ou qualquer outro motivo, poderá
ser dispensado.

DOUTRINA!
Há doutrinadores que citam outras três características do inquérito policial:
“1) Indisponibilidade: A indisponibilidade está relacionada ao fato de que, uma vez instaurado o
inquérito, a autoridade policial não poderá de ele dispor, ou seja, promover o seu
arquivamento. Essa característica está no art. 17 do Código de Processo Penal, que estabelece
que “a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito”.
Logo, ainda que a autoridade policial constate ao longo da investigação que os fatos apurados não
constituem crime, não poderá determinar o arquivamento do inquérito. Nessa hipótese, diante da
indisponibilidade do inquérito, deverá a autoridade policial elaborar o relatório e encaminhar
ao juízo competente.
O juiz, por sua vez, deverá abrir vista ao membro do Ministério Público.

1
https://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/42055/as-principais-caracteristicas-do-inquerito-policial

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Convém destacar, que o juiz não poderá determinar o arquivamento do inquérito sem a prévia
manifestação do Ministério Público, que é o titular exclusivo da ação penal pública. Cabe ao
MP a avaliação sobre a desnecessidade ou inviabilidade do prosseguimento das investigações.
Logo, o arquivamento do inquérito policial somente pode ser determinado por decisão
judicial, a requerimento do Ministério Público.
2) Oficiosidade: Essa característica está prevista no art. 5º, I, do CPP, que dispõe que o inquérito
policial será instaurado de ofício nos crimes de ação penal pública incondicionada:
“Art. 5º Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo”.
Isso significa que, para esses tipos de crime, há obrigatoriedade de instauração do inquérito
“ex officio”, independente de provocação. Frise-se que a oficiosidade se refere aos crimes
de ação penal pública incondicionada. Nos crimes de ação penal pública condicionada ou
de ação penal privada, o inquérito depende de provocação da vítima para ser instaurado.
3) Unidirecional: Essa característica significa que o inquérito policial possui a única finalidade de
apuração de autoria e materialidade delitiva, não sendo cabível que a autoridade policial emita
juízo de valor sobre a investigação. O direcionamento do inquérito é o Ministério Público, que
é o seu destinatário imediato e a quem compete valorar os fatos apurados.
Logo, o relatório elaborado ao final das diligências investigatórias não deve emitir juízo valorativo
sobre as condutas dos investigados, sob pena de ingressar numa esfera de atribuição exclusiva do
Ministério Público”2.

JURISPRUDÊNCIA!
1. O STJ considerou que a existência de inquéritos policiais é suficiente para caracterizar a
habitualidade delitiva e, por conseguinte, afastar a aplicação do princípio da insignificância
no crime de descaminho. Assim, considerou que, havendo inquéritos policiais em
andamento, a conduta do descaminho é típica, ainda que o valor seja ínfimo.
Em suma, inquéritos policiais não configuram maus antecedentes para o fim de elevar a
pena-base, mas podem afastar a aplicação do princípio da insignificância por significarem
habitualidade delitiva.
2. Sumula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter amplo acesso
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
3. INFO 933/STF: Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa
técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial.

2
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9806/Caracteristicas-do-inquerito-policial

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BIZU!
SEIO DOIDO
Sigiloso: Não alcança Juiz, promotor e advogado (SV 14).
Escrito
Inquisitivo: Sem contraditório, pois não há processo ainda.
Oficialidade: Investigação realizada por agentes públicos (particular não).
Discricionariedade: Liberdade de atuação (indeferir diligências)
Obrigatoriedade para a autoridade policial.
Indisponibilidade: Instaurado, a autoridade policial não pode arquivar.
Dispensabilidade: Se o titular já tiver provas da autoria e materialidade
Oficiosidade: Se houver delito (APPúb), deve instaurar de ofício.

TOME NOTA!
CPP
Art. 5º: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Art. 9º: Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou
datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
Art. 12: O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma
ou outra.
Art. 20: A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido
pelo interesse da sociedade.
VAMOS PRATICAR
1. (2019- Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) A Lei nº 13.245/2016 alterou o art. 7º
da Lei 8.906/94 (Estatuto da OAB) que garante ao advogado do investigado, o direito de assistir a
seus clientes durante a apuração de infrações, inclusive nos depoimentos e interrogatório, podendo
apresentar razões e quesitos. Com efeito, Anderson, advogado de José, impugnou a oitiva de duas
testemunhas em fase de inquérito policial, alegando que não recebeu notificação informando do
dia e hora da oitiva das referidas testemunhas em sede policial. Diante da temática apresentada,
assinale a seguir a alternativa correta.
a) O sigilo do inquérito policial impede que o advogado tenha acesso aos atos já documentados
em inquérito policial.
b) A Lei nº 13.245/2016 impôs o dever à autoridade policial de intimar previamente o advogado
constituído para os atos de investigação, em homenagem ao contraditório e a ampla defesa.
c) A Lei nº 13.245/2016 instituiu a obrigatoriedade do inquérito policial ainda que já haja provas
devidamente constituídas.
d) A Lei nº 13.245/2016 não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente o
advogado constituído para os atos de investigação.
e) A inquisitorialidade do procedimento investigatório policial é o que impede que o advogado tenha
acesso aos atos já documentados em inquérito policial.

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2. (2019 -Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) Gerson está respondendo a
procedimento investigatório, conduzido por delegado de Polícia Civil. Em meio a investigação foi
decretado sigilo do Inquérito policial para assegurar as investigações. Nessa situação hipotética,
marque a alternativa CORRETA.
a) O advogado somente terá acesso aos autos do inquérito policial se não for decretado o seu
sigilo, caso em que terá que aguardar a instauração do processo judicial.
b) O advogado poderá examinar aos autos do inquérito policial e ainda ter informações sobre os
atos de investigação que ainda serão realizados.
c) Nos crimes hediondos o advogado do indiciado não terá acesso aos autos para assegurar a
proteção das investigações.
d) O advogado poderá examinar aos autos do inquérito policial ainda que tenha sido decretado o
seu sigilo.
e) O sigilo decretado no inquérito policial não impede que os meios de comunicações televisivas
tenham acesso, tendo em vista a necessidade de se preservar a ordem pública.

3. (2019 - Instituto Acesso - PC-ES - Delegado de Polícia) “O inquérito policial é um procedimento


administrativo, não judicial, e por isso mesmo pode ter caráter explicitamente inquisitorial, isto é,
registrar por escrito, com fé pública, emprestada pelo cartório que a delegacia possui, informações
obtidas dos envolvidos sem que estes tenham conhecimento das suspeitas contra eles.” (LIMA,
Roberto Kant de; MOUZINHO, Glaucia. DILEMAS – Vol.9 – no 3 – SET-DEZ 2016 – pp. 505-529).
Assinale, a seguir, a característica INCORRETA quanto ao inquérito policial brasileiro.
a) não possui contraditório e ampla defesa.
b) é escrito.
c) é público.
d) é dispensável.
e) é sigiloso.

4. (2018 - CESPE - PC-SE - Delegado de Polícia) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e
deveres individuais e coletivos e às garantias constitucionais. No âmbito do inquérito policial, cuja
natureza é inquisitiva, não se faz necessária a aplicação plena do princípio do contraditório,
conforme a jurisprudência dominante.
Certo ou Errado

GABARITOS COMENTADOS
1. Comentário: Salve Guerreiro (a), é importante fazer a leitura da Lei nº 13.245/2016, lá você
verá que a mencionada lei não impôs um dever à autoridade policial de intimar previamente
o advogado constituído para os atos de investigação.
Se atente ao INFO 933/STF que diz: Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a
intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de
inquérito policial.
A alternativa “d” está certa.
a) Errado. O Advogado tem direito a amplo acesso aos elementos de prova já documentados:

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S.V 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter amplo acesso aos elementos
de prova que já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, desde que digam respeito ao exercício do direito de defesa.
b) Errado. Advogado não possui direito subjetivo de ser previamente intimado por delegado,
não constituindo dever deste:
INFO 933/STF: Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa
técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito policial.
Vale ressaltar, ainda, que em sede de inquérito policial, as garantias do contraditório e ampla defesa
são mitigadas.
c) Errado. Uma das características do inquérito policial é a dispensabilidade. Em outras
palavras, o Inquérito Policial não é imprescindível para a propositura da ação penal, na
medida em que pode o membro do Ministério Público se informar através outras fontes, a fim
de propor a inicial acusatória.
e) Errado. Conforme já mencionado, o advogado tem direito a amplo acesso aos elementos de
prova já documentados: S.V 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter
amplo acesso aos elementos de prova que já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, desde que digam respeito ao exercício
do direito de defesa.

2. Comentário: Atenção guerreiro (a), se atente quando a assertiva mencionar o termo "autos do
inquérito policial", pois nessa fase as provas já estão documentadas, sendo então permitido
o acesso do advogado aos autos desse inquérito.
O sigilo do Inquérito Policial abrange as diligências que ainda estão em andamento.
Em relação aos documentos já transcritos para os autos do Inquérito Policial, esse sigilo é
mitigado, dando ao defensor o direito de acesso.
A alternativa “d” é a correta.
a) Errado. Em caso de sigilo decretado, basta aguardar que os autos do inquérito sejam
documentados.
b) Errado. Conforme preceitua o art. 20 do CPP: “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade."
c) Errado. Se atente ao que disciplina a Súmula vinculante 14/STF: É direito do defensor, no
interesse do representado, ter amplo acesso aos elementos de prova que já documentados
em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, desde
que digam respeito ao exercício do direito de defesa.
e) Errado. Conforme disciplina o art. 20 do CPP: “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade."

3. Comentário: O inquérito policial é sigiloso, na forma do artigo 20 do CPP a autoridade


assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
sociedade. A alternativa “c” está incorreta.
a) Correta. Nas palavras de Guilherme Nucci, o inquérito destina-se, fundamentalmente, ao
órgão acusatório, para formar a sua convicção acerca da materialidade e autoria da infração
penal, motivo pelo qual não necessita ser contraditório e com ampla garantia de defesa
eficiente. Esta se desenvolverá, posteriormente, se for o caso, em juízo.

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b) Correta. Conforme disciplina o art. 9 do CPP: Todas as peças do inquérito policial serão,
num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
autoridade.
d) Correta. Em situação de que o titular da ação penal já contenha elementos suficientes para
formar sua “opinio delicti”, poderá dispensar a instauração de inquérito e utilizar-se dos
mencionados elementos para amparar a denúncia/queixa, conforme disciplina os artigos 12, 27,
39, § 5º e 46, § 1º, CPP.

4. Comentário: Lembre que o inquérito policial é tem como uma de suas características o
procedimento inquisitório, não havendo contraditório e ampla defesa. O item está “certo”.

1.2. Notícia-Crime e Instauração


COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA
O ato de informar a ocorrência de uma infração, é denominada “notitia criminis” ou “delatio
criminis”.
É aquela que se dá quando a própria vítima - ou na sua impossibilidade, seu representante
legal (cônjuge, ascendente, descendente e irmão) - apresenta à autoridade policial o
cometimento de uma Infração Penal e, pode ser feita, por qualquer um do povo alheio ao
ocorrido, que informa à autoridade policial a existência de uma infração penal.
“Notitia criminis” de cognição imediata: É aquela em que a autoridade policial toma
conhecimento do fato criminoso em razão de suas atividades rotineiras.
“Notitia criminis” de cognição mediata: Nessa situação a autoridade policial toma
conhecimento do fato criminoso através de um expediente formal, como por exemplo,
requisição do Ministério Público, com vistas à instauração do Inquérito Policial.
“Notitia criminis” de cognição coercitiva: A autoridade policial toma conhecimento do fato em
razão da prisão em flagrante do suspeito.
IMPORTANTE!
O delegado está obrigado a instaurar IP requisitado pelo Juiz ou Promotor?
Em relação ao assunto que se refere a possibilidade de a autoridade judiciária requisitar a
instauração de inquérito policial, há diversas posições doutrinarias que sustentam que não se
coaduna com a adoção do sistema acusatório pela CF, sob pena de evidente prejuízo a sua
imparcialidade.
O correto seria encaminhar as informações acerca da prática de ilícito penal ao MP.
No que tange à requisição feita pelo Ministério Público, a autoridade policial está obrigada a
instaurar o inquérito policial por força do princípio da obrigatoriedade, que impõe às autoridades o
dever de agir diante da notícia da prática de infração penal.
Agora quando se tratar de requisição ministerial manifestamente ilegal (v.g., para investigar
crime prescrito ou conduta atípica), deve a autoridade policial abster-se de instaurar o inquérito
policial, comunicando sua decisão, justificadamente, ao órgão do Ministério Público responsável
pela requisição, assim como às autoridades correcionais.

