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FUNDAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

Curso de Habilitação a Oficial PM/2023

POLÍCIA MILITAR DO PIAUÍ


DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO
PROFISSIONAL
CURSO DE HABILITAÇÃO A OFICIAL PM/2023

FUNDAMENTOS DE
DIREITO PROCESSUAL PENAL
COMUM E MILITAR

TENCEL PM JOSÉ SOARES DE ALENCAR FILHO (CONTEUDISTA)

TERESINA-PI
JAN-2024
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FUNDAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR
Curso de Habilitação a Oficial PM/2023

APRESENTAÇÃO

Caríssimos alunos,

A disciplina de Fundamentos de Direito Processual Penal Comum e Militar acompanha o dia


a dia do policial militar, uma vez existir uma estreita correlação entre elas e a atividade-fim da Instituição,
sendo de suma importância aos alunos do Curso de Habilitação a Oficial PM, uma vez que se busca
evidenciar os assuntos mais práticos e usuais, com o intuito de poder desempenhar sua missão consciente
de que toda ação deve estar respaldada na legalidade, de modo a torná-la legítima e respeitada.
Portanto, procuramos, de maneira simples e eficaz, comentar um pouco acerca dos
conceitos e noções do Direito Processual Penal Comum e Militar e de Polícia Judiciária Militar, suas
atuais inovações, como as audiências de custódia, participação dos advogados nos procedimentos e a
ampliação da atuação dos advogados nos procedimentos de polícia judiciária comum e castrense, além de
noções sobre Inquérito Policial Militar – IPM, Auto de Prisão em Flagrante Delito – APFD,
Comparecimento Espontâneo (art. 262, do CPPM) e Termo de Deserção – TD, realizados no âmbito da
PMPI, bem como sobre o funcionamento da Justiça Militar Estadual, com ênfase na legislação castrense,
em seus aspectos mais aplicáveis, em especial no exercício da atividade de polícia judiciária militar para
atos que poderão ser realizados pelo futuro Oficial PM.

TenCel PM José Soares de Alencar Filho


Conteudista de Fundamentos de Direito Processual Penal Comum e Militar

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UNIDADE I

DIREITO PROCESSUAL PENAL COMUM

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UNIDADE I – DIREITO PROCESSUAL PENAL (COMUM)

1. O DIREITO PROCESSUAL PENAL

Para que o juiz possa dizer qual das partes tem razão, desenvolve intensa atividade, e a essa
atividade, visando à aplicação da lei ao caso concreto, chama-se PROCESSO.
O processo instaura-se com a provocação do autor – aquele que pede a tutela jurisdicional. Vale
dizer que o processo se inicia com o direito de ação.
Nesse compasso temos o Direito Processual Penal com um ramo jurídico autônomo, subdivisão
do Direito Processual que se encaixa no grande ramo do Direito Público.
O Direito Processual Penal brasileiro é regido, em linhas gerais, pelas garantias e determinações
insculpidas na Constituição Federal de 1988 e, especificamente, pelo Código de Processo Penal - CPP (Decreto-Lei
nº 3.689/1940).
Há disposições de cunho processual penal em outros diplomas legislativos, como por exemplo na Lei
Federal nº 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais) ou na Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
O processo penal é o instrumento necessário e suficiente à realização da jurisdição penal. A
Constituição brasileira afirma que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal" (Art. 5º, LIV).
Cabe ao processo penal a averiguação das provas apresentadas pelas partes, de acordo com suas
linhas argumentativas, de modo que o juiz seja livremente convencido e julgue o réu de acordo com seu
entendimento acerca do fato investigado através das provas a ele trazidas nos autos.
O processo penal para sua consecução segue diversos procedimentos investigatórios (por meio da
Polícia Judiciária na apuração dos crimes comuns e Polícia Judiciária Militar para os crimes militares definidos em
lei), ou ritos, de acordo com a natureza do crime que se pretende julgar, ou de acordo com a pena em abstrato
prevista para tal delito.
Os procedimentos processuais previstos no Código de Processo Penal brasileiro e adotados na Justiça
Comum são o rito ordinário, o rito sumário e o rito do Tribunal do Júri.
Já o rito sumaríssimo, previsto na Lei nº 9.099/95, é o estabelecido no âmbito dos Juizados
Especiais cíveis e criminais, subsidiados supletivamente pelo Código de Processo Penal.

Os resultados possíveis do processo penal são:

a) Absolvição, quando resta provado que o acusado não é autor do fato típico ou quando
sobre ele incide uma ou mais excludentes de culpabilidade ou antijuridicidade, liberando o absolvido de quaisquer
obrigações com o Estado ou com qualquer parte do processo.
b) Condenação, quando resta provado que o acusado é autor do fato típico, antijurídico e
culpável. A condenação gera, na maior parte das vezes, a aplicação da sanção penal prevista em abstrato para o
crime de que o réu foi considerado culpado, além de ensejar a possível responsabilidade civil ex delicto do réu para
com a vítima;
c) Aplicação de medida de segurança, quando se determina que, embora autor da ação ou
omissão típica e antijurídica, o réu é inimputável, ou seja, não possuía, no momento do fato, capacidade mental de
entender a ilicitude de sua ação ou guiar-se de acordo com este entendimento; para aplicação de medida de
segurança entende-se que o réu deve ser considerado perigoso para a sociedade devido ao transtorno mental que o
torna inimputável, pelo que delibera-se interná-lo em instituição psiquiátrica para tratamento de sua patologia;
d) Aplicação de medida educativa, quando o acusado é autor do fato típico e antijurídico,
mas, por não ter ainda atingido a idade mínima legal para sujeição à sanção penal (no Brasil, a idade de 18 anos), é
submetido a medida educativa (nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente).
e) No caso do porte de drogas que não se caracterize tráfico, na forma da Lei nº
11.343/06, adoção das medidas pertinentes, previstas nos incisos do art. 28 do mesmo espeque legal.

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O Processo Penal é regido por princípios, muitos deles previstos no CPP ou mesmo na própria
Constituição Federal:

• Princípio do Devido Processo Legal:


CF: "Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LIV – ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal;"

• Princípio do Estado de Inocência (ou Presunção de Inocência ou Não Culpabilidade)


É previsto no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal e vigora que "ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". Dessa maneira, predispõe esse princípio (direito
fundamental da pessoa humana) que, todo cidadão é inocente até quando sobrevier sentença penal condenatória
transitada em julgado, ou seja, até decisão condenatória que não admita mais recurso. Esse princípio fundamenta,
por exemplo, a regra da liberdade do réu no processo penal;

• Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa


Por esse princípio processual constitucional, todos que sejam submetidos a um processo penal, têm o
direito de ter ciência e oportunidade para (representada por advogado legalmente habilitado, é claro) contraditar à
acusação e influir no convencimento judicial (princípio do contraditório). Com a mesma ideia, está o Princípio da
Ampla Defesa, que significa o direito do acusado de produzir todas as provas possíveis em seu favor, desde que
observadas as disposições constitucionais e legais.

• Princípio da Proibição de Provas Ilícitas


O Princípio da Proibição de Provas Ilícitas encontra respaldo no artigo 5º, LVI, da Constituição
Federal que traz o preceito de que "são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”. Da mesma
forma também o faz através do artigo 157 do Código do Processo Penal com o enunciado de que “são
inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação
a normas constitucionais e legais.” Do enunciado do diploma processual podemos inferir conceitualmente que será
prova ilícita aquela que transgredir normas de natureza material.
A prova também pode ser ilícita por derivação, ou seja, quando da prova ilícita se consegue uma nova prova, a
princípio, lícita. Trata-se da conhecida teoria dos frutos da árvore envenenada, surgida nos Estados Unidos em
1920, onde os vícios da árvore contaminam os seus frutos. A teoria em questão está prevista no Código do Processo
Penal no art. 157, § 1º, que determina que “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando
não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fonte independente das primeiras.” Ou seja, a prova ilícita contamina as provas subsequentes que forem derivadas
diretamente dela, salvo algumas exceções a serem verificadas mais à frente.

• Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade


Desde a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, já se exigia a observância da
proporcionalidade entre a gravidade do crime praticado e a sanção aplicada, in verbis: "a lei só deve cominar penas
estritamente necessárias e proporcionais ao delito" (art. 15). A Constituição Federal Brasileira recepciona, em
vários dispositivos, o princípio da proporcionalidade tais como: exigência da individualização da pena (art. 5º,
XLVI) e a proibição de determinadas modalidades de sanções penais (art.5º, XLVII). O princípio da
proporcionalidade, de origem constitucional, é de caráter formal e ordenatório e impõe que se justifique qualquer
intervenção nos direitos fundamentais. A gravidade do ilícito é diretamente proporcional à severidade da pena. Os
princípios da proporcionalidade e da razoabilidade não se confundem, apesar de estarem intrinsecamente ligados e,
em alguns aspectos, bem identificados. O princípio da razoabilidade tem por função anular estes conflitos, ou
colisão, de direitos fundamentais. Através da ponderação apresentará a solução mais razoável ao problema.
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Razoável é aquilo que tem aptidão para atingir os objetivos a que se propõe, sem, contudo, representar excesso
algum. Desta forma, a razoabilidade acaba por exercer função controladora na aplicação do princípio da
proporcionalidade.

• Princípio da Busca da Verdade Real


Este princípio fala sobre a procura dos fatos que componham a verdade para se compor uma
sentença justa. Por esse princípio, fundamentado no art. 186 do Código de Processo Penal, é admissível que o juiz
produza provas, mas só na parte processual, sendo sempre complementar as lacunas deixadas pelas partes. O
princípio da verdade é um dos mais relevantes princípios do Processo Penal. Além dele, temos ainda o princípio da
presunção da inocência ou da não-culpabilidade, o princípio da imparcialidade do juiz, da igualdade processual, do
contraditório ou bilateralidade da audiência, princípio da ampla defesa, da ação, demanda ou iniciativa das partes,
da oficialidade, oficiosidade, da obrigatoriedade, da indisponibilidade, do impulso oficial, da motivação das
decisões, da publicidade, do duplo grau de jurisdição, do juiz natural, do promotor natural ou do promotor legal,
dentre outros. Todos esses princípios norteiam o Processo Penal, respaldando-se na Constituição da República
Federativa do Brasil a fim de garantir a não-opressão arbitrária do Estado e também viabilizando a efetividade da
prestação jurisdicional.

• Princípio do Nemo Tenetur Se Detegere ou da Não Autoincriminação


Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo, conforme o art. 5º, LXIII, "o preso será
informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e
de advogado." O princípio do nemo tenetur se detegere (ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo)
“objetiva proteger o indivíduo contra excessos cometidos pelo Estado, na persecução penal, incluindo-se nele o
resguardo contra violências físicas e morais, empregadas para compelir o indivíduo a cooperar na investigação e
apuração de delitos, bem como contra métodos proibitivos de interrogatório, sugestão e dissimulações”. Qualquer
pessoa é titular do direito de não-autoincriminação, caso lhe seja imputado ato ilícito, não importando se estiver
preso, em liberdade, condenado ou indiciado. Incumbe a quem acusa produzir as provas que comprovem a culpa.
Em suma, pode-se dizer que o direito de não produzir prova contra si mesmo, que tem lugar na fase
investigatória e no curso da instrução processual, abrange: a) o direito ao silêncio ou direito de ficar calado (CF,
art 5º, LXIII), b) o direito de não ser coagido a confessar a prática de ilícito penal: o acusado não é obrigado a
confessar a prática do delito. Portanto, por força do princípio do nemo tenetur se detegere, ninguém pode ser
coagido a confessar a prática de uma infração penal; c) inexigibilidade de dizer a verdade: o dever de dizer a
verdade não é dotado de coercibilidade, já que não há sanção contra a mentira do investigado/acusado no Brasil. A
inexigibilidade de dizer a verdade deve ser tolerada por força no princípio do nemo tenetur se detegere; d) direito
de praticar qualquer comportamento ativo que possa incriminá-lo: não se pode exigir um comportamento
ativo do acusado que possa resultar a autoincriminação; e) direito de não produzir nenhuma prova
incriminadora invasiva: nesse ponto, é importante entender o que se entende por intervenções corporais, assim
como o conceito de provas invasivas (são as intervenções que pressupõem penetração no organismo) e não
invasivas (inspeção ou verificação corporal). São exemplos de intervenções corporais: exame de sangue,
ginecológico, identificação dentária, endoscópica, exame de reto, entre outras tantas perícias como o exame de
materiais fecais, de urina, de saliva, exames de DNA usando fios de cabelo, identificações datiloscópicas de
impressões dos pés, unhas e palmar e também radiografias.”

2. O DIREITO DE AÇÃO E A AÇÃO PENAL – CONCEITOS

Na ação penal, é onde temos a função exclusiva do Estado no jus puniendi, ou seja, apenas o Estado
Juiz (seja ele personificado na pessoa do juiz, seja ele por meio de um tribunal) é quem pode fazer a Justiça, ajuizar
a ação penal por ato do Ministério Público (o titular da ação penal) portanto, constitui-se em crime o popular “fazer
justiça com as próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora seja legítima”, delito descrito no Código Penal, em
seu “art. 345 - Exercício arbitrário das próprias razões”.
Embora sendo o Estado o titular do direito de punir, não pode fazê-lo valer com o uso direto da

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força. Pelo respeito à dignidade humana e à liberdade individual, ele se submete ao próprio império da lei,
autolimitando o seu poder repressivo e assegurando, para tranquilidade de todos, a aplicação da lei ao caso
concreto, por meio de penalidades e através, também, dos órgãos jurisdicionais. Deste modo, a pena só poderá ser
aplicada após comprovação da responsabilidade do infrator (através do processo) e mediante decisão do órgão
jurisdicional.
Ora, esse direito que tem o estado de levar ao conhecimento do juiz um fato que se reveste de
aparência de infração penal, indicando-lhe o pretenso autor e, ao mesmo tempo, pedindo-lhe a aplicação do direito
penal objetivo, nada mais é que o direito de AÇÃO PENAL, previsto no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.

3. CLASSIFICAÇÃO SUBJETIVA DA AÇÃO PENAL

A Ação Penal, levando-se em consideração o sujeito que a promove, pode ser PÚBLICA ou
PRIVADA. Pública, quando promovida pelo Ministério Público, e que constitui a regra do Direito Penal. Privada,
quando promovida pelos particulares.
As ações privadas ocorrem em certas infrações penais que afetam muito mais o interesse particular
que o social.
A Ação Penal Pública quanto ao seu exercício pode ser condicionada ou incondicionada.
Diz-se incondicionada, quando o seu exercício não depende de manifestação de vontade de quem
quer que seja. Condicionada, quando a propositura da Ação Penal depende de uma manifestação de vontade. Esta
manifestação de vontade se cristaliza num ato que se chama de REPRESENTAÇÃO ou REQUISIÇÃO DO
MINISTRO DA JUSTIÇA.
A Ação Penal Pública inicia-se através de um ato processual, chamado DENÚNCIA, que é
apresentada pelo representante do Ministério Público. Tratando-se de Ação Penal Privada, a sua peça inicial é
denominada QUEIXA.

