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PC-CE

Plano de Leitura
18 Dias

Polícia Civil do Estado do Ceará


Cargo: Inspetor e Escrivão
Pós-edital
2021
S U MÁR I O

D ia 1 6
Constituição Federal: Arts. 1º - 5º
Código Penal: Arts. 1º - 12
Código de Processo Penal: Arts. 1º - 23
Lei nº 12.037/09 (Dispõe sobre a Identificação Criminal do Civilmente Identificado)
Lei nº 13.869/2019 (Lei de Abuso de Autoridade)

D ia 2 23
Constituição Federal: Arts. 6º - 17
Código Penal: Arts. 13 - 31
Código de Processo Penal: Arts. 155 – 201
Lei nº 12.850/2013 (Organização Criminosa)

D ia 3 41
Constituição Federal: Arts. 18 - 33
Código Penal: Arts. 59 - 76
Código de Processo Penal: Arts. 202 – 250
Lei nº 12.288/2010 (Estatuto da Igualdade Racial)

D ia 4 61
Constituição Federal: Arts. 37 - 41
Código Penal: Arts. 107 - 120
Código de Processo Penal: Arts. 282 – 300
Lei nº 9.605/1998 (Crimes contra o Meio Ambiente)
Lei nº 9.455/1997 (Crimes de Tortura)

D ia 5 80
Constituição Federal: Arts. 44 - 75
Código Penal: Arts. 121 - 154B
Código de Processo Penal: Arts. 301 – 316
Lei nº 7.960/1989 (Prisão Temporária)

D ia 6 99
Constituição Federal: Arts. 76 - 86
Código Penal: Arts. 155 - 183
Código de Processo Penal: Arts. 621 – 631
Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso)

D ia 7 118
Constituição Federal: Arts. 92 - 126
Código Penal: Arts. 213 – 234
Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito Brasileiro): Arts: 291 – 312B

D ia 8 136
Constituição Federal: Arts. 127 – 135 / 144
Código Penal: Arts. 250 – 285
Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei das Contravenções Penais)
Lei nº 8.429/1992 (Improbidade Administrativa)

D ia 9 154
Constituição Federal: Arts. 170 - 181
Código Penal: Arts. 286 – 311
Lei nº 4.737/1965 (Código Eleitoral): Arts: 183 – 383
Lei nº 9.613/1998 (“Lavagem” de Capitais ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores)

ID:
2
D ia 10 173
Constituição Federal: Arts. 193 - 204
Código Penal: Arts. 312 – 361
Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)

D ia 11 191
Constituição Federal: Arts. 225 – 232
Lei nº 11.343/2006 (Repressão ao Tráfico Ilício de Drogas)
Lei nº 12.830/13 (Dispõe sobre a Investigação Criminal Conduzida pelo Delegado de Polícia)

D ia 12 209
Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): Arts: 1º - 85
Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execuções Penais): Arts. 1º - 81B

D ia 13 230
Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): Arts: 86 - 190E
Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execuções Penais): Arts. 82 - 203

D ia 14 255
Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente): Arts: 191 – 265-A
Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento)

D ia 15 272
Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): Arts. 1º - 52
Lei nº 13.260/2016 (Lei contra o Terrorismo)
Lei nº 1.521/51 (Crimes contra a Economia Popular)
Lei nº 7.716/1989 (Crimes Resultantes de Preconceitos de Raça ou Cor)

D ia 16 289
Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): Arts. 53 – 127
Lei nº 8.072/1990 (Crimes Hediondos)
Lei nº 8.078/1990 (Crimes contra as Relações de Consumo): Arts. 61 – 80
Lei nº 8.137/90 (Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo)

D ia 17 305
Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais)
Lei nº 9.296/1996 (Lei de Interceptação Telefônica)
Lei nº 9.807/1999 (Programa de Proteção à Testemunha)

D ia 18 324
Lei nº 9.099/1995 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais)
Lei nº 9.784/1999 (Atos – Processo Administrativo)
Lei nº 10.671/2003 (Estatuto de Defesa do Torcedor)

Anexo Complementar (Área do Aluno):


- Constituição do Estado do Ceará. (Da Segurança Pública e da Defesa Civil.)
- Lei nº 9.826/1974 (Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do Ceará)
- Lei nº 12.124/1993 (Estatuto da Polícia Civil de Carreira do Estado do Ceará)
- Lei Complementar nº 98/2011 (Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do
Estado do Ceará)
- Lei nº 8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos)
- Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos)

ID:
3
O Plano de Leitura - Legislação Facilitada - é uma ferramenta indispensável para quem deseja aumentar o rendimento nos
estudos e alcançar a tão sonhada aprovação. Abordamos toda a legislação exigida pelo edital do concurso PCCE - Inspetor e Escrivão -
publicado e 27 de maio de 2021, selecionando somente os dispositivos que poderão ser objeto de cobrança, com o intuito de implementar um
estudo direcionado e objetivo.

Cada dia de leitura contempla leis e dispositivos diversos, de modo a tornar o estudo mais agradável e diversificado. Incorporamos,
ainda, diversas ferramentas para facilitar o estudo da legislação:

 Marcações
 Súmulas
 Comentários Pontuais

Os recursos empregados variam de acordo com a legislação exigida.

Data de fechamento: 27.05.2021

Atenção: É proibido o compartilhamento desse material, ainda que sem fins lucrativos. Registramos “CPF, e-mail e Internet
Protocol (IP)” do comprador em nosso site e nos arquivos PDF. Caso haja o descumprimento dessa orientação, adotaremos as medidas
judiciais cabíveis.

Código Penal.
Violação de direito autoral
Art. 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

ID:
4
Horário Semanal
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
12 am

1 am

2 am

3 am

4 am

5 am

6 am

7 am

8 am

9 am

10 am

11 am

12 pm

1 pm

2 pm

3 pm

4 pm

5 pm

6 pm

7 pm

8 pm

9 pm

10 pm

11 pm

ID:
5
II - garantir o desenvolvimento nacional;
Constituição da República Federativa III - erradicar a pobreza e a marginalização e
reduzir as desigualdades sociais e regionais;
do Brasil de 1988
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
PREÂMBULO (Memorize: Con Ga Er Pro)
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça I - independência nacional;
como valores supremos de uma sociedade fraterna, II - prevalência dos direitos humanos;
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social III - autodeterminação dos povos;
e comprometida, na ordem interna e internacional, com a
IV - não-intervenção;
solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA V - igualdade entre os Estados;
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. VI - defesa da paz;
VII - solução pacífica dos conflitos;
STF: O preâmbulo não possui força normativa, não pode servir VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;
de parâmetro para tornar normas inconstitucionais e não é de
reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais. Trata- se de
IX - cooperação entre os povos para o progresso
uma síntese das intenções dos constituintes e deve ser utilizado da humanidade;
para fins interpretativos. X - concessão de asilo político.
(Memorize: A-In-D Não Co-Pre-I Re-Co-S)
“O fato de usar no preâmbulo a expressão ‘sob a proteção de A – autodeterminação dos povos In – independência nacional D
Deus’ por si não faz o Estado brasileiro um Estado religioso. O – defesa da paz Não – não intervenção Co – cooperação entre os
Brasil é um país ‘laico’ ou ‘leigo’, não possui elos de relação com povos para o progresso da humanidade Pre – prevalência dos
religiões, embora inclua entre suas proteções o sentimento de direitos humanos I – igualdade entre os Estados Re – repúdio ao
liberdade religiosa e de crença”. terrorismo e ao racismo Co – concessão de asilo político S –
Vitor Cruz, Constituição Federal anotada para concursos. solução pacífica dos conflitos
TÍTULO I Parágrafo único. A República Federativa do Brasil
Dos Princípios Fundamentais buscará a integração econômica, política, social e cultural
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada dos povos da América Latina, visando à formação de uma
pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do comunidade latino-americana de nações.
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania; ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA BRASILEIRA
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana; - FORMA DE ESTADO: FEDERAÇÃO
IV - os valores sociais do trabalho e da livre Na federação brasileira, o poder político é distribuído
geograficamente em entidades governamentais autônomas
iniciativa; (União, Estados, DF, Municípios), caracterizando-se pela
V - o pluralismo político. descentralização política. Contudo, não há direito de secessão,
(Memorize: So Ci Di Va Plu) pois se estabelece um vínculo indissolúvel.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que Características: Autogoverno (escolhem seus governantes); Auto-
o exerce por meio de representantes eleitos ou organização (criam constituições estaduais ou leis orgânicas);
Autolegislação (elaboram suas próprias leis); Autoadministração
diretamente, nos termos desta Constituição.
(possuem competências tributárias e administrativas).

Art. 2º São Poderes da União, independentes e - FORMA DE GOVERNO: REPÚBLICA


harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Trata da relação entre governantes e governados e a forma de
Judiciário. distribuição do poder na sociedade.
Características: Prestação de contas; Transparência;
Sistema de Freios e Contrapesos (check and balances): Cada Temporariedade do mandato dos governantes; Eleições
Poder irá atuar com o intuito de impedir o exercício arbitrário do periódicas.
outro.
- REGIME DE GOVERNO: DEMOCRACIA (SEMIDIRETA)
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Refere-se à participação do povo na produção do ordenamento
República Federativa do Brasil: jurídico e nas ações do governo. Prevalece a vontade da maioria,
protegendo-se também as minorias. No Brasil, consagrou-se a
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

ID:
6
Democracia Semidireta, que unifica a participação por STJ: Súmula 37 - São cumuláveis as indenizações por dano
representatividade com a participação direta, através de referendo
material e dano moral oriundos do mesmo fato.
e plebiscito.
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
- SISTEMA DE GOVERNO: PRESIDENCIALISMO crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
Está ligado ao modo como se relacionam os Poderes Executivo e
Legislativo. No presidencialismo, há uma independência maior do de culto e a suas liturgias;
Poder executivo em relação ao Legislativo. O presidente da VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
república exerce as funções de Chefe de Estado (representando o assistência religiosa nas entidades civis e militares de
Brasil internacionalmente) e Chefe de Governo (tratando da internação coletiva;
política interna).
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
TÍTULO II salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
Dos Direitos e Garantias Fundamentais todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,
CAPÍTULO I fixada em lei;
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E Escusa de Consciência. Norma constitucional de eficácia contida.
COLETIVOS
IX - é livre a expressão da atividade intelectual,
Direitos Fundamentais são cláusulas pétreas e normas abertas, artística, científica e de comunicação,
sendo permitida a inclusão de novos direitos não previstos pelo
independentemente de censura ou licença;
constituinte originário.
Veda-se qualquer censura de natureza política, artística e
ideológica, não se podendo exigir licença de autoridade para
CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS:
veiculação de publicações.
Imprescritibilidade: Não desaparece com o tempo
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a
Inalienabilidade: Não é transferível a outra pessoa
honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a
Irrenunciabilidade: Não pode sofrer renúncia indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
Inviolabilidade: Autoridades e disposições infraconstitucionais violação;
devem observá-los
STJ: Súmula 227 - Pessoa jurídica pode sofrer dano moral.
Universalidade: Abrange a todos STF: Admite-se biografias não‐autorizadas, não se excluindo a
Efetividade: Poder público deve garantir sua aplicação possibilidade de indenização por dano material ou moral.
Interdependência: Há diversas ligações entre os Direitos XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo,
fundamentais ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
Complementariedade: Devem ser interpretados de forma morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
conjunta para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação
Relatividade: Direitos fundamentais não são absolutos judicial;
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, Direito Constitucional Descomplicado.
STF: Casa é um termo amplo, consagrando consultório, escritório
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção e qualquer lugar privado não aberto ao público. Contudo, não é um
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos direito absoluto.
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
propriedade, nos termos seguintes: telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas
STF: O estrangeiro em trânsito também está resguardado pelos hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
direitos individuais, podendo, inclusive, utilizar-se de remédios investigação criminal ou instrução processual penal;
constitucionais. Contudo, ele não poderá fazer uso de todos os
direitos, a exemplo da ação popular, que é privativa de brasileiro. STF: É lícita a gravação de conversa telefônica realizada por um
dos interlocutores, ou com sua autorização, sem ciência do outro,
I - homens e mulheres são iguais em direitos e quando há investida criminosa deste último.
obrigações, nos termos desta Constituição;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício
Princípio da Isonomia. Determina que seja dado igual tratamento ou profissão, atendidas as qualificações profissionais
aos que estão em situação equivalente, e tratamento desigual os que a lei estabelecer;
desiguais, na medida de suas desigualdades.
Norma de eficácia contida. O STF decidiu pela
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
inconstitucionalidade da exigência de diploma de jornalismo para
alguma coisa senão em virtude de lei; o exercício da profissão de jornalista e pela constitucionalidade do
Princípio da Legalidade. Para o particular, somente a lei pode exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por considerar
criar obrigações, assim, a inexistência de lei proibitiva implica em que o exercício da advocacia traz um risco coletivo.
permissão. Para o Poder Público, por sua vez, não é permitido
atuar na ausência de lei.
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
III - ninguém será submetido a tortura nem a exercício profissional;
tratamento desumano ou degradante; XV - é livre a locomoção no território nacional em
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da
vedado o anonimato; lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
STF: A defesa da legalização de drogas em espaços públicos XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem
constitui legítimo exercício do direito à livre manifestação do armas, em locais abertos ao público, independentemente
pensamento. de autorização, desde que não frustrem outra reunião
V - é assegurado o direito de resposta, anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
proporcional ao agravo, além da indenização por dano apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
material, moral ou à imagem;

ID:
7
XVII - é plena a liberdade de associação para fins XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; situados no País será regulada pela lei brasileira em
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que
a de cooperativas independem de autorização, sendo não lhes seja mais favorável a lei pessoal do "de cujus";
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a
XIX - as associações só poderão ser defesa do consumidor;
compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro públicos informações de seu interesse particular, ou de
caso, o trânsito em julgado; interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
Atividades Suspensas: Decisão Judicial da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
Compulsoriamente Dissolvidas: Decisão Judicial + Trânsito em cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
Julgado do Estado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se XXXIV - são a todos assegurados,
ou a permanecer associado; independentemente do pagamento de taxas:
XXI - as entidades associativas, quando a) o direito de petição aos Poderes Públicos em
expressamente autorizadas, têm legitimidade para defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Representação Processual: Exige expressa autorização do b) a obtenção de certidões em repartições públicas,


associado para que seja válida, não podendo ser substituída por para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
autorização genérica prevista em estatutos da entidade. interesse pessoal;
XXII - é garantido o direito de propriedade; XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; Judiciário lesão ou ameaça a direito; (Princípio da
Inafastabilidade de Jurisdição)
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para
Como regra, qualquer pessoa poderá acessar o Poder Judiciário
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou sem a necessidade de esgotar as esferas administrativas,
por interesse social, mediante justa e prévia indenização ressalvadas as questões relativas à Justiça Desportiva e ao
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Habeas Data.
Constituição; XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o
XXV - no caso de iminente perigo público, a ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
autoridade competente poderá usar de propriedade
Direito Adquirido: direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha
se houver dano; termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio
de outrem.
Requisição administrativa da propriedade. A autoridade será Ato Jurídico Perfeito: consumado segundo a lei vigente ao tempo
competente para utilizar temporariamente o imóvel. Não haverá em que se efetuou.
indenização se não ocorrer dano. Coisa Julgada: decisão judicial de que já não caiba recurso.

XXVI - a pequena propriedade rural, assim LINDB – Art. 6º (Decreto-Lei nº 4.657)

definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será ---------------------------------------------------------------------------------------
objeto de penhora para pagamento de débitos STF: Súmula 654 - A garantia da irretroatividade da lei, prevista
no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável
decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei pela entidade estatal que a tenha editado.
sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
utilização, publicação ou reprodução de suas obras, (Princípio do Juiz Natural)
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
O Direito Autoral configura-se como um privilégio vitalício, organização que lhe der a lei, assegurados:
transmissível aos herdeiros apenas pelo prazo que a lei a) a plenitude de defesa;
determinar. Após o prazo estipulado, será de domínio público.
b) o sigilo das votações;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
c) a soberania dos veredictos;
a) a proteção às participações individuais em obras
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, d) a competência para o julgamento dos crimes
inclusive nas atividades desportivas; dolosos contra a vida;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento STF: Súmula Vinculante 45 - A competência constitucional do
Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função
econômico das obras que criarem ou de que participarem
estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas STF: Súmula 603 - A competência para o processo e julgamento
representações sindicais e associativas; de latrocínio é do juiz singular, e não do Tribunal do Júri.
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
industriais privilégio temporário para sua utilização, bem nem pena sem prévia cominação legal;
como proteção às criações industriais, à propriedade das
O Princípio da Legalidade desdobra-se em dois: Princípio da
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
Reserva Legal e Princípio da anterioridade.
distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu;
Os inventos industriais, diferentemente do direito autoral, são
privilégios temporários. STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior
XXX - é garantido o direito de herança; à cessação da continuidade ou da permanência.

ID:
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XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória o contraditório e ampla defesa, com os meios e
dos direitos e liberdades fundamentais; recursos a ela inerentes;
XLII - a prática do racismo constitui crime STF: Súmula Vinculante 5 - A falta de defesa técnica por
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
nos termos da lei; Constituição.
STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o já documentados em procedimento investigatório realizado por
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por exercício do direito de defesa.
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, STF: Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de
podendo evitá-los, se omitirem; (Memorize: 3TH não tem Graça) depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo.
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a STF: Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial
ordem constitucional e o Estado Democrático; na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, obtidas por meios ilícitos;
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
Para a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada (Fruits of the
limite do valor do patrimônio transferido; (Princípio da Poisonous Tree), uma prova ilícita contamina todas as outras que
intranscendência das penas)
dela derivam. Essa teoria é denominada pela doutrina como
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ilicitude por derivação.
adotará, entre outras, as seguintes: (Princípio da ---------------------------------------------------------------------------------------
individualização da pena) STJ: Não se aplica a Teoria da Árvore dos Frutos Envenenados
a) privação ou restrição da liberdade; quando a prova considerada como ilícita é independente dos
demais elementos de convicção coligidos nos autos, bastantes
b) perda de bens; para fundamentar a condenação.
c) multa; LVII - ninguém será considerado culpado até o
d) prestação social alternativa; trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
e) suspensão ou interdição de direitos; (Princípio da presunção de inocência)

Rol não-exaustivo, podendo a lei criar novos tipos de


LVIII - o civilmente identificado não será submetido
penalidades. a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em
lei;
XLVII - não haverá penas:
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, pública, se esta não for intentada no prazo legal;
nos termos do art. 84, XIX;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
b) de caráter perpétuo; processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
c) de trabalhos forçados; social o exigirem;
d) de banimento; LXI - ninguém será preso senão em flagrante
e) cruéis; delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
Quanto ao caráter perpétuo, o máximo penal legalmente
exequível, no ordenamento positivo nacional, é de 40 (quarenta) transgressão militar ou crime propriamente militar,
anos. (2019) definidos em lei;
XLVIII - a pena será cumprida em LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
delito, a idade e o sexo do apenado; competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral; LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre
os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
L - às presidiárias serão asseguradas condições
assistência da família e de advogado;
para que possam permanecer com seus filhos durante o (Direito ao silêncio e à não-autoincriminação)
período de amamentação;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes policial;
da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da
pela autoridade judiciária;
lei;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela
LII - não será concedida extradição de estrangeiro
mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
por crime político ou de opinião; (Concessão de asilo político)
ou sem fiança;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a
senão pela autoridade competente; (Princípio do Juiz Natural)
do responsável pelo inadimplemento voluntário e
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário
bens sem o devido processo legal; (Princípio do devido infiel;
processo legal - Due process of law)
O Brasil tornou-se signatário da Convenção Americana de Direitos
LV - aos litigantes, em processo judicial ou Humanos - Pacto de San Jose da Costa Rica, que somente
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados permite a prisão civil pelo não pagamento de obrigação

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alimentícia. Embora a Constituição continue prevendo a § 2º Os direitos e garantias expressos nesta
possibilidade de prisão do depositário infiel, a referida Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
convenção, por possuir status supralegal, suspendeu a eficácia de dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
toda legislação infraconstitucional que regia essa prisão civil,
internacionais em que a República Federativa do Brasil
tornando-a inaplicável.
--------------------------------------------------------------------------------------- seja parte.
STF: Súmula Vinculante 25 - É ilícita a prisão civil do § 3º Os tratados e convenções internacionais
depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que Casa do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos, por 3/5
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou (três quintos) dos votos dos respectivos membros, serão
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou equivalentes às emendas constitucionais.
abuso de poder; Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos que
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para não forem aprovados de acordo com os critérios acima
proteger direito líquido e certo, não amparado por mencionados terão hierarquia supralegal, situando-se abaixo da
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela Constituição e acima da legislação interna. Os tratados
internacionais que não versem sobre direito humanos terão status
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
de leis ordinárias.
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público; § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser
adesão.
impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso
Nacional; Direitos e garantias fundamentais
b) organização sindical, entidade de classe ou STF: Súmula vinculante 25 - É ilícita a prisão civil de depositário
infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
associação legalmente constituída e em funcionamento há
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus STF: Súmula 654 - A garantia da irretroatividade da lei, prevista
no art. 5º, XXXVI, da Constituição da República, não é invocável
membros ou associados;
pela entidade estatal que a tenha editado.
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção STJ: Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e
sempre que a falta de norma regulamentadora torne ações penais em curso para agravar a pena-base.
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais STJ: Súmula 2 - Não cabe o habeas data (CF, art. 5º, LXXII, letra
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania "a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade
e à cidadania; administrativa.
LXXII - conceder-se-á habeas data: STJ: Súmula 419 - Descabe a prisão civil do depositário infiel.
a) para assegurar o conhecimento de informações STJ: Súmula 280 - O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945,
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.
caráter público; STJ: Súmula 403 - Independe de prova do prejuízo a indenização
pela publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins
b) para a retificação de dados, quando não se econômicos ou comerciais.
prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para
propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e
ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica
01
integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de
recursos;
02

LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro


judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo 03

fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente 04

pobres, na forma da lei:


05
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito; 06

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus


07
e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao
exercício da cidadania. 08

LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo,


são assegurados a razoável duração do processo e os 09

meios que garantam a celeridade de sua tramitação.


10
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata. 11

ID:
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12 estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas
em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo
13 correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil.
14

Lugar do crime
15
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
(Teoria da ubiquidade)
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
Extraterritorialidade
Código Penal Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro:
I - os crimes: (Extraterritorialidade incondicionada)
PARTE GERAL a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
TÍTULO I República;
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
Anterioridade da Lei Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia
Não há pena sem prévia cominação legal. ou fundação instituída pelo Poder Público;
Princípio da Reserva Legal. Dispositivo semelhante ao art. 5º, c) contra a administração pública, por quem está a
XXXIX, CF. seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
domiciliado no Brasil;
Lei penal no tempo II - os crimes: (Extraterritorialidade condicionada)
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou
posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude a reprimir;
dela a execução e os efeitos penais da sentença b) praticados por brasileiro;
condenatória. (Abolitio criminis) c) praticados em aeronaves ou embarcações
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
ainda que decididos por sentença condenatória transitada § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido
em julgado. (Novatio legis in mellius) segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado
STF: Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença no estrangeiro
condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei
mais benigna. brasileira depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
Lei excepcional ou temporária b) ser o fato punível também no país em que foi
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora praticado;
decorrido o período de sua duração ou cessadas as c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato lei brasileira autoriza a extradição;
praticado durante sua vigência. d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
não ter aí cumprido a pena;
Tempo do crime e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo
da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do a lei mais favorável.
resultado. (Teoria da atividade) § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime
STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se,
continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
à cessação da continuidade ou da permanência. a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de Pena cumprida no estrangeiro
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a
crime cometido no território nacional. (Princípio da pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando
territorialidade temperada) diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como
extensão do território nacional as embarcações e Eficácia de sentença estrangeira
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como da lei brasileira produz na espécie as mesmas
as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou consequências, pode ser homologada no Brasil para:
de propriedade privada, que se achem, respectivamente, I - obrigar o condenado à reparação do dano, a
no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. restituições e a outros efeitos civis;
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes II - sujeitá-lo a medida de segurança
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações

ID:
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Parágrafo único - A homologação depende:
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da Decreto-Lei nº 3.689 / 1941
parte interessada; Código de Processo Penal
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou
a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
LIVRO I
Ministro da Justiça.
DO PROCESSO EM GERAL
Compete ao STJ processar e julgar, originariamente, a TÍTULO I
homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de
exequatur às cartas rogatórias. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o
território brasileiro (Princípio da territorialidade), por este
Contagem de prazo Código, ressalvados:
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do I - os tratados, as convenções e regras de direito
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo internacional;
calendário comum. (Prazo de direito material) II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da
República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos
Frações não computáveis da pena com os do Presidente da República, e dos ministros do
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de Supremo Tribunal Federal, nos crimes de
liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100);
na pena de multa, as frações de cruzeiro. (Jurisdição política)
III - os processos da competência da Justiça Militar;
Legislação especial IV - os processos da competência do tribunal
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se especial (Constituição, art. 122, no 17);
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não V - os processos por crimes de imprensa. (Vide
dispuser de modo diverso. ADPF nº 130)
As regras gerais do Código Penal possuem aplicação Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este
subsidiária em relação às leis especiais. Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as
leis especiais que os regulam não dispuserem de modo
diverso.

Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde


logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior. (Princípio do “tempus regit actum”)

Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação


extensiva e aplicação analógica, bem como o
suplemento dos princípios gerais de direito.
01
PRINCÍPIOS PROCESSUAIS PENAIS:
02
 Princípio da inércia: Veda-se o início da ação penal de ofício
pelo juiz, cabendo ao titular da ação o seu oferecimento.
03
 Princípio do devido processo legal: Busca assegurar um
processo que respeite todas as etapas previstas em lei e que
04
observe de todas as garantias constitucionais. É um princípio
que desencadeia vários outros no processo penal.
05
 Princípio da presunção de inocência: O acusado deve ser
presumido inocente até a sentença condenatória transitar em
julgado.
06
 Princípio da paridade das armas: As partes devem ter as
mesmas oportunidades em juízo e igualdade de tratamento.
07
 Princípio da ampla defesa: O réu deve ter amplo acesso aos
08
instrumentos de defesa, garantindo-se a autodefesa e a defesa
técnica.
 Princípio do contraditório: Ambos possuem o direito de
09
manifestação quanto aos fatos e provas trazidos pela parte
contrária.
 Princípio do “in dubio pro reo”: Havendo dúvida quando à
10

inocência do réu, este não deverá ser considerado culpado.


11
 Princípio do duplo grau de jurisdição: Como regra, garante-
se à parte a possibilidade de reexame da causa por instância
12
superior.
 Princípio do juiz natural: O julgador deve atuar nos feitos que
13
foram previamente estabelecidos pelo ordenamento jurídico.
Veda-se o Tribunal de Exceção.
 Princípio da publicidade: Como regra, os atos processuais
14

devem ser públicos, permitindo-se o amplo acesso à população,


15
contudo, essa publicidade poderá sofrer restrição quando a
defesa da intimidade ou o interesse social exigirem.
 Princípio da vedação às provas ilícitas: São inadmissíveis no
processo, segundo nosso ordenamento jurídico, as provas
obtidas por meios ilícitos e as ilícitas por derivação.

ID:
12
 Princípio da duração razoável do processo: O Estado deverá VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito,
prestar sua incumbência jurisdicional no menor prazo possível, estando o investigado preso, em vista das razões
respeitando, porém, os demais princípios, como a busca pela apresentadas pela autoridade policial e observado o
verdade real. disposto no § 2º deste artigo; (2019)
 Princípio da busca pela verdade real ou material:
IX - determinar o trancamento do inquérito
Diferentemente do que ocorre no processo civil - no qual se
busca a verdade formal, a verdade dos autos – no processo policial quando não houver fundamento razoável para
penal, busca-se a verdade material dos fatos, do mundo real, sua instauração ou prosseguimento; (2019)
uma vez que trata de direitos indisponíveis, como a liberdade. X - requisitar documentos, laudos e informações ao
 Princípio da vedação à autoincriminação: O acusado não é delegado de polícia sobre o andamento da investigação;
obrigado a participar de atividades probatórias que lhe sejam (2019)
prejudiciais. XI - decidir sobre os requerimentos de: (2019)
 Princípio do “non bis in idem”: Veda-se que uma pessoa seja a) interceptação telefônica, do fluxo de
processada e condenada duas vezes pelo mesmo fato. comunicações em sistemas de informática e telemática ou
 Princípio da comunhão da prova: Após ser produzida, a prova de outras formas de comunicação;
pertence ao juízo, podendo ser utilizada pelo juiz e por qualquer b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de
das partes dados e telefônico;
 Princípio do impulso oficial: Iniciada a ação penal, o juiz tem c) busca e apreensão domiciliar;
o dever de promover o seu andamento até a etapa final.
d) acesso a informações sigilosas;
 Princípio do livre convencimento motivado: O juiz é livre para
formar seu convencimento, contudo, deverá fundamentar suas e) outros meios de obtenção da prova que
decisões no momento de prolatá-las. restrinjam direitos fundamentais do investigado;
 Princípio da lealdade processual: Reflete o dever de verdade, XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do
e a vedação a qualquer forma de fraude processual. oferecimento da denúncia; (2019)
XIII - determinar a instauração de incidente de
Observação: Atualmente, encontram-se SUSPENSOS por prazo
insanidade mental; (2019)
indeterminado, por decisão do STF, os dispositivos referentes à XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou
criação do Juiz de Garantias – Código de Processo Penal queixa, nos termos do art. 399 deste Código; (2019)
(CPP): Arts. 3º-A, 3º-B, 3º-C, 3º-D, 3º-E e 3º-F. CPP
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará
Juiz das Garantias dia e hora para a audiência, ordenando a intimação do acusado,
de seu defensor, do Ministério Público e, se for o caso, do
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura querelante e do assistente.
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de § 1o O acusado preso será requisitado para comparecer ao
investigação e a substituição da atuação probatória do interrogatório, devendo o poder público providenciar sua
órgão de acusação. (2019) apresentação.
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo sentença.
controle da legalidade da investigação criminal e pela XV - assegurar prontamente, quando se fizer
salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu
sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, defensor de acesso a todos os elementos informativos
competindo-lhe especialmente: (2019) e provas produzidos no âmbito da investigação
I - receber a comunicação imediata da prisão, criminal, salvo no que concerne, estritamente, às
nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da diligências em andamento; (2019)
Constituição Federal; (2019) XVI - deferir pedido de admissão de assistente
CF/ 1988 técnico para acompanhar a produção da perícia; (2019)
Art. 5º (...) XVII - decidir sobre a homologação de acordo de
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
não persecução penal ou os de colaboração premiada,
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e
à família do preso ou à pessoa por ele indicada; quando formalizados durante a investigação; (2019)
XVIII - outras matérias inerentes às atribuições
II - receber o auto da prisão em flagrante para o
definidas no caput deste artigo. (2019)
controle da legalidade da prisão, observado o disposto
§ 1º O preso em flagrante ou por força de mandado
no art. 310 deste Código; (2019)
de prisão provisória será encaminhado à presença do
III - zelar pela observância dos direitos do
juiz de garantias no prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua
momento em que se realizará audiência com a presença
presença, a qualquer tempo; (2019)
do Ministério Público e da Defensoria Pública ou de
IV - ser informado sobre a instauração de qualquer
advogado constituído, vedado o emprego de
investigação criminal; (2019)
videoconferência. (2019)
V - decidir sobre o requerimento de prisão
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das
provisória ou outra medida cautelar, observado o
garantias poderá, mediante representação da autoridade
disposto no § 1º deste artigo; (2019)
policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma
VI - prorrogar a prisão provisória ou outra
única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze)
medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
dias, após o que, se ainda assim a investigação não for
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório
concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (2019)
em audiência pública e oral, na forma do disposto neste
Código ou em legislação especial pertinente; (2019)
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias
VII - decidir sobre o requerimento de produção
abrange todas as infrações penais, exceto as de menor
antecipada de provas consideradas urgentes e não
potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa
ou queixa na forma do art. 399 deste Código.
em audiência pública e oral; (2019) (2019)

ID:
13
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões Parágrafo único. A competência definida neste artigo
pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por
julgamento. (2019) lei seja cometida a mesma função.
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das Polícia Judiciária: Possui caráter repressivo, atuando após a
garantias não vinculam o juiz da instrução e prática da infração penal. Polícia Civil (âmbito estadual), Polícia
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou Federal (âmbito federal)
queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas Polícia Administrativa: Possui caráter preventivo ou ostensivo,
cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. busca evitar a prática de infrações penais. Polícia Militar
(2019)

§ 3º Os autos que compõem as matérias de


Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito
competência do juiz das garantias ficarão acautelados
policial será iniciado:
na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério
I - de ofício;
Público e da defesa, e não serão apensados aos autos
II – mediante requisição da autoridade judiciária ou
do processo enviados ao juiz da instrução e
do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou
julgamento, ressalvados os documentos relativos às
de quem tiver qualidade para representá-lo.
provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para
sempre que possível:
apensamento em apartado. (2019)
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos
b) a individualização do indiciado ou seus sinais
autos acautelados na secretaria do juízo das garantias.
(2019) característicos e as razões de convicção ou de presunção
de ser ele o autor da infração, ou os motivos de
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, impossibilidade de o fazer;
praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. c) a nomeação das testemunhas, com indicação de
4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no sua profissão e residência.
processo. (2019) § 2o Do despacho que indeferir o requerimento de
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio Polícia.
de magistrados, a fim de atender às disposições deste § 3o Qualquer pessoa do povo que tiver
Capítulo. (2019) conhecimento da existência de infração penal em que caiba
ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a
conforme as normas de organização judiciária da União, procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios STF: Nada impede a deflagração da persecução penal pela
objetivos a serem periodicamente divulgados pelo chamada ‘denúncia anônima’, desde que esta seja seguida de
respectivo tribunal. (2019) diligências realizadas para averiguar os fatos nela noticiados.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o depender de representação, não poderá sem ela ser
cumprimento das regras para o tratamento dos presos, iniciado.
impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com § 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade
órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa policial somente poderá proceder a inquérito a
submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
administrativa e penal. (2019)
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as
autoridades deverão disciplinar, em 180 (cento e oitenta)
CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL:
dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização - Administrativo: É uma fase pré-processual, possui caráter
da prisão e a identidade do preso serão, de modo administrativo
padronizado e respeitada a programação normativa - Sigiloso: Não haverá publicidade do inquérito, protegendo-se a
aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, intimidade do investigado. Contudo, não será sigiloso para o juiz,
assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à Ministério Público e advogado.
informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. - Escrito: Todo o procedimento deve ser escrito e os atos orais
(2019) reduzidos a termo.
- Inquisitivo: Não há contraditório nem ampla defesa na fase
inquisitorial, uma vez que o inquérito possui natureza pré-
TÍTULO II
processual, não havendo acusação ainda.
DO INQUÉRITO POLICIAL - Indisponível: A autoridade policial, após instaurar o inquérito,
não poderá proceder o seu arquivamento, atribuição exclusiva do
Poder Judiciário, após o requerimento do titular da ação penal.
Inquérito policial “é um procedimento preparatório da ação penal,
- Discricionário na condução: Não há padrão pré-estabelecido
de caráter administrativo, conduzido pela polícia judiciária e
para a condução do inquérito. Assim, a autoridade responsável
voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de
poderá praticar as diligências da maneira que considerar mais
uma infração penal e sua autoria. Seu objetivo precípuo é a
frutíferas.
formação da convicção do Ministério Público, mas também a
- Dispensabilidade: O inquérito policial será dispensável quando
colheita de provas urgentes, que podem desaparecer, após o
o titular da ação já possuir elementos suficientes para o
cometimento do crime”.
(Guilherme de Souza Nucci, 2008, p. 143) oferecimento da ação penal.
- Oficiosidade: Incumbe à autoridade policial o dever de
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas proceder a apuração dos delitos de ofício, nos crimes cuja ação
autoridades policiais no território de suas respectivas penal seja pública incondicionada.
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações - Oficialidade: É o órgão oficial do Estado (Polícia Judiciária) que
penais e da sua autoria. deverá presidir o inquérito policial.
- Inexistência de nulidades: Por ser um procedimento
meramente informativo, é incabível a anulação de processo penal
ID:
14
em razão de suposta irregularidade em inquérito policial. Os vícios § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o
ocorridos durante a fase pré-processual não afetarão a ação penal. indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz
a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da
infração penal, a autoridade policial deverá: Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos
se alterem o estado e conservação das coisas, até a do inquérito.
chegada dos peritos criminais;
II - apreender os objetos que tiverem relação com o Art. 12. O inquérito policial acompanhará a
fato, após liberados pelos peritos criminais; denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou
III - colher todas as provas que servirem para o outra.
esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
IV - ouvir o ofendido; Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for I - fornecer às autoridades judiciárias as
aplicável, do disposto no Capítulo III do Título Vll, deste informações necessárias à instrução e julgamento dos
Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas processos;
testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas pelo Ministério Público;
e a acareações; III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas
VII - determinar, se for caso, que se proceda a autoridades judiciárias;
exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; IV - representar acerca da prisão preventiva.
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo
processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148,
autos sua folha de antecedentes; 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e
ponto de vista individual, familiar e social, sua condição no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério
do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de
contribuírem para a apreciação do seu temperamento e quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da
caráter. iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima
X - colher informações sobre a existência de filhos, ou de suspeitos. (2016)
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o Parágrafo único. A requisição, que será atendida no
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá: (2016)
dos filhos, indicado pela pessoa presa. (2016) I - o nome da autoridade requisitante; (2016)
II - o número do inquérito policial; e (2016)
Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a III - a identificação da unidade de polícia judiciária
infração sido praticada de determinado modo, a autoridade responsável pela investigação. (2016)
policial poderá proceder à reprodução simulada dos
fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão
ordem pública. dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão
Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
o disposto no Capítulo II do Título IX deste Livro. prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou
telemática que disponibilizem imediatamente os meios
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, técnicos adequados – como sinais, informações e outros –
num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
e, neste caso, rubricadas pela autoridade. delito em curso. (2016)
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 posicionamento da estação de cobertura, setorização e
(dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou intensidade de radiofrequência. (2016)
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta § 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal: (2016)
hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de I - não permitirá acesso ao conteúdo da
prisão, ou no prazo de 30 (trinta) dias, quando estiver solto, comunicação de qualquer natureza, que dependerá de
mediante fiança ou sem ela. autorização judicial, conforme disposto em lei; (2016)
STF: Salvo quando o investigado se encontrar preso II - deverá ser fornecido pela prestadora de
cautelarmente, a inobservância dos lapsos temporais telefonia móvel celular por período não superior a 30
estabelecidos para a conclusão de inquéritos policiais ou (trinta) dias, renovável por uma única vez, por igual
investigações deflagradas no âmbito do Ministério Público não período; (2016)
possui repercussão prática, já que se cuidam de prazos
III - para períodos superiores àquele de que trata o
impróprios.
inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
§ 1o A autoridade fará minucioso relatório do que (2016)
tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. § 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito
§ 2o No relatório poderá a autoridade indicar policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
testemunhas que não tiverem sido inquiridas, (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva
mencionando o lugar onde possam ser encontradas. ocorrência policial. (2016)
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de
12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará

ID:
15
às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações correrão por conta do orçamento próprio da instituição a
e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios que este esteja vinculado à época da ocorrência dos fatos
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – investigados. (2019)
que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do § 6º As disposições constantes deste artigo se
delito em curso, com imediata comunicação ao juiz. (2016) aplicam aos servidores militares vinculados às
instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal,
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o desde que os fatos investigados digam respeito a missões
indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será para a Garantia da Lei e da Ordem. (2019)
realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados curador pela autoridade policial.
às instituições dispostas no art. 144 da Constituição - Dispositivo tacitamente revogado.
Federal figurarem como investigados em inquéritos
policiais, inquéritos policiais militares e demais Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer
procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a a devolução do inquérito à autoridade policial, senão
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da
praticados no exercício profissional, de forma consumada denúncia.
ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar
Penal), o indiciado poderá constituir defensor. (2019) arquivar autos de inquérito.
CF /1988 STF: O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura do
Art. 144. (...) arquivamento implícito de inquérito policial.
I - polícia federal; STF: Súmula 524 - Arquivado o Inquérito Policial, por despacho
II - polícia rodoviária federal; do Juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação
III - polícia ferroviária federal; penal ser iniciada, sem novas provas.
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do
inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para
CP a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa; Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública,
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no os autos do inquérito serão remetidos ao juízo competente,
exercício regular de direito. onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses representante legal, ou serão entregues ao requerente, se
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. o pedir, mediante traslado.

§ 1º Para os casos previstos no caput deste Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o
artigo, o investigado deverá ser citado da instauração sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
do procedimento investigatório, podendo constituir interesse da sociedade.
defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes
contar do recebimento da citação. (2019) que lhe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo mencionar quaisquer anotações referentes a instauração
com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, de inquérito contra os requerentes.
a autoridade responsável pela investigação deverá intimar STF: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse
a instituição a que estava vinculado o investigado à época do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 já documentados em procedimento investigatório realizado por
(quarenta e oito) horas, indique defensor para a órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
representação do investigado. (2019) exercício do direito de defesa.
§ 3º Havendo necessidade de indicação de
defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado
preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em dependerá sempre de despacho nos autos e somente será
que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da permitida quando o interesse da sociedade ou a
Federação correspondente à respectiva competência conveniência da investigação o exigir.
territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não
profissional para acompanhamento e realização de todos excederá de três dias, será decretada por despacho
os atos relacionados à defesa administrativa do fundamentado do Juiz, a requerimento da autoridade
investigado. (2019) policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em
§ 4º A indicação do profissional a que se refere o § qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do
3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação de Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215,
que não existe defensor público lotado na área territorial de 27 de abril de 1963)
onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, Artigo não recepcionado pela CF/88
hipótese em que poderá ser indicado profissional que não
integre os quadros próprios da Administração. (2019) Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que
§ 5º Na hipótese de não atuação da Defensoria houver mais de uma circunscrição policial, a autoridade
Pública, os custos com o patrocínio dos interesses dos com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que
investigados nos procedimentos de que trata este artigo esteja procedendo, ordenar diligências

ID:
16
em circunscrição de outra, independentemente de II – carteira de trabalho;
precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até III – carteira profissional;
que compareça a autoridade competente, sobre qualquer IV – passaporte;
fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição. V – carteira de identificação funcional;
VI – outro documento público que permita a
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito identificação do indiciado.
ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao Instituto Parágrafo único. Para as finalidades desta Lei,
de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, equiparam-se aos documentos de identificação civis os
mencionando o juízo a que tiverem sido distribuídos, e os documentos de identificação militares.
dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.
Art. 3º Embora apresentado documento de
identificação, poderá ocorrer identificação criminal
quando:
I – o documento apresentar rasura ou tiver indício
de falsificação;
II – o documento apresentado for insuficiente para
identificar cabalmente o indiciado;
III – o indiciado portar documentos de identidade
distintos, com informações conflitantes entre si;
IV – a identificação criminal for essencial às
01
investigações policiais, segundo despacho da autoridade
02
judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante
representação da autoridade policial, do Ministério Público
03
ou da defesa;
V – constar de registros policiais o uso de outros
04 nomes ou diferentes qualificações;
VI – o estado de conservação ou a distância
05 temporal ou da localidade da expedição do documento
apresentado impossibilite a completa identificação dos
06
caracteres essenciais.
Parágrafo único. As cópias dos documentos
07
apresentados deverão ser juntadas aos autos do inquérito,
08
ou outra forma de investigação, ainda que consideradas
insuficientes para identificar o indiciado.
09
Art. 4º Quando houver necessidade de identificação
10 criminal, a autoridade encarregada tomará as providências
necessárias para evitar o constrangimento do
11 identificado.
12
Art. 5º A identificação criminal incluirá o processo
datiloscópico e o fotográfico, que serão juntados aos
13
autos da comunicação da prisão em flagrante, ou do
14
inquérito policial ou outra forma de investigação.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso IV do art. 3o,
15
a identificação criminal poderá incluir a coleta de material
biológico para a obtenção do perfil genético.

Art. 5o-A. Os dados relacionados à coleta do perfil


Lei nº 12.037 / 2009 genético deverão ser armazenados em banco de dados de
perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de perícia
Identificação Criminal do Civilmente criminal.
Identificado § 1o As informações genéticas contidas nos
bancos de dados de perfis genéticos não poderão revelar
traços somáticos ou comportamentais das pessoas,
Dispõe sobre a identificação criminal do civilmente exceto determinação genética de gênero, consoante as
identificado, regulamentando o art. 5º, inciso LVIII, da normas constitucionais e internacionais sobre direitos
Constituição Federal. humanos, genoma humano e dados genéticos.
§ 2o Os dados constantes dos bancos de dados de
Art. 1º O civilmente identificado não será perfis genéticos terão caráter sigiloso, respondendo civil,
submetido a identificação criminal, salvo nos casos penal e administrativamente aquele que permitir ou
previstos nesta Lei. promover sua utilização para fins diversos dos previstos
nesta Lei ou em decisão judicial.
Art. 2º A identificação civil é atestada por qualquer § 3o As informações obtidas a partir da coincidência
dos seguintes documentos: de perfis genéticos deverão ser consignadas em laudo
I – carteira de identidade; pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado.

ID:
17
para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisão
Art. 6º É vedado mencionar a identificação criminal judicial responderá civil, penal e administrativamente.
do indiciado em atestados de antecedentes ou em § 9º As informações obtidas a partir da coincidência
informações não destinadas ao juízo criminal, antes do de registros biométricos relacionados a crimes deverão ser
trânsito em julgado da sentença condenatória. consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial
habilitado. (2019)
Art. 7º No caso de não oferecimento da denúncia, § 10. É vedada a comercialização, total ou parcial,
ou sua rejeição, ou absolvição, é facultado ao indiciado ou da base de dados do Banco Nacional Multibiométrico e de
ao réu, após o arquivamento definitivo do inquérito, ou Impressões Digitais. (2019)
trânsito em julgado da sentença, requerer a retirada da § 11. A autoridade policial e o Ministério Público
identificação fotográfica do inquérito ou processo, desde poderão requerer ao juiz competente, no caso de inquérito
que apresente provas de sua identificação civil. ou ação penal instaurados, o acesso ao Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais. (2019)
Art. 7º-A. A exclusão dos perfis genéticos dos
bancos de dados ocorrerá: (2019) Art. 8º Esta Lei entra em vigor na data de sua
I - no caso de absolvição do acusado; ou (2019) publicação.
II - no caso de condenação do acusado, mediante
requerimento, após decorridos 20 (vinte) anos do Art. 9º Revoga-se a Lei nº 10.054, de 7 de dezembro
cumprimento da pena. (2019) de 2000.

Art. 7o-B. A identificação do perfil genético será


armazenada em banco de dados sigiloso, conforme
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.

Art. 7º-C. Fica autorizada a criação, no Ministério da


Justiça e Segurança Pública, do Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais. (2019)
§ 1º A formação, a gestão e o acesso ao Banco
Nacional Multibiométrico e de Impressões Digitais serão 01

regulamentados em ato do Poder Executivo federal. (2019)


02
§ 2º O Banco Nacional Multibiométrico e de
Impressões Digitais tem como objetivo armazenar dados 03
de registros biométricos, de impressões digitais e, quando
possível, de íris, face e voz, para subsidiar investigações 04
criminais federais, estaduais ou distritais. (2019)
§ 3º O Banco Nacional Multibiométrico e de 05

Impressões Digitais será integrado pelos registros


biométricos, de impressões digitais, de íris, face e voz 06

colhidos em investigações criminais ou por ocasião da


identificação criminal. (2019) 07

§ 4º Poderão ser colhidos os registros biométricos,


08
de impressões digitais, de íris, face e voz dos presos
provisórios ou definitivos quando não tiverem sido 09
extraídos por ocasião da identificação criminal. (2019)
§ 5º Poderão integrar o Banco Nacional 10
Multibiométrico e de Impressões Digitais, ou com ele
interoperar, os dados de registros constantes em quaisquer 11

bancos de dados geridos por órgãos dos Poderes


Executivo, Legislativo e Judiciário das esferas federal, 12

estadual e distrital, inclusive pelo Tribunal Superior


Eleitoral e pelos Institutos de Identificação Civil. 13

(2019)
§ 6º No caso de bancos de dados de identificação 14

de natureza civil, administrativa ou eleitoral, a integração


15
ou o compartilhamento dos registros do Banco Nacional
Multibiométrico e de Impressões Digitais será limitado às
impressões digitais e às informações necessárias para
identificação do seu titular. (2019)
§ 7º A integração ou a interoperação dos dados de Lei nº 13.869 / 2019
registros multibiométricos constantes de outros bancos de Nova Lei de Abuso de Autoridade
dados com o Banco Nacional Multibiométrico e de
Impressões Digitais ocorrerá por meio de acordo ou
convênio com a unidade gestora. (2019) Dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a
§ 8º Os dados constantes do Banco Nacional Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296,
Multibiométrico e de Impressões Digitais terão caráter de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de
sigiloso, e aquele que permitir ou promover sua utilização 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a
Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do

ID:
18
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Seção I
Penal). Dos Efeitos da Condenação
Art. 4º São efeitos da condenação:
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do
sanciono a seguinte Lei: ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação
dos danos causados pela infração, considerando os
CAPÍTULO I prejuízos por ele sofridos;
DISPOSIÇÕES GERAIS II - a inabilitação para o exercício de cargo,
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de mandato ou função pública, pelo período de 1 (um) a 5
autoridade, cometidos por agente público, servidor ou (cinco) anos;
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de III - a perda do cargo, do mandato ou da função
exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido atribuído. pública.
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e
crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência
agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou de reincidência em crime de abuso de autoridade e não
beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero são automáticos, devendo ser declarados motivadamente
capricho ou satisfação pessoal. na sentença.
- Prejudicar outrem Seção II
- Beneficiar a si mesmo ou a terceiro
- Mero capricho Das Penas Restritivas de Direitos
- Satisfação pessoal Art. 5º As penas restritivas de direitos
substitutivas das privativas de liberdade previstas nesta
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na
Lei são:
avaliação de fatos e provas não configura abuso de
I - prestação de serviços à comunidade ou a
autoridade.
entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da função ou
CAPÍTULO II
do mandato, pelo prazo de 1 (um) a 6 (seis) meses, com a
DOS SUJEITOS DO CRIME
perda dos vencimentos e das vantagens;
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de
III - (VETADO).
autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer
podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não
CAPÍTULO V
se limitando a:
DAS SANÇÕES DE NATUREZA CIVIL E
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles
ADMINISTRATIVA
equiparadas;
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão
II - membros do Poder Legislativo;
aplicadas independentemente das sanções de natureza
III - membros do Poder Executivo;
civil ou administrativa cabíveis.
IV - membros do Poder Judiciário;
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos
V - membros do Ministério Público;
nesta Lei que descreverem falta funcional serão
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
informadas à autoridade competente com vistas à
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os
apuração.
efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
são independentes da criminal, não se podendo mais
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando
ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo
essas questões tenham sido decididas no juízo criminal.
caput deste artigo.
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim
CAPÍTULO III
como no administrativo-disciplinar, a sentença penal
DA AÇÃO PENAL
que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento
penal pública incondicionada. de dever legal ou no exercício regular de direito.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal
pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao CAPÍTULO VI
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer DOS CRIMES E DAS PENAS
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e,
em manifesta desconformidade com as hipóteses
a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
legais:
retomar a ação como parte principal.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no
multa.
prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
esgotar o prazo para oferecimento da denúncia.
autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável,
deixar de:
CAPÍTULO IV I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO E DAS PENAS
RESTRITIVAS DE DIREITOS

ID:
19
II - substituir a prisão preventiva por medida Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se
cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou
quando manifestamente cabível; quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
quando manifestamente cabível. e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de como responsável por interrogatório em sede de
testemunha ou investigado manifestamente descabida procedimento investigatório de infração penal, deixa de
ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e identidade, cargo ou função.

multa.
Art. 17. (VETADO).
Art. 11. (VETADO).
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar policial durante o período de repouso noturno, salvo se

prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal: capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, assistido, consentir em prestar declarações:
e multa. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: e multa.
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução
de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o
que a decretou; envio de pleito de preso à autoridade judiciária
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de competente para a apreciação da legalidade de sua prisão
qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família ou das circunstâncias de sua custódia:
ou à pessoa por ela indicada; Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 multa.
(vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor magistrado que, ciente do impedimento ou da demora,
e das testemunhas; deixa de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não
IV - prolonga a execução de pena privativa de sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de
liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja.
medida de segurança ou de internação, deixando, sem
motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista
soltura imediatamente após recebido ou de promover a pessoal e reservada do preso com seu advogado:
soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
mediante violência, grave ameaça ou redução de sua impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-
capacidade de resistência, a: se pessoal e reservadamente com seu advogado ou
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e
exibido à curiosidade pública; de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante
II - submeter-se a situação vexatória ou a a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de
constrangimento não autorizado em lei; audiência realizada por videoconferência.
III - produzir prova contra si mesmo ou contra
terceiro: Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mesma cela ou espaço de confinamento:
multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
Art. 14. (VETADO). mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na
companhia de maior de idade ou em ambiente
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13
prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar
sigilo: Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante,
multa. imóvel alheio ou suas dependências, ou nele
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem permanecer nas mesmas condições, sem determinação
prossegue com o interrogatório: judicial ou fora das condições estabelecidas em lei:
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
silêncio; ou multa.
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por § 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no
advogado ou defensor público, sem a presença de seu caput deste artigo, quem:
patrono. I - coage alguém, mediante violência ou grave
ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas
dependências;

ID:
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II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal,
domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou
5h (cinco horas). contra quem sabe inocente:
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que multa.
indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação
de flagrante delito ou de desastre.
Art. 31. Estender injustificadamente a
investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de
ou fiscalizado:
diligência, de investigação ou de processo, o estado de
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de
e multa.
responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem,
alguém ou agravar-lhe a responsabilidade:
inexistindo prazo para execução ou conclusão de
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
procedimento, o estende de forma imotivada,
multa.
procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
fiscalizado.
pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou
administrativa por excesso praticado no curso de diligência; Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados advogado acesso aos autos de investigação preliminar,
ou informações incompletos para desviar o curso da ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
investigação, da diligência ou do processo. outro procedimento investigatório de infração penal,
civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
ameaça, funcionário ou empregado de instituição em curso, ou que indiquem a realização de diligências
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa, além da pena correspondente à violência. Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de
obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em expresso amparo legal:
procedimento de investigação ou fiscalização, por meio Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
manifestamente ilícito: e multa.
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
multa. utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz agente público para se eximir de obrigação legal ou para
uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado, obter vantagem ou privilégio indevido.
com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Art. 34. (VETADO).
Art. 26. (VETADO).
Art. 35. (VETADO).
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar
procedimento investigatório de infração penal ou Art. 36. Decretar, em processo judicial, a
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que
qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou extrapole exacerbadamente o valor estimado para a
de infração administrativa: satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-
e multa. la:
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
sindicância ou investigação preliminar sumária, multa.
devidamente justificada.
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação exame de processo de que tenha requerido vista em órgão
sem relação com a prova que se pretenda produzir, colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra retardar o julgamento:
ou a imagem do investigado ou acusado: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e e multa.
multa.
Art. 38. Antecipar o responsável pelas
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento investigações, por meio de comunicação, inclusive rede
judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de social, atribuição de culpa, antes de concluídas as
prejudicar interesse de investigado: apurações e formalizada a acusação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa. e multa.
Parágrafo único. (VETADO).

ID:
21
Art. 43. A Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa
CAPÍTULO VII a vigorar acrescida do seguinte art. 7º-B: (Estatuto da
DO PROCEDIMENTO Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos ‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa
delitos previstos nesta Lei, no que couber, as disposições de advogado previstos nos incisos II, III, IV e V do caput do
do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código art. 7º desta Lei:
de Processo Penal) , e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
de 1995 (Lei dos Juizados Especiais). multa.’”

CAPÍTULO VIII Art. 44. Revogam-se a Lei nº 4.898, de 9 de


DISPOSIÇÕES FINAIS dezembro de 1965, (Antiga Lei de Abuso de Autoridade) e o
Art. 40. O art. 2º da Lei nº 7.960, de 21 de dezembro § 2º do art. 150 e o art. 350, ambos do Decreto-Lei nº 2.848,
de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação: (Prisão de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).
Temporária)
“Art.2º ............................................................................... Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o (cento e vinte) dias de sua publicação oficial.
período de duração da prisão temporária estabelecido no
caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá
ser libertado. (2019)
.............................................................................................
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a
autoridade responsável pela custódia deverá,
independentemente de nova ordem da autoridade judicial,
pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já
tiver sido comunicada da prorrogação da prisão
temporária ou da decretação da prisão preventiva. 01
(2019)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de 02
prisão no cômputo do prazo de prisão temporária. (2019)
03

Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de


1996, passa a vigorar com a seguinte redação: (Lei da 04

Interceptação Telefônica)
“Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de 05

comunicações telefônicas, de informática ou telemática, 06


promover escuta ambiental ou quebrar segredo da
Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não 07
autorizados em lei: (2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. 08

Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade


judicial que determina a execução de conduta prevista 09

no caput deste artigo com objetivo não autorizado em lei.


(2019) 10

11
Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar 12
acrescida do seguinte art. 227-A: (Estatuto da Criança e do
Adolescente) 13

“Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I


do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 14

dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes


previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com 15

abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de


reincidência. (2019)
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
reincidência. (2019)

ID:
22
jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
Constituição da República Federativa trabalho;
do Brasil de 1988 XIV - jornada de 6 (seis) horas para o trabalho
realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado,
CAPÍTULO II preferencialmente aos domingos;
DOS DIREITOS SOCIAIS
XVI - remuneração do serviço extraordinário
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a normal;
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com,
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
pelo menos, 1/3 (um terço) a mais do que o salário normal;
desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do
emprego e do salário, com a duração de 120 (cento e vinte)
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
dias;
condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida STF: Os prazos da licença-gestante não poderão ser superiores
aos prazos da licença-adotante.
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em
dentre outros direitos; (Eficácia limitada) lei;
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
involuntário; mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
III - fundo de garantia do tempo de serviço; (FGTS) XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente serviço, sendo no mínimo de 30 (trinta) dias, nos termos da
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais lei;
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e meio de normas de saúde, higiene e segurança;
previdência social, com reajustes periódicos que lhe XXIII - adicional de remuneração para as atividades
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
vinculação para qualquer fim; (Reserva legal) XXIV - aposentadoria; (Benefício previdenciário)
STF: Súmula vinculante 6 - Não viola a Constituição o XXV - assistência gratuita aos filhos e
estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de
as praças prestadoras de serviço militar inicial. idade em creches e pré-escolas;
V - piso salarial proporcional à extensão e à XXVI - reconhecimento das convenções e
complexidade do trabalho; acordos coletivos de trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto XXVII - proteção em face da automação, na forma
em convenção ou acordo coletivo; da lei; (Eficácia limitada)
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
para os que percebem remuneração variável; cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este
VIII - décimo terceiro salário com base na está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
remuneração integral ou no valor da aposentadoria; XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
(Gratificação natalina)
relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 (cinco)
IX – remuneração do trabalho noturno superior à anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite
do diurno; de 2 (dois) anos após a extinção do contrato de trabalho;
STF: Súmula 213 - É devido o adicional de serviço noturno, a) (Revogada).
ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento.
b) (Revogada).
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
crime sua retenção dolosa; (Natureza alimentar) XXX - proibição de diferença de salários, de
exercício de funções e de critério de admissão por motivo
XI – participação nos lucros, ou resultados, de sexo, idade, cor ou estado civil;
desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em XXXI - proibição de qualquer discriminação no
lei; (Eficácia limitada) tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador
portador de deficiência;
XII - salário-família pago em razão do dependente
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; (Benefício XXXII - proibição de distinção entre trabalho
previdenciário) manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
XIII - duração do trabalho normal não superior a 8 respectivos;
(oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso
facultada a compensação de horários e a redução da ou insalubre a menores de 18 (dezoito) e de qualquer

ID:
23
trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na representação sindical de que se investe, que deixa de existir,
condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos; entretanto, se extinta a empresa empregadora.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador Parágrafo único. As disposições deste artigo
com vínculo empregatício permanente e o trabalhador aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
avulso. de pescadores, atendidas as condições que a lei
estabelecer.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
trabalhadores domésticos os direitos previstos nos Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-
XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
as condições estabelecidas em lei e observada a STF: Não constitui falta grave a entrada do empregado em greve,
simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, desde que não se trate de movimento condenado pela Justiça do
principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho Trabalho e desde que o comportamento seja pacífico no
e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, pertinente.
XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à § 1º A lei definirá os serviços ou atividades
previdência social. essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
Art. 8º É livre a associação profissional ou § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
sindical, observado o seguinte: às penas da lei.
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado Art. 10. É assegurada a participação dos
para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
órgão competente, vedadas ao Poder Público a públicos em que seus interesses profissionais ou
interferência e a intervenção na organização sindical; previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação.
II - é vedada a criação de mais de uma Art. 11. Nas empresas de mais de 200 (duzentos)
organização sindical, em qualquer grau, representativa empregados, é assegurada a eleição de um representante
de categoria profissional ou econômica, na mesma base destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
territorial, que será definida pelos trabalhadores ou entendimento direto com os empregadores.
empregadores interessados, não podendo ser inferior à
área de um Município; (Princípio da unicidade sindical) CAPÍTULO III
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e DA NACIONALIDADE
interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive Art. 12. São brasileiros:
em questões judiciais ou administrativas; I - natos:
STF: O sindicato atua como substituto processual, não
NACIONALIDADE ORIGINÁRIA
havendo necessidade de prévia autorização dos trabalhadores.
a) os nascidos na República Federativa do Brasil,
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não
se tratando de categoria profissional, será descontada em
estejam a serviço de seu país; (Jus solis)
folha, para custeio do sistema confederativo da
representação sindical respectiva, independentemente da b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou
contribuição prevista em lei; (Contribuição confederativa) mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço
da República Federativa do Brasil; (Jus sanguinis)
Contribuição Contribuição Sindical
Confederativa c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de
- Art. 8º, IV, CF/88 - Art. 149, CF/88 mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição
- Fixada em assembleia - Fixada em lei brasileira competente ou venham a residir na República
geral - Tem Natureza tributária Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois
- Não tem natureza - A Reforma Trabalhista de 2017 de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Jus
tributária tornou o recolhimento obrigatório sanguinis / Potestativa)
- Facultativa apenas quando autorizado pelo II - naturalizados:
empregado.
STF: Súmula Vinculante 40 - A contribuição confederativa de que NACIONALIDADE DERIVADA
trata o art. 8º, IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados a) os que, na forma da lei, adquiram a
ao sindicato respectivo nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter- de língua portuguesa apenas residência por 1 (um) ano
se filiado a sindicato; (Princípio da liberdade sindical) ininterrupto e idoneidade moral; (Naturalização ordinária)
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade,
negociações coletivas de trabalho; residentes na República Federativa do Brasil há mais de
15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal,
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
desde que requeiram a nacionalidade brasileira;
votado nas organizações sindicais; (Naturalização extraordinária)
VIII - é vedada a dispensa do empregado § 1º Aos portugueses com residência permanente
sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros,
de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os
suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se casos previstos nesta Constituição.
cometer falta grave nos termos da lei. (Estabilidade sindical)

STF: A garantia constitucional assegurada ao empregado


enquanto no cumprimento de mandato sindical não se destina a
ele propriamente dito, ex intuitu personae, mas sim à

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24
Não há atribuição de nacionalidade aos portugueses, mas a demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações
concessão de direitos inerentes aos nacionais do Brasil. Os eleitorais, relativas ao alistamento e ao exercício do voto.
portugueses permanecem com sua nacionalidade. § 2º Não podem alistar-se como eleitores os
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre estrangeiros e, durante o período do serviço militar
brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos obrigatório, os conscritos.
previstos nesta Constituição. § 3º São condições de elegibilidade, na forma da
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: (Rol lei: (Capacidade eleitoral passiva)
taxativo)
I - a nacionalidade brasileira;
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - o pleno exercício dos direitos políticos;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - o alistamento eleitoral;
III - de Presidente do Senado Federal; IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - a filiação partidária;
V - da carreira diplomática; VI - a idade mínima de:
VI - de oficial das Forças Armadas. a) 35 (trinta e cinco) anos para Presidente e Vice-
VII - de Ministro de Estado da Defesa Presidente da República e Senador;
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do b) 30 (trinta) anos para Governador e Vice-
brasileiro que: Governador de Estado e do Distrito Federal;
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença c) 21 (vinte e um) anos para Deputado Federal,
judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
nacional; de paz;
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: d) 18 (dezoito) anos para Vereador.
a) de reconhecimento de nacionalidade originária § 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
pela lei estrangeira; § 5º O Presidente da República, os Governadores de
b) de imposição de naturalização, pela norma Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver
estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão
como condição para permanência em seu território ou para ser reeleitos para um único período subsequente.
o exercício de direitos civis; § 6º Para concorrerem a outros cargos, o
Presidente da República, os Governadores de Estado e do
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos
República Federativa do Brasil. respectivos mandatos até 6 (seis) meses antes do pleito.
§ 1º São símbolos da República Federativa do § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do
Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios o segundo grau ou por adoção, do Presidente da
poderão ter símbolos próprios. República, de Governador de Estado ou Território, do
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
dentro dos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já
CAPÍTULO IV titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
DOS DIREITOS POLÍTICOS (Inelegibilidade reflexa)
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo STF: Súmula vinculante 18 - A dissolução da sociedade ou do
sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal
(Democracia semidireta ou participativa)
I - plebiscito;

Consulta a população previamente à edição do ato legislativo ou


administrativo;
II - referendo; § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
Consulta a população posteriormente à edição do ato legislativo seguintes condições:
ou administrativo, para que o povo ratifique ou rejeite o ato. I - se contar menos de 10 (dez) anos de serviço,
III - iniciativa popular. deverá afastar-se da atividade;
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: II - se contar mais de 10 (dez) anos de serviço, será
(Capacidade eleitoral ativa) agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará
I - obrigatórios para os maiores de 18 (dezoito) automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.
anos; § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de
II - facultativos para: inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de
a) os analfabetos; proteger a probidade administrativa, a moralidade para
exercício de mandato considerada vida pregressa do
b) os maiores de 70 (setenta) anos;
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições
c) os maiores de 16 (dezesseis) e menores de 18 contra a influência do poder econômico ou o abuso do
(dezoito) anos. exercício de função, cargo ou emprego na administração
TSE: Poderão votar aqueles que, na data da eleição, tiverem direta ou indireta.
completado a idade mínima de 16 anos. § 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado
TSE: Resolução 21.920/2004 – Não estará sujeita a sanção a
ante a Justiça Eleitoral no prazo de 15 (quinze) dias
pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou

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contados da diplomação, instruída a ação com provas de II - tiverem elegido pelo menos 15 (quinze)
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. Deputados Federais distribuídos em pelo menos 1/3 (um
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará terço) das unidades da Federação. (2017)
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
lei, se temerária ou de manifesta má-fé.
organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado o
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: mandato e facultada a filiação, sem perda do mandato,
I - cancelamento da naturalização por sentença a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa
transitada em julgado; (Perda) filiação considerada para fins de distribuição dos recursos
II - incapacidade civil absoluta; (Suspensão) do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. (2017)
III - condenação criminal transitada em julgado,
enquanto durarem seus efeitos; (Suspensão)
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; (Perda)
V - improbidade administrativa, nos termos do art.
37, § 4º. (Suspensão)
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.
(Princípio da anterioridade eleitoral)
01

CAPÍTULO V 02

DOS PARTIDOS POLÍTICOS


03
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e
extinção de partidos políticos, resguardados a soberania 04
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os
direitos fundamentais da pessoa humana e observados os 05

seguintes preceitos:
I - caráter nacional; 06

II - proibição de recebimento de recursos 07


financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
subordinação a estes; 08

III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;


09

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a 10


lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos 11

autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer


regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 12

permanentes e provisórios e sobre sua organização e


funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o 13

regime de suas coligações nas eleições majoritárias,


14
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas 15
em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal,
devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária. (2017)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. Código Penal
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na TÍTULO II
forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: DO CRIME
(2017) (Cláusula de barreira) De acordo com o Conceito Analítico de Crime, o delito
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos constitui-se de um fato típico, ilícito e culpável.
CONCEITO TRIPARTIDO DE CRIME
Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos
 FATO TÍPICO - Conduta
válidos, distribuídos em pelo menos 1/3 (um terço) das
- Resultado
unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por - Nexo de causalidade
cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (2017) - Tipicidade
 ILÍCITO É a relação de contrariedade entre a
conduta e a norma. Essa ilicitude poderá ser

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afastada por causas excludentes de Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou
antijuridicidade, quando o agente, por grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a
exemplo, pratica o fato: coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato
-- em estado de necessidade; voluntário do agente, a pena será reduzida de 1/3 a 2/3
-- em legítima defesa;
-- em estrito cumprimento de dever legal
(um a dois terços).
-- em exercício regular de direito
 CULPÁVEL - Imputabilidade Crime impossível
- Potencial consciência da ilicitude Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por
- Exigibilidade de conduta diversa ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade
do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Relação de causalidade STF: Súmula 145 - Não há crime, quando a preparação do
flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do STJ: Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna
resultado não teria ocorrido. (Teoria da equivalência dos impossível a configuração do crime de furto.
antecedentes causais – conditio sine qua non)
A teoria da equivalência dos antecedentes causais possui
Art. 18 - Diz-se o crime:
extensão muito ampla, permitindo o regresso infinito das causas.
Para evitar a responsabilização de determinadas condutas Crime doloso
existentes na cadeia do regresso, deve-se buscar limites e I - doloso, quando o agente quis o resultado (Dolo
complementos na legislação e na doutrina, como os critérios de direto) ou assumiu o risco de produzi-lo (Dolo eventual).
imputação objetiva e a análise do dolo e da culpa. Crime culposo
Superveniência de causa independente II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado
§ 1º - A superveniência de causa relativamente por imprudência, negligência ou imperícia.
independente exclui a imputação quando, por si só, Imprudência – Atitude realizada sem a devida ponderação, de
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, forma perigosa e precipitada;
imputam-se a quem os praticou. (Teoria da causalidade Negligência – Ausência de precaução. Deixar de fazer algo
adequada) imposto;
Relevância da omissão Imperícia – Conduta realizada com inaptidão para o exercício de
arte ou profissão.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei,
de agir incumbe a quem: (Crime omissivo impróprio ou comissivo ninguém pode ser punido por fato previsto como crime,
por omissão) senão quando o pratica dolosamente.
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou Princípio da excepcionalidade do tipo culposo: Os tipos
vigilância; penais culposos devem ser previstos de forma expressa.
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado; Agravação pelo resultado
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da Art. 19 - Pelo resultado que agrava especialmente a
ocorrência do resultado. pena, só responde o agente que o houver causado ao
menos culposamente.
Art. 14 - Diz-se o crime:
Crime consumado Erro sobre elementos do tipo
I - consumado, quando nele se reúnem todos os Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
elementos de sua definição legal; legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
Tentativa crime culposo, se previsto em lei.
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se O erro sobre elementos do tipo, conhecido como Erro de Tipo
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Essencial, é a representação errônea da realidade. O agente
(Conatus) acredita não estar presente um dos elementos essenciais que
Pena de tentativa compõem o tipo penal.
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, ERRO DE TIPO ESSENCIAL
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime Escusável ou Inevitável: Inescusável ou Evitável:
consumado, diminuída de 1/3 a 2/3 (um a dois terços). Exclui o dolo e a culpa Exclui o dolo, mas permite a
Infrações que não admitem a tentativa: punição por crime culposo, a
- Contravenções penais título de culpa imprópria.
- Crimes culposos
- Crimes preterdolosos Descriminantes putativas (Erro de tipo permissivo)
- Crimes unissubsistentes § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
- Crimes omissivos próprios justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
- Crimes condicionados que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção
- Crimes habituais
- Crimes de atentado
de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível
como crime culposo
Desistência voluntária e arrependimento eficaz Erro determinado por terceiro
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
prosseguir na execução ou impede que o resultado se o erro.
produza, só responde pelos atos já praticados
Erro sobre a pessoa (Error in persona)
Arrependimento posterior
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de 1/3 a
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste 2/3 (um a dois terços), se o agente, em virtude de
caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. mental incompleto ou retardado não era inteiramente
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-
Erro sobre a ilicitude do fato (Erro de proibição) se de acordo com esse entendimento
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; Menores de dezoito anos
se evitável, poderá diminuí-la de 1/6 a 1/3 (um sexto a um Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são
terço). penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o estabelecidas na legislação especial. (Critério biológico)
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do
fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou Emoção e paixão
atingir essa consciência. Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
Coação irresistível e obediência hierárquica Embriaguez
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ou substância de efeitos análogos
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da § 1º - É isento de pena o agente que, por
coação ou da ordem embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força
maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
Exclusão de ilicitude incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o determinar-se de acordo com esse entendimento
fato: § 2º - A pena pode ser reduzida de 1/3 a 2/3 (um a
I - em estado de necessidade; dois terços), se o agente, por embriaguez, proveniente de
II - em legítima defesa caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
exercício regular de direito ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
Excesso punível entendimento.
Parágrafo único - O agente, em qualquer das EMBRIAGUEZ
hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso  VOLUNTÁRIA Imputável
ou culposo (Dolosa ou Culposa)
 PREORDENADA Imputável / Agravante
Estado de necessidade  ACIDENTAL Completa: Inimputável
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade Parcial: Imputável /
Diminuição de pena
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
 PATOLÓGICA Comparável à doença mental,
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, podendo excluir a
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, imputabilidade.
não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
TÍTULO IV
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do DO CONCURSO DE PESSOAS
direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
(um a dois terços). crime incide nas penas a este cominadas, na medida de
sua culpabilidade.
Legítima defesa § 1º - Se a participação for de menor importância, a
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, pena pode ser diminuída de 1/6 a 1/3 (um sexto a um
usando moderadamente dos meios necessários, repele terço).
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
A minorante de 1/6 a 1/3 aplica-se somente ao partícipe, que não
outrem. realiza diretamente a conduta típica nem possui o domínio final do
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos fato. O partícipe concorre para o crime induzindo, instigando ou
no caput deste artigo, considera-se também em legítima auxiliando o autor.
defesa o agente de segurança pública que repele § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de
agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa
durante a prática de crimes. (2019) pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido
previsível o resultado mais grave. (Cooperação dolosamente
distinta)
TÍTULO III
DA IMPUTABILIDADE PENAL Circunstâncias incomunicáveis
Inimputáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença condições de caráter pessoal, salvo quando elementares
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou do crime.
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, ELEMENTARES - essentialia delicti: Constituem o tipo
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato penal, os elementos constitutivos do crime. São comunicáveis.
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. CIRCUNSTÂNCIAS - accidentalia delicti: são acessórios ao
(Critério biopsicológico) crime, dispensáveis para a configuração da figura típica.
Redução de pena -- Objetivas: São comunicáveis, quando houver
conhecimento do outro agente --- Livre Convencimento Motivado:
-- Subjetivas: São incomunicáveis, exceto quando Esse é o sistema adotado no Brasil, na qual exige a motivação de
elementares e de conhecimento do outro agente. todas as decisões judiciais. O juiz é livre para formar seu
convencimento, contudo deverá fundamentá-lo nos autos.
---------------------------------------------------------------------------------------
Casos de impunibilidade
Prova é “todo meio de se demonstrar, evidenciar uma verdade. No
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o processo penal, a prova tem estreita ligação com o princípio da
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são busca da verdade real, a exigir a obtenção da verdade dos fatos,
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. a verdade do mundo real, diferente do que ocorre com o processo
civil, em que se verifica a procura tão-somente da verdade formal,
a verdade dos autos”.

Art. 155. O juiz formaráLeonardo


sua convicção pela
Barreto Moreira Alves, 2017,livre
p. 211

apreciação da prova produzida em contraditório


judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas. (Sistema do livre convencimento
motivado da prova)
01
Poderá o Juiz decidir “de acordo com seu livre convencimento,
devendo, no entanto, cuidar de fundamentá-lo, nos autos,
02
buscando persuadir as partes e a comunidade em abstrato”.
Guilherme de Souza Nucci, 2008, p. 395
03
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das
04 pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na
lei civil.
05

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a


06 fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal,
07
a produção antecipada de provas consideradas urgentes e
relevantes, observando a necessidade, adequação e
08
proporcionalidade da medida;
09
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir
10 dúvida sobre ponto relevante.

11 Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser


desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim
12 entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais.
13
PROVAS PROIBIDAS
14
--- Prova Ilícita: Viola regra de direito material. Ex. confissão
mediante tortura; interceptação telefônica sem autorização judicial.
--- Prova Ilegítima: Viola regra de direito processual. Ex. laudo
15
pericial elaborado por apenas um perito não oficial.

§ 1o São também inadmissíveis as provas


Decreto-Lei nº 3.689 / 1941 derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o
Código de Processo Penal nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente
das primeiras. (Teoria dos frutos da árvore envenenada)
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que
TÍTULO VII por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios
DA PROVA da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
CAPÍTULO I conduzir ao fato objeto da prova.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DA PROVA: prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por
--- Livre Convicção: decisão judicial, facultado às partes acompanhar o
Para esse sistema, a valoração da prova é livre, de acordo com a incidente.
íntima convicção do Juiz, não havendo necessidade de motivação
para suas decisões. Adota-se, no Brasil, em relação ao Tribunal § 4o (VETADO)
do Júri, em que os jurados não precisam motivar seus votos, que Observação: Atualmente, encontra-se SUSPENSO por prazo
são sigilosos. indeterminado, por decisão do STF, o dispositivo abaixo – Código
--- Sistema Tarifário: de Processo Penal (CPP): Art. 157 § 5º.
A valoração da prova, nesse sistema, é taxada ou tarifada,
preestabelecendo-se um determinado valor para cada prova
produzida, deixando o juiz adstrito ao que for estipulado.
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de
declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou modo a garantir a manutenção de suas características
acórdão. (2019) originais, bem como o controle de sua posse;
VII - recebimento: ato formal de transferência da
CAPÍTULO II posse do vestígio, que deve ser documentado com, no
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS mínimo, informações referentes ao número de
EM GERAL procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada,
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será local de origem, nome de quem transportou o vestígio,
indispensável o exame de corpo de delito, direto ou código de rastreamento, natureza do exame, tipo do
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. vestígio, protocolo, assinatura e identificação de quem o
recebeu;
Direto: Realizado diretamente sobre os vestígios deixados. Ex.
contato com o corpo da vítima no crime de lesão corporal.
VIII - processamento: exame pericial em si,
Indireto: Realizado com base em informações verossímeis manipulação do vestígio de acordo com a metodologia
fornecidas através de outros meios de provas admitidos quando adequada às suas características biológicas, físicas e
inexistentes os vestígios. Ex. fotografias, filmes, exame de ficha químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que
clínica etc. deverá ser formalizado em laudo produzido por perito;
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização IX - armazenamento: procedimento referente à
do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que guarda, em condições adequadas, do material a ser
envolva: (2018) processado, guardado para realização de contraperícia,
I - violência doméstica e familiar contra mulher; descartado ou transportado, com vinculação ao número do
(2018) laudo correspondente;
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou X - descarte: procedimento referente à liberação
pessoa com deficiência. (2018) do vestígio, respeitando a legislação vigente e, quando
pertinente, mediante autorização judicial.
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o
conjunto de todos os procedimentos utilizados para Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser
manter e documentar a história cronológica do vestígio realizada preferencialmente por perito oficial, que dará
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para o encaminhamento necessário para a central de custódia,
rastrear sua posse e manuseio a partir de seu mesmo quando for necessária a realização de exames
reconhecimento até o descarte. (2019) complementares. (2019)
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a § 1º Todos vestígios coletados no decurso do
preservação do local de crime ou com procedimentos inquérito ou processo devem ser tratados como descrito
policiais ou periciais nos quais seja detectada a nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de
existência de vestígio. (2019) natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento cumprimento. (2019)
como de potencial interesse para a produção da prova § 2º É proibida a entrada em locais isolados bem
pericial fica responsável por sua preservação. (2019) como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível antes da liberação por parte do perito responsável, sendo
ou latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à tipificada como fraude processual a sua realização.
(2019)
infração penal. (2019)
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o
do vestígio será determinado pela natureza do material.
rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: (2019) (2019)
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento § 1º Todos os recipientes deverão ser selados com
como de potencial interesse para a produção da prova lacres, com numeração individualizada, de forma a garantir
pericial; a inviolabilidade e a idoneidade do vestígio durante o
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado transporte. (2019)
das coisas, devendo isolar e preservar o ambiente § 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio,
imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de preservar suas características, impedir contaminação e
crime; vazamento, ter grau de resistência adequado e espaço
III - fixação: descrição detalhada do vestígio para registro de informações sobre seu conteúdo. (2019)
conforme se encontra no local de crime ou no corpo de § 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito
delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser que vai proceder à análise e, motivadamente, por pessoa
ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo autorizada. (2019)
indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido § 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer
pelo perito responsável pelo atendimento; constar na ficha de acompanhamento de vestígio o nome e
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será a matrícula do responsável, a data, o local, a finalidade,
submetido à análise pericial, respeitando suas bem como as informações referentes ao novo lacre
características e natureza; utilizado. (2019)
V - acondicionamento: procedimento por meio do § 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no
qual cada vestígio coletado é embalado de forma interior do novo recipiente. (2019)
individualizada, de acordo com suas características físicas,
químicas e biológicas, para posterior análise, com Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística
anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta deverão ter uma central de custódia destinada à guarda
e o acondicionamento; e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza
local para o outro, utilizando as condições adequadas criminal. (2019)
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a
serviços de protocolo, com local para conferência, parte indicar mais de um assistente técnico.
recepção, devolução de materiais e documentos,
possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde
materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar descreverão minuciosamente o que examinarem, e
condições ambientais que não interfiram nas responderão aos quesitos formulados.
características do vestígio. (2019) Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este prazo ser
vestígio deverão ser protocoladas, consignando-se prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos
informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se peritos.
relacionam. (2019)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito
vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão em qualquer dia e a qualquer hora.
ser registradas a data e a hora do acesso. (2019)
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 (seis)
armazenado, todas as ações deverão ser registradas, horas depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência
consignando-se a identificação do responsável pela dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes
tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (2019) daquele prazo, o que declararão no auto.

Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material A Autópsia (necropsia ou exame cadavérico) é um exame
médico minucioso realizado em um cadáver para determinar o
deverá ser devolvido à central de custódia, devendo nela
momento e a causa da morte.
permanecer. (2019)
Parágrafo único. Caso a central de custódia não Parágrafo único. Nos casos de morte violenta,
possua espaço ou condições de armazenar determinado bastará o simples exame externo do cadáver, quando não
material, deverá a autoridade policial ou judiciária houver infração penal que apurar, ou quando as lesões
determinar as condições de depósito do referido material externas permitirem precisar a causa da morte e não
em local diverso, mediante requerimento do diretor do houver necessidade de exame interno para a verificação de
órgão central de perícia oficial de natureza criminal. (2019) alguma circunstância relevante.

Art. 163. Em caso de exumação para exame


Art. 159. O exame de corpo de delito e outras cadavérico, a autoridade providenciará para que, em dia e
perícias serão realizados por perito oficial, portador de hora previamente marcados, se realize a diligência, da qual
diploma de curso superior. se lavrará auto circunstanciado.
§ 1o Na falta de perito oficial, o exame será Exumação consiste na remoção de um cadáver da sepultura ou
realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de desenterramento.
diploma de curso superior preferencialmente na área Parágrafo único. O administrador de cemitério
específica, dentre as que tiverem habilitação técnica público ou particular indicará o lugar da sepultura, sob pena
relacionada com a natureza do exame. de desobediência. No caso de recusa ou de falta de quem
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar
de bem e fielmente desempenhar o encargo. não destinado a inumações, a autoridade procederá às
§ 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto.
assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao
acusado a formulação de quesitos e indicação de Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados
assistente técnico. na posição em que forem encontrados, bem como, na
§ 4o O assistente técnico atuará a partir de sua medida do possível, todas as lesões externas e vestígios
admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e deixados no local do crime.
elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão. Art. 165. Para representar as lesões encontradas no
§ 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do
às partes, quanto à perícia: exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos,
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a devidamente rubricados.
prova ou para responderem a quesitos, desde que o
mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do
esclarecidas sejam encaminhados com antecedência cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimento pelo
mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas Instituto de Identificação e Estatística ou repartição
em laudo complementar; congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando- se
II – indicar assistentes técnicos que poderão auto de reconhecimento e de identidade, no qual se
apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações.
inquiridos em audiência. Parágrafo único. Em qualquer caso, serão
§ 6o Havendo requerimento das partes, o material arrecadados e autenticados todos os objetos encontrados,
probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado que possam ser úteis para a identificação do cadáver.
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de
assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
mais de uma área de conhecimento especializado, poder-
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o IV - quando não houver escritos para a comparação
primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder-se- ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará
á a exame complementar por determinação da autoridade que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver
policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última
Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu diligência poderá ser feita por precatória, em que se
defensor. consignarão as palavras que a pessoa será intimada a
§ 1o No exame complementar, os peritos terão escrever.
presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-lhe a
deficiência ou retificá-lo. Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes
do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser verificar a natureza e a eficiência. (Exame dos instrumentos do
feito logo que decorra o prazo de 30 (trinta) dias, contado crime)
da data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular
suprida pela prova testemunhal. quesitos até o ato da diligência.

Art. 169. Para o efeito de exame do local onde Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos
houver sido praticada a infração, a autoridade peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no
providenciará imediatamente para que não se altere o caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação
estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão poderá ser feita pelo juiz deprecante.
instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes
esquemas elucidativos. serão transcritos na precatória.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as
alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, Art. 178. No caso do art. 159, o exame será
as consequências dessas alterações na dinâmica dos requisitado pela autoridade ao diretor da repartição,
fatos. juntando-se ao processo o laudo assinado pelos peritos.

Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão
guardarão material suficiente para a eventualidade de nova lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos peritos
perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão e, se presente ao exame, também pela autoridade.
ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo
desenhos ou esquemas. (Exame laboratorial) único, o laudo, que poderá ser datilografado, será subscrito
e rubricado em suas folhas por todos os peritos.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou
rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio Art. 180. Se houver divergência entre os peritos,
de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, serão consignadas no auto do exame as declarações e
indicarão com que instrumentos, por que meios e em que respostas de um e de outro, ou cada um redigirá
época presumem ter sido o fato praticado. separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um
(Perícia em furto qualificado) terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá
mandar proceder a novo exame por outros peritos.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à
avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que Art. 181. No caso de inobservância de formalidades,
constituam produto do crime. ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições, a
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os autoridade judiciária mandará suprir a formalidade,
peritos procederão à avaliação por meio dos elementos complementar ou esclarecer o laudo.
existentes nos autos e dos que resultarem de diligências.

Parágrafo único. A autoridade poderá também


Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão ordenar que se proceda a novo exame, por outros peritos,
a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que se julgar conveniente.
dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio,
a extensão do dano e o seu valor e as demais Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo,
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
(Exame de local de incêndio)
Sistema do livre convencimento motivado. O Juiz poderá
aceitar ou rejeitar o laudo, porém deverá fundamentar sua decisão
Art. 174. No exame para o reconhecimento de no conjunto probatório, não ficando vinculado ao laudo pericial.
escritos, por comparação de letra, observar-se-á o
seguinte: (Exame de reconhecimento de escritos ou grafotécnico ou
caligráfico)
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o Art. 183. Nos crimes em que não couber ação
escrito será intimada para o ato, se for encontrada; pública, observar-se-á o disposto no art. 19.
II - para a comparação, poderão servir quaisquer
documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de
sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia
sobre cuja autenticidade não houver dúvida; requerida pelas partes, quando não for necessária ao
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, esclarecimento da verdade.
para o exame, os documentos que existirem em arquivos
ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a CAPÍTULO III
diligência, se daí não puderem ser retirados; DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

ID:
32
É proibido o compartilhamento desse material, ainda que sem fins lucrativos. Registramos “CPF, e-mail e Internet Protocol (IP)” do comprador em nosso site e nos arquivos PDF.
Art. 185. O acusado que comparecer perante a pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou tomada
autoridade judiciária, no curso do processo penal, será de declarações do ofendido.
qualificado e interrogado na presença de seu defensor, § 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido
constituído ou nomeado. o acompanhamento do ato processual pelo acusado e seu
O interrogatório é um direito subjetivo do acusado, configurando defensor.
nulidade absoluta o impedimento ao seu exercício, pois faz parte § 10. Do interrogatório deverá constar a informação
do direito à defesa pessoal. O interrogatório é meio de prova e sobre a existência de filhos, respectivas idades e se
meio de defesa do réu. possuem alguma deficiência e o nome e o contato de
--------------------------------------------------------------------------------------- eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
STF: Ainda que procedimentos especiais estabeleçam forma pela pessoa presa. (2018)
diversa, o interrogatório do acusado deve sempre ser o último ato
da instrução.
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e
§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será
sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu
desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do direito de permanecer calado e de não responder
membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a perguntas que lhe forem formuladas.
presença do defensor e a publicidade do ato.
STJ: Caso o Juiz não informe ao acusado sobre o seu direito de
permanecer calado, deverá ser comprovado o efetivo prejuízo que
§ 2o
Excepcionalmente, o juiz, por decisão decorreu desta irregularidade. Não havendo prejuízo, não haverá
fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, nulidade. Nulidade Relativa.
poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de Parágrafo único. O silêncio, que não importará em
videoconferência ou outro recurso tecnológico de
confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que
defesa.
a medida seja necessária para atender a uma das
seguintes finalidades:
Art. 187. O interrogatório será constituído de duas
I - prevenir risco à segurança pública, quando partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os fatos.
exista fundada suspeita de que o preso integre organização
§ 1o Na primeira parte o interrogando será
criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o
perguntado sobre a residência, meios de vida ou profissão,
deslocamento;
oportunidades sociais, lugar onde exerce a sua atividade,
II - viabilizar a participação do réu no referido ato
vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado
processual, quando haja relevante dificuldade para seu
alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do
comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra
processo, se houve suspensão condicional ou
circunstância pessoal;
condenação, qual a pena imposta, se a cumpriu e outros
III - impedir a influência do réu no ânimo de
dados familiares e sociais.
testemunha ou da vítima, desde que não seja possível
§ 2o Na segunda parte será perguntado
colher o depoimento destas por videoconferência, nos
sobre:
termos do art. 217 deste Código;
I - ser verdadeira a acusação que lhe é
IV - responder à gravíssima questão de ordem
feita;
pública.
II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum
§ 3o Da decisão que determinar a realização de motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou
interrogatório por videoconferência, as partes serão pessoas a quem deva ser imputada a prática do crime, e
intimadas com 10 (dez) dias de antecedência.
quais sejam, e se com elas esteve antes da prática da
§ 4o Antes do interrogatório por videoconferência, o infração ou depois dela;
preso poderá acompanhar, pelo mesmo sistema III - onde estava ao tempo em que foi cometida a
tecnológico, a realização de todos os atos da audiência infração e se teve notícia desta;
única de instrução e julgamento de que tratam os arts. 400, IV - as provas já apuradas;
411 e 531 deste Código. V - se conhece as vítimas e testemunhas já
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que
garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e alegar contra elas;
reservada com o seu defensor; se realizado por VI - se conhece o instrumento com que foi
videoconferência, fica também garantido o acesso a canais praticada a infração, ou qualquer objeto que com esta se
telefônicos reservados para comunicação entre o defensor relacione e tenha sido apreendido;
que esteja no presídio e o advogado presente na sala de VII - todos os demais fatos e pormenores que
audiência do Fórum, e entre este e o preso. conduzam à elucidação dos antecedentes e circunstâncias
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional da infração;
para a realização de atos processuais por sistema de VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa.
videoconferência será fiscalizada pelos corregedores e
pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. indagará das partes se restou algum fato para ser
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se
em juízo nas hipóteses em que o interrogatório não se o entender pertinente e relevante.
realizar na forma prevista nos §§ 1o e 2o deste artigo.
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no
deste artigo, no que couber, à realização de outros atos todo ou em parte, poderá prestar esclarecimentos e indicar
processuais que dependam da participação de pessoa que provas.
esteja presa, como acareação, reconhecimento de

ID:
33
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Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado § 1o Se, intimado para esse fim, deixar de
sobre os motivos e circunstâncias do fato e se outras comparecer sem motivo justo, o ofendido poderá ser
pessoas concorreram para a infração, e quais sejam. conduzido à presença da autoridade.
Admite-se a condução coercitiva do ofendido, que poderá ser
Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão responsabilizado por crime de desobediência. Cumpre salientar
interrogados separadamente. que o ofendido não possui direito ao silêncio, exceto se o seu
depoimento puder incriminá-lo.
Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do § 2o O ofendido será comunicado dos atos
surdo-mudo será feito pela forma processuais relativos ao ingresso e à saída do acusado da
seguinte: prisão, à designação de data para audiência e à sentença
I - ao surdo serão apresentadas por escrito as e respectivos acórdãos que a mantenham ou modifiquem.
perguntas, que ele responderá oralmente; § 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, no endereço por ele indicado, admitindo-se, por opção do
respondendo-as por escrito; ofendido, o uso de meio eletrônico.
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas § 4o Antes do início da audiência e durante a sua
por escrito e do mesmo modo dará as respostas. realização, será reservado espaço separado para o
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ofendido.
ou escrever, intervirá no ato, como intérprete e sob § 5o Se o juiz entender necessário, poderá
compromisso, pessoa habilitada a entendê-lo. encaminhar o ofendido para atendimento
multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial,
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua de assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor
nacional, o interrogatório será feito por meio de intérprete. ou do Estado.
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem
puder ou não quiser assinar, tal fato será consignado no do ofendido, podendo, inclusive, determinar o segredo de
termo. justiça em relação aos dados, depoimentos e outras
informações constantes dos autos a seu respeito para
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo evitar sua exposição aos meios de comunicação.
interrogatório de ofício ou a pedido fundamentado de
qualquer das partes.

CAPÍTULO IV
DA CONFISSÃO
Confissão: É o reconhecimento, por uma pessoa, da culpa ou da
acusação que lhe foi imputada.
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos
critérios adotados para os outros elementos de prova, e
para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as 01

demais provas do processo, verificando se entre ela e estas


existe compatibilidade ou concordância. 02

Art. 198. O silêncio do acusado não importará 03

confissão, mas poderá constituir elemento para a formação


do convencimento do juiz. 04

A parte final desse dispositivo não foi recepcionada pela ordem


05
jurídica atual.
06
Art. 199. A confissão, quando feita fora do
interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado 07

o disposto no art. 195.


08

Art. 200. A confissão será divisível e retratável,


sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no 09

exame das provas em conjunto.


10
Divisível: O Juiz poderá considerar apenas parte da confissão.
Retratável: O réu poderá se retratar da confissão, se em tempo. 11

12
CAPÍTULO V
DO OFENDIDO
13

Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será


qualificado e perguntado sobre as circunstâncias da 14

infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas


que possa indicar, tomando-se por termo as suas 15

declarações.
III - se o produto ou proveito da infração penal
Lei nº 12.850 / 2013 destinar-se, no todo ou em parte, ao exterior;
Crime Organizado IV - se a organização criminosa mantém conexão
com outras organizações criminosas independentes;
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a
Define organização criminosa e dispõe sobre a transnacionalidade da organização.
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, § 5o Se houver indícios suficientes de que o
infrações penais correlatas e o procedimento criminal; funcionário público integra organização criminosa,
altera o Decreto-Lei no2.848, de 7 de dezembro de 1940 poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do
(Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração,
1995; e dá outras providências. quando a medida se fizer necessária à investigação ou
instrução processual.
CAPÍTULO I § 6o A condenação com trânsito em julgado
DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e emprego ou mandato eletivo e a interdição para o
dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito)
da prova, infrações penais correlatas e o procedimento anos subsequentes ao cumprimento da pena.
criminal a ser aplicado. § 7o Se houver indícios de participação de policial
§ 1o Considera-se organização criminosa a nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de
associação de 4 (quatro) ou mais pessoas Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de Ministério Público, que designará membro para
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, acompanhar o feito até a sua conclusão.
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, § 8º As lideranças de organizações criminosas
mediante a prática de infrações penais cujas penas armadas ou que tenham armas à disposição deverão
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que iniciar o cumprimento da pena em estabelecimentos
sejam de caráter transnacional. penais de segurança máxima. (2019)
§ 2o Esta Lei se aplica também: § 9º O condenado expressamente em sentença por
I - às infrações penais previstas em tratado ou integrar organização criminosa ou por crime praticado por
convenção internacional quando, iniciada a execução no meio de organização criminosa não poderá progredir de
País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no regime de cumprimento de pena ou obter livramento
estrangeiro, ou reciprocamente; condicional ou outros benefícios prisionais se houver
II - às organizações terroristas, entendidas como elementos probatórios que indiquem a manutenção do
aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo vínculo associativo. (2019)
legalmente definidos. (2016)
Deve-se atentar para a diferença entre a Organização Criminosa
e a Associação Criminosa (Prevista no art. 288 do Código Penal). CAPÍTULO II
A associação Criminosa é composta por 3 (três) ou mais DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA
pessoas, PROVA
com o fim específico de cometer crimes. Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão
A organização criminosa, por sua vez, exige a participação de 4
(quatro) ou mais pessoas, além das seguintes características: permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
ordenamento estrutural, divisão de tarefas, com objetivo de obter, seguintes meios de obtenção da prova:
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante I - colaboração premiada;
a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos,
superiores a 4 anos ou possuam caráter transnacional. ópticos ou acústicos;
III - ação controlada;
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, IV - acesso a registros de ligações telefônicas e
pessoalmente ou por interposta pessoa, organização telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de
criminosa: dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, comerciais;
sem prejuízo das penas correspondentes às demais V - interceptação de comunicações telefônicas e
infrações penais praticadas. telemáticas, nos termos da legislação específica;
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e
qualquer forma, embaraça a investigação de infração fiscal, nos termos da legislação específica;
penal que envolva organização criminosa. VII - infiltração, por policiais, em atividade de
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na investigação, na forma do art. 11;
atuação da organização criminosa houver emprego de VIII - cooperação entre instituições e órgãos
arma de fogo. federais, distritais, estaduais e municipais na busca de
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o provas e informações de interesse da investigação ou da
comando, individual ou coletivo, da organização instrução criminal.
criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de § 1o Havendo necessidade justificada de manter
execução. sigilo sobre a capacidade investigatória, poderá ser
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 dispensada licitação para contratação de serviços
(dois terços): técnicos especializados, aquisição ou locação de
I - se há participação de criança ou adolescente; equipamentos destinados à polícia judiciária para o
II - se há concurso de funcionário público, valendo- rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II
se a organização criminosa dessa condição para a prática e V.
de infração penal;

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§ 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação descritos, com todas as suas circunstâncias, indicando as
de que trata o parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, provas e os elementos de corroboração. (2019)
de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o órgão
de controle interno da realização da contratação. Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes,
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois
Seção I terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por
Da Colaboração Premiada restritiva de direitos daquele que tenha colaborado
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é efetiva e voluntariamente com a investigação e com o
negócio jurídico processual e meio de obtenção de processo criminal, desde que dessa colaboração advenha
prova, que pressupõe utilidade e interesse públicos. (2019) um ou mais dos seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e
Art. 3º-B. O recebimento da proposta para partícipes da organização criminosa e das infrações penais
formalização de acordo de colaboração demarca o início por eles praticadas;
das negociações e constitui também marco de II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão
confidencialidade, configurando violação de sigilo e de tarefas da organização criminosa;
quebra da confiança e da boa-fé a divulgação de tais III - a prevenção de infrações penais decorrentes
tratativas iniciais ou de documento que as formalize, até o das atividades da organização criminosa;
levantamento de sigilo por decisão judicial. (2019) IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do
§ 1º A proposta de acordo de colaboração proveito das infrações penais praticadas pela organização
premiada poderá ser sumariamente indeferida, com a criminosa;
devida justificativa, cientificando-se o interessado. (2019) V - a localização de eventual vítima com a sua
§ 2º Caso não haja indeferimento sumário, as partes integridade física preservada.
deverão firmar Termo de Confidencialidade para § 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício
prosseguimento das tratativas, o que vinculará os órgãos levará em conta a personalidade do colaborador, a
envolvidos na negociação e impedirá o indeferimento natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão
posterior sem justa causa. (2019) social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.
§ 3º O recebimento de proposta de colaboração § 2o Considerando a relevância da colaboração
para análise ou o Termo de Confidencialidade não implica, prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o
por si só, a suspensão da investigação, ressalvado delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a
acordo em contrário quanto à propositura de medidas manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou
processuais penais cautelares e assecuratórias, bem como representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao
medidas processuais cíveis admitidas pela legislação colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido
processual civil em vigor. (2019) previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o
§ 4º O acordo de colaboração premiada poderá ser art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
precedido de instrução, quando houver necessidade de (Código de Processo Penal).
identificação ou complementação de seu objeto, dos fatos § 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o
narrados, sua definição jurídica, relevância, utilidade e processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso
interesse público. (2019) por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual período, até
§ 5º Os termos de recebimento de proposta de que sejam cumpridas as medidas de colaboração,
colaboração e de confidencialidade serão elaborados pelo suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
celebrante e assinados por ele, pelo colaborador e pelo § 4º Nas mesmas hipóteses do caput deste artigo,
advogado ou defensor público com poderes específicos. o Ministério Público poderá deixar de oferecer
(2019) denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-
§ 6º Na hipótese de não ser celebrado o acordo se a infração de cuja existência não tenha prévio
por iniciativa do celebrante, esse não poderá se valer conhecimento e o colaborador: (2019)
de nenhuma das informações ou provas apresentadas
I - não for o líder da organização criminosa;
pelo colaborador, de boa-fé, para qualquer outra
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos
finalidade. (2019)
termos deste artigo.
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento
estar instruída com procuração do interessado com prévio da infração quando o Ministério Público ou a
poderes específicos para iniciar o procedimento de autoridade policial competente tenha instaurado inquérito
colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente ou procedimento investigatório para apuração dos fatos
pela parte que pretende a colaboração e seu advogado ou apresentados pelo colaborador. (2019)
defensor público. (2019) § 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida
premiada deve ser realizada sem a presença de a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos
advogado constituído ou defensor público. (2019) objetivos.
§ 2º Em caso de eventual conflito de interesses, ou § 6o O juiz não participará das negociações
de colaborador hipossuficiente, o celebrante deverá realizadas entre as partes para a formalização do acordo
solicitar a presença de outro advogado ou a participação de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia,
de defensor público. (2019) o investigado e o defensor, com a manifestação do
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério
colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
quais concorreu e que tenham relação direta com os fatos § 7º Realizado o acordo na forma do § 6º deste
investigados. (2019) artigo, serão remetidos ao juiz, para análise, o respectivo
§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de
colaboração e os anexos com os fatos adequadamente

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termo, as declarações do colaborador e cópia da ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso
investigação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o legal de dizer a verdade.
colaborador, acompanhado de seu defensor, oportunidade § 15. Em todos os atos de negociação, confirmação
em que analisará os seguintes aspectos na homologação: e execução da colaboração, o colaborador deverá estar
(2019) assistido por defensor.
I - regularidade e legalidade; (2019)
§ 16. Nenhuma das seguintes medidas será
II - adequação dos benefícios pactuados àqueles
decretada ou proferida com fundamento apenas nas
previstos no caput e nos §§ 4º e 5º deste artigo, sendo
declarações do colaborador: (2019)
nulas as cláusulas que violem o critério de definição do
I - medidas cautelares reais ou pessoais;
regime inicial de cumprimento de pena do art. 33 do
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime;
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
III - sentença condenatória.
Penal), as regras de cada um dos regimes previstos no
§ 17. O acordo homologado poderá ser rescindido
Código Penal e na Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei em caso de omissão dolosa sobre os fatos objeto da
de Execução Penal) e os requisitos de progressão de
colaboração. (2019)
regime não abrangidos pelo § 5º deste artigo; (2019)
§ 18. O acordo de colaboração premiada pressupõe
III - adequação dos resultados da colaboração aos
que o colaborador cesse o envolvimento em conduta ilícita
resultados mínimos exigidos nos incisos I, II, III, IV e V do
relacionada ao objeto da colaboração, sob pena de
caput deste artigo; (2019)
rescisão. (2019)
IV - voluntariedade da manifestação de vontade,
especialmente nos casos em que o colaborador está ou
esteve sob efeito de medidas cautelares. (2019) Art. 5o São direitos do colaborador:
§ 7º-A O juiz ou o tribunal deve proceder à análise I - usufruir das medidas de proteção previstas na
fundamentada do mérito da denúncia, do perdão judicial legislação específica;
e das primeiras etapas de aplicação da pena, nos termos II - ter nome, qualificação, imagem e demais
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 informações pessoais preservados;
(Código Penal) e do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos
de 1941 (Código de Processo Penal), antes de conceder demais coautores e partícipes;
os benefícios pactuados, exceto quando o acordo prever IV - participar das audiências sem contato visual
o não oferecimento da denúncia na forma dos §§ 4º e 4º-A com os outros acusados;
deste artigo ou já tiver sido proferida sentença. (2019) V - não ter sua identidade revelada pelos meios de
§ 7º-B. São nulas de pleno direito as previsões de comunicação, nem ser fotografado ou filmado, sem sua
renúncia ao direito de impugnar a decisão prévia autorização por escrito;
homologatória. (2019) VI - cumprir pena ou prisão cautelar em
§ 8º O juiz poderá recusar a homologação da estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou
proposta que não atender aos requisitos legais, condenados. (2019)
devolvendo-a às partes para as adequações necessárias.
(2019) Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada
§ 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador deverá ser feito por escrito e conter:
poderá, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser I - o relato da colaboração e seus possíveis
ouvido pelo membro do Ministério Público ou pelo delegado resultados;
de polícia responsável pelas investigações. II - as condições da proposta do Ministério Público
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso ou do delegado de polícia;
em que as provas autoincriminatórias produzidas pelo III - a declaração de aceitação do colaborador e de
colaborador não poderão ser utilizadas exclusivamente em seu defensor;
seu desfavor. IV - as assinaturas do representante do Ministério
§ 10-A Em todas as fases do processo, deve-se Público ou do delegado de polícia, do colaborador e de seu
garantir ao réu delatado a oportunidade de manifestar-se defensor;
após o decurso do prazo concedido ao réu que o delatou. V - a especificação das medidas de proteção ao
(2019) colaborador e à sua família, quando necessário.
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo
homologado e sua eficácia. Art. 7o O pedido de homologação do acordo será
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou sigilosamente distribuído, contendo apenas informações
não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo que não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade § 1o As informações pormenorizadas da colaboração
judicial. serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a
§ 13. O registro das tratativas e dos atos de distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e oito)
colaboração deverá ser feito pelos meios ou recursos de horas.
gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica § 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao
similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de
fidelidade das informações, garantindo-se a garantir o êxito das investigações, assegurando-se ao
disponibilização de cópia do material ao colaborador. defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos
(2019) elementos de prova que digam respeito ao exercício do
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o direito de defesa, devidamente precedido de autorização
colaborador renunciará, na presença de seu defensor, judicial, ressalvados os referentes às diligências em
andamento.
§ 3º O acordo de colaboração premiada e os
depoimentos do colaborador serão mantidos em sigilo
até o recebimento da denúncia ou da queixa-crime,
sendo vedado ao magistrado decidir por sua publicidade § 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório
em qualquer hipótese. (2019) circunstanciado será apresentado ao juiz competente, que
DELAÇÃO PREMIADA E SIGILO. imediatamente cientificará o Ministério Público.
O sigilo sobre o conteúdo de colaboração premiada deve perdurar, § 5o No curso do inquérito policial, o delegado de
no máximo, até o recebimento da denúncia. polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
Inq 4435 AgR/DF, rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 12.9.2017. Informativo Público poderá requisitar, a qualquer tempo, relatório da
STF 877.
--------------------------------------------------------------------------------------- atividade de infiltração.
COLABORAÇÃO PREMIADA. ENCONTRO FORTUITO DE
PROVAS. AUTORIDADE COM PRERROGATIVA DE FORO. Art. 10-A. Será admitida a ação de agentes de
COMPETÊNCIA PARA HOMOLOGAÇÃO DO ACORDO. polícia infiltrados virtuais, obedecidos os requisitos do
TEORIA DO JUIZ APARENTE. caput do art. 10, na internet, com o fim de investigar os
A homologação de acordo de colaboração premiada por juiz de
crimes previstos nesta Lei e a eles conexos, praticados por
primeiro grau de jurisdição, que mencione autoridade com
prerrogativa de foro no STJ, não traduz em usurpação de organizações criminosas, desde que demonstrada sua
competência desta Corte Superior. necessidade e indicados o alcance das tarefas dos
Rcl 31.629-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, por unanimidade, julgado em 20/09/2017 policiais, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas
e, quando possível, os dados de conexão ou cadastrais que
Seção II permitam a identificação dessas pessoas. (2019)
Da Ação Controlada § 1º Para efeitos do disposto nesta Lei, consideram-
Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a se:
intervenção policial ou administrativa relativa à ação I - dados de conexão: informações referentes a
praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo
desde que mantida sob observação e acompanhamento de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
para que a medida legal se concretize no momento (2019)
mais eficaz à formação de provas e obtenção de II - dados cadastrais: informações referentes a
informações. nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
administrativa será previamente comunicado ao juiz identificação de usuário ou código de acesso tenha sido
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites atribuído no momento da conexão. (2019)
e comunicará ao Ministério Público. § 2º Na hipótese de representação do delegado de
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o
de forma a não conter informações que possam indicar a Ministério Público. (2019)
operação a ser efetuada. § 3º Será admitida a infiltração se houver indícios
§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos de infração penal de que trata o art. 1º desta Lei e se as
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao provas não puderem ser produzidas por outros meios
delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das disponíveis. (2019)
investigações. § 4º A infiltração será autorizada pelo prazo de até
6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações,
§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto
mediante ordem judicial fundamentada e desde que o total
circunstanciado acerca da ação controlada.
não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição comprovada sua necessidade. (2019)
de fronteiras, o retardamento da intervenção policial ou § 5º Findo o prazo previsto no § 4º deste artigo, o
administrativa somente poderá ocorrer com a cooperação relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos
das autoridades dos países que figurem como provável eletrônicos praticados durante a operação, deverão ser
itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os registrados, gravados, armazenados e apresentados ao
riscos de fuga e extravio do produto, objeto, instrumento ou juiz competente, que imediatamente cientificará o
proveito do crime. Ministério Público. (2019)
§ 6º No curso do inquérito policial, o delegado de
Seção III polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério
Da Infiltração de Agentes Público e o juiz competente poderão requisitar, a qualquer
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas tempo, relatório da atividade de infiltração. (2019)
de investigação, representada pelo delegado de polícia ou § 7º É nula a prova obtida sem a observância do
requerida pelo Ministério Público, após manifestação disposto neste artigo. (2019)
técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso
de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, Art. 10-B. As informações da operação de
motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz
seus limites. responsável pela autorização da medida, que zelará por
§ 1o Na hipótese de representação do delegado de seu sigilo. (2019)
polícia, o juiz competente, antes de decidir, ouvirá o Parágrafo único. Antes da conclusão da operação,
Ministério Público. o acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério
§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de Público e ao delegado de polícia responsável pela
infração penal de que trata o art. 1o e se a prova não puder operação, com o objetivo de garantir o sigilo das
ser produzida por outros meios disponíveis. investigações. (2019)
§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, Art. 10-C. Não comete crime o policial que oculta
desde que comprovada sua necessidade. a sua identidade para, por meio da internet, colher
indícios de autoria e materialidade dos crimes previstos
no art. 1º desta Lei. (2019)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que durante a investigação e o processo criminal, salvo se
deixar de observar a estrita finalidade da investigação houver decisão judicial em contrário;
responderá pelos excessos praticados. (2019) IV - não ter sua identidade revelada, nem ser
fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem
Art. 10-D. Concluída a investigação, todos os atos sua prévia autorização por escrito.
eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao Seção IV
juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais,
circunstanciado. (2019) Documentos e Informações
Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério
citados no caput deste artigo serão reunidos em autos Público terão acesso, independentemente de autorização
apartados e apensados ao processo criminal judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado que
juntamente com o inquérito policial, assegurando-se a informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação
preservação da identidade do agente policial infiltrado e a e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas
intimidade dos envolvidos. (2019) telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet
e administradoras de cartão de crédito.
Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a
representação do delegado de polícia para a infiltração de Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão,
agentes conterão a demonstração da necessidade da pelo prazo de 5 (cinco) anos, acesso direto e permanente
medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando do juiz, do Ministério Público ou do delegado de polícia aos
possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas bancos de dados de reservas e registro de viagens.
e o local da infiltração.
Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou
Parágrafo único. Os órgãos de registro e cadastro
móvel manterão, pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição
público poderão incluir nos bancos de dados próprios,
das autoridades mencionadas no art. 15, registros de
mediante procedimento sigiloso e requisição da autoridade
identificação dos números dos terminais de origem e de
judicial, as informações necessárias à efetividade da
destino das ligações telefônicas internacionais,
identidade fictícia criada, nos casos de infiltração de
interurbanas e locais.
agentes na internet. (2019)
Seção V
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção
distribuído, de forma a não conter informações que possam da Prova
indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o
que será infiltrado. colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:
§ 1o As informações quanto à necessidade da Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
operação de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz
competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e quatro) Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de
horas, após manifestação do Ministério Público na colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a
hipótese de representação do delegado de polícia, pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações
devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito sobre a estrutura de organização criminosa que sabe
das investigações e a segurança do agente infiltrado. inverídicas:
§ 2o Os autos contendo as informações da operação Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério multa.
Público, quando serão disponibilizados à defesa,
assegurando-se a preservação da identidade do agente. Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das
§ 3o Havendo indícios seguros de que o agente investigações que envolvam a ação controlada e a
infiltrado sofre risco iminente, a operação será sustada infiltração de agentes:
mediante requisição do Ministério Público ou pelo delegado Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público multa.
e à autoridade judicial.
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais,
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz,
a devida proporcionalidade com a finalidade da Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de
investigação, responderá pelos excessos praticados. investigação ou do processo:
Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no e multa.
curso da investigação, quando inexigível conduta diversa. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de
forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos
Art. 14. São direitos do agente: dados cadastrais de que trata esta Lei.
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que CAPÍTULO III
couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho DISPOSIÇÕES FINAIS
de 1999, bem como usufruir das medidas de proteção a Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações
testemunhas; penais conexas serão apurados mediante procedimento
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
sua voz e demais informações pessoais preservadas de 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto
no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser 14

encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a


120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, 15

prorrogáveis em até igual período, por decisão


fundamentada, devidamente motivada pela complexidade
da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu.

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser


decretado pela autoridade judicial competente, para
garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse
do representado, amplo acesso aos elementos de prova
que digam respeito ao exercício do direito de defesa,
devidamente precedido de autorização judicial,
ressalvados os referentes às diligências em andamento.
Parágrafo único. Determinado o depoimento do
investigado, seu defensor terá assegurada a prévia vista
dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo
mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo
ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela
investigação.

Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a
seguinte redação:
“Associação Criminosa
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o
fim específico de cometer crimes:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a
associação é armada ou se houver a participação de
criança ou adolescente.

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ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que
Constituição da República Federativa contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas
afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal,
do Brasil de 1988 e as referidas no art. 26, II;
V - os recursos naturais da plataforma continental e
da zona econômica exclusiva;
TÍTULO III VI - o mar territorial;
Da Organização do Estado
CAPÍTULO I VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA VIII - os potenciais de energia hidráulica;
Art. 18. A organização político-administrativa da IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
República Federativa do Brasil compreende a União, os X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos arqueológicos e pré-históricos;
autônomos, nos termos desta Constituição. XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos
§ 1º Brasília é a Capital Federal. índios.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e § 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos
sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a
Estado de origem serão reguladas em lei complementar. participação no resultado da exploração de petróleo ou gás
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, natural, de recursos hídricos para fins de geração de
subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, território, plataforma continental, mar territorial ou zona
mediante aprovação da população diretamente econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa
interessada, através de plebiscito, e do Congresso exploração. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de
2019)
Nacional, por lei complementar.
§ 2º A faixa de até 150 (cento e cinquenta)
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres,
estadual, dentro do período determinado por Lei designada como faixa de fronteira, é considerada
Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, fundamental para defesa do território nacional, e sua
mediante plebiscito, às populações dos Municípios ocupação e utilização serão reguladas em lei.
envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade As competências são atribuídas de acordo com o critério da
Municipal, apresentados e publicados na forma da lei. predominância do interesse.
Art. 21. Compete à União: (Competência material -
exclusiva - indelegável)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios: I - manter relações com Estados estrangeiros e
participar de organizações internacionais;
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou II - declarar a guerra e celebrar a paz;
manter com eles ou seus representantes relações de III - assegurar a defesa nacional;
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a IV - permitir, nos casos previstos em lei
colaboração de interesse público; complementar, que forças estrangeiras transitem pelo
II - recusar fé aos documentos públicos; território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
III - criar distinções entre brasileiros ou V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e
preferências entre si. a intervenção federal; (Elementos de estabilização constitucional)
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de
CAPÍTULO II material bélico;
DA UNIÃO STF: É inconstitucional lei estadual que autoriza a utilização de
armas de fogo apreendidas pelas polícias civil e militar, pois a
Art. 20. São bens da União:
competência exclusiva da União para legislar sobre material
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe bélico, complementada pela competência para autorizar e
vierem a ser atribuídos; fiscalizar a produção de material bélico, abrange a disciplina sobre
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa a destinação de armas apreendidas e em situação irregular.
das fronteiras, das fortificações e construções militares,
das vias federais de comunicação e à preservação VII - emitir moeda;
ambiental, definidas em lei; VIII - administrar as reservas cambiais do País e
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água fiscalizar as operações de natureza financeira,
em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
Estado, sirvam de limites com outros países, ou se como as de seguros e de previdência privada;
estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem
como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas
limítrofes com outros países; as praias marítimas; as
STF: É inconstitucional lei estadual que estabeleça a XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o
obrigatoriedade de utilização, pelas agências bancárias, de sistema nacional de viação;
equipamento que atesta a autenticidade de cédulas. XXII - executar os serviços de polícia marítima,
IX - elaborar e executar planos nacionais e aeroportuária e de fronteiras;
regionais de ordenação do território e de desenvolvimento Compete à Polícia Federal exercer as funções de polícia
econômico e social; marítima, aeroportuária e de fronteiras.
X - manter o serviço postal e o correio aéreo XXIII - explorar os serviços e instalações
nacional; nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio
XI - explorar, diretamente ou mediante estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e
autorização, concessão ou permissão, os serviços de reprocessamento, a industrialização e o comércio de
telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
organização dos serviços, a criação de um órgão regulador seguintes princípios e condições:
e outros aspectos institucionais; a) toda atividade nuclear em território nacional
STF: É inconstitucional lei estadual que obriga empresas de somente será admitida para fins pacíficos e mediante
telefonia móvel a instalarem equipamentos de bloqueio do serviço aprovação do Congresso Nacional;
de celular em presídio.
b) sob regime de permissão, são autorizadas a
STF: É inconstitucional lei estadual ou distrital que proíba as
empresas de telecomunicações de cobrarem taxas para a comercialização e a utilização de radioisótopos para a
instalação do segundo ponto de acesso à internet. pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
XII - explorar, diretamente ou mediante c) sob regime de permissão, são autorizadas a
autorização, concessão ou permissão: produção, comercialização e utilização de radioisótopos de
meia-vida igual ou inferior a duas horas;
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
imagens; d) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa; (Teoria do risco integral do
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o Estado)
aproveitamento energético dos cursos de água, em
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
articulação com os Estados onde se situam os potenciais
trabalho;
hidroenergéticos;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-
exercício da atividade de garimpagem, em forma
estrutura aeroportuária;
associativa.
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que
transponham os limites de Estado ou Território; Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre: (Competência legislativa – privativa - delegável)
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual
e internacional de passageiros; I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
trabalho; (Memorize: CAPACETE PM)
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
STF: Súmula vinculante 46 - A definição dos crimes de
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de
Defensoria Pública dos Territórios; processo e julgamento são da competência legislativa privativa da
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia união.
penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do II - desapropriação;
Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira
III - requisições civis e militares, em caso de
ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
iminente perigo e em tempo de guerra;
por meio de fundo próprio; (2019)
IV - águas, energia, informática, telecomunicações
STF: Súmula vinculante 39 – Compete privativamente à União
e radiodifusão;
legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar
e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. V - serviço postal;
XV - organizar e manter os serviços oficiais de VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito garantias dos metais;
nacional; VII - política de crédito, câmbio, seguros e
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, transferência de valores;
de diversões públicas e de programas de rádio e televisão; VIII - comércio exterior e interestadual;
XVII - conceder anistia; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XVIII - planejar e promover a defesa permanente X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
contra as calamidades públicas, especialmente as secas e marítima, aérea e aeroespacial;
as inundações; XI - trânsito e transporte;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos metalurgia;
de seu uso;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
XIV - populações indígenas;
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos; XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego
e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público VI - proteger o meio ambiente e combater a
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública poluição em qualquer de suas formas;
dos Territórios, bem como organização administrativa VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
destes;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de o abastecimento alimentar;
geologia nacionais;
IX - promover programas de construção de
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da moradias e a melhoria das condições habitacionais e de
poupança popular; saneamento básico;
XX - sistemas de consórcios e sorteios; X - combater as causas da pobreza e os fatores de
STF: Súmula Vinculante 2 - É inconstitucional a lei ou ato marginalização, promovendo a integração social dos
normativo Estadual ou Distrital que disponha sobre sistemas de setores desfavorecidos;
consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias. XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as
XXI - normas gerais de organização, efetivos, concessões de direitos de pesquisa e exploração de
material bélico, garantias, convocação, mobilização, recursos hídricos e minerais em seus territórios;
inatividades e pensões das polícias militares e dos XII - estabelecer e implantar política de educação
corpos de bombeiros militares. (2019) para a segurança do trânsito.
XXII - competência da polícia federal e das Parágrafo único. Leis complementares fixarão
polícias rodoviária e ferroviária federais; normas para a cooperação entre a União e os Estados, o
XXIII - seguridade social; Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
XXV - registros públicos;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
(Competência legislativa - Concorrente)
em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, I - direito tributário, financeiro, penitenciário,
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o econômico e urbanístico;
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e II - orçamento;
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § III - juntas comerciais;
1°, III; IV - custas dos serviços forenses;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, V - produção e consumo;
defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
XXIX - propaganda comercial. natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
STF: Súmula Vinculante 39 - Compete privativamente à União do meio ambiente e controle da poluição;
legislar sobre vencimentos dos membros das polícias civil e militar VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal.
artístico, turístico e paisagístico;
STF: Súmula 647 - Compete privativamente à União legislar sobre
vencimentos dos membros das polícias civil e militar do Distrito VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,
Federal. ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
STJ: Súmula 19 - A fixação do horário bancário, para atendimento histórico, turístico e paisagístico;
ao público, é da competência da União. IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
Parágrafo único. Lei complementar poderá tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
autorizar os Estados a legislar sobre questões X - criação, funcionamento e processo do juizado de
específicas das matérias relacionadas neste artigo. pequenas causas;
XI - procedimentos em matéria processual;
Art. 23. É competência comum da União, dos XII - previdência social, proteção e defesa da
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: saúde;
(Competência material – Comum)
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das XIV - proteção e integração social das pessoas
instituições democráticas e conservar o patrimônio público;
portadoras de deficiência;
II - cuidar da saúde e assistência pública, da
XV - proteção à infância e à juventude;
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
polícias civis.
de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabelecer normas
IV - impedir a evasão, a destruição e a gerais.
descaracterização de obras de arte e de outros bens de
valor histórico, artístico ou cultural; § 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplementar
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à dos Estados.
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em
gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for primeiro de janeiro do ano subsequente, observado, quanto
contrário. ao mais, o disposto no art. 77.
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir
CAPÍTULO III outro cargo ou função na administração pública direta ou
DOS ESTADOS FEDERADOS indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso
público e observado o disposto no art. 38, I, IV e V.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
Constituições e leis que adotarem, observados os § 2º Os subsídios do Governador, do Vice-
princípios desta Constituição. Governador e dos Secretários de Estado serão fixados por
lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, observado o que
§ 1º São reservadas aos Estados as competências
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
(Competência residual) 2º, I.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou
mediante concessão, os serviços locais de gás CAPÍTULO IV
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida Dos Municípios
provisória para a sua regulamentação. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica,
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei votada em 2 (dois) turnos, com o interstício mínimo de 10
complementar, instituir regiões metropolitanas, (dez) dias, e aprovada por 2/3 (dois terços) dos membros
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a princípios estabelecidos nesta Constituição, na
organização, o planejamento e a execução de funções Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
públicas de interesse comum. I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos
Vereadores, para mandato de 4 (quatro) anos, mediante
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: pleito direto e simultâneo realizado em todo o País;
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término
forma da lei, as decorrentes de obras da União; do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras
do art. 77, no caso de Municípios com mais de
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
200.000 (duzentos mil) eleitores;
estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio
da União, Municípios ou terceiros; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
janeiro do ano subsequente ao da eleição;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União; IV - para a composição das Câmaras Municipais,
será observado o limite máximo de:
IV - as terras devolutas não compreendidas entre
as da União. a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até
15.000 (quinze mil) habitantes;
b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia
de 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do
mil) habitantes;
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de
36 (trinta e seis), será acrescido de tantos quantos forem c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais
os Deputados Federais acima de 12 (doze). de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta
mil) habitantes;
§ 1º Será de 4 (quatro) anos o mandato dos
Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais
Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000
imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, (oitenta mil) habitantes;
impedimentos e incorporação às Forças Armadas. e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será mais de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
fixado por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na (cento e vinte mil) habitantes;
razão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
153, III, e 153, § 2º, I. g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
sobre seu regimento interno, polícia e serviços 300.000 (trezentos mil) habitantes;
administrativos de sua secretaria, e prover os respectivos h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
cargos. mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no 450.00 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
processo legislativo estadual. i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de
mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice- e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
Governador de Estado, para mandato de 4 (quatro) anos, j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
se houver, do ano anterior ao do término
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil
mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
de até 900.000 (novecentos mil) habitantes; corresponderá a trinta por cento do subsídio dos
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de Deputados Estaduais;
mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes; habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos
mais de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes Deputados Estaduais;
e de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos
de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) Deputados Estaduais;
habitantes; e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos
habitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) Deputados Estaduais;
habitantes; f) em Municípios de mais de quinhentos mil
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos
e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; Deputados Estaduais;
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios VII - o total da despesa com a remuneração dos
de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) Vereadores não poderá ultrapassar o montante de 5%
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos (cinco por cento) da receita do Município;
mil) habitantes; VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na
de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) circunscrição do Município;
habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
Municípios de mais de 3.000.000 (três milhões) de Constituição para os membros do Congresso Nacional e na
habitantes e de até 4.000.000 (quatro milhões) de Constituição do respectivo Estado para os membros da
habitantes; Assembleia Legislativa;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de
de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de Justiça;
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; XI - organização das funções legislativas e
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos fiscalizadoras da Câmara Municipal;
Municípios de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de XII - cooperação das associações representativas
habitantes e de até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; no planejamento municipal;
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios XIII - iniciativa popular de projetos de lei de
de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até interesse específico do Município, da cidade ou de bairros,
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; através de manifestação de, pelo menos, 5% (cinco por
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos cento) do eleitorado;
Municípios de mais de 7.000.000 (sete milhões) de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
habitantes e de até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; art. 28, parágrafo único.
e
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e os
habitantes; demais gastos com pessoal inativo e pensionistas, não
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da somatório da receita tributária e das transferências
Câmara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, previstas no § 5º do art. 153 e nos arts. 158 e 159 desta
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; Constituição, efetivamente realizado no exercício anterior:
(2021)
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas
respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para I - 7% (sete por cento) para Municípios com
a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, população de até 100.000 (cem mil) habitantes;
observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei II - 6% (seis por cento) para Municípios com
Orgânica e os seguintes limites máximos: população entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o mil) habitantes;
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte III - 5% (cinco por cento) para Municípios com
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; população entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
(quinhentos mil) habitantes;
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por
cento) para Municípios com população entre 500.001
(quinhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de
habitantes;
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com STF: O município é competente para, dispondo sobre segurança
população entre 3.000.001 (três milhões e um) e de sua população, impor a estabelecimentos bancários a
8.00.00 (oito milhões) de habitantes; obrigação de instalarem portas eletrônicas, como detector de
metais, travamento e retorno automático e vidros à prova de balas.
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento)
para Municípios com população acima de 8.000.001 (oito Art. 31. A fiscalização do Município será exercida
milhões e um) habitantes. pelo Poder Legislativo Municipal, mediante controle
§ 1o A Câmara Municipal não gastará mais de externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, Executivo Municipal, na forma da lei.
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. § 1º O controle externo da Câmara Municipal será
§ 2o Constitui crime de responsabilidade do exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos
Prefeito Municipal: Estados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de
I - efetuar repasse que supere os limites definidos Contas dos Municípios, onde houver.
neste artigo; § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão
II - não enviar o repasse até o dia 20 (vinte) de competente sobre as contas que o Prefeito deve
cada mês; ou anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
na Lei Orçamentária. § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante 60
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do (sessenta) dias, anualmente, à disposição de qualquer
Presidente da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá
deste artigo. questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou
órgãos de Contas Municipais.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
CAPÍTULO V
II - suplementar a legislação federal e a estadual no
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
que couber;
Seção I
III - instituir e arrecadar os tributos de sua DO DISTRITO FEDERAL
competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em 2 (dois)
nos prazos fixados em lei;
turnos com interstício mínimo de 10 (dez) dias, e aprovada
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a por 2/3 (dois terços) da Câmara Legislativa, que a
legislação estadual; promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime Constituição.
de concessão ou permissão, os serviços públicos de § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as
interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem competências legislativas reservadas aos Estados e
caráter essencial; Municípios.
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira § 2º A eleição do Governador e do Vice- Governador,
da União e do Estado, programas de educação infantil e de observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais
ensino fundamental; coincidirá com a dos Governadores e Deputados
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira Estaduais, para mandato de igual duração.
da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
população; aplica-se o disposto no art. 27.
VIII - promover, no que couber, adequado § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
ordenamento territorial, mediante planejamento e controle Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico- (2019)
cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora STF: Súmula 642 - Não cabe ação direta de inconstitucionalidade
federal e estadual. de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa
municipal.
STF: Súmula vinculante 38 - É competente o Município para
fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.
STF: Súmula vinculante 49 - Ofende o princípio da livre
concorrência lei municipal que impede a instalação de Seção II
estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada DOS TERRITÓRIOS
área. Art. 33. A lei disporá sobre a organização
STF: Súmula 419 - Os municípios têm competência para regular administrativa e judiciária dos Territórios.
o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais
ou federais válidas. § 1º Os Territórios poderão ser divididos em
STF: Súmula 614 - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem Municípios, aos quais se aplicará, no que couber, o
legitimidade para propor ação direta interventiva por disposto no Capítulo IV deste Título.
inconstitucionalidade de Lei Municipal. § 2º As contas do Governo do Território serão
STF: Súmula 645 - É competente o Município para fixar o horário submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
de funcionamento de estabelecimento comercial.
STF: Súmula 646 - Ofende o princípio da livre concorrência lei
Tribunal de Contas da União.
municipal que impede a instalação de estabelecimentos § 3º Nos Territórios Federais com mais de 100.000
comerciais do mesmo ramo em determinada área. (cem mil) habitantes, além do Governador nomeado na
forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de
primeira e segunda instância, membros do Ministério Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve
Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre atender, principalmente, à situação econômica do réu.
as eleições para a Câmara Territorial e sua competência § 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o
deliberativa. juiz considerar que, em virtude da situação econômica do
réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
Multa substitutiva
§ 2º - A pena privativa de liberdade aplicada, não
superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de
multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44
deste Código.

Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a
pena, quando não constituem ou qualificam o crime
01
I - a reincidência;
02
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
03 b) para facilitar ou assegurar a execução, a
ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
04 c) à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou tornou
05
impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura
06
ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar
07
perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou
08 cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de
09 relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade,
ou com violência contra a mulher na forma da lei específica;
10
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente
a cargo, ofício, ministério ou profissão;
11
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos,
12
enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção
13 da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou
14 qualquer calamidade pública, ou de desgraça particular do
ofendido;
15 l) em estado de embriaguez preordenada.

Agravantes no caso de concurso de pessoas


Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou
Código Penal dirige a atividade dos demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do
crime;
CAPÍTULO III III - instiga ou determina a cometer o crime alguém
DA APLICAÇÃO DA PENA sujeito à sua autoridade ou não-punível em virtude de
Fixação da pena condição ou qualidade pessoal;
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos IV - executa o crime, ou nele participa, mediante
antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, paga ou promessa de recompensa.
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, Reincidência
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente
prevenção do crime: (Pena-base: 1ª fase) comete novo crime, depois de transitar em julgado a
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas. sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites condenado por crime anterior.
previstos.
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa Art. 64 - Para efeito de reincidência:
de liberdade. I - não prevalece a condenação anterior, se entre a
IV - a substituição da pena privativa da liberdade data do cumprimento ou extinção da pena e a infração
aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5
(cinco) anos, computado o período de prova da
Critérios especiais da pena de multa
suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação
revogação; ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou
II - não se consideram os crimes militares próprios não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
e políticos iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer
caso, de 1/6 (um sexto) até metade (Concurso formal próprio
Circunstâncias atenuantes – Sistema da exasperação). As penas aplicam-se, entretanto,
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os
pena: crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos,
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do consoante o disposto no artigo anterior. (Concurso formal
fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença; impróprio - Sistema do cúmulo material)
II - o desconhecimento da lei; Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que
III - ter o agente seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
a) cometido o crime por motivo de relevante valor STJ: A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio
social ou moral; relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a
existência ou não de desígnios autônomos.
b) procurado, por sua espontânea vontade e com STF: Na aplicação de pena privativa de liberdade, o aumento
eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as decorrente de concurso formal ou de crime continuado não incide
consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o sobre a pena-base, mas sobre a pena acrescida por circunstância
dano; qualificadora ou causa especial de aumento.
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir,
ou em cumprimento de ordem de autoridade superior, ou Crime continuado
sob a influência de violenta emoção, provocada por ato Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma
injusto da vítima; ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
d) confessado espontaneamente, perante a mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
autoridade, a autoria do crime; maneira de execução e outras semelhantes, devem os
e) cometido o crime sob a influência de multidão em subsequentes ser havidos como continuação do primeiro,
tumulto, se não o provocou. aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou
a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso,
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de 1/6 a 2/3 (um sexto a dois terços). (Sistema da exasperação)
de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, Nosso Código Penal adota a teoria da ficção jurídica em relação
embora não prevista expressamente em lei. ao crime continuado, considerando, por determinação legal, que
os diversos crimes sejam concebidos como um único delito. Essa
Concurso de circunstâncias agravantes e ficção jurídica visa amenizar a regra do concurso material
atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas
pena deve aproximar-se do limite indicado pelas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
as que resultam dos motivos determinantes do crime, da antecedentes, a conduta social e a personalidade do
personalidade do agente e da reincidência. agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
Cálculo da pena mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
critério do art. 59 deste Código; em seguida serão STF: Súmula 711 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior
por último, as causas de diminuição e de aumento. à cessação da continuidade ou da permanência.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento
ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz Multas no concurso de crimes
limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa
prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou são aplicadas distinta e integralmente. (Sistema do cúmulo
diminua. material)
STJ: O art. 72 do Código Penal restringe-se aos casos dos
Concurso material concursos material e formal, não se encontrando no âmbito de
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma abrangência da continuidade delitiva.
ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas Erro na execução (Aberratio ictus)
de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos
cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa- meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa
se primeiro aquela. (Sistema do cúmulo material) que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver como se tivesse praticado o crime contra aquela,
sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código.
por um dos crimes, para os demais será incabível a No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
substituição de que trata o art. 44 deste Código. pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de Código.
direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que
forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. Resultado diverso do pretendido (Aberratio criminis ou
delicti)
Concurso formal
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, 14

por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém


resultado diverso do pretendido, o agente responde por 15

culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre


também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70
deste Código.

Limite das penas Decreto-Lei nº 3.689 / 1941


Art. 75. O tempo de cumprimento das penas Código de Processo Penal
privativas de liberdade não pode ser superior a 40
(quarenta) anos. (2019)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas CAPÍTULO VI
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 DAS TESTEMUNHAS
(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
ao limite máximo deste artigo. (2019)
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a
início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação, promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for
desprezando-se, para esse fim, o período de pena já perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu
cumprido. estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce
sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das
Concurso de infrações partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua
primeiramente a pena mais grave. ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se
de sua credibilidade.
STJ: Súmula 444 - É vedada a utilização de inquéritos policiais e
ações penais em curso para agravar a pena-base. Testemunha não tem direito ao silêncio e deve prestar
STJ: Súmula 171 - Cominadas cumulativamente, em lei especial, compromisso de dizer a verdade, podendo responder por crime de
penas privativas de liberdade e pecuniária, é defeso a substituição falso testemunho.
da prisão por multa. ---------------------------------------------------------------------------------------
STJ: Súmula 545 - Quando a confissão for utilizada para a STF: A testemunha poderá permanecer em silêncio somente em
formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante relação aos fatos que possam incriminá-la.
prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal.
STJ: Súmula 231 - A incidência da circunstância atenuante não Art. 204. O depoimento será prestado oralmente,
pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. não sendo permitido à testemunha trazê-lo por escrito.
STJ: Súmula 241 - A reincidência penal não pode ser considerada Parágrafo único. Não será vedada à testemunha,
como circunstância agravante e, simultaneamente, como entretanto, breve consulta a apontamentos.
circunstância judicial.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da
testemunha, o juiz procederá à verificação pelos meios ao
seu alcance, podendo, entretanto, tomar-lhe o depoimento
desde logo.

Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da


obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a
fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta,
o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe,
ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for
01
possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova
do fato e de suas circunstâncias.
02

03
Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que,
em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
04
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte
interessada, quiserem dar o seu testemunho.
05

Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude


06 o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos
menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que
07
se refere o art. 206.
08
Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá
09
ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
(Testemunhas extranumerárias)

10
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas
as pessoas a que as testemunhas se referirem.
(Testemunhas referidas ou referenciais)
11
§ 2o Não será computada como testemunha a
12
pessoa que nada souber que interesse à decisão da causa.
(Testemunhas inócuas)
13
Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial
uma de per si, de modo que umas não saibam nem ouçam de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
os depoimentos das outras, devendo o juiz adverti- las das
penas cominadas ao falso testemunho. Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa
Parágrafo único. Antes do início da audiência e a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo
durante a sua realização, serão reservados espaços penal por crime de desobediência, e condená-la ao
separados para a garantia da incomunicabilidade das pagamento das custas da diligência.
testemunhas.
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por
enfermidade ou por velhice, de comparecer para depor,
Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final,
serão inquiridas onde estiverem.
reconhecer que alguma testemunha fez afirmação falsa,
calou ou negou a verdade, remeterá cópia do depoimento
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da
à autoridade policial para a instauração de inquérito.
República, os senadores e deputados federais, os
Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado
ministros de Estado, os governadores de Estados e
em plenário de julgamento, o juiz, no caso de proferir
Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito
decisão na audiência (art. 538, § 2o), o tribunal (art. 561),
Federal e dos Municípios, os deputados às Assembleias
ou o conselho de sentença, após a votação dos quesitos,
Legislativas Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os
poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à
ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos
autoridade policial.
Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal
Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas previamente ajustados entre eles e o juiz.
partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz § 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República,
aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos
relação com a causa ou importarem na repetição de outra Deputados e do Supremo Tribunal Federal poderão optar
já respondida. pela prestação de depoimento por escrito, caso em que
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz,
o juiz poderá complementar a inquirição. Ihes serão transmitidas por ofício.
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha autoridade superior.
manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando § 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o
inseparáveis da narrativa do fato. disposto no art. 218, devendo, porém, a expedição do
mandado ser imediatamente comunicada ao chefe da
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora
poderão contraditar a testemunha ou arguir circunstâncias marcados.
ou defeitos, que a tornem suspeita de parcialidade, ou
indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou arguição Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição
e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha do juiz será inquirida pelo juiz do lugar de sua residência,
ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos expedindo-se, para esse fim, carta precatória, com prazo
arts. 207 e 208. razoável, intimadas as partes.
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá instrução criminal.
cingir-se, tanto quanto possível, às expressões usadas § 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o
pelas testemunhas, reproduzindo fielmente as suas frases. julgamento, mas, a todo tempo, a precatória, uma vez
devolvida, será junta aos autos.
Art. 216. O depoimento da testemunha será § 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a
reduzido a termo, assinado por ela, pelo juiz e pelas partes. oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de
Se a testemunha não souber assinar, ou não puder fazê- videoconferência ou outro recurso tecnológico de
lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida a
presença de ambos. presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive,
durante a realização da audiência de instrução e
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu julgamento.
poderá causar humilhação, temor, ou sério STF: Súmula 155 - É relativa a nulidade do processo criminal por
constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de
que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição testemunha.
por videoconferência e, somente na impossibilidade STJ: Súmula 273 - Intimada a defesa da expedição da carta
dessa forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência
na inquirição, com a presença do seu defensor. no juízo deprecado.
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas
previstas no caput deste artigo deverá constar do termo, se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade,
assim como os motivos que a determinaram. arcando a parte requerente com os custos de envio.
Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha disposto nos §§ 1o e 2o do art. 222 deste Código.
deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz
poderá requisitar à autoridade policial a
Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre
língua nacional, será nomeado intérprete para traduzir as que divergirem, em suas declarações, sobre fatos ou
perguntas e respostas. circunstâncias relevantes.
Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou Parágrafo único. Os acareados serão
surdo-mudo, proceder-se-á na conformidade do art. 192. reperguntados, para que expliquem os pontos de
divergências, reduzindo-se a termo o ato de acareação.
Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz,
dentro de um ano, qualquer mudança de residência, Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas
sujeitando-se, pela simples omissão, às penas do não- declarações divirjam das de outra, que esteja presente, a
comparecimento. esta se darão a conhecer os pontos da divergência,
consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à
ausentar-se, ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar autoridade do lugar onde resida a testemunha ausente,
receio de que ao tempo da instrução criminal já não exista, transcrevendo-se as declarações desta e as da
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem
partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. como o texto do referido auto, a fim de que se complete a
diligência, ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma
CAPÍTULO VII forma estabelecida para a testemunha presente. Esta
DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS diligência só se realizará quando não importe demora
Esse Capítulo trata do procedimento realizado para identificação prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente.
de pessoas “de alguma maneira envolvidas no fato delituoso, e de
coisas, cuja prova da existência e individualização seja relevante CAPÍTULO IX
para a apuração da responsabilidade”. DOS DOCUMENTOS
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes
Oliveira, 2008, p.365
poderão apresentar documentos em qualquer fase do
Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o processo.
reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte
forma: Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer
I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares.
convidada a descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será Parágrafo único. À fotografia do documento,
colocada, se possível, ao lado de outras que com ela devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do
tiverem qualquer semelhança, convidando-se quem tiver original.
de fazer o reconhecimento a apontá-la; Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou
III - se houver razão para recear que a pessoa obtidas por meios criminosos, não serão admitidas em
chamada para o reconhecimento, por efeito de intimidação juízo.
ou outra influência, não diga a verdade em face da pessoa Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em
que deve ser reconhecida, a autoridade providenciará para juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu
que esta não veja aquela; direito, ainda que não haja consentimento do signatário.
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto
pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de
chamada para proceder ao reconhecimento e por duas documento relativo a ponto relevante da acusação ou da
testemunhas presenciais. defesa, providenciará, independentemente de
Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não requerimento de qualquer das partes, para sua juntada aos
terá aplicação na fase da instrução criminal ou em plenário autos, se possível.
de julgamento.
STJ: O art. 226 do Código de Processo Penal configura uma Art. 235. A letra e firma dos documentos
recomendação legal, e não uma exigência absoluta, não se particulares serão submetidas a exame pericial, quando
cuidando, portanto, de nulidade quando praticado o ato processual contestada a sua autenticidade.
(reconhecimento pessoal) de forma diversa da prevista em lei.
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira,
sem prejuízo de sua juntada imediata, serão, se
Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder- necessário, traduzidos por tradutor público, ou, na falta, por
se-á com as cautelas estabelecidas no artigo anterior, no pessoa idônea nomeada pela autoridade.
que for aplicável.
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando
Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a conferidas com o original, em presença da autoridade.
efetuar o reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada
uma fará a prova em separado, evitando-se qualquer Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo
comunicação entre elas. findo, quando não exista motivo relevante que justifique a
sua conservação nos autos, poderão, mediante
CAPÍTULO VIII requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues
DA ACAREAÇÃO à parte que os produziu, ficando traslado nos autos.
Art. 229. A acareação será admitida entre
acusados, entre acusado e testemunha, entre CAPÍTULO X
testemunhas, entre acusado ou testemunha e a DOS INDÍCIOS
Art. 239. Considera-se indício a circunstância
conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas
autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
outras circunstâncias. noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores
mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
CAPÍTULO XI represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
DA BUSCA E DA APREENSÃO § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará
A busca e apreensão é um meio de prova cautelar, que visa o previamente sua qualidade e o objeto da diligência.
“acautelamento do material probatório, de coisa, de animais e até § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a
de pessoas, que não estejam ao alcance, espontâneo, da justiça.” porta e forçada a entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o
Oliveira, 2008, p.369.
emprego de força contra coisas existentes no interior da
casa, para o descobrimento do que se procura.
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser intimado
fundadas razões a autorizarem, para: a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver
a) prender criminosos; presente.
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios § 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai
criminosos; procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
c) apreender instrumentos de falsificação ou de § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura,
contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos; será imediatamente apreendida e posta sob custódia da
Contrafação é a reprodução de uma obra protegida por direitos autoridade ou de seus agentes.
autorais sem autorização da entidade que detém a sua § 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto
propriedade intelectual. circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
d) apreender armas e munições, instrumentos presenciais, sem prejuízo do disposto no
utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; § 4o.
e) descobrir objetos necessários à prova de
infração ou à defesa do réu; Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao anterior, quando se tiver de proceder a busca em
acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de que o compartimento habitado ou em aposento ocupado de
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao
do fato; público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção. Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa
§ 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver procurada, os motivos da diligência serão comunicados a
fundada suspeita de que alguém oculte consigo arma quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
proibida ou objetos mencionados nas letras b a f e letra h
do parágrafo anterior. Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de
modo que não moleste os moradores mais do que o
Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou indispensável para o êxito da diligência.
judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar
deverá ser precedida da expedição de mandado. Art. 249. A busca em mulher será feita por outra
mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício diligência.
ou a requerimento de qualquer das partes.
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão
Art. 243. O mandado de busca deverá: penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em outro Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no
que será realizada a diligência e o nome do respectivo seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à
proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o competente autoridade local, antes da diligência ou após,
nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a conforme a urgência desta.
identifiquem; § 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus
II - mencionar o motivo e os fins da diligência; agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa, quando:
III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou
autoridade que o fizer expedir. transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a
§ 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio percam de vista;
texto do mandado de busca. b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo,
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias,
em poder do defensor do acusado, salvo quando constituir que está sendo removida ou transportada em determinada
elemento do corpo de delito. direção, forem ao seu encalço.
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas
Art. 244. A busca pessoal independerá de razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas
mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da
suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma proibida legalidade dos mandados que apresentarem, poderão
ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não
quando a medida for determinada no curso de busca se frustre a diligência.
domiciliar.
econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da
vida pública ou privada;
II - desigualdade racial: toda situação injustificada
de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e
oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude
de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria
existente no âmbito da sociedade que acentua a distância
01 social entre mulheres negras e os demais segmentos
sociais;
02 IV - população negra: o conjunto de pessoas que
se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor
03 ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam
04
autodefinição análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e
05
programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas
06
atribuições institucionais;
VI - ações afirmativas: os programas e medidas
07 especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada
para a correção das desigualdades raciais e para a
08 promoção da igualdade de oportunidades.