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ANOTE AÍ!
O que é o procedimento de verificação de procedência das informações (VPI) e qual sua
utilidade prática?
A Verificação de Procedência das Informações (VPI) é expediente investigatório informal que
visa a analisar se a abstrata narrativa do noticiante é suficiente para dar azo à instauração do
procedimento apuratório formal em desfavor de um indivíduo.
Art. 5, § 3º, do CPP: Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade
policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
Pelo exposto, é possível notar que não basta a qualquer do povo dirigir-se à delegacia e narrar um
suposto fato criminoso para que haja instauração do inquérito policial.
Seria de uma leviandade sem precedentes que um instituto gravoso como é a investigação
policial fosse desencadeado com base unicamente no relato incomprovado do noticiante.
Passou, então, a verificação de procedência das informações a ser um grande filtro, o qual impede
a proliferação de infrutíferas investigações em desfavor de inocentes.
O expediente administrativo em questão (Verificação da Procedência das Informações) é um
mecanismo de suma importância para a eficiência do trabalho policial, já que impede a perda de
tempo dos investigadores com inquéritos absolutamente infundados.
Se a autoridade policial pôde visualizar na VPI que não havia qualquer evidência de prática
de infração penal, não há que se instaurar o inquérito.
Importante salientar que, costumeiramente, tal ato de verificação propedêutica é materializado por
um despacho do delegado no próprio boletim de ocorrência e correspondente expedição de uma
ordem de missão policial visando averiguar se existe o mínimo de lastro acerca da autoria e
materialidade criminosas.
A grande vantagem prática da instauração da Verificação Preliminar de Informações é que
não se fará necessário tamanho formalismo para a não continuidade de tal investigação; ou
seja, não será imprescindível passar pela burocracia criada para o arquivamento do
inquérito policial.
No caso do inquérito instaurado, para que haja seu arquivamento, é necessário que os autos sejam
remetidos ao Ministério Público, o qual poderá ou não concordar com o engavetamento desse
instrumento investigatório. Caso o “Parquet” concorde com tal sugestão encaminhará o
inquérito ao juiz para que ele sacramente o arquivamento.
Diferentemente do procedimento afeto ao inquérito policial, no caso da VPI, como não houve
instauração formal de IP, o “arquivamento” de tais peças acaba sendo muito mais simples:
um mero despacho negando instauração do inquérito já é suficiente.
Basta notarmos que aqui não haverá verdadeiro arquivamento das peças, mas, sim, uma fundada
negativa de se instaurar o procedimento principal, ou seja, o inquérito policial.
Nesses termos, fica claro que o delegado de Polícia, averiguando a improcedência das
informações prestadas, somente indeferirá a pretensão da vítima-noticiante em ver
instaurado o inquérito policial em desfavor de seu suposto algoz.
Caso a vítima-noticiante se irresigne com tal decisório da autoridade policial, deve interpor recurso
junto ao chefe de Polícia para ver o inquérito policial instaurado, ou interpelar junto a outras
autoridades (por exemplo, membro do Ministério Público) para que requisitem a referida
instauração ao delegado de Polícia.

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Vejamos o esquema em árvore:

Por fim, frisamos que essa verificação preliminar não pode ser tida como um substitutivo do
inquérito policial ou mesmo do TCO. O inquérito policial e o TCO visam a colher elementos de
convicção acerca da autoria e materialidade criminosas; a verificação da procedência das
informações almeja, unicamente, confirmar se as informações narradas à autoridade policial não
são evidentemente falsas ou absolutamente infundadas.
É claro que, caso os fatos narrados pela vítima não sejam patentemente falsos ou inverossímeis,
deve a autoridade policial iniciar a investigação policial por meio da instauração de inquérito policial
(ou lavra do TCO), já que estes são, por excelência, os procedimentos apuratórios policiais
padrão”.3
Nas palavras de Rogério Greco, que ensina com precisão a aplicação da VPI: "Não se inicia
investigações por puro capricho, por curiosidade, por leviandade, mas sim quando se tem
um mínimo necessário de provas que possa conduzir a investigação à descoberta de um
fato criminoso e de seu provável autor".
“Devemos ter em mente que o indiciamento de alguém, que não praticou qualquer infração
penal, simplesmente pelo fato de ter sido denunciado anonimamente, ofende, frontalmente,
sua dignidade. Um inquérito policial, ou mesmo uma ação penal proposta em face de um homem
de bem, causa sequelas terríveis. Por isso, não podemos brincar com a justiça penal. Assim, não
3
Pratica Policial Sistematizada, Adriano Souza Costa e Laudelina Inácio da Silva, 3ª Ed., Editora Impetus

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entendemos como possível a instauração de um inquérito policial baseada, tão somente,
nas informações trazidas por aquele que as levou a efeito através do disque-denúncia.
Poderá sim a autoridade policial, iniciar uma investigação preliminar, sem o formalismo exigido pelo
inquérito policial para, somente após, verificada a procedência das informações, determinar sua
abertura4”.
JURISPRUDÊNCIA!
1. INFORMATIVO 819/STF - INVESTIGAÇÃO CRIMINAL - Denúncia anônima.
As notícias anônimas ("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de
investigação, como interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem
constituir fonte de informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos
órgãos do Poder Judiciário.
Procedimento a ser adotado pela autoridade policial em caso de “denúncia anônima”:
1) Realizar investigações preliminares para confirmar a credibilidade da “denúncia”;
2) Sendo confirmado que a “denúncia anônima” possui aparência mínima de procedência,
instaura-se inquérito policial;
3) Instaurado o inquérito, a autoridade policial deverá buscar outros meios de prova que não a
interceptação telefônica (esta é a ultima ratio). Se houver indícios concretos contra os
investigados, mas a interceptação se revelar imprescindível para provar o crime, poderá ser
requerida a quebra do sigilo telefônico ao magistrado. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel.
Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016 (Info 819).

2. Jurisprudências sobre VPI: a) “O precedente referido pelo impetrante na inicial - HC nº


84.827/TO, Relator o Ministro Março Aurélio, DJ de 23/11/07 - de fato, assentou o entendimento de
que é vedada a persecução penal iniciada com base, exclusivamente, em denúncia anônima.
Firmou-se a orientação de que a autoridade policial, ao receber uma denúncia anônima, deve antes
realizar diligências preliminares para averiguar se os fatos narrados nessa "denúncia" são
materialmente verdadeiros, para, só então, iniciar as investigações.
No caso concreto, ainda sem instaurar inquérito policial, policiais federais diligenciaram no sentido
de apurar as identidades dos investigados e a veracidade das respectivas ocupações funcionais,
tendo eles confirmado tratar-se de oficiais de justiça lotados naquela comarca, cujos nomes eram
os mesmos fornecidos pelos ‘denunciantes’. Portanto, os procedimentos tomados pelos policiais
federais estão em perfeita consonância com o entendimento firmado no precedente supracitado,
no que tange à realização de diligências preliminares para apurar a veracidade das informações
obtidas anonimamente e, então, instaurar o procedimento investigatório propriamente dito.” (STF,
HC 95244/PE, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma – j. 23.3.2010).
b) “Não serve à persecução criminal notícia de prática criminosa sem identificação da autoria,
consideradas a vedação constitucional do anonimato e a necessidade de haver parâmetros
próprios à responsabilidade, nos campos cível e penal, de quem a implemente.” (STF, HC
84827/TO, Rel. Min. Marco Aurélio, T1 – p. DJe 22.11.2007).
c) “Conforme entendimento desta Corte Superior de Justiça, em razão da vedação constitucional
ao anonimato, as informações de autoria desconhecida não podem servir, por si sós, para
embasar a interceptação telefônica, a instauração de inquérito policial ou a deflagração de processo
criminal. Admite-se apenas que tais notícias levem à realização de investigações preliminares
pelos órgãos competentes.” (STJ, HC 94546/RJ; Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, T6 –
p. DJe 7.2.2011).

4
GRECO, Rogério. Atividade Policial. 2. ed. rev., ampl. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2010.

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d) “A instauração de VPI (Verificação de Procedência das Informações) não constitui
constrangimento ilegal, eis que tem por escopo investigar a origem de delatio criminis anônima,
antes de dar causa à abertura de inquérito policial. Aquele que comparece à presença da
autoridade policial pode valer-se de seu direito constitucional ao silêncio, sem que isso seja
considerado em seu desfavor. Pedido parcialmente conhecido e, nessa extensão, denegado.” (STJ,
HC 103566/RJ, Rel. Min. Jane Silva, des. convoc. do TJ/MG, Sexta Turma – j. 11.11.2008).
e) “A Constituição Federal veda o anonimato, o que tinge de ilegitimidade a instauração de inquérito
policial calcada apenas em comunicação apócrifa. Todavia, na hipótese, a notícia prestou-se
apenas a movimentar o Ministério Público que, após diligenciar, cuidou de, higidamente, requisitar
o formal início da investigação policial.” (STJ, HC 53703/RJ; Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, T6 – p. DJe 17.8.2009).
f) “A delação anônima não constitui elemento de prova sobre a autoria delitiva, ainda que indiciária,
mas mera notícia dirigida por pessoa sem nenhum compromisso com a veracidade do conteúdo de
suas informações, haja vista que a falta de identificação inviabiliza, inclusive, a sua
responsabilização pela prática de denunciação caluniosa.” (STJ – HC 64096/PR, Rel. Min. Arnaldo
Esteves Lima; T5 – p. DJe 4.8.2008).
g) "Ainda que com reservas, a denúncia anônima é admitida em nosso ordenamento jurídico, sendo
considerada apta a deflagrar procedimentos de averiguação, como o inquérito policial,
conforme contenham ou não elementos informativos idôneos suficientes, e desde que observadas
as devidas cautelas no que diz respeito à identidade do investigado. " (STJ, HC 44649/SP, Rel.
Min. Laurita Vaz, T5 – p. 8/10/2007).
VAMOS PRATICAR
5. (2019 - MPE-SC - Promotor de Justiça – Matutina) A notitia criminis de cognição imediata
ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação
do indivíduo preso em flagrante-delito, enquanto a denúncia anônima é considerada notitia criminis
inqualificada.
Certo ou Errado.

6. (2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia - Bloco II) Ronaldo é morador de um bairro
violento na cidade de Rondinha, dominado pela disputa pelo tráfico de drogas. Dirigiu-se até a
Delegacia de Polícia para oferecer detalhes como o nome, endereço e telefone do maior traficante
do local. Foram anotadas todas as informações e, ao final, Ronaldo preferiu não revelar a sua
identidade por receio de retaliações. Diante disso, é correto afirmar que:
a) A Constituição Federal prestigia a liberdade de expressão e veda o anonimato, razão pela qual
o delegado de polícia deve requerer à autoridade judiciária o arquivamento das informações
prestadas, mediante prévia manifestação do Ministério Público.
b) Trata-se de notitia criminis inqualificada, que torna obrigatória a imediata instauração de inquérito
policial e a representação por medidas cautelares necessárias à obtenção da materialidade do
delito imputado.
c) Segundo o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal, as notícias anônimas, por
si só, não autorizam o emprego de métodos invasivos de investigação, constituindo fonte de
informação e de provas.
d) Poderá o delegado de polícia representar pela interceptação telefônica, havendo indícios
razoáveis da autoria ou participação fornecidos pela notícia anônima.

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e) Segundo o entendimento mais recente do Supremo Tribunal Federal, as notícias anônimas
autorizam o deferimento de medida cautelar de busca e apreensão, mas não permitem, de imediato,
a autorização de interceptação telefônica, dado o caráter subsidiário desse meio de obtenção de
prova.