A Ação Penal Privada se apresenta sob três modalidades:

a) Ação Penal Privada Propriamente Dita, que somente poderá ser exercida pela vítima ou quem
legalmente a represente e, no caso de morte, por qualquer uma das pessoas citadas no Art. 31 do CPP;
b) Ação Penal Privada Subsidiária da Pública: é aquela iniciada através de queixa, quando,
embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não haja oferecido a denúncia no prazo legal (Art. 29 do
CPP):
c) Ação Penal Privada Personalíssima, isto é, aquela cujo exercício caiba apenas ao ofendido.

4. A POLÍCIA JUDICIÁRIA

A polícia judiciária é uma função dos órgãos da segurança do Estado que tem como principal
atividade apurar as infrações penais civis e militares e sua autoria por meio da investigação policial, que é um
procedimento administrativo com característica inquisitiva, servindo, em regra, de base à pretensão punitiva do
Estado, formulada pelo Ministério Público civil ou militar, titular da ação penal de iniciativa pública.
No Brasil as atribuições de polícia judiciária são da competência das Polícias Civis das 27 unidades
da federação (Polícias Civis dos Estados e do Distrito Federal), das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
Militares (Polícia Judiciária Militar) e da Polícia Federal, de acordo com os parágrafos 1º e 4º, do artigo 144, da
Constituição Brasileira.
Nos termos do § 4º, do artigo 144, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, "às
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União
(Polícia Federal), as funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais, exceto as militares”. Estas
são realizadas pelos Oficiais PM/BM.

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A apuração das infrações penais (crimes/contravenção penal), conhecida também como investigação
policial, é realizada no curso do Inquérito Policial, previsto no Código de Processo Penal brasileiro. O Inquérito
Policial é conduzido de forma independente por cada Polícia Civil, Polícia Militar ou Polícia Federal, que o
remetem ao juízo criminal competente após a sua conclusão. O Ministério Público poderá requisitar diligências
complementares destinadas a melhor instrui-lo para o oferecimento da ação penal.
As Polícias Civis, as Polícias Militares e a Polícia Federal exercem a polícia judiciária, em sede de
procedimento preparatório ao processo penal (inquérito policial Civil ou Militar), auxiliam o poder judiciário (do
qual compõe também a Justiça Militar), através da coleta de provas e do esclarecimento da autoria e da
materialidade do crime. Embora alguns doutrinadores definam o inquérito policial como "mera peça informativa", é
certo que as provas ali coletadas, mormente as provas técnicas (perícias), são aproveitadas no processo judicial.
Aliás, a imensa maioria das ações penais é baseada em Inquérito Policial.
Na Carta Magna não existe a Polícia Judiciária como um órgão de segurança pública sendo
equivocado dizer que uma ou outra Polícia se chama polícia judiciária, pois esta é apenas uma função de várias
polícias que constam na carta magna e não tem qualquer relação de subordinação com nenhum órgão ou instituição
do poder, nem mesmo com o Ministério Público, a quem incumbe apenas o controle externo da atividade policial.
É que tal controle faculta ao Ministério Público a supervisão do andamento do inquérito, sem
poderes, porém, para ingerir na presidência do inquérito policial, que cabe somente, na forma da Lei 12.830/13, aos
Delegados de Polícia (Civil e Federal) na consecução do disposto pelo art. 4º1 do Código de Processo Penal (CPP)
e aos Oficiais das Forças Armadas, das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, na forma do arts. 7º e
15 do Código de Processo Penal Militar (CPPM).
Nestes últimos casos os Oficiais militares, inclusive, podem se tornar momentaneamente JUÍZES
MILITARES, o que denota uma ligação ainda mais interligada a função de Polícia Judiciária com Justiça Militar,
através do Direito Processual Penal Militar.
Segundo o eminente Rogério Greco, mesmo as requisições do Ministério Público, se entendidas
impertinentes, inadequadas ou prejudiciais ao andamento do inquérito policial, podem ser rejeitadas pelo Delegado,
ou pelo Oficial Militar, por despacho fundamentado, sem que haja o risco de constituir crime de desobediência,
uma vez não haver relação hierárquica entre Delegado/Oficial Militar e Promotor de Justiça.

4.1. OS PROCEDIMENTOS DE POLÍCIA JUDICIÁRIA

Os procedimentos de polícia judiciária, ou seja, realizados pela Polícia Civil (Delegados de


Polícia) no Estado do Piauí, previstos pelo Direito Processual Penal, são os seguintes: Boletim de Ocorrência
Circunstanciado - BOC, nos casos de ato infracional (praticado por menor de idade) sem violência ou grave
ameaça a pessoa, o Termo Circunstanciado de Ocorrência –TCO (este com previsão na Lei nº 9.099/95, para as
contravenções e os crimes de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles em que a lei comine pena máxima não
superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa), o Auto de Prisão em Flagrante Delito – APFD ou Auto
de Apreensão em Flagrante Delito – AAFD (para o caso de ato infracional cometido com violência ou grave
ameaça a pessoa), e o Inquérito Policial – IP, para investigação de infrações penais e de sua autoria.
No Estado do Piauí, os procedimentos de polícia judiciária são realizados pela Polícia Federal, nos
crimes de sua atribuição especial, e pela Polícia Civil, nas infrações penais de sua atribuição, na Capital e nas
cidades do Interior, por suas respectivas delegacias.
Código de Processo Penal
Art. 4º do CPP, a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas
circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem
por lei seja cometida a mesma função.

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4.1.1. BOLETIM DE OCORRÊNCIA CIRCUNSTANCIADO (BOC)


O Boletim de Ocorrência Circunstanciado está previsto no parágrafo único do artigo 173 do Estatuto
da Criança e Adolescente e será lavrado quando o menor de idade cometer um ato infracional sem violência ou
grave ameaça a pessoa.
Segundo o artigo 173 do ECA, cometido ato infracional com violência ou grave ameaça a pessoa
será lavrado o Auto de Apreensão em Flagrante.

4.1.2. TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (TCO)

O Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) é um procedimento de polícia judiciária, que


consiste no registro de um fato tipificado como infração de menor potencial ofensivo, ou seja, os crimes de menor
relevância, que tenham a pena máxima cominada em até 02 (dois) anos de cerceamento de liberdade ou multa.
Foi adotado pela primeira vez no ordenamento jurídico brasileiro com o advento da Lei n.º 9.099/95,
de 26 de setembro de 1995 (Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais), sendo a alternativa formal à adoção do
"auto de prisão em flagrante delito", para o registro da custódia do autor de uma infração de menor potencial
ofensivo, em estado de flagrância. Senão vejamos:
Lei Federal n.º 9.099/95, senão vejamos:
(...) Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará TERMO
CIRCUNSTANCIADO e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá
prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá
determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima. (Redação dada pela Lei nº 10.455, de 13/05/02).
Há uma controvérsia quanto quem é competente pela lavratura do Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO), se Polícia Civil por exclusividade, em respeito ao princípio da Polícia Judiciaria Natural, ou se
pela Polícia Militar por omissão por parte da Lei nº n.º 9.099/95. O que se verifica em estados da Federação é que
gradativamente tal procedimento bem sendo realizado pela Polícia Militar, como vem ocorrendo desde o final da
década de 1990, tendo com precursora naquele ano, a Polícia Militar do Estado o Paraná (PMPR) seguida das
Polícias Militares do Rio Grande do Sul (Brigada Militar - BMRS) desde 1996, de Santa Catarina (PMSC) desde
1998, do Estado de São Paulo (PMESP) desde o ano 2001, de Rondônia desde o ano de 2016 e do Piauí desde o
ano de 2019.
Já há quem entenda que pela Lei nº 12.830/13 (ar. 2º, §1º) seja o Delegado de Polícia, na qualidade
de autoridade policial, a autoridade policial a quem caberá a investigação criminal por meio de inquérito policial ou
outro procedimento previsto em lei, incluindo-se neste caso o TCO, como mais uma espécie de procedimento
investigatório da polícia judiciária, uma vez que a Lei dos Juizados Especiais, manteve nas mãos do delegado de
polícia a função de conduzir a investigação criminal, ao dispor que a “autoridade policial que tomar conhecimento
da ocorrência lavrará termo circunstanciado” (art. 69, da Lei nº 9.099/95), além do que o fato de a apuração de
infração de menor potencial ofensivo ser mais simples não desnaturar o caráter investigativo do termo
circunstanciado de ocorrência.
No Estado do Piauí, apesar de toda uma polêmica provocada por associações de classes da PC/PI
vemos, como mencionado anteriormente, que é sim, lavrado pela PMPI, o Termo Circunstanciado de Ocorrência –
TCO, devidamente autorizado por força do Decreto nº 17.999, de 19/11/2018, que estabeleceu diretrizes para a
lavratura do TCO pela PMPI, alterado pelo Decreto nº 18.089/19, de 15/01/2019 dentre outras coisas, prevê o
impedimento de se levarem pessoas para interior de quarteis a fim de serem submetidas à lavratura de Termo
Circunstanciado de Ocorrência - TCO, porém em nada obstando ser lavrado o Termo pela PMPI nas Delegacias ou
outros locais, tendo sido regulamentado pelo Comando Geral da PMPI por meio da Portaria nº 337, de 29/11/2018
as normas gerais para elaboração e tramitação do TCO, no âmbito da PMPI, arrimado na Recomendação do
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Ministério Público do Piauí, de 02/10/18, que orienta os Promotores de Justiça do Estado a receberem os boletins,
relatórios, termos que circunstanciem de ocorrências, peças de informação, lavrados pela Polícia Militar, sempre
que presentes os elementos suficientes para opinio delicti, e, por fim referendado pelo Provimento nº 19, do TJ/PI
de 17/12/18, que autoriza aos Juízes Estaduais da receberem os TCO lavrados pela PMPI, sendo hoje uma realidade
na Corporação, executado por meio do sistema Syspm/PMPI Mobile, na maior parte dos municípios do Estado.

O Termo Circunstanciado de Ocorrência no caso de usuário de drogas ilícitas


Em relação ao usuário de droga ilícita (que não for traficante) a Lei nº 11.343/06 (Lei das Drogas),
adotou o paradigma terapêutico e não o punitivo.
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para
consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos
das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III – medida educativa de
comparecimento a programa ou curso educativo.
O uso indevido de drogas continua sendo um ilícito porque está previsto como crime no art. 28 da
Lei 11.343/06. Mas crime sem punição. Sua pena não é castigo, mas tratamento, ou seja, aquele que for processado
por posse de droga para uso próprio tem direito a um projeto terapêutico individualizado, salvo se houver concurso
com os crimes previstos nos art. 33 a 37 desta Lei. O usuário de drogas ilícitas será processado e julgado na forma
do art. 60 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais
Criminais.
De acordo Lei nº 11.343/06, tratando-se da conduta prevista no seu art. 28, não se imporá prisão em
flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente, para os fins do disposto no
art. 76 da Lei nº 9.099, de 1995, que dispõe sobre os Juizados Especiais Criminais, podendo o Ministério Público
propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 dessa lei, a ser especificada na proposta.
Ocorre a “vedação da detenção do agente” (§3º) que se justifica pela mudança do paradigma:
pela adoção da pena-tratamento e proibição da pena-castigo. A vedação da prisão em flagrante (§2º) já existia
desde 2001, passando com a Lei 11.343/06, apesar de toda a controvérsia existente, a ser um problema de saúde
pública e não de polícia.
Agora, o usuário de drogas (maior ou menor) flagrado poderá até ser levado (conduzido) para a
delegacia de polícia, porém sendo vedada a sua detenção permanente na Delegacia.
Vedada a detenção na repartição policial, ocorrerá o encaminhamento o mais imediato possível do
conduzido ao juizado competente, não podendo ser por condução coercitiva.
O usuário flagrado não pode ser levado detido – algemado na viatura – para o juizado. Não havendo
plantão 24 horas no juizado para receber os usuários flagrados, o comparecimento ao juizado deve ocorrer em data
próxima, previamente agendada entre a autoridade policial e o juízo competente, ficando consignado em Boletim
de Ocorrência Circunstanciado - BOC o seu compromisso.
A autoridade policial e não necessariamente a autoridade de polícia judiciária, no local em que se
encontrar, deverá apreender a droga, lavrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO (Art. 48, §2º e 3º, da
Lei 11.343/06), e nele consignar a intimação do usuário para comparecer ao juizado na data marcada ou colher o
compromisso de a ele comparecer, consoante o §5º do mesmo artigo 48, para os fins do disposto no art. 76 da Lei
nº 9.099, de 1995, que dispõe que o Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art.
28 dessa Lei, a ser especificada na proposta.
Ao analisar o TCO, poderá a autoridade de polícia judiciária (Delegado de Polícia) concluir pela
conveniência de realização de exame de corpo de delito no usuário para apurar eventual abuso de autoridade. Nesta
hipótese, o exame de corpo de delito também pode ser requerido pelo próprio usuário à autoridade de polícia
judiciária (§4º).

4.1.3. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO (APFD) E AUTO DE APREENSÃO EM


FLAGRANTE (AAF)

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Flagrante delito é a certeza da existência do crime. Se vê em flagrante delito o indivíduo que se está
cometendo um crime ou acabou de cometê-lo ou, é perseguido logo após pelo ofendido, autoridade ou qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração.
A formalização da prisão como ato administrativo de polícia judiciária independe de mandado de
autoridade competente, dispensando a ordem escrita.
Da situação de flagrância decorre a necessidade social de fazer cessar a prática criminosa e a
perturbação da ordem, tendo também o sentido de salutar providência acautelatória a formalização e junção das
provas da materialidade do fato e da respectiva autoria, por meio do procedimento específico de Polícia
Judiciária, denominado Auto de Prisão em Flagrante (APF).
No Processo Penal Comum, o Auto de Prisão em Flagrante é lavrado pelo Delegado Polícia (Civil ou
Federal), consoante o art. 301 e seguintes do Decreto-Lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941 (Código de Processo
Penal – CPP).
A prisão em flagrante tem caráter de medida cautelar de natureza processual que dispensa a ordem
escrita, sendo originariamente e expressamente prevista na Carta Magna em seu art. 5º, inciso LXI:

Art. 5º...
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente
militar, definidos em lei.
O Código de Processo Penal (CPP), por sua vez, no seu art. 283, prescreve:
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e
fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória
transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão
temporária ou prisão preventiva.
(...) §2º A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio.

Esta prisão pode ser feita por qualquer pessoa do povo, não é ato privativo da autoridade policial. Ao
cidadão, é dada a faculdade de prender quem quer que seja encontrado na aludida situação; entretanto, à autoridade
policial civil ou militar é imposta a obrigatoriedade de prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Os ritos e atos procedimentais do Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD) previstos no Código
de Processo penal estão descritos no item 5.1. Da Prisão em Flagrante, nesta apostila.
Temos ainda, como ato de Polícia Judiciária inerente aos atos infracionais (condutas delituosas
análogas aos crimes ou contravenções penais) praticados pelos menores (crianças ou adolescentes), o Auto de
Apreensão em Flagrante de Ato Infracional (AAF), realizado pelo delegado de Polícia Civil (ou federal), tendo
como destinatários no Estado do Piauí, as distritais ordinárias no interior, sendo que na Capital - Teresina as
especializadas - Delegacia de Segurança e Proteção ao Menor (DSPM) sendo o infrator adolescente ou se criança a
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), para os fins, se necessário, de pertinente Inquérito
Policial, o qual deverá ser encaminhado ao final, ao Juizado da Infância e Juventude ou Juízo da Comarca na
cidade do Interior do Estado.