09 Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a


igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo
10
cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor
da pele, o direito à participação na comunidade,
11
especialmente nas atividades políticas, econômicas,
12
empresariais, educacionais, culturais e esportivas,
defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e
13 culturais.

14 Art. 3o Além das normas constitucionais relativas aos


princípios fundamentais, aos direitos e garantias
15
fundamentais e aos direitos sociais, econômicos e
culturais, o Estatuto da Igualdade Racial adota como
diretriz político-jurídica a inclusão das vítimas de
desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade
Lei nº 12.288 / 2010 étnica e o fortalecimento da identidade nacional
Estatuto da Igualdade Racial brasileira.

Art. 4o A participação da população negra, em


Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis condição de igualdade de oportunidade, na vida
n. 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de econômica, social, política e cultural do País será
1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de promovida, prioritariamente, por meio de:
novembro de 2003. I - inclusão nas políticas públicas de
desenvolvimento econômico e social;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que II - adoção de medidas, programas e políticas de
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte ação afirmativa;
Lei: III - modificação das estruturas institucionais do
Estado para o adequado enfrentamento e a superação das
TÍTULO I desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES discriminação étnica;
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade IV - promoção de ajustes normativos para
Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação aperfeiçoar o combate à discriminação étnica e às
da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos desigualdades étnicas em todas as suas manifestações
étnicos individuais, coletivos e difusos e individuais, institucionais e estruturais;
o combate à discriminação e às demais formas de V - eliminação dos obstáculos históricos,
intolerância étnica. socioculturais e institucionais que impedem a
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, representação da diversidade étnica nas esferas pública e
considera-se: privada;
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas
distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção da
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que igualdade de oportunidades e ao combate às
tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, desigualdades étnicas, inclusive mediante a
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos implementação de incentivos e critérios de
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, condicionamento e prioridade no acesso aos recursos
públicos;
VII - implementação de programas de ação de movimentos sociais para o exercício da participação e
afirmativa destinados ao enfrentamento das desigualdades controle social no SUS.
étnicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, Parágrafo único. Os moradores das comunidades
saúde, segurança, trabalho, moradia, meios de de remanescentes de quilombos serão beneficiários de
comunicação de massa, financiamentos públicos, acesso à incentivos específicos para a garantia do direito à saúde,
terra, à Justiça, e outros. incluindo melhorias nas condições ambientais, no
Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa saneamento básico, na segurança alimentar e nutricional e
constituir-se-ão em políticas públicas destinadas a reparar na atenção integral à saúde.
as distorções e desigualdades sociais e demais práticas
discriminatórias adotadas, nas esferas pública e privada, CAPÍTULO II
durante o processo de formação social do País. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO
ESPORTE E AO LAZER
Art. 5o Para a consecução dos objetivos desta Lei, é Seção I
instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Disposições Gerais
Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III. Art. 9o A população negra tem direito a participar de
atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer
TÍTULO II adequadas a seus interesses e condições, de modo a
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e
CAPÍTULO I da sociedade brasileira.
DO DIREITO À SAÚDE
Art. 6o O direito à saúde da população negra será Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o,
garantido pelo poder público mediante políticas os governos federal, estaduais, distrital e municipais
universais, sociais e econômicas destinadas à redução adotarão as seguintes providências:
do risco de doenças e de outros agravos. I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o
§ 1o O acesso universal e igualitário ao Sistema acesso da população negra ao ensino gratuito e às
Único de Saúde (SUS) para promoção, proteção e atividades esportivas e de lazer;
recuperação da saúde da população negra será de II - apoio à iniciativa de entidades que
responsabilidade dos órgãos e instituições públicas mantenham espaço para promoção social e cultural da
federais, estaduais, distritais e municipais, da população negra;
administração direta e indireta. III - desenvolvimento de campanhas educativas,
§ 2o O poder público garantirá que o segmento da inclusive nas escolas, para que a solidariedade aos
população negra vinculado aos seguros privados de saúde membros da população negra faça parte da cultura de toda
seja tratado sem discriminação. a sociedade;
IV - implementação de políticas públicas para o
Art. 7o O conjunto de ações de saúde voltadas à fortalecimento da juventude negra brasileira.
população negra constitui a Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra, organizada de acordo com Seção II
as diretrizes abaixo especificadas: Da Educação
I - ampliação e fortalecimento da participação de Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino
lideranças dos movimentos sociais em defesa da saúde da fundamental e de ensino médio, públicos e privados, é
população negra nas instâncias de participação e controle obrigatório o estudo da história geral da África e da
social do SUS; história da população negra no Brasil, observado o
II - produção de conhecimento científico e disposto na Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
tecnológico em saúde da população negra; § 1o Os conteúdos referentes à história da
III - desenvolvimento de processos de informação, população negra no Brasil serão ministrados no âmbito
comunicação e educação para contribuir com a redução de todo o currículo escolar, resgatando sua
das vulnerabilidades da população negra. contribuição decisiva para o desenvolvimento social,
econômico, político e cultural do País.
Art. 8o Constituem objetivos da Política Nacional de § 2o O órgão competente do Poder Executivo
Saúde Integral da População Negra: fomentará a formação inicial e continuada de professores e
I - a promoção da saúde integral da população a elaboração de material didático específico para o
negra, priorizando a redução das desigualdades étnicas e cumprimento do disposto no caput deste artigo.
o combate à discriminação nas instituições e serviços do § 3o Nas datas comemorativas de caráter cívico, os
SUS; órgãos responsáveis pela educação incentivarão a
II - a melhoria da qualidade dos sistemas de participação de intelectuais e representantes do movimento
informação do SUS no que tange à coleta, ao negro para debater com os estudantes suas vivências
processamento e à análise dos dados desagregados por relativas ao tema em comemoração.
cor, etnia e gênero;
Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996 : Estabelece as
III - o fomento à realização de estudos e pesquisas diretrizes e bases da educação nacional.
sobre racismo e saúde da população negra;
IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais
negra nos processos de formação e educação permanente de fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar
dos trabalhadores da saúde; incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados
V - a inclusão da temática saúde da população para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos
negra nos processos de formação política das lideranças e às questões pertinentes à população negra.
Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
órgãos competentes, incentivará as instituições de memória dos diferentes grupos formadores da sociedade
ensino superior públicas e privadas, sem prejuízo da brasileira, nos quais se incluem:
I - as formas de expressão;
legislação em vigor, a:
II - os modos de criar, fazer e viver;
I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diversos IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais
programas de pós-graduação que desenvolvam temáticas espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
de interesse da população negra; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
de formação de professores temas que incluam valores científico.
concernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade § 1º O Poder Público, com a colaboração da comunidade,
promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio
brasileira;
de inventários, registros, vigilância, tombamento e
III - desenvolver programas de extensão desapropriação, e de outras formas de acautelamento e
universitária destinados a aproximar jovens negros de preservação.
tecnologias avançadas, assegurado o princípio da § 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a
proporcionalidade de gênero entre os beneficiários; gestão da documentação governamental e as providências para
IV - estabelecer programas de cooperação técnica, franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
nos estabelecimentos de ensino públicos, privados e § 3º A lei estabelecerá incentivos para a produção e o
comunitários, com as escolas de educação infantil, ensino conhecimento de bens e valores culturais.
§ 4º Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão
fundamental, ensino médio e ensino técnico, para a
punidos, na forma da lei.
formação docente baseada em princípios de equidade, de § 5º Ficam tombados todos os documentos e os sítios
tolerância e de respeito às diferenças étnicas. detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
§ 6º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular
Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por
socioeducacionais realizadas por entidades do movimento cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de
negro que desenvolvam atividades voltadas para a programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses
inclusão social, mediante cooperação técnica, recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
intercâmbios, convênios e incentivos, entre outros
II - serviço da dívida;
mecanismos. III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
Art. 15. O poder público adotará programas de
ação afirmativa.
Art. 18. É assegurado aos remanescentes das
comunidades dos quilombos o direito à preservação de
Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos
seus usos, costumes, tradições e manifestos
órgãos responsáveis pelas políticas de promoção da religiosos, sob a proteção do Estado.
igualdade e de educação, acompanhará e avaliará os
Parágrafo único. A preservação dos documentos e
programas de que trata esta Seção.
dos sítios detentores de reminiscências históricas dos
antigos quilombos, tombados nos termos do § 5o do art.
Seção III 216 da Constituição Federal, receberá especial atenção
Da Cultura do poder público.
Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento
das sociedades negras, clubes e outras formas de Art. 19. O poder público incentivará a celebração das
manifestação coletiva da população negra, com trajetória personalidades e das datas comemorativas
histórica comprovada, como patrimônio histórico e relacionadas à trajetória do samba e de outras
cultural, nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição manifestações culturais de matriz africana, bem como
Federal. sua comemoração nas instituições de ensino públicas e
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL privadas.
DE 1988
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos Art. 20. O poder público garantirá o registro e a
direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e proteção da capoeira, em todas as suas modalidades,
apoiará e incentivará a valorização e a difusão das
manifestações culturais.
como bem de natureza imaterial e de formação da
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas identidade cultural brasileira, nos termos do art. 216 da
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos Constituição Federal.
participantes do processo civilizatório nacional. Parágrafo único. O poder público buscará garantir,
2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas por meio dos atos normativos necessários, a preservação
de alta significação para os diferentes segmentos étnicos dos elementos formadores tradicionais da capoeira nas
nacionais. suas relações internacionais.
3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de
duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País
e à integração das ações do poder público que conduzem à: Seção IV
I defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; Do Esporte e Lazer
II produção, promoção e difusão de bens culturais; Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso
III formação de pessoal qualificado para a gestão da da população negra às práticas desportivas, consolidando
cultura em suas múltiplas dimensões; o esporte e o lazer como direitos sociais.
IV democratização do acesso aos bens de cultura;
V valorização da diversidade étnica e regional.
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os criação nacional, nos termos do art. 217 da Constituição
bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente Federal.
§ 1o A atividade de capoeirista será reconhecida Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos
em todas as modalidades em que a capoeira se manifesta, praticantes de religiões de matrizes africanas internados
seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o em hospitais ou em outras instituições de internação
exercício em todo o território nacional. coletiva, inclusive àqueles submetidos a pena privativa
§ 2o É facultado o ensino da capoeira nas de liberdade.
instituições públicas e privadas pelos capoeiristas e
mestres tradicionais, pública e formalmente reconhecidos. Art. 26. O poder público adotará as medidas
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL necessárias para o combate à intolerância com as
DE 1988 religiões de matrizes africanas e à discriminação de
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas seus seguidores, especialmente com o objetivo de:
formais e não-formais, como direito de cada um, observados: I - coibir a utilização dos meios de comunicação
I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e social para a difusão de proposições, imagens ou
associações, quanto a sua organização e funcionamento;
abordagens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao
II - a destinação de recursos públicos para a promoção
prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para desprezo por motivos fundados na religiosidade de
a do desporto de alto rendimento; matrizes africanas;
III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional II - inventariar, restaurar e proteger os documentos,
e o não- profissional; obras e outros bens de valor artístico e cultural, os
IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos
de criação nacional. vinculados às religiões de matrizes africanas;
§ 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à III - assegurar a participação proporcional de
disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as
representantes das religiões de matrizes africanas, ao lado
instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
§ 2º A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta da representação das demais religiões, em comissões,
dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação
final. vinculadas ao poder público.
§ 3º O Poder Público incentivará o lazer, como forma de
promoção social. CAPÍTULO IV
DO ACESSO À TERRA E À MORADIA ADEQUADA
CAPÍTULO III Seção I
DO DIREITO À LIBERDADE DE CONSCIÊNCIA E DE Do Acesso à Terra
CRENÇA E AO LIVRE EXERCÍCIO DOS CULTOS Art. 27. O poder público elaborará e implementará
RELIGIOSOS políticas públicas capazes de promover o acesso da
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e população negra à terra e às atividades produtivas no
de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos campo.
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos
locais de culto e a suas liturgias. Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das
atividades produtivas da população negra no campo, o
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de poder público promoverá ações para viabilizar e ampliar
crença e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz o seu acesso ao financiamento agrícola.
africana compreende:
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões Art. 29. Serão assegurados à população negra a
relacionadas à religiosidade e a fundação e manutenção, assistência técnica rural, a simplificação do acesso ao
por iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins; crédito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de
II - a celebração de festividades e cerimônias de logística para a comercialização da produção.
acordo com preceitos das respectivas religiões;
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa Art. 30. O poder público promoverá a educação e a
privada, de instituições beneficentes ligadas às respectivas orientação profissional agrícola para os trabalhadores
convicções religiosas; negros e as comunidades negras rurais.
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o
uso de artigos e materiais religiosos adequados aos Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos
costumes e às práticas fundadas na respectiva quilombos que estejam ocupando suas terras é
religiosidade, ressalvadas as condutas vedadas por reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado
legislação específica; emitir-lhes os títulos respectivos.
V - a produção e a divulgação de publicações
relacionadas ao exercício e à difusão das religiões de Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e
matriz africana; desenvolverá políticas públicas especiais voltadas para o
VI - a coleta de contribuições financeiras de desenvolvimento sustentável dos remanescentes das
pessoas naturais e jurídicas de natureza privada para a comunidades dos quilombos, respeitando as tradições de
manutenção das atividades religiosas e sociais das proteção ambiental das comunidades.
respectivas religiões;
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de Art. 33. Para fins de política agrícola, os
comunicação para divulgação das respectivas religiões; remanescentes das comunidades dos quilombos
VIII - a comunicação ao Ministério Público para receberão dos órgãos competentes tratamento especial
abertura de ação penal em face de atitudes e práticas de diferenciado, assistência técnica e linhas especiais de
intolerância religiosa nos meios de comunicação e em financiamento público, destinados à realização de suas
quaisquer outros locais. atividades produtivas e de infraestrutura.

Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos


quilombos se beneficiarão de todas as iniciativas previstas
nesta e em outras leis para a promoção da igualdade § 2o As ações visando a promover a igualdade de
étnica. oportunidades na esfera da administração pública far-se-
ão por meio de normas estabelecidas ou a serem
Seção II estabelecidas em legislação específica e em seus
Da Moradia regulamentos.
Art. 35. O poder público garantirá a implementação § 3o O poder público estimulará, por meio de
de políticas públicas para assegurar o direito à moradia incentivos, a adoção de iguais medidas pelo setor privado.
adequada da população negra que vive em favelas, § 4o As ações de que trata o caput deste artigo
cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em assegurarão o princípio da proporcionalidade de gênero
processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica entre os beneficiários.
urbana e promover melhorias no ambiente e na qualidade § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a
de vida. pequena produção, nos meios rural e urbano, com ações
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para afirmativas para mulheres negras.
os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento § 6o O poder público promoverá campanhas de
habitacional, mas também a garantia da infraestrutura sensibilização contra a marginalização da mulher negra no
urbana e dos equipamentos comunitários associados à trabalho artístico e cultural.
função habitacional, bem como a assistência técnica e § 7o O poder público promoverá ações com o
jurídica para a construção, a reforma ou a objetivo de elevar a escolaridade e a qualificação
regularização fundiária da habitação em área urbana. profissional nos setores da economia que contem com alto
índice de ocupação por trabalhadores negros de baixa
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações escolarização.
governamentais realizadas no âmbito do Sistema
Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de
regulado pela Lei no 11.124, de 16 de junho de 2005, devem Amparo ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas,
considerar as peculiaridades sociais, econômicas e programas e projetos voltados para a inclusão da
culturais da população negra. população negra no mercado de trabalho e orientará a
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os destinação de recursos para seu financiamento.
Municípios estimularão e facilitarão a participação de
organizações e movimentos representativos da Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas
população negra na composição dos conselhos por meio de financiamento para constituição e
constituídos para fins de aplicação do Fundo Nacional de ampliação de pequenas e médias empresas e de
Habitação de Interesse Social (FNHIS). programas de geração de renda, contemplarão o estímulo
à promoção de empresários negros.
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou Parágrafo único. O poder público estimulará as
privados, promoverão ações para viabilizar o acesso da atividades voltadas ao turismo étnico com enfoque nos
população negra aos financiamentos habitacionais. locais, monumentos e cidades que retratem a cultura, os
usos e os costumes da população negra.
CAPÍTULO V
DO TRABALHO Art. 42. O Poder Executivo federal poderá
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para implementar critérios para provimento de cargos em
a inclusão da população negra no mercado de trabalho comissão e funções de confiança destinados a ampliar a
será de responsabilidade do poder público, observando- participação de negros, buscando reproduzir a estrutura da
se: distribuição étnica nacional ou, quando for o caso, estadual,
I - o instituído neste Estatuto; observados os dados demográficos oficiais.
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao
ratificar a Convenção Internacional sobre a Eliminação de CAPÍTULO VI
Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965; DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de
ratificar a Convenção no 111, de 1958, da Organização comunicação valorizará a herança cultural e a participação
Internacional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação da população negra na história do País.
no emprego e na profissão;
IV - os demais compromissos formalmente Art. 44. Na produção de filmes e programas
assumidos pelo Brasil perante a comunidade internacional. destinados à veiculação pelas emissoras de televisão e em
salas cinematográficas, deverá ser adotada a prática de
Art. 39. O poder público promoverá ações que conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes
assegurem a igualdade de oportunidades no mercado e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer
de trabalho para a população negra, inclusive mediante a discriminação de natureza política, ideológica, étnica
implementação de medidas visando à promoção da ou artística.
igualdade nas contratações do setor público e o Parágrafo único. A exigência disposta no
incentivo à adoção de medidas similares nas empresas caput não se aplica aos filmes e programas que abordem
e organizações privadas. especificidades de grupos étnicos determinados.
§ 1o A igualdade de oportunidades será lograda
mediante a adoção de políticas e programas de formação Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias
profissional, de emprego e de geração de renda voltados destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão e em
para a população negra. salas cinematográficas o disposto no art. 44.
Art. 46. Os órgãos e entidades da administração da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial
pública federal direta, autárquica ou fundacional, as (PNPIR).
empresas públicas e as sociedades de economia mista § 1o A elaboração, implementação, coordenação,
federais deverão incluir cláusulas de participação de avaliação e acompanhamento da PNPIR, bem como a
artistas negros nos contratos de realização de filmes, organização, articulação e coordenação do Sinapir, serão
programas ou quaisquer outras peças de caráter efetivados pelo órgão responsável pela política de
publicitário. promoção da igualdade étnica em âmbito nacional.
§ 1o Os órgãos e entidades de que trata este artigo § 2o É o Poder Executivo federal autorizado a
incluirão, nas especificações para contratação de serviços instituir fórum intergovernamental de promoção da
de consultoria, conceituação, produção e realização de igualdade étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável
filmes, programas ou peças publicitárias, a pelas políticas de promoção da igualdade étnica, com o
obrigatoriedade da prática de iguais oportunidades de objetivo de implementar estratégias que visem à
emprego para as pessoas relacionadas com o projeto ou incorporação da política nacional de promoção da
serviço contratado. igualdade étnica nas ações governamentais de Estados e
§ 2o Entende-se por prática de iguais oportunidades Municípios.
de emprego o conjunto de medidas sistemáticas § 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de
executadas com a finalidade de garantir a diversidade promoção da igualdade étnica serão elaboradas por órgão
étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada ao projeto colegiado que assegure a participação da sociedade civil.
ou serviço contratado.
§ 3o A autoridade contratante poderá, se considerar Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais,
necessário para garantir a prática de iguais oportunidades distrital e municipais, no âmbito das respectivas esferas
de emprego, requerer auditoria por órgão do poder público de competência, poderão instituir conselhos de
federal. promoção da igualdade étnica, de caráter permanente
§ 4o A exigência disposta no caput não se aplica às e consultivo, compostos por igual número de
produções publicitárias quando abordarem especificidades representantes de órgãos e entidades públicas e de
de grupos étnicos determinados. organizações da sociedade civil representativas da
população negra.
TÍTULO III Parágrafo único. O Poder Executivo priorizará o
DO SISTEMA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA repasse dos recursos referentes aos programas e
IGUALDADE RACIAL atividades previstos nesta Lei aos Estados, Distrito
(SINAPIR) Federal e Municípios que tenham criado conselhos de
CAPÍTULO I promoção da igualdade étnica.
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção CAPÍTULO IV
da Igualdade Racial (Sinapir) como forma de organização DAS OUVIDORIAS PERMANENTES E DO ACESSO À
e de articulação voltadas à implementação do conjunto JUSTIÇA E À SEGURANÇA
de políticas e serviços destinados a superar as Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma
desigualdades étnicas existentes no País, prestados pelo da lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo,
poder público federal. Ouvidorias Permanentes em Defesa da Igualdade
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios Racial, para receber e encaminhar denúncias de
poderão participar do Sinapir mediante adesão. preconceito e discriminação com base em etnia ou cor e
§ 2o O poder público federal incentivará a sociedade acompanhar a implementação de medidas para a
e a iniciativa privada a participar do Sinapir. promoção da igualdade.

CAPÍTULO II Art. 52. É assegurado às vítimas de


DOS OBJETIVOS discriminação étnica o acesso aos órgãos de Ouvidoria
Art. 48. São objetivos do Sinapir: Permanente, à Defensoria Pública, ao Ministério
I - promover a igualdade étnica e o combate às Público e ao Poder Judiciário, em todas as suas
desigualdades sociais resultantes do racismo, inclusive instâncias, para a garantia do cumprimento de seus
mediante adoção de ações afirmativas; direitos.
II - formular políticas destinadas a combater os Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às
fatores de marginalização e a promover a integração social mulheres negras em situação de violência, garantida a
da população negra; assistência física, psíquica, social e jurídica.
III - descentralizar a implementação de ações
afirmativas pelos governos estaduais, distrital e municipais; Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados coibir a violência policial incidente sobre a população
à promoção da igualdade étnica; negra.
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos Parágrafo único. O Estado implementará ações de
criados para a implementação das ações afirmativas e o ressocialização e proteção da juventude negra em
cumprimento das metas a serem estabelecidas. conflito com a lei e exposta a experiências de exclusão
social.
CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano de discriminação e preconceito praticados por
nacional de promoção da igualdade racial contendo as servidores públicos em detrimento da população negra,
metas, princípios e diretrizes para a implementação observado, no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de 5
de janeiro de 1989.

ID:
58
Lei no 7.716, de 5 de janeiro de 1989: Define os crimes referidas neste artigo nas propostas orçamentárias da
resultantes de preconceito de raça ou de cor. União.

Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos
ameaças de lesão aos interesses da população negra ordinários, poderão ser consignados nos orçamentos
decorrentes de situações de desigualdade étnica, recorrer- fiscal e da seguridade social para financiamento das
se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública, ações de que trata o art. 56:
disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. I - transferências voluntárias dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios;
CAPÍTULO V II - doações voluntárias de particulares;
DO FINANCIAMENTO DAS INICIATIVAS DE III - doações de empresas privadas e organizações
PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL não governamentais, nacionais ou internacionais;
Art. 56. Na implementação dos programas e das IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou
ações constantes dos planos plurianuais e dos orçamentos internacionais;
anuais da União, deverão ser observadas as políticas de V - doações de Estados estrangeiros, por meio de
ação afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4o desta convênios, tratados e acordos internacionais.
Lei e outras políticas públicas que tenham como objetivo
promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social TÍTULO IV
da população negra, especialmente no que tange a: DISPOSIÇÕES FINAIS
I - promoção da igualdade de oportunidades em Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não
educação, emprego e moradia; excluem outras em prol da população negra que tenham
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de sido ou venham a ser adotadas no âmbito da União, dos
educação, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
qualidade de vida da população negra;
III - incentivo à criação de programas e veículos de Art. 59. O Poder Executivo federal criará
comunicação destinados à divulgação de matérias instrumentos para aferir a eficácia social das medidas
relacionadas aos interesses da população negra; previstas nesta Lei e efetuará seu monitoramento
IV - incentivo à criação e à manutenção de constante, com a emissão e a divulgação de relatórios
microempresas administradas por pessoas autodeclaradas periódicos, inclusive pela rede mundial de computadores.
negras;
V - iniciativas que incrementem o acesso e a Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989,
permanência das pessoas negras na educação passam a vigorar com a seguinte redação:
fundamental, média, técnica e superior; Art. 3o (...)
VI - apoio a programas e projetos dos governos Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por motivo
estaduais, distrital e municipais e de entidades da de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou
sociedade civil voltados para a promoção da igualdade de procedência nacional, obstar a promoção funcional.
oportunidades para a população negra; Art. 4o (...)
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da §1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de
memória e das tradições africanas e brasileiras. discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:
adotar medidas que garantam, em cada exercício, a I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao
transparência na alocação e na execução dos recursos empregado em igualdade de condições com os demais
necessários ao financiamento das ações previstas neste trabalhadores;
Estatuto, explicitando, entre outros, a proporção dos II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar
recursos orçamentários destinados aos programas de outra forma de benefício profissional;
promoção da igualdade, especialmente nas áreas de III - proporcionar ao empregado tratamento diferenciado
educação, saúde, emprego e renda, desenvolvimento no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao salário.
agrário, habitação popular, desenvolvimento regional, § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de
cultura, esporte e lazer. serviços à comunidade, incluindo atividades de promoção
§ 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar da igualdade racial, quem, em anúncios ou qualquer outra
do exercício subsequente à publicação deste Estatuto, os forma de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos
órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas
políticas e programas nas áreas referidas no § 1o deste atividades não justifiquem essas exigências.
artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a
participação nos programas de ação afirmativa referidos no Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de
inciso VII do art. 4o desta Lei. abril de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:
§ 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos
medidas necessárias para a adequada implementação do dispositivos legais que tipificam os crimes resultantes de
disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares de preconceito de etnia, raça ou cor, as infrações do disposto
participação crescente dos programas de ação nesta Lei são passíveis das seguintes cominações:
afirmativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2o Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato
deste artigo. discriminatório, nos moldes desta Lei, além do direito à
§ 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal reparação pelo dano moral, faculta ao empregado optar
responsável pela promoção da igualdade racial entre:
acompanhará e avaliará a programação das ações
11

Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a


vigorar acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual 12

parágrafo único como § 1o:


Art. 13. (...) 13

§ 1o (...)
14
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento em
dano causado por ato de discriminação étnica nos termos 15
do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro
reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e
será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica,
conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da
Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos
Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou
locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou
local, respectivamente.

Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de


novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte
redação:
Art. 1o (...)
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência
contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no
gênero, inclusive decorrente de discriminação ou
desigualdade étnica, que cause morte, dano ou sofrimento
físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito
público quanto no privado.

Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989,


passa a vigorar acrescido do seguinte inciso III:
Art. 20. (...)
§ 3o (...)
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas
de informação na rede mundial de computadores.

Art. 65. Esta Lei entra em vigor 90 (noventa) dias


após a data de sua publicação.

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STF: Súmula vinculante 13 - A nomeação de cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
Constituição da República Federativa até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de
do Brasil de 1988 servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção,
chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão
ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos
CAPÍTULO VII Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Seção I Federal.
DISPOSIÇÕES GERAIS VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
Art. 37. A administração pública direta e indireta livre associação sindical;
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito VII - o direito de greve será exercido nos termos e
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de nos limites definidos em lei específica;
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e
eficiência e, também, ao seguinte:
empregos públicos para as pessoas portadoras de
(Memorize: LIMPE)
deficiência e definirá os critérios de sua admissão;
I - os cargos, empregos e funções públicas são
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos
tempo determinado para atender a necessidade
estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
temporária de excepcional interesse público;
forma da lei;
X - a remuneração dos servidores públicos e o
II - a investidura em cargo ou emprego público
subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
depende de aprovação prévia em concurso público de
ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e
iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral
a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices;
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; STF: Súmula 679 - A fixação de vencimentos dos servidores
públicos não pode ser objeto de convenção coletiva.
STF: Súmula 683 - O limite de idade para a inscrição em concurso STF: Súmula 681 - É inconstitucional a vinculação de vencimentos
público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando de servidores estaduais e municipais a índices federais de
possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser correção monetária.
preenchido.
STF: Súmula 684 - É inconstitucional o veto não motivado à
participação de candidato a concurso público. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
STF: Súmula 685 - É inconstitucional toda modalidade de cargos, funções e empregos públicos da administração
provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
aprovação em concurso público destinado ao seu provimento, em dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
STF: Súmula 686 - Só por lei se pode sujeitar a exame
psicotécnico a habilitação de candidato a concurso público. demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra
espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra
III - o prazo de validade do concurso público será natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em
de até 2 (dois) anos, prorrogável uma vez, por igual espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
período; aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
de convocação, aquele aprovado em concurso público de mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
provas ou de provas e títulos será convocado com subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do
emprego, na carreira; Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e
STF: Os candidatos aprovados em concurso público têm direito cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
subjetivo à nomeação para a posse que vier a ser dada nos cargos espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no
vagos existentes ou nos que vierem a vagar no prazo de validade âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
do concurso. A recusa da Administração Pública em prover cargos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
vagos, quando existentes candidatos aprovados em concurso Defensores Públicos;
público, deve ser motivada, e esta motivação é suscetível de
apreciação pelo Poder Judiciário. XII - os vencimentos dos cargos do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser
V - as funções de confiança, exercidas superiores aos pagos pelo Poder Executivo;
exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo,
e os cargos em comissão, a serem preenchidos por XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de
quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de
servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às remuneração de pessoal do serviço público;
atribuições de direção, chefia e assessoramento; XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por
servidor público não serão computados nem acumulados
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Vedação
ao efeito cascata)
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes II - o acesso dos usuários a registros
de cargos e empregos públicos são irredutíveis, administrativos e a informações sobre atos de governo,
ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII;
nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. III - a disciplina da representação contra o exercício
XVI - é vedada a acumulação remunerada de negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade administração pública.
de horários, observado em qualquer caso o disposto no § 4º - Os atos de improbidade administrativa
inciso XI: importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
a) a de dois cargos de professor; função pública, a indisponibilidade dos bens e o
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em
científico; lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
c) a de dois cargos ou empregos privativos de § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que
causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
XVII - a proibição de acumular estende-se a
ações de ressarcimento.
empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
empresas públicas, sociedades de economia mista, suas § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou de direito privado prestadoras de serviços públicos
indiretamente, pelo poder público; responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
XVIII - a administração fazendária e seus
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais Teoria do Risco Administrativo. O Estado deverá ser
setores administrativos, na forma da lei; responsabilizado pelos danos causados por seus agentes,
independentemente de dolo ou culpa. Responsabilidade Objetiva.
XIX – somente por lei específica poderá ser criada
autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei ao ocupante de cargo ou emprego da administração direta
complementar, neste último caso, definir as áreas de sua e indireta que possibilite o acesso a informações
atuação; (Administração pública indireta) privilegiadas.
XX - depende de autorização legislativa, em cada § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e
caso, a criação de subsidiárias das entidades financeira dos órgãos e entidades da administração direta
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
de qualquer delas em empresa privada; firmado entre seus administradores e o poder público, que
tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para
XXI - ressalvados os casos especificados na
o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
contratados mediante processo de licitação pública que I - o prazo de duração do contrato;
assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, II - os controles e critérios de avaliação de
com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da dirigentes;
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação III - a remuneração do pessoal."
técnica e econômica indispensáveis à garantia do
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas
cumprimento das obrigações.
públicas e às sociedades de economia mista, e suas
XXII - as administrações tributárias da União, dos subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em
servidores de carreiras específicas, terão recursos geral.
prioritários para a realização de suas atividades e atuarão § 10. É vedada a percepção simultânea de
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
convênio.
função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter em comissão declarados em lei de livre nomeação e
caráter educativo, informativo ou de orientação social, exoneração.
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
servidores públicos. deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e previstas em lei.
III implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
responsável, nos termos da lei.
deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às
usuário na administração pública direta e indireta, respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite
regulando especialmente: único, o subsídio mensal dos Desembargadores do
I - as reclamações relativas à prestação dos respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos
serviços de atendimento ao usuário e a avaliação Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se
periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços;
aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos I - a natureza, o grau de responsabilidade e a
Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. complexidade dos cargos componentes de cada carreira;
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo II - os requisitos para a investidura;
poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas III - as peculiaridades dos cargos.
atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
manterão escolas de governo para a formação e o
mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que
aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a
possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
participação nos cursos um dos requisitos para a promoção
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo
na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios
de origem. (2019)
ou contratos entre os entes federados.
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização
de tempo de contribuição decorrente de cargo, emprego § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
ou função pública, inclusive do Regime Geral de público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV,
Previdência Social, acarretará o rompimento do vínculo XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
que gerou o referido tempo de contribuição. (2019) estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando
§ 15. É vedada a complementação de a natureza do cargo o exigir.
aposentadorias de servidores públicos e de pensões por § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
morte a seus dependentes que não seja decorrente do eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja prevista e Municipais serão remunerados exclusivamente por
em lei que extinga regime próprio de previdência social. subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
(2019) qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
§ 16. Os órgãos e entidades da administração representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
pública, individual ou conjuntamente, devem realizar em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
avaliação das políticas públicas, inclusive com divulgação § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
do objeto a ser avaliado e dos resultados alcançados, na dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior
forma da lei. (2021) e a menor remuneração dos servidores públicos,
obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, publicarão anualmente os valores do subsídio e da
aplicam-se as seguintes disposições: remuneração dos cargos e empregos públicos.
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos
função; orçamentários provenientes da economia com despesas
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade
pela sua remuneração; e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
III - investido no mandato de Vereador, havendo modernização, reaparelhamento e racionalização do
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da prêmio de produtividade.
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo § 8º A remuneração dos servidores públicos
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para § 4º.
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será § 9º É vedada a incorporação de vantagens de
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção caráter temporário ou vinculadas ao exercício de função
por merecimento; de confiança ou de cargo em comissão à remuneração do
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio cargo efetivo. (2019)
de previdência social, permanecerá filiado a esse regime,
no ente federativo de origem. (2019) Art. 40. O regime próprio de previdência social
dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter
Seção II contributivo e solidário, mediante contribuição do
DOS SERVIDORES PÚBLICOS respectivo ente federativo, de servidores ativos, de
aposentados e de pensionistas, observados critérios que
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (2019)
Municípios instituirão, no âmbito de sua competência,
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de
regime jurídico único e planos de carreira para os
previdência social será aposentado: (2019)
servidores da administração pública direta, das autarquias
I - por incapacidade permanente para o trabalho,
e das fundações públicas. (ADIN nº 2.135-4)
no cargo em que estiver investido, quando insuscetível de
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização
Municípios instituirão conselho de política de administração de avaliações periódicas para verificação da continuidade
e remuneração de pessoal, integrado por servidores das condições que ensejaram a concessão da
designados pelos respectivos Poderes. aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente
(Cautelarmente suspenso)
federativo; (2019)
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos
II - compulsoriamente, com proventos
demais componentes do sistema remuneratório
proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
observará:
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios
na forma de lei complementar; para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) conforme critérios estabelecidos em lei.
anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) § 9º O tempo de contribuição federal, estadual,
anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do distrital ou municipal será contado para fins de
Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima aposentadoria, observado o disposto nos §§ 9º e 9º-A do
estabelecida mediante emenda às respectivas art. 201, e o tempo de serviço correspondente será contado
Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de para fins de disponibilidade. (2019)
contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei § 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
complementar do respectivo ente federativo. (2019) contagem de tempo de contribuição fictício.
§ 2º Os proventos de aposentadoria não poderão
§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art.
total dos proventos de inatividade, inclusive quando
201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
nos §§ 14 a 16. (2019)
contribuição para o regime geral de previdência social, e ao
§ 3º As regras para cálculo de proventos de
montante resultante da adição de proventos de inatividade
aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo
com remuneração de cargo acumulável na forma desta
ente federativo. (2019)
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre
§ 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
diferenciados para concessão de benefícios em regime
próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos § 12. Além do disposto neste artigo, serão
§§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (2019) observados, em regime próprio de previdência social, no
§ 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei que couber, os requisitos e critérios fixados para o Regime
complementar do respectivo ente federativo idade e tempo Geral de Previdência Social. (2019)
de contribuição diferenciados para aposentadoria de § 13. Aplica-se ao agente público ocupante,
servidores com deficiência, previamente submetidos a exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei
avaliação biopsicossocial realizada por equipe de livre nomeação e exoneração, de outro cargo
multiprofissional e interdisciplinar. (2019) temporário, inclusive mandato eletivo, ou de emprego
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei público, o Regime Geral de Previdência Social. (2019)
complementar do respectivo ente federativo idade e § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
tempo de contribuição diferenciados para Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo
aposentadoria de ocupantes do cargo de agente Poder Executivo, regime de previdência complementar
penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo,
dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral
inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput de Previdência Social para o valor das aposentadorias e
do art. 144. (2019) das pensões em regime próprio de previdência social,
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei ressalvado o disposto no § 16. (2019)
complementar do respectivo ente federativo idade e § 15. O regime de previdência complementar de que
tempo de contribuição diferenciados para trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na
aposentadoria de servidores cujas atividades sejam modalidade contribuição definida, observará o disposto no
exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade
físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação fechada de previdência complementar ou de entidade
desses agentes, vedada a caracterização por categoria aberta de previdência complementar. (2019)
profissional ou ocupação. (2019) § 16. Somente mediante sua prévia e expressa
§ 5º Os ocupantes do cargo de professor terão opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao
idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em relação às servidor que tiver ingressado no serviço público até a data
idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do da publicação do ato de instituição do correspondente
§ 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das regime de previdência complementar.
funções de magistério na educação infantil e no ensino § 17. Todos os valores de remuneração
fundamental e médio fixado em lei complementar do considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3°
respectivo ente federativo. (2019) serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de
dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido
conta de regime próprio de previdência social, para os benefícios do regime geral de previdência social de
aplicando-se outras vedações, regras e condições para a que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas para os servidores titulares de cargos efetivos.
no Regime Geral de Previdência Social. (2019)
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, § 19. Observados critérios a serem estabelecidos
quando se tratar da única fonte de renda formal auferida em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular de
pelo dependente, o benefício de pensão por morte será cargo efetivo que tenha completado as exigências para a
concedido nos termos de lei do respectivo ente federativo, aposentadoria voluntária e que opte por permanecer em
a qual tratará de forma diferenciada a hipótese de morte atividade poderá fazer jus a um abono de permanência
dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente de equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
agressão sofrida no exercício ou em razão da função. previdenciária, até completar a idade para aposentadoria
(2019) compulsória. (2019)
§ 20. É vedada a existência de mais de um desempenho por comissão instituída para essa
regime próprio de previdência social e de mais de um finalidade.
órgão ou entidade gestora desse regime em cada ente
federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e
entidades autárquicas e fundacionais, que serão
responsáveis pelo seu financiamento, observados os
critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na
lei complementar de que trata o § 22. (2019)
§ 21. (Revogado). (2019)
§ 22. Vedada a instituição de novos regimes
próprios de previdência social, lei complementar federal
estabelecerá, para os que já existam, normas gerais de
01
organização, de funcionamento e de responsabilidade em
sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (2019) 02
I - requisitos para sua extinção e consequente
migração para o Regime Geral de Previdência Social; 03
II - modelo de arrecadação, de aplicação e de
utilização dos recursos; 04

III - fiscalização pela União e controle externo e


social; 05

IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial;


V - condições para instituição do fundo com 06

finalidade previdenciária de que trata o art. 249 e para


07
vinculação a ele dos recursos provenientes de
contribuições e dos bens, direitos e ativos de qualquer 08
natureza;
VI - mecanismos de equacionamento do 09
deficit atuarial;
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do 10

regime, observados os princípios relacionados com


governança, controle interno e transparência; 11

VIII - condições e hipóteses para


responsabilização daqueles que desempenhem 12

atribuições relacionadas, direta ou indiretamente, com a


13
gestão do regime;
IX - condições para adesão a consórcio público; 14
X - parâmetros para apuração da base de cálculo e
definição de alíquota de contribuições ordinárias e 15
extraordinárias.

Art. 41. São estáveis após 3 (três) anos de efetivo


exercício os servidores nomeados para cargo de Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
provimento efetivo em virtude de concurso público.
Código Penal
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
I - em virtude de sentença judicial transitada em
julgado; TÍTULO VIII
II - mediante processo administrativo em que lhe DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
seja assegurada ampla defesa; Extinção da punibilidade
III - mediante procedimento de avaliação periódica Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
de desempenho, na forma de lei complementar, I - pela morte do agente;
assegurada ampla defesa. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão
de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do a punibilidade. (art. 62, CPP)
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
II - pela anistia, graça ou indulto;
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de
Anistia: Ato de renúncia do Poder Legislativo quanto ao poder-
origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro dever de punir certos fatos em virtude de conveniência política ou
cargo ou posto em disponibilidade com remuneração necessidade.
proporcional ao tempo de serviço. Indulto: Ato que extingue os efeitos principais da condenação de
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua um grupo de pessoas por intermédio de decreto do Presidente da
desnecessidade, o servidor estável ficará em República. Essa forma de clemência não atinge fatos, mas sim
disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo pessoas.
Graça: É conhecida como Indulto individual, pois beneficia uma
de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
determinada pessoa. Compete também ao Presidente da
cargo. República.

§ 4º Como condição para a aquisição da III - pela retroatividade de lei que não mais considera
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de o fato como criminoso; (Abolitio criminis)
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a
aceito, nos crimes de ação privada; ação penal.
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a
lei a admite; Termo inicial da prescrição após a sentença
VII – (revogado) condenatória irrecorrível
VIII - (revogado) Art. 112 - No caso do art. 110 deste Código, a
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. prescrição começa a correr:
I - do dia em que transita em julgado a sentença
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é condenatória, para a acusação, ou a que revoga a
pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância suspensão condicional da pena ou o livramento
agravante de outro não se estende a este. Nos crimes condicional;
conexos, a extinção da punibilidade de um deles não II - do dia em que se interrompe a execução, salvo
impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.
da conexão.
Prescrição no caso de evasão do condenado ou
Prescrição antes de transitar em julgado a de revogação do livramento condicional
sentença Art. 113 - No caso de evadir-se o condenado ou de
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em revogar-se o livramento condicional, a prescrição é
julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. regulada pelo tempo que resta da pena.
110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena
privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: Prescrição da multa
I - em 20 (vinte) anos, se o máximo da pena é Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá:
superior a doze; I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única
II – em 16 (dezesseis) anos, se o máximo da pena é cominada ou aplicada;
superior a oito anos e não excede a doze; II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da
III – em 12 (doze) anos, se o máximo da pena é pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa
superior a quatro anos e não excede a oito; ou cumulativamente cominada ou cumulativamente
IV - em 8 (oito) anos, se o máximo da pena é aplicada.
superior a dois anos e não excede a quatro;
V – em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual Redução dos prazos de prescrição
a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; Art. 115 - São reduzidos de metade os prazos de
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime,
a um ano. menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença,
Prescrição das penas restritivas de direito maior de 70 (setenta) anos
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de
direito os mesmos prazos previstos para as privativas de Causas impeditivas da prescrição
liberdade. Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença
final, a prescrição não corre:
Prescrição depois de transitar em julgado I - enquanto não resolvida, em outro processo,
sentença final condenatória questão de que dependa o reconhecimento da existência
Art. 110 - A prescrição depois de transitar em do crime;
julgado a sentença condenatória regula-se pela pena II - enquanto o agente cumpre pena no exterior;
aplicada e verifica-se nos prazos fixados no artigo anterior, (2019)
os quais se aumentam de 1/3 (um terço), se o condenado III - na pendência de embargos de declaração ou de
é reincidente. recursos aos Tribunais Superiores, quando inadmissíveis;
§ 1o A prescrição, depois da sentença condenatória e (2019)
com trânsito em julgado para a acusação ou depois de IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o
improvido seu recurso, regula-se pela pena aplicada, não acordo de não persecução penal. (2019)
podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data Parágrafo único - Depois de passada em julgado a
anterior à da denúncia ou queixa. sentença condenatória, a prescrição não corre durante o
§ 2o (revogado) tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

Termo inicial da prescrição antes de transitar em Causas interruptivas da prescrição


julgado a sentença final Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
a sentença final, começa a correr: II - pela pronúncia;
I - do dia em que o crime se consumou; III - pela decisão confirmatória da pronúncia;
II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a IV - pela publicação da sentença ou acórdão
atividade criminosa; condenatórios recorríveis;
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a V - pelo início ou continuação do cumprimento da
permanência; pena;
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração VI - pela reincidência.
de assentamento do registro civil, da data em que o fato se § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste
tornou conhecido. artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes
e adolescentes, previstos neste Código ou em legislação
especial, da data em que a vítima completar 18 (dezoito)
conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende- 12

se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles.


§ 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do 13

inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr,


novamente, do dia da interrupção. 14

Art. 118 - As penas mais leves prescrevem com as 15

mais graves.

Art. 119 - No caso de concurso de crimes, a extinção


da punibilidade incidirá sobre a pena de cada um, Decreto-Lei nº 3.689 / 1941
isoladamente. Código de Processo Penal
Prescrição
STF: Súmula 592 - Nos crimes falimentares, aplicam-se as causas
interruptivas da prescrição, previstas no Código Penal.
STJ: Súmula 191 - A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, TÍTULO IX
ainda que o Tribunal do Júri venha a desclassificar o crime. DA PRISÃO, DAS MEDIDAS CAUTELARES E DA
STJ: Súmula 438 - É inadmissível a extinção da punibilidade pela LIBERDADE PROVISÓRIA
prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena CAPÍTULO I
hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo DISPOSIÇÕES GERAIS
penal. Art. 282. As medidas cautelares previstas neste
STJ: Súmula 220 - A reincidência não influi no prazo da prescrição Título deverão ser aplicadas observando-se a: (Princípio da
da pretensão punitiva. proporcionalidade)
STF: Súmula 497 - Quando se tratar de crime continuado, a I - necessidade para aplicação da lei penal, para a
prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se investigação ou a instrução criminal e, nos casos
computando o acréscimo decorrente da continuação. expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
STF: Súmula 146 - A prescrição da ação penal regula-se pela penais;
pena concretizada na sentença, quando não há recurso da II - adequação da medida à gravidade do crime,
acusação. circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
acusado.
§ 1o As medidas cautelares poderão ser aplicadas
isolada ou cumulativamente.
Perdão judicial § 2º As medidas cautelares serão decretadas pelo
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial juiz a requerimento das partes ou, quando no curso da
não será considerada para efeitos de reincidência. investigação criminal, por representação da autoridade
STJ: Súmula 18 - A sentença concessiva do perdão judicial é policial ou mediante requerimento do Ministério Público.
(2019)
declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer
efeito condenatório. § 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo
de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de
medida cautelar, determinará a intimação da parte
contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias,
acompanhada de cópia do requerimento e das peças
necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos
de urgência ou de perigo deverão ser justificados e
fundamentados em decisão que contenha elementos do
caso concreto que justifiquem essa medida excepcional.
(2019)
§ 4º No caso de descumprimento de qualquer das
obrigações impostas, o juiz, mediante requerimento do
01
Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
02
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação,
ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos
03 termos do parágrafo único do art. 312 deste Código. (2019)
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes,
04 revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar
a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a
05
decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. (2019)
§ 6º A prisão preventiva somente será
06
determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar, observado o art. 319 deste
07
Código, e o não cabimento da substituição por outra
08
medida cautelar deverá ser justificado de forma
fundamentada nos elementos presentes do caso concreto,
09 de forma individualizada. (2019)

10
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em
11
flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de constar o motivo da prisão, bem como o valor da fiança se
prisão cautelar ou em virtude de condenação criminal arbitrada.
transitada em julgado. (2019) § 2o A autoridade a quem se fizer a requisição
§ 1o As medidas cautelares previstas neste Título tomará as precauções necessárias para averiguar a
não se aplicam à infração a que não for isolada, cumulativa autenticidade da comunicação.
ou alternativamente cominada pena privativa de liberdade. § 3o O juiz processante deverá providenciar a
§ 2o A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e remoção do preso no prazo máximo de 30 (trinta) dias,
a qualquer hora, respeitadas as restrições relativas à contados da efetivação da medida.
inviolabilidade do domicílio.
Art. 289-A. O juiz competente providenciará o
Prisão é a “privação da liberdade, tolhendo-se o direito de ir e vir,
através do recolhimento da pessoa humana ao cárcere”.
imediato registro do mandado de prisão em banco de
Nucci, 2008, p. 573 dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça para
essa finalidade.
-- Prisão penal: aplicável após o trânsito em julgado de sentença § 1o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
condenatória. determinada no mandado de prisão registrado no Conselho
-- Prisão processual: aplicável, como medida cautelar, antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória.
Nacional de Justiça, ainda que fora da competência
territorial do juiz que o expediu.
§ 2o Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, decretada, ainda que sem registro no Conselho Nacional
salvo a indispensável no caso de resistência ou de tentativa de Justiça, adotando as precauções necessárias para
de fuga do preso. averiguar a autenticidade do mandado e comunicando ao
juiz que a decretou, devendo este providenciar, em
Art. 285. A autoridade que ordenar a prisão fará seguida, o registro do mandado na forma do caput deste
expedir o respectivo mandado. artigo.
Parágrafo único. O mandado de prisão: § 3o A prisão será imediatamente comunicada ao juiz
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela do local de cumprimento da medida o qual providenciará a
autoridade; certidão extraída do registro do Conselho Nacional de
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por Justiça e informará ao juízo que a decretou.
seu nome, alcunha ou sinais característicos; § 4o O preso será informado de seus direitos, nos
c) mencionará a infração penal que motivar a termos do inciso LXIII do art. 5o da Constituição Federal e,
prisão; caso o autuado não informe o nome de seu advogado, será
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando comunicado à Defensoria Pública.
afiançável a infração; § 5o Havendo dúvidas das autoridades locais sobre
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe a legitimidade da pessoa do executor ou sobre a identidade
execução. do preso, aplica-se o disposto no § 2o do art. 290 deste
Código.
Art. 286. O mandado será passado em duplicata, e § 6o O Conselho Nacional de Justiça regulamentará
o executor entregará ao preso, logo depois da prisão, um o registro do mandado de prisão a que se refere
dos exemplares com declaração do dia, hora e lugar da o caput deste artigo.
diligência. Da entrega deverá o preso passar recibo no
outro exemplar; se recusar, não souber ou não puder Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao
escrever, o fato será mencionado em declaração, assinada território de outro município ou comarca, o executor poderá
por duas testemunhas. efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar,
apresentando-o imediatamente à autoridade local, que,
Art. 287. Se a infração for inafiançável, a falta de depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante,
exibição do mandado não obstará a prisão, e o preso, providenciará para a remoção do preso.
em tal caso, será imediatamente apresentado ao juiz que § 1o - Entender-se-á que o executor vai em
tiver expedido o mandado, para a realização de audiência perseguição do réu, quando:
de custódia. (2019) a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem
interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
Art. 288. Ninguém será recolhido à prisão, sem que b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas,
seja exibido o mandado ao respectivo diretor ou carcereiro, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual
a quem será entregue cópia assinada pelo executor ou direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
apresentada a guia expedida pela autoridade competente, § 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas
devendo ser passado recibo da entrega do preso, com razões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor
declaração de dia e hora. ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr
Parágrafo único. O recibo poderá ser passado no em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.
próprio exemplar do mandado, se este for o documento
exibido. Art. 291. A prisão em virtude de mandado entender-
se-á feita desde que o executor, fazendo-se conhecer do
Art. 289. Quando o acusado estiver no território réu, Ihe apresente o mandado e o intime a acompanhá-lo.
nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será
deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o Art. 292. Se houver, ainda que por parte de terceiros,
inteiro teor do mandado. resistência à prisão em flagrante ou à determinada por
§ 1o Havendo urgência, o juiz poderá requisitar a autoridade competente, o executor e as
prisão por qualquer meio de comunicação, do qual deverá
pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração,
necessários para defender-se ou para vencer a resistência, insolação e condicionamento térmico adequados à
do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas existência humana.
testemunhas. § 4o O preso especial não será transportado
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em juntamente com o preso comum.
mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares § 5o Os demais direitos e deveres do preso especial
preparatórios para a realização do parto e durante o serão os mesmos do preso comum.
trabalho de parto, bem como em mulheres durante o
período de puerpério imediato. (2017) Art. 296. Os inferiores e praças de pré, onde for
STF: Súmula Vinculante 11 - Só é lícito o uso de algemas em possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos
casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de Art. 297. Para o cumprimento de mandado expedido
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da pela autoridade judiciária, a autoridade policial poderá
autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se expedir tantos outros quantos necessários às diligências,
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. devendo neles ser fielmente reproduzido o teor do
mandado original.
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com
segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma Art. 298. (revogado)
casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da
ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de
executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, mandado judicial, por qualquer meio de comunicação,
entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso; tomadas pela autoridade, a quem se fizer a requisição, as
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, precauções necessárias para averiguar a autenticidade
se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando desta.
a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará
as portas e efetuará a prisão. Art. 300. As pessoas presas provisoriamente
Parágrafo único. O morador que se recusar a ficarão separadas das que já estiverem definitivamente
entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença condenadas, nos termos da lei de execução penal.
da autoridade, para que se proceda contra ele como for de Parágrafo único. O militar preso em flagrante delito,
direito. após a lavratura dos procedimentos legais, será recolhido
a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso
Art. 294. No caso de prisão em flagrante, observar- à disposição das autoridades competentes.
se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.

Art. 295. Serão recolhidos a quartéis ou a prisão


especial, à disposição da autoridade competente, quando
sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:
I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou
Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os
chefes de Polícia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do 01

Conselho de Economia Nacional e das Assembleias


02
Legislativas dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no "Livro de Mérito"; 03
V – os oficiais das Forças Armadas e os militares
dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; 04

VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades 05

superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa; 06

IX - os ministros do Tribunal de Contas;


X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente 07

a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por


08
motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos 09
Estados e Territórios, ativos e inativos.
§ 1o A prisão especial, prevista neste Código ou em 10

outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em


local distinto da prisão comum. 11

§ 2o Não havendo estabelecimento específico para o


preso especial, este será recolhido em cela distinta do 12

mesmo estabelecimento.
§ 3o A cela especial poderá consistir em alojamento 13

coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do


14 substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e
prevenção do crime.
15 Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a
que se refere este artigo terão a mesma duração da pena
privativa de liberdade substituída.
Art. 8º As penas restritivas de direito são:
Lei nº 9.605 / 1998 I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
Crimes Contra o Meio Ambiente III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas V - recolhimento domiciliar.
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências. Art. 9º A prestação de serviços à comunidade
consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas
CAPÍTULO I junto a parques e jardins públicos e unidades de
DISPOSIÇÕES GERAIS conservação, e, no caso de dano da coisa particular,
Art. 1º (VETADO) pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a Art. 10. As penas de interdição temporária de
prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a direito são a proibição de o condenado contratar com o
estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer
como o diretor, o administrador, o membro de conselho e outros benefícios, bem como de participar de licitações,
de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta três anos, no de crimes culposos.
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática,
quando podia agir para evitá-la. Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada
quando estas não estiverem obedecendo às prescrições
Art. 3º As pessoas jurídicas serão legais.
responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração Art. 12. A prestação pecuniária consiste no
seja cometida por decisão de seu representante legal ou pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou
contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não
benefício da sua entidade. inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do
jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co- montante de eventual reparação civil a que for condenado
autoras ou partícipes do mesmo fato. o infrator.

Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na
jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado,
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio que deverá, sem vigilância, trabalhar, frequentar curso ou
ambiente. exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos
dias e horários de folga em residência ou em qualquer local
Instituto da desconsideração da personalidade jurídica - “disregard destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido
of legal entity”. Previsão Legal no art. 50 do Código Civil. na sentença condenatória.

Art. 5º (VETADO) Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:


I - baixo grau de instrução ou escolaridade do
CAPÍTULO II agente;
DA APLICAÇÃO DA PENA II - arrependimento do infrator, manifestado pela
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, espontânea reparação do dano, ou limitação significativa
a autoridade competente observará: da degradação ambiental causada;
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da III - comunicação prévia pelo agente do perigo
infração e suas consequências para a saúde pública e para iminente de degradação ambiental;
o meio ambiente; IV - colaboração com os agentes encarregados da
II - os antecedentes do infrator quanto ao vigilância e do controle ambiental.
cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena,
multa. quando não constituem ou qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
Art. 7º As penas restritivas de direitos são II - ter o agente cometido a infração:
autônomas e substituem as privativas de liberdade a) para obter vantagem pecuniária;
quando: b) coagindo outrem para a execução material da
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena infração;
privativa de liberdade inferior a 4 (quatro) anos; c) afetando ou expondo a perigo, de maneira
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
social e a personalidade do condenado, bem como os d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou II - interdição temporária de estabelecimento, obra
áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial ou atividade;
de uso; III - proibição de contratar com o Poder Público,
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações.
assentamentos humanos; § 1º A suspensão de atividades será aplicada
g) em período de defeso à fauna; quando estas não estiverem obedecendo às disposições
h) em domingos ou feriados; legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio
i) à noite; ambiente.
j) em épocas de seca ou inundações; § 2º A interdição será aplicada quando o
l) no interior do espaço territorial especialmente estabelecimento, obra ou atividade estiver funcionando
protegido; sem a devida autorização, ou em desacordo com a
m) com o emprego de métodos cruéis para abate concedida, ou com violação de disposição legal ou
ou captura de animais; regulamentar.
n) mediante fraude ou abuso de confiança; § 3º A proibição de contratar com o Poder Público
o) mediante abuso do direito de licença, permissão e dele obter subsídios, subvenções ou doações não poderá
ou autorização ambiental; exceder o prazo de 10 (dez) anos.
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou
parcialmente, por verbas públicas ou beneficiada por Art. 23. A prestação de serviços à comunidade
incentivos fiscais; pela pessoa jurídica consistirá em:
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em I - custeio de programas e de projetos ambientais;
relatórios oficiais das autoridades competentes; II - execução de obras de recuperação de áreas
r) facilitada por funcionário público no exercício de degradadas;
suas funções. III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a culturais públicas.
suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos
casos de condenação a pena privativa de liberdade não Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada,
superior a 3 (três) anos. preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou
ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado
o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita mediante laudo instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo
de reparação do dano ambiental, e as condições a serem Penitenciário Nacional.
impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a proteção ao
meio ambiente. CAPÍTULO III
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios DE INFRAÇÃO
do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
no valor máximo, poderá ser aumentada até Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos
3 (três) vezes, tendo em vista o valor da vantagem seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos
econômica auferida. autos.

§ 1o Os animais serão prioritariamente libertados


Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, em seu habitat ou, sendo tal medida inviável ou não
sempre que possível, fixará o montante do prejuízo recomendável por questões sanitárias, entregues a jardins
causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para
multa. guarda e cuidados sob a responsabilidade de técnicos
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito habilitados.
civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo § 2o Até que os animais sejam entregues às
penal, instaurando-se o contraditório. instituições mencionadas no § 1o deste artigo, o órgão
autuante zelará para que eles sejam mantidos em
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que condições adequadas de acondicionamento e transporte
possível, fixará o valor mínimo para reparação dos danos que garantam o seu bem-estar físico.
causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos § 3º Tratando-se de produtos perecíveis ou
pelo ofendido ou pelo meio ambiente. madeiras, serão estes avaliados e doados a instituições
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença científicas, hospitalares, penais e outras com fins
condenatória, a execução poderá efetuar-se pelo valor beneficentes.
fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação § 4° Os produtos e subprodutos da fauna não
para apuração do dano efetivamente sofrido. perecíveis serão destruídos ou doados a instituições
científicas, culturais ou educacionais.
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou § 5º Os instrumentos utilizados na prática da
alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o infração serão vendidos, garantida a sua
disposto no art. 3º, são: descaracterização por meio da reciclagem.
I - multa;
II - restritivas de direitos; CAPÍTULO IV
III - prestação de serviços à comunidade. DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa ação penal é pública incondicionada.
jurídica são: Parágrafo único. (VETADO)
I - suspensão parcial ou total de atividades;
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor § 1º Incorre nas mesmas penas:
potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de I - quem impede a procriação da fauna, sem
pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da licença, autorização ou em desacordo com a obtida;
Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo
ser formulada desde que tenha havido a prévia composição ou criadouro natural;
do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, III - quem vende, expõe à venda, exporta ou
salvo em caso de comprovada impossibilidade. adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza ou
As infrações penais de menor potencial ofensivo são as que transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre,
possuem pena máxima de até 2 anos, cumulada ou não com nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos
multa. dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados
ou sem a devida permissão, licença ou autorização da
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de autoridade competente.
26 de setembro de 1995, aplicam-se aos crimes de menor § 2º No caso de guarda doméstica de espécie
potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o
modificações: juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que pena.
trata o § 5° do artigo referido no caput, dependerá de laudo § 3° São espécimes da fauna silvestre todos
de constatação de reparação do dano ambiental, aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e
ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo
mesmo artigo; ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites
II - na hipótese de o laudo de constatação do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
comprovar não ter sido completa a reparação, o prazo de § 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é
suspensão do processo será prorrogado, até o período praticado:
máximo previsto no artigo referido no caput, acrescido de I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de
mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição; extinção, ainda que somente no local da infração;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as II - em período proibido à caça;
condições dos incisos II, III e IV do § 1° do artigo III - durante a noite;
mencionado no caput; IV - com abuso de licença;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à V - em unidade de conservação;
lavratura de novo laudo de constatação de reparação do VI - com emprego de métodos ou instrumentos
dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser capazes de provocar destruição em massa.
novamente prorrogado o período de suspensão, até o § 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime
máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o decorre do exercício de caça profissional.
disposto no inciso III; § 6º As disposições deste artigo não se aplicam
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a aos atos de pesca.
declaração de extinção de punibilidade dependerá de laudo
de constatação que comprove ter o acusado tomado as Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de
providências necessárias à reparação integral do dano. anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da
autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. IMPRESCRITIBILIDADE DA
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem
AÇÃO. ACEITAÇÃO DE MEDIDA REPARATÓRIA.
REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. parecer técnico oficial favorável e licença expedida por
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. CONTROVÉRSIA NÃO autoridade competente:
DESLINDADA PELA ORIGEM. AUSÊNCIA DE Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
PREQUESTIONAMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
INEXISTÊNCIA DE IDENTIDADE FÁTICA E JURÍDICA. DA Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou
IMPOSSIBILIDADE DE INOVAÇÃO DE FUNDAMENTOS QUE mutilar animais silvestres, domésticos ou
NÃO FORAM OBJETO DE ANÁLISE PELA CORTE A QUO. domesticados, nativos ou exóticos:
[...] 2. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de que as
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
infrações ao meio ambiente são de caráter continuado, motivo pelo
qual as ações de pretensão de cessação dos danos § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza
ambientais são imprescritíveis. experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que
[...] para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
STJ, AgRg no REsp 1421163/SP, Rel. Min. Humberto Martins, alternativos.
j. 06.11.2014, 2ª Turma, DJe 17.11.2014.
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena
para as condutas descritas no caput deste artigo será de
CAPÍTULO V reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE guarda. (2020)
Seção I § 2º A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a
Dos Crimes contra a Fauna um terço), se ocorre morte do animal.
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou
migratória, sem a devida permissão, licença ou carreamento de materiais, o perecimento de espécimes da
autorização da autoridade competente, ou em desacordo fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas,
com a obtida: baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
ambas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas: Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou será reduzida à metade.
estações de aquicultura de domínio público;
II - quem explora campos naturais de Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária
invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou secundária, em estágio avançado ou médio de
ou autorização da autoridade competente; regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de infringência das normas de proteção:
qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou corais, Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa,
devidamente demarcados em carta náutica. ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja reduzida à metade.
proibida ou em lugares interditados por órgão
competente: Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, preservação permanente, sem permissão da autoridade
ou ambas as penas cumulativamente. competente:
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou ambas as penas cumulativamente.
espécimes com tamanhos inferiores aos permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou Art. 40. Causar dano direto ou indireto às
mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art.
métodos não permitidos; 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990,
III - transporta, comercializa, beneficia ou independentemente de sua localização:
industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e Pena - reclusão, de um a cinco anos.
pesca proibidas. § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de
CRIME AMBIENTAL. PESCA EM LOCAL PROIBIDO. Proteção Integral as Estações Ecológicas, as Reservas
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. AUSÊNCIA DE DANO Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos
EFETIVO AO MEIO AMBIENTE. ATIPICIDADE MATERIAL DA Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.
CONDUTA. § 2o A ocorrência de dano afetando espécies
Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei n. 9.605/1998 ameaçadas de extinção no interior das Unidades de
na hipótese em h́ a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio Conservação de Proteção Integral será considerada
em que foi pescado. circunstância agravante para a fixação da pena.
REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por unanimidade,
julgado em 20/4/2017, DJe 28/4/2017. Informativo STJ 602. § 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
metade.
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I - explosivos ou substâncias que, em contato Art. 40-A. (VETADO)
com a água, produzam efeito semelhante; § 1o Entende-se por Unidades de Conservação de
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido Uso Sustentável as Áreas de Proteção Ambiental, as Áreas
pela autoridade competente: de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais,
Pena - reclusão de um ano a cinco anos. as Reservas Extrativistas, as Reservas de Fauna, as
Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as Reservas
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se Particulares do Patrimônio Natural.
pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, § 2o A ocorrência de dano afetando espécies
apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, ameaçadas de extinção no interior das Unidades de
crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou Conservação de Uso Sustentável será considerada
não de aproveitamento econômico, ressalvadas as circunstância agravante para a fixação da pena.
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas § 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à
oficiais da fauna e da flora. metade.

Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
realizado: Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
I - em estado de necessidade, para saciar a fome Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
do agente ou de sua família; detenção de seis meses a um ano, e multa.
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da
ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar
e expressamente autorizado pela autoridade competente; balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
III – (VETADO) qualquer tipo de assentamento humano:
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou
caracterizado pelo órgão competente. ambas as penas cumulativamente.

Seção II
Dos Crimes contra a Flora Art. 43. (VETADO)
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada
de preservação permanente, mesmo que em formação, Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou
ou utilizá-la com infringência das normas de proteção: consideradas de preservação permanente, sem prévia
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
ambas as penas cumulativamente. minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
multa. multa.

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena
de lei, assim classificada por ato do Poder Público, para é aumentada de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço) se:
fins industriais, energéticos ou para qualquer outra I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a
exploração, econômica ou não, em desacordo com as erosão do solo ou a modificação do regime climático;
determinações legais: II - o crime é cometido:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa. a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações;
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou c) contra espécies raras ou ameaçadas de
industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da
origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do infração;
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem d) em época de seca ou inundação;
munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final e) durante a noite, em domingo ou feriado.
beneficiamento:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e Seção III
multa. Da Poluição e outros Crimes Ambientais
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em
vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à
guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem saúde humana, ou que provoquem a mortandade de
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem animais ou a destruição significativa da flora:
ou do armazenamento, outorgada pela autoridade Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
competente. § 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
Art. 47. (VETADO) multa.
§ 2º Se o crime:
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para

de florestas e demais formas de vegetação: florestais, sem licença da autoridade competente:


Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
multa.

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por


qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de
logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,
ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um
a seis meses, ou multa.

Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou


plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de
mangues, objeto de especial preservação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou


degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de
domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
competente
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e
multa.
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando
necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou
de sua família.
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil
hectares), a pena será aumentada de 1 (um) ano por milhar
de hectare.

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em


florestas e nas demais formas de vegetação, sem licença
ou registro da autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação


conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para
caça ou para exploração de produtos ou subprodutos
a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque
a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes
das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à
saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne
necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos
sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as
exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no
parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando
assim o exigir a autoridade competente, medidas de
precaução em caso de risco de dano ambiental grave
ou irreversível.

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração


de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em
desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre
quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão,
licença, concessão ou determinação do órgão
competente.

Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar,


exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto
ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde
humana ou ao meio ambiente, em desacordo com
as exigências estabelecidas em leis ou nos seus
regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - abandona os produtos ou substâncias referidos Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação
no caput ou os utiliza em desacordo com as normas ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo
ambientais ou de segurança; ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico,
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso,
transporta, reutiliza, recicla ou dá destinação final a arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização
resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei da autoridade competente ou em desacordo com a
ou regulamento. concedida:
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
radioativa, a pena é aumentada de um sexto a um terço.
§ 3º Se o crime é culposo: Art. 64. Promover construção em solo não
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão
multa. de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico,
CRIME AMBIENTAL. TRANSPORTE DE PRODUTOS TÓXICOS,
NOCIVOS OU PERIGOSOS. ART. 56, CAPUT, DA LEI N.
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou
9.605/1998. RESOLUÇÃO DA ANTT N. 420/2004. CRIME DE monumental, sem autorização da autoridade competente
PERIGO ABSTRATO. PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. ou em desacordo com a concedida:
O crime previsto no art. 56, caput da Lei n. 9.605/1998 é de perigo Pena - detenção, de seis meses a um ano, e
abstrato, sendo dispensável a produção de prova pericial para multa.
atestar a nocividade ou a periculosidade dos produtos
CRIME AMBIENTAL. CONFLITO APARENTE DE NORMAS.
transportados, bastando que estes estejam elencados na
ARTS. 48 E 64 DA LEI N. 9.605/1998. CONSUNÇÃO.
Resolução n. 420/2004 da ANTT.
REsp 1.439.150-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, por unanimidade, ABSORVIDO O CRIME MEIO DE DESTRUIR FLORESTA E O
julgado em 05/10/2017, DJe 16/10/2017. Informativo STJ 613. PÓS-FATO IMPUNÍVEL DE IMPEDIR SUA REGENERAÇÃO.
CRIME ÚNICO DE CONSTRUIR EM LOCAL NÃO EDIFICÁVEL.
O crime de edificação proibida (art. 64 da Lei n. 9.605/1998)
absorve o crime de destruição de vegetação (art. 48 da mesma lei)
Art. 57. (VETADO) quando a conduta do agente se realiza com o único intento de
construir em local não edificável.
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, REsp 1.639.723-PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, por maioria,
julgado em 7/2/2017, DJe 16/2/2017. Informativo STJ 597.
as penas serão aumentadas:
I – de 1/6 a 1/3 (um sexto a um terço), se resulta
dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral; Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar
II - de 1/3 (um terço) até a metade, se resulta edificação ou monumento urbano:
lesão corporal de natureza grave em outrem; Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem. multa.
Parágrafo único. As penalidades previstas neste § 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa
artigo somente serão aplicadas se do fato não resultar tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou
crime mais grave. histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de
detenção e multa.
Art. 59. (VETADO) § 2o Não constitui crime a prática de grafite
realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou ou privado mediante manifestação artística, desde que
fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo
estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos público, com a autorização do órgão competente e a
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais observância das posturas municipais e das normas
e regulamentares pertinentes: editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou preservação e conservação do patrimônio histórico e
ambas as penas cumulativamente. artístico nacional.

Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies Seção V


que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, Dos Crimes contra a Administração Ambiental
à flora ou aos ecossistemas: Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações
ou dados técnico-científicos em procedimentos de
Seção IV autorização ou de licenciamento ambiental:
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Patrimônio Cultural
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: Art. 67. Conceder o funcionário público licença,
I - bem especialmente protegido por lei, ato autorização ou permissão em desacordo com as normas
administrativo ou decisão judicial; ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, realização depende de ato autorizativo do Poder Público:
pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
lei, ato administrativo ou decisão judicial: Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. três meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é
de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou
multa. contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante
interesse ambiental:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. I - advertência;
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de II - multa simples;
três meses a um ano, sem prejuízo da multa. III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
do Poder Público no trato de questões ambientais: equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
concessão florestal ou qualquer outro procedimento VII - embargo de obra ou atividade;
administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou VIII - demolição de obra;
parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão: IX - suspensão parcial ou total de atividades;
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e X – (VETADO)
multa. XI - restritiva de direitos.
§ 1o Se o crime é culposo: § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 cumulativamente, as sanções a elas cominadas.
(dois terços), se há dano significativo ao meio ambiente, § 2º A advertência será aplicada pela inobservância
em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou das disposições desta Lei e da legislação em vigor, ou de
enganosa. preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais
sanções previstas neste artigo.
CAPÍTULO VI § 3º A multa simples será aplicada sempre que o
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA agente, por negligência ou dolo:
Art. 70. Considera-se infração administrativa I - advertido por irregularidades que tenham sido
ambiental toda ação ou omissão que viole as regras praticadas, deixar de saná-las, no prazo assinalado por
jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos
do meio ambiente. Portos, do Ministério da Marinha;
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do
de infração ambiental e instaurar processo administrativo SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do Ministério da
os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Marinha.
Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, § 4° A multa simples pode ser convertida em
designados para as atividades de fiscalização, bem como serviços de preservação, melhoria e recuperação da
os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da qualidade do meio ambiente.
Marinha. § 5º A multa diária será aplicada sempre que o
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração cometimento da infração se prolongar no tempo.
ambiental, poderá dirigir representação às autoridades § 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos
relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício IV e V do caput obedecerão ao disposto no art. 25 desta
do seu poder de polícia. Lei.
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento § 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do
de infração ambiental é obrigada a promover a sua caput serão aplicadas quando o produto, a obra, a
apuração imediata, mediante processo administrativo atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo
próprio, sob pena de co-responsabilidade. às prescrições legais ou regulamentares.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em § 8º As sanções restritivas de direito são:
processo administrativo próprio, assegurado o direito de I - suspensão de registro, licença ou autorização;
ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições II - cancelamento de registro, licença ou
desta Lei. autorização;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios
Art. 71. O processo administrativo para apuração de fiscais;
infração ambiental deve observar os seguintes prazos IV - perda ou suspensão da participação em linhas
máximos: de financiamento em estabelecimentos oficiais de crédito;
I – 20 (vinte) dias para o infrator oferecer defesa ou V - proibição de contratar com a Administração
impugnação contra o auto de infração, contados da data da Pública, pelo período de até três anos.
ciência da autuação;
II – 30 (trinta) dias para a autoridade competente Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de
julgar o auto de infração, contados da data da sua lavratura, multas por infração ambiental serão revertidos ao Fundo
apresentada ou não a defesa ou impugnação; Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de
III – 20 (vinte) dias para o infrator recorrer da 10 de julho de 1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº
decisão condenatória à instância superior do Sistema 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais ou
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme
Portos e Costas, do Ministério da Marinha, de acordo com dispuser o órgão arrecadador.
o tipo de autuação;
IV – 5 (cinco) dias para o pagamento de multa, Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare,
contados da data do recebimento da notificação. metro cúbico, quilograma ou outra medida pertinente, de
acordo com o objeto jurídico lesado.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas
com as seguintes sanções, observado o disposto no art. Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo
6º: será fixado no regulamento desta Lei e corrigido
periodicamente, com base nos índices estabelecidos na
legislação pertinente, sendo o mínimo de R$ 50,00 suas atividades, para o atendimento das exigências
(cinquenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 impostas pelas autoridades ambientais competentes,
(cinquenta milhões de reais). sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha
sobre:
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos I - o nome, a qualificação e o endereço das partes
Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios compromissadas e dos respectivos representantes legais;
substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.

II - o prazo de vigência do compromisso, que, em


CAPÍTULO VII função da complexidade das obrigações nele fixadas,
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE de três anos, com possibilidade de prorrogação por igual
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a período;
ordem pública e os bons costumes, o Governo brasileiro III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do
prestará, no que concerne ao meio ambiente, a investimento previsto e o cronograma físico de execução e
necessária cooperação a outro país, sem qualquer ônus, de implantação das obras e serviços exigidos, com metas
quando solicitado para: trimestrais a serem atingidas;
I - produção de prova; IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa
II - exame de objetos e lugares; física ou jurídica compromissada e os casos de rescisão,
III - informações sobre pessoas e coisas; em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas pactuadas;
declarações tenham relevância para a decisão de uma V - o valor da multa de que trata o inciso IV não
causa; poderá ser superior ao valor do investimento previsto;
V - outras formas de assistência permitidas pela VI - o foro competente para dirimir litígios entre as
legislação em vigor ou pelos tratados de que o Brasil seja partes.
parte. § 2o No tocante aos empreendimentos em curso até
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será o dia 30 de março de 1998, envolvendo construção,
dirigida ao Ministério da Justiça, que a remeterá, quando instalação, ampliação e funcionamento de
necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
seu respeito, ou a encaminhará à autoridade capaz de ambientais, considerados efetiva ou potencialmente
atendê-la. poluidores, a assinatura do termo de compromisso deverá
§ 2º A solicitação deverá conter: ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas
I - o nome e a qualificação da autoridade interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante
solicitante; requerimento escrito protocolizado junto aos órgãos
II - o objeto e o motivo de sua formulação; competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo
III - a descrição sumária do procedimento em curso dirigente máximo do estabelecimento.
no país solicitante; § 3o Da data da protocolização do requerimento
IV - a especificação da assistência solicitada; previsto no § 2o e enquanto perdurar a vigência do
V - a documentação indispensável ao seu correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas,
esclarecimento, quando for o caso. em relação aos fatos que deram causa à celebração do
instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta a pessoa física ou jurídica que o houver firmado.
Lei e especialmente para a reciprocidade da cooperação § 4o A celebração do termo de compromisso de que
internacional, deve ser mantido sistema de comunicações trata este artigo não impede a execução de eventuais
apto a facilitar o intercâmbio rápido e seguro de multas aplicadas antes da protocolização do requerimento.
informações com órgãos de outros países. § 5o Considera-se rescindido de pleno direito o
termo de compromisso, quando descumprida qualquer de
CAPÍTULO VIII suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força
DISPOSIÇÕES FINAIS maior.
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as § 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em
disposições do Código Penal e do Código de Processo até noventa dias, contados da protocolização do
Penal. requerimento.
§ 7o O requerimento de celebração do termo de
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta compromisso deverá conter as informações necessárias à
Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena
responsáveis pela execução de programas e projetos e de indeferimento do plano.
pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das § 8o Sob pena de ineficácia, os termos de
atividades suscetíveis de degradarem a qualidade compromisso deverão ser publicados no órgão oficial
ambiental, ficam autorizados a celebrar, com força de título competente, mediante extrato.
executivo extrajudicial, termo de compromisso com
pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei
instalação, ampliação e funcionamento de no prazo de noventa dias a contar de sua publicação.
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos
ambientais, considerados efetiva ou potencialmente
poluidores.
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este
artigo destinar-se-á, exclusivamente, a permitir que as
pessoas físicas e jurídicas mencionadas no
caput possam promover as necessárias correções de
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não
previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na
pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave
01 ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos;
se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
02  TORTURA QUALIFICADA
§ 4º Aumenta-se a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto até
03 um terço):
I - se o crime é cometido por agente público;
04
II – se o crime é cometido contra criança,
gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior
05
de 60 (sessenta) anos;
06
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
07
função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
08
Esse é um efeito extrapenal administrativo da condenação, que,
segundo o STF e o STJ, decore automaticamente da condenação.
09

10
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e
insuscetível de graça ou anistia.
11
O crime de tortura não é imprescritível, e, para o STF, o
condenado também não poderá ser beneficiado com indulto.
12
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo
13
a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
regime fechado.
14 Cumpre salientar que o STJ, em julgado recente, afirmou não ser
obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o
15 cumprimento da pena em regime fechado.
REsp 1.299.787-PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.

Lei nº 9.455 / 1997 Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando
Crimes de Tortura o crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em
local sob jurisdição brasileira.
Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou
confissão da vítima ou de terceira pessoa;
 TORTURA-PROVA / TORTURA PERSECUTÓRIA
b) para provocar ação ou omissão de natureza
criminosa;
 TORTURA PARA A PRÁTICA DE CRIME / 01
TORTURA-CRIME
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 02

 TORTURA DISCRIMINATÓRIA / TORTURA-


RACISMO 03

II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou 04


autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de 05
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
 TORTURA-CASTIGO 06

Pena - reclusão, de dois a oito anos.


07

Trata-se de crime material, sendo possível a tentativa e a


desistência voluntária. Não se admite arrependimento eficaz e 08
arrependimento posterior. A ação penal é pública
incondicionada. 09
10

11

12

13

14

15
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a
Constituição da República Federativa sanção do Presidente da República, não exigida esta para
o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas
do Brasil de 1988 as matérias de competência da União, especialmente
sobre:
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de
TÍTULO IV rendas;
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias,
CAPÍTULO I orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
DO PODER LEGISLATIVO emissões de curso forçado;
SEÇÃO I
DO CONGRESSO NACIONAL Adotou-se no Brasil o sistema misto de orçamento, no qual os
projetos orçamentários são elaborados pelo Poder Executivo e,
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo posteriormente, aprovados pelo Poder Legislativo.
Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
III - fixação e modificação do efetivo das Forças
Deputados e do Senado Federal.
Armadas;
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de
4 (quatro) anos. Matéria tratada por lei de iniciativa do Presidente da República.
IV - planos e programas nacionais, regionais e
STF: Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas setoriais de desenvolvimento;
dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em V - limites do território nacional, espaço aéreo e
flagrante do acusado e a realização do inquérito. marítimo e bens do domínio da União;
STF: Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento
corréu sem essa prerrogativa.
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de Assembleias Legislativas;
representantes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional,
VII - transferência temporária da sede do Governo
em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal.
(Sistema proporcional) Federal;
§ 1º O número total de Deputados, bem como a VIII - concessão de anistia;
representação por Estado e pelo Distrito Federal, será IX - organização administrativa, judiciária, do
estabelecido por lei complementar, proporcionalmente à Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos
população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano Territórios e organização judiciária e do Ministério Público
anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades do Distrito Federal;
da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta X – criação, transformação e extinção de cargos,
Deputados. empregos e funções públicas, observado o que estabelece
§ 2º Cada Território elegerá 4 (quatro) o art. 84, VI, b;
Deputados. XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública;
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de Matéria tratada por lei de iniciativa do Presidente da República.
representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos XII - telecomunicações e radiodifusão;
segundo o princípio majoritário. (Sistema majoritário)
XIII - matéria financeira, cambial e monetária,
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 instituições financeiras e suas operações;
(três) Senadores, com mandato de 8 (oito) anos.
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito da dívida mobiliária federal.
Federal será renovada de 4 (quatro) em 4 (quatro) anos,
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo
alternadamente, por um e dois terços.
Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, §
§ 3º Cada Senador será eleito com 2 (dois) 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
suplentes.
Compete privativamente ao STF propor ao Poder Legislativo a
fixação de seu subsídio.
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário,
as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão
Art. 49. É da competência exclusiva do
tomadas por maioria dos votos, presente a maioria
Congresso Nacional:
absoluta de seus membros.
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos
- Maioria absoluta: mais da metade dos membros da Casa.
ou atos internacionais que acarretem encargos ou
- Maioria simples: mais da metade dos membros presentes na
sessão. compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
Seção II
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da crime de responsabilidade a recusa, ou o não -
República a se ausentarem do País, quando a ausência atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a
exceder a quinze dias; prestação de informações falsas.
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer Seção III
uma dessas medidas; DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos
que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de Deputados:
delegação legislativa;
I - autorizar, por 2/3 (dois terços) de seus
VI - mudar temporariamente sua sede; membros, a instauração de processo contra o
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros
Federais e os Senadores, observado o que dispõem os de Estado;
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; II - proceder à tomada de contas do Presidente da
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice- República, quando não apresentadas ao Congresso
Presidente da República e dos Ministros de Estado, Nacional dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da
observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, sessão legislativa;
153, III, e 153, § 2º, I; III - elaborar seu regimento interno;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo IV – dispor sobre sua organização, funcionamento,
Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
execução dos planos de governo; empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por para fixação da respectiva remuneração, observados os
qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
incluídos os da administração indireta; orçamentárias;
XI - zelar pela preservação de sua competência V - eleger membros do Conselho da República, nos
legislativa em face da atribuição normativa dos outros termos do art. 89, VII.
Poderes; Possui competência para eleger, como membros do Conselho da
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de República, 2 (dois) brasileiros natos, com mais de 35 (trinta e
concessão de emissoras de rádio e televisão; cinco) anos de idade.
XIII - escolher 2/3 (dois terços) dos membros do
Tribunal de Contas da União; Seção IV
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo DO SENADO FEDERAL
referentes a atividades nucleares; Art. 52. Compete privativamente ao Senado
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito; Federal:
Plebiscito é a consulta feita à população anteriormente à edição I - processar e julgar o Presidente e o Vice-
do ato; Referendo é a consulta à população posteriormente à Presidente da República nos crimes de
edição do ato, para ratificação ou rejeição. responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
de riquezas minerais; II processar e julgar os Ministros do Supremo
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de
concessão de terras públicas com área superior a dois mil Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
e quinhentos hectares. Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da
União nos crimes de responsabilidade;
XVIII - decretar o estado de calamidade pública de
âmbito nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, III - aprovar previamente, por voto secreto, após
167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (2021) arguição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
Constituição;
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado
Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão b) Ministros do Tribunal de Contas da União
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de indicados pelo Presidente da República;
órgãos diretamente subordinados à Presidência da c) Governador de Território;
República para prestarem, pessoalmente, informações d) Presidente e diretores do banco central;
sobre assunto previamente determinado, importando crime
e) Procurador-Geral da República;
de responsabilidade a ausência sem justificação
adequada. f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
Senado Federal, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
de suas Comissões, por sua iniciativa e mediante missão diplomática de caráter permanente;
entendimentos com a Mesa respectiva, para expor assunto V - autorizar operações externas de natureza
de relevância de seu Ministério. financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Federal, dos Territórios e dos Municípios;
Senado Federal poderão encaminhar pedidos escritos de
informações a Ministros de Estado ou a qualquer das
pessoas referidas no caput deste artigo, importando em
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição
limites globais para o montante da dívida consolidada da do diploma, serão submetidos a julgamento perante o
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; Supremo Tribunal Federal. (Imunidade formal)
VII - dispor sobre limites globais e condições para as § 2º Desde a expedição do diploma, os membros
operações de crédito externo e interno da União, dos do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder serão remetidos dentro de 24 (vinte e quatro) horas à Casa
Público federal; respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus
VIII - dispor sobre limites e condições para a membros, resolva sobre a prisão. (Imunidade formal)
concessão de garantia da União em operações de crédito § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou
externo e interno; Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o
IX - estabelecer limites globais e condições para o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva,
montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito que, por iniciativa de partido político nela representado e
Federal e dos Municípios; pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de decisão final, sustar o andamento da ação.
lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa
Supremo Tribunal Federal; respectiva no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias
do seu recebimento pela Mesa Diretora.
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto
secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da § 5º A sustação do processo suspende a prescrição,
República antes do término de seu mandato; enquanto durar o mandato.
XII - elaborar seu regimento interno; § 6º Os Deputados e Senadores não serão
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento,
ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem
polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos,
sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei
informações.
para fixação da respectiva remuneração, observados os
parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes § 7º A incorporação às Forças Armadas de
orçamentárias; Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa
XIV - eleger membros do Conselho da República,
respectiva.
nos termos do art. 89, VII.
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores
Possui competência para eleger, como membros do Conselho da
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo ser
República, 2 (dois) brasileiros natos, com mais de 35 (trinta e
cinco) anos de idade. suspensas mediante o voto de 2/3 (dois terços) dos
membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus incompatíveis com a execução da medida.
componentes, e o desempenho das administrações
tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e
dos Municípios. Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e (Impedimentos)
II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal I - desde a expedição do diploma:
Federal, limitando-se a condenação, que somente será a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de
perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o economia mista ou empresa concessionária de serviço
exercício de função pública, sem prejuízo das demais público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas
sanções judiciais cabíveis. uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
Seção V remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis "ad
DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES nutum", nas entidades constantes da alínea anterior;
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, Os cargos ad nutum são aqueles de livre nomeação e
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, exoneração, que independem de motivação, como os cargos em
palavras e votos. (Imunidade material) comissão.

Por possuir imunidade material, o parlamentar não poderá ser II - desde a posse:
punido pelas palavras proferidas no exercício do seu mandato. a) ser proprietários, controladores ou diretores de
Essa imunidade, porém, não é absoluta, sua conduta deverá ser empresa que goze de favor decorrente de contrato com
relacionada ao exercício da atividade parlamentar. pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função
--------------------------------------------------------------------------------------- remunerada;
STF: Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao
corréu sem essa prerrogativa. b) ocupar cargo ou função de que sejam
STF: Súmula 397 - O poder de polícia da Câmara dos Deputados demissíveis "ad nutum", nas entidades referidas no inciso
e do Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas I, "a";
dependências, compreende, consoante o regimento, a prisão em
c) patrocinar causa em que seja interessada
flagrante do acusado e a realização do inquérito.
STF: Imunidade parlamentar material. Ofensa irrogada (proferida) qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a";
em plenário, independente de conexão com o mandato, elide d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato
(elimina) a responsabilidade civil por dano moral. público eletivo.
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou § 2º A sessão legislativa não será interrompida
Senador: sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
I - que infringir qualquer das proibições orçamentárias.
estabelecidas no artigo anterior; § 3º Além de outros casos previstos nesta
II - cujo procedimento for declarado incompatível Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
com o decoro parlamentar; reunir-se-ão em sessão conjunta para:
III - que deixar de comparecer, em cada sessão I - inaugurar a sessão legislativa;
legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a II - elaborar o regimento comum e regular a criação
que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada; de serviços comuns às duas Casas;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos III - receber o compromisso do Presidente e do
políticos; Vice-Presidente da República;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
previstos nesta Constituição; § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões
VI - que sofrer condenação criminal em sentença preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano
transitada em julgado. da legislatura, para a posse de seus membros e eleição
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos,
além dos casos definidos no regimento interno, o abuso vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso imediatamente subsequente.
Nacional ou a percepção de vantagens indevidas. § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos
mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou serão exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de
pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
provocação da respectiva Mesa ou de partido político Senado Federal.
representado no Congresso Nacional, assegurada ampla § 6º A convocação extraordinária do Congresso
defesa. Nacional far-se-á:
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de
será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou decretação de estado de defesa ou de intervenção federal,
mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de de pedido de autorização para a decretação de estado de
partido político representado no Congresso Nacional, sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do
assegurada ampla defesa. Vice-Presidente da República;
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes
processo que vise ou possa levar à perda do mandato, nos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal ou a
termos deste artigo, terá seus efeitos suspensos até as requerimento da maioria dos membros de ambas as
deliberações finais de que tratam os §§ 2º e 3º. Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante,
em todas as hipóteses deste inciso com a aprovação da
maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou
Nacional.
Senador:
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o
I - investido no cargo de Ministro de Estado,
Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria
Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito
para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º
Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefe de
deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória,
missão diplomática temporária;
em razão da convocação.
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na
doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse
data de convocação extraordinária do Congresso
particular, desde que, neste caso, o afastamento não
Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta
ultrapasse 120 (cento e vinte) dias por sessão legislativa.
da convocação.
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga,
de investidura em funções previstas neste artigo ou de
licença superior a cento e vinte dias. Seção VII
DAS COMISSÕES
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-
se-á eleição para preenchê-la se faltarem mais de quinze Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão
meses para o término do mandato. comissões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no respectivo
§ 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador
regimento ou no ato de que resultar sua criação.
poderá optar pela remuneração do mandato.
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão,
é assegurada, tanto quanto possível, a representação
Seção VI proporcional dos partidos ou dos blocos parlamentares que
DAS REUNIÕES participam da respectiva Casa.
Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua
anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de competência, cabe:
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na
§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão forma do regimento, a competência do Plenário, salvo se
transferidas para o primeiro dia útil subsequente, quando houver recurso de um décimo dos membros da Casa;
recaírem em sábados, domingos ou feriados.
II - realizar audiências públicas com entidades da composição reproduzirá, quanto possível, a
sociedade civil; proporcionalidade da representação partidária.
III - convocar Ministros de Estado para prestar
informações sobre assuntos inerentes a suas atribuições; Seção VIII
IV - receber petições, reclamações, representações DO PROCESSO LEGISLATIVO
ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou omissões Subseção I
das autoridades ou entidades públicas; Disposição Geral
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou Art. 59. O processo legislativo compreende a
cidadão; elaboração de:
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, I - emendas à Constituição;
regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir II - leis complementares;
parecer.
III - leis ordinárias;
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito,
IV - leis delegadas;
que terão poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais, além de outros previstos nos V - medidas provisórias;
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela VI - decretos legislativos;
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em VII - resoluções.
conjunto ou separadamente, mediante requerimento de
As normas acima mencionadas são classificadas como atos
1/3 (um terço) de seus membros, para a apuração de fato primários, retirando seu fundamento diretamente da Constituição
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se Federal. Ressalvadas as emendas constitucionais, as demais
for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que espécies listadas são normas infraconstitucionais. Não há
promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. hierarquia entre normas do mesmo patamar.
(Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI)
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a
STF: Configura constrangimento ilegal, com evidente ofensa ao elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
princípio da separação dos Poderes, a convocação de magistrado
a fim de que preste depoimento em razão de decisões de conteúdo
jurisdicional atinentes ao fato investigado pela Comissão Subseção II
Parlamentar de Inquérito. Da Emenda à Constituição
STF: As CPIs possuem permissão legal para encaminhar relatório A Reforma Constitucional é realizada através das emendas
circunstanciado não só ao Ministério Público e à AGU, mas, constitucionais, mediante processo formal. Não se deve confundir
também, a outros órgãos públicos, podendo veicular, inclusive, com a Mutação Constitucional, que é o processo informal de
documentação que possibilite a instauração de inquérito policial alteração, através de nova interpretação e jurisprudências, não
em face de pessoas envolvidas nos fatos apurados ocorrendo modificação do texto.
STF: É possível a utilização, por CPI, de documentos oriundos de
inquérito sigiloso. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada
STF: É jurisprudência pacífica desta Corte a possibilidade de o mediante proposta:
investigado, convocado para depor perante CPI, permanecer em I – de 1/3 (um terço), no mínimo, dos membros da
silêncio, evitando-se a autoincriminação, além de ter assegurado Câmara dos Deputados ou do Senado Federal;
o direito de ser assistido por advogado e de comunicar-se com este
durante a sua inquirição. II - do Presidente da República;
STF: A CPI é incompetente para expedir decreto de III - de mais da metade das Assembleias
indisponibilidade de bens de particular, já que não é medida de Legislativas das unidades da Federação, manifestando-
instrução. se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
STF: O sigilo telefônico passível de ser quebrado por CPI incide
sobre os dados e registros telefônicos, não confrontando a
membros.
inviolabilidade das comunicações telefônicas. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na
STF: Não é permitido à CPI decretar busca domiciliar de pessoas vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou
ou documentos. de estado de sítio. (Limitação circunstancial)
STF: A quebra do sigilo inerente aos registros bancários, fiscais e
telefônicos, por traduzir medida de caráter excepcional, revela-se
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada
incompatível com o ordenamento constitucional, quando fundada Casa do Congresso Nacional, em 2 (dois) turnos,
em deliberações emanadas de CPI cujo suporte decisório apoia- considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 (três
se em formulações genéricas, destituídas da necessária e quintos) dos votos dos respectivos membros. (Limitação
específica indicação de causa provável, que se qualifica como procedimental)
pressuposto legitimador da ruptura, por parte do Estado, da esfera § 3º A emenda à Constituição será promulgada
de intimidade a todos garantida pela Constituição da República. pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
(...) O controle jurisdicional de abusos praticados por CPI não Federal, com o respectivo número de ordem.
ofende o princípio da separação de poderes. O STF, quando
intervém para assegurar as franquias constitucionais e para § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
garantir a integridade e a supremacia da Constituição, emenda tendente a abolir: (Limitação material – Cláusulas
neutralizando, desse modo, abusos cometidos por CPI, Pétreas)
desempenha, de maneira plenamente legítima, as atribuições que I - a forma federativa de Estado;
lhe conferiu a própria Carta da República. O regular exercício da
função jurisdicional, nesse contexto, porque vocacionado a fazer II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
prevalecer a autoridade da Constituição, não transgride o princípio III - a separação dos Poderes;
da separação de Poderes. IV - os direitos e garantias individuais.
STF: As limitações materiais não constituem intangibilidade literal,
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão
mas proteção o núcleo essencial dos institutos que protegem.
representativa do Congresso Nacional, eleita por suas Poderá haver o fortalecimento do seu alcance.
Casas na última sessão ordinária do período legislativo,
com atribuições definidas no regimento comum, cuja
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda III – reservada a lei complementar;
rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo
nova proposta na mesma sessão legislativa. (Limitação formal Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do
– Princípio da irrepetibilidade)
Presidente da República.
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou
Subseção III majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153,
Das Leis I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o
ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da último dia daquele em que foi editada.
Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do § 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se não
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao forem convertidas em lei no prazo de 60 (sessenta) dias,
Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período,
nos casos previstos nesta Constituição. devendo o Congresso Nacional disciplinar, por decreto
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.
República as leis que: § 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças publicação da medida provisória, suspendendo-se durante
Armadas; os períodos de recesso do Congresso Nacional.
II - disponham sobre: § 5º A deliberação de cada uma das Casas do
a) criação de cargos, funções ou empregos Congresso Nacional sobre o mérito das medidas
públicos na administração direta e autárquica ou aumento provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento
de sua remuneração; de seus pressupostos constitucionais.
b) organização administrativa e judiciária, matéria § 6º Se a medida provisória não for apreciada em
tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da até 45 (quarenta e cinco) dias contados de sua publicação,
administração dos Territórios; entrará em regime de urgência, subsequentemente, em
cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando
c) servidores públicos da União e Territórios, seu
sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais
regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e
deliberações legislativas da Casa em que estiver
aposentadoria;
tramitando.
d) organização do Ministério Público e da
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período
Defensoria Pública da União, bem como normas gerais
a vigência de medida provisória que, no prazo de 60
para a organização do Ministério Público e da Defensoria
(sessenta) dias, contado de sua publicação, não tiver a sua
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
votação encerrada nas duas Casas do Congresso
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da Nacional.
administração pública, observado o disposto no art. 84, VI;
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação
f) militares das Forças Armadas, seu regime iniciada na Câmara dos Deputados.
jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade,
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e
remuneração, reforma e transferência para a reserva.
Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei separada, pelo plenário de cada uma das Casas do
subscrito por, no mínimo, 1% (um por cento) do eleitorado Congresso Nacional.
nacional, distribuído pelo menos por 5 (cinco) Estados,
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão
com não menos de três décimos por cento dos eleitores de
legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada
cada um deles.
ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o refere o § 3º até 60 (sessenta) dias após a rejeição ou
Presidente da República poderá adotar medidas perda de eficácia de medida provisória, as relações
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados
imediato ao Congresso Nacional. durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando
sobre matéria: o texto original da medida provisória, esta manter-se-á
I – relativa a: integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, o projeto.
partidos políticos e direito eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual STF: Súmula vinculante 54 - A medida provisória não apreciada
pelo congresso nacional podia, até a Emenda Constitucional
civil; 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta
dias, mantidos os efeitos de lei desde a primeira edição.
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, Art. 63. Não será admitido aumento da despesa
orçamento e créditos adicionais e suplementares, prevista:
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de da República, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e §
poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; 4º;
II - nos projetos sobre organização dos serviços Art. 67. A matéria constante de projeto de lei
administrativos da Câmara dos Deputados, do Senado rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto,
Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público. na mesma sessão legislativa, mediante proposta da
maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
Congresso Nacional.
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de
iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal
Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo
dos Deputados. Presidente da República, que deverá solicitar a
§ 1º O Presidente da República poderá solicitar delegação ao Congresso Nacional.
urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa. § 1º Não serão objeto de delegação os atos de
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados competência exclusiva do Congresso Nacional, os de
e o Senado Federal não se manifestarem sobre a competência privativa da Câmara dos Deputados ou do
proposição, cada qual sucessivamente, em até 45 Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar,
(quarenta e cinco) dias, sobrestar-se-ão todas as demais nem a legislação sobre:
deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção I - organização do Poder Judiciário e do Ministério
das que tenham prazo constitucional determinado, até que Público, a carreira e a garantia de seus membros;
se ultime a votação. II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais,
§ 3º A apreciação das emendas do Senado Federal políticos e eleitorais;
pela Câmara dos Deputados far-se-á no prazo de 10 (dez) III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo orçamentos.
anterior.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a
§ 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de forma de resolução do Congresso Nacional, que
recesso do Congresso Nacional, nem se aplicam aos especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
projetos de código.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do
projeto pelo Congresso Nacional, este a fará em votação
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa única, vedada qualquer emenda.
será revisto pela outra, em um só turno de discussão e
votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas
revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
por maioria absoluta.
Parágrafo único. Sendo o projeto emendado,
voltará à Casa iniciadora.
Seção IX
DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a ORÇAMENTÁRIA
votação enviará o projeto de lei ao Presidente da
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira,
República, que, aquiescendo, o sancionará.
orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
§ 1º - Se o Presidente da República considerar o entidades da administração direta e indireta, quanto à
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados da data do Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
recebimento, e comunicará, dentro de 48 (quarenta e oito) sistema de controle interno de cada Poder.
horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa
veto.
física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
§ 3º Decorrido o prazo de 15 (quinze) dias, o nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
silêncio do Presidente da República importará sanção.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
dentro de 30 (trinta) dias a contar de seu recebimento, só Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Contas da União, ao qual compete:
Deputados e Senadores.
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto Presidente da República, mediante parecer prévio que
enviado, para promulgação, ao Presidente da República. deverá ser elaborado em 60 (sessenta) dias a contar de
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido seu recebimento;
no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da sessão II - julgar as contas dos administradores e demais
imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da
votação final. administração direta e indireta, incluídas as fundações e
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de 48 sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público
(quarenta e oito) horas pelo Presidente da República, nos federal, e as contas daqueles que derem causa a perda,
casos dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá erário público;
ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as § 3º As decisões do Tribunal de que resulte
nomeações para cargo de provimento em comissão, bem imputação de débito ou multa terão eficácia de título
como a das concessões de aposentadorias, reformas e executivo.
pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso
alterem o fundamento legal do ato concessório; Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos atividades.
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou
de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil,
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas
refere o art. 166, §1º, diante de indícios de despesas não
unidades administrativas dos Poderes Legislativo,
autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não
Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
programados ou de subsídios não aprovados, poderá
inciso II;
solicitar à autoridade governamental responsável que, no
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas prazo de 5 (cinco) dias, preste os esclarecimentos
supranacionais de cujo capital social a União participe, de necessários.
forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao
repassados pela União mediante convênio, acordo, ajuste Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no
ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito prazo de 30 (trinta) dias.
Federal ou a Município;
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a
VII - prestar as informações solicitadas pelo Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização ao Congresso Nacional sua sustação.
contábil, financeira, orçamentária, operacional e
patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas; Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado
por 9 (nove) Ministros, tem sede no Distrito Federal,
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de
quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território
ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as
nacional, exercendo, no que couber, as atribuições
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
previstas no art. 96. .
cominações, multa proporcional ao dano causado ao
erário; § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União
serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
seguintes requisitos:
adote as providências necessárias ao exato cumprimento
da lei, se verificada ilegalidade; I - mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65
(sessenta e cinco) anos de idade;
X - sustar, se não atendido, a execução do ato
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos II - idoneidade moral e reputação ilibada;
Deputados e ao Senado Federal; III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis,
XI - representar ao Poder competente sobre econômicos e financeiros ou de administração pública;
irregularidades ou abusos apurados. IV - mais de 10 (dez) anos de exercício de função
STF: Súmula Vinculante 3 - Nos processos perante o Tribunal de ou de efetiva atividade profissional que exija os
Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa conhecimentos mencionados no inciso anterior.
quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato § 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a serão escolhidos:
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão. I – 1/3 (um terço) pelo Presidente da República,
STF: Súmula 6 - A revogação ou anulação, pelo Poder Executivo, com aprovação do Senado Federal, sendo dois
de aposentadoria, ou qualquer outro ato aprovado pelo Tribunal de alternadamente dentre auditores e membros do Ministério
Contas, não produz efeitos antes de aprovada por aquele tribunal, Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo
ressalvada a competência revisora do Judiciário. Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e
STF: Súmula 347 - O Tribunal de Contas, no exercício de suas merecimento;
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos
do Poder Público. II – 2/3 (dois terços) pelo Congresso Nacional.
STF: Súmula 653 - No Tribunal de Contas estadual, composto por § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União
sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembleia terão as mesmas garantias, prerrogativas,
Legislativa e três pelo Chefe do Poder Executivo estadual, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros
cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto
membros do Ministério Público, e um terceiro à sua livre escolha.
à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art.
40.
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro,
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será terá as mesmas garantias e impedimentos do titular e,
quando no exercício das demais atribuições da judicatura,
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
as de juiz de Tribunal Regional Federal.
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas
cabíveis.
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e
no prazo de 90 (noventa) dias, não efetivar as medidas Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de
previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a controle interno com a finalidade de:
respeito.
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
plano plurianual, a execução dos programas de governo e Decreto-Lei nº 2.848 / 1940
dos orçamentos da União;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, Código Penal
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal, bem como da aplicação de recursos PARTE ESPECIAL
públicos por entidades de direito privado; TÍTULO I
III - exercer o controle das operações de crédito, DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
União;
Homicídio simples
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua Art. 121. Matar alguém:
missão institucional. Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao Caso de diminuição de pena
tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
União, sob pena de responsabilidade solidária. violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto
associação ou sindicato é parte legítima para, na forma a um terço).(Homicídio Privilegiado)
da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Não confunda Domínio de violenta emoção (Causa de
Tribunal de Contas da União. diminuição da pena) com Influência de violenta emoção
(Atenuante prevista no art. 65, III, c, do CP).
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção Homicídio qualificado
aplicam-se, no que couber, à organização, composição e § 2° Se o homicídio é cometido:
fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de por outro motivo torpe; (Homicídio mercenário)
Contas dos Municípios. II - por motivo fútil;
Parágrafo único. As Constituições estaduais III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,
disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
serão integrados por sete Conselheiros. resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante
dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne
impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a
impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino:
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts.
01
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
02
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu
03
cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição: (Homicídio funcional)
04 VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou
proibido: (2019)
05
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
06
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de
sexo feminino quando o crime envolve:
07
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de
08 mulher.
Homicídio culposo
09 § 3º Se o homicídio é culposo:
Pena - detenção, de um a três anos.
10
Aumento de pena
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de
11
1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra
12
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de
prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
13 consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
14 de 1/3 (um terço) se o crime é praticado

15
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime
(sessenta) anos. de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (2019)
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz
poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da Infanticídio
infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que Art. 123 - Matar, sob a influência do estado
a sanção penal se torne desnecessária. (Perdão Judicial) puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a Pena - detenção, de dois a seis anos.
metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o Estado puerperal são sintomas fisiológicos que, iniciados com o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por parto, acometem a mulher, podendo levá-la, dependendo do grau
grupo de extermínio. de perturbação emocional, a matar o próprio filho.
Alex Salim, Marcelo André de Azevedo, Direito Penal
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3
(um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses Aborto provocado pela gestante ou com seu
posteriores ao parto; consentimento
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de que outrem lhe provoque:
doenças degenerativas que acarretem condição limitante Pena - detenção, de um a três anos.
ou de vulnerabilidade física ou mental; (2018) Aborto de feto anencéfalo: O STF, ao jugar a ADPF 54,
III - na presença física ou virtual de descendente ou considerou que a antecipação terapêutica de parto nos casos de
de ascendente da vítima; (2018) feto anencéfalo não tipifica crime de aborto.
IV - em descumprimento das medidas protetivas de
urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 Aborto provocado por terceiro
da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (2018) Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
gestante:
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a Pena - reclusão, de três a dez anos.
automutilação (2019)
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da
ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material gestante:
para que o faça: (2019) Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Induzir é inspirar a vontade, fazer surgir a ideia; Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior,
Instigar é reforçar uma vontade preconcebida; se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é
Auxiliar materialmente é ajudar a vítima a praticar o ato, a alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido
exemplo de entregar uma arma sabendo da finalidade a ser mediante fraude, grave ameaça ou violência
empregada.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. Forma qualificada
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos
resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, anteriores são aumentadas de 1/3 (um terço), se, em
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: (2019) consequência do aborto ou dos meios empregados para
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
automutilação resulta morte: (2019) lhe sobrevém a morte.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada: (2019) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe médico:
ou fútil; Aborto necessário (Aborto Terapêutico)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
qualquer causa, a capacidade de resistência. Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta (Aborto sentimental, humanitário)
é realizada por meio da rede de computadores, de rede II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
social ou transmitida em tempo real. (2019) precedido de consentimento da gestante ou, quando
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é incapaz, de seu representante legal.
líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
(2019) CAPÍTULO II
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo DAS LESÕES CORPORAIS
resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é Lesão corporal (LEVE)
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde
quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o de outrem:
necessário discernimento para a prática do ato, ou que, Pena - detenção, de três meses a um ano.
por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, Lesão corporal de natureza grave
responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 § 1º Se resulta: (GRAVE)
deste Código. (2019) I - Incapacidade para as ocupações habituais, por
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é mais de 30 (trinta) dias;
cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra
II - perigo de vida;
quem não tem o necessário discernimento para a prática
III - debilidade permanente de membro, sentido ou
do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
função;
IV - aceleração de parto:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 2° Se resulta: (GRAVÍSSIMA) CAPÍTULO III
I - Incapacidade permanente para o trabalho; DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
II - enfermidade incurável; Perigo de contágio venéreo
III perda ou inutilização do membro, sentido ou Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações
função; sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia
IV - deformidade permanente; venérea, de que sabe ou deve saber que está
V – aborto; contaminado:
O aborto do inciso V, para incidir como qualificadora, deverá Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
ocorrer a título de culpa, configurando crime preterdoloso. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de dois a oito anos. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Lesão corporal seguida de morte § 2º - Somente se procede mediante representação.
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam
que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de Perigo de contágio de moléstia grave
produzi-lo: Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. (Crime moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
preterdoloso) produzir o contágio:
Diminuição de pena Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de Perigo para a vida ou saúde de outrem
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3 (um sexto direto e iminente:
a um terço). Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato
Substituição da pena não constitui crime mais grave.
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/6 a 1/3 (um
substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos sexto a um terço) se a exposição da vida ou da saúde de
mil réis a dois contos de réis: outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
anterior; natureza, em desacordo com as normas legais.
II - se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa Abandono de incapaz
§ 6° Se a lesão é culposa: Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu
Pena - detenção, de dois meses a um ano. cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer
Aumento de pena motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer abandono: (Crime próprio)
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Pena - detenção, de seis meses a três anos.
Código. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do natureza grave:
art. 121 Pena - reclusão, de um a cinco anos.
Violência Doméstica § 2º - Se resulta a morte:
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com Aumento de pena
quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo- § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-
se de 1/3 (um terço):
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
hospitalidade:
II - se o agente é ascendente ou descendente,
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima.
Qualificadora referente a lesões corporais leves advindas de III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
violência doméstica.
--------------------------------------------------------------------------------------- Exposição ou abandono de recém-nascido
STJ: Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é
ocultar desonra própria:
pública incondicionada.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, grave:
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
Pena - detenção, de um a três anos.
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será § 2º - Se resulta a morte:
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime for cometido contra
Pena - detenção, de dois a seis anos.
pessoa portadora de deficiência.
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou
Omissão de socorro
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir,
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão
nesses casos, o socorro da autoridade pública: (Crime
dessa condição, a pena é aumentada de 1/3 a 2/3 (um a omissivo próprio)
dois terços). Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e indicadas no nº I do art. 141; (Presidente da República ou chefe
triplicada, se resulta a morte. de governo estrangeiro)
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
Condicionamento de atendimento médico- ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
hospitalar emergencial
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória Difamação
ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato
de formulários administrativos, como condição para o ofensivo à sua reputação:
atendimento médico-hospitalar emergencial: Resguarda também a honra objetiva, e não se exige que o fato
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e ofensivo seja inverídico para tipificação dessa conduta.
multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se Exceção da verdade
da negativa de atendimento resulta lesão corporal de Parágrafo único - A exceção da verdade somente se
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de suas funções.
Maus-tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de Injúria
pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer ou o decoro:
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, Resguarda a honra subjetiva, a percepção que o indivíduo tem
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, de si mesmo e de atributos morais, éticos, intelectuais, físicos. A
quer abusando de meios de correção ou disciplina: injuria consiste em atribuir qualidades negativas sobre a vítima,
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. atingindo sua autoestima. Não se admite exceção da verdade.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
grave: § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: (Perdão
Pena - reclusão, de um a quatro anos. judicial)
§ 2º - Se resulta a morte: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. diretamente a injúria;
§ 3º - Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço), se o crime II - no caso de retorsão imediata, que consista em
é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de
CAPÍTULO IV fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
DA RIXA considerem aviltantes: (Injúria real)
Rixa Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa,
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os além da pena correspondente à violência.
contendores: § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
multa. condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
(Injúria preconceituosa)
A rixa consiste em briga, com agressões físicas recíprocas, entre
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
três ou mais pessoas.
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão Atenção para não confundir:
corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da INJÚRIA PRECONCEITUOSA RACISMO
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a A manifestação é dirigida Reveste-se de cunho
dois anos. contra uma vítima genérico, com vítima
determinada. indeterminada.
Ex. Chamar alguém de judeu Ex. Negar emprego a judeus
safado ou de mulçumano ou dizer que todos os
CAPÍTULO V terrorista. mulçumanos são terroristas.
DOS CRIMES CONTRA A HONRA Art. 140, § 3º, Código Penal Lei nº 7.716/89
Calúnia
Crime inafiançável (STF) Crime Inafiançável
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe
Crime imprescritível (STF) Crime imprescritível
falsamente fato definido como crime:
Ação penal pública Ação penal pública
Resguarda a honra objetiva, a reputação que a pessoa possui
condicionada à representação incondicionada
perante a sociedade. Caso a imputação seja de fato definido como
do ofendido
contravenção penal, haverá crime de difamação, e não de
calúnia.
Disposições comuns
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
aumentam-se de 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é
imputação, a propala ou divulga.
cometido:
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade (Exception veritatis) I - contra o Presidente da República, ou contra chefe
de governo estrangeiro;
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
II - contra funcionário público, em razão de suas
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
funções;
privada, o ofendido não foi condenado por sentença
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
irrecorrível;
facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
§ 1º - Se o crime é cometido mediante paga ou (Crime subsidiário)
promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Aumento de pena
§ 2º Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer
modalidades das redes sociais da rede mundial de § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em
computadores, aplica-se em triplo a pena. dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais
(2019) de três pessoas, ou há emprego de armas.
§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as
Exclusão do crime correspondentes à violência.
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação § 3º - Não se compreendem na disposição deste
punível: artigo:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o
causa, pela parte ou por seu procurador; consentimento do paciente ou de seu representante legal,
se justificada por iminente perigo de vida;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de II - a coação exercida para impedir suicídio.
injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário Ameaça
público, em apreciação ou informação que preste no Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou
cumprimento de dever do ofício. gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde injusto e grave:
pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
(Crime formal)
Parágrafo único - Somente se procede mediante
Retratação representação.
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se
retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento
Perseguição
de pena.
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha
qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios
psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção
de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o
ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera
ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a
de liberdade ou privacidade. (2021)
ofensa.
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. (2021)
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é
infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido cometido: (2021)
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a I – contra criança, adolescente ou idoso; (2021)
dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, II – contra mulher por razões da condição de sexo
responde pela ofensa. (Pedido de explicações) feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código;
(2021)
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo III – mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas
somente se procede mediante queixa, salvo quando, no ou com o emprego de arma. (2021)
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. § 2º As penas deste artigo são aplicáveis sem
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do prejuízo das correspondentes à violência. (2021)
Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 § 3º Somente se procede mediante representação.
deste Código, e mediante representação do ofendido, no (2021)
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do §
3o do art. 140 deste Código. Sequestro e cárcere privado
AÇÃO PENAL NOS CRIMES CONTRA A HONRA Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
REGRA: sequestro ou cárcere privado: (Crime permanente)
-- Ação penal privada Pena - reclusão, de um a três anos.
EXCEÇÕES:
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
-- Ação penal pública condicionada à requisição do Ministro I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge
da Justiça: contra o Presidente da República ou chefe de governo ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
estrangeiro anos;
-- Ação penal pública condicionada à representação do II - se o crime é praticado mediante internação da
ofendido: 1. contra funcionário público no exercício de duas vítima em casa de saúde ou hospital;
funções. 2. injúria preconceituosa. III - se a privação da liberdade dura mais de quinze
-- Ação penal pública incondicionada: injúria real, quando da
dias.
violência resulta lesão corporal.
IV – se o crime é praticado contra menor de 18
(dezoito) anos;
CAPÍTULO VI V – se o crime é praticado com fins libidinosos.
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou
SEÇÃO I da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Constrangimento ilegal
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência Redução a condição análoga à de escravo
ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de § 2º - Revogado – (2019)
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições em casa alheia ou em suas dependências:
degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer I - durante o dia, com observância das formalidades
meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
empregador ou preposto: II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
pena correspondente à violência. § 4º - A expressão "casa" compreende:
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: I - qualquer compartimento habitado;
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por II - aposento ocupado de habitação coletiva;
parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de III - compartimento não aberto ao público, onde
trabalho; alguém exerce profissão ou atividade.
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho § 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é n.º II do parágrafo anterior;
cometido: II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, SEÇÃO III
religião ou origem. DOS CRIMES CONTRA A
STF: É da Justiça Federal a competência para processar e julgar INVIOLABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
o crime de redução a condição análoga à de escravo. Violação de correspondência
Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de
Tráfico de Pessoas (2016) correspondência fechada, dirigida a outrem:
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante Sonegação ou destruição de correspondência
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com § 1º - Na mesma pena incorre:
a finalidade de:(Crime formal) I - quem se apossa indevidamente de
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; correspondência alheia, embora não fechada e, no todo ou
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à em parte, a sonega ou destrói;
de escravo; Violação de comunicação telegráfica,
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; radioelétrica ou telefônica
IV - adoção ilegal; ou II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem
V - exploração sexual. ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica
multa. entre outras pessoas;
§ 1o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a III - quem impede a comunicação ou a conversação
metade se: referidas no número anterior;
I - o crime for cometido por funcionário público no IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; radioelétrico, sem observância de disposição legal.
II - o crime for cometido contra criança, adolescente § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano
ou pessoa idosa ou com deficiência; para outrem.
III - o agente se prevalecer de relações de § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de
parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou
de dependência econômica, de autoridade ou de telefônico:
superioridade hierárquica inerente ao exercício de Pena - detenção, de um a três anos.
emprego, cargo ou função; ou § 4º - Somente se procede mediante representação,
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
território nacional.
§ 2o A pena é reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois Correspondência comercial
terços) se o agente for primário e não integrar organização Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou
criminosa. empregado de estabelecimento comercial ou industrial
para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
SEÇÃO II suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO conteúdo:
DOMICÍLIO Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Violação de domicílio Parágrafo único - Somente se procede mediante
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou representação.
astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita
de quem de direito, em casa alheia ou em suas SEÇÃO IV
dependências: (Crime de mera conduta) DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. SEGREDOS
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em Divulgação de segredo
lugar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, ou Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo
por duas ou mais pessoas: de documento particular ou de correspondência
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja
pena correspondente à violência. divulgação possa produzir dano a outrem:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
§ 1º Somente se procede mediante representação. Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas
§ 1o-A. Divulgar, sem justa causa, informações concessionárias de serviços públicos.
sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas
ou não nos sistemas de informações ou banco de dados da
Administração Pública:
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.
§ 2o Quando resultar prejuízo para a Administração
Pública, a ação penal será incondicionada.

Violação do segredo profissional


Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo,
01
de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício
ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a 02
outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 03

Parágrafo único - Somente se procede mediante


representação. 04

Invasão de dispositivo informático 05

Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso


06
alheio, conectado ou não à rede de computadores, com o
fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações 07
sem autorização expressa ou tácita do usuário do
dispositivo ou de instalar vulnerabilidades para obter 08

vantagem ilícita: (2021)


O artigo 154-A foi introduzido através Lei nº 12.737 de 2012, 09

conhecida como “Lei Carolina Dieckmann”.


Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e 10

multa. (2021)
11
§ 1o Na mesma pena incorre quem produz, oferece,
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de 12
computador com o intuito de permitir a prática da conduta
definida no caput. 13

§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3


(dois terços) se da invasão resulta prejuízo econômico. 14

(2021)

§ 3o Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo 15

de comunicações eletrônicas privadas, segredos


comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim
definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do
dispositivo invadido: (Qualificadora) Decreto-Lei nº 3.689 / 1941
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. (2021)
Código de Processo Penal
§ 4o Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de 1/3
a 2/3 (um a dois terços) se houver divulgação,
CAPÍTULO II
comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer
DA PRISÃO EM FLAGRANTE
título, dos dados ou informações obtidos. (Majorantes)

§ 5 o Aum enta-se a pena de 1/3 (um terço) à Pode-se conceituar a prisão em flagrante como “a modalidade
metade se o crime for praticado contra: de prisão cautelar, de natureza administrativa, realizada no
(Majorantes) instante em que se desenvolve ou termina de se concluir a
I - Presidente da República, governadores e infração penal”.
prefeitos; Nucci, 2008, p. 587

II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; Art. 301. Qualquer do povo poderá e as


III - Presidente da Câmara dos Deputados, do autoridades policiais e seus agentes deverão prender
Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara
Municipal; ou Flagrante facultativo: Qualquer do povo poderá efetuar a prisão
em flagrante, caso queira. Configura exercício regular de um
IV - dirigente máximo da administração direta e
direito.
indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. Flagrante obrigatório: Autoridades policiais e seus agentes
possuem a obrigação de efetuá-la. Configura estrito cumprimento
Ação penal do dever legal.
Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A,
somente se procede mediante representação, salvo se o
crime é cometido contra a administração pública direta ou Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
ID:
94
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I - está cometendo a infração penal; (Flagrante próprio) juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso
II - acaba de cometê-la; (Flagrante próprio) ou à pessoa por ele indicada.
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo § 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça realização da prisão, será encaminhado ao juiz
presumir ser autor da infração; (Flagrante impróprio) competente o auto de prisão em flagrante e, caso o
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, autuado não informe o nome de seu advogado, cópia
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor integral para a Defensoria Pública.
da infração. (Flagrante ficto) § 2o No mesmo prazo, será entregue ao preso,
mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
Flagrante esperado: Nessa modalidade de flagrante, conhecida autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e
como intervenção predisposta da autoridade policial, não há os das testemunhas.
interferência de um agente provocador. É um flagrante totalmente
válido, na qual agentes, informados sobre a possibilidade de uma Art. 307. Quando o fato for praticado em presença
atividade ilegal, ficam de campana, com o intuito de averiguar sua da autoridade, ou contra esta, no exercício de suas
possível ocorrência.
Flagrante diferido: É a possibilidade concedida à polícia de
funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de
retardar a realização da prisão em flagrante, com o intuito de prisão, as declarações que fizer o preso e os depoimentos
angariar mais dados e informações acerca da atividade delituosa. das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade,
Trata-se de uma ação controlada. pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente
Flagrante preparado: Também conhecido como flagrante ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato
provocado ou crime de ensaio, é considerado crime impossível. De delituoso, se não o for a autoridade que houver presidido o
acordo com a Súmula 145, do STF, “não há crime, quando a auto.
preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.
Flagrante forjado: É o flagrante maquiado ou fabricado,
Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que
totalmente artificial. Ocorre, por exemplo, quando um policial se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à
insere drogas no veículo de alguém, com o intuito de decretar o do lugar mais próximo.
estado de flagrância. O agente forjador comete crime.
Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se liberdade, depois de lavrado o auto de prisão em flagrante.
o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência. Observação: Atualmente, encontra-se SUSPENSO por prazo
indeterminado, por decisão do STF, a ilegalidade de prisões, caso
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade os detidos não passem pela audiência de custódia em até 24
horas.
competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo,
sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo
de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva das Art. 310. Após receber o auto de prisão em
testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro)
acusado sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover
cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a audiência de custódia com a presença do acusado, seu
autoridade, afinal, o auto. advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-lo à deverá, fundamentadamente: (2019)
prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar I - relaxar a prisão ilegal; ou
fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou processo, se II - converter a prisão em flagrante em preventiva,
para isso for competente; se não o for, enviará os autos à quando presentes os requisitos constantes do art. 312
autoridade que o seja. deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes
§ 2o A falta de testemunhas da infração não as medidas cautelares diversas da prisão; ou
impedirá o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, III - conceder liberdade provisória, com ou sem
com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas fiança.
pessoas que hajam testemunhado a apresentação do
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em
preso à autoridade.
flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer das
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art.
souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em flagrante 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder
sua leitura na presença deste. ao acusado liberdade provisória, mediante termo de
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante comparecimento obrigatório a todos os atos processuais,
deverá constar a informação sobre a existência de filhos, sob pena de revogação. (2019)
respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o
CP
nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados Art. 23 – (...)
dos filhos, indicado pela pessoa presa. (2018) I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, exercício regular de direito.
depois de prestado o compromisso legal. § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente
ou que integra organização criminosa armada ou
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito,
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao

ID:
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deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes
medidas cautelares. (2019) para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se
idônea, à não realização da audiência de custódia no outra hipótese recomendar a manutenção da medida.
prazo estabelecido no caput deste artigo responderá § 2º Não será admitida a decretação da prisão
administrativa, civil e penalmente pela omissão. (2019) preventiva com a finalidade de antecipação de
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o cumprimento de pena ou como decorrência imediata de
decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não investigação criminal ou da apresentação ou recebimento
realização de audiência de custódia sem motivação de denúncia. (2019)
idônea ensejará também a ilegalidade da prisão, a ser
relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será
possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva.
(2019) decretada se o juiz verificar pelas provas constantes dos
autos ter o agente praticado o fato nas condições previstas
nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei no
CAPÍTULO III 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
DA PRISÃO PREVENTIVA (Circunstâncias impeditivas)
Art. 311. Em qualquer fase da investigação Excludentes de ilicitude: estado de necessidade; legítima
policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva defesa; estrito cumprimento de dever legal; exercício regular de
decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, direito.
do querelante ou do assistente, ou por representação da
autoridade policial. (2019)
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou
denegar a prisão preventiva será sempre motivada e
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada fundamentada. (2019)
como garantia da ordem pública, da ordem econômica, § 1º Na motivação da decretação da prisão
por conveniência da instrução criminal ou para preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova indicar concretamente a existência de fatos novos ou
da existência do crime e indício suficiente de autoria e contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida
de perigo gerado pelo estado de liberdade do adotada. (2019)
imputado. (2019) § 2º Não se considera fundamentada qualquer
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou
decretada em caso de descumprimento de qualquer das acórdão, que: (2019)
obrigações impostas por força de outras medidas I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à
cautelares (art. 282, § 4o). paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com
a causa ou a questão decidida; (2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados,
deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo
sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
e existência concreta de fatos novos ou contemporâneos (2019)
que justifiquem a aplicação da medida adotada. (2019)

REQUISITOS DA PRISÃO PREVENTIVA III - invocar motivos que se prestariam a justificar


1) Prova da existência do crime; e qualquer outra decisão; (2019)
2) Indício suficiente de autoria; e IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
3) Perigo gerado pelo estado de liberdade do adotada pelo julgador; (2019)
imputado; e V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de
4) Requisito de necessidade: súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
--- Garantia da ordem pública; ou nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
--- Garantia da ordem econômica; ou àqueles fundamentos; (2019)
--- Conveniência da instrução criminal; ou VI - deixar de seguir enunciado de súmula,
--- Aplicação da lei penal; ou
jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem
--- Descumprimento de qualquer das obrigações
impostas por força de outras medidas cautelares demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento. (2019)
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será
admitida a decretação da prisão preventiva: Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das
(Circunstâncias legitimadoras) partes, revogar a prisão preventiva se, no correr da
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa investigação ou do processo, verificar a falta de motivo para
de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
II - se tiver sido condenado por outro crime sobrevierem razões que a justifiquem. (2019)
doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva,
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante
III - se o crime envolver violência doméstica e decisão fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a
familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, prisão ilegal. (2019)
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a
execução das medidas protetivas de urgência;
STJ: Súmula 347 - O conhecimento de recurso de apelação do
IV - (revogado). réu independe de sua prisão.
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva
quando houver dúvida sobre a identidade civil da

ID:
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STJ: Súmula 21 - Pronunciado o réu, fica superada a alegação do O art. 223 do Código Penal foi revogado pela Lei nº 12.015, de
constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na 2009.
instrução.
STJ: Súmula 52 - Encerrada a instrução criminal, fica superada a g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua
alegação de constrangimento por excesso de prazo. combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único)
STJ: Súmula 64 - Não constitui constrangimento ilegal o excesso O art. 214 do Código Penal foi revogado pela Lei nº 12.015, de
de prazo na instrução, provocado pela defesa. 2009.
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com
o art. 223 caput, e parágrafo único)
O art. 219 do Código Penal foi revogado pela Lei nº 11.106, de
2005.
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, §
1°);
j) envenenamento de água potável ou substância
alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270,
caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código
01
Penal;
02 Atualmente, o art. 288 do Código Penal faz menção ao instituto da
Associação Criminosa: “Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas,
03
para o fim específico de cometer crimes”
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de
04 1° de outubro de 1956), em qualquer de suas formas
típicas;
05
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21
de outubro de 1976);
06
A Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976, foi revogada pela Lei
nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
07

o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n°


08 7.492, de 16 de junho de 1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (2016)
09
Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016: Regulamenta o disposto
no inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal, disciplinando o
10 terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais
e reformulando o conceito de organização terrorista.
11

12
Observação: A prisão temporária também é cabível para os
Crimes Hediondos ou Equiparados, previstos na Lei nº 8.072,
13
de 25 de julho de 1990.

14 Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz,


em face da representação da autoridade policial ou de
15 requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5
(cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de
extrema e comprovada necessidade.
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade
Lei nº 7.960 / 1989 policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
Prisão Temporária § 2° O despacho que decretar a prisão temporária
deverá ser fundamentado e prolatado dentro do prazo de
24 (vinte e quatro) horas, contadas a partir do recebimento
Art. 1° Caberá prisão temporária: da representação ou do requerimento.
I - quando imprescindível para as investigações do § 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do
inquérito policial; Ministério Público e do Advogado, determinar que o preso
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou lhe seja apresentado, solicitar informações e
não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a
sua identidade; exame de corpo de delito.
III - quando houver fundadas razões, de acordo com § 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou mandado de prisão, em 2 (duas) vias, uma das quais será
participação do indiciado nos seguintes crimes: entregue ao indiciado e servirá como nota de culpa.
a) homicídio doloso (art. 121, caput, § 2°); § 4º-A O mandado de prisão conterá
b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, necessariamente o período de duração da prisão
§§ 1° e 2°) temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); o dia em que o preso deverá ser libertado. (2019)
d) extorsão (art. 158, caput, §§ 1° e 2°); § 5° A prisão somente poderá ser executada depois
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, da expedição de mandado judicial.
§§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com
o art. 223, caput, e parágrafo único)

ID:
97
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§ 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial
informará o preso dos direitos previstos no art. 5° da
Constituição Federal.
§ 7º Decorrido o prazo contido no mandado de
prisão, a autoridade responsável pela custódia deverá,
independentemente de nova ordem da autoridade judicial,
pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo se já tiver
sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou
da decretação da prisão preventiva. (2019)
§ 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado
de prisão no cômputo do prazo de prisão temporária.
(2019)

Art. 3° Os presos temporários deverão


permanecer, obrigatoriamente, separados dos demais
detentos.

Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro


de 1965, fica acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
"Art. 4° ...............................................................
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou
de medida de segurança, deixando de expedir em tempo
oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de
liberdade;"

Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias


haverá um plantão permanente de 24 (vinte e quatro)
horas do Poder Judiciário e do Ministério Público para
apreciação dos pedidos de prisão temporária.

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ID:
98
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Art. 80. Em caso de impedimento do Presidente e
Constituição da República Federativa do Vice-Presidente, ou vacância dos respectivos cargos,
serão sucessivamente chamados ao exercício da
do Brasil de 1988 Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o do
Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal.

CAPÍTULO II
Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-
DO PODER EXECUTIVO
Presidente da República, far-se-á eleição 90 (noventa)
Seção I
dias depois de aberta a última vaga.
DO PRESIDENTE E DO VICE-PRESIDENTE DA
REPÚBLICA § 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos 2 (dois)
anos do período presidencial, a eleição para ambos os
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo
Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de cargos será feita 30 (trinta) dias depois da última vaga, pelo
Congresso Nacional, na forma da lei.
Estado.
§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão
completar o período de seus antecessores.
Art. 77. A eleição do Presidente e do Vice-
Presidente da República realizar-se-á, simultaneamente,
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e no Art. 82. O mandato do Presidente da República é de
último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, 4 (quatro) anos e terá início em primeiro de janeiro do ano
do ano anterior ao do término do mandato presidencial seguinte ao da sua eleição.
vigente.
§ 1º A eleição do Presidente da República importará Art. 83. O Presidente e o Vice-Presidente da
a do Vice-Presidente com ele registrado. República não poderão, sem licença do Congresso
§ 2º Será considerado eleito Presidente o candidato Nacional, ausentar-se do País por período superior a 15
que, registrado por partido político, obtiver a maioria (quinze) dias, sob pena de perda do cargo.
absoluta de votos, não computados os em branco e os
nulos. Seção II
§ 3º Se nenhum candidato alcançar maioria Das Atribuições do Presidente da República
absoluta na primeira votação, far-se-á nova eleição em até Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
20 (vinte) dias após a proclamação do resultado, República:
concorrendo os dois candidatos mais votados e
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
considerando-se eleito aquele que obtiver a maioria dos
votos válidos. II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
direção superior da administração federal;
§ 4º Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer
morte, desistência ou impedimento legal de candidato, III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos
convocar-se-á, dentre os remanescentes, o de maior casos previstos nesta Constituição;
votação. IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
§ 5º Se, na hipótese dos parágrafos anteriores, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
remanescer, em segundo lugar, mais de um candidato com execução;
a mesma votação, qualificar-se-á o mais idoso. Os decretos e regulamentos que visam dar fiel execução às leis
são atos infralegais (normas secundárias), que não podem criar
nem modificar direitos. O objetivo é pormenorizar as disposições
Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da gerais e abstratas da lei.
República tomarão posse em sessão do Congresso
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e
cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Decreto
autônomo)
geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e
a independência do Brasil. a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa nem
Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data
criação ou extinção de órgãos públicos;
fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente,
salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
este será declarado vago. vagos;
Os Decretos autônomos possuem força de lei (normas
primárias).
Art. 79. Substituirá o Presidente, no caso de
impedimento, e suceder- lhe-á, no de vaga, o Vice- VII - manter relações com Estados estrangeiros e
Presidente. acreditar seus representantes diplomáticos;
Parágrafo único. O Vice-Presidente da República, VIII - celebrar tratados, convenções e atos
além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
complementar, auxiliará o Presidente, sempre que por ele Nacional;
convocado para missões especiais. IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

ID:
99
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X - decretar e executar a intervenção federal; - Concessão de indulto e comutação de penas
- Provimento cargos públicos
XI - remeter mensagem e plano de governo ao
Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão
legislativa, expondo a situação do País e solicitando as Seção III
providências que julgar necessárias; Da Responsabilidade do Presidente da República
XII - conceder indulto e comutar penas, com Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos
audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; do Presidente da República que atentem contra a
XIII - exercer o comando supremo das Forças Constituição Federal e, especialmente, contra:
Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do I - a existência da União;
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais- generais II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder
e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado constitucionais das unidades da Federação;
Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o sociais;
Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores
IV - a segurança interna do País;
do banco central e outros servidores, quando determinado
em lei; V - a probidade na administração;
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os VI - a lei orçamentária;
Ministros do Tribunal de Contas da União; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em
nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; lei especial, que estabelecerá as normas de processo e
XVII - nomear membros do Conselho da República, julgamento.
nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da
e o Conselho de Defesa Nacional; (Órgãos consultivos) República, por 2/3 (dois terços) da Câmara dos Deputados,
XIX - declarar guerra, no caso de agressão será ele submetido a julgamento perante o Supremo
estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das perante o Senado Federal, nos crimes de
sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, responsabilidade.
total ou parcialmente, a mobilização nacional; § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções:
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo I - nas infrações penais comuns, se recebida a
do Congresso Nacional; denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal;
XXI - conferir condecorações e distinções II - nos crimes de responsabilidade, após a
honoríficas; instauração do processo pelo Senado Federal.
XXII - permitir, nos casos previstos em lei § 2º Se, decorrido o prazo de 180 (cento e oitenta)
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o
território nacional ou nele permaneçam temporariamente; afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano prosseguimento do processo.
plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória,
propostas de orçamento previstos nesta Constituição; nas infrações comuns, o Presidente da República não
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso estará sujeito a prisão.
Nacional, dentro de 60 (sessenta) dias após a abertura da § 4º O Presidente da República, na vigência de seu
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício mandato, não pode ser responsabilizado por atos
anterior; estranhos ao exercício de suas funções.
XXV - prover e extinguir os cargos públicos
federais, na forma da lei;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
nos termos do art. 62;
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
Constituição.
XXVIII - propor ao Congresso Nacional a
decretação do estado de calamidade pública de âmbito
nacional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E,
01
167-F e 167-G desta Constituição. (2021)
Parágrafo único. O Presidente da República poderá 02

delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e


XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao 03

Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral


da União, que observarão os limites traçados nas 04

respectivas delegações.
05
O Presidente da República poderá delegar:
- Decreto autônomo
06 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude,
escalada ou destreza;
07 III - com emprego de chave falsa;
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
08
STJ: Súmula 442 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado,
pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
09
STJ: Súmula 511 - É possível o reconhecimento do privilégio
previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto
10 qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o
pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
11
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
12
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum. (2018)
13 § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito)
anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por
14 meio de dispositivo eletrônico ou informático,
conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a
15
violação de mecanismo de segurança ou a utilização de
programa malicioso, ou por qualquer outro meio
fraudulento análogo. (2021)
§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo,
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 considerada a relevância do resultado gravoso: (2021)
I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços),
Código Penal se o crime é praticado mediante a utilização de servidor
mantido fora do território nacional; (2021)
II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o
TÍTULO II
crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (2021)
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
CAPÍTULO I § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a
DO FURTO subtração for de veículo automotor que venha a ser
Furto (Simples) transportado para outro Estado ou para o exterior.
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa § 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
alheia móvel: se a subtração for de semovente domesticável de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local
STJ: Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por da subtração. (Crime de abigeato)
monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)
interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna anos e multa, se a subtração for de substâncias
impossível a configuração do crime de furto. explosivas ou de acessórios que, conjunta ou
§ 1º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou
crime é praticado durante o repouso noturno. emprego. (2018)
STJ: A causa especial de aumento de pena do furto cometido
durante o repouso noturno pode se configurar mesmo quando o Furto de coisa comum
crime é cometido em estabelecimento comercial ou residência Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio,
desabitada, sendo indiferente o fato de a vítima estar, ou não, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a
efetivamente repousando.
coisa comum:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão multa.
pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3 (um a dois § 1º - Somente se procede mediante representação.
terços), ou aplicar somente a pena de multa. (Furto § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum
privilegiado)
fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o
Princípio da Insignificância ou Bagatela: para a aplicação agente.
desse princípio, segundo o STJ, é necessária a observância
dos seguintes requisitos: 1. Mínima ofensividade da conduta
CAPÍTULO II
do agente. 2. Ausência de periculosidade social. 3.
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento.
DO ROUBO E DA EXTORSÃO
4. Inexpressividade da lesão jurídica provocada. Roubo
Furto famélico: é o furto praticado para saciar a fome, quando
o agente se encontra na extrema pobreza. De acordo com o Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou
STJ, poderá ser causa de exclusão de ilicitude por estado de para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
necessidade. pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido
à impossibilidade de resistência: (Roubo próprio)
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica STJ: Súmula 582 - Consuma-se o crime de roubo com a inversão
ou qualquer outra que tenha valor econômico. (Crime da posse do bem mediante emprego de violência ou grave
permanente) ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição
Furto qualificado imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
multa, se o crime é cometido: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
subtração da coisa; subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para
(Roubo impróprio) si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou
preço do resgate:
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até Pena - reclusão, de oito a quinze anos..
metade: (2018) - (Roubo circunstanciado) § 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro)
I – (revogado); horas, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por
III - se a vítima está em serviço de transporte de bando ou quadrilha.
valores e o agente conhece tal circunstância. Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
IV - se a subtração for de veículo automotor que § 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza
venha a ser transportado para outro Estado ou para o grave:
exterior; Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, § 3º - Se resulta a morte:
restringindo sua liberdade. Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou § 4º - Se o crime é cometido em concurso, o
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a
sua fabricação, montagem ou emprego. (2018) libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida de 1/3
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com a 2/3 (um a dois terços). (Delação premiada)
emprego de arma branca; (2019)
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):(2018) Extorsão indireta
I – se a violência ou ameaça é exercida com Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
emprego de arma de fogo; (2018) abusando da situação de alguém, documento que pode dar
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra
mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo terceiro:
que cause perigo comum. (2018) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida
com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, CAPÍTULO III
aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. DA USURPAÇÃO
(2019) Alteração de limites
§ 3º Se da violência resulta: (2018) Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 qualquer outro sinal indicativo de linha divisória, para
(sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (2018) apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia:
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
(trinta) anos, e multa. (2018) - (Latrocínio) § 1º - Na mesma pena incorre quem:
Roubo Usurpação de águas
STF: Súmula 610 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de
consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens outrem, águas alheias;
da vítima. Esbulho possessório
STJ: Súmula 443 - O aumento na terceira fase de aplicação da II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça,
pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação ou mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno
concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
indicação do número de majorantes. § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também
na pena a esta cominada.
Extorsão (Simples) § 3º - Se a propriedade é particular, e não há
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência emprego de violência, somente se procede mediante
ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para queixa.
outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que
se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Supressão ou alteração de marca em animais
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais gado ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de
pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena propriedade:
de 1/3 (um terço) até metade. Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante
violência o disposto no § 3º do artigo anterior. CAPÍTULO IV
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da DO DANO
liberdade (Sequestro relâmpago) da vítima, e essa condição é Dano
necessária para a obtenção da vantagem econômica, a Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa
pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da alheia:
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, Dano qualificado
respectivamente. Parágrafo único - Se o crime é cometido:
Extorsão I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
STJ: Súmula 96 - O crime de extorsão consuma-se II - com emprego de substância inflamável ou
independentemente da obtenção da vantagem indevida. explosiva, se o fato não constitui crime mais grave

Extorsão mediante sequestro


III - contra o patrimônio da União, de Estado, do III - pagar benefício devido a segurado, quando as
Distrito Federal, de Município ou de autarquia, fundação respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados
pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou à empresa pela previdência social.
empresa concessionária de serviços públicos; (2017) STF / STJ: Não se exige dolo específico.
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo § 2o É extinta a punibilidade se o agente,
considerável para a vítima: espontaneamente, declara, confessa e efetua o pagamento
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, das contribuições, importâncias ou valores e presta as
além da pena correspondente à violência. informações devidas à previdência social, na forma definida
em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal.
Introdução ou abandono de animais em (Extinção da punibilidade)
propriedade alheia STF / STJ: A quitação do débito decorrente de apropriação
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em indébita previdenciária enseja a extinção da punibilidade, desde
propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, que realizada antes do trânsito em julgado da sentença
desde que o fato resulte prejuízo: condenatória.
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou § 3o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
multa. aplicar somente a de multa se o agente for primário e de
bons antecedentes, desde que: (Perdão judicial)
Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou STF / STJ: Atualmente, entende-se que deve haver a aplicação do
histórico princípio da insignificância quando o valor do débito seja igual
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa ou inferior ao estabelecido pela previdência como sendo o mínimo
para ajuizamento das ações fiscais. O valor atual é de R$
tombada pela autoridade competente em virtude de valor
20.000,00.
artístico, arqueológico ou histórico:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e
antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
Alteração de local especialmente protegido contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade II – o valor das contribuições devidas, inclusive
competente, o aspecto de local especialmente protegido acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
por lei: previdência social, administrativamente, como sendo o
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se
Ação penal aplica aos casos de parcelamento de contribuições cujo
valor, inclusive dos acessórios, seja superior àquele
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu
estabelecido, administrativamente, como sendo o mínimo
parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante
para o ajuizamento de suas execuções fiscais. (2018)
queixa.
Apropriação de coisa havida por erro, caso
CAPÍTULO V
fortuito ou força da natureza
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda
Apropriação indébita
ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de
natureza:
que tem a posse ou a detenção:
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
Aumento de pena
Apropriação de tesouro
§ 1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço),
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se
quando o agente recebeu a coisa:
apropria, no todo ou em parte, da quota a que tem direito o
I - em depósito necessário;
proprietário do prédio;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico,
Apropriação de coisa achada
liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
II - quem acha coisa alheia perdida e dela se
judicial;
apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
Apropriação indébita previdenciária
Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social
se o disposto no art. 155, § 2º. (Apropriação privilegiada)
as contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo e
forma legal ou convencional:
CAPÍTULO VI
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de:
Estelionato
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra
Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem
importância destinada à previdência social que tenha sido
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo
descontada de pagamento efetuado a segurados, a
alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro
terceiros ou arrecadada do público;
meio fraudulento:
II – recolher contribuições devidas à previdência
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de
social que tenham integrado despesas contábeis ou custos
quinhentos mil réis a dez contos de réis.
relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno STF: Súmula 554 - O pagamento de cheque emitido sem provisão
valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao
disposto no art. 155, § 2º. (Estelionato privilegiado) prosseguimento da ação penal.
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: STJ: Súmula 17 - Quando o falso se exaure no estelionato, sem
Disposição de coisa alheia como própria mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação STJ: Súmula 24 - Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure
ou em garantia coisa alheia como própria; como vítima entidade autárquica da previdência social, a
qualificadora do § 3º, do art. 171 do Código Penal.
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa
própria STJ: Súmula 48 - Compete ao juízo do local da obtenção da
vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido
II - vende, permuta, dá em pagamento ou em mediante falsificação de cheque.
garantia coisa própria inalienável, gravada de ônus ou
STJ: Súmula 73 - A utilização de papel moeda grosseiramente
litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da
mediante pagamento em prestações, silenciando sobre competência da Justiça Estadual.
qualquer dessas circunstâncias; STJ: Súmula 244 - Compete ao foro do local da recusa processar
Defraudação de penhor e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de
III - defrauda, mediante alienação não consentida fundos.
pelo credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia,
quando tem a posse do objeto empenhado; Duplicata simulada
Fraude na entrega de coisa Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou
coisa que deve entregar a alguém; qualidade, ou ao serviço prestado.
Fraude para recebimento de indenização ou valor Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
de seguro multa.
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá
própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as aquele que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de
consequências da lesão ou doença, com o intuito de haver Registro de Duplicatas.
indenização ou valor de seguro;
Fraude no pagamento por meio de cheque Abuso de incapazes
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da
Fraude eletrônica alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo
§ 2º-A. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir efeito
anos, e multa, se a fraude é cometida com a utilização de jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro:
informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
a erro por meio de redes sociais, contatos telefônicos
ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por Induzimento à especulação
qualquer outro meio fraudulento análogo. (2021) Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da
§ 2º-B. A pena prevista no § 2º-A deste artigo, inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade mental de
considerada a relevância do resultado gravoso, aumenta- outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à
se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é especulação com títulos ou mercadorias, sabendo ou
praticado mediante a utilização de servidor mantido fora devendo saber que a operação é ruinosa:
do território nacional. (2021) Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
§ 3º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço), se o
crime é cometido em detrimento de entidade de direito Fraude no comércio
público ou de instituto de economia popular, assistência Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade
social ou beneficência. comercial, o adquirente ou consumidor:
Estelionato contra idoso ou vulnerável I - vendendo, como verdadeira ou perfeita,
§ 4º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, mercadoria falsificada ou deteriorada;
se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável, II - entregando uma mercadoria por outra:
considerada a relevância do resultado gravoso. (2021) Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
§ 5º Somente se procede mediante multa.
representação, salvo se a vítima for: (2019) § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a
I - a Administração Pública, direta ou indireta; qualidade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
II - criança ou adolescente; pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor;
III - pessoa com deficiência mental; ou vender pedra falsa por verdadeira; vender, como precioso,
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou metal de ou outra qualidade:
incapaz. Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
§ 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
Estelionato
Outras fraudes
STF: Súmula 246 - Comprovado não ter havido fraude, não se
configura o crime de emissão de cheque sem fundos. Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
STF: Súmula 521 - O foro competente para o processo e
hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor de
julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da recursos para efetuar o pagamento:
emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou
onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. multa.
Parágrafo único - Somente se procede mediante Receptação
representação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias, Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir
deixar de aplicar a pena. ou ocultar (Receptação própria), em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir
Fraudes e abusos na fundação ou administração (Receptação imprópria) para que terceiro, de boa-fé, a adquira,
de sociedade por ações receba ou oculte:
Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por A receptação é um crime acessório ou parasitário – depende da
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao existência de um crime anterior. Caso a infração anterior seja uma
público ou à assembleia, afirmação falsa sobre a contravenção penal, não se tipificará o crime de receptação.
constituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
fato a ela relativo: Receptação qualificada
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar,
fato não constitui crime contra a economia popular. ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender,
§ 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito
crime contra a economia popular: próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço ou Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
comunicação ao público ou à assembleia, faz afirmação § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para
falsa sobre as condições econômicas da sociedade, ou efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio
oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas irregular ou clandestino, inclusive o exercício em
relativo; residência.
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou
títulos da sociedade; pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à por meio criminoso: (Receptação culposa)
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro, dos Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da ambas as penas.
assembleia geral; § 4º - A receptação é punível, ainda que
IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo quando proveio a coisa.
a lei o permite; § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
V - o diretor ou o gerente que, como garantia de pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
crédito social, aceita em penhor ou em caução ações da deixar de aplicar a pena (Perdão judicial). Na receptação
própria sociedade; dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Receptação
VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, privilegiada).
em desacordo com este, ou mediante balanço falso, § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de
distribui lucros ou dividendos fictícios; Estado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por fundação pública, empresa pública, sociedade de
interposta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a economia mista ou empresa concessionária de serviços
aprovação de conta ou parecer; públicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e deste artigo. (2017)
VII;
IX - o representante da sociedade anônima Receptação de animal
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que pratica os Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir,
atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de
Governo. produção ou de comercialização, semovente
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido
dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter vantagem em partes, que deve saber ser produto de crime:
para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de (2016)
assembleia geral. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. (2016)
Emissão irregular de conhecimento de depósito
ou "warrant" CAPÍTULO VIII
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou DISPOSIÇÕES GERAIS
warrant, em desacordo com disposição legal: Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Imunidade
penal absoluta)
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
Fraude à execução II - de ascendente ou descendente, seja o
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou Art. 182 - Somente se procede mediante
multa. representação, se o crime previsto neste título é cometido
Parágrafo único - Somente se procede mediante em prejuízo: (Imunidade penal relativa)
queixa. I - do cônjuge desquitado ou judicialmente
separado;
CAPÍTULO VII II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
DA RECEPTAÇÃO
III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. STF: Súmula 611 - Transitada em julgado a sentença
condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei
Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos mais benigna.
anteriores: (Exclusão das imunidades)
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em Art. 622. A revisão poderá ser requerida em
geral, quando haja emprego de grave ameaça ou qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
violência à pessoa; Parágrafo único. Não será admissível a reiteração
II - ao estranho que participa do crime. do pedido, salvo se fundado em novas provas.
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. Art. 623. A revisão poderá ser pedida pelo próprio
réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso
de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.