7. (2017 - CESPE - PJC-MT - Delegado de Polícia) O inquérito policial instaurado por delegado
de polícia para investigar determinado crime
a) não poderá ser avocado, nem mesmo por superior hierárquico.
b) poderá ser avocado por superior hierárquico somente no caso de não cumprimento de algum
procedimento regulamentar da corporação.
c) poderá ser redistribuído por superior hierárquico, devido a motivo de interesse público.
d) poderá ser avocado por superior hierárquico, independentemente de fundamentação em
despacho.
e) não poderá ser redistribuído, nem mesmo por superior hierárquico.

8. (2016 - CESPE - PC-PE - Delegado de Polícia) A respeito do inquérito policial, assinale a opção
correta, tendo como referência a doutrina majoritária e o entendimento dos tribunais superiores.
a) Por substanciar ato próprio da fase inquisitorial da persecução penal, é possível o indiciamento,
pela autoridade policial, após o oferecimento da denúncia, mesmo que esta já tenha sido admitida
pelo juízo a quo.
b) O acesso aos autos do inquérito policial por advogado do indiciado se estende, sem restrição, a
todos os documentos da investigação.
c) Em consonância com o dispositivo constitucional que trata da vedação ao anonimato, é vedada
a instauração de inquérito policial com base unicamente em denúncia anônima, salvo quando
constituírem, elas próprias, o corpo de delito.
d) O arquivamento de inquérito policial mediante promoção do MP por ausência de provas impede
a reabertura das investigações: a decisão que homologa o arquivamento faz coisa julgada material.
e) De acordo com a Lei de Drogas, estando o indiciado preso por crime de tráfico de drogas, o
prazo de conclusão do inquérito policial é de noventa dias, prorrogável por igual período desde que
imprescindível para as investigações.

GABARITOS COMENTADOS
5. Comentário: Se atente que o flagrante delito não é “notitia criminis” de cognição imediata como
diz a alternativa. O item está “errado”.
“Notitia criminis” de cognição imediata, que também é como espontânea, ocorre quando a
autoridade toma conhecimento de fato criminoso através da sua atividade funcional rotineira.
Na situação em que a autoridade policial toma conhecimento de fato delituoso decorrente de
prisão em flagrante trata-se de “notitia criminis” de cognição coercitiva.
E ainda há, a “notitia criminis” inqualificada é a denúncia anônima conforme diz a alternativa.
E por fim, ainda temos a “notitia criminis” provocada (mediata ou formal), conhecida também
como delatio criminis, que é quando a vítima, Juiz, Ministério Público, ou mesmo a imprensa
leva a informação da pratica de crime à autoridade policial.

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6. Comentário: Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, "As notícias anônimas
("denúncias anônimas") não autorizam, por si sós, a propositura de ação penal ou mesmo,
na fase de investigação preliminar, o emprego de métodos invasivos de investigação, como
interceptação telefônica ou busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de
informação e de provas que não podem ser simplesmente descartadas pelos órgãos do
Poder Judiciário. STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 29/3/2016
(Info 819)".
Chamada “notitia criminis” de cognição coercitiva, onde a autoridade policial toma
conhecimento do fato delituoso por meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante.
A alternativa “c” está correta.
a) Errada. A “notitia criminis de cognição” imediata ocorre de forma espontânea, nesta
situação a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de suas atividades
rotineiras, comunicação informal, imprensa, delação de qualquer do povo, etc.
b) Errada. A “notitia criminis” de cognição mediata, é aquela que ocorre de forma provocada.
A autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso por meio de comunicação oficial escrita.
Requisição do juiz ou do Ministério público; requerimento da vítima; representação da vítima ou
requisição do Ministro da Justiça.
d) Errada. Aqui temos a chamada “notitia criminis” inqualificada, também conhecida
como denúncia anônima, mas também recebe o nome de delação apócrifa. Quando recebida
a denúncia anônima, deve a autoridade realizar diligências para apurar sua veracidade, e só então
instaurar o inquérito.

7.Comentário: Conforme disciplina a lei 12.830/2013 em art. 2°: As funções de Polícia judiciária e
a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica,
essenciais e exclusivas de Estado.
§4: O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser
avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por
motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em
regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
O parágrafo 4° é conhecido doutrinariamente como princípio do delegado natural.
A alternativa “c” está correta.
a) Errada. Poderá ser avocado ou redistribuído, nas seguintes situações:
1) motivo de interesse público ou
2) nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em regulamento da
corporação que prejudique a eficácia da investigação.
b) Errada. Poderá sim ser avocado ou redistribuído por motivo de interesse público.
d) Errada. O correto é "mediante despacho fundamentado"
e) Errada. O correto é que somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior
hierárquico".
8. Comentário: Conforme é disciplinado em âmbito constitucional que trata da vedação ao
anonimato, é vedada a instauração de inquérito policial com base unicamente em denúncia
anônima, salvo quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito.
A alternativa “c” está correta.

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a) Errada. O indiciamento após o oferecimento da denúncia é ilegal e desnecessário,
importando constrangimento ilegal. (STJ HC 165600 e HC 179.951-SP).
b) Errada. É assegurado ao advogado os atos já documentados, sob pena de tornar a
investigação inócua. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por
órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa. Súmula Vinculante 14.
d) Errada. Em regra, a decisão que defere o arquivamento não faz coisa julgada material.
Entretanto, quando a decisão que se basear na atipicidade da conduta, causa extintiva da
punibilidade e excludente de ilicitude (STJ: por falta de provas), a decisão que defere o
arquivamento do Inquérito Policial faz coisa julgada material.
e) Errada. Conforme o art. 51 da Lei 11.343/06: O inquérito policial será concluído no prazo
de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz,
ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.

2.3. Providencias Preliminares


COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA

O CPP determina que a autoridade policial tome determinadas providências para a apuração da
infração penal e que estão previstas no art. 6º, do CPP.
Para o desenvolvimento da investigação, o Código de Processo Penal prevê diversas diligências
que podem ser realizadas na sua fase instrutória, as quais podemos dividir entre ordinárias e
extraordinárias.
“As diligências ordinárias estão previstas nos artigos 6° e 7° do CPP, que estabelecem como
diligências:
a) exame do legal de crime;
b) apreensão de provas destinadas ao esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
c) oitiva do ofendido, testemunhas e indiciado;
d) reconhecimento de pessoas e coisas;
e) acareações;
f) exame de corpo de delito e outras perícias;
g) identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, com a juntada da
folha de antecedentes;
h) questionário de vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter;
obtenção de informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa;
i) reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública”.

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Nessa fase, é possível ainda a realização de diligências extraordinárias, como: a representação
por medidas cautelares sujeitas a reserva de jurisdição, tais como a quebra de sigilo
bancário, fiscal, telefônico, telemático, bem como a interceptação telefônica, busca e
apreensão, infiltração policial, colaboração premiada e ação controlada, entre outras 5.
TOME NOTA
CPP
Art. 6º: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll,
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido
a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
aos autos sua folha de antecedentes;
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Art. 7º: Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie
a moralidade ou a ordem pública.
Art. 10: O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela.
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.
§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado
pelo juiz.

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https://www.conjur.com.br/2017-ago-22/passo-passo-atos-praticados-inquerito-civil

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Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o
delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da
iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência)
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação. (Incluído pela Lei
nº 13.344, de 2016) (Vigência)
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas,
o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização
judicial, às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados - como sinais, informações e outros -
que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. (Incluído pela Lei
nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura,
setorização e intensidade de radiofrequência. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
autorização judicial, conforme disposto em lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30
(trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
(Vigência)
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de
ordem judicial. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo
máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
§ 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente
requisitará às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados - como sinais, informações e outros -
que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata
comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
VAMOS PRATICAR
9. (2018 - NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil) Em relação aos procedimentos do
inquérito policial, é CORRETO afirmar que:
a) A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz
competente.
b) Em qualquer situação e em qualquer crime e para verificar a possibilidade de haver a infração
sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada
dos fatos.

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c) Todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, reduzidas a escrito ou digitadas e,
neste caso, há dispensa de serem todas as páginas rubricadas pela autoridade.
d) O inquérito deverá terminar no prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia da comunicação
ao juiz do cumprimento da ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto,
mediante fiança ou sem ela.
e) No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. Quando o fato for de difícil elucidação, e o
indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores
diligências, que serão realizadas no prazo acordado pelo Ministério Público e marcado pelo juiz.

10. (2018 - FUNDATEC - PC-RS - Delegado de Polícia - Bloco II) De acordo com o Código de
Processo Penal, estando em pleno curso o delito de sequestro e cárcere privado, compete à
autoridade policial:
a) Requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
b) Requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados,
informações cadastrais e a interceptação das comunicações telefônicas da vítima e de suspeitos,
que deverá ser efetivada no prazo máximo de 24 horas.
c) Representar judicialmente por mandado de busca e apreensão para legitimar o ingresso no
domicílio em que se encontre a vítima, nos termos do Art. 5º, XI da Constituição Federal.
d) Requisitar, de quaisquer órgãos do poder público, dados e informações cadastrais da vítima ou
de suspeitos e, mediante ordem judicial, obtê-los de empresas da iniciativa privada.
e) Requisitar, de quaisquer empresas da iniciativa privada e, mediante ordem judicial, requerer
dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos perante quaisquer órgãos de poder
público.

11. (2017 - FAPEMS - PC-MS - Delegado de Polícia) Sobre as diligências que podem ser
realizadas pelo Delegado de Polícia, é correto afirmar que
a) caso o ofendido ou seu representante legal apresente requerimento para instauração de inquérito
policial, a autoridade policial deve atender ao pedido, em observância do princípio da
obrigatoriedade.
b) deparando-se com uma notícia na imprensa que relate um fato delituoso, a autoridade policial
deve instaurar inquérito policial de ofício, elaborando, conforme determina o Código de Processo
Penal vigente, um relatório sobre a forma como tomou conhecimento do crime.
c) conforme disposição expressa no Código de Processo Penal vigente, o Delegado de Polícia não
é obrigado a determinar a realização de perícia requerida pelo investigado, ofendido ou seu
representante legal, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade, ainda que se trate
de exame de corpo de delito, pois a investigação é conduzida de forma discricionária.
d) o inquérito policial é um procedimento discricionário, portanto, cabe ao Delegado de Polícia
conduzir as diligências de acordo com as especificidades do caso concreto, não estando obrigado
a seguir uma sequência predeterminada de atos.
e) poderá a autoridade policial determinar em todas as espécies de crimes, atendidos os requisitos
legais e suas peculiaridades, a reconstituição do fato delituoso, desde que não contrarie a
moralidade ou a ordem pública, com a participação obrigatória do investigado.

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GABARITOS COMENTADOS

9. Comentário: De acordo com o art. 10, § 1º: A autoridade fará minucioso relatório do que tiver
sido apurado e enviará autos ao juiz competente.
A alternativa “a” está correta.
b) Errado. Conforme disciplina o art. 7º: Para verificar a possibilidade de haver a infração sido
praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada
dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública
c) Errado. Conforme o disposto no art. 9º: Todas as peças do inquérito policial serão, num só
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.
d) Errado. Em regra geral, conforme previsto no art. 10: O inquérito deverá terminar no prazo
de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a
ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
e) Errado. Conforme reza o art. 10, § 2º: No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas
que não tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas. E, §
3º: Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão
realizadas no prazo marcado pelo juiz.

10. Comentário: Conforme previsto no art. 13-A CPP: “Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e
149-A, no §3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente),
o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer
órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos. A alternativa “a” está correta.

11. Comentário: O Inquérito Policial tem como uma de suas características a discricionariedade,
dessa forma, a autoridade Policial pode conduzir as investigações da forma que entender mais
interessante, sem seguir uma sequência predeterminada de atos. A alternativa “d” está correta.
a) Errada. Conforme o art. 5º § 3º do CPP: Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento
da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito.
b) Errada. Se for crime de Ação Penal Privada ou Ação Penal Pública Condicionada a
Representação, o delegado deverá aguardar a manifestação do ofendido.
c) Errada. De acordo o art. 184 CPP, o exame de corpo de delito é o único tipo de prova que
não pode ser negado pela Autoridade Policial.
e) Errada. A participação do investigado não é obrigatória, de acordo com o princípio do “nemo
tenetur se detegere”, o investigado não é obrigado a ajudar a produzir provas contra si
mesmo.

