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SENTENÇA PENAL

RELATÓRIO

(Geralmente é dispensado para fins de provas)

FUNDAMENTAÇÃO

(EXISTÊNCIA DA CONDUTA)

A existência da primeira conduta, praticada no restaurante “Bom Almoço”, foi comprovada


pelas declarações dos ofendidos e pelo depoimento das testemunhas (nomes).

(AUTORIA DOS ACUSADO)

A autoria dos acusados Pedro e João foi igualmente demonstrada pelo reconhecimento pessoal
efetuado pelos ofendidos e testemunhas, cujas constatações foram reforçadas pela confissão
do acusado PEDRO.

(TESES DE ABSOLVIÇÃO...)

(QUALIFICADORAS E CAUSAS DE AUMENTO)

As causas especiais de aumento de pena decorrentes da restrição da liberdade e do concurso


de agentes (art. 157, §2°, II e V do CP) emergem da prova oral coligida, haja vista que os
ofendidos e testemunhas afirmaram que os acusados portavam armas de fogo, quando da
execução da conduta, bem como manteram sob seus poderes as vítimas, restringindo sua
liberdade por ____ (período).

O fato da conduta praticada ter afetado patrimônios distintos de quatro ofendidos implica ainda
a ocorrência de concurso formal (ou ideal) próprio (art. 70, caput, primeira parte, do CP).

Quanto à conduta segunda (IDEM PARA A SEGUNDA CONDUTA – “RESTAURANTE BOM


JANTAR”).

(CONTINUIDADE DELITIVA)

Cumpra reconhecer, entre as condutas anteriores, a ocorrência de continuidade delitiva


específica (art. 71, parágrafo único do CP), tendo em vista que se tratam de crimes de mesma
espécie (roubos circunstanciados), praticados em semelhantes condições de tempo (intervalo
de quinze dias), lugar (na mesma cidade) e modo de execução (concurso de agentes e com
restrição de liberdade das vítimas).

Estabelecida a premissa de ocorrência de dois crimes de roubo circunstanciado (art. 157, §2°, II
e V do CP), cada qual em concurso formal próprio e ambos em continuidade delitiva, passa-se a
individualização das penas dos acusados Pedro e João de acordo com o procedimento
estabelecidos nos arts. 59 e 68, caput, ambos do Código Penal.
(INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS - DOSIMETRIA)

(PRIMEIRA FASE)

A respeito do acusado Pedro, e considerando a primeira conduta praticada no restaurante “Bom


Almoço”, digo, observa-se na primeira fase da dosimetria das penas que a CULPABILIDADE,
compreendida como grau de censurabilidade da conduta, revelou-se bastante elevada em
relação ao patamar que seria inerente ao crime de roubo, pois o acusado desferiu um golpe
(“coronhada”) na cabeça de uma criança que se encontrava no local, tendo inserido sua arma
de fogo engatilhada na boca da mesma criança; quantos aos ANTECEDENTES, o acusado possui
condenação penal anterior transitada em julgado, mas que configura reincidência, devendo ser
considerada na segunda fase da dosimetria das penas; não há nos autos elementos de convicção
eu permitam aferir a CONDUTA SOCIAL e a PERSONALIDADE DO AGENTE; não houve MOTIVOS
diversos daqueles naturais do crime de roubo; as CIRCUNSTÂNCIAS do concurso de agentes e
privação de liberdade das vítimas configuram causas especiais de aumento de pena, devendo
por isso serem sopesados na terceira fase da dosimetria das penas; não houve CONSEQUÊNCIAS
específicas ou diversas daquelas ínsitas ao crime de roubo; o COMPORTAMENTO DAS VÍTIMAS
em nada influenciou a consecução do crime.

Diante de tais aspectos, dentre os quais um deles é reconhecido negativo (culpabilidade), deve
a pena-base ser elevada de 1/6 acima do mínimo legal, alcançando assim o patamar de 4 anos
e 8 meses de reclusão, bem como 11 dias-multa.

(SEGUNDA FASE)

Na segunda fase, observa-se a presença da circunstancia legal agravante de reincidência (61, I,


do CP), em face da certidão de fl. ___, que demonstra trânsito em julgado de condenação penal
anterior ao cometimento da conduta sob julgamento, sem que tivesse decorrido o período
depurador. Cabe ainda reconhecer a presença da circunstância legal atenuante da confissão
espontânea (art. 65, III, “d”, do CP), contida no interrogatório judicial do acusado.

Tendo em vista que a reincidência representa circunstancia preponderante (art. 67 do CP), em


face da confissão espontânea, segundo orientação do STF, deve a pena provisória ser agravada
de 1/8, resultando em 5 anos e 3 meses de reclusão e 12 dias multa.

(TERCEIRA FASE)

Na terceira fase, as causas especiais de aumento de pena relativas ao concurso de agentes e


privação de liberdade das vítimas (art. 157, §2°, II e V do CP), determina a majoração de 1/3, de
acordo com o critério estabelecido no enunciado da Súmula n° 443 do STJ, resultando a pena
definitiva em 7 anos de reclusão, bem como 16 dias multa.

(CONCURSO FORMAL)

Em que pese a ocorrência de concurso formal próprio (4 ofendidos), e para evitar bis in idem,
em face da presença concomitante de crime continuado, de acordo com a orientação do STJ.