Art. 624. As revisões criminais serão processadas


e julgadas:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às
condenações por ele proferidas;
II - pelo Tribunal Federal de Recursos, Tribunais de
Justiça ou de Alçada, nos demais casos.
01
§ 1o No Supremo Tribunal Federal e no Tribunal
Federal de Recursos o processo e julgamento obedecerão
02
ao que for estabelecido no respectivo regimento interno.
03
§ 2o Nos Tribunais de Justiça ou de Alçada, o
julgamento será efetuado pelas câmaras ou turmas
04 criminais, reunidas em sessão conjunta, quando houver
mais de uma, e, no caso contrário, pelo tribunal pleno.
05 § 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais
câmaras ou turmas criminais, poderão ser constituídos dois
06
ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento
de revisão, obedecido o que for estabelecido no respectivo
07
regimento interno.
08
Art. 625. O requerimento será distribuído a um
09
relator e a um revisor, devendo funcionar como relator um
desembargador que não tenha pronunciado decisão em
10 qualquer fase do processo.
§ 1o O requerimento será instruído com a certidão de
11 haver passado em julgado a sentença condenatória e com
as peças necessárias à comprovação dos fatos arguidos.
12
§ 2o O relator poderá determinar que se apensem os
autos originais, se daí não advier dificuldade à execução
13
normal da sentença.
14
§ 3o Se o relator julgar insuficientemente instruído o
pedido e inconveniente ao interesse da justiça que se
15
apensem os autos originais, indeferi-lo-á in limine, dando
recurso para as câmaras reunidas ou para o tribunal,
conforme o caso (art. 624, parágrafo único).
§ 4o Interposto o recurso por petição e
Decreto-Lei nº 3.689 / 1941 independentemente de termo, o relator apresentará o
processo em mesa para o julgamento e o relatará, sem
Código de Processo Penal tomar parte na discussão.
§ 5o Se o requerimento não for indeferido in limine,
abrir-se-á vista dos autos ao procurador-geral, que dará
CAPÍTULO VII parecer no prazo de dez dias. Em seguida, examinados os
DA REVISÃO autos, sucessivamente, em igual prazo, pelo relator e
Art. 621. A revisão dos processos findos será revisor, julgar-se-á o pedido na sessão que o presidente
admitida: designar.
I - quando a sentença condenatória for contrária ao
texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal
II - quando a sentença condenatória se fundar em poderá alterar a classificação da infração, absolver o réu,
depoimentos, exames ou documentos comprovadamente modificar a pena ou anular o processo.
falsos; Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas ser agravada a pena imposta pela decisão revista.
provas de inocência do condenado ou de circunstância que
determine ou autorize diminuição especial da pena.
Art. 627. A absolvição implicará o restabelecimento
de todos os direitos perdidos em virtude da condenação, Lei nº 10.741 / 2003
devendo o tribunal, se for caso, impor a medida de
segurança cabível.
Estatuto do Idoso

Art. 628. Os regimentos internos dos Tribunais de TÍTULO I


Apelação estabelecerão as normas complementares para Disposições Preliminares
o processo e julgamento das revisões criminais. Art. 1o É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a
regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual
Art. 629. À vista da certidão do acórdão que cassar ou superior a 60 (sessenta) anos.
a sentença condenatória, o juiz mandará juntá-la
imediatamente aos autos, para inteiro cumprimento da Art. 2o O idoso goza de todos os direitos
decisão. fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando- se-
Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
poderá reconhecer o direito a uma justa indenização facilidades, para preservação de sua saúde física e mental
pelos prejuízos sofridos. e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no social, em condições de liberdade e dignidade.
juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver
sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da
Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
justiça. absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde,
§ 2o A indenização não será devida: à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer,
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao
de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a respeito e à convivência familiar e comunitária.
confissão ou a ocultação de prova em seu poder; § 1º A garantia de prioridade compreende: (2017)
b) se a acusação houver sido meramente privada. I – atendimento preferencial imediato e
individualizado junto aos órgãos públicos e privados
Art. 631. Quando, no curso da revisão, falecer a prestadores de serviços à população;
pessoa, cuja condenação tiver de ser revista, o presidente II – preferência na formulação e na execução de
do tribunal nomeará curador para a defesa. políticas sociais públicas específicas;
III – destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção ao idoso;
IV – viabilização de formas alternativas de
participação, ocupação e convívio do idoso com as demais
gerações;
V – priorização do atendimento do idoso por sua
própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de condições
de manutenção da própria sobrevivência;
VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos
01
nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
serviços aos idosos;
VII – estabelecimento de mecanismos que
02

03
favoreçam a divulgação de informações de caráter
educativo sobre os aspectos biopsicossociais de
04
envelhecimento;
VIII – garantia de acesso à rede de serviços de
05 saúde e de assistência social locais.
IX – prioridade no recebimento da restituição do
06 Imposto de Renda.
§ 2º Dentre os idosos, é assegurada prioridade
07
especial aos maiores de 80 (oitenta) anos, atendendo- se
suas necessidades sempre preferencialmente em relação
08
aos demais idosos. (2017)
09
Art. 4o Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
10
negligência, discriminação, violência, crueldade ou
opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou
11 omissão, será punido na forma da lei.
§ 1o É dever de todos prevenir a ameaça ou violação
12 aos direitos do idoso.
§ 2o As obrigações previstas nesta Lei não excluem
13
da prevenção outras decorrentes dos princípios por ela
adotados.
14

15
Art. 5o A inobservância das normas de prevenção
importará em responsabilidade à pessoa física ou jurídica Art. 14. Se o idoso ou seus familiares não possuírem
nos termos da lei. condições econômicas de prover o seu sustento, impõe-
se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da
Art. 6o Todo cidadão tem o dever de comunicar à assistência social.
autoridade competente qualquer forma de violação a esta
Lei que tenha testemunhado ou de que tenha CAPÍTULO IV
conhecimento. Do Direito à Saúde
Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do
Art. 7o Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS,
Federal e Municipais do Idoso, previstos na Lei no 8.842, de garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto
4 de janeiro de 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos articulado e contínuo das ações e serviços, para a
do idoso, definidos nesta Lei. prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde,
incluindo a atenção especial às doenças que afetam
TÍTULO II preferencialmente os idosos.
Dos Direitos Fundamentais § 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso
CAPÍTULO I serão efetivadas por meio de:
Do Direito à Vida I – cadastramento da população idosa em base
Art. 8o O envelhecimento é um direito personalíssimo territorial;
e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e II – atendimento geriátrico e gerontológico em
da legislação vigente. ambulatórios;
III – unidades geriátricas de referência, com pessoal
Art. 9o É obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;
a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação,
políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento para a população que dele necessitar e esteja
saudável e em condições de dignidade. impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos
abrigados e acolhidos por instituições públicas,
CAPÍTULO II filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e
Art. 10. É obrigação do Estado e da sociedade, rural;
assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a V – reabilitação orientada pela geriatria e
dignidade, como pessoa humana e sujeito de direitos civis, gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do
políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição agravo da saúde.
e nas leis. § 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos,
§ 1o O direito à liberdade compreende, entre outros, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
os seguintes aspectos: continuado, assim como próteses, órteses e outros
I – faculdade de ir, vir e estar nos logradouros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou
públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições reabilitação.
legais; § 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos
II – opinião e expressão; de saúde pela cobrança de valores diferenciados em
III – crença e culto religioso; razão da idade.
IV – prática de esportes e de diversões; § 4o Os idosos portadores de deficiência ou com
V – participação na vida familiar e comunitária; limitação incapacitante terão atendimento especializado,
VI – participação na vida política, na forma da lei; nos termos da lei.
VII – faculdade de buscar refúgio, auxílio e § 5o É vedado exigir o comparecimento do idoso
orientação. enfermo perante os órgãos públicos, hipótese na qual será
§ 2o O direito ao respeito consiste na inviolabilidade admitido o seguinte procedimento:
da integridade física, psíquica e moral, abrangendo a I - quando de interesse do poder público, o agente
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, de promoverá o contato necessário com o idoso em sua
valores, ideias e crenças, dos espaços e dos objetos residência; ou
pessoais. II - quando de interesse do próprio idoso, este se fará
§ 3o É dever de todos zelar pela dignidade do idoso, representar por procurador legalmente constituído.
colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano, § 6o É assegurado ao idoso enfermo o atendimento
violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. domiciliar pela perícia médica do Instituto Nacional do
Seguro Social - INSS, pelo serviço público de saúde ou
CAPÍTULO III pelo serviço privado de saúde, contratado ou conveniado,
Dos Alimentos que integre o Sistema Único de Saúde - SUS, para
Art. 11. Os alimentos serão prestados ao idoso na expedição do laudo de saúde necessário ao exercício de
forma da lei civil. seus direitos sociais e de isenção tributária.
§ 7º Em todo atendimento de saúde, os maiores de
Art. 12. A obrigação alimentar é solidária, podendo o 80 (oitenta) anos terão preferência especial sobre os
idoso optar entre os prestadores. demais idosos, exceto em caso de emergência. (2017)

Art. 13. As transações relativas a alimentos poderão Art. 16. Ao idoso internado ou em observação é
ser celebradas perante o Promotor de Justiça ou Defensor assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão
Público, que as referendará, e passarão a ter efeito de título de saúde proporcionar as condições adequadas para a
executivo extrajudicial nos termos da lei processual civil.
sua permanência em tempo integral, segundo o critério Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de
médico. ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao
Parágrafo único. Caberá ao profissional de saúde processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização
responsável pelo tratamento conceder autorização para o do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir
acompanhamento do idoso ou, no caso de impossibilidade, conhecimentos sobre a matéria.
justificá-la por escrito.
Art. 23. A participação dos idosos em atividades
Art. 17. Ao idoso que esteja no domínio de suas culturais e de lazer será proporcionada mediante
faculdades mentais é assegurado o direito de optar pelo descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos
tratamento de saúde que lhe for reputado mais favorável. ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de
Parágrafo único. Não estando o idoso em condições lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos
de proceder à opção, esta será feita: locais.
I – pelo curador, quando o idoso for interditado;
II – pelos familiares, quando o idoso não tiver Art. 24. Os meios de comunicação manterão
curador ou este não puder ser contactado em tempo hábil; espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com
III – pelo médico, quando ocorrer iminente risco de finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao
vida e não houver tempo hábil para consulta a curador ou público sobre o processo de envelhecimento.
familiar;
IV – pelo próprio médico, quando não houver curador Art. 25. As instituições de educação superior
ou familiar conhecido, caso em que deverá comunicar o ofertarão às pessoas idosas, na perspectiva da educação
fato ao Ministério Público. ao longo da vida, cursos e programas de extensão,
presenciais ou a distância, constituídos por atividades
Art. 18. As instituições de saúde devem atender aos formais e não formais. (2017)
critérios mínimos para o atendimento às necessidades do Parágrafo único. O poder público apoiará a criação de
idoso, promovendo o treinamento e a capacitação dos universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará
profissionais, assim como orientação a cuidadores a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão
familiares e grupos de auto-ajuda. editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura,
considerada a natural redução da capacidade visual. (2017)
Art. 19. Os casos de suspeita ou confirmação de
violência praticada contra idosos serão objeto de CAPÍTULO VI
notificação compulsória pelos serviços de saúde Da Profissionalização e do Trabalho
públicos e privados à autoridade sanitária, bem como serão Art. 26. O idoso tem direito ao exercício de atividade
obrigatoriamente comunicados por eles a quaisquer dos profissional, respeitadas suas condições físicas,
seguintes órgãos: intelectuais e psíquicas.
I – autoridade policial;
II – Ministério Público; Art. 27. Na admissão do idoso em qualquer trabalho
III – Conselho Municipal do Idoso; ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de
IV – Conselho Estadual do Idoso; limite máximo de idade, inclusive para concursos,
V – Conselho Nacional do Idoso. ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.
§ 1o Para os efeitos desta Lei, considera-se violência Parágrafo único. O primeiro critério de desempate
contra o idoso qualquer ação ou omissão praticada em em concurso público será a idade, dando-se preferência
local público ou privado que lhe cause morte, dano ou ao de idade mais elevada.
sofrimento físico ou psicológico.
§ 2o Aplica-se, no que couber, à notificação Art. 28. O Poder Público criará e estimulará
compulsória prevista no caput deste artigo, o disposto na programas de:
Lei no 6.259, de 30 de outubro de 1975. I – profissionalização especializada para os idosos,
aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades
CAPÍTULO V regulares e remuneradas;
Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer II – preparação dos trabalhadores para a
Art. 20. O idoso tem direito a educação, cultura, aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano,
esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços por meio de estímulo a novos projetos sociais, conforme
que respeitem sua peculiar condição de idade. seus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos
sociais e de cidadania;
Art. 21. O Poder Público criará oportunidades de III – estímulo às empresas privadas para admissão de
acesso do idoso à educação, adequando currículos, idosos ao trabalho.
metodologias e material didático aos programas
educacionais a ele destinados. CAPÍTULO VII
§ 1o Os cursos especiais para idosos incluirão Da Previdência Social
conteúdo relativo às técnicas de comunicação, Art. 29. Os benefícios de aposentadoria e pensão do
computação e demais avanços tecnológicos, para sua Regime Geral da Previdência Social observarão, na sua
integração à vida moderna. concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real
§ 2o Os idosos participarão das comemorações de dos salários sobre os quais incidiram contribuição, nos
caráter cívico ou cultural, para transmissão de termos da legislação vigente.
conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido Parágrafo único. Os valores dos benefícios em
da preservação da memória e da identidade culturais. manutenção serão reajustados na mesma data de reajuste
do salário-mínimo, pro rata, de acordo com suas
respectivas datas de início ou do seu último reajustamento, CAPÍTULO IX
com base em percentual definido em regulamento, Da Habitação
observados os critérios estabelecidos pela Lei no 8.213, Art. 37. O idoso tem direito a moradia digna, no seio
de 24 de julho de 1991. da família natural ou substituta, ou desacompanhado de
seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em
Art. 30. A perda da condição de segurado não será instituição pública ou privada.
considerada para a concessão da aposentadoria por idade, § 1o A assistência integral na modalidade de entidade
desde que a pessoa conte com, no mínimo, o tempo de de longa permanência será prestada quando verificada
contribuição correspondente ao exigido para efeito de inexistência de grupo familiar, casa-lar, abandono ou
carência na data de requerimento do benefício. carência de recursos financeiros próprios ou da família.
Parágrafo único. O cálculo do valor do benefício § 2o Toda instituição dedicada ao atendimento ao
previsto no caput observará o disposto no caput e § 2 o do idoso fica obrigada a manter identificação externa visível,
art. 3o da Lei no 9.876, de 26 de novembro de 1999, ou, não sob pena de interdição, além de atender toda a legislação
havendo salários-de-contribuição recolhidos a partir da pertinente.
competência de julho de 1994, o disposto no art. 35 da Lei § 3o As instituições que abrigarem idosos são
no 8.213, de 1991. obrigadas a manter padrões de habitação compatíveis com
as necessidades deles, bem como provê-los com
Art. 31. O pagamento de parcelas relativas a alimentação regular e higiene indispensáveis às normas
benefícios, efetuado com atraso por responsabilidade da sanitárias e com estas condizentes, sob as penas da lei.
Previdência Social, será atualizado pelo mesmo índice
utilizado para os reajustamentos dos benefícios do Regime Art. 38. Nos programas habitacionais, públicos ou
Geral de Previdência Social, verificado no período subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de
compreendido entre o mês que deveria ter sido pago e o prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria,
mês do efetivo pagamento. observado o seguinte:
I - reserva de pelo menos 3% (três por cento) das
Art. 32. O Dia Mundial do Trabalho, 1o de Maio, é a unidades habitacionais residenciais para atendimento aos
data-base dos aposentados e pensionistas. idosos;
II – implantação de equipamentos urbanos
CAPÍTULO VIII comunitários voltados ao idoso;
Da Assistência Social III – eliminação de barreiras arquitetônicas e
Art. 33. A assistência social aos idosos será urbanísticas, para garantia de acessibilidade ao idoso;
prestada, de forma articulada, conforme os princípios e IV – critérios de financiamento compatíveis com os
diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, rendimentos de aposentadoria e pensão.
na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde Parágrafo único. As unidades residenciais
e demais normas pertinentes. reservadas para atendimento a idosos devem situar-se,
preferencialmente, no pavimento térreo.
Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco)
anos, que não possuam meios para prover sua CAPÍTULO X
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é Do Transporte
assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário- Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos
mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos
– Loas. públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços
Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos
membro da família nos termos do caput não será serviços regulares.
computado para os fins do cálculo da renda familiar per § 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso
capita a que se refere a Loas. apresente qualquer documento pessoal que faça prova
de sua idade.
Art. 35. Todas as entidades de longa permanência, ou § 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata
casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos
serviços com a pessoa idosa abrigada. assentos para os idosos, devidamente identificados com a
§ 1o No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é placa de reservado preferencialmente para idosos.
facultada a cobrança de participação do idoso no custeio § 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa
da entidade. etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos,
§ 2o O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho ficará a critério da legislação local dispor sobre as
Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de condições para exercício da gratuidade nos meios de
participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a transporte previstos no caput deste artigo.
70% (setenta por cento) de qualquer benefício
previdenciário ou de assistência social percebido pelo Art. 40. No sistema de transporte coletivo
idoso. interestadual observar-se-á, nos termos da legislação
§ 3o Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu específica:
representante legal firmar o contrato a que se refere o I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por
caput deste artigo. veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois)
salários-mínimos;
Art. 36. O acolhimento de idosos em situação de risco II – desconto de 50% (cinquenta por cento), no
social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a mínimo, no valor das passagens, para os idosos que
dependência econômica, para os efeitos legais. excederem as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior
a 2 (dois) salários-mínimos.
Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes III – serviços especiais de prevenção e atendimento
definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, abuso,
direitos previstos nos incisos I e II. crueldade e opressão;
IV – serviço de identificação e localização de
Art. 41. É assegurada a reserva, para os idosos, nos parentes ou responsáveis por idosos abandonados em
termos da lei local, de 5% (cinco por cento) das vagas nos hospitais e instituições de longa permanência;
estacionamentos públicos e privados, as quais deverão V – proteção jurídico-social por entidades de defesa
ser posicionadas de forma a garantir a melhor comodidade dos direitos dos idosos;
ao idoso. VI – mobilização da opinião pública no sentido da
participação dos diversos segmentos da sociedade no
Art. 42. São asseguradas a prioridade e a segurança atendimento do idoso.
do idoso nos procedimentos de embarque e desembarque
nos veículos do sistema de transporte coletivo. CAPÍTULO II
Das Entidades de Atendimento ao Idoso
TÍTULO III Art. 48. As entidades de atendimento são
Das Medidas de Proteção responsáveis pela manutenção das próprias unidades,
CAPÍTULO I observadas as normas de planejamento e execução
Das Disposições Gerais emanadas do órgão competente da Política Nacional do
Art. 43. As medidas de proteção ao idoso são Idoso, conforme a Lei no 8.842, de 1994.
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei Parágrafo único. As entidades governamentais e
forem ameaçados ou violados: não-governamentais de assistência ao idoso ficam sujeitas
I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; à inscrição de seus programas, junto ao órgão competente
II – por falta, omissão ou abuso da família, curador ou da Vigilância Sanitária e Conselho Municipal da Pessoa
entidade de atendimento; Idosa, e em sua falta, junto ao Conselho Estadual ou
III – em razão de sua condição pessoal. Nacional da Pessoa Idosa, especificando os regimes de
atendimento, observados os seguintes requisitos:
CAPÍTULO II I – oferecer instalações físicas em condições
Das Medidas Específicas de Proteção adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas segurança;
nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou II – apresentar objetivos estatutários e plano de
cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que trabalho compatíveis com os princípios desta Lei;
se destinam e o fortalecimento dos vínculos familiares e III – estar regularmente constituída;
comunitários. IV – demonstrar a idoneidade de seus dirigentes.

Art. 45. Verificada qualquer das hipóteses previstas Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de
no art. 43, o Ministério Público ou o Poder Judiciário, a institucionalização de longa permanência adotarão os
requerimento daquele, poderá determinar, dentre outras, seguintes princípios:
as seguintes medidas: I – preservação dos vínculos familiares;
I – encaminhamento à família ou curador, mediante II – atendimento personalizado e em pequenos
termo de responsabilidade; grupos;
II – orientação, apoio e acompanhamento III – manutenção do idoso na mesma instituição,
temporários; salvo em caso de força maior;
III – requisição para tratamento de sua saúde, em IV – participação do idoso nas atividades
regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar; comunitárias, de caráter interno e externo;
IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de V – observância dos direitos e garantias dos idosos;
auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de VI – preservação da identidade do idoso e
drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.
sua convivência que lhe cause perturbação; Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora
V – abrigo em entidade; de atendimento ao idoso responderá civil e criminalmente
VI – abrigo temporário. pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem
prejuízo das sanções administrativas.
TÍTULO IV
Da Política de Atendimento ao Idoso Art. 50. Constituem obrigações das entidades de
CAPÍTULO I atendimento:
Disposições Gerais I – celebrar contrato escrito de prestação de serviço
Art. 46. A política de atendimento ao idoso far-se-á com o idoso, especificando o tipo de atendimento, as
por meio do conjunto articulado de ações governamentais obrigações da entidade e prestações decorrentes do
e não-governamentais da União, dos Estados, do Distrito contrato, com os respectivos preços, se for o caso;
Federal e dos Municípios. II – observar os direitos e as garantias de que são
titulares os idosos;
Art. 47. São linhas de ação da política de III – fornecer vestuário adequado, se for pública, e
atendimento: alimentação suficiente;
I – políticas sociais básicas, previstas na Lei IV – oferecer instalações físicas em condições
no 8.842, de 4 de janeiro de 1994; adequadas de habitabilidade;
II – políticas e programas de assistência social, em V – oferecer atendimento personalizado;
caráter supletivo, para aqueles que necessitarem; VI – diligenciar no sentido da preservação dos
vínculos familiares;
VII – oferecer acomodações apropriadas para c) suspensão parcial ou total do repasse de verbas
recebimento de visitas; públicas;
VIII – proporcionar cuidados à saúde, conforme a d) interdição de unidade ou suspensão de programa;
necessidade do idoso; e) proibição de atendimento a idosos a bem do
IX – promover atividades educacionais, esportivas, interesse público.
culturais e de lazer; § 1o Havendo danos aos idosos abrigados ou
X – propiciar assistência religiosa àqueles que qualquer tipo de fraude em relação ao programa, caberá o
desejarem, de acordo com suas crenças; afastamento provisório dos dirigentes ou a interdição da
XI – proceder a estudo social e pessoal de cada unidade e a suspensão do programa.
caso; § 2o A suspensão parcial ou total do repasse de
XII – comunicar à autoridade competente de saúde verbas públicas ocorrerá quando verificada a má aplicação
toda ocorrência de idoso portador de doenças infecto- ou desvio de finalidade dos recursos.
contagiosas; § 3o Na ocorrência de infração por entidade de
XIII – providenciar ou solicitar que o Ministério atendimento, que coloque em risco os direitos assegurados
Público requisite os documentos necessários ao exercício nesta Lei, será o fato comunicado ao Ministério Público,
da cidadania àqueles que não os tiverem, na forma da lei; para as providências cabíveis, inclusive para promover a
XIV – fornecer comprovante de depósito dos bens suspensão das atividades ou dissolução da entidade, com
móveis que receberem dos idosos; a proibição de atendimento a idosos a bem do interesse
XV – manter arquivo de anotações onde constem público, sem prejuízo das providências a serem tomadas
data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, pela Vigilância Sanitária.
responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus § 4o Na aplicação das penalidades, serão
pertences, bem como o valor de contribuições, e suas consideradas a natureza e a gravidade da infração
alterações, se houver, e demais dados que possibilitem sua cometida, os danos que dela provierem para o idoso, as
identificação e a individualização do atendimento; circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
XVI – comunicar ao Ministério Público, para as antecedentes da entidade.
providências cabíveis, a situação de abandono moral ou
material por parte dos familiares; CAPÍTULO IV
XVII – manter no quadro de pessoal profissionais Das Infrações Administrativas
com formação específica. Art. 56. Deixar a entidade de atendimento de cumprir
as determinações do art. 50 desta Lei:
Art. 51. As instituições filantrópicas ou sem fins Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
lucrativos prestadoras de serviço ao idoso terão direito à 3.000,00 (três mil reais), se o fato não for caracterizado
assistência judiciária gratuita. como crime, podendo haver a interdição do
estabelecimento até que sejam cumpridas as exigências
CAPÍTULO III legais.
Da Fiscalização das Entidades de Atendimento Parágrafo único. No caso de interdição do
Art. 52. As entidades governamentais e não- estabelecimento de longa permanência, os idosos
governamentais de atendimento ao idoso serão abrigados serão transferidos para outra instituição, a
fiscalizadas pelos Conselhos do Idoso, Ministério Público, expensas do estabelecimento interditado, enquanto durar
Vigilância Sanitária e outros previstos em lei. a interdição.

Art. 53. O art. 7o da Lei no 8.842, de 1994, passa a Art. 57. Deixar o profissional de saúde ou o
vigorar com a seguinte redação: responsável por estabelecimento de saúde ou instituição
"Art. 7o Compete aos Conselhos de que trata o art. 6o de longa permanência de comunicar à autoridade
desta Lei a supervisão, o acompanhamento, a fiscalização competente os casos de crimes contra idoso de que tiver
e a avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das conhecimento:
respectivas instâncias político- administrativas." (NR) Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
3.000,00 (três mil reais), aplicada em dobro no caso de
Art. 54. Será dada publicidade das prestações de reincidência.
contas dos recursos públicos e privados recebidos pelas Art. 58. Deixar de cumprir as determinações desta Lei
entidades de atendimento. sobre a prioridade no atendimento ao idoso:
Pena – multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
Art. 55. As entidades de atendimento que 1.000,00 (um mil reais) e multa civil a ser estipulada pelo
descumprirem as determinações desta Lei ficarão sujeitas, juiz, conforme o dano sofrido pelo idoso.
sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal de seus
dirigentes ou prepostos, às seguintes penalidades, CAPÍTULO V
observado o devido processo legal: Da Apuração Administrativa de Infração às
I – as entidades governamentais: Normas de Proteção ao Idoso
a) advertência; Art. 59. Os valores monetários expressos no Capítulo
b) afastamento provisório de seus dirigentes; IV serão atualizados anualmente, na forma da lei.
c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
d) fechamento de unidade ou interdição de Art. 60. O procedimento para a imposição de
programa; penalidade administrativa por infração às normas de
II – as entidades não-governamentais: proteção ao idoso terá início com requisição do Ministério
a) advertência; Público ou auto de infração elaborado por servidor
b) multa; efetivo e assinado, se possível, por duas testemunhas.
§ 1o No procedimento iniciado com o auto de infração § 3o Antes de aplicar qualquer das medidas, a
poderão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das
a natureza e as circunstâncias da infração. irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o
§ 2o Sempre que possível, à verificação da infração processo será extinto, sem julgamento do mérito.
seguir-se-á a lavratura do auto, ou este será lavrado dentro § 4o A multa e a advertência serão impostas ao
de 24 (vinte e quatro) horas, por motivo justificado. dirigente da entidade ou ao responsável pelo programa de
atendimento.
Art. 61. O autuado terá prazo de 10 (dez) dias para a
apresentação da defesa, contado da data da intimação, TÍTULO V
que será feita: Do Acesso à Justiça
I – pelo autuante, no instrumento de autuação, CAPÍTULO I
quando for lavrado na presença do infrator; Disposições Gerais
II – por via postal, com aviso de recebimento. Art. 69. Aplica-se, subsidiariamente, às disposições
deste Capítulo, o procedimento sumário previsto no Código
Art. 62. Havendo risco para a vida ou à saúde do de Processo Civil, naquilo que não contrarie os prazos
idoso, a autoridade competente aplicará à entidade de previstos nesta Lei.
atendimento as sanções regulamentares, sem prejuízo da
iniciativa e das providências que vierem a ser adotadas Art. 70. O Poder Público poderá criar varas
pelo Ministério Público ou pelas demais instituições especializadas e exclusivas do idoso.
legitimadas para a fiscalização.
Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos
Art. 63. Nos casos em que não houver risco para a processos e procedimentos e na execução dos atos e
vida ou a saúde da pessoa idosa abrigada, a autoridade diligências judiciais em que figure como parte ou
competente aplicará à entidade de atendimento as sanções interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60
regulamentares, sem prejuízo da iniciativa e das (sessenta) anos, em qualquer instância.
providências que vierem a ser adotadas pelo Ministério § 1o O interessado na obtenção da prioridade a que
Público ou pelas demais instituições legitimadas para a alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o
fiscalização. benefício à autoridade judiciária competente para decidir
o feito, que determinará as providências a serem
CAPÍTULO VI cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível
Da Apuração Judicial de Irregularidades em Entidade nos autos do processo.
de Atendimento § 2o A prioridade não cessará com a morte do
Art. 64. Aplicam-se, subsidiariamente, ao beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge
procedimento administrativo de que trata este Capítulo as supérstite, companheiro ou companheira, com união
disposições das Leis nos 6.437, de 20 de agosto de 1977, e estável, maior de 60 (sessenta) anos.
9.784, de 29 de janeiro de 1999. § 3o A prioridade se estende aos processos e
procedimentos na Administração Pública, empresas
Art. 65. O procedimento de apuração de prestadoras de serviços públicos e instituições financeiras,
irregularidade em entidade governamental e não- ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da
governamental de atendimento ao idoso terá início União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos
mediante petição fundamentada de pessoa interessada ou Serviços de Assistência Judiciária.
iniciativa do Ministério Público. § 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao
idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados
Art. 66. Havendo motivo grave, poderá a autoridade com a destinação a idosos em local visível e caracteres
judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar legíveis.
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da § 5º Dentre os processos de idosos, dar-se-á
entidade ou outras medidas que julgar adequadas, para prioridade especial aos maiores de 80 (oitenta) anos.
evitar lesão aos direitos do idoso, mediante decisão (2017)
fundamentada.
CAPÍTULO II
Art. 67. O dirigente da entidade será citado para, no Do Ministério Público
prazo de 10 (dez) dias, oferecer resposta escrita, podendo Art. 72. (VETADO)
juntar documentos e indicar as provas a produzir.
Art. 73. As funções do Ministério Público, previstas
Art. 68. Apresentada a defesa, o juiz procederá na nesta Lei, serão exercidas nos termos da respectiva Lei
conformidade do art. 69 ou, se necessário, designará Orgânica.
audiência de instrução e julgamento, deliberando sobre a
necessidade de produção de outras provas. Art. 74. Compete ao Ministério Público:
§ 1o Salvo manifestação em audiência, as partes e o I – instaurar o inquérito civil e a ação civil pública
Ministério Público terão 5 (cinco) dias para oferecer para a proteção dos direitos e interesses difusos ou
alegações finais, decidindo a autoridade judiciária em igual coletivos, individuais indisponíveis e individuais
prazo. homogêneos do idoso;
§ 2o Em se tratando de afastamento provisório ou II – promover e acompanhar as ações de alimentos,
definitivo de dirigente de entidade governamental, a de interdição total ou parcial, de designação de curador
autoridade judiciária oficiará a autoridade administrativa especial, em circunstâncias que justifiquem a medida e
imediatamente superior ao afastado, fixando-lhe prazo de oficiar em todos os feitos em que se discutam os direitos de
24 (vinte e quatro) horas para proceder à substituição. idosos em condições de risco;
III – atuar como substituto processual do idoso em Art. 79. Regem-se pelas disposições desta Lei as
situação de risco, conforme o disposto no art. 43 desta Lei; ações de responsabilidade por ofensa aos direitos
IV – promover a revogação de instrumento assegurados ao idoso, referentes à omissão ou ao
procuratório do idoso, nas hipóteses previstas no art. 43 oferecimento insatisfatório de:
desta Lei, quando necessário ou o interesse público I – acesso às ações e serviços de saúde;
justificar; II – atendimento especializado ao idoso portador de
V – instaurar procedimento administrativo e, para deficiência ou com limitação incapacitante;
instruí-lo: III – atendimento especializado ao idoso portador de
a) expedir notificações, colher depoimentos ou doença infecto-contagiosa;
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento IV – serviço de assistência social visando ao amparo
injustificado da pessoa notificada, requisitar condução do idoso.
coercitiva, inclusive pela Polícia Civil ou Militar; Parágrafo único. As hipóteses previstas neste artigo
b) requisitar informações, exames, perícias e não excluem da proteção judicial outros interesses difusos,
documentos de autoridades municipais, estaduais e coletivos, individuais indisponíveis ou homogêneos,
federais, da administração direta e indireta, bem como próprios do idoso, protegidos em lei.
promover inspeções e diligências investigatórias;
c) requisitar informações e documentos particulares Art. 80. As ações previstas neste Capítulo serão
de instituições privadas; propostas no foro do domicílio do idoso, cujo juízo terá
VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
investigatórias e a instauração de inquérito policial, as competências da Justiça Federal e a competência
para a apuração de ilícitos ou infrações às normas de originária dos Tribunais Superiores.
proteção ao idoso;
VII – zelar pelo efetivo respeito aos direitos e Art. 81. Para as ações cíveis fundadas em interesses
garantias legais assegurados ao idoso, promovendo as difusos, coletivos, individuais indisponíveis ou
medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; homogêneos, consideram-se legitimados,
VIII – inspecionar as entidades públicas e concorrentemente:
particulares de atendimento e os programas de que trata I – o Ministério Público;
esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou II – a União, os Estados, o Distrito Federal e os
judiciais necessárias à remoção de irregularidades Municípios;
porventura verificadas; III – a Ordem dos Advogados do Brasil;
IX – requisitar força policial, bem como a IV – as associações legalmente constituídas há pelo
colaboração dos serviços de saúde, educacionais e de menos 1 (um) ano e que incluam entre os fins institucionais
assistência social, públicos, para o desempenho de suas a defesa dos interesses e direitos da pessoa idosa,
atribuições; dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia
X – referendar transações envolvendo interesses e autorização estatutária.
direitos dos idosos previstos nesta Lei. § 1o Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os
§ 1o A legitimação do Ministério Público para as ações Ministérios Públicos da União e dos Estados na defesa dos
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas interesses e direitos de que cuida esta Lei.
mesmas hipóteses, segundo dispuser a lei. § 2o Em caso de desistência ou abandono da ação por
§ 2o As atribuições constantes deste artigo não associação legitimada, o Ministério Público ou outro
excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade e legitimado deverá assumir a titularidade ativa.
atribuições do Ministério Público.
§ 3o O representante do Ministério Público, no Art. 82. Para defesa dos interesses e direitos
exercício de suas funções, terá livre acesso a toda entidade protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies
de atendimento ao idoso. de ação pertinentes.
Parágrafo único. Contra atos ilegais ou abusivos de
Art. 75. Nos processos e procedimentos em que não autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na exercício de atribuições de Poder Público, que lesem
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá ação
hipóteses em que terá vista dos autos depois das partes, mandamental, que se regerá pelas normas da lei do
podendo juntar documentos, requerer diligências e mandado de segurança.
produção de outras provas, usando os recursos cabíveis.
Art. 83. Na ação que tenha por objeto o cumprimento
Art. 76. A intimação do Ministério Público, em de obrigação de fazer ou não-fazer, o juiz concederá a
qualquer caso, será feita pessoalmente. tutela específica da obrigação ou determinará providências
que assegurem o resultado prático equivalente ao
Art. 77. A falta de intervenção do Ministério Público adimplemento.
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício § 1o Sendo relevante o fundamento da demanda e
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado. havendo justificado receio de ineficácia do provimento final,
é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
CAPÍTULO III justificação prévia, na forma do art. 273 do Código de
Da Proteção Judicial dos Interesses Difusos, Processo Civil.
Coletivos e Individuais Indisponíveis ou Homogêneos § 2o O juiz poderá, na hipótese do § 1o ou na
Art. 78. As manifestações processuais do sentença, impor multa diária ao réu, independentemente do
representante do Ministério Público deverão ser pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a
fundamentadas. obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
preceito.
§ 3o A multa só será exigível do réu após o trânsito em Conselho Superior do Ministério Público ou à Câmara de
julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida Coordenação e Revisão do Ministério Público.
desde o dia em que se houver configurado. § 3o Até que seja homologado ou rejeitado o
arquivamento, pelo Conselho Superior do Ministério
Art. 84. Os valores das multas previstas nesta Lei Público ou por Câmara de Coordenação e Revisão do
reverterão ao Fundo do Idoso, onde houver, ou na falta Ministério Público, as associações legitimadas poderão
deste, ao Fundo Municipal de Assistência Social, ficando apresentar razões escritas ou documentos, que serão
vinculados ao atendimento ao idoso. juntados ou anexados às peças de informação.
Parágrafo único. As multas não recolhidas até 30 § 4o Deixando o Conselho Superior ou a Câmara de
(trinta) dias após o trânsito em julgado da decisão serão Coordenação e Revisão do Ministério Público de
exigidas por meio de execução promovida pelo Ministério homologar a promoção de arquivamento, será designado
Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciativa aos outro membro do Ministério Público para o ajuizamento da
demais legitimados em caso de inércia daquele. ação.

Art. 85. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos TÍTULO VI


recursos, para evitar dano irreparável à parte. Dos Crimes
CAPÍTULO I
Art. 86. Transitada em julgado a sentença que Disposições Gerais
impuser condenação ao Poder Público, o juiz determinará Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber,
a remessa de peças à autoridade competente, para as disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
apuração da responsabilidade civil e administrativa do
agente a que se atribua a ação ou omissão. Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena
máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)
Art. 87. Decorridos 60 (sessenta) dias do trânsito em anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de
julgado da sentença condenatória favorável ao idoso sem 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que
que o autor lhe promova a execução, deverá fazê-lo o couber, as disposições do Código Penal e do Código de
Ministério Público, facultada, igual iniciativa aos demais Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)
legitimados, como assistentes ou assumindo o pólo ativo,  Juizados Especiais Cíveis e Criminais
em caso de inércia desse órgão. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 39 E
94 DA LEI 10.741/2003 (ESTATUTO DO IDOSO). RESTRIÇÃO À
Art. 88. Nas ações de que trata este Capítulo, não GRATUIDADE DO TRANSPORTE COLETIVO. SERVIÇOS DE
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários TRANSPORTE SELETIVOS E ESPECIAIS. APLICABILIDADE
periciais e quaisquer outras despesas. DOS PROCEDIMENTOS PREVISTOS NA LEI 9.099/1995 AOS
Parágrafo único. Não se imporá sucumbência ao CRIMES COMETIDOS CONTRA IDOSOS.
Ministério Público. 1. No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade
3.768/DF, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional o art.
39 da Lei nº 10.741/2003. Não conhecimento da ação direta de
Art. 89. Qualquer pessoa poderá, e o servidor inconstitucionalidade nessa parte.
deverá, provocar a iniciativa do Ministério Público, 2. Art. 94 da Lei n. 10.741/2003: interpretação conforme à
prestando-lhe informações sobre os fatos que constituam Constituição do Brasil, com redução de texto, para suprimir a
objeto de ação civil e indicando-lhe os elementos de expressão “do Código Penal e”. Aplicação apenas do
convicção. procedimento sumaríssimo previsto na Lei nº 9.099/95: benefício
do idoso com a celeridade processual. Impossibilidade de
Art. 90. Os agentes públicos em geral, os juízes e aplicação de quaisquer medidas despenalizadoras e de
interpretação benéfica ao autor do crime.
tribunais, no exercício de suas funções, quando tiverem
3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada parcialmente
conhecimento de fatos que possam configurar crime de procedente para dar interpretação conforme à Constituição do
ação pública contra idoso ou ensejar a propositura de Brasil, com redução de texto, ao art. 94 da Lei nº 10.741/2003.
ação para sua defesa, devem encaminhar as peças ADIN 3.096-5 STF
pertinentes ao Ministério Público, para as providências
cabíveis. CAPÍTULO II
Dos Crimes em Espécie
Art. 91. Para instruir a petição inicial, o interessado Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
poderá requerer às autoridades competentes as certidões penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os
e informações que julgar necessárias, que serão arts. 181 e 182 do Código Penal.
fornecidas no prazo de 10 (dez) dias.
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou
Art. 92. O Ministério Público poderá instaurar sob sua dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios
presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro
pessoa, organismo público ou particular, certidões, meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, por motivo de idade:
o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
§ 1o Se o órgão do Ministério Público, esgotadas multa.
todas as diligências, se convencer da inexistência de § 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar,
fundamento para a propositura da ação civil ou de peças humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
informativas, determinará o seu arquivamento, fazendo-o qualquer motivo.
fundamentadamente. § 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a
§ 2o Os autos do inquérito civil ou as peças de vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade
informação arquivados serão remetidos, sob pena de se do agente.
incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao
Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e
quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de multa.
iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua
assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de
casos, o socorro de autoridade pública: comunicação, informações ou imagens depreciativas ou
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e injuriosas à pessoa do idoso:
multa. Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de
triplicada, se resulta a morte. seus atos a outorgar procuração para fins de administração
de bens ou deles dispor livremente:
Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres,
ou não prover suas necessidades básicas, quando Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar,
obrigado por lei ou mandado: contratar, testar ou outorgar procuração:
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
multa.
Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, sem discernimento de seus atos, sem a devida
física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições representação legal:
desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou
sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: TÍTULO VII
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e Disposições Finais e Transitórias
multa. Art. 109. Impedir ou embaraçar ato do representante
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza do Ministério Público ou de qualquer outro agente
grave: fiscalizador:
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e
§ 2o Se resulta a morte: multa.
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 110. O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 1940, Código Penal, passa a vigorar com as seguintes
(seis) meses a 1 (um) ano e multa: alterações:...
I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo
público por motivo de idade; Art. 111. O O art. 21 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de
II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego outubro de 1941, Lei das Contravenções Penais, passa a
ou trabalho; vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:...
III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou
deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a Art. 112. O inciso II do § 4o do art. 1o da Lei no 9.455,
pessoa idosa; de 7 de abril de 1997, passa a vigorar com a seguinte
IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo redação:...
motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação civil
a que alude esta Lei; Art. 113. O inciso III do art. 18 da Lei no 6.368, de 21
V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos de outubro de 1976, passa a vigorar com a seguinte
indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei, redação:...
quando requisitados pelo Ministério Público.
Art. 114. O art 1º da Lei no 10.048, de 8 de novembro
Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação:
justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas "Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos
ações em que for parte ou interveniente o idoso: com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por
multa. crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos
desta Lei." (NR)
Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens,
proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do Art. 115. O Orçamento da Seguridade Social
idoso, dando-lhes aplicação diversa da de sua finalidade: destinará ao Fundo Nacional de Assistência Social, até que
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa. o Fundo Nacional do Idoso seja criado, os recursos
necessários, em cada exercício financeiro, para aplicação
Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do em programas e ações relativos ao idoso.
idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar
procuração à entidade de atendimento: Art. 116. Serão incluídos nos censos demográficos
Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e dados relativos à população idosa do País.
multa.
Art. 117. O Poder Executivo encaminhará ao
Art. 104. Reter o cartão magnético de conta Congresso Nacional projeto de lei revendo os critérios de
bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do concessão do Benefício de Prestação Continuada previsto
idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo na Lei Orgânica da Assistência Social, de forma a garantir
de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:
que o acesso ao direito seja condizente com o estágio de
desenvolvimento sócio-econômico alcançado pelo País.

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b) a promoção por merecimento pressupõe 2 (dois)
Constituição da República Federativa anos de exercício na respectiva entrância e integrar o juiz
a primeira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo
do Brasil de 1988 se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar vago;
c) aferição do merecimento conforme o
desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e
CAPÍTULO III presteza no exercício da jurisdição e pela frequência e
DO PODER JUDICIÁRIO aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de
Seção I aperfeiçoamento;
DISPOSIÇÕES GERAIS d) na apuração de antiguidade, o tribunal somente
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado
I - o Supremo Tribunal Federal; de 2/3 (dois terços) de seus membros, conforme
I-A o Conselho Nacional de Justiça; procedimento próprio, e assegurada ampla defesa,
repetindo-se a votação até fixar-se a indicação;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
e) não será promovido o juiz que,
II-A - o Tribunal Superior do Trabalho; (2016) injustificadamente, retiver autos em seu poder além do
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o
Federais; devido despacho ou decisão;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho; III o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais; por antiguidade e merecimento, alternadamente, apurados
VI - os Tribunais e Juízes Militares; na última ou única entrância;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito IV previsão de cursos oficiais de preparação,
Federal e Territórios. aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo
etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a
Apesar de o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ser órgão do participação em curso oficial ou reconhecido por escola
Poder Judiciário, ele não possui competência jurisdicional.
nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados;
§ 1º O Supremo Tribunal Federal, o Conselho
V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais
Nacional de Justiça e os Tribunais Superiores têm sede na Superiores corresponderá a 95% (noventa e cinco por
Capital Federal.
cento) do subsídio mensal fixado para os Ministros do
§ 2º O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais
Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível
federal e estadual, conforme as respectivas categorias da
estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre
uma e outra ser superior a 10% (dez por cento) ou inferior
a 5% (cinco por cento), nem exceder a 95% (noventa e
cinco por cento) do subsídio mensal dos Ministros dos
Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o
disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º;
VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de
seus dependentes observarão o disposto no art. 40;
VII o juiz titular residirá na respectiva comarca,
salvo autorização do tribunal;
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo VIII - o ato de remoção ou de disponibilidade do
Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão
Magistratura, observados os seguintes princípios: por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou
do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla
I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de
defesa. (2019)
juiz substituto, mediante concurso público de provas e
títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do VIII-A a remoção a pedido ou a permuta de
Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em magistrados de comarca de igual entrância atenderá, no
direito, no mínimo, 3 (três) anos de atividade jurídica e que couber, ao disposto nas alíneas a , b , c e e do inciso
obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; II;
II - promoção de entrância para entrância, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder
alternadamente, por antiguidade e merecimento, atendidas Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
as seguintes normas: decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a
presença, em determinados atos, às próprias partes e a
a) é obrigatória a promoção do juiz que figure por 3
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais
(três) vezes consecutivas ou 5 (cinco) alternadas em lista
a preservação do direito à intimidade do interessado no
de merecimento; sigilo não prejudique o interesse público à informação;
X as decisões administrativas dos tribunais serão Art. 96. Compete privativamente:
motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares I - aos tribunais:
tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;
a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus
XI nos tribunais com número superior a 25 (vinte e regimentos internos, com observância das normas de
cinco) julgadores, poderá ser constituído órgão especial, processo e das garantias processuais das partes, dispondo
com o mínimo de 11 (onze) e o máximo de 25 (vinte e cinco) sobre a competência e o funcionamento dos respectivos
membros, para o exercício das atribuições administrativas órgãos jurisdicionais e administrativos;
e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal
b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e
pleno, provendo-se metade das vagas por antiguidade e a
os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo
outra metade por eleição pelo tribunal pleno;
exercício da atividade correicional respectiva;
XII a atividade jurisdicional será ininterrupta,
c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os
sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição;
segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver
expediente forense normal, juízes em plantão permanente; d) propor a criação de novas varas judiciárias;
XIII o número de juízes na unidade jurisdicional será e) prover, por concurso público de provas, ou de
proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169,
população; parágrafo único, os cargos necessários à administração da
Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
XIV os servidores receberão delegação para a
prática de atos de administração e atos de mero expediente f) conceder licença, férias e outros afastamentos a
sem caráter decisório; seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem
imediatamente vinculados;
XV a distribuição de processos será imediata, em
todos os graus de jurisdição. II - ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais
Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder
Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169:
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais
a) a alteração do número de membros dos tribunais
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do
inferiores;
Distrito Federal e Territórios será composto de membros,
do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, b) a criação e a extinção de cargos e a
e de advogados de notório saber jurídico e de reputação remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que
ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de
profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais
representação das respectivas classes. (Quinto constitucional) inferiores, onde houver;
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribunal c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, d) a alteração da organização e da divisão
nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus judiciárias;
integrantes para nomeação. III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes
estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será
Eleitoral.
adquirida após 2 (dois) anos de exercício, dependendo a
perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal
a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de
sentença judicial transitada em julgado; seus membros ou dos membros do respectivo órgão
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse especial poderão os tribunais declarar a
público, na forma do art. 93, VIII; inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder
Público.
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o
disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, STF: Súmula vinculante 10 - Viola a cláusula de reserva de
§ 2º, I. plenário (CF, art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta a sua incidência
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro no todo ou em parte.
cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios,
participação em processo; e os Estados criarão:
III - dedicar-se à atividade político-partidária. I - juizados especiais, providos por juízes togados,
IV receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou julgamento e a execução de causas cíveis de menor
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; complexidade e infrações penais de menor potencial
V exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
do cargo por aposentadoria ou exoneração. (Quarentena) julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro
grau;
II - justiça de paz, remunerada, composta de
cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com
mandato de quatro anos e competência para, na forma da
lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de definidos na forma da lei, serão pagos com preferência
impugnação apresentada, o processo de habilitação e sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao
exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, triplo fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste
além de outras previstas na legislação. artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade,
§ 1º Lei federal disporá sobre a criação de juizados sendo que o restante será pago na ordem cronológica de
especiais no âmbito da Justiça Federal. apresentação do precatório. (2016)
§ 2º As custas e emolumentos serão destinados § 3º O disposto no caput deste artigo relativamente
exclusivamente ao custeio dos serviços afetos às à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos
atividades específicas da Justiça. de obrigações definidas em leis como de pequeno valor
que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de
sentença judicial transitada em julgado.
Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada
§ 4º Para os fins do disposto no § 3º, poderão ser
autonomia administrativa e financeira.
fixados, por leis próprias, valores distintos às entidades de
§ 1º Os tribunais elaborarão suas propostas direito público, segundo as diferentes capacidades
orçamentárias dentro dos limites estipulados econômicas, sendo o mínimo igual ao valor do maior
conjuntamente com os demais Poderes na lei de diretrizes benefício do regime geral de previdência social.
orçamentárias.
§ 5º É obrigatória a inclusão, no orçamento das
§ 2º O encaminhamento da proposta, ouvidos os entidades de direito público, de verba necessária ao
outros tribunais interessados, compete: pagamento de seus débitos, oriundos de sentenças
I - no âmbito da União, aos Presidentes do transitadas em julgado, constantes de precatórios
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com judiciários apresentados até 1º de julho, fazendo-se o
a aprovação dos respectivos tribunais; pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão
II - no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e seus valores atualizados monetariamente.
Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com § 6º As dotações orçamentárias e os créditos
a aprovação dos respectivos tribunais. abertos serão consignados diretamente ao Poder
§ 3º Se os órgãos referidos no § 2º não Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir
encaminharem as respectivas propostas orçamentárias a decisão exequenda determinar o pagamento integral e
dentro do prazo estabelecido na lei de diretrizes autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para
orçamentárias, o Poder Executivo considerará, para fins de os casos de preterimento de seu direito de precedência ou
consolidação da proposta orçamentária anual, os valores de não alocação orçamentária do valor necessário à
aprovados na lei orçamentária vigente, ajustados de satisfação do seu débito, o sequestro da quantia
acordo com os limites estipulados na forma do § 1º deste respectiva.
artigo. § 7º O Presidente do Tribunal competente que, por
§ 4º Se as propostas orçamentárias de que trata este ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a
artigo forem encaminhadas em desacordo com os limites liquidação regular de precatórios incorrerá em crime de
estipulados na forma do § 1º, o Poder Executivo procederá responsabilidade e responderá, também, perante o
aos ajustes necessários para fins de consolidação da Conselho Nacional de Justiça.
proposta orçamentária anual. § 8º É vedada a expedição de precatórios
§ 5º Durante a execução orçamentária do exercício, complementares ou suplementares de valor pago, bem
não poderá haver a realização de despesas ou a assunção como o fracionamento, repartição ou quebra do valor da
de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na execução para fins de enquadramento de parcela do total
lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente ao que dispõe o § 3º deste artigo.
autorizadas, mediante a abertura de créditos § 9º No momento da expedição dos precatórios,
suplementares ou especiais. independentemente de regulamentação, deles deverá ser
abatido, a título de compensação, valor correspondente
Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas aos débitos líquidos e certos, inscritos ou não em dívida
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em ativa e constituídos contra o credor original pela Fazenda
virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na Pública devedora, incluídas parcelas vincendas de
ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à parcelamentos, ressalvados aqueles cuja execução esteja
conta dos créditos respectivos, proibida a designação de suspensa em virtude de contestação administrativa ou
casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos judicial.
créditos adicionais abertos para este fim. § 10. Antes da expedição dos precatórios, o Tribunal
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia solicitará à Fazenda Pública devedora, para resposta em
compreendem aqueles decorrentes de salários, até 30 (trinta) dias, sob pena de perda do direito de
vencimentos, proventos, pensões e suas abatimento, informação sobre os débitos que preencham
complementações, benefícios previdenciários e as condições estabelecidas no § 9º, para os fins nele
indenizações por morte ou por invalidez, fundadas em previstos.
responsabilidade civil, em virtude de sentença judicial § 11. É facultada ao credor, conforme estabelecido
transitada em julgado, e serão pagos com preferência em lei da entidade federativa devedora, a entrega de
sobre todos os demais débitos, exceto sobre aqueles créditos em precatórios para compra de imóveis públicos
referidos no § 2º deste artigo do respectivo ente federado.
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos § 12. A partir da promulgação desta Emenda
titulares, originários ou por sucessão hereditária, tenham Constitucional, a atualização de valores de requisitórios,
60 (sessenta) anos de idade, ou sejam portadores de após sua expedição, até o efetivo pagamento,
doença grave, ou pessoas com deficiência, assim independentemente de sua natureza, será feita pelo índice
oficial de remuneração básica da caderneta de
poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão § 20. Caso haja precatório com valor superior a 15%
juros simples no mesmo percentual de juros incidentes (quinze por cento) do montante dos precatórios
sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a apresentados nos termos do § 5º deste artigo, 15% (quinze
incidência de juros compensatórios.
por cento) do valor deste precatório serão pagos até o final
Os trechos acima taxados foram declarados do exercício seguinte e o restante em parcelas iguais nos
inconstitucionais pelo STF.
cinco exercícios subsequentes, acrescidas de juros de
§ 13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, mora e correção monetária, ou mediante acordos diretos,
seus créditos em precatórios a terceiros,
independentemente da concordância do devedor, não se perante Juízos Auxiliares de Conciliação de Precatórios,
aplicando ao cessionário o disposto nos §§ 2º e 3º. com redução máxima de 40% (quarenta por cento) do valor
§ 14. A cessão de precatórios somente produzirá do crédito atualizado, desde que em relação ao crédito não
efeitos após comunicação, por meio de petição penda recurso ou defesa judicial e que sejam observados
protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. os requisitos definidos na regulamentação editada pelo
§ 15. Sem prejuízo do disposto neste artigo, lei ente federado. (2016)
complementar a esta Constituição Federal poderá STF: Súmula 40 - A elevação da entrância da comarca não
estabelecer regime especial para pagamento de crédito de promove automaticamente o juiz, mas não interrompe o exercício
precatórios de Estados, Distrito Federal e Municípios, de suas funções na mesma comarca.
dispondo sobre vinculações à receita corrente líquida e STF: Súmula 731 - Para fim de competência originária do
forma e prazo de liquidação. Supremo Tribunal Federal, é de interesse geral da magistratura a
questão de saber se, em face da LOMAN, os juízes têm direito à
§ 16. A seu critério exclusivo e na forma de lei, a
licença-prêmio.
União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de
STF: Súmula 649 - É inconstitucional a criação, por Constituição
Estados, Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário
diretamente. do qual participem representantes de outros Poderes ou
§ 17. A União, os Estados, o Distrito Federal e os entidades.
Municípios aferirão mensalmente, em base anual, o STF: Súmula 46 - Desmembramento de serventia de justiça não
viola o princípio de vitaliciedade do serventuário.
comprometimento de suas respectivas receitas correntes
STF: Súmula 627 - No mandado de segurança contra a nomeação
líquidas com o pagamento de precatórios e obrigações de de magistrado da competência do Presidente da República, este é
pequeno valor. (2016) considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da
impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do
§ 18. Entende-se como receita corrente líquida, para procedimento.
os fins de que trata o § 17, o somatório das receitas STF: Súmula 628 - Integrante de lista de candidatos a
tributárias, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de determinada vaga da composição de tribunal é parte legítima para
contribuições e de serviços, de transferências correntes e impugnar a validade da nomeação de concorrente.
outras receitas correntes, incluindo as oriundas do § 1º do
art. 20 da Constituição Federal, verificado no período Seção II
compreendido pelo segundo mês imediatamente anterior DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
ao de referência e os 11 (onze) meses precedentes, Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de
excluídas as duplicidades, e deduzidas: (2016) 11 (onze) Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais
de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco)
I - na União, as parcelas entregues aos Estados, ao anos de idade, de notável saber jurídico e reputação
Distrito Federal e aos Municípios por determinação ilibada.
constitucional; (2016)
Os ministros do STF deverão ser obrigatoriamente brasileiros
II - nos Estados, as parcelas entregues aos natos (CF, art. 12, §3).
Municípios por determinação constitucional; (2016) Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribunal
III - na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Federal serão nomeados pelo Presidente da República,
Municípios, a contribuição dos servidores para custeio de depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do
Senado Federal.
seu sistema de previdência e assistência social e as
receitas provenientes da compensação financeira referida
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,
no § 9º do art. 201 da Constituição Federal. (2016)
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
§ 19. Caso o montante total de débitos decorrentes I - processar e julgar, originariamente:
de condenações judiciais em precatórios e obrigações de
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou
pequeno valor, em período de 12 (doze) meses, ultrapasse ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de
a média do comprometimento percentual da receita constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
corrente líquida nos 5 (cinco) anos imediatamente Controle abstrato de constitucionalidade:
anteriores, a parcela que exceder esse percentual poderá ADI -- Lei federal ou estadual
ser financiada, excetuada dos limites de endividamento de ADC -- Lei federal
que tratam os incisos VI e VII do art. 52 da Constituição ADPF -- Lei federal, estadual ou municipal
Federal e de quaisquer outros limites de endividamento b) nas infrações penais comuns, o Presidente da
previstos, não se aplicando a esse financiamento a República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da
vedação de vinculação de receita prevista no inciso IV do República;
art. 167 da Constituição Federal. (2016)
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de a) contrariar dispositivo desta Constituição;
responsabilidade, os Ministros de Estado e os b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, federal;
ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos
c) julgar válida lei ou ato de governo local
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e
contestado em face desta Constituição.
os chefes de missão diplomática de caráter permanente;
d) julgar válida lei local contestada em face de lei
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das
federal.
pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
segurança e o habeas data contra atos do Presidente da § 1.º A arguição de descumprimento de preceito
República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do fundamental, decorrente desta Constituição, será
Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas
Tribunal Federal; pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de
internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e
Território; efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta,
f) as causas e os conflitos entre a União e os
nas esferas federal, estadual e municipal.
Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros,
inclusive as respectivas entidades da administração § 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá
indireta; demonstrar a repercussão geral das questões
constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente
h) (revogado) podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal seus membros.
Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade
ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à
Art. 103. Podem propor a ação direta de
jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de
inconstitucionalidade e a ação declaratória de
crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;
constitucionalidade:
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
I - o Presidente da República;
julgados;
II - a Mesa do Senado Federal;
l) a reclamação para a preservação de sua
competência e garantia da autoridade de suas decisões; III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
m) a execução de sentença nas causas de sua IV a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara
competência originária, facultada a delegação de Legislativa do Distrito Federal;
atribuições para a prática de atos processuais; V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
n) a ação em que todos os membros da VI - o Procurador-Geral da República;
magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
aquela em que mais da metade dos membros do tribunal do Brasil;
de origem estejam impedidos ou sejam direta ou VIII - partido político com representação no
indiretamente interessados; Congresso Nacional
o) os conflitos de competência entre o Superior IX - confederação sindical ou entidade de classe de
Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais âmbito nacional.
Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;
§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e
inconstitucionalidade; em todos os processos de competência do Supremo
q) o mandado de injunção, quando a elaboração Tribunal Federal.
da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da § 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão
República, do Congresso Nacional, da Câmara dos de medida para tornar efetiva norma constitucional, será
Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas dada ciência ao Poder competente para a adoção das
Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um providências necessárias e, em se tratando de órgão
dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal administrativo, para fazê-lo em trinta dias.
Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça
e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; ADI por omissão Mandado de
Injunção
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o Motivo Falta de uma Opera-se diante de
normatização que um caso concreto. A
habeas data e o mandado de injunção decididos em
regulamente algo falta da norma está
única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória que é versado, tão impedindo o exercício
a decisão; somente, em dos direitos e
b) o crime político; abstrato. liberdades
constitucionais e das
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as prerrogativas
causas decididas em única ou última instância, quando a inerentes à
decisão recorrida: nacionalidade, à
soberania e à
cidadania. acarrete grave insegurança jurídica e relevante
Efeitos da Erga Omnes. Em regra, inter partes multiplicação de processos sobre questão idêntica.
decisão – salvo se o tribunal § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em
decidir pelo uso da lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula
posição concretista poderá ser provocada por aqueles que podem propor a
geral. ação direta de inconstitucionalidade
Legitimado Somente os Qualquer pessoa ou § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
para propor elencados no art. grupo de pessoas. contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a
103. aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal
Legitimado Somente o STF (ou STF, STJ ou TJ. que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou
para julgar o TJ, no caso de cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que
ADI por omissão outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula,
estadual). conforme o caso. (Reclamação Constitucional)
Objetivo Dar efetividade a Garantir o exercício STF: Súmula 734 - Não cabe reclamação quando já houver
normas de eficácia dos direitos e transitado em julgado o ato judicial que .se alega tenha
limitada. prerrogativas que desrespeitado decisão do STF.
estão sendo
frustrados.
Tabela retirada da Constituição Federal Anotada para Concursos– Vitor Cruz Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo:
normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal;
União, que defenderá o ato ou texto impugnado. II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça,
§ 4.º (revogado) indicado pelo respectivo tribunal;
LEGITIMADOS UNIVERSAIS: III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho,
Não precisam demonstrar pertinência temática. indicado pelo respectivo tribunal;
----- Presidente da República;
----- PGR;
IV um desembargador de Tribunal de Justiça,
----- Conselho Federal da OAB; indicado pelo Supremo Tribunal Federal;
----- Partido político com representação no Congresso Nacional; V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal
----- Mesa de qualquer das Casas Legislativas; Federal;
LEGITIMADOS ESPECIAIS: VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado
Precisam demonstrar pertinência temática. pelo Superior Tribunal de Justiça;
----- Mesa de Assembleia Legislativa Estadual ou Câmara VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal
Legislativa do DF; de Justiça;
----- Governador de Estado/DF;
----- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho,
nacional. indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal
* Pertinência temática é a demonstração de que são Superior do Trabalho;
efetivamente interessados na causa.
--------------------------------------------------------------------------------------- X um membro do Ministério Público da União,
STF: Súmula 614 - Somente o Procurador-Geral da Justiça tem indicado pelo Procurador-Geral da República;
legitimidade para propor ação direta interventiva por XI um membro do Ministério Público estadual,
inconstitucionalidade de Lei Municipal escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
STF: Súmula 642 - Não cabe ação direta de inconstitucionalidade nomes indicados pelo órgão competente de cada
de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa
instituição estadual;
municipal
XII dois advogados, indicados pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e
ofício ou por provocação, mediante decisão de 2/3 (dois
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
terços) dos seus membros, após reiteradas decisões sobre
Deputados e outro pelo Senado Federal.
matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em § 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou Federal.
cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 2º Os demais membros do Conselho serão
SÚMULA VINCULANTE - Requisitos: nomeados pelo Presidente da República, depois de
- Reiteradas decisões sobre matéria constitucional aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
- De ofício ou por provocação Federal.
- Decisão de 2/3 dos seus membros
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a § 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações
interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo
das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários Tribunal Federal.
ou entre esses e a administração pública que § 4º Compete ao Conselho o controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do
cumprimento dos deveres funcionais dos juízes,
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem
conferidas pelo Estatuto da Magistratura: Seção III
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se
atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou de, no mínimo, 33 (trinta e três) Ministros.
recomendar providências;
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República,
ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos dentre brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) e menos
administrativos praticados por membros ou órgãos do de 65 (sessenta e cinco) anos, de notável saber jurídico e
Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela
fixar prazo para que se adotem as providências maioria absoluta do Senado Federal, sendo:
necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da
I – 1/3 (um terço) dentre juízes dos Tribunais
competência do Tribunal de Contas da União;
Regionais Federais e 1/3 (um terço) dentre
III - receber e conhecer das reclamações contra desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em
membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal;
contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
II – 1/3 (um terço), em partes iguais, dentre
prestadores de serviços notariais e de registro que atuem
advogados e membros do Ministério Público Federal,
por delegação do poder público ou oficializados, sem
Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente,
prejuízo da competência disciplinar e correicional dos
indicados na forma do art. 94.
tribunais, podendo avocar processos disciplinares em
curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar
outras sanções administrativas, assegurada ampla Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
defesa. (2019) I - processar e julgar, originariamente:
IV representar ao Ministério Público, no caso de a) nos crimes comuns, os Governadores dos
crime contra a administração pública ou de abuso de Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
autoridade; responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de
V rever, de ofício ou mediante provocação, os Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos
processos disciplinares de juízes e membros de tribunais Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os
julgados há menos de um ano; dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais
VI elaborar semestralmente relatório estatístico Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou
sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério
Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; Público da União que oficiem perante tribunais;
VII elaborar relatório anual, propondo as b) os mandados de segurança e os habeas data
providências que julgar necessárias, sobre a situação do contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da
Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio
qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal;
Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente
por ocasião da abertura da sessão legislativa. for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou
STF: Embora o Conselho Nacional de Justiça - CNJ - faça parte
quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição,
da estrutura constitucional do Poder Judiciário, ele não exerce Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército
função jurisdicional e possui natureza meramente administrativa. ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça
Eleitoral;
§ 5º O Ministro do Superior Tribunal de Justiça
exercerá a função de Ministro-Corregedor e ficará d) os conflitos de competência entre quaisquer
excluído da distribuição de processos no Tribunal, tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre
conferidas pelo Estatuto da Magistratura, as seguintes: juízes vinculados a tribunais diversos;
I receber as reclamações e denúncias, de qualquer e) as revisões criminais e as ações rescisórias
interessado, relativas aos magistrados e aos serviços de seus julgados;
judiciários; f) a reclamação para a preservação de sua
II exercer funções executivas do Conselho, de competência e garantia da autoridade de suas decisões;
inspeção e de correição geral; g) os conflitos de atribuições entre autoridades
III requisitar e designar magistrados, delegando- administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades
lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do
tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Distrito Federal, ou entre as deste e da União;
Territórios. h) o mandado de injunção, quando a elaboração
§ 6º Junto ao Conselho oficiarão o Procurador- Geral da norma regulamentadora for atribuição de órgão,
da República e o Presidente do Conselho Federal da entidade ou autoridade federal, da administração direta ou
Ordem dos Advogados do Brasil. indireta, excetuados os casos de competência do Supremo
Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça
§ 7º A União, inclusive no Distrito Federal e nos
Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;
receber reclamações e denúncias de qualquer interessado i) a homologação de sentenças estrangeiras e a
contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra concessão de exequatur às cartas rogatórias;
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao
Conselho Nacional de Justiça.
II - julgar, em recurso ordinário: § 3º Os Tribunais Regionais Federais poderão
a) os habeas corpus decididos em única ou última funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
quando a decisão for denegatória;
b) os mandados de segurança decididos em Art. 108. Compete aos Tribunais Regionais
única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou Federais:
pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e I - processar e julgar, originariamente:
Territórios, quando denegatória a decisão;
a) os juízes federais da área de sua jurisdição,
c) as causas em que forem partes Estado incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos
estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do
do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no Ministério Público da União, ressalvada a competência da
País; Justiça Eleitoral;
III - julgar, em recurso especial, as causas b) as revisões criminais e as ações rescisórias
decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais de julgados seus ou dos juízes federais da região;
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
c) os mandados de segurança e os habeas
Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes
d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora
vigência;
for juiz federal;
b) julgar válido ato de governo local contestado em
e) os conflitos de competência entre juízes federais
face de lei federal;
vinculados ao Tribunal;
c) der a lei federal interpretação divergente da que
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas
lhe haja atribuído outro tribunal.
pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício
Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior da competência federal da área de sua jurisdição.
Tribunal de Justiça:
I - a Escola Nacional de Formação e
Art. 109. Aos juízes federais compete processar e
Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre
julgar:
outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o
ingresso e promoção na carreira; (ENFAM) I - as causas em que a União, entidade
autárquica ou empresa pública federal forem
II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do
graus, como órgão central do sistema e com poderes
Trabalho;
correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.
(CJF) II - as causas entre Estado estrangeiro ou
organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada
ou residente no País;
Seção IV
DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E DOS III - as causas fundadas em tratado ou contrato da
JUÍZES FEDERAIS União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
Art. 106. São órgãos da Justiça Federal: IV - os crimes políticos e as infrações penais
praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da
I - os Tribunais Regionais Federais;
União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
II - os Juízes Federais. públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a
competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;
Art. 107. Os Tribunais Regionais Federais V - os crimes previstos em tratado ou convenção
compõem-se de, no mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, internacional, quando, iniciada a execução no País, o
quando possível, na respectiva região e nomeados pelo resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
Presidente da República dentre brasileiros com mais de 30 reciprocamente;
(trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, sendo: V-A as causas relativas a direitos humanos a que se
I – 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de refere o § 5º deste artigo;
10 (dez) anos de efetiva atividade profissional e membros VI - os crimes contra a organização do trabalho
do Ministério Público Federal com mais de dez anos de e, nos casos determinados por lei, contra o sistema
carreira; financeiro e a ordem econômico-financeira;
II - os demais, mediante promoção de juízes STF: Súmula 736 - Compete à justiça do trabalho julgar as ações
federais com mais de 5 (cinco) anos de exercício, por que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas
antiguidade e merecimento, alternadamente. trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos
§ 1º A lei disciplinará a remoção ou a permuta de trabalhadores.
juízes dos Tribunais Regionais Federais e determinará sua VII - os habeas corpus, em matéria criminal de sua
jurisdição e sede. competência ou quando o constrangimento provier de
§ 2º Os Tribunais Regionais Federais instalarão a autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a
justiça itinerante, com a realização de audiências e outra jurisdição;
demais funções da atividade jurisdicional, nos limites
territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.
VIII - os mandados de segurança e os habeas I 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10
data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos (dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do
de competência dos tribunais federais; Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez)
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94;
aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira,
de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o indicados pelo próprio Tribunal Superior.
"exequatur", e de sentença estrangeira, após a § 1º A lei disporá sobre a competência do Tribunal
homologação, as causas referentes à nacionalidade, Superior do Trabalho.
inclusive a respectiva opção, e à naturalização; § 2º Funcionarão junto ao Tribunal Superior do
XI - a disputa sobre direitos indígenas. Trabalho:
§ 1º As causas em que a União for autora serão I a Escola Nacional de Formação e
aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho,
parte. cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;
(ENAMAT)
ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o
autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho,
origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão
ainda, no Distrito Federal. administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da
Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como
§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de
órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito
competência da Justiça Federal em que forem parte
vinculante. (CSJT)
instituição de previdência social e segurado possam ser
processadas e julgadas na justiça estadual quando a § 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho
comarca do domicílio do segurado não for sede de vara processar e julgar, originariamente, a reclamação para a
federal. (2019) preservação de sua competência e garantia da autoridade
de suas decisões. (2016)
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso
cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na
área de jurisdição do juiz de primeiro grau. Art. 112. A lei criará varas da Justiça do Trabalho,
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
humanos, o Procurador-Geral da República, com a atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o
finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações respectivo Tribunal Regional do Trabalho.
decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Art. 113. A lei disporá sobre a constituição,
Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito investidura, jurisdição, competência, garantias e condições
ou processo, incidente de deslocamento de de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho.
competência para a Justiça Federal. (IDC)
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar
Art. 110. Cada Estado, bem como o Distrito Federal, e julgar:
constituirá uma seção judiciária que terá por sede a
I as ações oriundas da relação de trabalho,
respectiva Capital, e varas localizadas segundo o
abrangidos os entes de direito público externo e da
estabelecido em lei.
administração pública direta e indireta da União, dos
Parágrafo único. Nos Territórios Federais, a Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais
II as ações que envolvam exercício do direito de
caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei.

Seção V (2016) greve;


Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais III as ações sobre representação sindical, entre

Regionais sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre


do Trabalho e dos Juízes do Trabalho sindicatos e empregadores;
Art. 111. São órgãos da Justiça do Trabalho: IV os mandados de segurança, habeas corpus
I - o Tribunal Superior do Trabalho; e habeas data , quando o ato questionado envolver
matéria sujeita à sua jurisdição;
II - os Tribunais Regionais do Trabalho;
V os conflitos de competência entre órgãos com
III - Juízes do Trabalho.
jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I,
§§ 1º a 3º (revogados) o;

VI as ações de indenização por dano moral ou


Art. 111-A. O Tribunal Superior do Trabalho compor- patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;
se-á de 27 (vinte e sete) Ministros, escolhidos dentre VII as ações relativas às penalidades
brasileiros com mais de 35 (trinta e cinco) anos e menos de administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos
65 (sessenta e cinco) anos, de notável saber jurídico e de fiscalização das relações de trabalho;
reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República
VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais
após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal,
previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais,
sendo:
decorrentes das sentenças que proferir;
IX outras controvérsias decorrentes da relação de Art. 116. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será
trabalho, na forma da lei. exercida por um juiz singular.
Os crimes contra a organização do trabalho devem ser julgados Parágrafo único. (revogado)
pelos juízes federais. Art. 117. e Parágrafo único. (revogados)
---------------------------------------------------------------------------------------
STF: Súmula 736 - Compete à justiça do trabalho julgar as ações
que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas Seção VI
trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos DOS TRIBUNAIS E JUÍZES ELEITORAIS
trabalhadores.
Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral:
§ 1º Frustrada a negociação coletiva, as partes
I - o Tribunal Superior Eleitoral;
poderão eleger árbitros.
II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
§ 2º Recusando-se qualquer das partes à
negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às III - os Juízes Eleitorais;
mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de IV - as Juntas Eleitorais.
natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho
decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-
legais de proteção ao trabalho, bem como as á, no mínimo, de 7 (sete) membros, escolhidos:
convencionadas anteriormente.
I - mediante eleição, pelo voto secreto:
GLOSSÁRIO
Dissídio coletivo – controvérsia entre pessoas jurídicas, a) 3 (três) juízes dentre os Ministros do Supremo
categorias profissionais (empregados) e econômicas Tribunal Federal;
(empregadores) ou os próprios empregadores. A instauração de b) 2 (dois) juízes dentre os Ministros do Superior
processo de dissídio coletivo é prerrogativa de entidade sindical – Tribunal de Justiça;
sindicatos, federações e confederações de trabalhadores ou de
empregadores. Dissídios coletivos buscam solução, junto à Justiça II - por nomeação do Presidente da República, 2
do Trabalho, para questões que não puderam ser solucionadas (dois) juízes dentre 6 (seis) advogados de notável saber
pela negociação entre as partes e dizem respeito aos interesses jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo
das categorias, não de seus membros individualmente tomados. Tribunal Federal.
Dissídio individual – reclamação trabalhista resultante de Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral
controvérsia relativa ao contrato individual de trabalho. É ajuizada
numa Vara do Trabalho pelo empregado ou pelo empregador,
elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os
pessoalmente ou por seu representante, e pelos sindicatos de Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor
classe. Na Justiça do Trabalho não é obrigatória a assistência de Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de
advogado, quando a lide é entre empregados e empregadores. Justiça.
Glossário do TRT 2ª Região

§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral
com possibilidade de lesão do interesse público, o na Capital de cada Estado e no Distrito Federal.
Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio § 1º - Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-
coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o ão:
conflito. I - mediante eleição, pelo voto secreto:
a) de 2 (dois) juízes dentre os desembargadores do
Art. 115. Os Tribunais Regionais do Trabalho Tribunal de Justiça;
compõem-se de, no mínimo, 7 (sete) juízes, recrutados, b) de 2 (dois) juízes, dentre juízes de direito,
quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
Presidente da República dentre brasileiros com mais de II – de 1 (um) juiz do Tribunal Regional Federal com
30 (trinta) e menos de 65 (sessenta e cinco) anos, sendo:
sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não
I 1/5 (um quinto) dentre advogados com mais de 10 havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo
(dez) anos de efetiva atividade profissional e membros do Tribunal Regional Federal respectivo;
Ministério Público do Trabalho com mais de 10 (dez)
III - por nomeação, pelo Presidente da República,
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; de 2 (dois) juízes dentre seis advogados de notável saber
II os demais, mediante promoção de juízes do jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de
trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. Justiça.
§ 1º Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão § 2º - O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu
a justiça itinerante, com a realização de audiências e Presidente e o Vice-Presidente- dentre os
demais funções de atividade jurisdicional, nos limites desembargadores.
territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
equipamentos públicos e comunitários.
Art. 121. Lei complementar disporá sobre a
§ 2º Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão organização e competência dos tribunais, dos juízes de
funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras
direito e das juntas eleitorais.
regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. § 1º Os membros dos tribunais, os juízes de direito
e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas
funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas
garantias e serão inamovíveis.
§ 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo
justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por
mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos
escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta
número igual para cada categoria. do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual,
§ 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e
Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo
Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça
mandado de segurança. Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a
vinte mil integrantes.
§ 4º Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais
somente caberá recurso quando: § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e
julgar os militares dos Estados, nos crimes militares
I - forem proferidas contra disposição expressa
definidos em lei e as ações judiciais contra atos
desta Constituição ou de lei;
disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente
dois ou mais tribunais eleitorais; decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de da graduação das praças.
diplomas nas eleições federais ou estaduais; § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de processar e julgar, singularmente, os crimes militares
mandatos eletivos federais ou estaduais; cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos
V - denegarem habeas corpus, mandado de disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça,
segurança, habeas data ou mandado de injunção. sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os
demais crimes militares.
Seção VII § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a
fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça
Art. 122. São órgãos da Justiça Militar: em todas as fases do processo.
I - o Superior Tribunal Militar; § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça
II - os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. itinerante, com a realização de audiências e demais
funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da
Art. 123. O Superior Tribunal Militar compor-se-á de respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
15 (quinze) Ministros vitalícios, nomeados pelo públicos e comunitários.
Presidente da República, depois de aprovada a indicação
pelo Senado Federal, sendo 3 (três) dentre oficiais- Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal
generais da Marinha, 4 (quatro) dentre oficiais-generais do de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com
Exército, 3 (três) dentre oficiais-generais da Aeronáutica, competência exclusiva para questões agrárias.
todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e 5 Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente
(cinco) dentre civis. prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do
Parágrafo único. Os Ministros civis serão litígio.
escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros
maiores de 35 (trinta e cinco) anos, sendo:
RESUMO: MEMBROS DOS TRIBUNAIS
I - 3 (três) dentre advogados de notório saber
jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva STF: Supremo Tribunal Federal 11
atividade profissional; STJ: Superior Tribunal de Justiça Mínimo: 33
II – 2 (dois), por escolha paritária, dentre juízes
TST: Tribunal Superior do Trabalho 27
auditores e membros do Ministério Público da Justiça
Militar. STM: Superior Tribunal Militar 15
TSE: Tribunal Superior Eleitoral Mínimo: 7
Art. 124. à Justiça Militar compete processar e julgar TRE: Tribunal Regional Eleitoral 7
os crimes militares definidos em lei.
TRT: Tribunal Regional do Trabalho Mínimo: 7
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização,
o funcionamento e a competência da Justiça Militar. TRF: Tribunal Regional Federal Mínimo: 7

Seção VIII
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça,
observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais será definida na
Constituição do Estado, sendo a lei de organização
judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça.
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de 01
representação de inconstitucionalidade de leis ou atos
normativos estaduais ou municipais em face da 02

Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação


para agir a um único órgão. 03

04
05

Art. 216. (revogado)


06

Assédio sexual
07
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de
obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-
08
se o agente da sua condição de superior hierárquico ou
ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
09
função.
10
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Parágrafo único. (Vetado)
11 § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima
é menor de 18 (dezoito) anos.
12

CAPÍTULO I-A
13
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL
Registro não autorizado da intimidade sexual
14
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou
15
registrar, por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez
ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem
autorização dos participantes: (2018)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem
Código Penal realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou qualquer
outro registro com o fim de incluir pessoa em cena de
nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo. (2018)
TÍTULO VI CAPÍTULO II
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL Sedução
Art. 217 - (revogado)
Estupro
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência Estupro de vulnerável
ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
(Presunção absoluta)
STJ: Como a Lei 12.015/2009 unificou os crimes de estupro e STJ: Presunção Absoluta. Não há possibilidade de prova em
atentado violento ao pudor em um mesmo tipo penal, deve ser contrário, não podendo o infrator alegar que a vítima já possuía
reconhecida a existência de crime único de estupro, caso as discernimento, ou que já praticava relações sexuais com outras
condutas tenham sido praticadas contra a mesma vítima e no pessoas.
mesmo contexto fático. Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento
maior de 14 (catorze) anos: para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa,
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. não pode oferecer resistência.
§ 2o Se da conduta resulta morte: § 2o (vetado)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de
Art. 214. (revogado) natureza grave.
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
Violação sexual mediante fraude § 4o Se da conduta resulta morte:
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio § 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e
que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da 4º deste artigo aplicam-se independentemente do
vítima: (Estelionato sexual) consentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. relações sexuais anteriormente ao crime. (2018)
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim STJ: Súmula 593 - O crime de estupro de vulnerável se configura
de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de
14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para
Importunação sexual (2018) a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua relacionamento amoroso com o agente.
anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a
própria lascívia ou a de terceiro: (2018)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato Corrupção de menores
não constitui crime mais grave. (2018) (Tipo penal subsidiário)
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) Rapto violento ou mediante fraude
anos a satisfazer a lascívia de outrem: Art. 219 – (revogado)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Rapto consensual
Parágrafo único. (vetado) Art. 220 – (revogado)
Diminuição de pena
Satisfação de lascívia mediante presença de Art. 221 – (revogado)
criança ou adolescente Concurso de rapto e outro crime
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém Art. 222 – (revogado)
menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, CAPÍTULO IV
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer DISPOSIÇÕES GERAIS
lascívia própria ou de outrem: Art. 223 – (revogado)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 224 – (revogado)

Favorecimento da prostituição ou de outra Ação penal


forma de exploração sexual de criança ou adolescente Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II
ou de vulnerável. deste Título, procede-se mediante ação penal pública
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à incondicionada. (2018)
prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém Parágrafo único. (revogado)
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento Aumento de pena
para a prática do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a Art. 226. A pena é aumentada:
abandone: I – de 1/4 (quarta parte), se o crime é cometido com o
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto
vantagem econômica, aplica-se também multa. ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
§ 2o Incorre nas mesmas penas: curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; (2018)
libidinoso com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de III – (revogado)
14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime
artigo; é praticado: (2018)
II - o proprietário, o gerente ou o responsável Estupro coletivo (2018)
pelo local em que se verifiquem as práticas referidas no a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes;
caput deste artigo. Estupro corretivo (2018)
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito b) para controlar o comportamento social ou sexual
obrigatório da condenação a cassação da licença de da vítima.
localização e de funcionamento do estabelecimento.
CAPÍTULO V
Divulgação de cena de estupro ou de cena de DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA
estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de FIM DE
pornografia. (2018) PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, EXPLORAÇÃO SEXUAL
transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar Mediação para servir a lascívia de outrem
ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de
comunicação de massa ou sistema de informática ou outrem:
telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual Pena - reclusão, de um a três anos.
que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de
ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente,
consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou
pornografia: curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o educação, de tratamento ou de guarda:
fato não constitui crime mais grave. (2018) Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Aumento de pena § 2º - Se o crime é cometido com emprego de
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 violência, grave ameaça ou fraude:
(dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena
ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou correspondente à violência.
com o fim de vingança ou humilhação. (2018) § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro,
Exclusão de ilicitude (2018) aplica-se também multa.
§ 2º Não há crime quando o agente pratica as
condutas descritas no caput deste artigo em publicação de Favorecimento da prostituição ou outra forma
natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com de exploração sexual
a adoção de recurso que impossibilite a identificação da Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou
vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou
de 18 (dezoito) anos. (2018) dificultar que alguém a abandone:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
CAPÍTULO III multa.
DO RAPTO § 1o Se o agente é ascendente, padrasto,
madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou
curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se Ato obsceno
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou
proteção ou vigilância: aberto ou exposto ao público:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de
violência, grave ameaça ou fraude: Escrito ou objeto obsceno
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob
correspondente à violência. sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
aplica-se também multa. qualquer objeto obsceno:
Em razão da evolução da sociedade, a doutrina tem admitido a
Casa de prostituição aplicação do princípio da adequação social ao caput desse
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, artigo.
estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário multa.
ou gerente: (Crime Habitual - Não admite tentativa) Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público
qualquer dos objetos referidos neste artigo;
Rufianismo II - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, representação teatral, ou exibição cinematográfica de
participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha
sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: (Crime o mesmo caráter;
Habitual - Não admite tentativa) III - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
STJ: O crime de rufianismo não absorve o crime de casa de ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
prostituição, havendo concurso material. Considera-se não recepcionado pela Constituição Federal de
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 1988, segundo doutrinadores, o parágrafo único do art. 234, por
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de afronta à liberdade de expressão.
14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por
ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, CAPÍTULO VII
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador DISPOSIÇÕES GERAIS
da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, Aumento de pena
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. aumentada:
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, I – (vetado)
grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou II - (vetado)
dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: III - de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resulta
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem gravidez; (2018)
prejuízo da pena correspondente à violência. IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente
transmite à vítima doença sexualmente transmissível de
Tráfico internacional de pessoa para fim de que sabe ou deveria saber ser portador, ou se a vítima é
exploração sexual idosa ou pessoa com deficiência. (2018)
Art. 231. - (revogado)
Art. 231-A. - (revogado) Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes
Art. 232 - (revogado) definidos neste Título correrão em segredo de justiça.
Art. 234-C. - (vetado)
Promoção de migração ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim
de obter vantagem econômica, a entrada ilegal de
estrangeiro em território nacional ou de brasileiro em país
estrangeiro: (2017)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
(2017)
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por
qualquer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a
saída de estrangeiro do território nacional para ingressar
01
ilegalmente em país estrangeiro. (2017)
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 02
(um terço) se: (2017)
I - o crime é cometido com violência; ou (2017) 03

II - a vítima é submetida a condição desumana ou


degradante. (2017) 04

§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem


prejuízo das correspondentes às infrações conexas. (2017) 05

06
CAPÍTULO VI
DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
07
08

Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição


09 de se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir
veículo automotor, tem a duração de dois meses a cinco
10 anos.
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória,
11
o réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em
quarenta e oito horas, a Permissão para Dirigir ou a
12
Carteira de Habilitação.
13
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de
se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
14 automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito
de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento
15 prisional.

Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da


ação penal, havendo necessidade para a garantia da
Lei nº 9.503 / 1997 ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de
Código de Trânsito Brasileiro ofício, ou a requerimento do Ministério Público ou ainda
mediante representação da autoridade policial, decretar,
em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de
CAPÍTULO XIX sua obtenção.
DOS CRIMES DE TRÂNSITO Parágrafo único. Da decisão que decretar a
Seção I suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
Disposições Gerais requerimento do Ministério Público, caberá recurso em
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de sentido estrito, sem efeito suspensivo.
veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se
as normas gerais do Código Penal e do Código de Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor
Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo ou a proibição de se obter a permissão ou a habilitação
diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de será sempre comunicada pela autoridade judiciária ao
1995, no que couber. Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão de
O Código Penal, o Código de Processo Penal e a Lei 9.099/95,
trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for domiciliado
que trata dos Juizados Especiais e dos procedimentos aplicáveis ou residente.
aos crimes de menor potencial ofensivo, aplicam-se
subsidiariamente aos delitos previstos nesse código. Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de
culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, suspensão da permissão ou habilitação para dirigir veículo
de 26 de setembro de 1995, exceto se o agente estiver: automotor, sem prejuízo das demais sanções penais
cabíveis.
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência;
Art. 297. A penalidade de multa reparatória consiste
II - participando, em via pública, de corrida, disputa
no pagamento, mediante depósito judicial em favor da
ou competição automobilística, de exibição ou
vítima, ou seus sucessores, de quantia calculada com base
demonstração de perícia em manobra de veículo
no disposto no § 1º do art. 49 do Código Penal, sempre que
automotor, não autorizada pela autoridade competente;
houver prejuízo material resultante do crime.
III - transitando em velocidade superior à máxima
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por
valor do prejuízo demonstrado no processo.
hora).
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts.
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo,
50 a 52 do Código Penal.
deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação § 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa
da infração penal. reparatória será descontado.
§ 3º (VETADO).
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes Art. 298. São circunstâncias que sempre agravam as
previstas no art. 59 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do
dezembro de 1940 (Código Penal), dando especial atenção
veículo cometido a infração:
à culpabilidade do agente e às circunstâncias e
I - com dano potencial para duas ou mais pessoas ou
consequências do crime. (2017)
com grande risco de grave dano patrimonial a terceiros;
II - utilizando o veículo sem placas, com placas
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a falsas ou adulteradas;
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de
pode ser imposta isolada ou cumulativamente com outras Habilitação;
penalidades. IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de
A Permissão para dirigir tem validade de apenas um ano e é um Habilitação de categoria diferente da do veículo;
documento transitório para a Carteira Nacional de Habilitação V - quando a sua profissão ou atividade exigir
(CNH) definitiva. cuidados especiais com o transporte de passageiros ou de
carga;
VI - utilizando veículo em que tenham sido difícil aferição o “tão grave” sofrimento, o argumento da
adulterados equipamentos ou características que afetem a desnecessidade do vínculo
sua segurança ou o seu funcionamento de acordo com os serviria para todo e qualquer caso de delito de trânsito com vítima
limites de velocidade prescritos nas especificações do fatal. Isso não significa dizer o que a lei não disse, mas apenas
conferir-lhe interpretação mais razoável e humana, sem perder de
fabricante;
vista o desgaste emocional que possa sofrer o acusado dessa
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou espécie de delito, mesmo que não conhecendo a vítima. A
permanentemente destinada a pedestres. solidarização com o choque psicológico do agente não pode
Art. 299. (VETADO) conduzir a uma eventual banalização do instituto do perdão
Art. 300. (VETADO) judicial, o que seria no mínimo temerário no atual cenário de
violência no trânsito, que tanto se tenta combater.
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de Como conclusão, conforme entendimento doutrinário, a
acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá desnecessidade da pena que esteia o perdão judicial deve, a partir
da nova ótica penal e constitucional, referir-se à comunicação para
a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar
a comunidade de que o intenso e perene sofrimento do infrator não
pronto e integral socorro àquela. justifica o reforço de vigência da norma por meio da sanção penal.
REsp 1.455.178-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014.
Seção II
Dos Crimes em Espécie
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de Art. 303. Praticar lesão corporal culposa na direção
veículo automotor: de veículo automotor:
Considera-se homicídio culposo quando o agente pratica o fato Penas - detenção, de seis meses a dois anos e
por imprudência, negligência ou imperícia. suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
--------------------------------------------------------------------------------------- habilitação para dirigir veículo automotor.
STJ: Quando o homicídio resultar da direção sob a influência de § 1o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) à metade,
álcool e em alta velocidade, o condutor poderá ser denunciado por
se ocorrer qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. (2017)
homicídio doloso, se constatado que assumiu o risco de produzir
o resultado ao dirigir naquele estado (dolo eventual). § 2o A pena privativa de liberdade é de reclusão de
dois a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas
Penas - detenção, de dois a quatro anos, e neste artigo, se o agente conduz o veículo com capacidade
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou
habilitação para dirigir veículo automotor. de outra substância psicoativa que determine
§ 1º No homicídio culposo cometido na direção de dependência, e se do crime resultar lesão corporal de
veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) natureza grave ou gravíssima. (2017)
à metade, se o agente:
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do
Habilitação; acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; III podendo fazê-lo diretamente, por justa causa, deixar de
- deixar de prestar socorro, quando possível fazê- solicitar auxílio da autoridade pública:
lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa,
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, se o fato não constituir elemento de crime mais grave.
estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste
V - (Revogado) artigo o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja
§ 2º (Revogado) suprida por terceiros ou que se trate de vítima com morte
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a instantânea ou com ferimentos leves.
influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência: (2017) Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil que
ou proibição do direito de se obter a permissão ou a lhe possa ser atribuída:
habilitação para dirigir veículo automotor. (2017) Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
DIREITO PENAL. APLICABILIDADE DO PERDÃO JUDICIAL
NO CASO DE HOMICÍDIO CULPOSO NA DIREÇÃO DE Art. 306. Conduzir veículo automotor com
VEÍCULO AUTOMOTOR. capacidade psicomotora alterada em razão da influência
O perdão judicial não pode ser concedido ao agente de homicídio de álcool ou de outra substância psicoativa que
culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) que, determine dependência:
embora atingido moralmente de forma grave pelas consequências Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e
do acidente, não tinha vínculo afetivo com a vítima nem sofreu suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
sequelas físicas gravíssimas e permanentes. Conquanto o perdão habilitação para dirigir veículo automotor.
judicial possa ser aplicado nos casos em que o agente de
homicídio culposo sofra sequelas físicas gravíssimas e § 1o As condutas previstas no caput serão
permanentes, a doutrina, quando se volta para o sofrimento constatadas por:
psicológico do agente, enxerga no § 5º do art. 121 do CP a I - concentração igual ou superior a 6 decigramas
exigência de um laço prévio entre os envolvidos para reconhecer de álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3
como “tão grave” a forma como as consequências da infração miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou
atingiram o agente. A interpretação dada, na maior parte das II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo
vezes, é no sentido de que só sofre intensamente o réu que, de
Contran, alteração da capacidade psicomotora.
forma culposa, matou alguém conhecido e com quem mantinha
laços afetivos. O exemplo mais comumente lançado é o caso de § 2o A verificação do disposto neste artigo poderá
um pai que mata culposamente o filho. Essa interpretação ser obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico,
desdobra-se em um norte que ampara o julgador. Entender pela
desnecessidade do vínculo seria abrir uma fenda na lei, não
desejada pelo legislador. Isso porque, além de ser de
exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros PESSOA NÃO HABILITADA. RECURSO REPETITIVO (ART.
meios de prova em direito admitidos, observado o direito à 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). TEMA 901.
contraprova. É de perigo abstrato o crime previsto no art. 310 do Código de
Trânsito Brasileiro. Assim, não é exigível, para o aperfeiçoamento
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre do crime, a ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto
os distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para na conduta de quem permite, confia ou entrega a direção de
efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. veículo automotor a pessoa não habilitada, com habilitação
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho cassada ou com o direito de dirigir suspenso, ou ainda a quem, por
homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, seu estado de saúde, física ou mental, ou por embriaguez, não
Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o esteja em condições de conduzi-lo com segurança.
REsp 1.485.830-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão
previsto no caput. (2019) Min. Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, julgado em 11/3/2015, DJe 29/5/2015.

Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se Art. 310-A. (Vetado)


obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor imposta com fundamento neste Código: Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, a segurança nas proximidades de escolas, hospitais,
com nova imposição adicional de idêntico prazo de estações de embarque e desembarque de passageiros,
suspensão ou de proibição. logradouros estreitos, ou onde haja grande movimentação
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o ou concentração de pessoas, gerando perigo de dano:
condenado que deixa de entregar, no prazo estabelecido Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir ou a Carteira
de Habilitação. Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de
acidente automobilístico com vítima, na pendência do
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, respectivo procedimento policial preparatório, inquérito
em via pública, de corrida, disputa ou competição policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito,
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada ou juiz:
pela autoridade competente, gerando situação de risco à Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa.
incolumidade pública ou privada: (2017) Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo,
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, ainda que não iniciados, quando da inovação, o
multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos
ou a habilitação para dirigir veículo automotor. quais se refere.
§ 1o Se da prática do crime previsto no
caput resultar lesão corporal de natureza grave, e as Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts.
circunstâncias demonstrarem que o agente não quis o 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar
resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena a substituição de pena privativa de liberdade por pena
privativa de liberdade é de reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de
anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo. serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das
§ 2o Se da prática do crime previsto no seguintes atividades: (2017)
caput resultar morte, e as circunstâncias demonstrarem
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de
que o agente não quis o resultado nem assumiu o risco de
resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades
produzi-lo, a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5
móveis especializadas no atendimento a vítimas de
(cinco) a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas
trânsito; (2016)
previstas neste artigo.
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de
hospitais da rede pública que recebem vítimas de acidente
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública,
de trânsito e politraumatizados; (2016)
sem a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou,
III - trabalho em clínicas ou instituições
ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de
especializadas na recuperação de acidentados de trânsito;
dano: (2016)
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. IV - outras atividades relacionadas ao resgate,
STF: Súmula 720 - O art. 309 do CTB, que reclama decorra do atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de
fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções trânsito. (2016)
Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres
Art. 312-B. Aos crimes previstos no § 3º do art. 302 e
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de no § 2º do art. 303 deste Código não se aplica o disposto
veículo automotor a pessoa não habilitada, com no inciso I do caput do art. 44 do Decreto-Lei nº 2.848, de
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, 7 de dezembro de 1940 (Código Penal). (2020)
ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou CTB
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de Art. 302.
conduzi-lo com segurança: § 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência:
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou
DIREITO PENAL. CARACTERIZAÇÃO DO CRIME DE proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para
ENTREGA DE DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR A dirigir veículo automotor.

Art. 303.
§ 2º A pena privativa de liberdade é de reclusão de dois
a cinco anos, sem prejuízo das outras penas previstas neste artigo,
se o agente conduz o veículo com capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância
psicoativa que determine dependência, e se do crime resultar
lesão corporal de natureza grave ou gravíssima.

Código Penal
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a
quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o
crime for culposo;

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estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se
Constituição da República Federativa previamente autorizadas, mediante a abertura de créditos
suplementares ou especiais.
do Brasil de 1988
Art. 128. O Ministério Público (MP) abrange:
CAPÍTULO IV I - o Ministério Público da União (MPU), que
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA compreende:
SEÇÃO I a) o Ministério Público Federal; (MPF)
DO MINISTÉRIO PÚBLICO b) o Ministério Público do Trabalho; (MPT)
Art. 127. O Ministério Público é instituição c) o Ministério Público Militar; (MPM)
permanente, essencial à função jurisdicional do
d) o Ministério Público do Distrito Federal e
Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
Territórios; (MPDFT)
regime democrático e dos interesses sociais e individuais
indisponíveis. II - os Ministérios Públicos dos Estados. (MPE)
§ 1º São princípios institucionais do Ministério § 1º O Ministério Público da União tem por chefe o
Público a unidade, a indivisibilidade e a independência Procurador-Geral da República, nomeado pelo
funcional. Presidente da República dentre integrantes da carreira,
maiores de 35 (trinta e cinco) anos, após a aprovação de
Unidade: Todos os membros do Ministério Público estão
seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado
submetidos a um mesmo órgão, sob a chefia do seu procurador-
geral.
Federal, para mandato de 2 (dois) anos, permitida a
Indivisibilidade: Os membros poderão ser substituídos uns pelos recondução.
outros. § 2º A destituição do Procurador-Geral da
Independência funcional: Cada membro do Ministério Público República, por iniciativa do Presidente da República,
possui livre convencimento, inexistindo vinculação a deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta
pronunciamentos processuais anteriores de outros membros.
do Senado Federal.
---------------------------------------------------------------------------------------
De acordo com a doutrina e a jurisprudência, o princípio do § 3º Os Ministérios Públicos dos Estados e o do
promotor natural está implícito no nosso ordenamento jurídico, Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre
derivando do princípio do juiz natural. Para o STF, “o postulado do integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para
promotor natural consagra uma garantia de ordem jurídica, escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo
destinada tanto a proteger o membro do Ministério Público, na Chefe do Poder Executivo, para mandato de 2 (dois) anos,
medida em que lhe assegura o exercício pleno e independente do
permitida uma recondução.
seu ofício, quanto a tutelar a própria coletividade, a quem se
reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer causas, apenas § 4º Os Procuradores-Gerais nos Estados e no
o Promotor cuja intervenção se justifique a partir de critérios Distrito Federal e Territórios poderão ser destituídos por
abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei”. deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada forma da lei complementar respectiva.
autonomia funcional e administrativa, podendo, § 5º Leis complementares da União e dos Estados,
observado o disposto no art. 169, propor ao Poder cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-
Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o
auxiliares, provendo-os por concurso público de provas ou estatuto de cada Ministério Público, observadas,
de provas e títulos, a política remuneratória e os planos de relativamente a seus membros:
carreira; a lei disporá sobre sua organização e I - as seguintes garantias: (Garantias funcionais)
funcionamento. (Garantias institucionais)
a) vitaliciedade, após 2 (dois) anos de exercício,
§ 3º O Ministério Público elaborará sua proposta não podendo perder o cargo senão por sentença judicial
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de transitada em julgado;
diretrizes orçamentárias.
b) inamovibilidade, salvo por motivo de interesse
§ 4º Se o Ministério Público não encaminhar a público, mediante decisão do órgão colegiado competente
respectiva proposta orçamentária dentro do prazo do Ministério Público, pelo voto da maioria absoluta de
estabelecido na lei de diretrizes orçamentárias, o Poder seus membros, assegurada ampla defesa;
Executivo considerará, para fins de consolidação da
proposta orçamentária anual, os valores aprovados na lei c) irredutibilidade de subsídio, fixado na forma do
orçamentária vigente, ajustados de acordo com os limites art. 39, § 4º, e ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,
estipulados na forma do § 3º. 150, II, 153, III, 153, § 2º, I;
§ 5º Se a proposta orçamentária de que trata este II - as seguintes vedações: (Garantias de
imparcialidade)
artigo for encaminhada em desacordo com os limites
estipulados na forma do § 3º, o Poder Executivo procederá a) receber, a qualquer título e sob qualquer
aos ajustes necessários para fins de consolidação da pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;
proposta orçamentária anual. b) exercer a advocacia;
§ 6º Durante a execução orçamentária do c) participar de sociedade comercial, na forma da
exercício, não poderá haver a realização de despesas ou lei;
a assunção de obrigações que extrapolem os limites
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer Ingresso na carreira do Ministério Público:
outra função pública, salvo uma de magistério; - Concurso público de provas e títulos, com participação da OAB
- Título de bacharel em direito
e) exercer atividade político-partidária;
- Três anos de atividade jurídica
f) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou ---------------------------------------------------------------------------------------
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou STF: É constitucional resolução que determina que a inscrição do
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei. concurso público para a carreira do Ministério Público só pode ser
feita por bacharel em Direito com, no mínimo, três anos de
§ 6º Aplica-se aos membros do Ministério Público o
atividade jurídica, cuja comprovação se dá no ato da posse.
disposto no art. 95, parágrafo único, V. (Quarentena) STF: Os 3 anos de atividade jurídica somente podem ser contados
após a obtenção do título de bacharel em Direito.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério § 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber,
Público: o disposto no art. 93.
I - promover, privativamente, a ação penal pública, § 5º A distribuição de processos no Ministério
na forma da lei; Público será imediata.
STF: Segundo a Teoria dos Poderes Implícitos, quando a
Constituição outorga competência explícita a determinado órgão
Art. 130. Aos membros do Ministério Público junto
estatal, também atribui implicitamente os meios necessários para
realização de suas funções. De acordo com esse entendimento, o aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta
poder de investigação criminal também é atribuição ao Ministério seção pertinentes a direitos, vedações e forma de
Público, não sendo exclusivo da polícia. A denúncia poderia, investidura.
então, ser fundamentada em peças de informação obtidas pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) não
Ministério Público, não havendo necessidade de prévio inquérito integra o Ministério Público da União (MPU), ele integra a estrutura
policial. orgânica do próprio TCU.
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos
e dos serviços de relevância pública aos direitos
Art. 130-A. O Conselho Nacional do Ministério
assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas
Público (CNMP) compõe-se de 14 (quatorze) membros
necessárias a sua garantia;
nomeados pelo Presidente da República, depois de
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado
para a proteção do patrimônio público e social, do meio Federal, para um mandato de 2 (dois) anos, admitida uma
ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; recondução, sendo:
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou I o Procurador-Geral da República, que o preside;
representação para fins de intervenção da União e dos
II 4 (quatro) membros do Ministério Público da
Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
União, assegurada a representação de cada uma de suas
V - defender judicialmente os direitos e interesses carreiras;
das populações indígenas;
III 3 (três) membros do Ministério Público dos
VI - expedir notificações nos procedimentos Estados;
administrativos de sua competência, requisitando
IV 2 (dois) juízes, indicados um pelo Supremo
informações e documentos para instruí-los, na forma da lei
Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça;
complementar respectiva;
V 2 (dois) advogados, indicados pelo Conselho
VII - exercer o controle externo da atividade policial,
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
na forma da lei complementar mencionada no artigo
anterior; VI 2 (dois) cidadãos de notável saber jurídico e
reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos
VIII - requisitar diligências investigatórias e a
Deputados e outro pelo Senado Federal.
instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos
jurídicos de suas manifestações processuais; § 1º Os membros do Conselho oriundos do
Ministério Público serão indicados pelos respectivos
IX - exercer outras funções que lhe forem
Ministérios Públicos, na forma da lei.
conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade,
sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria § 2º Compete ao Conselho Nacional do Ministério
jurídica de entidades públicas. Público o controle da atuação administrativa e financeira
do Ministério Público e do cumprimento dos deveres
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as
funcionais de seus membros, cabendo lhe:
ações civis previstas neste artigo não impede a de
terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto I zelar pela autonomia funcional e administrativa do
nesta Constituição e na lei. Ministério Público, podendo expedir atos regulamentares,
no âmbito de sua competência, ou recomendar
§ 2º As funções do Ministério Público só podem ser
providências;
exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir
na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do II zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de
chefe da instituição. ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos
administrativos praticados por membros ou órgãos do
§ 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-
Ministério Público da União e dos Estados, podendo
se-á mediante concurso público de provas e títulos,
desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se
assegurada a participação da Ordem dos Advogados do
adotem as providências necessárias ao exato cumprimento
Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em
da lei, sem prejuízo da competência dos Tribunais de
direito, no mínimo, 3 (três) anos de atividade jurídica e
Contas;
observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.
STF: CNMP tem competência para apreciar ato de vitaliciamento
de membro do Ministério Público, que é uma espécie de ato
administrativo.
III - receber e conhecer das reclamações contra funcionamento, as atividades de consultoria e
membros ou órgãos do Ministério Público da União ou assessoramento jurídico do Poder Executivo.
dos Estados, inclusive contra seus serviços auxiliares, § 1º A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
sem prejuízo da competência disciplinar e correicional da Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo
instituição, podendo avocar processos disciplinares em Presidente da República dentre cidadãos maiores de 35
curso, determinar a remoção ou a disponibilidade e aplicar (trinta e cinco) anos, de notável saber jurídico e reputação
outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa. ilibada.
(2019)
§ 2º O ingresso nas classes iniciais das carreiras da
IV rever, de ofício ou mediante provocação, os
instituição de que trata este artigo far-se-á mediante
processos disciplinares de membros do Ministério Público
concurso público de provas e títulos.
da União ou dos Estados julgados há menos de um ano;
§ 3º Na execução da dívida ativa de natureza
V elaborar relatório anual, propondo as
tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-
providências que julgar necessárias sobre a situação do
Geral da Fazenda Nacional, observado o disposto em lei.
Ministério Público no País e as atividades do Conselho, o
qual deve integrar a mensagem prevista no art. 84, XI.
§ 3º O Conselho escolherá, em votação secreta, um Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do
Corregedor nacional, dentre os membros do Ministério Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o
Público que o integram, vedada a recondução, ingresso dependerá de concurso público de provas e
competindo-lhe, além das atribuições que lhe forem títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do
conferidas pela lei, as seguintes: Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades
I receber reclamações e denúncias, de qualquer
federadas.
interessado, relativas aos membros do Ministério Público e
dos seus serviços auxiliares; Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste
artigo é assegurada estabilidade após 3 (três) anos de
II exercer funções executivas do Conselho, de
efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho
inspeção e correição geral;
perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado
III requisitar e designar membros do Ministério das corregedorias.
Público, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores
STF: É inconstitucional a criação de procuradorias autárquicas
de órgãos do Ministério Público.
pelos Estados-membros.
§ 4º O Presidente do Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil oficiará junto ao Conselho.
SEÇÃO III
§ 5º Leis da União e dos Estados criarão ouvidorias
DA ADVOCACIA
do Ministério Público, competentes para receber
reclamações e denúncias de qualquer interessado contra Art. 133. O advogado é indispensável à
membros ou órgãos do Ministério Público, inclusive contra administração da justiça, sendo inviolável por seus atos
seus serviços auxiliares, representando diretamente ao e manifestações no exercício da profissão, nos limites da
Conselho Nacional do Ministério Público. lei.
STF: Súmula 643 - O Ministério Público tem legitimidade para
promover ação civil pública cujo fundamento seja a ilegalidade de SEÇÃO IV
reajuste de mensalidades escolares. DA DEFENSORIA PÚBLICA
STF: Súmula 701 - No mandado de segurança impetrado pelo Art. 134. A Defensoria Pública é instituição
Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é
permanente, essencial à função jurisdicional do
obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.
Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do
STJ: Súmula 99 - O Ministério Público tem legitimidade para
recorrer no processo em que oficiou como fiscal da lei, ainda que regime democrático, fundamentalmente, a orientação
não haja recurso da parte. jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em
STJ: Súmula 116 - A Fazenda Pública e o Ministério Público têm todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos
Tribunal de Justiça. necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta
STJ: Súmula 189 - É desnecessária a intervenção do Ministério Constituição Federal.
Público nas execuções fiscais. § 1º Lei complementar organizará a Defensoria
STJ: Súmula 226 - O Ministério Público tem legitimidade para Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e
recorrer na ação de acidente do trabalho, ainda que o segurado
esteja assistido por advogado
prescreverá normas gerais para sua organização nos
STJ: Súmula 234 - A participação de membro do Ministério
Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial,
Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu mediante concurso público de provas e títulos,
impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia assegurada a seus integrantes a garantia da
STJ: Súmula 329 - O Ministério Público tem legitimidade para inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora
propor ação civil pública em defesa do patrimônio público. das atribuições institucionais.
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são
Seção II asseguradas autonomia funcional e administrativa e a
DA ADVOCACIA PÚBLICA iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e
Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a
subordinação ao disposto no art. 99, § 2º.
instituição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
representa a União, judicial e extrajudicialmente, STF: É inconstitucional norma estadual que estabeleça a
vinculação da Defensoria Pública Estadual a alguma Secretaria de
cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que dispuser
Estado. A Defensoria Pública não pode estar vinculada ao Poder
sobre sua organização e Executivo.
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias § 4º Às POLÍCIAS CIVIS, dirigidas por delegados de
Públicas da União e do Distrito Federal. polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência infrações penais, exceto as militares.
funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto § 5º Às POLÍCIAS MILITARES cabem a polícia
no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição ostensiva e a preservação da ordem pública; aos CORPOS
Federal. DE BOMBEIROS MILITARES, além das
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de
atividades de defesa civil.
Art. 135. Os servidores integrantes das carreiras
disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão STF: A polícia militar, embora não seja polícia judiciária, pode
remunerados na forma do art. 39, § 4º. realizar flagrantes ou participar da busca e apreensão determinada
por ordem judicial.
STJ: Súmula 421 - Os honorários advocatícios não são devidos à
Defensoria Pública quando ela atua contra a pessoa jurídica de § 5º-A. Às POLÍCIAS PENAIS, vinculadas ao órgão
direito público à qual pertença. administrador do sistema penal da unidade federativa a
que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos
penais. (2019)
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros
------------------------------------------------------------------------------ militares, forças auxiliares e reserva do Exército
subordinam-se, juntamente com as polícias civis e as
CAPÍTULO III polícias penais estaduais e distrital, aos Governadores
DA SEGURANÇA PÚBLICA dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (2019)
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, § 7º A lei disciplinará a organização e o
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
preservação da ordem pública e da incolumidade das pública, de maneira a garantir a eficiência de suas
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: atividades.
(Rol taxativo) § 8º Os Municípios poderão constituir guardas
I - polícia federal; municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e
II - polícia rodoviária federal; instalações, conforme dispuser a lei.
III - polícia ferroviária federal; STF: Guardas Municipais podem exercer poder de polícia de
trânsito, aplicando sanções administrativas - multas - aos
IV - polícias civis; infratores.
V - polícias militares e corpos de bombeiros § 9º A remuneração dos servidores policiais
militares.
integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. fixada na forma do § 4º do art. 39.
(2019)
§ 10. A segurança viária, exercida para a
STF: A atividade de policiamento naval é uma atividade secundária preservação da ordem pública e da incolumidade das
da Marinha de Guerra, possuindo caráter meramente
administrativo. Não se pode atribuir a essa função natureza militar,
pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas:
apesar de ser desempenhada pela Marinha de Guerra. I - compreende a educação, engenharia e
§ 1º A POLÍCIA FEDERAL, instituída por lei como fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas
órgão permanente, organizado e mantido pela União e em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade
estruturado em carreira, destina-se a: urbana eficiente; e
I - apurar infrações penais contra a ordem política e II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou
União ou de suas entidades autárquicas e empresas entidades executivos e seus agentes de trânsito,
públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha estruturados em Carreira, na forma da lei.
repercussão interestadual ou internacional e exija
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o
descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima,
aeroportuária e de fronteiras;
IV - exercer, com exclusividade, as funções de
01
polícia judiciária da União.
§ 2º A POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL, órgão 02

permanente, organizado e mantido pela União e


estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao 03

patrulhamento ostensivo das rodovias federais.


04
§ 3º A POLÍCIA FERROVIÁRIA FEDERAL, órgão
permanente, organizado e mantido pela União e 05
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao
patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 06
07 artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
08 Modalidade culposa
§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite
09 ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção,
de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de
10
detenção, de três meses a um ano.
11
Uso de gás tóxico ou asfixiante
12
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou
13 asfixiante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
14 Modalidade Culposa
Parágrafo único - Se o crime é culposo:
15
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Fabrico, fornecimento, aquisição posse ou


transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
Código Penal transportar, sem licença da autoridade, substância ou
engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material
destinado à sua fabricação:
TÍTULO VIII Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
CAPÍTULO I Inundação
DOS CRIMES DE PERIGO COMUM Art. 254 - Causar inundação, expondo a perigo a
Incêndio vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso
a integridade física ou o patrimônio de outrem: de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso
STJ: O crime de incêndio é de perigo concreto, bastando, para de culpa.
sua configuração, que o fogo tenha a potencialidade de colocar em
risco os bens jurídicos tutelados: a incolumidade pública, a vida, a Perigo de inundação
integridade física e o patrimônio de terceiros. Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em prédio
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade
Aumento de pena física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra
§ 1º - As penas aumentam-se de 1/3 (um terço): destinada a impedir inundação:
I - se o crime é cometido com intuito de obter Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é: Desabamento ou desmoronamento
a) em casa habitada ou destinada a habitação; Art. 256 - Causar desabamento ou desmoronamento,
b) em edifício público ou destinado a uso público ou expondo a perigo a vida, a integridade física ou o
a obra de assistência social ou de cultura; patrimônio de outrem:
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
transporte coletivo; Modalidade culposa
d) em estação ferroviária ou aeródromo; Parágrafo único - Se o crime é culposo:
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; Pena - detenção, de seis meses a um ano.
f) em depósito de explosivo, combustível ou
inflamável; Subtração, ocultação ou inutilização de material
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; de salvamento
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de
Incêndio culposo incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado
de seis meses a dois anos. a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento;
ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Explosão Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade física
ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso Formas qualificadas de crime de perigo comum
ou simples colocação de engenho de dinamite ou de Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum
substância de efeitos análogos: resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa. de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta
explosivo de efeitos análogos: lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo,
Aumento de pena aumentada de 1/3 (um terço).
§ 2º - As penas aumentam-se de 1/3 (um terço), se
ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos
Difusão de doença ou praga arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta
Art. 259 - Difundir doença ou praga que possa causar lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.
dano a floresta, plantação ou animais de utilidade
econômica: Arremesso de projétil
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em
Modalidade culposa movimento, destinado ao transporte público por terra, por
Parágrafo único - No caso de culpa, a pena é de água ou pelo ar:
detenção, de um a seis meses, ou multa. Pena - detenção, de um a seis meses.
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal, a
CAPÍTULO II pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta
DOS CRIMES CONTRA A morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de 1/3 (um
SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO terço).
E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
Perigo de desastre ferroviário Atentado contra a segurança de serviço de
Art. 260 - Impedir ou perturbar serviço de estrada de utilidade pública
ferro: Art. 265 - Atentar contra a segurança ou o
I - destruindo, danificando ou desarranjando, total ou funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou
parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, qualquer outro de utilidade pública:
obra-de-arte ou instalação; Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
II - colocando obstáculo na linha; Parágrafo único - Aumentar-se-á a pena de 1/3 (um
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento terço) até a metade, se o dano ocorrer em virtude de
dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o subtração de material essencial ao funcionamento dos
funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; serviços.
IV - praticando outro ato de que possa resultar
desastre: Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico,
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. telefônico, informático, telemático ou de informação de
Desastre ferroviário utilidade pública
§ 1º - Se do fato resulta desastre: Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço
Pena - reclusão, de quatro a doze anos e multa. telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou
§ 2º - No caso de culpa, ocorrendo desastre: dificultar-lhe o restabelecimento:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
§ 3º - Para os efeitos deste artigo, entende-se por § 1o Incorre na mesma pena quem interrompe
estrada de ferro qualquer via de comunicação em que serviço telemático ou de informação de utilidade pública, ou
circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por impede ou dificulta-lhe o restabelecimento.
meio de cabo aéreo. § 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é
cometido por ocasião de calamidade pública.
Atentado contra a segurança de transporte
marítimo, fluvial ou aéreo CAPÍTULO III
Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA
própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a Epidemia
impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Art. 267 - Causar epidemia, mediante a
Pena - reclusão, de dois a cinco anos. propagação de germes patogênicos:
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo Pena - reclusão, de dez a quinze anos.
§ 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em
encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de dobro. (Crime hediondo)
aeronave: § 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.
Prática do crime com o fim de lucro
§ 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o Infração de medida sanitária preventiva
agente pratica o crime com intuito de obter vantagem Art. 268 - Infringir determinação do poder público,
econômica, para si ou para outrem. destinada a impedir introdução ou propagação de doença
Modalidade culposa contagiosa:
§ 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se o agente é funcionário da saúde pública ou
Atentado contra a segurança de outro meio de exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou
transporte enfermeiro.
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte
público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: Omissão de notificação de doença
Pena - detenção, de um a dois anos. Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:
reclusão, de dois a cinco anos. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de três meses a um ano.

Forma qualificada
Envenenamento de água potável ou de IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua
substância alimentícia ou medicinal atividade;
Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou V - de procedência ignorada;
particular, ou substância alimentícia ou medicinal VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da
destinada a consumo: autoridade sanitária competente.
Pena - reclusão, de dez a quinze anos. Modalidade culposa
§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a § 2º - Se o crime é culposo:
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
a água ou a substância envenenada.
Modalidade culposa Emprego de processo proibido ou de substância
§ 2º - Se o crime é culposo: não permitida
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado
a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria
Corrupção ou poluição de água potável corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora
Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso ou qualquer outra não expressamente permitida pela
comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo legislação sanitária:
ou nociva à saúde: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
Modalidade culposa Invólucro ou recipiente com falsa indicação
Parágrafo único - Se o crime é culposo: Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de
Pena - detenção, de dois meses a um ano. produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a
existência de substância que não se encontra em seu
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a
de substância ou produtos alimentícios mencionada:
Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
substância ou produto alimentício destinado a consumo,
tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor Produto ou substância nas condições dos dois
nutritivo: artigos anteriores
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para
§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto
vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para nas condições dos arts. 274 e 275.
vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa
consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado,
corrompido ou adulterado. Substância destinada à falsificação
§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou
ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou ceder substância destinada à falsificação de produtos
sem teor alcoólico. alimentícios, terapêuticos ou medicinais
Modalidade culposa Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 2º - Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Outras substâncias nocivas à saúde pública
Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a
de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que
Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar não destinada à alimentação ou a fim medicinal:
produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
(Crime hediondo) Modalidade culposa
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e Parágrafo único - Se o crime é culposo:
multa. Pena - detenção, de dois meses a um ano.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa,
vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de Substância avariada
qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto Art. 279 – (revogado)
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado.
§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere Medicamento em desacordo com receita médica
este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os Art. 280 - Fornecer substância medicinal em
insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os desacordo com receita médica:
de uso em diagnóstico. Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem Modalidade culposa
pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos Parágrafo único - Se o crime é culposo:
em qualquer das seguintes condições: Pena - detenção, de dois meses a um ano.
I - sem registro, quando exigível, no órgão de
vigilância sanitária competente; COMÉRCIO, POSSE OU USO DE
II - em desacordo com a fórmula constante do ENTORPECENTE OU SUBSTÂNCIA QUE DETERMINE
registro previsto no inciso anterior; DEPENDÊNCIA FÍSICA OU PSÍQUICA. (revogado)
III - sem as características de identidade e qualidade Art. 281. (revogado)
admitidas para a sua comercialização;
Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou
farmacêutica
Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a
profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem Decreto-Lei nº 3.688 / 1941
autorização legal ou excedendo-lhe os limites: (Crime Lei das Contravenções Penais
habitual)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de LEI DAS CONTRAVENÇÕES PENAIS
lucro, aplica-se também multa. PARTE GERAL
Art. 1º Aplicam-se as contravenções às regras gerais
Charlatanismo do Código Penal, sempre que a presente lei não disponha
Art. 283 - Inculcar ou anunciar cura por meio de modo diverso.
secreto ou infalível:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 2º A lei brasileira só é aplicável à contravenção
praticada no território nacional.
Curandeirismo
Art. 284 - Exercer o curandeirismo: (Crime habitual) Art. 3º Para a existência da contravenção, basta a
I - prescrevendo, ministrando ou aplicando, ação ou omissão voluntária. Deve-se, todavia, ter em
habitualmente, qualquer substância; conta o dolo ou a culpa, se a lei faz depender, de um ou de
II - usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; outra, qualquer efeito jurídico.
III - fazendo diagnósticos:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Art. 4º Não é punível a tentativa de contravenção.
Parágrafo único - Se o crime é praticado mediante
remuneração, o agente fica também sujeito à multa. Art. 5º As penas principais são:
I – prisão simples.
Forma qualificada II – multa.
Art. 285 - Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes
previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. Art. 6º A pena de prisão simples deve ser cumprida,
267. sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou
seção especial de prisão comum, em regime semi- aberto
ou aberto.
§ 1º O condenado a pena de prisão simples fica
sempre separado dos condenados a pena de reclusão ou
de detenção.
§ 2º O trabalho é facultativo, se a pena aplicada, não
excede a quinze dias.

Art. 7º Verifica-se a reincidência quando o agente


01
pratica uma contravenção depois de passar em julgado a
sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no
02
estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo
de contravenção.
03

Art. 8º No caso de ignorância ou de errada


04 compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode
deixar de ser aplicada.
05

Art. 9º A multa converte-se em prisão simples, de


06
acordo com o que dispõe o Código Penal sobre a
07
conversão de multa em detenção.
Parágrafo único. Se a multa é a única pena cominada,
08 a conversão em prisão simples se faz entre os limites de
quinze dias e três meses.
09 - Dispositivo revogado pela Lei n. 9.268/96

10
Art. 10. A duração da pena de prisão simples não
pode, em caso algum, ser superior a 5 (cinco) anos, nem
11
a importância das multas ultrapassar cinquenta contos.
12
Art. 11. Desde que reunidas as condições legais, o juiz
13
pode suspender por tempo não inferior a 1 (um) ano nem
superior a 3 (três), a execução da pena de prisão simples,
14 bem como conceder livramento condicional.
Observam-se, em relação ao sursis para contravenções penais, as
15
mesmas condições exigidas nos arts. 77 e 78 do CP. Quanto ao
livramento condicional, incidem as regras constantes no art. 83 do
CP.
Art. 12. As penas acessórias são a publicação da Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou
sentença e as seguintes interdições de direitos: multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas
I – a incapacidade temporária para profissão ou cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a
atividade, cujo exercício dependa de habilitação especial, ordem política ou social.
licença ou autorização do poder público; - Deve-se observar que, em face da Lei 10.826/2003 (Estatuto
lI – a suspensão dos direitos políticos. do Desarmamento), os arts. 18 e 19 da Lei de Contravenções
Parágrafo único. Incorrem: Penais foram derrogados quanto à arma de fogo. Porém, os
a) na interdição sob nº I, por um mês a dois anos, o referidos artigos continuam a ter aplicabilidade no que se
condenado por motivo de contravenção cometida com refere às armas brancas: facas, navalhas, canivetes, estiletes
etc.
abuso de profissão ou atividade ou com infração de dever
a ela inerente; Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de
b) na interdição sob nº II, o condenado a pena dependência desta, sem licença da autoridade:
privativa de liberdade, enquanto dure a execução do pena Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses,
ou a aplicação da medida de segurança detentiva. ou multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou
ambas cumulativamente.
- Lei n. 7.209/84 aboliu as penas acessórias e implantou a § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até
reforma do Código Penal metade, se o agente já foi condenado, em sentença
irrecorrível, por violência contra pessoa.
Art. 13. Aplicam-se, por motivo de contravenção, as § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
medidas de segurança estabelecidas no Código Penal, à a três meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de
exceção do exílio local. réis, quem, possuindo arma ou munição:
- Não existe mais exílio local. a) deixa de fazer comunicação ou entrega à
autoridade, quando a lei o determina;
Art. 14. Presumem-se perigosos, além dos indivíduos b) permite que alienado menor de 18 anos ou
a que se referem os ns. I e II do art. 78 do Código Penal: pessoa inexperiente no manejo de arma a tenha consigo;
I – o condenado por motivo de contravenção c) omite as cautelas necessárias para impedir que
cometido, em estado de embriaguez pelo álcool ou dela se apodere facilmente alienado, menor de 18 anos ou
substância de efeitos análogos, quando habitual a pessoa inexperiente em manejá-la.
embriaguez;
II – o condenado por vadiagem ou mendicância; Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto
- Dispositivo revogado pela Lei n. 7.209/84 destinado a provocar aborto:
Pena - multa de hum mil cruzeiros a dez mil
Art. 15. São internados em colônia agrícola ou em cruzeiros.
instituto de trabalho, de reeducação ou de ensino
profissional, pelo prazo mínimo de um ano: Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:
I – o condenado por vadiagem (art. 59); Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses,
II – o condenado por mendicância (art. 60 e seu ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não
parágrafo); constitui crime.
- Dispositivo revogado pela Lei n. 7.209/84 Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um
terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta)
Art. 16. O prazo mínimo de duração da internação em anos.
manicômio judiciário ou em casa de custódia e São exemplos de vias de fato: tapa, empurrão, puxão de cabelo,
tratamento é de 6 (seis) meses. rasteira. Não é possível verificar lesão pelo exame de corpo de
Parágrafo único. O juiz, entretanto, pode, ao invés de delito.
decretar a internação, submeter o indivíduo a liberdade
vigiada. Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e
- Dispositivo alterado pela Lei n. 7.209/84. Atualmente o nele internar, sem as formalidades legais, pessoa
prazo mínimo é de 1 ano. apresentada como doente mental:
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a réis.
autoridade proceder de ofício. § 1º Aplica-se a mesma pena a quem deixa de
As contravenções penais são infrações de menor potencial comunicar a autoridade competente, no prazo legal,
ofensivo e se submetem ao rito da Lei dos Juizados Especiais internação que tenha admitido, por motivo de urgência,
(Lei nº 9.099/1995). sem as formalidades legais.
--------------------------------------------------------------------------------------- § 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias
Súmula 38 do STJ - Compete à justiça estadual comum, na a três meses, ou multa de quinhentos mil réis a cinco
vigência da constituição de 1988, o processo por contravenção contos de réis, aquele que, sem observar as prescrições
penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou
legais, deixa retirar-se ou despede de estabelecimento
interesse da união ou de suas entidades.
psiquiátrico pessoa nele, internada.

PARTE ESPECIAL Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora
CAPÍTULO I do caso previsto no artigo anterior, sem autorização de
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA quem de direito:
Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses,
depósito ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
ou munição:
CAPÍLULO II
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
PATRIMÔNIO a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou
Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente;
instrumento empregado usualmente na prática de crime de b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a
furto: segurança alheia;
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a
multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. segurança alheia.
São exemplos de Gazua: pé-de-cabra, chave de fenda, serra etc.
Art. 32. Dirigir, sem a devida habilitação, veículo na
via pública, ou embarcação a motor em águas públicas:
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
condenado, por crime de furto ou roubo, ou enquanto
réis.
sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como
vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou STF: Súmula 720 - O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro,
instrumentos empregados usualmente na prática de crime que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32
da lei das contravenções penais no tocante à direção sem
de furto, desde que não prove destinação legítima:
habilitação em vias terrestres.
Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e ---------------------------------------------------------------------------------------
multa de duzentos mil réis a dois contos de réis A contravenção penal, contudo, ainda subsiste em relação à
. direção sem habilitação de embarcação a motor em águas
públicas.
Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de
serralheiro ou oficio análogo, a pedido ou por incumbência
de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado Art. 33. Dirigir aeronave sem estar devidamente
previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho licenciado:
destinado à defesa de lugar ou objeto: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, e
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis.
Art. 34. Dirigir veículos na via pública, ou
Art. 27. (Revogado) embarcações em águas públicas, pondo em perigo a
segurança alheia:
CAPÍTULO III Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses,
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À ou multa, de trezentos mil réis a dois contos de réis.
INCOLUMIDADE PÚBLICA
Atualmente estão previstos na Lei 9.503/97 (Código de Trânsito
Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou Brasileiro) os tipos penais referentes à direção de veículos na via
em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: pública. Porém, a contravenção penal ainda subsiste em relação
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, às embarcações em águas públicas.
de trezentos mil réis a três contos de réis.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, Art. 35. Entregar-se na prática da aviação, a
de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis acrobacias ou a voos baixos, fora da zona em que a lei o
a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas permite, ou fazer descer a aeronave fora dos lugares
adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem destinados a esse fim:
licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses,
fogo de artifício ou solta balão aceso. ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
- Caput revogado pelo art. 15 da Lei n. 10.826 / 2003
(Estatuto do Desarmamento). Art. 36. Deixar de colocar na via pública, sinal ou
- Parágrafo único revogado pelo art. 42 da Lei n. 9.605 / 1998 obstáculo, determinado em lei ou pela autoridade e
(Lei de Crimes Ambientais). destinado a evitar perigo a transeuntes:
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou
Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
por erro no projeto ou na execução, dar-lhe causa: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato a) apaga sinal luminoso, destrói ou remove sinal de
não constitui crime contra a incolumidade pública. outra natureza ou obstáculo destinado a evitar perigo a
transeuntes;
Somente caracteriza contravenção penal se não constituir crime
mais grave. Código Penal, art. 256: “Causar desabamento ou
b) remove qualquer outro sinal de serviço público.
desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou
o patrimônio de outrem. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou
multa”. em lugar de uso comum, ou do uso alheio, coisa que possa
ofender, sujar ou molestar alguém:
Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja réis.
conservação lhe incumbe: Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que,
Pena – multa, de um a cinco contos de réis. sem as devidas cautelas, coloca ou deixa suspensa coisa
que, caindo em via pública ou em lugar de uso comum ou
Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de de uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém.
pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela
animal perigoso: Art. 38. Provocar, abusivamente, emissão de fumaça,
Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou vapor ou gás, que possa ofender ou molestar alguém:
multa, de cem mil réis a um conto de réis.
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de CAPÍTULO VI
réis. DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
CAPÍTULO IV Art. 47. Exercer profissão ou atividade econômica ou
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PAZ anunciar que a exerce, sem preencher as condições a
PÚBLICA que por lei está subordinado o seu exercício:
Art. 39. Participar de associação de mais de 5 Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses,

(cinco) pessoas, que se reúnam periodicamente, sob ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
compromisso de ocultar à autoridade a existência, objetivo,
organização ou administração da associação: Art. 48. Exercer, sem observância das prescrições
Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, legais, comércio de antiguidades, de obras de arte, ou de
de trezentos mil réis a três contos de réis. manuscritos e livros antigos ou raros:
§ 1º Na mesma pena incorre o proprietário ou Pena – prisão simples de um a seis meses, ou multa,
ocupante de prédio que o cede, no todo ou em parte, para de um a dez contos de réis.
reunião de associação que saiba ser de caráter secreto.
§ 2º O juiz pode, tendo em vista as circunstâncias, Art. 49. Infringir determinação legal relativa à
deixar de aplicar a pena, quando lícito o objeto da matrícula ou à escrituração de indústria, de comércio, ou
associação. de outra atividade:
Pena – multa, de duzentos mil réis a cinco contos de
Art. 40. Provocar tumulto ou portar-se de modo réis.
inconveniente ou desrespeitoso, em solenidade ou ato
oficial, em assembleia ou espetáculo público, se o fato CAPÍTULO VII

não constitui infração penal mais grave; DAS CONTRAVENÇÕES RELATIVAS À POLÍCIA DE
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, COSTUMES
ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. Art. 50. Estabelecer ou explorar jogo de azar em lugar
público ou acessível ao público, mediante o pagamento de
Art. 41. Provocar alarma, anunciando desastre ou entrada ou sem ele:
perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de Pena – prisão simples, de três meses a um ano, e
produzir pânico ou tumulto: multa, de dois a quinze contos de réis, estendendo-se os
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, efeitos da condenação à perda dos moveis e objetos de
ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. decoração do local.
§ 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se existe
Art. 42. Perturbar alguém o trabalho ou o sossego entre os empregados ou participa do jogo pessoa menor
alheios: de 18 (dezoito) anos.
I – com gritaria ou algazarra; § 2o Incorre na pena de multa, de R$ 2.000,00 (dois
II – exercendo profissão incômoda ou ruidosa, em mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), quem é
desacordo com as prescrições legais; encontrado a participar do jogo, ainda que pela internet
III – abusando de instrumentos sonoros ou sinais ou por qualquer outro meio de comunicação, como
acústicos; ponteiro ou apostador.
IV – provocando ou não procurando impedir barulho § 3º Consideram-se, jogos de azar:
produzido por animal de que tem a guarda: a) o jogo em que o ganho e a perda dependem
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, exclusiva ou principalmente da sorte;
ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis. b) as apostas sobre corrida de cavalos fora de
hipódromo ou de local onde sejam autorizadas;
CAPÍTULO V c) as apostas sobre qualquer outra competição
DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À FÉ PÚBLICA esportiva.
Art. 43. Recusar-se a receber, pelo seu valor, § 4º Equiparam-se, para os efeitos penais, a lugar
moeda de curso legal no país: acessível ao público:
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de a) a casa particular em que se realizam jogos de azar,
réis. quando deles habitualmente participam pessoas que não
sejam da família de quem a ocupa;
Art. 44. Usar, como propaganda, de impresso ou b) o hotel ou casa de habitação coletiva, a cujos
objeto que pessoa inexperiente ou rústica possa confundir hóspedes e moradores se proporciona jogo de azar;
com moeda: c) a sede ou dependência de sociedade ou
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de associação, em que se realiza jogo de azar;
réis. d) o estabelecimento destinado à exploração de jogo
de azar, ainda que se dissimule esse destino.
Art. 45. Fingir-se funcionário público:
Pena – prisão simples, de um a três meses, ou Art. 51. Promover ou fazer extrair loteria, sem
multa, de quinhentos mil réis a três contos de réis. autorização legal:
Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e
Art. 46. Usar, publicamente, de uniforme, ou multa, de cinco a dez contos de réis, estendendo-se os
distintivo de função pública que não exerce; usar, efeitos da condenação à perda dos moveis existentes no
indevidamente, de sinal, distintivo ou denominação cujo local.
emprego seja regulado por lei. § 1º Incorre na mesma pena quem guarda, vende ou
Pena – multa, de duzentos a dois mil cruzeiros, se o expõe à venda, tem sob sua guarda para o fim de venda,
fato não constitui infração penal mais grave. introduz ou tenta introduzir na circulação bilhete de loteria
não autorizada.
§ 2º Considera-se loteria toda operação que,
mediante a distribuição de bilhete, listas, cupões, vales, Art. 58. Explorar ou realizar a loteria denominada jogo
sinais, símbolos ou meios análogos, faz depender de do bicho, ou praticar qualquer ato relativo à sua realização
sorteio a obtenção de prêmio em dinheiro ou bens de outra ou exploração:
natureza. Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e
§ 3º Não se compreendem na definição do parágrafo multa, de dois a vinte contos de réis.
anterior os sorteios autorizados na legislação especial. Parágrafo único. Incorre na pena de multa, de
- Dispositivo revogado pelo art. 45 do Decreto-Lei n. 6.259/44 duzentos mil réis a dois contos de réis, aquele que participa
da loteria, visando a obtenção de prêmio, para si ou para
terceiro.
Art. 52. Introduzir, no país, para o fim de comércio,
bilhete de loteria, rifa ou tômbola estrangeiras: - Dispositivo revogado pelo art. 58 do Decreto-Lei n. 6.259/44
Pena – prisão simples, de quatro meses a um ano, e STJ: Súmula 51 - A punição do intermediador, no jogo do bicho,
multa, de um a cinco contos de réis. independe da identificação do “apostador” ou do “banqueiro”.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende,
expõe à venda, tem sob sua guarda. para o fim de venda, Art. 59. Entregar-se alguém habitualmente à
introduz ou tenta introduzir na circulação, bilhete de loteria ociosidade, sendo válido para o trabalho, sem ter renda
estrangeira. que lhe assegure meios bastantes de subsistência, ou
- Dispositivo revogado pelo art. 46 do Decreto-Lei n. 6.259/44 prover à própria subsistência mediante ocupação ilícita:
Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses.
Art. 53. Introduzir, para o fim de comércio, bilhete de Parágrafo único. A aquisição superveniente de renda,
loteria estadual em território onde não possa legalmente que assegure ao condenado meios bastantes de
circular: subsistência, extingue a pena.
Pena – prisão simples, de dois a seis meses, e multa,
de um a três contos de réis. Art. 60 (Revogado)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende, Art. 61. (Revogado)
expõe à venda, tem sob sua guarda, para o fim de venda,
introduz ou tonta introduzir na circulação, bilhete de loteria Art. 62. Apresentar-se publicamente em estado de
estadual, em território onde não possa legalmente circular. embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em
perigo a segurança própria ou alheia:
- Dispositivo revogado pelos arts. 46, 48 e 50 do Decreto-Lei Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses,
n. 6.259/44
ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
Parágrafo único. Se habitual a embriaguez, o
Art. 54. Exibir ou ter sob sua guarda lista de sorteio de contraventor é internado em casa de custódia e tratamento.
loteria estrangeira:
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, Art. 63. Servir bebidas alcoólicas:
de duzentos mil réis a um conto de réis. I - (Revogado)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem exibe II – a quem se acha em estado de embriaguez;
ou tem sob sua guarda lista de sorteio de loteria estadual, III – a pessoa que o agente sabe sofrer das
em território onde esta não possa legalmente circular. faculdades mentais;
- Dispositivo revogado pelo art. 49 do Decreto-Lei n. 6.259/44 IV – a pessoa que o agente sabe estar judicialmente
proibida de frequentar lugares onde se consome bebida de
Art. 55. Imprimir ou executar qualquer serviço de tal natureza:
feitura de bilhetes, lista de sorteio, avisos ou cartazes Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, ou
relativos a loteria, em lugar onde ela não possa legalmente multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis.
circular:
Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a
de duzentos mil réis a dois contos de réis. trabalho excessivo:
Pena – prisão simples, de dez dias a um mês, ou
- Dispositivo revogado pelo art. 51 do Decreto-Lei n. 6.259/44 multa, de cem a quinhentos mil réis.
§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para
Art. 56. Distribuir ou transportar cartazes, listas de fins didáticos ou científicos, realiza em lugar público ou
sorteio ou avisos de loteria, onde ela não possa legalmente exposto ao publico, experiência dolorosa ou cruel em
circular: animal vivo.
Pena – prisão simples, de um a três meses, e multa, § 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o
de cem a quinhentos mil réis. animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com
- Dispositivo revogado pelo art. 52 do Decreto-Lei n. 6.259/44 crueldade, em exibição ou espetáculo público.
- Dispositivo revogado pelo art. 32 da Lei 9.605/98 (Lei dos
Crimes Ambientais), o qual prevê o crime de maus tratos.
Art. 57. Divulgar, por meio de jornal ou outro impresso,
de rádio, cinema, ou qualquer outra forma, ainda que
disfarçadamente, anúncio, aviso ou resultado de extração Art. 65. (Revogado) (2021)
de loteria, onde a circulação dos seus bilhetes não seria
legal: CAPÍTULO VIII
Pena – multa, de um a dez contos de réis. DAS CONTRAVENÇÕES REFERENTES À
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
- Dispositivo revogado pelos art. 55 e art. 56 do Decreto-Lei
n. 6.259/44
Art. 66. Deixar de comunicar à autoridade 07

competente:
I – crime de ação pública, de que teve conhecimento 08

no exercício de função pública, desde que a ação penal


não dependa de representação; 09

II – crime de ação pública, de que teve


conhecimento no exercício da medicina ou de outra 10

profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa


11
de representação e a comunicação não exponha o cliente
a procedimento criminal: 12
Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de
réis. 13

Crime próprio. Somente pode ser cometido por funcionário


público ou profissional da área da saúde. 14

Art. 67. Inumar ou exumar cadáver, com infração das 15

disposições legais:
Pena – prisão simples, de um mês a um ano, ou
multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Inumar: sepultar, enterrar.


Lei nº 8.429 / 1992
Lei de Improbidade Administrativa
Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta,
justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes
indicações concernentes à própria identidade, estado,
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no
profissão, domicílio e residência:
exercício de mandato, cargo, emprego ou função na
Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de
administração pública direta, indireta ou fundacional e
réis.
dá outras providências.
Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples,
de um a seis meses, e multa, de duzentos mil réis a dois
CAPÍTULO I
contos de réis, se o fato não constitui infração penal mais
Das Disposições Gerais
grave, quem, nas mesmas circunstâncias, faz declarações
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por
inverídicas a respeito de sua identidade pessoal, estado,
qualquer agente público, servidor ou não, contra a (1)
profissão, domicílio e residência.
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer
Art. 69. (Revogado) dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios, de Território, de (2) empresa incorporada
ao patrimônio público ou (3) de entidade para cuja criação
Art. 70. Praticar qualquer ato que importe violação do
ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais
monopólio postal da União:
de 50% (cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita
Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou
anual, serão punidos na forma desta lei.
multa, de três a dez contos de réis, ou ambas
Parágrafo único. Estão também sujeitos às
cumulativamente.
penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
- O privilégio postal da União atualmente é regulado pela Lei
n. 6.538/78, que dispõe sobre os Serviços Postais. O art. 42 da
contra o patrimônio de (4) entidade que receba subvenção,
referida lei revogou essa contravenção penal, passando a benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público
tipificar a violação do privilégio postal da União como crime. bem como (5) daquelas para cuja criação ou custeio o
erário haja concorrido ou concorra com menos de 50%
O monopólio é exercido atualmente pelos Correios - Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos.
(cinquenta por cento) do patrimônio ou da receita anual,
limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos.