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1.4. Indiciamento
COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA
O indiciamento é um ato típico do inquérito policial, cabível somente em seu âmbito,
por decisão da autoridade policial. Vencida essa fase, com o processo judicial, não há mais lugar
para sua realização. É verdade que o indiciamento, quando não realizado, não surgirá nos
registros criminais do agente, mas constará, agora, a ação penal em curso contra o réu,
razão pela qual não há nenhum prejuízo.
A partir da edição da Lei n° 12.830/13, reforçou-se a tese de que dentre as funções privativas do
delegado de polícia está o indiciamento, a ser realizado através de ato fundamentado, mediante
análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias” (art. 2º, § 6º). Seguindo alguns precedentes do Supremo Tribunal Federal, em
recente decisão o ministro Edson Fachin concedeu “habeas corpus” de ofício para que fosse
cassada decisão judicial na parte em que determinava à autoridade policial que procedesse ao
indiciamento do paciente. HC 169.731
DOUTRINA!
Segundo Capez, “É a imputação a alguém, no inquérito policial, da prática de ilícito penal, sempre
que houver razoáveis indícios de sua autoria. (...) É a declaração do, até então, mero suspeito como
sendo o provável autor do fato infringente da norma pena. (...) Com o indiciamento, todas as
investigações passam a se concentrar sobre a pessoa do indiciado”.6
Nas palavras de Nicolitt, a formalização do indiciamento garantida pela Lei n. 12.830/2013 está
intimamente relacionada com a verificação de direitos fundamentais do indiciado,
principalmente aqueles relacionados à defesa, como a possibilidade de exercer o direito ao silêncio
e a segurança da duração razoável do inquérito.
O Delegado de Polícia tem o dever de classificar os crimes e contravenções que chegam ao seu
conhecimento, devendo indicar o tipo penal que se enquadra a conduta, desta forma, sendo o caso,
devendo proceder ao indiciamento, avaliando sempre, as excludentes de licitudes.
Sabemos que, mesmo que a classificação dada pelo Delegado de Polícia não vincule com o
Ministério Público e o Poder Judiciário, reflete, entre outros fatores, no procedimento composto
pelo delegado, a possibilidade ou não de fiança e, também do seu respectivo valor, no
estabelecimento inicial da competência e na necessidade de realização de exames
complementares.
Dentro dessa temática, não podemos esquecer de citar o fato de quando o indiciado estiver
ausente, em que o indiciamento poderá ser realizado de forma indireta. São as situações em que
o investigado não foi localizado, e além do mais, se encontra em local indeterminado/não sabido
e/ou, apesar de ter sido intimado, deixou de comparecer de modo injustificado.

JURISPRUDÊNCIA!
1. “A jurisprudência, inclusive do Supremo Tribunal Federal, vem se inclinando no sentido de
que, uma vez recebida a denúncia e deflagrado o processo-crime, não mais é cabível o
indiciamento do réu. É dizer: se o agente não foi formalmente indiciado na fase policial, uma
vez recebida a denúncia não mais se cogita desse ato, ainda que por iniciativa do Ministério
Público e mesmo por meio de ordem judicial.
O fundamento consiste no fato de que, uma vez iniciado o processo-crime, não há nenhum sentido
prático na realização de um ato que serve para indicar a existência de indícios de que o réu cometeu
o crime.

6
https://michellipimmich.jusbrasil.com.br/artigos/336956108/nocoes-preliminares-sobre-o-inquerito-policial

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2. Informativo 652 do STJ: É possível a deflagração de investigação criminal com base em
matéria jornalística.
Inicialmente, para a configuração de justa causa, seguindo o escólio da doutrina, "torna-se
necessário [...] a demonstração, prima facie, de que a acusação não (seja) temerária ou
leviana, por isso que lastreada em um mínimo de prova. Este suporte probatório mínimo se
relaciona com os indícios da autoria, existência material de uma conduta típica e alguma prova de
sua antijuridicidade e culpabilidade. Somente diante de todo este conjunto probatório é que, a nosso
ver, se coloca o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública". Nesse sentido, consigne-se
que é possível que a investigação criminal seja perscrutada pautando-se pelas atividades diuturnas
da autoridade policial, verbi gratia, o conhecimento da prática de determinada conduta delitiva
a partir de veículo midiático, no caso, a imprensa, como de fato ocorreu. É o que se
convencionou a denominar, em doutrina, de “notitia criminis” de cognição imediata (ou
espontânea), terminologia obtida a partir da exegese do art. 5º, inciso I, do CPP, do qual se extrai
que "nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado de ofício". Ademais, e por
fim, há previsão, de jaez equivalente, no art. 3º da Resolução n. 181, de 2017 do Conselho
Nacional do Ministério Público, in verbis: o procedimento investigatório criminal poderá ser
instaurado de ofício, por membro do Ministério Público, no âmbito de suas atribuições criminais,
ao tomar conhecimento de infração penal de iniciativa pública, por qualquer meio, ainda que
informal, ou mediante provocação (redação dada pela Resolução n. 183, de 24 de janeiro de
2018).7
3. STJ – Negado pedido para cancelar indiciamento em inquérito policial arquivado sem
denúncia.
“Foi negado pelo STJ um pedido para cancelar o indiciamento de uma pessoa em inquérito policial
que foi arquivado sem o oferecimento de denúncia contra ela.
No pedido de liminar, a defesa alegou que o indiciamento viola o direito à liberdade do cidadão,
pois implica sua submissão às consequências legais do ato, inclusive a diligências policiais não
especificadas.
Para a defesa, mesmo com o desfecho positivo (arquivamento sem a denúncia), o indivíduo sofre
constrangimento com a menção ao inquérito em seus registros pessoais, o que seria um embaraço
para a vida profissional.
Segundo a ministra Laurita Vaz, no entanto, as alegações buscam impugnar a mera possibilidade
de constrangimento, sendo inviável a concessão da liminar pleiteada.
“Dessa forma, ao que parece, não se apontou quaisquer atos concretos que possam causar,
diretamente ou indiretamente, perigo ou restrição à liberdade de locomoção no caso, o que
inviabiliza, por si só, a utilização do remédio heroico”, justificou a presidente do STJ.
Foi afirmado pela presente do STJ, que, em casos específicos, a liminar em habeas corpus
poderia ser concedida, mas para tanto seria preciso, entre outros elementos, que houvesse
ameaça de constrangimento configurada com base em atos concretos”8.
“Entenda-se: a ameaça de constrangimento ao “jus libertatis” a que se refere a garantia prevista no
rol dos direitos fundamentais (art. 5º, LXVIII, da Constituição da República) há de se constituir
objetivamente, de forma iminente e plausível, e não hipoteticamente, como parece ser a hipótese
dos autos”, disse ela.

4. STF: Inquérito policial não pode ser instaurado por mera presunção da ocorrência de
crime.

7
https://scon.stj.jus.br/SCON/SearchBRS?b=INFJ&tipo=informativo&livre=@COD=%270652%27
8
https://www.aasp.org.br/noticias/stj-negado-pedido-para-cancelar-indiciamento-em-inquerito-policial-arquivado-sem-
denuncia/

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“O que fundamenta a instauração do inquérito policial é a “notitia criminis”, que nada mais é
do que o conhecimento que tem a autoridade policial da ocorrência de uma infração penal.
A “notitia criminis” pode ser espontânea (também chamada de cognição imediata ou informal),
quando a autoridade policial tem ciência da ocorrência da infração penal em virtude de sua atividade
funcional.
Assim, por exemplo, quando se sabe da ocorrência do fato em razão do noticiário da imprensa, ou
quando um investigador de polícia leva o fato ao delegado ou mesmo através de uma denúncia
anônima. Ou ainda quando, em determinado interrogatório, o indiciado indica outros crimes que
cometeu, além daquele que é objeto da investigação.
A “notitia criminis” pode ser, ainda, provocada (conhecida, também, como mediata ou formal), que
ocorre, v.g., quando alguém do povo, a vítima, o juiz ou o Ministério Público levam à autoridade
policial a notícia da existência de uma infração penal. Pode, por último, a “notitia criminis” ser de
cognição coercitiva, em que o conhecimento do fato decorre da prisão em flagrante de seu autor.
Entende-se, no geral, que o inquérito policial pode ser instaurado diante da mera suspeita
da ocorrência do crime – suspeita baseada em elementos mínimos, evidentemente –, pois,
afinal, trata-se de procedimento destinado justamente a apurar se de fato houve a infração
penal. Não é possível exigir, para instaurar o inquérito, que haja elementos veementes de que
ocorreu um crime se este procedimento tem o propósito de reunir prova desses elementos para a
instauração da ação penal, esta sim vinculada à prova da materialidade e à existência de indícios
suficientes de autoria.
Recentemente, no entanto, a 2ª Turma do STF negou a instauração de inquérito policial para
investigar um deputado federal contra o qual havia suspeita da prática de crime eleitoral.
No caso, a Procuradoria Geral da República pediu a abertura de inquérito policial baseando-se no
fato de que o deputado havia tido recusada — em razão de “graves omissões” — a prestação de
contas relativa à campanha eleitoral de 2014.
O ministro Dias Toffoli, no entanto, não permitiu a abertura do inquérito porque considerou
o pedido lastreado em mera presunção da ocorrência de crime e em conjecturas a respeito
da validade dos documentos apresentados, que, de resto, eram os únicos de que dispunha
o deputado.
Para o ministro, “a mera desaprovação das contas pela Corte Eleitoral não tipifica, por si só,
o crime do art. 350 do Código Eleitoral. O tipo penal em questão exige a alteração da verdade
sobre fato juridicamente relevante, além do dolo de omitir, em documento público ou particular,
declaração que dele deveria constar, ou de nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa
da que deveria ser escrita, para fins eleitorais. Na espécie, a suposta falsidade ideológica residiria,
primeiramente, na falta de apresentação de “documento ou justificativa quanto às despesas de
transporte terrestre, acomodação, pessoal, alimentação” referentes a onze viagens realizadas nos
meses de agosto e setembro de 2014 entre Manaus e cidades do interior amazonense.
Todavia, como bem destacado na decisão agravada, o Ministério Público Federal parte da simples
presunção, sem lastro em dados fáticos, de que teria havido as despesas em questão e de que
elas teriam sido omitidas na prestação de contas”. Diante disso, considerou-se que a apresentação
dos documentos de prestação de contas tal como foram emitidos, sem nenhum indício de alteração,
afasta a existência de elementos mínimos que possam fundamentar a instauração de
inquérito policial”.
ANOTE AI!
1. STF: Indiciamento é ato privativo do delegado de polícia.
“Ministro cassou a decisão que determinava o indiciamento de acusado após recebimento da
denúncia.
O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), cassou decisão em que o Juízo da
1ª Vara da Comarca de Capivari (SP) havia determinado à autoridade policial o indiciamento de um
réu após o recebimento de denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). De
acordo com o ministro, o indiciamento é ato privativo do delegado de Polícia e, como regra,
não cabe ao Poder Judiciário adentrar nessa questão.
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A decisão foi tomada nos autos do Habeas Corpus (HC) 169731, em que a defesa de V.L.P.
questiona decisão monocrática do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que rejeitou o trâmite de
habeas corpus contra acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). De acordo com o TJ-
SP, ao manter a decisão de primeira instância, a diligência do juízo era correta e legítima, tendo
em vista que o indiciamento formal é imprescindível, sendo indiferente a circunstância de já estar
em curso a ação penal. O ministro Fachin não conheceu do HC, por se tratar de decisão
monocrática de ministro do STJ, mas concedeu a ordem de ofício após verificar a presença de
constrangimento ilegal ao réu.
No caso dos autos, V.L.P foi denunciado por integrar organização criminosa (artigo 2ª da Lei
12.850/2013), por receptação qualificada (artigo 180, parágrafo 1º, do Código Penal) e por
comercializar substância nociva à saúde humana e ao meio ambiente, em desacordo com as
exigências legais (artigo 56, caput, da Lei 9.605/1998). A organização criminosa, segundo o MP-
SP, mantinha uma empresa de fachada para receptar petróleo subtraído criminosamente da
Petrobras, transportando-o até a refinaria localizada em Mombuca (SP). Os acusados manuseavam
o produto e o revendiam a terceiros. Três acusados foram presos em flagrante e V.L.P. foi
considerado foragido, o que motivou a suspensão do processo penal em razão da sua não
localização. Depois de ele ser localizado e preso, foi revogada a suspensão do processo, e o juízo
requisitou à autoridade policial seu indiciamento formal. V.L.P. está preso no Centro de Detenção
Provisória de Piracicaba (SP). No HC ao Supremo, sua defesa argumentou que o indiciamento era
extemporâneo, uma vez que é pertinente à fase policial e não é cabível após o recebimento da
denúncia, o que torna a medida “abusiva e impertinente” quando imposta sem justa causa, em
momento posterior ao recebimento da denúncia.
Em sua decisão, o ministro Fachin salientou que a orientação tomada pelo juiz de primeiro grau
e mantida pelo TJ-SP contrasta com determinação legal contida na Lei 12.830/2013 e com a
jurisprudência consolidada do STF, devendo ser revista. Segundo afirmou, a lei em questão
é expressa ao afirmar (em seu artigo 2º, parágrafo 6º) que o indiciamento é ato privativo de
delegado de polícia, não devendo o juiz se imiscuir nesta valoração. Fachin citou precedente
da Segunda Turma do STF (HC 115015), de relatoria do ministro Teori Zavascki (falecido), em que
o colegiado decidiu ser incompatível com o sistema acusatório e a separação orgânica de poderes
a determinação de magistrado dirigida a delegado de polícia a fim de que proceda ao indiciamento
de determinado acusado.
Por esse motivo, segundo observou o ministro, o exame de conveniência e oportunidade de
que dispõe o delegado de polícia, ressalvada hipótese de ilegalidade ou abuso de poder
patente, não está sujeito à revisão judicial. “No caso presente, ao que tudo indica, não houve
excepcionalidade que justificasse a extraordinária atuação do Juízo singular, pois, em verdade, o
delegado de polícia, após conduzir investigação complexa, devidamente instruída por
interceptações telefônicas e pedidos de quebra de sigilo, decidiu indiciar outros três acusados, mas
não indiciou o ora paciente. Tal opção afigura-se legítima, dentro da margem de discricionariedade
regrada de que dispõe a autoridade policial, na fase embrionária em que se encontrava o feito”,
explicou.” Processo relacionado: HC 169.731
2. O indiciamento policial não pode ser ato surpresa.
O indiciamento consiste na indicação oficial pelo órgão estatal de investigação do provável autor
do delito, conforme valoração fática e jurídica realizada exclusivamente pelo delegado de polícia
responsável por essa etapa da persecução criminal.
Note-se que o indiciamento implica mudança do status do sujeito passivo envolvido no
procedimento de investigação preliminar. É por meio desse ato formal e motivado que o seu estado,
anterior, de suspeito ou investigado, passa agora ao de provável (e não possível) autor (isto é:
indiciado).
Destaque-se, portanto, que a formal atribuição do rótulo de indiciado exige mais do que a
mera suspeita criminosa.