4.1.4. INQUÉRITO POLICIAL (IP)

4.1.4.1. Considerações gerais.

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Com previsão estampada no Livro I, Título II, do CPP, o Inquérito Policial (IP) tem, via de regra, 02
(duas) origens: a notícia de um crime (seja ela de origem interna ou externa) ou uma prisão em flagrante,
formalizada pelo auto de prisão em flagrante (APF) ou auto de apreensão em flagrante (AAF).
O ato que marca temporalmente seu início, conforme o caso, se dá pela portaria de instauração
do inquérito policial, ou por meio da formalização do auto de prisão ou apreensão em flagrante, no segundo
caso. De acordo com o art. 5º, §3º, do Código de Processo Penal (CPP), “qualquer pessoa do povo que tiver
conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito,
comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito”.

Nos crimes de ação penal pública, o CPP prevê, no mesmo art. 5°, 02(duas) formas de início do
Inquérito Policial:
a) de ofício;
b) ou mediante requisição da autoridade judiciária, do Ministério Público, ou requerimento do
ofendido ou seu defensor.

No caso de requerimento do ofendido, o CPP prevê ainda seus elementos:

a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;


b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou
de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.

A requisição de instauração, por sua vez, embora não haja previsão expressa no CPP, deve conter a
descrição dos fatos a serem investigados, bem como documentos que a instruam minimamente, como diligências
realizadas na esfera administrativa, cópias de procedimentos fiscais etc.
De acordo com o art. 5º, §4º, do CPP, o inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de
representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Da mesma forma, pelo §5º, do mesmo artigo, nos crimes de ação privada, a autoridade policial
somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.

4.1.4.2. Atos de investigação (diligências)

Para o desenvolvimento da investigação, o Código de Processo Penal prevê diversas diligências que
podem ser realizadas na sua fase instrutória, as quais podemos dividir entre ordinárias e extraordinárias.
As diligências ordinárias estão previstas nos arts. 6º e 7° do CPP, que estabelecem como
diligências:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das
coisas, até achegada dos peritos criminais;
b) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
c) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias;
d) ouvir o ofendido;
e) ouvir o indiciado, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham
ouvido a leitura;
f) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
g) determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras
perícias;
h) ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos
autos sua folha de antecedentes;

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i) averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua
condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e
quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
j) colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma
deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado
pela pessoa presa.
k) Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a
autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie
a moralidade ou a ordem pública.

Nessa fase, é possível ainda a realização de diligências extraordinárias, como a representação por
medidas cautelares sujeitas a reserva de jurisdição, tais como a quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico,
telemático, bem como a interceptação telefônica, busca e apreensão, infiltração policial, colaboração premiada e
ação controlada, entre outras.

4.1.4.3. Indiciamento

Uma vez finda a fase de colheita dos elementos probatórios, que pode ser chamada de fase de
“instrução” do inquérito policial, a autoridade policial, mediante análise técnico-jurídica dos fatos, poderá
proceder ao ato de indiciamento do(s) investigado(s), quando presentes os indícios de autoria e
materialidade, nos termos do §6° do art. 2° da Lei 12.830/2013.
A Lei 12.830/2013 trouxe, em seu art. 2°, §6º, “o indiciamento, privativo do delegado de polícia”,
dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria,
materialidade e suas circunstâncias”.
O delegado realiza juízo de valoração da conduta no inquérito policial, agindo como juiz do fato, não
sendo, o juiz das linhas do processo, mas, apenas, do fato bruto.
Sua natureza, pode ser entendida como um ato administrativo com efeitos processuais, cujas
consequências são bastante claras.
Para Steiner (1998),“O indiciamento formal tem consequências que vão muito além do eventual
abalo moral que pudessem vir a sofrer os investigados, eis que estes terão o registro do indiciamento nos Institutos
de Identificação, tornando assim público o ato de investigação. Sempre com a devida vênia, não nos parece que a
inserção de ocorrências nas folhas de antecedentes comumente solicitadas para a prática dos mais diversos atos da
vida civil seja fato irrelevante. E o chamado abalo moral diz, à evidência, com o ferimento à dignidade daquele
que, a partir do indiciamento, está sujeito à publicidade do ato”.
Saad (2004) preleciona ainda o indiciamento como condição para o exercício do direito de defesa na
fase investigatória “a partir do qual se deve, necessariamente, garantir a oportunidade ou ensejo ao exercício do
direito de defesa”.
Deve ser destacado ainda que o ato de indiciamento no inquérito policial é privativo do presidente da
investigação, sendo incabível, no caso, requisição por parte do Ministério Público ou do Poder Judiciário para que o
faça, tendo em vista ser ato de seu juízo de valor.
Dessa forma, requisições para indiciamento formuladas no bojo da investigação são ilegais e não
carecem de cumprimento.

4.1.4.4. Prazos do Inquérito

De acordo com o art. 10, do CPP o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado
tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia
em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.

4.1.4.5. Relatório

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O Relatório no Inquérito Policial consiste no ato que marca o encerramento da investigação, quando
a autoridade aponta as diligências realizadas e sua interpretação técnico-jurídica dos fatos.
A autoridade policial (delegado) fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos
ao juiz competente.
No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido inquiridas, mencionando
o lugar onde possam ser encontradas.
Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao
juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do
inquérito.
O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Incumbirá ainda à autoridade policial:
1) fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos
processos;
2) realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
3) cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias;
4) representar acerca da prisão preventiva.

O relatório pode prescindir do indiciamento, que somente ocorre quando presente os indícios de
materialidade e autoria de infração penal.
No relatório do Inquérito Policial, abrem-se três possibilidades ao Ministério Público:
1) requisitar novas diligências (necessárias);
2) desempenhar a opinio delict, por meio do oferecimento de denúncia; ou
3) pedir o arquivamento.

No caso de arquivamento, caso o juiz discorde, deve aplicar o art. 28 do Código de Processo Penal,
remetendo os autos ao procurador-geral, que, concordando com as razões apresentadas pelo juiz, deve designar
novo promotor para atuar no caso.
Esses são, em síntese, os passos por quais percorre o inquérito policial de sua instauração até o seu
encerramento com o relatório final da autoridade policial.
Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou digitadas e,
neste caso, rubricadas pela autoridade, devendo ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a
autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo
a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.

4.1.4.6. Considerações finais sobre o Inquérito Policial

Nos termos do Art. 13-A do CPP, os crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158
e no art. 159 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei nº 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterá:
1) o nome da autoridade requisitante;
2) o número do inquérito policial; e
3) a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.

O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
realizada, ou não, a juízo da autoridade.

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Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.


O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à autoridade policial, senão para
novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
De acordo com o art. 17 do CPP, a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de
inquérito policial, podendo este ser arquivado apenas a pedido do Ministério Público e pela autoridade
judiciária competente, cabendo o seu ordenamento por falta de base para a denúncia.
Nos crimes em que não couber ação penal pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao
requerente, se o pedir, mediante traslado.
A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo
interesse da sociedade. Para tanto, nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a autoridade policial
não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no
caso de existir condenação anterior.
Quanto à incomunicabilidade do indiciado, de acordo com o art. 21, esta dependerá sempre de
despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o
exigir.
Esta incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado
do Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em qualquer
hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº 4.215, de 27 de
abril de 1963) (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966).
No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição policial, a
autoridade com exercício em uma delas poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências
em circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou requisições, e bem assim providenciará, até que
compareça a autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição.

5. PRISÃO

Prisão é a privação da liberdade. A prisão de um cidadão só pode ser feita em duas situações: em
flagrante delito ou mediante ordem escrita da autoridade judiciária competente (mandado judicial).
Veja-se o embasamento legal para que a prisão seja efetuada.
A Constituição Federal em seu Art. 5º, LXI, diz que: “ninguém será preso senão em flagrante delito
ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar
ou crime propriamente militar, definidos em lei”.
Art. 142, §2º - Não caberá Habeas-corpus em relação a punições disciplinares militares.

5.1. Prisão em Flagrante

A prisão em flagrante está referida no Código de Processo Penal nos artigos 301 e seguintes,
conforme se vê adiante:
Art. 301 – Qualquer pessoa do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão
prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito.
Art. 302 – Considera-se em flagrante delito quem:
I – está cometendo a infração penal;
II – acaba de cometê-la;
III – é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou qualquer pessoa, em situação que
faça presumir ser ele autor da infração;
IV – é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser
ele o autor da infração.
Art. 303 – Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a
permanência.

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Art. 304 – Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde
logo, sua assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida,
procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado sobre a
imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva, suas respectivas assinaturas, lavrando, a
autoridade, afinal, o auto.
§1º - Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, a autoridade mandará recolhê-
lo à prisão, exceto no caso de livrar-se solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito
ou processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à autoridade que o seja.
§ 2º - A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão em flagrante; mas,
nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam
testemunhado a apresentação do preso à autoridade.
§3º - Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto de prisão em
flagrante será assinado por duas testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste.
Art. 306 - A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1º - Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz
competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado,
cópia integral para a Defensoria Pública.
§ 2º - No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela
autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
Art. 307 - Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou contra esta, no exercício de
suas funções, constarão do auto a narração deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o
preso e os depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade, pelo preso e pelas
testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a quem couber tomar conhecimento do fato delituoso,
se não o for a autoridade que houver presidido o auto.
Art. 308 - Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo
apresentado a do lugar mais próximo.
Art. 684 - A recaptura do réu evadido, não depende de prévia ordem judicial e poderá ser efetuada
por qualquer pessoa.

5.2. Flagrante Preparado e o Flagrante Esperado

Ocorre quando o indivíduo, pressentindo que se tornará vítima de um crime, avisa a polícia para que
esta passe a exercer necessária vigilância.
Ex: “A” desconfia que os ladrões vão a sua casa. Avisa à polícia e esta fica na espera. Pegando os
ladrões quando entram na sua casa.
A discussão na doutrina resume-se à caracterização de tentativa punível ou não. Alguns autores
acham que não, visto que os dispositivos foram postos para evitar a consumação do delito.
Estaria, assim, o agente, na mesma situação daquele que comete o chamado crime impossível.
Face às circunstâncias, o sujeito ativo jamais conseguiria realizar o tipo, consumando o delito.
Outros entendem que se trata de tentativa punível. Apesar da espera, dos preparativos no sentido de
flagrar o agente, resta sempre a possibilidade de o delinquente burlar a vigilância e consumar o crime, produzindo a
lesão ao bem jurídico. Para estes autores, o agente entrou na fase da execução.
A Súmula 145 do STF, diz: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação”.
O crime provocado é, também, chamado de “crime de ensaio”, “de experiência” ou “crime putativo
por obra do agente provocador”.
Ex: O dono de uma loja, desconfiado da honestidade de uma empregada, mandou-a selecionar
determinada mercadoria, deixando-a sozinha num compartimento, ao mesmo tempo em que colocou policiais de
atalaia, previamente solicitados, que a surpreende no ato do furto.

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É estimulada a prática do delito e no momento da ação o agente é surpreendido.


No flagrante preparado (provocado) – a atuação do sujeito ativo é fruto de provocação,
determinação ou instigação.
No flagrante esperado – o agente apenas se apresenta como “protagonista” inconsciente de uma
comédia.

5.3. Prisão por Mandado

Art. 283 - Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado
ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
...
§ 2º - A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitadas as restrições
relativas à inviolabilidade do domicílio.
Art. 284 - Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.
Art. 285 - A autoridade que ordenar a prisão fará expedir o respectivo mandado.
Parágrafo único - O mandado de prisão:
a) será lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade;
b) designará a pessoa, que tiver de ser presa, por seu nome, alcunha ou sinais característicos;
c) mencionará a infração penal que motivar a prisão;
d) declarará o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração;
e) será dirigido a quem tiver qualidade para dar-lhe execução.

Quanto à duração ou aos efeitos, a prisão pode ser definitiva ou provisória.


A prisão definitiva é aquela decorrente de sentença condenatória transitada em julgado. A sentença
transita em julgado quando não cabe mais recurso.
A prisão provisória é uma medida cautelar pessoal detentiva, de caráter excepcional, que só se
justifica como um meio indispensável para assegurar a eficácia de um futuro provimento jurisdicional, presentes
que estejam o fumus boni iuris e o periculum in mora.
A prisão provisória também poderá decretada no curso do inquérito ou processo, pela autoridade
judiciária competente, sem que haja condenação irrecorrível.

São modalidades de prisão provisória:

Prisão em flagrante (Art. 301 e seguintes);


Prisão preventiva (Art. 311 e seguintes);
Prisão domiciliar (Arts. 317 e 318);
Prisão temporária (Lei nº 7.960, de 21/12/89).

Dentre estes tipos de prisão, apenas a prisão em flagrante não depende de mandado judicial. Para
melhor entendimento, segue-se um sucinto comentário sobre cada um desses tipos.

5.4. Prisão preventiva

A prisão preventiva poderá ser decretada em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução
criminal (processo) ou mesmo em caso de necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva,
consoante o art. 310, do CPP, desde que a autoridade judiciária entenda haver prova da existência do crime,
indícios suficientes da autoria e a necessidade de permanência do flagranteado sob a custódia provisória do Estado,
ante os pressupostos para sua decretação, que são: fumus boni iuris; e, o periculum in mora.

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Art. 313 - Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos;
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o
disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940-Código
Penal;
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso,
enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único - Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a
identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la,
devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra
hipótese recomendar a manutenção da medida.
Art. 315 - A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada.

5.5. Prisão domiciliar

Art. 317 - A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só
podendo dela ausentar-se com autorização judicial.
Art. 318 - Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:
I - maior de 80 (oitenta) anos;
II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;
III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência;
IV – gestante;
V – mulher com filho de até 12 anos incompletos;
VI – homem, caso seja o único responsável pelos cuidados de filho de até 12 anos incompletos.
Parágrafo único - Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo.
Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou
pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:
I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da aplicação
concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.

5.6. Prisão temporária

A prisão temporária só pode ser decretada por meio de autoridade judicial, todavia, mediante
representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público. Não pode ser decretada de ofício
pelo juiz.

Esta modalidade de prisão provisória, criada pela lei nº 7.960, de 21/12/89, caberá nas seguintes
hipóteses:
A prisão temporária é uma medida acautelatória em que é restrita a liberdade de locomoção (por
tempo determinado) de um indivíduo. Ela é destinada a possibilitar as investigações a respeito de
crimes graves, em sede de inquérito policial.
A sua duração é de 05 (cinco) dias, podendo ser prorrogada por igual período, em caso de extrema e
comprovada necessidade. Entretanto, há a exceção para crimes hediondos e outros delitos
considerados mais graves. Nestes, o prazo é mais vasto (30 dias, prorrogável por igual período).
Ela é diferente da prisão preventiva, visto que, ocorrerá:

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a) Quando imprescindível para as investigações policiais;


b) Quando o indiciado não tiver residência fixa, ou não fornecer documentos que o identifique;
c) Quando houver indícios suficientes da autoria nos seguintes crimes:
Homicídio doloso (Art. 121, "caput", e seu § 2º);
d) Seqüestro ou cárcere privado (Art. 148, "caput", e §§ 1º, 2º e 3º);
e) Roubo (Art. 157, "caput", e §§ 1º, 2º e 3º);
f) Extorsão (Art. 158, "caput", e §§ 1º e 2º);
g) Extorsão mediante seqüestro (Art. 159, "caput", e §§ 1º, 2º e 3º);
h) Estupro (Art. 213, "caput", e §§ 1º e 2º);
i) Epidemia com resultado de morte (Art. 267, § 1º);
j) Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte
(Art. 270, "caput", e sua c/c o Art. 285);
k) Quadrilha ou bando (artigo 288), todos do Código Penal;
l) Genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer de suas formas
típicas;
m) Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492, de 16 de junho de 1986).

6. MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO (Arts. 319 e 320 do CPP)

Art. 319 - São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar
atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato,
deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a
investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha
residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando
houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça,
quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de
reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a
obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 3º - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 4º - A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada
com outras medidas cautelares.
Art. 320 - A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de
fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no
prazo de 24 (vinte e quatro) horas.

7. PERSEGUIÇÃO

Art. 290 - Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor
poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade
local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do
preso.
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§ 1º - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:


a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal
ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
§ 2º - Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa
do executor ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que
fique esclarecida a dúvida.

Nada impede que o executor, antes ou durante a perseguição e realização da captura, avise e peça
auxílio às autoridades locais, mas não há determinação legal que imponha tal providência.

8. EMPREGO DA FORÇA

Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou de
tentativa de fuga do preso.
Art. 292 - Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à
determinada pela autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos
meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito
também por duas testemunhas.
Art. 293 - Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em
alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido,
imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa,
arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não
for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo Único - O morador que se negar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença
da autoridade, para que se proceda contra ele caso for de direito.

Havendo consentimento do morador, pode ser realizada à noite ou durante o dia. Mesmo assim
aconselha-se levar duas testemunhas para presenciar a prisão.
Atente-se ao que estabelece o Art. 398, § 2º do Código Penal que autoriza ao ascendente,
descendente, cônjuge ou irmão de criminoso prestar-lhe auxílio, ficando isento de pena.
O emprego da força não deve exceder o indispensável ao cumprimento do mandado, que é fato
praticado em estrito cumprimento do dever legal. (art. 23.III, CP). O excesso, como violência desnecessária,
constitui ilícito penal (abuso de autoridade, homicídio, lesões corporais, etc.).

9. DOMICÍLIO

Segundo a Constituição Federal, em seu Art. 5º, inciso XI: "A casa é o asilo inviolável do indivíduo,
ninguém nela podendo penetrar sem o consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito, ou desastre, ou
para prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial".
Este conceito esclarece diversos aspectos. Em primeiro lugar deixa claro que com o consentimento
do morador, pode-se entrar em uma casa tanto de dia como de noite. Sem este consentimento, a lei faz uma
distinção entre o dia e a noite.
De noite, só se pode entrar em caso de flagrante delito, que abrange aquelas quatro situações já vistas
anteriormente, em caso de desastre, como por exemplo, um terremoto, um incêndio ou uma enchente e ainda para
prestar socorro para alguém.
Durante o dia, além destas situações, pode-se entrar na casa sem consentimento em caso de possuir
determinação judicial.
Embora ainda não se tenha uma definição legal do que seja dia, para que se possa cumprir estes

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dispositivos convencionou-se considerar como dia, então, o período que compreende das 06h00min às 18h00min, e
como noite o período que compreende das 18h00min às 06h00min. Portanto, mesmo que o policial possua uma
determinação judicial para entrar em uma residência, só poderá fazê-lo durante o dia.
É pacífico na doutrina que o art. 293 do CPP é estendido, no que lhe for aplicável, à prisão que deva
ser efetuada no domicílio da pessoa a ser capturada, que deve ser intimada a entregar-se. Goza ele, como morador,
das mesmas garantias quanto à inviolabilidade do domicílio, sendo possível, muitas vezes, que não seja o único a
residir no local.
Assim se conclui que, durante a noite, na oposição do morador ou da pessoa a ser presa, o executor
não poderá invadir a casa, devendo esperar que amanheça para se dar cumprimento ao mandado.
Resta ainda compreender o que se entende por casa em termos da lei.
Segundo o art. 150, § 4º do Código Penal: “A expressão casa compreende”:
I - Qualquer compartimento habitado;
II - Aposento ocupado de habitação coletiva;
III - Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
No item I pode-se verificar que qualquer compartimento habitado é considerado casa, e isto inclui
uma barraca, desde que não se tenha a visão de seu interior, um trailer, um casebre na favela, etc. Vê-se ainda pelo
item II que o quarto do hotel também é protegido pela inviolabilidade do domicílio; bem como, no item III, a parte
de um bar localizado do balcão para trás.
Deve-se ainda ter em mente que a proteção se estende aos jardins, quintais e garagens da casa.
Assim, o policial militar ao penetrar em uma casa, deverá sempre verificar se todos os aspectos
legais estão sendo cumpridos.

10. BUSCA E APREENSÃO

Sendo a busca e apreensão uma das atividades mais comuns no dia a dia do policial militar, é
importante conhecer a fundamentação legal que a rege:

Art. 240 - A busca será domiciliar ou pessoal.


§ 1º - Proceder-se-á a busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim
delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando haja suspeita de
que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção;
§ 2º - Proceder-se-á a busca pessoal quando houver fundada suspeita de que alguém oculte consigo
arma proibida ou objetos mencionados nas letras "b" a "f" e letra "h" do parágrafo anterior.

A busca domiciliar, com o advento da Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º, XI, só
poderá ser executada com o mandado judicial. Apesar do art. 241 do CPP referir-se à possibilidade da
autoridade policial poder realizar busca domiciliar, nas hipóteses previstas nesse artigo, ele somente poderá fazê-la
com mandado judicial.
Art. 241 - Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar pessoalmente, a busca domiciliar
deverá ser precedida da expedição de mandado.
O Art. 243 do CPP evidencia o conteúdo que deve constar do mandado de busca.
O § 2º assim estabelece: "Não será permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado,
salvo quando constituir elemento de corpo de delito".
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Art. 244 - A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou quando houver fundada suspeita de
que a pessoa esteja na posse de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou
quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar.
Art. 245 - As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à
noite, e, antes de penetrarem na casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
§1º - Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua qualidade e o objeto da diligência;
§2º - Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a entrada;
§3º - Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra coisas existentes no interior da casa,
para o descobrimento do que se procura.
§4º - Observar-se-á o disposto nos §§ 2º e 3º, quando ausentes os moradores, devendo, neste caso, ser
intimado a assistir à diligência qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§5º - Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador será intimado a mostrá-la.
§6º - Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente apreendida e posta sob custódia da
autoridade ou de seus agentes.
§7º - Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado, assinando-o com duas testemunhas
presenciais, sem prejuízo do disposto no § 4º.
Art. 246 - Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se tiver de proceder a busca em
compartimento habitado ou em aposento ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao
público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Art. 247 - Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da diligência serão comunicados a
quem tiver sofrido a busca, se o requerer.
Art. 248 - Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais do que o
indispensável para o êxito da diligência.
Art. 249 - A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar retardamento ou prejuízo da
diligência.
Art. 250 - A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território de jurisdição alheia, ainda que de outro
Estado, quando, para o fim de apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo apresentar-se à
competente autoridade local, antes da diligência ou após, conforme a urgência desta.
§1º - Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em seguimento da pessoa ou coisa quando:
a) Tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem sem interrupção, embora depois a
percam de vista;
b) Ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações fidedignas ou circunstâncias indiciárias,
que está sendo removida ou transportada em determinada direção, forem ao seu encalço.
§ 2º - Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade das pessoas que, nas
referidas diligências, entrarem pelos seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, poderão
exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se frustre a diligência.

11. RESISTÊNCIA

Art. 292 - Se houver, ainda que por parte de terceiros, resistência à prisão em flagrante ou à determinada por
autoridade competente, o executor e as pessoas que o auxiliarem poderão usar dos meios necessários para
defender-se ou para vencer a resistência, do que tudo se lavrará auto subscrito também por duas testemunhas.
Art. 293 - Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra em alguma
casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for obedecido imediatamente, o
executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na casa, arrombando as portas, se preciso;
sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas,
tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão.
Parágrafo único - O morador que se recusar a entregar o réu oculto em sua casa será levado à presença da
autoridade, para que se proceda contra ele como for de direito.
Art. 294 - No caso de prisão em flagrante, observar-se-á o disposto no artigo anterior, no que for aplicável.

12. PRISÃO ESPECIAL

Art. 295 - Serão recolhidos a quartéis ou a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando
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sujeitos a prisão antes de condenação definitiva:


I - os ministros de Estado;
II - os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos
secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia;
III - os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas
dos Estados;
IV - os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”;
V - os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios;
VI - os magistrados;
VII - os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República;
VIII - os ministros de confissão religiosa;
IX - os ministros do Tribunal de Contas;
X - os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado, salvo quando excluídos da lista por
motivo de incapacidade para o exercício daquela função;
XI - os delegados de polícia e os guardas-civis dos Estados e Territórios, ativos e inativos.
§1º - A prisão especial, prevista neste Código ou em outras leis, consiste exclusivamente no recolhimento em
local distinto da prisão comum.
§2º - Não havendo estabelecimento específico para o preso especial, este será recolhido em cela distinta do
mesmo estabelecimento.
§3º - A cela especial poderá consistir em alojamento coletivo, atendidos os requisitos de salubridade do
ambiente, pela concorrência dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à
existência humana.
§4º - O preso especial não será transportado juntamente com o preso comum.
§5º - Os demais direitos e deveres do preso especial serão os mesmos do preso comum.

13. PRISÃO DE MILITARES

Art. 296 - Os inferiores e praças de pré, onde for possível, serão recolhidos à prisão, em estabelecimentos
militares, de acordo com os respectivos regulamentos.
Art. 300 - As pessoas presas provisoriamente ficarão separadas das que já estiverem definitivamente
condenadas, nos termos da lei de execução penal.
Parágrafo único - O militar preso em flagrante delito, após a lavratura dos procedimentos legais, será
recolhido a quartel da instituição a que pertencer, onde ficará preso à disposição das autoridades
competentes.

14. PRISÃO DE ADVOGADOS

A classe dos advogados não possui foro privilegiado, ao contrário de outras instituições, e seus
integrantes têm pleno conhecimento das disposições legais, mas possuem prerrogativas que lhe são outorgadas não
por decreto, mas por Lei Federal, sob pena de desobediência ao Estado de Direito, instituído pela Constituição de
1988.
O art. 7º, inciso V, da Lei 8.906 de 04 de julho de 1994, disciplina que, "São direitos do advogado:
"não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior com instalações e
comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e na sua falta, em prisão domiciliar".
Entenda-se que Sala de Estado Maior não se relaciona a cela, nem muito menos a sala de estado
maior dos quartéis de Polícia, Bombeiros Militares ou das Forças Armadas, mas de um compartimento onde o
advogado como preso especial deverá ser recolhido, observando-se o que dispõe o art. 295, VII e §§ 1º, 2º, 3º, 4º e
5º, do CPP.

15. LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA

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Dispõe a CF que "ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança (Art. 5º, LXVI)
Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder
liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 e observados os critérios
constantes do art. 282 do Código de Processo Penal.
O presente tema está abordado no Código de Processo Penal, em seus artigos 321 a 350. Para maior
conhecimento, serão transcritos apenas os que ressaltam as necessidades do policial militar.
Art. 322 - A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único - Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 323 - Não será concedida fiança:
I - nos crimes de racismo;
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como
crimes hediondos;
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
IV - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
V - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 324 - Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo
justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
II - em caso de prisão civil ou militar;
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
Art. 325 - O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites:
a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011)
c) (revogada). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no
grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada
for superior a 4 (quatro) anos.
§1º - Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser:
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código;
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes.
§ 2º - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
I - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
II - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 326 - Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as
condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade,
bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento.
Art. 327 - A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes
que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não
comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 328 - O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia
permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8(oito) dias de sua residência, sem comunicar
àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
Art. 330 - A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais
preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
§1º - A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos será feita imediatamente por perito
nomeado pela autoridade.
§ 2º - Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública, o valor será determinado pela sua
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cotação em Bolsa, e, sendo nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
Art. 332 - Em caso de prisão em flagrante, será competente para conceder a fiança a autoridade que presidir ao
respectivo auto, e, em caso de prisão por mandado, o juiz que o houver expedido, ou a autoridade judiciária ou
policial a quem tiver sido requisitada a prisão.
Art. 334 - A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória.
Art. 335 - Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele,
poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito)
horas.
Art. 337 - Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença que houver absolvido o acusado
ou declarada extinta a ação penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem desconto, salvo o
disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.
Art. 341 - Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo;
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
V - praticar nova infração penal dolosa.
Art. 350 - Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação econômica do preso, poderá
conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a
outras medidas cautelares, se for o caso.
Parágrafo único - Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo, qualquer das obrigações ou medidas
impostas, aplicar-se-á o disposto no §4º do art. 282 deste Código.

16. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA

16.1. Conceito
A audiência de custódia é o instrumento processual que determina que todo preso em
flagrante deve ser levado à presença da autoridade judicial, no prazo de 24 horas, para que esta avalie a
legalidade e necessidade de manutenção da prisão.
É uma medida de cunho processual penal, oriunda de pactos e tratados internacionais em que o
Brasil é signatário, como o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e a Convenção Interamericana de
Direitos Humanos (este último mais conhecido como Pacto ou Tratado de San Jose da Costa Rica).
Na legislação brasileira, está prevista no art. 310 do Código de Processo Penal, consoante
alteração proporcionada, recentemente, pela Lei nº 13.964/19, de 24/12/2019.

16.2. Como funciona a Audiência de Custódia?

A Audiência de Custódia confere ao cidadão preso em flagrante o direito de ter seu caso
reanalisado por um juiz, que verá a legalidade da sua prisão em tempo excessivamente curto e, ainda, com a
garantia do contato pessoal.

16.3. Quem poderá acompanhar a Audiência?

A audiência de custódia é presidida por autoridade que detém competências para controlar a
legalidade da prisão (magistrado). Portanto, sabe-se que a autoridade de polícia judiciária (comum ou militar)
lavra e o juiz controla seu funcionamento. Além disto, serão ouvidas também as manifestações de um Promotor
de Justiça (Ministério Público), de um Defensor Público (Defensoria Pública) ou de seu Advogado.

16.4. Procedimento para a realização da audiência de custódia

1) Prisão em flagrante;

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2) Apresentação do flagranteado à autoridade de polícia judiciária (comum ou militar);


3) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
4) Agendamento da audiência de custódia (se o flagranteado declinou nome de advogado, este
deverá ser intimado da data marcada; se não informou advogado, a Defensoria Pública será intimada);
5) Protocolização do auto de prisão em flagrante e apresentação do autuado preso ao juiz;
6) Entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado ou Defensor Público;
7) Início da audiência de custódia, que deverá ter a participação do preso, do juiz, do membro do MP
e da defesa (advogado constituído ou Defensor Público);
8) O membro do Ministério Público manifesta-se sobre o caso;
9) O autuado é entrevistado (são feitas perguntas a ele);
10) A defesa manifesta-se sobre o caso;
11) O magistrado profere uma decisão que poderá ser, dentre outras, uma das seguintes:
a) Relaxamento de eventual prisão ilegal (art. 310, I, do CPP);
b) Concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 310, III);
c) Substituição da prisão em flagrante por medidas cautelares diversas (art. 319);
d) Conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva (art. 310, II);
e) Análise da consideração do cabimento da mediação penal, evitando a judicialização do conflito,
corroborando para a instituição de práticas restaurativas.