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos


desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.
01

Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que


02
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público,
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade
03
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.
04 De acordo com o STF, ressalvado o Presidente da República, a
Lei de Improbidade Administrativa também se aplica aos agentes
05 políticos, que se submetem a um duplo regime sancionatório:
responsabilização civil pelos atos de improbidade administrativa
06
e responsabilização político-administrativa pelos crimes de IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
responsabilidade. máquinas, equipamentos ou material de qualquer
--------------------------------------------------------------------------------------- natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
Cumpre salientar que a competência para o julgamento será do
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
juízo de primeiro grau, não havendo foro por prerrogativa de
função. trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros
contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a
hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade
e publicidade no trato dos assuntos que lhe são afetos. ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa
ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de sobre medição ou avaliação em obras públicas ou
terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano. qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida,
qualidade ou característica de mercadorias ou bens
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art.
agente público ou terceiro beneficiário os bens ou valores 1º desta lei;
acrescidos ao seu patrimônio. VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
a autoridade administrativa responsável pelo inquérito VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade
representar ao Ministério Público, para a de consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
indisponibilidade dos bens do indiciado. jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições
o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o do agente público, durante a atividade;
integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo IX - perceber vantagem econômica para intermediar
patrimonial resultante do enriquecimento ilícito. a liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
Segundo o art. 37, §4º, da Constituição Federal, os atos de natureza;
improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos X - receber vantagem econômica de qualquer
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício,
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas providência ou declaração a que esteja obrigado;
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu
patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao desta lei;
patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas
às cominações desta lei até o limite do valor da herança. ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei.
CAPÍTULO II
Dos Atos de Improbidade Administrativa De acordo com o STJ, tanto atos de improbidade que importam
Seção I enriquecimento ilícito quanto os que atentam contra os
princípios da administração pública exigem o dolo como
Dos Atos de Improbidade Administrativa que elemento caracterizador. Os atos de improbidade que causam
Importam Enriquecimento Ilícito prejuízo ao erário, contudo, podem ser evidenciados por dolo ou
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa por culpa.
importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de Seção II
cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente: Prejuízo ao Erário
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa
móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
ou omissão decorrente das atribuições do agente público; notadamente:
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
mercado; 1º desta lei;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por integrantes do acervo patrimonial das entidades
preço inferior ao valor de mercado; mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao parcerias firmadas pela administração pública com
ente despersonalizado, ainda que de fins educativos ou entidades privadas;
assistências, bens, rendas, verbas ou valores do XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art.
administração pública com entidades privadas sem a
1º desta lei, sem observância das formalidades legais e
regulamentares aplicáveis à espécie; estrita observância das normas pertinentes ou influir de
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou qualquer forma para a sua aplicação irregular.
locação de bem integrante do patrimônio de qualquer das XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a administração pública com entidades privadas sem a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao estrita observância das normas pertinentes ou influir de
de mercado; qualquer forma para a sua aplicação irregular.
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou
locação de bem ou serviço por preço superior ao de
mercado; Seção II-A
VI - realizar operação financeira sem observância (2016)
das normas legais e regulamentares ou aceitar garantia Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes
insuficiente ou inidônea; de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a Financeiro ou Tributário
observância das formalidades legais ou regulamentares Art. 10-A. Constitui ato de improbidade
aplicáveis à espécie; administrativa qualquer ação ou omissão para conceder,
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou
de processo seletivo para celebração de parcerias com aplicar ou manter benefício financeiro ou tributário contrário
entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
indevidamente; Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (2016)
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não A Lei Complementar mencionada acima trata do Imposto sobre
autorizadas em lei ou regulamento; Serviços de Qualquer Natureza (ISS):
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou “Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de
renda, bem como no que diz respeito à conservação do Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento).
patrimônio público; § 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções,
XI - liberar verba pública sem a estrita observância incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de
das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado,
ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente,
sua aplicação irregular;
em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a
se enriqueça ilicitamente; que se referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço Lei Complementar.”
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material
de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, Seção III
bem como o trabalho de servidor público, empregados ou Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam
terceiros contratados por essas entidades. Contra os Princípios da Administração Pública
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio que atenta contra os princípios da administração pública
da gestão associada sem observar as formalidades qualquer ação ou omissão que viole os deveres de
previstas na lei; honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público instituições, e notadamente:
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem I - praticar ato visando fim proibido em lei ou
observar as formalidades previstas na lei. regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a competência;
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos de ofício;
transferidos pela administração pública a entidades III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência
privadas mediante celebração de parcerias, sem a em razão das atribuições e que deva permanecer em
observância das formalidades legais ou regulamentares segredo;
aplicáveis à espécie; IV - negar publicidade aos atos oficiais;
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física V - frustrar a licitude de concurso público;
ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores VI -deixar de prestar contas quando esteja obrigado
públicos transferidos pela administração pública a entidade a fazê-lo;
privada mediante celebração de parcerias, sem a VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento
observância das formalidades legais ou regulamentares de terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de
aplicáveis à espécie; medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
XVIII - celebrar parcerias da administração pública
VIII - descumprir as normas relativas à celebração,
com entidades privadas sem a observância das fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à pela administração pública com entidades privadas.
espécie; IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de
XIX - agir negligentemente na celebração, acessibilidade previstos na legislação.
fiscalização e análise das prestações de contas de X - transferir recurso a entidade privada, em
razão da prestação de serviços na área de saúde sem a
prévia celebração de contrato, convênio ou benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
instrumento congênere, nos termos do parágrafo único do indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica
art. 24 da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de 5 (cinco) anos;
(2018)  CONTRA OS PRINCÍPIOS DA
Conforme a Jurisprudência abaixo, o STJ reconheceu a prática de ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
assédio sexual como improbidade contra os princípios da III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
administração pública. dano, se houver, perda da função pública, suspensão
--------------------------------------------------------------------------------------- dos direitos políticos de 3 a 5 (três a cinco) anos,
PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. IMPROBIDADE pagamento de multa civil de até 100 (cem) vezes o valor
ADMINISTRATIVA. ASSÉDIO DE PROFESSOR DA REDE PÚBLICA.
PROVA TESTEMUNHAL SUFICIENTE. VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS da remuneração percebida pelo agente e proibição de
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. AUSÊNCIA DE contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 282/STF. MATÉRIA incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
CONSTITUCIONAL. COMPETÊNCIA DA EXCELSA CORTE. DOLO DO
AGENTE. ATO ÍMPROBO. CARACTERIZAÇÃO.
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
1. Cinge-se a questão dos autos a possibilidade de prática de sócio majoritário, pelo prazo de 3 (três) anos.
assédio sexual como sendo ato de improbidade  CONCESSÃO OU APLICAÇÃO INDEVIDA DE
administrativa previsto no caput do art. 11 da Lei n. 8.429/1992, BENEFÍCIO FINANCEIRO OU TRIBUTÁRIO
praticado por professor da rede pública de ensino, o qual fora IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da
condenado pelas instâncias ordinárias à perda da função pública. função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a
2. A tese inerente à atipicidade da conduta em razão da 8 (cinco a oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o
inexistência de nexo causal entre o ato e a atividade de educador valor do benefício financeiro ou tributário concedido.
exercida pelo Professo não foi abordada pelo Corte de origem, o
(2016)
que atrai a incidência da Súmula 282 do STF.
3. O recorrente também tratou de questão constitucional, qual Parágrafo único. Na fixação das penas previstas
seja, a dignidade da pessoa humana, matéria que refoge da nesta lei o juiz levará em conta a extensão do dano
competência desta Corte Superior, sob pena de usurpação da causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo
competência do Supremo Tribunal Federal. agente.
4. É firme a orientação no sentido da imprescindibilidade de
dolo nos atos de improbidade administrativa por violação a CAPÍTULO IV
princípio, conforme previstos no caput do art. 11 da Lei n. Da Declaração de Bens
8.429/1992 - o que foi claramente demonstrado no caso dos Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam
autos, porquanto o professor atuou com dolo no sentido de
assediar suas alunas e obter vantagem indevida em função do
condicionados à apresentação de declaração dos bens
cargo que ocupava, o que subverte os valores fundamentais da e valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de
sociedade e corrói sua estrutura. ser arquivada no serviço de pessoal competente.
5. O recurso não pode ser conhecido em relação à alínea c do § 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis,
permissivo constitucional, porquanto o recorrente não demonstrou semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra
suficientemente a divergência, o que atrai, por analogia, a espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País
incidência da Súmula 284/STF. Recurso especial conhecido em ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens e
parte e improvido. valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos
STJ - REsp 1255120/SC, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, j. 21.05.2013, 2ª Turma, DJe e de outras pessoas que vivam sob a dependência
CAPÍTULO III 28.05.2013.
econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e
Das Penas utensílios de uso doméstico.
Art. 12. Independentemente das sanções penais, § 2º A declaração de bens será anualmente
civis e administrativas previstas na legislação específica, atualizada e na data em que o agente público deixar o
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às exercício do mandato, cargo, emprego ou função.
seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada § 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do
ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
 ENRIQUECIMENTO ILÍCITO o agente público que se recusar a prestar declaração dos
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento falsa.
integral do dano, quando houver, perda da função § 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
pública, suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 (oito da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da
a dez) anos, pagamento de multa civil de até 3 (três) Receita Federal na conformidade da legislação do Imposto
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de sobre a Renda e proventos de qualquer natureza, com as
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou necessárias atualizações, para suprir a exigência contida
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, no caput e no § 2° deste artigo.
ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
sócio majoritário, pelo prazo de 10 (dez) anos; CAPÍTULO V
 PREJUÍZO AO ERÁRIO Do Procedimento Administrativo e do Processo
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do Judicial
dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à
ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da autoridade administrativa competente para que seja
função pública, suspensão dos direitos políticos de 5 a instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato
8 (cinco a oito) anos, pagamento de multa civil de até 2 de improbidade.
(duas) vezes o valor do dano e proibição de contratar § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a
com o Poder Público ou receber termo e assinada, conterá a qualificação do representante,
as informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das
provas de que tenha conhecimento.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a instruída com documentos e justificações, dentro do prazo
representação, em despacho fundamentado, se esta não de 15 (quinze) dias.
contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste artigo. § 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de 30
A rejeição não impede a representação ao Ministério (trinta) dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação,
Público, nos termos do art. 22 desta lei. se convencido da inexistência do ato de improbidade, da
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos que, § 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
em se tratando de servidores federais, será processada apresentar contestação.
na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei nº 8.112, de § 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá
11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de servidor agravo de instrumento.
militar, de acordo com os respectivos regulamentos § 10-A. Havendo a possibilidade de solução
disciplinares. consensual, poderão as partes requerer ao juiz a
interrupção do prazo para a contestação, por prazo não
Art. 15. A comissão processante dará conhecimento superior a 90 (noventa) dias. (2019)
ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de
Contas da existência de procedimento administrativo para
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a
apurar a prática de ato de improbidade.
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
processo sem julgamento do mérito.
Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições
representante para acompanhar o procedimento
realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto
administrativo.
no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal.
§ 13. Para os efeitos deste artigo, também se
Art. 16. Havendo fundados indícios de
considera pessoa jurídica interessada o ente tributante que
responsabilidade, a comissão representará ao Ministério
figurar no polo ativo da obrigação tributária de que tratam o
Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao
§ 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de
juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
31 de julho de 2003.
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou
causado dano ao patrimônio público.
§ 1º O pedido de sequestro será processado de Art. 17-A. (VETADO): (2019)
acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de I - (VETADO);
Processo Civil. II - (VETADO);
§ 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a III - (VETADO).
investigação, o exame e o bloqueio de bens, contas § 1º (VETADO).
bancárias e aplicações financeiras mantidas pelo indiciado § 2º (VETADO).
no exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais. § 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, § 5º (VETADO).
será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa
jurídica interessada, dentro de 30 (trinta) dias da Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de
efetivação da medida cautelar. reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos
§ 1º As ações de que trata este artigo admitem a ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos
celebração de acordo de não persecução cível, nos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
termos desta Lei. (2019) prejudicada pelo ilícito.
§ 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá CAPÍTULO VI
as ações necessárias à complementação do ressarcimento Das Disposições Penais
do patrimônio público. Art. 19. Constitui crime a representação por ato de
§ 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário,
Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no quando o autor da denúncia o sabe inocente.
§ 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
§ 4º O Ministério Público, se não intervir no processo Parágrafo único. Além da sanção penal, o
como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei, denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos
sob pena de nulidade. danos materiais, morais ou à imagem que houver
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do provocado.
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que
possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
§ 6o A ação será instruída com documentos ou direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado
justificação que contenham indícios suficientes da da sentença condenatória.
existência do ato de improbidade ou com razões Parágrafo único. A autoridade judicial ou
fundamentadas da impossibilidade de apresentação de administrativa competente poderá determinar o
qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, afastamento do agente público do exercício do cargo,
inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando
Código de Processo Civil. a medida se fizer necessária à instrução processual.
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser independe:
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio
público, salvo quanto à pena de ressarcimento;
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.

Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei,


o Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação 01
formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá
requisitar a instauração de inquérito policial ou 02

procedimento administrativo.
03

CAPÍTULO VII
Da Prescrição 04

Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as


05
sanções previstas nesta lei podem ser propostas:
I – até 5 (cinco) anos após o término do exercício de
06
mandato, de cargo em comissão ou de função de
confiança; 07
II - dentro do prazo prescricional previsto em lei
específica para faltas disciplinares puníveis com demissão 08

a bem do serviço público, nos casos de exercício de cargo


efetivo ou emprego. 09

III – até 5 (cinco) anos da data da apresentação à


administração pública da prestação de contas final pelas 10

entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta Lei.


11

CAPÍTULO VIII
12
Das Disposições Finais
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua 13
publicação.
14

Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de


junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e 15

demais disposições em contrário.


II - a sujeição ao regime jurídico próprio das
Constituição da República Federativa empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e
do Brasil de 1988 obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III - licitação e contratação de obras, serviços,
compras e alienações, observados os princípios da
TÍTULO VII administração pública;
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA IV - a constituição e o funcionamento dos
conselhos de administração e fiscal, com a participação de
CAPÍTULO I
acionistas minoritários;
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a
ECONÔMICA
responsabilidade dos administradores.
Art. 170. A ordem econômica, fundada na
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais
fim assegurar a todos existência digna, conforme os
não extensivos às do setor privado.
ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios: § 3º A lei regulamentará as relações da empresa
pública com o Estado e a sociedade.
I - soberania nacional;
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que
II - propriedade privada;
vise à dominação dos mercados, à eliminação da
III - função social da propriedade; concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.
IV - livre concorrência; § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade
V - defesa do consumidor; individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a
VI - defesa do meio ambiente; responsabilidade desta, sujeitando-a às punições
compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante
a ordem econômica e financeira e contra a economia
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos
popular.
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e
prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e Art. 174. Como agente normativo e regulador da
sociais; atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei,
as funções de fiscalização, incentivo e planejamento,
VIII - busca do pleno emprego;
sendo este determinante para o setor público e indicativo
IX - tratamento favorecido para as empresas para o setor privado. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
brasileiras de capital nacional de pequeno porte.
§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do
IX - tratamento favorecido para as empresas de planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o
pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e
tenham sua sede e administração no País. regionais de desenvolvimento.
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre § 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e
exercício de qualquer atividade econômica, outras formas de associativismo.
independentemente de autorização de órgãos públicos,
§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade
salvo nos casos previstos em lei. (Vide Lei nº 13.874, de
garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção
2019)
do meio ambiente e a promoção econômico- social dos
garimpeiros.
Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse § 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo
nacional, os investimentos de capital estrangeiro, anterior terão prioridade na autorização ou concessão para
incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais
lucros. garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas
fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta
Constituição, a exploração direta de atividade econômica Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da
pelo Estado só será permitida quando necessária aos lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse sempre através de licitação, a prestação de serviços
coletivo, conforme definidos em lei. públicos.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da Parágrafo único. A lei disporá sobre:
empresa pública, da sociedade de economia mista e de
I - o regime das empresas concessionárias e
suas subsidiárias que explorem atividade econômica de
permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de
produção ou comercialização de bens ou de prestação de
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições
serviços, dispondo sobre:
de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
I - sua função social e formas de fiscalização pelo permissão;
Estado e pela sociedade;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária; § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no
IV - a obrigação de manter serviço adequado. domínio econômico relativa às atividades de importação ou
comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível deverá atender
Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais aos seguintes requisitos:
recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
I - a alíquota da contribuição poderá ser:
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, a) diferenciada por produto ou uso;
garantida ao concessionário a propriedade do produto da b) reduzida e restabelecida por ato do Poder
lavra. Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,III,
§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o b;
aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" II - os recursos arrecadados serão destinados:
deste artigo somente poderão ser efetuados mediante a) ao pagamento de subsídios a preços ou
autorização ou concessão da União, no interesse nacional, transporte de álcool combustível, gás natural e seus
por brasileiros ou empresa constituída sob as leis derivados e derivados de petróleo;
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País,
b) ao financiamento de projetos ambientais
na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas
relacionados com a indústria do petróleo e do gás;
quando essas atividades se desenvolverem em faixa de
fronteira ou terras indígenas. c) ao financiamento de programas de infra-
estrutura de transportes.
§ 2º É assegurada participação ao proprietário do
solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que
dispuser a lei. Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos
§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à
prazo determinado, e as autorizações e concessões ordenação do transporte internacional, observar os
previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou acordos firmados pela União, atendido o princípio da
transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do reciprocidade.
poder concedente. Parágrafo único. Na ordenação do transporte
§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aquático, a lei estabelecerá as condições em que o
aproveitamento do potencial de energia renovável de transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação
capacidade reduzida. interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras.

Art. 177. Constituem monopólio da União: Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios dispensarão às microempresas e às
I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás
empresas de pequeno porte, assim definidas em lei,
natural e outros hidrocarbonetos fluidos;
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las
II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; pela simplificação de suas obrigações administrativas,
III - a importação e exportação dos produtos e tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação
derivados básicos resultantes das atividades previstas nos ou redução destas por meio de lei.
incisos anteriores;
IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e
origem nacional ou de derivados básicos de petróleo os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como
produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de fator de desenvolvimento social e econômico.
conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de
qualquer origem;
Art. 181. O atendimento de requisição de
V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o
documento ou informação de natureza comercial, feita por
reprocessamento, a industrialização e o comércio de
autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a
minérios e minerais nucleares e seus derivados, com
pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País
exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização
dependerá de autorização do Poder competente.
e utilização poderão ser autorizadas sob regime de
permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do
caput do art. 21 desta Constituição Federal.
§ 1º A União poderá contratar com empresas
estatais ou privadas a realização das atividades previstas
nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições
estabelecidas em lei.
§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá

sobre:
I - a garantia do fornecimento dos derivados de
petróleo em todo o território nacional;
II - as condições de contratação; 01

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do


monopólio da União; 02

§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização


03
de materiais radioativos no território nacional.
04
05
TÍTULO X
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA
06 CAPÍTULO I
DA MOEDA FALSA
07 Moeda Falsa (Crime de perigo abstrato)
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a,
08
moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país
ou no estrangeiro:
09
- Para a jurisprudência, é inaplicável o princípio da
10
insignificância.
- A competência é da Justiça Federal
---------------------------------------------------------------------------------------
11
STJ: Súmula 73 – A utilização de papel moeda grosseiramente
falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da
12
competência da Justiça Estadual.
13 Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta
14 própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende,
troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
15 moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como
verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos,
Código Penal e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal
de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
TÍTULO IX fabricação ou emissão:
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA I - de moeda com título ou peso inferior ao
Incitação ao crime determinado em lei;
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime: II - de papel-moeda em quantidade superior à
autorizada.
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz
circular moeda, cuja circulação não estava ainda
Apologia de crime ou criminoso
autorizada.
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato
criminoso ou de autor de crime:
Crimes assimilados ao de moeda falsa
STF: Por entender que o exercício dos direitos fundamentais de
reunião e de livre manifestação do pensamento devem ser
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete
garantidos a todas as pessoas, o Plenário julgou procedente representativo de moeda com fragmentos de cédulas,
pedido formulado em ADPF para dar, ao art. 287 do CP, com efeito notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou
vinculante, interpretação conforme a Constituição, de forma a bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação,
excluir qualquer exegese que possa ensejar a criminalização da sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação
defesa da legalização das drogas, ou de qualquer substância cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos
entorpecente específica, inclusive através de manifestações e para o fim de inutilização:
eventos públicos. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa. Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a
doze anos e multa, se o crime é cometido por funcionário
Associação Criminosa que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo
para o fim específico de cometer crimes:
STJ: Para a caracterização do crime previsto no art. 288 do Código Petrechos para falsificação de moeda
Penal, é necessário, entre outros, o elemento subjetivo do tipo, Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso
consistente no ânimo de associação de caráter estável e ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho,
permanente. Do contrário, seria um mero concurso de agentes instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado
para a prática de crimes. à falsificação de moeda:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade
se a associação é armada ou se houver a participação de Emissão de título ao portador sem permissão
criança ou adolescente. legal

Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete,


Constituição de milícia privada ficha, vale ou título que contenha promessa de pagamento
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome
custear organização paramilitar, milícia particular, da pessoa a quem deva ser pago:
grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
dos crimes previstos neste Código: Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo
incorre na pena de detenção, de quinze dias a três meses,
ou multa.
Falsificação do selo ou sinal público
CAPÍTULO II Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS I - selo público destinado a autenticar atos oficiais da
PÚBLICOS União, de Estado ou de Município;
Falsificação de papéis públicos II - selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito
Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
I – selo destinado a controle tributário, papel selado Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
ou qualquer papel de emissão legal destinado à § 1º - Incorre nas mesmas penas:
arrecadação de tributo; I - quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II - papel de crédito público que não seja moeda de II - quem utiliza indevidamente o selo ou sinal
curso legal; verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio
III - vale postal; ou alheio.
IV - cautela de penhor, caderneta de depósito de III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de
caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos
entidade de direito público; utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da
V - talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro Administração Pública.
documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a § 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o
depósito ou caução por que o poder público seja crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
responsável; 1/6 (sexta parte).
VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de
transporte administrada pela União, por Estado ou por Falsificação de documento público
Município: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. público, ou alterar documento público verdadeiro:
§ 1o Incorre na mesma pena quem: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o
papéis falsificados a que se refere este artigo; crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, 1/6 (sexta parte).
empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a
falsificado destinado a controle tributário; documento público o emanado de entidade paraestatal, o
III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, título ao portador ou transmissível por endosso, as ações
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito particular.
próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz
industrial, produto ou mercadoria: inserir:
a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a I – na folha de pagamento ou em documento de
controle tributário, falsificado; informações que seja destinado a fazer prova perante a
b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação previdência social, pessoa que não possua a qualidade de
tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. segurado obrigatório
§ 2º - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do
legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, empregado ou em documento que deva produzir efeito
carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização: perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. da que deveria ter sido escrita;
§ 3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de III – em documento contábil ou em qualquer outro
alterado, qualquer dos papéis a que se refere o parágrafo documento relacionado com as obrigações da empresa
anterior. perante a previdência social, declaração falsa ou diversa
§ 4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora da que deveria ter constado.
recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos
alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2º, depois documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e
de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. contrato de trabalho ou de prestação de serviços
§ 5o Equipara-se a atividade comercial, para os fins do
inciso III do § 1o, qualquer forma de comércio irregular ou Falsificação de documento particular
clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte,
logradouros públicos e em residências. documento particular ou alterar documento particular
verdadeiro:
Petrechos de falsificação Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou Falsificação de cartão
guardar objeto especialmente destinado à falsificação Parágrafo único. Para fins do disposto no caput,
de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. débito.

Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e Falsidade ideológica


comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a Art. 299 - Omitir, em documento público ou
pena de 1/6 (sexta parte). particular, declaração que dele devia constar, ou nele
inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que
CAPÍTULO III devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar
DA FALSIDADE DOCUMENTAL
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente STJ: Súmula 200 - O Juízo Federal competente para processar e
relevante: julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o onde o delito se consumou.
STJ: Súmula 546 - A competência para processar e julgar o crime
documento é público, e reclusão de um a três anos, e
de uso de documento falso é firmada em razão da entidade ou
multa, se o documento é particular. órgão ao qual foi apresentado o documento público, não
Parágrafo único - Se o agente é funcionário importando a qualificação do órgão expedidor.
público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou
se a falsificação ou alteração é de assentamento de Supressão de documento
registro civil, aumenta-se a pena de 1/6 (sexta parte) Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento
Falso reconhecimento de firma ou letra (Crime público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
próprio)
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no
documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e
exercício de função pública, firma ou letra que o não seja:
multa, se o documento é particular.
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o
documento é público; e de um a três anos, e multa, se o
documento é particular. CAPÍTULO IV
DE OUTRAS FALSIDADES
Falsificação do sinal empregado no contraste de
Certidão ou atestado ideologicamente falso
metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou para
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão
outros fins
de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém
Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o,
a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de
marca ou sinal empregado pelo poder público no contraste
caráter público, ou qualquer outra vantagem:
de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem:
Falsidade material de atestado ou certidão
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou
Parágrafo único - Se a marca ou sinal falsificado é o
certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado
que usa a autoridade pública para o fim de fiscalização
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite
sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados
alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de
objetos, ou comprovar o cumprimento de formalidade legal:
serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - reclusão ou detenção, de um a três anos, e
Pena - detenção, de três meses a dois anos.
multa.
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro,
aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.
Falsa identidade
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa
Falsidade de atestado médico (Crime próprio)
identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua
alheio, ou para causar dano a outrem:
profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa,
Pena - detenção, de um mês a um ano.
se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim
STJ: Súmula 522 - A conduta de atribuir-se falsa identidade
de lucro, aplica-se também multa.
perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de
alegada autodefesa.
Reprodução ou adulteração de selo ou peça
filatélica
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica
eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de
que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução
identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se
ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no
utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem,
para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
Fraude de lei sobre estrangeiro
Revogado tacitamente pela Lei 6.538/78, art. 39, que passou a
Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou
prever a conduta de forma mais branda.
permanecer no território nacional, nome que não é o seu:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Uso de documento falso
Parágrafo único - Atribuir a estrangeiro falsa
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis
qualidade para promover-lhe a entrada em território
falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
nacional:
302:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
STJ: O crime descrito no art. 304 do CP consuma-se com a
apresentação do documento falso, sendo irrelevante se a exibição Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietário ou
ocorreu mediante exigência do policial ou por iniciativa do próprio possuidor de ação, título ou valor pertencente a
agente. estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a
STJ: Súmula 104 - Compete à Justiça Estadual o processo e propriedade ou a posse de tais bens:
julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso
relativo a estabelecimento particular de ensino.
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 10

Adulteração de sinal identificador de veículo 11

automotor
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi 12

ou qualquer sinal identificador de veículo automotor, de seu


13
componente ou equipamento
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
14
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da
função pública ou em razão dela, a pena é aumentada de 15
1/3 (um terço).
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário
público que contribui para o licenciamento ou registro do
veículo remarcado ou adulterado, fornecendo Lei nº 4.737 / 1965
indevidamente material ou informação oficial.
Código Eleitoral
CAPÍTULO V
DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE
PÚBLICO TÍTULO IV
Fraudes em certames de interesse público DISPOSIÇÕES PENAIS
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, CAPÍTULO I
com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
comprometer a credibilidade do certame, conteúdo Art. 283. Para os efeitos penais são considerados
sigiloso de:
membros e funcionários da Justiça Eleitoral:
I - concurso público; I - os magistrados que, mesmo não exercendo
II - avaliação ou exame públicos; funções eleitorais, estejam presidindo Juntas Apuradoras
III - processo seletivo para ingresso no ensino ou se encontrem no exercício de outra função por
superior; ou designação de Tribunal Eleitoral;
IV - exame ou processo seletivo previstos em II - Os cidadãos que temporariamente integram
lei: órgãos da Justiça Eleitoral;
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e III - Os cidadãos que hajam sido nomeados para as
multa. mesas receptoras ou Juntas Apuradoras;
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem permite ou IV - Os funcionários requisitados pela Justiça
facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não Eleitoral.
autorizadas às informações mencionadas no caput. § 1º Considera-se funcionário público, para os efeitos
§ 2o Se da ação ou omissão resulta dano à penais, além dos indicados no presente artigo, quem,
administração pública: embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e cargo, emprego ou função pública.
multa. § 2º Equipara-se a funcionário público quem exerce
§ 3o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o cargo, emprego ou função em entidade paraestatal ou em
fato é cometido por funcionário público. sociedade de economia mista.

Art. 284. Sempre que este Código não indicar o grau


mínimo, entende-se que será ele de 15 (quinze) dias para
a pena de detenção e de um ano para a de reclusão.

Art. 285. Quando a lei determina a agravação ou


atenuação da pena sem mencionar o "quantum", deve o
juiz fixá-lo entre 1/5 (um quinto) e 1/3 (um terço), guardados
os limites da pena cominada ao crime.
01
Art. 286. A pena de multa consiste no pagamento ao
02
Tesouro Nacional, de uma soma de dinheiro, que é fixada
em dias-multa. Seu montante é, no mínimo, 1 (um) dia-
03
multa e, no máximo, 300 (trezentos) dias-multa.
§ 1º O montante do dia-multa é fixado segundo o
04 prudente arbítrio do juiz, devendo este ter em conta as
condições pessoais e econômicas do condenado, mas não
05 pode ser inferior ao salário-mínimo diário da região, nem
superior ao valor de um salário-mínimo mensal.
06
§ 2º A multa pode ser aumentada até o triplo, embora
não possa exceder o máximo genérico caput, se o juiz
07
considerar que, em virtude da situação econômica do
08
condenado, é ineficaz a cominada, ainda que no máximo,
ao crime de que se trate.
09
Art. 287. Aplicam-se aos fatos incriminados nesta lei Pena - Detenção até seis meses e pagamento de 60
as regras gerais do Código Penal. a 100 dias-multa.
O Código Penal será aplicado subsidiariamente.
Art. 298. Prender ou deter eleitor, membro de mesa
receptora, fiscal, delegado de partido ou candidato, com
Art. 288. Nos crimes eleitorais cometidos por meio da
violação do disposto no Art. 236:
imprensa, do rádio ou da televisão, aplicam-se
Pena - Reclusão até quatro anos.
exclusivamente as normas deste Código e as remissões a
outra lei nele contempladas.
Art. 299. Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber,
para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra
CAPÍTULO II
vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou
DOS CRIMES ELEITORAIS
prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita:
Podemos dividir didaticamente alguns artigos por grupos de Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de
crimes. cinco a quinze dias-multa.
-- Crimes contra a organização administrativa da justiça
eleitoral:
Artigos - 305, 306, 310, 311, 318, 340
Art. 300. Valer-se o servidor público da sua
-- Crimes contra os serviços da justiça eleitoral autoridade para coagir alguém a votar ou não votar em
Artigos – 289, 290, 293, 296, 303, 304, 344, 346, 347 determinado candidato ou partido:
-- Crimes contra a fé pública eleitoral Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60
Artigos – 348, 349, 350, 351, 352, 353, 354 a 100 dias-multa.
-- Crimes contra o sigilo e o exercício do voto Parágrafo único. Se o agente é membro ou
Artigos – 295, 297, 298, 299, 301, 307, 309, 312, 317, 339 funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
-- Crimes contra os partidos políticos prevalecendo-se do cargo a pena é agravada.
Artigos – 319, 320, 321, 338
-- Crimes praticados pelo juiz eleitoral e pelos servidores da
justiça eleitoral Art. 301. Usar de violência ou grave ameaça para
Artigos – 291, 292, 300, 343 coagir alguém a votar, ou não votar, em determinado
-- Crimes praticados pelo membro do ministério público candidato ou partido, ainda que os fins visados não sejam
eleitoral conseguidos:
Artigo – 342 Pena - reclusão até quatro anos e pagamento de
-- Crimes praticados pelos servidores do órgão oficial de cinco a quinze dias-multa.
imprensa
Artigo - 341
Art. 302. Promover, no dia da eleição, com o fim de
Art. 289. Inscrever-se fraudulentamente eleitor: impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto a
Pena - Reclusão até cinco anos e pagamento de concentração de eleitores, sob qualquer forma, inclusive o
cinco a 15 dias-multa. fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo:
Pena - reclusão de quatro (4) a seis (6) anos e
Art. 290 Induzir alguém a se inscrever eleitor com pagamento de 200 a 300 dias-multa.
infração de qualquer dispositivo deste Código.
Pena - Reclusão até 2 anos e pagamento de 15 a 30 Art. 303. Majorar os preços de utilidades e serviços
dias-multa. necessários à realização de eleições, tais como transporte
e alimentação de eleitores, impressão, publicidade e
Art. 291. Efetuar o juiz, fraudulentamente, a inscrição divulgação de matéria eleitoral.
de alistando. Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.
Pena - Reclusão até 5 anos e pagamento de cinco a
quinze dias-multa. Art. 304. Ocultar, sonegar açambarcar ou recusar no
dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de
Art. 292. Negar ou retardar a autoridade judiciária, utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder
sem fundamento legal, a inscrição requerida: exclusividade dos mesmos a determinado partido ou
Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa. candidato:
Pena - pagamento de 250 a 300 dias-multa.
Art. 293. Perturbar ou impedir de qualquer forma o
alistamento: Art. 305. Intervir autoridade estranha à mesa
Pena - Detenção de 15 dias a seis meses ou receptora, salvo o juiz eleitoral, no seu funcionamento sob
pagamento de 30 a 60 dias-multa. qualquer pretexto:
Art. 294. (revogado) Pena - detenção até seis meses e pagamento de 60
a 90 dias-multa.
Art. 295. Reter título eleitoral contra a vontade do
eleitor: Art. 306. Não observar a ordem em que os eleitores
Pena - Detenção até dois meses ou pagamento de devem ser chamados a votar:
30 a 60 dias-multa. Pena - pagamento de 15 a 30 dias-multa.

Art. 296. Promover desordem que prejudique os Art. 307. Fornecer ao eleitor cédula oficial já
trabalhos eleitorais; assinalada ou por qualquer forma marcada:
Pena - Detenção até dois meses e pagamento de 60 Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a
a 90 dias-multa. 15 dias-multa.

Art. 297. Impedir ou embaraçar o exercício do


sufrágio:
Art. 308. Rubricar e fornecer a cédula oficial em outra
oportunidade que não a de entrega da mesma ao eleitor. Art. 318. Efetuar a mesa receptora a contagem dos
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 60 a votos da urna quando qualquer eleitor houver votado sob
90 dias-multa. impugnação (art. 190):
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a
Art. 309. Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou 60 dias-multa.
em lugar de outrem:
Pena - reclusão até três anos. Art. 319. Subscrever o eleitor mais de uma ficha de
registro de um ou mais partidos:
Art. 310. Praticar, ou permitir membro da mesa Pena - detenção até 1 mês ou pagamento de 10 a 30
receptora que seja praticada, qualquer irregularidade que dias-multa.
determine a anulação de votação, salvo no caso do Art.
311: Art. 320. Inscrever-se o eleitor, simultaneamente, em
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 dois ou mais partidos:
a 120 dias-multa. Pena - pagamento de 10 a 20 dias-multa.

Art. 311. Votar em seção eleitoral em que não está Art. 321. Colher a assinatura do eleitor em mais de
inscrito, salvo nos casos expressamente previstos, e uma ficha de registro de partido:
permitir, o presidente da mesa receptora, que o voto seja Pena - detenção até dois meses ou pagamento de
admitido: 20 a 40 dias-multa.
Pena - detenção até um mês ou pagamento de 5 a 15 Art. 322. (revogado)
dias-multa para o eleitor e de 20 a 30 dias-multa para o
presidente da mesa. Art. 323. Divulgar, na propaganda, fatos que sabe
inverídicos, em relação a partidos ou candidatos e capazes
Art. 312. Violar ou tentar violar o sigilo do voto: de exercerem influência perante o eleitorado:
Pena - detenção até dois anos. Pena - detenção de dois meses a um ano, ou
pagamento de 120 a 150 dias-multa.
Art. 313. Deixar o juiz e os membros da Junta de Parágrafo único. A pena é agravada se o crime é
expedir o boletim de apuração imediatamente após a cometido pela imprensa, rádio ou televisão.
apuração de cada urna e antes de passar à subsequente,
sob qualquer pretexto e ainda que dispensada a expedição Art. 324. Caluniar alguém, na propaganda eleitoral, ou
pelos fiscais, delegados ou candidatos presentes: visando fins de propaganda, imputando-lhe falsamente fato
Pena - pagamento de 90 a 120 dias-multa. definido como crime:
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a Pena - detenção de seis meses a dois anos, e
contagem fôr procedida pela mesa receptora incorrerão na pagamento de 10 a 40 dias-multa.
mesma pena o presidente e os mesários que não § 1° Nas mesmas penas incorre quem, sabendo falsa
expedirem imediatamente o respectivo boletim. a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º A prova da verdade do fato imputado exclui o
Art. 314. Deixar o juiz e os membros da Junta de crime, mas não é admitida:
recolher as cédulas apuradas na respectiva urna, fechá-la I - se, constituindo o fato imputado crime de ação
e lacrá-la, assim que terminar a apuração de cada seção e privada, o ofendido, não foi condenado por sentença
antes de passar à subsequente, sob qualquer pretexto e irrecorrível;
ainda que dispensada a providencia pelos fiscais, II - se o fato é imputado ao Presidente da República
delegados ou candidatos presentes: ou chefe de governo estrangeiro;
Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90 III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
a 120 dias-multa. ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Parágrafo único. Nas seções eleitorais em que a
contagem dos votos for procedida pela mesa receptora Art. 325. Difamar alguém, na propaganda eleitoral, ou
incorrerão na mesma pena o presidente e os mesários que visando a fins de propaganda, imputando-lhe fato ofensivo
não fecharem e lacrarem a urna após a contagem. à sua reputação:
Pena - detenção de três meses a um ano, e
Art. 315. Alterar nos mapas ou nos boletins de pagamento de 5 a 30 dias-multa.
apuração a votação obtida por qualquer candidato ou Parágrafo único. A exceção da verdade somente se
lançar nesses documentos votação que não corresponda admite se ofendido é funcionário público e a ofensa é
às cédulas apuradas: relativa ao exercício de suas funções.
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a
15 dias-multa. Art. 326. Injuriar alguém, na propaganda eleitoral, ou
visando a fins de propaganda, ofendendo-lhe a dignidade
Art. 316. Não receber ou não mencionar nas atas da ou o decoro:
eleição ou da apuração os protestos devidamente Pena - detenção até seis meses, ou pagamento de 30
formulados ou deixar de remetê-los à instância superior: a 60 dias-multa.
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a § 1º O juiz pode deixar de aplicar a pena:
15 dias-multa. I - se o ofendido, de forma reprovável, provocou
diretamente a injúria;
Art. 317. Violar ou tentar violar o sigilo da urna ou dos II - no caso de retorsão imediata, que consista em
invólucros. outra injúria.
Pena - reclusão de três a cinco anos.
§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, Parágrafo único. Nesse caso, imporá o juiz ao
que, por sua natureza ou meio empregado, se considerem diretório responsável pena de suspensão de sua atividade
aviltantes: eleitoral por prazo de 6 a 12 meses, agravada até o dobro
Pena - detenção de três meses a um ano e nas reincidências.
pagamento de 5 a 20 dias-multa, além das penas
correspondentes à violência prevista no Código Penal. Ar. 337. Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não
estiver no gozo dos seus direitos políticos, de atividades
Art. 326-A. Dar causa à instauração de investigação partidárias inclusive comícios e atos de propaganda em
policial, de processo judicial, de investigação recintos fechados ou abertos:
administrativa, de inquérito civil ou ação de improbidade Pena - detenção até seis meses e pagamento de 90
administrativa, atribuindo a alguém a prática de crime ou a 120 dias-multa.
ato infracional de que o sabe inocente, com finalidade Parágrafo único. Na mesma pena incorrerá o
eleitoral: (2019) responsável pelas emissoras de rádio ou televisão que
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. autorizar transmissões de que participem os mencionados
(2019) neste artigo, bem como o diretor de jornal que lhes divulgar
§ 1º A pena é aumentada de sexta parte, se o os pronunciamentos.
agente se serve do anonimato ou de nome suposto. (2019)
§ 2º A pena é diminuída de metade, se a imputação Art. 338. Não assegurar o funcionário postal a
é de prática de contravenção. (2019) prioridade prevista no Art. 239:
§ 3º (VETADO) (2019) Pena - Pagamento de 30 a 60 dias-multa.

Art. 327. As penas cominadas nos artigos. 324, 325 e Art. 339 - Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo
326, aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é votos, ou documentos relativos à eleição:
cometido: Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de
I - contra o Presidente da República ou chefe de 5 a 15 dias-multa.
governo estrangeiro; Parágrafo único. Se o agente é membro ou
II - contra funcionário público, em razão de suas funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
funções; prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que
facilite a divulgação da ofensa. Art. 340. Fabricar, mandar fabricar, adquirir,
Art. 328. (revogado) fornecer, ainda que gratuitamente, subtrair ou guardar
Art. 329. (revogado) urnas, objetos, mapas, cédulas ou papéis de uso exclusivo
da Justiça Eleitoral:
Art. 330. Nos casos dos artigos. 328 e 329 se o Pena - reclusão até três anos e pagamento de 3 a 15
agente repara o dano antes da sentença final, o juiz pode dias-multa.
reduzir a pena. Parágrafo único. Se o agente é membro ou
funcionário da Justiça Eleitoral e comete o crime
Art. 331. Inutilizar, alterar ou perturbar meio de prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada.
propaganda devidamente empregado:
Pena - detenção até seis meses ou pagamento de 90 Art. 341. Retardar a publicação ou não publicar, o
a 120 dias-multa. diretor ou qualquer outro funcionário de órgão oficial
federal, estadual, ou municipal, as decisões, citações ou
Art. 332. Impedir o exercício de propaganda: intimações da Justiça Eleitoral:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 Pena - detenção até um mês ou pagamento de 30 a
a 60 dias-multa. 60 dias-multa.
Art. 333. (revogado)
Art. 342. Não apresentar o órgão do Ministério
Art. 334. Utilizar organização comercial de vendas, Público, no prazo legal, denúncia ou deixar de promover a
distribuição de mercadorias, prêmios e sorteios para execução de sentença condenatória:
propaganda ou aliciamento de eleitores: Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 60
Pena - detenção de seis meses a um ano e cassação a 90 dias-multa.
do registro se o responsável for candidato.
Art. 343. Não cumprir o juiz o disposto no § 3º do Art.
Art. 335. Fazer propaganda, qualquer que seja a sua 357:
forma, em língua estrangeira: Pena - detenção até dois meses ou pagamento de

Pena - detenção de três a seis meses e pagamento 60 a 90 dias-multa.


de 30 a 60 dias-multa.
Parágrafo único. Além da pena cominada, a infração Art. 344. Recusar ou abandonar o serviço eleitoral
ao presente artigo importa na apreensão e perda do sem justa causa:
material utilizado na propaganda. Pena - detenção até dois meses ou pagamento de 90
a 120 dias-multa.
Art. 336. Na sentença que julgar ação penal pela
infração de qualquer dos artigos. 322, 323, 324, 325, Art. 345. Não cumprir a autoridade judiciária, ou
326,328, 329, 331, 332, 333, 334 e 335, deve o juiz qualquer funcionário dos órgãos da Justiça Eleitoral, nos
verificar, de acordo com o seu livre convencionamento, se prazos legais, os deveres impostos por este Código, se a
diretório local do partido, por qualquer dos seus membros, infração não estiver sujeita a outra penalidade:
concorreu para a prática de delito, ou dela se beneficiou Pena - pagamento de trinta a noventa dias-multa.
conscientemente.
Art. 346. Violar o disposto no Art. 377:
Pena - detenção até seis meses e pagamento de 30 Art. 354-A. Apropriar-se o candidato, o
a 60 dias-multa. administrador financeiro da campanha, ou quem de fato
Parágrafo único. Incorrerão na pena, além da exerça essa função, de bens, recursos ou valores
autoridade responsável, os servidores que prestarem destinados ao financiamento eleitoral, em proveito
serviços e os candidatos, membros ou diretores de partido próprio ou alheio: (2017)
que derem causa à infração. Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. (2017)
Não há previsão de crimes culposos no Código Eleitoral.
Art. 347. Recusar alguém cumprimento ou
obediência a diligências, ordens ou instruções da Justiça
Eleitoral ou opor embaraços à sua execução: CAPÍTULO III
Pena - detenção de três meses a um ano e DO PROCESSO DAS INFRAÇÕES
pagamento de 10 a 20 dias-multa. Art. 355. As infrações penais definidas neste Código
são de ação pública.
Art. 348. Falsificar, no todo ou em parte, documento Os crimes eleitorais são de ação penal pública incondicionada.
público, ou alterar documento público verdadeiro, para fins ---------------------------------------------------------------------------------------
eleitorais: AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA. APURAÇÃO. CRIME
Pena - reclusão de dois a seis anos e pagamento de ELEITORAL.
15 a 30 dias-multa. 1. Conforme decidido pelo Tribunal no julgamento do Recurso
§ 1º Se o agente é funcionário público e comete o Especial nº 21.295, a queixa-crime em ação penal privada
crime prevalecendo-se do cargo, a pena é agravada. subsidiária somente pode ser aceita caso o representante do
Ministério Público não tenha oferecido denúncia, requerido
§ 2º Para os efeitos penais, equipara-se a
diligências ou solicitado o arquivamento de inquérito policial, no
documento público o emanado de entidade paraestatal prazo legal.
inclusive Fundação do Estado. 2. Dada a notícia de eventual delito, o Ministério Público requereu
diligências objetivando a colheita de mais elementos necessários
Ar. 349. Falsificar, no todo ou em parte, documento à elucidação dos fatos, não se evidenciando, portanto, inércia apta
particular ou alterar documento particular verdadeiro, para a ensejar a possibilidade de propositura de ação privada supletiva.
fins eleitorais: Embargos de declaração recebidos como agravo regimental e não
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 3 a provido.
TSE, Acórdão ED-AI de 24/02/2011 (Processo AI nº 181917).
10 dias-multa.

Art. 350. Omitir, em documento público ou particular,


Art. 356. Todo cidadão que tiver conhecimento de
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
infração penal deste Código deverá comunicá-la ao juiz
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
eleitoral da zona onde a mesma se verificou.
para fins eleitorais:
§ 1º Quando a comunicação for verbal, mandará a
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a
autoridade judicial reduzi-la a termo, assinado pelo
15 dias-multa, se o documento é público, e reclusão até
apresentante e por duas testemunhas, e a remeterá ao
três anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o
órgão do Ministério Público local, que procederá na forma
documento é particular.
deste Código.
Parágrafo único. Se o agente da falsidade
§ 2º Se o Ministério Público julgar necessários
documental é funcionário público e comete o crime
maiores esclarecimentos e documentos complementares
prevalecendo-se do cargo ou se a falsificação ou alteração
ou outros elementos de convicção, deverá requisitá-los
é de assentamentos de registro civil, a pena é agravada.
diretamente de quaisquer autoridades ou funcionários que
possam fornecê-los.
Art. 351. Equipara-se a documento (348,349 e 350)
para os efeitos penais, a fotografia, o filme cinematográfico,
Art. 357. Verificada a infração penal, o Ministério
o disco fonográfico ou fita de ditafone a que se incorpore
Público oferecerá a denúncia dentro do prazo de 10 (dez)
declaração ou imagem destinada à prova de fato
dias.
juridicamente relevante.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, ao invés de
apresentar a denúncia, requerer o arquivamento da
Ar. 352. Reconhecer, como verdadeira, no exercício
comunicação, o juiz, no caso de considerar improcedentes
da função pública, firma ou letra que o não seja, para fins
as razões invocadas, fará remessa da comunicação ao
eleitorais:
Procurador Regional, e este oferecerá a denúncia,
Pena - reclusão até cinco anos e pagamento de 5 a
designará outro Promotor para oferecê-la, ou insistirá no
15 dias-multa se o documento é público, e reclusão até três
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz
anos e pagamento de 3 a 10 dias-multa se o documento é
obrigado a atender.
particular.
§ 2º A denúncia conterá a exposição do fato
criminoso com todas as suas circunstâncias, a qualificação
Art. 353. Fazer uso de qualquer dos documentos
do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
falsificados ou alterados, a que se referem os artigos. 348
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário,
a 352:
o rol das testemunhas.
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
§ 3º Se o órgão do Ministério Público não oferecer a
denúncia no prazo legal representará contra ele a
Art. 354. Obter, para uso próprio ou de outrem,
autoridade judiciária, sem prejuízo da apuração da
documento público ou particular, material ou
responsabilidade penal.
ideologicamente falso para fins eleitorais:
§ 4º Ocorrendo a hipótese prevista no parágrafo
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
anterior o juiz solicitará ao Procurador Regional a
designação de outro promotor, que, no mesmo prazo,
oferecerá a denúncia. TÍTULO V
§ 5º Qualquer eleitor poderá provocar a DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
representação contra o órgão do Ministério Público se o Art. 365. O serviço eleitoral prefere a qualquer outro,
juiz, no prazo de 10 (dez) dias, não agir de ofício. é obrigatório e não interrompe o interstício de promoção
dos funcionários para êle requisitados.
Art. 358. A denúncia, será rejeitada quando:
I - o fato narrado evidentemente não constituir crime; Art. 366. Os funcionários de qualquer órgão da
II - já estiver extinta a punibilidade, pela prescrição ou Justiça Eleitoral não poderão pertencer a diretório de
outra causa; partido político ou exercer qualquer atividade partidária,
III - fôr manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar sob pena de demissão.
condição exigida pela lei para o exercício da ação penal.
Parágrafo único. Nos casos do número III, a rejeição Art. 367. A imposição e a cobrança de qualquer
da denúncia não obstará ao exercício da ação penal, desde multa, salvo no caso das condenações criminais,
que promovida por parte legítima ou satisfeita a condição. obedecerão às seguintes normas:
A Lei nº 11.719/ 2008 alterou os procedimentos previstos no I - No arbitramento será levada em conta a condição
Código de Processo Penal, revogando tacitamente o art. 358 do econômica do eleitor;
Código Eleitoral. II - Arbitrada a multa, de ofício ou a requerimento do
Deve-se, assim, observar o disposto no art. 395 do CPP, que rege: eleitor, o pagamento será feito através de selo federal
inutilizado no próprio requerimento ou no respectivo
Código de Processo Penal processo;
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: III - Se o eleitor não satisfizer o pagamento no prazo
I – for manifestamente inepta; de 30 (trinta) dias, será considerada dívida líquida e certa,
II – faltar pressuposto processual ou condição para o para efeito de cobrança mediante executivo fiscal, a que fôr
exercício da ação penal; ou
inscrita em livro próprio no Cartório Eleitoral;
III – faltar justa causa para o exercício da ação penal.
IV - A cobrança judicial da dívida será feita por ação
executiva na forma prevista para a cobrança da dívida ativa
Art. 359. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e da Fazenda Pública, correndo a ação perante os juízos
hora para o depoimento pessoal do acusado, ordenando eleitorais;
a citação deste e a notificação do Ministério Público. V - Nas Capitais e nas comarcas onde houver mais
Parágrafo único. O réu ou seu defensor terá o prazo de um Promotor de Justiça, a cobrança da dívida far-se-á
de 10 (dez) dias para oferecer alegações escritas e arrolar por intermédio do que for designado pelo Procurador
testemunhas. Regional Eleitoral;
TSE: Se o ato não for realizado, haverá nulidade absoluta, pois o VI - Os recursos cabíveis, nos processos para
depoimento pessoal é considerado ato de defesa do réu. cobrança da dívida decorrente de multa, serão interpostos
RESPE nº 21.420/2007 para a instância superior da Justiça Eleitoral;
VII - Em nenhum caso haverá recurso de ofício;
Art. 360. Ouvidas as testemunhas da acusação e da VIII - As custas, nos Estados, Distrito Federal e
defesa e praticadas as diligências requeridas pelo Territórios serão cobradas nos termos dos respectivos
Ministério Público e deferidas ou ordenadas pelo juiz, abrir- Regimentos de Custas;
se-á o prazo de 5 (cinco) dias a cada uma das partes - IX - Os juízes eleitorais comunicarão aos Tribunais
acusação e defesa - para alegações finais. Regionais, trimestralmente, a importância total das multas
impostas, nesse período e quanto foi arrecadado através
Art. 361. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos de pagamentos feitos na forma dos números II e III;
ao juiz dentro de quarenta e oito horas, terá o mesmo 10 X - Idêntica comunicação será feita pelos Tribunais
(dez) dias para proferir a sentença. Regionais ao Tribunal Superior.
§ 1º As multas aplicadas pelos Tribunais Eleitorais
Art. 362. Das decisões finais de condenação ou serão consideradas líquidas e certas, para efeito de
absolvição cabe recurso para o Tribunal Regional, a ser cobrança mediante executivo fiscal desde que inscritas em
interposto no prazo de 10 (dez) dias. livro próprio na Secretaria do Tribunal competente.
§ 2º A multa pode ser aumentada até dez vezes, se o
Art. 363. Se a decisão do Tribunal Regional for juiz, ou Tribunal considerar que, em virtude da situação
condenatória, baixarão imediatamente os autos à instância econômica do infrator, é ineficaz, embora aplicada no
inferior para a execução da sentença, que será feita no máximo.
prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da vista ao § 3º O alistando, ou o eleitor, que comprovar
Ministério Público. devidamente o seu estado de pobreza, ficará isento do
Parágrafo único. Se o órgão do Ministério Público pagamento de multa.
deixar de promover a execução da sentença serão § 4º Fica autorizado o Tesouro Nacional a emitir
aplicadas as normas constantes dos parágrafos 3º, 4º e 5º sêlos, sob a designação "Selo Eleitoral", destinados ao
do Art. 357. pagamento de emolumentos, custas, despesas e multas,
tanto as administrativas como as penais, devidas à Justiça
Art. 364. No processo e julgamento dos crimes Eleitoral.
eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, assim § 5º Os pagamentos de multas poderão ser feitos
como nos recursos e na execução, que lhes digam através de guias de recolhimento, se a Justiça Eleitoral não
respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o dispuser de sêlo eleitoral em quantidade suficiente para
Código de Processo Penal. atender aos interessados.
Art. 368. Os atos requeridos ou propostos em tempo Art. 377. O serviço de qualquer repartição, federal,
oportuno, mesmo que não sejam apreciados no prazo estadual, municipal, autarquia, fundação do Estado,
legal, não prejudicarão aos interessados. sociedade de economia mista, entidade mantida ou
subvencionada pelo poder público, ou que realiza contrato
Art. 368-A. A prova testemunhal singular, quando com êste, inclusive o respectivo prédio e suas
exclusiva, não será aceita nos processos que possam levar dependências não poderá ser utilizado para beneficiar
à perda do mandato. partido ou organização de caráter político.
Parágrafo único. O disposto neste artigo será
Art. 369. O Governo da União fornecerá, para ser tornado efetivo, a qualquer tempo, pelo órgão competente
distribuído por intermédio dos Tribunais Regionais, todo o da Justiça Eleitoral, conforme o âmbito nacional, regional
material destinado ao alistamento eleitoral e às eleições. ou municipal do órgão infrator mediante representação
fundamentada partidário, ou de qualquer eleitor.
Art. 370. As transmissões de natureza eleitoral, feitas
por autoridades e repartições competentes, gozam de Art. 378. O Tribunal Superior organizará, mediante
franquia postal, telegráfica, telefônica, radiotelegráfica ou proposta do Corregedor Geral, os serviços da
radiotelefônica, em linhas oficiais ou nas que sejam Corregedoria, designando para desempenhá-los
obrigadas a serviço oficial. funcionários efetivos do seu quadro e transformando o
cargo de um dêles, diplomado em direito e de conduta
Art. 371. As repartições públicas são obrigadas, no moral irrepreensível, no de Escrivão da Corregedoria
prazo máximo de 10 (dez) dias, a fornecer às autoridades, símbolo PJ - 1, a cuja nomeação serão inerentes, assim na
aos representantes de partidos ou a qualquer alistando as Secretaria como nas diligências, as atribuições de titular de
informações e certidões que solicitarem relativas à matéria ofício de Justiça.
eleitoral, desde que os interessados manifestem
especificamente as razões e os fins do pedido. Art. 379. Serão considerados de relevância os
serviços prestados pelos mesários e componentes das
Art. 372. Os tabeliães não poderão deixar de Juntas Apuradoras.
reconhecer nos documentos necessários à instrução dos § 1º Tratando-se de servidor público, em caso de
requerimentos e recursos eleitorais, as firmas de pessoas promoção a prova de haver prestado tais serviços será
de seu conhecimento, ou das que se apresentarem com 2 levada em consideração para efeito de desempate, depois
(dois) abonadores conhecidos. de observados os critérios já previstos em leis ou
regulamentos.
Ar. 373. São isentos de sêlo os requerimentos e todos § 2º Persistindo o empate de que trata o parágrafo
os papéis destinados a fins eleitorais e é gratuito o anterior, terá preferência, para a promoção, o funcionário
reconhecimento de firma pelos tabeliães, para os mesmos que tenha servido maior número de vezes.
fins. § 3º O disposto neste artigo não se aplica aos
Parágrafo único. Nos processos -crimes e nos membros ou servidores de Justiça Eleitoral.
executivos fiscais referente a cobrança de multas serão
pagas custas nos têrmos do Regimento de Custas de cada Art. 380. Será feriado nacional o dia em que se
Estado, sendo as devidas à União pagas através de sêlos realizarem eleições de data fixada pela Constituição
federais inutilizados nos autos. Federal; nos demais casos, serão as eleições marcadas
para um domingo ou dia já considerado feriado por lei
Art. 374. Os membros dos tribunais eleitorais, os anterior.
juizes eleitorais e os servidores públicos requisitados para
os órgãos da Justiça Eleitoral, que, em virtude de suas Art. 381. Esta lei não altera a situação das
funções nos mencionados órgãos não tiverem as férias que candidaturas a Presidente ou Vice-Presidente da
lhes couberem, poderão gozá-las no ano seguinte , República e a Governador ou Vice-Governador de Estado,
acumuladas ou não. desde que resultantes de convenções partidárias regulares
Parágrafo único. (revogado) e já registradas ou em processo de registro, salvo a
ocorrência de outros motivos de ordem legal ou
Art. 375. Nas áreas contestadas, enquanto não forem constitucional que as prejudiquem.
fixados definitivamente os limites interestaduais, far-se-ão Parágrafo único. Se o registro requerido se referir
as eleições sob a jurisdição do Tribunal Regional da isoladamente a Presidente ou a Vice-Presidente da
circunscrição eleitoral em que, do ponto de vista da República e a Governador ou Vice-Governador de Estado,
administração judiciária estadual, estejam elas incluídas. a validade respectiva dependerá de complementação da
chapa conjunta na firma e nos prazos previstos neste
Art. 376. A proposta orçametária da Justiça Eleitoral Código (Constituição, art. 81, com a redação dada pela
será anualmente elaborada pelo Tribunal Superior, de Emenda Constitucional nº 9).
acôrdo com as propostas parciais que lhe forem remetidas
pelos Tribunais Regionais, e dentro das normas legais Art. 382. Este Código entrará em vigor 30 dias após a
vigentes. sua publicação.
Parágrafo único. Os pedidos de créditos adicionais
que se fizerem necessários ao bom andamento dos Art. 383. Revogam-se as disposições em contrário.
serviços eleitorais, durante o exercício serão
encaminhados em relação trimestral à Câmara dos
Deputados, por intermédio do Tribunal Superior.
VI - (revogado);
VII - (revogado);
VIII - (revogado).
Pena: reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
multa.
§ 1o Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou
dissimular a utilização de bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal:
01 I - os converte em ativos lícitos;
II - os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou
02 recebe em garantia, guarda, tem em depósito,
movimenta ou transfere;
03
III - importa ou exporta bens com valores não
correspondentes aos verdadeiros.
04
§ 2o Incorre, ainda, na mesma pena quem:
I - utiliza, na atividade econômica ou financeira,
05
bens, direitos ou valores provenientes de infração penal;
06
II - participa de grupo, associação ou escritório
tendo conhecimento de que sua atividade principal ou
07 secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta
Lei.
08 § 3º A tentativa é punida nos termos do parágrafo
único do art. 14 do Código Penal.
09
Código Penal.
10
Art. 14 (...)
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a
tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
11
diminuída de um a dois terços.
12 § 4o A pena será aumentada de um a dois terços,
se os crimes definidos nesta Lei forem cometidos de
13 forma reiterada ou por intermédio de organização
criminosa.
14
LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013
Art. 1º (...)
15
§ 1º Considera-se organização criminosa a associação
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam
Lei nº 9.613 / 1998 de caráter transnacional.
Lavagem ou Ocultação de Bens,
§ 5o A pena poderá ser reduzida de um a dois
Direito e Valores terços e ser cumprida em regime aberto ou semiaberto,
facultando-se ao juiz deixar de aplicá-la ou substituí-la, a
qualquer tempo, por pena restritiva de direitos, se o autor,
Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de coautor ou partícipe colaborar espontaneamente com as
bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do autoridades, prestando esclarecimentos que conduzam à
sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria apuração das infrações penais, à identificação dos autores,
o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos
COAF, e dá outras providências. ou valores objeto do crime.
§ 6º Para a apuração do crime de que trata este
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o artigo, admite-se a utilização da ação controlada e da
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: infiltração de agentes. (2019)
CAPÍTULO I CAPÍTULO II
Dos Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de Bens, Disposições Processuais Especiais
Direitos e Valores Art. 2º O processo e julgamento dos crimes
Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, previstos nesta Lei:
localização, disposição, movimentação ou propriedade I – obedecem às disposições relativas ao
de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou procedimento comum dos crimes punidos com reclusão,
indiretamente, de infração penal. da competência do juiz singular;
I - (revogado); II II - independem do processo e julgamento das
- (revogado); III infrações penais antecedentes, ainda que praticados em
- (revogado); IV outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes
- (revogado); V - previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade de processo
(revogado); e julgamento;
III - são da competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a determinará sejam alienados em leilão ou pregão,
ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens, preferencialmente eletrônico, por valor não inferior a 75%
serviços ou interesses da União, ou de suas entidades (setenta e cinco por cento) da avaliação.
autárquicas ou empresas públicas; § 4o Realizado o leilão, a quantia apurada será
b) quando a infração penal antecedente for de depositada em conta judicial remunerada, adotando-se a
competência da Justiça Federal. seguinte disciplina:
§ 1o A denúncia será instruída com indícios I - nos processos de competência da Justiça
suficientes da existência da infração penal antecedente, Federal e da Justiça do Distrito Federal:
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que a) os depósitos serão efetuados na Caixa
desconhecido ou isento de pena o autor, ou extinta a Econômica Federal ou em instituição financeira
punibilidade da infração penal antecedente. pública, mediante documento adequado para essa
§ 2o No processo por crime previsto nesta Lei, não finalidade;
se aplica o disposto no art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689, de b) os depósitos serão repassados pela Caixa
3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), Econômica Federal ou por outra instituição financeira
devendo o acusado que não comparecer nem constituir pública para a Conta Única do Tesouro Nacional,
advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até independentemente de qualquer formalidade, no prazo de
o julgamento, com a nomeação de defensor dativo. 24 (vinte e quatro) horas; e
c) os valores devolvidos pela Caixa Econômica
Art. 3º (Revogado) Federal ou por instituição financeira pública serão
debitados à Conta Única do Tesouro Nacional, em
Art. 4o O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério subconta de restituição;
Público ou mediante representação do delegado de polícia, II - nos processos de competência da Justiça dos
ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e quatro) horas, Estados:
havendo indícios suficientes de infração penal, poderá a) os depósitos serão efetuados em instituição
decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou financeira designada em lei, preferencialmente pública,
valores do investigado ou acusado, ou existentes em de cada Estado ou, na sua ausência, em instituição
nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, financeira pública da União;
produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei ou das b) os depósitos serão repassados para a conta
infrações penais antecedentes. única de cada Estado, na forma da respectiva legislação.
§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para § 5o Mediante ordem da autoridade judicial, o valor
preservação do valor dos bens sempre que estiverem do depósito, após o trânsito em julgado da sentença
sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, proferida na ação penal, será:
ou quando houver dificuldade para sua manutenção. I - em caso de sentença condenatória, nos
§ 2o O juiz determinará a liberação total ou parcial processos de competência da Justiça Federal e da Justiça
dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude do Distrito Federal, incorporado definitivamente ao
de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos patrimônio da União, e, nos processos de competência da
e valores necessários e suficientes à reparação dos Justiça Estadual, incorporado ao patrimônio do Estado
danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, respectivo;
multas e custas decorrentes da infração penal. SENTENÇA CONDENATÓRIA
§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido Justiça Federal Incorporado definitivamente
sem o comparecimento pessoal do acusado ou de Justiça do Distrito Federal ao patrimônio da União
interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, Incorporado definitivamente
podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à Justiça Estadual ao patrimônio do Estado
conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do
II - em caso de sentença absolutória extintiva de
disposto no § 1o.
punibilidade, colocado à disposição do réu pela instituição
§ 4o Poderão ser decretadas medidas
financeira, acrescido da remuneração da conta judicial.
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para
reparação do dano decorrente da infração penal
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE
antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento
de prestação pecuniária, multa e custas. O patrimônio será colocado à disposição do réu, com
acréscimo da remuneração da conta judicial. á
o A instituição financeira depositária manter
Art. 4o A. A alienação antecipada para preservação § 6dos
controle valores depositados ou devolvidos.
de valor de bens sob constrição será decretada pelo juiz, § 7o Serão deduzidos da quantia apurada no leilão
de ofício, a requerimento do Ministério Público ou por todos os tributos e multas incidentes sobre o bem
solicitação da parte interessada, mediante petição alienado, sem prejuízo de iniciativas que, no âmbito da
autônoma, que será autuada em apartado e cujos autos competência de cada ente da Federação, venham a
terão tramitação em separado em relação ao processo desonerar bens sob constrição judicial daqueles ônus.
principal. § 8o Feito o depósito a que se refere o § 4o deste
§ 1o O requerimento de alienação deverá conter a artigo, os autos da alienação serão apensados aos do
relação de todos os demais bens, com a descrição e a processo principal.
especificação de cada um deles, e informações sobre § 9o Terão apenas efeito devolutivo os recursos
quem os detém e local onde se encontram. interpostos contra as decisões proferidas no curso do
§ 2o O juiz determinará a avaliação dos bens, nos procedimento previsto neste artigo.
autos apartados, e intimará o Ministério Público. § 10. Sobrevindo o trânsito em julgado de
§ 3o Feita a avaliação e dirimidas eventuais sentença penal condenatória, o juiz decretará, em favor,
divergências sobre o respectivo laudo, o juiz, por conforme o caso, da União ou do Estado:
sentença, homologará o valor atribuído aos bens e
I - a perda dos valores depositados na conta § 1º Poderá ser decretada a perda de bens ou valores
remunerada e da fiança; equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não
II - a perda dos bens não alienados forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
antecipadamente e daqueles aos quais não foi dada § 2° Na hipótese do § 1º, as medidas assecuratórias
previstas na legislação processual poderão abranger bens ou
destinação prévia; e valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior
III - a perda dos bens não reclamados no prazo decretação de perda.
de 90 (noventa) dias após o trânsito em julgado da
sentença condenatória, ressalvado o direito de lesado ou (Artigo Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
terceiro de boa-fé. Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às
§ 11. Os bens a que se referem os incisos II e III do quais a lei comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de
§ 10 deste artigo serão adjudicados ou levados a leilão, reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito
do crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do
depositando-se o saldo na conta única do respectivo ente.
patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com o seu
§ 12. O juiz determinará ao registro público rendimento lícito.
competente que emita documento de habilitação à § 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo,
circulação e utilização dos bens colocados sob o uso e entende-se por patrimônio do condenado todos os bens:
custódia das entidades a que se refere o caput deste I - de sua titularidade, ou em relação aos quais ele tenha
artigo. o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal
§ 13. Os recursos decorrentes da alienação ou recebidos posteriormente; e
antecipada de bens, direitos e valores oriundos do crime II - transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante
contraprestação irrisória, a partir do início da atividade criminal.
de tráfico ilícito de drogas e que tenham sido objeto de
§ 2º O condenado poderá demonstrar a inexistência da
dissimulação e ocultação nos termos desta Lei incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio.
permanecem submetidos à disciplina definida em lei § 3º A perda prevista neste artigo deverá ser requerida
específica. expressamente pelo Ministério Público, por ocasião do
oferecimento da denúncia, com indicação da diferença apurada.
Art. 4o B. A ordem de prisão de pessoas ou as § 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o
medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores valor da diferença apurada e especificar os bens cuja perda for
poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério decretada.
§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes
Público, quando a sua execução imediata puder
por organizações criminosas e milícias deverão ser declarados
comprometer as investigações. perdidos em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça
onde tramita a ação penal, ainda que não ponham em perigo a
Art. 5o Quando as circunstâncias o aconselharem, segurança das pessoas, a moral ou a ordem pública, nem
o juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa física ofereçam sério risco de ser utilizados para o cometimento de
ou jurídica qualificada para a administração dos bens, novos crimes.
direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias,
mediante termo de compromisso.
Art. 92 - São também efeitos da
condenação:
Art. 6o A pessoa responsável pela administração dos I - a perda de cargo, função pública ou mandato
bens: eletivo:
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que a) quando aplicada pena privativa de liberdade por
será satisfeita com o produto dos bens objeto da tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com
administração; abuso de poder ou violação de dever para com a Administração
II - prestará, por determinação judicial, informações Pública;
periódicas da situação dos bens sob sua administração, b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por
tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos.
bem como explicações e detalhamentos sobre
II – a incapacidade para o exercício do poder familiar, da
investimentos e reinvestimentos realizados. tutela ou da curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de
Parágrafo único. Os atos relativos à administração reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo
dos bens sujeitos a medidas assecuratórias serão levados poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra
ao conhecimento do Ministério Público, que requererá o tutelado ou curatelado;
que entender cabível. III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado
como meio para a prática de crime doloso.
CAPÍTULO III Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não
são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na
Dos Efeitos da Condenação
sentença.
I - a perda, em favor da União - e dos Estados, nos
Art. 7º São efeitos da condenação, além dos
previstos no Código Penal: casos de competência da Justiça Estadual -, de todos os
bens, direitos e valores relacionados, direta ou
Código Penal.
Art. 91 - São efeitos da condenação:
indiretamente, à prática dos crimes previstos nesta Lei,
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano inclusive aqueles utilizados para prestar a fiança,
causado pelo crime; ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do II - a interdição do exercício de cargo ou função
lesado ou de terceiro de boa-fé: pública de qualquer natureza e de diretor, de membro de
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em conselho de administração ou de gerência das pessoas
coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua jurídicas referidas no art. 9º, pelo dobro do tempo da
fato ilícito; pena privativa de liberdade aplicada.
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que
constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato § 1o A União e os Estados, no âmbito de suas
criminoso. competências, regulamentarão a forma de destinação dos
bens, direitos e valores cuja perda houver sido declarada,
assegurada, quanto aos processos de competência da
Justiça Federal, a sua utilização pelos órgãos federais serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição,
encarregados da prevenção, do combate, da ação penal e mediante sorteio ou método assemelhado;
do julgamento dos crimes previstos nesta Lei, e, quanto aos VII - as filiais ou representações de entes
processos de competência da Justiça Estadual, a estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das
preferência dos órgãos locais com idêntica função. atividades listadas neste artigo, ainda que de forma
§ 2o Os instrumentos do crime sem valor eventual;
econômico cuja perda em favor da União ou do Estado for VIII - as demais entidades cujo funcionamento
decretada serão inutilizados ou doados a museu dependa de autorização de órgão regulador dos
criminal ou a entidade pública, se houver interesse na mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
sua conservação. IX - as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou
estrangeiras, que operem no Brasil como agentes,
CAPÍTULO IV dirigentes, procuradoras, comissionarias ou por qualquer
Dos Bens, Direitos ou Valores Oriundos de Crimes forma representem interesses de ente estrangeiro que
Praticados no Estrangeiro exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
Art. 8o O juiz determinará, na hipótese de existência X - as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam
de tratado ou convenção internacional e por solicitação de atividades de promoção imobiliária ou compra e venda de
autoridade estrangeira competente, medidas imóveis;
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de XI - as pessoas físicas ou jurídicas que
crimes descritos no art. 1o praticados no estrangeiro. comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, arte e antiguidades.
independentemente de tratado ou convenção XII - as pessoas físicas ou jurídicas que
internacional, quando o governo do país da autoridade comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem
solicitante prometer reciprocidade ao Brasil. a sua comercialização ou exerçam atividades que
§ 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, envolvam grande volume de recursos em espécie;
direitos ou valores privados sujeitos a medidas XIII - as juntas comerciais e os registros públicos;
assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira XIV - as pessoas físicas ou jurídicas que prestem,
competente ou os recursos provenientes da sua alienação mesmo que eventualmente, serviços de assessoria,
serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou
proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de assistência, de qualquer natureza, em operações:
terceiro de boa-fé. a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos
comerciais ou industriais ou participações societárias de
CAPÍTULO V qualquer natureza;
DAS PESSOAS SUJEITAS AO MECANISMO DE b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou
CONTROLE outros ativos;
Art. 9o Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de
10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que tenham, em poupança, investimento ou de valores mobiliários;
caráter permanente ou eventual, como atividade d) de criação, exploração ou gestão de sociedades
principal ou acessória, cumulativamente ou não: de qualquer natureza, fundações, fundos fiduciários ou
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos estruturas análogas;
financeiros de terceiros, em moeda nacional ou e) financeiras, societárias ou imobiliárias; e
estrangeira; f) de alienação ou aquisição de direitos sobre
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro contratos relacionados a atividades desportivas ou
como ativo financeiro ou instrumento cambial; artísticas profissionais;
III - a custódia, emissão, distribuição, liquidação, XV - pessoas físicas ou jurídicas que atuem na
negociação, intermediação ou administração de títulos ou promoção, intermediação, comercialização, agenciamento
valores mobiliários. ou negociação de direitos de transferência de atletas,
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas artistas ou feiras, exposições ou eventos similares;
obrigações: XVI - as empresas de transporte e guarda de
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou valores;
futuros e os sistemas de negociação do mercado de balcão XVII - as pessoas físicas ou jurídicas que
organizado; comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal
II - as seguradoras, as corretoras de seguros e as ou intermedeiem a sua comercialização; e
entidades de previdência complementar ou de XVIII - as dependências no exterior das entidades
capitalização; mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no Brasil,
III - as administradoras de cartões de relativamente a residentes no País.
credenciamento ou cartões de crédito, bem como as
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou CAPÍTULO VI
serviços; Da Identificação dos Clientes e Manutenção de
IV - as administradoras ou empresas que se utilizem Registros
de cartão ou qualquer outro meio eletrônico, magnético ou Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
equivalente, que permita a transferência de fundos; I - identificarão seus clientes e manterão cadastro
V - as empresas de arrendamento mercantil atualizado, nos termos de instruções emanadas das
(leasing), as empresas de fomento comercial (factoring) e autoridades competentes;
as Empresas Simples de Crédito (ESC); (2019) II - manterão registro de toda transação em moeda
VI - as sociedades que efetuem distribuição de nacional ou estrangeira, títulos e valores mobiliários, títulos
dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, mercadorias, de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser
convertido em dinheiro, que ultrapassar limite fixado
pela autoridade competente e nos termos de instruções por § 3o O Coaf disponibilizará as comunicações
esta expedidas; recebidas com base no inciso II do caput aos respectivos
III - deverão adotar políticas, procedimentos e órgãos responsáveis pela regulação ou fiscalização das
controles internos, compatíveis com seu porte e volume de pessoas a que se refere o art. 9o.
operações, que lhes permitam atender ao disposto neste
artigo e no art. 11, na forma disciplinada pelos órgãos Art. 11-A. As transferências internacionais e os
competentes; saques em espécie deverão ser previamente
IV - deverão cadastrar-se e manter seu cadastro comunicados à instituição financeira, nos termos,
atualizado no órgão regulador ou fiscalizador e, na falta limites, prazos e condições fixados pelo Banco Central
deste, no Conselho de Controle de Atividades do Brasil.
Financeiras (Coaf), na forma e condições por eles
estabelecidas; CAPÍTULO VIII
V - deverão atender às requisições formuladas pelo Da Responsabilidade Administrativa
Coaf na periodicidade, forma e condições por ele Art. 12. Às pessoas referidas no art. 9º, bem como aos
estabelecidas, cabendo-lhe preservar, nos termos da lei, o administradores das pessoas jurídicas, que deixem de
sigilo das informações prestadas. cumprir as obrigações previstas nos arts. 10 e 11 serão
§ 1º Na hipótese de o cliente constituir-se em pessoa aplicadas, cumulativamente ou não, pelas autoridades
jurídica, a identificação referida no inciso I deste artigo competentes, as seguintes sanções:
deverá abranger as pessoas físicas autorizadas a I - advertência;
representá-la, bem como seus proprietários. II - multa pecuniária variável não superior:
§ 2º Os cadastros e registros referidos nos incisos I e a) ao dobro do valor da operação;
II deste artigo deverão ser conservados durante o b) ao dobro do lucro real obtido ou que
período mínimo de 5 (cinco) anos a partir do encerramento presumivelmente seria obtido pela realização da operação;
da conta ou da conclusão da transação, prazo este que ou
poderá ser ampliado pela autoridade competente. c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de
§ 3º O registro referido no inciso II deste artigo será reais);
efetuado também quando a pessoa física ou jurídica, III - inabilitação temporária, pelo prazo de até 10
seus entes ligados, houver realizado, em um mesmo mês- (dez) anos, para o exercício do cargo de administrador
calendário, operações com uma mesma pessoa, das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
conglomerado ou grupo que, em seu conjunto, ultrapassem IV - cassação ou suspensão da autorização para o
o limite fixado pela autoridade competente. exercício de atividade, operação ou funcionamento.
§ 1º A pena de advertência será aplicada por
Art. 10-A. O Banco Central manterá registro irregularidade no cumprimento das instruções referidas nos
centralizado formando o cadastro geral de correntistas incisos I e II do art. 10.
e clientes de instituições financeiras, bem como de seus § 2o A multa será aplicada sempre que as pessoas
procuradores. referidas no art. 9o, por culpa ou dolo:
I – deixarem de sanar as irregularidades objeto de
CAPÍTULO VII advertência, no prazo assinalado pela autoridade
Da Comunicação de Operações Financeiras competente;
Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º: II - não cumprirem o disposto nos incisos I a IV do
I - dispensarão especial atenção às operações que, art. 10;
nos termos de instruções emanadas das autoridades III - deixarem de atender, no prazo estabelecido, a
competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos requisição formulada nos termos do inciso V do art. 10;
crimes previstos nesta Lei, ou com eles relacionar-se; IV - descumprirem a vedação ou deixarem de
II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar fazer a comunicação a que se refere o art. 11.
ciência de tal ato a qualquer pessoa, inclusive àquela à qual § 3º A inabilitação temporária será aplicada
se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) quando forem verificadas infrações graves quanto ao
horas, a proposta ou realização: cumprimento das obrigações constantes desta Lei ou
a) de todas as transações referidas no inciso II do quando ocorrer reincidência específica, devidamente
art. 10, acompanhadas da identificação de que trata o caracterizada em transgressões anteriormente punidas
inciso I do mencionado artigo; e com multa.
b) das operações referidas no inciso I; § 4º A cassação da autorização será aplicada nos
III - deverão comunicar ao órgão regulador ou casos de reincidência específica de infrações
fiscalizador da sua atividade ou, na sua falta, ao Coaf, na anteriormente punidas com a pena prevista no inciso
periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a III do caput deste artigo.
não ocorrência de propostas, transações ou operações
passíveis de serem comunicadas nos termos do inciso II. Art. 13. (Revogado)(Lei nº 13.974, de 2020)
§ 1º As autoridades competentes, nas instruções
referidas no inciso I deste artigo, elaborarão relação de CAPÍTULO IX
operações que, por suas características, no que se refere Do Conselho de Controle de Atividades Financeiras
às partes envolvidas, valores, forma de realização, DECRETO Nº 9.663, DE 1º DE JANEIRO DE 2019
instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamento Estatuto do Conselho de Controle de Atividades Financeiras -
econômico ou legal, possam configurar a hipótese nele Coaf.
prevista.
Art. 14. Fica criado, no âmbito do Ministério da
§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma
Economia, o Conselho de Controle de Atividades
prevista neste artigo, não acarretarão responsabilidade
Financeiras - Coaf, com a finalidade de disciplinar, aplicar
civil ou administrativa.
penas administrativas, receber, examinar e
identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de
previstas nesta Lei, sem prejuízo das competências de qualquer natureza, que dependerá de autorização judicial,
outros órgãos e entidades. (Medida Provisória nº 886, de conforme disposto em lei;
2019) II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia
móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias, renovável
§ 1º As instruções referidas no art. 10 destinadas às
por uma única vez, por igual período;
pessoas mencionadas no art. 9º, para as quais não exista III - para períodos superiores àquele de que trata o
órgão próprio fiscalizador ou regulador, serão expedidas inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
pelo COAF, competindo-lhe, para esses casos, a definição § 3º Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial
das pessoas abrangidas e a aplicação das sanções deverá ser instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas)
enumeradas no art. 12. horas, contado do registro da respectiva ocorrência policial.
§ 2º O COAF deverá, ainda, coordenar e propor § 4º Não havendo manifestação judicial no prazo de 12
mecanismos de cooperação e de troca de informações (doze) horas, a autoridade competente requisitará às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
que viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados –
ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores. como sinais, informações e outros – que permitam a localização
§ 3o O COAF poderá requerer aos órgãos da da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, com imediata
Administração Pública as informações cadastrais comunicação ao juiz.
bancárias e financeiras de pessoas envolvidas em
atividades suspeitas.

Art. 15. O COAF comunicará às autoridades Art. 17-C. Os encaminhamentos das instituições
competentes para a instauração dos procedimentos financeiras e tributárias em resposta às ordens judiciais
cabíveis, quando concluir pela existência de crimes de quebra ou transferência de sigilo deverão ser, sempre
previstos nesta Lei, de fundados indícios de sua que determinado, em meio informático, e apresentados
prática, ou de qualquer outro ilícito. em arquivos que possibilitem a migração de informações
para os autos do processo sem redigitação.
Art. 16. (Revogado) (Lei nº 13.974, de 2020)
LEI COMPLEMENTAR Nº 105, DE 10 DE JANEIRO DE 2001.
Art. 17. (Revogado) (Lei nº 13.974, de 2020)
Art. 1º As instituições financeiras conservarão sigilo em
suas operações ativas e passivas e serviços prestados.
CAPÍTULO X (...)
DISPOSIÇÕES GERAIS § 4º A quebra de sigilo poderá ser decretada, quando
Art. 17-A. Aplicam-se, subsidiariamente, as necessária para apuração de ocorrência de qualquer ilícito, em
disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de qualquer fase do inquérito ou do processo judicial, e
1941 (Código de Processo Penal), no que não forem especialmente nos seguintes crimes:
incompatíveis com esta Lei. I – de terrorismo;
II – de tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas
afins;
Art. 17-B. A autoridade policial e o Ministério III – de contrabando ou tráfico de armas, munições ou material
Público terão acesso, exclusivamente, aos dados destinado a sua produção;
cadastrais do investigado que informam qualificação IV – de extorsão mediante sequestro;
pessoal, filiação e endereço, independentemente de V – contra o sistema financeiro nacional;
autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas VI – contra a Administração Pública;
empresas telefônicas, pelas instituições financeiras, pelos VII – contra a ordem tributária e a previdência social;
provedores de internet e pelas administradoras de cartão VIII – lavagem de dinheiro ou ocultação de bens, direitos e
valores;
de crédito.
IX – praticado por organização criminosa.
Código de Processo Penal.
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148,
149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da público, este será afastado, sem prejuízo de
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do remuneração e demais direitos previstos em lei, até que
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou seu retorno.
de empresas da iniciativa privada, dados e informações
cadastrais da vítima ou de suspeitos. Art. 17-E. A Secretaria da Receita Federal do
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no
Brasil conservará os dados fiscais dos contribuintes pelo
prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante; prazo mínimo de 5 (cinco) anos, contado a partir do início
II - o número do inquérito policial; e do exercício seguinte ao da declaração de renda respectiva
III - a identificação da unidade de polícia judiciária ou ao do pagamento do tributo.
responsável pela investigação.
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão Art. 18. Esta Lei entra em vigor na data de sua
dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do publicação.
Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar,
mediante autorização judicial, às empresas prestadoras de serviço
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem
imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais,
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou
dos suspeitos do delito em curso.
§ 1º Para os efeitos deste artigo, sinal significa
posicionamento da estação de cobertura, setorização e
intensidade de radiofrequência.
§ 2º Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
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b) a receita ou o faturamento;
Constituição da República Federativa c) o lucro;
do Brasil de 1988 II - do trabalhador e dos demais segurados da
previdência social, podendo ser adotadas alíquotas
progressivas de acordo com o valor do salário de
contribuição, não incidindo contribuição sobre
TÍTULO VIII aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de
Da Ordem Social Previdência Social; (2019)
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV
Art. 193. A ordem social tem como base o primado - do importador de bens ou serviços do exterior,
do trabalho, e como objetivo o bem-estar e a justiça social. ou de quem a lei a ele equiparar.
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e
Parágrafo único. O Estado exercerá a função de
planejamento das políticas sociais, assegurada, na dos Municípios destinadas à seguridade social constarão
forma da lei, a participação da sociedade nos processos dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento
da União.
de formulação, de monitoramento, de controle e de
avaliação dessas políticas. (2020) § 2º A proposta de orçamento da seguridade social
será elaborada de forma integrada pelos órgãos
CAPÍTULO II responsáveis pela saúde, previdência social e assistência
DA SEGURIDADE SOCIAL social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas
Seção I na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área
DISPOSIÇÕES GERAIS a gestão de seus recursos.
Art. 194. A seguridade social compreende um § 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da
conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá
Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência ou incentivos fiscais ou creditícios.
social. § 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos garantir a manutenção ou expansão da seguridade social,
termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos obedecido o disposto no art. 154, I.
seguintes objetivos: § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade
I - universalidade da cobertura e do atendimento; social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e
serviços às populações urbanas e rurais; § 6º As contribuições sociais de que trata este artigo
só poderão ser exigidas após decorridos 90 (noventa) dias
III - seletividade e distributividade na prestação da data da publicação da lei que as houver instituído ou
dos benefícios e serviços; modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150,
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; III, "b".
V - equidade na forma de participação no custeio; § 7º São isentas de contribuição para a seguridade
VI - diversidade da base de financiamento, social as entidades beneficentes de assistência social que
identificando-se, em rubricas contábeis específicas para atendam às exigências estabelecidas em lei.
cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o
de saúde, previdência e assistência social, preservado o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como
caráter contributivo da previdência social; (2019) os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em
VII - caráter democrático e descentralizado da regime de economia familiar, sem empregados
administração, mediante gestão quadripartite, com permanentes, contribuirão para a seguridade social
participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos
termos da lei.
Art. 195. A seguridade social será financiada por § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do
toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos caput deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em
da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da razão da atividade econômica, da utilização intensiva de
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e mão de obra, do porte da empresa ou da condição
das seguintes contribuições sociais: estrutural do mercado de trabalho, sendo também
autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
apenas no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do caput.
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (2019)
a) a folha de salários e demais rendimentos do § 10. A lei definirá os critérios de transferência de
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa recursos para o sistema único de saúde e ações de
física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo assistência social da União para os Estados, o Distrito
empregatício; Federal e os Municípios, e dos Estados para os
Municípios, observada a respectiva contrapartida de I - no caso da União, a receita corrente líquida do
recursos. respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento 15% (quinze por cento);
em prazo superior a 60 (sessenta) meses e, na forma de II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o
lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
sociais de que tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II do 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso
caput. (2019) I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica transferidas aos respectivos Municípios;
para os quais as contribuições incidentes na forma dos III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal,
incisos I, b; e IV do caput, serão não- cumulativas. o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o
§ 13. (Revogado). (2019) art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159,
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como inciso I, alínea b e § 3º
tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência § 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo
Social a competência cuja contribuição seja igual ou menos a cada 5 (cinco) anos, estabelecerá
superior à contribuição mínima mensal exigida para sua I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do
categoria, assegurado o agrupamento de contribuições. § 2º;
(2019)
II – os critérios de rateio dos recursos da União
vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus
Seção II respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução
DA SAÚDE das disparidades regionais;
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do III – as normas de fiscalização, avaliação e controle
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
que visem à redução do risco de doença e de outros distrital e municipal;
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
IV – (revogado)
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde
STF: O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta poderão admitir agentes comunitários de saúde e
Política não pode se converter em promessa constitucional
agentes de combate às endemias por meio de processo
inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justa
expectativa nele depositada pela coletividade, substituir, de seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade
maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever por de suas atribuições e requisitos específicos para sua
um gesto irresponsável de infidelidade governamental. atuação.
STF: É constitucional a regra que veda, no âmbito do Sistema § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o
Único de Saúde, a internação em acomodações superiores, bem piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os
como o atendimento diferenciado por médico do próprio Sistema
Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de
Único de Saúde (SUS) ou por conveniado, mediante o pagamento
da diferença dos valores correspondentes. agente comunitário de saúde e agente de combate às
endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar
assistência financeira complementar aos Estados, ao
Art. 197. São de relevância pública as ações e Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do
serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos referido piso salarial
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41
controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou
e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
através de terceiros e, também, por pessoa física ou que exerça funções equivalentes às de agente comunitário
jurídica de direito privado. de saúde ou de agente de combate às endemias poderá
perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde específicos, fixados em lei, para o seu exercício.
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa
as seguintes diretrizes: privada.
I - descentralização, com direção única em cada
§ 1º As instituições privadas poderão participar de
esfera de governo;
forma complementar do sistema único de saúde, segundo
II - atendimento integral, com prioridade para as diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
assistenciais; sem fins lucrativos.
III - participação da comunidade. § 2º É vedada a destinação de recursos públicos
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com
termos do art. 195, com recursos do orçamento da fins lucrativos.
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de
Federal e dos Municípios, além de outras fontes empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os no País, salvo nos casos previstos em lei.
Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
públicos de saúde recursos mínimos derivados da que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
aplicação de percentuais calculados sobre: humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento,
bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado § 3º Todos os salários de contribuição considerados
todo tipo de comercialização. para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados,
na forma da lei.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios
além de outras atribuições, nos termos da lei: para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
conforme critérios definidos em lei.
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
substâncias de interesse para a saúde e participar da § 5º É vedada a filiação ao regime geral de
produção de medicamentos, equipamentos, previdência social, na qualidade de segurado facultativo,
imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; de pessoa participante de regime próprio de previdência.
II - executar as ações de vigilância sanitária e § 6º A gratificação natalina dos aposentados e
epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês
de dezembro de cada ano.
III - ordenar a formação de recursos humanos na
área de saúde; § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as
IV - participar da formulação da política e da
seguintes condições:
execução das ações de saneamento básico;
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
V - incrementar, em sua área de atuação, o
e 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;
observado tempo mínimo de contribuição; (2019)
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55
compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como (cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher, para os
bebidas e águas para consumo humano; trabalhadores rurais e para os que exerçam suas
VII - participar do controle e fiscalização da atividades em regime de economia familiar, nestes
produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; artesanal. (2019)
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele § 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I
compreendido o do trabalho. do § 7º será reduzido em 5 (cinco) anos, para o professor
que comprove tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
Seção III médio fixado em lei complementar. (2019)
DA PREVIDÊNCIA SOCIAL § 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a
Art. 201. A previdência social será organizada sob contagem recíproca do tempo de contribuição entre o
a forma do Regime Geral de Previdência Social, de Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios
caráter contributivo e de filiação obrigatória, de previdência social, e destes entre si, observada a
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro compensação financeira, de acordo com os critérios
e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: estabelecidos em lei. (2019)
I - cobertura dos eventos de incapacidade § 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas
temporária ou permanente para o trabalho e idade atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo
avançada; (2019) de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social ou
II - proteção à maternidade, especialmente à a regime próprio de previdência social terão contagem
gestante; recíproca para fins de inativação militar ou aposentadoria,
III - proteção ao trabalhador em situação de e a compensação financeira será devida entre as receitas
desemprego involuntário; de contribuição referentes aos militares e as receitas de
contribuição aos demais regimes. (2019)
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a
dependentes dos segurados de baixa renda;
cobertura de benefícios não programados, inclusive os
V - pensão por morte do segurado, homem ou decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendida
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, concorrentemente pelo Regime Geral de Previdência
observado o disposto no § 2º. Social e pelo setor privado. (2019)
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios § 11. Os ganhos habituais do empregado, a
diferenciados para concessão de benefícios, qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de
ressalvada, nos termos de lei complementar, a contribuição previdenciária e consequente repercussão em
possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição benefícios, nos casos e na forma da lei.
distintos da regra geral para concessão de aposentadoria § 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão
exclusivamente em favor dos segurados: (2019)
previdenciária, com alíquotas diferenciadas, para atender
I - com deficiência, previamente submetidos a
aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se
avaliação biopsicossocial realizada por equipe
encontram em situação de informalidade, e àqueles sem
multiprofissional e interdisciplinar; (2019)
renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva
doméstico no âmbito de sua residência, desde que
exposição a agentes químicos, físicos e biológicos
pertencentes a famílias de baixa renda. (2019)
prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de
vedada a caracterização por categoria profissional ou que trata o § 12 terá valor de 1 (um) salário-mínimo.
ocupação. (2019) (2019)
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de § 14. É vedada a contagem de tempo de
contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá contribuição fictício para efeito de concessão dos
valor mensal inferior ao salário mínimo. benefícios previdenciários e de contagem recíproca. (2019)
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, III - a promoção da integração ao mercado de
regras e condições para a acumulação de benefícios trabalho;
previdenciários. (2019) IV - a habilitação e reabilitação das pessoas
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das portadoras de deficiência e a promoção de sua integração
empresas públicas, das sociedades de economia mista e à vida comunitária;
das suas subsidiárias serão aposentados
V - a garantia de um salário mínimo de benefício
compulsoriamente, observado o cumprimento do tempo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que
mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de que
comprovem não possuir meios de prover à própria
trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme
lei. (2019)
dispuser a lei.
STF: Os estrangeiros residentes no País, uma vez atendidos os
Art. 202. O regime de previdência privada, de requisitos constitucionais, são beneficiários da assistência social,
caráter complementar e organizado de forma autônoma em fazendo jus ao benefício de prestação continuada.
relação ao regime geral de previdência social, será
facultativo, baseado na constituição de reservas que
garantam o benefício contratado, e regulado por lei Art. 204. As ações governamentais na área da
complementar. assistência social serão realizadas com recursos do
orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, além
§ 1° A lei complementar de que trata este artigo
de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes
assegurará ao participante de planos de benefícios de
diretrizes:
entidades de previdência privada o pleno acesso às
informações relativas à gestão de seus respectivos planos. I - descentralização político-administrativa, cabendo
a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a
§ 2° As contribuições do empregador, os benefícios
coordenação e a execução dos respectivos programas às
e as condições contratuais previstas nos estatutos,
esferas estadual e municipal, bem como a entidades
regulamentos e planos de benefícios das entidades de
beneficentes e de assistência social;
previdência privada não integram o contrato de trabalho
dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios II - participação da população, por meio de
concedidos, não integram a remuneração dos organizações representativas, na formulação das políticas
participantes, nos termos da lei. e no controle das ações em todos os níveis.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao
previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e
Municípios, suas autarquias, fundações, empresas promoção social até cinco décimos por cento de sua receita
públicas, sociedades de economia mista e outras entidades tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no
públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na pagamento de:
qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá I - despesas com pessoal e encargos sociais;
exceder a do segurado. II - serviço da dívida;
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a III - qualquer outra despesa corrente não vinculada
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
suas autarquias, fundações, sociedades de economia
mista e empresas controladas direta ou indiretamente,
enquanto patrocinadores de planos de benefícios
previdenciários, e as entidades de previdência
complementar. (2019)
§ 5º A lei complementar de que trata o § 4º aplicar-
se-á, no que couber, às empresas privadas
permissionárias ou concessionárias de prestação de
serviços públicos, quando patrocinadoras de planos de
benefícios em entidades de previdência complementar.
(2019) 01

§ 6º Lei complementar estabelecerá os requisitos


para a designação dos membros das diretorias das 02

entidades fechadas de previdência complementar


03
instituídas pelos patrocinadores de que trata o § 4º e
disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e
04
instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto
de discussão e deliberação. (2019) 05

Seção IV 06

DA ASSISTÊNCIA SOCIAL
07
Art. 203. A assistência social será prestada a
quem dela necessitar, independentemente de 08

contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:


I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à 09

adolescência e à velhice;
10
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
11
12 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
multa.
13

Modificação ou alteração não autorizada de


14 sistema de informações
Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema
15
de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e
multa.
Decreto-Lei nº 2.848 / 1940 Parágrafo único. As penas são aumentadas de um
Código Penal terço até a metade se da modificação ou alteração resulta
dano para a Administração Pública ou para o administrado.

TÍTULO XI Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou


DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA documento
CAPÍTULO I Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer
DOS CRIMES PRATICADOS documento, de que tem a guarda em razão do cargo;
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou parcialmente:
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato não
Crimes funcionais próprios: ausente a condição de funcionário constitui crime mais grave.
público, o fato será atípico (atipicidade absoluta). Ex. art. 319 do
CP – Prevaricação. Emprego irregular de verbas ou rendas públicas
Crimes funcionais impróprios: ausente a condição de Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas
funcionário público, o fato se enquadrará em outro tipo penal, aplicação diversa da estabelecida em lei:
deixando apenas de ser considerado um crime funcional Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
(atipicidade relativa). Ex. art. 312 do CP - Peculato-furto. Caso
esse delito não seja praticado por funcionário público, deverá ser
tipificado como Furto, art. 155 do CP. Concussão
--------------------------------------------------------------------------------------- Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou
STJ: Súmula 599 - O princípio da insignificância é inaplicável indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
aos crimes contra a administração pública. assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
Peculato Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
Art. 312 - Apropriar-se (Peculato-apropriação) o (2019)
funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro Excesso de exação
bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em § 1º - Se o funcionário exige tributo ou
razão do cargo, ou desviá-lo (Peculato-desvio), em proveito contribuição social que sabe ou deveria saber indevido,
próprio ou alheio: ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. ou gravoso, que a lei não autoriza:
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou
bem, o subtrai, ou concorre (Peculato-furto) para que seja de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos
subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de cofres públicos:
facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
Peculato culposo
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente para Corrupção passiva
o crime de outrem: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para
Pena - detenção, de três meses a um ano. outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
imposta. multa.
§ 1º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço), se, em
Peculato mediante erro de outrem consequência da vantagem ou promessa, o funcionário
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de pratica infringindo dever funcional.
outrem: (Peculato-estelionato) § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. retarda ato de ofício, com infração de dever funcional,
cedendo a pedido ou influência de outrem:
Inserção de dados falsos em sistema de Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
informações Facilitação de contrabando ou descaminho
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário Art. 318 - Facilitar, com infração de dever funcional, a
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir prática de contrabando ou descaminho (art. 334):
indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.
ou bancos de dados da Administração Pública com o fim
de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para Prevaricação
causar dano: (Peculato-eletrônico)
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra Administração Pública ou a outrem:
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
sentimento pessoal:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Violação do sigilo de proposta de concorrência
Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo
agente público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o de devassá-lo:
acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que Pena - Detenção, de três meses a um ano, e multa.
permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo: (Prevaricação imprópria) Funcionário público
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem
Condescendência criminosa remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de § 1º - Equipara-se a funcionário público quem
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal,
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não e quem trabalha para empresa prestadora de serviço
levar o fato ao conhecimento da autoridade contratada ou conveniada para a execução de atividade
competente: típica da Administração Pública.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. § 2º - A pena será aumentada da 1/3 (terça parte)
quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo
Advocacia administrativa forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, direção ou assessoramento de órgão da administração
interesse privado perante a administração pública, direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou
valendo-se da qualidade de funcionário: fundação instituída pelo poder público.
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. STJ: Súmula 147 - Compete à Justiça Federal processar e julgar
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: os crimes praticados contra funcionário público federal, quando
Pena - detenção, de três meses a um ano, além da relacionados com o exercício da função.
multa.
CAPÍTULO II
Violência arbitrária DOS CRIMES PRATICADOS POR
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de função PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM
ou a pretexto de exercê-la: GERAL
Pena - detenção, de seis meses a três anos, além da Usurpação de função pública
pena correspondente à violência. Art. 328 - Usurpar o exercício de função pública:
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa.
Abandono de função Parágrafo único - Se do fato o agente aufere
Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos vantagem:
permitidos em lei: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
§ 1º - Se do fato resulta prejuízo público: Resistência
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal,
§ 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido na mediante violência ou ameaça a funcionário competente
faixa de fronteira: para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa. A resistência passiva, sem violência ou ameaça, não configura
crime.
Exercício funcional ilegalmente antecipado ou Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
prolongado § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se
Art. 324 - Entrar no exercício de função pública executa:
antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a Pena - reclusão, de um a três anos.
exercê-la, sem autorização, depois de saber oficialmente § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem
que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: prejuízo das correspondentes à violência.
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Desobediência
Violação de sigilo funcional Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão funcionário público:
do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e
lhe a revelação: multa.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa, se o fato não constitui crime mais grave. Desacato
§ 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício
I – permite ou facilita, mediante atribuição, da função ou em razão dela:
fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de multa.
informações ou banco de dados da Administração Pública; STJ: É possível a prática do crime de desacato por funcionário
II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. público contra pessoa no exercício de função pública, pois se
trata de crime comum em que a vítima imediata é o Estado e a I - pratica fato assimilado, em lei especial, a
mediata aquela que está sendo ofendida. contrabando;
II - importa ou exporta clandestinamente
Tráfico de Influência mercadoria que dependa de registro, análise ou
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si autorização de órgão público competente;
ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a III - reinsere no território nacional mercadoria
pretexto de influir em ato praticado por funcionário público brasileira destinada à exportação;
no exercício da função IV - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou,
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria
se o agente alega ou insinua que a vantagem é também proibida pela lei brasileira;
destinada ao funcionário. V - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial,
Corrupção ativa mercadoria proibida pela lei brasileira.
Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem § 2º - Equipara-se às atividades comerciais, para os
indevida a funcionário público, para determiná-lo a efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular
praticar, omitir ou retardar ato de ofício: ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e exercido em residências.
multa. § 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de
Parágrafo único - A pena é aumentada de 1/3 (um contrabando é praticado em transporte aéreo, marítimo ou
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o fluvial.
funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica STJ: Súmula 151 - A competência para o processo e julgamento
infringindo dever funcional. por crime de contrabando ou descaminho define-se pela
prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens.
Descaminho
Art. 334. Iludir, no todo ou em parte, o pagamento Impedimento, perturbação ou fraude de
de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou concorrência
pelo consumo de mercadoria. Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar
STJ / STF: O valor máximo para incidência do princípio da concorrência pública ou venda em hasta pública,
insignificância no caso de crimes tributários federais e de promovida pela administração federal, estadual ou
descaminho é de R$ 20 mil. municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou procurar
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. afastar concorrente ou licitante, por meio de violência,
§ 1o Incorre na mesma pena quem: grave ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
I - pratica navegação de cabotagem, fora dos Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
casos permitidos em lei; multa, além da pena correspondente à violência.
II - pratica fato assimilado, em lei especial, a Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem se
descaminho; abstém de concorrer ou licitar, em razão da vantagem
III - vende, expõe à venda, mantém em depósito ou, oferecida.
de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no Entende-se que o art. 335 do CP foi revogado pela Lei 8.666/93 –
exercício de atividade comercial ou industrial, mercadoria Lei de Licitações.
de procedência estrangeira que introduziu
clandestinamente no País ou importou fraudulentamente Inutilização de edital ou de sinal
ou que sabe ser produto de introdução clandestina no Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou
território nacional ou de importação fraudulenta por parte conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público;
de outrem; violar ou inutilizar selo ou sinal empregado, por
IV - adquire, recebe ou oculta, em proveito próprio determinação legal ou por ordem de funcionário público,
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, para identificar ou cerrar qualquer objeto:
mercadoria de procedência estrangeira, desacompanhada Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
de documentação legal ou acompanhada de documentos
que sabe serem falsos. Subtração ou inutilização de livro ou
§ 2o Equipara-se às atividades comerciais, para os documento
efeitos deste artigo, qualquer forma de comércio irregular Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou
ou clandestino de mercadorias estrangeiras, inclusive o parcialmente, livro oficial, processo ou documento confiado
exercido em residências. à custódia de funcionário, em razão de ofício, ou de
§ 3o A pena aplica-se em dobro se o crime de particular em serviço público:
descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato não
ou fluvial. constitui crime mais grave.

Contrabando Sonegação de contribuição previdenciária


Art. 334-A. Importar ou exportar mercadoria Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social
proibida: previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 ( cinco) anos. condutas:
O crime de contrabando não admite a incidência do princípio da I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de
insignificância. documento de informações previsto pela legislação
§ 1o Incorre na mesma pena quem: previdenciária segurados empregado, empresário,
trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este
equiparado que lhe prestem serviços;
II – deixar de lançar mensalmente nos títulos de suas funções, relacionado a transação comercial
próprios da contabilidade da empresa as quantias internacional:
descontadas dos segurados ou as devidas pelo Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
empregador ou pelo tomador de serviços; multa.
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros Parágrafo único. A pena é aumentada da metade,
auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias: destinada a funcionário estrangeiro.
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa. Funcionário público estrangeiro
STJ: Aplica-se o princípio da insignificância nas hipóteses de Art. 337-D. Considera-se funcionário público
apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição estrangeiro, para os efeitos penais, quem, ainda que
previdenciária quando o valor do débito não ultrapassa R$ 20 mil. transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
STJ: Os crimes de apropriação indébita previdenciária e emprego ou função pública em entidades estatais ou em
sonegação de contribuição previdenciária são delitos materiais,
representações diplomáticas de país estrangeiro.
exigindo, portanto, a constituição definitiva do débito tributário
perante o âmbito administrativo para configurar-se como conduta Parágrafo único. Equipara-se a funcionário público
típica. estrangeiro quem exerce cargo, emprego ou função em
STF: Súmula Vinculante 24 - Não se tipifica crime material contra empresas controladas, diretamente ou indiretamente, pelo
a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei Poder Público de país estrangeiro ou em organizações
8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo. públicas internacionais.

§ 1o É extinta a punibilidade se o agente, CAPÍTULO II-B


espontaneamente, declara e confessa as contribuições, DOS CRIMES EM LICITAÇÕES E CONTRATOS
importâncias ou valores e presta as informações devidas à ADMINISTRATIVOS
previdência social, na forma definida em lei ou (2021)
regulamento, antes do início da ação fiscal. Contratação direta ilegal
§ 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou Art. 337-E. Admitir, possibilitar ou dar causa à
aplicar somente a de multa se o agente for primário e de contratação direta fora das hipóteses previstas em lei:
bons antecedentes, desde que: (2021)
I – (vetado) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
(2021)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela Frustração do caráter competitivo de licitação
previdência social, administrativamente, como sendo o Art. 337-F. Frustrar ou fraudar, com o intuito de obter
mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais para si ou para outrem vantagem decorrente da
§ 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e sua adjudicação do objeto da licitação, o caráter competitivo do
folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 processo licitatório: (2021)
(um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
pena de 1/3 (um terço) até a metade ou aplicar apenas a multa. (2021)
de multa.
§ 4o O valor a que se refere o parágrafo anterior será Patrocínio de contratação indevida
reajustado nas mesmas datas e nos mesmos índices do Art. 337-G. Patrocinar, direta ou indiretamente,
reajuste dos benefícios da previdência social. interesse privado perante a Administração Pública, dando
causa à instauração de licitação ou à celebração de
CAPÍTULO II-A contrato cuja invalidação vier a ser decretada pelo Poder
DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR Judiciário: (2021)
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
ESTRANGEIRA multa. (2021)
Corrupção ativa em transação comercial
internacional Modificação ou pagamento irregular em contrato
Art. 337-B. Prometer, oferecer ou dar, direta ou administrativo
indiretamente, vantagem indevida a funcionário público Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a
estrangeiro, ou a terceira pessoa, para determiná-lo a qualquer modificação ou vantagem, inclusive prorrogação
praticar, omitir ou retardar ato de ofício relacionado à contratual, em favor do contratado, durante a execução dos
transação comercial internacional: contratos celebrados com a Administração Pública, sem
Pena – reclusão, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e autorização em lei, no edital da licitação ou nos respectivos
multa. instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com
Parágrafo único. A pena é aumentada de 1/3 (um preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade: (2021)
terço), se, em razão da vantagem ou promessa, o Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e
funcionário público estrangeiro retarda ou omite o ato de multa. (2021)
ofício, ou o pratica infringindo dever funcional.
Perturbação de processo licitatório
Tráfico de influência em transação comercial Art. 337-I. Impedir, perturbar ou fraudar a realização
internacional de qualquer ato de processo licitatório: (2021)
Art. 337-C. Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem ou e multa. (2021)
promessa de vantagem a pretexto de influir em ato
praticado por funcionário público estrangeiro no exercício Violação de sigilo em licitação
Art. 337-J. Devassar o sigilo de proposta anteprojeto, em diálogo competitivo ou em procedimento
apresentada em processo licitatório ou proporcionar a de manifestação de interesse: (2021)
terceiro o ensejo de devassá-lo: (2021) Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e
Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 3 (três) anos, e multa. (2021)
multa. (2021) § 1º Consideram-se condição de contorno as
informações e os levantamentos suficientes e necessários
Afastamento de licitante para a definição da solução de projeto e dos respectivos
Art. 337-K. Afastar ou tentar afastar licitante por meio preços pelo licitante, incluídos sondagens, topografia,
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de estudos de demanda, condições ambientais e demais
vantagem de qualquer tipo: (2021) elementos ambientais impactantes, considerados
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 5 (cinco) anos, e requisitos mínimos ou obrigatórios em normas técnicas que
multa, além da pena correspondente à violência. (2021) orientam a elaboração de projetos. (2021)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se § 2º Se o crime é praticado com o fim de obter
abstém ou desiste de licitar em razão de vantagem benefício, direto ou indireto, próprio ou de outrem, aplica-
oferecida. (2021) se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. (2021)

Fraude em licitação ou contrato Art. 337-P. A pena de multa cominada aos crimes
Art. 337-L. Fraudar, em prejuízo da Administração previstos neste Capítulo seguirá a metodologia de cálculo
Pública, licitação ou contrato dela decorrente, mediante: prevista neste Código e não poderá ser inferior a 2% (dois
(2021) por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado com
I - entrega de mercadoria ou prestação de serviços contratação direta. (2021)
com qualidade ou em quantidade diversas das previstas no
edital ou nos instrumentos contratuais; (2021) CAPÍTULO III
II - fornecimento, como verdadeira ou perfeita, de DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA
mercadoria falsificada, deteriorada, inservível para JUSTIÇA
consumo ou com prazo de validade vencido; (2021) Reingresso de estrangeiro expulso
III - entrega de uma mercadoria por outra; (2021) Art. 338 - Reingressar no território nacional o
IV - alteração da substância, qualidade ou estrangeiro que dele foi expulso:
quantidade da mercadoria ou do serviço fornecido; (2021) Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem
V - qualquer meio fraudulento que torne prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
injustamente mais onerosa para a Administração Pública a
proposta ou a execução do contrato: (2021) Denunciação caluniosa
Pena - reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito
multa. (2021) policial, de procedimento investigatório criminal, de
processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de
Contratação inidônea inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa
Art. 337-M. Admitir à licitação empresa ou contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-
profissional declarado inidôneo: (2021) disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (2020)
Pena - reclusão, de 1 (um) ano a 3 (três) anos, e Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
multa. (2021) § 1º - A pena é aumentada de 1/6 (sexta parte), se
§ 1º Celebrar contrato com empresa ou profissional o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
declarado inidôneo: (2021) § 2º - A pena é diminuída de metade, se a
Pena - reclusão, de 3 (três) anos a 6 (seis) anos, e imputação é de prática de contravenção.
multa. (2021)
§ 2º Incide na mesma pena do caput deste artigo
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
aquele que, declarado inidôneo, venha a participar de
Art. 340 - Provocar a ação de autoridade,
licitação e, na mesma pena do § 1º deste artigo, aquele
comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de
que, declarado inidôneo, venha a contratar com a
contravenção que sabe não se ter verificado:
Administração Pública. (2021)
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Impedimento indevido
Auto-acusação falsa
Art. 337-N. Obstar, impedir ou dificultar injustamente
Art. 341 - Acusar-se, perante a autoridade, de
a inscrição de qualquer interessado nos registros
crime inexistente ou praticado por outrem:
cadastrais ou promover indevidamente a alteração, a
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou
suspensão ou o cancelamento de registro do inscrito:
(2021) multa.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
multa. (2021) Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar
Omissão grave de dado ou de informação por a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou
projetista intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito
Art. 337-O. Omitir, modificar ou entregar à policial, ou em juízo arbitral:
Administração Pública levantamento cadastral ou condição Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
de contorno em relevante dissonância com a realidade, em multa.
frustração ao caráter competitivo da licitação ou em § 1o As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3 (um
detrimento da seleção da proposta mais vantajosa para a sexto a um terço), se o crime é praticado mediante
Administração Pública, em contratação para a elaboração
de projeto básico, projeto executivo ou
suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada Favorecimento real
a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de
em que for parte entidade da administração pública direta co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar
ou indireta seguro o proveito do crime:
§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se
retrata ou declara a verdade Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, legal, em estabelecimento prisional.
tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução
ou interpretação: Exercício arbitrário ou abuso de poder
Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa Art. 350 – Revogado (2019)
Parágrafo único. As penas aumentam-se de um
sexto a um terço, se o crime é cometido com o fim de obter Fuga de pessoa presa ou submetida a medida de
prova destinada a produzir efeito em processo penal ou em segurança
processo civil em que for parte entidade da administração Art. 351 - Promover ou facilitar a fuga de pessoa
pública direta ou indireta. legalmente presa ou submetida a medida de segurança
detentiva:
Coação no curso do processo Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com § 1º - Se o crime é praticado a mão armada, ou por
o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra mais de uma pessoa, ou mediante arrombamento, a pena
autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona é de reclusão, de dois a seis anos.
ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou § 2º - Se há emprego de violência contra pessoa,
administrativo, ou em juízo arbitral: aplica-se também a pena correspondente à violência.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, além § 3º - A pena é de reclusão, de um a quatro anos,
da pena correspondente à violência. se o crime é praticado por pessoa sob cuja custódia ou
guarda está o preso ou o internado.
Exercício arbitrário das próprias razões § 4º - No caso de culpa do funcionário incumbido
Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para da custódia ou guarda, aplica-se a pena de detenção, de
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o três meses a um ano, ou multa.
permite: STJ: Súmula 75 - Compete à Justiça Comum Estadual processar
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga
multa, além da pena correspondente à violência. de preso de estabelecimento penal.
Parágrafo único - Se não há emprego de violência,
somente se procede mediante queixa. Evasão mediante violência contra a pessoa
Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou
própria, que se acha em poder de terceiro por o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva,
determinação judicial ou convenção: usando de violência contra a pessoa:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e Pena - detenção, de três meses a um ano, além da
multa. pena correspondente à violência.

Fraude processual Arrebatamento de preso


Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de Art. 353 - Arrebatar preso, a fim de maltratá-lo, do
processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa poder de quem o tenha sob custódia ou guarda:
ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: Pena - reclusão, de um a quatro anos, além da
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e pena correspondente à violência.
multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a Motim de presos
produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado, Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a
as penas aplicam-se em dobro. ordem ou disciplina da prisão:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além
Favorecimento pessoal da pena correspondente à violência.
Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de
autoridade pública autor de crime a que é cominada pena Patrocínio infiel
de reclusão: Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. procurador, o dever profissional, prejudicando interesse,
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de cujo patrocínio, em juízo, lhe é confiado:
reclusão: Pena - detenção, de seis meses a três anos, e
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa.
multa. Patrocínio simultâneo ou tergiversação
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o
descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento advogado ou procurador judicial que defende na mesma
de pena. causa, simultânea ou sucessivamente, partes contrárias.
Sonegação de papel ou objeto de valor parcela a ser paga no exercício seguinte, que não tenha
probatório contrapartida suficiente de disponibilidade de caixa:
Art. 356 - Inutilizar, total ou parcialmente, ou deixar Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos
de restituir autos, documento ou objeto de valor probatório,
que recebeu na qualidade de advogado ou procurador: Ordenação de despesa não autorizada
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e Art. 359-D. Ordenar despesa não autorizada por
multa. lei:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou Prestação de garantia graciosa
qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, Art. 359-E. Prestar garantia em operação de crédito
jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de sem que tenha sido constituída contragarantia em valor
justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: igual ou superior ao valor da garantia prestada, na forma
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. da lei:
Parágrafo único - As penas aumentam-se de 1/3 Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
(um terço), se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou
utilidade também se destina a qualquer das pessoas Não cancelamento de restos a pagar
referidas neste artigo. Art. 359-F. Deixar de ordenar, de autorizar ou de
promover o cancelamento do montante de restos a pagar
Violência ou fraude em arrematação judicial inscrito em valor superior ao permitido em lei:
Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
arrematação judicial; afastar ou procurar afastar anos.
concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem: Aumento de despesa total com pessoal no
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou último ano do mandato ou legislatura
multa, além da pena correspondente à violência. Art. 359-G. Ordenar, autorizar ou executar ato que
acarrete aumento de despesa total com pessoal, nos cento
Desobediência a decisão judicial sobre perda e oitenta dias anteriores ao final do mandato ou da
ou suspensão de direito legislatura:
Art. 359 - Exercer função, atividade, direito, Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou privado por
decisão judicial: Oferta pública ou colocação de títulos no
Pena - detenção, de três meses a dois anos, ou mercado
multa. Art. 359-H. Ordenar, autorizar ou promover a oferta
pública ou a colocação no mercado financeiro de títulos da
CAPÍTULO IV dívida pública sem que tenham sido criados por lei ou sem
DOS CRIMES CONTRA AS FINANÇAS PÚBLICAS que estejam registrados em sistema centralizado de
Contratação de operação de crédito liquidação e de custódia:
Art. 359-A. Ordenar, autorizar ou realizar operação Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
de crédito, interno ou externo, sem prévia autorização
legislativa: DISPOSIÇÕES FINAIS
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Art. 360 - Ressalvada a legislação especial sobre os
Parágrafo único. Incide na mesma pena quem crimes contra a existência, a segurança e a integridade do
ordena, autoriza ou realiza operação de crédito, interno ou Estado e contra a guarda e o emprego da economia
externo: popular, os crimes de imprensa e os de falência, os de
I – com inobservância de limite, condição ou responsabilidade do Presidente da República e dos
montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado Governadores ou Interventores, e os crimes militares,
Federal; revogam-se as disposições em contrário.
II – quando o montante da dívida consolidada
ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. Art. 361 - Este Código entrará em vigor no dia 1º de
janeiro de 1942.
Inscrição de despesas não empenhadas em
restos a pagar
Art. 359-B. Ordenar ou autorizar a inscrição em
restos a pagar, de despesa que não tenha sido
previamente empenhada ou que exceda limite estabelecido
em lei:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)

anos.

Assunção de obrigação no último ano do 01

mandato ou legislatura
Art. 359-C. Ordenar ou autorizar a assunção de 02

obrigação, nos dois últimos quadrimestres do último ano do


03
mandato ou legislatura, cuja despesa não possa ser paga
no mesmo exercício financeiro ou, caso reste 04
05 § 1o O poder público desenvolverá políticas que
visem garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito
06 das relações domésticas e familiares no sentido de
resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação,
07 exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público
08
criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos
direitos enunciados no caput.
09

10
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão
considerados os fins sociais a que ela se destina e,
11
especialmente, as condições peculiares das mulheres em
situação de violência doméstica e familiar.
12

TÍTULO II
13 DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER
14
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
15
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência
doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
Lei nº 11.340 / 2006 patrimonial:
Lei Maria da Penha I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da agregadas;
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de II - no âmbito da família, compreendida como a
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e comunidade formada por indivíduos que são ou se
da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a afinidade ou por vontade expressa;
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras independentemente de coabitação.
providências. Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas
neste artigo independem de orientação sexual.
TÍTULO I STJ: Súmula 600 - Para configuração da violência doméstica e
familiar prevista no artigo 5º da Lei 11.340/2006, Lei Maria da
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.
Art. 1o Esta Lei cria mecanismos para coibir e STJ. 3ª Seção. Aprovada em 22/11/2017.
prevenir a violência doméstica e familiar contra a ---------------------------------------------------------------------------------------
mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as MARIA DA PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA.
É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção nas relações entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art.
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência 5º, III, da Lei 11.340/2006, configura violência doméstica e familiar
contra a Mulher e de outros tratados internacionais contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que
ratificados pela República Federativa do Brasil; dispõe lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, na
Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
assistência e proteção às mulheres em situação de independentemente de coabitação. Da análise do dispositivo
violência doméstica e familiar. citado, infere-se que o objeto de tutela da Lei é a mulher em
situação de vulnerabilidade, não só em relação ao cônjuge ou
companheiro, mas também qualquer outro familiar ou pessoa que
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor.
raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível Nessa mesma linha, entende a jurisprudência do STJ que o sujeito
educacional, idade e religião, goza dos direitos ativo do crime pode ser tanto o homem como a mulher, desde que
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe esteja presente o estado de vulnerabilidade caracterizado por uma
asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem relação de poder e submissão.
HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe, 28/6/2013;
violência, preservar sua saúde física e mental e seu HC 250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013.
aperfeiçoamento moral, intelectual e social. HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 6/11/2014.

Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a


condições para o exercício efetivo dos direitos à vida, à mulher constitui uma das formas de violação dos direitos
segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, humanos.
à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito CAPÍTULO II
e à convivência familiar e comunitária.
DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E IV - a implementação de atendimento policial
FAMILIAR CONTRA A MULHER especializado para as mulheres, em particular nas
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar Delegacias de Atendimento à Mulher;
contra a mulher, entre outras: V - a promoção e a realização de campanhas
I - a violência física, entendida como qualquer educativas de prevenção da violência doméstica e familiar
conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal; contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade
II - a violência psicológica, entendida como em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de
qualquer conduta que lhe cause dano emocional e proteção aos direitos humanos das mulheres;
diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe VI - a celebração de convênios, protocolos,
o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e
mediante ameaça, constrangimento, humilhação, entidades não-governamentais, tendo por objetivo a
manipulação, isolamento, vigilância constante, implementação de programas de erradicação da violência
perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de doméstica e familiar contra a mulher;
sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e
direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (2018) profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas
III - a violência sexual, entendida como qualquer enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de
conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a raça ou etnia;
participar de relação sexual não desejada, mediante VIII - a promoção de programas educacionais que
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade
a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça
sexualidade, que a impeça de usar qualquer método ou etnia;
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao IX - o destaque, nos currículos escolares de todos
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, os níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos
suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia
de seus direitos sexuais e reprodutivos; e ao problema da violência doméstica e familiar contra a
IV - a violência patrimonial, entendida como mulher.
qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de CAPÍTULO II
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
suas necessidades; Art. 9o A assistência à mulher em situação de
V - a violência moral, entendida como qualquer violência doméstica e familiar será prestada de forma
conduta que configure calúnia, difamação ou injúria. articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos
na Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único
TÍTULO III de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO outras normas e políticas públicas de proteção, e
DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR emergencialmente quando for o caso.
CAPÍTULO I § 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão
da mulher em situação de violência doméstica e familiar no
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO
cadastro de programas assistenciais do governo federal,
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência
estadual e municipal.
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do § 2o O juiz assegurará à mulher em situação de
Distrito Federal e dos Municípios e de ações não- violência doméstica e familiar, para preservar sua
governamentais, tendo por diretrizes: integridade física e psicológica:
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do I - acesso prioritário à remoção quando servidora
Ministério Público e da Defensoria Pública com as áreas de pública, integrante da administração direta ou indireta;
segurança pública, assistência social, saúde, educação, II - manutenção do vínculo trabalhista, quando
necessário o afastamento do local de trabalho, por até 6
trabalho e habitação;
(seis) meses.
II - a promoção de estudos e pesquisas,
estatísticas e outras informações relevantes, com a III - encaminhamento à assistência judiciária,
perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da
causas, às consequências e à frequência da violência ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de
doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização casamento ou de dissolução de união estável perante o
de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação juízo competente. (2019)
periódica dos resultados das medidas adotadas; § 3o A assistência à mulher em situação de violência
III - o respeito, nos meios de comunicação social, doméstica e familiar compreenderá o acesso aos
dos valores éticos e sociais da pessoa e da família, de benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e
forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com emergência, a profilaxia das Doenças Sexualmente
o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência
e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos
necessários e cabíveis nos casos de violência sexual.
§ 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar
lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral
ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos § 2o Na inquirição de mulher em situação de
os danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema violência doméstica e familiar ou de testemunha de delitos
Único de Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o
custos relativos aos serviços de saúde prestados para o seguinte procedimento: (2017)
total tratamento das vítimas em situação de violência I - a inquirição será feita em recinto especialmente
doméstica e familiar, recolhidos os recursos assim projetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado próprios e adequados à idade da mulher em situação de
responsável pelas unidades de saúde que prestarem os violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
serviços. (2019) gravidade da violência sofrida; (2017)
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao II - quando for o caso, a inquirição será
uso em caso de perigo iminente e disponibilizados para o intermediada por profissional especializado em violência
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária
familiar amparadas por medidas protetivas terão seus ou policial; (2017)
custos ressarcidos pelo agressor. (2019) III - o depoimento será registrado em meio
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a mídia
5º deste artigo não poderá importar ônus de qualquer integrar o inquérito. (2017)
natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes,
nem configurar atenuante ou ensejar possibilidade de Art. 11. No atendimento à mulher em situação de
substituição da pena aplicada. (2019) violência doméstica e familiar, a autoridade policial
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e deverá, entre outras providências:
familiar tem prioridade para matricular seus dependentes I - garantir proteção policial, quando necessário,
em instituição de educação básica mais próxima de seu comunicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a Judiciário;
apresentação dos documentos comprobatórios do registro da II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de
ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e saúde e ao Instituto Médico Legal;
familiar em curso. (2019) III - fornecer transporte para a ofendida e seus
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de dependentes para abrigo ou local seguro, quando houver
seus dependentes matriculados ou transferidos conforme risco de vida;
o disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações IV - se necessário, acompanhar a ofendida para
será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos assegurar a retirada de seus pertences do local da
competentes do poder público. (2019) ocorrência ou do domicílio familiar;
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos
CAPÍTULO III nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de
DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE assistência judiciária para o eventual ajuizamento
POLICIAL perante o juízo competente da ação de separação judicial,
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de de divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução
violência doméstica e familiar contra a mulher, a de união estável. (2019)
autoridade policial que tomar conhecimento da
ocorrência adotará, de imediato, as providências legais Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica
cabíveis. e familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência,
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os
deste artigo ao descumprimento de medida protetiva de seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles
urgência deferida. previstos no Código de Processo Penal:
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de tomar a representação a termo, se apresentada;
violência doméstica e familiar o atendimento policial e II - colher todas as provas que servirem para o
pericial especializado, ininterrupto e prestado por esclarecimento do fato e de suas circunstâncias;
servidores - preferencialmente do sexo feminino - III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito)
previamente capacitados. (2017) horas, expediente apartado ao juiz com o pedido da
§ 1o A inquirição de mulher em situação de ofendida, para a concessão de medidas protetivas de
violência doméstica e familiar ou de testemunha de urgência;
violência doméstica, quando se tratar de crime contra a IV - determinar que se proceda ao exame de corpo
mulher, obedecerá às seguintes diretrizes: (2017) de delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e necessários;
emocional da depoente, considerada a sua condição V - ouvir o agressor e as testemunhas;
peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e VI - ordenar a identificação do agressor e fazer
familiar; (2017) juntar aos autos sua folha de antecedentes criminais,
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a indicando a existência de mandado de prisão ou registro de
mulher em situação de violência doméstica e familiar, outras ocorrências policiais contra ele;
familiares e testemunhas terão contato direto com VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte
investigados ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência,
(2017) juntar aos autos essa informação, bem como notificar a
III - não revitimização da depoente, evitando ocorrência à instituição responsável pela concessão do
sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº
criminal, cível e administrativo, bem como 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do
questionamentos sobre a vida privada. (2017) Desarmamento). (2019)
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-
policial ao juiz e ao Ministério Público. ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo Civil e da legislação específica relativa à criança, ao
pela autoridade policial e deverá conter: adolescente e ao idoso que não conflitarem com o
I - qualificação da ofendida e do agressor; estabelecido nesta Lei.
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e
protetivas solicitadas pela ofendida. Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser competência cível e criminal, poderão ser criados pela
pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou União, no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. Estados, para o processo, o julgamento e a execução das
(2019) causas decorrentes da prática de violência doméstica e
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao familiar contra a mulher.
documento referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia Parágrafo único. Os atos processuais poderão
de todos os documentos disponíveis em posse da realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as
ofendida. normas de organização judiciária.
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os
laudos ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação
postos de saúde. de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (2019)
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de
formulação de suas políticas e planos de atendimento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
mulher em situação de violência doméstica e familiar, relacionada à partilha de bens. (2019)
darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher familiar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de
(Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de dissolução de união estável, a ação terá preferência no
equipes especializadas para o atendimento e a juízo onde estiver. (2019)
investigação das violências graves contra a mulher.
Art. 15. É competente, por opção da ofendida,
Art. 12-B. (VETADO) (2017) para os processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
§ 1o (VETADO) (2017) I - do seu domicílio ou de sua residência;
§ 2o (VETADO) (2017) II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
§ 3o A autoridade policial poderá requisitar os III - do domicílio do agressor.
serviços públicos necessários à defesa da mulher em
situação de violência doméstica e familiar e de seus Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à
dependentes. (2017) representação da ofendida de que trata esta Lei, só será
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou audiência especialmente designada com tal finalidade,
iminente à vida ou à integridade física da mulher em antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus Público.
dependentes, o agressor será imediatamente afastado A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de
do lar, domicílio ou local de convivência com a Inconstitucionalidade (ADI) 4424 conferiu natureza pública e
ofendida:(2019) incondicionada à ação penal fundada na Lei Maria da Penha
I - pela autoridade judicial; (2019) (Lei 11.340/2006). Segundo a Suprema Corte, se as referidas
II - pelo delegado de polícia, quando o Município ações fossem condicionadas à representação da ofendida, seria
não for sede de comarca; ou (2019) esvaziava a proteção constitucional assegurada às mulheres, uma
vez que muitas delas acabariam por retirar a queixa de agressão.
III - pelo policial, quando o Município não for sede
de comarca e não houver delegado disponível no momento
da denúncia. (2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de
caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
prazo, sobre a manutenção ou a revogação da medida como a substituição de pena que implique o pagamento
aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público isolado de multa.
concomitantemente. (2019) Não se admite a aplicação de penas que consistam
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da exclusivamente em prestação material.
ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, ---------------------------------------------------------------------------------------
não será concedida liberdade provisória ao preso. (2019) Súmula 588 do STJ: A prática de crime ou contravenção penal
contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente
doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos.
TÍTULO IV ---------------------------------------------------------------------------------------
DOS PROCEDIMENTOS Súmula 589 do STJ: É inaplicável o princípio da insignificância
CAPÍTULO I nos crimes ou contravenções penais praticadas contra a mulher no
DISPOSIÇÕES GERAIS âmbito das relações domésticas.
Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução
das causas cíveis e criminais decorrentes da prática de CAPÍTULO II
DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
Seção I III - proibição de determinadas condutas, entre as
Disposições Gerais quais:
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da a) aproximação da ofendida, de seus familiares e

ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
horas: estes e o agressor;
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir b) contato com a ofendida, seus familiares e
sobre as medidas protetivas de urgência; testemunhas por qualquer meio de comunicação;
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao c) frequentação de determinados lugares a fim de
órgão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
para o ajuizamento da ação de separação judicial, de IV - restrição ou suspensão de visitas aos
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
união estável perante o juízo competente; (2019) multidisciplinar ou serviço similar;
III - comunicar ao Ministério Público para que adote V - prestação de alimentos provisionais ou
as providências cabíveis. provisórios.
IV - determinar a apreensão imediata de arma de VI – comparecimento do agressor a programas de
fogo sob a posse do agressor. (2019) recuperação e reeducação; e (2020)
VII – acompanhamento psicossocial do agressor,
Art. 19. As medidas protetivas de urgência por meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.
poderão ser concedidas pelo juiz, a requerimento do (2020)
Ministério Público ou a pedido da ofendida. § 1o As medidas referidas neste artigo não impedem
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser a aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
concedidas de imediato, independentemente de sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias
audiência das partes e de manifestação do Ministério o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao
Público, devendo este ser prontamente comunicado. Ministério Público.
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão § 2o Na hipótese de aplicação do inciso I,
aplicadas isolada ou cumulativamente, e poderão ser encontrando-se o agressor nas condições mencionadas no
substituídas a qualquer tempo por outras de maior eficácia, caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão,
ameaçados ou violados. corporação ou instituição as medidas protetivas de
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério urgência concedidas e determinará a restrição do porte de
Público ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas armas, ficando o superior imediato do agressor
protetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se responsável pelo cumprimento da determinação judicial,
entender necessário à proteção da ofendida, de seus sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de
familiares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. desobediência, conforme o caso.
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da protetivas de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do momento, auxílio da força policial.
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do § 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo,
Ministério Público ou mediante representação da no que couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art.
autoridade policial. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão Processo Civil).
preventiva se, no curso do processo, verificar a falta de
motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, Seção III
se sobrevierem razões que a justifiquem. Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos prejuízo de outras medidas:
processuais relativos ao agressor, especialmente dos I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a
pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo programa oficial ou comunitário de proteção ou de
da intimação do advogado constituído ou do defensor atendimento;
público. II - determinar a recondução da ofendida e a de
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar seus dependentes ao respectivo domicílio, após
intimação ou notificação ao agressor. afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar,
Seção II sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o e alimentos;
Agressor IV - determinar a separação de corpos.
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica V - determinar a matrícula dos dependentes da
e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz ofendida em instituição de educação básica mais próxima
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou do seu domicílio, ou a transferência deles para essa
separadamente, as seguintes medidas protetivas de instituição, independentemente da existência de vaga.
urgência, entre outras: (2019)
I - suspensão da posse ou restrição do porte de
armas, com comunicação ao órgão competente, nos Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da
termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular
II - afastamento do lar, domicílio ou local de da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as
convivência com a ofendida; seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos
pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e
e contratos de compra, venda e locação de propriedade em Familiar contra a Mulher que vierem a ser criados poderão
comum, salvo expressa autorização judicial; contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar,
III - suspensão das procurações conferidas pela a ser integrada por profissionais especializados nas áreas
ofendida ao agressor; psicossocial, jurídica e de saúde.
IV - prestação de caução provisória, mediante
depósito judicial, por perdas e danos materiais decorrentes Art. 30. Compete à equipe de atendimento
da prática de violência doméstica e familiar contra a multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem
ofendida. reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria
competente para os fins previstos nos incisos II e III deste Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e
artigo. desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento,
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o
Seção IV agressor e os familiares, com especial atenção às crianças
(2018) e aos adolescentes.
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas
de Urgência Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência avaliação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere manifestação de profissional especializado, mediante a
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: indicação da equipe de atendimento multidisciplinar.
(2018)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua
(2018) proposta orçamentária, poderá prever recursos para a
§ 1o A configuração do crime independe da criação e manutenção da equipe de atendimento
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes
medidas. (2018) Orçamentárias.
§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a
autoridade judicial poderá conceder fiança. (2018) TÍTULO VI
§ 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
de outras sanções cabíveis. (2018) Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas
CAPÍTULO III criminais acumularão as competências cível e criminal para
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não violência doméstica e familiar contra a mulher, observadas
for parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela
violência doméstica e familiar contra a mulher. legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo preferência, nas varas criminais, para o processo e o
de outras atribuições, nos casos de violência doméstica e julgamento das causas referidas no caput.
familiar contra a mulher, quando necessário:
I - requisitar força policial e serviços públicos de TÍTULO VII
saúde, de educação, de assistência social e de segurança, DISPOSIÇÕES FINAIS
entre outros; Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e Doméstica e Familiar contra a Mulher poderá ser
particulares de atendimento à mulher em situação de acompanhada pela implantação das curadorias
violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as necessárias e do serviço de assistência judiciária.
medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a
quaisquer irregularidades constatadas; Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os
III - cadastrar os casos de violência doméstica e Municípios poderão criar e promover, no limite das
familiar contra a mulher. respectivas competências:
I - centros de atendimento integral e
CAPÍTULO IV multidisciplinar para mulheres e respectivos dependentes
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA em situação de violência doméstica e familiar;
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e II - casas-abrigos para mulheres e respectivos
criminais, a mulher em situação de violência doméstica e dependentes menores em situação de violência doméstica
familiar deverá estar acompanhada de advogado, e familiar;
ressalvado o previsto no art. 19 desta Lei. III - delegacias, núcleos de defensoria pública,
serviços de saúde e centros de perícia médico-legal
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de especializados no atendimento à mulher em situação de
violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de violência doméstica e familiar;
Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária IV - programas e campanhas de enfrentamento
Gratuita, nos termos da lei, em sede policial e judicial, da violência doméstica e familiar;
mediante atendimento específico e humanizado. V - centros de educação e de reabilitação para
os agressores.
TÍTULO V
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO
MULTIDISCIPLINAR
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de
Municípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de setembro de 1995.
seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei. A Lei dos Juizados Especiais não se aplica aos crimes praticados
com violência doméstica e familiar contra a mulher.

Art. 37. A defesa dos interesses e direitos


transindividuais previstos nesta Lei poderá ser exercida,
concorrentemente, pelo Ministério Público e por
associação de atuação na área, regularmente constituída
há pelo menos um ano, nos termos da legislação civil.
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição
poderá ser dispensado pelo juiz quando entender que não
há outra entidade com representatividade adequada para o
ajuizamento da demanda coletiva.
01

Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica


02
e familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de
dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e 03
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados
e informações relativo às mulheres. 04

Parágrafo único. As Secretarias de Segurança


Pública dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter 05

suas informações criminais para a base de dados do


Ministério da Justiça. 06

Art. 38-A. O juiz competente providenciará o 07

registro da medida protetiva de urgência. (2019)


08
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência
serão registradas em banco de dados mantido e 09
regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça,
garantido o acesso do Ministério Público, da Defensoria 10

Pública e dos órgãos de segurança pública e de assistência


social, com vistas à fiscalização e à efetividade das 11

medidas protetivas. (2019)


12

Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios, no limite de suas competências e nos termos 13

das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão


14
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada
exercício financeiro, para a implementação das medidas 15
estabelecidas nesta Lei.

Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não


excluem outras decorrentes dos princípios por ela
adotados.

Art. 41. Aos crimes praticados com violência


doméstica e familiar contra a mulher, independentemente
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
Constituição da República Federativa independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
do Brasil de 1988
STF: É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática
de crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas
ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão
CAPÍTULO VI responsável pela prática criminosa.
DO MEIO AMBIENTE § 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso
lo para as presentes e futuras gerações. dos recursos naturais.
O conceito de meio ambiente deve ser abrangente de toda a § 5º São indisponíveis as terras devolutas ou
natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias,
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, § 6º As usinas que operem com reator nuclear
paisagístico e arquitetônico.
Direito Ambiental Constitucional, José Afonso da Silva deverão ter sua localização definida em lei federal, sem o
--------------------------------------------------------------------------------------- que não poderão ser instaladas.
STF: O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII
terceira geração - constitui prerrogativa jurídica de titularidade
coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos
do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as
humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao práticas desportivas que utilizem animais, desde que
indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215
verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. desta Constituição Federal, registradas como bem de
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
incumbe ao Poder Público: brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica
que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (2017)
I - preservar e restaurar os processos ecológicos
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e
ecossistemas; CAPÍTULO VII
II - preservar a diversidade e a integridade do DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades JOVEM E DO IDOSO
dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial
III - definir, em todas as unidades da Federação, proteção do Estado.
espaços territoriais e seus componentes a serem § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos
permitidas somente através de lei, vedada qualquer termos da lei.
utilização que comprometa a integridade dos atributos que § 3º Para efeito da proteção do Estado, é
justifiquem sua proteção; reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
ou atividade potencialmente causadora de significativa conversão em casamento.
degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto STF: A paternidade socioafetiva, declarada ou não em registro
ambiental, a que se dará publicidade; público, não impede o reconhecimento do vínculo de filiação
V - controlar a produção, a comercialização e o concomitante baseado na origem biológica, com os efeitos
emprego de técnicas, métodos e substâncias que jurídicos próprios.
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio STF: É inconstitucional a diferenciação de regimes sucessórios
ambiente; entre cônjuges e companheiros.
STF: A extensão, às uniões homoafetivas, do mesmo regime
VI - promover a educação ambiental em todos os jurídico aplicável à união estável entre pessoas de gênero
níveis de ensino e a conscientização pública para a distinto justifica-se e legitima-se pela direta incidência, dentre
preservação do meio ambiente; outros, dos princípios constitucionais da igualdade, da liberdade,
da dignidade, da segurança jurídica e do postulado constitucional
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
implícito que consagra o direito à busca da felicidade, os quais
da lei, as práticas que coloquem em risco sua função configuram, numa estrita dimensão que privilegia o sentido de
ecológica, provoquem a extinção de espécies ou inclusão decorrente da própria Constituição da República (art. 1º,
submetam os animais a crueldade. III, e art. 3º, IV), fundamentos autônomos e suficientes aptos a
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica conferir suporte legitimador à qualificação das conjugalidades
obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de entre pessoas do mesmo sexo como espécie do gênero entidade
familiar.
acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei. § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas comunidade formada por qualquer dos pais e seus
ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas descendentes.