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A suspeita pode se contentar com juízo de possibilidade, o que permite a instauração válida
de um inquérito policial (obedecida a noção de justa causa também exigida para o seu início
regular), enquanto o indiciamento requer feixe substancial de probabilidade.
Segundo Lopes Jr. e Gloeckner, exige-se para o indiciamento “um grau mais elevado de certeza
da autoria do que a situação de suspeito”.
Aliás, juízo de probabilidade que deve incidir sobre o fato punível em todos os elementos
indispensáveis à sua configuração. Logo não resta qualquer dúvida no sentido de que caberá
ao delegado de polícia, também no ato de indiciamento, proceder à verificação analítica dos
requisitos fundamentais do delito (ou do fato punível), especialmente nas dimensões da
tipicidade (formal e material), antijuridicidade (ou ilicitude) e culpabilidade. Ausente
quaisquer desses elementos, na visão da autoridade policial, a conclusão deve ser
necessariamente pelo não indiciamento.
Por fim, resta saber qual seria o momento adequado à realização desse juízo indiciário no
procedimento do inquérito policial. Em que pese séria controvérsia doutrinária e absoluta
discrepância prática, sustentamos que o indiciamento, por representar uma espécie de
deliberação conclusiva do delegado de polícia, deve ser realizado ao final do inquérito
policial, contudo de forma a permitir ainda que o (agora) indiciado manifeste-se a respeito
da sua nova condição.
É bastante comum, na práxis policial, atos de indiciamento no corpo do relatório final do
inquérito com imediata remessa dos autos ao juízo local para vista do titular do direito de
ação processual penal. Ocorre que esse tipo de postura adotada pela maioria dos delegados,
inclusive por este signatário durante muito tempo, funciona em geral como “ato surpresa”,
do qual, não tendo ciência o indiciado, nada poderá fazer a respeito desse status, sepultando
qualquer dimensão material do direito de defesa no inquérito.
Aliás, sobre a relação entre indiciamento e defesa na etapa investigatória, adverte Marta Saad
que, justamente a partir deste ato formal de indicação da provável autoria criminosa, deveria
ser necessariamente garantida a oportunidade ao exercício do direito de defesa.
Assim, diante da omissão do código, bem como na tentativa de compatibilizar a dinâmica
procedimental da investigação e as garantias fundamentais de suspeitos e indiciados, ambos tidos
efetivamente como sujeitos de direitos (e não objetos de investigação).
Surgem algumas propostas alternativas quanto ao momento mais apropriado para a realização
do ato formal de indiciamento. Há quem defenda que deveria ocorrer em momento
imediatamente anterior ao interrogatório, sem prejuízo de que essa oitiva do então indiciado
fosse realizada mesmo já havendo prestado declarações iniciais (oitiva anterior sob a
condição de suspeito ou investigado já que não havia sido formado o convencimento da
autoridade policial a respeito da culpa em sentido amplo do sujeito passivo da investigação).
É o entendimento, por exemplo, de Mário Anselmo, o qual justifica a sua posição em nome da
regular defesa técnica.
Já Lopes Jr. e Gloeckner defendem que “primeiro o suspeito deve ser interrogado para
posteriormente decidir a autoridade policial entre indiciar ou não”, embora reconheçam a
inexistência de um ato formal e particular de indiciamento, afirmando que a “situação de
indiciado concreta-se (ou ao menos deveria) com o interrogatório policial”.
O tema, sem dúvidas, é controvertido. Por vezes, bastante confuso na doutrina. Contudo, em nossa
visão, algumas coisas devem ficar claras:
(i) antes da conclusão pela autoridade policial sobre o indiciamento de um suspeito, deverá ser
realizado o interrogatório do investigado, oportunidade concreta para o exercício (facultativo) de
sua defesa pessoal e técnica nos limites da investigação criminal;

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(ii) o ato formal de indiciamento deve se dar por uma decisão fundamentada do delegado de polícia,
nos autos de inquérito policial, depois de reunidos elementos suficientes que conduzam a um sério
juízo de probabilidade em torno da materialidade e autoria delitivas, considerando todos os
elementos de informação carreados aos autos, inclusive a versão do investigado (caso não tenha
optado pelo direito ao silêncio);
(iii) o indiciado deve ser cientificado da decisão policial de indiciamento, inclusive em respeito ao
devido procedimento legal de apuração, marcado pelo contraditório (mitigado) e pelo direito de
defesa (limitado);
(iv) o ato de indiciamento e a sua formal ciência ao indiciado deverão constar no relatório final,
agora não mais como ato surpresa, e sim como registros dos atos praticados ao longo da
investigação preliminar.

IMPORTANTE!
DESINDICIAMENTO
Conforme entendimento doutrinário, ausente qualquer elemento de informação quanto ao
envolvimento do agente na prática delituosa, a jurisprudência tem admitido a possibilidade de
impetração de habeas corpus a fim de sanar o constrangimento ilegal daí decorrente, buscando-se
o desindiciamento.
Nesse tocante, o STJ já se manifestou confirmando o que foi dito acima, nos seguintes termos:
"O indiciamento configura constrangimento quando a autoridade policial, sem elementos
mínimos de materialidade delitiva, lavra o termo respectivo e nega ao investigado o direito de
ser ouvido e de apresentar documentos.

MUITO IMPORTANTE!
Situação Atribuição para investigar
Se o crime foi praticado antes da Polícia (Civil ou Federal) ou MP.
diplomação Não há necessidade de autorização
Se o crime foi praticado depois da do STF
diplomação (durante o exercício do Medidas cautelares são deferidas
cargo), mas o delito não tem relação pelo juízo de 1ª instância (ex: quebra
com as funções desempenhadas. de sigilo)
Ex: homicídio culposo no trânsito.

Se o crime foi praticado depois da Polícia Federal e Procuradoria Geral


diplomação (durante o exercício do da República, com supervisão judicial
cargo) e o delito está relacionado com do STF.
as funções desempenhadas. Há necessidade de autorização do
Ex: corrupção passiva. STF para o início das investigações.

“Investigações criminais envolvendo Deputados Federais e Senadores DEPOIS da AP 937


QO
O entendimento que restringe o foro por prerrogativa de função vale para outras hipóteses
de foro privilegiado ou apenas para os Deputados Federais e Senadores?
Vale para outros casos de foro por prerrogativa de função. Foi o que decidiu o próprio STF no
julgamento do Inq 4703 QO/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/06/2018 no qual afirmou que o
entendimento vale também para Ministros de Estado.
O STJ também decidiu que a restrição do foro deve alcançar Governadores e Conselheiros dos
Tribunais de Contas estaduais. Explico.

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O art. 105, I, “a”, da CF/88 prevê que compete ao STJ julgar os crimes praticados por Governadores
de Estado e por Conselheiros dos Tribunais de Contas dos Estados:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos
Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem
perante tribunais;
A Corte Especial do STJ, seguindo o mesmo raciocínio do STF, limitou a
amplitude do art. 105, I, “a”, da CF/88 e decidiu que:
O foro por prerrogativa de função no caso de Governadores e Conselheiros
de Tribunais de Contas dos Estados deve ficar restrito aos fatos ocorridos
durante o exercício do cargo e em razão deste.
Assim, o STJ é competente para julgar os crimes praticados pelos
Governadores e pelos Conselheiros de Tribunais de Contas somente se
estes delitos tiverem sido praticados durante o exercício do cargo e em
razão deste.
STJ. Corte Especial. APn 857/DF, Rel. para acórdão Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 20/06/2018.
STJ. Corte Especial. APn 866/DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
20/06/2018.

O art. 105, I, “a”, da CF/88 prevê que os Desembargadores dos Tribunais de Justiça são
julgados criminalmente pelo STJ. O entendimento acima exposto (que restringiu o foro para
crimes relacionados com o cargo) é aplicado também para os Desembargadores dos
Tribunais de Justiça? Se um Desembargador praticar crime que não esteja relacionado com
o exercício de suas funções (ex: lesão corporal contra a esposa), ele será julgado pelo juízo
de 1ª instância?
NÃO.
Os Desembargadores dos Tribunais de Justiça continuam sendo julgados
pelo STJ mesmo que o crime não esteja relacionado com as suas funções.
Assim, o STJ continua sendo competente para julgar quaisquer crimes
imputados a Desembargadores, não apenas os que tenham relação com
o exercício do cargo.
STJ. APn 878/DF QO, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 30/05/2016.

É uma espécie de “exceção” ao entendimento do STJ que restringe o foro por prerrogativa de
função.
O STJ entendeu que haveria um risco à imparcialidade caso o juiz de 1º instância julgasse um
Desembargador (autoridade que, sob o aspecto administrativo, está em uma posição
hierarquicamente superior ao juiz).