O CNJ por meio da Resolução nº 213, de 15 de dezembro de 2015, estabeleceu as medidas a serem
adotadas pelos magistrados para as pessoas presas, para os fins na audiência de custódia, dentre elas, carecendo
uma atenção especial às previstas em seus art. 8º e 11:
(...)
Art. 8º Na audiência de custódia, a autoridade judicial entrevistará a pessoa presa em flagrante,
devendo:

I - esclarecer o que é a audiência de custódia, ressaltando as questões a serem analisadas pela


autoridade judicial;
II - assegurar que a pessoa presa não esteja algemada, salvo em casos de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, devendo a excepcionalidade ser
justificada por escrito; (GRIFO NOSSO).
III - dar ciência sobre seu direito de permanecer em silêncio;
IV - questionar se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos direitos
constitucionais inerentes à sua condição, particularmente o direito de consultar-se com advogado
ou defensor público, o de ser atendido por médico e o de comunicar-se com seus familiares;
V - indagar sobre as circunstâncias de sua prisão ou apreensão;
VI - perguntar sobre o tratamento recebido em todos os locais por onde passou antes da
apresentação à audiência, questionando sobre a ocorrência de tortura e maus tratos e adotando as
providências cabíveis; (GRIFO NOSSO).
VII - verificar se houve a realização de exame de corpo de delito, determinando sua realização nos
casos em que:
a) não tiver sido realizado;
b) os registros se mostrarem insuficientes;
c) a alegação de tortura e maus tratos referir-se a momento posterior ao exame realizado;
(GRIFO NOSSO).
d) o exame tiver sido realizado na presença de agente policial, observando-se a Recomendação
CNJ 49/2014 quanto à formulação de quesitos ao perito;
VIII - abster-se de formular perguntas com finalidade de produzir prova para a investigação ou
ação penal relativas aos fatos objeto do auto de prisão em flagrante; (GRIFO NOSSO).
IX- adotar as providências a seu cargo para sanar possíveis irregularidades;

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X - averiguar, por perguntas e visualmente, hipóteses de gravidez, existência de filhos ou


dependentes sob cuidados da pessoa presa em flagrante delito, histórico de doença grave,
incluídos os transtornos mentais e a dependência química, para analisar o cabimento de
encaminhamento assistencial e da concessão da liberdade provisória, sem ou com a imposição de
medida cautelar.

(....)

Art. 11. Havendo declaração da pessoa presa em flagrante delito de que foi vítima de tortura e
maus tratos ou entendimento da autoridade judicial de que há indícios da prática de tortura, será
determinado o registro das informações, adotadas as providências cabíveis para a investigação da
denúncia e preservação da segurança física e psicológica da vítima, que será encaminhada para
atendimento médico e psicossocial especializado. (GRIFO NOSSO).
§ 1º Com o objetivo de assegurar o efetivo combate à tortura e maus tratos, a autoridade jurídica e
funcionários deverão observar o Protocolo II desta Resolução com vistas a garantir condições
adequadas para a oitiva e coleta idônea de depoimento das pessoas presas em flagrante delito na
audiência de custódia, a adoção de procedimentos durante o depoimento que permitam a
apuração de indícios de práticas de tortura e de providências cabíveis em caso de identificação de
práticas de tortura. (GRIFO NOSSO).
§ 2º O funcionário responsável pela coleta de dados da pessoa presa em flagrante
delito deve cuidar para que sejam coletadas as seguintes informações, respeitando a vontade da
vitima:
I - identificação dos agressores, indicando sua instituição e sua unidade de atuação;
II - locais, datas e horários aproximados dos fatos; (GRIFO NOSSO).
III - descrição dos fatos, inclusive dos métodos adotados pelo agressor e a indicação das lesões
sofridas; (GRIFO NOSSO).
IV - identificação de testemunhas que possam colaborar para a averiguação dos fatos;
V - verificação de registros das lesões sofridas pela vítima; (GRIFO NOSSO).
VI - existência de registro que indique prática de tortura ou maus tratos no laudo elaborado pelos
peritos do Instituto Médico Legal; (GRIFO NOSSO).
VII - registro dos encaminhamentos dados pela autoridade judicial para requisitar investigação
dos relatos;
VIII - registro da aplicação de medida protetiva ao autuado pela autoridade judicial, caso a
natureza ou gravidade dos fatos relatados coloque em risco a vida ou a segurança da pessoa presa
em flagrante delito, de seus familiares ou de testemunhas. (GRIFO NOSSO).
§ 3º Os registros das lesões poderão ser feitos em modo fotográfico ou audiovisual,
respeitando a intimidade e consignando o consentimento da vítima. (GRIFO NOSSO).
§ 4o Averiguada pela autoridade judicial a necessidade da imposição de alguma medida de
proteção à pessoa presa em flagrante delito, em razão da comunicação ou denúncia da prática de
tortura e maus tratos, será assegurada, primordialmente, a integridade pessoal do denunciante,
das testemunhas, do funcionário que constatou a ocorrência da prática abusiva e de seus
familiares, e, se pertinente, o sigilo das informações.
§ 5º Os encaminhamentos dados pela autoridade judicial e as informações deles resultantes
deverão ser comunicadas ao juiz responsável pela instrução do processo.
(...)

Acerca da audiência de custódia, assim preleciona o art. 310 do Código de Processo Penal, verbis:

CPP. Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e
quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a

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presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do


Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do
art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas
da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
§ 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato em qualquer
das condições constantes dos incisos I, II ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado
liberdade provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os atos processuais,
sob pena de revogação.
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou
milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou
sem medidas cautelares.
§ 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não realização da audiência de
custódia no prazo estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente
pela omissão.
§ 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo estabelecido no caput deste
artigo, a não realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará também a
ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da possibilidade de
imediata decretação de prisão preventiva.

16.5. Audiência de Custódia no Estado do Piauí

A audiência de custódia no Piauí foi implantada conforme Termo de Adesão do Estado do Piauí ao
Termo de Cooperação Técnica nº 007, datado de 21 de agosto de 2015, celebrado entre o Estado do Piauí, o
Conselho Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e o Instituto de Defesa do Direito de Defesa, sendo
regulamentado pelo Provimento Conjunto 03/2015, da Presidência do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-
PI) e da Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Piauí (CGJ-PI), contando com o apoio do efetivo
funcionamento de Centrais Integradas de Alternativas Penais, Centrais de Monitoração Eletrônica e serviços com
enfoque restaurativo e social, aptos, em suma, a oferecer opções concretas e factíveis ao encarceramento provisório
de pessoas.
Esse tipo de audiência possibilita a apresentação de um preso ao juiz, na presença de representantes
do Ministério Público e de um defensor público ou privado, em até 24 horas após a prisão em flagrante para que
seja avaliada a pertinência da manutenção dessa prisão ou aplicação de medidas como fixação de fiança,
encaminhamento para tratamento (no caso de dependentes químicos, por exemplo) e determinação de uso de
tornozeleira eletrônica.
As audiências de custódia em Teresina são realizadas de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h, no
Fórum Desembargador Joaquim de Sousa Neto, sendo presididas atualmente pelos Juízes de Direito da Central de
Inquéritos e no interior do Estado, na sede do Juízos de suas respectivas Comarcas.

17. LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS (Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995)

A Lei nº 9.099/95 fundamenta-se diretamente no art. 98, inciso I, da Constituição Federal o qual
estabelece a criação pela União, no Distrito Federal e nos Estados, dos Juizados Especiais, sendo estes providos por
juízes togados, ou togados e leigos, com competência para a conciliação, o julgamento e a execução de causas
cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento dos recursos por turma de

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juízes de primeiro grau.


O art. 2º da citada lei estabelece que: “o processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade,
simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando sempre que possível, a conciliação ou
transação”.
Os Juizados Especiais Criminais estão regulados a partir do art. 60 da Lei nº 9.099/95, que assim
enuncia:
“O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados e leigos, tem competência para a
conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo”.
Art. 61 - Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para efeito desta Lei, as
contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos,
cumulada ou não com multa.
Art. 63 – A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração
penal.

17.1. Fase Preliminar


Momento da lavratura de Termo Circunstanciado e sua importância

Art. 69 – “A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo


circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao juizado, com o autor do fato e a vítima,
providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários”.
Parágrafo único – Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de
cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
Note-se que o Inquérito Policial (IP) foi substituído pelo Termo Circunstanciado de Ocorrência
(TCO), que deve ser sucinto contendo apenas a qualificação do autor da infração, responsável civil se houver,
ofendido, narrativa do fato de forma resumida e objetiva, eventuais testemunhas que já se conheçam e informações
acerca da requisição feita de algum exame pericial.
Ressalte-se que atualmente, como já dito anteriormente, temos que de modo concorrente com a
Polícia Civil Estadual, a Polícia Militar do Estado do Piauí, desde o ano de 2019, já vêm realizando a lavratura do
Termo Circunstanciado de Ocorrências, outrora lavrado de modo manual com formulários em papel, porém,
atualmente, por meio atualmente eletrônico através do sistema Syspm/PMPI Mobile, tema a ser tratado de modo
mais aprofundado em disciplina específica a ser ministrada no decorrer deste Curso.
O termo será remetido ao Juizado Especial, juntamente com o autor do fato e a vítima. Lá será
realizada a audiência preliminar.

Necessidade de designação de Audiência Preliminar


Não sendo possível a realização da audiência, quando do comparecimento do autor e vítima, será
marcada nova data (art. 70).
Dos atos praticados na audiência (art. 72).
Composição de danos cíveis e sua homologação (art. 74).
Exercício do direito de representação (art. 74; § único).
Havendo a composição de danos civis, e sendo homologado pelo juízo, mediante sentença
irrecorrível, ocorre a renúncia ao direito de representação ou queixa.
O art. 75 estabelece que: “Não havendo a composição dos danos civis, será dado imediatamente ao
ofendido a oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzido a termo”.
Transação penal (art. 76).
É importante salientar que a transação penal é incabível nos crimes de ação privada. Somente poderá
ser proposta pelo Ministério Público e o ofendido não participa dela manifestando sua vontade, uma vez que não
possui a titularidade da pretensão punitiva. Na transação penal a imposição da sanção não constará de certidão de
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antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos civis.

17.2. Procedimento Sumaríssimo (arts. 77 A 83).

Momento para o oferecimento da denúncia ou queixa. (art. 77).


Citação do acusado e designação da audiência de instrução e julgamento. (art. 78).
Atos praticados na audiência de instrução e julgamento. (art. 79 e 80).
Produção de provas em audiência e julgamento do processo. (art. 81).
Cabimento de recurso de apelação. (art. 82).
Cabimento dos embargos de declaração. (art. 83).

17.3. Natureza da ação nos Delitos de Lesão Leve e Culposa


Até o advento da Lei nº 9.099/95, os crimes de lesão corporal eram classificados como crimes de
ação pública. Entretanto, com esta Lei, em seu art. 88, está explicitado que: “Além das hipóteses do Código Penal e
da legislação especial, dependerá de REPRESENTAÇÃO a ação penal relativa aos crimes de LESÕES
CORPORAIS LEVES (art. 129, caput do CP) e LESÕES CORPORAIS CULPOSAS (art. 129, § 6º, do CP)”.

17.4. Suspensão Condicional do Processo


A Lei 9.099/95 em seu art. 89, estabeleceu que: “Nos crimes em que a pena mínima cominada for
igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá
propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não
tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizam a suspensão condicional da
pena”. (art. 77 do CP).

17.5. Inaplicabilidade da Lei nº 9.099/95 na Justiça Militar


Art. 90-A. As disposições desta Lei não se aplicam no âmbito da Justiça Militar.

19. EXECUÇÃO PENAL

A Lei das Execuções Penais destina-se a regular a execução das penas e das medidas de segurança.
O art. 1º da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984(Lei Federal), estabelece que: "A execução penal
tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica
integração social do condenado e do internado".
Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela
lei, sendo vedada qualquer distinção de natureza social, religiosa ou política, devendo recorrer o Estado à
cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança.
Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade para orientar a
individualização da execução penal.
A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado (assistência material, a saúde, jurídica,
educacional, social, religiosa).
O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade
educativa e lucrativa, além de ser remunerado.
Cumpre ao condenado também, submeter-se às normas de execução das penas possuindo direitos e
tendo que cumprir deveres, sujeitando-se a faltas disciplinares, sanções e recompensas (elogio e concessão de
regalias).
São órgãos em âmbito Nacional da execução penal o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária – CNPCP e o Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN.
No estado do Piauí, são: o Juízo da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais, o Ministério Público, o
Conselho Penitenciário e a Secretaria de Justiça e da Cidadania, com suas unidades prisionais do Estado, cada um
com seus respectivos regimes:
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ESTABELECIMENTO REGIME
Casa de Custódia Fechado
Irmão Guido Fechado
Penitenciaria Feminina Fechado
e semiaberto
Casa de albergado Aberto
Major Cesar Semiaberto
Hospital Penitenciário Fechado e
semiaberto
Esperantina Fechado
Parnaíba (mista) Fechado e
semiaberto
Floriano Fechado
Picos (masculina) Fechado
Picos (feminina) Fechado e
semiaberto
Oeiras Fechado e
semiaberto
Bom Jesus Fechado
São Raimundo Fechado

A execução das penas (privativa de liberdade, restritiva de direitos, de multa) e das medidas de
segurança bem como o procedimento judicial correspondente às unidades prisionais do Estado observará o que
dispõe a Lei 7.210/84, e normas peculiares.
Além das Unidades prisionais acima destacadas, temos o Centro Educacional Masculino (CEM),
instituto correcional para onde são encaminhados os menores infratores, para cumprimento de medidas sócio-
educativas, não fazendo parte do Sistema Penitenciário Estadual, sendo pertencente à Secretaria de Assistência
Social do Estado – SASC.
Embora também não fazendo parte do Sistema Prisional Estadual temos o Presídio da Polícia
Militar (PPM), instituído inicialmente por meio da Portaria nº 729, de 18 de dezembro de 2012, do Comando
Geral da Polícia Militar do Piauí, publicada no DOE nº 239, de 21/12/12 e posteriormente incluído na estrutura
organizacional da Corporação como órgão de apoio da Corregedoria da PMPI, por meio da Lei nº 6.792, de
19/04/16, publicada no DOE nº 73, de 19/04/16, sendo o estabelecimento penal destinado à Custódia de
Militares Estaduais, presos provisoriamente ou condenados pelas Justiças Comum, Federal ou Militar (9ª
Vara Criminal de Teresina).