ID:
191
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de
conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela criança ou adolescente órfão ou abandonado;
mulher. VII - programas de prevenção e atendimento
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo especializado à criança, ao adolescente e ao jovem
divórcio. dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa § 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e
humana e da paternidade responsável, o planejamento a exploração sexual da criança e do adolescente.
familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado § 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na
propiciar recursos educacionais e científicos para o forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva efetivação por parte de estrangeiros.
por parte de instituições oficiais ou privadas.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
pessoa de cada um dos que a integram, criando qualificações, proibidas quaisquer designações
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas discriminatórias relativas à filiação.
relações.
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do
adolescente levar-se- á em consideração o disposto no art.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do 204.
Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, § 8º A lei estabelecerá:
com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à I - o estatuto da juventude, destinado a regular os
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à direitos dos jovens;
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a II - o plano nacional de juventude, de duração
salvo de toda forma de negligência, discriminação, decenal, visando à articulação das várias esferas do poder
exploração, violência, crueldade e opressão. público para a execução de políticas públicas.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência
integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem,
admitida a participação de entidades não governamentais, Art. 228. São penalmente inimputáveis os
menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos às normas da
mediante políticas específicas e obedecendo aos
legislação especial.
seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e
destinados à saúde na assistência materno-infantil; educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever
II - criação de programas de prevenção e de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
atendimento especializado para as pessoas portadoras de enfermidade.
deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
integração social do adolescente e do jovem portador de
deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e participação na comunidade, defendendo sua dignidade e
de todas as formas de discriminação. bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos § 1º Os programas de amparo aos idosos serão
logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação executados preferencialmente em seus lares.
de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso § 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é
adequado às pessoas portadoras de deficiência. garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
§ 3º O direito a proteção especial abrangerá os
seguintes aspectos: CAPÍTULO VIII
I - idade mínima de 14 (quatorze) anos para DOS ÍNDIOS
admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, Art. 231. São reconhecidos aos índios sua
XXXIII; organização social, costumes, línguas, crenças e tradições,
II - garantia de direitos previdenciários e e os direitos originários sobre as terras que
trabalhistas; tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-
III - garantia de acesso do trabalhador adolescente las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
e jovem à escola; Pode-se extrair da doutrina que “índios ou silvícolas são todos os
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da indivíduos de origem e ascendência pré-colombiana que se
identificam, e são identificados como pertencentes a um grupo
atribuição de ato infracional, igualdade na relação
étnico cujas características culturais os distinguem da sociedade
processual e defesa técnica por profissional habilitado, nacional, e que formam comunidades indígenas ou grupos tribais,
segundo dispuser a legislação tutelar específica; constituídos por um conjunto de famílias ou por comunidades
V - obediência aos princípios de brevidade, índias, quer vivendo em estado de completo isolamento em
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa relação a outros setores da comunhão nacional, quer em contatos
em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer intermitentes ou permanentes, sem contudo estarem neles
integrados”.
medida privativa da liberdade; Direito Constitucional: Teoria do Estado e da Constituição. Kildare Gonçalves Carvalho

VI - estímulo do Poder Público, através de § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos


assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as
utilizadas para suas atividades produtivas, as
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais 09

necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua


reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes 10

e tradições.
11
§ 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-
12
lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e
dos lagos nelas existentes. 13

§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos,


incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra 14

das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser


efetivados com autorização do Congresso Nacional, 15

ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes


assegurada participação nos resultados da lavra, na forma
da lei.
§ 4º As terras de que trata este artigo são
Lei nº 11.343 / 2006
inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, Lei de Drogas
imprescritíveis.
§ 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
suas terras, salvo, "ad referendum" do Congresso Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção do
Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
em risco sua população, ou no interesse da soberania do dependentes de drogas; estabelece normas para
País, após deliberação do Congresso Nacional, garantido, repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de
em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o drogas; define crimes e dá outras providências.
risco.
§ 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos TÍTULO I
jurídicos, os atos que tenham por objeto a ocupação, o DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
domínio e a posse das terras a que se refere este artigo,
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de
ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos rios e
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve
dos lagos nelas existentes, ressalvado relevante interesse
medidas para prevenção do uso indevido, atenção e
público da União, segundo o que dispuser lei
reinserção social de usuários e dependentes de drogas;
complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito
estabelece normas para repressão à produção não
a indenização ou a ações contra a União, salvo, na forma
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas e define crimes.
da lei, quanto às benfeitorias derivadas da ocupação de
Parágrafo único. Para fins desta Lei, consideram- se
boa fé.
como drogas as substâncias ou os produtos capazes de
§ 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no causar dependência, assim especificados em lei ou
art. 174, § 3º e § 4º. relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo
Poder Executivo da União.
Art. 232. Os índios, suas comunidades e A Lei de Drogas contém tipos penais em branco e a lista das
organizações são partes legítimas para ingressar em juízo substâncias capazes de causar dependência encontra-se na
em defesa de seus direitos e interesses, intervindo o Portaria MS/SVS nº 344, de 12 de maio de 1998 da Agência
Ministério Público em todos os atos do processo. Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Art. 2o Ficam proibidas, em todo o território


nacional, as drogas, bem como o plantio, a cultura, a
colheita e a exploração de vegetais e substratos dos
quais possam ser extraídas ou produzidas drogas,
ressalvada a hipótese de autorização legal ou
regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias
Psicotrópicas, de 1971, a respeito de plantas de uso
estritamente ritualístico-religioso.
01
Parágrafo único. Pode a União autorizar o plantio, a
02
cultura e a colheita dos vegetais referidos no caput deste
artigo, exclusivamente para fins medicinais ou científicos,
03 em local e prazo predeterminados, mediante fiscalização,
respeitadas as ressalvas supramencionadas.
04

TÍTULO II
05
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
SOBRE DROGAS
06
Art. 3o O Sisnad tem a finalidade de articular,
07 integrar, organizar e coordenar as atividades relacionadas
com:
08
I - a prevenção do uso indevido, a atenção e a II - promover a construção e a socialização do
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; conhecimento sobre drogas no país;
II - a repressão da produção não autorizada e do III - promover a integração entre as políticas de
tráfico ilícito de drogas. prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de
§ 1º Entende-se por Sisnad o conjunto ordenado de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua
princípios, regras, critérios e recursos materiais e humanos produção não autorizada e ao tráfico ilícito e as políticas
que envolvem as políticas, planos, programas, ações e públicas setoriais dos órgãos do Poder Executivo da União,
projetos sobre drogas, incluindo-se nele, por adesão, os Distrito Federal, Estados e Municípios;
Sistemas de Políticas Públicas sobre Drogas dos Estados, IV - assegurar as condições para a coordenação, a
Distrito Federal e Municípios. (2019) integração e a articulação das atividades de que trata o art.
§ 2º O Sisnad atuará em articulação com o Sistema 3o desta Lei.
Único de Saúde - SUS, e com o Sistema Único de CAPÍTULO II
Assistência Social - SUAS. (2019) (2019)
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS
CAPÍTULO I SOBRE DROGAS
DOS PRINCÍPIOS E DOS OBJETIVOS Seção I
DO SISTEMA NACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS (2019)
SOBRE DROGAS Da Composição do Sistema Nacional de Políticas
Públicas sobre Drogas
Art. 4o São princípios do Sisnad:
Art. 6º (VETADO)
I - o respeito aos direitos fundamentais da pessoa
humana, especialmente quanto à sua autonomia e à sua
liberdade; Art. 7º A organização do Sisnad assegura a
II - o respeito à diversidade e às especificidades orientação central e a execução descentralizada das
populacionais existentes; atividades realizadas em seu âmbito, nas esferas federal,
III - a promoção dos valores éticos, culturais e de distrital, estadual e municipal e se constitui matéria
cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como definida no regulamento desta Lei.
fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros
comportamentos correlacionados; Art. 7º-A. (VETADO). (2019)
IV - a promoção de consensos nacionais, de ampla Art. 8º (VETADO)
participação social, para o estabelecimento dos
fundamentos e estratégias do Sisnad; Seção II
V - a promoção da responsabilidade compartilhada (2019)
entre Estado e Sociedade, reconhecendo a importância da Das Competências
participação social nas atividades do Sisnad; Art. 8º-A. Compete à União: (2019)
VI - o reconhecimento da intersetorialidade dos I - formular e coordenar a execução da Política
fatores correlacionados com o uso indevido de drogas, com Nacional sobre Drogas; (2019)
a sua produção não autorizada e o seu tráfico ilícito; II - elaborar o Plano Nacional de Políticas sobre
VII - a integração das estratégias nacionais e Drogas, em parceria com Estados, Distrito Federal,
internacionais de prevenção do uso indevido, atenção e Municípios e a sociedade; (2019)
reinserção social de usuários e dependentes de drogas e III - coordenar o Sisnad; (2019)
de repressão à sua produção não autorizada e ao seu IV - estabelecer diretrizes sobre a organização e
tráfico ilícito; funcionamento do Sisnad e suas normas de referência;
VIII - a articulação com os órgãos do Ministério (2019)
Público e dos Poderes Legislativo e Judiciário visando à V - elaborar objetivos, ações estratégicas, metas,
cooperação mútua nas atividades do Sisnad; prioridades, indicadores e definir formas de financiamento
IX - a adoção de abordagem multidisciplinar que e gestão das políticas sobre drogas; (2019)
reconheça a interdependência e a natureza complementar VI – (VETADO); (2019)
das atividades de prevenção do uso indevido, atenção e VII – (VETADO); (2019)
reinserção social de usuários e dependentes de drogas, VIII - promover a integração das políticas sobre
repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de drogas com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
drogas; (2019)
X - a observância do equilíbrio entre as atividades IX - financiar, com Estados, Distrito Federal e
de prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social Municípios, a execução das políticas sobre drogas,
de usuários e dependentes de drogas e de repressão à sua observadas as obrigações dos integrantes do Sisnad;
(2019)
produção não autorizada e ao seu tráfico ilícito, visando a
garantir a estabilidade e o bem-estar social; X - estabelecer formas de colaboração com
XI - a observância às orientações e normas Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução das
emanadas do Conselho Nacional Antidrogas - Conad. políticas sobre drogas; (2019)
XI - garantir publicidade de dados e informações
Art. 5o O Sisnad tem os seguintes objetivos: sobre repasses de recursos para financiamento das
I - contribuir para a inclusão social do cidadão, políticas sobre drogas; (2019)
visando a torná-lo menos vulnerável a assumir XII - sistematizar e divulgar os dados estatísticos
comportamentos de risco para o uso indevido de drogas, nacionais de prevenção, tratamento, acolhimento,
seu tráfico ilícito e outros comportamentos correlacionados; reinserção social e econômica e repressão ao tráfico ilícito
de drogas; (2019)
XIII - adotar medidas de enfretamento aos crimes
transfronteiriços; e (2019)
XIV - estabelecer uma política nacional de controle Seção II
de fronteiras, visando a coibir o ingresso de drogas no País. (2019)
(2019) Dos Conselhos de Políticas sobre Drogas
Art. 8º-E. Os conselhos de políticas sobre drogas,
Art. 8º-B. (VETADO). (2019) constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios,
Art. 8º-C. (VETADO). (2019) terão os seguintes objetivos: (2019)
I - auxiliar na elaboração de políticas sobre drogas;
CAPÍTULO II-A (2019)
(2019) II - colaborar com os órgãos governamentais no

DA FORMULAÇÃO DAS POLÍTICAS SOBRE planejamento e na execução das políticas sobre drogas,
DROGAS visando à efetividade das políticas sobre drogas; (2019)
Seção I III - propor a celebração de instrumentos de
(2019) cooperação, visando à elaboração de programas, ações,
Do Plano Nacional de Políticas sobre Drogas atividades e projetos voltados à prevenção, tratamento,
Art. 8º-D. São objetivos do Plano Nacional de acolhimento, reinserção social e econômica e repressão ao
Políticas sobre Drogas, dentre outros: (2019) tráfico ilícito de drogas; (2019)
I - promover a interdisciplinaridade e integração IV - promover a realização de estudos, com o
dos programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e objetivo de subsidiar o planejamento das políticas sobre
entidades públicas e privadas nas áreas de saúde, drogas; (2019)
educação, trabalho, assistência social, previdência social, V - propor políticas públicas que permitam a
habitação, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção integração e a participação do usuário ou dependente de
do uso de drogas, atenção e reinserção social dos usuários drogas no processo social, econômico, político e cultural no
ou dependentes de drogas; (2019) respectivo ente federado; e (2019)
II - viabilizar a ampla participação social na VI - desenvolver outras atividades relacionadas às
formulação, implementação e avaliação das políticas sobre políticas sobre drogas em consonância com o Sisnad e
drogas; (2019) com os respectivos planos. (2019)
III - priorizar programas, ações, atividades e
projetos articulados com os estabelecimentos de ensino, Seção III
com a sociedade e com a família para a prevenção do uso (2019)
de drogas; (2019) Dos Membros dos Conselhos de Políticas sobre
IV - ampliar as alternativas de inserção social e Drogas
econômica do usuário ou dependente de drogas, Art. 8º-F. (VETADO). (2019)
promovendo programas que priorizem a melhoria de sua
escolarização e a qualificação profissional; (2019) CAPÍTULO IV
V - promover o acesso do usuário ou dependente (VETADO)
de drogas a todos os serviços públicos; (2019) Art. 9º (VETADO)
VI - estabelecer diretrizes para garantir a Art. 10. (VETADO)
efetividade dos programas, ações e projetos das políticas Art. 11. (VETADO)
sobre drogas; (2019) Art. 12. (VETADO)
VII - fomentar a criação de serviço de atendimento Art. 13. (VETADO)
telefônico com orientações e informações para apoio aos Art. 14. (VETADO)
usuários ou dependentes de drogas; (2019)
VIII - articular programas, ações e projetos de CAPÍTULO IV
incentivo ao emprego, renda e capacitação para o trabalho, (2019)
com objetivo de promover a inserção profissional da DO ACOMPANHAMENTO E DA AVALIAÇÃO DAS
pessoa que haja cumprido o plano individual de POLÍTICAS SOBRE DROGAS
atendimento nas fases de tratamento ou acolhimento;
(2019)
Art. 15. (VETADO)
IX - promover formas coletivas de organização
Art. 16. As instituições com atuação nas áreas da
para o trabalho, redes de economia solidária e o
cooperativismo, como forma de promover autonomia ao atenção à saúde e da assistência social que atendam
usuário ou dependente de drogas egresso de tratamento usuários ou dependentes de drogas devem comunicar ao
ou acolhimento, observando-se as especificidades órgão competente do respectivo sistema municipal de
saúde os casos atendidos e os óbitos ocorridos,
regionais; (2019)
X - propor a formulação de políticas públicas que preservando a identidade das pessoas, conforme
conduzam à efetivação das diretrizes e princípios previstos orientações emanadas da União.
no art. 22; (2019)
Art. 17. Os dados estatísticos nacionais de
XI - articular as instâncias de saúde, assistência
repressão ao tráfico ilícito de drogas integrarão sistema
social e de justiça no enfrentamento ao abuso de drogas; e
(2019) de informações do Poder Executivo.
XII - promover estudos e avaliação dos resultados
das políticas sobre drogas. (2019) TÍTULO III
§ 1º O plano de que trata o caput terá duração de DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO DO USO
5 (cinco) anos a contar de sua aprovação. INDEVIDO, ATENÇÃO E REINSERÇÃO SOCIAL DE
§ 2º O poder público deverá dar a mais ampla USUÁRIOS E DEPENDENTES DE DROGAS
divulgação ao conteúdo do Plano Nacional de Políticas CAPÍTULO I
sobre Drogas. DA PREVENÇÃO
Seção I Seção II
(2019) (2019)
Das Diretrizes Da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas
Art. 18. Constituem atividades de prevenção do uso Art. 19-A. Fica instituída a Semana Nacional de
indevido de drogas, para efeito desta Lei, aquelas Políticas sobre Drogas, comemorada anualmente, na
direcionadas para a redução dos fatores de vulnerabilidade quarta semana de junho. (2019)
e risco e para a promoção e o fortalecimento dos fatores de § 1º No período de que trata o caput, serão
proteção. intensificadas as ações de: (2019)
I - difusão de informações sobre os problemas
Art. 19. As atividades de prevenção do uso decorrentes do uso de drogas; (2019)
indevido de drogas devem observar os seguintes II - promoção de eventos para o debate público
princípios e diretrizes: sobre as políticas sobre drogas; (2019)
I - o reconhecimento do uso indevido de drogas III - difusão de boas práticas de prevenção,
como fator de interferência na qualidade de vida do tratamento, acolhimento e reinserção social e econômica
indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual de usuários de drogas; (2019)
pertence; IV - divulgação de iniciativas, ações e campanhas
II - a adoção de conceitos objetivos e de de prevenção do uso indevido de drogas; (2019)
fundamentação científica como forma de orientar as ações V - mobilização da comunidade para a participação
dos serviços públicos comunitários e privados e de evitar nas ações de prevenção e enfrentamento às drogas;
preconceitos e estigmatização das pessoas e dos serviços (2019)
que as atendam; VI - mobilização dos sistemas de ensino previstos
III - o fortalecimento da autonomia e da na Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - Lei de
responsabilidade individual em relação ao uso indevido de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na realização de
drogas; atividades de prevenção ao uso de drogas. (2019)
IV - o compartilhamento de responsabilidades e a
colaboração mútua com as instituições do setor privado e CAPÍTULO II
com os diversos segmentos sociais, incluindo usuários e DAS ATIVIDADES DE ATENÇÃO E DE
dependentes de drogas e respectivos familiares, por meio REINSERÇÃO SOCIAL DE USUÁRIOS O U
do estabelecimento de parcerias; DEPENDENTES DE DROGAS
V - a adoção de estratégias preventivas CAPÍTULO II
(2019)
diferenciadas e adequadas às especificidades
DAS ATIVIDADES DE PREVENÇÃO, TRATAMENTO,
socioculturais das diversas populações, bem como das
ACOLHIMENTO E DE REINSERÇÃO SOCIAL E
diferentes drogas utilizadas;
ECONÔMICA DE USUÁRIOS OU DEPENDENTES DE
VI - o reconhecimento do “não-uso”, do
DROGAS
“retardamento do uso” e da redução de riscos como
Seção I
resultados desejáveis das atividades de natureza
(2019)
preventiva, quando da definição dos objetivos a serem
Disposições Gerais
alcançados;
VII - o tratamento especial dirigido às parcelas mais Art. 20. Constituem atividades de atenção ao
vulneráveis da população, levando em consideração as usuário e dependente de drogas e respectivos familiares,
suas necessidades específicas; para efeito desta Lei, aquelas que visem à melhoria da
VIII - a articulação entre os serviços e qualidade de vida e à redução dos riscos e dos danos
organizações que atuam em atividades de prevenção do associados ao uso de drogas.
uso indevido de drogas e a rede de atenção a usuários e
dependentes de drogas e respectivos familiares; Art. 21. Constituem atividades de reinserção
IX - o investimento em alternativas esportivas, social do usuário ou do dependente de drogas e
culturais, artísticas, profissionais, entre outras, como forma respectivos familiares, para efeito desta Lei, aquelas
de inclusão social e de melhoria da qualidade de vida; direcionadas para sua integração ou reintegração em redes
X - o estabelecimento de políticas de formação sociais.
continuada na área da prevenção do uso indevido de
drogas para profissionais de educação nos 3 (três) níveis Art. 22. As atividades de atenção e as de reinserção
de ensino; social do usuário e do dependente de drogas e respectivos
XI - a implantação de projetos pedagógicos de familiares devem observar os seguintes princípios e
prevenção do uso indevido de drogas, nas instituições de diretrizes:
ensino público e privado, alinhados às Diretrizes I - respeito ao usuário e ao dependente de drogas,
Curriculares Nacionais e aos conhecimentos relacionados independentemente de quaisquer condições, observados
a drogas; os direitos fundamentais da pessoa humana, os princípios
XII - a observância das orientações e normas e diretrizes do Sistema Único de Saúde e da Política
emanadas do Conad; Nacional de Assistência Social;
XIII - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de II - a adoção de estratégias diferenciadas de
controle social de políticas setoriais específicas. atenção e reinserção social do usuário e do dependente de
Parágrafo único. As atividades de prevenção do uso drogas e respectivos familiares que considerem as suas
indevido de drogas dirigidas à criança e ao adolescente peculiaridades socioculturais;
deverão estar em consonância com as diretrizes emanadas III - definição de projeto terapêutico individualizado,
pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do orientado para a inclusão social e para a redução de riscos
Adolescente - Conanda. e de danos sociais e à saúde;
IV - atenção ao usuário ou dependente de drogas e devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina
aos respectivos familiares, sempre que possível, de forma - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento no
multidisciplinar e por equipes multiprofissionais; qual se dará a internação. (2019)
V - observância das orientações e normas § 3º São considerados 2 (dois) tipos de internação:
emanadas do Conad; (2019)
VI - o alinhamento às diretrizes dos órgãos de I - internação voluntária: aquela que se dá com o
controle social de políticas setoriais específicas. consentimento do dependente de drogas; (2019)
VII - estímulo à capacitação técnica e II - internação involuntária: aquela que se dá,
profissional; (2019) sem o consentimento do dependente, a pedido de familiar
VIII - efetivação de políticas de reinserção social ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de
voltadas à educação continuada e ao trabalho; (2019) servidor público da área de saúde, da assistência social ou
IX - observância do plano individual de dos órgãos públicos integrantes do Sisnad, com exceção
atendimento na forma do art. 23-B desta Lei; (2019) de servidores da área de segurança pública, que constate
X - orientação adequada ao usuário ou a existência de motivos que justifiquem a medida. (2019)
dependente de drogas quanto às consequências lesivas do § 4º A internação voluntária: (2019)
uso de drogas, ainda que ocasional. (2019) I - deverá ser precedida de declaração escrita da
Seção II pessoa solicitante de que optou por este regime de
(2019) tratamento; (2019)
Da Educação na Reinserção Social e Econômica II - seu término dar-se-á por determinação do
Art. 22-A. As pessoas atendidas por órgãos médico responsável ou por solicitação escrita da pessoa
integrantes do Sisnad terão atendimento nos programas de que deseja interromper o tratamento. (2019)
educação profissional e tecnológica, educação de jovens e § 5º A internação involuntária: (2019)
adultos e alfabetização. (2019) I - deve ser realizada após a formalização da
decisão por médico responsável; (2019)
Seção III II - será indicada depois da avaliação sobre o tipo
(2019) de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese
Do Trabalho na Reinserção Social e Econômica comprovada da impossibilidade de utilização de outras
Art. 22-B. (VETADO). alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à
saúde; (2019)
Seção IV III - perdurará apenas pelo tempo necessário à
(2019) desintoxicação, no prazo máximo de 90 (noventa) dias,
Do Tratamento do Usuário ou Dependente de Drogas tendo seu término determinado pelo médico responsável;
Art. 23. As redes dos serviços de saúde da União, (2019)
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios IV - a família ou o representante legal poderá, a
desenvolverão programas de atenção ao usuário e ao qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do
dependente de drogas, respeitadas as diretrizes do tratamento. (2019)
Ministério da Saúde e os princípios explicitados no art. 22 § 6º A internação, em qualquer de suas
desta Lei, obrigatória a previsão orçamentária adequada. modalidades, só será indicada quando os recursos extra-
hospitalares se mostrarem insuficientes. (2019)
§ 7º Todas as internações e altas de que trata esta
Art. 23-A. O tratamento do usuário ou dependente Lei deverão ser informadas, em, no máximo, de 72
de drogas deverá ser ordenado em uma rede de atenção (setenta e duas) horas, ao Ministério Público, à
à saúde, com prioridade para as modalidades de Defensoria Pública e a outros órgãos de fiscalização,
tratamento ambulatorial, incluindo excepcionalmente por meio de sistema informatizado único, na forma do
formas de internação em unidades de saúde e hospitais regulamento desta Lei. (2019)
gerais nos termos de normas dispostas pela União e § 8º É garantido o sigilo das informações
articuladas com os serviços de assistência social e em disponíveis no sistema referido no § 7º e o acesso será
etapas que permitam: (2019) permitido apenas às pessoas autorizadas a conhecê-las,
I - articular a atenção com ações preventivas que sob pena de responsabilidade. (2019)
atinjam toda a população; (2019) § 9º É vedada a realização de qualquer modalidade
II - orientar-se por protocolos técnicos predefinidos, de internação nas comunidades terapêuticas acolhedoras.
baseados em evidências científicas, oferecendo (2019)
atendimento individualizado ao usuário ou dependente de § 10. O planejamento e a execução do projeto
drogas com abordagem preventiva e, sempre que indicado, terapêutico individual deverão observar, no que couber, o
ambulatorial; (2019) previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que dispõe
III - preparar para a reinserção social e econômica, sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
respeitando as habilidades e projetos individuais por meio transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em
de programas que articulem educação, capacitação para o saúde mental. (2019)
trabalho, esporte, cultura e acompanhamento
individualizado; e (2019) Seção V
IV - acompanhar os resultados pelo SUS, Suas e (2019)
Sisnad, de forma articulada. (2019) Do Plano Individual de Atendimento
§ 1º Caberá à União dispor sobre os protocolos Art. 23-B. O atendimento ao usuário ou
técnicos de tratamento, em âmbito nacional. (2019) dependente de drogas na rede de atenção à saúde
§ 2º A internação de dependentes de drogas dependerá de: (2019)
somente será realizada em unidades de saúde ou hospitais I - avaliação prévia por equipe técnica
gerais, dotados de equipes multidisciplinares e deverá ser multidisciplinar e multissetorial; e (2019)
obrigatoriamente autorizada por médico
II - elaboração de um Plano Individual de (2019)
Atendimento - PIA. (2019) Do Acolhimento em Comunidade Terapêutica
§ 1º A avaliação prévia da equipe técnica Acolhedora
subsidiará a elaboração e execução do projeto terapêutico Art. 26-A. O acolhimento do usuário ou dependente
individual a ser adotado, levantando no mínimo: (2019) de drogas na comunidade terapêutica acolhedora
I - o tipo de droga e o padrão de seu uso; e (2019) caracteriza-se por: (2019)
II - o risco à saúde física e mental do usuário ou I - oferta de projetos terapêuticos ao usuário ou
dependente de drogas ou das pessoas com as quais dependente de drogas que visam à abstinência; (2019)
convive. (2019) II - adesão e permanência voluntária, formalizadas
§ 2º (VETADO). (2019) por escrito, entendida como uma etapa transitória para a
§ 3º O PIA deverá contemplar a participação dos reinserção social e econômica do usuário ou dependente
familiares ou responsáveis, os quais têm o dever de de drogas; (2019)
contribuir com o processo, sendo esses, no caso de III - ambiente residencial, propício à formação de
crianças e adolescentes, passíveis de responsabilização vínculos, com a convivência entre os pares, atividades
civil, administrativa e criminal, nos termos da Lei nº 8.069, práticas de valor educativo e a promoção do
de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do desenvolvimento pessoal, vocacionada para acolhimento
Adolescente. (2019) ao usuário ou dependente de drogas em vulnerabilidade
§ 4º O PIA será inicialmente elaborado sob a social; (2019)
responsabilidade da equipe técnica do primeiro projeto IV - avaliação médica prévia; (2019)
terapêutico que atender o usuário ou dependente de V - elaboração de plano individual de atendimento
drogas e será atualizado ao longo das diversas fases do na forma do art. 23-B desta Lei; e (2019)
atendimento. (2019) VI - vedação de isolamento físico do usuário ou
§ 5º Constarão do plano individual, no mínimo: dependente de drogas. (2019)
(2019) § 1º Não são elegíveis para o acolhimento as
I - os resultados da avaliação multidisciplinar; pessoas com comprometimentos biológicos e psicológicos
(2019) de natureza grave que mereçam atenção médico-
II - os objetivos declarados pelo atendido; (2019) hospitalar contínua ou de emergência, caso em que
III - a previsão de suas atividades de integração deverão ser encaminhadas à rede de saúde. (2019)
social ou capacitação profissional; (2019) § 2º (VETADO). (2019)
IV - atividades de integração e apoio à família; § 3º (VETADO). (2019)
(2019) § 4º (VETADO). (2019)
V - formas de participação da família para efetivo § 5º (VETADO). (2019)
cumprimento do plano individual; (2019)
VI - designação do projeto terapêutico mais CAPÍTULO III
adequado para o cumprimento do previsto no plano; e
DOS CRIMES E DAS PENAS
(2019)
VII - as medidas específicas de atenção à saúde do Art. 27. As penas previstas neste Capítulo poderão
atendido. (2019) ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
§ 6º O PIA será elaborado no prazo de até 30 substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público
(trinta) dias da data do ingresso no atendimento. (2019) e o defensor.
§ 7º As informações produzidas na avaliação e as
registradas no plano individual de atendimento são Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em
consideradas sigilosas. (2019) depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será
Art. 24. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
submetido às seguintes penas:
Municípios poderão conceder benefícios às instituições
privadas que desenvolverem programas de reinserção no Para o STF, o art. 28 da Lei de Drogas despenalizou a posse de
drogas para uso pessoal, mas as condutas previstas nesse
mercado de trabalho, do usuário e do dependente de dispositivo não deixaram de ser tipificadas como crime. Cumpre
drogas encaminhados por órgão oficial. observar que também não há cabimento de penas privativas de
liberdade aos usuários que utilizam drogas apenas para consumo
Art. 25. As instituições da sociedade civil, sem fins pessoal.
lucrativos, com atuação nas áreas da atenção à saúde e da I - advertência sobre os efeitos das drogas;
assistência social, que atendam usuários ou dependentes II - prestação de serviços à comunidade;
de drogas poderão receber recursos do Funad, III - medida educativa de comparecimento a
condicionados à sua disponibilidade orçamentária e programa ou curso educativo.
financeira. § 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para
seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
Art. 26. O usuário e o dependente de drogas que, destinadas à preparação de pequena quantidade de
em razão da prática de infração penal, estiverem substância ou produto capaz de causar dependência física
cumprindo pena privativa de liberdade ou submetidos a ou psíquica.
medida de segurança, têm garantidos os serviços de § 2o Para determinar se a droga destinava-se a
atenção à sua saúde, definidos pelo respectivo sistema consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à
penitenciário. quantidade da substância apreendida, ao local e às
condições em que se desenvolveu a ação, às
Seção VI circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e
aos antecedentes do agente.
§ 3o As penas previstas nos incisos II e III do caput couber, dispensada a autorização prévia do órgão próprio
deste artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.
(cinco) meses. § 4o As glebas cultivadas com plantações ilícitas
§ 4o Em caso de reincidência, as penas previstas serão expropriadas, conforme o disposto no art. 243 da
nos incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas Constituição Federal, de acordo com a legislação em vigor.
pelo prazo máximo de 10 (dez) meses.
§ 5o A prestação de serviços à comunidade será CAPÍTULO II
cumprida em programas comunitários, entidades DOS CRIMES
educacionais ou assistenciais, hospitais, Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar,
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer,
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da
ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer
dependentes de drogas. drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
§ 6o Para garantia do cumprimento das medidas desacordo com determinação legal ou regulamentar:
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a
Trata-se de um tipo penal misto alternativo, ou seja, a prática de
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz mais de uma das condutas previstas não implicará concurso de
submetê-lo, sucessivamente a: crimes. A tipificação das referidas condutas independe de lucro.
I - admoestação verbal;
II - multa. DIREITO PENAL. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE TRÁFICO DE
§ 7o O juiz determinará ao Poder Público que DROGAS NA MODALIDADE ADQUIRIR.
coloque à disposição do infrator, gratuitamente, A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição de
estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, droga e também disponibilizar o veículo que seria utilizado para o
transporte do entorpecente configura o crime de tráfico de drogas
para tratamento especializado.
em sua forma consumada - e não tentada -, ainda que a polícia,
com base em indícios obtidos por interceptações telefônicas, tenha
Art. 29. Na imposição da medida educativa a que se efetivado a apreensão do material entorpecente antes que o
refere o inciso II do § 6o do art. 28, o juiz, atendendo à investigado efetivamente o recebesse. (HC 212.528-SC, Rel. Min.
reprovabilidade da conduta, fixará o número de dias- multa, Nefi Cordeiro, julgado em 1º/9/2015, DJe 23/9/2015).
em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta) nem superior
a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e
capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos)
até 3 (três) vezes o valor do maior salário mínimo. dias-multa.
Parágrafo único. Os valores decorrentes da § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
imposição da multa a que se refere o § 6o do art. 28 serão I - importa, exporta, remete, produz, fabrica,
creditados à conta do Fundo Nacional Antidrogas. adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em
depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que
Art. 30. Prescrevem em 2 (dois) anos a imposição gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
e a execução das penas, observado, no tocante à determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes insumo ou produto químico destinado à preparação de
do Código Penal. drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem
TÍTULO IV autorização ou em desacordo com determinação legal ou
DA REPRESSÃO À PRODUÇÃO NÃO AUTORIZADA regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-
E AO TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS prima para a preparação de drogas;
CAPÍTULO I III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que
DISPOSIÇÕES GERAIS tem a propriedade, posse, administração, guarda ou
Art. 31. É indispensável a licença prévia da vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda
autoridade competente para produzir, extrair, fabricar, que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com
transformar, preparar, possuir, manter em depósito, determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito
importar, exportar, reexportar, remeter, transportar, expor, de drogas.
oferecer, vender, comprar, trocar, ceder ou adquirir, para IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima,
qualquer fim, drogas ou matéria-prima destinada à sua insumo ou produto químico destinado à preparação de
preparação, observadas as demais exigências legais. drogas, sem autorização ou em desacordo com a
determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presentes elementos probatórios
Art. 32. As plantações ilícitas serão
imediatamente destruídas pelo delegado de polícia na razoáveis de conduta criminal preexistente. (2019)
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso
forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente
indevido de droga:
para exame pericial, de tudo lavrando auto de
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PEDIDO DE
levantamento das condições encontradas, com a
INTERPRETAÇA O CONFORME A CONSTITUIÇÃO” DO § 2º
delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias DO ART. 33 DA LEI N. 11.343/2006, CRIMINALIZADOR DAS
para a preservação da prova. CONDUTAS DE “INDUZIR, INSTIGAR OU AUXILIAR ALGUÉM
§ 1o (Revogado) AO USO INDEVIDO DE DROGA”.
§ 2o (Revogado). 1. Cabível o pedido de “interpretação conforme a Constituição” de
§ 3o Em caso de ser utilizada a queimada para preceito legal portador de mais de um sentido, dando-se que ao
menos um deles é contrário a Constituição Federal.
destruir a plantação, observar-se-á, além das cautelas
2. A utilização do § 3º do art. 33 da Lei 11.343/2006 como
necessárias à proteção ao meio ambiente, o disposto no fundamento para a proibição judicial de eventos públicos de
Decreto no2.661, de 8 de julho de 1998, no que
defesa da legalização ou da descriminalização do uso de isoladamente utilizada como elemento para presumir-se a
entorpecentes ofende o direito fundamental de reunião, participação da paciente em uma organização criminosa e, assim,
expressamente outorgado pelo inciso XVI do art. 5º da Carta negar-lhe o direito à minorante.
Magna. Regular exercício das liberdades constitucionais de Ressaltou que, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal
manifestação de pensamento e expressão, em sentido lato, além Federal, a quantidade de drogas não pode automaticamente levar
do direito de acesso à informação (incisos IV, IX e XIV do art. 5º ao entendimento de que a paciente faria do tráfico seu meio de
da Constituição Republicana, respectivamente). vida ou integraria uma organização criminosa. Ademais, observou
3. Nenhuma lei, seja ela civil ou penal, pode blindar-se contra que a paciente foi absolvida da acusação do delito de associação
a discussão do seu próprio conteúdo. Nem mesmo a para o tráfico, tipificado no art. 35 da Lei 11.343/2006, por
Constituição está a salvo da ampla, livre e aberta discussão dos ausência de provas.
seus defeitos e das suas virtudes, desde que sejam obedecidas as Dessa forma, a Turma considerou ser patente a contradição entre
condicionantes ao direito constitucional de reunião, tal como a os fundamentos usados para absolvê-la da acusação de prática do
prévia comunicação às autoridades competentes. mencionado delito e os utilizados para negar-lhe o direito à
4. Impossibilidade de restrição ao direito fundamental de reunião minorante no ponto referente à participação em organização
que não se contenha nas duas situações excepcionais que a criminosa.
própria Constituição prevê: o estado de defesa e o estado de sítio RHC 138715/MS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 23.05.2017.

(art. 136, § 1º, inciso I, alínea “a”, e art. 139, inciso IV). ---------------------------------------------------------------------------------------
5. Ação direta julgada procedente para dar ao § 2o do art. 33 da CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. ART. 33, § 4o, DA LEI
Lei 11.343/2006 “interpretação conforme a Constituição” e dele 11.343/06. DEDICAÇÃO À ATIVIDADE CRIMINOSA.
excluir qualquer significado que enseje a proibição de UTILIZAÇÃO DE INQUÉRITOS E/OU AÇÕES PENAIS.
manifestações e debates públicos acerca da descriminalização ou POSSIBILIDADE.
legalização do uso de drogas ou É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em
de qualquer substância que leve o ser humano ao entorpecimento curso para formação da convicção de que o réu se dedica a
episódico, ou então viciado, das suas faculdades psicofísicas. atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal previsto
ADI 4274-DF, Rel. Min. Ayres Britto, j. 23.11.2011, DJe 02.05.2012. no artigo 33, § 4o, da Lei 11.343/06.
EREsp 1.431.091-SP, Rel. Min. Felix Fischer, por maioria,
julgado em 14/12/2016, DJe 1/2/2017. Informativo STJ 596.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa ---------------------------------------------------------------------------------------
de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa. TRÁFICO DE DROGAS. DOSIMETRIA DA PENA. CAUSA DE
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo DIMINUIÇÃO DO ART. 33, § 4°, DA LEI N. 11.343/2006.
de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a AGENTE NA CONDIÇ̃ O DE “MULA”. AUSÊNCIA DE PROVA
consumirem: DE QUE INTEGRA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.
É́ possível o reconhecimento do tráfico privilegiado ao agente
 Crime de uso compartilhado, ou tráfico de transportador de drogas, na qualidade de "mula", uma vez que a
menor potencial ofensivo. simples atuação nessa condição não induz, automaticamente,
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e conclusão de que ele seja integrante de organização criminosa.
pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) HC 387.077-SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, por unanimidade,
julgado em 6/4/2017, DJe 17/4/2017. Informativo STJ 602.
dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste
artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar,
direitos, desde que o agente seja primário, de bons oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título,
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas possuir, guardar ou fornecer, ainda que gratuitamente,
nem integre organização criminosa. maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto
destinado à fabricação, preparação, produção ou
 Tráfico privilegiado
transformação de drogas, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:
O STF declarou inconstitucional a vedação da conversão da Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
pena privativa de liberdade em penas restritivas de direitos por pagamento de 1.200 (mil e duzentos) a 2.000 (dois mil)
ofensa ao princípio da individualização da pena.
Habeas Corpus nº 97.256/RS dias-multa.
---------------------------------------------------------------------------------------
O tráfico privilegiado não deve ser mais considerado crime Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas
hediondo. para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos
--------------------------------------------------------------------------------------- crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
PARTICIPAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e
QUANTIDADE DE DROGAS.
pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos)
A Segunda Turma, por unanimidade, deu parcial provimento a
recurso ordinário em “habeas corpus” para reconhecer a incidência dias-multa.
da causa de diminuição da pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste
11.343/2006 e determinar que o juízo “a quo”, após definir o artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do
patamar de redução, recalcule a pena e proceda ao reexame do crime definido no art. 36 desta Lei.
regime inicial do cumprimento da sanção e da substituição da pena
privativa de liberdade por sanções restritivas de direitos, se Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer
preenchidos os requisitos do art. 44 do Código Penal. dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta
No caso, a paciente foi condenada à pena de cinco anos de
Lei:
reclusão, em regime inicial fechado, e ao pagamento de
quinhentos dias-multa, pela prática do crime previsto no art. 33, Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e
“caput”, da Lei 11.343/2006. pagamento de 1.500 (mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil)
A defesa alegou que o não reconhecimento da minorante prevista dias-multa.
no § 4º do art. 33 da Lei de Drogas, pelas instâncias ordinárias,
baseou-se unicamente na quantidade da droga apreendida. Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo,
O Colegiado assentou que a grande quantidade de entorpecente, organização ou associação destinados à prática de
apesar de não ter sido o único fundamento apontado para afastar qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e
a aplicação do redutor do art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006, foi
34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e STJ: Súmula 607 - A majorante do tráfico transnacional de drogas
pagamento de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) dias- (art. 40, I, da Lei 11.343/06) se configura com a prova da
multa. destinação internacional das drogas, ainda que não consumada a
transposição de fronteiras.
STJ: Súmula 587 - Para a incidência da majorante prevista no
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, artigo 40, V, da Lei 11.343/06, é desnecessária a efetiva
drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em transposição de fronteiras entre estados da federação, sendo
doses excessivas ou em desacordo com determinação suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o
legal ou regulamentar: tráfico interestadual.
Esse é o único crime culposo na Lei de Drogas.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar
e pagamento de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias- voluntariamente com a investigação policial e o processo
multa. criminal na identificação dos demais co-autores ou
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
ao Conselho Federal da categoria profissional a que produto do crime, no caso de condenação, terá pena
pertença o agente. reduzida de 1/3 a 2/3 (um terço a dois terços).
 Instituto da Delação Premiada
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após
o consumo de drogas, expondo a dano potencial a Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará,
incolumidade de outrem: com preponderância sobre o previsto no art.
Caso a condução seja de veículo automotor, a conduta será 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da
tipificada no art. 306 da Lei nº 9.503/1997 (Código de Trânsito substância ou do produto, a personalidade e a conduta
Brasileiro). social do agente.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
além da apreensão do veículo, cassação da habilitação Art. 43. Na fixação da multa a que se referem os
respectiva ou proibição de obtê-la, pelo mesmo prazo da arts. 33 a 39 desta Lei, o juiz, atendendo ao que dispõe o
pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 art. 42 desta Lei, determinará o número de dias-multa,
(duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-multa. atribuindo a cada um, segundo as condições econômicas
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, dos acusados, valor não inferior a um trinta avos nem
aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 superior a 5 (cinco) vezes o maior salário-mínimo.
(quatro) a 6 (seis) anos e de 400 (quatrocentos) a 600 Parágrafo único. As multas, que em caso de
(seiscentos) dias-multa, se o veículo referido no caput concurso de crimes serão impostas sempre
deste artigo for de transporte coletivo de passageiros. cumulativamente, podem ser aumentadas até o décuplo
se, em virtude da situação econômica do acusado,
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta considerá-las o juiz ineficazes, ainda que aplicadas no
Lei são aumentadas de 1/6 a 2/3 (um sexto a dois terços), máximo.
se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e §
produto apreendido e as circunstâncias do fato 1o, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de
evidenciarem a transnacionalidade do delito; sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de vedada a conversão de suas penas em restritivas de
função pública ou no desempenho de missão de direitos.
educação, poder familiar, guarda ou vigilância; O STF atestou a inconstitucionalidade da proibição da concessão
III - a infração tiver sido cometida nas de liberdade provisória ao acusado de crimes relacionados ao
dependências ou imediações de estabelecimentos tráfico de drogas (Informativo nº 665).
prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput
entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o
esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, cumprimento de dois terços da pena, vedada sua
de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões concessão ao reincidente específico.
de qualquer natureza, de serviços de tratamento de
dependentes de drogas ou de reinserção social, de Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos; da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso
IV - o crime tiver sido praticado com violência, fortuito ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação
grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal
processo de intimidação difusa ou coletiva; praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
V - caracterizado o tráfico entre Estados da do fato ou de determinar-se de acordo com esse
Federação ou entre estes e o Distrito Federal; entendimento.
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança Parágrafo único. Quando absolver o agente,
ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, reconhecendo, por força pericial, que este apresentava, à
diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e época do fato previsto neste artigo, as condições referidas
determinação; no caput deste artigo, poderá determinar o juiz, na
VII - o agente financiar ou custear a prática do sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico
crime. adequado.
STJ: Súmula 528 - Compete ao juiz federal do local da apreensão
da droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o Art. 46. As penas podem ser reduzidas de 1/3 a 2/3
crime de tráfico internacional. Terceira Seção, aprovada em (um terço a dois terços) se, por força das circunstâncias
13/5/2015, DJe 18/5/2015.
previstas no art. 45 desta Lei, o agente não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de § 3o Recebida cópia do auto de prisão em
determinar-se de acordo com esse entendimento. flagrante, o juiz, no prazo de 10 (dez) dias, certificará a
regularidade formal do laudo de constatação e determinará
Art. 47. Na sentença condenatória, o juiz, com base a destruição das drogas apreendidas, guardando-se
em avaliação que ateste a necessidade de amostra necessária à realização do laudo definitivo.
encaminhamento do agente para tratamento, realizada por § 4o A destruição das drogas será executada pelo
profissional de saúde com competência específica na delegado de polícia competente no prazo de 15 (quinze)
forma da lei, determinará que a tal se proceda, observado dias na presença do Ministério Público e da autoridade
o disposto no art. 26 desta Lei. sanitária.
§ 5o O local será vistoriado antes e depois de
CAPÍTULO III efetivada a destruição das drogas referida no § 3o, sendo
DO PROCEDIMENTO PENAL lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
Art. 48. O procedimento relativo aos processos por certificando-se neste a destruição total delas.
crimes definidos neste Título rege-se pelo disposto neste
Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas
Capítulo, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições
sem a ocorrência de prisão em flagrante será feita por
do Código de Processo Penal e da Lei de Execução Penal.
incineração, no prazo máximo de 30 (trinta) dias contados
§ 1o O agente de qualquer das condutas previstas
da data da apreensão, guardando-se amostra necessária à
no art. 28 desta Lei, salvo se houver concurso com os
realização do laudo definitivo. (2019)
crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será
processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da
Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre Art. 51. O inquérito policial será concluído no
os Juizados Especiais Criminais. prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de
§ 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 90 (noventa) dias, quando solto.
desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o Parágrafo único. Os prazos a que se refere este
autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério
competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de Público, mediante pedido justificado da autoridade de
a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e polícia judiciária.
providenciando-se as requisições dos exames e perícias
necessários. Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51
§ 3o Se ausente a autoridade judicial, as desta Lei, a autoridade de polícia judiciária, remetendo os
providências previstas no § 2o deste artigo serão tomadas autos do inquérito ao juízo:
de imediato pela autoridade policial, no local em que se I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato,
encontrar, vedada a detenção do agente. justificando as razões que a levaram à classificação do
§ 4o Concluídos os procedimentos de que trata o § delito, indicando a quantidade e natureza da substância ou
o
2 deste artigo, o agente será submetido a exame de corpo do produto apreendido, o local e as condições em que se
de delito, se o requerer ou se a autoridade de polícia desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão,
judiciária entender conveniente, e em seguida liberado. a conduta, a qualificação e os antecedentes do agente; ou
§ 5o Para os fins do disposto no art. 76 da Lei no II - requererá sua devolução para a realização de
9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais diligências necessárias.
Criminais, o Ministério Público poderá propor a aplicação Parágrafo único. A remessa dos autos far-se-á sem
imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a ser prejuízo de diligências complementares:
especificada na proposta. I - necessárias ou úteis à plena elucidação do fato,
cujo resultado deverá ser encaminhado ao juízo
Art. 49. Tratando-se de condutas tipificadas nos competente até 3 (três) dias antes da audiência de
arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei, o juiz, sempre instrução e julgamento;
que as circunstâncias o recomendem, empregará os II - necessárias ou úteis à indicação dos bens,
instrumentos protetivos de colaboradores e testemunhas direitos e valores de que seja titular o agente, ou que
previstos na Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999. figurem em seu nome, cujo resultado deverá ser
encaminhado ao juízo competente até 3 (três) dias antes
Seção I da audiência de instrução e julgamento.
Da Investigação
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal
Art. 50. Ocorrendo prisão em flagrante, a relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos,
autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial
comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos
auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do investigatórios:
Ministério Público, em 24 (vinte e quatro) horas. I - a infiltração por agentes de polícia, em tarefas
§ 1o Para efeito da lavratura do auto de prisão em de investigação, constituída pelos órgãos especializados
flagrante e estabelecimento da materialidade do delito, é pertinentes;
suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade II - a não-atuação policial sobre os portadores de
da droga, firmado por perito oficial ou, na falta deste, por drogas, seus precursores químicos ou outros produtos
pessoa idônea. utilizados em sua produção, que se encontrem no território
§ 2o O perito que subscrever o laudo a que se refere brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar
o § 1o deste artigo não ficará impedido de participar da maior número de integrantes de operações de tráfico e
elaboração do laudo definitivo. distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível.
Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste
artigo, a autorização será concedida desde que sejam Art. 58. Encerrados os debates, proferirá o juiz
conhecidos o itinerário provável e a identificação dos sentença de imediato, ou o fará em 10 (dez) dias,
agentes do delito ou de colaboradores. ordenando que os autos para isso lhe sejam conclusos.
Seção II
Da Instrução Criminal Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e
§ 1o, e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem
Art. 54. Recebidos em juízo os autos do inquérito
recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons
policial, de Comissão Parlamentar de Inquérito ou peças de
antecedentes, assim reconhecido na sentença
informação, dar-se-á vista ao Ministério Público para, no
condenatória.
prazo de 10 (dez) dias, adotar uma das seguintes
providências: O STF considerada inconstitucional esse dispositivo, pois
I - requerer o arquivamento; restringe o direito do réu de ter revista a decisão que o condenou.
II - requisitar as diligências que entender
necessárias; CAPÍTULO IV
III - oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco) DA APREENSÃO, ARRECADAÇÃO E DESTINAÇÃO
testemunhas e requerer as demais provas que entender DE BENS DO ACUSADO
pertinentes.
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público
ou do assistente de acusação, ou mediante representação
Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a
da autoridade de polícia judiciária, poderá decretar, no
notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por
curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras
escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
medidas assecuratórias nos casos em que haja suspeita
§ 1o Na resposta, consistente em defesa preliminar
de que os bens, direitos ou valores sejam produto do crime
e exceções, o acusado poderá arguir preliminares e invocar
ou constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei,
todas as razões de defesa, oferecer documentos e
procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do
justificações, especificar as provas que pretende produzir
Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código de
e, até o número de 5 (cinco), arrolar testemunhas.
Processo Penal. (2019)
§ 2o As exceções serão processadas em apartado,
§ 1º (Revogado). (2019)
nos termos dos arts. 95 a 113 do Decreto-Lei no 3.689, de
§ 2º (Revogado). (2019)
3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal.
§ 3º Na hipótese do art. 366 do Decreto-Lei nº 3.689,
§ 3o Se a resposta não for apresentada no prazo, o
de 3 de outubro de 1941 - Código de Processo Penal, o juiz
juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10 (dez) dias,
poderá determinar a prática de atos necessários à
concedendo-lhe vista dos autos no ato de nomeação.
conservação dos bens, direitos ou valores. (2019)
§ 4o Apresentada a defesa, o juiz decidirá em 5 § 4º A ordem de apreensão ou sequestro de bens,
(cinco) dias.
direitos ou valores poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido
§ 5o Se entender imprescindível, o juiz, no prazo o Ministério Público, quando a sua execução imediata
máximo de 10 (dez) dias, determinará a apresentação do
puder comprometer as investigações. (2019)
preso, realização de diligências, exames e perícias.

Art. 56. Recebida a denúncia, o juiz designará dia e Art. 60-A. Se as medidas assecuratórias de que
hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará trata o art. 60 desta Lei recaírem sobre moeda
a citação pessoal do acusado, a intimação do Ministério estrangeira, títulos, valores mobiliários ou cheques
Público, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos emitidos como ordem de pagamento, será determinada,
periciais. imediatamente, a sua conversão em moeda nacional.
(2019)
§ 1o Tratando-se de condutas tipificadas como
infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 § 1º A moeda estrangeira apreendida em espécie
desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o deve ser encaminhada a instituição financeira, ou
afastamento cautelar do denunciado de suas atividades, se equiparada, para alienação na forma prevista pelo
for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo. Conselho Monetário Nacional. (2019)
§ 2º Na hipótese de impossibilidade da alienação
§ 2o A audiência a que se refere o caput deste artigo
será realizada dentro dos 30 (trinta) dias seguintes ao a que se refere o § 1º deste artigo, a moeda estrangeira
será custodiada pela instituição financeira até decisão
recebimento da denúncia, salvo se determinada a
realização de avaliação para atestar dependência de sobre o seu destino. (2019)
drogas, quando se realizará em 90 (noventa) dias. § 3º Após a decisão sobre o destino da moeda
estrangeira a que se refere o § 2º deste artigo, caso seja
Art. 57. Na audiência de instrução e julgamento, verificada a inexistência de valor de mercado, seus
após o interrogatório do acusado e a inquirição das espécimes poderão ser destruídos ou doados à
testemunhas, será dada a palavra, sucessivamente, ao representação diplomática do país de origem. (2019)
representante do Ministério Público e ao defensor do § 4º Os valores relativos às apreensões feitas antes
acusado, para sustentação oral, pelo prazo de 20 (vinte) da data de entrada em vigor da Medida Provisória nº 885,
minutos para cada um, prorrogável por mais 10 (dez), a de 17 de junho de 2019, e que estejam custodiados nas
critério do juiz. dependências do Banco Central do Brasil devem ser
Parágrafo único. Após proceder ao interrogatório, o transferidos à Caixa Econômica Federal, no prazo de 360
juiz indagará das partes se restou algum fato para ser (trezentos e sessenta) dias, para que se proceda à
esclarecido, formulando as perguntas correspondentes se alienação ou custódia, de acordo com o previsto nesta Lei.
(2019)
o entender pertinente e relevante.
Art. 61. A apreensão de veículos, embarcações, deles fazer uso, sob sua responsabilidade e com o objetivo
aeronaves e quaisquer outros meios de transporte e dos de sua conservação, mediante autorização judicial, ouvido
maquinários, utensílios, instrumentos e objetos de qualquer o Ministério Público e garantida a prévia avaliação dos
natureza utilizados para a prática dos crimes definidos respectivos bens. (2019)
nesta Lei será imediatamente comunicada pela § 1º (Revogado). (2019)
autoridade de polícia judiciária responsável pela § 1º-A. O juízo deve cientificar o órgão gestor do
investigação ao juízo competente. (2019) Funad para que, em 10 (dez) dias, avalie a existência do
§ 1º O juiz, no prazo de 30 (trinta) dias contado da interesse público mencionado no caput deste artigo e
comunicação de que trata o caput, determinará a indique o órgão que deve receber o bem. (2019)
alienação dos bens apreendidos, excetuadas as armas, § 1º-B. Têm prioridade, para os fins do § 1º-A deste
que serão recolhidas na forma da legislação específica. artigo, os órgãos de segurança pública que participaram
(2019) das ações de investigação ou repressão ao crime que deu
§ 2º A alienação será realizada em autos causa à medida. (2019)
apartados, dos quais constará a exposição sucinta do nexo
de instrumentalidade entre o delito e os bens apreendidos, § 2º A autorização judicial de uso de bens deverá
a descrição e especificação dos objetos, as informações conter a descrição do bem e a respectiva avaliação e
indicar o órgão responsável por sua utilização. (2019)
sobre quem os tiver sob custódia e o local em que se
encontrem. (2019) § 3º O órgão responsável pela utilização do bem
§ 3º O juiz determinará a avaliação dos bens deverá enviar ao juiz periodicamente, ou a qualquer
apreendidos, que será realizada por oficial de justiça, no momento quando por este solicitado, informações sobre
prazo de 5 (cinco) dias a contar da autuação, ou, caso seu estado de conservação. (2019)
sejam necessários conhecimentos especializados, por § 4º Quando a autorização judicial recair sobre
avaliador nomeado pelo juiz, em prazo não superior a 10 veículos, embarcações ou aeronaves, o juiz ordenará à
(dez) dias. (2019) autoridade ou ao órgão de registro e controle a expedição
§ 4º Feita a avaliação, o juiz intimará o órgão gestor de certificado provisório de registro e licenciamento em
do Funad, o Ministério Público e o interessado para se favor do órgão ao qual tenha deferido o uso ou custódia,
manifestarem no prazo de 5 (cinco) dias e, dirimidas ficando este livre do pagamento de multas, encargos e
eventuais divergências, homologará o valor atribuído aos tributos anteriores à decisão de utilização do bem até o
bens. (2019) trânsito em julgado da decisão que decretar o seu
§ 5º (VETADO). (2019) perdimento em favor da União. (2019)
§ 5º Na hipótese de levantamento, se houver
§ 6º (Revogado). (2019) indicação de que os bens utilizados na forma deste artigo
§ 7º (Revogado). (2019) sofreram depreciação superior àquela esperada em razão
§ 8º (Revogado). (2019) do transcurso do tempo e do uso, poderá o interessado
§ 9º O Ministério Público deve fiscalizar o requerer nova avaliação judicial. (2019)
cumprimento da regra estipulada no § 1º deste artigo. § 6º Constatada a depreciação de que trata o § 5º,
(2019)
o ente federado ou a entidade que utilizou o bem indenizará
§ 10. Aplica-se a todos os tipos de bens confiscados
o detentor ou proprietário dos bens. (2019)
a regra estabelecida no § 1º deste artigo. (2019)
§ 7º (Revogado). (2019)
§ 11. Os bens móveis e imóveis devem ser
§ 8º (Revogado). (2019)
vendidos por meio de hasta pública, preferencialmente
§ 9º (Revogado). (2019)
por meio eletrônico, assegurada a venda pelo maior lance,
§ 10. (Revogado). (2019)
por preço não inferior a 50% (cinquenta por cento) do
valor da avaliação judicial. (2019) § 11. (Revogado). (2019)
§ 12. O juiz ordenará às secretarias de fazenda e
aos órgãos de registro e controle que efetuem as Art. 62-A. O depósito, em dinheiro, de valores
averbações necessárias, tão logo tenha conhecimento da referentes ao produto da alienação ou a numerários
apreensão. (2019) apreendidos ou que tenham sido convertidos deve ser
§ 13. Na alienação de veículos, embarcações ou efetuado na Caixa Econômica Federal, por meio de
aeronaves, a autoridade de trânsito ou o órgão congênere documento de arrecadação destinado a essa finalidade.
competente para o registro, bem como as secretarias de (2019)
fazenda, devem proceder à regularização dos bens no § 1º Os depósitos a que se refere o caput deste
prazo de 30 (trinta) dias, ficando o arrematante isento do artigo devem ser transferidos, pela Caixa Econômica
pagamento de multas, encargos e tributos anteriores, sem Federal, para a conta única do Tesouro Nacional,
prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo independentemente de qualquer formalidade, no prazo de
proprietário. (2019) 24 (vinte e quatro) horas, contado do momento da
§ 14. Eventuais multas, encargos ou tributos realização do depósito, onde ficarão à disposição do
pendentes de pagamento não podem ser cobrados do Funad. (2019)
arrematante ou do órgão público alienante como condição § 2º Na hipótese de absolvição do acusado em
para regularização dos bens. (2019) decisão judicial, o valor do depósito será devolvido a ele
§ 15. Na hipótese de que trata o § 13 deste artigo, a pela Caixa Econômica Federal no prazo de até 3 (três) dias
autoridade de trânsito ou o órgão congênere competente úteis, acrescido de juros, na forma estabelecida pelo § 4º
para o registro poderá emitir novos identificadores dos do art. 39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995.
bens. (2019) (2019)
§ 3º Na hipótese de decretação do seu perdimento
Art. 62. Comprovado o interesse público na em favor da União, o valor do depósito será transformado
utilização de quaisquer dos bens de que trata o art. 61, os em pagamento definitivo, respeitados os direitos de
órgãos de polícia judiciária, militar e rodoviária poderão eventuais lesados e de terceiros de boa-fé. (2019)
§ 4º Os valores devolvidos pela Caixa Econômica origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e
Federal, por decisão judicial, devem ser efetuados como valores necessários e suficientes à reparação dos danos e
anulação de receita do Funad no exercício em que ocorrer ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas
a devolução. (2019) decorrentes da infração penal. (2019)
§ 5º A Caixa Econômica Federal deve manter o
controle dos valores depositados ou devolvidos. (2019) Art. 63-C. Compete à Senad, do Ministério da
Justiça e Segurança Pública, proceder à destinação dos
Art. 63. Ao proferir a sentença, o juiz decidirá sobre: bens apreendidos e não leiloados em caráter cautelar,
(2019) cujo perdimento seja decretado em favor da União, por
I - o perdimento do produto, bem, direito ou valor meio das seguintes modalidades: (2019)
apreendido ou objeto de medidas assecuratórias; e I – alienação, mediante:
II - o levantamento dos valores depositados em a) licitação;
conta remunerada e a liberação dos bens utilizados nos b) doação com encargo a entidades ou órgãos
termos do art. 62. (2019) públicos, bem como a comunidades terapêuticas
§ 1º Os bens, direitos ou valores apreendidos em acolhedoras que contribuam para o alcance das finalidades
decorrência dos crimes tipificados nesta Lei ou objeto de do Funad; ou
medidas assecuratórias, após decretado seu perdimento c) venda direta, observado o disposto no inciso II
em favor da União, serão revertidos diretamente ao do caput do art. 24 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
Funad. (2019) II – incorporação ao patrimônio de órgão da
§ 2º O juiz remeterá ao órgão gestor do Funad administração pública, observadas as finalidades do
relação dos bens, direitos e valores declarados perdidos, Funad;
indicando o local em que se encontram e a entidade ou o III – destruição; ou
órgão em cujo poder estejam, para os fins de sua IV – inutilização.
destinação nos termos da legislação vigente. § 1º A alienação por meio de licitação deve ser
§ 3º (Revogado). (2019) realizada na modalidade leilão, para bens móveis e
imóveis, independentemente do valor de avaliação, isolado
§ 4º Transitada em julgado a sentença ou global, de bem ou de lotes, assegurada a venda pelo
condenatória, o juiz do processo, de ofício ou a maior lance, por preço não inferior a 50% (cinquenta por
requerimento do Ministério Público, remeterá à Senad cento) do valor da avaliação. (2019)
relação dos bens, direitos e valores declarados perdidos § 2º O edital do leilão a que se refere o § 1º deste
em favor da União, indicando, quanto aos bens, o local em artigo será amplamente divulgado em jornais de grande
que se encontram e a entidade ou o órgão em cujo poder circulação e em sítios eletrônicos oficiais, principalmente no
estejam, para os fins de sua destinação nos termos da Município em que será realizado, dispensada a publicação
legislação vigente. em diário oficial. (2019)
§ 4º-A. Antes de encaminhar os bens ao órgão § 3º Nas alienações realizadas por meio de sistema
gestor do Funad, o juíz deve: (2019) eletrônico da administração pública, a publicidade dada
I – ordenar às secretarias de fazenda e aos órgãos pelo sistema substituirá a publicação em diário oficial e em
de registro e controle que efetuem as averbações jornais de grande circulação. (2019)
necessárias, caso não tenham sido realizadas quando da § 4º Na alienação de imóveis, o arrematante fica
apreensão; e (2019) livre do pagamento de encargos e tributos anteriores, sem
II – determinar, no caso de imóveis, o registro de prejuízo de execução fiscal em relação ao antigo
propriedade em favor da União no cartório de registro de proprietário. (2019)
imóveis competente, nos termos do caput e do parágrafo § 5º Na alienação de veículos, embarcações ou
único do art. 243 da Constituição Federal, afastada a aeronaves deverão ser observadas as disposições dos §§
responsabilidade de terceiros prevista no inciso VI do 13 e 15 do art. 61 desta Lei. (2019)
caput do art. 134 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 § 6º Aplica-se às alienações de que trata este artigo
(Código Tributário Nacional), bem como determinar à a proibição relativa à cobrança de multas, encargos ou
Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio tributos prevista no § 14 do art. 61 desta Lei. (2019)
da União a incorporação e entrega do imóvel, tornando-o § 7º A Senad, do Ministério da Justiça e Segurança
livre e desembaraçado de quaisquer ônus para sua Pública, pode celebrar convênios ou instrumentos
destinação. (2019) congêneres com órgãos e entidades da União, dos
§ 5º (VETADO). (2019) Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como
§ 6º Na hipótese do inciso II do caput, decorridos com comunidades terapêuticas acolhedoras, a fim de dar
360 (trezentos e sessenta) dias do trânsito em julgado e do imediato cumprimento ao estabelecido neste artigo. (2019)
conhecimento da sentença pelo interessado, os bens § 8º Observados os procedimentos licitatórios
apreendidos, os que tenham sido objeto de medidas previstos em lei, fica autorizada a contratação da iniciativa
assecuratórias ou os valores depositados que não forem privada para a execução das ações de avaliação, de
reclamados serão revertidos ao Funad. (2019) administração e de alienação dos bens a que se refere esta
Lei. (2019)
Art. 63-A. Nenhum pedido de restituição será
conhecido sem o comparecimento pessoal do Art. 63-D. Compete ao Ministério da Justiça e
acusado, podendo o juiz determinar a prática de atos Segurança Pública regulamentar os procedimentos
necessários à conservação de bens, direitos ou valores. relativos à administração, à preservação e à destinação
(2019) dos recursos provenientes de delitos e atos ilícitos e
estabelecer os valores abaixo dos quais se deve proceder
Art. 63-B. O juiz determinará a liberação total ou à sua destruição ou inutilização. (2019)
parcial dos bens, direitos e objeto de medidas
assecuratórias quando comprovada a licitude de sua
Art. 63-E. O produto da alienação dos bens III - intercâmbio de informações policiais e judiciais
apreendidos ou confiscados será revertido sobre produtores e traficantes de drogas e seus
integralmente ao Funad, nos termos do parágrafo único precursores químicos.
do art. 243 da Constituição Federal, vedada a sub- rogação
sobre o valor da arrematação para saldar eventuais multas, TÍTULO V-A
encargos ou tributos pendentes de pagamento. (2019) (2019)
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
DO FINANCIAMENTO DAS POLÍTICAS SOBRE
não prejudica o ajuizamento de execução fiscal em relação
aos antigos devedores. (2019) DROGAS
Art. 65-A. (VETADO). (2019)
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações
às quais esta Lei comine pena máxima superior a 6 (seis) TÍTULO VI
anos de reclusão, poderá ser decretada a perda, como DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à Art. 66. Para fins do disposto no parágrafo único do
diferença entre o valor do patrimônio do condenado e art. 1o desta Lei, até que seja atualizada a terminologia da
aquele compatível com o seu rendimento lícito. (2019) lista mencionada no preceito, denominam-se drogas
§ 1º A decretação da perda prevista no substâncias entorpecentes, psicotrópicas, precursoras e
caput deste artigo fica condicionada à existência de outras sob controle especial, da Portaria SVS/MS no 344,
elementos probatórios que indiquem conduta criminosa de 12 de maio de 1998.
habitual, reiterada ou profissional do condenado ou sua
vinculação a organização criminosa. (2019) Art. 67. A liberação dos recursos previstos na Lei no
§ 2º Para efeito da perda prevista no caput deste 7.560, de 19 de dezembro de 1986, em favor de Estados e
artigo, entende-se por patrimônio do condenado todos os do Distrito Federal, dependerá de sua adesão e respeito às
bens: (2019) diretrizes básicas contidas nos convênios firmados e do
I – de sua titularidade, ou sobre os quais tenha fornecimento de dados necessários à atualização do
domínio e benefício direto ou indireto, na data da infração sistema previsto no art. 17 desta Lei, pelas respectivas
penal, ou recebidos posteriormente; e polícias judiciárias.
II – transferidos a terceiros a título gratuito ou
mediante contraprestação irrisória, a partir do início da Art. 67-A. Os gestores e entidades que recebam
atividade criminal. recursos públicos para execução das políticas sobre
§ 3º O condenado poderá demonstrar a inexistência drogas deverão garantir o acesso às suas instalações, à
da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio. documentação e a todos os elementos necessários à
(2019) efetiva fiscalização pelos órgãos competentes. (2019)

Art. 64. A União, por intermédio da Senad, poderá Art. 68. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
firmar convênio com os Estados, com o Distrito Federal e Municípios poderão criar estímulos fiscais e outros,
com organismos orientados para a prevenção do uso destinados às pessoas físicas e jurídicas que colaborem na
indevido de drogas, a atenção e a reinserção social de prevenção do uso indevido de drogas, atenção e
usuários ou dependentes e a atuação na repressão à reinserção social de usuários e dependentes e na
produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas, com repressão da produção não autorizada e do tráfico ilícito de
vistas na liberação de equipamentos e de recursos por ela drogas.
arrecadados, para a implantação e execução de programas
relacionados à questão das drogas. Art. 69. No caso de falência ou liquidação
extrajudicial de empresas ou estabelecimentos
hospitalares, de pesquisa, de ensino, ou congêneres,
TÍTULO V assim como nos serviços de saúde que produzirem,
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL venderem, adquirirem, consumirem, prescreverem ou
Art. 65. De conformidade com os princípios da não- fornecerem drogas ou de qualquer outro em que existam
intervenção em assuntos internos, da igualdade jurídica e essas substâncias ou produtos, incumbe ao juízo perante
do respeito à integridade territorial dos Estados e às leis e o qual tramite o feito:
aos regulamentos nacionais em vigor, e observado o I - determinar, imediatamente à ciência da falência
espírito das Convenções das Nações Unidas e outros ou liquidação, sejam lacradas suas instalações;
instrumentos jurídicos internacionais relacionados à II - ordenar à autoridade sanitária competente a
questão das drogas, de que o Brasil é parte, o governo urgente adoção das medidas necessárias ao recebimento
brasileiro prestará, quando solicitado, cooperação a e guarda, em depósito, das drogas arrecadadas;
outros países e organismos internacionais e, quando III - dar ciência ao órgão do Ministério Público, para
necessário, deles solicitará a colaboração, nas áreas de: acompanhar o feito.
I - intercâmbio de informações sobre legislações, § 1o Da licitação para alienação de substâncias ou
experiências, projetos e programas voltados para produtos não proscritos referidos no inciso II do caput deste
atividades de prevenção do uso indevido, de atenção e de artigo, só podem participar pessoas jurídicas regularmente
reinserção social de usuários e dependentes de drogas; habilitadas na área de saúde ou de pesquisa científica que
II - intercâmbio de inteligência policial sobre comprovem a destinação lícita a ser dada ao produto a ser
produção e tráfico de drogas e delitos conexos, em especial arrematado.
o tráfico de armas, a lavagem de dinheiro e o desvio de § 2o Ressalvada a hipótese de que trata o § 3o
precursores químicos; deste artigo, o produto não arrematado será, ato contínuo
à hasta pública, destruído pela autoridade sanitária, na
presença dos Conselhos Estaduais sobre Drogas e do
Ministério Público.
§ 3o Figurando entre o praceado e não arrematadas
especialidades farmacêuticas em condições de emprego Lei nº 12.830 / 2013
terapêutico, ficarão elas depositadas sob a guarda do Investigação Criminal Conduzida
Ministério da Saúde, que as destinará à rede pública de
saúde. pelo Delegado de Polícia
Art. 70. O processo e o julgamento dos crimes
previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, se caracterizado ilícito Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal
transnacional, são da competência da Justiça Federal. conduzida pelo delegado de polícia.
Parágrafo único. Os crimes praticados nos
Municípios que não sejam sede de vara federal serão Art. 2º As funções de polícia judiciária e a
processados e julgados na vara federal da circunscrição apuração de infrações penais exercidas pelo delegado
respectiva. de polícia são de natureza jurídica, essenciais e
exclusivas de Estado.
Art. 71. (VETADO) As funções de polícia judiciária se traduzem em funções
investigativas, exercidas pela Polícia Civil e Polícia Federal. O
Art. 72. Encerrado o processo criminal ou objetivo da polícia judiciária é angariar provas para subsidiar as
arquivado o inquérito policial, o juiz, de ofício, mediante ações penais a serem promovidas, em especial, pelo Ministério
Público.
representação da autoridade de polícia judiciária, ou a
requerimento do Ministério Público, determinará a § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de
destruição das amostras guardadas para contraprova, autoridade policial, cabe a condução da investigação
certificando nos autos. (2019) criminal por meio de inquérito policial ou outro
procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a
Art. 73. A União poderá estabelecer convênios com apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria
os Estados e o com o Distrito Federal, visando à prevenção das infrações penais.
e repressão do tráfico ilícito e do uso indevido de drogas, e § 2º Durante a investigação criminal, cabe ao
com os Municípios, com o objetivo de prevenir o uso delegado de polícia a requisição de perícia, informações,
indevido delas e de possibilitar a atenção e reinserção documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.
social de usuários e dependentes de drogas. § 3º (VETADO).
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento
previsto em lei em curso somente poderá ser avocado ou
redistribuído por superior hierárquico, mediante
despacho fundamentado, por motivo de interesse público
ou nas hipóteses de inobservância dos procedimentos
previstos em regulamento da corporação que prejudique a
eficácia da investigação.
§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á
somente por ato fundamentado.
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de
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polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise
02
técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias.
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Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo


04 de bacharel em Direito, devendo-lhe ser dispensado o
mesmo tratamento protocolar que recebem os
05
magistrados, os membros da Defensoria Pública e do
Ministério Público e os advogados.
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Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
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e a condição peculiar da criança e do adolescente como
Lei nº 8.069 / 1990 pessoas em desenvolvimento.
Estatuto da Criança e do Adolescente Título II
Dos Direitos Fundamentais
Título I Capítulo I
Das Disposições Preliminares Do Direito à Vida e à Saúde
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a
criança e ao adolescente. proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de
políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições
Lei, a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e dignas de existência.
adolescente aquela entre 12 e 18 (doze e dezoito) anos
de idade. Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica- aos programas e às políticas de saúde da mulher e de
se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição
dezoito e vinte e um anos de idade. adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao
puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (2016)
direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem § 1o O atendimento pré-natal será realizado por
prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, profissionais da atenção primária. (2016)
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as § 2o Os profissionais de saúde de referência da
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, gestação, ao estabelecimento em que será realizado o
em condições de liberdade e de dignidade. parto, garantido o direito de opção da mulher. (2016)
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei § 3o Os serviços de saúde onde o parto for realizado
aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos
discriminação de nascimento, situação familiar, idade, alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção
sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos
condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, de apoio à amamentação. (2016)
condição econômica, ambiente social, região e local de § 4o Incumbe ao poder público proporcionar
moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré
famílias ou a comunidade em que vivem. (2016) e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar
as consequências do estado puerperal.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da § 5o A assistência referida no § 4o deste artigo
sociedade em geral e do poder público assegurar, com deverá ser prestada também a gestantes e mães que
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção,
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao bem como a gestantes e mães que se encontrem em
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao situação de privação de liberdade. (2016)
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. § 6o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um)
Parágrafo único. A garantia de prioridade acompanhante de sua preferência durante o período do
compreende: pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato.
a) primazia de receber proteção e socorro em (2016)
quaisquer circunstâncias; § 7o A gestante deverá receber orientação sobre
b) precedência de atendimento nos serviços públicos aleitamento materno, alimentação complementar saudável
ou de relevância pública; e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre
c) preferência na formulação e na execução das formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de
políticas sociais públicas; estimular o desenvolvimento integral da criança. (2016)
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas § 8o A gestante tem direito a acompanhamento
áreas relacionadas com a proteção à infância e à saudável durante toda a gestação e a parto natural
juventude. cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e
outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos. (2016)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto § 9o A atenção primária à saúde fará a busca ativa
de qualquer forma de negligência, discriminação, da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos às consultas pós-parto. (2016)
seus direitos fundamentais. § 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante
e à mulher com filho na primeira infância que se encontrem
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em sob custódia em unidade de privação de liberdade,
conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais
bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho,
em articulação com o sistema de
ensino competente, visando ao desenvolvimento integral suas necessidades gerais de saúde e específicas de
da criança. (2016) habilitação e reabilitação. (2016)
§ 2o Incumbe ao poder público fornecer
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos,
Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas
anualmente na semana que incluir o dia 1º de fevereiro, ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e
com o objetivo de disseminar informações sobre medidas adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas
preventivas e educativas que contribuam para a redução às suas necessidades específicas. (2016)
da incidência da gravidez na adolescência. (2019) § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário
Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o ou frequente de crianças na primeira infância receberão
disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder formação específica e permanente para a detecção de
público, em conjunto com organizações da sociedade civil, sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como
para o acompanhamento que se fizer necessário. (2016)
e serão dirigidas prioritariamente ao público adolescente.
(2019)
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde,
Art. 9º O poder público, as instituições e os inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de
empregadores propiciarão condições adequadas ao cuidados intermediários, deverão proporcionar condições
aleitamento materno, inclusive aos filhos de mães para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
submetidas a medida privativa de liberdade. responsável, nos casos de internação de criança ou
adolescente. (2016)
§ 1o Os profissionais das unidades primárias de
saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de
coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de
avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao maus-tratos contra criança ou adolescente serão
aleitamento materno e à alimentação complementar obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
saudável, de forma contínua. (2016) respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências
§ 2o Os serviços de unidades de terapia intensiva legais.
neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou
unidade de coleta de leite humano. (2016) § 1o As gestantes ou mães que manifestem
interesse em entregar seus filhos para adoção serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de Justiça da Infância e da Juventude. (2016)
atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
§ 2o Os serviços de saúde em suas diferentes portas
obrigados a: de entrada, os serviços de assistência social em seu
I - manter registro das atividades desenvolvidas,
componente especializado, o Centro de Referência
através de prontuários individuais, pelo prazo de 18
Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais
(dezoito) anos;
órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do
II - identificar o recém-nascido mediante o registro
Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da atendimento das crianças na faixa etária da primeira
mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela
infância com suspeita ou confirmação de violência de
autoridade administrativa competente; qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular
III - proceder a exames visando ao diagnóstico e que inclua intervenção em rede e, se necessário,
terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém- acompanhamento domiciliar. (2016)
nascido, bem como prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde
constem necessariamente as intercorrências do parto e do Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá
desenvolvimento do neonato; programas de assistência médica e odontológica para a
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a
neonato a permanência junto à mãe. população infantil, e campanhas de educação sanitária
VI - acompanhar a prática do processo de para pais, educadores e alunos.
amamentação, prestando orientações quanto à técnica § 1o É obrigatória a vacinação das crianças nos
adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade casos recomendados pelas autoridades sanitárias. (2016)
hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. (2017) § 2o O Sistema Único de Saúde promoverá a
Os procedimentos previstos nesse dispositivo são de grande
atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de
relevância para a correta e segura identificação dos bebês, pois forma transversal, integral e intersetorial com as demais
visa evitar a troca e o desaparecimento de crianças recém- linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança. (2016)
nascidas. Esses procedimentos são tão importantes que a sua § 3o A atenção odontológica à criança terá função
inobservância enseja tipificação penal prevista nos arts. 228 e 229 educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de
do ECA. o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e,
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de
cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por vida, com orientações sobre saúde bucal. (2016)
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o § 4o A criança com necessidade de cuidados
princípio da equidade no acesso a ações e serviços para odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único
promoção, proteção e recuperação da saúde. (2016) de Saúde. (2016)
§ 5º É obrigatória a aplicação a todas as crianças,
§ 1o A criança e o adolescente com deficiência nos seus primeiros dezoito meses de vida, de protocolo ou
serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em outro instrumento construído com a finalidade de
facilitar a detecção, em consulta pediátrica de medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade
acompanhamento da criança, de risco para o seu do caso:
desenvolvimento psíquico. (2017) I - encaminhamento a programa oficial ou
comunitário de proteção à família;
Capítulo II II - encaminhamento a tratamento psicológico ou
Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade psiquiátrico;
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à III - encaminhamento a cursos ou programas de
liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas orientação;
humanas em processo de desenvolvimento e como IV - obrigação de encaminhar a criança a
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na tratamento especializado;
Constituição e nas leis. V - advertência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo
Art. 16. O direito à liberdade compreende os serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de
seguintes aspectos: outras providências legais.
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços
comunitários, ressalvadas as restrições legais; Capítulo III
II - opinião e expressão; Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária
III - crença e culto religioso; Seção I
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; Disposições Gerais
V - participar da vida familiar e comunitária, sem Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser
discriminação; criado e educado no seio de sua família e,
VI - participar da vida política, na forma da lei; excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação. convivência familiar e comunitária, em ambiente que
garanta seu desenvolvimento integral. (2016)
Art. 17. O direito ao respeito consiste na § 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido
inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da em programa de acolhimento familiar ou institucional
criança e do adolescente, abrangendo a preservação da terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 3 (três)
imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias meses, devendo a autoridade judiciária competente, com
e crenças, dos espaços e objetos pessoais. base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou
multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em
criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer família substituta, em quaisquer das modalidades previstas
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou no art. 28 desta Lei. (2017)
constrangedor. § 2o A permanência da criança e do adolescente em
programa de acolhimento institucional não se prolongará
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de por mais de 18 (dezoito) meses, salvo comprovada
ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou necessidade que atenda ao seu superior interesse,
de tratamento cruel ou degradante, como formas de devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, (2017)
pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos § 3o A manutenção ou a reintegração de criança ou
responsáveis, pelos agentes públicos executores de adolescente à sua família terá preferência em relação a
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa qualquer outra providência, caso em que será esta incluída
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou em serviços e programas de proteção, apoio e promoção,
protegê-los. nos termos do § 1o do art. 23, dos incisos I e IV do caput
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera- do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129 desta
se: Lei. (2016)
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou § 4o Será garantida a convivência da criança e do
punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança adolescente com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio
ou o adolescente que resulte em: de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas
a) sofrimento físico; ou hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade
b) lesão; responsável, independentemente de autorização judicial.
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou § 5o Será garantida a convivência integral da criança
forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao com a mãe adolescente que estiver em acolhimento
adolescente que: institucional. (2017)
a) humilhe; ou § 6o A mãe adolescente será assistida por equipe
b) ameace gravemente; ou especializada multidisciplinar. (2017)
c) ridicularize.

Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste
ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores interesse em entregar seu filho para adoção, antes ou logo
de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa após o nascimento, será encaminhada à Justiça da Infância
encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, e da Juventude. (2017)
tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo § 1o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe
físico ou tratamento cruel ou degradante como formas interprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, que
de correção, disciplina, educação ou qualquer outro
apresentará relatório à autoridade judiciária, considerando
pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis, às seguintes inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
puerperal. (2017)
§ 2o De posse do relatório, a autoridade judiciária cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos
poderá determinar o encaminhamento da gestante ou mãe, exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem
mediante sua expressa concordância, à rede pública de parte. (2017)
saúde e assistência social para atendimento especializado. § 3o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança
(2017) ou adolescente a fim de colaborar para o seu
§ 3o A busca à família extensa, conforme definida desenvolvimento. (2017)
nos termos do parágrafo único do art. 25 desta Lei, § 4o O perfil da criança ou do adolescente a ser
respeitará o prazo máximo de 90 (noventa) dias, apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de
prorrogável por igual período. (2017) apadrinhamento, com prioridade para crianças ou
§ 4o Na hipótese de não haver a indicação do genitor adolescentes com remota possibilidade de reinserção
e de não existir outro representante da família extensa apto familiar ou colocação em família adotiva. (2017)
a receber a guarda, a autoridade judiciária competente § 5o Os programas ou serviços de apadrinhamento
deverá decretar a extinção do poder familiar e determinar a apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão
colocação da criança sob a guarda provisória de quem ser executados por órgãos públicos ou por organizações da
estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva sociedade civil. (2017)
programa de acolhimento familiar ou institucional. (2017) § 6o Se ocorrer violação das regras de
§ 5o Após o nascimento da criança, a vontade da apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e pelos
mãe ou de ambos os genitores, se houver pai registral ou serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a
pai indicado, deve ser manifestada na audiência a que se autoridade judiciária competente. (2017)
refere o § 1o do art. 166 desta Lei, garantido o sigilo sobre
a entrega. (2017) Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do
§ 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
nem o genitor nem representante da família extensa para qualificações, proibidas quaisquer designações
confirmar a intenção de exercer o poder familiar ou a discriminatórias relativas à filiação.
guarda, a autoridade judiciária suspenderá o poder familiar
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade
da mãe, e a criança será colocada sob a guarda provisória
de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que
de quem esteja habilitado a adotá- la. (2017) dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o
§ 7o Os detentores da guarda possuem o prazo de direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade
15 (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado do judiciária competente para a solução da divergência.
dia seguinte à data do término do estágio de convivência.
(2017) Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento,
§ 8o Na hipótese de desistência pelos genitores - guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
manifestada em audiência ou perante a equipe ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
cumprir as determinações judiciais.
interprofissional - da entrega da criança após o nascimento, Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis,
a criança será mantida com os genitores, e será têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o compartilhados no cuidado e na educação da criança,
acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar
oitenta) dias. (2017) de suas crenças e culturas, assegurados os direitos da
§ 9o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o criança estabelecidos nesta Lei. (2016)
nascimento, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei.
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais
(2017)
não constitui motivo suficiente para a perda ou a
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém- suspensão do poder familiar.
nascidos e crianças acolhidas não procuradas por suas § 1o Não existindo outro motivo que por si só autorize
famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir do dia a decretação da medida, a criança ou o adolescente será
do acolhimento. (2017) mantido em sua família de origem, a qual deverá
obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa oficiais de proteção, apoio e promoção. (2016)
de acolhimento institucional ou familiar poderão participar § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não
de programa de apadrinhamento. (2017) implicará a destituição do poder familiar, exceto na
hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena de
§ 1o O apadrinhamento consiste em estabelecer e
reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo poder
proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos familiar ou contra filho, filha ou outro descendente. (2018)
à instituição para fins de convivência familiar e comunitária
e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar
social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. serão decretadas judicialmente, em procedimento
(2017) contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas como na hipótese de descumprimento injustificado dos
pessoas maiores de 18 (dezoito) anos não inscritas nos deveres e obrigações a que alude o art. 22.
Seção II II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente
Da Família Natural no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade etnia;
formada pelos pais ou qualquer deles e seus III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão
descendentes. federal responsável pela política indigenista, no caso de
Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos,
ampliada aquela que se estende para além da unidade pais perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá
e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes acompanhar o caso.
próximos com os quais a criança ou adolescente convive e
mantém vínculos de afinidade e afetividade. Art. 29. Não se deferirá colocação em família
substituta a pessoa que revele, por qualquer modo,
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão incompatibilidade com a natureza da medida ou não
ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, ofereça ambiente familiar adequado.
no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante
escritura ou outro documento público, qualquer que seja a Art. 30. A colocação em família substituta não
origem da filiação. admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros
Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o ou a entidades governamentais ou não- governamentais,
nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se sem autorização judicial.
deixar descendentes.
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é constitui medida excepcional, somente admissível na
direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, modalidade de adoção.
podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros,
sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o
responsável prestará compromisso de bem e fielmente
Seção III desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.
Da Família Substituta
Subseção I Subseção II
Disposições Gerais Da Guarda
Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da material, moral e educacional à criança ou adolescente,
situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros,
desta Lei. inclusive aos pais.
§ 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato,
será previamente ouvido por equipe interprofissional, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos
respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por
compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua estrangeiros.
opinião devidamente considerada. § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora
§ 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de dos casos de tutela e adoção, para atender a situações
idade, será necessário seu consentimento, colhido em peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou
audiência. responsável, podendo ser deferido o direito de
§ 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o representação para a prática de atos determinados.
grau de parentesco e a relação de afinidade ou de § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a
afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências condição de dependente, para todos os fins e efeitos de
decorrentes da medida. direito, inclusive previdenciários.
§ 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação
adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, em contrário, da autoridade judiciária competente, ou
ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção,
outra situação que justifique plenamente a o deferimento da guarda de criança ou adolescente a
excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos
qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão
fraternais. objeto de regulamentação específica, a pedido do
§ 5o A colocação da criança ou adolescente em interessado ou do Ministério Público.
família substituta será precedida de sua preparação
gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela Art. 34. O poder público estimulará, por meio de
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o
da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
responsáveis pela execução da política municipal de adolescente afastado do convívio familiar.
garantia do direito à convivência familiar. § 1o A inclusão da criança ou adolescente em
§ 6o Em se tratando de criança ou adolescente programas de acolhimento familiar terá preferência a seu
indígena ou proveniente de comunidade remanescente de acolhimento institucional, observado, em qualquer caso, o
quilombo, é ainda obrigatório: caráter temporário e excepcional da medida, nos termos
I - que sejam consideradas e respeitadas sua desta Lei.
identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, § 2o Na hipótese do § 1o deste artigo a pessoa ou
bem como suas instituições, desde que não sejam casal cadastrado no programa de acolhimento familiar
incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos poderá receber a criança ou adolescente mediante
por esta Lei e pela Constituição Federal;
guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao
§ 3o A União apoiará a implementação de serviços de adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive
acolhimento em família acolhedora como política pública, sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e
os quais deverão dispor de equipe que organize o parentes, salvo os impedimentos matrimoniais.
acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em § 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho
residências de famílias selecionadas, capacitadas e do outro, mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado
acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção. e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos
(2016) parentes.
§ 4o Poderão ser utilizados recursos federais, § 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado,
estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos seus descendentes, o adotante, seus ascendentes,
serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando- descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a
se o repasse de recursos para a própria família acolhedora. ordem de vocação hereditária.
(2016)
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito)
Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer anos, independentemente do estado civil.
tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o § 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos
Ministério Público. do adotando.
§ 2o Para adoção conjunta, é indispensável que os
Subseção III adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
Da Tutela estável, comprovada a estabilidade da família.
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, § 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis
a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. anos mais velho do que o adotando.
Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a § 4o Os divorciados, os judicialmente separados e os
prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar ex-companheiros podem adotar conjuntamente, contanto
e implica necessariamente o dever de guarda. que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde
que o estágio de convivência tenha sido iniciado na
Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer constância do período de convivência e que seja
documento autêntico, conforme previsto no parágrafo único comprovada a existência de vínculos de afinidade e
do art. 1.729 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - afetividade com aquele não detentor da guarda, que
Código Civil, deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a justifiquem a excepcionalidade da concessão.
abertura da sucessão, ingressar com pedido destinado ao § 5o Nos casos do § 4o deste artigo, desde que
controle judicial do ato, observando o procedimento demonstrado efetivo benefício ao adotando, será
previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. assegurada a guarda compartilhada, conforme previsto no
Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão art. 1.584 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 -
observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Código Civil.
Lei, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na § 6o A adoção poderá ser deferida ao adotante que,
disposição de última vontade, se restar comprovado que a após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no
medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra curso do procedimento, antes de prolatada a sentença
pessoa em melhores condições de assumi-la.
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar
Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
art. 24. legítimos.

Subseção IV Art. 44. Enquanto não der conta de sua


Da Adoção administração e saldar o seu alcance, não pode o tutor ou
Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger- o curador adotar o pupilo ou o curatelado.
se-á segundo o disposto nesta Lei.
§ 1o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais
qual se deve recorrer apenas quando esgotados os ou do representante legal do adotando.
recursos de manutenção da criança ou adolescente na § 1º. O consentimento será dispensado em relação à
família natural ou extensa, na forma do parágrafo único do criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou
art. 25 desta Lei. tenham sido destituídos do poder familiar.
§ 2o É vedada a adoção por procuração. § 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos
§ 3o Em caso de conflito entre direitos e interesses do de idade, será também necessário o seu consentimento.
adotando e de outras pessoas, inclusive seus pais
biológicos, devem prevalecer os direitos e os interesses do Art. 46. A adoção será precedida de estágio de
adotando. (2017) convivência com a criança ou adolescente, pelo prazo
máximo de 90 (noventa) dias, observadas a idade da
criança ou adolescente e as peculiaridades do caso. (2017)
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo,
§ 1o O estágio de convivência poderá ser dispensado
dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a
se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do
guarda ou tutela dos adotantes.
adotante durante tempo suficiente para que seja possível
avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, única vez por igual período, mediante decisão
a dispensa da realização do estágio de convivência. fundamentada da autoridade judiciária. (2017)
§ 2o-A. O prazo máximo estabelecido no
caput deste artigo pode ser prorrogado por até igual Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua
período, mediante decisão fundamentada da autoridade origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao
judiciária. (2017) processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais
§ 3o Em caso de adoção por pessoa ou casal incidentes, após completar 18 (dezoito) anos.
residente ou domiciliado fora do País, o estágio de Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção
convivência será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e, no poderá ser também deferido ao adotado menor de 18
máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável por até (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e
igual período, uma única vez, mediante decisão assistência jurídica e psicológica.
fundamentada da autoridade judiciária. (2017)
§ 3o-A. Ao final do prazo previsto no § 3o deste artigo, Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o
deverá ser apresentado laudo fundamentado pela equipe poder familiar dos pais naturais.
mencionada no § 4o deste artigo, que recomendará ou não
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada
o deferimento da adoção à autoridade judiciária. (2017)
comarca ou foro regional, um registro de crianças e
§ 4o O estágio de convivência será acompanhado adolescentes em condições de serem adotados e outro de
pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da pessoas interessadas na adoção.
Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos § 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia
técnicos responsáveis pela execução da política de consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o
garantia do direito à convivência familiar, que apresentarão Ministério Público.
relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento § 2º Não será deferida a inscrição se o interessado
da medida. não satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer
§ 5o O estágio de convivência será cumprido no das hipóteses previstas no art. 29.
território nacional, preferencialmente na comarca de § 3o A inscrição de postulantes à adoção será
residência da criança ou adolescente, ou, a critério do juiz, precedida de um período de preparação psicossocial e
em cidade limítrofe, respeitada, em qualquer hipótese, a jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da
competência do juízo da comarca de residência da criança. Infância e da Juventude, preferencialmente com apoio dos
(2017) técnicos responsáveis pela execução da política municipal
de garantia do direito à convivência familiar.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por § 4o Sempre que possível e recomendável, a
sentença judicial, que será inscrita no registro civil preparação referida no § 3o deste artigo incluirá o contato
mediante mandado do qual não se fornecerá certidão. com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou
§ 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes institucional em condições de serem adotados, a ser
como pais, bem como o nome de seus ascendentes. realizado sob a orientação, supervisão e avaliação da
§ 2º O mandado judicial, que será arquivado, equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, com
cancelará o registro original do adotado. apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de
§ 3o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser acolhimento e pela execução da política municipal de
lavrado no Cartório do Registro Civil do Município de sua garantia do direito à convivência familiar.
residência. § 5o Serão criados e implementados cadastros
§ 4o Nenhuma observação sobre a origem do ato estaduais e nacional de crianças e adolescentes em
poderá constar nas certidões do registro. condições de serem adotados e de pessoas ou casais
§ 5o A sentença conferirá ao adotado o nome do habilitados à adoção.
adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar § 6o Haverá cadastros distintos para pessoas ou
a modificação do prenome. casais residentes fora do País, que somente serão
§ 6o Caso a modificação de prenome seja requerida consultados na inexistência de postulantes nacionais
pelo adotante, é obrigatória a oitiva do adotando, habilitados nos cadastros mencionados no § 5o deste
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. artigo.
§ 7o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito § 7o As autoridades estaduais e federais em matéria
em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese de adoção terão acesso integral aos cadastros,
prevista no § 6o do art. 42 desta Lei, caso em que terá força incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação
retroativa à data do óbito. mútua, para melhoria do sistema.
§ 8o O processo relativo à adoção assim como outros § 8o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de
a ele relacionados serão mantidos em arquivo, admitindo- 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e
se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, adolescentes em condições de serem adotados que não
garantida a sua conservação para consulta a qualquer tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das
tempo. pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à
§ 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção nos cadastros estadual e nacional referidos no § 5o
adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deste artigo, sob pena de responsabilidade.
deficiência ou com doença crônica. § 9o Compete à Autoridade Central Estadual zelar
§ 10. O prazo máximo para conclusão da ação de pela manutenção e correta alimentação dos cadastros,
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma com posterior comunicação à Autoridade Central Federal
Brasileira.
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a
ausência de pretendentes habilitados residentes no País
com perfil compatível e interesse manifesto pela adoção
de criança ou adolescente inscrito nos cadastros Art. 52. A adoção internacional observará o
existentes, será realizado o encaminhamento da criança ou procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com
adolescente à adoção internacional. (2017) as seguintes adaptações:
§ 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em
interessado em sua adoção, a criança ou o adolescente, adotar criança ou adolescente brasileiro, deverá formular
sempre que possível e recomendável, será colocado sob pedido de habilitação à adoção perante a Autoridade
guarda de família cadastrada em programa de acolhimento Central em matéria de adoção internacional no país de
familiar. acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua
§ 12. A alimentação do cadastro e a convocação residência habitual;
criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo II - se a Autoridade Central do país de acolhida
Ministério Público. considerar que os solicitantes estão habilitados e aptos
§ 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor para adotar, emitirá um relatório que contenha informações
de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos
previamente nos termos desta Lei quando: solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e
I - se tratar de pedido de adoção unilateral; médica, seu meio social, os motivos que os animam e sua
II - for formulada por parente com o qual a criança ou aptidão para assumir uma adoção internacional;
adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará
III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou o relatório à Autoridade Central Estadual, com cópia para a
guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou Autoridade Central Federal Brasileira;
adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência IV - o relatório será instruído com toda a
comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e documentação necessária, incluindo estudo psicossocial
não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das elaborado por equipe interprofissional habilitada e cópia
situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. autenticada da legislação pertinente, acompanhada da
§ 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o respectiva prova de vigência;
candidato deverá comprovar, no curso do procedimento, V - os documentos em língua estrangeira serão
que preenche os requisitos necessários à adoção, devidamente autenticados pela autoridade consular,
conforme previsto nesta Lei. observados os tratados e convenções internacionais, e
§ 15. Será assegurada prioridade no cadastro a acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público
pessoas interessadas em adotar criança ou adolescente juramentado;
com deficiência, com doença crônica ou com necessidades VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer
específicas de saúde, além de grupo de irmãos. (2017) exigências e solicitar complementação sobre o estudo
psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já
Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na realizado no país de acolhida;
qual o pretendente possui residência habitual em país- VII - verificada, após estudo realizado pela
parte da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, Autoridade Central Estadual, a compatibilidade da
Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em legislação estrangeira com a nacional, além do
Matéria de Adoção Internacional, promulgada pelo preenchimento por parte dos postulantes à medida dos
Decreto no 3.087, de 21 junho de 1999, e deseja adotar requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu
criança em outro país-parte da Convenção. (2017) deferimento, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da
§ 1o A adoção internacional de criança ou legislação do país de acolhida, será expedido laudo de
adolescente brasileiro ou domiciliado no Brasil somente habilitação à adoção internacional, que terá validade por,
terá lugar quando restar comprovado: no máximo, 1 (um) ano;
I - que a colocação em família adotiva é a solução VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado
adequada ao caso concreto; (2017) será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o
II - que foram esgotadas todas as possibilidades de Juízo da Infância e da Juventude do local em que se
colocação da criança ou adolescente em família adotiva encontra a criança ou adolescente, conforme indicação
brasileira, com a comprovação, certificada nos autos, da efetuada pela Autoridade Central Estadual.
inexistência de adotantes habilitados residentes no Brasil § 1o Se a legislação do país de acolhida assim o
com perfil compatível com a criança ou adolescente, após autorizar, admite-se que os pedidos de habilitação à
consulta aos cadastros mencionados nesta Lei; (2017) adoção internacional sejam intermediados por organismos
III - que, em se tratando de adoção de adolescente, credenciados.
este foi consultado, por meios adequados ao seu estágio § 2o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira
de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros
medida, mediante parecer elaborado por equipe encarregados de intermediar pedidos de habilitação à
interprofissional, observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. adoção internacional, com posterior comunicação às
28 desta Lei. Autoridades Centrais Estaduais e publicação nos órgãos
§ 2o Os brasileiros residentes no exterior terão oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet.
preferência aos estrangeiros, nos casos de adoção § 3o Somente será admissível o credenciamento de
internacional de criança ou adolescente brasileiro. organismos que:
§ 3o A adoção internacional pressupõe a intervenção I - sejam oriundos de países que ratificaram a
das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria Convenção de Haia e estejam devidamente credenciados
de adoção internacional. pela Autoridade Central do país onde estiverem sediados e
no país de acolhida do adotando para atuar em adoção
internacional no Brasil;
II - satisfizerem as condições de integridade moral,
competência profissional, experiência e responsabilidade
exigidas pelos países respectivos e pela Autoridade cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em
Central Federal Brasileira; julgado.
III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua § 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá,
formação e experiência para atuar na área de adoção a qualquer momento, solicitar informações sobre a
internacional; situação das crianças e adolescentes adotados.
IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo § 11. A cobrança de valores por parte dos
ordenamento jurídico brasileiro e pelas normas organismos credenciados, que sejam considerados
estabelecidas pela Autoridade Central Federal Brasileira. abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que
§ 4o Os organismos credenciados deverão não estejam devidamente comprovados, é causa de seu
ainda: descredenciamento.
I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas § 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem
condições e dentro dos limites fixados pelas autoridades ser representados por mais de uma entidade credenciada
competentes do país onde estiverem sediados, do país de para atuar na cooperação em adoção internacional.
acolhida e pela Autoridade Central Federal Brasileira; § 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou
II - ser dirigidos e administrados por pessoas domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um)
qualificadas e de reconhecida idoneidade moral, com ano, podendo ser renovada.
comprovada formação ou experiência para atuar na área § 14. É vedado o contato direto de representantes de
de adoção internacional, cadastradas pelo Departamento organismos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com
de Polícia Federal e aprovadas pela Autoridade Central dirigentes de programas de acolhimento institucional ou
Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do familiar, assim como com crianças e adolescentes em
órgão federal competente; condições de serem adotados, sem a devida autorização
III - estar submetidos à supervisão das autoridades judicial.
competentes do país onde estiverem sediados e no país de § 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá
acolhida, inclusive quanto à sua composição, limitar ou suspender a concessão de novos
funcionamento e situação financeira; credenciamentos sempre que julgar necessário, mediante
IV - apresentar à Autoridade Central Federal ato administrativo fundamentado.
Brasileira, a cada ano, relatório geral das atividades
desenvolvidas, bem como relatório de acompanhamento Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e
das adoções internacionais efetuadas no período, cuja descredenciamento, o repasse de recursos provenientes
cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia de organismos estrangeiros encarregados de intermediar
Federal; pedidos de adoção internacional a organismos nacionais
V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a ou a pessoas físicas.
Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Parágrafo único. Eventuais repasses somente
Central Federal Brasileira, pelo período mínimo de 2 (dois) poderão ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criança e
anos. O envio do relatório será mantido até a juntada de do Adolescente e estarão sujeitos às deliberações do
cópia autenticada do registro civil, estabelecendo a respectivo Conselho de Direitos da Criança e do
cidadania do país de acolhida para o adotado; Adolescente.
VI - tomar as medidas necessárias para garantir que
os adotantes encaminhem à Autoridade Central Federal Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior
Brasileira cópia da certidão de registro de nascimento em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo
estrangeira e do certificado de nacionalidade tão logo lhes de adoção tenha sido processado em conformidade com a
sejam concedidos. legislação vigente no país de residência e atendido o
§ 5o A não apresentação dos relatórios referidos no § disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção,
o será automaticamente recepcionada com o reingresso no
4 deste artigo pelo organismo credenciado poderá
acarretar a suspensão de seu credenciamento. Brasil.
§ 6o O credenciamento de organismo nacional ou § 1o Caso não tenha sido atendido o disposto na
estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoção Alínea “c” do Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a
internacional terá validade de 2 (dois) anos. sentença ser homologada pelo Superior Tribunal de
§ 7o A renovação do credenciamento poderá ser Justiça.
concedida mediante requerimento protocolado na § 2o O pretendente brasileiro residente no exterior em
Autoridade Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez
dias anteriores ao término do respectivo prazo de validade. reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da
§ 8o Antes de transitada em julgado a decisão que sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça.
concedeu a adoção internacional, não será permitida a
saída do adotando do território nacional. Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o
§ 9o Transitada em julgado a decisão, a autoridade Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade
judiciária determinará a expedição de alvará com competente do país de origem da criança ou do
autorização de viagem, bem como para obtenção de adolescente será conhecida pela Autoridade Central
passaporte, constando, obrigatoriamente, as Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos
características da criança ou adolescente adotado, como pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central
idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, Federal e determinará as providências necessárias à
assim como foto recente e a aposição da impressão digital expedição do Certificado de Naturalização Provisório.
do seu polegar direito, instruindo o documento com § 1o A Autoridade Central Estadual, ouvido o
Ministério Público, somente deixará de reconhecer os
efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a VII - atendimento no ensino fundamental, através de
adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não programas suplementares de material didático-escolar,
atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. transporte, alimentação e assistência à saúde.
§ 2o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito
prevista no § 1o deste artigo, o Ministério Público deverá público subjetivo.
imediatamente requerer o que for de direito para § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo
resguardar os interesses da criança ou do adolescente, poder público ou sua oferta irregular importa
comunicando-se as providências à Autoridade Central responsabilidade da autoridade competente.
Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central § 3º Compete ao poder público recensear os
Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
origem. zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à
escola.
Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o
Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
deferida no país de origem porque a sua legislação a matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.
delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de,
mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino
oriundo de país que não tenha aderido à Convenção fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos
referida, o processo de adoção seguirá as regras da de:
adoção nacional. I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão
Capítulo IV escolar, esgotados os recursos escolares;
Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao III - elevados níveis de repetência.
Lazer
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à Art. 57. O poder público estimulará pesquisas,
educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua experiências e novas propostas relativas a calendário,
pessoa, preparo para o exercício da cidadania e seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do
I - igualdade de condições para o acesso e ensino fundamental obrigatório.
permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores; Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
recorrer às instâncias escolares superiores; social da criança e do adolescente, garantindo- se a estes
IV - direito de organização e participação em a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.
entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da
residência, garantindo-se vagas no mesmo União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa espaços para programações culturais, esportivas e de lazer
ou ciclo de ensino da educação básica. (2019) voltadas para a infância e a juventude.
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis
ter ciência do processo pedagógico, bem como participar Capítulo V
da definição das propostas educacionais. Do Direito à Profissionalização e à Proteção no
Trabalho
Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
agremiações recreativas e de estabelecimentos quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.
congêneres assegurar medidas de conscientização,
prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é
drogas ilícitas. (2019) regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
nesta Lei.
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente: Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e
inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade bases da legislação de educação em vigor.
própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá
gratuidade ao ensino médio; aos seguintes princípios:
III - atendimento educacional especializado aos I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao
portadores de deficiência, preferencialmente na rede ensino regular;
regular de ensino; II - atividade compatível com o desenvolvimento do
IV – atendimento em creche e pré-escola às adolescente;
crianças de zero a cinco anos de idade; (2016) III - horário especial para o exercício das atividades.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da
pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
cada um; assegurada bolsa de aprendizagem.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às
condições do adolescente trabalhador;
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze III - a formação continuada e a capacitação dos
anos, são assegurados os direitos trabalhistas e profissionais de saúde, educação e assistência social e dos
previdenciários. demais agentes que atuam na promoção, proteção e
defesa dos direitos da criança e do adolescente para o
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é desenvolvimento das competências necessárias à
assegurado trabalho protegido. prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e
ao enfrentamento de todas as formas de violência contra a
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em criança e o adolescente;
regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução
assistido em entidade governamental ou não- pacífica de conflitos que envolvam violência contra a
governamental, é vedado trabalho: criança e o adolescente;
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que
um dia e as cinco horas do dia seguinte; visem a garantir os direitos da criança e do adolescente,
II - perigoso, insalubre ou penoso; desde a atenção pré-natal, e de atividades junto aos pais e
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e responsáveis com o objetivo de promover a informação, a
ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; reflexão, o debate e a orientação sobre alternativas ao uso
IV - realizado em horários e locais que não permitam de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante no
a frequência à escola. processo educativo;
VI - a promoção de espaços intersetoriais locais
Art. 68. O programa social que tenha por base o para a articulação de ações e a elaboração de planos de
trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade atuação conjunta focados nas famílias em situação de
governamental ou não-governamental sem fins lucrativos, violência, com participação de profissionais de saúde, de
deverá assegurar ao adolescente que dele participe assistência social e de educação e de órgãos de promoção,
condições de capacitação para o exercício de atividade proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente.
regular remunerada. Parágrafo único. As famílias com crianças e
§ 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade adolescentes com deficiência terão prioridade de
laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e
desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem proteção.
sobre o aspecto produtivo.
§ 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que
trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras,
de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. devem contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas
a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas
Art. 69. O adolescente tem direito à ou casos de maus-tratos praticados contra crianças e
profissionalização e à proteção no trabalho, observados os adolescentes.
seguintes aspectos, entre outros: Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela
I - respeito à condição peculiar de pessoa em comunicação de que trata este artigo, as pessoas
desenvolvimento; encarregadas, por razão de cargo, função, ofício,
II - capacitação profissional adequada ao mercado ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência
de trabalho. ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão,
Título III culposos ou dolosos.
Da Prevenção
Capítulo I
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a
Disposições Gerais
informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de
e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar
ameaça ou violação dos direitos da criança e do
de pessoa em desenvolvimento.
adolescente.
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não
Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal
excluem da prevenção especial outras decorrentes dos
e os Municípios deverão atuar de forma articulada na
princípios por ela adotados.
elaboração de políticas públicas e na execução de ações
destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção
tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
importará em responsabilidade da pessoa física ou jurídica,
violentas de educação de crianças e de adolescentes,
nos termos desta Lei.
tendo como principais ações:
I - a promoção de campanhas educativas
Capítulo II
permanentes para a divulgação do direito da criança e do
Da Prevenção Especial
adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de
Seção I
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e
instrumentos de proteção aos direitos humanos;
Espetáculos
II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário,
Art. 74. O poder público, através do órgão
do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o
competente, regulará as diversões e espetáculos
Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da
públicos, informando sobre a natureza deles, as faixas
Criança e do Adolescente e com as entidades não
etárias a que não se recomendem, locais e horários em
governamentais que atuam na promoção, proteção e
que sua apresentação se mostre inadequada.
defesa dos direitos da criança e do adolescente;
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação
destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou
especificada no certificado de classificação. adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento
congênere, salvo se autorizado ou acompanhado pelos
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às pais ou responsável.
diversões e espetáculos públicos classificados como
adequados à sua faixa etária. Seção III
Parágrafo único. As crianças menores de 10 (dez) Da Autorização para Viajar
anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de
de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos 16 (dezesseis) anos poderá viajar para fora da comarca
pais ou responsável. onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável,
sem expressa autorização judicial. (2019)
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente § 1º A autorização não será exigida quando:
exibirão, no horário recomendado para o público infanto a) tratar-se de comarca contígua à da residência da
juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, criança ou do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos,
culturais e informativas. se na mesma unidade da Federação, ou incluída na
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será mesma região metropolitana; (2019)
apresentado ou anunciado sem aviso de sua b) a criança ou o adolescente menor de 16
classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou (dezesseis) anos estiver acompanhado: (2019)
exibição. 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro
grau, comprovado documentalmente o parentesco;
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo
funcionários de empresas que explorem a venda ou aluguel pai, mãe ou responsável.
de fitas de programação em vídeo cuidarão para que não § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais
haja venda ou locação em desacordo com a classificação ou responsável, conceder autorização válida por 2 (dois)
atribuída pelo órgão competente. anos.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo
deverão exibir, no invólucro, informação sobre a natureza Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a
da obra e a faixa etária a que se destinam. autorização é dispensável, se a criança ou adolescente:
I - estiver acompanhado de ambos os pais ou
Art. 78. As revistas e publicações contendo responsável;
material impróprio ou inadequado a crianças e II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado
adolescentes deverão ser comercializadas em embalagem expressamente pelo outro através de documento com firma
lacrada, com a advertência de seu conteúdo. reconhecida.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as
capas que contenham mensagens pornográficas ou Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial,
obscenas sejam protegidas com embalagem opaca. nenhuma criança ou adolescente nascido em território
nacional poderá sair do País em companhia de estrangeiro
Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao residente ou domiciliado no exterior.
público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,
fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas
alcoólicas, tabaco, armas e munições, e deverão
respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que


explorem comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou
por casas de jogos, assim entendidas as que realizem
apostas, ainda que eventualmente, cuidarão para que não
seja permitida a entrada e a permanência de crianças e 01
adolescentes no local, afixando aviso para orientação do
público. 02

Seção II 03

Dos Produtos e Serviços


Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao 04

adolescente de:
I - armas, munições e explosivos; 05

II - bebidas alcoólicas;
06
III - produtos cujos componentes possam causar
dependência física ou psíquica ainda que por utilização 07
indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles 08

que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de


provocar qualquer dano físico em caso de utilização 09

indevida;
10
11 elementos necessários a uma adequada classificação e
com vistas à individualização da execução. (Exame
12 criminológico obrigatório)
Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo
13 poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da
pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.
14 (Exame criminológico facultativo)
Os principais objetivos do exame criminológico são classificar os
15
antecedentes e personalidade do indivíduo condenado, além de
individualizar a execução de sua pena, colaborando para um
tratamento carcerário adequado às suas necessidades singulares.
O exame criminológico é essencialmente multidisciplinar, sendo
composto pelas avaliações de uma equipe de médico, psicólogo,
Lei nº 7.210 / 1984 assistente social e profissional da área jurídica.
Hewdy Lobo, Psiquiatra Forense
Lei de Execução Penal

TÍTULO I
Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de
Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal
Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar dados reveladores da personalidade, observando a ética
profissional e tendo sempre presentes peças ou
as disposições de sentença ou decisão criminal e
informações do processo, poderá:
proporcionar condições para a harmônica integração social
I - entrevistar pessoas;
do condenado e do internado.
II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos
privados, dados e informações a respeito do condenado;
Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da
Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será III - realizar outras diligências e exames
necessários.
exercida, no processo de execução, na conformidade desta
Lei e do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao Art. 9o-A. O condenado por crime doloso praticado
preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou com violência grave contra a pessoa, bem como por crime
Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito à contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual
jurisdição ordinária. contra vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
identificação do perfil genético, mediante extração de DNA
Art. 3º Ao condenado e ao internado serão (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e
assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento
ou pela lei. prisional. (2019)
Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção § 1o A identificação do perfil genético será
de natureza racial, social, religiosa ou política. armazenada em banco de dados sigiloso, conforme
regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo.
Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da § 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar
comunidade nas atividades de execução da pena e da garantias mínimas de proteção de dados genéticos,
medida de segurança. observando as melhores práticas da genética forense.
(2019)
TÍTULO II § 2o A autoridade policial, federal ou estadual,
Do Condenado e do Internado poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito
CAPÍTULO I instaurado, o acesso ao banco de dados de identificação
Da Classificação de perfil genético.
Art. 5º Os condenados serão classificados, § 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados
segundo os seus antecedentes e personalidade, para genéticos o acesso aos seus dados constantes nos
orientar a individualização da execução penal. bancos de perfis genéticos, bem como a todos os
documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado,
Art. 6o A classificação será feita por Comissão de maneira que possa ser contraditado pela defesa. (2019)
Técnica de Classificação que elaborará o programa § 4º O condenado pelos crimes previstos no
individualizador da pena privativa de liberdade adequada caput deste artigo que não tiver sido submetido à
ao condenado ou preso provisório. identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no
estabelecimento prisional deverá ser submetido ao
Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, procedimento durante o cumprimento da pena. (2019)
existente em cada estabelecimento, será presidida pelo
diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de § 5º A amostra biológica coletada só poderá ser
serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a
assistente social, quando se tratar de condenado à pena identificação pelo perfil genético, não estando autorizadas
privativa de liberdade. as práticas de fenotipagem genética ou de busca familiar.
(2019)
Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão
atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por § 6º Uma vez identificado o perfil genético, a
fiscais do serviço social. amostra biológica recolhida nos termos do caput deste
artigo deverá ser correta e imediatamente descartada, de
Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena maneira a impedir a sua utilização para qualquer outro fim.
(2019)
privativa de liberdade, em regime fechado, será
submetido a exame criminológico para a obtenção dos
§ 7º A coleta da amostra biológica e a elaboração § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá
do respectivo laudo serão realizadas por perito oficial. local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor
(2019) Público.
§ 8º Constitui falta grave a recusa do condenado § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão
em submeter-se ao procedimento de identificação do implementados Núcleos Especializados da Defensoria
perfil genético. (2019) Pública para a prestação de assistência jurídica integral e
gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e
seus familiares, sem recursos financeiros para constituir
CAPÍTULO II advogado.
Da Assistência
SEÇÃO I
Disposições Gerais SEÇÃO V
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é Da Assistência Educacional
dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar Art. 17. A assistência educacional compreenderá a
o retorno à convivência em sociedade. instrução escolar e a formação profissional do preso e do
Parágrafo único. A assistência estende-se ao internado.
egresso.
Art. 18. O ensino de 1º grau (Ensino fundamental)
Art. 11. A assistência será: será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da
I - material; Unidade Federativa.
II - à saúde;
III -jurídica; Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo,
IV - educacional; com formação geral ou educação profissional de nível
V - social; médio, será implantado nos presídios, em obediência ao
VI - religiosa. preceito constitucional de sua universalização.
§ 1o O ensino ministrado aos presos e presas
SEÇÃO II integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e
Da Assistência Material será mantido, administrativa e financeiramente, com o
Art. 12. A assistência material ao preso e ao apoio da União, não só com os recursos destinados à
internado consistirá no fornecimento de alimentação, educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou
vestuário e instalações higiênicas. administração penitenciária.
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e
Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e às presas cursos supletivos de educação de jovens e
serviços que atendam aos presos nas suas necessidades adultos.
pessoais, além de locais destinados à venda de produtos § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito
e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração. Federal incluirão em seus programas de educação à
distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o
SEÇÃO III atendimento aos presos e às presas.
Da Assistência à Saúde
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do Art. 19. O ensino profissional será ministrado em
internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
atendimento médico, farmacêutico e odontológico. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino
§ 1º (Vetado). profissional adequado à sua condição.
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver
aparelhado para prover a assistência médica necessária, Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto
esta será prestada em outro local, mediante autorização da de convênio com entidades públicas ou particulares, que
direção do estabelecimento. instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.
§ 3o Será assegurado acompanhamento médico à
mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-
extensivo ao recém-nascido. se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de
todas as categorias de reclusos, provida de livros
SEÇÃO IV instrutivos, recreativos e didáticos.
Da Assistência Jurídica
Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar:
e aos internados sem recursos financeiros para constituir I - o nível de escolaridade dos presos e das presas;
advogado. II - a existência de cursos nos níveis fundamental e
médio e o número de presos e presas atendidos;
Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter III - a implementação de cursos profissionais em
serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela nível de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número
Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos de presos e presas atendidos;
penais. IV - a existência de bibliotecas e as condições de
§ 1o As Unidades da Federação deverão prestar seu acervo;
auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, V - outros dados relevantes para o aprimoramento
no exercício de suas funções, dentro e fora dos educacional de presos e presas.
estabelecimentos penais.
SEÇÃO VI
Da Assistência Social
Art. 22. A assistência social tem por finalidade § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime
amparar o preso e o internado e prepará-los para o da Consolidação das Leis do Trabalho.
retorno à liberdade.
Art. 29. O trabalho do preso será remunerado,
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou (três quartos) do salário mínimo.
exames; § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá
II - relatar, por escrito, ao Diretor do atender:
estabelecimento, os problemas e as dificuldades a) à indenização dos danos causados pelo crime,
enfrentadas pelo assistido; desde que determinados judicialmente e não reparados por
III - acompanhar o resultado das permissões de outros meios;
saídas e das saídas temporárias; b) à assistência à família;
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios c) a pequenas despesas pessoais;
disponíveis, a recreação; d) ao ressarcimento ao Estado das despesas
V - promover a orientação do assistido, na fase final realizadas com a manutenção do condenado, em
do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação
o seu retorno à liberdade; prevista nas letras anteriores.
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será
benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente depositada a parte restante para constituição do pecúlio,
no trabalho; em Caderneta de Poupança, que será entregue ao
VII - orientar e amparar, quando necessário, a condenado quando posto em liberdade.
família do preso, do internado e da vítima.
Art. 30. As tarefas executadas como prestação de
SEÇÃO VII serviço à comunidade não serão remuneradas.
Da Assistência Religiosa
Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de SEÇÃO II
culto, será prestada aos presos e aos internados, Do Trabalho Interno
permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade
no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e
instrução religiosa. capacidade.
§ 1º No estabelecimento haverá local apropriado Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho
para os cultos religiosos. não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do
§ 2º Nenhum preso ou internado poderá ser estabelecimento.
obrigado a participar de atividade religiosa.
Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser
SEÇÃO VIII levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as
Da Assistência ao Egresso necessidades futuras do preso, bem como as
Art. 25. A assistência ao egresso consiste: oportunidades oferecidas pelo mercado.
I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o
liberdade; artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões
II - na concessão, se necessário, de alojamento e de turismo.
alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão
2 (dois) meses. solicitar ocupação adequada à sua idade.
Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente
poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por exercerão atividades apropriadas ao seu estado.
declaração do assistente social, o empenho na obtenção
de emprego. Art. 33. A jornada normal de trabalho não será
inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com
Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos descanso nos domingos e feriados.
desta Lei: Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário
I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano especial de trabalho aos presos designados para os
a contar da saída do estabelecimento; serviços de conservação e manutenção do
II - o liberado condicional, durante o período de estabelecimento penal.

prova.
Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciado por
Art. 27.O serviço de assistência social colaborará fundação, ou empresa pública, com autonomia

com o egresso para a obtenção de trabalho. administrativa, e terá por objetivo a formação profissional
do condenado.
CAPÍTULO III § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade
Do Trabalho gerenciadora promover e supervisionar a produção, com
SEÇÃO I critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua
Disposições Gerais comercialização, bem como suportar despesas, inclusive
Art. 28. O trabalho do condenado, como dever pagamento de remuneração adequada.
social e condição de dignidade humana, terá finalidade § 2o Os governos federal, estadual e municipal
educativa e produtiva. poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para
§ 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de
trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. apoio dos presídios.
Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Dos Direitos
Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito
dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência à integridade física e moral dos condenados e dos presos
pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre provisórios.
que não for possível ou recomendável realizar-se a venda
a particulares. Art. 41 - Constituem direitos do preso:
Parágrafo único. Todas as importâncias I - alimentação suficiente e vestuário;
arrecadadas com as vendas reverterão em favor da II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior III - Previdência Social;
ou, na sua falta, do estabelecimento penal. IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para
SEÇÃO III o trabalho, o descanso e a recreação;
Do Trabalho Externo VI - exercício das atividades profissionais,
Art. 36. O trabalho externo será admissível para os intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que
presos em regime fechado somente em serviço ou obras compatíveis com a execução da pena;
públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou VII - assistência material, à saúde, jurídica,
Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as educacional, social e religiosa;
cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. VIII - proteção contra qualquer forma de
§ 1º O limite máximo do número de presos será de sensacionalismo;
10% (dez por cento) do total de empregados na obra. IX - entrevista pessoal e reservada com o
§ 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade advogado;
ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes
§ 3º A prestação de trabalho à entidade privada e amigos em dias determinados;
depende do consentimento expresso do preso. XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às
Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser exigências da individualização da pena;
autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de XIII - audiência especial com o diretor do
aptidão, disciplina e responsabilidade, além do estabelecimento;
cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. XIV - representação e petição a qualquer
Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de autoridade, em defesa de direito;
trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido XV - contato com o mundo exterior por meio de
como crime, for punido por falta grave, ou tiver correspondência escrita, da leitura e de outros meios de
comportamento contrário aos requisitos estabelecidos informação que não comprometam a moral e os bons
neste artigo. costumes.
XVI – atestado de pena a cumprir, emitido
CAPÍTULO IV anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade
Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina judiciária competente.
SEÇÃO I Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V,
Dos Deveres X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante
Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações ato motivado do diretor do estabelecimento.
legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de
execução da pena. Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao
submetido à medida de segurança, no que couber, o
Art. 39. Constituem deveres do condenado: disposto nesta Seção.
I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel
da sentença; Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico
II - obediência ao servidor e respeito a qualquer de confiança pessoal do internado ou do submetido a
pessoa com quem deva relacionar-se; tratamento ambulatorial, por seus familiares ou
III - urbanidade e respeito no trato com os demais dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento.
condenados; Parágrafo único. As divergências entre o médico
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução.
coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens SEÇÃO III
recebidas; Da Disciplina
VI - submissão à sanção disciplinar imposta; SUBSEÇÃO I
VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; Disposições Gerais
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a
despesas realizadas com a sua manutenção, mediante ordem, na obediência às determinações das autoridades e
desconto proporcional da remuneração do trabalho; seus agentes e no desempenho do trabalho.
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o
alojamento; condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de
X - conservação dos objetos de uso pessoal. direitos e o preso provisório.
Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no
que couber, o disposto neste artigo. Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar
sem expressa e anterior previsão legal ou
SEÇÃO II regulamentar.
§ 1º As sanções não poderão colocar em perigo a disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
integridade física e moral do condenado. (2019)
§ 2º É vedado o emprego de cela escura. I - duração máxima de até 2 (dois) anos, sem
§ 3º São vedadas as sanções coletivas. prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de
mesma espécie; (2019)
Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da II - recolhimento em cela individual; (2019)
execução da pena ou da prisão, será cientificado das III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por
normas disciplinares. vez, a serem realizadas em instalações equipadas para
impedir o contato físico e a passagem de objetos, por
Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena pessoa da família ou, no caso de terceiro, autorizado
privativa de liberdade, será exercido pela autoridade judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; (2019)
administrativa conforme as disposições regulamentares. IV - direito do preso à saída da cela por 2 (duas)
horas diárias para banho de sol, em grupos de até 4
Art. 48. Na execução das penas restritivas de (quatro) presos, desde que não haja contato com presos
direitos, o poder disciplinar será exercido pela autoridade do mesmo grupo criminoso; (2019)
administrativa a que estiver sujeito o condenado. V - entrevistas sempre monitoradas, exceto
Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para
representará ao Juiz da execução para os fins dos artigos impedir o contato físico e a passagem de objetos, salvo
118, inciso I (Regressão) , 125 (Revogação de saídas expressa autorização judicial em contrário; (2019)
temporárias) , 127 (Perda dos dias remidos) , 181, §§ 1º, letra VI - fiscalização do conteúdo da
d, e 2º (Conversão da pena restritiva de direitos em privativa correspondência; (2019)
de liberdade) desta Lei. VII - participação em audiências judiciais
preferencialmente por videoconferência, garantindo-se
a participação do defensor no mesmo ambiente do preso.
SUBSEÇÃO II (2019)
Das Faltas Disciplinares § 1º O regime disciplinar diferenciado também
Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em será aplicado aos presos provisórios ou condenados,
leves, médias e graves. A legislação local especificará as nacionais ou estrangeiros: (2019)
leves e médias, bem assim as respectivas sanções. I - que apresentem alto risco para a ordem e a
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade;
sanção correspondente à falta consumada. (2019)
II - sob os quais recaiam fundadas suspeitas de
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena envolvimento ou participação, a qualquer título, em
privativa de liberdade que: organização criminosa, associação criminosa ou
I - incitar ou participar de movimento para subverter milícia privada, independentemente da prática de falta
a ordem ou a disciplina; grave. (2019)
II - fugir; § 2º (Revogado). (2019)
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de § 3º Existindo indícios de que o preso exerce
ofender a integridade física de outrem; liderança em organização criminosa, associação
IV - provocar acidente de trabalho; criminosa ou milícia privada, ou que tenha atuação
V - descumprir, no regime aberto, as condições criminosa em 2 (dois) ou mais Estados da Federação, o
impostas; regime disciplinar diferenciado será obrigatoriamente
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e cumprido em estabelecimento prisional federal. (2019)
V, do artigo 39, desta Lei. § 4º Na hipótese dos parágrafos anteriores, o
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer regime disciplinar diferenciado poderá ser prorrogado
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a sucessivamente, por períodos de 1 (um) ano, existindo
comunicação com outros presos ou com o ambiente indícios de que o preso: (2019)
externo. I - continua apresentando alto risco para a
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de ordem e a segurança do estabelecimento penal de origem
identificação do perfil genético. (2019) ou da sociedade; (2019)
II - mantém os vínculos com organização
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, criminosa, associação criminosa ou milícia privada,
no que couber, ao preso provisório. considerados também o perfil criminal e a função
desempenhada por ele no grupo criminoso, a operação
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena duradoura do grupo, a superveniência de novos processos
restritiva de direitos que: criminais e os resultados do tratamento penitenciário. (2019)
I - descumprir, injustificadamente, a restrição § 5º Na hipótese prevista no § 3º deste artigo, o
imposta; regime disciplinar diferenciado deverá contar com alta
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da segurança interna e externa, principalmente no que diz
obrigação imposta; respeito à necessidade de se evitar contato do preso com
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e membros de sua organização criminosa, associação
V, do artigo 39, desta Lei. criminosa ou milícia privada, ou de grupos rivais. (2019)
§ 6º A visita de que trata o inciso III do
caput deste artigo será gravada em sistema de áudio ou
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
de áudio e vídeo e, com autorização judicial, fiscalizada
constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da
por agente penitenciário. (2019)
ordem ou disciplina internas, sujeitará o preso provisório,
ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da
sanção penal, ao regime
§ 7º Após os primeiros 6 (seis) meses de regime Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar
disciplinar diferenciado, o preso que não receber a visita o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até 10
de que trata o inciso III do caput deste artigo poderá, após (dez) dias. A inclusão do preso no regime disciplinar
prévio agendamento, ter contato telefônico, que será diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação
gravado, com uma pessoa da família, 2 (duas) vezes por do fato, dependerá de despacho do juiz competente.
mês e por 10 (dez) minutos. (2019) Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão
preventiva no regime disciplinar diferenciado será
SUBSEÇÃO III computado no período de cumprimento da sanção
Das Sanções e das Recompensas disciplinar.
Art. 53. Constituem sanções disciplinares:
I - advertência verbal; TÍTULO III
II - repreensão; Dos Órgãos da Execução Penal
III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, CAPÍTULO I
parágrafo único); Disposições Gerais
IV - isolamento na própria cela, ou em local Art. 61. São órgãos da execução penal:
adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento I - o Conselho Nacional de Política Criminal e
coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei. Penitenciária;
V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. II - o Juízo da Execução;
III - o Ministério Público;
Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão IV - o Conselho Penitenciário;
aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e V - os Departamentos Penitenciários;
a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz VI - o Patronato;
competente. VII - o Conselho da Comunidade.
§ 1o A autorização para a inclusão do preso em VIII - a Defensoria Pública.
regime disciplinar dependerá de requerimento
circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento CAPÍTULO II
ou outra autoridade administrativa. Do Conselho Nacional de Política Criminal e
§ 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em Penitenciária
regime disciplinar será precedida de manifestação do Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e
Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo Penitenciária, com sede na Capital da República, é
de quinze dias. subordinado ao Ministério da Justiça.

Art. 55. As recompensas têm em vista o bom Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal
comportamento reconhecido em favor do condenado, de e Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros
sua colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao designados através de ato do Ministério da Justiça, dentre
trabalho. professores e profissionais da área do Direito Penal,
Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem
Art. 56. São recompensas: como por representantes da comunidade e dos Ministérios
I - o elogio; da área social.
II - a concessão de regalias. Parágrafo único. O mandato dos membros do
Parágrafo único. A legislação local e os Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um
regulamentos estabelecerão a natureza e a forma de terço) em cada ano.
concessão de regalias.
Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e
SUBSEÇÃO IV Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito
Da Aplicação das Sanções federal ou estadual, incumbe:
Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, I - propor diretrizes da política criminal quanto à
levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e
circunstâncias e as consequências do fato, bem como a execução das penas e das medidas de segurança;
pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. II - contribuir na elaboração de planos nacionais de
Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da
sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. política criminal e penitenciária;
III - promover a avaliação periódica do sistema
Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição criminal para a sua adequação às necessidades do País;
de direitos não poderão exceder a 30 (trinta) dias, IV - estimular e promover a pesquisa criminológica;
ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado. V - elaborar programa nacional penitenciário de
Parágrafo único. O isolamento será sempre formação e aperfeiçoamento do servidor;
comunicado ao Juiz da execução. VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e
construção de estabelecimentos penais e casas de
SUBSEÇÃO V albergados;
Do Procedimento Disciplinar VII - estabelecer os critérios para a elaboração da
Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser estatística criminal;
instaurado o procedimento para sua apuração, conforme VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos
regulamento, assegurado o direito de defesa. penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do
Parágrafo único. A decisão será motivada. Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros
meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos
Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às
autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao II - requerer:
seu aprimoramento; a) todas as providências necessárias ao
IX - representar ao Juiz da execução ou à desenvolvimento do processo executivo;
autoridade administrativa para instauração de sindicância b) a instauração dos incidentes de excesso ou
ou procedimento administrativo, em caso de violação das desvio de execução;
normas referentes à execução penal; c) a aplicação de medida de segurança, bem como
X - representar à autoridade competente para a a substituição da pena por medida de segurança;
interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal. d) a revogação da medida de segurança;
e) a conversão de penas, a progressão ou
CAPÍTULO III regressão nos regimes e a revogação da suspensão
Do Juízo da Execução condicional da pena e do livramento condicional;
Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado f) a internação, a desinternação e o
na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao restabelecimento da situação anterior.
da sentença. III - interpor recursos de decisões proferidas pela
autoridade judiciária, durante a execução.
Art. 66. Compete ao Juiz da execução: Parágrafo único. O órgão do Ministério Público
I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de visitará mensalmente os estabelecimentos penais,
qualquer modo favorecer o condenado; registrando a sua presença em livro próprio.
II - declarar extinta a punibilidade;
III - decidir sobre: CAPÍTULO V
a) soma ou unificação de penas; Do Conselho Penitenciário
b) progressão ou regressão nos regimes; Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão
c) detração e remição da pena; consultivo e fiscalizador da execução da pena.
d) suspensão condicional da pena; § 1º O Conselho será integrado por membros
e) livramento condicional; nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal
f) incidentes da execução. e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área
IV - autorizar saídas temporárias; do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e
V - determinar: ciências correlatas, bem como por representantes da
a) a forma de cumprimento da pena restritiva de comunidade. A legislação federal e estadual regulará o seu
direitos e fiscalizar sua execução; funcionamento.
b) a conversão da pena restritiva de direitos e de § 2º O mandato dos membros do Conselho
multa em privativa de liberdade; Penitenciário terá a duração de 4 (quatro) anos.
c) a conversão da pena privativa de liberdade em
restritiva de direitos; Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário:
d) a aplicação da medida de segurança, bem como I - emitir parecer sobre indulto e comutação de
a substituição da pena por medida de segurança; pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base
e) a revogação da medida de segurança; no estado de saúde do preso;
f) a desinternação e o restabelecimento da situação II - inspecionar os estabelecimentos e serviços
anterior; penais;
g) o cumprimento de pena ou medida de segurança III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada
em outra comarca; ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e
h) a remoção do condenado na hipótese prevista Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no
no § 1º, do artigo 86, desta Lei. exercício anterior;
i) (VETADO); IV - supervisionar os patronatos, bem como a
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da assistência aos egressos.
medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os CAPÍTULO VI
estabelecimentos penais, tomando providências para o Dos Departamentos Penitenciários
adequado funcionamento e promovendo, quando for o SEÇÃO I
caso, a apuração de responsabilidade; Do Departamento Penitenciário Nacional
VIII - interditar, no todo ou em parte, Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional,
estabelecimento penal que estiver funcionando em subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da
condições inadequadas ou com infringência aos Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e
dispositivos desta Lei; financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. Penitenciária.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
Art. 72. São atribuições do Departamento
CAPÍTULO IV Penitenciário Nacional:
Do Ministério Público I - acompanhar a fiel aplicação das normas de
Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução execução penal em todo o Território Nacional;
da pena e da medida de segurança, oficiando no II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os
processo executivo e nos incidentes da execução. estabelecimentos e serviços penais;
III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas
Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: na implementação dos princípios e regras estabelecidos
I - fiscalizar a regularidade formal das guias de nesta Lei;
recolhimento e de internamento; IV - colaborar com as Unidades Federativas
mediante convênios, na implantação de estabelecimentos
e serviços penais;
V - colaborar com as Unidades Federativas para a Art. 77. A escolha do pessoal administrativo,
realização de cursos de formação de pessoal penitenciário especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá
e de ensino profissionalizante do condenado e do a vocação, preparação profissional e antecedentes
internado. pessoais do candidato.
VI – estabelecer, mediante convênios com as § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como
unidades federativas, o cadastro nacional das vagas a progressão ou a ascensão funcional dependerão de
existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cursos específicos de formação, procedendo-se à
cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas reciclagem periódica dos servidores em exercício.
pela justiça de outra unidade federativa, em especial para § 2º No estabelecimento para mulheres somente
presos sujeitos a regime disciplinar se permitirá o trabalho de pessoal do sexo feminino, salvo
VII - acompanhar a execução da pena das quando se tratar de pessoal técnico especializado.
mulheres beneficiadas pela progressão especial de que
trata o § 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua CAPÍTULO VII
integração social e a ocorrência de reincidência, específica Do Patronato
ou não, mediante a realização de avaliações periódicas e Art. 78. O Patronato público ou particular destina-se
de estatísticas criminais. (2018) a prestar assistência aos albergados e aos egressos (artigo
§ 1º Incumbem também ao Departamento a 26).
coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e
de internamento federais. (2018) Art. 79. Incumbe também ao Patronato:
§ 2º Os resultados obtidos por meio do I - orientar os condenados à pena restritiva de
monitoramento e das avaliações periódicas previstas no direitos;
inciso VII do caput deste artigo serão utilizados para, em II - fiscalizar o cumprimento das penas de
função da efetividade da progressão especial para a prestação de serviço à comunidade e de limitação de fim
ressocialização das mulheres de que trata o § 3º do art. 112 de semana;
desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime III - colaborar na fiscalização do cumprimento das
fechado de cumprimento de pena para essas mulheres nos condições da suspensão e do livramento condicional.
casos de crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça. (2018) CAPÍTULO VIII
Do Conselho da Comunidade
Art. 80. Haverá, em cada comarca, um Conselho da
SEÇÃO II
Comunidade composto, no mínimo, por 1 (um)
Do Departamento Penitenciário Local
representante de associação comercial ou industrial, 1 (um)
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento
advogado indicado pela Seção da Ordem dos Advogados
Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que
do Brasil, 1 (um) Defensor Público indicado pelo Defensor
estabelecer.
Público Geral e 1 (um) assistente social escolhido pela
Delegacia Seccional do Conselho Nacional de Assistentes
Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou
Sociais.
órgão similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar
Parágrafo único. Na falta da representação prevista
os estabelecimentos penais da Unidade da Federação a
neste artigo, ficará a critério do Juiz da execução a escolha
que pertencer.
dos integrantes do Conselho.
Parágrafo único. Os órgãos referidos no
caput deste artigo realizarão o acompanhamento de que
trata o inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e Art. 81. Incumbe ao Conselho da Comunidade:
I - visitar, pelo menos mensalmente, os
encaminharão ao Departamento Penitenciário Nacional os
estabelecimentos penais existentes na comarca;
resultados obtidos. (2018)
II - entrevistar presos;
III - apresentar relatórios mensais ao Juiz da
SEÇÃO III
Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais execução e ao Conselho Penitenciário;
IV - diligenciar a obtenção de recursos materiais e
Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de
humanos para melhor assistência ao preso ou internado,
estabelecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos:
em harmonia com a direção do estabelecimento.
I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou
Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia,
CAPÍTULO IX
ou Serviços Sociais;
DA DEFENSORIA PÚBLICA
II - possuir experiência administrativa na área;
III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para Art. 81-A. A Defensoria Pública velará pela regular
o desempenho da função. execução da pena e da medida de segurança, oficiando,
Parágrafo único. O diretor deverá residir no no processo executivo e nos incidentes da execução, para
estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo a defesa dos necessitados em todos os graus e instâncias,
integral à sua função. de forma individual e coletiva.

Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será Art. 81-B. Incumbe, ainda, à Defensoria Pública:
organizado em diferentes categorias funcionais, segundo I - requerer:
as necessidades do serviço, com especificação de a) todas as providências necessárias ao
atribuições relativas às funções de direção, chefia e desenvolvimento do processo executivo;
assessoramento do estabelecimento e às demais funções. b) a aplicação aos casos julgados de lei posterior
que de qualquer modo favorecer o condenado;
c) a declaração de extinção da punibilidade;
d) a unificação de penas;
e) a detração e remição da pena;
f) a instauração dos incidentes de excesso ou 14

desvio de execução;
g) a aplicação de medida de segurança e sua 15

revogação, bem como a substituição da pena por medida


de segurança;
h) a conversão de penas, a progressão nos
regimes, a suspensão condicional da pena, o livramento
condicional, a comutação de pena e o indulto;
i) a autorização de saídas temporárias;
j) a internação, a desinternação e o
restabelecimento da situação anterior;
k) o cumprimento de pena ou medida de segurança
em outra comarca;
l) a remoção do condenado na hipótese prevista no
§ 1o do art. 86 desta Lei;
II - requerer a emissão anual do atestado de pena a
cumprir;
III - interpor recursos de decisões proferidas pela
autoridade judiciária ou administrativa durante a execução;
IV - representar ao Juiz da execução ou à
autoridade administrativa para instauração de sindicância
ou procedimento administrativo em caso de violação das
normas referentes à execução penal;
V - visitar os estabelecimentos penais, tomando
providências para o adequado funcionamento, e requerer,
quando for o caso, a apuração de responsabilidade;
VI - requerer à autoridade competente a interdição,
no todo ou em parte, de estabelecimento penal.
Parágrafo único. O órgão da Defensoria Pública
visitará periodicamente os estabelecimentos penais,
registrando a sua presença em livro próprio.

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de assistência social, para efeito de agilização do
Lei nº 8.069 / 1990 atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em
programas de acolhimento familiar ou institucional, com
Estatuto da Criança e do Adolescente vista na sua rápida reintegração à família de origem ou, se
tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua
Parte Especial colocação em família substituta, em quaisquer das
Título I modalidades previstas no art. 28 desta Lei;
Da Política de Atendimento VII - mobilização da opinião pública para a
Capítulo I indispensável participação dos diversos segmentos da
Disposições Gerais sociedade.
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da VIII - especialização e formação continuada dos
criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto profissionais que trabalham nas diferentes áreas da
articulado de ações governamentais e não- atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos
governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
e dos municípios. (2016)
IX - formação profissional com abrangência dos
Art. 87. São linhas de ação da política de diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça
atendimento: a intersetorialidade no atendimento da criança e do
I - políticas sociais básicas; adolescente e seu desenvolvimento integral; (2016)
II - serviços, programas, projetos e benefícios de X - realização e divulgação de pesquisas sobre
assistência social de garantia de proteção social e de desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
prevenção e redução de violações de direitos, seus (2016)
agravamentos ou reincidências; (2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento Art. 89. A função de membro do conselho nacional e
médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus- dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão; criança e do adolescente é considerada de interesse
IV - serviço de identificação e localização de pais, público relevante e não será remunerada.
responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa Capítulo II
dos direitos da criança e do adolescente. Das Entidades de Atendimento
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou Seção I
abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a Disposições Gerais
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar Art. 90. As entidades de atendimento são
de crianças e adolescentes; responsáveis pela manutenção das próprias unidades,
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob assim como pelo planejamento e execução de programas
forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do de proteção e sócio-educativos destinados a crianças e
convívio familiar e à adoção, especificamente inter-racial, adolescentes, em regime de:
de crianças maiores ou de adolescentes, com I - orientação e apoio sócio-familiar;
necessidades específicas de saúde ou com deficiências e II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
de grupos de irmãos. III - colocação familiar;
IV - acolhimento institucional;
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: V - prestação de serviços à comunidade;
I - municipalização do atendimento; VI - liberdade assistida;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e VII - semiliberdade; e
nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos VIII - internação.
deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, § 1o As entidades governamentais e não
assegurada a participação popular paritária por meio de governamentais deverão proceder à inscrição de seus
organizações representativas, segundo leis federal, programas, especificando os regimes de atendimento, na
estaduais e municipais; forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos
III - criação e manutenção de programas específicos, Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
observada a descentralização político-administrativa; registro das inscrições e de suas alterações, do que fará
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e comunicação ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária.
municipais vinculados aos respectivos conselhos dos § 2o Os recursos destinados à implementação e
direitos da criança e do adolescente; manutenção dos programas relacionados neste artigo
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, serão previstos nas dotações orçamentárias dos órgãos
Ministério Público, Defensoria, Segurança Pública e públicos encarregados das áreas de Educação, Saúde e
Assistência Social, preferencialmente em um mesmo local, Assistência Social, dentre outros, observando-se o
para efeito de agilização do atendimento inicial a princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente
adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional; preconizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, e pelo caput e parágrafo único do art. 4o desta Lei.
Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e
encarregados da execução das políticas sociais básicas e
§ 3o Os programas em execução serão reavaliados remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6
pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do (seis) meses, relatório circunstanciado acerca da situação
Adolescente, no máximo, a cada 2 (dois) anos, de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para
constituindo-se critérios para renovação da autorização de fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
funcionamento: § 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes
I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a
bem como às resoluções relativas à modalidade de permanente qualificação dos profissionais que atuam direta
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de ou indiretamente em programas de acolhimento
Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis; institucional e destinados à colocação familiar de crianças
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário,
atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e Ministério Público e Conselho Tutelar.
pela Justiça da Infância e da Juventude; § 4o Salvo determinação em contrário da autoridade
III - em se tratando de programas de acolhimento judiciária competente, as entidades que desenvolvem
institucional ou familiar, serão considerados os índices de programas de acolhimento familiar ou institucional, se
sucesso na reintegração familiar ou de adaptação à família necessário com o auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos
substituta, conforme o caso. de assistência social, estimularão o contato da criança ou
adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao
disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
Art. 91. As entidades não-governamentais somente
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de
poderão funcionar depois de registradas no Conselho
acolhimento familiar ou institucional somente poderão
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual
receber recursos públicos se comprovado o atendimento
comunicará o registro ao Conselho Tutelar e à autoridade
dos princípios, exigências e finalidades desta Lei.
judiciária da respectiva localidade.
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei
§ 1o Será negado o registro à entidade
pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de
que:
acolhimento familiar ou institucional é causa de sua
a) não ofereça instalações físicas em condições
destituição, sem prejuízo da apuração de sua
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e
responsabilidade administrativa, civil e
segurança;
criminal.
b) não apresente plano de trabalho compatível com
§ 7o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três)
os princípios desta Lei;
anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial
c) esteja irregularmente constituída;
atenção à atuação de educadores de referência estáveis e
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas.
qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao
e) não se adequar ou deixar de cumprir as
atendimento das necessidades básicas, incluindo as de
resoluções e deliberações relativas à modalidade de
afeto como prioritárias. (2016)
atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de
Direitos da Criança e do Adolescente, em todos os níveis.
§ 2o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) Art. 93. As entidades que mantenham programa de
anos, cabendo ao Conselho Municipal dos Direitos da acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional
Criança e do Adolescente, periodicamente, reavaliar o e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia
cabimento de sua renovação, observado o disposto no § 1o determinação da autoridade competente, fazendo
deste artigo. comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao
Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de responsabilidade.
acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os Parágrafo único. Recebida a comunicação, a
seguintes princípios: autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público e se
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da necessário com o apoio do Conselho Tutelar local, tomará
reintegração familiar; as medidas necessárias para promover a imediata
II - integração em família substituta, quando reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se
esgotados os recursos de manutenção na família natural por qualquer razão não for isso possível ou recomendável,
ou extensa; para seu encaminhamento a programa de acolhimento
familiar, institucional ou a família substituta, observado o
III - atendimento personalizado e em pequenos
disposto no § 2o do art. 101 desta Lei.
grupos;
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-
educação; Art. 94. As entidades que desenvolvem programas
V - não desmembramento de grupos de irmãos; de internação têm as seguintes obrigações, entre outras:
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para I - observar os direitos e garantias de que são
outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; titulares os adolescentes;
VII - participação na vida da comunidade local; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido
VIII - preparação gradativa para o desligamento; objeto de restrição na decisão de internação;
IX - participação de pessoas da comunidade no III - oferecer atendimento personalizado, em
processo educativo. pequenas unidades e grupos reduzidos;
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de
de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, respeito e dignidade ao adolescente;
para todos os efeitos de direito.
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem
programas de acolhimento familiar ou institucional
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da art. 94, sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal
preservação dos vínculos familiares; de seus dirigentes ou prepostos:
VI - comunicar à autoridade judiciária, I - às entidades governamentais:
periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou a) advertência;
impossível o reatamento dos vínculos familiares; b) afastamento provisório de seus dirigentes;
VII - oferecer instalações físicas em condições c) afastamento definitivo de seus dirigentes;
adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e d) fechamento de unidade ou interdição de
segurança e os objetos necessários à higiene pessoal; programa.
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e II - às entidades não-governamentais:
adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; a) advertência;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas
odontológicos e farmacêuticos; públicas;
X - propiciar escolarização e profissionalização; c) interdição de unidades ou suspensão de
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de programa;
lazer; d) cassação do registro.
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que § 1o Em caso de reiteradas infrações cometidas por
desejarem, de acordo com suas crenças; entidades de atendimento, que coloquem em risco os
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada direitos assegurados nesta Lei, deverá ser o fato
caso; comunicado ao Ministério Público ou representado perante
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com autoridade judiciária competente para as providências
intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução
resultados à autoridade competente; da entidade.
XV - informar, periodicamente, o adolescente § 2o As pessoas jurídicas de direito público e as
internado sobre sua situação processual; organizações não governamentais responderão pelos
XVI - comunicar às autoridades competentes todos danos que seus agentes causarem às crianças e aos
os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto- adolescentes, caracterizado o descumprimento dos
contagiosas; princípios norteadores das atividades de proteção
XVII - fornecer comprovante de depósito dos específica.
pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e Título II
acompanhamento de egressos; Das Medidas de Proteção
XIX - providenciar os documentos necessários ao Capítulo I
exercício da cidadania àqueles que não os tiverem; Disposições Gerais
XX - manter arquivo de anotações onde constem Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao
data e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
adolescente, seus pais ou responsável, parentes, reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
formação, relação de seus pertences e demais dados que II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou
possibilitem sua identificação e a individualização do responsável;
atendimento. III - em razão de sua conduta.
§ 1o Aplicam-se, no que couber, as obrigações
constantes deste artigo às entidades que mantêm Capítulo II
programas de acolhimento institucional e familiar. Das Medidas Específicas de Proteção
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão
artigo as entidades utilizarão preferencialmente os ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
recursos da comunidade. substituídas a qualquer tempo.

Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em
abriguem ou recepcionem crianças e adolescentes, ainda conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas
que em caráter temporário, devem ter, em seus quadros, que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
profissionais capacitados a reconhecer e reportar ao comunitários.
Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências de maus- tratos. Parágrafo único. São também princípios que regem a
aplicação das medidas:
Seção II I - condição da criança e do adolescente como
Da Fiscalização das Entidades sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os
Art. 95. As entidades governamentais e não- titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem
governamentais referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo como na Constituição Federal;
Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos II - proteção integral e prioritária: a interpretação e
Tutelares. aplicação de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve
ser voltada à proteção integral e prioritária dos direitos de
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de que crianças e adolescentes são titulares;
contas serão apresentados ao estado ou ao município, III - responsabilidade primária e solidária do poder
conforme a origem das dotações orçamentárias. público: a plena efetivação dos direitos assegurados a
crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de Federal, salvo nos casos por esta expressamente
atendimento que descumprirem obrigação constante do ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária
das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da VIII - inclusão em programa de acolhimento
municipalização do atendimento e da possibilidade da familiar;
execução de programas por entidades não IX - colocação em família substituta.
governamentais; § 1o O acolhimento institucional e o acolhimento
IV - interesse superior da criança e do adolescente: a familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis
intervenção deve atender prioritariamente aos interesses e como forma de transição para reintegração familiar ou, não
direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da sendo esta possível, para colocação em família substituta,
consideração que for devida a outros interesses legítimos não implicando privação de liberdade.
no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso § 2o Sem prejuízo da tomada de medidas
concreto; emergenciais para proteção de vítimas de violência ou
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção abuso sexual e das providências a que alude o art. 130
da criança e do adolescente deve ser efetuada no respeito desta Lei, o afastamento da criança ou adolescente do
pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida convívio familiar é de competência exclusiva da autoridade
privada; judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério
VI - intervenção precoce: a intervenção das Público ou de quem tenha legítimo interesse, de
autoridades competentes deve ser efetuada logo que a procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos
situação de perigo seja conhecida; pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser da ampla defesa.
exercida exclusivamente pelas autoridades e instituições § 3o Crianças e adolescentes somente poderão ser
cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos encaminhados às instituições que executam programas de
direitos e à proteção da criança e do adolescente; acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio
VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autoridade
deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
que a criança ou o adolescente se encontram no momento I - sua identificação e a qualificação completa de
em que a decisão é tomada; seus pais ou de seu responsável, se conhecidos;
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve II - o endereço de residência dos pais ou do
ser efetuada de modo que os pais assumam os seus responsável, com pontos de referência;
deveres para com a criança e o adolescente; III - os nomes de parentes ou de terceiros
X - prevalência da família: na promoção de direitos e interessados em tê-los sob sua guarda;
na proteção da criança e do adolescente deve ser dada IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao
prevalência às medidas que os mantenham ou reintegrem convívio familiar.
na sua família natural ou extensa ou, se isso não for § 4o Imediatamente após o acolhimento da criança ou
possível, que promovam a sua integração em família do adolescente, a entidade responsável pelo programa de
adotiva; (2017) acolhimento institucional ou familiar elaborará um plano
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o individual de atendimento, visando à reintegração familiar,
adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e ressalvada a existência de ordem escrita e fundamentada
capacidade de compreensão, seus pais ou responsável em contrário de autoridade judiciária competente, caso em
devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que que também deverá contemplar sua colocação em família
determinaram a intervenção e da forma como esta se substituta, observadas as regras e princípios desta Lei.
processa; § 5o O plano individual será elaborado sob a
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o responsabilidade da equipe técnica do respectivo
adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de programa de atendimento e levará em consideração a
responsável ou de pessoa por si indicada, bem como os opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais ou
seus pais ou responsável, têm direito a ser ouvidos e a do responsável.
participar nos atos e na definição da medida de promoção § 6o Constarão do plano individual, dentre outros:
dos direitos e de proteção, sendo sua opinião devidamente I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
considerada pela autoridade judiciária competente, II - os compromissos assumidos pelos pais ou
observado o disposto nos §§ 1o e 2o do art. 28 desta Lei. responsável; e
III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas
com a criança ou com o adolescente acolhido e seus pais
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas
ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso
no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
seja esta vedada por expressa e fundamentada
dentre outras, as seguintes medidas:
determinação judicial, as providências a serem tomadas
I - encaminhamento aos pais ou responsável,
para sua colocação em família substituta, sob direta
mediante termo de responsabilidade;
supervisão da autoridade judiciária.
II - orientação, apoio e acompanhamento
§ 7o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no
temporários;
local mais próximo à residência dos pais ou do responsável
III - matrícula e frequência obrigatórias em
e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre
estabelecimento oficial de ensino fundamental;
que identificada a necessidade, a família de origem será
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou
incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, da
promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato
criança e do adolescente; (2016)
com a criança ou com o adolescente acolhido.
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou
psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de
auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
toxicômanos;
VII - acolhimento institucional;
§ 8o Verificada a possibilidade de reintegração § 6o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação
familiar, o responsável pelo programa de acolhimento requerida do reconhecimento de paternidade no assento
familiar ou institucional fará imediata comunicação à de nascimento e a certidão correspondente. (2016)
autoridade judiciária, que dará vista ao Ministério Público,
pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. Título III
§ 9o Em sendo constatada a impossibilidade de Da Prática de Ato Infracional
reintegração da criança ou do adolescente à família de Capítulo I
origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou Disposições Gerais
comunitários de orientação, apoio e promoção social, será Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta
enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no descrita como crime ou contravenção penal.
qual conste a descrição pormenorizada das providências
tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores
técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da de 18 (dezoito) anos, sujeitos às medidas previstas nesta
política municipal de garantia do direito à convivência Lei.
familiar, para a destituição do poder familiar, ou destituição Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser
de tutela ou guarda. considerada a idade do adolescente à data do fato.
§ 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o
prazo de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária corresponderão as medidas previstas no art. 101.
a realização de estudos complementares ou de outras
providências indispensáveis ao ajuizamento da demanda. Capítulo II
(2017) Dos Direitos Individuais
§ 11. A autoridade judiciária manterá, em cada Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua
comarca ou foro regional, um cadastro contendo liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por
informações atualizadas sobre as crianças e adolescentes ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua competente.
responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre Parágrafo único. O adolescente tem direito à
a situação jurídica de cada um, bem como as providências identificação dos responsáveis pela sua apreensão,
tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em devendo ser informado acerca de seus direitos.
família substituta, em qualquer das modalidades previstas
no art. 28 desta Lei. Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, local onde se encontra recolhido serão incontinenti
o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e comunicados à autoridade judiciária competente e à
os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.
Adolescente e da Assistência Social, aos quais incumbe Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob
deliberar sobre a implementação de políticas públicas que pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação
permitam reduzir o número de crianças e adolescentes imediata.
afastados do convívio familiar e abreviar o período de
permanência em programa de acolhimento. Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser
determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco)
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este dias.
Capítulo serão acompanhadas da regularização do registro Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada
civil. e basear-se em indícios suficientes de autoria e
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
assento de nascimento da criança ou adolescente será medida.
feito à vista dos elementos disponíveis, mediante
requisição da autoridade judiciária. Art. 109. O adolescente civilmente identificado não
§ 2º Os registros e certidões necessários à será submetido a identificação compulsória pelos órgãos
regularização de que trata este artigo são isentos de policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta confrontação, havendo dúvida fundada.
prioridade.
Capítulo III
§ 3o Caso ainda não definida a paternidade, será
Das Garantias Processuais
deflagrado procedimento específico destinado à sua
averiguação, conforme previsto pela Lei no 8.560, de 29 de Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua
liberdade sem o devido processo legal.
dezembro de 1992.
§ 4o Nas hipóteses previstas no § 3o deste artigo, é
Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre
dispensável o ajuizamento de ação de investigação de
outras, as seguintes garantias:
paternidade pelo Ministério Público se, após o não
I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato
comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a
infracional, mediante citação ou meio equivalente;
paternidade a ele atribuída, a criança for encaminhada para
II - igualdade na relação processual, podendo
adoção.
confrontar-se com vítimas e testemunhas e produzir todas
§ 5o Os registros e certidões necessários à inclusão, a
as provas necessárias à sua defesa;
qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento
III - defesa técnica por advogado;
são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos
absoluta prioridade. (2016)
necessitados, na forma da lei;
V - direito de ser ouvido pessoalmente pela
autoridade competente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou Seção V
responsável em qualquer fase do procedimento. Da Liberdade Assistida
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre
Capítulo IV que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
Das Medidas Sócio-Educativas acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
Seção I § 1º A autoridade designará pessoa capacitada para
Disposições Gerais acompanhar o caso, a qual poderá ser recomendada por
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a entidade ou programa de atendimento.
autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as § 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo
seguintes medidas: mínimo de 6 (seis) meses, podendo a qualquer tempo ser
I - advertência; prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
II - obrigação de reparar o dano; ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - liberdade assistida; Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a
V - inserção em regime de semi-liberdade; supervisão da autoridade competente, a realização dos
VI - internação em estabelecimento educacional; seguintes encargos, entre outros:
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. I - promover socialmente o adolescente e sua família,
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em fornecendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário,
conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a em programa oficial ou comunitário de auxílio e assistência
gravidade da infração. social;
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será II - supervisionar a frequência e o aproveitamento
admitida a prestação de trabalho forçado. escolar do adolescente, promovendo, inclusive, sua
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou matrícula;
deficiência mental receberão tratamento individual e III - diligenciar no sentido da profissionalização do
especializado, em local adequado às suas condições. adolescente e de sua inserção no mercado de trabalho;
IV - apresentar relatório do caso.
Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts.
99 e 100. Seção VI
Do Regime de Semi-liberdade
Art. 114. A imposição das medidas previstas nos Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser
incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de provas determinado desde o início, ou como forma de transição
suficientes da autoria e da materialidade da infração, para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
ressalvada a hipótese de remissão, nos termos do art. 127. externas, independentemente de autorização judicial.
Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada § 1º São obrigatórias a escolarização e a
sempre que houver prova da materialidade e indícios profissionalização, devendo, sempre que possível, ser
suficientes da autoria. utilizados os recursos existentes na comunidade.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado
Seção II aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
Da Advertência internação.
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação
verbal, que será reduzida a termo e assinada. Seção VII
Da Internação
Seção III Art. 121. A internação constitui medida privativa da
Da Obrigação de Reparar o Dano liberdade, sujeita aos princípios de brevidade,
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa
reflexos patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se em desenvolvimento.
for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o § 1º Será permitida a realização de atividades
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo
o prejuízo da vítima. expressa determinação judicial em contrário.
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, § 2º A medida não comporta prazo determinado,
a medida poderá ser substituída por outra adequada. devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante
decisão fundamentada, no máximo a cada 6 (seis) meses.
Seção IV § 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de
Da Prestação de Serviços à Comunidade internação excederá a 3 (três) anos.
Art. 117. A prestação de serviços comunitários § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo
consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em
geral, por período não excedente a 6 (seis) meses, junto regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida.
a entidades assistenciais, hospitais, escolas e outros § 5º A liberação será compulsória aos 21 (vinte e
estabelecimentos congêneres, bem como em programas um) anos de idade.
comunitários ou governamentais. § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério
conforme as aptidões do adolescente, devendo ser Público.
cumpridas durante jornada máxima de 8 (oito) horas § 7o A determinação judicial mencionada no § 1o
semanais, aos sábados, domingos e feriados ou em dias poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à judiciária.
jornada normal de trabalho.
Art. 122. A medida de internação só poderá ser Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial
aplicada quando: para apuração de ato infracional, o representante do
I - tratar-se de ato infracional cometido mediante Ministério Público poderá conceder a remissão, como
grave ameaça ou violência a pessoa; forma de exclusão do processo, atendendo às
II - por reiteração no cometimento de outras circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social,
infrações graves; bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou
III - por descumprimento reiterado e injustificável menor participação no ato infracional.
da medida anteriormente imposta. Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a
§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III concessão da remissão pela autoridade judiciária importará
deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, na suspensão ou extinção do processo.
devendo ser decretada judicialmente após o devido
processo legal. Art. 127. A remissão não implica necessariamente o
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a reconhecimento ou comprovação da responsabilidade,
internação, havendo outra medida adequada. nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo
incluir eventualmente a aplicação de qualquer das medidas
Art. 123. A internação deverá ser cumprida em previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-
entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto liberdade e a internação.
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa
separação por critérios de idade, compleição física e Art. 128. A medida aplicada por força da remissão
gravidade da infração. poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo,
Parágrafo único. Durante o período de internação, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu
inclusive provisória, serão obrigatórias atividades representante legal, ou do Ministério Público.
pedagógicas.
Título IV
Art. 124. São direitos do adolescente privado de Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável
liberdade, entre outros, os seguintes: Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante responsável:
do Ministério Público; I - encaminhamento a serviços e programas oficiais
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade; ou comunitários de proteção, apoio e promoção da família;
(2016)
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, II - inclusão em programa oficial ou comunitário de
sempre que solicitada; auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e
V - ser tratado com respeito e dignidade; toxicômanos;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou III - encaminhamento a tratamento psicológico ou
naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou psiquiátrico;
responsável; IV - encaminhamento a cursos ou programas de
orientação;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;
asseio pessoal; VI - obrigação de encaminhar a criança ou
X - habitar alojamento em condições adequadas de adolescente a tratamento especializado;
VII - advertência;
higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização; VIII - perda da guarda; IX
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de - destituição da tutela;
X - suspensão ou destituição do poder familiar.
lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua nos incisos IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto
crença, e desde que assim o deseje; nos arts. 23 e 24.
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e
Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos,
dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
comprovante daqueles porventura depositados em poder opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
da entidade; responsável, a autoridade judiciária poderá determinar,
como medida cautelar, o afastamento do agressor da
XVI - receber, quando de sua desinternação, os
moradia comum.
documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda,
incomunicabilidade. a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender criança ou o adolescente dependentes do agressor.
temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável,
Título V
se existirem motivos sérios e fundados de sua
prejudicialidade aos interesses do adolescente. Do Conselho Tutelar
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e
física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as
medidas adequadas de contenção e segurança. autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
Capítulo V adolescente, definidos nesta Lei.
Da Remissão
X - representar, em nome da pessoa e da família,
Art. 132. Em cada Município e em cada Região contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º,
Administrativa do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 inciso II, da Constituição Federal;
(um) Conselho Tutelar como órgão integrante da XI - representar ao Ministério Público para efeito das
administração pública local, composto de 5 (cinco) ações de perda ou suspensão do poder familiar, após
membros, escolhidos pela população local para mandato esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou
de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos do adolescente junto à família natural.
processos de escolha. (2019) XII - promover e incentivar, na comunidade e nos
grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em
Tutelar, serão exigidos os seguintes requisitos: crianças e adolescentes.
I - reconhecida idoneidade moral; Parágrafo único. Se, no exercício de suas
II - idade superior a vinte e um anos; atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o
III - residir no município. afastamento do convívio familiar, comunicará incontinenti o
fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o os motivos de tal entendimento e as providências tomadas
local, dia e horário de funcionamento do Conselho Tutelar, para a orientação, o apoio e a promoção social da família.
inclusive quanto à remuneração dos respectivos membros,
aos quais é assegurado o direito a: Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente
I - cobertura previdenciária; poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas quem tenha legítimo interesse.
de 1/3 (um terço) do valor da remuneração mensal;
III - licença-maternidade; Capítulo III
IV - licença-paternidade; Da Competência
V - gratificação natalina. Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária competência constante do art. 147.
municipal e da do Distrito Federal previsão dos recursos
necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à Capítulo IV
remuneração e formação continuada dos conselheiros Da Escolha dos Conselheiros
tutelares. Art. 139. O processo para a escolha dos membros do
Conselho Tutelar será estabelecido em lei municipal e
Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro realizado sob a responsabilidade do Conselho Municipal
constituirá serviço público relevante e estabelecerá dos Direitos da Criança e do Adolescente, e a fiscalização
presunção de idoneidade moral. do Ministério Público.
§ 1o O processo de escolha dos membros do
Capítulo II Conselho Tutelar ocorrerá em data unificada em todo o
Das Atribuições do Conselho território nacional a cada 4 (quatro) anos, no primeiro
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses eleição presidencial.
previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas § 2o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no
previstas no art. 101, I a VII; dia 10 de janeiro do ano subsequente ao processo de
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, escolha.
aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; § 3o No processo de escolha dos membros do
III - promover a execução de suas decisões, Conselho Tutelar, é vedado ao candidato doar, oferecer,
podendo para tanto: prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, de qualquer natureza, inclusive brindes de pequeno valor.
educação, serviço social, previdência, trabalho e
segurança; Capítulo V
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos Dos Impedimentos
de descumprimento injustificado de suas deliberações. Art. 140. São impedidos de servir no mesmo
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes,
que constitua infração administrativa ou penal contra os sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o
direitos da criança ou adolescente; cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de Parágrafo único. Estende-se o impedimento do
sua competência; conselheiro, na forma deste artigo, em relação à
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária e ao representante do Ministério
autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a Público com atuação na Justiça da Infância e da
VI, para o adolescente autor de ato infracional; Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou
VII - expedir notificações; distrital.
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de
criança ou adolescente quando necessário; Título VI
IX - assessorar o Poder Executivo local na Do Acesso à Justiça
elaboração da proposta orçamentária para planos e Capítulo I
programas de atendimento dos direitos da criança e do Disposições Gerais
adolescente; Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou
adolescente à Defensoria Pública, ao Ministério
Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus estadual da emissora ou rede, tendo a sentença eficácia
órgãos. para todas as transmissoras ou retransmissoras do
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada respectivo estado.
aos que dela necessitarem, através de defensor público
ou advogado nomeado. Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da competente para:
Infância e da Juventude são isentas de custas e I - conhecer de representações promovidas pelo
emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má- Ministério Público, para apuração de ato infracional
fé. atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão
Art. 142. Os menores de 16 (dezesseis) anos serão ou extinção do processo;
representados e os maiores de dezesseis e menores de III - conhecer de pedidos de adoção e seus
vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou incidentes;
curadores, na forma da legislação civil ou processual. IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao
especial à criança ou adolescente, sempre que os adolescente, observado o disposto no art. 209;
interesses destes colidirem com os de seus pais ou V - conhecer de ações decorrentes de
responsável, ou quando carecer de representação ou irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as
assistência legal ainda que eventual. medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de
Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, infrações contra norma de proteção à criança ou
policiais e administrativos que digam respeito a crianças adolescente;
e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. VII - conhecer de casos encaminhados pelo
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.
não poderá identificar a criança ou adolescente, Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou
vedando-se fotografia, referência a nome, apelido, adolescente nas hipóteses do art. 98, é também
filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim
nome e sobrenome. de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a b) conhecer de ações de destituição do poder
que se refere o artigo anterior somente será deferida pela familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda;
autoridade judiciária competente, se demonstrado o c) suprir a capacidade ou o consentimento para o
interesse e justificada a finalidade. casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância
Capítulo II paterna ou materna, em relação ao exercício do poder
Da Justiça da Infância e da Juventude familiar;
Seção I e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil,
Disposições Gerais quando faltarem os pais;
Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão f) designar curador especial em casos de
criar varas especializadas e exclusivas da infância e da apresentação de queixa ou representação, ou de outros
juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de interesses de criança ou adolescente;
infra-estrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em g) conhecer de ações de alimentos;
plantões. h) determinar o cancelamento, a retificação e o
suprimento dos registros de nascimento e óbito.
Seção II
Do Juiz Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar,
Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz através de portaria, ou autorizar, mediante alvará:
da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce essa I - a entrada e permanência de criança ou
função, na forma da lei de organização judiciária local. adolescente, desacompanhado dos pais ou responsável,
em:
Art. 147. A competência será determinada: a) estádio, ginásio e campo desportivo;
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; b) bailes ou promoções dançantes;
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou c) boate ou congêneres;
adolescente, à falta dos pais ou responsável. d) casa que explore comercialmente diversões
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será eletrônicas;
competente a autoridade do lugar da ação ou omissão, e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e
observadas as regras de conexão, continência e televisão.
prevenção. II - a participação de criança e adolescente em:
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à a) espetáculos públicos e seus ensaios;
autoridade competente da residência dos pais ou b) certames de beleza.
responsável, ou do local onde sediar-se a entidade que § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a
abrigar a criança ou adolescente. autoridade judiciária levará em conta, dentre outros fatores:
§ 3º Em caso de infração cometida através de a) os princípios desta Lei;
transmissão simultânea de rádio ou televisão, que atinja b) as peculiaridades locais;
mais de uma comarca, será competente, para aplicação da c) a existência de instalações adequadas;
penalidade, a autoridade judiciária do local da sede
d) o tipo de freqüência habitual ao local;
e) a adequação do ambiente a eventual participação Art. 156. A petição inicial indicará:
ou freqüência de crianças e adolescentes; I - a autoridade judiciária a que for dirigida;
f) a natureza do espetáculo. II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência
§ 2º As medidas adotadas na conformidade deste do requerente e do requerido, dispensada a qualificação
artigo deverão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas em se tratando de pedido formulado por representante do
as determinações de caráter geral. Ministério Público;
III - a exposição sumária do fato e o pedido;
Seção III IV - as provas que serão produzidas, oferecendo,
Dos Serviços Auxiliares desde logo, o rol de testemunhas e documentos.
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de
sua proposta orçamentária, prever recursos para Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
manutenção de equipe interprofissional, destinada a judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a
assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente,
até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de
outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação responsabilidade.
local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou § 1o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária
verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver determinará, concomitantemente ao despacho de citação e
trabalhos de aconselhamento, orientação, independentemente de requerimento do interessado, a
encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata realização de estudo social ou perícia por equipe
subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a
manifestação do ponto de vista técnico. presença de uma das causas de suspensão ou destituição
Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101
servidores públicos integrantes do Poder Judiciário desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de abril de
responsáveis pela realização dos estudos psicossociais ou 2017. (2017)
de quaisquer outras espécies de avaliações técnicas § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades
exigidas por esta Lei ou por determinação judicial, a indígenas, é ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe
autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de interprofissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste
perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de artigo, de representantes do órgão federal responsável
março de 2015 (Código de Processo Civil). (2017) pela política indigenista, observado o disposto no § 6o do
art. 28 desta Lei. (2017)
Capítulo III
Dos Procedimentos Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de
Seção I dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a
Disposições Gerais serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei testemunhas e documentos.
aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na § 1o A citação será pessoal, salvo se esgotados
legislação processual pertinente. todos os meios para sua realização.
§ 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, § 2o O requerido privado de liberdade deverá ser
prioridade absoluta na tramitação dos processos e citado pessoalmente.
procedimentos previstos nesta Lei, assim como na § 3o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça
execução dos atos e diligências judiciais a eles referentes. houver procurado o citando em seu domicílio ou residência
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de ocultação,
aos seus procedimentos são contados em dias corridos, informar qualquer pessoa da família ou, em sua falta,
excluído o dia do começo e incluído o dia do vencimento, qualquer vizinho do dia útil em que voltará a fim de efetuar
vedado o prazo em dobro para a Fazenda Pública e o a citação, na hora que designar, nos termos do art. 252 e
Ministério Público. (2017) seguintes da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015
(Código de Processo Civil). (2017)
Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não
§ 4o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em
corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra local incerto ou não sabido, serão citados por edital no
lei, a autoridade judiciária poderá investigar os fatos e prazo de 10 (dez) dias, em publicação única, dispensado o
ordenar de ofício as providências necessárias, ouvido o envio de ofícios para a localização. (2017)
Ministério Público.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de
para o fim de afastamento da criança ou do adolescente de constituir advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de
sua família de origem e em outros procedimentos sua família, poderá requerer, em cartório, que lhe seja
necessariamente contenciosos. nomeado dativo, ao qual incumbirá a apresentação de
resposta, contando-se o prazo a partir da intimação do
Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214. despacho de nomeação.
Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de
Seção II liberdade, o oficial de justiça deverá perguntar, no
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar momento da citação pessoal, se deseja que lhe seja
Art. 155. O procedimento para a perda ou a nomeado defensor.
suspensão do poder familiar terá início por provocação do
Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse. Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária
requisitará de qualquer repartição ou órgão público a
apresentação de documento que interesse à causa, de Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o
ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério procedimento para a remoção de tutor previsto na lei
Público. processual civil e, no que couber, o disposto na seção
anterior.
Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido
concluído o estudo social ou a perícia realizada por equipe Seção IV
interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciária Da Colocação em Família Substituta
dará vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos
dias, salvo quando este for o requerente, e decidirá em de colocação em família substituta:
igual prazo. (2017) I - qualificação completa do requerente e de seu
eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência
§ 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a
deste;
requerimento das partes ou do Ministério Público,
II - indicação de eventual parentesco do requerente e
determinará a oitiva de testemunhas que comprovem a
de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou
presença de uma das causas de suspensão ou destituição
adolescente, especificando se tem ou não parente vivo;
do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei
III - qualificação completa da criança ou adolescente
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), ou no e de seus pais, se conhecidos;
art. 24 desta Lei. (2017)
IV - indicação do cartório onde foi inscrito
§ 2o (Revogado).
nascimento, anexando, se possível, uma cópia da
§ 3o Se o pedido importar em modificação de guarda,
respectiva certidão;
será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou
criança ou adolescente, respeitado seu estágio de
rendimentos relativos à criança ou ao adolescente.
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as
Parágrafo único. Em se tratando de adoção,
implicações da medida.
observar-se-ão também os requisitos específicos.
§ 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles
forem identificados e estiverem em local conhecido,
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido
ressalvados os casos de não comparecimento perante a
destituídos ou suspensos do poder familiar, ou houverem
Justiça quando devidamente citados. (2017)
aderido expressamente ao pedido de colocação em família
§ 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de substituta, este poderá ser formulado diretamente em
liberdade, a autoridade judicial requisitará sua cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes,
apresentação para a oitiva. dispensada a assistência de advogado.
§ 1o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz:
Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade (2017)
judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por
cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, I - na presença do Ministério Público, ouvirá as
desde logo, audiência de instrução e julgamento. partes, devidamente assistidas por advogado ou por
§ 1º (Revogado). defensor público, para verificar sua concordância com a
adoção, no prazo máximo de 10 (dez) dias, contado da data
§ 2o Na audiência, presentes as partes e o Ministério
do protocolo da petição ou da entrega da criança em juízo,
Público, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se
tomando por termo as declarações; e (2017)
oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por
escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o II - declarará a extinção do poder familiar. (2017)
requerido e o Ministério Público, pelo tempo de 20 (vinte) § 2o O consentimento dos titulares do poder familiar
minutos cada um, prorrogável por mais 10 (dez) minutos. será precedido de orientações e esclarecimentos
(2017) prestados pela equipe interprofissional da Justiça da
§ 3o A decisão será proferida na audiência, podendo Infância e da Juventude, em especial, no caso de adoção,
a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data sobre a irrevogabilidade da medida.
para sua leitura no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (2017) § 3o São garantidos a livre manifestação de vontade
§ 4o Quando o procedimento de destituição de poder dos detentores do poder familiar e o direito ao sigilo das
familiar for iniciado pelo Ministério Público, não haverá informações. (2017)
necessidade de nomeação de curador especial em favor § 4o O consentimento prestado por escrito não terá
da criança ou adolescente. (2017) validade se não for ratificado na audiência a que se refere
o § 1o deste artigo. (2017)
Art. 163. O prazo máximo para conclusão do § 5o O consentimento é retratável até a data da
procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao realização da audiência especificada no § 1o deste artigo,
juiz, no caso de notória inviabilidade de manutenção do e os pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10
poder familiar, dirigir esforços para preparar a criança ou o (dez) dias, contado da data de prolação da sentença de
adolescente com vistas à colocação em família substituta. extinção do poder familiar. (2017)
(2017) § 6o O consentimento somente terá valor se for dado
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou após o nascimento da criança.
a suspensão do poder familiar será averbada à margem do § 7o A família natural e a família substituta receberão
registro de nascimento da criança ou do adolescente. a devida orientação por intermédio de equipe técnica
interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da
Seção III Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos
Da Destituição da Tutela responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar. (2017)
Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou
requerimento das partes ou do Ministério Público, responsável, o adolescente será prontamente liberado
determinará a realização de estudo social ou, se possível, pela autoridade policial, sob termo de compromisso e
perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a responsabilidade de sua apresentação ao
concessão de guarda provisória, bem como, no caso de representante do Ministério Público, no mesmo dia ou,
adoção, sobre o estágio de convivência. sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda quando, pela gravidade do ato infracional e sua
provisória ou do estágio de convivência, a criança ou o repercussão social, deva o adolescente permanecer sob
adolescente será entregue ao interessado, mediante termo internação para garantia de sua segurança pessoal ou
de responsabilidade. manutenção da ordem pública.

Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade
pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao
adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, representante do Ministério Público, juntamente com
pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.
em igual prazo. § 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a
autoridade policial encaminhará o adolescente à entidade
Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, de atendimento, que fará a apresentação ao representante
a perda ou a suspensão do poder familiar constituir do Ministério Público no prazo de vinte e quatro horas.
pressuposto lógico da medida principal de colocação em § 2º Nas localidades onde não houver entidade de
família substituta, será observado o procedimento atendimento, a apresentação far-se-á pela autoridade
contraditório previsto nas Seções II e III deste Capítulo. policial. À falta de repartição policial especializada, o
Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda adolescente aguardará a apresentação em dependência
poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, separada da destinada a maiores, não podendo, em
observado o disposto no art. 35. qualquer hipótese, exceder o prazo referido no parágrafo
anterior.
Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-
se-á o disposto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade
art. 47. policial encaminhará imediatamente ao representante do
Parágrafo único. A colocação de criança ou Ministério Público cópia do auto de apreensão ou boletim
adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de ocorrência.
de acolhimento familiar será comunicada pela autoridade
judiciária à entidade por este responsável no prazo máximo Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver
de 5 (cinco) dias. indícios de participação de adolescente na prática de ato
infracional, a autoridade policial encaminhará ao
Seção V representante do Ministério Público relatório das
Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a investigações e demais documentos.
Adolescente
Art. 171. O adolescente apreendido por força de Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de
ordem judicial será, desde logo, encaminhado à ato infracional não poderá ser conduzido ou
autoridade judiciária. transportado em compartimento fechado de veículo
policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de que impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob
ato infracional será, desde logo, encaminhado à pena de responsabilidade.
autoridade policial competente.
Parágrafo único. Havendo repartição policial Art. 179. Apresentado o adolescente, o
especializada para atendimento de adolescente e em se representante do Ministério Público, no mesmo dia e à vista
tratando de ato infracional praticado em co-autoria com do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório
maior, prevalecerá a atribuição da repartição policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com
especializada, que, após as providências necessárias e informação sobre os antecedentes do adolescente,
conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
própria. sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e
testemunhas.
Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o
cometido mediante violência ou grave ameaça a pessoa, a representante do Ministério Público notificará os pais ou
autoridade policial, sem prejuízo do disposto nos arts. 106, responsável para apresentação do adolescente, podendo
parágrafo único, e 107, deverá: requisitar o concurso das polícias civil e militar.
I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas
e o adolescente; Art. 180. Adotadas as providências a que alude o
II - apreender o produto e os instrumentos da artigo anterior, o representante do Ministério Público
infração; poderá:
III - requisitar os exames ou perícias necessários à I - promover o arquivamento dos autos;
comprovação da materialidade e autoria da infração. II - conceder a remissão;
Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, III - representar à autoridade judiciária para aplicação
a lavratura do auto poderá ser substituída por boletim de de medida sócio-educativa.
ocorrência circunstanciada.
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou
concedida a remissão pelo representante do Ministério responsável, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos
Público, mediante termo fundamentado, que conterá o mesmos, podendo solicitar opinião de profissional
resumo dos fatos, os autos serão conclusos à autoridade qualificado.
judiciária para homologação. § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a remissão, ouvirá o representante do Ministério Público,
autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o proferindo decisão.
cumprimento da medida. § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará medida de internação ou colocação em regime de semi-
remessa dos autos ao Procurador-Geral de Justiça, liberdade, a autoridade judiciária, verificando que o
mediante despacho fundamentado, e este oferecerá adolescente não possui advogado constituído, nomeará
representação, designará outro membro do Ministério defensor, designando, desde logo, audiência em
Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento ou continuação, podendo determinar a realização de
a remissão, que só então estará a autoridade judiciária diligências e estudo do caso.
obrigada a homologar. § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado,
no prazo de três dias contado da audiência de
Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do apresentação, oferecerá defesa prévia e rol de
Ministério Público não promover o arquivamento ou testemunhas.
conceder a remissão, oferecerá representação à § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as
autoridade judiciária, propondo a instauração de testemunhas arroladas na representação e na defesa
procedimento para aplicação da medida sócio-educativa prévia, cumpridas as diligências e juntado o relatório da
que se afigurar a mais adequada. equipe interprofissional, será dada a palavra ao
§ 1º A representação será oferecida por petição, que representante do Ministério Público e ao defensor,
conterá o breve resumo dos fatos e a classificação do ato sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada
infracional e, quando necessário, o rol de testemunhas, um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade
podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária judiciária, que em seguida proferirá decisão.
instalada pela autoridade judiciária.
§ 2º A representação independe de prova pré- Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado,
constituída da autoria e materialidade. não comparecer, injustificadamente à audiência de
apresentação, a autoridade judiciária designará nova data,
Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a determinando sua condução coercitiva.
conclusão do procedimento, estando o adolescente
internado provisoriamente, será de 45 (quarenta e cinco) Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou
dias. suspensão do processo, poderá ser aplicada em qualquer
fase do procedimento, antes da sentença.
Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade
judiciária designará audiência de apresentação do Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará
adolescente, decidindo, desde logo, sobre a decretação ou qualquer medida, desde que reconheça na sentença:
manutenção da internação, observado o disposto no art. I - estar provada a inexistência do fato;
108 e parágrafo. II - não haver prova da existência do fato;
§ 1º O adolescente e seus pais ou responsável III - não constituir o fato ato infracional;
serão cientificados do teor da representação, e IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido
notificados a comparecer à audiência, acompanhados de para o ato infracional.
advogado. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o
§ 2º Se os pais ou responsável não forem adolescente internado, será imediatamente colocado em
localizados, a autoridade judiciária dará curador especial liberdade.
ao adolescente.
§ 3º Não sendo localizado o adolescente, a Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida
autoridade judiciária expedirá mandado de busca e de internação ou regime de semi-liberdade será feita:
apreensão, determinando o sobrestamento do feito, até a I - ao adolescente e ao seu defensor;
efetiva apresentação. II - quando não for encontrado o adolescente, a seus
§ 4º Estando o adolescente internado, será pais ou responsável, sem prejuízo do defensor.
requisitada a sua apresentação, sem prejuízo da § 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-
notificação dos pais ou responsável. se-á unicamente na pessoa do defensor.
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do
Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela adolescente, deverá este manifestar se deseja ou não
autoridade judiciária, não poderá ser cumprida em recorrer da sentença.
estabelecimento prisional.
§ 1º Inexistindo na comarca entidade com as Seção V-A
características definidas no art. 123, o adolescente deverá (2017)
ser imediatamente transferido para a localidade mais Da Infiltração de Agentes de Polícia para a
próxima. Investigação de Crimes contra a Dignidade Sexual de
§ 2º Sendo impossível a pronta transferência, o Criança e de Adolescente”
adolescente aguardará sua remoção em repartição policial, Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na
desde que em seção isolada dos adultos e com instalações internet com o fim de investigar os crimes previstos nos
apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta
cinco dias, sob pena de responsabilidade. Lei e nos arts. 154-A,217-A, 218, 218-A e 218-B do
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos
Penal), obedecerá às seguintes regras: (2017) eletrônicos praticados durante a operação deverão ser
I – será precedida de autorização judicial registrados, gravados, armazenados e encaminhados ao
devidamente circunstanciada e fundamentada, que juiz e ao Ministério Público, juntamente com relatório
estabelecerá os limites da infiltração para obtenção de circunstanciado. (2017)
prova, ouvido o Ministério Público; (2017) Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério citados no caput deste artigo serão reunidos em autos
Público ou representação de delegado de polícia e conterá apartados e apensados ao processo criminal juntamente
a demonstração de sua necessidade, o alcance das tarefas com o inquérito policial, assegurando-se a preservação da
dos policiais, os nomes ou apelidos das pessoas identidade do agente policial infiltrado e a intimidade das
investigadas e, quando possível, os dados de conexão ou crianças e dos adolescentes envolvidos. (2017)
cadastrais que permitam a identificação dessas pessoas ;
(2017)
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa)
dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que o
total não exceda a 720 (setecentos e vinte) dias e seja
demonstrada sua efetiva necessidade, a critério da
autoridade judicial. (2017)
§ 1º A autoridade judicial e o Ministério Público
poderão requisitar relatórios parciais da operação de
infiltração antes do término do prazo de que trata o inciso 01

II do § 1º deste artigo. (2017)


§ 2º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1º 02

deste artigo, consideram-se: (2017)


I – dados de conexão: informações referentes a 03

hora, data, início, término, duração, endereço de Protocolo


04
de Internet (IP) utilizado e terminal de origem da conexão;
(2017)
II – dados cadastrais: informações referentes a
05

nome e endereço de assinante ou de usuário registrado ou 06


autenticado para a conexão a quem endereço de IP,
identificação de usuário ou código de acesso tenha sido 07

atribuído no momento da conexão.


§ 3º A infiltração de agentes de polícia na internet 08

não será admitida se a prova puder ser obtida por outros


meios. (2017) 09

10
Art. 190-B. As informações da operação de
infiltração serão encaminhadas diretamente ao juiz
11
responsável pela autorização da medida, que zelará por
seu sigilo. (2017) 12
Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério 13

Público e ao delegado de polícia responsável pela


operação, com o objetivo de garantir o sigilo das 14

investigações. (2017)
15

Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a


sua identidade para, por meio da internet, colher indícios
de autoria e materialidade dos crimes previstos nos arts.
240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D desta Lei nº 7.210 / 1984
Lei e nos arts. 154-A, 217-A, 218, 218-A e 218-B do Lei de Execução Penal
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal). (2017)
Parágrafo único. O agente policial infiltrado que TÍTULO IV
deixar de observar a estrita finalidade da investigação Dos Estabelecimentos Penais
responderá pelos excessos praticados. (2017) CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao
poderão incluir nos bancos de dados próprios, mediante condenado, ao submetido à medida de segurança, ao
procedimento sigiloso e requisição da autoridade judicial, preso provisório e ao egresso.
as informações necessárias à efetividade da identidade § 1° A mulher e o maior de 60 (sessenta) anos,
fictícia criada. (2017) separadamente, serão recolhidos a estabelecimento
Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que próprio e adequado à sua condição pessoal.
trata esta Seção será numerado e tombado em livro § 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá
específico. (2017) abrigar estabelecimentos de destinação diversa desde que
devidamente isolados.
IV - demais condenados pela prática de outros
Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua crimes ou contravenções em situação diversa das previstas
natureza, deverá contar em suas dependências com áreas nos incisos I, II e III.
e serviços destinados a dar assistência, educação, § 4o O preso que tiver sua integridade física, moral
trabalho, recreação e prática esportiva. ou psicológica ameaçada pela convivência com os demais
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de presos ficará segregado em local próprio.
estudantes universitários.
§ 2o Os estabelecimentos penais destinados a Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação
mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas compatível com a sua estrutura e finalidade.
possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política
mínimo, até 6 (seis) meses de idade. Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de
§ 3o Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste capacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza
artigo deverão possuir, exclusivamente, agentes do sexo e peculiaridades.
feminino na segurança de suas dependências internas.
§ 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a Art. 86. As penas privativas de liberdade aplicadas
cursos do ensino básico e profissionalizante. pela Justiça de uma Unidade Federativa podem ser
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria executadas em outra unidade, em estabelecimento local ou
Pública. da União.
§ 1o A União Federal poderá construir
Art. 83-A. Poderão ser objeto de execução indireta estabelecimento penal em local distante da condenação
as atividades materiais acessórias, instrumentais ou para recolher os condenados, quando a medida se
complementares desenvolvidas em estabelecimentos justifique no interesse da segurança pública ou do próprio
penais, e notadamente: condenado.
I - serviços de conservação, limpeza, informática, § 2° Conforme a natureza do estabelecimento, nele
copeiragem, portaria, recepção, reprografia, poderão trabalhar os liberados ou egressos que se
telecomunicações, lavanderia e manutenção de prédios, dediquem a obras públicas ou ao aproveitamento de terras
instalações e equipamentos internos e externos; ociosas.
II - serviços relacionados à execução de trabalho § 3o Caberá ao juiz competente, a requerimento da
pelo preso. autoridade administrativa definir o estabelecimento
§ 1o A execução indireta será realizada sob prisional adequado para abrigar o preso provisório ou
supervisão e fiscalização do poder público. condenado, em atenção ao regime e aos requisitos
§ 2o Os serviços relacionados neste artigo poderão estabelecidos.
compreender o fornecimento de materiais, equipamentos,
máquinas e profissionais. CAPÍTULO II
Da Penitenciária
Art. 83-B. São indelegáveis as funções de Art. 87. A penitenciária destina-se ao condenado à
direção, chefia e coordenação no âmbito do sistema pena de reclusão, em regime fechado.
penal, bem como todas as atividades que exijam o Parágrafo único. A União Federal, os Estados, o
exercício do poder de polícia, e notadamente: Distrito Federal e os Territórios poderão construir
I - classificação de condenados; Penitenciárias destinadas, exclusivamente, aos presos
II - aplicação de sanções disciplinares; provisórios e condenados que estejam em regime fechado,
III - controle de rebeliões; sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, nos termos do
IV - transporte de presos para órgãos do Poder art. 52 desta Lei.
Judiciário, hospitais e outros locais externos aos
estabelecimentos penais. Art. 88. O condenado será alojado em cela
individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e
lavatório.
Art. 84. O preso provisório ficará separado do
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade
condenado por sentença transitada em julgado.
celular:
§ 1o Os presos provisórios ficarão separados de a) salubridade do ambiente pela concorrência dos
acordo com os seguintes critérios: fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou adequado à existência humana;
equiparados; b) área mínima de 6,00m2 (seis metros
II - acusados pela prática de crimes cometidos com quadrados).
violência ou grave ameaça à pessoa;
III - acusados pela prática de outros crimes ou
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a
contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II. penitenciária de mulheres será dotada de seção para
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário gestante e parturiente e de creche para abrigar crianças
da Administração da Justiça Criminal ficará em maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) anos, com
dependência separada. a finalidade de assistir a criança desamparada cuja
§ 3o Os presos condenados ficarão separados de responsável estiver presa.
acordo com os seguintes critérios: Parágrafo único. São requisitos básicos da seção e
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou da creche referidas neste artigo:
equiparados; I – atendimento por pessoal qualificado, de acordo
II - reincidentes condenados pela prática de crimes com as diretrizes adotadas pela legislação educacional e
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; em unidades autônomas; e
III - primários condenados pela prática de crimes
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;
II – horário de funcionamento que garanta a melhor Art. 100. O exame psiquiátrico e os demais exames
assistência à criança e à sua responsável. necessários ao tratamento são obrigatórios para todos os
internados.
Art. 90. A penitenciária de homens será construída,
Art. 101. O tratamento ambulatorial, previsto no
em local afastado do centro urbano, à distância que não
artigo 97, segunda parte, do Código Penal, será realizado
restrinja a visitação.
no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou em
outro local com dependência médica adequada.
CAPÍTULO III
Da Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
CAPÍTULO VII
Art. 91. A Colônia Agrícola, Industrial ou Similar
Da Cadeia Pública
destina-se ao cumprimento da pena em regime semi-
Art. 102. A cadeia pública destina-se ao
aberto.
recolhimento de presos provisórios.
Art. 92. O condenado poderá ser alojado em
Art. 103. Cada comarca terá, pelo menos 1 (uma)
compartimento coletivo, observados os requisitos da
cadeia pública a fim de resguardar o interesse da
letra a, do parágrafo único, do artigo 88, desta Lei.
Administração da Justiça Criminal e a permanência do
Parágrafo único. São também requisitos básicos das
preso em local próximo ao seu meio social e familiar.
dependências coletivas:
a) a seleção adequada dos presos;
Art. 104. O estabelecimento de que trata este
b) o limite de capacidade máxima que atenda os
Capítulo será instalado próximo de centro urbano,
objetivos de individualização da pena.
observando-se na construção as exigências mínimas
referidas no artigo 88 e seu parágrafo único desta Lei.
CAPÍTULO IV
Da Casa do Albergado
TÍTULO V
Art. 93. A Casa do Albergado destina-se ao Da Execução das Penas em Espécie
cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime
CAPÍTULO I
aberto, e da pena de limitação de fim de semana.
Das Penas Privativas de Liberdade
SEÇÃO I
Art. 94. O prédio deverá situar-se em centro urbano,
Disposições Gerais
separado dos demais estabelecimentos, e caracterizar-se
Art. 105. Transitando em julgado a sentença que
pela ausência de obstáculos físicos contra a fuga.
aplicar pena privativa de liberdade, se o réu estiver ou
vier a ser preso, o Juiz ordenará a expedição de guia de
Art. 95. Em cada região haverá, pelo menos, uma recolhimento para a execução.
Casa do Albergado, a qual deverá conter, além dos
aposentos para acomodar os presos, local adequado para
Art. 106. A guia de recolhimento, extraída pelo
cursos e palestras.
escrivão, que a rubricará em todas as folhas e a assinará
Parágrafo único. O estabelecimento terá instalações
com o Juiz, será remetida à autoridade administrativa
para os serviços de fiscalização e orientação dos
incumbida da execução e conterá:
condenados.
I - o nome do condenado;
II - a sua qualificação civil e o número do registro
CAPÍTULO V
geral no órgão oficial de identificação;
Do Centro de Observação
III - o inteiro teor da denúncia e da sentença
Art. 96. No Centro de Observação realizar-se-ão os
condenatória, bem como certidão do trânsito em julgado;
exames gerais e o criminológico, cujos resultados serão
IV - a informação sobre os antecedentes e o grau de
encaminhados à Comissão Técnica de Classificação.
instrução;
Parágrafo único. No Centro poderão ser realizadas
V - a data da terminação da pena;
pesquisas criminológicas.
VI - outras peças do processo reputadas
indispensáveis ao adequado tratamento penitenciário.
Art. 97. O Centro de Observação será instalado em
§ 1º Ao Ministério Público se dará ciência da guia de
unidade autônoma ou em anexo a estabelecimento penal.
recolhimento.
§ 2º A guia de recolhimento será retificada sempre
Art. 98. Os exames poderão ser realizados pela
que sobrevier modificação quanto ao início da execução ou
Comissão Técnica de Classificação, na falta do Centro de
ao tempo de duração da pena.
Observação.
§ 3° Se o condenado, ao tempo do fato, era
funcionário da Administração da Justiça Criminal, far-se-á,
CAPÍTULO VI
na guia, menção dessa circunstância, para fins do disposto
Do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico no § 2°, do artigo 84, desta Lei.
Art. 99. O Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico destina-se aos inimputáveis e semi-
Art. 107. Ninguém será recolhido, para
imputáveis referidos no artigo 26 e seu parágrafo único do
cumprimento de pena privativa de liberdade, sem a guia
Código Penal.
expedida pela autoridade judiciária.
Parágrafo único. Aplica-se ao hospital, no que
§ 1° A autoridade administrativa incumbida da
couber, o disposto no parágrafo único, do artigo 88, desta
execução passará recibo da guia de recolhimento para
Lei.
juntá-la aos autos do processo, e dará ciência dos seus
termos ao condenado.
§ 2º As guias de recolhimento serão registradas em
livro especial, segundo a ordem cronológica do
recebimento, e anexadas ao prontuário do condenado, carcerária, comprovada pelo diretor do estabelecimento,
aditando-se, no curso da execução, o cálculo das remições respeitadas as normas que vedam a progressão. (2019)
e de outras retificações posteriores. § 2º A decisão do juiz que determinar a progressão
de regime será sempre motivada e precedida de
Art. 108. O condenado a quem sobrevier doença manifestação do Ministério Público e do defensor,
mental será internado em Hospital de Custódia e procedimento que também será adotado na concessão de
Tratamento Psiquiátrico. livramento condicional, indulto e comutação de penas,
respeitados os prazos previstos nas normas vigentes.
(2019)
Art. 109. Cumprida ou extinta a pena, o condenado
§ 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou
será posto em liberdade, mediante alvará do Juiz, se por
outro motivo não estiver preso. responsável por crianças ou pessoas com deficiência, os
requisitos para progressão de regime são,
cumulativamente: (2018)
SEÇÃO II
Dos Regimes I - não ter cometido crime com violência ou grave
Art. 110. O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime ameaça a pessoa; (2018)
II - não ter cometido o crime contra seu filho ou
no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena
privativa de liberdade, observado o disposto no artigo 33 e dependente; (2018)
seus parágrafos do Código Penal. III - ter cumprido ao menos 1/8 (um oitavo) da pena
no regime anterior; (2018)
Art. 111. Quando houver condenação por mais de IV - ser primária e ter bom comportamento
um crime, no mesmo processo ou em processos distintos, carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento;
(2018)
a determinação do regime de cumprimento será feita pelo
V - não ter integrado organização criminosa. (2018)
resultado da soma ou unificação das penas, observada,
§ 4º O cometimento de novo crime doloso ou falta
quando for o caso, a detração ou remição.
grave implicará a revogação do benefício previsto no § 3º
Parágrafo único. Sobrevindo condenação no curso
deste artigo. (2018)
da execução, somar-se-á a pena ao restante da que está
§ 5º Não se considera hediondo ou equiparado,
sendo cumprida, para determinação do regime.
para os fins deste artigo, o crime de tráfico de drogas
previsto no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto
Art. 112. A pena privativa de liberdade será de 2006. (2019)
executada em forma progressiva com a transferência para § 6º O cometimento de falta grave durante a
regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, execução da pena privativa de liberdade interrompe o
quando o preso tiver cumprido ao menos: (2019) prazo para a obtenção da progressão no regime de
I - 16% (dezesseis por cento) da pena, se o cumprimento da pena, caso em que o reinício da
apenado for primário e o crime tiver sido cometido sem contagem do requisito objetivo terá como base a pena
violência à pessoa ou grave ameaça; (2019) remanescente. (2019)
II - 20% (vinte por cento) da pena, se o apenado for § 7º O bom comportamento é readquirido após 1
reincidente em crime cometido sem violência à pessoa ou (um) ano da ocorrência do fato, ou antes, após o
grave ameaça; (2019) cumprimento do requisito temporal exigível para a
III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o obtenção do direito. (2019)
apenado for primário e o crime tiver sido cometido com
violência à pessoa ou grave ameaça; (2019)
Art. 113. O ingresso do condenado em regime
IV - 30% (trinta por cento) da pena, se o apenado
aberto supõe a aceitação de seu programa e das
for reincidente em crime cometido com violência à pessoa
condições impostas pelo Juiz.
ou grave ameaça; (2019)
V - 40% (quarenta por cento) da pena, se o
Art. 114. Somente poderá ingressar no regime
apenado for condenado pela prática de crime hediondo
aberto o condenado que:
ou equiparado, se for primário; (2019)
I - estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade
VI - 50% (cinquenta por cento) da pena, se o
de fazê-lo imediatamente;
apenado for: (2019)
II - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo
a) condenado pela prática de crime hediondo ou
resultado dos exames a que foi submetido, fundados
equiparado, com resultado morte, se for primário, vedado
indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso
o livramento condicional; (2019)
de responsabilidade, ao novo regime.
b) condenado por exercer o comando, individual
Parágrafo único. Poderão ser dispensadas do
ou coletivo, de organização criminosa estruturada para
trabalho as pessoas referidas no artigo 117 desta Lei.
a prática de crime hediondo ou equiparado; ou(2019)
c) condenado pela prática do crime de
Art. 115. O Juiz poderá estabelecer condições
constituição de milícia privada; (2019)
especiais para a concessão de regime aberto, sem
VII - 60% (sessenta por cento) da pena, se o
prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias:
apenado for reincidente na prática de crime hediondo ou
I - permanecer no local que for designado, durante
equiparado; (2019)
o repouso e nos dias de folga;
VIII - 70% (setenta por cento) da pena, se o
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários
apenado for reincidente em crime hediondo ou
fixados;
equiparado com resultado morte, vedado o livramento
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem
condicional. (2019)
autorização judicial;
§ 1º Em todos os casos, o apenado só terá direito à
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as
progressão de regime se ostentar boa conduta
suas atividades, quando for determinado.
STJ: É lícito ao Juiz estabelecer condições especiais para a II - necessidade de tratamento médico (parágrafo
concessão do regime aberto, em complementação daquelas único do artigo 14).
previstas no art. 115, da LEP, mas não poderá adotar a esse título Parágrafo único. A permissão de saída será
nenhum efeito já classificado como pena substitutiva (art. concedida pelo diretor do estabelecimento onde se
44 do CPB), porque aí ocorreria o indesejável bis in idem, encontra o preso.
importando na aplicação de dúplice sanção.
REsp. 1.107.314/PR e HC 212.692/SP
Art. 121. A permanência do preso fora do
estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da
Art. 116. O Juiz poderá modificar as condições
saída.
estabelecidas, de ofício, a requerimento do Ministério
Público, da autoridade administrativa ou do condenado,
SUBSEÇÃO II
desde que as circunstâncias assim o recomendem.
Da Saída Temporária
Art. 122. Os condenados que cumprem pena em
Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do
regime semi-aberto poderão obter autorização para saída
beneficiário de regime aberto em residência particular
temporária do estabelecimento, sem vigilância direta, nos
quando se tratar de:
seguintes casos:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
I - visita à família;
II - condenado acometido de doença grave;
II - frequência a curso supletivo profissionalizante,
III - condenada com filho menor ou deficiente
bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca
físico ou mental;
do Juízo da Execução;
IV - condenada gestante.
III - participação em atividades que concorram para
o retorno ao convívio social.
Art. 118. A execução da pena privativa de
§ 1º A ausência de vigilância direta não impede a
liberdade ficará sujeita à forma regressiva, com a
utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo
transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos,
condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
quando o condenado:
I - praticar fato definido como crime doloso ou falta § 2º Não terá direito à saída temporária a que se
grave; refere o caput deste artigo o condenado que cumpre
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena por praticar crime hediondo com resultado morte.
pena, somada ao restante da pena em execução, torne (2019)
incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto
se, além das hipóteses referidas nos incisos anteriores, Art. 123. A autorização será concedida por ato
frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério
multa cumulativamente imposta. Público e a administração penitenciária e dependerá da
§ 2º Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo satisfação dos seguintes requisitos:
anterior, deverá ser ouvido previamente o condenado. I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena,
STJ: Súmula 491 - É inadmissível a chamada progressão per
saltum de regime prisional.
se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se
STF: A prática de falta grave pode resultar, observado o reincidente;
contraditório e a ampla defesa, em regressão de regime. A prática III - compatibilidade do benefício com os objetivos
de ‘fato definido como crime doloso, para fins de aplicação da da pena.
sanção administrativa da regressão, não depende de trânsito em
julgado da ação penal respectiva. Art. 124. A autorização será concedida por prazo
A natureza jurídica da regressão de regime lastreada nas não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por
hipóteses do art. 118, I,da Lei de Execuções Penais é mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
sancionatória, enquanto aquela baseada no inciso II tem por
§ 1o Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá
escopo a correta individualização da pena. A regressão aplicada
sob o fundamento do art. 118, I, segunda parte, não ofende ao ao beneficiário as seguintes condições, entre outras que
princípio da presunção de inocência ou ao vetor estrutural da entender compatíveis com as circunstâncias do caso e a
dignidade da pessoa humana. (HC 93782/2008.) situação pessoal do condenado:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a
Art. 119. A legislação local poderá estabelecer ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o gozo
normas complementares para o cumprimento da pena do benefício;
privativa de liberdade em regime aberto (artigo 36, § 1º, do II - recolhimento à residência visitada, no período
Código Penal). noturno;
III - proibição de frequentar bares, casas noturnas e
SEÇÃO III estabelecimentos congêneres.
Das Autorizações de Saída § 2o Quando se tratar de frequência a curso
SUBSEÇÃO I profissionalizante, de instrução de ensino médio ou
Da Permissão de Saída superior, o tempo de saída será o necessário para o
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em cumprimento das atividades discentes.
regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios § 3o Nos demais casos, as autorizações de saída
poderão obter permissão para sair do estabelecimento, somente poderão ser concedidas com prazo mínimo de 45
mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos: (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra.
I - falecimento ou doença grave do cônjuge,
companheira, ascendente, descendente ou irmão; Art. 125. O benefício será automaticamente
revogado quando o condenado praticar fato definido como
crime doloso, for punido por falta grave, desatender
as condições impostas na autorização ou revelar baixo § 2o Ao condenado dar-se-á a relação de seus dias
grau de aproveitamento do curso. remidos.
Parágrafo único. A recuperação do direito à saída
temporária dependerá da absolvição no processo penal, do Art. 130. Constitui o crime do artigo 299 do Código
cancelamento da punição disciplinar ou da demonstração Penal declarar ou atestar falsamente prestação de serviço
do merecimento do condenado. para fim de instruir pedido de remição.
STF: Não se admite a remição pelo trabalho no regime aberto.
SEÇÃO IV A razão estaria no art. 36, parágrafo 1º, do CP, que aduz ser
Da Remição necessário que o apenado que cumpre pena em regime aberto
Art. 126. O condenado que cumpre a pena em trabalhe, frequente curso ou exerça outra atividade autorizada.
Nessa linha, a realização de atividade laboral nesse regime de
regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho
cumprimento de pena não seja, como nos demais estímulo para
ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. que o condenado, trabalhando, tivesse direito à remição da pena,
na medida em que, nesse regime, o labor não seria senão
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será pressuposto da nova condição de cumprimento de pena.
feita à razão de: (HC 98261/RS)

I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de


frequência escolar - atividade de ensino fundamental,
médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de SEÇÃO V
requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3 Do Livramento Condicional
(três) dias; Art. 131. O livramento condicional poderá ser
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de concedido pelo Juiz da execução, presentes os requisitos
trabalho. do artigo 83, incisos e parágrafo único, do Código Penal,
§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o ouvidos o Ministério Público e Conselho Penitenciário.
deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma
Código Penal:
presencial ou por metodologia de ensino a distância e
“Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao
deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2
competentes dos cursos frequentados. (dois) anos, desde que:
§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for
as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes;
forma a se compatibilizarem. II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em
§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de crime doloso;
prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará a III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução
da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e
beneficiar-se com a remição.
aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho
§ 5o O tempo a remir em função das horas de estudo honesto;
será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de conclusão do IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o
ensino fundamental, médio ou superior durante o dano causado pela infração;
cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de
competente do sistema de educação. condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de
§ 6o O condenado que cumpre pena em regime entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for
aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade condicional reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido
poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular
com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do
ou de educação profissional, parte do tempo de execução livramento ficará também subordinada à constatação de
da pena ou do período de prova, observado o disposto no condições”
inciso I do § 1o deste artigo. pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a
§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses delinquir.
de prisão cautelar.
§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, Art. 132. Deferido o pedido, o Juiz especificará as
ouvidos o Ministério Público e a defesa. condições a que fica subordinado o livramento.
§ 1º Serão sempre impostas ao liberado
Art. 127. Em caso de falta grave, o juiz poderá condicional as obrigações seguintes: (Condições
revogar até 1/3 (um terço) do tempo remido, observado o obrigatórias)
disposto no art. 57, recomeçando a contagem a partir da a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável
data da infração disciplinar. se for apto para o trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua
Art. 128. O tempo remido será computado como ocupação;
pena cumprida, para todos os efeitos. c) não mudar do território da comarca do Juízo da
execução, sem prévia autorização deste.
Art. 129. A autoridade administrativa encaminhará § 2° Poderão ainda ser impostas ao liberado
mensalmente ao juízo da execução cópia do registro de condicional, entre outras obrigações, as seguintes:
todos os condenados que estejam trabalhando ou (Condições facultativas)
estudando, com informação dos dias de trabalho ou das a) não mudar de residência sem comunicação ao
horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
cada um deles. proteção;
§ 1o O condenado autorizado a estudar fora do b) recolher-se à habitação em hora fixada;
estabelecimento penal deverá comprovar mensalmente, c) não frequentar determinados lugares.
por meio de declaração da respectiva unidade de ensino, a d) (VETADO)
frequência e o aproveitamento escolar.

ID:
248
Parágrafo único. A entidade encarregada da
Art. 133. Se for permitido ao liberado residir fora da observação cautelar e da proteção do liberado apresentará
comarca do Juízo da execução, remeter-se-á cópia da relatório ao Conselho Penitenciário, para efeito da
sentença do livramento ao Juízo do lugar para onde ele se representação prevista nos artigos 143 e 144 desta Lei.
houver transferido e à autoridade incumbida da observação
cautelar e de proteção. Art. 140. A revogação do livramento condicional dar-
se-á nas hipóteses previstas nos artigos 86 e 87 do Código
Art. 134. O liberado será advertido da obrigação de Penal.
apresentar-se imediatamente às autoridades referidas no Parágrafo único. Mantido o livramento condicional,
artigo anterior. na hipótese da revogação facultativa, o Juiz deverá advertir
o liberado ou agravar as condições.
Art. 135. Reformada a sentença denegatória do
livramento, os autos baixarão ao Juízo da execução, para Art. 141. Se a revogação for motivada por infração
as providências cabíveis. penal anterior à vigência do livramento, computar-se-á
como tempo de cumprimento da pena o período de prova,
Art. 136. Concedido o benefício, será expedida a sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a
carta de livramento com a cópia integral da sentença em 2 soma do tempo das 2 (duas) penas.
(duas) vias, remetendo-se uma à autoridade administrativa
incumbida da execução e outra ao Conselho Penitenciário. Art. 142. No caso de revogação por outro motivo,
não se computará na pena o tempo em que esteve solto o
Art. 137. A cerimônia do livramento condicional será liberado, e tampouco se concederá, em relação à mesma
realizada solenemente no dia marcado pelo Presidente do pena, novo livramento.
Conselho Penitenciário, no estabelecimento onde está
sendo cumprida a pena, observando-se o seguinte: Art. 143. A revogação será decretada a
I - a sentença será lida ao liberando, na presença requerimento do Ministério Público, mediante
dos demais condenados, pelo Presidente do Conselho representação do Conselho Penitenciário, ou, de ofício,
Penitenciário ou membro por ele designado, ou, na falta, pelo Juiz, ouvido o liberado.
pelo Juiz;
II - a autoridade administrativa chamará a atenção Art. 144. O Juiz, de ofício, a requerimento do
do liberando para as condições impostas na sentença de Ministério Público, da Defensoria Pública ou mediante
livramento; representação do Conselho Penitenciário, e ouvido o
III - o liberando declarará se aceita as condições. liberado, poderá modificar as condições especificadas na
§ 1º De tudo em livro próprio, será lavrado termo sentença, devendo o respectivo ato decisório ser lido ao
subscrito por quem presidir a cerimônia e pelo liberando, liberado por uma das autoridades ou funcionários indicados
ou alguém a seu rogo, se não souber ou não puder no inciso I do caput do art. 137 desta Lei, observado o
escrever. disposto nos incisos II e III e §§ 1o e 2o do mesmo artigo.
§ 2º Cópia desse termo deverá ser remetida ao Juiz
da execução. Art. 145. Praticada pelo liberado outra infração
penal, o Juiz poderá ordenar a sua prisão, ouvidos o
Art. 138. Ao sair o liberado do estabelecimento Conselho Penitenciário e o Ministério Público,
penal, ser-lhe-á entregue, além do saldo de seu pecúlio e suspendendo o curso do livramento condicional, cuja
do que lhe pertencer, uma caderneta, que exibirá à revogação, entretanto, ficará dependendo da decisão final.
autoridade judiciária ou administrativa, sempre que lhe for
exigida. Art. 146. O Juiz, de ofício, a requerimento do
§ 1º A caderneta conterá: interessado, do Ministério Público ou mediante
a) a identificação do liberado; representação do Conselho Penitenciário, julgará extinta a
b) o texto impresso do presente Capítulo; pena privativa de liberdade, se expirar o prazo do
c) as condições impostas. livramento sem revogação.
§ 2º Na falta de caderneta, será entregue ao liberado
um salvo-conduto, em que constem as condições do Seção VI
livramento, podendo substituir-se a ficha de identificação Da Monitoração Eletrônica
ou o seu retrato pela descrição dos sinais que possam Art. 146-A. (VETADO).
identificá-lo. Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por
§ 3º Na caderneta e no salvo-conduto deverá haver meio da monitoração eletrônica quando:
espaço para consignar-se o cumprimento das condições I - (VETADO);
referidas no artigo 132 desta Lei. II - autorizar a saída temporária no regime
semiaberto;
Art. 139. A observação cautelar e a proteção III - (VETADO);
realizadas por serviço social penitenciário, Patronato ou IV - determinar a prisão domiciliar;
Conselho da Comunidade terão a finalidade de: V - (VETADO);
I - fazer observar o cumprimento das condições Parágrafo único. (VETADO).
especificadas na sentença concessiva do benefício;
II - proteger o beneficiário, orientando-o na Art. 146-C. O condenado será instruído acerca dos
execução de suas obrigações e auxiliando-o na obtenção cuidados que deverá adotar com o equipamento eletrônico
de atividade laborativa. e dos seguintes deveres:
I - receber visitas do servidor responsável pela Art. 150. A entidade beneficiada com a prestação de
monitoração eletrônica, responder aos seus contatos e serviços encaminhará mensalmente, ao Juiz da execução,
cumprir suas orientações; relatório circunstanciado das atividades do condenado,
II - abster-se de remover, de violar, de modificar, de bem como, a qualquer tempo, comunicação sobre
danificar de qualquer forma o dispositivo de monitoração ausência ou falta disciplinar.
eletrônica ou de permitir que outrem o faça;
III - (VETADO); SEÇÃO III
Parágrafo único. A violação comprovada dos Da Limitação de Fim de Semana
deveres previstos neste artigo poderá acarretar, a critério Art. 151. Caberá ao Juiz da execução determinar a
do juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a intimação do condenado, cientificando-o do local, dias e
defesa: horário em que deverá cumprir a pena.
I - a regressão do regime; Parágrafo único. A execução terá início a partir da
II - a revogação da autorização de saída data do primeiro comparecimento.
temporária;
III - (VETADO); Art. 152. Poderão ser ministrados ao condenado,
IV - (VETADO); durante o tempo de permanência, cursos e palestras, ou
V - (VETADO); atribuídas atividades educativas.
VI - a revogação da prisão domiciliar; Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica
VII - advertência, por escrito, para todos os casos contra a mulher, o juiz poderá determinar o
em que o juiz da execução decida não aplicar alguma das comparecimento obrigatório do agressor a programas de
medidas previstas nos incisos de I a VI deste parágrafo. recuperação e reeducação.

Art. 146-D. A monitoração eletrônica poderá ser Art. 153. O estabelecimento designado
revogada: encaminhará, mensalmente, ao Juiz da execução,
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada; relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a ausência ou falta disciplinar do condenado.
que estiver sujeito durante a sua vigência ou cometer falta
grave. SEÇÃO IV
Da Interdição Temporária de Direitos
CAPÍTULO II Art. 154. Caberá ao Juiz da execução comunicar à
Das Penas Restritivas de Direitos autoridade competente a pena aplicada, determinada a
SEÇÃO I intimação do condenado.
Disposições Gerais § 1º Na hipótese de pena de interdição do artigo 47,
Art. 147. Transitada em julgado a sentença que inciso I, do Código Penal, a autoridade deverá, em 24 (vinte
aplicou a pena restritiva de direitos, o Juiz da execução, e quatro) horas, contadas do recebimento do ofício, baixar
de ofício ou a requerimento do Ministério Público, ato, a partir do qual a execução terá seu início.
promoverá a execução, podendo, para tanto, requisitar, § 2º Nas hipóteses do artigo 47, incisos II e III, do
quando necessário, a colaboração de entidades públicas Código Penal, o Juízo da execução determinará a
ou solicitá-la a particulares. apreensão dos documentos, que autorizam o exercício do
direito interditado.
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o
Juiz, motivadamente, alterar, a forma de cumprimento das Art. 155. A autoridade deverá comunicar
penas de prestação de serviços à comunidade e de imediatamente ao Juiz da execução o descumprimento da
limitação de fim de semana, ajustando-as às condições pena.
pessoais do condenado e às características do Parágrafo único. A comunicação prevista neste
estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário artigo poderá ser feita por qualquer prejudicado.
ou estatal.
CAPÍTULO III
SEÇÃO II Da Suspensão Condicional
Da Prestação de Serviços à Comunidade Art. 156. O Juiz poderá suspender, pelo período de
Art. 149. Caberá ao Juiz da execução: 2 (dois) a 4 (quatro) anos, a execução da pena privativa de
I - designar a entidade ou programa comunitário ou liberdade, não superior a 2 (dois) anos, na forma prevista
estatal, devidamente credenciado ou convencionado, junto nos artigos 77 a 82 do Código Penal.
ao qual o condenado deverá trabalhar gratuitamente, de
acordo com as suas aptidões; Art. 157. O Juiz ou Tribunal, na sentença que aplicar
II - determinar a intimação do condenado, pena privativa de liberdade, na situação determinada no
cientificando-o da entidade, dias e horário em que deverá artigo anterior, deverá pronunciar-se, motivadamente,
cumprir a pena; sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a
III - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la denegue.
às modificações ocorridas na jornada de trabalho.
§ 1º o trabalho terá a duração de 8 (oito) horas Art. 158. Concedida a suspensão, o Juiz especificará
semanais e será realizado aos sábados, domingos e as condições a que fica sujeito o condenado, pelo prazo
feriados, ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a fixado, começando este a correr da audiência prevista no
jornada normal de trabalho, nos horários estabelecidos artigo 160 desta Lei.
pelo Juiz. § 1° As condições serão adequadas ao fato e à
§ 2º A execução terá início a partir da data do situação pessoal do condenado, devendo ser incluída entre
primeiro comparecimento. as mesmas a de prestar serviços à comunidade, ou
limitação de fim de semana, salvo hipótese do artigo 78, § Art. 164. Extraída certidão da sentença condenatória
2º, do Código Penal. com trânsito em julgado, que valerá como título executivo
§ 2º O Juiz poderá, a qualquer tempo, de ofício, a judicial, o Ministério Público requererá, em autos
requerimento do Ministério Público ou mediante proposta apartados, a citação do condenado para, no prazo de 10
do Conselho Penitenciário, modificar as condições e regras (dez) dias, pagar o valor da multa ou nomear bens à
estabelecidas na sentença, ouvido o condenado. penhora.
§ 3º A fiscalização do cumprimento das condições, § 1º Decorrido o prazo sem o pagamento da multa,
reguladas nos Estados, Territórios e Distrito Federal por ou o depósito da respectiva importância, proceder-se-á à
normas supletivas, será atribuída a serviço social penhora de tantos bens quantos bastem para garantir a
penitenciário, Patronato, Conselho da Comunidade ou execução.
instituição beneficiada com a prestação de serviços, § 2º A nomeação de bens à penhora e a posterior
inspecionados pelo Conselho Penitenciário, pelo Ministério execução seguirão o que dispuser a lei processual civil.
Público, ou ambos, devendo o Juiz da execução suprir, por
ato, a falta das normas supletivas. Art. 165. Se a penhora recair em bem imóvel, os
§ 4º O beneficiário, ao comparecer periodicamente à autos apartados serão remetidos ao Juízo Cível para
entidade fiscalizadora, para comprovar a observância das prosseguimento.
condições a que está sujeito, comunicará, também, a sua
ocupação e os salários ou proventos de que vive. Art. 166. Recaindo a penhora em outros bens, dar-
§ 5º A entidade fiscalizadora deverá comunicar se-á prosseguimento nos termos do § 2º do artigo 164,
imediatamente ao órgão de inspeção, para os fins legais, desta Lei.
qualquer fato capaz de acarretar a revogação do benefício,
a prorrogação do prazo ou a modificação das condições. Art. 167. A execução da pena de multa será
§ 6º Se for permitido ao beneficiário mudar-se, será suspensa quando sobrevier ao condenado doença mental
feita comunicação ao Juiz e à entidade fiscalizadora do (artigo 52 do Código Penal).
local da nova residência, aos quais o primeiro deverá
apresentar-se imediatamente. Art. 168. O Juiz poderá determinar que a cobrança
da multa se efetue mediante desconto no vencimento ou
Art. 159. Quando a suspensão condicional da pena salário do condenado, nas hipóteses do artigo 50, § 1º,
for concedida por Tribunal, a este caberá estabelecer as do Código Penal, observando-se o seguinte:
condições do benefício. I - o limite máximo do desconto mensal será o da
§ 1º De igual modo proceder-se-á quando o Tribunal quarta parte da remuneração e o mínimo o de um décimo;
modificar as condições estabelecidas na sentença II - o desconto será feito mediante ordem do Juiz a
recorrida. quem de direito;
§ 2º O Tribunal, ao conceder a suspensão III - o responsável pelo desconto será intimado a
condicional da pena, poderá, todavia, conferir ao Juízo da recolher mensalmente, até o dia fixado pelo Juiz, a
execução a incumbência de estabelecer as condições do importância determinada.
benefício, e, em qualquer caso, a de realizar a audiência
admonitória. Art. 169. Até o término do prazo a que se refere o
artigo 164 desta Lei, poderá o condenado requerer ao Juiz
Art. 160. Transitada em julgado a sentença o pagamento da multa em prestações mensais, iguais e
condenatória, o Juiz a lerá ao condenado, em audiência, sucessivas.
advertindo-o das consequências de nova infração penal e § 1° O Juiz, antes de decidir, poderá determinar
do descumprimento das condições impostas. diligências para verificar a real situação econômica do
condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número
Art. 161. Se, intimado pessoalmente ou por edital de prestações.
com prazo de 20 (vinte) dias, o réu não comparecer § 2º Se o condenado for impontual ou se melhorar
injustificadamente à audiência admonitória, a suspensão de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento
ficará sem efeito e será executada imediatamente a pena. do Ministério Público, revogará o benefício executando-se
a multa, na forma prevista neste Capítulo, ou
Art. 162. A revogação da suspensão condicional da prosseguindo-se na execução já iniciada.
pena e a prorrogação do período de prova dar-se-ão na
forma do artigo 81 e respectivos parágrafos do Código Art. 170. Quando a pena de multa for aplicada
Penal. cumulativamente com pena privativa da liberdade,
enquanto esta estiver sendo executada, poderá aquela ser
Art. 163. A sentença condenatória será registrada, cobrada mediante desconto na remuneração do
com a nota de suspensão em livro especial do Juízo a que condenado (artigo 168).
couber a execução da pena. § 1º Se o condenado cumprir a pena privativa de
§ 1º Revogada a suspensão ou extinta a pena, será liberdade ou obtiver livramento condicional, sem haver
o fato averbado à margem do registro. resgatado a multa, far-se-á a cobrança nos termos deste
§ 2º O registro e a averbação serão sigilosos, salvo Capítulo.
para efeito de informações requisitadas por órgão judiciário § 2º Aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior
ou pelo Ministério Público, para instruir processo penal. aos casos em que for concedida a suspensão condicional
da pena.
CAPÍTULO IV
Da Pena de Multa TÍTULO VI
Da Execução das Medidas de Segurança
CAPÍTULO I
Disposições Gerais
Art. 171. Transitada em julgado a sentença que Art. 177. Nos exames sucessivos para verificar-se a
aplicar medida de segurança, será ordenada a expedição cessação da periculosidade, observar-se-á, no que lhes for
de guia para a execução. aplicável, o disposto no artigo anterior.

Art. 172. Ninguém será internado em Hospital de Art. 178. Nas hipóteses de desinternação ou de
Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a liberação (artigo 97, § 3º, do Código Penal), aplicar-se-á o
tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de disposto nos artigos 132 e 133 desta Lei.
segurança, sem a guia expedida pela autoridade
judiciária. Art. 179. Transitada em julgado a sentença, o Juiz
expedirá ordem para a desinternação ou a liberação.
Art. 173. A guia de internamento ou de tratamento
ambulatorial, extraída pelo escrivão, que a rubricará em TÍTULO VII
todas as folhas e a subscreverá com o Juiz, será remetida Dos Incidentes de Execução
à autoridade administrativa incumbida da execução e CAPÍTULO I
conterá: Das Conversões
I - a qualificação do agente e o número do registro Art. 180. A pena privativa de liberdade, não superior
geral do órgão oficial de identificação; a 2 (dois) anos, poderá ser convertida em restritiva de
II - o inteiro teor da denúncia e da sentença que tiver direitos, desde que:
aplicado a medida de segurança, bem como a certidão do I - o condenado a esteja cumprindo em regime
trânsito em julgado; aberto;
III - a data em que terminará o prazo mínimo de II - tenha sido cumprido pelo menos 1/4 (um quarto)
internação, ou do tratamento ambulatorial; da pena;
IV - outras peças do processo reputadas III - os antecedentes e a personalidade do
indispensáveis ao adequado tratamento ou internamento. condenado indiquem ser a conversão recomendável.
§ 1° Ao Ministério Público será dada ciência da guia
de recolhimento e de sujeição a tratamento. Art. 181. A pena restritiva de direitos será convertida
§ 2° A guia será retificada sempre que sobrevier em privativa de liberdade nas hipóteses e na forma do
modificações quanto ao prazo de execução. artigo 45 e seus incisos do Código Penal.
§ 1º A pena de prestação de serviços à comunidade
Art. 174. Aplicar-se-á, na execução da medida de será convertida quando o condenado:
segurança, naquilo que couber, o disposto nos artigos 8° e a) não for encontrado por estar em lugar incerto e
9° desta Lei. não sabido, ou desatender a intimação por edital;
b) não comparecer, injustificadamente, à entidade
CAPÍTULO II ou programa em que deva prestar serviço;
Da Cessação da Periculosidade c) recusar-se, injustificadamente, a prestar o
Art. 175. A cessação da periculosidade será serviço que lhe foi imposto;
averiguada no fim do prazo mínimo de duração da medida d) praticar falta grave;
de segurança, pelo exame das condições pessoais do e) sofrer condenação por outro crime à pena
agente, observando-se o seguinte: privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido
I - a autoridade administrativa, até 1 (um) mês antes suspensa.
de expirar o prazo de duração mínima da medida, remeterá § 2º A pena de limitação de fim de semana será
ao Juiz minucioso relatório que o habilite a resolver sobre convertida quando o condenado não comparecer ao
a revogação ou permanência da medida; estabelecimento designado para o cumprimento da pena,
II - o relatório será instruído com o laudo recusar-se a exercer a atividade determinada pelo Juiz ou
psiquiátrico; se ocorrer qualquer das hipóteses das letras "a", "d" e "e"
III - juntado aos autos o relatório ou realizadas as do parágrafo anterior.
diligências, serão ouvidos, sucessivamente, o Ministério § 3º A pena de interdição temporária de direitos será
Público e o curador ou defensor, no prazo de 3 (três) dias convertida quando o condenado exercer,
para cada um; injustificadamente, o direito interditado ou se ocorrer
IV - o Juiz nomeará curador ou defensor para o qualquer das hipóteses das letras "a" e "e", do § 1º, deste
agente que não o tiver; artigo.
V - o Juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer
das partes, poderá determinar novas diligências, ainda que Art. 182. (Revogado)
expirado o prazo de duração mínima da medida de
segurança; Art. 183. Quando, no curso da execução da pena
VI - ouvidas as partes ou realizadas as diligências a privativa de liberdade, sobrevier doença mental ou
que se refere o inciso anterior, o Juiz proferirá a sua perturbação da saúde mental, o Juiz, de ofício, a
decisão, no prazo de 5 (cinco) dias. requerimento do Ministério Público, da Defensoria Pública
ou da autoridade administrativa, poderá determinar a
Art. 176. Em qualquer tempo, ainda no decorrer do substituição da pena por medida de segurança.
prazo mínimo de duração da medida de segurança, poderá
o Juiz da execução, diante de requerimento fundamentado Art. 184. O tratamento ambulatorial poderá ser
do Ministério Público ou do interessado, seu procurador ou convertido em internação se o agente revelar
defensor, ordenar o exame para que se verifique a incompatibilidade com a medida.
cessação da periculosidade, procedendo-se nos termos do Parágrafo único. Nesta hipótese, o prazo mínimo de
artigo anterior. internação será de 1 (um) ano.

CAPÍTULO II
Do Excesso ou Desvio parente ou descendente, mediante proposta do Conselho
Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução Penitenciário, ou, ainda, da autoridade administrativa.
sempre que algum ato for praticado além dos limites
fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares. Art. 196. A portaria ou petição será autuada ouvindo-
se, em 3 (três) dias, o condenado e o Ministério Público,
Art. 186. Podem suscitar o incidente de excesso ou quando não figurem como requerentes da medida.
desvio de execução: § 1º Sendo desnecessária a produção de prova, o
I - o Ministério Público; Juiz decidirá de plano, em igual prazo.
II - o Conselho Penitenciário; § 2º Entendendo indispensável a realização de
III - o sentenciado; prova pericial ou oral, o Juiz a ordenará, decidindo após a
IV - qualquer dos demais órgãos da execução produção daquela ou na audiência designada.

penal.
Art. 197. Das decisões proferidas pelo Juiz caberá
CAPÍTULO III recurso de agravo, sem efeito suspensivo.
Da Anistia e do Indulto
Art. 187. Concedida a anistia, o Juiz, de ofício, a TÍTULO IX

requerimento do interessado ou do Ministério Público, por Das Disposições Finais e Transitórias


proposta da autoridade administrativa ou do Conselho Art. 198. É defesa ao integrante dos órgãos da
Penitenciário, declarará extinta a punibilidade. execução penal, e ao servidor, a divulgação de ocorrência
que perturbe a segurança e a disciplina dos
Art. 188. O indulto individual poderá ser provocado estabelecimentos, bem como exponha o preso à
por petição do condenado, por iniciativa do Ministério inconveniente notoriedade, durante o cumprimento da
Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade pena.
administrativa.
Art. 199. O emprego de algemas será disciplinado
Art. 189. A petição do indulto, acompanhada dos por decreto federal.
documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho
Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior Art. 200. O condenado por crime político não está
encaminhamento ao Ministério da Justiça. obrigado ao trabalho.

Art. 190. O Conselho Penitenciário, à vista dos autos Art. 201. Na falta de estabelecimento adequado, o
do processo e do prontuário, promoverá as diligências que cumprimento da prisão civil e da prisão administrativa se
entender necessárias e fará, em relatório, a narração do efetivará em seção especial da Cadeia Pública.
ilícito penal e dos fundamentos da sentença condenatória,
a exposição dos antecedentes do condenado e do Art. 202. Cumprida ou extinta a pena, não constarão
procedimento deste depois da prisão, emitindo seu parecer da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por
sobre o mérito do pedido e esclarecendo qualquer autoridade policial ou por auxiliares da Justiça, qualquer
formalidade ou circunstâncias omitidas na petição. notícia ou referência à condenação, salvo para instruir
processo pela prática de nova infração penal ou outros
Art. 191. Processada no Ministério da Justiça com casos expressos em lei.
documentos e o relatório do Conselho Penitenciário, a
petição será submetida a despacho do Presidente da Art. 203. No prazo de 6 (seis) meses, a contar da
República, a quem serão presentes os autos do processo publicação desta Lei, serão editadas as normas
ou a certidão de qualquer de suas peças, se ele o complementares ou regulamentares, necessárias à
determinar. eficácia dos dispositivos não auto-aplicáveis.
§ 1º Dentro do mesmo prazo deverão as Unidades
Art. 192. Concedido o indulto e anexada aos autos Federativas, em convênio com o Ministério da Justiça,
cópia do decreto, o Juiz declarará extinta a pena ou projetar a adaptação, construção e equipamento de
ajustará a execução aos termos do decreto, no caso de estabelecimentos e serviços penais previstos nesta Lei.
comutação. § 2º Também, no mesmo prazo, deverá ser
providenciada a aquisição ou desapropriação de prédios
Art. 193. Se o sentenciado for beneficiado por indulto para instalação de casas de albergados.
coletivo, o Juiz, de ofício, a requerimento do interessado, § 3º O prazo a que se refere o caput deste artigo
do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho poderá ser ampliado, por ato do Conselho Nacional de
Penitenciário ou da autoridade administrativa, Política Criminal e Penitenciária, mediante justificada
providenciará de acordo com o disposto no artigo anterior. solicitação, instruída com os projetos de reforma ou de
construção de estabelecimentos.
TÍTULO VIII § 4º O descumprimento injustificado dos deveres
Do Procedimento Judicial estabelecidos para as Unidades Federativas implicará na
Art. 194. O procedimento correspondente às suspensão de qualquer ajuda financeira a elas destinada
situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo- pela União, para atender às despesas de execução das
se perante o Juízo da execução. penas e medidas de segurança.

Art. 195. O procedimento judicial iniciar-se-á de


ofício, a requerimento do Ministério Público, do
interessado, de quem o represente, de seu cônjuge,
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I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for
Lei nº 8.069 / 1990 lavrado na presença do requerido;
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente
Estatuto da Criança e do Adolescente habilitado, que entregará cópia do auto ou da
representação ao requerido, ou a seu representante legal,
Seção VI lavrando certidão;
Da Apuração de Irregularidades em Entidade de III - por via postal, com aviso de recebimento, se não
Atendimento for encontrado o requerido ou seu representante legal;
Art. 191. O procedimento de apuração de IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou
irregularidades em entidade governamental e não- não sabido o paradeiro do requerido ou de seu
governamental terá início mediante portaria da autoridade representante legal.
judiciária ou representação do Ministério Público ou do
Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, resumo Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo
dos fatos. legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos do
Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a Ministério Público, por cinco dias, decidindo em igual prazo.
autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar
liminarmente o afastamento provisório do dirigente da Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade
entidade, mediante decisão fundamentada. judiciária procederá na conformidade do artigo anterior, ou,
sendo necessário, designará audiência de instrução e
Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no julgamento.
prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, podendo Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-
juntar documentos e indicar as provas a produzir. ão sucessivamente o Ministério Público e o procurador do
requerido, pelo tempo de vinte minutos para cada um,
Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo prorrogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária,
necessário, a autoridade judiciária designará audiência de que em seguida proferirá sentença.
instrução e julgamento, intimando as partes.
§ 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Seção VIII
Ministério Público terão cinco dias para oferecer alegações Da Habilitação de Pretendentes à Adoção
finais, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou no Brasil, apresentarão petição inicial na qual conste:
definitivo de dirigente de entidade governamental, a I - qualificação completa;
autoridade judiciária oficiará à autoridade administrativa II - dados familiares;
imediatamente superior ao afastado, marcando prazo para III - cópias autenticadas de certidão de nascimento
a substituição. ou casamento, ou declaração relativa ao período de união
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a estável;
autoridade judiciária poderá fixar prazo para a remoção das IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no
irregularidades verificadas. Satisfeitas as exigências, o Cadastro de Pessoas Físicas;
processo será extinto, sem julgamento de mérito. V - comprovante de renda e domicílio;
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao VI - atestados de sanidade física e mental;
dirigente da entidade ou programa de atendimento. VII - certidão de antecedentes criminais;
VIII - certidão negativa de distribuição
Seção VII cível.
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de
Proteção à Criança e ao Adolescente Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48
Art. 194. O procedimento para imposição de (quarenta e oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério
penalidade administrativa por infração às normas de Público, que no prazo de 5 (cinco) dias poderá:
proteção à criança e ao adolescente terá início por I - apresentar quesitos a serem respondidos pela
representação do Ministério Público, ou do Conselho equipe interprofissional encarregada de elaborar o estudo
Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo técnico a que se refere o art. 197-C desta Lei;
ou voluntário credenciado, e assinado por duas II - requerer a designação de audiência para oitiva
testemunhas, se possível. dos postulantes em juízo e testemunhas;
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de III - requerer a juntada de documentos
infração, poderão ser usadas fórmulas impressas, complementares e a realização de outras diligências que
especificando-se a natureza e as circunstâncias da entender necessárias.
infração.
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente,
seguir-se-á a lavratura do auto, certificando-se, em caso equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e
contrário, dos motivos do retardamento. da Juventude, que deverá elaborar estudo psicossocial,
que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para o preparo dos postulantes para o exercício de uma
apresentação de defesa, contado da data da intimação,
que será feita:
paternidade ou maternidade responsável, à luz dos
requisitos e princípios desta Lei. Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da
§ 1o É obrigatória a participação dos postulantes em habilitação à adoção será de 120 (cento e vinte) dias,
programa oferecido pela Justiça da Infância e da prorrogável por igual período, mediante decisão
Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos fundamentada da autoridade judiciária. (2017)
responsáveis pela execução da política municipal de
garantia do direito à convivência familiar e dos grupos de Capítulo IV
apoio à adoção devidamente habilitados perante a Justiça Dos Recursos
da Infância e da Juventude, que inclua preparação Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial, de Infância e da Juventude, inclusive os relativos à execução
crianças ou de adolescentes com deficiência, com doenças das medidas socioeducativas, adotar-se-á o sistema
crônicas ou com necessidades específicas de saúde, e de recursal da Lei no5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código
grupos de irmãos. (2017) de Processo Civil), com as seguintes adaptações:
§ 2o Sempre que possível e recomendável, a etapa I - os recursos serão interpostos independentemente
obrigatória da preparação referida no § 1o deste artigo de preparo;
incluirá o contato com crianças e adolescentes em regime II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
de acolhimento familiar ou institucional, a ser realizado sob declaração, o prazo para o Ministério Público e para a
orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica da defesa será sempre de 10 (dez) dias;
Justiça da Infância e da Juventude e dos grupos de apoio III - os recursos terão preferência de julgamento e
à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo dispensarão revisor;
programa de acolhimento familiar e institucional e pela IV - (REVOGADO)
execução da política municipal de garantia do direito à V - (REVOGADO)
convivência familiar. (2017) VI - (REVOGADO)
§ 3o É recomendável que as crianças e os VII - antes de determinar a remessa dos autos à
adolescentes acolhidos institucionalmente ou por família superior instância, no caso de apelação, ou do instrumento,
acolhedora sejam preparados por equipe interprofissional no caso de agravo, a autoridade judiciária proferirá
antes da inclusão em família adotiva. (2017) despacho fundamentado, mantendo ou reformando a
decisão, no prazo de cinco dias;
Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o
participação no programa referido no art. 197-C desta Lei, escrivão remeterá os autos ou o instrumento à superior
a autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e oito) instância dentro de vinte e quatro horas,
horas, decidirá acerca das diligências requeridas pelo independentemente de novo pedido do recorrente; se a
Ministério Público e determinará a juntada do estudo reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido
psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de expresso da parte interessada ou do Ministério Público, no
instrução e julgamento. prazo de cinco dias, contados da intimação.
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas
diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no
judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, art. 149 caberá recurso de apelação.
abrindo a seguir vista dos autos ao Ministério Público, por
5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz
efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se se
inscrito nos cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo tratar de adoção internacional ou se houver perigo de dano
a sua convocação para a adoção feita de acordo com irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
ordem cronológica de habilitação e conforme a
disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis. Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou
§ 1o A ordem cronológica das habilitações somente qualquer dos genitores do poder familiar fica sujeita a
poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária apelação, que deverá ser recebida apenas no efeito
nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, devolutivo.
quando comprovado ser essa a melhor solução no
interesse do adotando. Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de
§ 2o A habilitação à adoção deverá ser renovada no adoção e de destituição de poder familiar, em face da
mínimo trienalmente mediante avaliação por equipe relevância das questões, serão processados com
interprofissional. (2017) prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
§ 3o Quando o adotante candidatar-se a uma nova distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer
adoção, será dispensável a renovação da habilitação, situação, oportuna distribuição, e serão colocados em
bastando a avaliação por equipe interprofissional. (2017) mesa para julgamento sem revisão e com parecer urgente
§ 4o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo do Ministério Público.
habilitado, à adoção de crianças ou adolescentes indicados
dentro do perfil escolhido, haverá reavaliação da Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em
habilitação concedida. (2017) mesa para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta)
§ 5o A desistência do pretendente em relação à dias, contado da sua conclusão.
guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou Parágrafo único. O Ministério Público será intimado
do adolescente depois do trânsito em julgado da sentença da data do julgamento e poderá na sessão, se entender
de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de necessário, apresentar oralmente seu parecer.
adoção. (2017)
XII - requisitar força policial, bem como a
Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a colaboração dos serviços médicos, hospitalares,
instauração de procedimento para apuração de educacionais e de assistência social, públicos ou privados,
responsabilidades se constatar o descumprimento das para o desempenho de suas atribuições.
providências e do prazo previstos nos artigos anteriores. § 1º A legitimação do Ministério Público para as ações
cíveis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas
mesmas hipóteses, segundo dispuserem a Constituição e
Capítulo V
esta Lei.
Do Ministério Público
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não
Art. 200. As funções do Ministério Público previstas
excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade
nesta Lei serão exercidas nos termos da respectiva lei
do Ministério Público.
orgânica.
§ 3º O representante do Ministério Público, no
exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
onde se encontre criança ou adolescente.
I - conceder a remissão como forma de exclusão do
§ 4º O representante do Ministério Público será
processo;
responsável pelo uso indevido das informações e
II - promover e acompanhar os procedimentos
documentos que requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.
relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e
inciso VIII deste artigo, poderá o representante do
os procedimentos de suspensão e destituição do poder
Ministério Público:
familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e
a) reduzir a termo as declarações do reclamante,
guardiães, bem como oficiar em todos os demais
instaurando o competente procedimento, sob sua
procedimentos da competência da Justiça da Infância e da
presidência;
Juventude;
b) entender-se diretamente com a pessoa ou
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos
autoridade reclamada, em dia, local e horário previamente
interessados, a especialização e a inscrição de hipoteca
notificados ou acertados;
legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos
quaisquer administradores de bens de crianças e
serviços públicos e de relevância pública afetos à criança e
adolescentes nas hipóteses do art. 98;
ao adolescente, fixando prazo razoável para sua perfeita
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública
adequação.
para a proteção dos interesses individuais, difusos ou
coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não
definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
VI - instaurar procedimentos administrativos e, para
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei,
instruí-los: hipótese em que terá vista dos autos depois das partes,
a) expedir notificações para colher depoimentos ou
podendo juntar documentos e requerer diligências, usando
esclarecimentos e, em caso de não comparecimento
os recursos cabíveis.
injustificado, requisitar condução coercitiva, inclusive pela
polícia civil ou militar; Art. 203. A intimação do Ministério Público, em
b) requisitar informações, exames, perícias e
qualquer caso, será feita pessoalmente.
documentos de autoridades municipais, estaduais e
federais, da administração direta ou indireta, bem como
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público
promover inspeções e diligências investigatórias;
acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
c) requisitar informações e documentos a pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
particulares e instituições privadas;
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
Art. 205. As manifestações processuais do
investigatórias e determinar a instauração de inquérito
representante do Ministério Público deverão ser
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas fundamentadas.
de proteção à infância e à juventude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e Capítulo VI
garantias legais assegurados às crianças e adolescentes, Do Advogado
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e
responsável, e qualquer pessoa que tenha legítimo
habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal,
interesse na solução da lide poderão intervir nos
na defesa dos interesses sociais e individuais
procedimentos de que trata esta Lei, através de advogado,
indisponíveis afetos à criança e ao adolescente; o qual será intimado para todos os atos, pessoalmente ou
X - representar ao juízo visando à aplicação de
por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça.
penalidade por infrações cometidas contra as normas de
Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária
proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da
integral e gratuita àqueles que dela necessitarem.
promoção da responsabilidade civil e penal do infrator,
quando cabível;
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares
prática de ato infracional, ainda que ausente ou foragido,
de atendimento e os programas de que trata esta Lei,
será processado sem defensor.
adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
necessárias à remoção de irregularidades porventura
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo,
verificadas;
constituir outro de sua preferência.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o III - as associações legalmente constituídas há pelo
adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais
nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só a defesa dos interesses e direitos protegidos por esta Lei,
efeito do ato. dispensada a autorização da assembleia, se houver prévia
§ 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando autorização estatutária.
se tratar de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver § 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os
sido indicado por ocasião de ato formal com a presença da Ministérios Públicos da União e dos estados na defesa dos
autoridade judiciária. interesses e direitos de que cuida esta Lei.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação
Capítulo VII por associação legitimada, o Ministério Público ou outro
Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, legitimado poderá assumir a titularidade ativa.
Difusos e Coletivos
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão
ações de responsabilidade por ofensa aos direitos tomar dos interessados compromisso de ajustamento de
assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não sua conduta às exigências legais, o qual terá eficácia de
oferecimento ou oferta irregular: título executivo extrajudicial.
I - do ensino obrigatório;
II - de atendimento educacional especializado aos Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses
portadores de deficiência; protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies
III – de atendimento em creche e pré-escola às de ações pertinentes.
crianças de zero a cinco anos de idade; (2016) § 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as
IV - de ensino noturno regular, adequado às normas do Código de Processo Civil.
condições do educando; § 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade
V - de programas suplementares de oferta de pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
material didático-escolar, transporte e assistência à saúde atribuições do poder público, que lesem direito líquido e
do educando do ensino fundamental; certo previsto nesta Lei, caberá ação mandamental, que se
VI - de serviço de assistência social visando à regerá pelas normas da lei do mandado de segurança.
proteção à família, à maternidade, à infância e à
adolescência, bem como ao amparo às crianças e Art. 213. Na ação que tenha por objeto o
adolescentes que dele necessitem; cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz
VII - de acesso às ações e serviços de saúde; concederá a tutela específica da obrigação ou determinará
VIII - de escolarização e profissionalização dos providências que assegurem o resultado prático
adolescentes privados de liberdade. equivalente ao do adimplemento.
IX - de ações, serviços e programas de orientação, § 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e
apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno havendo justificado receio de ineficácia do provimento final,
exercício do direito à convivência familiar por crianças e é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após
adolescentes. justificação prévia, citando o réu.
X - de programas de atendimento para a execução § 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de ou na sentença, impor multa diária ao réu,
proteção. independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
XI - de políticas e programas integrados de compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o
atendimento à criança e ao adolescente vítima ou cumprimento do preceito.
testemunha de violência. (2017) § 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em
§ 1o As hipóteses previstas neste artigo não excluem julgado da sentença favorável ao autor, mas será devida
da proteção judicial outros interesses individuais, difusos desde o dia em que se houver configurado o
ou coletivos, próprios da infância e da adolescência, descumprimento.
protegidos pela Constituição e pela Lei.
§ 2o A investigação do desaparecimento de crianças Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo
ou adolescentes será realizada imediatamente após gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e do
notificação aos órgãos competentes, que deverão Adolescente do respectivo município.
comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária § 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o
e companhias de transporte interestaduais e trânsito em julgado da decisão serão exigidas através de
internacionais, fornecendo-lhes todos os dados execução promovida pelo Ministério Público, nos mesmos
necessários à identificação do desaparecido. autos, facultada igual iniciativa aos demais legitimados.
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o
Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de
propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a crédito, em conta com correção monetária.
ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta
para processar a causa, ressalvadas a competência da Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos
Justiça Federal e a competência originária dos tribunais recursos, para evitar dano irreparável à parte.
superiores.
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em impuser condenação ao poder público, o juiz determinará a
interesses coletivos ou difusos, consideram-se legitimados remessa de peças à autoridade competente, para
concorrentemente: apuração da responsabilidade civil e administrativa do
I - o Ministério Público; agente a que se atribua a ação ou omissão.
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito
Federal e os territórios;
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em Título VII
julgado da sentença condenatória sem que a associação Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Capítulo I
Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. Dos Crimes
Seção I
Art. 218. O juiz condenará a associação autora a Disposições Gerais
pagar ao réu os honorários advocatícios arbitrados na Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes
conformidade do § 4º do art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de praticados contra a criança e o adolescente, por ação
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), quando ou omissão, sem prejuízo do disposto na legislação penal.
reconhecer que a pretensão é manifestamente infundada.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as
associação autora e os diretores responsáveis pela normas da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao
propositura da ação serão solidariamente condenados ao processo, as pertinentes ao Código de Processo Penal.
décuplo das custas, sem prejuízo de responsabilidade por
perdas e danos. Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação
pública incondicionada.
Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não
haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no
periciais e quaisquer outras despesas. inciso I do caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 (Código Penal), para os crimes
Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor previstos nesta Lei, praticados por servidores públicos com
público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, abuso de autoridade, são condicionados à ocorrência de
prestando-lhe informações sobre fatos que constituam reincidência. (2019)
objeto de ação civil, e indicando-lhe os elementos de Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da
convicção. função, nesse caso, independerá da pena aplicada na
reincidência. (2019)
Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos
e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam Seção II
ensejar a propositura de ação civil, remeterão peças ao Dos Crimes em Espécie
Ministério Público para as providências cabíveis. Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o
dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de
Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado gestante de manter registro das atividades
poderá requerer às autoridades competentes as certidões desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 desta
e informações que julgar necessárias, que serão fornecidas Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu
no prazo de quinze dias. responsável, por ocasião da alta médica, declaração de
nascimento, onde constem as intercorrências do parto e
Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob do desenvolvimento do neonato:
sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer Pena - detenção de seis meses a dois anos.
pessoa, organismo público ou particular, certidões, Parágrafo único. Se o crime é culposo:
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
o qual não poderá ser inferior a dez dias úteis.
§ 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de
todas as diligências, se convencer da inexistência de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
fundamento para a propositura da ação cível, promoverá o identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos
informativas, fazendo-o fundamentadamente. exames referidos no art. 10 desta Lei:
§ 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de Pena - detenção de seis meses a dois anos.
informação arquivados serão remetidos, sob pena de se Parágrafo único. Se o crime é culposo:
incorrer em falta grave, no prazo de três dias, ao Conselho Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa.
Superior do Ministério Público.
§ 3º Até que seja homologada ou rejeitada a Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua
promoção de arquivamento, em sessão do Conselho liberdade, procedendo à sua apreensão sem estar em
Superior do Ministério público, poderão as associações flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem escrita da
legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, autoridade judiciária competente:
que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às Pena - detenção de seis meses a dois anos.
peças de informação. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que
§ 4º A promoção de arquivamento será submetida a procede à apreensão sem observância das formalidades
exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério legais.
Público, conforme dispuser o seu regimento.
§ 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela
promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. comunicação à autoridade judiciária competente e à
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:
Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que Pena - detenção de seis meses a dois anos.
couber, as disposições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de
1985.
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo
constrangimento: ou outro registro que contenha cena de sexo explícito
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e
Art. 233. (Revogado) multa.

Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
causa, de ordenar a imediata liberação de criança ou distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
adolescente, tão logo tenha conhecimento da ilegalidade por meio de sistema de informática ou telemático,
da apreensão: fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de
Pena - detenção de seis meses a dois anos. sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
nesta Lei em benefício de adolescente privado de multa.
liberdade: § 1o Nas mesmas penas incorre quem:
Pena - detenção de seis meses a dois anos. I – assegura os meios ou serviços para o
armazenamento das fotografias, cenas ou imagens de que
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade trata o caput deste artigo;
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede
do Ministério Público no exercício de função prevista nesta de computadores às fotografias, cenas ou imagens de que
Lei: trata o caput deste artigo.
Pena - detenção de seis meses a dois anos. § 2o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1o
deste artigo são puníveis quando o responsável legal pela
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de prestação do serviço, oficialmente notificado, deixa de
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem desabilitar o acesso ao conteúdo ilícito de que trata o
judicial, com o fim de colocação em lar substituto: caput deste artigo.
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro
pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa: que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa. envolvendo criança ou adolescente:
Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
oferece ou efetiva a paga ou recompensa. multa.
§ 1o A pena é diminuída de 1/3 a 2/3 (um a dois
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato terços) se de pequena quantidade o material a que se
destinado ao envio de criança ou adolescente para o refere o caput deste artigo.
exterior com inobservância das formalidades legais ou § 2o Não há crime se a posse ou o armazenamento
com o fito de obter lucro: tem a finalidade de comunicar às autoridades
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa. competentes a ocorrência das condutas descritas nos arts.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, quando a comunicação
ameaça ou fraude: for feita por:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da I – agente público no exercício de suas funções;
pena correspondente à violência. II – membro de entidade, legalmente constituída,
que inclua, entre suas finalidades institucionais, o
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar recebimento, o processamento e o encaminhamento de
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou notícia dos crimes referidos neste parágrafo;
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: III – representante legal e funcionários
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado
multa. por meio de rede de computadores, até o recebimento do
§ 1o Incorre nas mesmas penas quem agencia, material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao
facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo Ministério Público ou ao Poder Judiciário.
intermedeia a participação de criança ou adolescente § 3o As pessoas referidas no § 2o deste artigo
nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda deverão manter sob sigilo o material ilícito referido.
quem com esses contracena.
§ 2o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o Art. 241-C. Simular a participação de criança ou
agente comete o crime: adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica
I – no exercício de cargo ou função pública ou a por meio de adulteração, montagem ou modificação de
pretexto de exercê-la; fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação
II – prevalecendo-se de relações domésticas, de visual:
coabitação ou de hospitalidade; ou Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
III – prevalecendo-se de relações de parentesco multa.
consanguíneo ou afim até o terceiro grau, ou por Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem
adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador da vende, expõe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou
vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha divulga por qualquer meio, adquire, possui ou armazena o
autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. material produzido na forma do caput deste artigo.
§ 2o As penas previstas no caput deste artigo são
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, aumentadas de um terço no caso de a infração cometida
por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de ou induzida estar incluída no rol do art. 1o da Lei no 8.072,
com ela praticar ato libidinoso: de 25 de julho de 1990.
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e

multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre STJ: Súmula 500 - A configuração do crime previsto no artigo 244-
quem: B (corrupção de menores) do Estatuto da Criança e do
I – facilita ou induz o acesso à criança de material Adolescente independe da prova da efetiva corrupção do menor,
por se tratar de delito formal.
---------------------------------------------------------------------------------------
contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ART. 244-B.
CORRUPÇÃO DE MENORES. PARTICIPAÇÃO DE DOIS
fim de com ela praticar ato libidinoso;
ADOLESCENTES NA EMPREITADA CRIMINOSA. PRÁTICA
II – pratica as condutas descritas no caput deste DE DOIS DELITOS DE CORRUPÇÃO DE MENORES.
artigo com o fim de induzir criança a se exibir de forma CONCURSO FORMAL
pornográfica ou sexualmente explícita. A prática de crimes em concurso com dois adolescentes dá ensejo
à condenação por dois crimes de corrupção de menores.
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta REsp 1.680.114-GO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 10/10/2017

Lei, a expressão “cena de sexo explícito ou pornográfica”


compreende qualquer situação que envolva criança ou Capítulo II
adolescente em atividades sexuais explícitas, reais ou Das Infrações Administrativas
simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de uma criança Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável
ou adolescente para fins primordialmente sexuais por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou autoridade competente os casos de que tenha
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de
arma, munição ou explosivo: maus-tratos contra criança ou adolescente:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou
entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de
criança ou a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa entidade de atendimento o exercício dos direitos
causa, outros produtos cujos componentes possam causar constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124 desta
dependência física ou psíquica: Lei:
Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Pena - multa de três a vinte salários de referência,
multa, se o fato não constitui crime mais grave. aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente autorização devida, por qualquer meio de comunicação,
fogos de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, nome, ato ou documento de procedimento policial,
pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente
qualquer dano físico em caso de utilização indevida: a que se atribua ato infracional:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como § 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou
tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição parcialmente, fotografia de criança ou adolescente
ou à exploração sexual: envolvido em ato infracional, ou qualquer ilustração que lhe
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além diga respeito ou se refira a atos que lhe sejam atribuídos,
da perda de bens e valores utilizados na prática criminosa de forma a permitir sua identificação, direta ou
em favor do Fundo dos Direitos da Criança e do indiretamente.
Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Distrito § 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
Federal) em que foi cometido o crime, ressalvado o direito emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista
de terceiro de boa-fé. (2017) neste artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a
§ 1o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o apreensão da publicação ou a suspensão da programação
gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a da emissora até por dois dias, bem como da publicação do
submissão de criança ou adolescente às práticas referidas periódico até por dois números.
no caput deste artigo. Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869.
§ 2o Constitui efeito obrigatório da condenação a
cassação da licença de localização e de funcionamento do Art. 248. (Revogado)
estabelecimento.
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de
menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração tutela ou guarda, bem assim determinação da autoridade
penal ou induzindo-o a praticá-la: judiciária ou Conselho Tutelar:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Pena - multa de três a vinte salários de referência,
§ 1o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
quem pratica as condutas ali tipificadas utilizando- se de
quaisquer meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo Art. 250. Hospedar criança ou adolescente
da internet. desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem
autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento
hotel, pensão, motel ou congênere: ou o empresário de observar o que dispõe esta Lei sobre o
Pena – multa. acesso de criança ou adolescente aos locais de diversão,
§ 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena ou sobre sua participação no espetáculo:
de multa, a autoridade judiciária poderá determinar o Pena - multa de três a vinte salários de referência; em
fechamento do estabelecimento por até 15 (quinze) dias. caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá
§ 2º Se comprovada a reincidência em período determinar o fechamento do estabelecimento por até
inferior a 30 (trinta) dias, o estabelecimento será quinze dias.
definitivamente fechado e terá sua licença cassada.
Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por providenciar a instalação e operacionalização dos
qualquer meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 desta
84 e 85 desta Lei: Lei:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. (três mil reais).
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou autoridade que deixa de efetuar o cadastramento de
espetáculo público de afixar, em lugar visível e de fácil crianças e de adolescentes em condições de serem
acesso, à entrada do local de exibição, informação adotadas, de pessoas ou casais habilitados à adoção e de
destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo e crianças e adolescentes em regime de acolhimento
a faixa etária especificada no certificado de classificação: institucional ou familiar.
Pena - multa de três a vinte salários de referência,
aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
representações ou espetáculos, sem indicar os limites de de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante
idade a que não se recomendem: interessada em entregar seu filho para adoção:
Pena - multa de três a vinte salários de referência, Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00
duplicada em caso de reincidência, aplicável, (três mil reais).
separadamente, à casa de espetáculo e aos órgãos de Parágrafo único. Incorre na mesma pena o
divulgação ou publicidade. funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à
garantia do direito à convivência familiar que deixa de
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, efetuar a comunicação referida no caput deste artigo.
espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso
de sua classificação: Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no
Expressão declarada inconstitucional pela ADI 2.404. inciso II do art. 81:
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$
duplicada em caso de reincidência a autoridade judiciária 10.000,00 (dez mil reais);
poderá determinar a suspensão da programação da Medida Administrativa - interdição do
emissora por até dois dias. estabelecimento comercial até o recolhimento da multa
aplicada.
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou
congênere classificado pelo órgão competente como Disposições Finais e Transitórias
inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados
espetáculo: da publicação deste Estatuto, elaborará projeto de lei
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na dispondo sobre a criação ou adaptação de seus órgãos às
reincidência, a autoridade poderá determinar a suspensão diretrizes da política de atendimento fixadas no art. 88 e ao
do espetáculo ou o fechamento do estabelecimento por até que estabelece o Título V do Livro II.
quinze dias. Parágrafo único. Compete aos estados e municípios
promoverem a adaptação de seus órgãos e programas às
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita diretrizes e princípios estabelecidos nesta Lei.
de programação em vídeo, em desacordo com a
classificação atribuída pelo órgão competente: Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações
Pena - multa de três a vinte salários de referência; em aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente
caso de reincidência, a autoridade judiciária poderá nacional, distrital, estaduais ou municipais, devidamente
determinar o fechamento do estabelecimento por até comprovadas, sendo essas integralmente deduzidas do
quinze dias. imposto de renda, obedecidos os seguintes limites:
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda
Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. devido apurado pelas pessoas jurídicas tributadas com
78 e 79 desta Lei: base no lucro real; e
Pena - multa de três a vinte salários de referência, II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem apurado pelas pessoas físicas na Declaração de Ajuste
prejuízo de apreensão da revista ou publicação. Anual, observado o disposto no art. 22 da Lei no 9.532, de
10 de dezembro de 1997.
§ 1º - (REVOGADO) recolhimento da diferença de imposto devido apurado na
Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
§ 1o-A. Na definição das prioridades a serem
previstos na legislação.
atendidas com os recursos captados pelos fundos
§ 5o A pessoa física poderá deduzir do imposto
nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e
apurado na Declaração de Ajuste Anual as doações feitas,
do adolescente, serão consideradas as disposições do
no respectivo ano-calendário, aos fundos controlados pelos
Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito
Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente
de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e
municipais, distrital, estaduais e nacional
Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância.
concomitantemente com a opção de que trata o caput,
(2016)
§ 2o Os conselhos nacional, estaduais e municipais respeitado o limite previsto no inciso II do art. 260.
dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de
utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art.
subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente 260 poderá ser deduzida:
percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas
guarda, de crianças e adolescentes e para programas de jurídicas que apuram o imposto trimestralmente; e
atenção integral à primeira infância em áreas de maior II - do imposto devido mensalmente e no ajuste
carência socioeconômica e em situações de calamidade. anual, para as pessoas jurídicas que apuram o imposto
(2016) anualmente.
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada
Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, dentro do período a que se refere a apuração do imposto.
regulamentará a comprovação das doações feitas aos
fundos, nos termos deste artigo. Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta
§ 4º O Ministério Público determinará em cada Lei podem ser efetuadas em espécie ou em bens.
comarca a forma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos devem ser depositadas em conta específica, em instituição
incentivos fiscais referidos neste artigo. financeira pública, vinculadas aos respectivos fundos de
§ 5o Observado o disposto no § 4o do art. 3o da Lei que trata o art. 260.
no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que
trata o inciso I do caput: Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela
I - será considerada isoladamente, não se administração das contas dos Fundos dos Direitos da
submetendo a limite em conjunto com outras deduções do Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e
imposto; e municipais devem emitir recibo em favor do doador,
II - não poderá ser computada como despesa assinado por pessoa competente e pelo presidente do
operacional na apuração do lucro real. Conselho correspondente, especificando:
I - número de ordem;
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-
(CNPJ) e endereço do emitente;
calendário de 2009, a pessoa física poderá optar pela
III - nome,CPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas
doação de que trata o inciso II do caput do art. 260
(CPF) do doador;
diretamente em sua Declaração de Ajuste Anual.
IV - data da doação e valor efetivamente recebido;
§ 1o A doação de que trata o caput poderá ser e
deduzida até os seguintes percentais aplicados sobre o V - ano-calendário a que se refere a doação.
imposto apurado na declaração: § 1o O comprovante de que trata o caput deste
I - (VETADO); artigo pode ser emitido anualmente, desde que discrimine
II - (VETADO); os valores doados mês a mês.
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de § 2o No caso de doação em bens, o comprovante
2012. deve conter a identificação dos bens, mediante descrição
§ 2o A dedução de que trata o caput: em campo próprio ou em relação anexa ao comprovante,
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do informando também se houve avaliação, o nome, CPF ou
imposto sobre a renda apurado na declaração de que trata CNPJ e endereço dos avaliadores.
o inciso II do caput do art. 260;
II - não se aplica à pessoa física que: Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o
a) utilizar o desconto simplificado; doador deverá:
b) apresentar declaração em formulário; I - comprovar a propriedade dos bens, mediante
ou documentação hábil;
c) entregar a declaração fora do prazo; II - baixar os bens doados na declaração de bens e
III - só se aplica às doações em espécie; direitos, quando se tratar de pessoa física, e na
e escrituração, no caso de pessoa jurídica; e
IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou III - considerar como valor dos bens doados:
deduções em vigor.
§ 3o O pagamento da doação deve ser efetuado até
a data de vencimento da primeira quota ou quota única do
imposto, observadas instruções específicas da Secretaria
da Receita Federal do Brasil.
§ 4o O não pagamento da doação no prazo
estabelecido no § 3o implica a glosa definitiva desta parcela
de dedução, ficando a pessoa física obrigada ao
a) para as pessoas físicas, o valor constante da Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da
última declaração do imposto de renda, desde que não Presidência da República (SDH/PR) encaminhará à
exceda o valor de mercado; Secretaria da Receita Federal do Brasil, até 31 de outubro
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos de cada ano, arquivo eletrônico contendo a relação
bens. atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com
não será considerado na determinação do valor dos bens a indicação dos respectivos números de inscrição no CNPJ
doados, exceto se o leilão for determinado por autoridade e das contas bancárias específicas mantidas em
judiciária. instituições financeiras públicas, destinadas
exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts.
260-D e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil
um prazo de 5 (cinco) anos para fins de comprovação da expedirá as instruções necessárias à aplicação do disposto
dedução perante a Receita Federal do Brasil. nos arts. 260 a 260-K.

Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos
administração das contas dos Fundos dos Direitos da direitos da criança e do adolescente, os registros,
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e inscrições e alterações a que se referem os arts. 90,
municipais devem: parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados perante a
I - manter conta bancária específica destinada autoridade judiciária da comarca a que pertencer a
exclusivamente a gerir os recursos do Fundo; entidade.
II - manter controle das doações recebidas; Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar
e aos estados e municípios, e os estados aos municípios, os
III - informar anualmente à Secretaria da Receita recursos referentes aos programas e atividades previstos
Federal do Brasil as doações recebidas mês a mês, nesta Lei, tão logo estejam criados os conselhos dos
identificando os seguintes dados por doador: direitos da criança e do adolescente nos seus respectivos
a) nome, CNPJ ou CPF; níveis.
b) valor doado, especificando se a doação foi em
espécie ou em bens. Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos
Tutelares, as atribuições a eles conferidas serão exercidas
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das pela autoridade judiciária.
obrigações previstas no art. 260-G, a Secretaria da Receita
Federal do Brasil dará conhecimento do fato ao Ministério Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro
Público. de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes
alterações:
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e 1) Art. 121 ............................................................
do Adolescente nacional, estaduais, distrital e municipais § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um
divulgarão amplamente à comunidade: terço, se o crime resulta de inobservância de regra técnica
I - o calendário de suas reuniões; de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
II - as ações prioritárias para aplicação das imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
políticas de atendimento à criança e ao adolescente; conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em
III - os requisitos para a apresentação de projetos a flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada
serem beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor
da Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital de catorze anos.
ou municipais; 2) Art. 129 ...............................................................
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano- § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer
calendário e o valor dos recursos previstos para das hipóteses do art. 121, § 4º.
implementação das ações, por projeto; § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art.
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva 121.
destinação, por projeto atendido, inclusive com 3) Art. 136.................................................................
cadastramento na base de dados do Sistema de § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
Informações sobre a Infância e a Adolescência; e contra pessoa menor de catorze anos.
VI - a avaliação dos resultados dos projetos 4) Art. 213 ..................................................................
beneficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
Criança e do Adolescente nacional, estaduais, distrital e Pena - reclusão de quatro a dez anos.
municipais. 5) Art. 214...................................................................
Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em Pena - reclusão de três a nove anos.»
cada Comarca, a forma de fiscalização da aplicação dos
incentivos fiscais referidos no art. 260 desta Lei. Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de
Parágrafo único. O descumprimento do disposto dezembro de 1973, fica acrescido do seguinte item:
nos arts. 260-G e 260-I sujeitará os infratores a responder "Art. 102 ....................................................................
por ação judicial proposta pelo Ministério Público, que 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. "
poderá atuar de ofício, a requerimento ou representação de
qualquer cidadão. Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da
União, da administração direta ou indireta, inclusive
fundações instituídas e mantidas pelo poder público
federal promoverão edição popular do texto integral deste
Estatuto, que será posto à disposição das escolas e das Art. 2o Ao Sinarm compete:
entidades de atendimento e de defesa dos direitos da I – identificar as características e a propriedade de
criança e do adolescente. armas de fogo, mediante cadastro;
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente II – cadastrar as armas de fogo produzidas,
ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente importadas e vendidas no País;
nos meios de comunicação social. (2016) III – cadastrar as autorizações de porte de arma de
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o fogo e as renovações expedidas pela Polícia Federal;
caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e IV – cadastrar as transferências de propriedade,
adequada a crianças e adolescentes, especialmente às extravio, furto, roubo e outras ocorrências suscetíveis de
crianças com idade inferior a 6 (seis) anos. (2016) alterar os dados cadastrais, inclusive as decorrentes de
fechamento de empresas de segurança privada e de
transporte de valores;
V – identificar as modificações que alterem as
características ou o funcionamento de arma de fogo;
VI – integrar no cadastro os acervos policiais já
existentes;
VII – cadastrar as apreensões de armas de fogo,
inclusive as vinculadas a procedimentos policiais e
judiciais;
01
VIII – cadastrar os armeiros em atividade no País,
02 bem como conceder licença para exercer a atividade;
IX – cadastrar mediante registro os produtores,
03
atacadistas, varejistas, exportadores e importadores
autorizados de armas de fogo, acessórios e munições;
04
X – cadastrar a identificação do cano da arma, as
05 características das impressões de raiamento e de
microestriamento de projétil disparado, conforme marcação
06 e testes obrigatoriamente realizados pelo fabricante;
XI – informar às Secretarias de Segurança Pública
07
dos Estados e do Distrito Federal os registros e
autorizações de porte de armas de fogo nos respectivos
08
territórios, bem como manter o cadastro atualizado para
09
consulta.
Parágrafo único. As disposições deste artigo não
10 alcançam as armas de fogo das Forças Armadas e
Auxiliares, bem como as demais que constem dos seus
11
registros próprios.
12
As armas de fogo que são utilizadas pelas Forças Armadas e
Auxiliares e pelas Forças Auxiliares possuem regramento próprio.
13 Relacionam-se com o Sistema de Gerenciamento Militar de Armas
- Sigma.
14

15 CAPÍTULO II
DO REGISTRO
Art. 3o É obrigatório o registro de arma de fogo no
órgão competente.
Lei nº 10.826 / 2003
Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito
Estatuto do Desarmamento serão registradas no Comando do Exército, na forma do
regulamento desta Lei.
Dispõe sobre registro, posse e comercialização de
armas de fogo e munição, sobre o Sistema Nacional de Art. 4o Para adquirir arma de fogo de uso permitido o
Armas – Sinarm, define crimes e dá outras interessado deverá, além de declarar a efetiva
providências. necessidade, atender aos seguintes requisitos:
I - comprovação de idoneidade, com a apresentação
de certidões negativas de antecedentes criminais
CAPÍTULO I
fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral
DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS e de não estar respondendo a inquérito policial ou a
Art. 1o O Sistema Nacional de Armas – Sinarm, processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios
instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia eletrônicos;
Federal, tem circunscrição em todo o território nacional.
II – apresentação de documento comprobatório de exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o
ocupação lícita e de residência certa; desta Lei.
III – comprovação de capacidade técnica e de § 4o Para fins do cumprimento do disposto no § 3o
aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, deste artigo, o proprietário de arma de fogo poderá obter,
atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei. no Departamento de Polícia Federal, certificado de registro
§ 1o O Sinarm expedirá autorização de compra de provisório, expedido na rede mundial de computadores -
arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente internet, na forma do regulamento e obedecidos os
estabelecidos, em nome do requerente e para a arma procedimentos a seguir:
indicada, sendo intransferível esta autorização. I - emissão de certificado de registro provisório pela
§ 2o A aquisição de munição somente poderá ser feita internet, com validade inicial de 90 (noventa) dias; e
no calibre correspondente à arma registrada e na II - revalidação pela unidade do Departamento de
quantidade estabelecida no regulamento desta Lei. Polícia Federal do certificado de registro provisório pelo
§ 3o A empresa que comercializar arma de fogo em prazo que estimar como necessário para a emissão
território nacional é obrigada a comunicar a venda à definitiva do certificado de registro de propriedade.
autoridade competente, como também a manter banco de § 5º Aos residentes em área rural, para os fins do
dados com todas as características da arma e cópia dos disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou
documentos previstos neste artigo. domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (2019)
§ 4o A empresa que comercializa armas de fogo,
acessórios e munições responde legalmente por essas CAPÍTULO III
mercadorias, ficando registradas como de sua propriedade DO PORTE
enquanto não forem vendidas. o
Art. 6 É proibido o porte de arma de fogo em todo o
§ 5o A comercialização de armas de fogo, acessórios
território nacional, salvo para os casos previstos em
e munições entre pessoas físicas somente será efetivada
legislação própria e para:
mediante autorização do Sinarm.
I – os integrantes das Forças Armadas;
§ 6o A expedição da autorização a que se refere o §
1o será concedida, ou recusada com a devida II - os integrantes de órgãos referidos nos incisos I, II,
fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar III, IV e V do caput do art. 144 da Constituição Federal e os
da data do requerimento do interessado. da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP);
(2017)
§ 7o O registro precário a que se refere o § 4o
Polícia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia Ferroviária
prescinde do cumprimento dos requisitos dos incisos I, II e Federal; Polícias Civis; Polícias Militares; Corpos de Bombeiros
III deste artigo. Militares; Força Nacional de Segurança Pública.
§ 8o Estará dispensado das exigências constantes do III – os integrantes das guardas municipais das
inciso III do caput deste artigo, na forma do regulamento, o capitais dos Estados e dos Municípios com mais de
interessado em adquirir arma de fogo de uso permitido que 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições
comprove estar autorizado a portar arma com as mesmas estabelecidas no regulamento desta Lei;
características daquela a ser adquirida.
IV - os integrantes das guardas municipais dos
Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de
Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
com validade em todo o território nacional, autoriza o seu V – os agentes operacionais da Agência Brasileira
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no de Inteligência e os agentes do Departamento de
interior de sua residência ou domicílio, ou dependência Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da
desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja Presidência da República; (2019)
ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou
empresa. VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no
art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da Constituição Federal;
§ 1o O certificado de registro de arma de fogo será
expedido pela Polícia Federal e será precedido de Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos
autorização do Sinarm. Deputados.
§ 2o Os requisitos de que tratam os incisos I, II e III do
art. 4o deverão ser comprovados periodicamente, em VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e
período não inferior a 3 (três) anos, na conformidade do guardas prisionais, os integrantes das escoltas de
estabelecido no regulamento desta Lei, para a renovação presos e as guardas portuárias;
do Certificado de Registro de Arma de Fogo. VIII – as empresas de segurança privada e de
§ 3o O proprietário de arma de fogo com certificados transporte de valores constituídas, nos termos desta Lei;
de registro de propriedade expedido por órgão estadual ou IX – para os integrantes das entidades de desporto
do Distrito Federal até a data da publicação desta Lei que legalmente constituídas, cujas atividades esportivas
demandem o uso de armas de fogo, na forma do
não optar pela entrega espontânea prevista no art. 32 desta regulamento desta Lei, observando-se, no que couber, a
Lei deverá renová-lo mediante o pertinente registro federal, legislação ambiental.
até o dia 31 de dezembro de 2008, ante a apresentação de Porte autorizado somente no momento em que a competição é
documento de identificação pessoal e comprovante de realizada.
RHC 34.579-RS, julgado em 24/4/2014
residência fixa, ficando dispensado do pagamento de taxas
e do cumprimento das demais
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da § 6o O caçador para subsistência que der outro uso à
Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do sua arma de fogo, independentemente de outras
Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. tipificações penais, responderá, conforme o caso, por porte
ilegal ou por disparo de arma de fogo de uso permitido.
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art.
92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da § 7o Aos integrantes das guardas municipais dos
União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de Municípios que integram regiões metropolitanas será
seus quadros pessoais que efetivamente estejam no autorizado porte de arma de fogo, quando em serviço.
exercício de funções de segurança, na forma de
regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Art. 7o As armas de fogo utilizadas pelos
Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério empregados das empresas de segurança privada e de
Público - CNMP. transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão
§ 1o As pessoas previstas nos incisos I, II, III, V e VI de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas
do caput deste artigo terão direito de portar arma de fogo empresas, somente podendo ser utilizadas quando em
de propriedade particular ou fornecida pela respectiva serviço, devendo essas observar as condições de uso e
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, nos de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente,
termos do regulamento desta Lei, com validade em âmbito sendo o certificado de registro e a autorização de porte
nacional para aquelas constantes dos incisos I, II, V e VI. expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa.
§ 1o-A (Revogado) § 1o O proprietário ou diretor responsável de
§ 1º-B. Os integrantes do quadro efetivo de agentes empresa de segurança privada e de transporte de valores
responderá pelo crime previsto no parágrafo único do art.
e guardas prisionais poderão portar arma de fogo de
13 desta Lei, sem prejuízo das demais sanções
propriedade particular ou fornecida pela respectiva administrativas e civis, se deixar de registrar ocorrência
corporação ou instituição, mesmo fora de serviço, desde policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
que estejam: ou outras formas de extravio de armas de fogo, acessórios
I - submetidos a regime de dedicação exclusiva; e munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato.
II - sujeitos à formação funcional, nos termos do
§ 2o A empresa de segurança e de transporte de
regulamento; e valores deverá apresentar documentação comprobatória
III - subordinados a mecanismos de fiscalização e de do preenchimento dos requisitos constantes do art. 4o
controle interno. desta Lei quanto aos empregados que portarão arma de
fogo.
§ 1º-C. (VETADO).
§ 3o A listagem dos empregados das empresas
§ 2o A autorização para o porte de arma de fogo aos referidas neste artigo deverá ser atualizada
integrantes das instituições descritas nos incisos V, VI, VII semestralmente junto ao Sinarm.
e X do caput deste artigo está condicionada à comprovação
do requisito a que se refere o inciso III do caput do art.
4o desta Lei nas condições estabelecidas no regulamento Art. 7o-A. As armas de fogo utilizadas pelos
desta Lei. servidores das instituições descritas no inciso XI do art. 6o
§ 3o A autorização para o porte de arma de fogo das serão de propriedade, responsabilidade e guarda das
guardas municipais está condicionada à formação respectivas instituições, somente podendo ser utilizadas
funcional de seus integrantes em estabelecimentos de quando em serviço, devendo estas observar as condições
ensino de atividade policial, à existência de mecanismos de de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão
fiscalização e de controle interno, nas condições competente, sendo o certificado de registro e a autorização
estabelecidas no regulamento desta Lei, observada a de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da
supervisão do Ministério da Justiça. instituição.
§ 4o Os integrantes das Forças Armadas, das polícias § 1o A autorização para o porte de arma de fogo de
que trata este artigo independe do pagamento de taxa.
federais e estaduais e do Distrito Federal, bem como os
militares dos Estados e do Distrito Federal, ao exercerem o § 2o O presidente do tribunal ou o chefe do Ministério
direito descrito no art. 4o, ficam dispensados do Público designará os servidores de seus quadros pessoais
cumprimento do disposto nos incisos I, II e III do mesmo no exercício de funções de segurança que poderão portar
artigo, na forma do regulamento desta Lei. arma de fogo, respeitado o limite máximo de 50%
§ 5o Aos residentes em áreas rurais, maiores de 25 (cinquenta por cento) do número de servidores que
(vinte e cinco) anos que comprovem depender do emprego exerçam funções de segurança.
de arma de fogo para prover sua subsistência alimentar § 3o O porte de arma pelos servidores das instituições
familiar será concedido pela Polícia Federal o porte de de que trata este artigo fica condicionado à apresentação
arma de fogo, na categoria caçador para subsistência, de de documentação comprobatória do preenchimento dos
uma arma de uso permitido, de tiro simples, com 1 (um) ou requisitos constantes do art. 4o desta Lei, bem como à
2 (dois) canos, de alma lisa e de calibre igual ou inferior a formação funcional em estabelecimentos de ensino de
16 (dezesseis), desde que o interessado comprove a atividade policial e à existência de mecanismos de
efetiva necessidade em requerimento ao qual deverão ser fiscalização e de controle interno, nas condições
anexados os seguintes documentos: estabelecidas no regulamento desta Lei.
I - documento de identificação pessoal;
II - comprovante de residência em área rural; e
III - atestado de bons antecedentes.
§ 4o A listagem dos servidores das instituições de que Federal e do Comando do Exército, no âmbito de suas
trata este artigo deverá ser atualizada semestralmente no respectivas responsabilidades.
Sinarm. § 2o São isentas do pagamento das taxas previstas
§ 5o As instituições de que trata este artigo são neste artigo as pessoas e as instituições a que se referem
obrigadas a registrar ocorrência policial e a comunicar à os incisos I a VII e X e o § 5o do art. 6o desta Lei.
Polícia Federal eventual perda, furto, roubo ou outras
formas de extravio de armas de fogo, acessórios e Art. 11-A. O Ministério da Justiça disciplinará a forma
munições que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 e as condições do credenciamento de profissionais pela
(vinte e quatro) horas depois de ocorrido o fato. Polícia Federal para comprovação da aptidão psicológica e
da capacidade técnica para o manuseio de arma de fogo.
Art. 8o As armas de fogo utilizadas em entidades § 1o Na comprovação da aptidão psicológica, o valor
desportivas legalmente constituídas devem obedecer às cobrado pelo psicólogo não poderá exceder ao valor médio
condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo dos honorários profissionais para realização de avaliação
órgão competente, respondendo o possuidor ou o psicológica constante do item 1.16 da tabela do Conselho
autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do Federal de Psicologia.
regulamento desta Lei. § 2o Na comprovação da capacidade técnica, o valor
cobrado pelo instrutor de armamento e tiro não poderá
Art. 9o Compete ao Ministério da Justiça a exceder R$ 80,00 (oitenta reais),acrescido do custo da
autorização do porte de arma para os responsáveis pela munição.
segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados § 3o A cobrança de valores superiores aos previstos
no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do nos §§ 1o e 2o deste artigo implicará o descredenciamento
regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte do profissional pela Polícia Federal.
de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores
e caçadores e de representantes estrangeiros em CAPÍTULO IV
competição internacional oficial de tiro realizada no
território nacional. DOS CRIMES E DAS PENAS
Posse irregular de arma de fogo de uso permitido
Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de
de uso permitido, em todo o território nacional, é de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
competência da Polícia Federal e somente será desacordo com determinação legal ou regulamentar,
concedida após autorização do Sinarm. no interior de sua residência ou dependência desta, ou,
ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou
§ 1o A autorização prevista neste artigo poderá ser o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
concedida com eficácia temporária e territorial limitada,
nos termos de atos regulamentares, e dependerá de o Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
requerente:
I – demonstrar a sua efetiva necessidade por Omissão de cautela
exercício de atividade profissional de risco ou de ameaça à Art. 13. Deixar de observar as cautelas
sua integridade física; necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos
II – atender às exigências previstas no art. 4o desta ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de
Lei; arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua
III – apresentar documentação de propriedade de propriedade:
arma de fogo, bem como o seu devido registro no órgão Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.
competente. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o
§ 2o A autorização de porte de arma de fogo, prevista proprietário ou diretor responsável de empresa de
neste artigo, perderá automaticamente sua eficácia caso segurança e transporte de valores que deixarem de
o portador dela seja detido ou abordado em estado de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
embriaguez ou sob efeito de substâncias químicas ou Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de
alucinógenas. arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua
guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de
ocorrido o fato.
Art. 11. Fica instituída a cobrança de taxas, nos
valores constantes do Anexo desta Lei, pela prestação de
serviços relativos: Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido
I – ao registro de arma de fogo; Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber,
ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
II – à renovação de registro de arma de fogo;
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
III – à expedição de segunda via de registro de arma sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou
de fogo; munição, de uso permitido, sem autorização e em
IV – à expedição de porte federal de arma de fogo; desacordo com determinação legal ou regulamentar:
V – à renovação de porte de arma de fogo; Para os Tribunais Superiores, o crime de porte de arma de fogo
VI – à expedição de segunda via de porte federal de consuma-se independentemente de estar a arma municiada.
arma de fogo. Porém, segundo o STJ, se o laudo pericial reconhecer a ineficácia
§ 1o Os valores arrecadados destinam-se ao custeio e total da arma de fogo e das munições, a conduta será atípica.
à manutenção das atividades do Sinarm, da Polícia
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa. Comércio ilegal de arma de fogo

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar,
inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
registrada em nome do agente. remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de
- Declarado INCOSTITUCIONAL. qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no
ADI 3112 – Informativo 465 do STF exercício de atividade comercial ou industrial, arma de
Relativamente aos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
10.826/2003, que proíbem o estabelecimento de fiança, desacordo com determinação legal ou regulamentar:
respectivamente, para os crimes de porte ilegal de arma de fogo
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, e multa.
de uso permitido e de disparo de arma de fogo, considerou-se (2019)
desarrazoada a vedação, ao fundamento de que tais delitos não
poderiam ser equiparados a terrorismo, prática de tortura, tráfico § 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial,
ilícito de entorpecentes ou crimes hediondos (CF, art. 5º, XLIII). para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de
Asseverou-se, ademais, cuidar-se, na verdade, de crimes de mera serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino,
conduta que, embora impliquem redução no nível de segurança inclusive o exercido em residência.
coletiva, não podem ser igualados aos crimes que acarretam lesão
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega
ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade.
arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou
em desacordo com a determinação legal ou regulamentar,
Disparo de arma de fogo a agente policial disfarçado, quando presentes
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública preexistente. (2019)
ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e Tráfico internacional de arma de fogo
multa.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é saída do território nacional, a qualquer título, de arma de
inafiançável. fogo, acessório ou munição, sem autorização da
- Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112 – Informativo 465 autoridade competente:
STF Pena - reclusão, de 8 (oito) a 16 (dezesseis) anos, e
multa. (2019)
Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
restrito vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição,
Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, em operação de importação, sem autorização da
receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que autoridade competente, a agente policial disfarçado,
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter quando presentes elementos probatórios razoáveis de
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou conduta criminal preexistente. (2019)
munição de uso restrito, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar: Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena
(2019) é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. munição forem de uso proibido ou restrito.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17
sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; e 18, a pena é aumentada da metade se: (2019)
II – modificar as características de arma de fogo, de I - forem praticados por integrante dos órgãos e
forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei; ou (2019)
ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo II - o agente for reincidente específico em crimes
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; dessa natureza. (2019)

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são
explosivo ou incendiário, sem autorização ou em insuscetíveis de liberdade provisória.
desacordo com determinação legal ou regulamentar; - Declarado INCOSTITUCIONAL. ADI 3112-1 STF
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer
arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro CAPÍTULO V
sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
DISPOSIÇÕES GERAIS
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que
gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou Art. 22. O Ministério da Justiça poderá celebrar
explosivo a criança ou adolescente; e convênios com os Estados e o Distrito Federal para o
cumprimento do disposto nesta Lei.
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização
legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou
explosivo. Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º como a definição das armas de fogo e demais produtos
deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou
pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato
(2019)
do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta determinará o seu perdimento em favor da instituição
do Comando do Exército. beneficiada.
§ 1o Todas as munições comercializadas no País § 3o O transporte das armas de fogo doadas será de
deverão estar acondicionadas em embalagens com responsabilidade da instituição beneficiada, que procederá
sistema de código de barras, gravado na caixa, visando ao seu cadastramento no Sinarm ou no Sigma.
possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, § 4o (VETADO)
entre outras informações definidas pelo regulamento desta § 5o O Poder Judiciário instituirá instrumentos para o
Lei. encaminhamento ao Sinarm ou ao Sigma, conforme se
§ 2o Para os órgãos referidos no art. 6o, somente trate de arma de uso permitido ou de uso restrito,
serão expedidas autorizações de compra de munição com semestralmente, da relação de armas acauteladas em
identificação do lote e do adquirente no culote dos projéteis, juízo, mencionando suas características e o local onde se
na forma do regulamento desta Lei. encontram.
§ 3o As armas de fogo fabricadas a partir de 1 (um)
ano da data de publicação desta Lei conterão dispositivo Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a
intrínseco de segurança e de identificação, gravado no comercialização e a importação de brinquedos, réplicas
corpo da arma, definido pelo regulamento desta Lei, e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam
exclusive para os órgãos previstos no art. 6o. confundir.
§ 4o As instituições de ensino policial e as guardas Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as
municipais referidas nos incisos III e IV do caput do réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao
art. 6o desta Lei e no seu § 7o poderão adquirir insumos e adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas
máquinas de recarga de munição para o fim exclusivo de condições fixadas pelo Comando do Exército.
suprimento de suas atividades, mediante autorização
concedida nos termos definidos em regulamento.
Art. 27. Caberá ao Comando do Exército autorizar,
excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o restrito.
art. 2º desta Lei, compete ao Comando do Exército Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, aplica às aquisições dos Comandos Militares.
desembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo
e demais produtos controlados, inclusive o registro e o
porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, Art. 28. É vedado ao menor de 25 (vinte e cinco) anos
atiradores e caçadores. adquirir arma de fogo, ressalvados os integrantes das
entidades constantes dos incisos I, II, III, V, VI, VII e X do
caput do art. 6o desta Lei.
Art. 25. As armas de fogo apreendidas, após a
elaboração do laudo pericial e sua juntada aos autos,
quando não mais interessarem à persecução penal serão Art. 29. As autorizações de porte de armas de fogo já
encaminhadas pelo juiz competente ao Comando do concedidas expirar-se-ão 90 (noventa) dias após a
Exército, no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas, para publicação desta Lei.
destruição ou doação aos órgãos de segurança pública Parágrafo único. O detentor de autorização com
ou às Forças Armadas, na forma do regulamento desta Lei. prazo de validade superior a 90 (noventa) dias poderá
(2019) renová-la, perante a Polícia Federal, nas condições dos
§ 1o As armas de fogo encaminhadas ao Comando do arts. 4o, 6o e 10 desta Lei, no prazo de 90 (noventa) dias
Exército que receberem parecer favorável à doação, após sua publicação, sem ônus para o requerente.
obedecidos o padrão e a dotação de cada Força Armada
ou órgão de segurança pública, atendidos os critérios de
Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de
prioridade estabelecidos pelo Ministério da Justiça e ouvido
o Comando do Exército, serão arroladas em relatório fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar
reservado trimestral a ser encaminhado àquelas seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante
instituições, abrindo-se-lhes prazo para manifestação de apresentação de documento de identificação pessoal e
interesse. comprovante de residência fixa, acompanhados de nota
§ 1º-A. As armas de fogo e munições apreendidas fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse,
em decorrência do tráfico de drogas de abuso, ou de pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração
qualquer forma utilizadas em atividades ilícitas de firmada na qual constem as características da arma e a sua
produção ou comercialização de drogas abusivas, ou,
condição de proprietário, ficando este dispensado do
ainda, que tenham sido adquiridas com recursos
provenientes do tráfico de drogas de abuso, perdidas em pagamento de taxas e do cumprimento das demais
favor da União e encaminhadas para o Comando do exigências constantes dos incisos I a III do caput do
Exército, devem ser, após perícia ou vistoria que atestem art. 4o desta Lei.
seu bom estado, destinadas com prioridade para os Parágrafo único. Para fins do cumprimento do
órgãos de segurança pública e do sistema disposto no caput deste artigo, o proprietário de arma de
penitenciário da unidade da federação responsável pela fogo poderá obter, no Departamento de Polícia Federal,
apreensão. (2019) certificado de registro provisório, expedido na forma do § 4o
§ 2o O Comando do Exército encaminhará a relação do art. 5o desta Lei.
das armas a serem doadas ao juiz competente, que
Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de
fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo,
entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e
indenização, nos termos do regulamento desta Lei. CAPÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de Art. 35. É proibida a comercialização de arma de
fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante fogo e munição em todo o território nacional, salvo para
recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na as entidades previstas no art. 6o desta Lei.
forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de § 1o Este dispositivo, para entrar em vigor,
eventual posse irregular da referida arma. dependerá de aprovação mediante referendo popular, a ser
realizado em outubro de 2005.
Parágrafo único.
§ 2o Em caso de aprovação do referendo popular, o
disposto neste artigo entrará em vigor na data de
Art. 33. Será aplicada multa de R$ 100.000,00 (cem publicação de seu resultado pelo Tribunal Superior
mil reais) a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), conforme Eleitoral.
especificar o regulamento desta Lei:
I – à empresa de transporte aéreo, rodoviário, Art. 36. É revogada a Lei no 9.437, de 20 de fevereiro
ferroviário, marítimo, fluvial ou lacustre que de 1997.
deliberadamente, por qualquer meio, faça, promova, facilite
ou permita o transporte de arma ou munição sem a devida
autorização ou com inobservância das normas de Art. 37. Esta Lei entra em vigor na data de sua
segurança; publicação.
II – à empresa de produção ou comércio de
armamentos que realize publicidade para venda,
estimulando o uso indiscriminado de armas de fogo, exceto
nas publicações especializadas.

Art. 34. Os promotores de eventos em locais


fechados, com aglomeração superior a 1000 (um mil)
pessoas, adotarão, sob pena de responsabilidade, as
providências necessárias para evitar o ingresso de
01
pessoas armadas, ressalvados os eventos garantidos pelo
inciso VI do art. 5o da Constituição Federal. 02

Parágrafo único. As empresas responsáveis pela


prestação dos serviços de transporte internacional e 03

interestadual de passageiros adotarão as providências


necessárias para evitar o embarque de passageiros 04

armados.
05

Art. 34-A. Os dados relacionados à coleta de registros 06

balísticos serão armazenados no Banco Nacional de


Perfis Balísticos. (2019) 07

§ 1º O Banco Nacional de Perfis Balísticos tem como


08
objetivo cadastrar armas de fogo e armazenar
características de classe e individualizadoras de projéteis e
09
de estojos de munição deflagrados por arma de fogo.
(2019)
10
§ 2º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será
constituído pelos registros de elementos de munição 11
deflagrados por armas de fogo relacionados a crimes, para
subsidiar ações destinadas às apurações criminais 12

federais, estaduais e distritais. (2019)


§ 3º O Banco Nacional de Perfis Balísticos será gerido 13

pela unidade oficial de perícia criminal. (2019)


§ 4º Os dados constantes do Banco Nacional de 14

Perfis Balísticos terão caráter sigiloso, e aquele que


permitir ou promover sua utilização para fins diversos dos 15

previstos nesta Lei ou em decisão judicial responderá civil,


penal e administrativamente. (2019)
§ 5º É vedada a comercialização, total ou parcial, da
base de dados do Banco Nacional de Perfis Balísticos.
(2019)

§ 6º A formação, a gestão e o acesso ao Banco


Nacional de Perfis Balísticos serão regulamentados em ato
do Poder Executivo federal. (2019)
impedimento de longo prazo + interação com uma ou mais
barreiras.
Lei nº 13.146 / 2015
Estatuto da Pessoa com Deficiência Impedimento de longo prazo:
Natureza:
Física;
Mental;
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Intelectual;
Sensorial.
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Critérios de avaliação:
Constituição Federal de 1988 impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
Distrito Federal e dos Municípios: limitação no desempenho de atividades;
(...) restrição de participação.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência;
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito se:
Federal legislar concorrentemente sobre: I - acessibilidade: possibilidade e condição de
(...) alcance para utilização, com segurança e autonomia, de
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
de deficiência; transportes, informação e comunicação, inclusive seus
sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e
LIVRO I instalações abertos ao público, de uso público ou privados
PARTE GERAL de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por
TÍTULO I pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES II - desenho universal: concepção de produtos,
CAPÍTULO I ambientes, programas e serviços a serem usados por todas
DISPOSIÇÕES GERAIS as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva;
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
condições de igualdade, o exercício dos direitos e das metodologias, estratégias, práticas e serviços que
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, objetivem promover a funcionalidade, relacionada à
visando à sua inclusão social e cidadania. atividade e à participação da pessoa com deficiência ou
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia,
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência independência, qualidade de vida e inclusão social;
e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude
Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de ou comportamento que limite ou impeça a participação
julho de 2008 , em conformidade com o procedimento social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício
previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da República de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento
Federativa do Brasil , em vigor para o Brasil, no plano e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação,
jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e à compreensão, à circulação com segurança, entre outros,
promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de classificadas em:
2009 , data de início de sua vigência no plano interno. a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e
nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência uso coletivo;
aquela que tem impedimento de longo prazo de b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos
natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, edifícios públicos e privados;
em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir c) barreiras nos transportes: as existentes nos
sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade sistemas e meios de transportes;
de condições com as demais pessoas. d) barreiras nas comunicações e na informação:
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento
será biopsicossocial, realizada por equipe que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento
multiprofissional e interdisciplinar e considerará: de mensagens e de informações por intermédio de
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do sistemas de comunicação e de tecnologia da informação;
corpo; e) barreiras atitudinais: atitudes ou
II - os fatores socioambientais, psicológicos e comportamentos que impeçam ou prejudiquem a
pessoais; participação social da pessoa com deficiência em
III - a limitação no desempenho de atividades; e igualdade de condições e oportunidades com as demais
IV - a restrição de participação. pessoas;
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para
avaliação da deficiência.

Pessoa com Deficiência =


f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e
impedem o acesso da pessoa com deficiência às privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos
tecnologias; identificados com profissões legalmente estabelecidas;
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos XIV - acompanhante: aquele que acompanha a
que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as
Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de funções de atendente pessoal.
textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de
comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos CAPÍTULO II
multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à
modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de igualdade de oportunidades com as demais pessoas e
comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.
comunicações; § 1º Considera-se discriminação em razão da
VI - adaptações razoáveis: adaptações, deficiência toda forma de distinção, restrição ou
modificações e ajustes necessários e adequados que não exclusão, por ação ou omissão, que tenha o propósito
acarretem ônus desproporcional e indevido, quando ou o efeito de prejudicar, impedir ou anular o
requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa reconhecimento ou o exercício dos direitos e das
com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de liberdades fundamentais de pessoa com deficiência,
condições e oportunidades com as demais pessoas, todos incluindo a recusa de adaptações razoáveis e de
os direitos e liberdades fundamentais; fornecimento de tecnologias assistivas.
VII - elemento de urbanização: quaisquer § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à
componentes de obras de urbanização, tais como os fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
referentes a pavimentação, saneamento, encanamento
para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de
iluminação pública, serviços de comunicação, toda forma de negligência, discriminação, exploração,
abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que violência, tortura, crueldade, opressão e tratamento
materializam as indicações do planejamento urbanístico; desumano ou degradante.
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos Parágrafo único. Para os fins da proteção
existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou mencionada no caput deste artigo, são considerados
adicionados aos elementos de urbanização ou de especialmente vulneráveis a criança, o adolescente, a
edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado mulher e o idoso, com deficiência.
não provoque alterações substanciais nesses elementos,
tais como semáforos, postes de sinalização e similares, Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade
terminais e pontos de acesso coletivo às civil da pessoa, inclusive para:
telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, I - casar-se e constituir união estável;
marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
natureza análoga; III - exercer o direito de decidir sobre o número de
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que filhos e de ter acesso a informações adequadas sobre
tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, reprodução e planejamento familiar;
permanente ou temporária, gerando redução efetiva da IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a
mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da esterilização compulsória;
percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com V - exercer o direito à família e à convivência
criança de colo e obeso; familiar e comunitária; e
X - residências inclusivas: unidades de oferta do VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e
Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência à adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de
Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da oportunidades com as demais pessoas.
comunidade, com estruturas adequadas, que possam
contar com apoio psicossocial para o atendimento das Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade
necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e competente qualquer forma de ameaça ou de violação
adultos com deficiência, em situação de dependência, que aos direitos da pessoa com deficiência.
não dispõem de condições de autossustentabilidade e com Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções,
vínculos familiares fragilizados ou rompidos; os juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que
XI - moradia para a vida independente da caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem
pessoa com deficiência: moradia com estruturas remeter peças ao Ministério Público para as providências
adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio cabíveis.
coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o
grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência; Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não família assegurar à pessoa com deficiência, com
da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à
presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com saúde, à sexualidade, à paternidade e à maternidade, à
deficiência no exercício de suas atividades diárias, alimentação, à habitação, à educação, à
excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à
com profissões legalmente estabelecidas; habilitação e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade,
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que à cultura, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à informação,
exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do à comunicação, aos avanços científicos e tecnológicos, à
estudante com deficiência e atua em todas as atividades dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e
escolares nas quais se fizer necessária, em todos os comunitária, entre outros decorrentes da Constituição
Federal, da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que não haja outra opção de pesquisa de eficácia
e seu Protocolo Facultativo e das leis e de outras normas comparável com participantes não tutelados ou
que garantam seu bem-estar pessoal, social e econômico. curatelados.