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Veja as palavras do Min. Relator Benedito Gonçalves:
“É que, em se tratando de acusado e de julgador, ambos, membros da Magistratura nacional, pode-
se afirmar que a prerrogativa de foro não se justifica apenas para que o acusado pudesse exercer
suas atividades funcionais de forma livre e independente, pois é preciso também que o julgador
possa reunir as condições necessárias ao desempenho de suas atividades judicantes de forma
imparcial.
Esta necessidade (de que o julgador possa reunir as condições necessárias ao desempenho de
suas atividades judicantes de forma imparcial) não se revela como um privilégio do julgador ou do
acusado, mas como uma condição para que se realize justiça criminal. Ser julgado por juiz com
duvidosa condição de se posicionar de forma imparcial, afinal, violaria a pretensão de realização
de justiça criminal de forma isonômica e republicana.
A partir desta forma de colocação do problema, pode-se argumentar que, caso Desembargadores,
acusados da prática de qualquer crime (com ou sem relação com o cargo de Desembargador)
viessem a ser julgados por juiz de primeiro grau vinculado ao Tribunal ao qual ambos pertencem,
se criaria, em alguma medida, um embaraço ao juiz de carreira.”
Por enquanto, posso apontar as seguintes conclusões e dúvidas:
REGRA: as autoridades listadas no art. 105, I, “a”, da CF/88 somente são julgadas pelo STJ em
caso de crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
Ex: membro do Tribunal de Contas pratica violência doméstica contra a sua esposa. Será julgado
pelo Juiz de Direito de 1ª instância.
EXCEÇÃO: os Desembargadores dos Tribunais de Justiça são julgados pelo STJ mesmo que o
crime não esteja relacionado com as suas funções. Ex: Desembargador pratica violência doméstica
contra sua esposa. Será julgado pelo STJ (e não pelo juiz de 1ª instância)”.
TOME NOTA!
CF
Art. 5º, LVIII: O civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei.
Lei 12.830/2013
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia.
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado
de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da investigação
criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo
a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.
§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de perícia,
informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.
§ 3º (VETADO).
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente poderá ser
avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho fundamentado, por motivo
de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos previstos em
regulamento da corporação que prejudique a eficácia da investigação.
§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado.
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante
análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.

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Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe ser
dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os membros da
Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados.
VAMOS PRATICAR
12. (2018 - FUMARC - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto) Sobre o ato de indiciamento
realizado no âmbito de investigação criminal conduzida por delegado de polícia, é CORRETO
afirmar:
a) É realizado mediante o mesmo grau de certeza de autoria que a situação de suspeito.
b) Não é ato exclusivo do delegado de polícia que conduz a investigação.
c) Não poderá o delegado de polícia retratar sua posição e “desindiciar” o investigado.
d) Resulta de um juízo de probabilidade e não de mera possibilidade sobre a autoria delitiva.

13. (2016 - FUNCAB - PC-PA - Delegado de Polícia Civil – Reaplicação) A Lei n° 12.830, de
2013, dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia. Sobre o tema, é
correto afirmar que:
a) o indiciamento é ato privativo de delegado, que deve fundamentá-lo através de análise técnico-
jurídica do fato, indicando autoria e materialidade, bem como suas circunstâncias.
b) apenas bacharéis em direito podem ocupar o cargo de delegado de polícia, ao qual deverá ser
dispensado o mesmo tratamento protocolar dispensado a advogados, defensores públicos e
promotores de Justiça, ressalvado o tratamento reservado a magistrados.
c) a lei especifica que a perícia criminal deve ser independente, não se sujeitando a requisições
formuladas pelo delegado de polícia.
d) o inquérito policial somente poderá ser avocado e redistribuído pelas corregedorias de polícia,
por motivo de interesse público.
e) o delegado goza de inamovibilidade limitada, podendo sua remoção se dar apenas a pedido ou
por decisão judicial transitada em julgado.

GABARITOS COMENTADOS
12. Comentário: Nas palavras de Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar, durante a
instrução do inquérito policial, quando se decide pelo indiciamento de alguém, “saímos do juízo
de possibilidade para o de probabilidade e as investigações são centradas em pessoa
determinada".
A alternativa “d” está correta.
a) Errada. O “desindiciamento” é a denominação doutrinária para o cancelamento ou
desconstituição dos atos formais do indiciamento, mormente da identificação inserida no
banco de dados criminais. Embora não seja comum, poderá ocorrer por deliberação do
Delegado de Polícia presidente da investigação criminal, até o final do inquérito policial, e
também mediante determinação da Autoridade Judiciária. Quando decorrer da decisão do
Delegado de Polícia, esta deverá ser fundamentada, explicitando os motivos da alteração de
convencimento, seja por questões técnico-jurídicas, seja em razão da ciência de novas
circunstâncias que afastem a ilicitude do fato ou a culpabilidade do investigado, ou ainda em virtude
de erro quanto à pessoa submetida ao indiciamento.

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b) Errada. Conforme o art. 2°, 6º: da Lei 12830/2013: “O indiciamento, privativo do delegado de
polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá
indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias”.
c) Errada. O suspeito/ investigado é aquele em relação ao qual há indícios, ou seja, há mero
juízo de possibilidade de autoria.
Sendo o indiciado aquele que tem contra si indícios convergentes que o apontam como provável
autor da infração penal, isto é, há juízo de probabilidade de autoria.

13. Comentário: Conforme disciplina a lei n. 12.830/2013, Art. 2º, § 6º - O indiciamento, privativo
do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato,
que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
A alternativa “a” está correta.
b) Errada. Lei n. 12.830/2013, Art. 3º - O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel
em Direito, devendo-lhe ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem
os magistrados, os membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados.
c) Errada. Disciplina a Lei n. 12.830/2013, Art. 2º, § 2º: Durante a investigação criminal, cabe ao
delegado de polícia a requisição de perícia, informações, documentos e dados que interessem
à apuração dos fatos.
d) Errada. Lei n. 12.830/2013, Art. 2º, § 4º: O inquérito policial ou outro procedimento previsto em
lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante
despacho fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância
dos procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da
investigação.
e) Errada. Conforme reza a lei n. 12.830/2013, Art. 2º, § 5º: A remoção do delegado de polícia dar-
se-á somente por ato fundamentado.

1.5. Encerramento
COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA

“Nos crimes de ação penal, conforme determina o Art. 10, 1º, do CPP, com a conclusão das
investigações, a autoridade policial fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e
enviará os autos ao juiz competente. No relatório, o delegado de polícia não deve emitir opiniões,
julgamentos ou qualquer juízo de valor sobre a conduta do investigado; deve, tão-somente, relatar
o que foi realizado durante as investigações, uma vez que a apreciação do mérito é de competência
exclusiva do titular da ação penal pública (CF, art. 129, I) que, ao oferecer a denúncia, deverá
tipificar a conduta delituosa.
Devem acompanhar os autos do Inquérito Policial os instrumentos do crime e todos os
objetos que interessam à prova, como estabelece o art. 11, do CPP. Igualmente, a autoridade
policial deve tomar as providências previstas no Art. 23, do CPP.
Recebidos os autos do Inquérito Policial, o juiz competente os encaminhará ao Ministério
Público para as medidas legais cabíveis (CPP, art. 24).

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Nos crimes de ação penal privada, o encerramento do Inquérito Policial, deverão os autos
do IP serem remetidos ao juiz competente, para as providências estabelecidas no art. 19, do
CPP”.9
No tocante ao arquivamento do inquérito policial, somente o Ministério Público, como titular da
ação penal pública, pode requerer o arquivamento do Inquérito Policial, dando por encerradas as
possibilidades investigatórias. Nesta situação, havendo pedido do Ministério Público, o juiz
determina o arquivamento da peça investigatória.

ESTÁ COM A EFICÁCIA SUSPENSA, MAS PODE SER COBRADO NA PROVA!


Lei 13.964/2019 – CPP, art.3º - B.
(...)
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da
autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito
por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão
será imediatamente relaxada.

ATENÇÃO!
Conforme vem prevalecendo, por mais nova que seja a redação, que o §2º do art.3-B do CPP
deve ser interpretado sistematicamente com o art.10 do CPP.
Assim, estando o investigado preso o IP deve ser concluído em 10 dias, podendo ser prorrogado
por até 15 dias, uma única vez.

CUIDADO!
Essa redação acima está com a eficácia suspensa.
Vejamos quais dispositivos legais tiveram sua eficácia suspensa com a decisão do ministro Luiz
Fux:
1) Implantação do juiz das garantias e seus consectários (Artigos 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3ª-E, 3º-
F, do Código de Processo Penal);
2) A alteração do juiz sentenciante que conheceu de prova declarada inadmissível (157, §5º, do
Código de Processo Penal)
3) A alteração do procedimento de arquivamento do inquérito policial (28, caput, Código de
Processo Penal)
4) A liberalização da prisão pela não realização da audiência de custodia no prazo de 24 horas
(Artigo 310, §4°, do Código de Processo Penal)

ESTÁ VÁLIDO!
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em
flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante
fiança ou sem ela.
§ 1º A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente.
§ 2º No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas,
mencionando o lugar onde possam ser encontradas.

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https://michellipimmich.jusbrasil.com.br/artigos/336956108/nocoes-preliminares-sobre-o-inquerito-policial

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§ 3º Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer
ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado
pelo juiz.
(...)
Art. 14-A Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais
militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados
ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo
as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), o indiciado poderá constituir defensor.
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração
do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito)
horas a contar do recebimento da citação.
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor pelo investigado,
a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
indique defensor para a representação do investigado.
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares vinculados às
instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam
respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
(...)
ESTÁ COM A EFICÁCIA SUSPENSA, MAS PODE SER COBRADO NA PROVA!
Nova redação:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da
mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade
policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação,
na forma da lei.
§1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial,
poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão
da instância competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios,
a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem
couber a sua representação judicial.
EM DECORRÊNCIA DA SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DA ATUAL REDAÇÃO, ESSA ESTÁ EM
APLICABILIDADE. Redação antiga do CPP:
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação
ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a
atender.

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ESTÁ COM EFICÁCIA!
O que é “acordo de não persecução penal” e quando ele será cabível?
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos,
produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
§ 1º Para aferição da pena máxima cominada ao delito a que se refere o caput, serão
consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
Quais os casos em que não se aplica o referido instituto?
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da
lei;
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais
pretéritas;
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em
acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou precitado contra a
mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Como será formalizado o citado acordo?
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro
do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
Como será homologado?
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o
juiz deverá verificar a sua voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu
defensor, e sua legalidade.
Pode ser rejeitado pelo Juiz?
§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no
acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja
reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.

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§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao
Ministério Público para que inicie sua execução perante o juízo de execução penal.
§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou
quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo. § 8º Recusada a
homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de
complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da
necessidade de complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu
descumprimento.
Qual a consequência do descumprimento do acordo?
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o
Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de
denúncia.
§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser
utilizado pelo Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão
condicional do processo.
Quais efeitos positivos o acordo gerará?
§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de
certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará
a extinção de punibilidade.
Se houver recuso do MP na propositura do acordo?
§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução
penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28
deste Código.
TEMA POLÊMICO!
O arquivamento de inquérito policial por excludente de ilicitude realizado com base em
provas fraudadas não faz coisa julgada material. STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 23/3/2017 (Info 858).
Obs1: o STF entende que o inquérito policial arquivado por excludente de ilicitude pode ser
reaberto mesmo que não tenha sido baseado em provas fraudadas. Se for com provas fraudadas,
como no caso acima, com maior razão pode ser feito o desarquivamento.
Obs2: ao contrário do STF, o STJ entende que o arquivamento do inquérito policial baseado em
excludente de ilicitude produz coisa julgada material e, portanto, não pode ser reaberto. Nesse
sentido: STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 05/02/2015.