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UNIDADE II

DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

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UNIDADE II - DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

1. O DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR – CONSIDERAÇÕES

O Direito Processual Penal Militar é um ramo especializado do direito que tem por objetivo
permitir a aplicação da legislação penal militar por meio de regras processuais que de forma semelhante
cuidam do processo penal, tanto em razão dos procedimentos de Polícia Judiciária quanto nos tipos de
processos ordinários e de procedimentos especiais.
No Brasil, o Direito Processual Penal Militar está materializado pelo Código de Processo
Penal Militar (CPPM), que é o Decreto-lei 1002, de 1969, que cuida dos procedimentos ordinário e
especial, a serem observados no curso dos processos perante a Justiça Militar da União e da Justiça
Militar Estadual.
Os processos da Justiça Militar Estadual, por exemplo, nos crimes militares, correspondem
àqueles a que respondem os oficiais e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros Militares,
obedecendo às normas processuais previstas no Código de Processo Penal Militar.
A doutrina especializada nesta seara ainda é limitada, destacando-se os estudos realizados a
respeito da matéria autores como Jorge César de Assis, Cícero Robson Coimbra Neves, Célio Lobão
Ferreira, Ronaldo João Roth, Rodrigo Foureaux, Élio Manoel, Eládio Pacheco Estrela, dentre outros.
Apesar da pouca divulgação, o Direito Penal Militar e o Direito Adjetivo castrense têm um
público alvo em torno de um milhão de pessoas, entre os militares da ativa e da reserva das Forças
Armadas e das Forças Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares).
O início do processo penal militar tem-se por meio da persecução criminal, através da Policia
Judiciária Militar, a qual é exercida nos termos art. 7º do CPPM, por autoridades, nos órgãos, forças,
unidades e entidades que sejam subordinados a elas, tanto no âmbito das Forças Armadas, quanto nas
Corporações Militares Estaduais. Para tanto temos como atos de Polícia Judiciária Militar os
persecutórios ou acautelatórios realizados ante o crime militar - Inquérito Policial Militar (IPM), Auto de
Prisão em Flagrante Militar (APFD) e Termo (ou Instrução Provisória) de Deserção (TD ou IPD), dentre
outros atos não apenas procedimentais, como a realização de expedientes previstos no art. 8º, do CPPM,
tais como a requisição de perícias, cumprimento das determinações da Justiça Militar e demais
prescrições previstas no Código de Processo Penal Militar.
Posteriormente temos a ação penal militar que é exercida por meio do Juízo Militar que atua
em admissibilidade pré-processual e de garantias e no processo penal propriamente dito, mediante
denúncia do Ministério Público sempre que houver prova de fato que, em tese, constitua crime e/ou
indícios de autoria.
Qualquer pessoa, no exercício do direito de representação, poderá provocar a iniciativa do
Ministério Publico, dando informações sobre fato que constitua crime militar e sua autoria, e indicando-
lhe os elementos de convicção. As informações, se escritas, deverão estar devidamente autenticadas; se
verbais, serão tomadas por termo perante o juiz, a pedido do órgão do Ministério Público, e na presença
deste.
Da mesma forma que na Justiça comum, o processo ou ação criminal militar inicia-se com
o recebimento da denúncia pelo Juízo Militar (Juiz ou Conselho de Justiça – Especial ou
Permanente), a quem cabe, juntamente com seus auxiliares (Escrivão, Oficial de Justiça, Analistas e
Técnicos), garantir a regularidade do processo e a execução da lei penal militar. É ele que mantém a
ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar, inclusive, a força militar.
Constituem também no processo da ação penal as partes – acusador (Ministério Público e o
assistente de acusação, este último, se o ofendido assim o tiver), o acusado (assim chamado ao ser
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denunciado) e o seu defensor (advogado ou defensor público).


A denúncia é a peça exordial (inicial) da ação penal militar, devendo conter a designação do
Juiz a que se dirigir, dados como nome, residência do acusado, a exposição dos fatos, rol de testemunhas,
sua capitulação dentro da Norma Penal Militar, dentre outros requisitos.
Recebida a denúncia o acusado passa à condição de réu, passando desta forma a responder à
Ação Penal Militar.
A denúncia poderá ou não será recebida pelo juiz, não sendo recebida se não contiver os
requisitos expressos obrigatoriamente na denúncia, se o fato narrado não constituir evidentemente crime
da competência da Justiça Militar, se já estiver extinta a punibilidade, se for manifesta a incompetência do
juiz ou a ilegitimidade do acusador.
Se o acusado estiver preso, por flagrante ou preventiva ou por deserção, por exemplo a
denúncia deve acontecer dentro do prazo de cinco dias, contados da data do recebimento dos autos
para aquele fim, se o acusado estiver solto o prazo é de quinze dias.
O processo também se dá por competência, sendo que o foro militar na Justiça Militar
Estadual e da União, será determinada: I - de modo geral: pelo lugar da infração, pela residência ou
domicílio do acusado, pela prevenção ou II - de modo especial, pela sede do lugar de serviço.
Seguindo o entendimento geral do processo penal, na ação penal militar, também ocorrerão as
exceções, em que o juiz (ou Juízes do Conselho de Justiça) poderá(ão) arguir suspeição ou ser suscitado
impedimento; ou poderá se declarar incompetência de juízo; litispendência, ou coisa julgada.
Na ação penal militar, são levantados também incidentes como o de sanidade mental do
acusado (quando, devido a doença ou deficiência mental, houver dúvida a respeito da imputabilidade
penal do acusado, será ele submetido a perícia médica, assim podendo ser determinado se a ele será
aplicada pena ou medida de segurança), Incidente de falsidade de documento (havendo arguição da
falsidade de documento constante dos autos, se reconhecida, o juiz mandará desentranhar o documento e
remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público).
No processo penal militar temos medidas preventivas e assecuratórias (busca domiciliar,
com ou se apreensão de coisas ou objetos obtidos por meios criminosos, busca de armas e munições e sua
apreensão com posterior restituição e for o caso).
O processo penal militar, também determina providências que recaem sobre pessoas - Prisão
em flagrante militar. Prisão preventiva militar. Menagem. Medidas cautelares de cunho pré-
processual e investigatórias, Liberdade provisória. Suspensão condicional da pena (sursis). Habeas
corpus. Relaxamento de Prisão. Aplicação provisória ou definitiva de medidas de segurança.
Aplicação da Pena.
Sendo que a menagem é uma prisão sob palavra, onde o acusado não é encarcerado mas é
obrigado a permanecer onde exerce suas atividades. Ela pode ser feita no lugar onde o acusado residia
quando o crime foi cometido ou, atendido o seu posto ou graduação, em quartel, navio, acampamento, ou
em estabelecimento ou sede de órgão militar. As Medidas cautelares de cunho pré-processual e
investigatórias que em que temos por exemplo as quebras de sigilo bancário, de dados e/ou telefônico.
A Liberdade provisória concedida ao acusado de modo que ele possa se defender em liberdade. A
Suspensão condicional da pena (sursis) em que condenado cumpre sua pena em liberdade, porém,
dentro de certas condições previstas na Lei; Habeas corpus - remédio constitucional para conceder
liberdade ao preso, desde que sua prisão seja ilegal ou por autoridade incompetente. Relaxamento de
Prisão - instituto processual penal através do qual o Juiz determina a soltura do preso, em caso de
negativa de sua autoria ou inexistência do crime a ele imputado. Aplicação provisória ou definitiva de
medidas de segurança – a provisória o poderá ocorrer durante o inquérito mediante representação do
encarregado ou no curso do processo, constatado por exame de insanidade, sendo de ofício ou a
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requerimento do Ministério Público, enquanto não for proferida sentença irrecorrível, o juiz poderá
submeter às medidas de segurança que lhes forem aplicáveis: a) os que sofram de doença mental, de
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou outra grave perturbação de consciência, ébrios
habituais, toxicômanos, mediante internação provisória em hospital de custódia e a definitiva - aquela
aplicada pelo juiz em vez da pena, àqueles com insanidade mental, mediante internação definitiva em
hospital de custódia. Aplicação da Pena, correspondente ao crime praticado, observando-se as situações
de prescrição. Surgindo um novo dilema, quanto à aplicação da Lei Penal aos novos crimes militares (por
extensão) em face das mudanças e definição de competência jurisdicional, proporcionados pela recente e
híbrida Lei nº 13.491/17, que embora tenha ampliado substancialmente o entendimento das hipóteses da
incidência do crime militar, previstas no art. 9º do Código Penal Militar (CPM), trouxe enormes
consequências processuais, inclusive a processos criminais e inquéritos policiais já em andamento.
No Direito Processual Penal Miliar, temos também os atos probatórios. Interrogatório.
Confissão. Perícias e exames. Testemunhas. Acareação. Reconhecimento de pessoa e coisa.
Documentos. Indícios.
Por último temos as nulidades, em que seja ato judicial ou pré-processual (ato judicial ou
persecutório) que será declarado nulo se resultar em prejuízo para a acusação ou para a defesa, tendo
como exemplo, incompetência, impedimento, suspeição ou suborno do juiz pode levar a anulação de um
ato judicial. Como outro exemplo, temos o Auto de Prisão em Flagrante Militar, lavrado por autoridade
militar incompetente, em que poderá caber a concessão de ordem de habeas corpus, mesmo em delito
militar.
Para que sejam validadas estas nulidades, elas precisam ser declaradas e arguidas dentro de
um prazo pré-definido e por autoridade competente.
Feitas estas considerações, iremos agora nos ater com mais profundidade daqui em diante à
Polícia Judiciária Militar, com enfoques práticos, que são o objeto principal da nossa disciplina de
Fundamentos de Direito Processual Penal Militar.

2. A POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

A Polícia Judiciária Militar é atividade derivada do exercício do poder disciplinar,


sendo exercida nas Corporações militares (FFAA, PPMM e BBMM), pela autoridade competente, tendo
como principal escopo a apuração das infrações penais militares, quando o objeto jurídico da tutela
penal militar são bens e interesses das referidas corporações militares, com vistas a identificação da
autoria e materialidade delitivas, fornecendo elementos indispensáveis para a formação da opinio delict
do membro do Ministério Público.
Para o ilustre Jorge Cesar de Assis, “a polícia judiciária militar está prevista de forma
implícita no art. 144, § 4º, da Carta Magna, quando assevera que às polícias civis, dirigidas por
delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração das infrações penais, exceto as militares” (Código de processo penal militar
anotado, 1.ed., Curitiba: Juruá, 2005, v.1, p.30.). Desta forma a polícia judiciária militar existe nos
Estados e no Distrito Federal, a ser exercida no âmbito de suas polícias militares e corpos de bombeiros
militares, com supedâneo nos §§ 3º e 4º, do art. 125, da Carta Magna.
As atribuições de Polícia Judiciária Militar, decorrem dos poderes hierárquico e
disciplinar ora mencionados, respeitadas as situações hierárquicas e funcionais, previstas no Código de
Processo Penal Militar.
A autoridade militar de maior hierarquia que exerce a polícia judiciária militar poderá
delegar nos termos do art. 7º, §1º, do CPPM, suas atribuições a Oficial da ativa que lhe seja
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subordinado, obedecendo às normas regulamentares de hierarquia, de limite territorial de comando, além


de constar a finalidade da delegação, que poderá se destinar à instauração do feito inquisitorial, para dar
prosseguimento a outro IPM, que já fora instaurado ou mesmo determinar a realização de ato específico
no inquérito, do qual a autoridade superior é encarregada ou ainda, somente, cumprir diligência
requisitada pelo Juízo castrense ou pelo membro do Ministério Público, no termos do art. 26, I e II, do
CPPM, antes ou depois da propositura da ação penal.
Para Eládio Pacheco Estrela, “a autoridade que exerce a polícia judiciária militar é a que tem
competência legal, ratione loci e ratione personae, para realizar todos os atos relativos a essa atividade”
(Direto Militar Aplicado, Salvador: Lucano, 1997, p.13.). Portanto, nem todos os militares são
autoridades de polícia judiciária militar, tendo em vista que cada grau hierárquico dos servidores públicos
militares na lei processual adjetiva, lhe confere condições de atuar em razão da região de comando e das
pessoas que lhes são subordinadas, não devendo essa competência ser confundida com a jurisdicional,
posto que esta só é atribuída aos órgãos do judiciário, uma vez que o grau hierárquico é o critério
sobre o qual se funda a lei, para conferir as atribuições de polícia judiciária somente aquelas
elencadas no art. 7º do CPPM, verbis:

“Art. 7º A polícia judiciária militar é exercida nos termos do artigo 8º, pelas seguintes autoridades,
conforme as respectivas jurisdições:
a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o Território Nacional e fora dele, em
relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a militares que, neste caráter,
desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país estrangeiro;
b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição legal, estejam
sob sua jurisdição;
c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e unidades que lhes
são subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e unidades
compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos
territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos
e serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de
organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios.”

2.1. A Competência da Polícia Judiciária Militar

Constitucionalmente garantida ex vi art. 144, 4º, última parte, da Carta Magna, a


competência da Polícia Judiciária Militar, está prevista na norma infraconstitucional, consoante
disposto no art. 8° do CPPM, que nada mais é que atuar na apuração dos crimes militares, bem como
nos que, por Lei especial, estejam sujeitos à jurisdição militar a sua autoria. Conforme segue:

“Art. 8º Compete à polícia judiciária militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua
autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações
necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem
requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;
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d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do


indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem
como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações
penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao
complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou funcionário
de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e fundamentado o pedido.

2.2. A Polícia Judiciária Militar na PMPI

Embora o CPPM refira-se apenas à terminologia própria das Forças Armadas, faz-se mister,
para o exercício da polícia judiciária militar, no âmbito da PMPI, a analogia aos graus funcionais e
hierárquicos para o exercício de tal atividade, diretamente ou mediante delegação aos seus comandados
(oficiais e graduados, nos termos da Lei), através da instauração ou adoção dos procedimentos de polícia
judiciária militar, pelas seguintes autoridades, em observância ao disposto no art. 7º, alínea “h”, do
CPPM:

1- Comandante-Geral;
2- Comandantes Intermediários (CPM I, CPM II, CPLMN, CPCE, COPAER, CPCOM, CPE
etc);
3- Comandantes de Unidades (1º, 2º, 3º BPM etc) e Subunidades (Independentes - 2ª CIPM
– Promorar, CIPE ou destacadas – 3ª Cia/1º BPM, 2ª Cia/12º
BPM, 2ª Cia/10º BPM, etc).

Além das autoridades aqui mencionadas, temos aquelas que exercem a atividade de Polícia
Judiciária Militar, de Ofício (Oficiais Coordenadores de Policiamento de Unidade – CPU, Comandantes
de Policiamento, Oficiais de Dia, Graduados de Dia, ou Comandantes de GPM, Chefes de Plantão2 de
Polícia Judiciária Militar da Corregedoria ou autoridade correspondente nas OPM, quando de serviço e/ou
em razão da função, observando-se o disposto no art. 223, do CPPM) quando na realização dos Autos de
Prisão em Flagrante Delito (APFD), nos procedimentos inerentes aos Termos de Deserção (TD), como a
prisão de desertores, com sua apresentação voluntária, ou mesmo além do disposto no art. 262,
referentes ao comparecimento espontâneo, nos demais crimes militares, ou mesmo quando
devidamente delegadas para tal mister, nos procedimentos de Inquéritos Policiais Militares (IPM).