Seção Única Art. 13. A pessoa com deficiência somente será


Do Atendimento Prioritário atendida sem seu consentimento prévio, livre e
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a esclarecido em casos de risco de morte e de emergência
receber atendimento prioritário, sobretudo com a em saúde, resguardado seu superior interesse e adotadas
finalidade de: as salvaguardas legais cabíveis.
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
II - atendimento em todas as instituições e serviços CAPÍTULO II
de atendimento ao público; DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
III - disponibilização de recursos, tanto humanos Constituição Federal de 1988
quanto tecnológicos, que garantam atendimento em Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
igualdade de condições com as demais pessoas; necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
IV - disponibilização de pontos de parada, estações social, e tem por objetivos:
(...)
e terminais acessíveis de transporte coletivo de
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
passageiros e garantia de segurança no embarque e no deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
desembarque;
V - acesso a informações e disponibilização de Art. 14. O processo de habilitação e de
recursos de comunicação acessíveis; reabilitação é um direito da pessoa com deficiência.
VI - recebimento de restituição de imposto de Parágrafo único. O processo de habilitação e de
renda; reabilitação tem por objetivo o desenvolvimento de
VII - tramitação processual e procedimentos potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas,
judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais,
em todos os atos e diligências. profissionais e artísticas que contribuam para a conquista
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são da autonomia da pessoa com deficiência e de sua
extensivos ao acompanhante da pessoa com deficiência participação social em igualdade de condições e
ou ao seu atendente pessoal, exceto quanto ao disposto oportunidades com as demais pessoas.
nos incisos VI e VII deste artigo.
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei
privados, a prioridade conferida por esta Lei é baseia-se em avaliação multidisciplinar das
condicionada aos protocolos de atendimento médico. necessidades, habilidades e potencialidades de cada
pessoa, observadas as seguintes diretrizes:
TÍTULO II I - diagnóstico e intervenção precoces;
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS II - adoção de medidas para compensar perda ou
CAPÍTULO I limitação funcional, buscando o desenvolvimento de
DO DIREITO À VIDA aptidões;
Art. 10. Compete ao poder público garantir a III - atuação permanente, integrada e articulada de
dignidade da pessoa com deficiência ao longo de toda a políticas públicas que possibilitem a plena participação
vida. social da pessoa com deficiência;
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência IV - oferta de rede de serviços articulados, com
ou estado de calamidade pública, a pessoa com atuação intersetorial, nos diferentes níveis de
deficiência será considerada vulnerável, devendo o complexidade, para atender às necessidades específicas
poder público adotar medidas para sua proteção e da pessoa com deficiência;
segurança. V - prestação de serviços próximo ao domicílio da
pessoa com deficiência, inclusive na zona rural,
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser respeitadas a organização das Redes de Atenção à Saúde
obrigada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, (RAS) nos territórios locais e as normas do Sistema Único
a tratamento ou a institucionalização forçada. de Saúde (SUS).
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com
deficiência em situação de curatela poderá ser suprido, Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e
na forma da lei. de reabilitação para a pessoa com deficiência, são
garantidos:
Art. 12. O consentimento prévio, livre e I - organização, serviços, métodos, técnicas e
esclarecido da pessoa com deficiência é indispensável recursos para atender às características de cada pessoa
para a realização de tratamento, procedimento, com deficiência;
hospitalização e pesquisa científica. II - acessibilidade em todos os ambientes e
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em serviços;
situação de curatela, deve ser assegurada sua III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação,
participação, no maior grau possível, para a obtenção de materiais e equipamentos adequados e apoio técnico
consentimento. profissional, de acordo com as especificidades de cada
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com pessoa com deficiência;
deficiência em situação de tutela ou de curatela deve ser IV - capacitação continuada de todos os
realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver profissionais que participem dos programas e serviços.
indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saúde
de outras pessoas com deficiência e desde Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão
promover ações articuladas para garantir à pessoa com
deficiência e sua família a aquisição de informações, nutricionais, conforme as normas vigentes do Ministério da
orientações e formas de acesso às políticas públicas Saúde.
disponíveis, com a finalidade de propiciar sua plena § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também
participação social. às instituições privadas que participem de forma
Parágrafo único. Os serviços de que trata o complementar do SUS ou que recebam recursos públicos
caput deste artigo podem fornecer informações e para sua manutenção.
orientações nas áreas de saúde, de educação, de cultura,
de esporte, de lazer, de transporte, de previdência social, Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações
de assistência social, de habitação, de trabalho, de destinadas à prevenção de deficiências por causas
empreendedorismo, de acesso ao crédito, de promoção, evitáveis, inclusive por meio de:
proteção e defesa de direitos e nas demais áreas que I - acompanhamento da gravidez, do parto e do
possibilitem à pessoa com deficiência exercer sua puerpério, com garantia de parto humanizado e seguro;
cidadania. II - promoção de práticas alimentares adequadas e
saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção e
cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação e
CAPÍTULO III
nutrição da mulher e da criança;
DO DIREITO À SAÚDE
III - aprimoramento e expansão dos programas de
Constituição Federal de 1988
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do
imunização e de triagem neonatal;
Distrito Federal e dos Municípios: IV - identificação e controle da gestante de alto
(...) risco.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e
garantia das pessoas portadoras de deficiência; Art. 20. As operadoras de planos e seguros
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da privados de saúde são obrigadas a garantir à pessoa com
pessoa com deficiência em todos os níveis de deficiência, no mínimo, todos os serviços e produtos
complexidade, por intermédio do SUS, garantido ofertados aos demais clientes.
acesso universal e igualitário.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à
deficiência na elaboração das políticas de saúde a ela saúde da pessoa com deficiência no local de residência,
destinadas. será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas diagnóstico e de tratamento, garantidos o transporte e a
éticas e técnicas, que regulamentarão a atuação dos acomodação da pessoa com deficiência e de seu
profissionais de saúde e contemplarão aspectos acompanhante.
relacionados aos direitos e às especificidades da pessoa
com deficiência, incluindo temas como sua dignidade e Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em
autonomia. observação é assegurado o direito a acompanhante ou
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à a atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de
pessoa com deficiência, especialmente em serviços de saúde proporcionar condições adequadas para sua
habilitação e de reabilitação, deve ser garantida permanência em tempo integral.
capacitação inicial e continuada. § 1º Na impossibilidade de permanência do
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública acompanhante ou do atendente pessoal junto à pessoa
destinados à pessoa com deficiência devem assegurar: com deficiência, cabe ao profissional de saúde responsável
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados pelo tratamento justificá-la por escrito.
por equipe multidisciplinar; § 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no §
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre 1º deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve
que necessários, para qualquer tipo de deficiência, adotar as providências cabíveis para suprir a ausência
inclusive para a manutenção da melhor condição de do acompanhante ou do atendente pessoal.
saúde e qualidade de vida;
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, Art. 23. São vedadas todas as formas de
tratamento ambulatorial e internação; discriminação contra a pessoa com deficiência,
IV - campanhas de vacinação; inclusive por meio de cobrança de valores diferenciados
V - atendimento psicológico, inclusive para seus por planos e seguros privados de saúde, em razão de sua
familiares e atendentes pessoais; condição.
VI - respeito à especificidade, à identidade de
gênero e à orientação sexual da pessoa com deficiência; Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o
VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o acesso aos serviços de saúde, tanto públicos como
direito à fertilização assistida; privados, e às informações prestadas e recebidas, por
VIII - informação adequada e acessível à pessoa meio de recursos de tecnologia assistiva e de todas as
com deficiência e a seus familiares sobre sua condição de formas de comunicação previstas no inciso V do art. 3º
saúde; desta Lei.
IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência Art. 3º (...)
e o desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais; V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que
X - promoção de estratégias de capacitação permanente abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua
das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis de Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o
sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres
atenção, no atendimento à pessoa com deficiência, bem ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem
como orientação a seus atendentes simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz
pessoais; digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e
XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de
locomoção, medicamentos, insumos e fórmulas
alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da portuguesa como segunda língua, em escolas e classes
informação e das comunicações; bilíngues e em escolas inclusivas;
V - adoção de medidas individualizadas e coletivas
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto em ambientes que maximizem o desenvolvimento
públicos quanto privados, devem assegurar o acesso acadêmico e social dos estudantes com deficiência,
da pessoa com deficiência, em conformidade com a favorecendo o acesso, a permanência, a participação e a
legislação em vigor, mediante a remoção de barreiras, por aprendizagem em instituições de ensino;
meio de projetos arquitetônico, de ambientação de interior VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de
e de comunicação que atendam às especificidades das novos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais
pessoas com deficiência física, sensorial, intelectual e didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia
mental. assistiva;
VII - planejamento de estudo de caso, de
Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação elaboração de plano de atendimento educacional
de violência praticada contra a pessoa com deficiência especializado, de organização de recursos e serviços de
serão objeto de notificação compulsória pelos serviços acessibilidade e de disponibilização e usabilidade
de saúde públicos e privados à autoridade policial e ao pedagógica de recursos de tecnologia assistiva;
Ministério Público, além dos Conselhos dos Direitos da VIII - participação dos estudantes com deficiência e
Pessoa com Deficiência. de suas famílias nas diversas instâncias de atuação da
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, comunidade escolar;
considera-se violência contra a pessoa com deficiência IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o
qualquer ação ou omissão, praticada em local público ou desenvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais,
privado, que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico vocacionais e profissionais, levando-se em conta o talento,
ou psicológico. a criatividade, as habilidades e os interesses do estudante
com deficiência;
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas
CAPÍTULO IV
pelos programas de formação inicial e continuada de
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
professores e oferta de formação continuada para o
Constituição Federal de 1988 atendimento educacional especializado;
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado XI - formação e disponibilização de professores
mediante a garantia de: para o atendimento educacional especializado, de
III - atendimento educacional especializado aos
tradutores e intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino; profissionais de apoio;
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a
deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo ampliar habilidades funcionais dos estudantes,
em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a promovendo sua autonomia e participação;
vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento XIII - acesso à educação superior e à educação
possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, profissional e tecnológica em igualdade de oportunidades
intelectuais e sociais, segundo suas características, e condições com as demais pessoas;
interesses e necessidades de aprendizagem. XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da cursos de nível superior e de educação profissional técnica
comunidade escolar e da sociedade assegurar e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com
educação de qualidade à pessoa com deficiência, deficiência nos respectivos campos de conhecimento;
colocando-a a salvo de toda forma de violência, XV - acesso da pessoa com deficiência, em
negligência e discriminação. igualdade de condições, a jogos e a atividades recreativas,
esportivas e de lazer, no sistema escolar;
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, XVI - acessibilidade para todos os estudantes,
desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e trabalhadores da educação e demais integrantes da
avaliar: comunidade escolar às edificações, aos ambientes e às
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis atividades concernentes a todas as modalidades, etapas e
e modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda níveis de ensino;
a vida; XVII - oferta de profissionais de apoio escolar;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, XVIII - articulação intersetorial na implementação de
visando a garantir condições de acesso, permanência, políticas públicas.
participação e aprendizagem, por meio da oferta de § 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e
serviços e de recursos de acessibilidade que eliminem as modalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o
barreiras e promovam a inclusão plena; disposto nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII,
III - projeto pedagógico que institucionalize o XIV, XV, XVI, XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo
atendimento educacional especializado, assim como os vedada a cobrança de valores adicionais de qualquer
demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas
características dos estudantes com deficiência e garantir o no cumprimento dessas determinações.
seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, § 2º Na disponibilização de tradutores e
promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia; intérpretes da Libras a que se refere o inciso XI do
IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como caput deste artigo, deve-se observar o seguinte:
primeira língua e na modalidade escrita da língua I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na
educação básica devem, no mínimo, possuir ensino
médio completo e certificado de proficiência na Libras; III - em caso de edificação multifamiliar, garantia
II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades
direcionados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de
cursos de graduação e pós-graduação, devem possuir adaptação razoável nos demais pisos;
nível superior, com habilitação, prioritariamente, em IV - disponibilização de equipamentos urbanos
Tradução e Interpretação em Libras. comunitários acessíveis;
V - elaboração de especificações técnicas no
Art. 29. (VETADO). projeto que permitam a instalação de elevadores.
§ 1º O direito à prioridade, previsto no
Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e caput deste artigo, será reconhecido à pessoa com
permanência nos cursos oferecidos pelas instituições deficiência beneficiária apenas uma vez.
de ensino superior e de educação profissional e § 2º Nos programas habitacionais públicos, os
tecnológica, públicas e privadas, devem ser adotadas as critérios de financiamento devem ser compatíveis com
seguintes medidas: os rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua
I - atendimento preferencial à pessoa com família.
deficiência nas dependências das Instituições de Ensino § 3º Caso não haja pessoa com deficiência
Superior (IES) e nos serviços; interessada nas unidades habitacionais reservadas por
II - disponibilização de formulário de inscrição de força do disposto no inciso I do caput deste artigo, as
exames com campos específicos para que o candidato unidades não utilizadas serão disponibilizadas às demais
com deficiência informe os recursos de acessibilidade e pessoas.
de tecnologia assistiva necessários para sua participação;
III - disponibilização de provas em formatos Art. 33. Ao poder público compete:
acessíveis para atendimento às necessidades específicas I - adotar as providências necessárias para o
do candidato com deficiência; cumprimento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e
IV - disponibilização de recursos de II - divulgar, para os agentes interessados e
acessibilidade e de tecnologia assistiva adequados, beneficiários, a política habitacional prevista nas
previamente solicitados e escolhidos pelo candidato com legislações federal, estaduais, distrital e municipais, com
deficiência; ênfase nos dispositivos sobre acessibilidade.
V - dilação de tempo, conforme demanda
apresentada pelo candidato com deficiência, tanto na CAPÍTULO VI
realização de exame para seleção quanto nas atividades DO DIREITO AO TRABALHO
acadêmicas, mediante prévia solicitação e comprovação Seção I
da necessidade; Disposições Gerais
VI - adoção de critérios de avaliação das provas
Constituição Federal de 1988
escritas, discursivas ou de redação que considerem a Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
singularidade linguística da pessoa com deficiência, no além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
domínio da modalidade escrita da língua portuguesa; (...)
VII - tradução completa do edital e de suas XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a
retificações em Libras. salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência;
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
CAPÍTULO V dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
DO DIREITO À MORADIA Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também,
moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ao seguinte:
com seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou (...)
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
em moradia para a vida independente da pessoa com
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os
deficiência, ou, ainda, em residência inclusiva. critérios de sua admissão;
§ 1º O poder público adotará programas e ações
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao
estratégicas para apoiar a criação e a manutenção de
trabalho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente
moradia para a vida independente da pessoa com
acessível e inclusivo, em igualdade de oportunidades com
deficiência.
as demais pessoas.
§ 2º A proteção integral na modalidade de
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado
residência inclusiva será prestada no âmbito do Suas à
ou de qualquer natureza são obrigadas a garantir
pessoa com deficiência em situação de dependência que
ambientes de trabalho acessíveis e inclusivos.
não disponha de condições de autossustentabilidade,
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em
com vínculos familiares fragilizados ou rompidos.
igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a
condições justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou
remuneração por trabalho de igual valor.
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa
deficiência ou o seu responsável goza de prioridade na
com deficiência e qualquer discriminação em razão de
aquisição de imóvel para moradia própria, observado o
sua condição, inclusive nas etapas de recrutamento,
seguinte:
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das seleção, contratação, admissão, exames admissional e
periódico, permanência no emprego, ascensão profissional
unidades habitacionais para pessoa com deficiência;
e reabilitação profissional, bem como exigência de aptidão
II - (VETADO);
plena.
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à Seção III
participação e ao acesso a cursos, treinamentos, educação Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho
continuada, planos de carreira, promoções, bonificações e Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com
incentivos profissionais oferecidos pelo empregador, em deficiência no trabalho a colocação competitiva, em
igualdade de oportunidades com os demais empregados. igualdade de oportunidades com as demais pessoas, nos
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência termos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual
acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o
fornecimento de recursos de tecnologia assistiva e a
Art. 35. É finalidade primordial das políticas adaptação razoável no ambiente de trabalho.
públicas de trabalho e emprego promover e garantir Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa
condições de acesso e de permanência da pessoa com com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com
deficiência no campo de trabalho. apoio, observadas as seguintes diretrizes:
Parágrafo único. Os programas de estímulo ao I - prioridade no atendimento à pessoa com
empreendedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos o deficiência com maior dificuldade de inserção no campo de
cooperativismo e o associativismo, devem prever a trabalho;
participação da pessoa com deficiência e a disponibilização II - provisão de suportes individualizados que
de linhas de crédito, quando necessárias. atendam a necessidades específicas da pessoa com
deficiência, inclusive a disponibilização de recursos de
Seção II tecnologia assistiva, de agente facilitador e de apoio no
Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional ambiente de trabalho;
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da
Art. 36. O poder público deve implementar serviços
pessoa com deficiência apoiada;
e programas completos de habilitação profissional e de
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos
reabilitação profissional para que a pessoa com
empregadores, com vistas à definição de estratégias de
deficiência possa ingressar, continuar ou retornar ao
inclusão e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;
campo do trabalho, respeitados sua livre escolha, sua
V - realização de avaliações periódicas;
vocação e seu interesse.
VI - articulação intersetorial das políticas públicas;
§ 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em
VII - possibilidade de participação de organizações
critérios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de
da sociedade civil.
habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa
com deficiência restaurar sua capacidade e habilidade Súmula n. 377 – STJ
profissional ou adquirir novas capacidades e habilidades de O portador de visão monocular tem direito de concorrer, em
concurso público, às vagas reservadas aos deficientes.
trabalho.
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao Súmula n. 552 – STJ
processo destinado a propiciar à pessoa com deficiência O portador de surdez unilateral não se qualifica como
aquisição de conhecimentos, habilidades e aptidões para pessoa com deficiência para o fim de disputar as vagas reservadas
exercício de profissão ou de ocupação, permitindo nível em concursos públicos.
suficiente de desenvolvimento profissional para ingresso
no campo de trabalho. Lei nº 8.112/1990
§ 3º Os serviços de habilitação profissional, de Art. 5º (...)
§ 2º Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o
reabilitação profissional e de educação profissional devem direito de se inscrever em concurso público para provimento de
ser dotados de recursos necessários para atender a toda cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de
pessoa com deficiência, independentemente de sua que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20%
característica específica, a fim de que ela possa ser (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
capacitada para trabalho que lhe seja adequado e ter
perspectivas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir. Decreto nº 9.508/ 2018
§ 4º Os serviços de habilitação profissional, de Art. 1º (...)
reabilitação profissional e de educação profissional § 1º Ficam reservadas às pessoas com deficiência, no
mínimo, 5% (cinco por cento) das vagas oferecidas para o
deverão ser oferecidos em ambientes acessíveis e
provimento de cargos efetivos e para a contratação por tempo
inclusivos. determinado para atender necessidade temporária de excepcional
§ 5º A habilitação profissional e a reabilitação interesse público, no âmbito da administração pública federal
profissional devem ocorrer articuladas com as redes direta e indireta.
públicas e privadas, especialmente de saúde, de ensino
e de assistência social, em todos os níveis e modalidades, Art. 38. A entidade contratada para a realização de
em entidades de formação profissional ou diretamente com processo seletivo público ou privado para cargo, função ou
o empregador. emprego está obrigada à observância do disposto nesta Lei
§ 6º A habilitação profissional pode ocorrer em e em outras normas de acessibilidade vigentes.
empresas por meio de prévia formalização do contrato de
emprego da pessoa com deficiência, que será considerada Consolidação das Leis do Trabalho.
Art. 428. Contrato de aprendizagem é o contrato de
para o cumprimento da reserva de vagas prevista em lei,
trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado,
desde que por tempo determinado e concomitante com a em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14
inclusão profissional na empresa, observado o disposto em (quatorze) e menor de 24 (vinte e quatro) anos inscrito em
regulamento. programa de aprendizagem formação técnico-profissional
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e
profissional atenderão à pessoa com deficiência. psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as
tarefas necessárias a essa formação.
(...)
§ 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do
comprovação da escolaridade de aprendiz com deficiência deve Regime Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à
considerar, sobretudo, as habilidades e competências aposentadoria nos termos da Lei Complementar nº 142, de
relacionadas com a profissionalização.
8 de maio de 2013 .
(...)
§ 8º Para o aprendiz com deficiência com 18 (dezoito) anos Constituição Federal de 1988
ou mais, a validade do contrato de aprendizagem pressupõe Art. 40. O regime próprio de previdência social dos
anotação na CTPS e matrícula e frequência em programa de servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e
aprendizagem desenvolvido sob orientação de entidade solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de
qualificada em formação técnico-profissional metódica. servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu (...)
termo ou quando o aprendiz completar 24 (vinte e quatro) anos, § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do
ressalvada a hipótese prevista no § 5o do art. 428 desta respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
Consolidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes diferenciados para aposentadoria de servidores com
hipóteses: deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial
(...) realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar.
I - desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz,
salvo para o aprendiz com deficiência quando desprovido de Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma
recursos de acessibilidade, de tecnologias assistivas e de apoio do Regime Geral de Previdência Social, de caráter contributivo e
necessário ao desempenho de suas atividades; de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
(...)
CAPÍTULO VII § 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos
Constituição Federal de 1988 termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de
idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade concessão de aposentadoria exclusivamente em favor dos
social, e tem por objetivos: segurados:
(...) I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não interdisciplinar;
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei. CAPÍTULO IX
Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE, AO
benefícios no âmbito da política pública de assistência TURISMO E AO LAZER
social à pessoa com deficiência e sua família têm como Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à
objetivo a garantia da segurança de renda, da acolhida, da cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade
habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da de oportunidades com as demais pessoas, sendo-lhe
autonomia e da convivência familiar e comunitária, para a garantido o acesso:
promoção do acesso a direitos e da plena participação I - a bens culturais em formato acessível;
social. II - a programas de televisão, cinema, teatro e
§ 1º A assistência social à pessoa com deficiência, outras atividades culturais e desportivas em formato
nos termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto acessível; e
articulado de serviços do âmbito da Proteção Social Básica III - a monumentos e locais de importância cultural e
e da Proteção Social Especial, ofertados pelo Suas, para a a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e
garantia de seguranças fundamentais no enfrentamento de esportivos.
situações de vulnerabilidade e de risco, por fragilização de § 1º É vedada a recusa de oferta de obra
vínculos e ameaça ou violação de direitos. intelectual em formato acessível à pessoa com
§ 2º Os serviços socioassistenciais destinados à deficiência, sob qualquer argumento, inclusive sob a
pessoa com deficiência em situação de dependência alegação de proteção dos direitos de propriedade
deverão contar com cuidadores sociais para prestar-lhe intelectual.
cuidados básicos e instrumentais. § 2º O poder público deve adotar soluções
destinadas à eliminação, à redução ou à superação de
Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que barreiras para a promoção do acesso a todo patrimônio
não possua meios para prover sua subsistência nem de tê- cultural, observadas as normas de acessibilidade,
la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) ambientais e de proteção do patrimônio histórico e artístico
salário-mínimo, nos termos da Lei nº 8.742, de 7 de nacional.
dezembro de 1993 .
Lei nº 8.742/1993 Art. 43. O poder público deve promover a
Art. 2º A assistência social tem por objetivos: participação da pessoa com deficiência em atividades
(...) artísticas, intelectuais, culturais, esportivas e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal recreativas, com vistas ao seu protagonismo, devendo:
à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir I - incentivar a provisão de instrução, de
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua treinamento e de recursos adequados, em igualdade de
família;
oportunidades com as demais pessoas;
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e
CAPÍTULO VIII nos serviços prestados por pessoa ou entidade envolvida
DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL na organização das atividades de que trata este artigo; e
III - assegurar a participação da pessoa com as jurisdições, consideram-se como integrantes desses
deficiência em jogos e atividades recreativas, esportivas, serviços os veículos, os terminais, as estações, os
de lazer, culturais e artísticas, inclusive no sistema pontos de parada, o sistema viário e a prestação do
escolar, em igualdade de condições com as demais serviço.
pessoas. § 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições
desta Lei, sempre que houver interação com a matéria nela
Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, regulada, a outorga, a concessão, a permissão, a
estádios, ginásios de esporte, locais de espetáculos e autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e
de conferências e similares, serão reservados espaços de serviços de transporte coletivo.
livres e assentos para a pessoa com deficiência, de acordo § 3º Para colocação do símbolo internacional de
com a capacidade de lotação da edificação, observado o acesso nos veículos, as empresas de transporte coletivo
disposto em regulamento. de passageiros dependem da certificação de
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este acessibilidade emitida pelo gestor público responsável pela
artigo devem ser distribuídos pelo recinto em locais prestação do serviço.
diversos, de boa visibilidade, em todos os setores,
próximos aos corredores, devidamente sinalizados, Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento
evitando-se áreas segregadas de público e obstrução das aberto ao público, de uso público ou privado de uso coletivo
saídas, em conformidade com as normas de e em vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas
acessibilidade. aos acessos de circulação de pedestres, devidamente
§ 2º No caso de não haver comprovada procura sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com
pelos assentos reservados, esses podem, deficiência com comprometimento de mobilidade, desde
excepcionalmente, ser ocupados por pessoas sem que devidamente identificados.
deficiência ou que não tenham mobilidade reduzida, § 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo
observado o disposto em regulamento. devem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garantida,
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este no mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as
artigo devem situar-se em locais que garantam a especificações de desenho e traçado de acordo com as
acomodação de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da normas técnicas vigentes de acessibilidade.
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, § 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
resguardado o direito de se acomodar proximamente a devem exibir, em local de ampla visibilidade, a credencial
grupo familiar e comunitário. de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida pelos
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve órgãos de trânsito, que disciplinarão suas características e
haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de condições de uso.
emergência acessíveis, conforme padrões das normas de § 3º A utilização indevida das vagas de que trata
acessibilidade, a fim de permitir a saída segura da pessoa este artigo sujeita os infratores às sanções previstas no
com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de inciso XX do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro
emergência. de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro). (2016)
§ 5º Todos os espaços das edificações previstas no Art. 181. Estacionar o veículo:
caput deste artigo devem atender às normas de (...)
acessibilidade em vigor. XX - nas vagas reservadas às pessoas com deficiência ou
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas idosos, sem credencial que comprove tal condição:
Infração - gravíssima;
as sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com
Penalidade - multa;
deficiência. Medida administrativa - remoção do veículo.
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência
não poderá ser superior ao valor cobrado das demais § 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo
pessoas. é vinculada à pessoa com deficiência que possui
comprometimento de mobilidade e é válida em todo o
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser território nacional.
construídos observando-se os princípios do desenho
universal, além de adotar todos os meios de acessibilidade, Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre,
conforme legislação em vigor. aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os portos
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão e os terminais em operação no País devem ser acessíveis,
disponibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.
dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) § 1º Os veículos e as estruturas de que trata o
unidade acessível. caput deste artigo devem dispor de sistema de
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo comunicação acessível que disponibilize informações
deverão ser localizados em rotas acessíveis. sobre todos os pontos do itinerário.
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência
prioridade e segurança nos procedimentos de
CAPÍTULO X embarque e de desembarque nos veículos de
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE transporte coletivo, de acordo com as normas técnicas.
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da § 3º Para colocação do símbolo internacional de
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida acesso nos veículos, as empresas de transporte coletivo
será assegurado em igualdade de oportunidades com de passageiros dependem da certificação de
as demais pessoas, por meio de identificação e de acessibilidade emitida pelo gestor público responsável pela
eliminação de todos os obstáculos e barreiras ao seu prestação do serviço.
acesso.
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de
transporte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento 12

e de turismo, na renovação de suas frotas, são obrigadas


ao cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei. 13

Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de 14

veículos acessíveis e a sua utilização como táxis e


vans , de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas. 15

Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem


reservar 10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis
à pessoa com deficiência. Lei nº 13.260 / 2016
Decreto nº 9.762/ 2019 Lei Antiterrorismo
Art. 3º As empresas de táxi garantirão que, no mínimo, dez
por cento de sua frota sejam acessíveis ao transporte de
pessoa em cadeira de rodas, sem prejuízo de outras adaptações Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da
necessárias ao transporte de pessoas com outras deficiências. Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando
de disposições investigatórias e processuais e
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas reformulando o conceito de organização terrorista; e altera
ou de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à as Leis n º 7.960, de 21 de dezembro de 1989, e 12.850,
pessoa com deficiência. de 2 de agosto de 2013.
§ 2º O poder público é autorizado a instituir
incentivos fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade Art. 1º Esta Lei regulamenta o disposto no inciso
dos veículos a que se refere o caput deste artigo. XLIII do art. 5º da Constituição Federal, disciplinando o
terrorismo, tratando de disposições investigatórias e
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a processuais e reformulando o conceito de organização
oferecer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com terrorista.
deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua CF, art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
frota. insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos
Decreto nº 9.762/ 2019
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
Art. 4º As locadoras de veículos oferecerão veículos
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
automotores adaptados ao uso de pessoa com deficiência na
proporção de um a cada vinte veículos da sua frota. Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou
mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor,
mínimo, câmbio automático, direção hidráulica, vidros etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de
elétricos e comandos manuais de freio e de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo
embreagem. pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade
pública.
§ 1º São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar,
portar ou trazer consigo explosivos, gases tóxicos,
venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou
outros meios capazes de causar danos ou promover
destruição em massa;
II – (VETADO);
III - (VETADO);
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se,
01 com violência, grave ameaça a pessoa ou servindo-se de
mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial,
02
ainda que de modo temporário, de meio de comunicação
ou de transporte, de portos, aeroportos, estações
03
ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde,
04
escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais
onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações
05 de geração ou transmissão de energia, instalações
militares, instalações de exploração, refino e
06 processamento de petróleo e gás e instituições bancárias
e sua rede de atendimento;
07 V - atentar contra a vida ou a integridade física
de pessoa:
08
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das
sanções correspondentes à ameaça ou à violência.
09
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica à conduta
10
individual ou coletiva de pessoas em manifestações
políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de
11 classe ou de categoria profissional, direcionados por
propósitos sociais ou reivindicatórios,
visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação,
objetivo de defender direitos, garantias e liberdades entidade, organização criminosa que tenha como atividade
constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a
em lei. prática dos crimes previstos nesta Lei.
A doutrina costuma dividir os diversos tipos de terrorismo em pelo Art. 7º Salvo quando for elementar da prática de
menos cinco modalidades, a saber:
qualquer crime previsto nesta Lei, se de algum deles
I - Terrorismo físico - Caracterizado pelo uso de grave ameaça,
sevícias, violência, assassinato e tortura para impor seus resultar lesão corporal grave, aumenta-se a pena de 1/3
interesses. (um terço), se resultar morte, aumenta-se a pena da
II - Terrorismo psicológico - É configurado por meio de indução metade.
do medo e do terror com a divulgação de notícias em benefício
próprio. Art. 8º (VETADO).
III - Terrorismo de Estado - Constitui-se em um recurso utilizado Art. 9º (VETADO).
por governos ou grupos para manipular uma população conforme
seus interesses.
Art. 10. Mesmo antes de iniciada a execução do
IV - Terrorismo econômico - Subjugar economicamente uma
população por conveniência própria. crime de terrorismo, na hipótese do art. 5º desta Lei,
V - Terrorismo religioso - Quando o incentivo ao terrorismo vem aplicam-se as disposições do art. 15 do Decreto-Lei nº
de alguma religião. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal .
Jeferson Botelho Pereira, JUS
Código Penal - Desistência voluntária e arrependimento eficaz
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na
Art. 3º Promover, constituir, integrar ou prestar execução ou impede que o resultado se produza, só responde
auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a pelos atos já praticados.
organização terrorista:
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.
§ 1º (VETADO). Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se
§ 2º (VETADO). que os crimes previstos nesta Lei são praticados
Art. 4º (VETADO). contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal
a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à
Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos
com o propósito inequívoco de consumar tal delito: termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal .
Trata-se da criminalização de uma fase anterior à Parágrafo único. (VETADO).
execução/tentativa, caracterizando uma exceção à regra do art. CF, Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
14, II, do Código Penal, a qual assevera que o crime é tentado IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
alheias à vontade do agente. entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
--------------------------------------------------------------------------------------- contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Nosso ordenamento jurídico não pune a fase de cogitação do Justiça Eleitoral;
crime e, em regra, não pune os atos preparatório, a não ser que a
preparação seja também tipificada. Caracteriza-se a fase de
execução pelo desempenho do verbo núcleo do tipo penal. Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do
TJMG, AC 047463632.2012.8.13.0079, Rel. Des. Marcílio Eustáquio dos Santos,
Pena - a correspondente ao delito consumado, Ministério Público ou mediante representação do delegado
DJe 29/8/2014
de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 (vinte e
diminuída de 1/4 (um quarto) até a metade.
quatro) horas, havendo indícios suficientes de crime
§ lº Incorre nas mesmas penas o agente que, com
previsto nesta Lei, poderá decretar, no curso da
o propósito de praticar atos de terrorismo:
investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias
I - recrutar, organizar, transportar ou municiar
de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou
indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua
existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam
residência ou nacionalidade; ou
II - fornecer ou receber treinamento em país instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta
distinto daquele de sua residência ou nacionalidade. Lei.
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para
§ 2º Nas hipóteses do § 1º, quando a conduta não
preservação do valor dos bens sempre que estiverem
envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele
sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação,
de sua residência ou nacionalidade, a pena será a
ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
correspondente ao delito consumado, diminuída de metade
§ 2º O juiz determinará a liberação, total ou parcial,
a dois terços.
dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude
Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, de sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos
manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer bens, direitos e valores necessários e suficientes à
modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, reparação dos danos e ao pagamento de prestações
pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido
planejamento, a preparação ou a execução dos crimes
sem o comparecimento pessoal do acusado ou de
previstos nesta Lei:
interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo,
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.
podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem
conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do
oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em
depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo disposto no § 1º.
contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso § 4º Poderão ser decretadas medidas
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para
financeiro, com a finalidade de financiar, total ou
reparação do dano decorrente da infração penal
antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento
de prestação pecuniária, multa e custas.

Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem,


o juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa física
ou jurídica qualificada para a administração dos bens,
direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias,
mediante termo de compromisso. 01

Art. 14. A pessoa responsável pela administração 02

dos bens:
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que 03

será satisfeita preferencialmente com o produto dos bens


04
objeto da administração;
II - prestará, por determinação judicial, informações
05
periódicas da situação dos bens sob sua administração,
bem como explicações e detalhamentos sobre 06
investimentos e reinvestimentos realizados.
Parágrafo único. Os atos relativos à administração 07

dos bens serão levados ao conhecimento do Ministério


Público, que requererá o que entender cabível. 08

Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de 09

existência de tratado ou convenção internacional e por


10
solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas
assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de
11
crimes descritos nesta Lei praticados no estrangeiro.
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, 12
independentemente de tratado ou convenção
internacional, quando houver reciprocidade do governo do 13

país da autoridade solicitante.


§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, 14

direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias por


solicitação de autoridade estrangeira competente ou os 15

recursos provenientes da sua alienação serão repartidos


entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de
metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de
boa-fé. Lei nº 1.521 / 1951
Crimes Contra a Economia Popular
Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850,
de 2 agosto de 2013 , para a investigação, processo e
julgamento dos crimes previstos nesta Lei. Altera dispositivos da legislação vigente sobre crimes
contra a economia popular.
Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei nº 8.072,
de 25 de julho de 1990 , aos crimes previstos nesta Lei. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 18. O inciso III do art. 1º da Lei nº 7.960, de 21 x
de dezembro de 1989 , passa a vigorar acrescido da Art. 1º. Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
seguinte alínea p : e as contravenções contra a economia popular, Esta Lei
“Art. lº ..................................................... regulará o seu julgamento.
III - ..........................................................
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.” Art. 2º. São crimes desta natureza:
I - recusar individualmente em estabelecimento
comercial a prestação de serviços essenciais à
Art. 19. O art. 1º da Lei nº 12.850, de 2 de agosto de subsistência; sonegar mercadoria ou recusar vendê-la
2013 , passa a vigorar com a seguinte alteração: a quem esteja em condições de comprar a pronto
“Art. 1º ..................................................... pagamento;
§ 2º .......................................................... II - favorecer ou preferir comprador ou freguês em
I - às organizações terroristas, entendidas como detrimento de outro, ressalvados os sistemas de entrega
aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo ao consumo por intermédio de distribuidores ou
legalmente definidos.” revendedores;
III - expor à venda ou vender mercadoria ou
Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua produto alimentício, cujo fabrico haja desatendido a
publicação. determinações oficiais, quanto ao peso e composição;
IV - negar ou deixar o fornecedor de serviços
essenciais de entregar ao freguês a nota relativa à
prestação de serviço, desde que a importância exceda de III - promover ou participar de consórcio,
quinze cruzeiros, e com a indicação do preço, do nome e convênio, ajuste, aliança ou fusão de capitais, com o fim de
endereço do estabelecimento, do nome da firma ou impedir ou dificultar, para o efeito de aumento arbitrário
responsável, da data e local da transação e do nome e de lucros, a concorrência em matéria de produção,
residência do freguês; transportes ou comércio;
V - misturar gêneros e mercadorias de espécies IV - reter ou açambarcar matérias-primas, meios
diferentes, expô-los à venda ou vendê-los, como puros; de produção ou produtos necessários ao consumo do povo,
misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais com o fim de dominar o mercado em qualquer ponto do
para expô-los à venda ou vendê-los por preço marcado País e provocar a alta dos preços;
para os de mais alto custo; V - vender mercadorias abaixo do preço de custo
VI - transgredir tabelas oficiais de gêneros e com o fim de impedir a concorrência.
mercadorias, ou de serviços essenciais, bem como expor VI - provocar a alta ou baixa de preços de
à venda ou oferecer ao público ou vender tais gêneros, mercadorias, títulos públicos, valores ou salários por meio
mercadorias ou serviços, por preço superior ao tabelado, de notícias falsas, operações fictícias ou qualquer outro
assim como não manter afixadas, em lugar visível e de fácil artifício;
leitura, as tabelas de preços aprovadas pelos órgãos VII - dar indicações ou fazer afirmações falsas em
competentes; prospectos ou anúncios, para fim de substituição,
VII - negar ou deixar o vendedor de fornecer nota compra ou venda de títulos, ações ou quotas;
ou caderno de venda de gêneros de primeira VIII - exercer funções de direção, administração
necessidade, seja à vista ou a prazo, e cuja importância ou gerência de mais de uma empresa ou sociedade do
exceda de dez cruzeiros, ou de especificar na nota ou mesmo ramo de indústria ou comércio com o fim de
caderno - que serão isentos de selo - o preço da impedir ou dificultar a concorrência;
mercadoria vendida, o nome e o endereço do IX - gerir fraudulenta ou temerariamente bancos
estabelecimento, a firma ou o responsável, a data e local ou estabelecimentos bancários, ou de capitalização;
da transação e o nome e residência do freguês; sociedades de seguros, pecúlios ou pensões vitalícias;
VIII - celebrar ajuste para impor determinado preço sociedades para empréstimos ou financiamento de
de revenda ou exigir do comprador que não compre de construções e de vendas e imóveis a prestações, com ou
outro vendedor; sem sorteio ou preferência por meio de pontos ou quotas;
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em caixas econômicas; caixas Raiffeisen; caixas mútuas, de
detrimento do povo ou de número indeterminado de beneficência, socorros ou empréstimos; caixas de pecúlios,
pessoas mediante especulações ou processos pensão e aposentadoria; caixas construtoras;
fraudulentos ("bola de neve", "cadeias", "pichardismo" e cooperativas; sociedades de economia coletiva, levando-
quaisquer outros equivalentes); as à falência ou à insolvência, ou não cumprindo qualquer
X - violar contrato de venda a prestações, das cláusulas contratuais com prejuízo dos interessados;
fraudando sorteios ou deixando de entregar a coisa X - fraudar de qualquer modo escriturações,
vendida, sem devolução das prestações pagas, ou lançamentos, registros, relatórios, pareceres e outras
descontar destas, nas vendas com reserva de domínio, informações devidas a sócios de sociedades civis ou
quando o contrato for rescindido por culpa do comprador, comerciais, em que o capital seja fracionado em ações ou
quantia maior do que a correspondente à depreciação do quotas de valor nominativo igual ou inferior a um mil
objeto. cruzeiros com o fim de sonegar lucros, dividendos,
XI - fraudar pesos ou medidas padronizados em lei percentagens, rateios ou bonificações, ou de desfalcar ou
ou regulamentos; possuí-los ou detê-los, para efeitos de de desviar fundos de reserva ou reservas técnicas.
comércio, sabendo estarem fraudados. Pena - detenção, de 2 (dois) anos a 10 (dez) anos, e
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, multa, de vinte mil a cem mil cruzeiros.
e multa, de dois mil a cinquenta mil cruzeiros.
Parágrafo único. Na configuração dos crimes Art. 4º. Constitui crime da mesma natureza a usura
previstos nesta Lei, bem como na de qualquer outro de pecuniária ou real, assim se considerando:
defesa da economia popular, sua guarda e seu emprego a) cobrar juros, comissões ou descontos
considerar-se-ão como de primeira necessidade ou percentuais, sobre dívidas em dinheiro superiores à taxa
necessários ao consumo do povo, os gêneros, artigos, permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa oficial de
mercadorias e qualquer outra espécie de coisas ou bens câmbio, sobre quantia permutada por moeda estrangeira;
indispensáveis à subsistência do indivíduo em condições ou, ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de
higiênicas e ao exercício normal de suas atividades. Estão instituição oficial de crédito;
compreendidos nesta definição os artigos destinados à b) obter, ou estipular, em qualquer contrato,
alimentação, ao vestuário e à iluminação, os abusando da premente necessidade, inexperiência ou
terapêuticos ou sanitários, o combustível, a habitação leviandade de outra parte, lucro patrimonial que exceda
e os materiais de construção. o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou
prometida.
Art. 3º. São também crimes desta natureza: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
I - destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem e multa, de cinco mil a vinte mil cruzeiros.
autorização legal, com o fim de determinar alta de preços, § 1º. Nas mesmas penas incorrerão os procuradores,
em proveito próprio ou de terceiro, matérias-primas ou mandatários ou mediadores que intervierem na operação
produtos necessários ao consumo do povo; usuária, bem como os cessionários de crédito usurário
II - abandonar ou fazer abandonar lavoura ou que, cientes de sua natureza ilícita, o fizerem valer em
plantações, suspender ou fazer suspender a atividade de sucessiva transmissão ou execução judicial.
fábricas, usinas ou quaisquer estabelecimentos de § 2º. São circunstâncias agravantes do crime de
produção, ou meios de transporte, mediante indenização usura:
paga pela desistência da competição;
I - ser cometido em época de grave crise autos da autoridade policial (art. 536 do Código de
econômica; Processo Penal).
II - ocasionar grave dano individual; - O art. 536, do Código de Processo Penal, encontra-se
III - dissimular-se a natureza usurária do contrato; desatualizado.
IV - quando cometido: § 4º. A retardação injustificada, pura e simples, dos
a) por militar, funcionário público, ministro de culto prazos indicados nos parágrafos anteriores, importa em
religioso; por pessoa cuja condição econômico-social seja crime de prevaricação (art. 319 do Código Penal).
manifestamente superior à da vítima; Código Penal
b) em detrimento de operário ou de agricultor; de Prevaricação
menor de 18 (dezoito) anos ou de deficiente mental, Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato
interditado ou não. de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
§ 3º. Revogado Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente
Art. 5º Nos crimes definidos nesta lei, haverá público, de cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a
suspensão da pena e livramento condicional em todos aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a
os casos permitidos pela legislação comum. Será a fiança comunicação com outros presos ou com o ambiente externo:
concedida nos termos da legislação em vigor, devendo Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
ser arbitrada dentro dos limites de Cr$ 5.000,00 (cinco mil
cruzeiros) a Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros), nas Art. 11. No Distrito Federal, o processo das infrações
hipóteses do artigo 2º, e dentro dos limites de Cr$ penais relativas à economia popular caberá,
10.000,00 (dez mil cruzeiros) a Cr$100.000,00 (cem mil indistintamente, a todas as varas criminais com exceção
cruzeiros) nos demais casos, reduzida à metade dentro das 1ª e 20ª, observadas as disposições quanto aos crimes
desses limites, quando o infrator for empregado do da competência do júri de que trata o art. 12.
estabelecimento comercial ou industrial, ou não ocupe
cargo ou posto de direção dos negócios.
Segundo o art. 5º, XXXVIII, d, da Constituição Federal, compete
ao Tribunal do Júri o julgamento dos Crimes Dolosos Contra a
Art. 6º. Verificado qualquer crime contra a economia Vida. Tais crimes estão previstos no art. 74, § 1º, do Código de
popular ou contra a saúde pública (Capítulo III do Título VIII Processo Penal:
do Código Penal) e atendendo à gravidade do fato, sua - Homicídio (simples, qualificado ou com causa de
repercussão e efeitos, o juiz, na sentença, declarará a diminuição da pena)
interdição de direito, determinada no art. 69, IV, do Código - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Penal, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, assim como, - Infanticídio e aborto (provocado pela gestante,
mediante representação da autoridade policial, poderá com seu consentimento ou provocado por terceiro).
---------------------------------------------------------------------------------------
decretar, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, a suspensão
provisória, pelo prazo de 15 (quinze) dias, do exercício da Conforme, ainda, entendimento do STF, o júri previsto no art. 12,
profissão ou atividade do infrator. da lei dos crimes contra a economia popular, não mais subsiste. In
verbis:
- O inciso IV, do art. 69, do Código Penal, foi revogado.
“CRIME CONTRA A ECONOMIA POPULAR. COMPETÊNCIA. II.
Art. 7º. Os juízes recorrerão de ofício sempre que O JÚRI A QUE SE REFEREM OS ARTS. 12 E SEGUINTES, DA
L. 1 521/51, DESAPARECEU COM O ADVENTO DO DL. N
absolverem os acusados em processo por crime contra a
2/66.”
economia popular ou contra a saúde pública, ou quando HC 101.542, rel. min. Ricardo Lewandowski, DJE de 28-5-2010
determinarem o arquivamento dos autos do respectivo ---------------------------------------------------------------------------------------
inquérito policial.
- Assim, consideram-se inaplicáveis os arts. 12 a 30 desta lei.
Art. 8º. Nos crimes contra a saúde pública, os
exames periciais serão realizados, no Distrito Federal, Art. 12. São da competência do Júri os crimes
pelas repartições da Secretária-geral da Saúde e previstos no art. 2º desta Lei. (Inaplicável)
Assistência e da Secretaria da Agricultura, Indústria e
Comércio da Prefeitura ou pelo Gabinete de Exames Art. 13. O Júri compõe de um juiz, que é o seu
Periciais do Departamento de Segurança Pública e nos presidente, e de vinte jurados sorteados dentre os eleitores
Estados e Territórios pelos serviços congêneres, valendo de cada zona eleitoral, de uma lista de cento e cinquenta a
qualquer dos laudos como corpo de delito. duzentos eleitores, cinco dos quais constituirão o conselho
de sentença em cada sessão de julgamento. (Inaplicável)
Art. 9º. Revogado
Art. 14. A lista a que se refere o artigo anterior será
Art. 10. Terá forma sumária, nos termos do Capítulo semestralmente organizada pelo presidente do Júri, sob
V, Título II, Livro II, do Código de Processo Penal, o sua responsabilidade, entre pessoas de notória
processo das contravenções e dos crimes contra a idoneidade, incluídos de preferência os chefes de família e
economia popular, não submetidos ao julgamento pelo júri. as donas de casa. (Inaplicável)
§ 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado
por portaria) deverão terminar no prazo de 10 (dez) dias. Art. 15. Até o dia quinze de cada mês, far-se-á o
§ 2º. O prazo para oferecimento da denúncia será de sorteio dos jurados que devam constituir o tribunal do mês
2 (dois) dias, esteja ou não o réu preso. seguinte. (Inaplicável)
§ 3º. A sentença do juiz será proferida dentro do prazo
de 30 (trinta) dias contados do recebimento dos Art. 16. o Júri funcionará quando estiverem
presentes, pelo menos quinze jurados. (Inaplicável)
Art. 17. O presidente do Júri fará as convocações Art. 26 Em plenário, constituído o conselho de
para o julgamento com quarenta e oito horas de sentença, o Juiz tomará aos jurados o juramento de bem e
antecedência pelo menos, observada a ordem de sinceramente decidirem a causa, proferindo o voto a bem
recebimento dos processos. (Inaplicável) da verdade e da justiça. (Inaplicável)

Art. 18. Além dos casos de suspeição e impedimento Art. 27. Qualificado a réu e sendo-lhe permitida
previstos em Lei, não poderá servir jurado da mesma qualquer declaração a bem da defesa, observada as
atividade profissional do acusado. (Inaplicável) formalidades processuais, aplicáveis e constantes da
seção IV do cap. II do livro Il, tit. I do Código de Processo
Art. 19. Poderá ser constituído um Júri em cada zona Penal, o juiz abrirá os debates, dando a palavra ao órgão
eleitoral. (Inaplicável) do Ministério Público e ao assistente, se houver, para
Art. 20. A presidência do Júri caberá ao Juiz do dedução da acusação e ao defensor para produzir a
processo, salvo quando a Lei de organização judiciária defesa. (Inaplicável)
atribuir a presidência a outro. (Inaplicável)
Art. 28. O tempo, destinado à acusação e à defesa
Art. 21. No Distrito Federal, poderá o juiz presidente será de uma hora para cada uma. Havendo mais de um
do Júri representar ao Tribunal de Justiça para que seja réu, o tempo será elevado ao dobro, desde que assim seja
substituído na presidência do Júri por Juiz substituto ou requerido. Não haverá réplica nem tréplica.
Juízes substitutos, nos têrmos do art. 20 da Lei nº 1.301, (Inaplicável)
de w28 de dezembro de 1950. Servirá no Júri o Promotor
Público que fôr designado. (Inaplicável) Art. 29. No julgamento que se realizará em sala
secreta com a presença do Juiz, do escrivão e de um oficial
Art. 22. O Júri poderá funcionar com pessoal, de Justiça, bem como dos acusadores e dos defensores
material e instalações destinados aos serviços eleitorais. que se conservarão em seus lugares sem intervir na
(Inaplicável) votação, os jurados depositarão na urna a resposta - sim
ou não - ao quesito único indagando se o réu praticou o
Art. 23. Nos processos da competência do Júri far- se- crime que lhe foi imputado. (Inaplicável)
á a instrução contraditória, observado o disposto no Código Parágrafo único. Em seguida, o Juiz, no caso de
de Processo Penal, relativamente ao processo comum condenação, lavrará sentença tendo em vista as
(livro II, título I, capítulo I) com às seguintes modificações: circunstâncias atenuantes ou agravantes existentes nos
(Inaplicável) autos e levando em conta na aplicação da pena o disposto
I) o número de testemunhas, tanto para a acusação nos arts. 42 e 43 do Código Penal.
como para a defesa, será de seis no máximo.
II) Serão ouvidas as testemunhas de acusação e de Art. 30. Das decisões do Júri, e nos termos da
defesa, dentro do prazo de quinze dias se o réu estiver legislação em vigor, cabe apelação, sem efeito suspensivo,
preso, e de vinte quando solto. em qualquer caso. (Inaplicável)
III) Havendo acordo entre o Ministério Público e o
réu, por seu defensor, mediante termo lavrado nos autos, Art. 31. Em tudo mais que couber e não contrariar
será dispensada a inquirição das testemunhas arroladas esta Lei aplicar-se-á o Código de Processo Penal.
pelas partes e cujos depoimentos constem do inquérito
policial. Art. 32. É o Poder Executivo autorizado a abrir ao
IV) Ouvidas as testemunhas e realizada qualquer Poder Judiciário o crédito especial de Cr$ 2.000.000,00
diligência porventura requeda, o Juiz, depois de sanadas (dois milhões de cruzeiros) para ocorrer, vetado, às
as nulidades e irregularidades e determinar ou realizar despesas do pessoal e material necessários à execução
qualquer outra diligência, que entender conveniente, desta Lei no Distrito Federal e nos Territórios.
ouvirá, nos autos, sucessivamente, por quarenta e oito
horas, o órgão do Ministério Público e o defensor. Art. 33. Esta Lei entrará em vigor sessenta dias
V) Em seguida, o Juiz poderá absolver, desde logo, o depois de sua publicação, aplicando-se aos processos
acusado, quando estiver provado que ele não praticou o iniciados na sua vigência.
crime, fundamentando a sentença e recorrendo ex-officio.
VI) Se o Juiz assim não proceder, sem manifestar, Art. 34. Revogam-se as disposições em contrário.
entretanto, sua opinião, determinará a remessa do
processo ao presidente do Júri ou que se faça a inclusão
do processo na pauta do julgamento se lhe couber a
presidência.
VII) São dispensadas a pronúncia e a formação de
libelo.

Art. 24 O órgão do Ministério Público, o réu e o seu


defensor, serão intimados do dia designado para o
julgamento. Será julgado à revelia o réu solto que deixar de 01
comparecer sem justa causa. (Inaplicável)
02

Art. 25 Poderão ser ouvidas em plenário as


testemunhas da instrução que, previamente, e com 03

quarenta e oito horas de antecedência, forem indicadas


pelo Ministério Público ou pelo acusado. (Inaplicável) 04
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a
05
estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender
06
ou receber cliente ou comprador.
Pena: reclusão de um a três anos.
07

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou


08 ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público
ou privado de qualquer grau.
09 Pena: reclusão de três a cinco anos.
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra
10
menor de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um
terço).
11

12
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem
em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento
13 similar.
Pena: reclusão de três a cinco anos.
14

Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em


15 restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes
abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.

Lei nº 7.716 / 1989 Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em


Crimes Resultantes de Preconceito estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou
clubes sociais abertos ao público.
de Raça ou de Cor Pena: reclusão de um a três anos.
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DIREITO
PROCESSUAL PENAL.INÉPCIA DA DENÚNCIA. CRIME DE
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR. AUSÊNCIA DE JUSTA
resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, CAUSA. INOCORRÊNCIA.
etnia, religião ou procedência nacional. 1. A denúncia que se mostra ajustada ao artigo 41 do
Código de Processo Penal, ensejando o pleno exercício da
Art. 2º (Vetado). garantia constitucional da ampla defesa, não deve, nem pode, ser
tida e havida como inepta. 2. A recusa de admissão no quadro
associativo de clube social, em razão de preconceito de raça ou
Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém,
de cor, caracteriza o tipo inserto no artigo 9º da Lei nº 7.716/89,
devidamente habilitado, a qualquer cargo da enquanto modo da conduta impedir, que lhe integra o núcleo. 3. A
Administração Direta ou Indireta, bem como das faculdade, estatutariamente atribuída à diretoria, de recusar
concessionárias de serviços públicos. propostas de admissão em clubes sociais, sem declinação dos
Pena: reclusão de dois a cinco anos. motivos, não lhe atribui a natureza especial de fechado, de
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por maneira a subtraí-lo da incidência da lei. 4. A pretensão de exame
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou de prova é estranha, em regra, ao âmbito angusto do habeas
procedência nacional, obstar a promoção funcional. corpus. 5. Recurso improvido.
STJ, Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO
Data de Julgamento: 22/03/2005, T6 - SEXTA TURMA
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa
privada. Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em
Pena: reclusão de dois a cinco anos. salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de
§ 1o Incorre na mesma pena quem, por motivo de massagem ou estabelecimento com as mesmas
discriminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do finalidades.
preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica: Pena: reclusão de um a três anos.
I - deixar de conceder os equipamentos
necessários ao empregado em igualdade de condições Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em
com os demais trabalhadores; edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou escada de acesso aos mesmos:
obstar outra forma de benefício profissional; Pena: reclusão de um a três anos.
III - proporcionar ao empregado tratamento
diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes
quanto ao salário. públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus,
§ 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte
de serviços à comunidade, incluindo atividades de concedido.
promoção da igualdade racial, quem, em anúncios ou Pena: reclusão de um a três anos.
qualquer outra forma de recrutamento de trabalhadores,
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao
para emprego cujas atividades não justifiquem essas serviço em qualquer ramo das Forças Armadas.
exigências. Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou


forma, o casamento ou convivência familiar e social.
Pena: reclusão de dois a quatro anos.

Art. 15. (Vetado).

Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do


cargo ou função pública, para o servidor público, e a
suspensão do funcionamento do estabelecimento
particular por prazo não superior a três meses.

Art. 17. (Vetado).

Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 01

desta Lei não são automáticos, devendo ser


02
motivadamente declarados na sentença.
03
Art. 19. (Vetado).
04
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião 05

ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa. 06

§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular


símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou 07

propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para


08
fins de divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. 09
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é
cometido por intermédio dos meios de comunicação 10

social ou publicação de qualquer natureza:


Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa 11

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá


determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, 12

ainda antes do inquérito policial, sob pena de


desobediência: 13

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão


14
dos exemplares do material respectivo
II - a cessação das respectivas transmissões 15
radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por
qualquer meio;
III - a interdição das respectivas mensagens ou
páginas de informação na rede mundial de computadores.
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da
condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a
destruição do material apreendido.

O STJ reconhece que a consumação do crime de racismo por meio


da internet ocorre no local de onde foram enviadas as
manifestações racistas.
STJ, CC 102454/RJ, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, j. 25.03.2009, DJe
15.04.2009.
Lei nº 13.146 / 2015 Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a
mudança de uso de edificações abertas ao público, de uso
Estatuto da Pessoa com Deficiência público ou privadas de uso coletivo deverão ser executadas
de modo a serem acessíveis.
§ 1º As entidades de fiscalização profissional das
TÍTULO III atividades de Engenharia, de Arquitetura e correlatas, ao
DA ACESSIBILIDADE anotarem a responsabilidade técnica de projetos, devem
CAPÍTULO I exigir a responsabilidade profissional declarada de
DISPOSIÇÕES GERAIS atendimento às regras de acessibilidade previstas em
legislação e em normas técnicas pertinentes.
Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à § 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão
pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de certificado de projeto executivo arquitetônico,
de forma independente e exercer seus direitos de urbanístico e de instalações e equipamentos temporários
cidadania e de participação social. ou permanentes e para o licenciamento ou a emissão de
certificado de conclusão de obra ou de serviço, deve ser
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das atestado o atendimento às regras de acessibilidade.
disposições desta Lei e de outras normas relativas à § 3º O poder público, após certificar a acessibilidade
acessibilidade, sempre que houver interação com a matéria de edificação ou de serviço, determinará a colocação, em
nela regulada: espaços ou em locais de ampla visibilidade, do símbolo
I - a aprovação de projeto arquitetônico e internacional de acesso, na forma prevista em legislação e
urbanístico ou de comunicação e informação, a fabricação em normas técnicas correlatas.
de veículos de transporte coletivo, a prestação do
respectivo serviço e a execução de qualquer tipo de obra, Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso
quando tenham destinação pública ou coletiva; coletivo já existentes devem garantir acessibilidade à
II - a outorga ou a renovação de concessão, pessoa com deficiência em todas as suas dependências e
permissão, autorização ou habilitação de qualquer serviços, tendo como referência as normas de
natureza; acessibilidade vigentes.
III - a aprovação de financiamento de projeto com
utilização de recursos públicos, por meio de renúncia ou de Art. 58. O projeto e a construção de edificação de
incentivo fiscal, contrato, convênio ou instrumento uso privado multifamiliar devem atender aos preceitos de
congênere; e acessibilidade, na forma regulamentar.
IV - a concessão de aval da União para obtenção de § 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis
empréstimo e de financiamento internacionais por entes pelo projeto e pela construção das edificações a que se
públicos ou privados. refere o caput deste artigo devem assegurar percentual
mínimo de suas unidades internamente acessíveis, na
Art. 55. A concepção e a implantação de projetos forma regulamentar.
que tratem do meio físico, de transporte, de informação e § 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para
comunicação, inclusive de sistemas e tecnologias da a aquisição de unidades internamente acessíveis a que se
informação e comunicação, e de outros serviços, refere o § 1º deste artigo.
equipamentos e instalações abertos ao público, de uso
público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos
como na rural, devem atender aos princípios do desenho espaços públicos, o poder público e as empresas
universal, tendo como referência as normas de concessionárias responsáveis pela execução das obras e
acessibilidade. dos serviços devem garantir, de forma segura, a fluidez do
§ 1º O desenho universal será sempre tomado trânsito e a livre circulação e acessibilidade das
como regra de caráter geral. pessoas, durante e após sua execução.
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o
desenho universal não possa ser empreendido, deve ser Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras
adotada adaptação razoável. de acessibilidade previstas em legislação e em normas
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclusão técnicas, observado o disposto na Lei nº 10.098, de 19 de
de conteúdos temáticos referentes ao desenho universal dezembro de 2000 , nº 10.257, de 10 de julho de 2001 , e
nas diretrizes curriculares da educação profissional e nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 :
tecnológica e do ensino superior e na formação das I - os planos diretores municipais, os planos
carreiras de Estado. diretores de transporte e trânsito, os planos de mobilidade
§ 4º Os programas, os projetos e as linhas de urbana e os planos de preservação de sítios históricos
pesquisa a serem desenvolvidos com o apoio de elaborados ou atualizados a partir da publicação desta Lei;
organismos públicos de auxílio à pesquisa e de agências II - os códigos de obras, os códigos de postura, as
de fomento deverão incluir temas voltados para o desenho leis de uso e ocupação do solo e as leis do sistema viário;
universal. III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
§ 5º Desde a etapa de concepção, as políticas IV - as atividades de fiscalização e a imposição de
públicas deverão considerar a adoção do desenho sanções; e
universal.
V - a legislação referente à prevenção contra I - subtitulação por meio de legenda oculta;
incêndio e pânico. II - janela com intérprete da Libras;
§ 1º A concessão e a renovação de alvará de III - audiodescrição.
funcionamento para qualquer atividade são
condicionadas à observação e à certificação das regras de Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos
acessibilidade. de incentivo à produção, à edição, à difusão, à
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de distribuição e à comercialização de livros em formatos
habilitação equivalente e sua renovação, quando esta acessíveis, inclusive em publicações da administração
tiver sido emitida anteriormente às exigências de pública ou financiadas com recursos públicos, com vistas a
acessibilidade, é condicionada à observação e à garantir à pessoa com deficiência o direito de acesso à
certificação das regras de acessibilidade. leitura, à informação e à comunicação.
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para
Art. 61. A formulação, a implementação e a o abastecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas
manutenção das ações de acessibilidade atenderão às em todos os níveis e modalidades de educação e de
seguintes premissas básicas: bibliotecas públicas, o poder público deverá adotar
I - eleição de prioridades, elaboração de cláusulas de impedimento à participação de editoras que
cronograma e reserva de recursos para implementação não ofertem sua produção também em formatos
das ações; e acessíveis.
II - planejamento contínuo e articulado entre os § 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos
setores envolvidos. digitais que possam ser reconhecidos e acessados por
softwares leitores de telas ou outras tecnologias assistivas
Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, que vierem a substituí-los, permitindo leitura com voz
mediante solicitação, o recebimento de contas, sintetizada, ampliação de caracteres, diferentes contrastes
boletos, recibos, extratos e cobranças de tributos em e impressão em Braille.
formato acessível. § 3º O poder público deve estimular e apoiar a
adaptação e a produção de artigos científicos em formato
acessível, inclusive em Libras.
CAPÍTULO II
DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
Art. 69. O poder público deve assegurar a
Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da disponibilidade de informações corretas e claras sobre os
internet mantidos por empresas com sede ou diferentes produtos e serviços ofertados, por quaisquer
representação comercial no País ou por órgãos de meios de comunicação empregados, inclusive em
governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo- ambiente virtual, contendo a especificação correta de
lhe acesso às informações disponíveis, conforme as quantidade, qualidade, características, composição e
melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas preço, bem como sobre os eventuais riscos à saúde e à
internacionalmente. segurança do consumidor com deficiência, em caso de sua
§ 1º Os sítios devem conter símbolo de utilização, aplicando-se, no que couber, os arts. 30 a 41 da
acessibilidade em destaque. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 .
§ 2º Telecentros comunitários que receberem § 1º Os canais de comercialização virtual e os
recursos públicos federais para seu custeio ou sua anúncios publicitários veiculados na imprensa escrita, na
instalação e lan houses devem possuir equipamentos e internet, no rádio, na televisão e nos demais veículos de
instalações acessíveis. comunicação abertos ou por assinatura devem
§ 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o disponibilizar, conforme a compatibilidade do meio, os
§ 2º deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por recursos de acessibilidade de que trata o art. 67 desta Lei,
cento) de seus computadores com recursos de a expensas do fornecedor do produto ou do serviço, sem
acessibilidade para pessoa com deficiência visual, sendo prejuízo da observância do disposto nos arts. 36 a 38 da
assegurado pelo menos 1 (um) equipamento, quando o Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 .
resultado percentual for inferior a 1 (um). § 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante
solicitação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que qualquer outro tipo de material de divulgação em formato
trata o art. 63 desta Lei deve ser observada para obtenção acessível.
do financiamento de que trata o inciso III do art. 54 desta
Lei. Art. 70. As instituições promotoras de congressos,
seminários, oficinas e demais eventos de natureza
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de científico-cultural devem oferecer à pessoa com
telecomunicações deverão garantir pleno acesso à pessoa deficiência, no mínimo, os recursos de tecnologia assistiva
com deficiência, conforme regulamentação específica. previstos no art. 67 desta Lei.

Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e
aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com os demais eventos de natureza científico-cultural
acessibilidade que, entre outras tecnologias assistivas, promovidos ou financiados pelo poder público devem
possuam possibilidade de indicação e de ampliação garantir as condições de acessibilidade e os recursos de
sonoras de todas as operações e funções disponíveis. tecnologia assistiva.

Art. 67. Os serviços de radiodifusão de sons e Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os
imagens devem permitir o uso dos seguintes recursos, projetos a serem desenvolvidos com o apoio de agências
entre outros: de financiamento e de órgãos e entidades integrantes da
administração pública que atuem no auxílio à pesquisa IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e,
devem contemplar temas voltados à tecnologia assistiva. para tanto, sempre que necessário e a seu pedido,
permissão para que a pessoa com deficiência seja
Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em auxiliada na votação por pessoa de sua escolha.
parceria com organizações da sociedade civil, promover a § 2º O poder público promoverá a participação da
capacitação de tradutores e intérpretes da Libras, de guias pessoa com deficiência, inclusive quando
intérpretes e de profissionais habilitados em Braille, institucionalizada, na condução das questões públicas,
audiodescrição, estenotipia e legendagem. sem discriminação e em igualdade de oportunidades,
observado o seguinte:
I - participação em organizações não
CAPÍTULO III
governamentais relacionadas à vida pública e à política do
DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
País e em atividades e administração de partidos políticos;
Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso II - formação de organizações para representar a
a produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, pessoa com deficiência em todos os níveis;
métodos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem III - participação da pessoa com deficiência em
sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida. organizações que a representem.

Art. 75. O poder público desenvolverá plano


TÍTULO IV
específico de medidas, a ser renovado em cada período de
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
4 (quatro) anos, com a finalidade de:
I - facilitar o acesso a crédito especializado, Art. 77. O poder público deve fomentar o
inclusive com oferta de linhas de crédito subsidiadas, desenvolvimento científico, a pesquisa e a inovação e a
específicas para aquisição de tecnologia assistiva; capacitação tecnológicas, voltados à melhoria da qualidade
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de de vida e ao trabalho da pessoa com deficiência e sua
importação de tecnologia assistiva, especialmente as inclusão social.
questões atinentes a procedimentos alfandegários e § 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a
sanitários; geração de conhecimentos e técnicas que visem à
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à prevenção e ao tratamento de deficiências e ao
produção nacional de tecnologia assistiva, inclusive por desenvolvimento de tecnologias assistiva e social.
meio de concessão de linhas de crédito subsidiado e de § 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e
parcerias com institutos de pesquisa oficiais; social devem ser fomentadas mediante a criação de cursos
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia de pós-graduação, a formação de recursos humanos e a
produtiva e de importação de tecnologia assistiva; inclusão do tema nas diretrizes de áreas do conhecimento.
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica
novos recursos de tecnologia assistiva no rol de produtos de instituições públicas e privadas para o desenvolvimento
distribuídos no âmbito do SUS e por outros órgãos de tecnologias assistiva e social que sejam voltadas para
governamentais. melhoria da funcionalidade e da participação social da
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste pessoa com deficiência.
artigo, os procedimentos constantes do plano específico de § 4º As medidas previstas neste artigo devem ser
medidas deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2 reavaliadas periodicamente pelo poder público, com vistas
(dois) anos. ao seu aperfeiçoamento.

Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o


CAPÍTULO IV
desenvolvimento, a inovação e a difusão de tecnologias
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA PÚBLICA E
voltadas para ampliar o acesso da pessoa com deficiência
POLÍTICA
às tecnologias da informação e comunicação e às
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com tecnologias sociais.
deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
de exercê-los em igualdade de condições com as I - o emprego de tecnologias da informação e
demais pessoas. comunicação como instrumento de superação de
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o limitações funcionais e de barreiras à comunicação, à
direito de votar e de ser votada, inclusive por meio das informação, à educação e ao entretenimento da pessoa
seguintes ações: com deficiência;
I - garantia de que os procedimentos, as II - a adoção de soluções e a difusão de normas que
instalações, os materiais e os equipamentos para votação visem a ampliar a acessibilidade da pessoa com deficiência
sejam apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil à computação e aos sítios da internet, em especial aos
compreensão e uso, sendo vedada a instalação de seções serviços de governo eletrônico.
eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência;
II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar- LIVRO II
se e a desempenhar quaisquer funções públicas em todos PARTE ESPECIAL
os níveis de governo, inclusive por meio do uso de novas
TÍTULO I
tecnologias assistivas, quando apropriado; DO ACESSO À JUSTIÇA
III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a CAPÍTULO I
propaganda eleitoral obrigatória e os debates transmitidos DISPOSIÇÕES GERAIS
pelas emissoras de televisão possuam, pelo menos, os
recursos elencados no art. 67 desta Lei; Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso
da pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas, garantindo, § 1º A definição da curatela não alcança o direito ao
sempre que requeridos, adaptações e recursos de próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacidade,
tecnologia assistiva. à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com § 2º A curatela constitui medida extraordinária,
deficiência em todo o processo judicial, o poder público devendo constar da sentença as razões e motivações de
deve capacitar os membros e os servidores que atuam no sua definição, preservados os interesses do curatelado.
Poder Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria § 3º No caso de pessoa em situação de
Pública, nos órgãos de segurança pública e no sistema institucionalização, ao nomear curador, o juiz deve dar
penitenciário quanto aos direitos da pessoa com preferência a pessoa que tenha vínculo de natureza
deficiência. familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com
deficiência submetida a medida restritiva de liberdade Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não
todos os direitos e garantias a que fazem jus os apenados será exigida a situação de curatela da pessoa com
sem deficiência, garantida a acessibilidade. deficiência.
§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público
tomarão as medidas necessárias à garantia dos direitos Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim
previstos nesta Lei. de proteger os interesses da pessoa com deficiência em
situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministério
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de Público, de oficio ou a requerimento do interessado,
tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará
deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre que sujeito, no que couber, às disposições do Código de
figure em um dos polos da ação ou atue como testemunha, Processo Civil .
partícipe da lide posta em juízo, advogado, defensor
público, magistrado ou membro do Ministério Público. TÍTULO II
Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
garantido o acesso ao conteúdo de todos os atos Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação
processuais de seu interesse, inclusive no exercício da de pessoa em razão de sua deficiência:
advocacia. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
§ 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a
Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão vítima encontrar-se sob cuidado e responsabilidade do
garantidos por ocasião da aplicação de sanções penais. agente.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no
Art. 82. (VETADO). caput deste artigo é cometido por intermédio de meios de
comunicação social ou de publicação de qualquer
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não natureza:
podem negar ou criar óbices ou condições diferenciadas à Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
prestação de seus serviços em razão de deficiência do multa.
solicitante, devendo reconhecer sua capacidade legal § 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá
plena, garantida a acessibilidade. determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste,
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no ainda antes do inquérito policial, sob pena de
caput deste artigo constitui discriminação em razão de desobediência:
deficiência. I - recolhimento ou busca e apreensão dos
exemplares do material discriminatório;
CAPÍTULO II II - interdição das respectivas mensagens ou
DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI páginas de informação na internet.
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o § 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui
direito ao exercício de sua capacidade legal em efeito da condenação, após o trânsito em julgado da
igualdade de condições com as demais pessoas. decisão, a destruição do material apreendido.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência
será submetida à curatela, conforme a lei. Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens,
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção proventos, pensão, benefícios, remuneração ou
de processo de tomada de decisão apoiada. qualquer outro rendimento de pessoa com deficiência:
§ 3º A definição de curatela de pessoa com Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
deficiência constitui medida protetiva extraordinária, multa.
proporcional às necessidades e às circunstâncias de Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um
cada caso, e durará o menor tempo possível. terço) se o crime é cometido:
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, I - por tutor, curador, síndico, liquidatário,
anualmente, contas de sua administração ao juiz, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; ou
apresentando o balanço do respectivo ano. II - por aquele que se apropriou em razão de ofício
ou de profissão.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos
relacionados aos direitos de natureza patrimonial e Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em
negocial. hospitais, casas de saúde, entidades de abrigamento
ou congêneres:
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos,
e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o
prover as necessidades básicas de pessoa com benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei
deficiência quando obrigado por lei ou mandado. nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que exerça
atividade remunerada que a enquadre como segurado
Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, obrigatório do RGPS.
qualquer meio eletrônico ou documento de pessoa com
deficiência destinados ao recebimento de benefícios, Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de
proventos, pensões ou remuneração ou à realização de pessoa com deficiência perante os órgãos públicos quando
operações financeiras, com o fim de obter vantagem seu deslocamento, em razão de sua limitação funcional e
indevida para si ou para outrem: de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) desproporcional e indevido, hipótese na qual serão
anos, e multa. observados os seguintes procedimentos:
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um I - quando for de interesse do poder público, o
terço) se o crime é cometido por tutor ou curador. agente promoverá o contato necessário com a pessoa com
deficiência em sua residência;
II - quando for de interesse da pessoa com
TÍTULO III
deficiência, ela apresentará solicitação de atendimento
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
domiciliar ou fará representar-se por procurador constituído
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da para essa finalidade.
Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro Parágrafo único. É assegurado à pessoa com
público eletrônico com a finalidade de coletar, processar, deficiência atendimento domiciliar pela perícia médica e
sistematizar e disseminar informações georreferenciadas social do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo
que permitam a identificação e a caracterização serviço público de saúde ou pelo serviço privado de saúde,
socioeconômica da pessoa com deficiência, bem como das contratado ou conveniado, que integre o SUS e pelas
barreiras que impedem a realização de seus direitos. entidades da rede socioassistencial integrantes do Suas,
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo quando seu deslocamento, em razão de sua limitação
Poder Executivo federal e constituído por base de dados, funcional e de condições de acessibilidade, imponha-lhe
instrumentos, procedimentos e sistemas eletrônicos. ônus desproporcional e indevido.
§ 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão
serão obtidos pela integração dos sistemas de informação Art. 96. O § 6º -A do art. 135 da Lei nº 4.737, de 15
e da base de dados de todas as políticas públicas de julho de 1965 (Código Eleitoral) , passa a vigorar com a
relacionadas aos direitos da pessoa com deficiência, bem seguinte redação:
como por informações coletadas, inclusive em censos “Art. 135. .............................................................
nacionais e nas demais pesquisas realizadas no País, de § 6º -A. Os Tribunais Regionais Eleitorais deverão,
acordo com os parâmetros estabelecidos pela Convenção a cada eleição, expedir instruções aos Juízes
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Eleitorais para orientá-los na escolha dos locais de
Protocolo Facultativo. votação, de maneira a garantir acessibilidade para
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização de o eleitor com deficiência ou com mobilidade
dados, é facultada a celebração de convênios, acordos, reduzida, inclusive em seu entorno e nos
sistemas de transporte que lhe dão acesso ”
termos de parceria ou contratos com instituições públicas e
(NR)
privadas, observados os requisitos e procedimentos
previstos em legislação específica.
§ 4º Para assegurar a confidencialidade, a Art. 97. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
privacidade e as liberdades fundamentais da pessoa com aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943
deficiência e os princípios éticos que regem a utilização de , passa a vigorar com as seguintes alterações:
informações, devem ser observadas as salvaguardas “Art. 428. ...............................................................
estabelecidas em lei. § 6º Para os fins do contrato de aprendizagem, a
comprovação da escolaridade de aprendiz com
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente
deficiência deve considerar, sobretudo, as
poderão ser utilizados para as seguintes finalidades: habilidades e competências relacionadas com a
I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação profissionalização.
das políticas públicas para a pessoa com deficiência e para ...............................................................................
identificar as barreiras que impedem a realização de seus § 8º Para o aprendiz com deficiência com 18
direitos; (dezoito) anos ou mais, a validade do contrato de
II - realização de estudos e pesquisas. aprendizagem pressupõe anotação na CTPS e
§ 6º As informações a que se refere este artigo matrícula e frequência em programa de
aprendizagem desenvolvido sob orientação de
devem ser disseminadas em formatos acessíveis.
entidade qualificada em formação técnico-
profissional metódica.” (NR)
Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias “Art. 433. .........................................................
pelos órgãos de controle interno e externo, deve ser I - desempenho insuficiente ou inadaptação do
observado o cumprimento da legislação relativa à pessoa aprendiz, salvo para o aprendiz com deficiência
com deficiência e das normas de acessibilidade vigentes. quando desprovido de recursos de acessibilidade,
de tecnologias assistivas e de apoio necessário ao
Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da desempenho de suas atividades; ............... ” (NR)
lei, a pessoa com deficiência moderada ou grave que:
I - receba o benefício de prestação continuada Art. 98. A Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 ,
previsto no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de passa a vigorar com as seguintes alterações:
1993 , e que passe a exercer atividade remunerada que a
enquadre como segurado obrigatório do RGPS;
“Art. 3º As medidas judiciais destinadas à proteção com deficiência, mediante solicitação do
de interesses coletivos, difusos, individuais consumidor.” (NR)
homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa
com deficiência poderão ser propostas pelo Art. 101. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991 ,
Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela passa a vigorar com as seguintes alterações:
União, pelos Estados, pelos Municípios, pelo
“Art. 16. .............................................................
Distrito Federal, por associação constituída há
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o
mais de 1 (um) ano, nos termos da lei civil, por
autarquia, por empresa pública e por fundação ou filho não emancipado, de qualquer condição,
sociedade de economia mista que inclua, entre menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou
suas finalidades institucionais, a proteção dos que tenha deficiência intelectual ou mental ou
interesses e a promoção de direitos da pessoa deficiência grave;
com deficiência. ...............................................................................
....................................................................” (NR) III - o irmão não emancipado, de qualquer
“Art. 8º Constitui crime punível com reclusão de 2 condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
(dois) a 5 (cinco) anos e multa: inválido ou que tenha deficiência intelectual ou
I - recusar, cobrar valores adicionais, suspender, mental ou deficiência grave;
procrastinar, cancelar ou fazer cessar inscrição de ................................................................” (NR)
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer “Art. 77. ................................................................
curso ou grau, público ou privado, em razão de sua § 2º ..............................................................
deficiência; II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o
II - obstar inscrição em concurso público ou irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou
acesso de alguém a qualquer cargo ou emprego ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo
público, em razão de sua deficiência; se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou
III - negar ou obstar emprego, trabalho ou mental ou deficiência grave;
promoção à pessoa em razão de sua deficiência; ...............................................................................
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou § 4º (VETADO).
deixar de prestar assistência médico-hospitalar e .....................................................................” (NR)
ambulatorial à pessoa com deficiência; “Art. 93. (VETADO):
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar I - (VETADO);
execução de ordem judicial expedida na ação civil II - (VETADO);
a que alude esta Lei; III - (VETADO);
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos IV - (VETADO);
indispensáveis à propositura da ação civil pública V - (VETADO).
objeto desta Lei, quando requisitados. § 1º A dispensa de pessoa com deficiência ou de
§ 1º Se o crime for praticado contra pessoa com beneficiário reabilitado da Previdência Social ao
deficiência menor de 18 (dezoito) anos, a pena é final de contrato por prazo determinado de mais de
agravada em 1/3 (um terço). 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em
§ 2º A pena pela adoção deliberada de critérios contrato por prazo indeterminado somente
subjetivos para indeferimento de inscrição, de poderão ocorrer após a contratação de outro
aprovação e de cumprimento de estágio trabalhador com deficiência ou beneficiário
probatório em concursos públicos não exclui a reabilitado da Previdência Social.
responsabilidade patrimonial pessoal do § 2º Ao Ministério do Trabalho e Emprego incumbe
administrador público pelos danos causados. estabelecer a sistemática de fiscalização, bem
§ 3º Incorre nas mesmas penas quem impede ou como gerar dados e estatísticas sobre o total de
dificulta o ingresso de pessoa com deficiência em empregados e as vagas preenchidas por pessoas
planos privados de assistência à saúde, inclusive com deficiência e por beneficiários reabilitados da
com cobrança de valores diferenciados. Previdência Social, fornecendo-os, quando
§ 4º Se o crime for praticado em atendimento de solicitados, aos sindicatos, às entidades
urgência e emergência, a pena é agravada em 1/3 representativas dos empregados ou aos cidadãos
(um terço).” (NR) interessados.
§ 3º Para a reserva de cargos será considerada
somente a contratação direta de pessoa com
Art. 99. O art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de
1990 , passa a vigorar acrescido do seguinte inciso XVIII: que trata a Consolidação das Leis do Trabalho
“Art. 20. ........................................................ (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por de maio de 1943.
prescrição, necessite adquirir órtese ou prótese § 4º (VETADO).” (NR)
para promoção de acessibilidade e de inclusão “Art. 110-A. No ato de requerimento de benefícios
social. operacionalizados pelo INSS, não será exigida
.......................................................” (NR) apresentação de termo de curatela de titular ou de
beneficiário com deficiência, observados os
procedimentos a serem estabelecidos em
Art. 100. A Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 regulamento.”
(Código de Defesa do Consumidor) , passa a vigorar com
as seguintes alterações:
Art. 102. O art. 2º da Lei nº 8.313, de 23 de dezembro
“Art. 6º .................................................................. de 1991 , passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º :
Parágrafo único. A informação de que trata o
inciso III do caput deste artigo deve ser acessível “Art. 2º ...................................................................
à pessoa com deficiência, observado o disposto § 3º Os incentivos criados por esta Lei somente
em regulamento.” (NR) serão concedidos a projetos culturais que forem
“Art. 43. .......................................................... disponibilizados, sempre que tecnicamente
§ 6º Todas as informações de que trata o possível, também em formato acessível à pessoa
caput deste artigo devem ser disponibilizadas em com deficiência, observado o disposto em
formatos acessíveis, inclusive para a pessoa regulamento.” (NR)
“Art. 1º É proibida a adoção de qualquer prática
discriminatória e limitativa para efeito de acesso à
Art. 103. O art. 11 da Lei nº 8.429, de 2 de junho de relação de trabalho, ou de sua manutenção, por
1992 , passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IX: motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil,
“Art. 11. ................................................................ situação familiar, deficiência, reabilitação
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos profissional, idade, entre outros, ressalvadas,
de acessibilidade previstos na legislação.” (NR) nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e
ao adolescente previstas noinciso XXXIII do art. 7º
da Constituição Federal. ” (NR)
Art. 104. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 , “Art. 3º Sem prejuízo do prescrito no art. 2º desta
passa a vigorar com as seguintes alterações: Lei e nos dispositivos legais que tipificam os
“Art. 3º ................................................................. crimes resultantes de preconceito de etnia, raça,
§ 2º ...................................................................... cor ou deficiência, as infrações ao disposto nesta
V - produzidos ou prestados por empresas que Lei são passíveis das seguintes cominações:
comprovem cumprimento de reserva de cargos ...............................................................” (NR)
prevista em lei para pessoa com deficiência ou “Art. 4º ........................................................
para reabilitado da Previdência Social e que I - a reintegração com ressarcimento integral de
atendam às regras de acessibilidade previstas na todo o período de afastamento, mediante
legislação. pagamento das remunerações devidas, corrigidas
.............................................................................. monetariamente e acrescidas de juros legais; ”
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser (NR)
estabelecida margem de preferência para:
I - produtos manufaturados e para serviços Art. 108. O art. 35 da Lei nº 9.250, de 26 de
nacionais que atendam a normas técnicas
brasileiras; e dezembro de 1995 , passa a vigorar acrescido do seguinte
II - bens e serviços produzidos ou prestados por § 5º :
empresas que comprovem cumprimento de “Art. 35. .........................................................
reserva de cargos prevista em lei para pessoa com § 5º Sem prejuízo do disposto no inciso IX do
deficiência ou para reabilitado da Previdência parágrafo único do art. 3º da Lei nº 10.741, de 1º
Social e que atendam às regras de acessibilidade de outubro de 2003 , a pessoa com deficiência, ou
previstas na legislação. o contribuinte que tenha dependente nessa
....................................................................” (NR) condição, tem preferência na restituição referida
“Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V no inciso III do art. 4º e na alínea “c” do inciso II do
do § 2º e no inciso II do § 5º do art. 3º desta Lei art. 8º .” (NR)
deverão cumprir, durante todo o período de
execução do contrato, a reserva de cargos
Art. 109. A Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997
prevista em lei para pessoa com deficiência ou
para reabilitado da Previdência Social, bem como (Código de Trânsito Brasileiro) , passa a vigorar com as
as regras de acessibilidade previstas na seguintes alterações:
legislação. “Art. 2º ...........................................................
Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o Parágrafo único. Para os efeitos deste Código, são
cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos consideradas vias terrestres as praias abertas à
serviços e nos ambientes de trabalho.” circulação pública, as vias internas pertencentes
aos condomínios constituídos por unidades
autônomas e as vias e áreas de estacionamento
Art. 105. O art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro
de estabelecimentos privados de uso coletivo.”
de 1993 , passa a vigorar com as seguintes alterações: (NR)
“Art. 20. ....................................................... “Art. 86-A. As vagas de estacionamento
§ 2º Para efeito de concessão do benefício de regulamentado de que trata o inciso XVII do art.
prestação continuada, considera-se pessoa com 181 desta Lei deverão ser sinalizadas com as
deficiência aquela que tem impedimento de longo respectivas placas indicativas de destinação e
prazo de natureza física, mental, intelectual ou com placas informando os dados sobre a infração
sensorial, o qual, em interação com uma ou mais por estacionamento indevido.”
barreiras, pode obstruir sua participação plena e “Art. 147-A. Ao candidato com deficiência auditiva
efetiva na sociedade em igualdade de condições é assegurada acessibilidade de comunicação,
com as demais pessoas. mediante emprego de tecnologias assistivas ou de
...................................................................... ajudas técnicas em todas as etapas do processo
§ 9º Os rendimentos decorrentes de estágio de habilitação.
supervisionado e de aprendizagem não serão § 1º O material didático audiovisual utilizado em
computados para os fins de cálculo da renda aulas teóricas dos cursos que precedem os
familiar per capita a que se refere o § 3º deste exames previstos no art. 147 desta Lei deve ser
artigo. acessível, por meio de subtitulação com legenda
...................................................................... oculta associada à tradução simultânea em Libras.
§ 11. Para concessão do benefício de que trata o § 2º É assegurado também ao candidato com
caput deste artigo, poderão ser utilizados outros deficiência auditiva requerer, no ato de sua
elementos probatórios da condição de inscrição, os serviços de intérprete da Libras, para
miserabilidade do grupo familiar e da situação de acompanhamento em aulas práticas e teóricas.”
vulnerabilidade, conforme regulamento.” (NR) “Art. 154. (VETADO).”
“Art. 181.
...................................................................
Art. 106. (VETADO).
XVII ......................Infração - grave;
...........................................................” (NR)
Art. 107. A Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1995 ,
passa a vigorar com as seguintes alterações:
IV - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que
Art. 110. O inciso VI e o § 1º do art. 56 da Lei nº
tenha, por qualquer motivo, dificuldade de
9.615, de 24 de março de 1998 , passam a vigorar com a movimentação, permanente ou temporária,
seguinte redação: gerando redução efetiva da mobilidade, da
“Art. 56. ............................................................. flexibilidade, da coordenação motora ou da
VI - 2,7% (dois inteiros e sete décimos por cento) percepção, incluindo idoso, gestante, lactante,
da arrecadação bruta dos concursos de pessoa com criança de colo e obeso;
prognósticos e loterias federais e similares cuja V - acompanhante: aquele que acompanha a
realização estiver sujeita a autorização federal, pessoa com deficiência, podendo ou não
deduzindo-se esse valor do montante destinado desempenhar as funções de atendente pessoal;
aos prêmios; VI - elemento de urbanização: quaisquer
............................................................................... componentes de obras de urbanização, tais como
§ 1º Do total de recursos financeiros resultantes do os referentes a pavimentação, saneamento,
percentual de que trata o inciso VI do caput , encanamento para esgotos, distribuição de
62,96% (sessenta e dois inteiros e noventa e seis energia elétrica e de gás, iluminação pública,
centésimos por cento) serão destinados ao Comitê serviços de comunicação, abastecimento e
Olímpico Brasileiro (COB) e 37,04% (trinta e sete distribuição de água, paisagismo e os que
inteiros e quatro centésimos por cento) ao Comitê materializam as indicações do planejamento
Paralímpico Brasileiro (CPB), devendo ser urbanístico;
observado, em ambos os casos, o conjunto de VII - mobiliário urbano: conjunto de objetos
normas aplicáveis à celebração de convênios pela existentes nas vias e nos espaços públicos,
União ........................................................... ” (NR) superpostos ou adicionados aos elementos de
urbanização ou de edificação, de forma que sua
Art. 111. O art. 1º da Lei nº 10.048, de 8 de novembro modificação ou seu traslado não provoque
de 2000 , passa a vigorar com a seguinte redação: alterações substanciais nesses elementos, tais
como semáforos, postes de sinalização e
“Art. 1º As pessoas com deficiência, os idosos com similares, terminais e pontos de acesso coletivo às
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos,
gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros
de colo e os obesos terão atendimento prioritário, de natureza análoga;
nos termos desta Lei.” (NR) VIII - tecnologia assistiva ou ajuda técnica:
produtos, equipamentos, dispositivos, recursos,
Art. 112. A Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de metodologias, estratégias, práticas e serviços que
2000 , passa a vigorar com as seguintes alterações: objetivem promover a funcionalidade, relacionada
à atividade e à participação da pessoa com
“Art. 2º ..........................................................
deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à
I - acessibilidade: possibilidade e condição de
sua autonomia, independência, qualidade de vida
alcance para utilização, com segurança e
e inclusão social;
autonomia, de espaços, mobiliários,
IX - comunicação: forma de interação dos
equipamentos urbanos, edificações, transportes,
cidadãos que abrange, entre outras opções, as
informação e comunicação, inclusive seus
línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais
sistemas e tecnologias, bem como de outros
(Libras), a visualização de textos, o Braille, o
serviços e instalações abertos ao público, de uso
sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os
público ou privados de uso coletivo, tanto na zona
caracteres ampliados, os dispositivos multimídia,
urbana como na rural, por pessoa com deficiência
assim como a linguagem simples, escrita e oral, os
ou com mobilidade reduzida;
sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados
II - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude
e os modos, meios e formatos aumentativos e
ou comportamento que limite ou impeça a
alternativos de comunicação, incluindo as
participação social da pessoa, bem como o gozo,
tecnologias da informação e das comunicações;
a fruição e o exercício de seus direitos à
X - desenho universal: concepção de produtos,
acessibilidade, à liberdade de movimento e de
ambientes, programas e serviços a serem usados
expressão, à comunicação, ao acesso à
por todas as pessoas, sem necessidade de
informação, à compreensão, à circulação com
adaptação ou de projeto específico, incluindo os
segurança, entre outros, classificadas em:
recursos de tecnologia assistiva.” (NR)
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e
“Art. 3º O planejamento e a urbanização das vias
nos espaços públicos e privados abertos ao
públicas, dos parques e dos demais espaços de
público ou de uso coletivo;
uso público deverão ser concebidos e executados
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos
de forma a torná-los acessíveis para todas as
edifícios públicos e privados;
pessoas, inclusive para aquelas com deficiência
c) barreiras nos transportes: as existentes nos ou com mobilidade reduzida.
sistemas e meios de transportes;
Parágrafo único. O passeio público, elemento
d) barreiras nas comunicações e na informação:
obrigatório de urbanização e parte da via pública,
qualquer entrave, obstáculo, atitude ou
normalmente segregado e em nível diferente,
comportamento que dificulte ou impossibilite a
destina-se somente à circulação de pedestres e,
expressão ou o recebimento de mensagens e de
quando possível, à implantação de mobiliário
informações por intermédio de sistemas de
urbano e de vegetação.” (NR)
comunicação e de tecnologia da informação;
“Art. 9º .........................................................
III - pessoa com deficiência: aquela que tem
Parágrafo único. Os semáforos para pedestres
impedimento de longo prazo de natureza física,
instalados em vias públicas de grande circulação,
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em
ou que deem acesso aos serviços de reabilitação,
interação com uma ou mais barreiras, pode
devem obrigatoriamente estar equipados com
obstruir sua participação plena e efetiva na
mecanismo que emita sinal sonoro suave para
sociedade em igualdade de condições com as
orientação do pedestre.” (NR)
demais pessoas;
“Art. 10-A. A instalação de qualquer mobiliário “Art. 1.518 . Até a celebração do casamento
urbano em área de circulação comum para podem os pais ou tutores revogar a autorização.”
pedestre que ofereça risco de acidente à pessoa (NR)
com deficiência deverá ser indicada mediante “Art. 1.548. .....................................
sinalização tátil de alerta no piso, de acordo com I - (Revogado); ............................................. ” (NR)
as normas técnicas pertinentes.” “Art. 1.550. .........................................................
“Art. 12-A. Os centros comerciais e os § 1º .................................................................
estabelecimentos congêneres devem fornecer § 2º A pessoa com deficiência mental ou
intelectual em idade núbia poderá contrair
carros e cadeiras de rodas, motorizados ou não,
matrimônio, expressando sua vontade
para o atendimento da pessoa com deficiência ou
diretamente ou por meio de seu responsável ou
com mobilidade reduzida.”
curador.” (NR)
“Art. 1.557. ....................................................
Art. 113. A Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001 III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito
(Estatuto da Cidade) , passa a vigorar com as seguintes físico irremediável que não caracterize deficiência
alterações: ou de moléstia grave e transmissível, por contágio
“Art. 3º .......................................................... ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do
III - promover, por iniciativa própria e em conjunto outro cônjuge ou de sua descendência;
com os Estados, o Distrito Federal e os IV - (Revogado).” (NR)
Municípios, programas de construção de moradias “Art. 1.767.
e melhoria das condições habitacionais, de ..................................................................
saneamento básico, das calçadas, dos passeios I - aqueles que, por causa transitória ou
públicos, do mobiliário urbano e dos demais permanente, não puderem exprimir sua vontade;
espaços de uso público; II - (Revogado);
IV - instituir diretrizes para desenvolvimento III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
urbano, inclusive habitação, saneamento básico, IV - (Revogado);
transporte e mobilidade urbana, que incluam ....................................................................” (NR)
regras de acessibilidade aos locais de uso público; “Art. 1.768. O processo que define os termos da
(NR) curatela deve ser promovido:
“Art. 41. ...................................................... ...........................................................................
§ 3º As cidades de que trata o caput deste artigo IV - pela própria pessoa.” (NR)
devem elaborar plano de rotas acessíveis, “Art. 1.769 . O Ministério Público somente
compatível com o plano diretor no qual está promoverá o processo que define os termos da
inserido, que disponha sobre os passeios públicos curatela:
a serem implantados ou reformados pelo poder I - nos casos de deficiência mental ou intelectual;
público, com vistas a garantir acessibilidade da ...............................................................................
pessoa com deficiência ou com mobilidade III - se, existindo, forem menores ou incapazes as
reduzida a todas as rotas e vias existentes, pessoas mencionadas no inciso II.” (NR)
inclusive as que concentrem os focos geradores “Art. 1.771. Antes de se pronunciar acerca dos
de maior circulação de pedestres, como os órgãos termos da curatela, o juiz, que deverá ser assistido
públicos e os locais de prestação de serviços por equipe multidisciplinar, entrevistará
públicos e privados de saúde, educação, pessoalmente o interditando.” (NR)
assistência social, esporte, cultura, correios e “Art. 1.772. O juiz determinará, segundo as
telégrafos, bancos, entre outros, sempre que potencialidades da pessoa, os limites da curatela,
possível de maneira integrada com os sistemas de circunscritos às restrições constantes do art.
transporte coletivo de passageiros.” (NR) 1.782, e indicará curador.
Parágrafo único. Para a escolha do curador, o juiz
levará em conta a vontade e as preferências do
Art. 114. A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 interditando, a ausência de conflito de interesses
(Código Civil) , passa a vigorar com as seguintes e de influência indevida, a proporcionalidade e a
alterações: adequação às circunstâncias da pessoa.” (NR)
“Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer “Art. 1.775-A . Na nomeação de curador para a
pessoalmente os atos da vida civil os menores de pessoa com deficiência, o juiz poderá estabelecer
16 (dezesseis) anos. curatela compartilhada a mais de uma pessoa.”
I - (Revogado); “Art. 1.777. As pessoas referidas no inciso I do art.
II - (Revogado); 1.767 receberão todo o apoio necessário para ter
III - (Revogado).” (NR) preservado o direito à convivência familiar e
“Art. 4º São incapazes, relativamente a certos comunitária, sendo evitado o seu recolhimento em
atos ou à maneira de os exercer: estabelecimento que os afaste desse convívio.”
............................................................................... (NR)
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou Art. 115. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da
permanente, não puderem exprimir sua vontade; Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) ,
............................................................................... passa a vigorar com a seguinte redação:
Parágrafo único . A capacidade dos indígenas
será regulada por legislação especial.” (NR) “TÍTULO IV
“Art. 228. .......................................................... Da Tutela, da Curatela e da Tomada de
II - (Revogado); Decisão Apoiada”
III - (Revogado);............................
§ Art. 116. O Título IV do Livro IV da Parte Especial da
1º ........................................................................... Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) ,
§ 2º A pessoa com deficiência poderá testemunhar passa a vigorar acrescido do seguinte Capítulo III:
em igualdade de condições com as demais
pessoas, sendo-lhe assegurados todos os “CAPÍTULO III
recursos de tecnologia assistiva.” (NR)
Da Tomada de Decisão Apoiada esfera internacional com origem no território
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o brasileiro.” (NR)
processo pelo qual a pessoa com deficiência elege
pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as Art. 118. O inciso IV do art. 46 da Lei nº 11.904, de
quais mantenha vínculos e que gozem de sua 14 de janeiro de 2009 , passa a vigorar acrescido da
confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de seguinte alínea “k”:
decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes
os elementos e informações necessários para que “Art. 46. ..........................................................
possa exercer sua capacidade. IV - ......................................................................
§ 1º Para formular pedido de tomada de decisão k) de acessibilidade a todas as pessoas.
apoiada, a pessoa com deficiência e os .....................................................................” (NR)
apoiadores devem apresentar termo em que
constem os limites do apoio a ser oferecido e os Art. 119. A Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 ,
compromissos dos apoiadores, inclusive o prazo passa a vigorar acrescida do seguinte art. 12-B:
de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos “Art. 12-B. Na outorga de exploração de serviço
direitos e aos interesses da pessoa que devem de táxi, reservar-se-ão 10% (dez por cento) das
apoiar. vagas para condutores com deficiência.
§ 2º O pedido de tomada de decisão apoiada será § 1º Para concorrer às vagas reservadas na forma
requerido pela pessoa a ser apoiada, com do caput deste artigo, o condutor com deficiência
indicação expressa das pessoas aptas a deverá observar os seguintes requisitos quanto ao
prestarem o apoio previsto no caput deste artigo. veículo utilizado:
§ 3º Antes de se pronunciar sobre o pedido de I - ser de sua propriedade e por ele conduzido; e
tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por
II - estar adaptado às suas necessidades, nos
equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério termos da legislação vigente.
Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as
§ 2º No caso de não preenchimento das vagas na
pessoas que lhe prestarão apoio.
forma estabelecida no caput deste artigo, as
§ 4º A decisão tomada por pessoa apoiada terá
remanescentes devem ser disponibilizadas para
validade e efeitos sobre terceiros, sem restrições,
desde que esteja inserida nos limites do apoio os demais concorrentes.”
acordado.
§ 5º Terceiro com quem a pessoa apoiada Art. 120. Cabe aos órgãos competentes, em cada
mantenha relação negocial pode solicitar que os esfera de governo, a elaboração de relatórios
apoiadores contra-assinem o contrato ou acordo, circunstanciados sobre o cumprimento dos prazos
especificando, por escrito, sua função em relação estabelecidos por força das Leis nº 10.048, de 8 de
ao apoiado.
§ 6º Em caso de negócio jurídico que possa trazer
novembro de 2000 , e nº 10.098, de 19 de dezembro de
risco ou prejuízo relevante, havendo divergência 2000 , bem como o seu encaminhamento ao Ministério
de opiniões entre a pessoa apoiada e um dos Público e aos órgãos de regulação para adoção das
apoiadores, deverá o juiz, ouvido o Ministério providências cabíveis.
Público, decidir sobre a questão. Parágrafo único. Os relatórios a que se refere o
§ 7º Se o apoiador agir com negligência, exercer caput deste artigo deverão ser apresentados no prazo de
pressão indevida ou não adimplir as obrigações 1 (um) ano a contar da entrada em vigor desta Lei.
assumidas, poderá a pessoa apoiada ou qualquer
pessoa apresentar denúncia ao Ministério Público Art. 121. Os direitos, os prazos e as obrigações
ou ao juiz.
§ 8º Se procedente a denúncia, o juiz destituirá o
previstos nesta Lei não excluem os já estabelecidos em
apoiador e nomeará, ouvida a pessoa apoiada e outras legislações, inclusive em pactos, tratados,
se for de seu interesse, outra pessoa para convenções e declarações internacionais aprovados e
prestação de apoio. promulgados pelo Congresso Nacional, e devem ser
§ 9º A pessoa apoiada pode, a qualquer tempo, aplicados em conformidade com as demais normas
solicitar o término de acordo firmado em processo internas e acordos internacionais vinculantes sobre a
de tomada de decisão apoiada. matéria.
§ 10. O apoiador pode solicitar ao juiz a exclusão Parágrafo único. Prevalecerá a norma mais benéfica
de sua participação do processo de tomada de
decisão apoiada, sendo seu desligamento
à pessoa com deficiência.
condicionado à manifestação do juiz sobre a
matéria. Art. 122. Regulamento disporá sobre a adequação
§ 11. Aplicam-se à tomada de decisão apoiada, no do disposto nesta Lei ao tratamento diferenciado,
que couber, as disposições referentes à prestação simplificado e favorecido a ser dispensado às
de contas na curatela.” microempresas e às empresas de pequeno porte, previsto
no § 3º do art. 1º da Lei Complementar nº 123, de 14 de
Art. 117. O art. 1º da Lei nº 11.126, de 27 de junho dezembro de 2006 .
de 2005 , passa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1º É assegurado à pessoa com deficiência Art. 123. Revogam-se os seguintes
visual acompanhada de cão-guia o direito de dispositivos: (Vigência)
ingressar e de permanecer com o animal em todos I - o inciso II do § 2º do art. 1º da Lei nº 9.008, de
os meios de transporte e em estabelecimentos 21 de março de 1995 ;
abertos ao público, de uso público e privados de II - os incisos I, II e III do art. 3º da Lei nº 10.406, de
uso coletivo, desde que observadas as condições 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
impostas por esta Lei.
III - os incisos II e III do art. 228 da Lei nº 10.406,
...............................................................................
§ 2º O disposto no caput deste artigo aplica-se a de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
todas as modalidades e jurisdições do serviço de IV - o inciso I do art. 1.548 da Lei nº 10.406, de 10
transporte coletivo de passageiros, inclusive em de janeiro de 2002 (Código Civil);
V - o inciso IV do art. 1.557 da Lei nº 10.406, de 10
de janeiro de 2002 (Código Civil); Lei nº 8.072 / 1990
VI - os incisos II e IV do art. 1.767 da Lei nº 10.406, Crimes Hediondos
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil);
VII - os arts. 1.776 e 1.780 da Lei nº 10.406, de 10
de janeiro de 2002 (Código Civil). Art. 1o São considerados HEDIONDOS os seguintes
crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7
Art. 124. O § 1º do art. 2º desta Lei deverá entrar em de dezembro de 1940 - Código Penal, CONSUMADOS ou
vigor em até 2 (dois) anos, contados da entrada em vigor TENTADOS:
desta Lei. I – homicídio (art. 121), quando praticado em
atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido
Art. 125. Devem ser observados os prazos a seguir por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, §
discriminados, a partir da entrada em vigor desta Lei, para 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII); (2019)
o cumprimento dos seguintes dispositivos:
I - incisos I e II do § 2º do art. 28 , 48 (quarenta e O homicídio qualificado-privilegiado não figura no rol dos crimes
oito) meses; hediondos.
STJ. HC 41579-SP. Rel. Min. Laurita Vaz. 5a Turma. j. 19.04.2005, DJ 16.05.2005
II - § 6º do art. 44, 84 (oitenta e quatro) meses; ---------------------------------------------------------------------------------------
(Redação dada pela Medida Provisória nº 1.025, de 2020)
Atividade típica de grupo de extermínio é a chacina que elimina
III - art. 45 , 24 (vinte e quatro) meses; a vítima pelo simples fato de pertencer a determinado grupo ou
IV - art. 49 , 48 (quarenta e oito) meses. determinada classe social ou racial, como, por exemplo, mendigos,
prostitutas, homossexuais, presidiários, etc.
Bittencourt, Cézar Roberto. Tratado de direito penal. 2011
Art. 126. Prorroga-se até 31 de dezembro de 2021
a vigência da Lei nº 8.989, de 24 de fevereiro de 1995 . I-A – lesão corporal dolosa de natureza
gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de
Art. 127. Esta Lei entra em vigor após decorridos morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade
180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou
em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição;
II - roubo: (2019)
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da
vítima (art. 157, § 2º, inciso V); (2019)
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo
01
(art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo
de uso proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B); (2019)
02
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave
ou morte (art. 157, § 3º); (2019)
03 III - extorsão qualificada pela restrição da
liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte
04 (art. 158, § 3º); (2019)
IV - extorsão mediante sequestro e na forma
05
qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
V - estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o);
06
VI - estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e
07
§§1, 2, 3 e 4)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, §
08 1o).

VII-A – (Vetado)
09
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou
alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou
10 medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a
redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998).
11

VIII - favorecimento da prostituição ou de outra


12
forma de exploração sexual de criança ou adolescente
ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º).
13
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou
14
de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, §
4º-A). (2019)
15 Parágrafo único. Consideram-se também
hediondos, tentados ou consumados: (2019)
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e
3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956; (2019)
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de
fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826,
de 22 de dezembro de 2003; (2019)
III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena
previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços).
2003; (2019) - Delação Premiada
IV - o crime de tráfico internacional de arma de
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes
10.826, de 22 de dezembro de 2003; (2019) capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus
V - o crime de organização criminosa, quando §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art.
direcionado à prática de crime hediondo ou equiparado. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com
(2019) o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal,
são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
terrorismo são insuscetíveis de:
I - anistia, graça e indulto; (Formas de extinção da Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro
punibilidade) de 1976, passa a vigorar acrescido de parágrafo único, com
II – fiança. a seguinte redação: ***
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será
cumprida inicialmente em regime fechado. Art. 11. (Vetado).
O Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmou sua jurisprudência
dominante no sentido da inconstitucionalidade da fixação de
regime inicial fechado para cumprimento de pena com base
exclusivamente no artigo 2º, parágrafo 1º, da Lei 8.072/1990 (Lei
de Crimes Hediondos).
---------------------------------------------------------------------------------------
STF: Súmula vinculante 26 - Para efeito de progressão de regime
no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o
juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da
Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o
condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos 01
do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico. 02

§ 2º (Revogado) 03

§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz


04
decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em
liberdade. 05

§ 4o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a


Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes 06

previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias,


07
prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade. 08

Art. 3º A União manterá estabelecimentos penais, 09

de segurança máxima, destinados ao cumprimento de


10
penas impostas a condenados de alta periculosidade, cuja
permanência em presídios estaduais ponha em risco a 11
ordem ou incolumidade pública.
12

Art. 4º (Vetado)
13

Art. 5º Ao art. 83 do Código Penal é acrescido o


seguinte inciso:*** 14

Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º 15

e 3º; 213; 214; 223, caput e seu parágrafo único; 267, caput
e 270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com
a seguinte redação: ***
Lei nº 8.078 / 1990
Art. 7º Ao art. 159 do Código Penal fica acrescido o Código de Defesa do Consumidor
seguinte parágrafo: ***

Art. 8º Será de 3 a 6 (três a seis) anos de reclusão TÍTULO II


a pena prevista no art. 288 (Crime de Associação Das Infrações Penais
Criminosa) do Código Penal, quando se tratar de crimes Art. 61. Constituem crimes contra as relações de
hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de consumo previstas neste código, sem prejuízo do disposto
entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que
denunciar à autoridade o bando ou quadrilha,
no Código Penal e leis especiais, as condutas tipificadas Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
nos artigos seguintes. componentes de reposição usados, sem autorização do
Art. 62. (Vetado). consumidor:
Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a
nocividade ou periculosidade de produtos, nas Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça,
embalagens, nos invólucros, recipientes ou publicidade: coação, constrangimento físico ou moral, afirmações
falsas incorretas ou enganosas ou de qualquer outro
Crime omissivo próprio. Não admite a tentativa. procedimento que exponha o consumidor,
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho,
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de descanso ou lazer:
alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, Pena Detenção de três meses a um ano e multa.
sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
§ 2° Se o crime é culposo: Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. consumidor às informações que sobre ele constem em
cadastros, banco de dados, fichas e registros:
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade Pena Detenção de seis meses a um ano ou multa.
competente e aos consumidores a nocividade ou
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente informação
posterior à sua colocação no mercado: sobre consumidor constante de cadastro, banco de dados,
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. fichas ou registros que sabe ou deveria saber ser inexata:
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
deixar de retirar do mercado, imediatamente quando
determinado pela autoridade competente, os produtos Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo de
nocivos ou perigosos, na forma deste artigo. garantia adequadamente preenchido e com especificação
clara de seu conteúdo;
Art. 65. Executar serviço de alto grau de Pena Detenção de um a seis meses ou multa.
periculosidade, contrariando determinação de
autoridade competente: Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para os
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa. crimes referidos neste código, incide as penas a esses
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo cominadas na medida de sua culpabilidade, bem como o
das correspondentes à lesão corporal e à morte. (2017) diretor, administrador ou gerente da pessoa jurídica que
§ 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 promover, permitir ou por qualquer modo aprovar o
desta Lei também caracteriza o crime previsto no caput fornecimento, oferta, exposição à venda ou manutenção
deste artigo. (2017) em depósito de produtos ou a oferta e prestação de
serviços nas condições por ele proibidas.
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou
omitir informação relevante sobre a natureza, Art. 76. São circunstâncias agravantes dos crimes
característica, qualidade, quantidade, segurança, tipificados neste código:
desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos I - serem cometidos em época de grave crise
ou serviços: econômica ou por ocasião de calamidade;
Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo;
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a III - dissimular-se a natureza ilícita do procedimento;
oferta. IV - quando cometidos:
§ 2º Se o crime é culposo; a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. econômico-social seja manifestamente superior à da
vítima;
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou b) em detrimento de operário ou rurícola; de menor de
deveria saber ser enganosa ou abusiva: 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos ou de pessoas
Pena Detenção de três meses a um ano e multa. portadoras de deficiência mental interditadas ou não;
Parágrafo único. (Vetado).

V - serem praticados em operações que envolvam


Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou alimentos, medicamentos ou quaisquer outros produtos ou
deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se serviços essenciais.
comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde
ou segurança: Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será
Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa: fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e ao
Parágrafo único. (Vetado). máximo de dias de duração da pena privativa da liberdade
cominada ao crime. Na individualização desta multa, o juiz
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos observará o disposto no art. 60, §1° do Código Penal.
e científicos que dão base à publicidade:
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de
Trata-se de crime próprio, sendo o fornecedor o sujeito ativo multa, podem ser impostas, cumulativa ou
responsável por manter os dados fáticos, técnicos e científicos, de alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 a 47,
acordo com o art. 36, parágrafo único, dessa Lei. do Código Penal:
I - a interdição temporária de direitos;
II - a publicação em órgãos de comunicação de
grande circulação ou audiência, às expensas do Lei nº 8.137 / 1990
condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; Crimes Contra a Ordem Tributária,
III - a prestação de serviços à comunidade.
Econômica e Contra as Relações de
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata Consumo
este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade que
presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil vezes o valor
do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou índice CAPÍTULO I
equivalente que venha a substituí-lo. Dos Crimes Contra a Ordem Tributária
Parágrafo único. Se assim recomendar a situação Seção I
econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá ser: Dos crimes praticados por particulares
a) reduzida até a metade do seu valor mínimo; Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária
b) aumentada pelo juiz até 20 (vinte) vezes. suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e
qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
Art. 80. No processo penal atinente aos crimes I - omitir informação, ou prestar declaração falsa
previstos neste código, bem como a outros crimes e às autoridades fazendárias;
contravenções que envolvam relações de consumo, II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo
poderão intervir, como assistentes do Ministério Público, os elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer
legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV, aos quais natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;
também é facultado propor ação penal subsidiária, se a III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura,
denúncia não for oferecida no prazo legal. duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento
relativo à operação tributável;
IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar
documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;
V - negar ou deixar de fornecer, quando
obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa
a venda de mercadoria ou prestação de serviço,
efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a
legislação.
Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
01
multa.
Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência
02
da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser
convertido em horas em razão da maior ou menor
03 complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao
atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista
04 no inciso V.

05
STF: Súmula vinculante 24 - Não se tipifica crime material
contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei
nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
06

07 Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:


I - fazer declaração falsa ou omitir declaração
08 sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude,
para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de
09
tributo;
II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de
10
tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado,
11
na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria
recolher aos cofres públicos;
12 III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o
contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a
13 parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de
contribuição como incentivo fiscal;
14
IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com
o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto
15
liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;
V - utilizar ou divulgar programa de
processamento de dados que permita ao sujeito passivo
da obrigação tributária possuir informação contábil diversa
daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
e multa.
VII - (revogado).
De acordo com o art. 15 da Lei nº 9.964/2000, a qual instituiu o
Programa de Recuperação Fiscal (Refis), “é suspensa a Art. 5° (revogado)
pretensão punitiva do Estado, referente aos crimes previstos nos Art. 6° (revogado)
arts. 1º e 2º da Lei no 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e no art.
95 da Lei no8.212, de 24 de julho de 1991, durante o período em Art. 7° Constitui crime contra as relações de
que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aludidos consumo:
crimes estiver incluída no Refis, desde que a inclusão no referido I - favorecer ou preferir, sem justa causa,
Programa tenha ocorrido antes do recebimento da denúncia comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega
criminal”, extinguindo-se a punibilidade com o pagamento
ao consumo por intermédio de distribuidores ou
integral dos débitos.
revendedores;
II - vender ou expor à venda mercadoria cuja
Seção II embalagem, tipo, especificação, peso ou composição
Dos crimes praticados por funcionários públicos esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não
Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem corresponda à respectiva classificação oficial;
tributária, além dos previstos no Decreto-Lei n° 2.848, de O inciso acima admite a modalidade culposa.
7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo
I): III - misturar gêneros e mercadorias de espécies
I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como
documento, de que tenha a guarda em razão da função; puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades
sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço
acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou estabelecido para os demais mais alto custo;
contribuição social; O inciso acima admite a modalidade culposa.
II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para IV - fraudar preços por meio de:
outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função a) alteração, sem modificação essencial ou de
ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, qualidade, de elementos tais como denominação, sinal
vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal externo, marca, embalagem, especificação técnica,
vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem
contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - ou serviço;
reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. b) divisão em partes de bem ou serviço,
III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse habitualmente oferecido à venda em conjunto;
privado perante a administração fazendária, valendo-se da c) junção de bens ou serviços, comumente
qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 oferecidos à venda em separado;
(um) a 4 (quatro) anos, e multa. d) aviso de inclusão de insumo não empregado na
produção do bem ou na prestação dos serviços;
CAPÍTULO II V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de
Dos Crimes Contra a Economia e as Relações de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de
Consumo taxa de juros ilegais;
Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica: VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a
I - abusar do poder econômico, dominando o vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições
mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de
concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo especulação;
de empresas; VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via
Pode-se citar o “dumping” como uma forma de abuso do poder de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a
econômico. Consiste em uma prática comercial na qual uma ou natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de
mais empresas vendem seus produtos ou serviços a preços qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação
extremamente baixos, com o intuito de prejudicar e eliminar seus publicitária;
concorrentes.
VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou
a) (revogada); mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em
b) (revogada); proveito próprio ou de terceiros;
c) (revogada); IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à
d) (revogada); venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou
e) (revogada); mercadoria, em condições impróprias ao consumo;
f) (revogada); O inciso acima admite a modalidade culposa.
II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança ---------------------------------------------------------------------------------------
entre ofertantes, visando: Para o STJ, o crime previsto no art. 7º, IX, dessa Lei, por deixar
 Formação de Cartel vestígios materiais, exige a realização de perícia para a sua
a) à fixação artificial de preços ou quantidades comprovação. Não realizada a perícia indispensável, não está
vendidas ou produzidas; configurado o crime.
STJ, REsp 1476252/SC, Rel. Min. SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, DJ 29.06.2015.
b) ao controle regionalizado do mercado por
Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou
empresa ou grupo de empresas;
multa.
c) ao controle, em detrimento da concorrência, de
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e
rede de distribuição ou de fornecedores.
IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e
a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.
multa.
III - (revogado);
CAPÍTULO III
IV - (revogado);
Das Multas
V - (revogado);
VI - (revogado);
Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os
lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 elementos de convicção.
(trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei,
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou
crime. partícipe que através de confissão espontânea revelar à
Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a
valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 sua pena reduzida de 1/3 a 2/3 (um a dois terços).
(duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.  Delação Premiada

Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de
convertida em multa de valor equivalente a: Abastecimento e Preços, quando e se necessário,
I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco providenciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar
milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°; crise no mercado ou colapso no abastecimento.
II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil)
BTN, nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;
III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um
milhão de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.

Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a


situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou
excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas
nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-
las ao décuplo. 01

CAPÍTULO IV 02

Das Disposições Gerais


Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio 03

de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos


nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida 04

de sua culpabilidade.
05
Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for
efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por 06
intermédio de outro em que o preço ao consumidor é
estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o 07
ato por este praticado não alcança o distribuidor ou
revendedor. 08

Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 09

1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts.


1°, 2° e 4° a 7°: 10

I - ocasionar grave dano à coletividade;


11
II - ser o crime cometido por servidor público no
exercício de suas funções; 12
III - ser o crime praticado em relação à prestação de
serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou 13

à saúde.
14

Art. 13. (vetado).


Art. 14. (revogado) 15

De acordo com a Lei 10.684/03, extingue-se a punibilidade


quando o agente efetua o pagamento integral dos débitos
oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios,
mesmo após o Trânsito em Julgado, como corrobora o STJ (HC
362478).

Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação


penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do
Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal.
 Ação Penal Pública Incondicionada

Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a


iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta
lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de
dados pessoais:
Lei nº 13.709 / 2018 I - realizado por pessoa natural para fins
exclusivamente particulares e não econômicos;
Lei Geral de Proteção de Dados II - realizado para fins exclusivamente:
Pessoais a) jornalístico e artísticos; ou
b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os
arts. 7º e 11 desta Lei;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o III - realizado para fins exclusivos de:
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
a) segurança pública;
b) defesa nacional;
CAPÍTULO I
c) segurança do Estado; ou
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
d) atividades de investigação e repressão de
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de dados
infrações penais; ou
pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa
natural ou por pessoa jurídica de direito público ou IV - provenientes de fora do território nacional e
privado, com o objetivo de proteger os direitos que não sejam objeto de comunicação, uso
compartilhado de dados com agentes de tratamento
fundamentais de liberdade e de privacidade e o livre
brasileiros ou objeto de transferência internacional de
desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
dados com outro país que não o de proveniência, desde
Parágrafo único. As normas gerais contidas nesta
que o país de proveniência proporcione grau de proteção
Lei são de interesse nacional e devem ser observadas pela
de dados pessoais adequado ao previsto nesta Lei.
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. (2019)
§ 1º O tratamento de dados pessoais previsto no
inciso III será regido por legislação específica, que
Art. 2º A disciplina da proteção de dados pessoais deverá prever medidas proporcionais e estritamente
tem como fundamentos: necessárias ao atendimento do interesse público,
I - o respeito à privacidade; observados o devido processo legal, os princípios gerais de
II - a autodeterminação informativa; proteção e os direitos do titular previstos nesta Lei.
III - a liberdade de expressão, de informação, de § 2º É vedado o tratamento dos dados a que se
comunicação e de opinião; refere o inciso III do caput deste artigo por pessoa de direito
IV - a inviolabilidade da intimidade, da honra e da privado, exceto em procedimentos sob tutela de pessoa
imagem; jurídica de direito público, que serão objeto de informe
V - o desenvolvimento econômico e tecnológico e a específico à autoridade nacional e que deverão observar a
inovação; limitação imposta no § 4º deste artigo.
VI - a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa § 3º A autoridade nacional emitirá opiniões técnicas
do consumidor; e ou recomendações referentes às exceções previstas no
VII - os direitos humanos, o livre desenvolvimento inciso III do caput deste artigo e deverá solicitar aos
da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania responsáveis relatórios de impacto à proteção de dados
pelas pessoas naturais. pessoais.
§ 4º Em nenhum caso a totalidade dos dados
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de pessoais de banco de dados de que trata o inciso III do
tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa caput deste artigo poderá ser tratada por pessoa de direito
jurídica de direito público ou privado, privado, salvo por aquela que possua capital integralmente
independentemente do meio, do país de sua sede ou do constituído pelo poder público. (2019)
país onde estejam localizados os dados, desde que:
I - a operação de tratamento seja realizada no Art. 5º Para os fins desta Lei, considera-se:
território nacional; I - dado pessoal: informação relacionada a pessoa
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a natural identificada ou identificável;
oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o II - dado pessoal sensível: dado pessoal sobre
tratamento de dados de indivíduos localizados no território origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião
nacional; ou (2019) política, filiação a sindicato ou a organização de caráter
III - os dados pessoais objeto do tratamento religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à
tenham sido coletados no território nacional. vida sexual, dado genético ou biométrico, quando
§ 1º Consideram-se coletados no território nacional vinculado a uma pessoa natural;
os dados pessoais cujo titular nele se encontre no III - dado anonimizado: dado relativo a titular que
momento da coleta. não possa ser identificado, considerando a utilização de
§ 2º Excetua-se do disposto no inciso I deste artigo meios técnicos razoáveis e disponíveis na ocasião de seu
o tratamento de dados previsto no inciso IV do caput do art. tratamento;
4º desta Lei. IV - banco de dados: conjunto estruturado de
dados pessoais, estabelecido em um ou em vários locais,
em suporte eletrônico ou físico;
V - titular: pessoa natural a quem se referem os
dados pessoais que são objeto de tratamento; Art. 6º As atividades de tratamento de dados
VI - controlador: pessoa natural ou jurídica, de pessoais deverão observar a boa-fé e os seguintes
direito público ou privado, a quem competem as decisões princípios:
referentes ao tratamento de dados pessoais; I - finalidade: realização do tratamento para
VII - operador: pessoa natural ou jurídica, de propósitos legítimos, específicos, explícitos e informados
direito público ou privado, que realiza o tratamento de ao titular, sem possibilidade de tratamento posterior de
dados pessoais em nome do controlador; forma incompatível com essas finalidades;
VIII - encarregado: pessoa indicada pelo II - adequação: compatibilidade do tratamento com
controlador e operador para atuar como canal de as finalidades informadas ao titular, de acordo com o
comunicação entre o controlador, os titulares dos dados e contexto do tratamento;
a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD); III - necessidade: limitação do tratamento ao
(2019) mínimo necessário para a realização de suas finalidades,
IX - agentes de tratamento: o controlador e o com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e
operador; não excessivos em relação às finalidades do tratamento de
X - tratamento: toda operação realizada com dados;
dados pessoais, como as que se referem a coleta, IV - livre acesso: garantia, aos titulares, de
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, consulta facilitada e gratuita sobre a forma e a duração do
reprodução, transmissão, distribuição, processamento, tratamento, bem como sobre a integralidade de seus dados
arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação ou pessoais;
controle da informação, modificação, comunicação, V - qualidade dos dados: garantia, aos titulares, de
transferência, difusão ou extração; exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de
XI - anonimização: utilização de meios técnicos acordo com a necessidade e para o cumprimento da
razoáveis e disponíveis no momento do tratamento, por finalidade de seu tratamento;
meio dos quais um dado perde a possibilidade de VI - transparência: garantia, aos titulares, de
associação, direta ou indireta, a um indivíduo; informações claras, precisas e facilmente acessíveis sobre
XII - consentimento: manifestação livre, informada a realização do tratamento e os respectivos agentes de
e inequívoca pela qual o titular concorda com o tratamento tratamento, observados os segredos comercial e industrial;
de seus dados pessoais para uma finalidade determinada; VII - segurança: utilização de medidas técnicas e
XIII - bloqueio: suspensão temporária de qualquer administrativas aptas a proteger os dados pessoais de
operação de tratamento, mediante guarda do dado pessoal acessos não autorizados e de situações acidentais ou
ou do banco de dados; ilícitas de destruição, perda, alteração, comunicação ou
XIV - eliminação: exclusão de dado ou de conjunto difusão;
de dados armazenados em banco de dados, VIII - prevenção: adoção de medidas para prevenir
independentemente do procedimento empregado; a ocorrência de danos em virtude do tratamento de dados
XV - transferência internacional de dados: pessoais;
transferência de dados pessoais para país estrangeiro ou IX - não discriminação: impossibilidade de
organismo internacional do qual o país seja membro; realização do tratamento para fins discriminatórios ilícitos
XVI - uso compartilhado de dados: comunicação, ou abusivos;
difusão, transferência internacional, interconexão de dados X - responsabilização e prestação de contas:
pessoais ou tratamento compartilhado de bancos de dados demonstração, pelo agente, da adoção de medidas
pessoais por órgãos e entidades públicos no cumprimento eficazes e capazes de comprovar a observância e o
de suas competências legais, ou entre esses e entes cumprimento das normas de proteção de dados pessoais
privados, reciprocamente, com autorização específica, e, inclusive, da eficácia dessas medidas.
para uma ou mais modalidades de tratamento permitidas
por esses entes públicos, ou entre entes privados; CAPÍTULO II
XVII - relatório de impacto à proteção de dados DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS
pessoais: documentação do controlador que contém a Seção I
descrição dos processos de tratamento de dados pessoais Dos Requisitos para o Tratamento de Dados Pessoais
que podem gerar riscos às liberdades civis e aos direitos
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente
fundamentais, bem como medidas, salvaguardas e
poderá ser realizado nas seguintes hipóteses:
mecanismos de mitigação de risco;
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo
XVIII - órgão de pesquisa: órgão ou entidade da
titular;
administração pública direta ou indireta ou pessoa jurídica
de direito privado sem fins lucrativos legalmente constituída II - para o cumprimento de obrigação legal ou
sob as leis brasileiras, com sede e foro no País, que inclua regulatória pelo controlador;
em sua missão institucional ou em seu objetivo social ou III - pela administração pública, para o tratamento e
estatutário a pesquisa básica ou aplicada de caráter uso compartilhado de dados necessários à execução de
histórico, científico, tecnológico ou estatístico; e (2019) políticas públicas previstas em leis e regulamentos ou
XIX - autoridade nacional: órgão da administração respaldadas em contratos, convênios ou instrumentos
pública responsável por zelar, implementar e fiscalizar o congêneres, observadas as disposições do Capítulo IV
desta Lei;
cumprimento desta Lei em todo o território nacional.
(2019) IV - para a realização de estudos por órgão de
pesquisa, garantida, sempre que possível, a anonimização
dos dados pessoais;
V - quando necessário para a execução de contrato requerimento de eliminação, nos termos do inciso VI do
ou de procedimentos preliminares relacionados a contrato caput do art. 18 desta Lei.
do qual seja parte o titular, a pedido do titular dos dados; § 6º Em caso de alteração de informação referida
VI - para o exercício regular de direitos em nos incisos I, II, III ou V do art. 9º desta Lei, o controlador
processo judicial, administrativo ou arbitral, esse último nos deverá informar ao titular, com destaque de forma
termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996 (Lei de específica do teor das alterações, podendo o titular, nos
Arbitragem); casos em que o seu consentimento é exigido, revogá-lo
VII - para a proteção da vida ou da incolumidade caso discorde da alteração.
física do titular ou de terceiro;
VIII - para a tutela da saúde, exclusivamente, em Art. 9º O titular tem direito ao acesso facilitado às
procedimento realizado por profissionais de saúde, informações sobre o tratamento de seus dados, que
serviços de saúde ou autoridade sanitária; (2019) deverão ser disponibilizadas de forma clara, adequada e
IX - quando necessário para atender aos interesses ostensiva acerca de, entre outras características previstas
legítimos do controlador ou de terceiro, exceto no caso de em regulamentação para o atendimento do princípio do
prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do titular livre acesso:
que exijam a proteção dos dados pessoais; ou I - finalidade específica do tratamento;
X - para a proteção do crédito, inclusive quanto ao II - forma e duração do tratamento, observados os
disposto na legislação pertinente. segredos comercial e industrial;
§ 1º (Revogado) (2019) III - identificação do controlador;
§ 2º (Revogado) (2019) IV - informações de contato do controlador;
§ 3º O tratamento de dados pessoais cujo acesso é V - informações acerca do uso compartilhado de
público deve considerar a finalidade, a boa-fé e o interesse dados pelo controlador e a finalidade;
público que justificaram sua disponibilização. VI - responsabilidades dos agentes que realizarão o
§ 4º É dispensada a exigência do consentimento tratamento; e
previsto no caput deste artigo para os dados tornados VII - direitos do titular, com menção explícita aos
manifestamente públicos pelo titular, resguardados os direitos contidos no art. 18 desta Lei.
direitos do titular e os princípios previstos nesta Lei. § 1º Na hipótese em que o consentimento é
§ 5º O controlador que obteve o consentimento requerido, esse será considerado nulo caso as informações
referido no inciso I do caput deste artigo que necessitar fornecidas ao titular tenham conteúdo enganoso ou abusivo
comunicar ou compartilhar dados pessoais com outros ou não tenham sido apresentadas previamente com
controladores deverá obter consentimento específico do transparência, de forma clara e inequívoca.
titular para esse fim, ressalvadas as hipóteses de dispensa § 2º Na hipótese em que o consentimento é
do consentimento previstas nesta Lei. requerido, se houver mudanças da finalidade para o
§ 6º A eventual dispensa da exigência do tratamento de dados pessoais não compatíveis com o
consentimento não desobriga os agentes de tratamento consentimento original, o controlador deverá informar
das demais obrigações previstas nesta Lei, especialmente previamente o titular sobre as mudanças de finalidade,
da observância dos princípios gerais e da garantia dos podendo o titular revogar o consentimento, caso discorde
direitos do titular. das alterações.
§ 7º O tratamento posterior dos dados pessoais a § 3º Quando o tratamento de dados pessoais for
que se referem os §§ 3º e 4º deste artigo poderá ser condição para o fornecimento de produto ou de serviço ou
realizado para novas finalidades, desde que observados os para o exercício de direito, o titular será informado com
propósitos legítimos e específicos para o novo tratamento destaque sobre esse fato e sobre os meios pelos quais
e a preservação dos direitos do titular, assim como os poderá exercer os direitos do titular elencados no art. 18
fundamentos e os princípios previstos nesta Lei. (2019) desta Lei.

Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art. 7º Art. 10. O legítimo interesse do controlador
desta Lei deverá ser fornecido por escrito ou por outro meio somente poderá fundamentar tratamento de dados
que demonstre a manifestação de vontade do titular. pessoais para finalidades legítimas, consideradas a
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por partir de situações concretas, que incluem, mas não se
escrito, esse deverá constar de cláusula destacada das limitam a:
demais cláusulas contratuais. I - apoio e promoção de atividades do controlador;
§ 2º Cabe ao controlador o ônus da prova de que o e
consentimento foi obtido em conformidade com o disposto II - proteção, em relação ao titular, do exercício
nesta Lei. regular de seus direitos ou prestação de serviços que o
§ 3º É vedado o tratamento de dados pessoais beneficiem, respeitadas as legítimas expectativas dele e os
mediante vício de consentimento. direitos e liberdades fundamentais, nos termos desta Lei.
§ 4º O consentimento deverá referir-se a finalidades § 1º Quando o tratamento for baseado no legítimo
determinadas, e as autorizações genéricas para o interesse do controlador, somente os dados pessoais
tratamento de dados pessoais serão nulas. estritamente necessários para a finalidade pretendida
§ 5º O consentimento pode ser revogado a qualquer poderão ser tratados.
momento mediante manifestação expressa do titular, por § 2º O controlador deverá adotar medidas para
procedimento gratuito e facilitado, ratificados os garantir a transparência do tratamento de dados baseado
tratamentos realizados sob amparo do consentimento em seu legítimo interesse.
anteriormente manifestado enquanto não houver
§ 3º A autoridade nacional poderá solicitar ao II - as transações financeiras e administrativas
controlador relatório de impacto à proteção de dados resultantes do uso e da prestação dos serviços de que trata
pessoais, quando o tratamento tiver como fundamento seu este parágrafo. (2019)
interesse legítimo, observados os segredos comercial e § 5º É vedado às operadoras de planos privados de
industrial. assistência à saúde o tratamento de dados de saúde para
a prática de seleção de riscos na contratação de qualquer
Seção II modalidade, assim como na contratação e exclusão de
Do Tratamento de Dados Pessoais Sensíveis beneficiários. (2019)
Art. 11. O tratamento de dados pessoais
sensíveis somente poderá ocorrer nas seguintes Art. 12. Os dados anonimizados não serão
hipóteses: considerados dados pessoais para os fins desta Lei,
I - quando o titular ou seu responsável legal salvo quando o processo de anonimização ao qual foram
consentir, de forma específica e destacada, para submetidos for revertido, utilizando exclusivamente meios
finalidades específicas; próprios, ou quando, com esforços razoáveis, puder ser
revertido.
II - sem fornecimento de consentimento do titular,
nas hipóteses em que for indispensável para: § 1º A determinação do que seja razoável deve levar
em consideração fatores objetivos, tais como custo e
a) cumprimento de obrigação legal ou regulatória
tempo necessários para reverter o processo de
pelo controlador;
anonimização, de acordo com as tecnologias disponíveis,
b) tratamento compartilhado de dados necessários e a utilização exclusiva de meios próprios.
à execução, pela administração pública, de políticas
§ 2º Poderão ser igualmente considerados como
públicas previstas em leis ou regulamentos;
dados pessoais, para os fins desta Lei, aqueles utilizados
c) realização de estudos por órgão de pesquisa, para formação do perfil comportamental de determinada
garantida, sempre que possível, a anonimização dos dados pessoa natural, se identificada.
pessoais sensíveis;
§ 3º A autoridade nacional poderá dispor sobre
d) exercício regular de direitos, inclusive em padrões e técnicas utilizados em processos de
contrato e em processo judicial, administrativo e arbitral, anonimização e realizar verificações acerca de sua
este último nos termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro segurança, ouvido o Conselho Nacional de Proteção de
de 1996 (Lei de Arbitragem) ; Dados Pessoais.
e) proteção da vida ou da incolumidade física do
titular ou de terceiro;
Art. 13. Na realização de estudos em saúde pública,
f) tutela da saúde, exclusivamente, em os órgãos de pesquisa poderão ter acesso a bases de
procedimento realizado por profissionais de saúde, dados pessoais, que serão tratados exclusivamente dentro
serviços de saúde ou autoridade sanitária; ou (2019) do órgão e estritamente para a finalidade de realização de
g) garantia da prevenção à fraude e à segurança do estudos e pesquisas e mantidos em ambiente controlado e
titular, nos processos de identificação e autenticação de seguro, conforme práticas de segurança previstas em
cadastro em sistemas eletrônicos, resguardados os direitos regulamento específico e que incluam, sempre que
mencionados no art. 9º desta Lei e exceto no caso de possível, a anonimização ou pseudonimização dos dados,
prevalecerem direitos e liberdades fundamentais do bem como considerem os devidos padrões éticos
titular que exijam a proteção dos dados pessoais. relacionados a estudos e pesquisas.
§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo a qualquer § 1º A divulgação dos resultados ou de qualquer
tratamento de dados pessoais que revele dados pessoais excerto do estudo ou da pesquisa de que trata o
sensíveis e que possa causar dano ao titular, ressalvado o caput deste artigo em nenhuma hipótese poderá revelar
disposto em legislação específica. dados pessoais.
§ 2º Nos casos de aplicação do disposto nas alíneas § 2º O órgão de pesquisa será o responsável pela
“a” e “b” do inciso II do caput deste artigo pelos órgãos e segurança da informação prevista no caput deste artigo,
pelas entidades públicas, será dada publicidade à referida não permitida, em circunstância alguma, a transferência
dispensa de consentimento, nos termos do inciso I do caput dos dados a terceiro.
do art. 23 desta Lei. § 3º O acesso aos dados de que trata este artigo
§ 3º A comunicação ou o uso compartilhado de será objeto de regulamentação por parte da autoridade
dados pessoais sensíveis entre controladores com objetivo nacional e das autoridades da área de saúde e sanitárias,
de obter vantagem econômica poderá ser objeto de no âmbito de suas competências.
vedação ou de regulamentação por parte da autoridade § 4º Para os efeitos deste artigo, a pseudonimização
nacional, ouvidos os órgãos setoriais do Poder Público, no é o tratamento por meio do qual um dado perde a
âmbito de suas competências. possibilidade de associação, direta ou indireta, a um
§ 4º É vedada a comunicação ou o uso indivíduo, senão pelo uso de informação adicional mantida
compartilhado entre controladores de dados pessoais separadamente pelo controlador em ambiente controlado e
sensíveis referentes à saúde com objetivo de obter seguro.
vantagem econômica, exceto nas hipóteses relativas a
prestação de serviços de saúde, de assistência
Seção III
farmacêutica e de assistência à saúde, desde que
Do Tratamento de Dados Pessoais de Crianças e de
observado o § 5º deste artigo, incluídos os serviços
Adolescentes
auxiliares de diagnose e terapia, em benefício dos
Art. 14. O tratamento de dados pessoais de crianças
interesses dos titulares de dados, e para permitir: (2019)
e de adolescentes deverá ser realizado em seu
I - a portabilidade de dados quando solicitada pelo
titular; ou (2019)
melhor interesse, nos termos deste artigo e da legislação CAPÍTULO III
pertinente. DOS DIREITOS DO TITULAR
§ 1º O tratamento de dados pessoais de crianças Art. 17. Toda pessoa natural tem assegurada a
deverá ser realizado com o consentimento específico e em titularidade de seus dados pessoais e garantidos os direitos
destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo fundamentais de liberdade, de intimidade e de privacidade,
responsável legal. nos termos desta Lei.
§ 2º No tratamento de dados de que trata o § 1º
deste artigo, os controladores deverão manter pública a Art. 18. O titular dos dados pessoais tem direito a
informação sobre os tipos de dados coletados, a forma de obter do controlador, em relação aos dados do titular por
sua utilização e os procedimentos para o exercício dos ele tratados, a qualquer momento e mediante requisição:
direitos a que se refere o art. 18 desta Lei. I - cnfirmação da existência de tratamento;
§ 3º Poderão ser coletados dados pessoais de II - acesso aos dados;
crianças sem o consentimento a que se refere o § 1º deste III - correção de dados incompletos, inexatos ou
artigo quando a coleta for necessária para contatar os pais desatualizados;
ou o responsável legal, utilizados uma única vez e sem IV - anonimização, bloqueio ou eliminação de
armazenamento, ou para sua proteção, e em nenhum caso dados desnecessários, excessivos ou tratados em
poderão ser repassados a terceiro sem o consentimento de desconformidade com o disposto nesta Lei;
que trata o § 1º deste artigo. V - portabilidade dos dados a outro fornecedor de
§ 4º Os controladores não deverão condicionar a serviço ou produto, mediante requisição expressa, de
participação dos titulares de que trata o § 1º deste artigo acordo com a regulamentação da autoridade nacional,
em jogos, aplicações de internet ou outras atividades ao observados os segredos comercial e industrial; (2019)
fornecimento de informações pessoais além das VI - eliminação dos dados pessoais tratados com o
estritamente necessárias à atividade. consentimento do titular, exceto nas hipóteses previstas no
§ 5º O controlador deve realizar todos os esforços art. 16 desta Lei;
razoáveis para verificar que o consentimento a que se VII - informação das entidades públicas e privadas
refere o § 1º deste artigo foi dado pelo responsável pela com as quais o controlador realizou uso compartilhado de
criança, consideradas as tecnologias disponíveis. dados;
§ 6º As informações sobre o tratamento de dados VIII - informação sobre a possibilidade de não
referidas neste artigo deverão ser fornecidas de maneira fornecer consentimento e sobre as consequências da
simples, clara e acessível, consideradas as características negativa;
físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e IX - revogação do consentimento, nos termos do §
mentais do usuário, com uso de recursos audiovisuais 5º do art. 8º desta Lei.
quando adequado, de forma a proporcionar a informação § 1º O titular dos dados pessoais tem o direito de
necessária aos pais ou ao responsável legal e adequada peticionar em relação aos seus dados contra o controlador
ao entendimento da criança. perante a autoridade nacional.
§ 2º O titular pode opor-se a tratamento realizado
Seção IV com fundamento em uma das hipóteses de dispensa de
Do Término do Tratamento de Dados consentimento, em caso de descumprimento ao disposto
Art. 15. O término do tratamento de dados pessoais nesta Lei.
ocorrerá nas seguintes hipóteses: § 3º Os direitos previstos neste artigo serão
I - verificação de que a finalidade foi alcançada ou exercidos mediante requerimento expresso do titular ou de
de que os dados deixaram de ser necessários ou representante legalmente constituído, a agente de
pertinentes ao alcance da finalidade específica almejada; tratamento.
II - fim do período de tratamento; § 4º Em caso de impossibilidade de adoção imediata
III - comunicação do titular, inclusive no exercício de da providência de que trata o § 3º deste artigo, o
seu direito de revogação do consentimento conforme controlador enviará ao titular resposta em que poderá:
disposto no § 5º do art. 8º desta Lei, resguardado o I - comunicar que não é agente de tratamento dos
interesse público; ou dados e indicar, sempre que possível, o agente; ou
IV - determinação da autoridade nacional, quando II - indicar as razões de fato ou de direito que
houver violação ao disposto nesta Lei. impedem a adoção imediata da providência.
§ 5º O requerimento referido no § 3º deste artigo
Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o será atendido sem custos para o titular, nos prazos e nos
término de seu tratamento, no âmbito e nos limites técnicos termos previstos em regulamento.
das atividades, autorizada a conservação para as § 6º O responsável deverá informar, de maneira
seguintes finalidades: imediata, aos agentes de tratamento com os quais tenha
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória realizado uso compartilhado de dados a correção, a
pelo controlador; eliminação, a anonimização ou o bloqueio dos dados, para
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida, que repitam idêntico procedimento, exceto nos casos em
sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais; que esta comunicação seja comprovadamente impossível
III - transferência a terceiro, desde que respeitados ou implique esforço desproporcional. (2019)
os requisitos de tratamento de dados dispostos nesta Lei; § 7º A portabilidade dos dados pessoais a que se
ou refere o inciso V do caput deste artigo não inclui dados que
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu já tenham sido anonimizados pelo controlador.
acesso por terceiro, e desde que anonimizados os dados. § 8º O direito a que se refere o § 1º deste artigo
também poderá ser exercido perante os organismos de
defesa do consumidor.
2011 (Lei de Acesso à Informação) , deverá ser realizado
Art. 19. A confirmação de existência ou o acesso a para o atendimento de sua finalidade pública, na
dados pessoais serão providenciados, mediante requisição persecução do interesse público, com o objetivo de
do titular: executar as competências legais ou cumprir as atribuições
legais do serviço público, desde que:
I - em formato simplificado, imediatamente; ou
I - sejam informadas as hipóteses em que, no
II - por meio de declaração clara e completa, que
exercício de suas competências, realizam o tratamento de
indique a origem dos dados, a inexistência de registro, os
dados pessoais, fornecendo informações claras e
critérios utilizados e a finalidade do tratamento, observados
atualizadas sobre a previsão legal, a finalidade, os
os segredos comercial e industrial, fornecida no prazo de
procedimentos e as práticas utilizadas para a execução
até 15 (quinze) dias, contado da data do requerimento do
dessas atividades, em veículos de fácil acesso,
titular.
preferencialmente em seus sítios eletrônicos;
§ 1º Os dados pessoais serão armazenados em
II - (Vetado); e
formato que favoreça o exercício do direito de acesso.
III - seja indicado um encarregado quando
§ 2º As informações e os dados poderão ser
realizarem operações de tratamento de dados pessoais,
fornecidos, a critério do titular:
nos termos do art. 39 desta Lei; e (2019)
I - por meio eletrônico, seguro e idôneo para esse
IV - (Vetado) (2019)
fim; ou
§ 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre as
II - sob forma impressa.
formas de publicidade das operações de tratamento.
§ 3º Quando o tratamento tiver origem no
§ 2º O disposto nesta Lei não dispensa as pessoas
consentimento do titular ou em contrato, o titular poderá
jurídicas mencionadas no caput deste artigo de instituir as
solicitar cópia eletrônica integral de seus dados pessoais,
autoridades de que trata a Lei nº 12.527, de 18 de
observados os segredos comercial e industrial, nos termos
novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) .
de regulamentação da autoridade nacional, em formato
que permita a sua utilização subsequente, inclusive em § 3º Os prazos e procedimentos para exercício dos
outras operações de tratamento. direitos do titular perante o Poder Público observarão o
disposto em legislação específica, em especial as
§ 4º A autoridade nacional poderá dispor de forma
disposições constantes da Lei nº 9.507, de 12 de novembro
diferenciada acerca dos prazos previstos nos incisos I e II
de 1997 (Lei do Habeas Data) , da Lei nº 9.784, de 29 de
do caput deste artigo para os setores específicos.
janeiro de 1999 (Lei Geral do Processo Administrativo) , e
da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de
Art. 20. O titular dos dados tem direito a solicitar a Acesso à Informação) .
revisão de decisões tomadas unicamente com base em § 4º Os serviços notariais e de registro exercidos em
tratamento automatizado de dados pessoais que afetem caráter privado, por delegação do Poder Público, terão o
seus interesses, incluídas as decisões destinadas a definir mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas
o seu perfil pessoal, profissional, de consumo e de crédito referidas no caput deste artigo, nos termos desta Lei.
ou os aspectos de sua personalidade. (2019)
§ 5º Os órgãos notariais e de registro devem
§ 1º O controlador deverá fornecer, sempre que fornecer acesso aos dados por meio eletrônico para a
solicitadas, informações claras e adequadas a respeito dos administração pública, tendo em vista as finalidades de que
critérios e dos procedimentos utilizados para a decisão trata o caput deste artigo.
automatizada, observados os segredos comercial e
industrial.
Art. 24. As empresas públicas e as sociedades de
§ 2º Em caso de não oferecimento de informações
economia mista que atuam em regime de concorrência,
de que trata o § 1º deste artigo baseado na observância de
sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição Federal ,
segredo comercial e industrial, a autoridade nacional
terão o mesmo tratamento dispensado às pessoas jurídicas
poderá realizar auditoria para verificação de aspectos
de direito privado particulares, nos termos desta Lei.
discriminatórios em tratamento automatizado de dados
pessoais. Parágrafo único. As empresas públicas e as
sociedades de economia mista, quando estiverem
§ 3º (Vetado). (2019)
operacionalizando políticas públicas e no âmbito da
execução delas, terão o mesmo tratamento dispensado
Art. 21. Os dados pessoais referentes ao exercício aos órgãos e às entidades do Poder Público, nos termos
regular de direitos pelo titular não podem ser utilizados em deste Capítulo.
seu prejuízo.