Veja as hipóteses em que é possível o DESARQUIVAMENTO do IP: MOTIVO DO


ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL DESARQUIVAR?
1) Insuficiência de provas SIM (Súmula 524-STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de condição da ação penal SIM
3) Falta de justa causa para a ação penal (não há indícios de autoria ou prova da materialidade)
SIM
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO

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5) Existência manifesta de causa excludente de ilicitude STJ: NÃO (REsp 791471/RJ) STF: SIM
(HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade* NÃO (Posição da doutrina)
7) Existência manifesta de causa extintiva da punibilidade NÃO (STJ HC 307.562/RS) (STF Pet
3943) Exceção: certidão de óbito falsa * Situação ainda não apreciada pelo STF. Esta é a posição
defendida pela doutrina.
Vejamos o quadro esquemático:
MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSIVEL DESARQUIVAR?
1) Insuficiência de provas SIM (Súmula 524-STF)
2) Ausência de pressuposto SIM
processual ou de condição da ação
penal
3) Falta de justa causa para a ação SIM
penal (não há indícios de autoria ou
prova da materialidade)
4) Atipicidade (fato narrado não é NÃO
crime)
5) Existência manifesta de causa STJ: NÃO (REsp 791471/RJ)
excludente de ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa NÃO (Posição da doutrina)
excludente de culpabilidade*
7) Existência manifesta de causa NÃO (STJ HC 307.562/RS) (STF Pet
extintiva da punibilidade 3943) Exceção: certidão de óbito
falsa
* Situação ainda não apreciada pelo STF. Esta é a posição defendida pela
doutrina.

Mas, estes prazos são contados a partir de quando?


Estando o indiciado solto, o prazo tem como termo a inicial a Portaria de Instauração do inquérito
policial. Estando o indiciado preso, o prazo terá como termo inicial a data da efetivação da prisão.
Trata-se, neste último caso, de prazo material, ou seja, inclui-se o dia do começo na contagem, não
se prorrogando o prazo caso o último dia seja domingo ou feriado.
O que é arquivamento implícito e indireto?
ARQUIVAMENTO
IMPLÍCITO INDIRETO
Ocorre quando não há a O Ministério Público declina
proposição da ação penal em face explicitamente da atribuição de
de algum ou de alguns dos sujeitos oferecer a denúncia por entender
investigados ou em face de algum que o juiz e o próprio Ministério
ou alguns dos fatos investigados. Público são incompetentes
O Ministério Público denuncia O juiz acata a opinião e determina a
alguns dos indiciados e fica silente remessa ao juiz competente.
quanto a outros
O Ministério Público denuncia Se o Juiz discordar, aplica-se o
alguém por algum fato e fica silente disposto o art. 28 do CPP com efeito
sobre outros fatos também da redação antiga em aplicação.
investigados.

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CUIDADO!
No tocante ao arquivamento implícito o STF já se manifestou contrário (RHC 95141/RJi).

Qual a diferença entre arquivamento implícito objetivo e subjetivo?


ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
OBJETIVO SUBJETIVO
Ocorre quando a omissão se dá com Ocorre quando a omissão se dá com
relação às infrações praticadas. relação aos acusados

Exemplo: Pedro comete roubo e Exemplo: Pedro e João cometem o


homicídio. O Ministério Público crime de roubo. O Ministério Público
denuncia apenas por roubo. Ocorrerá denuncia apenas Pedro. Ocorrerá
o arquivamento implícito (Objetivo) do arquivamento implícito (Subjetivo) do
inquérito em face do homicídio. inquérito em face de João.

JURISPRUDÊNCIA!
1. Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
2. “O STF sedimentou que o Ministério Público dispõe de competência para promover, por
autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que
respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob
investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva
constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais dos advogados”.STF, RE
593727/MG, red. p/ o acórdão Min. GILMAR MENDES, Plenário, julgado em 14/5/2015.
3. O STJ entende que: Promovido o arquivamento do inquérito policial pelo reconhecimento de
legítima defesa, a coisa julgada material impede a rediscussão do caso penal em qualquer novo
feito criminal, descabendo perquirir a existência de novas provas. STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 25/11/2014 (Informativo 554).

ANOTE AÍ!
O STF pode arquivar, de ofício, um inquérito? Isso viola o sistema acusatório?
Em março de 2017, a Procuradoria Geral da República requereu ao STF a abertura de inquérito
para apurar suposto crime que teria sido praticado, em 2010, pelo Deputado Federal Rodrigo
Garcia, sendo esse pedido autorizado no mês de abril e o Ministro Relator do inquérito, no STF,
determinou que a Polícia Federal fizesse, em 30 dias, as diligências de investigação que foram
requeridas pelo Ministério Público.
Ocorreu que no mês de julho de 2017 a PGR afirmou que parte das diligências foram feitas, mas
pediu a prorrogação do prazo para que novas investigações fossem realizadas.
Sendo pedido deferido pelo ministro relator om base no art. 230-C, § 1º, do Regimento Interno do
STF, que diz o seguinte:
Art. 230 (...)
§ 1º O Relator poderá deferir a prorrogação do prazo sob requerimento fundamentado da
autoridade policial ou do Procurador-Geral da República, que deverão indicar as diligências
que faltam ser concluídas.
Assim sendo, o Ministro concedeu mais 60 dias para que a Polícia Federal concluísse as
investigações que faltavam.

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No mês novembro de 2017, a PGR fez novo pedido de prorrogação do prazo para as investigações
e o Ministro concedeu mais 60 dias. No mês março de 2018, a PGR fez novo pedido de prorrogação
do prazo para as investigações e o Ministro concedeu mais 60 dias.
E por fim em junho de 2018, a PGR pediu que os autos fossem remetidos à 1ª instância. Isso
porque o STF, em decisão proferida em maio de 2018, restringiu o foro por prerrogativa de funções
dizendo o seguinte:
“O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do
cargo e relacionados às funções desempenhadas”. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min.
Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018 (Info 900).
Sendo assim, a PGR argumentou que o delito investigado teria sido praticado pelo Deputado
Federal antes do exercício do cargo. Então, não seria da competência do STF julgá-lo.
Desta forma, a PGR disse o seguinte: “agora que houve essa restrição do foro privativo, não será
mais o STF que irá julgar originariamente este delito. Isso significa que também não há mais motivo
para o inquérito ficar tramitando no STF, razão pela qual ele deve ser enviado para a 1ª instância,
onde um Promotor de Justiça e um Juiz de 1ª instância irão atuar”.

O que decidiu o Supremo neste caso? O Tribunal acolheu a declinação de competência?


NÃO. O STF afirmou o seguinte: a PGR está certa quando diz que agora há uma restrição do
foro por prerrogativa de função. De fato, agora, o STF somente julga, originariamente, os
crimes cometidos pelos Deputados Federais e Senadores, se tiverem sido praticados
durante o exercício do cargo e se estiverem relacionados com as funções desempenhadas.
Foi o que restou decidido na AP 937 QO/RJ.
Então, em princípio, o normal seria deferir o pedido da PGR e declinar a competência para a 1ª
instância.
Ocorre, contudo, que aqui temos uma peculiaridade: essa investigação já foi prorrogada mais
de uma vez e até o presente momento não foi colhido nenhum indício que aponte que o crime
possa realmente ter sido cometido.
No caso, após mais de um ano de investigação, não há nenhuma perspectiva de obtenção de prova
suficiente da existência do fato criminoso. A investigação apura a notícia de que o Deputado, em
2010, teria recebido dinheiro em um hotel na zona sul de São Paulo. Sucede que o inquérito sequer
conseguiu localizar este suposto hotel onde o pagamento teria sido feito.
Assim, a declinação da competência em investigação fadada ao insucesso representaria apenas
protelar o inevitável, violados o direito à duração razoável do processo e a dignidade da pessoa
humana.
O que se percebe é que não há indícios de crime e as investigações, por mais que tenham sido
prorrogadas, não conseguiram ter qualquer êxito.
Assim, para o Ministro Relator, a declinação de competência para a 1ª instância a fim de que lá
sejam continuadas as investigações seria uma medida “fadada ao insucesso” e “representaria
apenas protelar o inevitável”.
Diante disso, o STF decidiu, de ofício (ou seja, sem requerimento), arquivar o inquérito, com base
no art. 231, § 4º, “e”, do RISTF:
Art. 231 (...)
§ 4º O Relator tem competência para determinar o arquivamento, quando o requerer o
Procurador-Geral da República ou quando verificar:
(...)

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e) ausência de indícios mínimos de autoria ou materialidade, nos casos em que forem
descumpridos os prazos para a instrução do inquérito ou para oferecimento de denúncia.
Assim sendo, a pendência de investigação, por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita
contundente, ofende o direito à razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88) e a
dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88).
Dessa forma, a 2ª Turma do STF negou o pedido de remessa do inquérito à 1ª instância e, de ofício,
determinou seu arquivamento.
Vale ressaltar que, mesmo depois do arquivamento, a autoridade policial poderá fazer novas
diligências se surgirem novas provas (art. 18 do CPP).
De forma resumida: O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando verificar que, mesmo após
terem sido feitas diligências de investigação e terem sido descumpridos os prazos para a instrução
do inquérito, não foram reunidos indícios mínimos de autoria ou materialidade.
STF. 2ª Turma. Inq 4420/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/8/2018 (Info 912).

TEMA POLÊMICO!
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal rejeitou o arquivamento do inquérito
aberto para apurar ofensas a integrantes do STF e a suspensão dos atos praticados no âmbito dessa
investigação, como buscas e apreensões e a censura a sites.
Sendo autorizado por Dias Toffoli, a prorrogação do prazo do inquérito por mais 90 dias, tendo em vista
pedido pelo próprio Moraes.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou ao STF documento no qual defende o
arquivamento do inquérito, aberto "de ofício", por iniciativa do presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli,
que nomeou Alexandre de Moraes relator.
No documento, enviado pela PGR Raquel Dodge, informava sobre o arquivamento do inquérito por
considerar a investigação ilegal. Porém o inquérito foi aberto pelo STF, sem participação da PGR, e a
decisão sobre o arquivamento ou não caberá ao próprio STF.
Em sua decisão, Alexandre de Moraes, afirma que o arquivamento do inquérito, como almejava a
procuradoria, "não encontra qualquer respaldo legal, além de ser intempestivo, e, se baseando em
premissas absolutamente equivocadas, pretender, inconstitucional e ilegalmente, interpretar o regimento
da Corte".
O Ministro entende que, o Ministério Público não pode arquivar um inquérito do qual não participa:
“Na presente hipótese, não se configura constitucional e legalmente lícito o pedido genérico de
arquivamento da Procuradoria Geral da República, sob o argumento da titularidade da ação penal pública
impedir qualquer investigação que não seja requisitada pelo Ministério Público”.
O ministro ainda afirmou que, o objeto do inquérito é "claro e específico" e decorrente de
mensagens de conteúdo falso contra integrantes do Supremo: "O objeto deste inquérito é claro
e específico, consistente na investigação de notícias fraudulentas (fake news), falsas comunicações
de crimes, denunciações caluniosas, ameaças e demais infrações revestidas de “animus
caluniandi”, “diffamandi” ou “injuriandi”, que atinjam a honorabilidade institucional do Supremo
Tribunal Federal e de seus membros".
Moraes defendeu a tese de que "a apuração do vazamento de informações e documentos sigilosos,
com o intuito de atribuir e/ou insinuar a prática de atos ilícitos por membros da Suprema Corte".
No entendimento do Ministro, o inquérito também visa apurar vazamentos: "...por parte daqueles que
têm o dever legal de preservar o sigilo; e a verificação da existência de esquemas de financiamento e
divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência
do Poder Judiciário e ao Estado de Direito."

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VAMOS PRATICAR
14. (2018 - PC-MA -CESPE - Delegado de Polícia Civil) De acordo com as legislações especiais
pertinentes, o inquérito policial deve ser concluído no
a) prazo comum de quinze dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de crimes de tortura.
b) mesmo prazo estipulado para a apreciação das medidas protetivas, nos casos de crimes
previstos na Lei Maria da Penha.
c) prazo comum de dez dias, estando o indiciado solto ou preso, nos casos de crimes contra a
economia popular.
d) prazo de trinta dias, se o indiciado estiver solto, e de quinze dias, se ele estiver preso, de acordo
com a Lei de Drogas.
e) prazo de quinze dias, se o crime for de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, conforme o
Estatuto do Desarmamento.