2.3. Procedimentos de Polícia Judiciária Militar, realizados na PMPI.

Os procedimentos de polícia judiciária militar, objeto desta disciplina de Direito


Processual Penal Militar, são o Inquérito Policial Militar (IPM), o Auto de Prisão em Flagrante
Delito (APFD) e o Termo de Deserção (TD), realizados no âmbito da PMPI, além do que dispõe os arts.

2Através da Portaria nº 075, do Comando Geral, datada de 20/02/13, com as alterações proporcionadas pela Portaria nº 193, de 30/05/18,
encontra-se regulamentado o serviço de Plantão de Polícia Judiciária Militar (PPJM) e a Polícia Disciplinar Ostensiva (PDO), na
Corregedoria da Polícia Militar do Piauí , com atribuições dentre outras de orientar e, se necessário, proceder a autuação em flagrante delito
do(s) militar(es) da ativa, que de serviço ou de folga e inativos que praticar(em) crime militar, observado o disposto nos arts. 223, 244, 245 e
249, do CPPM.
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7º e 8º, do CPPM, estão previstos nas instruções normativas - IN001-EMG/PMPI, que trata no Manual
de Prática de Polícia Judiciária Militar (Inquérito Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante
Delito, Termo de Deserção, Comparecimento Espontâneo, etc), regulamentada a sua utilização
obrigatória na Instituição, consoante disposto na Portaria nº 158/CGC, de 07/06/13, publicada no BCG nº
112, de 18/06/13, além das regulamentações administrativas instituídas pelo Comando Geral da
Corporação, como as alterações previstas na Portaria nº 275-GCG, de 18/10/13, publicada no BCG nº
200, de 22/10/13, que orienta acerca dos procedimentos adotados em ocorrências envolvendo policial
militar, tanto na posição de autor como de vítima, nos casos da prática de crimes militares decorrentes
de intervenção policial militar, além da Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14, publicada no BCG nº
055, de 24/03/14, que trata sobre a inclusão de dados3 essenciais de policiais militares em procedimentos
criminais de polícia judiciária militar.
Caberá também, além do constante na referida instrução normativa e, na forma do que
dispõe o art. 138, da Lei Estadual nº 3.808, de 16/07/81, a observância do disposto no Código de Processo
Penal Militar.

2.3.1. INQUÉRITO POLICIAL MILITAR (IPM)

É um procedimento administrativo de polícia judiciária militar destinado à verificação da


existência de crime militar, qualquer que seja, com todas as suas circunstâncias, para descobrimento de
seus autores e cúmplices.

CPPM: “art. 9º O inquérito policial-militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos
legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória, cuja finalidade
precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.”

OBS: VER no art .9º, do CPM (Código Penal Militar) as circunstâncias de crime militar.

2.3.1.1. Modos por que pode ser iniciado

De acordo com o art. 10, do CPPM o inquérito Policial Militar (IPM) é iniciado mediante
portaria:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido
a infração penal, atendida a hierarquia do infrator;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de
urgência, poderá ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada,
posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
3 Através da Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14, o Comando Geral da PMPI, considerando as atribuições que lhe confere o art. 7º, alínea
“h”, do Decreto-Lei nº 1.002, de 21 de outubro de 1969 (Código de Processo Penal Militar), bem como o que estabelece o art. 16, II, alínea
“a” do Provimento nº 39/2013, da Corregedoria Geral de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí; e ainda em consonância com o
disposto na Lei Federal nº 11.971, de 06 de julho de 2009, que visa garantir a individualização das pessoas quando da emissão de certidões
expedidas pelos Ofícios do Registro de Distribuição e Distribuidores Judiciais, determinou que os encarregados dos procedimentos de Polícia
Judiciária Militar (Inquérito Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante Delito ou Termo de Deserção), consignem nos autos, quando da
qualificação de policiais militares indiciados, presos ou desertores, os dados relacionados, necessários para a alimentação do Sistema de
Gestão de Processos Judiciais: I - nome da mãe; II - data de nascimento; III - endereço completo, inclusive o CEP; IV - o número da
inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas – CPF; V - correio eletrônico, se houver.

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d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25;


e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude
de representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infração penal,
cuja repressão caiba à Justiça Militar;
f) quando, de sindicância feita em âmbito de jurisdição militar, resulte indício da existência
de infração penal militar.

2.3.1.2. Escrivão do inquérito (o Escrivão “ad hoc”)

De acordo com o art. 11, do CPPM a designação de escrivão para o inquérito caberá ao
respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu delegação para aquele fim,
recaindo em segundo ou primeiro-tenente, se o indiciado for oficial, e em sargento, subtenente ou
suboficial, nos demais casos (ou seja, se praças ou civis, estes últimos se cometerem crime militar na
esfera federal)..

2.3.1.3. Compromisso legal

De acordo com o Parágrafo único, do art. 11, do CPPM, o escrivão prestará compromisso
de manter o sigilo do inquérito e de cumprir fielmente as determinações do CPPM e do Encarregado do
IPM, no exercício da função.

2.3.1.4. Medidas preliminares ao inquérito

Art. 12, do CPPM. Logo que tiver conhecimento da prática de infração penal militar,
verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das
coisas, enquanto necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.

2.3.1.5. Formação do inquérito (art. 13, do CPPM)

Art. 13, do CPPM. O encarregado do inquérito deverá, para a formação deste:

a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;


b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outros
exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada, destruída ou
danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e 185 a 189;

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i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas, peritos ou do


ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a
independência para a realização de perícias ou exames.

2.3.1.6. Reconstituição dos fatos

De acordo com o parágrafo único do art. 13, CPPM, para se verificar a possibilidade de
haver sido a infração praticada de determinado modo, o encarregado do inquérito poderá proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública, nem
atente contra a hierarquia ou a disciplina militar.

2.3.1.7. Prazo

Art. 20, CPPM, 20 dias, se o indiciado estiver preso, contado esse prazo a partir do dia em
que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de 40 dias, quando o indiciado estiver solto, contados a
partir da data em que se instaurar o inquérito.

2.3.1.8. Prorrogação

Art. 20, § 1º, do CPPM: Este último poderá ser prorrogado por mais 20 (vinte) dias pela
autoridade militar superior para exames, perícias e outras diligências. O pedido deve ser feito antes da
terminação do prazo inicial.

2.3.1.9. Devolução

Art. 22, § 1º, do CPPM: Devolução pela autoridade delegante ao Encarregado para
novas diligências, no prazo não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.

Art. 26, do CPPM: Os autos do IPM, poderão ser devolvidos à autoridade policial, caso
sejam seja necessárias novas diligências imprescindíveis ao oferecimento da denúncia ou por
determinação do juiz antes da denúncia, para preenchimentos de formalidade prevista no CPPM, ou para
complemento de prova que julgue necessária, sendo que em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não
excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.

2.3.1.10. Testemunha, informante, ofendido e investigado/indiciado.

No IPM, quanto à ordem de oitiva das pessoas, não há uma ordem obrigatória a ser
observada para a oitiva de pessoas, devendo ser decidida pelo encarregado, de acordo com a
conveniência da investigação policial militar. No entanto, é recomendável ouvir o investigado/indiciado
por último quando já está de posse de todas as informações necessárias para o seu interrogatório.
Tanto testemunhas, ofendido e investigado/indiciado podem ser ouvidos quantas vezes for
necessário, sempre que novo esclarecimento deva ser prestado. Lembrando que a requisição de militares
a fim de serem ouvidos no IPM, deverá obrigatoriamente ser feita por intermédio da autoridade a que
estiver subordinado, nos termos do que dispõe o art. 288, §3º, do CPPM.
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Testemunha é aquela pessoa que presta o compromisso legal de dizer a verdade acerca dos
fatos que lhe forem perguntados. É ouvida por meio de termo de inquirição de testemunha.
Informante é aquela pessoa que tem algum interesse particular na apuração ou que tem
algo contra ou favor das partes (pessoas ofendidas ou militares imputados) envolvidas no fato sob
investigação. Também sendo considerado informante o menor (criança ou adolescente quando
comparece para ser ouvido, e devidamente acompanhado de curador) e o relativamente incapaz. São
ouvidos por termo de informações.
Ofendido/Vítima: é aquela pessoa que noticia um fato delituoso, que requer a devida
apuração. Devendo a pessoa, que se disser ofendido/vítima do ato delituoso, ser advertida antes de sua
oitiva, acerca dos crimes de denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime (art. 342 do CPM
ou 339 do CP). O ofendido ou vítima é ouvido por termo de declarações.
Investigado: aquela pessoa contra quem está se levantando indícios ou suspeitas da prática
delituosa. É ouvido também por meio de termo de declarações, não presta compromisso legal de dizer a
verdade.
Indiciado: aquela pessoa contra quem se verifica a incidência de indícios e ou vestígios
da prática delituosa. É ouvido por meio de termo de interrogatório.
(VER art. 15, da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade,
a partir de 03/01/20) sobre o INTERROGATÓRIO e ADVOGADO

Deverá o Encarregado do IPM, bem como o Escrivão “ad hoc”, observarem durante a
qualificação de testemunhas, informantes, ofendido/vítima, declarante e principalmente do
investigado/indiciado, o disposto nos arts. 1º e 2º, da Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14, publicada
no BCG nº 055, de 24/03/14, que dispõe sobre a inclusão de dados essenciais de policiais militares em
procedimentos criminais de Polícia Judiciária Militar, nos termos do art. 16, II, alínea “a”, do Provimento
nº 39/2013, da Corregedoria Geral de Justiça do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, devendo
sob pena de incorrerem no disposto no parágrafo único do art. 1º, da mencionada portaria. Senão
vejamos:
Portaria nº 098-GCG/2014, de 19/03/14.
(...)
Art. 1º Determinar que os Oficiais Militares designados para o exercício de polícia judiciária militar,
encarregados de procedimentos criminais como Inquérito Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante
Delito ou Termo de Deserção, consignem nos autos, quando da qualificação de policiais militares
indiciados, presos ou desertores, os dados abaixo relacionados, necessários para a alimentação do Sistema
de Gestão de Processos Judiciais:
I - nome da mãe;
II - data de nascimento;
III - endereço completo, inclusive o CEP;
IV - o número da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Físicas – CPF;
V - correio eletrônico, se houver.
Parágrafo único. O Oficial encarregado do procedimento criminal que registrar informações falsas ou que
dolosamente omiti-las, responderá disciplinarmente por tal ato.
Art. 2º Os Oficiais militares a quem forem delegadas as atribuições de polícia judiciária militar deverão
constar na Autuação o(s) nome(s) do(s) indiciado(s) após reunidos elementos suficientes que apontem para a
autoria e materialidade da infração penal.

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§1º O policial militar investigado será cientificado fundamentadamente da condição jurídica de indiciado,
respeitadas todas as garantias constitucionais e legais.
§2º O não indiciamento do policial militar investigado na conclusão do relatório do procedimento
inquisitivo, demandará o uso da expressão “Sob investigação” na autuação do referido Inquérito Policial
Militar. §3º Se no decorrer da fase inquisitiva o Encarregado verificar o indiciamento de policial militar
distinto do que estava sendo investigado, na Autuação e na conclusão do Relatório do respectivo feito
persecutório, deverá constar o nome do indiciado, cuja identificação tenha sido apontada após reunião de
elementos suficientes de autoria e materialidade da infração penal.
§4º Para evitar a ocorrência de constrangimentos decorrentes da existência de homônimos entre nomes de
policiais militares, o Encarregado de quaisquer dos procedimentos de polícia judiciária militar (Inquérito
Policial Militar, Auto de Prisão em Flagrante Delito e Termo de Deserção) deverá constar,
obrigatoriamente, nos autos, cópia da identidade militar (RGPM) e do CPF, dados estes exigidos pela Lei
Federal nº 11.971, de 06 de julho de 2009, e ainda, no Provimento nº 39/2013, da Corregedoria Geral de
Justiça do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Art. 3º Determinar que cópia desta Portaria seja anexada pela Autoridade instauradora de quaisquer dos
procedimentos criminais referenciados neste ato, à documentação exordial que os originar.
Art. 4º Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação, revogando as disposições em
contrário. (...)

2.3.1.11. Prisão do Indiciado/Investigado

a) Crimes Propriamente Militares


DECRETAÇÃO DE DETENÇÃO pelo próprio Encarregado do IPM
ART. 5º, LXI, da CF/88, “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.”
ART. 18, do CPPM - Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar
detido, durante as investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à
autoridade judiciária competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias,
pelo comandante da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação
fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
b) Crimes Impropriamente Militares:
ART. 310, do CPP - Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24
(vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia
com a presença do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o
membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá, fundamentadamente: (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019).
I - (...)
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as
medidas cautelares diversas da prisão; ou (...)

ART. 254, do CPPM - A prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo
Conselho de Justiça, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação da autoridade encarregada do inquérito policial militar, em qualquer
fase deste ou do processo, concorrendo os requisitos seguintes:
a) prova do fato delituoso;
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b) indícios suficientes de autoria.


Casos de decretação (Art. 255, do CPPM) - A prisão preventiva, além dos requisitos
do artigo anterior, deverá fundar-se em um dos seguintes casos:
a) garantia da ordem pública;
b) conveniência da instrução criminal;
c) periculosidade do indiciado ou acusado;
d) segurança da aplicação da lei penal militar;
e) exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina
militares, quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou
acusado.

Atualmente a PRISÃO PREVENTIVA, nos casos de crimes impropriamente militares, no


Estado do Piauí, poderá ser DECRETADA, mediante representação do Encarregado do IPM,
diretamente ao Juízo de Direito da 9ª Vara Criminal, desde que presentes os requisitos do art. 255, do
CPPM.
Também nas autuações em flagrante delito, havendo incidência de crime(s) impropriamente
militar(es), poderá aquele Juízo, dentre outra medidas previstas no art. 310, do CPP, ex vi art. 3º, alínea
“a”, do CPPM, converter a prisão em flagrante em preventiva observados os requisitos legais para
adoção de tal medida cautelar de natureza pré-processual.
O mesmo cabendo em caso de PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei n° 7.960, de 21/12/89), cuja
aplicação na seara militar, se encontra autorizada pela alínea “a”, do art. 3º, do CPPM.
A PRISÃO TEMPORÁRIA é uma prisão cautelar de natureza pré-processual,
destinada a possibilitar as investigações a respeito de crimes graves, durante o inquérito policial (seja
comum ou militar).
Esse tipo de custódia, da mesma forma que na prisão preventiva, será decretada pelo Juízo
de Direito da 9ª Vara Criminal, em face de representação da autoridade policial (militar) ou de
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 05(cinco) dias, prorrogável por igual período
em caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º).
Pressupostos:
I – a imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial;
II – que o indiciado não tenha residência fixa ou não forneça elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade;
III – a existência de fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação
penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes, dentre outros:
a) homicídio doloso (artigo 121, caput, e seu § 2º);
b) sequestro ou cárcere privado (artigo 148, caput, e seus §§ 1º e 2º);
c) roubo (artigo 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
d) extorsão (artigo 158, caput, e seus §§ 1º e 2º);
e) extorsão mediante sequestro (artigo 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º);
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f) estupro (artigo 213, caput, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (artigo 214, caput, e sua combinação com o artigo 223,
caput, e parágrafo único);
Obs: A Lei no 12.015, de 7-8-2009, revogou os arts. 214 e 223, passando a matéria a ser
tratada pelo art. 213 do CP.
h) rapto violento (artigo 219, e sua combinação com o artigo 223, caput, e parágrafo
único);
i) epidemia com resultado de morte (artigo 267, § 1º);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado
pela morte (artigo 270, caput, combinado com o artigo 285);
l) quadrilha ou bando (artigo 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (artigos 1º, 2º e 3º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956), em
qualquer de suas formas típicas;
n) tráfico de drogas (artigo 33 da Lei no 11.343/06);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei no 7.492, de 16 de junho de 1986).
O IPM não pode ser arquivado por ordem de autoridade militar, embora conclusivo da
inexistência de crime ou de transgressão disciplinar.
No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura do IPM, o § 1º. do art. 22, do
CPPM, prevê que o seu Encarregado o envie à autoridade delegante, para que lhe homologue ou não a
solução, aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar, ou determine novas
diligências, se as julgar necessárias. Diz o § 2°. do mesmo artigo que a autoridade delegante,
discordando da solução dada ao inquérito, poderá avocá-lo e prolatar solução diferente.
De acordo com o art. 1º, da Portaria nº 195, de 30/05/18 (BCG nº 100, de 30/05/18), as
autoridades policiais militares (Comandantes de Comando Intermediários e Comandantes de OPM )
competentes para instaurar e homologar ou avocar Inquérito Policial Militar (IPM), ao fazê-lo,
deverão deixar a cargo da Corregedoria Geral da PMPI a instauração, se for o caso, de Processo
Administrativo Disciplinar Militar - Rito Ordinário ou Simplificado (PADO/PADS), devendo,
contudo, apontar indícios de conduta ilícita administrativa porventura apurada nos autos do procedimento
inquisitório (IPM), além dos indícios de infração penal militar ou comum.