Art. 22. A defesa dos interesses e dos direitos dos


titulares de dados poderá ser exercida em juízo, individual
ou coletivamente, na forma do disposto na legislação CF/88
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição,
pertinente, acerca dos instrumentos de tutela individual e
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será
coletiva. permitida quando necessária aos imperativos da segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em
lei.
CAPÍTULO IV § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa
DO TRATAMENTO DE DADOS PESSOAIS PELO pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias
que explorem atividade econômica de produção ou
PODER PÚBLICO
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo
Seção I sobre:
Das Regras I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e
Art. 23. O tratamento de dados pessoais pelas pela sociedade;
pessoas jurídicas de direito público referidas no parágrafo
único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas II - nos casos de uso compartilhado de dados, em
privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, que será dada publicidade nos termos do inciso I do
comerciais, trabalhistas e tributários; caput do art. 23 desta Lei; ou
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e
alienações, observados os princípios da administração pública; III - nas exceções constantes do § 1º do art. 26
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de desta Lei.
administração e fiscal, com a participação de acionistas Parágrafo único. A informação à autoridade nacional
minoritários; de que trata o caput deste artigo será objeto de
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a regulamentação. (2019)
responsabilidade dos administradores.
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia
mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às Art. 28. (Vetado).
do setor privado.
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com Art. 29. A autoridade nacional poderá solicitar, a
o Estado e a sociedade. qualquer momento, aos órgãos e às entidades do poder
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à público a realização de operações de tratamento de dados
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao
pessoais, informações específicas sobre o âmbito e a
aumento arbitrário dos lucros.
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos natureza dos dados e outros detalhes do tratamento
dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade realizado e poderá emitir parecer técnico complementar
desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, para garantir o cumprimento desta Lei. (2019)
nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e
contra a economia popular. Art. 30. A autoridade nacional poderá estabelecer
normas complementares para as atividades de
comunicação e de uso compartilhado de dados pessoais.
Art. 25. Os dados deverão ser mantidos em formato
interoperável e estruturado para o uso compartilhado, com Seção II
vistas à execução de políticas públicas, à prestação de Da Responsabilidade
serviços públicos, à descentralização da atividade pública Art. 31. Quando houver infração a esta Lei em
e à disseminação e ao acesso das informações pelo decorrência do tratamento de dados pessoais por órgãos
público em geral. públicos, a autoridade nacional poderá enviar informe com
medidas cabíveis para fazer cessar a violação.
Art. 26. O uso compartilhado de dados pessoais pelo
Poder Público deve atender a finalidades específicas de Art. 32. A autoridade nacional poderá solicitar a
execução de políticas públicas e atribuição legal pelos agentes do Poder Público a publicação de relatórios de
órgãos e pelas entidades públicas, respeitados os impacto à proteção de dados pessoais e sugerir a adoção
princípios de proteção de dados pessoais elencados no art. de padrões e de boas práticas para os tratamentos de
6º desta Lei. dados pessoais pelo Poder Público.
§ 1º É vedado ao Poder Público transferir a
entidades privadas dados pessoais constantes de bases de
CAPÍTULO V
dados a que tenha acesso, exceto:
DA TRANSFERÊNCIA INTERNACIONAL DE DADOS
I - em casos de execução descentralizada de
Art. 33. A transferência internacional de dados
atividade pública que exija a transferência, exclusivamente
pessoais somente é permitida nos seguintes casos:
para esse fim específico e determinado, observado o
disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei I - para países ou organismos internacionais que
de Acesso à Informação) ; proporcionem grau de proteção de dados pessoais
adequado ao previsto nesta Lei;
II - (Vetado);
II - quando o controlador oferecer e comprovar
III - nos casos em que os dados forem acessíveis
garantias de cumprimento dos princípios, dos direitos do
publicamente, observadas as disposições desta Lei.
titular e do regime de proteção de dados previstos nesta
IV - quando houver previsão legal ou a Lei, na forma de:
transferência for respaldada em contratos, convênios ou
a) cláusulas contratuais específicas para
instrumentos congêneres; ou (2019)
determinada transferência;
V - na hipótese de a transferência dos dados
b) cláusulas-padrão contratuais;
objetivar exclusivamente a prevenção de fraudes e
irregularidades, ou proteger e resguardar a segurança e a c) normas corporativas globais;
integridade do titular dos dados, desde que vedado o d) selos, certificados e códigos de conduta
tratamento para outras finalidades. (2019) regularmente emitidos;
§ 2º Os contratos e convênios de que trata o § 1º III - quando a transferência for necessária para a
deste artigo deverão ser comunicados à autoridade cooperação jurídica internacional entre órgãos públicos de
nacional. inteligência, de investigação e de persecução, de acordo
com os instrumentos de direito internacional;
Art. 27. A comunicação ou o uso compartilhado de IV - quando a transferência for necessária para a
dados pessoais de pessoa jurídica de direito público a proteção da vida ou da incolumidade física do titular ou de
pessoa de direito privado será informado à autoridade terceiro;
nacional e dependerá de consentimento do titular, exceto: V - quando a autoridade nacional autorizar a
I - nas hipóteses de dispensa de consentimento transferência;
previstas nesta Lei; VI - quando a transferência resultar em
compromisso assumido em acordo de cooperação
internacional;
VII - quando a transferência for necessária para a referidas no caput deste artigo serão também analisadas
execução de política pública ou atribuição legal do serviço de acordo com as medidas técnicas e organizacionais
público, sendo dada publicidade nos termos do inciso I do adotadas pelo operador, de acordo com o previsto nos §§
caput do art. 23 desta Lei; 1º e 2º do art. 46 desta Lei.
VIII - quando o titular tiver fornecido o seu
consentimento específico e em destaque para a Art. 36. As alterações nas garantias apresentadas
transferência, com informação prévia sobre o caráter como suficientes de observância dos princípios gerais de
internacional da operação, distinguindo claramente esta de proteção e dos direitos do titular referidas no inciso II do art.
outras finalidades; ou 33 desta Lei deverão ser comunicadas à autoridade
IX - quando necessário para atender as hipóteses nacional.
previstas nos incisos II, V e VI do art. 7º desta Lei.
Parágrafo único. Para os fins do inciso I deste artigo, CAPÍTULO VI
as pessoas jurídicas de direito público referidas no DOS AGENTES DE TRATAMENTO DE DADOS
parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.527, de 18 de PESSOAIS
novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) , no Seção I
âmbito de suas competências legais, e responsáveis, no Do Controlador e do Operador
âmbito de suas atividades, poderão requerer à autoridade Art. 37. O controlador e o operador devem manter
nacional a avaliação do nível de proteção a dados pessoais registro das operações de tratamento de dados pessoais
conferido por país ou organismo internacional. que realizarem, especialmente quando baseado no
legítimo interesse.
Art. 34. O nível de proteção de dados do país
estrangeiro ou do organismo internacional mencionado no Art. 38. A autoridade nacional poderá determinar ao
inciso I do caput do art. 33 desta Lei será avaliado pela controlador que elabore relatório de impacto à proteção de
autoridade nacional, que levará em consideração: dados pessoais, inclusive de dados sensíveis, referente a
I - as normas gerais e setoriais da legislação em suas operações de tratamento de dados, nos termos de
vigor no país de destino ou no organismo internacional; regulamento, observados os segredos comercial e
II - a natureza dos dados; industrial.
III - a observância dos princípios gerais de proteção Parágrafo único. Observado o disposto no
de dados pessoais e direitos dos titulares previstos nesta caput deste artigo, o relatório deverá conter, no mínimo, a
Lei; descrição dos tipos de dados coletados, a metodologia
IV - a adoção de medidas de segurança previstas utilizada para a coleta e para a garantia da segurança das
em regulamento; informações e a análise do controlador com relação a
V - a existência de garantias judiciais e medidas, salvaguardas e mecanismos de mitigação de
institucionais para o respeito aos direitos de proteção de risco adotados.
dados pessoais; e
VI - outras circunstâncias específicas relativas à Art. 39. O operador deverá realizar o tratamento
transferência. segundo as instruções fornecidas pelo controlador, que
verificará a observância das próprias instruções e das
normas sobre a matéria.
Art. 35. A definição do conteúdo de cláusulas-
padrão contratuais, bem como a verificação de cláusulas
contratuais específicas para uma determinada Art. 40. A autoridade nacional poderá dispor sobre
transferência, normas corporativas globais ou selos, padrões de interoperabilidade para fins de portabilidade,
certificados e códigos de conduta, a que se refere o inciso livre acesso aos dados e segurança, assim como sobre o
II do caput do art. 33 desta Lei, será realizada pela tempo de guarda dos registros, tendo em vista
autoridade nacional. especialmente a necessidade e a transparência.
§ 1º Para a verificação do disposto no caput deste
artigo, deverão ser considerados os requisitos, as Seção II
condições e as garantias mínimas para a transferência que Do Encarregado pelo Tratamento de Dados Pessoais
observem os direitos, as garantias e os princípios desta Lei. Art. 41. O controlador deverá indicar encarregado
§ 2º Na análise de cláusulas contratuais, de pelo tratamento de dados pessoais.
documentos ou de normas corporativas globais submetidas § 1º A identidade e as informações de contato do
à aprovação da autoridade nacional, poderão ser encarregado deverão ser divulgadas publicamente, de
requeridas informações suplementares ou realizadas forma clara e objetiva, preferencialmente no sítio eletrônico
diligências de verificação quanto às operações de do controlador.
tratamento, quando necessário. § 2º As atividades do encarregado consistem em:
§ 3º A autoridade nacional poderá designar I - aceitar reclamações e comunicações dos
organismos de certificação para a realização do previsto no titulares, prestar esclarecimentos e adotar providências;
caput deste artigo, que permanecerão sob sua fiscalização II - receber comunicações da autoridade nacional e
nos termos definidos em regulamento. adotar providências;
§ 4º Os atos realizados por organismo de III - orientar os funcionários e os contratados da
certificação poderão ser revistos pela autoridade nacional entidade a respeito das práticas a serem tomadas em
e, caso em desconformidade com esta Lei, submetidos a relação à proteção de dados pessoais; e
revisão ou anulados. IV - executar as demais atribuições determinadas
§ 5º As garantias suficientes de observância dos pelo controlador ou estabelecidas em normas
princípios gerais de proteção e dos direitos do titular complementares.
§ 3º A autoridade nacional poderá estabelecer
normas complementares sobre a definição e as atribuições Art. 45. As hipóteses de violação do direito do titular
do encarregado, inclusive hipóteses de dispensa da no âmbito das relações de consumo permanecem sujeitas
necessidade de sua indicação, conforme a natureza e o às regras de responsabilidade previstas na legislação
porte da entidade ou o volume de operações de tratamento pertinente.
de dados.
§ 4º (Vetado) (2019) CAPÍTULO VII
DA SEGURANÇA E DAS BOAS PRÁTICAS
Seção III Seção I
Da Responsabilidade e do Ressarcimento de Danos Da Segurança e do Sigilo de Dados
Art. 42. O controlador ou o operador que, em razão Art. 46. Os agentes de tratamento devem adotar
do exercício de atividade de tratamento de dados pessoais, medidas de segurança, técnicas e administrativas aptas a
causar a outrem dano patrimonial, moral, individual ou proteger os dados pessoais de acessos não autorizados e
coletivo, em violação à legislação de proteção de dados de situações acidentais ou ilícitas de destruição, perda,
pessoais, é obrigado a repará-lo. alteração, comunicação ou qualquer forma de tratamento
§ 1º A fim de assegurar a efetiva indenização ao inadequado ou ilícito.
titular dos dados: § 1º A autoridade nacional poderá dispor sobre
I - o operador responde solidariamente pelos padrões técnicos mínimos para tornar aplicável o disposto
danos causados pelo tratamento quando descumprir as no caput deste artigo, considerados a natureza das
obrigações da legislação de proteção de dados ou quando informações tratadas, as características específicas do
não tiver seguido as instruções lícitas do controlador, tratamento e o estado atual da tecnologia, especialmente
hipótese em que o operador equipara-se ao controlador, no caso de dados pessoais sensíveis, assim como os
salvo nos casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei; princípios previstos no caput do art. 6º desta Lei.
II - os controladores que estiverem diretamente § 2º As medidas de que trata o caput deste artigo
envolvidos no tratamento do qual decorreram danos ao deverão ser observadas desde a fase de concepção do
titular dos dados respondem solidariamente, salvo nos produto ou do serviço até a sua execução.
casos de exclusão previstos no art. 43 desta Lei.
§ 2º O juiz, no processo civil, poderá inverter o ônus Art. 47. Os agentes de tratamento ou qualquer outra
da prova a favor do titular dos dados quando, a seu juízo, pessoa que intervenha em uma das fases do tratamento
for verossímil a alegação, houver hipossuficiência para fins obriga-se a garantir a segurança da informação prevista
de produção de prova ou quando a produção de prova pelo nesta Lei em relação aos dados pessoais, mesmo após o
titular resultar-lhe excessivamente onerosa. seu término.
§ 3º As ações de reparação por danos coletivos que
tenham por objeto a responsabilização nos termos do Art. 48. O controlador deverá comunicar à
caput deste artigo podem ser exercidas coletivamente em autoridade nacional e ao titular a ocorrência de incidente
juízo, observado o disposto na legislação pertinente. de segurança que possa acarretar risco ou dano relevante
§ 4º Aquele que reparar o dano ao titular tem direito aos titulares.
de regresso contra os demais responsáveis, na medida de § 1º A comunicação será feita em prazo razoável,
sua participação no evento danoso. conforme definido pela autoridade nacional, e deverá
mencionar, no mínimo:
Art. 43. Os agentes de tratamento só não serão I - a descrição da natureza dos dados pessoais
responsabilizados quando provarem: afetados;
I - que não realizaram o tratamento de dados II - as informações sobre os titulares envolvidos;
pessoais que lhes é atribuído; III - a indicação das medidas técnicas e de
II - que, embora tenham realizado o tratamento de segurança utilizadas para a proteção dos dados,
dados pessoais que lhes é atribuído, não houve violação à observados os segredos comercial e industrial;
legislação de proteção de dados; ou IV - os riscos relacionados ao incidente;
III - que o dano é decorrente de culpa exclusiva do V - os motivos da demora, no caso de a
titular dos dados ou de terceiro. comunicação não ter sido imediata; e
VI - as medidas que foram ou que serão adotadas
Art. 44. O tratamento de dados pessoais será para reverter ou mitigar os efeitos do prejuízo.
irregular quando deixar de observar a legislação ou quando § 2º A autoridade nacional verificará a gravidade do
não fornecer a segurança que o titular dele pode esperar, incidente e poderá, caso necessário para a salvaguarda
consideradas as circunstâncias relevantes, entre as quais: dos direitos dos titulares, determinar ao controlador a
I - o modo pelo qual é realizado; adoção de providências, tais como:
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele I - ampla divulgação do fato em meios de
se esperam; comunicação; e
III - as técnicas de tratamento de dados pessoais II - medidas para reverter ou mitigar os efeitos do
disponíveis à época em que foi realizado. incidente.
Parágrafo único. Responde pelos danos decorrentes § 3º No juízo de gravidade do incidente, será
da violação da segurança dos dados o controlador ou o avaliada eventual comprovação de que foram adotadas
operador que, ao deixar de adotar as medidas de medidas técnicas adequadas que tornem os dados
segurança previstas no art. 46 desta Lei, der causa ao pessoais afetados ininteligíveis, no âmbito e nos limites
dano. técnicos de seus serviços, para terceiros não autorizados
a acessá-los.
Art. 49. Os sistemas utilizados para o tratamento de poderão ser reconhecidas e divulgadas pela autoridade
dados pessoais devem ser estruturados de forma a atender nacional.
aos requisitos de segurança, aos padrões de boas práticas
e de governança e aos princípios gerais previstos nesta Lei Art. 51. A autoridade nacional estimulará a adoção
e às demais normas regulamentares. de padrões técnicos que facilitem o controle pelos titulares
dos seus dados pessoais.
Seção II
Das Boas Práticas e da Governança CAPÍTULO VIII
Art. 50. Os controladores e operadores, no âmbito DA FISCALIZAÇÃO
de suas competências, pelo tratamento de dados pessoais, Seção I
individualmente ou por meio de associações, poderão Das Sanções Administrativas
formular regras de boas práticas e de governança que Art. 52. Os agentes de tratamento de dados, em
estabeleçam as condições de organização, o regime de razão das infrações cometidas às normas previstas nesta
funcionamento, os procedimentos, incluindo reclamações e Lei, ficam sujeitos às seguintes sanções administrativas
petições de titulares, as normas de segurança, os padrões aplicáveis pela autoridade nacional:
técnicos, as obrigações específicas para os diversos I - advertência, com indicação de prazo para
envolvidos no tratamento, as ações educativas, os adoção de medidas corretivas;
mecanismos internos de supervisão e de mitigação de II - multa simples, de até 2% (dois por cento) do
riscos e outros aspectos relacionados ao tratamento de faturamento da pessoa jurídica de direito privado, grupo ou
dados pessoais. conglomerado no Brasil no seu último exercício, excluídos
§ 1º Ao estabelecer regras de boas práticas, o os tributos, limitada, no total, a R$ 50.000.000,00
controlador e o operador levarão em consideração, em (cinquenta milhões de reais) por infração;
relação ao tratamento e aos dados, a natureza, o escopo, III - multa diária, observado o limite total a que se
a finalidade e a probabilidade e a gravidade dos riscos e refere o inciso II;
dos benefícios decorrentes de tratamento de dados do IV - publicização da infração após devidamente
titular. apurada e confirmada a sua ocorrência;
§ 2º Na aplicação dos princípios indicados nos V - bloqueio dos dados pessoais a que se refere a
incisos VII e VIII do caput do art. 6º desta Lei, o controlador, infração até a sua regularização;
observados a estrutura, a escala e o volume de suas VI - eliminação dos dados pessoais a que se refere
operações, bem como a sensibilidade dos dados tratados a infração;
e a probabilidade e a gravidade dos danos para os titulares
VII - (Vetado);
dos dados, poderá:
VIII - (Vetado);
I - implementar programa de governança em
IX - (Vetado).
privacidade que, no mínimo:
X - suspensão parcial do funcionamento do
a) demonstre o comprometimento do controlador
banco de dados a que se refere a infração pelo período
em adotar processos e políticas internas que assegurem o
máximo de 6 (seis) meses, prorrogável por igual período,
cumprimento, de forma abrangente, de normas e boas
até a regularização da atividade de tratamento pelo
práticas relativas à proteção de dados pessoais;
controlador; (2019)
b) seja aplicável a todo o conjunto de dados
XI - suspensão do exercício da atividade de
pessoais que estejam sob seu controle,
tratamento dos dados pessoais a que se refere a
independentemente do modo como se realizou sua coleta;
infração pelo período máximo de 6 (seis) meses,
c) seja adaptado à estrutura, à escala e ao volume
prorrogável por igual período; (2019)
de suas operações, bem como à sensibilidade dos dados
XII - proibição parcial ou total do exercício de
tratados;
atividades relacionadas a tratamento de dados. (2019)
d) estabeleça políticas e salvaguardas adequadas
§ 1º As sanções serão aplicadas após
com base em processo de avaliação sistemática de
procedimento administrativo que possibilite a
impactos e riscos à privacidade;
oportunidade da ampla defesa, de forma gradativa,
e) tenha o objetivo de estabelecer relação de isolada ou cumulativa, de acordo com as
confiança com o titular, por meio de atuação transparente
peculiaridades do caso concreto e considerados os
e que assegure mecanismos de participação do titular; seguintes parâmetros e critérios:
f) esteja integrado a sua estrutura geral de
I - a gravidade e a natureza das infrações e dos
governança e estabeleça e aplique mecanismos de
direitos pessoais afetados;
supervisão internos e externos;
II - a boa-fé do infrator;
g) conte com planos de resposta a incidentes e
III - a vantagem auferida ou pretendida pelo
remediação; e
infrator;
h) seja atualizado constantemente com base em
informações obtidas a partir de monitoramento contínuo e IV - a condição econômica do infrator;
avaliações periódicas; V - a reincidência;
II - demonstrar a efetividade de seu programa de VI - o grau do dano;
governança em privacidade quando apropriado e, em VII - a cooperação do infrator;
especial, a pedido da autoridade nacional ou de outra VIII - a adoção reiterada e demonstrada de
entidade responsável por promover o cumprimento de boas mecanismos e procedimentos internos capazes de
práticas ou códigos de conduta, os quais, de forma minimizar o dano, voltados ao tratamento seguro e
independente, promovam o cumprimento desta Lei. adequado de dados, em consonância com o disposto no
§ 3º As regras de boas práticas e de governança inciso II do § 2º do art. 48 desta Lei;
deverão ser publicadas e atualizadas periodicamente e
IX - a adoção de política de boas práticas e Parágrafo único. A intimação da sanção de multa
governança; diária deverá conter, no mínimo, a descrição da obrigação
imposta, o prazo razoável e estipulado pelo órgão para o
X - a pronta adoção de medidas corretivas; e
seu cumprimento e o valor da multa diária a ser aplicada
XI - a proporcionalidade entre a gravidade da falta e
pelo seu descumprimento.
a intensidade da sanção.
§ 2º O disposto neste artigo não substitui a aplicação
de sanções administrativas, civis ou penais definidas na Lei CAPÍTULO IX
DA AUTORIDADE NACIONAL DE PROTEÇÃO DE
nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, e em legislação
específica. (2019) DADOS (ANPD) E DO CONSELHO NACIONAL DE
PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS E DA
§ 3º O disposto nos incisos I, IV, V, VI, X, XI e XII do
PRIVACIDADE
caput deste artigo poderá ser aplicado às entidades e aos
órgãos públicos, sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.112, Seção I
de 11 de dezembro de 1990, na Lei nº 8.429, de 2 de junho Da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD)
de 1992, e na Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Art. 55. (Vetado).
(2019)
§ 4º No cálculo do valor da multa de que trata o Art. 55-A. Fica criada, sem aumento de despesa, a
inciso II do caput deste artigo, a autoridade nacional poderá Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), órgão
considerar o faturamento total da empresa ou grupo de da administração pública federal, integrante da Presidência
empresas, quando não dispuser do valor do faturamento da República. (2019)
no ramo de atividade empresarial em que ocorreu a § 1º A natureza jurídica da ANPD é transitória e
infração, definido pela autoridade nacional, ou quando o poderá ser transformada pelo Poder Executivo em entidade
valor for apresentado de forma incompleta ou não for da administração pública federal indireta, submetida a
demonstrado de forma inequívoca e idônea. regime autárquico especial e vinculada à Presidência da
§ 5º O produto da arrecadação das multas aplicadas República. (2019)
pela ANPD, inscritas ou não em dívida ativa, será § 2º A avaliação quanto à transformação de que
destinado ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos de que dispõe o § 1º deste artigo deverá ocorrer em até 2 (dois)
tratam o art. 13 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, e anos da data da entrada em vigor da estrutura regimental
a Lei nº 9.008, de 21 de março de 1995. (2019) da ANPD. (2019)
§ 6º As sanções previstas nos incisos X, XI e XII do § 3º O provimento dos cargos e das funções
caput deste artigo serão aplicadas: (2019) necessários à criação e à atuação da ANPD está
I - somente após já ter sido imposta ao menos 1 condicionado à expressa autorização física e financeira na
(uma) das sanções de que tratam os incisos II, III, IV, V e lei orçamentária anual e à permissão na lei de diretrizes
VI do caput deste artigo para o mesmo caso concreto; e orçamentárias. (2019)
(2019)
II - em caso de controladores submetidos a outros Art. 55-B. É assegurada autonomia técnica e
órgãos e entidades com competências sancionatórias, decisória à ANPD. (2019)
ouvidos esses órgãos. (2019)
§ 7º Os vazamentos individuais ou os acessos não Art. 55-C. A ANPD é composta de: (2019)
autorizados de que trata o caput do art. 46 desta Lei
I - Conselho Diretor, órgão máximo de direção;
poderão ser objeto de conciliação direta entre controlador (2019)
e titular e, caso não haja acordo, o controlador estará II - Conselho Nacional de Proteção de Dados
sujeito à aplicação das penalidades de que trata este artigo. Pessoais e da Privacidade; (2019)
(2019)
III - Corregedoria; (2019)
Art. 53. A autoridade nacional definirá, por meio de IV - Ouvidoria; (2019)
regulamento próprio sobre sanções administrativas a V - órgão de assessoramento jurídico próprio; e
(2019)
infrações a esta Lei, que deverá ser objeto de consulta
pública, as metodologias que orientarão o cálculo do valor- VI - unidades administrativas e unidades
especializadas necessárias à aplicação do disposto nesta
base das sanções de multa.
Lei. (2019)
§ 1º As metodologias a que se refere o caput deste
artigo devem ser previamente publicadas, para ciência dos
agentes de tratamento, e devem apresentar objetivamente Art. 55-D. O Conselho Diretor da ANPD será
as formas e dosimetrias para o cálculo do valor-base das composto de 5 (cinco) diretores, incluído o Diretor-
sanções de multa, que deverão conter fundamentação Presidente. (2019)
detalhada de todos os seus elementos, demonstrando a § 1º Os membros do Conselho Diretor da ANPD
observância dos critérios previstos nesta Lei. serão escolhidos pelo Presidente da República e por ele
§ 2º O regulamento de sanções e metodologias nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos
correspondentes deve estabelecer as circunstâncias e as termos da alínea ‘f’ do inciso III do art. 52 da Constituição
condições para a adoção de multa simples ou diária. Federal, e ocuparão cargo em comissão do Grupo- Direção
e Assessoramento Superiores - DAS, no mínimo, de nível
5. (2019)
Art. 54. O valor da sanção de multa diária aplicável
CF/88
às infrações a esta Lei deve observar a gravidade da falta
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
e a extensão do dano ou prejuízo causado e ser (...)
fundamentado pela autoridade nacional. III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição
pública, a escolha de:
(...)
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; III - elaborar diretrizes para a Política Nacional de
Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade; (2019)
IV - fiscalizar e aplicar sanções em caso de
§ 2º Os membros do Conselho Diretor serão
tratamento de dados realizado em descumprimento à
escolhidos dentre brasileiros que tenham reputação ilibada,
legislação, mediante processo administrativo que assegure
nível superior de educação e elevado conceito no campo
o contraditório, a ampla defesa e o direito de recurso; (2019)
de especialidade dos cargos para os quais serão
nomeados. (2019) V - apreciar petições de titular contra controlador
§ 3º O mandato dos membros do Conselho após comprovada pelo titular a apresentação de
reclamação ao controlador não solucionada no prazo
Diretor será de 4 (quatro) anos. (2019)
estabelecido em regulamentação; (2019)
§ 4º Os mandatos dos primeiros membros do
VI - promover na população o conhecimento das
Conselho Diretor nomeados serão de 2 (dois), de 3 (três),
de 4 (quatro), de 5 (cinco) e de 6 (seis) anos, conforme normas e das políticas públicas sobre proteção de dados
pessoais e das medidas de segurança; (2019)
estabelecido no ato de nomeação. (2019)
VII - promover e elaborar estudos sobre as práticas
§ 5º Na hipótese de vacância do cargo no curso do
nacionais e internacionais de proteção de dados pessoais
mandato de membro do Conselho Diretor, o prazo
e privacidade; (2019)
remanescente será completado pelo sucessor. (2019)
VIII - estimular a adoção de padrões para serviços e
produtos que facilitem o exercício de controle dos titulares
Art. 55-E. Os membros do Conselho Diretor somente
sobre seus dados pessoais, os quais deverão levar em
perderão seus cargos em virtude de renúncia, condenação
consideração as especificidades das atividades e o porte
judicial transitada em julgado ou pena de demissão
dos responsáveis; (2019)
decorrente de processo administrativo disciplinar. (2019)
IX - promover ações de cooperação com
§ 1º Nos termos do caput deste artigo, cabe ao
autoridades de proteção de dados pessoais de outros
Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da
países, de natureza internacional ou transnacional;
República instaurar o processo administrativo disciplinar, (2019)
que será conduzido por comissão especial constituída por X - dispor sobre as formas de publicidade das
servidores públicos federais estáveis. (2019) operações de tratamento de dados pessoais, respeitados
§ 2º Compete ao Presidente da República os segredos comercial e industrial; (2019)
determinar o afastamento preventivo, somente quando XI - solicitar, a qualquer momento, às entidades do
assim recomendado pela comissão especial de que trata o poder público que realizem operações de tratamento de
§ 1º deste artigo, e proferir o julgamento. (2019) dados pessoais informe específico sobre o âmbito, a
natureza dos dados e os demais detalhes do tratamento
Art. 55-F. Aplica-se aos membros do Conselho realizado, com a possibilidade de emitir parecer técnico
Diretor, após o exercício do cargo, o disposto no art. 6º da complementar para garantir o cumprimento desta Lei;
Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013. (2019) (2019)
Parágrafo único. A infração ao disposto no XII - elaborar relatórios de gestão anuais acerca de
caput deste artigo caracteriza ato de improbidade suas atividades; (2019)
administrativa. (2019) XIII - editar regulamentos e procedimentos sobre
proteção de dados pessoais e privacidade, bem como
Art. 55-G. Ato do Presidente da República disporá sobre relatórios de impacto à proteção de dados pessoais
sobre a estrutura regimental da ANPD. (2019) para os casos em que o tratamento representar alto risco à
§ 1º Até a data de entrada em vigor de sua estrutura garantia dos princípios gerais de proteção de dados
regimental, a ANPD receberá o apoio técnico e pessoais previstos nesta Lei; (2019)
administrativo da Casa Civil da Presidência da República XIV - ouvir os agentes de tratamento e a sociedade
para o exercício de suas atividades. (2019) em matérias de interesse relevante e prestar contas sobre
§ 2º O Conselho Diretor disporá sobre o regimento suas atividades e planejamento; (2019)
interno da ANPD. (2019) XV - arrecadar e aplicar suas receitas e publicar, no
relatório de gestão a que se refere o inciso XII do
Art. 55-H. Os cargos em comissão e as funções de caput deste artigo, o detalhamento de suas receitas e
confiança da ANPD serão remanejados de outros órgãos e despesas; (2019)
entidades do Poder Executivo federal. (2019) XVI - realizar auditorias, ou determinar sua
realização, no âmbito da atividade de fiscalização de que
trata o inciso IV e com a devida observância do disposto no
Art. 55-I. Os ocupantes dos cargos em comissão e
inciso II do caput deste artigo, sobre o tratamento de dados
das funções de confiança da ANPD serão indicados pelo
pessoais efetuado pelos agentes de tratamento, incluído o
Conselho Diretor e nomeados ou designados pelo Diretor-
poder público; (2019)
Presidente. (2019)
XVII - celebrar, a qualquer momento, compromisso
com agentes de tratamento para eliminar irregularidade,
Art. 55-J. Compete à ANPD: (2019)
incerteza jurídica ou situação contenciosa no âmbito de
I - zelar pela proteção dos dados pessoais, nos processos administrativos, de acordo com o previsto no
termos da legislação; (2019) Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942; (2019)
II - zelar pela observância dos segredos comercial e XVIII - editar normas, orientações e procedimentos
industrial, observada a proteção de dados pessoais e do simplificados e diferenciados, inclusive quanto aos prazos,
sigilo das informações quando protegido por lei ou quando para que microempresas e empresas de pequeno porte,
a quebra do sigilo violar os fundamentos do art. 2º desta bem como iniciativas empresariais de caráter incremental
Lei; (2019)
ou disruptivo que se autodeclarem startups ou empresas com órgãos e entidades da administração pública
de inovação, possam adequar-se a esta Lei; (2019) responsáveis pela regulação de setores específicos da
XIX - garantir que o tratamento de dados de idosos atividade econômica e governamental, a fim de facilitar as
seja efetuado de maneira simples, clara, acessível e competências regulatória, fiscalizatória e punitiva da
adequada ao seu entendimento, nos termos desta Lei e da ANPD. (2019)
Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso); § 5º No exercício das competências de que trata o
(2019) caput deste artigo, a autoridade competente deverá zelar
XX - deliberar, na esfera administrativa, em caráter pela preservação do segredo empresarial e do sigilo das
terminativo, sobre a interpretação desta Lei, as suas informações, nos termos da lei. (2019)
competências e os casos omissos; (2019) § 6º As reclamações colhidas conforme o disposto
XXI - comunicar às autoridades competentes as no inciso V do caput deste artigo poderão ser analisadas
infrações penais das quais tiver conhecimento; (2019) de forma agregada, e as eventuais providências delas
XXII - comunicar aos órgãos de controle interno o decorrentes poderão ser adotadas de forma padronizada.
(2019)
descumprimento do disposto nesta Lei por órgãos e
entidades da administração pública federal; (2019)
XXIII - articular-se com as autoridades reguladoras Art. 55-K. A aplicação das sanções previstas nesta
públicas para exercer suas competências em setores Lei compete exclusivamente à ANPD, e suas competências
específicos de atividades econômicas e governamentais prevalecerão, no que se refere à proteção de dados
pessoais, sobre as competências correlatas de outras
sujeitas à regulação; e (2019)
entidades ou órgãos da administração pública. (2019)
XXIV - implementar mecanismos simplificados,
inclusive por meio eletrônico, para o registro de Parágrafo único. A ANPD articulará sua atuação
reclamações sobre o tratamento de dados pessoais em com outros órgãos e entidades com competências
desconformidade com esta Lei. (2019) sancionatórias e normativas afetas ao tema de proteção de
dados pessoais e será o órgão central de interpretação
§ 1º Ao impor condicionantes administrativas ao
desta Lei e do estabelecimento de normas e diretrizes para
tratamento de dados pessoais por agente de tratamento
a sua implementação. (2019)
privado, sejam eles limites, encargos ou sujeições, a ANPD
deve observar a exigência de mínima intervenção,
assegurados os fundamentos, os princípios e os direitos Art. 55-L. Constituem receitas da ANPD: (2019)
dos titulares previstos no art. 170 da Constituição Federal I - as dotações, consignadas no orçamento geral da
e nesta Lei. (2019) União, os créditos especiais, os créditos adicionais, as
CF/88 transferências e os repasses que lhe forem conferidos;
(2019)
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do
trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos II - as doações, os legados, as subvenções e outros
existência digna, conforme os ditames da justiça social, recursos que lhe forem destinados; (2019)
observados os seguintes princípios: III - os valores apurados na venda ou aluguel de
I - soberania nacional; bens móveis e imóveis de sua propriedade; (2019)
II - propriedade privada;
IV - os valores apurados em aplicações no
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência; mercado financeiro das receitas previstas neste artigo;
(2019)
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante V - (Vetado); (2019)
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos VI - os recursos provenientes de acordos,
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e convênios ou contratos celebrados com entidades,
prestação; organismos ou empresas, públicos ou privados, nacionais
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; ou internacionais; (2019)
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno
VII - o produto da venda de publicações, material
porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e técnico, dados e informações, inclusive para fins de
administração no País. licitação pública. (2019)
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de
qualquer atividade econômica, independentemente de autorização Art. 56. (Vetado).
de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
Art. 5 7. (Vetado).
§ 2º Os regulamentos e as normas editados pela
Seção II
ANPD devem ser precedidos de consulta e audiência
Do Conselho Nacional de Proteção de Dados
públicas, bem como de análises de impacto regulatório.
(2019) Pessoais e da Privacidade
§ 3º A ANPD e os órgãos e entidades públicos Art. 58. (Vetado).
responsáveis pela regulação de setores específicos da
atividade econômica e governamental devem coordenar Art. 58-A. O Conselho Nacional de Proteção de
suas atividades, nas correspondentes esferas de atuação, Dados Pessoais e da Privacidade será composto de 23
com vistas a assegurar o cumprimento de suas atribuições (vinte e três) representantes, titulares e suplentes, dos
com a maior eficiência e promover o adequado seguintes órgãos: (2019)
funcionamento dos setores regulados, conforme legislação I - 5 (cinco) do Poder Executivo federal; (2019)
específica, e o tratamento de dados pessoais, na forma II - 1 (um) do Senado Federal; (2019)
desta Lei. (2019) III - 1 (um) da Câmara dos Deputados; (2019)
§ 4º A ANPD manterá fórum permanente de
comunicação, inclusive por meio de cooperação técnica,
IV - 1 (um) do Conselho Nacional de Justiça; Art. 60. A Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014
(2019) (Marco Civil da Internet) , passa a vigorar com as seguintes
V - 1 (um) do Conselho Nacional do Ministério alterações:
Público; (2019) “Art. 7º ..................................................................
VI - 1 (um) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; X - exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver
(2019) fornecido a determinada aplicação de internet, a seu
VII - 3 (três) de entidades da sociedade civil com requerimento, ao término da relação entre as partes,
atuação relacionada a proteção de dados pessoais; ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de
(2019) registros previstas nesta Lei e na que dispõe sobre a
VIII - 3 (três) de instituições científicas, tecnológicas proteção de dados pessoais;
e de inovação; (2019) “Art. 16. .................................................................
IX - 3 (três) de confederações sindicais II - de dados pessoais que sejam excessivos em
representativas das categorias econômicas do setor relação à finalidade para a qual foi dado consentimento
produtivo; (2019) pelo seu titular, exceto nas hipóteses previstas na Lei que
X - 2 (dois) de entidades representativas do setor dispõe sobre a proteção de dados pessoais.”
empresarial relacionado à área de tratamento de dados
pessoais; e (2019) Art. 61. A empresa estrangeira será notificada e
XI - 2 (dois) de entidades representativas do setor intimada de todos os atos processuais previstos nesta Lei,
laboral. (2019) independentemente de procuração ou de disposição
§ 1º Os representantes serão designados por ato do contratual ou estatutária, na pessoa do agente ou
Presidente da República, permitida a delegação. (2019) representante ou pessoa responsável por sua filial,
§ 2º Os representantes de que tratam os incisos I, II, agência, sucursal, estabelecimento ou escritório instalado
III, IV, V e VI do caput deste artigo e seus suplentes serão no Brasil.
indicados pelos titulares dos respectivos órgãos e
entidades da administração pública. (2019) Art. 62. A autoridade nacional e o Instituto Nacional
§ 3º Os representantes de que tratam os incisos VII, de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
VIII, IX, X e XI do caput deste artigo e seus suplentes: (Inep), no âmbito de suas competências, editarão
(2019)
regulamentos específicos para o acesso a dados tratados
I - serão indicados na forma de regulamento; pela União para o cumprimento do disposto no § 2º do art.
(2019)
9º da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
II - não poderão ser membros do Comitê Gestor da
Diretrizes e Bases da Educação Nacional) , e aos
Internet no Brasil; (2019)
referentes ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação
III - terão mandato de 2 (dois) anos, permitida 1 Superior (Sinaes), de que trata a Lei nº 10.861, de 14 de
(uma) recondução. (2019)
abril de 2004 .
§ 4º A participação no Conselho Nacional de
Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade será
Art. 63. A autoridade nacional estabelecerá normas
considerada prestação de serviço público relevante, não
sobre a adequação progressiva de bancos de dados
remunerada. (2019)
constituídos até a data de entrada em vigor desta Lei,
consideradas a complexidade das operações de
Art. 58-B. Compete ao Conselho Nacional de tratamento e a natureza dos dados.
Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade:
(2019)
I - propor diretrizes estratégicas e fornecer Art. 64. Os direitos e princípios expressos nesta Lei
subsídios para a elaboração da Política Nacional de não excluem outros previstos no ordenamento jurídico
Proteção de Dados Pessoais e da Privacidade e para a pátrio relacionados à matéria ou nos tratados
atuação da ANPD; (2019)
internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.
II - elaborar relatórios anuais de avaliação da
execução das ações da Política Nacional de Proteção de
Dados Pessoais e da Privacidade; (2019) Art. 65. Esta Lei entra em vigor: (2019)
III - sugerir ações a serem realizadas pela ANPD; I - dia 28 de dezembro de 2018, quanto aos arts. 55-
(2019) A, 55-B, 55-C, 55-D, 55-E, 55-F, 55-G, 55-H, 55-I, 55- J, 55-
IV - elaborar estudos e realizar debates e K, 55-L, 58-A e 58-B; e (2019)
audiências públicas sobre a proteção de dados pessoais e I-A – dia 1º de agosto de 2021, quanto aos arts. 52,
da privacidade; e (2019) 53 e 54; (2020)
V - disseminar o conhecimento sobre a proteção de II - 24 (vinte e quatro) meses após a data de sua
dados pessoais e da privacidade à população. publicação, quanto aos demais artigos. (2019)
(2019)

Art. 59. (Vetado).

CAPÍTULO X
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
I - não houver indícios razoáveis da autoria ou
participação em infração penal;
01
II - a prova puder ser feita por outros meios
disponíveis;
02 III - o fato investigado constituir infração penal
punida, no máximo, com pena de detenção.
03 Parágrafo único. Em qualquer hipótese deve ser
descrita com clareza a situação objeto da investigação,
04
inclusive com a indicação e qualificação dos investigados,
salvo impossibilidade manifesta, devidamente justificada.
05

Art. 3° A interceptação das comunicações


06
telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou
07
a requerimento:
I - da autoridade policial, na investigação criminal;
08 II - do representante do Ministério Público, na
investigação criminal e na instrução processual penal.
09

Art. 4° O pedido de interceptação de comunicação


10
telefônica conterá a demonstração de que a sua realização
é necessária à apuração de infração penal, com indicação
11
dos meios a serem empregados.
§ 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o
12
pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam
13
presentes os pressupostos que autorizem a interceptação,
caso em que a concessão será condicionada à sua redução
14 a termo.
§ 2° O juiz, no prazo máximo de 24 (vinte e quatro)
15 horas, decidirá sobre o pedido.

Art. 5° A decisão será fundamentada, sob pena de


nulidade, indicando também a forma de execução da
Lei nº 9.296 / 1996 diligência, que não poderá exceder o prazo de 15 (quinze)
Lei de Interceptação Telefônica dias, renovável por igual tempo uma vez comprovada a
indispensabilidade do meio de prova.
De acordo com a Jurisprudência do STJ, é possível que a
Essa Lei regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5°
renovação seja realizada por mais de uma vez, quando
da Constituição Federal: “é inviolável o sigilo da comprovada a necessidade.
correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último
Art. 6° Deferido o pedido, a autoridade policial
caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a
conduzirá os procedimentos de interceptação, dando
lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
ciência ao Ministério Público, que poderá acompanhar a
instrução processual penal.
sua realização.
§ 1° No caso de a diligência possibilitar a gravação
Art. 1º A interceptação de comunicações da comunicação interceptada, será determinada a sua
telefônicas, de qualquer natureza, para prova em transcrição.
investigação criminal e em instrução processual penal, § 2° Cumprida a diligência, a autoridade policial
observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do encaminhará o resultado da interceptação ao juiz,
juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. acompanhado de auto circunstanciado, que deverá conter
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à o resumo das operações realizadas.
interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de § 3° Recebidos esses elementos, o juiz determinará
informática e telemática. a providência do art. 8°, ciente o Ministério Público.
Segundo o STF e STJ, admite-se, como prova emprestada, a
utilização de interceptação telefônica em outros processos. Art. 7° Para os procedimentos de interceptação de
--------------------------------------------------------------------------------------- que trata esta Lei, a autoridade policial poderá requisitar
CRIME ACHADO E JUSTA CAUSA. serviços e técnicos especializados às concessionárias de
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria,
serviço público.
indeferiu ordem de “habeas corpus” em que se discutia a ilicitude
de provas colhidas mediante interceptação telefônica durante
investigação voltada a apurar delito de tráfico internacional de Art. 8° A interceptação de comunicação telefônica,
drogas. de qualquer natureza, ocorrerá em autos apartados,
HC 129678/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 13.6.2017.
Informativo STF 869.
apensados aos autos do inquérito policial ou do
processo criminal, preservando-se o sigilo das
diligências, gravações e transcrições respectivas.
Art. 2° Não será admitida a interceptação de
Parágrafo único. A apensação somente poderá ser
comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das
realizada imediatamente antes do relatório da autoridade,
seguintes hipóteses:
quando se tratar de inquérito policial (Código de Processo
Penal, art.10, § 1°) ou na conclusão do processo ao juiz judicial, nos termos do inciso XII do artigo 5º da CF,
para o despacho decorrente do disposto nos arts. 407, regulamentado pela Lei n. 9.296/1996. A ausência de autorização
502 ou 538 do Código de Processo Penal. judicial para captação da conversa macula a validade do material
como prova para processo penal. A ESCUTA TELEFÔNICA é a
captação de conversa feita por um terceiro, com o conhecimento
Art. 8º-A. Para investigação ou instrução de apenas um dos interlocutores. A GRAVAÇÃO TELEFÔNICA é
criminal, poderá ser autorizada pelo juiz, a requerimento feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento
da autoridade policial ou do Ministério Público, a captação ou a ciência do outro.
ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou
acústicos, quando: (2019) A escuta e a gravação telefônicas, por não constituírem
interceptação telefônica em sentido estrito, não estão sujeitas à Lei
I - a prova não puder ser feita por outros meios
9.296/1996, podendo ser utilizadas, a depender do caso concreto,
disponíveis e igualmente eficazes; e (2019) como prova no processo. O fato de um dos interlocutores dos
II - houver elementos probatórios razoáveis de diálogos gravados de forma clandestina ter consentido
autoria e participação em infrações criminais cujas penas posteriormente com a divulgação dos seus conteúdos não tem o
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em condão de legitimar o ato, pois no momento da gravação não tinha
infrações penais conexas. (2019) ciência do artifício que foi implementado pelo responsável pela
§ 1º O requerimento deverá descrever interceptação, não se podendo afirmar, portanto, que, caso
circunstanciadamente o local e a forma de instalação do soubesse, manteria tais conversas pelo telefone interceptado. Não
existindo prévia autorização judicial, tampouco configurada a
dispositivo de captação ambiental. (2019)
hipótese de gravação de comunicação telefônica, já que nenhum
§ 2º A instalação do dispositivo de captação dos interlocutores tinha ciência de tal artifício no momento dos
ambiental poderá ser realizada, quando necessária, por diálogos interceptados, se faz imperiosa a declaração de nulidade
meio de operação policial disfarçada ou no período da prova, para que não surta efeitos na ação penal.
noturno, exceto na casa, nos termos do inciso XI do
caput do art. 5º da Constituição Federal. (2019) Precedente citado: EDcl no HC 130.429-CE, DJe 17/5/2010.
HC 161.053-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 27/11/2012.
§ 3º A captação ambiental não poderá exceder o
prazo de 15 (quinze) dias, renovável por decisão judicial
por iguais períodos, se comprovada a
indispensabilidade do meio de prova e quando presente Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais
atividade criminal permanente, habitual ou continuada. eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação
(2019) ou instrução criminal sem autorização judicial, quando
§ 4º A captação ambiental feita por um dos esta for exigida: (2019)
interlocutores sem o prévio conhecimento da autoridade Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
policial ou do Ministério Público poderá ser utilizada, em multa.
matéria de defesa, quando demonstrada a integridade da § 1º Não há crime se a captação é realizada por
gravação. (2019) um dos interlocutores. (2019)
§ 5º Aplicam-se subsidiariamente à captação § 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário
ambiental as regras previstas na legislação específica para público que descumprir determinação de sigilo das
a interceptação telefônica e telemática. (2019) investigações que envolvam a captação ambiental ou
revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o
Art. 9° A gravação que não interessar à prova será sigilo judicial. (2019)
inutilizada por decisão judicial, durante o inquérito, a
instrução processual ou após esta, em virtude de Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua
requerimento do Ministério Público ou da parte interessada. publicação.
Parágrafo único. O incidente de inutilização será
assistido pelo Ministério Público, sendo facultada a Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.
presença do acusado ou de seu representante legal.

Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de


comunicações telefônicas, de informática ou telemática,
promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça,
sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados
em lei: (2019)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e
multa. (2019)
01
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a
autoridade judicial que determina a execução de conduta 02
prevista no caput deste artigo com objetivo não autorizado
em lei. (2019) 03

DIREITO PROCESSUAL PENAL. INTERCEPTAÇÃO


TELEFÔNICA SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. VÍCIO 04

INSANÁVEL.
05

Não é válida a interceptação telefônica realizada sem prévia


autorização judicial, ainda que haja posterior consentimento de 06

um dos interlocutores para ser tratada como escuta telefônica e


utilizada como prova em processo penal. A INTERCEPTAÇÃO 07
TELEFÔNICA é a captação de conversa feita por um terceiro, sem
o conhecimento dos interlocutores, que depende de ordem 08
condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados
09
ou acusados sob prisão cautelar em qualquer de suas
10
modalidades. Tal exclusão não trará prejuízo a eventual
prestação de medidas de preservação da integridade física
11 desses indivíduos por parte dos órgãos de segurança
pública.
12 § 3o O ingresso no programa, as restrições de
segurança e demais medidas por ele adotadas terão
13 sempre a anuência da pessoa protegida, ou de seu
representante legal.
14
§ 4o Após ingressar no programa, o protegido ficará
obrigado ao cumprimento das normas por ele prescritas.
15
§ 5o As medidas e providências relacionadas com os
programas serão adotadas, executadas e mantidas em
sigilo pelos protegidos e pelos agentes envolvidos em sua
Lei nº 9.807 / 1999 execução.
Proteção à Testemunha e Delação Art. 3o Toda admissão no programa ou exclusão dele
Premiada será precedida de consulta ao Ministério Público sobre o
disposto no art. 2o e deverá ser subsequentemente
comunicada à autoridade policial ou ao juiz competente.
Estabelece normas para a organização e a manutenção de
programas especiais de proteção a vítimas e a Art. 4o Cada programa será dirigido por um
testemunhas ameaçadas, institui o Programa Federal de conselho deliberativo em cuja composição haverá
Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas e representantes do Ministério Público, do Poder
dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que Judiciário e de órgãos públicos e privados relacionados
tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à com a segurança pública e a defesa dos direitos humanos.
investigação policial e ao processo criminal. § 1o A execução das atividades necessárias ao
programa ficará a cargo de um dos órgãos
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o representados no conselho deliberativo, devendo os
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: agentes dela incumbidos ter formação e capacitação
profissional compatíveis com suas tarefas.
CAPÍTULO I § 2o Os órgãos policiais prestarão a colaboração
DA PROTEÇÃO ESPECIAL A VÍTIMAS E A e o apoio necessários à execução de cada programa.
TESTEMUNHAS
Art. 1o As medidas de proteção requeridas por Art. 5o A solicitação objetivando ingresso no
vítimas ou por testemunhas de crimes que estejam programa poderá ser encaminhada ao órgão executor:
coagidas ou expostas a grave ameaça em razão de I - pelo interessado;
colaborarem com a investigação ou processo criminal II - por representante do Ministério Público;
serão prestadas pela União, pelos Estados e pelo Distrito III - pela autoridade policial que conduz a
Federal, no âmbito das respectivas competências, na investigação criminal;
forma de programas especiais organizados com base nas IV - pelo juiz competente para a instrução do
disposições desta Lei. processo criminal;
§ 1o A União, os Estados e o Distrito Federal V - por órgãos públicos e entidades com
poderão celebrar convênios, acordos, ajustes ou atribuições de defesa dos direitos humanos.
termos de parceria entre si ou com entidades não- § 1o A solicitação será instruída com a qualificação
governamentais objetivando a realização dos programas. da pessoa a ser protegida e com informações sobre a sua
§ 2o A supervisão e a fiscalização dos convênios, vida pregressa, o fato delituoso e a coação ou ameaça que
acordos, ajustes e termos de parceria de interesse da a motiva.
União ficarão a cargo do órgão do Ministério da Justiça § 2o Para fins de instrução do pedido, o órgão
com atribuições para a execução da política de direitos executor poderá solicitar, com a aquiescência do
humanos. interessado:
I - documentos ou informações comprobatórios de
Art. 2o A proteção concedida pelos programas e as sua identidade, estado civil, situação profissional,
medidas dela decorrentes levarão em conta a gravidade patrimônio e grau de instrução, e da pendência de
da coação ou da ameaça à integridade física ou obrigações civis, administrativas, fiscais, financeiras ou
psicológica, a dificuldade de preveni-las ou reprimi- las penais;
pelos meios convencionais e a sua importância para a II - exames ou pareceres técnicos sobre a sua
produção da prova. personalidade, estado físico ou psicológico.
§ 1o A proteção poderá ser dirigida ou estendida ao § 3o Em caso de urgência e levando em
cônjuge ou companheiro, ascendentes, descendentes consideração a procedência, gravidade e a iminência da
e dependentes que tenham convivência habitual com a coação ou ameaça, a vítima ou testemunha poderá ser
vítima ou testemunha, conforme o especificamente colocada provisoriamente sob a custódia de órgão
necessário em cada caso. policial, pelo órgão executor, no aguardo de decisão do
§ 2o Estão excluídos da proteção os indivíduos cuja
personalidade ou conduta seja incompatível com as
restrições de comportamento exigidas pelo programa, os
conselho deliberativo, com comunicação imediata a § 2o O requerimento será sempre fundamentado e o
seus membros e ao Ministério Público. juiz ouvirá previamente o Ministério Público, determinando,
em seguida, que o procedimento tenha rito sumaríssimo
Art. 6o O conselho deliberativo decidirá sobre: e corra em segredo de justiça.
I - o ingresso do protegido no programa ou a sua § 3o Concedida a alteração pretendida, o juiz
exclusão; determinará na sentença, observando o sigilo
II - as providências necessárias ao cumprimento indispensável à proteção do interessado:
do programa. I - a averbação no registro original de
Parágrafo único. As deliberações do conselho serão nascimento da menção de que houve alteração de
tomadas por maioria absoluta de seus membros e sua nome completo em conformidade com o estabelecido
execução ficará sujeita à disponibilidade orçamentária. nesta Lei, com expressa referência à sentença
autorizatória e ao juiz que a exarou e sem a aposição
Art. 7o Os programas compreendem, dentre outras, do nome alterado;
as seguintes medidas, aplicáveis isolada ou II - a determinação aos órgãos competentes para o
cumulativamente em benefício da pessoa protegida, fornecimento dos documentos decorrentes da alteração;
segundo a gravidade e as circunstâncias de cada caso: III - a remessa da sentença ao órgão nacional
I - segurança na residência, incluindo o controle de competente para o registro único de identificação civil, cujo
telecomunicações; procedimento obedecerá às necessárias restrições de
II - escolta e segurança nos deslocamentos da sigilo.
residência, inclusive para fins de trabalho ou para a § 4o O conselho deliberativo, resguardado o sigilo
prestação de depoimentos; das informações, manterá controle sobre a localização do
III - transferência de residência ou acomodação protegido cujo nome tenha sido alterado.
provisória em local compatível com a proteção; § 5o Cessada a coação ou ameaça que deu causa
IV - preservação da identidade, imagem e dados à alteração, ficará facultado ao protegido solicitar ao
pessoais; juiz competente o retorno à situação anterior, com a
V - ajuda financeira mensal para prover as alteração para o nome original, em petição que será
despesas necessárias à subsistência individual ou familiar, encaminhada pelo conselho deliberativo e terá
no caso de a pessoa protegida estar impossibilitada de manifestação prévia do Ministério Público.
desenvolver trabalho regular ou de inexistência de
qualquer fonte de renda; Art. 10. A exclusão da pessoa protegida de
VI - suspensão temporária das atividades programa de proteção a vítimas e a testemunhas poderá
funcionais, sem prejuízo dos respectivos vencimentos ou ocorrer a qualquer tempo:
vantagens, quando servidor público ou militar; I - por solicitação do próprio interessado;
VII - apoio e assistência social, médica e II - por decisão do conselho deliberativo, em
psicológica; consequência de:
VIII - sigilo em relação aos atos praticados em a) cessação dos motivos que ensejaram a
virtude da proteção concedida; proteção;
IX - apoio do órgão executor do programa para o b) conduta incompatível do protegido.
cumprimento de obrigações civis e administrativas que
exijam o comparecimento pessoal. Art. 11. A proteção oferecida pelo programa terá a
Parágrafo único. A ajuda financeira mensal terá um duração máxima de 2 (dois) anos.
teto fixado pelo conselho deliberativo no início de cada Parágrafo único. Em circunstâncias excepcionais,
exercício financeiro. perdurando os motivos que autorizam a admissão, a
permanência poderá ser prorrogada.
Art. 8o Quando entender necessário, poderá o
conselho deliberativo solicitar ao Ministério Público que Art. 12. Fica instituído, no âmbito do órgão do
requeira ao juiz a concessão de medidas cautelares direta Ministério da Justiça com atribuições para a execução da
ou indiretamente relacionadas com a eficácia da proteção. política de direitos humanos, o Programa Federal de
Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas, a
Art. 9o Em casos excepcionais e considerando as ser regulamentado por decreto do Poder Executivo.
características e gravidade da coação ou ameaça, poderá
o conselho deliberativo encaminhar requerimento da CAPÍTULO II
pessoa protegida ao juiz competente para registros DA PROTEÇÃO AOS RÉUS COLABORADORES
públicos objetivando a alteração de nome completo. Art. 13. Poderá o juiz, de ofício ou a requerimento
§ 1o A alteração de nome completo poderá das partes, conceder o perdão judicial e a consequente
estender-se às pessoas mencionadas no § 1o do art. 2o extinção da punibilidade ao acusado que, sendo
desta Lei, inclusive aos filhos menores, e será precedida primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente
das providências necessárias ao resguardo de direitos de com a investigação e o processo criminal, desde que
terceiros. dessa colaboração tenha resultado:
- Cônjuge ou companheiro I - a identificação dos demais coautores ou
- Ascendentes partícipes da ação criminosa;
II - a localização da vítima com a sua integridade
- Descendentes física preservada;
- Dependentes que tenham convivência habitual com a vítima III - a recuperação total ou parcial do produto do
ou testemunha crime.
Parágrafo único. A concessão do perdão judicial Parágrafo único. Para fins de utilização desses
levará em conta a personalidade do beneficiado e a estabelecimentos, poderá a União celebrar convênios
natureza, circunstâncias, gravidade e repercussão social com os Estados e o Distrito Federal.
do fato criminoso.
Art. 19-A. Terão prioridade na tramitação o
Art. 14. O indiciado ou acusado que colaborar inquérito e o processo criminal em que figure indiciado,
voluntariamente com a investigação policial e o processo acusado, vítima ou réu colaboradores, vítima ou
criminal na identificação dos demais coautores ou testemunha protegidas pelos programas de que trata esta
partícipes do crime, na localização da vítima com vida e na Lei.
recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso Parágrafo único. Qualquer que seja o rito processual
de condenação, terá pena reduzida de um a dois terços. criminal, o juiz, após a citação, tomará antecipadamente o
depoimento das pessoas incluídas nos programas de
Art. 15. Serão aplicadas em benefício do proteção previstos nesta Lei, devendo justificar a eventual
colaborador, na prisão ou fora dela, medidas especiais impossibilidade de fazê-lo no caso concreto ou o possível
de segurança e proteção a sua integridade física, prejuízo que a oitiva antecipada traria para a instrução
considerando ameaça ou coação eventual ou efetiva. criminal.
§ 1o Estando sob prisão temporária, preventiva ou
em decorrência de flagrante delito, o colaborador será Art. 20. As despesas decorrentes da aplicação desta
custodiado em dependência separada dos demais Lei, pela União, correrão à conta de dotação consignada
presos. no orçamento.
§ 2o Durante a instrução criminal, poderá o juiz
competente determinar em favor do colaborador qualquer Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua
das medidas previstas no art. 8o desta Lei. publicação.
§ 3o No caso de cumprimento da pena em regime
fechado, poderá o juiz criminal determinar medidas
especiais que proporcionem a segurança do colaborador
em relação aos demais apenados.

DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 16. O art. 57 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro
de 1973 (Dispõe sobre os registros públicos, e dá outras
providências), fica acrescido do seguinte § 7o:
"§ 7º Quando a alteração de nome for concedida em razão 01

de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração


com a apuração de crime, o juiz competente determinará 02

que haja a averbação no registro de origem de menção da


03
existência de sentença concessiva da alteração, sem a
averbação do nome alterado, que somente poderá ser 04
procedida mediante determinação posterior, que levará em
consideração a cessação da coação ou ameaça que deu 05
causa à alteração."
06

Art. 17. O parágrafo único do art. 58 da Lei nº 6.015,


de 31 de dezembro de 1973, com a redação dada pela Lei 07

no 9.708, de 18 de novembro de 1998, passa a ter a


seguinte redação: 08

"Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda


09
admitida em razão de fundada coação ou ameaça
decorrente da colaboração com a apuração de crime, 10
por determinação, em sentença, de juiz competente,
ouvido o Ministério Público." 11

Art. 18. O art. 18 da Lei nº 6.015, de 31 de dezembro 12

de 1973, passa a ter a seguinte redação:


"Art. 18. Ressalvado o disposto nos arts. 45, 57, § 7o, e 95, 13

parágrafo único, a certidão será lavrada


independentemente de despacho judicial, devendo 14

mencionar o livro de registro ou o documento arquivado no


15
cartório."

Art. 19. A União poderá utilizar estabelecimentos


especialmente destinados ao cumprimento de pena de
condenados que tenham prévia e voluntariamente prestado
a colaboração de que trata esta Lei.
Do Juiz, dos Conciliadores e dos Juízes Leigos
Lei nº 9.099/ 1995 Art. 5º O Juiz dirigirá o processo com liberdade para
determinar as provas a serem produzidas, para apreciá- las
Juizados Especiais Cíveis e e para dar especial valor às regras de experiência comum
Criminais ou técnica.

Art. 6º O Juiz adotará em cada caso a decisão que


CAPÍTULO I
reputar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais
Disposições Gerais da lei e às exigências do bem comum.
Art. 1º Os Juizados Especiais Cíveis e Criminais,
órgãos da Justiça Ordinária, serão criados pela União, no Art. 7º Os conciliadores e Juízes leigos são auxiliares
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para da Justiça, recrutados, os primeiros, preferentemente,
conciliação, processo, julgamento e execução, nas causas entre os bacharéis em Direito, e os segundos, entre
de sua competência. advogados com mais de cinco anos de experiência.
Parágrafo único. Os Juízes leigos ficarão impedidos
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da de exercer a advocacia perante os Juizados Especiais,
oralidade, simplicidade, informalidade, economia enquanto no desempenho de suas funções.
processual e celeridade, buscando, sempre que possível,
a conciliação ou a transação. Seção III
Das Partes
Capítulo II Art. 8º Não poderão ser partes, no processo
Dos Juizados Especiais Cíveis instituído por esta Lei, o incapaz, o preso, as pessoas
Seção I jurídicas de direito público, as empresas públicas da União,
Da Competência a massa falida e o insolvente civil.
Art. 3º O Juizado Especial Cível tem competência
para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis § 1o Somente serão admitidas a propor ação
de menor complexidade, assim consideradas: perante o Juizado Especial:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes I - as pessoas físicas capazes, excluídos os
o salário mínimo; cessionários de direito de pessoas jurídicas;
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de II - as pessoas enquadradas como
Processo Civil; microempreendedores individuais, microempresas e
III - a ação de despejo para uso próprio;
empresas de pequeno porte na forma da Lei Complementar
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de
valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. no 123, de 14 de dezembro de 2006;
§ 1º Compete ao Juizado Especial promover a III - as pessoas jurídicas qualificadas como
execução: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, nos
I - dos seus julgados; termos da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de IV - as sociedades de crédito ao
até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto
microempreendedor, nos termos do art. 1o da Lei no
no § 1º do art. 8º desta Lei.
10.194, de 14 de fevereiro de 2001.
§ 2º Ficam excluídas da competência do Juizado
Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal § 2º O maior de dezoito anos poderá ser autor,
e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas independentemente de assistência, inclusive para fins de
a acidentes de trabalho, a resíduos e ao estado e conciliação.
capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial.
§ 3º A opção pelo procedimento previsto nesta Lei Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos,
importará em renúncia ao crédito excedente ao limite as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser
estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de assistidas por advogado; nas de valor superior, a
conciliação. assistência é obrigatória.
§ 1º Sendo facultativa a assistência, se uma das
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for
Lei, o Juizado do foro: pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local quiser, assistência judiciária prestada por órgão instituído
onde aquele exerça atividades profissionais ou junto ao Juizado Especial, na forma da lei local.
econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, § 2º O Juiz alertará as partes da conveniência do
sucursal ou escritório; patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar.
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita; § 3º O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, quanto aos poderes especiais.
nas ações para reparação de dano de qualquer natureza. § 4o O réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a individual, poderá ser representado por preposto
ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo. credenciado, munido de carta de preposição com poderes

Seção II
para transigir, sem haver necessidade de vínculo conciliação, dispensados o registro prévio de pedido e a
empregatício. citação.
Parágrafo único. Havendo pedidos contrapostos,
Art. 10. Não se admitirá, no processo, qualquer forma poderá ser dispensada a contestação formal e ambos
de intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se- serão apreciados na mesma sentença.
á o litisconsórcio.
Seção VI
Art. 11. O Ministério Público intervirá nos casos Das Citações e Intimações
previstos em lei. Art. 18. A citação far-se-á:
I - por correspondência, com aviso de recebimento
Seção IV em mão própria;
Dos atos processuais II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual,
Art. 12. Os atos processuais serão públicos e poderão mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
realizar-se em horário noturno, conforme dispuserem as obrigatoriamente identificado;
normas de organização judiciária. III - sendo necessário, por oficial de justiça,
independentemente de mandado ou carta precatória.
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, § 1º A citação conterá cópia do pedido inicial, dia e
estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer hora para comparecimento do citando e advertência de
ato processual, inclusive para a interposição de recursos, que, não comparecendo este, considerar-se-ão
computar-se-ão somente os dias úteis. (2018) verdadeiras as alegações iniciais, e será proferido
julgamento, de plano.
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que § 2º Não se fará citação por edital.
preencherem as finalidades para as quais forem § 3º O comparecimento espontâneo suprirá a falta ou
realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta nulidade da citação.
Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que Art. 19. As intimações serão feitas na forma prevista
tenha havido prejuízo. para citação, ou por qualquer outro meio idôneo de
§ 2º A prática de atos processuais em outras comunicação.
comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio idôneo § 1º Dos atos praticados na audiência, considerar- se-
de comunicação. ão desde logo cientes as partes.
§ 3º Apenas os atos considerados essenciais serão § 2º As partes comunicarão ao juízo as mudanças de
registrados resumidamente, em notas manuscritas, endereço ocorridas no curso do processo, reputando-se
datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais eficazes as intimações enviadas ao local anteriormente
atos poderão ser gravados em fita magnética ou indicado, na ausência da comunicação.
equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado
da decisão. Seção VII
§ 4º As normas locais disporão sobre a conservação Da Revelia
das peças do processo e demais documentos que o Art. 20. Não comparecendo o demandado à sessão
instruem. de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento,
reputar-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido
Seção V inicial, salvo se o contrário resultar da convicção do Juiz.
Do pedido
Art. 14. O processo instaurar-se-á com a Seção VIII
apresentação do pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Da Conciliação e do Juízo Arbitral
Juizado. Art. 21. Aberta a sessão, o Juiz togado ou leigo
§ 1º Do pedido constarão, de forma simples e em esclarecerá as partes presentes sobre as vantagens da
linguagem acessível: conciliação, mostrando-lhes os riscos e as consequências
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes; do litígio, especialmente quanto ao disposto no § 3º do art.
II - os fatos e os fundamentos, de forma sucinta; 3º desta Lei.
III - o objeto e seu valor.
§ 2º É lícito formular pedido genérico quando não for Art. 22. A conciliação será conduzida pelo Juiz togado
possível determinar, desde logo, a extensão da obrigação. ou leigo ou por conciliador sob sua orientação.
§ 3º O pedido oral será reduzido a escrito pela § 1º Obtida a conciliação, esta será reduzida a escrito
Secretaria do Juizado, podendo ser utilizado o sistema de e homologada pelo Juiz togado mediante sentença com
fichas ou formulários impressos. eficácia de título executivo. (2020)
§ 2º É cabível a conciliação não presencial
Art. 15. Os pedidos mencionados no art. 3º desta Lei conduzida pelo Juizado mediante o emprego dos recursos
poderão ser alternativos ou cumulados; nesta última tecnológicos disponíveis de transmissão de sons e
hipótese, desde que conexos e a soma não ultrapasse o imagens em tempo real, devendo o resultado da tentativa
limite fixado naquele dispositivo. de conciliação ser reduzido a escrito com os anexos
pertinentes. (2020)
Art. 16. Registrado o pedido, independentemente de
distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará Art. 23. Se o demandado não comparecer ou
a sessão de conciliação, a realizar-se no prazo de quinze recusar-se a participar da tentativa de conciliação não
dias. presencial, o Juiz togado proferirá sentença. (2020)

Art. 17. Comparecendo inicialmente ambas as partes,


instaurar-se-á, desde logo, a sessão de
Art. 24. Não obtida a conciliação, as partes poderão
optar, de comum acordo, pelo juízo arbitral, na forma Art. 34. As testemunhas, até o máximo de três para
prevista nesta Lei. cada parte, comparecerão à audiência de instrução e
§ 1º O juízo arbitral considerar-se-á instaurado, julgamento levadas pela parte que as tenha arrolado,
independentemente de termo de compromisso, com a independentemente de intimação, ou mediante esta, se
escolha do árbitro pelas partes. Se este não estiver assim for requerido.
presente, o Juiz convocá-lo-á e designará, de imediato, a § 1º O requerimento para intimação das testemunhas
data para a audiência de instrução. será apresentado à Secretaria no mínimo cinco dias antes
§ 2º O árbitro será escolhido dentre os juízes leigos. da audiência de instrução e julgamento.
§ 2º Não comparecendo a testemunha intimada, o Juiz
Art. 25. O árbitro conduzirá o processo com os poderá determinar sua imediata condução, valendo- se, se
mesmos critérios do Juiz, na forma dos arts. 5º e 6º desta necessário, do concurso da força pública.
Lei, podendo decidir por equidade.
Art. 35. Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá
Art. 26. Ao término da instrução, ou nos cinco dias inquirir técnicos de sua confiança, permitida às partes a
subsequentes, o árbitro apresentará o laudo ao Juiz togado apresentação de parecer técnico.
para homologação por sentença irrecorrível. Parágrafo único. No curso da audiência, poderá o
Juiz, de ofício ou a requerimento das partes, realizar
inspeção em pessoas ou coisas, ou determinar que o faça
Seção IX pessoa de sua confiança, que lhe relatará informalmente o
Da Instrução e Julgamento verificado.
Art. 27. Não instituído o juízo arbitral, proceder-se-á
imediatamente à audiência de instrução e julgamento, Art. 36. A prova oral não será reduzida a escrito,
desde que não resulte prejuízo para a defesa. devendo a sentença referir, no essencial, os informes
Parágrafo único. Não sendo possível a sua trazidos nos depoimentos.
realização imediata, será a audiência designada para um
dos quinze dias subsequentes, cientes, desde logo, as Art. 37. A instrução poderá ser dirigida por Juiz leigo,
partes e testemunhas eventualmente presentes. sob a supervisão de Juiz togado.

Art. 28. Na audiência de instrução e julgamento serão Seção XII


ouvidas as partes, colhida a prova e, em seguida, proferida Da Sentença
a sentença. Art. 38. A sentença mencionará os elementos de
convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes
Art. 29. Serão decididos de plano todos os incidentes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
que possam interferir no regular prosseguimento da Parágrafo único. Não se admitirá sentença
audiência. As demais questões serão decididas na condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o
sentença. pedido.
Parágrafo único. Sobre os documentos apresentados
por uma das partes, manifestar-se-á imediatamente a parte Art. 39. É ineficaz a sentença condenatória na parte
contrária, sem interrupção da audiência. que exceder a alçada estabelecida nesta Lei.

Seção X Art. 40. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução


Da Resposta do Réu proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz
Art. 30. A contestação, que será oral ou escrita, togado, que poderá homologá-la, proferir outra em
conterá toda matéria de defesa, exceto arguição de substituição ou, antes de se manifestar, determinar a
suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na realização de atos probatórios indispensáveis.
forma da legislação em vigor.
Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de
Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio
na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites Juizado.
do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos § 1º O recurso será julgado por uma turma composta
que constituem objeto da controvérsia. por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de
Parágrafo único. O autor poderá responder ao pedido jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
do réu na própria audiência ou requerer a designação da § 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente
nova data, que será desde logo fixada, cientes todos os representadas por advogado.
presentes.
Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez
Seção XI dias, contados da ciência da sentença, por petição escrita,
Das Provas da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.
Art. 32. Todos os meios de prova moralmente § 1º O preparo será feito, independentemente de
legítimos, ainda que não especificados em lei, são hábeis intimação, nas quarenta e oito horas seguintes à
para provar a veracidade dos fatos alegados pelas partes. interposição, sob pena de deserção.
§ 2º Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido
Art. 33. Todas as provas serão produzidas na para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias.
audiência de instrução e julgamento, ainda que não
requeridas previamente, podendo o Juiz limitar ou excluir Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo,
as que considerar excessivas, impertinentes ou podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano
protelatórias. irreparável para a parte.
III - a intimação da sentença será feita, sempre que
Art. 44. As partes poderão requerer a transcrição da possível, na própria audiência em que for proferida. Nessa
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 13 intimação, o vencido será instado a cumprir a sentença tão
desta Lei, correndo por conta do requerente as despesas logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos efeitos
respectivas. do seu descumprimento (inciso V);
IV - não cumprida voluntariamente a sentença
Art. 45. As partes serão intimadas da data da sessão transitada em julgado, e tendo havido solicitação do
de julgamento. interessado, que poderá ser verbal, proceder-se-á desde
logo à execução, dispensada nova citação;
Art. 46. O julgamento em segunda instância constará V - nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou
apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, de não fazer, o Juiz, na sentença ou na fase de execução,
fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença cominará multa diária, arbitrada de acordo com as
for confirmada pelos próprios fundamentos, a súmula do condições econômicas do devedor, para a hipótese de
julgamento servirá de acórdão. inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o credor
Art. 47. (VETADO) poderá requerer a elevação da multa ou a transformação
da condenação em perdas e danos, que o Juiz de imediato
Seção XIII arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa,
Dos Embargos de Declaração incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando
Art. 48. Caberão embargos de declaração contra evidenciada a malícia do devedor na execução do julgado;
sentença ou acórdão nos casos previstos no Código de VI - na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o
Processo Civil. cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser depositar para as despesas, sob pena de multa diária;
corrigidos de ofício. VII - na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá
autorizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idônea a
Art. 49. Os embargos de declaração serão interpostos tratar da alienação do bem penhorado, a qual se
por escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou
da ciência da decisão. leilão. Sendo o preço inferior ao da avaliação, as partes
serão ouvidas. Se o pagamento não for à vista, será
Art. 50. Os embargos de declaração interrompem o oferecida caução idônea, nos casos de alienação de bem
prazo para a interposição de recurso. móvel, ou hipotecado o imóvel;
VIII - é dispensada a publicação de editais em
Seção XIV jornais, quando se tratar de alienação de bens de pequeno
Da Extinção do Processo Sem Julgamento do Mérito valor;
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos IX - o devedor poderá oferecer embargos, nos autos
previstos em lei: da execução, versando sobre:
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer a) falta ou nulidade da citação no processo, se ele
das audiências do processo; correu à revelia;
II - quando inadmissível o procedimento instituído por b) manifesto excesso de execução;
esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação; c) erro de cálculo;
III - quando for reconhecida a incompetência d) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da
territorial; obrigação, superveniente à sentença.
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos
previstos no art. 8º desta Lei; Art. 53. A execução de título executivo extrajudicial,
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender no valor de até quarenta salários mínimos, obedecerá ao
de sentença ou não se der no prazo de trinta dias; disposto no Código de Processo Civil, com as modificações
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a introduzidas por esta Lei.
citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência § 1º Efetuada a penhora, o devedor será intimado a
do fato. comparecer à audiência de conciliação, quando poderá
§ 1º A extinção do processo independerá, em oferecer embargos (art. 52, IX), por escrito ou verbalmente.
qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das partes. § 2º Na audiência, será buscado o meio mais rápido e
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando eficaz para a solução do litígio, se possível com dispensa
comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte da alienação judicial, devendo o conciliador propor, entre
poderá ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas. outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a prazo
ou a prestação, a dação em pagamento ou a imediata
Seção XV adjudicação do bem penhorado.
Da Execução § 3º Não apresentados os embargos em audiência, ou
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no julgados improcedentes, qualquer das partes poderá
próprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto requerer ao Juiz a adoção de uma das alternativas do
no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações: parágrafo anterior.
I - as sentenças serão necessariamente líquidas, § 4º Não encontrado o devedor ou inexistindo bens
contendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - penhoráveis, o processo será imediatamente extinto,
BTN ou índice equivalente; devolvendo-se os documentos ao autor.
II - os cálculos de conversão de índices, de
honorários, de juros e de outras parcelas serão efetuados Seção XVI
por servidor judicial; Das Despesas
Art. 54. O acesso ao Juizado Especial independerá, sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa
em primeiro grau de jurisdição, do pagamento de custas, de liberdade. (2018)
taxas ou despesas.
Parágrafo único. O preparo do recurso, na forma do Seção I
§ 1º do art. 42 desta Lei, compreenderá todas as despesas Da Competência e dos Atos Processuais
processuais, inclusive aquelas dispensadas em primeiro Art. 63. A competência do Juizado será determinada
grau de jurisdição, ressalvada a hipótese de assistência pelo lugar em que foi praticada a infração penal.
judiciária gratuita.
Art. 64. Os atos processuais serão públicos e
Art. 55. A sentença de primeiro grau não condenará o poderão realizar-se em horário noturno e em qualquer dia
vencido em custas e honorários de advogado, ressalvados da semana, conforme dispuserem as normas de
os casos de litigância de má-fé. Em segundo grau, o organização judiciária.
recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de
advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte Art. 65. Os atos processuais serão válidos sempre que
por cento do valor de condenação ou, não havendo preencherem as finalidades para as quais foram
condenação, do valor corrigido da causa. realizados, atendidos os critérios indicados no art. 62 desta
Parágrafo único. Na execução não serão contadas Lei.
custas, salvo quando: § 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que
I - reconhecida a litigância de má-fé; tenha havido prejuízo.
II - improcedentes os embargos do devedor; § 2º A prática de atos processuais em outras
III - tratar-se de execução de sentença que tenha sido comarcas poderá ser solicitada por qualquer meio hábil de
objeto de recurso improvido do devedor. comunicação.
§ 3º Serão objeto de registro escrito exclusivamente
Seção XVII os atos havidos por essenciais. Os atos realizados em
Disposições Finais audiência de instrução e julgamento poderão ser gravados
Art. 56. Instituído o Juizado Especial, serão em fita magnética ou equivalente.
implantadas as curadorias necessárias e o serviço de
assistência judiciária. Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio
Juizado, sempre que possível, ou por mandado.
Art. 57. O acordo extrajudicial, de qualquer natureza Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser
ou valor, poderá ser homologado, no juízo competente, citado, o Juiz encaminhará as peças existentes ao Juízo
independentemente de termo, valendo a sentença como comum para adoção do procedimento previsto em lei.
título executivo judicial.
Parágrafo único. Valerá como título extrajudicial o Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência,
acordo celebrado pelas partes, por instrumento escrito, com aviso de recebimento pessoal ou, tratando-se de
referendado pelo órgão competente do Ministério Público. pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao
encarregado da recepção, que será obrigatoriamente
Art. 58. As normas de organização judiciária local identificado, ou, sendo necessário, por oficial de justiça,
poderão estender a conciliação prevista nos arts. 22 e 23 a independentemente de mandado ou carta precatória, ou
causas não abrangidas por esta Lei. ainda por qualquer meio idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência
Art. 59. Não se admitirá ação rescisória nas causas considerar-se-ão desde logo cientes as partes, os
sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei. interessados e defensores.

Capítulo III Art. 68. Do ato de intimação do autor do fato e do


Dos Juizados Especiais Criminais mandado de citação do acusado, constará a necessidade
Disposições Gerais de seu comparecimento acompanhado de advogado, com
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á designado
juízes togados ou togados e leigos, tem competência para defensor público.
a conciliação, o julgamento e a execução das infrações
penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as Seção II
regras de conexão e continência. Da Fase Preliminar
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento
juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
das regras de conexão e continência, observar- se-ão os encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do
institutos da transação penal e da composição dos danos fato e a vítima, providenciando- se as requisições dos
civis. exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao
potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer,
contravenções penais e os crimes a que a lei comine não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança.
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar,
não com multa. como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio
ou local de convivência com a vítima.
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial
orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e
informalidade, economia processual e celeridade, não sendo possível a realização imediata da audiência
objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos
preliminar, será designada data próxima, da qual ambos § 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior
sairão cientes. caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.
§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste
Art. 71. Na falta do comparecimento de qualquer dos artigo não constará de certidão de antecedentes criminais,
envolvidos, a Secretaria providenciará sua intimação e, se salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não
for o caso, a do responsável civil, na forma dos arts. 67 e terá efeitos civis, cabendo aos interessados propor ação
68 desta Lei. cabível no juízo cível.

Art. 72. Na audiência preliminar, presente o Seção III


representante do Ministério Público, o autor do fato e a Do Procedimento Sumaríssimo
vítima e, se possível, o responsável civil, acompanhados Art. 77. Na ação penal de iniciativa pública, quando
por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a não houver aplicação de pena, pela ausência do autor do
possibilidade da composição dos danos e da aceitação fato, ou pela não ocorrência da hipótese prevista no art. 76
da proposta de aplicação imediata de pena não privativa desta Lei, o Ministério Público oferecerá ao Juiz, de
de liberdade. imediato, denúncia oral, se não houver necessidade de
diligências imprescindíveis.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será
conciliador sob sua orientação. elaborada com base no termo de ocorrência referido no art.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial, prescindir-
Justiça, recrutados, na forma da lei local, preferentemente se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade
entre bacharéis em Direito, excluídos os que exerçam do crime estiver aferida por boletim médico ou prova
funções na administração da Justiça Criminal. equivalente.
§ 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério
a escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66
civil competente. desta Lei.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de § 3º Na ação penal de iniciativa do ofendido poderá
iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à ser oferecida queixa oral, cabendo ao Juiz verificar se a
representação, o acordo homologado acarreta a renúncia complexidade e as circunstâncias do caso determinam a
ao direito de queixa ou representação. adoção das providências previstas no parágrafo único do
art. 66 desta Lei.
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis,
será dada imediatamente ao ofendido a oportunidade de Art. 78. Oferecida a denúncia ou queixa, será reduzida
exercer o direito de representação verbal, que será a termo, entregando-se cópia ao acusado, que com ela
reduzida a termo. ficará citado e imediatamente cientificado da designação
Parágrafo único. O não oferecimento da de dia e hora para a audiência de instrução e julgamento,
representação na audiência preliminar não implica da qual também tomarão ciência o Ministério Público, o
decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo ofendido, o responsável civil e seus advogados.
previsto em lei. § 1º Se o acusado não estiver presente, será citado
na forma dos arts. 66 e 68 desta Lei e cientificado da data
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de da audiência de instrução e julgamento, devendo a ela
crime de ação penal pública incondicionada, não sendo trazer suas testemunhas ou apresentar requerimento para
caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor intimação, no mínimo cinco dias antes de sua realização.
a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou § 2º Não estando presentes o ofendido e o
multas, a ser especificada na proposta. responsável civil, serão intimados nos termos do art. 67
 Transação Penal desta Lei para comparecerem à audiência de instrução e
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única julgamento.
aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a metade. § 3º As testemunhas arroladas serão intimadas na
§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar forma prevista no art. 67 desta Lei.
comprovado:
I - ter sido o autor da infração condenado, pela Art. 79. No dia e hora designados para a audiência de
prática de crime, à pena privativa de liberdade, por instrução e julgamento, se na fase preliminar não tiver
sentença definitiva; havido possibilidade de tentativa de conciliação e de
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no oferecimento de proposta pelo Ministério Público,
prazo de cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou proceder-se-á nos termos dos arts. 72, 73, 74 e 75 desta
multa, nos termos deste artigo; Lei.
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as Art. 80. Nenhum ato será adiado, determinando o Juiz,
circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da quando imprescindível, a condução coercitiva de quem
medida. deva comparecer.
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu Para o STF é inconstitucional esse tipo de procedimento, pois se
defensor, será submetida à apreciação do Juiz. entende que na condução coercitiva de investigados para
§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público interrogatórios poderá haver violação de direitos previstos na
aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a pena Constituição, como o de ir e vir, de ficar em silêncio e o de não se
restritiva de direitos ou multa, que não importará em incriminar.
reincidência, sendo registrada apenas para impedir
novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.
Art. 81. Aberta a audiência, será dada a palavra ao Das Despesas Processuais
defensor para responder à acusação, após o que o Juiz Art. 87. Nos casos de homologação do acordo civil e
receberá, ou não, a denúncia ou queixa; havendo aplicação de pena restritiva de direitos ou multa (arts. 74 e
recebimento, serão ouvidas a vítima e as testemunhas de 76, § 4º), as despesas processuais serão reduzidas,
acusação e defesa, interrogando-se a seguir o acusado, se conforme dispuser lei estadual.
presente, passando-se imediatamente aos debates orais e
à prolação da sentença. Seção VI
§ 1º Todas as provas serão produzidas na audiência Disposições Finais
de instrução e julgamento, podendo o Juiz limitar ou excluir Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da
as que considerar excessivas, impertinentes ou legislação especial, dependerá de representação a ação
protelatórias. penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
§ 2º De todo o ocorrido na audiência será lavrado lesões culposas.
termo, assinado pelo Juiz e pelas partes, contendo breve
resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência e a Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada
sentença. for igual ou inferior a 1 (um) ano, abrangidas ou não por
§ 3º A sentença, dispensado o relatório, mencionará esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia,
os elementos de convicção do Juiz. poderá propor a suspensão do processo, por 2 a 4 (dois
a quatro) anos, desde que o acusado não esteja sendo
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa processado ou não tenha sido condenado por outro crime,
e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por presentes os demais requisitos que autorizariam a
turma composta de 3 (três) Juízes em exercício no primeiro suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor,
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá
contados da ciência da sentença pelo Ministério Público, suspender o processo, submetendo o acusado a período
pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual de prova, sob as seguintes condições:
constarão as razões e o pedido do recorrente. I - reparação do dano, salvo impossibilidade de
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta fazê-lo;
escrita no prazo de dez dias. II - proibição de frequentar determinados lugares;
§ 3º As partes poderão requerer a transcrição da III - proibição de ausentar-se da comarca onde
gravação da fita magnética a que alude o § 3º do art. 65 reside, sem autorização do Juiz;
desta Lei. IV - comparecimento pessoal e obrigatório a
§ 4º As partes serão intimadas da data da sessão de juízo, mensalmente, para informar e justificar suas
julgamento pela imprensa. atividades.
§ 5º Se a sentença for confirmada pelos próprios § 2º O Juiz poderá especificar outras condições a que
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão. fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao
fato e à situação pessoal do acusado.
Art. 83. Cabem embargos de declaração quando, em § 3º A suspensão será revogada se, no curso do
sentença ou acórdão, houver obscuridade, contradição ou prazo, o beneficiário vier a ser processado por outro crime
omissão. ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do
§ 1º Os embargos de declaração serão opostos por dano.
escrito ou oralmente, no prazo de cinco dias, contados da § 4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado
ciência da decisão. vier a ser processado, no curso do prazo, por
§ 2o Os embargos de declaração interrompem o prazo contravenção, ou descumprir qualquer outra condição
para a interposição de recurso. imposta.
§ 3º Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício. § 5º Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará
extinta a punibilidade.
Seção IV § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de
Da Execução suspensão do processo.
Art. 84. Aplicada exclusivamente pena de multa, seu § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista
cumprimento far-se-á mediante pagamento na Secretaria neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores
do Juizado. termos.
Parágrafo único. Efetuado o pagamento, o Juiz
declarará extinta a punibilidade, determinando que a Art. 90. As disposições desta Lei não se aplicam aos
condenação não fique constando dos registros criminais, processos penais cuja instrução já estiver iniciada.
exceto para fins de requisição judicial.
Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no
Art. 85. Não efetuado o pagamento de multa, será âmbito da Justiça Militar.
feita a conversão em pena privativa da liberdade, ou
restritiva de direitos, nos termos previstos em lei. Art. 91. Nos casos em que esta Lei passa a exigir
representação para a propositura da ação penal pública, o
Art. 86. A execução das penas privativas de liberdade ofendido ou seu representante legal será intimado para
e restritivas de direitos, ou de multa cumulada com estas, oferecê-la no prazo de trinta dias, sob pena de decadência.
será processada perante o órgão competente, nos termos
da lei.

Seção V
Art. 92. Aplicam-se subsidiariamente as disposições
dos Códigos Penal e de Processo Penal, no que não forem Lei nº 9.784 / 1999
incompatíveis com esta Lei. Processo Administrativo no Âmbito
Capítulo IV da Administração Pública Federal
Disposições Finais Comuns
Art. 93. Lei Estadual disporá sobre o Sistema de
Juizados Especiais Cíveis e Criminais, sua organização, Regula o processo administrativo no âmbito da
composição e competência. Administração Pública Federal.

Art. 94. Os serviços de cartório poderão ser prestados, CAPÍTULO I


e as audiências realizadas fora da sede da Comarca, em DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
bairros ou cidades a ela pertencentes, ocupando Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre
instalações de prédios públicos, de acordo com audiências o processo administrativo no âmbito da Administração
previamente anunciadas. Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção
dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento
Art. 95. Os Estados, Distrito Federal e Territórios dos fins da Administração.
criarão e instalarão os Juizados Especiais no prazo de seis § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos
meses, a contar da vigência desta Lei. órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União,
Parágrafo único. No prazo de 6 (seis) meses, contado da quando no desempenho de função administrativa.
publicação desta Lei, serão criados e instalados os § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
Juizados Especiais Itinerantes, que deverão dirimir, I - órgão - a unidade de atuação integrante da
prioritariamente, os conflitos existentes nas áreas rurais ou estrutura da Administração direta e da estrutura da
nos locais de menor concentração populacional. Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de
personalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público
dotado de poder de decisão.

Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre


outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade,
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.
01 PRINCÍPIOS
EXPRESSOS IMPLÍCITOS
02
Legalidade Boa-fé
Finalidade Publicidade
03
Motivação Imparcialidade
Razoabilidade Formalismo moderado
04
Proporcionalidade Impessoalidade
Moralidade Gratuidade
05
Ampla defesa Oficialidade
Contraditório
06
Segurança jurídica
Interesse público
07 Eficiência
Parágrafo único. Nos processos administrativos
08
serão observados, entre outros, os critérios de:
09
I - atuação conforme a lei e o Direito; (Princípio da
Legalidade)
10
II - atendimento a fins de interesse geral (Princípio
da Impessoalidade / Finalidade) , vedada a renúncia total ou
11 parcial de poderes ou competências, salvo autorização
em lei; (Princípio da Indisponibilidade do interesse público)
12 III - objetividade no atendimento do interesse
público, vedada a promoção pessoal de agentes ou
13 autoridades; (Princípio da Impessoalidade)
IV - atuação segundo padrões éticos de
14
probidade, decoro e boa-fé; (Princípio da Moralidade)
V - divulgação oficial dos atos administrativos,
15
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
Constituição; (Princípio da Publicidade)
VI - adequação entre meios e fins, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento
do interesse público; (Princípio da Razoabilidade e
Proporcionalidade)
VII - indicação dos pressupostos de fato e de III - domicílio do requerente ou local para
direito que determinarem a decisão; (Princípio da recebimento de comunicações;
Motivação) IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos
VIII – observância das formalidades essenciais à e de seus fundamentos;
garantia dos direitos dos administrados; (Princípio da V - data e assinatura do requerente ou de seu
Segurança Jurídica) representante.
IX - adoção de formas simples, suficientes para Parágrafo único. É vedada à Administração a
propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito recusa imotivada de recebimento de documentos,
aos direitos dos administrados; (Princípio da Segurança devendo o servidor orientar o interessado quanto ao
Jurídica e Informalismo) suprimento de eventuais falhas.
X - garantia dos direitos à comunicação, à
apresentação de alegações finais, à produção de Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas
provas e à interposição de recursos, nos processos de deverão elaborar modelos ou formulários padronizados
que possam resultar sanções e nas situações de litígio; para assuntos que importem pretensões equivalentes.
(Princípio da Ampla Defesa e Contraditório)
XI - proibição de cobrança de despesas
Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de
processuais, ressalvadas as previstas em lei; (Princípio da
interessados tiverem conteúdo e fundamentos idênticos,
Gratuidade dos Processos Administrativos)
poderão ser formulados em um único requerimento, salvo
XII - impulsão, de ofício, do processo
preceito legal em contrário.
administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados;
(Princípio da Oficialidade)
XIII - interpretação da norma administrativa da CAPÍTULO V
forma que melhor garanta o atendimento do fim público a DOS INTERESSADOS
que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova Art. 9o São legitimados como interessados no
interpretação. (Princípio da Segurança Jurídica) processo administrativo:
I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem
CAPÍTULO II como titulares de direitos ou interesses individuais ou no
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS exercício do direito de representação;
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe direitos ou interesses que possam ser afetados pela
sejam assegurados: decisão a ser adotada;
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e III - as organizações e associações
servidores, que deverão facilitar o exercício de seus representativas, no tocante a direitos e interesses
direitos e o cumprimento de suas obrigações; coletivos;
II - ter ciência da tramitação dos processos IV - as pessoas ou as associações legalmente
administrativos em que tenha a condição de interessado, constituídas quanto a direitos ou interesses difusos.
ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles
contidos e conhecer as decisões proferidas; Art. 10. São capazes, para fins de processo
III - formular alegações e apresentar documentos administrativo, os maiores de 18 (dezoito) anos,
antes da decisão, os quais serão objeto de consideração ressalvada previsão especial em ato normativo próprio.
pelo órgão competente;
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por CAPÍTULO VI
advogado, salvo quando obrigatória a representação, por DA COMPETÊNCIA
força de lei. Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce
pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
CAPÍTULO III própria, salvo os casos de delegação e avocação
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO legalmente admitidos.
Art. 4o São deveres do administrado perante a
Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular
normativo: poderão, se não houver impedimento legal, delegar parte
I - expor os fatos conforme a verdade; da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
III - não agir de modo temerário; quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
e colaborar para o esclarecimento dos fatos. Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
aplica-se à delegação de competência dos órgãos
CAPÍTULO IV colegiados aos respectivos presidentes.
DO INÍCIO DO PROCESSO
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
ofício ou a pedido de interessado. I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, III - as matérias de competência exclusiva do
salvo casos em que for admitida solicitação oral, deve ser órgão ou autoridade.
formulado por escrito e conter os seguintes dados:
I - órgão ou autoridade administrativa a que se Art. 14. O ato de delegação e sua revogação
dirige; deverão ser publicados no meio oficial.
II - identificação do interessado ou de quem o § 1o O ato de delegação especificará as matérias e
represente; poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, a
duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
podendo conter ressalva de exercício da atribuição Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em
delegada. dias úteis, no horário normal de funcionamento da
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer repartição na qual tramitar o processo.
tempo pela autoridade delegante. Parágrafo único. Serão concluídos depois do
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento
mencionar explicitamente esta qualidade e considerar-se- prejudique o curso regular do procedimento ou cause dano
ão editadas pelo delegado. ao interessado ou à Administração.

Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e Art. 24. Inexistindo disposição específica, os
por motivos relevantes devidamente justificados, a atos do órgão ou autoridade responsável pelo processo e
avocação temporária de competência atribuída a órgão dos administrados que dele participem devem ser
hierarquicamente inferior. praticados no prazo de 5 (cinco) dias, salvo motivo de
força maior.
Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode
divulgarão publicamente os locais das respectivas sedes e, ser dilatado até o dobro, mediante comprovada justificação.
quando conveniente, a unidade fundacional competente
em matéria de interesse especial. Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se
preferencialmente na sede do órgão, cientificando-se o
Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o interessado se outro for o local de realização.
processo administrativo deverá ser iniciado perante a
autoridade de menor grau hierárquico para decidir. CAPÍTULO IX
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS
CAPÍTULO VII Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO o processo administrativo determinará a intimação do
Art. 18. É impedido de atuar em processo interessado para ciência de decisão ou a efetivação de
administrativo o servidor ou autoridade que: diligências.
(Impedimento) § 1o A intimação deverá conter:
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; I - identificação do intimado e nome do órgão ou
II - tenha participado ou venha a participar como entidade administrativa;
perito, testemunha ou representante, ou se tais situações II - finalidade da intimação;
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e III - data, hora e local em que deve comparecer;
afins até o 3º (terceiro) grau; IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente,
III - esteja litigando judicial ou administrativamente ou fazer-se representar;
com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. V - informação da continuidade do processo
independentemente do seu comparecimento;
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em VI - indicação dos fatos e fundamentos legais
impedimento deve comunicar o fato à autoridade pertinentes.
competente, abstendo-se de atuar. § 2o A intimação observará a antecedência
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar mínima de 3 (três) dias úteis quanto à data de
o impedimento constitui falta grave, para efeitos comparecimento.
disciplinares. § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no
processo, por via postal com aviso de recebimento, por
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de telegrama ou outro meio que assegure a certeza da ciência
autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou do interessado.
inimizade notória com algum dos interessados ou com os § 4o No caso de interessados indeterminados,
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até desconhecidos ou com domicílio indefinido, a intimação
o 3º (terceiro) grau. (Suspeição) deve ser efetuada por meio de publicação oficial.
§ 5o As intimações serão nulas quando feitas sem
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição observância das prescrições legais, mas o
poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. comparecimento do administrado supre sua falta ou
irregularidade.
CAPÍTULO VIII
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO Art. 27. O desatendimento da intimação não importa
PROCESSO o reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
Art. 22. Os atos do processo administrativo não direito pelo administrado.
dependem de forma determinada senão quando a lei Parágrafo único. No prosseguimento do processo,
expressamente a exigir. (Princípio do Informalismo) será garantido direito de ampla defesa ao interessado.
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por
escrito, em vernáculo, com a data e o local de sua Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do
realização e a assinatura da autoridade responsável. processo que resultem para o interessado em imposição
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de
firma somente será exigido quando houver dúvida de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu
autenticidade. interesse.
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em
cópia poderá ser feita pelo órgão administrativo. CAPÍTULO X
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas DA INSTRUÇÃO
sequencialmente e rubricadas.
Art. 29. As atividades de instrução destinadas a pareceres, requerer diligências e perícias, bem como
averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de aduzir alegações referentes à matéria objeto do processo.
decisão realizam-se de ofício ou mediante impulsão do § 1o Os elementos probatórios deverão ser
órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito considerados na motivação do relatório e da decisão.
dos interessados de propor atuações probatórias. § 2o Somente poderão ser recusadas, mediante
§ 1o O órgão competente para a instrução fará decisão fundamentada, as provas propostas pelos
constar dos autos os dados necessários à decisão do interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,
processo. desnecessárias ou protelatórias.
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso Art. 39. Quando for necessária a prestação de
para estes. informações ou a apresentação de provas pelos
interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para
Art. 30. São inadmissíveis no processo esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições
administrativo as provas obtidas por meios ilícitos. de atendimento.
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação,
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver poderá o órgão competente, se entender relevante a
assunto de interesse geral, o órgão competente poderá, matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de
mediante despacho motivado, abrir período de consulta proferir a decisão.
pública para manifestação de terceiros, antes da decisão
do pedido, se não houver prejuízo para a parte interessada. Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos
§ 1o A abertura da consulta pública será objeto de solicitados ao interessado forem necessários à apreciação
divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado
físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se pela Administração para a respectiva apresentação
prazo para oferecimento de alegações escritas. implicará arquivamento do processo.
§ 2o O comparecimento à consulta pública não
confere, por si, a condição de interessado do processo, Art. 41. Os interessados serão intimados de prova
mas confere o direito de obter da Administração resposta ou diligência ordenada, com antecedência mínima de 3
fundamentada, que poderá ser comum a todas as (três) dias úteis, mencionando-se data, hora e local de
alegações substancialmente iguais. realização.

Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido
autoridade, diante da relevância da questão, poderá ser um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no
realizada audiência pública para debates sobre a matéria prazo máximo de 15 (quinze) dias, salvo norma especial
do processo. ou comprovada necessidade de maior prazo.
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar
Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em de ser emitido no prazo fixado, o processo não terá
matéria relevante, poderão estabelecer outros meios de seguimento até a respectiva apresentação,
participação de administrados, diretamente ou por meio de responsabilizando-se quem der causa ao atraso.
organizações e associações legalmente reconhecidas. § 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante
deixar de ser emitido no prazo fixado, o processo poderá
Art. 34. Os resultados da consulta e audiência ter prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem
pública e de outros meios de participação de administrados prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
deverão ser apresentados com a indicação do atendimento.
procedimento adotado.
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo
Art. 35. Quando necessária à instrução do devam ser previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
processo, a audiência de outros órgãos ou entidades administrativos e estes não cumprirem o encargo no prazo
administrativas poderá ser realizada em reunião conjunta, assinalado, o órgão responsável pela instrução deverá
com a participação de titulares ou representantes dos solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de
órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a ser qualificação e capacidade técnica equivalentes.
juntada aos autos.
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos o direito de manifestar-se no prazo máximo de 10 (dez)
que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado.
órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37
desta Lei. (Ônus da prova) Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração
Pública poderá motivadamente adotar providências
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e acauteladoras sem a prévia manifestação do interessado.
dados estão registrados em documentos existentes na
própria Administração responsável pelo processo ou em Art. 46. Os interessados têm direito à vista do
outro órgão administrativo, o órgão competente para a processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos dados e documentos que o integram, ressalvados os dados
ou das respectivas cópias. e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou pelo
direito à privacidade, à honra e à imagem.
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória
e antes da tomada da decisão, juntar documentos e Art. 47. O órgão de instrução que não for
competente para emitir a decisão final elaborará relatório
indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases do
procedimento e formulará proposta de decisão, CAPÍTULO XIV
objetivamente justificada, encaminhando o processo à DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO
autoridade competente. Art. 53. A Administração deve anular seus próprios
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
CAPÍTULO XI revogá-los por motivo de conveniência ou
DO DEVER DE DECIDIR oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Art. 48. A Administração tem o dever de
explicitamente emitir decisão nos processos Art. 54. O direito da Administração de anular os
administrativos e sobre solicitações ou reclamações, em atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis
matéria de sua competência. para os destinatários decai em 5 (cinco) anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-
Art. 49. Concluída a instrução de processo fé.
administrativo, a Administração tem o prazo de até 30 § 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o
(trinta) dias para decidir, salvo prorrogação por igual prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro
período expressamente motivada. pagamento.
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular
CAPÍTULO XII qualquer medida de autoridade administrativa que importe
DA MOTIVAÇÃO impugnação à validade do ato.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não
jurídicos, quando: acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
interesses; poderão ser convalidados pela própria Administração.
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou DESCONSTITUIÇÃO
sanções; Revogação: só pela Administração Pública, em razão da
III - decidam processos administrativos de oportunidade e conveniência, sem efeitos retroativos (ex nunc).
concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de Anulação (invalidação): pelo Judiciário ou pela Administração
Pública, por motivo de ilegalidade e com efeitos retroativos (ex
processo licitatório; tunc).
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício; Cassação: pelo descumprimento de alguma condição relativa ao
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada ato.
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais; Caducidade: pelo término do prazo do ato ou superveniência de
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou norma de vedação.
convalidação de ato administrativo.
Convalidação: saneamento do ato com vício na competência ou
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e forma.
congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, Reforma: novo ato que visa ampliar, reduzir ou converter o original
informações, decisões ou propostas, que, neste caso,
serão parte integrante do ato. Curso de Direito Administrativo; Alex Muniz Barreto; 2019

§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma


natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza
os fundamentos das decisões, desde que não prejudique CAPÍTULO XV
direito ou garantia dos interessados. DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados Art. 56. Das decisões administrativas cabe
e comissões ou de decisões orais constará da respectiva recurso, em face de razões de legalidade e de mérito.
ata ou de termo escrito. § 1o O recurso será dirigido à autoridade que
proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no
CAPÍTULO XIII prazo de 5 (cinco) dias, o encaminhará à autoridade
DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO superior.
DO PROCESSO § 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso
Art. 51. O interessado poderá, mediante administrativo independe de caução.
manifestação escrita, desistir total ou parcialmente do § 3o Se o recorrente alegar que a decisão
pedido formulado ou, ainda, renunciar a direitos administrativa contraria enunciado da súmula vinculante,
disponíveis. caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se
§ 1o Havendo vários interessados, a desistência ou não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o
renúncia atinge somente quem a tenha formulado. recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade
§ 2o A desistência ou renúncia do interessado, ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso.
conforme o caso, não prejudica o prosseguimento do
processo, se a Administração considerar que o interesse Art. 57. O recurso administrativo tramitará no
público assim o exige. máximo por 3 (três) instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.
Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto
o processo quando exaurida sua finalidade ou o objeto da Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso
decisão se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato administrativo:
superveniente.
I - os titulares de direitos e interesses que forem Art. 64-B. Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal
parte no processo; a reclamação fundada em violação de enunciado da
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem súmula vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora
indiretamente afetados pela decisão recorrida; e ao órgão competente para o julgamento do recurso, que
III - as organizações e associações deverão adequar as futuras decisões administrativas em
representativas, no tocante a direitos e interesses casos semelhantes, sob pena de responsabilização
coletivos; pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos
ou interesses difusos. Art. 65. Os processos administrativos de que
resultem sanções poderão ser revistos, a qualquer tempo,
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de 10 a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
(dez) dias o prazo para interposição de recurso circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
administrativo, contado a partir da ciência ou divulgação inadequação da sanção aplicada.
oficial da decisão recorrida. Parágrafo único. Da revisão do processo não
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso poderá resultar agravamento da sanção.
administrativo deverá ser decidido no prazo máximo de 30
(trinta) dias, a partir do recebimento dos autos pelo órgão CAPÍTULO XVI
competente. DOS PRAZOS
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data
poderá ser prorrogado por igual período, ante justificativa da cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
explícita. começo e incluindo-se o do vencimento.
§ 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de dia útil seguinte se o vencimento cair em dia em que não
requerimento no qual o recorrente deverá expor os houver expediente ou este for encerrado antes da hora
fundamentos do pedido de reexame, podendo juntar os normal.
documentos que julgar convenientes. § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de
modo contínuo.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-
recurso não tem efeito suspensivo. se de data a data. Se no mês do vencimento não houver o
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a termo o último dia do mês.
autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá,
de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao recurso. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente
comprovado, os prazos processuais não se suspendem.
Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente
para dele conhecer deverá intimar os demais interessados CAPÍTULO XVII
para que, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, apresentem DAS SANÇÕES
alegações. Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por
autoridade competente, terão natureza pecuniária ou
Art. 63. O recurso não será conhecido quando consistirão em obrigação de fazer ou de não fazer,
interposto: assegurado sempre o direito de defesa.
I - fora do prazo;
II - perante órgão incompetente; CAPÍTULO XVIII
III - por quem não seja legitimado; DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
IV - após exaurida a esfera administrativa. Art. 69. Os processos administrativos específicos
§ 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe devolvido o apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei.
prazo para recurso.
§ 2o O não conhecimento do recurso não impede a Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em
Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que não qualquer órgão ou instância, os procedimentos
ocorrida preclusão administrativa. administrativos em que figure como parte ou interessado:
I - pessoa com idade igual ou superior a 60
Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso (sessenta) anos;
poderá confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou II - pessoa portadora de deficiência, física ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua mental;
competência. III – (VETADO)
Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste IV - pessoa portadora de tuberculose ativa,
artigo puder decorrer gravame à situação do recorrente, esclerose múltipla, neoplasia maligna, hanseníase,
este deverá ser cientificado para que formule suas paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave,
alegações antes da decisão. doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da
Art. 64-A. Se o recorrente alegar violação de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por
enunciado da súmula vinculante, o órgão competente radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra
para decidir o recurso explicitará as razões da doença grave, com base em conclusão da medicina
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
caso. após o início do processo.
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício,
juntando prova de sua condição, deverá
requerê-lo à autoridade administrativa competente, que 02

determinará as providências a serem cumpridas.


§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão 03

identificação própria que evidencie o regime de tramitação


prioritária. 04

§ 3o (VETADO)
§ 4o (VETADO) 05

06
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação. 07

SÚMULAS STF 08

STF: Súmula vinculante 5 - A falta de defesa técnica por


advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a 09

Constituição.
STF: Súmula vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de 10

depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para


admissibilidade de recurso administrativo. 11

STF: Súmula 18 - Pela falta residual, não compreendida na


absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição 12

administrativa do servidor público.


STF: Súmula 19 - É inadmissível segunda punição de servidor 13

público, baseada no mesmo processo em que se fundou a


primeira. 14
STF: Súmula 383 - A prescrição em favor da Fazenda Pública
recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato 15
interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora
o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.
STF: Súmula 443 - A prescrição das prestações anteriores ao
período previsto em lei não ocorre, quando não tiver sido negado,
antes daquele prazo, o próprio direito reclamado, ou a situação Lei nº 10.671 / 2003
jurídica de que ele resulta. Estatuto de Defesa do Torcedor
SÚMULAS STJ
STJ: Súmula 85 - Nas relações jurídicas de trato sucessivo em Dispõe sobre o Estatuto de Defesa do Torcedor e dá
que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver
outras providências.
sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição atinge
apenas as prestações vencidas
STJ: Súmula 312 - No processo administrativo para imposição de O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o
multa de trânsito, são necessárias as notificações da autuação e Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
da aplicação da pena decorrente da infração.
STJ: Súmula 373 - É ilegítima a exigência de depósito prévio para CAPÍTULO I
admissibilidade de recurso administrativo. DISPOSIÇÕES Gerais
STJ: Súmula 434 - O pagamento da multa por infração de trânsito Art. 1o Este Estatuto estabelece normas de
não inibe a discussão judicial do débito.
proteção e defesa do torcedor.
STJ: Súmula 510 - A liberação de veículo retido apenas por
transporte irregular de passageiros não está condicionada ao
pagamento de multas e despesas. Art. 1o-A. A prevenção da violência nos esportes é
STJ: Súmula 591 - É permitida a “prova emprestada” no processo de responsabilidade do poder público, das confederações,
administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo federações, ligas, clubes, associações ou entidades
juízo competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. esportivas, entidades recreativas e associações de
STJ: Súmula 592 - O excesso de prazo para a conclusão do torcedores, inclusive de seus respectivos dirigentes, bem
processo administrativo disciplinar só causa nulidade se houver como daqueles que, de qualquer forma, promovem,
demonstração de prejuízo à defesa.
organizam, coordenam ou participam dos eventos
STJ: Súmula 611 - Desde que devidamente motivada e com
amparo em investigação ou sindicância, é permitida a instauração esportivos.
de processo administrativo disciplinar com base em denúncia
anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à Art. 2o Torcedor é toda pessoa que aprecie, apoie
Administração. ou se associe a qualquer entidade de prática desportiva do
País e acompanhe a prática de determinada modalidade
esportiva.
Parágrafo único. Salvo prova em contrário,
presumem-se a apreciação, o apoio ou o acompanhamento
de que trata o caput deste artigo.

Art. 2o-A. Considera-se torcida organizada, para os


efeitos desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado ou
existente de fato, que se organize para o fim de torcer e
apoiar entidade de prática esportiva de qualquer natureza
01 ou modalidade.
Parágrafo único. A torcida organizada deverá manter
cadastro atualizado de seus associados ou
membros, o qual deverá conter, pelo menos, as seguintes receber dos torcedores, examiná-las e propor à respectiva
informações: entidade medidas necessárias ao aperfeiçoamento da
I - nome completo; competição e ao benefício do torcedor.
II - fotografia; § 2o É assegurado ao torcedor:
III - filiação; I - o amplo acesso ao Ouvidor da Competição,
IV - número do registro civil; mediante comunicação postal ou mensagem eletrônica; e
V - número do CPF; II - o direito de receber do Ouvidor da Competição
VI - data de nascimento; as respostas às sugestões, propostas e reclamações, que
VII - estado civil; encaminhou, no prazo de 30 (trinta) dias.
VIII - profissão; § 3o Na hipótese de que trata o inciso II do § 2o, o
IX - endereço completo; e Ouvidor da Competição utilizará, prioritariamente, o mesmo
X - escolaridade. meio de comunicação utilizado pelo torcedor para o
encaminhamento de sua mensagem.
Art. 3o Para todos os efeitos legais, equiparam-se a § 4o O sítio da internet em que forem publicadas as
fornecedor, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro informações de que trata o § 1o do art. 5o conterá, também,
de 1990, a entidade responsável pela organização da as manifestações e propostas do Ouvidor da Competição.
competição, bem como a entidade de prática § 5o A função de Ouvidor da Competição poderá ser
desportiva detentora do mando de jogo. remunerada pelas entidades de prática desportiva
LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990 - Dispõe sobre a participantes da competição.
proteção do consumidor e dá outras providências.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, Art. 7o É direito do torcedor a divulgação, durante
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes a realização da partida, da renda obtida pelo pagamento de
despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, ingressos e do número de espectadores pagantes e não-
montagem, criação, construção, transformação, importação, pagantes, por intermédio dos serviços de som e imagem
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.
instalados no estádio em que se realiza a partida, pela
(...) entidade responsável pela organização da competição.

Art. 8o As competições de atletas profissionais de


Art. 4o (Vetado)
que participem entidades integrantes da organização
desportiva do País deverão ser promovidas de acordo com
CAPÍTULO II
calendário anual de eventos oficiais que:
DA TRANSPARÊNCIA NA ORGANIZAÇÃO
I - garanta às entidades de prática desportiva
Art. 5o São asseguradas ao torcedor a
participação em competições durante pelo menos 10 (dez)
publicidade e transparência na organização das
meses do ano;
competições administradas pelas entidades de
II - adote, em pelo menos uma competição de
administração do desporto, bem como pelas ligas de que
âmbito nacional, sistema de disputa em que as equipes
trata o art. 20 da Lei no 9.615, de 24 de março de 1998.
participantes conheçam, previamente ao seu início, a
§ 1o As entidades de que trata o caput farão publicar quantidade de partidas que disputarão, bem como seus
na internet, em sítio da entidade responsável pela adversários.
organização do evento:
I - a íntegra do regulamento da competição; CAPÍTULO III
II - as tabelas da competição, contendo as partidas DO REGULAMENTO DA COMPETIÇÃO
que serão realizadas, com especificação de sua data, local Art. 9o É direito do torcedor que o regulamento, as
e horário; tabelas da competição e o nome do Ouvidor da Competição
III - o nome e as formas de contato do Ouvidor da sejam divulgados até 60 (sessenta) dias antes de seu
Competição de que trata o art. 6o; início, na forma do § 1o do art. 5o.
IV - os borderôs completos das partidas; § 1o Nos 10 (dez) dias subsequentes à divulgação
V - a escalação dos árbitros imediatamente após de que trata o caput, qualquer interessado poderá
sua definição; e manifestar-se sobre o regulamento diretamente ao
VI - a relação dos nomes dos torcedores Ouvidor da Competição.
impedidos de comparecer ao local do evento desportivo. § 2o O Ouvidor da Competição elaborará, em 72h
§ 2o Os dados contidos nos itens V e VI também (setenta e duas horas), relatório contendo as principais
deverão ser afixados ostensivamente em local visível, em propostas e sugestões encaminhadas.
caracteres facilmente legíveis, do lado externo de todas as § 3o Após o exame do relatório, a entidade
entradas do local onde se realiza o evento esportivo. responsável pela organização da competição decidirá, em
§ 3o O juiz deve comunicar às entidades de que trata 48h (quarenta e oito horas), motivadamente, sobre a
o caput decisão judicial ou aceitação de proposta de conveniência da aceitação das propostas e sugestões
transação penal ou suspensão do processo que implique o relatadas.
impedimento do torcedor de frequentar estádios § 4o O regulamento definitivo da competição será
desportivos. divulgado, na forma do § 1o do art. 5o, 45 (quarenta e cinco)
dias antes de seu início.
Art. 6o A entidade responsável pela organização da § 5o É vedado proceder alterações no regulamento
competição, previamente ao seu início, designará o da competição desde sua divulgação definitiva, salvo nas
Ouvidor da Competição, fornecendo-lhe os meios de hipóteses de:
comunicação necessários ao amplo acesso dos
torcedores.
§ 1o São deveres do Ouvidor da Competição
recolher as sugestões, propostas e reclamações que
I - apresentação de novo calendário anual de § 8o (VETADO).
eventos oficiais para o ano subsequente, desde que
aprovado pelo Conselho Nacional do Esporte – CNE; Art. 11. É direito do torcedor que o árbitro e seus
II - após 2 (dois) anos de vigência do mesmo auxiliares entreguem, em até 4h (quatro horas) contadas
regulamento, observado o procedimento de que trata este do término da partida, a súmula e os relatórios da partida
artigo. ao representante da entidade responsável pela
III - interrupção das competições por motivo de organização da competição.
surtos, epidemias e pandemias que possam comprometer § 1o Em casos excepcionais, de grave tumulto ou
a integridade física e o bem-estar dos atletas, desde que necessidade de laudo médico, os relatórios da partida
aprovada pela maioria das agremiações partícipes do poderão ser complementados em até 24h (vinte e quatro
evento. (2021) horas) após o seu término.
§ 6o A competição que vier a substituir outra, § 2o A súmula e os relatórios da partida serão
segundo o novo calendário anual de eventos oficiais elaborados em três vias, de igual teor e forma, devidamente
apresentado para o ano subsequente, deverá ter âmbito assinadas pelo árbitro, auxiliares e pelo representante da
territorial diverso da competição a ser substituída. entidade responsável pela organização da competição.
§ 3o A primeira via será acondicionada em envelope
Art. 10. É direito do torcedor que a participação das lacrado e ficará na posse de representante da entidade
entidades de prática desportiva em competições responsável pela organização da competição, que a
organizadas pelas entidades de que trata o art. 5o seja encaminhará ao setor competente da respectiva entidade
exclusivamente em virtude de critério técnico previamente até as 13h (treze horas) do primeiro dia útil subsequente.
definido. § 4o O lacre de que trata o § 3o será assinado pelo
§ 1o Para os fins do disposto neste artigo, considera- árbitro e seus auxiliares.
se critério técnico a habilitação de entidade de prática § 5o A segunda via ficará na posse do árbitro da
desportiva em razão de: partida, servindo-lhe como recibo.
I - colocação obtida em competição anterior; e § 6o A terceira via ficará na posse do representante
II - cumprimento dos seguintes requisitos: da entidade responsável pela organização da competição,
a) regularidade fiscal, atestada por meio de que a encaminhará ao Ouvidor da Competição até as 13h
apresentação de Certidão Negativa de Débitos relativos a (treze horas) do primeiro dia útil subsequente, para
Créditos Tributários Federais e à Dívida Ativa da União - imediata divulgação.
CND;
b) apresentação de certificado de regularidade do Art. 12. A entidade responsável pela organização da
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS; e competição dará publicidade à súmula e aos relatórios da
c) comprovação de pagamento dos vencimentos partida no sítio de que trata o § 1o do art. 5o até as 14h
acertados em contratos de trabalho e dos contratos de (quatorze horas) do 3o (terceiro) dia útil subsequente ao
imagem dos atletas. da realização da partida.
§ 2o Fica vedada a adoção de qualquer outro
critério, especialmente o convite, observado o disposto no CAPÍTULO IV
art. 89 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998. DA SEGURANÇA DO TORCEDOR PARTÍCIPE DO
§ 3o Em campeonatos ou torneios regulares com EVENTO ESPORTIVO
mais de uma divisão, serão observados o princípio do Art. 13. O torcedor tem direito a segurança nos locais
acesso e do descenso e as seguintes determinações, onde são realizados os eventos esportivos antes, durante
sem prejuízo da perda de pontos, na forma do e após a realização das partidas.
regulamento: Parágrafo único. Será assegurado acessibilidade ao
I - a entidade de prática desportiva que não cumprir torcedor portador de deficiência ou com mobilidade
todos os requisitos estabelecidos no inciso II do § 1o deste reduzida.
artigo participará da divisão imediatamente inferior à que Art. 13-A. São condições de acesso e
se encontra classificada; permanência do torcedor no recinto esportivo, sem
II - a vaga desocupada pela entidade de prática prejuízo de outras condições previstas em lei:
desportiva rebaixada nos termos do inciso I deste I - estar na posse de ingresso válido;
parágrafo será ocupada por entidade de prática desportiva II - não portar objetos, bebidas ou substâncias
participante da divisão que receberá a entidade rebaixada proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática
nos termos do inciso I deste parágrafo, obedecida a ordem de atos de violência;
de classificação do campeonato do ano anterior e desde III - consentir com a revista pessoal de prevenção e
que cumpridos os requisitos exigidos no inciso II do § 1o segurança;
deste artigo. IV - não portar ou ostentar cartazes, bandeiras,
§ 4o Serão desconsideradas as partidas símbolos ou outros sinais com mensagens ofensivas,
disputadas pela entidade de prática desportiva que não inclusive de caráter racista ou xenófobo;
tenham atendido ao critério técnico previamente V - não entoar cânticos discriminatórios,
definido, inclusive para efeito de pontuação na racistas ou xenófobos;
competição. VI - não arremessar objetos, de qualquer
§ 5o A comprovação da regularidade fiscal de que natureza, no interior do recinto esportivo;
trata a alínea a do inciso II do § 1o deste artigo poderá ser VII - não portar ou utilizar fogos de artifício ou
feita mediante a apresentação de Certidão Positiva com quaisquer outros engenhos pirotécnicos ou produtores de
Efeitos de Negativa de Débitos relativos a Créditos efeitos análogos;
Tributários Federais e à Dívida Ativa da União - CPEND. VIII - não incitar e não praticar atos de violência
§ 6o (VETADO). no estádio, qualquer que seja a sua natureza; e
§ 7o (VETADO).
IX - não invadir e não incitar a invasão, de contingências que possam ocorrer durante a realização de
qualquer forma, da área restrita aos competidores. eventos esportivos.
X - não utilizar bandeiras, inclusive com mastro § 1o Os planos de ação de que trata o caput serão
de bambu ou similares, para outros fins que não o da elaborados pela entidade responsável pela organização da
manifestação festiva e amigável. competição, com a participação das entidades de prática
Parágrafo único. O não cumprimento das desportiva que a disputarão e dos órgãos responsáveis
condições estabelecidas neste artigo implicará a pela segurança pública, transporte e demais contingências
impossibilidade de ingresso do torcedor ao recinto que possam ocorrer, das localidades em que se realizarão
esportivo, ou, se for o caso, o seu afastamento imediato as partidas da competição.
do recinto, sem prejuízo de outras sanções § 2o Planos de ação especiais poderão ser
administrativas, civis ou penais eventualmente cabíveis. apresentados em relação a eventos esportivos com
excepcional expectativa de público.
Art. 14. Sem prejuízo do disposto nos arts. 12 a 14 § 3o Os planos de ação serão divulgados no sítio
da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, a dedicado à competição de que trata o parágrafo único do
responsabilidade pela segurança do torcedor em art. 5o no mesmo prazo de publicação do regulamento
evento esportivo é da entidade de prática desportiva definitivo da competição.
detentora do mando de jogo e de seus dirigentes, que
deverão: Art. 18. Os estádios com capacidade superior a
I – solicitar ao Poder Público competente a 10.000 (dez mil) pessoas deverão manter central técnica
presença de agentes públicos de segurança, devidamente de informações, com infraestrutura suficiente para
identificados, responsáveis pela segurança dos torcedores viabilizar o monitoramento por imagem do público
dentro e fora dos estádios e demais locais de realização de presente.
eventos esportivos;
II - informar imediatamente após a decisão acerca Art. 19. As entidades responsáveis pela organização
da realização da partida, dentre outros, aos órgãos da competição, bem como seus dirigentes respondem
públicos de segurança, transporte e higiene, os dados solidariamente com as entidades de que trata o art. 15 e
necessários à segurança da partida, especialmente: seus dirigentes, independentemente da existência de
a) o local; culpa, pelos prejuízos causados a torcedor que decorram
b) o horário de abertura do estádio; de falhas de segurança nos estádios ou da inobservância
c) a capacidade de público do estádio; e do disposto neste capítulo.
d) a expectativa de público;
III - colocar à disposição do torcedor orientadores e CAPÍTULO V
serviço de atendimento para que aquele encaminhe suas DOS INGRESSOS
reclamações no momento da partida, em local: Art. 20. É direito do torcedor partícipe que os
a) amplamente divulgado e de fácil acesso; e ingressos para as partidas integrantes de competições
b) situado no estádio. profissionais sejam colocados à venda até 72h (setenta e
§ 1o É dever da entidade de prática desportiva duas horas) antes do início da partida correspondente.
detentora do mando de jogo solucionar imediatamente, § 1o O prazo referido no caput será de 48h
sempre que possível, as reclamações dirigidas ao serviço (quarenta e oito horas) nas partidas em que:
de atendimento referido no inciso III, bem como reportá- las I - as equipes sejam definidas a partir de jogos
ao Ouvidor da Competição e, nos casos relacionados à eliminatórios; e
violação de direitos e interesses de consumidores, aos II - a realização não seja possível prever com
órgãos de defesa e proteção do consumidor. antecedência de 4 (quatro) dias.
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.299, de 2010). § 2o A venda deverá ser realizada por sistema que
assegure a sua agilidade e amplo acesso à informação.
Art. 15. O detentor do mando de jogo será uma das § 3o É assegurado ao torcedor partícipe o
entidades de prática desportiva envolvidas na partida, de fornecimento de comprovante de pagamento, logo após
acordo com os critérios definidos no regulamento da a aquisição dos ingressos.
competição. § 4o Não será exigida, em qualquer hipótese, a
devolução do comprovante de que trata o § 3o.
Art. 16. É dever da entidade responsável pela § 5o Nas partidas que compõem as competições de
organização da competição: âmbito nacional ou regional de primeira e segunda
I - confirmar, com até 48h (quarenta e oito horas) de divisão, a venda de ingressos será realizada em, pelo
antecedência, o horário e o local da realização das partidas menos, 5 (cinco) postos de venda localizados em distritos
em que a definição das equipes dependa de resultado diferentes da cidade.
anterior;
II - contratar seguro de acidentes pessoais, tendo Art. 21. A entidade detentora do mando de jogo
como beneficiário o torcedor portador de ingresso, válido a implementará, na organização da emissão e venda de
partir do momento em que ingressar no estádio; ingressos, sistema de segurança contra falsificações,
III – disponibilizar um médico e dois enfermeiros- fraudes e outras práticas que contribuam para a evasão da
padrão para cada dez mil torcedores presentes à partida; receita decorrente do evento esportivo.
IV – disponibilizar uma ambulância para cada dez
mil torcedores presentes à partida; e Art. 22. São direitos do torcedor partícipe:
V – comunicar previamente à autoridade de saúde a I - que todos os ingressos emitidos sejam
realização do evento. numerados; e
II - ocupar o local correspondente ao número
Art. 17. É direito do torcedor a implementação de constante do ingresso.
planos de ação referentes a segurança, transporte e
§ 1o O disposto no inciso II não se aplica aos locais acesso seguro e rápido ao evento, na entrada, e aos
já existentes para assistência em pé, nas competições que meios de transporte, na saída.
o permitirem, limitando-se, nesses locais, o número de
pessoas, de acordo com critérios de saúde, segurança e Art. 27. A entidade responsável pela organização da
bem-estar. competição e a entidade de prática desportiva detentora do
§ 2o A emissão de ingressos e o acesso ao estádio mando de jogo solicitarão formalmente, direto ou mediante
nas primeira e segunda divisões da principal competição convênio, ao Poder Público competente:
nacional e nas partidas finais das competições I - serviços de estacionamento para uso por
eliminatórias de âmbito nacional deverão ser realizados torcedores partícipes durante a realização de eventos
por meio de sistema eletrônico que viabilize a fiscalização esportivos, assegurando a estes acesso a serviço
e o controle da quantidade de público e do movimento organizado de transporte para o estádio, ainda que
financeiro da partida. oneroso; e
§ 3o O disposto no § 2o não se aplica aos eventos II - meio de transporte, ainda que oneroso, para
esportivos realizados em estádios com capacidade inferior condução de idosos, crianças e pessoas portadoras de
a 10.000 (dez mil) pessoas. deficiência física aos estádios, partindo de locais de fácil
acesso, previamente determinados.
Art. 23. A entidade responsável pela organização da Parágrafo único. O cumprimento do disposto neste
competição apresentará ao Ministério Público dos Estados artigo fica dispensado na hipótese de evento esportivo
e do Distrito Federal, previamente à sua realização, os realizado em estádio com capacidade inferior a 10.000 (dez
laudos técnicos expedidos pelos órgãos e autoridades mil) pessoas.
competentes pela vistoria das condições de segurança dos
estádios a serem utilizados na competição. CAPÍTULO VII
§ 1o Os laudos atestarão a real capacidade de DA ALIMENTAÇÃO E DA HIGIENE
público dos estádios, bem como suas condições de Art. 28. O torcedor partícipe tem direito à higiene e à
segurança. qualidade das instalações físicas dos estádios e dos
§ 2o Perderá o mando de jogo por, no mínimo, 6 produtos alimentícios vendidos no local.
(seis) meses, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, § 1o O Poder Público, por meio de seus órgãos de
a entidade de prática desportiva detentora do mando do vigilância sanitária, verificará o cumprimento do disposto
jogo em que: neste artigo, na forma da legislação em vigor.
I - tenha sido colocado à venda número de § 2o É vedado impor preços excessivos ou aumentar
ingressos maior do que a capacidade de público do sem justa causa os preços dos produtos alimentícios
estádio; ou comercializados no local de realização do evento esportivo.
II - tenham entrado pessoas em número maior do
que a capacidade de público do estádio. Art. 29. É direito do torcedor partícipe que os
III - tenham sido disponibilizados portões de acesso estádios possuam sanitários em número compatível com
ao estádio em número inferior ao recomendado pela sua capacidade de público, em plenas condições de
autoridade pública. limpeza e funcionamento.
Art. 24. É direito do torcedor partícipe que conste Parágrafo único. Os laudos de que trata o art. 23
no ingresso o preço pago por ele. deverão aferir o número de sanitários em condições de uso
§ 1o Os valores estampados nos ingressos e emitir parecer sobre a sua compatibilidade com a
destinados a um mesmo setor do estádio não poderão ser capacidade de público do estádio.
diferentes entre si, nem daqueles divulgados antes da
partida pela entidade detentora do mando de jogo. CAPÍTULO VIII
§ 2o O disposto no § 1o não se aplica aos casos de DA RELAÇÃO COM A ARBITRAGEM ESPORTIVA
venda antecipada de carnê para um conjunto de, no Art. 30. É direito do torcedor que a arbitragem das
mínimo, 3 (três) partidas de uma mesma equipe, bem competições desportivas seja independente, imparcial,
como na venda de ingresso com redução de preço previamente remunerada e isenta de pressões.
decorrente de previsão legal. Parágrafo único. A remuneração do árbitro e de seus
auxiliares será de responsabilidade da entidade de
Art. 25. O controle e a fiscalização do acesso do administração do desporto ou da liga organizadora do
público ao estádio com capacidade para mais de 10.000 evento esportivo.
(dez mil) pessoas deverão contar com meio de
monitoramento por imagem das catracas, sem prejuízo do Art. 31. A entidade detentora do mando do jogo e
disposto no art. 18 desta Lei. seus dirigentes deverão convocar os agentes públicos de
segurança visando a garantia da integridade física do
CAPÍTULO VI árbitro e de seus auxiliares.
DO TRANSPORTE
Art. 26. Em relação ao transporte de torcedores para Art. 31-A. É dever das entidades de administração
eventos esportivos, fica assegurado ao torcedor partícipe: do desporto contratar seguro de vida e acidentes pessoais,
I - o acesso a transporte seguro e organizado; tendo como beneficiária a equipe de arbitragem, quando
II - a ampla divulgação das providências tomadas exclusivamente no exercício dessa atividade.
em relação ao acesso ao local da partida, seja em
transporte público ou privado; e Art. 32. É direito do torcedor que os árbitros de cada
III - a organização das imediações do estádio em partida sejam escolhidos mediante sorteio, dentre aqueles
que será disputada a partida, bem como suas entradas e previamente selecionados, ou audiência pública
saídas, de modo a viabilizar, sempre que possível, o
transmitida ao vivo pela rede mundial de computadores, § 2º As entidades que violarem o disposto neste artigo
sob pena de nulidade. ficam ainda sujeitas:
§ 1o O sorteio ou audiência pública serão realizados I - ao afastamento de seus dirigentes; e
II - à nulidade de todos os atos praticados por seus
no mínimo 48h (quarenta e oito horas) antes de cada dirigentes em nome da entidade, após a prática da infração,
rodada, em local e data previamente definidos. respeitado o direito de terceiros de boa-fé.
§ 2o O sorteio será aberto ao público, garantida sua § 3º Os dirigentes de que trata o § 2º serão sempre:
ampla divulgação. I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe faça as
vezes; e
CAPÍTULO IX II - o dirigente que praticou a infração ainda que por
DA RELAÇÃO COM A ENTIDADE DE PRÁTICA omissão.
DESPORTIVA § 4º (Vetado)
Art. 33. Sem prejuízo do disposto nesta Lei, cada
entidade de prática desportiva fará publicar documento CAPÍTULO X
que contemple as diretrizes básicas de seu DA RELAÇÃO COM A JUSTIÇA DESPORTIVA
relacionamento com os torcedores, disciplinando, Art. 34. É direito do torcedor que os órgãos da
obrigatoriamente: Justiça Desportiva, no exercício de suas funções,
I - o acesso ao estádio e aos locais de venda dos observem os princípios da impessoalidade, da moralidade,
ingressos; da celeridade, da publicidade e da independência.

Art. 35. As decisões proferidas pelos órgãos da


II - mecanismos de transparência financeira da
Justiça Desportiva devem ser, em qualquer hipótese,
entidade, inclusive com disposições relativas à
motivadas e ter a mesma publicidade que as decisões
realização de auditorias independentes, observado o
dos tribunais federais.
disposto no art. 46-A da Lei nº 9.615, de 24 de março de
§ 1o Não correm em segredo de justiça os
1998; e
processos em curso perante a Justiça Desportiva.
§ 2o As decisões de que trata o caput serão
III - a comunicação entre o torcedor e a entidade de disponibilizadas no sítio de que trata o § 1o do art. 5o.
prática desportiva. Art. 5º (...)
Parágrafo único. A comunicação entre o torcedor e § 1o As entidades de que trata o caput farão publicar na
a entidade de prática desportiva de que trata o inciso III do internet, em sítio da entidade responsável pela organização
caput poderá, dentre outras medidas, ocorrer mediante: do evento:
I - a instalação de uma ouvidoria estável; (...)
II - a constituição de um órgão consultivo formado
por torcedores não-sócios; ou Art. 36. São nulas as decisões proferidas que
III - reconhecimento da figura do sócio torcedor, não observarem o disposto nos arts. 34 e 35.
com direitos mais restritos que os dos demais sócios.
LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998. - Institui normas CAPÍTULO XI
gerais sobre desporto e dá outras providências. DAS PENALIDADES
Art. 46-A. As ligas desportivas, as entidades de Art. 37. Sem prejuízo das demais sanções cabíveis,
administração de desporto e as de prática desportiva envolvidas a entidade de administração do desporto, a liga ou a
em qualquer competição de atletas profissionais, entidade de prática desportiva que violar ou de qualquer
independentemente da forma jurídica adotada, ficam obrigadas
a:
forma concorrer para a violação do disposto nesta Lei,
I - elaborar suas demonstrações financeiras, observado o devido processo legal, incidirá nas
separadamente por atividade econômica, de modo distinto das seguintes sanções:
atividades recreativas e sociais, nos termos da lei e de acordo com I – destituição de seus dirigentes, na hipótese de
os padrões e critérios estabelecidos pelo Conselho Federal de violação das regras de que tratam os Capítulos II, IV e V
Contabilidade, e, após terem sido submetidas a auditoria desta Lei;
independente, providenciar sua publicação, até o último dia útil II - suspensão por 6 (seis) meses dos seus
do mês de abril do ano subsequente, por período não inferior a 3 dirigentes, por violação dos dispositivos desta Lei não
(três) meses, em sítio eletrônico próprio e da respectiva entidade
de administração ou liga desportiva;
referidos no inciso I;
II - apresentar suas contas juntamente com os III - impedimento de gozar de qualquer benefício
relatórios da auditoria de que trata o inciso I ao Conselho fiscal em âmbito federal; e
Nacional do Esporte - CNE, sempre que forem beneficiárias de IV - suspensão por 6 (seis) meses dos repasses
recursos públicos, na forma do regulamento. de recursos públicos federais da administração direta e
§ 1º Sem prejuízo da aplicação das penalidades indireta, sem prejuízo do disposto no art. 18 da Lei no
previstas na legislação tributária, trabalhista, previdenciária, 9.615, de 24 de março de 1998.
cambial, e das consequentes responsabilidades civil e penal, a § 1o Os dirigentes de que tratam os incisos I e II do
infringência a este artigo implicará:
caput deste artigo serão sempre:
I - para as entidades de administração do desporto e
ligas desportivas, a inelegibilidade, por 10 (dez) anos, de seus I - o presidente da entidade, ou aquele que lhe
dirigentes para o desempenho de cargos ou funções eletivas ou faça as vezes; e
de livre nomeação, em quaisquer das entidades ou órgãos II - o dirigente que praticou a infração, ainda que
referidos no parágrafo único do art. 13 desta Lei; por omissão.
II - para as entidades de prática desportiva, a § 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os
inelegibilidade, por 5 (cinco) anos, de seus dirigentes para Municípios poderão instituir, no âmbito de suas
cargos ou funções eletivas ou de livre nomeação em qualquer competências, multas em razão do descumprimento do
entidade ou empresa direta ou indiretamente vinculada às
disposto nesta Lei, observado o valor mínimo de R$
competições profissionais da respectiva modalidade desportiva.
100,00 (cem reais) e o valor máximo de R$ 2.000.000,00 finalidade de fiscalizar o cumprimento do disposto nesta
(dois milhões de reais). Lei, poderão:
§ 3o A instauração do processo apuratório I - constituir órgão especializado de defesa do
acarretará adoção cautelar do afastamento torcedor; ou
compulsório dos dirigentes e demais pessoas que, de II - atribuir a promoção e defesa do torcedor aos
forma direta ou indiretamente, puderem interferir órgãos de defesa do consumidor.
prejudicialmente na completa elucidação dos fatos, além
da suspensão dos repasses de verbas públicas, até a Art. 41-A. Os juizados do torcedor, órgãos da Justiça
decisão final. Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser
LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998. - Institui normas criados pelos Estados e pelo Distrito Federal para o
gerais sobre desporto e dá outras providências. processo, o julgamento e a execução das causas
Art. 18. Somente serão beneficiadas com isenções decorrentes das atividades reguladas nesta Lei.
fiscais e repasses de recursos públicos federais da
administração direta e indireta, nos termos do inciso II do art. 217 CAPÍTULO XI-A
da Constituição Federal, as entidades do Sistema Nacional do
Desporto que:
DOS CRIMES
I - possuírem viabilidade e autonomia financeiras; Art. 41-B. Promover tumulto, praticar ou incitar a
II - (Revogado) violência, ou invadir local restrito aos competidores em
III - atendam aos demais requisitos estabelecidos eventos esportivos:
em lei; Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.
IV - estiverem em situação regular com suas § 1o Incorrerá nas mesmas penas o torcedor
obrigações fiscais e trabalhistas; que:
V - demonstrem compatibilidade entre as ações I - promover tumulto, praticar ou incitar a
desenvolvidas para a melhoria das respectivas modalidades
desportivas e o Plano Nacional do Desporto. violência num raio de 5.000 (cinco mil) metros ao redor do
Parágrafo único. A verificação do cumprimento das local de realização do evento esportivo, ou durante o trajeto
exigências contidas nos incisos I a V deste artigo será de de ida e volta do local da realização do evento;
responsabilidade do Ministério do Esporte. II - portar, deter ou transportar, no interior do
estádio, em suas imediações ou no seu trajeto, em dia de
Art. 38. (Vetado) realização de evento esportivo, quaisquer instrumentos
Art. 39. (Revogado) que possam servir para a prática de violência.
§ 2o Na sentença penal condenatória, o juiz deverá
Art. 39-A. A torcida organizada que, em evento converter a pena de reclusão em pena impeditiva de
esportivo, promover tumulto, praticar ou incitar a comparecimento às proximidades do estádio, bem
violência ou invadir local restrito aos competidores, como a qualquer local em que se realize evento esportivo,
árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou pelo prazo de 3 (três) meses a 3 (três) anos, de acordo
jornalistas será impedida, assim como seus com a gravidade da conduta, na hipótese de o agente ser
associados ou membros, de comparecer a eventos primário, ter bons antecedentes e não ter sido punido
esportivos pelo prazo de até 5 (cinco) anos. (2019) anteriormente pela prática de condutas previstas neste
artigo.
Art. 39-B. A torcida organizada responde civilmente, § 3o A pena impeditiva de comparecimento às
de forma objetiva e solidária, pelos danos causados por proximidades do estádio, bem como a qualquer local em
qualquer dos seus associados ou membros no local do que se realize evento esportivo, converter-se-á em
evento esportivo, em suas imediações ou no trajeto de ida privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento
e volta para o evento. injustificado da restrição imposta.
§ 4o Na conversão de pena prevista no § 2o, a
Art. 39-C. Aplica-se o disposto nos arts. 39-A e 39- sentença deverá determinar, ainda, a obrigatoriedade
B à torcida organizada e a seus associados ou membros suplementar de o agente permanecer em
envolvidos, mesmo que em local ou data distintos dos estabelecimento indicado pelo juiz, no período
relativos à competição esportiva, nos casos de: (2019) compreendido entre as 2h (duas horas) antecedentes e as
I - invasão de local de treinamento; 2h (duas horas) posteriores à realização de partidas de
II - confronto, ou induzimento ou auxílio a entidade de prática desportiva ou de competição
confronto, entre torcedores; determinada.
III - ilícitos praticados contra esportistas, § 5o Na hipótese de o representante do Ministério
competidores, árbitros, fiscais ou organizadores de Público propor aplicação da pena restritiva de direito
eventos esportivos e jornalistas voltados principal ou prevista no art. 76 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de
exclusivamente à cobertura de competições esportivas, 1995, o juiz aplicará a sanção prevista no § 2o.
mesmo que, no momento, não estejam atuando na LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995 -
competição ou diretamente envolvidos com o evento. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá
outras providências.
Art. 76. Havendo representação ou tratando-se de
Art. 40. A defesa dos interesses e direitos dos
crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de
torcedores em juízo observará, no que couber, a mesma arquivamento, o Ministério Público poderá propor a aplicação
disciplina da defesa dos consumidores em juízo de que imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser
trata o Título III da Lei no 8.078, de 11 de setembro de especificada na proposta.
1990. (...)

Art. 41. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 41-C. Solicitar ou aceitar, para si ou para
Municípios promoverão a defesa do torcedor, e, com a outrem, vantagem ou promessa de vantagem
patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou
omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de CRIME PENA
competição esportiva ou evento a ela associado: A torcida organizada que, em evento Será impedida de
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. esportivo, promover tumulto, praticar ou comparecer a
incitar a violência ou invadir local restrito eventos esportivos
Art. 41-D. Dar ou prometer vantagem patrimonial aos competidores, árbitros, pelo prazo de até 5
fiscais, dirigentes, organizadores ou anos.
ou não patrimonial com o fim de alterar ou falsear o
jornalistas.
resultado de uma competição desportiva ou evento a ela
associado:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. CAPÍTULO XII
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 41-E. Fraudar, por qualquer meio, ou Art. 42. O Conselho Nacional de Esportes – CNE
contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o promoverá, no prazo de 6 (seis) meses, contado da
resultado de competição esportiva ou evento a ela publicação desta Lei, a adequação do Código de Justiça
associado: Desportiva ao disposto na Lei no 9.615, de 24 de março de
Pena - reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos e multa. 1998, nesta Lei e em seus respectivos regulamentos.

Art. 41-F. Vender ingressos de evento esportivo, Art. 43. Esta Lei aplica-se apenas ao desporto
por preço superior ao estampado no bilhete: profissional.
Pena - reclusão de 1 (um) a 2 (dois) anos e multa.
Art. 44. O disposto no parágrafo único do art. 13, e
Art. 41-G. Fornecer, desviar ou facilitar a nos arts. 18, 22, 25 e 33 entrará em vigor após 6 (seis)
distribuição de ingressos para venda por preço superior meses da publicação desta Lei.
ao estampado no bilhete:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e Art. 45. Esta Lei entra em vigor na data de sua
multa. publicação.
Parágrafo único. A pena será aumentada de 1/3 (um
terço) até a metade se o agente for servidor público,
dirigente ou funcionário de entidade de prática
desportiva, entidade responsável pela organização da
competição, empresa contratada para o processo de
emissão, distribuição e venda de ingressos ou torcida
organizada e se utilizar desta condição para os fins
previstos neste artigo.

CRIMES – ESTATUTO DO TORCEDOR 01

ESTÁDIOS – ARTS. 41-B


02
CRIME PENA
Promover tumulto, praticar ou incitar a Reclusão de 1 a 2 03
violência, ou invadir local restrito aos anos e multa.
competidores. 04
Promover tumulto, praticar ou incitar a reclusão de 1 a 2
violência num raio de 5.000 metros ao anos e multa. 05
redor do local de realização do evento
esportivo. 06
Portar, deter ou transportar, no interior Reclusão de 1 a 2
do estádio, quaisquer instrumentos que anos e multa. 07
possam servir para a prática de
violência. 08

RESULTADO DOS JOGOS – ARTS. 41-C / 41-D / 41-E


CRIME PENA 09

Solicitar ou aceitar, vantagem ou Reclusão de 2 a 6


promessa de vantagem patrimonial ou anos e multa. 10

não patrimonial para qualquer ato ou


omissão destinado a alterar ou falsear o 11

resultado.
Dar ou prometer vantagem patrimonial Reclusão de 2 a 6 12

ou não patrimonial com o fim de alterar anos e multa.


ou falsear o resultado. 13

Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir Reclusão de 2 a 6


para que se fraude, de qualquer forma, o anos e multa. 14

resultado.
INGRESSOS – ARTS. 41-F /41-G 15

CRIME PENA
Vender ingressos de evento esportivo, Reclusão de 1 a 2
por preço superior. anos e multa.
Fornecer, desviar ou facilitar a reclusão de 2 a 4
distribuição de ingressos para venda por anos e multa.
preço superior.
TORCIDA ORGANIZADA – ART. 39-A

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