(SEGUNDA CONDUTA)

(PENA BASE – PRIMEIRA FASE)

Em relação à segunda conduta praticada no restaurante “Bom Jantar”, na primeira fase da


dosimetria das penas, incorpora-se a fundamentação desenvolvida na conduta anterior,
ressalvada apenas a circunstância judicial da culpabilidade, que agora revelou ser aquela
inerente ao crime de roubo.

Diante de tais aspectos, sendo neutros todas as circunstâncias judiciais, deve a pena base
permanecer no patamar mínimo legal de 4 anos de reclusão e 10 dias multa.

(SEGUNDA FASE)

Na segunda fase, presente as circunstâncias legais da reincidência e da confissão espontânea,


deve a pena base ser agravada de 1/8, pelos mesmos motivos consignados na fundamentação
da conduta anterior, resultando a pena provisória no patamar de 4 anos e 6 meses de reclusão,
bem como 11 dias multa.

(TERCEIRA FASE)

Na terceira fase, a presença das causas especiais de aumento de pena, decorrentes do concurso
de agentes e restrição da liberdade das vítimas, determina a majoração das penas em 1/3, pelos
mesmos motivos declinados na fundamentação da conduta anterior, resultando a pena
definitiva em 6 anos de reclusão e 14 dias-multa.

(CRIME CONTINUADO DAS DUAS CONDUTAS)

Embora configurado o concurso formal próprio (3 ofendidos), a correspondente exasperação


deverá incidir apenas na consideração do crime continuado (mais amplo), a fim de evitar bis in
idem, conforme anteriormente consignado.

Tendo em vista a ocorrência da continuidade delitiva entre as condutas anteriores (art. 71, p.
único, do CP), deve a pena mais grave (aquela apurada na primeira conduta: 7 anos de reclusão
e 16 dias-multa) ser exasperada em 2/3 resultando a pena global de 11 anos e 8 meses de
reclusão e 26 dias-multa, cabendo salientar a aplicação do sistema de exasperação, inclusive
para a pena de multa, consoante orientação do STJ e a despeito da regra legal contida no art. 72
do Código Penal.

(REGIME INICIAL)

Para efeito de determinação do regime inicial para cumprimento da pena privativa de liberdade
deve ser computado, na pena aplicada, o tempo de prisão provisória (9 meses), de acordo com
a regra estabelecida no art. 387, §2° do Código de Processo Penal, apurando-se assim a
quantidade de 10 anos e 11 meses de reclusão.

Assim, considerando que a quantidade de pena privativa de liberdade (superior a 8 anos de


reclusão) e a reincidência do acusado, impõe-se a fixação de regime inicial fechado, nos termos
do disposto no art. 33, §2°, alínea “a”, do Código Penal.

(SUBSTITUIÇÃO DE PENA OU SURSIS)

Por identidade de motivos, não se cogita de substituição por penas restritivas de direitos (art.
44, I, do CP) nem de sursis (art. 71, caput, do CP).

Tendo em conta a precariedade de situação econômico de acusado (art. 60, caput do CP), deve
o valor unitário dos dias multa ser fixado no patamar mínimo legal de 1/30 do salário mínimo
vigente ao tempo da conduta.
(APLICAÇÃO DAS PENAS DO SEGUNDO ACUSADO “JOÃO”)

(SEMELHANTE AO JÁ REALIZADO...)

DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo PROCEDENTE a pretensão acusatória para condenar o acusado PEDRO
como incurso no art. 157, §2°, incisos II e V, do Código Penal, por quatro vezes em concurso
formal próprio (art. 70, caput, primeira parte do CP) e art. 157, §2°, incisos II e V, do Código
Penal, por três vezes em concurso formal próprio (art. 70, caput, primeira parte do CP), ambas
as condutas em continuidade delitiva específica (art. 71, parágrafo único, do CP), às penas de 11
anos e 8 meses de reclusão, em regime fechado, e ao pagamento de 26 dias multa, em valor
unitário de 1/30 do salário mínimo vigente ao tempo da conduta; PARA CONDENAR O ACUSADO
JOÃO, COMO INCURSO...

Considerando que os acusados se encontram presos cautelarmente, e considerando a aplicação


de pena privativa de liberdade em regime inicial fechado, deve ser mantida a prisão preventiva
dos acusados (art. 387, §1°, do CPP), em face da subsistência do requisito cautelar do periculum
libertatis, consistente na necessidade da prisão para garantia da ordem pública (art. 312, caput,
do CPP), haja vista a alta probabilidade de reiteração criminosa, revelada pela continuidade
delitiva de condutas.

Em face da ausência de requerimento do Ministério Público ou do ofendido, não se vislumbra a


possibilidade de fixação de valor mínimo para reparação dos danos suportados pelos ofendidos
(art. 387, III, do CPP), conforme orientação dos Tribunais Superiores.

Transitada em julgado a decisão penal condenatória:

a) oficie-se ao Instituto de identificação do Estado de ...;


b) oficie-se ao Egrégio Tribunal Regional do Estado de ...;
c) lance-se o nome dos condenados no rol dos culpados...;

Condeno ainda os acusados ao pagamento das custas e despesas processuais, em igual


proporção.

P.R.I.C.

Local, data.

Juiz de Direito Substituto

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