15. (2018 - CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil) Após a instauração de inquérito
policial para apurar a prática de crime de corrupção passiva em concurso com o de organização
criminosa, o promotor de justiça requereu o arquivamento do ato processual por insuficiência de
provas, pedido que foi deferido pelo juízo. Contra essa decisão não houve a interposição de
recursos. Nessa situação,
a) mesmo com o arquivamento do inquérito policial, a ação penal poderá ser proposta, desde que
seja instruída com provas novas.
b) em razão do arquivamento, a ação penal só poderá ser proposta como ação penal privada
subsidiária da pública.
c) o arquivamento do inquérito policial gerou a perempção, que provoca a inadmissibilidade da ação
penal devido à extinção da punibilidade provocada.
d) em razão da coisa julgada material feita com o trânsito em julgado da decisão que deferiu o
arquivamento do inquérito, é inadmissível a propositura de ação penal.
e) outro promotor de justiça, com entendimento contrário ao daquele que requereu o arquivamento,
poderá requerer o desarquivamento do inquérito e propor ação penal independentemente da
existência de novas provas.

16. (2014 - Aroeira - PC-TO - Delegado de Polícia) Os autos de inquérito policial que apuram
crimes de ação penal pública poderão ser arquivados:
a) pela autoridade policial, em virtude de requisição do Secretário de Segurança Pública.
b) pelo juiz de direito, em virtude de requerimento do órgão do Ministério Público.
c) pelo escrivão, em virtude de determinação do chefe de polícia.
d) pela Corregedoria de Polícia, em virtude de representação do ofendido.

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17. (2019 - Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia) A referida classificação do
sistema brasileiro como um sistema acusatório, desvinculador dos papéis dos agentes processuais
e das funções no processo judicial, mostra-se contraditória quando confrontada com uma série de
elementos existentes no processo.” (FERREIRA. Marco Aurélio Gonçalves. A Presunção da
Inocência e a Construção da Verdade: Contrastes e Confrontos em perspectiva comparada (Brasil
e Canadá). EDITORA LUMEN JURIS, Rio de Janeiro, 2013). Leia o caso hipotético descrito a
seguir. O Ministro OMJ, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou o pedido da Procuradoria-Geral da
República (PGR), de arquivamento do inquérito aberto para apurar ofensas a integrantes do STF e
da suspensão dos atos praticados no âmbito dessa investigação, como buscas e apreensões e a
censura a sites. Assinale a alternativa INCORRETA quanto a noção de sistema acusatório.
a) Inquérito administrativo instaurado no âmbito da administração pública.
b) A determinação de ofício de instauração de inquérito policial pelo juiz.
c) A Instauração de inquérito policial pelo Delegado de Polícia.
d) A requisição de instauração de inquérito policial pelo Ministério Público.
e) Inquérito instaurado por comissões parlamentares.

GABARITOS COMENTADOS
14. Comentários: Crimes contra a economia popular, prazo de 10 dias tanto para indiciado
preso quanto para indiciado solto.
A alternativa “c” está correta
a) Errada. Os crimes de Tortura, no caso crimes hediondos, tráfico de entorpecentes, tortura ou
terrorismo, o prazo é de trinta dias, prorrogável por mais trinta.
b) Errada. Na lei Maria da Penha: As providências previstas no artigo 12 da “Lei Maria da Penha”
servem de guia para a autoridade policial instruir o inquérito policial. Trata-se de artigo muito
semelhante ao artigo 6º do Código de Processo Penal referente a todos os inquéritos policiais.
Para que haja a concessão das medidas protetivas de urgência, a lei faz apenas uma única
exigência: que haja requerimento da vítima ou do Ministério Público (art. 19, Lei 11.340/2006),
deixando bem claro que não é necessária a realização de uma audiência com as partes, ou seja, a
medida pode ser determinada independentemente da prévia oitiva do suposto agressor. Nem
mesmo o Ministério Público precisa ser ouvido na hipótese de a medida ter sido requerida pela
vítima (art. 19, §1º) - Não especifica um prazo.
d) Errada. Crimes da lei de Drogas – 30 dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado
solto. Podem ser duplicados em ambos os casos.
e) Errada. Parágrafo único. Consideram-se também hediondos, tentados ou consumados:
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
(...)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da
Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Desta forma, quando se tratar de crime hediondo o prazo é de trinta dias, prorrogável por
mais trinta.

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15. Comentário Súmula 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
A alternativa “a” está correta.
b) Errado. A ação penal subsidiária, ou supletiva, só tem lugar no caso de inércia do órgão do
Ministério Público, ou seja, quando ele, no prazo que lhe é concedido para oferecer a
denúncia, não a apresenta, não requer diligência, nem pede o arquivamento. Quando o
Ministério Público pede o arquivamento, ele não está se quedando inerte, logo, não cabe a ação
privada subsidiária.
c) Errado. Não há nenhuma relação, pois, a perempção é a perda do direito de prosseguir no
exercício da ação penal privada em virtude da desídia do querelante.
d) Errado. A falta de justa causa não gera coisa julgada material, mas sim apenas coisa julgada
formal, o que possibilita a propositura da ação penal, desde que sejam encontradas novas provas.
e) Errado. Para que haja o desarquivamento do inquérito policial é necessário que haja “notícia
de prova nova” (art. 18, CPP).

16. Comentários: De acordo com o art. 17: A autoridade policial não poderá mandar arquivar
autos de inquérito.
E ainda em consonância com o art. 28: Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar
a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do
inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.
Lembrando que a redação exposta pela Lei anticrime está com sua eficácia suspensa, assim,
aplica-se as regras da redação retromencionada.
A alternativa “b” é a correta.

17. Comentário: O inquérito policial é atividade típica do Delegado de Polícia, não existindo a
possibilidade de determinação de ofício de instauração de inquérito policial pelo juiz.
Guerreiro (a), se atente também ao Informativo 717/STF: O indiciamento é ato privativo da
autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato. O juiz não pode determinar que
o delegado de polícia faça o indiciamento de alguém.
Ainda na doutrina de Renato Brasileiro há o ensinamento: Gestão da Prova no Sistema
Inquisitorial: "o juiz inquisidor é dotado de ampla iniciativa acusatória e probatória, tendo liberdade
para determinar de ofício a colheita de elementos informativos e de provas, seja no curso das
investigações, seja no curso da instrução processual."
Gestão da Prova no Sistema Acusatório: "recai precipuamente sobre as partes. Na fase
investigatória, o juiz só deve intervir quando provocado, e desde que haja necessidade de
intervenção judicial. Durante a instrução processual, prevalece o entendimento de que o juiz tem
certa iniciativa probatória, podendo determinar a produção de provas de ofício, desde que o faça
de maneira subsidiária."
A alternativa “b” é a incorreta.

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2.6. Atribuições da autoridade policial
COMPLEMENTAÇÃO DO TEMA

DOUTRINA!
Os critérios definidores das atribuições da autoridade policial são:
a) “Ratione loci” (critério territorial): esse critério leva em consideração o local que foi praticado
a infração penal, não há previsão legal para esse critério, e por isso existem divergências.
Para Renato Brasileiro, a atribuição da polícia se dá pelo local da consumação (critério definidor de
competência). Nesse critério se leva em consideração o local da prática do crime e não da sua
consumação (por exemplo indivíduo é esfaqueado em uma determinada cidade, porem falece no
pronto socorro da cidade vizinha, leva-se em consideração o local que ele foi esfaqueado).
Outros doutrinadores acreditam que se deve levar em consideração o local da consumação.
b) “Ratione materiae” (critério material): esse critério leva em consideração a natureza da
infração penal, nesse critério que ocorre as especializações de determinados órgãos,
exemplo: DHPP, Narcóticos, etc.
c) “Ratione persone” (critério pessoal): esse critério leva em consideração os sujeitos (ativo e
passivo) da infração penal. Exemplo a delegacia da mulher que leva em consideração o critério de
ser mulher par atendimento, delegacia do idoso que leva em consideração atendimento às pessoas
com essas características.
E suma, leva em consideração quem sofreu e quem praticou o crime.
TOME NOTA!
CPP
Art. 4º: A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela
Lei nº 9.043, de 9.5.1995)
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades
administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Art. 6º: Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas,
até a chegada dos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido;
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll,
deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido
a leitura;
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar
aos autos sua folha de antecedentes;

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IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela
pessoa presa.
(...)
Art. 250: A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda
que de outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa,
devendo apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a
urgência desta.
§ 1º Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa,
quando:
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora
depois a percam de vista;
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias
indiciárias, que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu
encalço.
§ 2º Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas
que, nas referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que
apresentarem, poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a
diligência.
(...)
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos
processos;
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
IV - representar acerca da prisão preventiva.

VAMOS PRATICAR
17. (2018 - VUNESP - PC-SP - Delegado de Polícia) A respeito do inquérito policial, assinale a
alternativa correta.
a) Para saber qual é a autoridade policial competente para um certo inquérito policial, utiliza-se o
critério ratione loci ou ratione materiae.
b) A autoridade policial poderá arquivar autos de inquérito policial se convencida da inexistência da
materialidade delitiva.
c) Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, autoridade policial poderá apreender
os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais.
d) Como peça obrigatória para o oferecimento da denúncia, os autos de inquérito policial
acompanharão a denúncia ou queixa.
e) O inquérito policial é um procedimento administrativo, de natureza acusatória, escrito e sigiloso.

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18. (2007 - TJ - TJ-DFT - Juiz - Objetiva.2) Assinale a alternativa correta:
a) A participação do membro do Ministério Público na fase investigatória criminal acarreta o seu
impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
b) A decisão proferida pelo Juízo Estadual, que ordena o arquivamento de investigação policial por
não vislumbrar a prática de crime de sua competência, afeta, em absoluto, a apuração de
ocorrência de delito de competência da Justiça Federal.
c) A autoridade policial, no exercício da função da polícia judiciária, exerce jurisdição, pelo que se
pode imputar aos seus atos vícios decorrentes de competência "ratione loci".
d) O boletim policial não é documento hábil à comprovação da efetiva ocorrência de fato nele
narrado.
GABARITOS COMENTADOS
17. Comentário: No entendimento de Renato Brasileiro, utiliza-se o critério ratione loci (em razão
do lugar) e ratione materiae (em razão da matéria).
Em razão da matéria: critério segundo o qual o inquérito poderá ser tramitar, por exemplo, pela
PF, PC ou ainda Polícia judiciária Militar.
Em razão do Lugar: segundo os critérios de fixação de competência do art. 70 do CPP (teoria
do resultado, em regra).
A alternativa “a” está certa.
b) Errada. Conforme disciplina art. 17 do CPP: A autoridade policial não poderá mandar arquivar
autos de inquérito.
c) Errada. Conforme reza o art. 6º do CPP: Logo que tiver conhecimento da prática da infração
penal, a autoridade policial deverá:
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
d) Errada: O Inquérito Policial não é peça obrigatória para o oferecimento da denúncia.
Conforme prevê o art. 12 do CPP: O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre
que servir de base a uma ou outra.
E por fim o art. 39. § 5º: O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a
representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste
caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.
d) Errada. O inquérito policial é um procedimento administrativo, de natureza inquisitiva, escrito
e sigiloso.

18. Comentário: (...) 1. Consoante entendimento pacífico dos Tribunais Superiores, "o boletim
policial não é documento hábil à comprovação da efetiva ocorrência do fato nele narrado. A
precariedade probatória desse instrumento, desacompanhado de qualquer outro elemento de
convicção, impede o reconhecimento, em habeas corpus, do caso fortuito, capaz de afastar a
responsabilidade do Paciente".
2. Necessidade de dilação probatória que refoge à via angusta da presente ação
constitucional. Acordão A TURMA, POR UNANIMIDADE, DENEGOU A ORDEM DE HABEAS
CORPUS, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR. Decisões que citam HC 56009 RS
2005.04.01.056009-7 Habeas Corpus Hc 56009 Rs 2005.04.01.056009-7 (trf4)
A alternativa “d” está certa.

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