2.3.1.12. O IPM nos crimes militares por extensão (Lei nº 13.491/17) e nos crimes
contra a vida de civil.

Com a recente edição da Lei Federal nº 13.491/17, de 13/10/17, publicada no DOU de


16/10/17, o Código Penal Militar teve em seu art. 9º, significativa mudança, trazendo à baila a inclusão de
crimes não previstos no Código Penal Militar, os crimes militares por extensão (ou crimes militares
extravagantes), ou seja, crimes comuns por natureza que em dadas situações se tornam militares, além
da substituição do antigo parágrafo único do mencionado artigo, pelos §§ 1º e 2º, os quais versam sobre
os crimes dolosos contra a vida de civil, que virem a ser praticados, respectivamente por militares
estaduais e militares das Forças Armadas.
Temos que a competência da Justiça Militar, como nunca, deixou de ser, matéria
constitucional, pois o art. 124, da CF, prescreve que “compete a Justiça Militar processar e julgar os
crimes militares definidos em lei”, não importando quem seja o agente, o qual pode ser militar da ativa
(federal ou estadual ou distrital), militar inativo da reserva ou reformado (federal ou estadual ou distrital)
ou civil, competência esta, ratificada em lei, embora desnecessária, mas que com o acréscimo do §2º, no
44
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art. 9º do CPM, em substituição ao disposto no antigo parágrafo único do mesmo artigo, através da novel
Lei nº 13.491/17, de 13/10/17, deu por finda a celeuma existente em relação aos crimes dolosos contra a
vida cometidos por militares das Forças Armadas, desde que nas hipóteses dos incisos II e III, do art. 9º,
do CPM. A competência da Justiça Militar da União, para processamento e julgamento de quaisquer
crimes militares (critério ratione materae) continua exclusiva dela, quando se tratarem, inclusive, dos
crimes dolosos contra a vida de civis, nas hipóteses mencionadas.
Os civis, em regra, e apenas na esfera federal, só praticarão crime militar nas
circunstâncias do inciso III, do art. 9º, do CPM.
Já na esfera estadual (contra as Instituições Militares estaduais, ou seja, as PPMM e
BBMM) verificado o teor art. 125, §4º, da CF, primeira parte, e conforme Súmula 53, do STJ, temos
que, por exclusão os civis e os militares das Forças Armadas se intentarem contra as Instituições
Militares Estaduais não cometerão crime militar e sim crime comum ou contravenção penal.
A competência para o processamento e julgamento dos crimes dolosos contra a vida de civil
pela Justiça Comum (o Júri no caso), se praticados por militares estaduais (bombeiros e policiais
militares) se em serviço ou no desempenho da função (II, alínea “c”, art. 9º, do CPM) em nada mudou
com o advento da Lei nº 13.491/17, por conta do disposto no §1º do art. 9º, do CPM, também em
substituição ao antigo parágrafo único, inalterada, portanto, a competência constitucional do
Tribunal do Júri, continuando, para alguns, no entanto, a eterna celeuma quanto à investigação de
tais crimes, se pela Polícia Judiciária (Polícia Civil) ou pela Polícia Judiciária Militar Estadual (ou
Distrital), na forma do art. 144, §4º, última parte, da CF, pois apesar do destino em regra ser para a
Justiça comum (Júri), temos o crime (impropriamente) militar de homicídio, por exemplo, ainda
previsto no art. 205, do CPM, definido de modo idêntico no art. 121, do Código Penal comum,
cabendo no nosso entender o juízo de valoração quanto ao encaminhamento do feito persecutório
ao Júri, não ser do Delegado de Polícia (sob pena deste incorrer em usurpação de atribuição do
parquet) sendo atribuição exclusiva do Membro do Ministério Público atuante no Juízo Militar Estadual,
o qual entendendo, no caso concreto, culposo denunciar no Juízo Militar Estadual, cabendo segundo seu
entendimento, se doloso o homicídio, suscitar sim, o declínio dos autos no caso, do IPM, da Justiça
Militar Estadual, para o Tribunal do Júri, na forma do que dispõe, validamente, ainda, na esfera estadual o
constante no art. 82, §2º, do CPPM, pois como sabemos, nem sempre teremos necessariamente, a
figura do dolo dentre os crimes contra a vida, mesmo que de civil, praticados por militares
estaduais nas hipóteses do art. 9º do CPM.
Por fim reafirmamos categoricamente, em defender, sob os estritos mantos da
constitucionalidade (art. 144, §4º, última parte, da CF) e da legalidade (arts. 7º e 8º, do CPPM) os atos de
Polícia Judiciária Militar, em especial do procedimento do Inquérito Policial Militar - IPM como
exclusivo e legítimo instrumento cabível para apuração e consecução da opinio delicit em face de
quaisquer sejam os crimes militares (propriamente4, impropriamente5 ou militares por extensão6),

4
Propriamente Militares (crimes militares próprios ou puros) - Também denominados puramente essencialmente ou exclusivamente
militares (art. 9º, inc. I, segunda parte). São aqueles que, em regra, só podem ser praticados, em regra, por militar, por constituir infração
específica do ocupante do cargo militar quando no exercício das funções desse cargo, o sujeito ativo assume uma particularidade, condição
esta de origem jurídica, considerando-o como aquele praticado por pessoa de certa qualidade, como de militar. Este tipo de crime é o que
atinge, diretamente, a disciplina e o dever militar. São delitos, tipicamente, do militar. No entanto, temos, quanto ao civil no polo ativo, as
exceções do crime de insubmissão (art. 183, do CPM) em que unicamente o civil convocado (conscrito) irá cometer, porém, apenas na seara
militar federal, bem como também, e apenas nessa mesma esfera, na hipótese de concurso eventual (art. 53, caput e §1º, do CPM), o civil
como co-autor com um militar federal, em alguns crimes propriamente militares, como especificamente nos crimes de violência contra
superior (art. 157), desrespeito a superior (art. 160), violência contra inferior (art. 175) e desacato a superior (art. 298) e no motim (art. 149,
nas suas modalidades comissivas). São outros exemplos de crimes propriamente militares: art. 149 (Motim); art. 149 (Parágrafo Único,
Revolta); art. 152, (Conspiração); art. 157 (Violência contra superior), art. 163 (Recusa de obediência), art. 187, (Deserção).

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inclusive os crimes contra a vida de civis, previstos em Lei (CPM e na Lei Penal Comum) quem venham
a ser cometidos por militares estaduais, desde que dentro das hipóteses do art. 9º, do CPM, inobstante as
mudanças proporcionadas pela Lei nº 13.491/17, ocorrendo flagrante ilegalidade a inobservância ou
quaisquer posicionamentos em contrário.
Temos acerca do assunto, a recente RECOMENDAÇÃO Nº 02/2018, datada de 20/08/18,
oriunda da 9ª Promotoria de Justiça de Teresina, em que dispõe aos Comandantes Gerais da Polícia
Militar e Corpo de Bombeiros Militar, em suma:
1. Que ao tomar conhecimento de notícia de ilicitude penal praticada por militares e/ou
bombeiros militares nas situações definidas no art. 9º, inc. II, do CPM, inclusive os crimes dolosos contra
a vida praticados contra civis, instaurem de imediato à apuração, através da polícia judiciária militar por
meio de Inquérito Policial Militar;
2. Os crimes dolosos contra a vida praticados por policiais militares sejam apurados por
meio de Inquérito Policial Militar, sem prejuízo de eventual procedimento investigatório no âmbito
da Polícia Civil;
Recomendação esta, que também se estende ao Secretário de Segurança Pública e ao
Delegado Geral de Polícia Civil do Estado do Piauí para que:
3. Que adote as providências legais administrativas, no sentido de cientificar aos Delegados
de Polícia Civil do Estado do Piauí que, a atribuição originária para apuração de crimes militares
praticados por policiais e/ou bombeiros militares, será dos Comandos das duas instituições
militares, sem prejuízo, no entanto, de que a autoridade de polícia judiciária civil, fazendo uso do
poder de polícia e discricionariedade, no caso de crimes dolosos contra a vida praticados contra civis,
instaure, também, persecução penal provisória, quando o fato delituoso ocorrer sob sua circunscrição.

2.3.1.13. Sequência do IPM

As peças que não estão negritadas somente serão utilizadas pelo Encarregado do IPM
em conformidade com a conveniência e necessidades que decorrerem no curso do IPM.

1) Autuação do IPM pelo Escrivão “ad hoc” (Ver modelos, de acordo com o caso se
COM OU SEM INDICIAMENTO ou se COM UM OU MAIS VOLUMES).
2) Portaria lavrada pelo do Encarregado do IPM, situações (ver formulários):
2.1) Portaria do encarregado de Ofício (pois não há delegação sendo que o próprio
encarregado instaura de Ofício e designa o escrivão “ad hoc”);

5 Impropriamente Militares (crimes militares impróprios) - É o crime militar praticado não apenas por militar, mas praticado também
por civil (este apenas na esfera federal, contra as Instituições Militares – Forças Armadas), seu tipo penal está previsto de modo idêntico ou
de modo diverso na Lei Penal Comum. Na esfera estadual ou distrital, contra as Instituições Militares Estaduais, só é praticado por miliares
estaduais (ou pelos militares do Distrito Federal) nos termos do art. 125, §4º, da CF/88, excluídos os civis no polo ativo (Súmula nº 53, do
STJ). São exemplos de crimes impropriamente militares: art. 154 (Aliciação para motim e revolta), art. 155 (Incitamento), art. 158 (Violência
contra militar de serviço), art. 164 (Oposição a ordem de sentinela), art. 172 (Uso indevido de uniforme, distintivo ou insígnia militar por
qualquer pessoa), art. 205 (Homicídio simples), art. 209 (Lesão leve), art. 214(Calúnia), art. 215 (Difamação), art. 216 (Injúria), art. 240
(Furto simples), art. 242 (Roubo simples), art. 254 (Receptação), art. 259 (Dano simples), art. 299 (Desacato a militar), art. 319
(Prevaricação), art. 177 (Resistência mediante ameaça ou violência).
6
Crimes Militares Extravagantes (Crimes Militares Por Extensão) – São todos aqueles tipificados fora do Código Penal Militar, ou seja, aqueles existentes
na legislação penal comum que, episodicamente, embora comuns em sua essência, constituem-se em crimes militares quando para o seu cometimento forem
preenchidos quaisquer dos requisitos dos inciso II e III do artigo 9º do CPM (a partir de sua nova redação dada pela Lei nº 13.491/17). São exemplos de crimes
militares extravagantes aqueles cujas condutas estão definidas fora do Código Penal Militar nas legislações: Dec Lei nº 2.848/40 - Código Penal (crimes sem
correlatos idênticos ou diversos no CPM), Lei nº 12.850/2013 - Organização criminosa, Lei nº 4.898/65 - Lei de Abuso de Autoridade, Lei nº 8.072/50 – Lei
dos Crimes Hediondos, Lei nº 9.455/97 - Lei dos Crimes de Tortura, Lei nº 10.826/03 - Lei do Desarmamento, Lei nº 11.343/06 - Lei de Antidrogas, etc).

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2.2) Portaria apenas do encarregado do IPM, pois escrivão “ad hoc” já havia sido designado
pela autoridade delegante;
2.3) Portaria com designação de escrivão “ad hoc” pelo encarregado do IPM;
2.4) Portaria do encarregado em substituição a outro Oficial para dar prosseguimento a IPM,
com designação de escrivão “ad hoc” pelo próprio encarregado do IPM.
2.5) Portaria apenas do encarregado em substituição a outro Oficial para dar prosseguimento
a IPM, pois o escrivão “ad hoc” já havia sido designado pela autoridade delegante;
3) Termo de compromisso do Escrivão
4) Certidão de Recebimento do Escrivão
5) Portaria da autoridade delegante (ver formulários);
6) Documentos de origem do IPM (parte, relatório, BOA, Sindicância ou cópia de uma
sindicância, requisição do MP comum ou militar, representação criminal, recorte de jornal,
impresso de site de notícias, cópia de outro IPM, cópia de APFD, cópia de APFD ou
Sindicância Civil, etc);
7) Conclusão
8) Despacho (do Encarregado para andamento do IPM)
9) Recebimento
10) Ofício de solicitação de comparecimento de militar investigado para prestar
declarações em IPM
11) Ofício de solicitação de comparecimento de ofendido (ou vítima)
12) Ofício de solicitação de comparecimento de militar como testemunha
13) Ofício de solicitação de servidor público como testemunha
14) Ofício de intimação pessoal de testemunha.
15) Ofício de comunicação da designação de escrivão
16)Termo de juntada (se vierem documentos para o IPM, solicitados ou não)
17) Documentos a serem juntados (Laudos, exames, boletins de trânsito, etc)
18) Certidão (do escrivão acerca das diligências determinadas, se cumpridas ou não)
19) Conclusão
20) Termo de Declarações do Investigado (para militar Investigado) ou Declarante
Civil ou Militar não investigado
21) Termo de Declarações do Investigado (para militar Investigado) ou Declarante
Civil ou Militar não investigado a partir de Requisição do Ministério Público Militar
22) Termo de inquirição de testemunha
23) Termo de declarações da vítima (ou ofendido se tiver)
24) Termo de acareação
25) Despacho (do Encarregado para andamento do IPM)
26) Recebimento
27) Ofícios de requisições com quesitos aos peritos (alguns com seus respectivos termos
de coleta):

• Ofício de solicitação de comparecimento de militar para coleta ou para realização de exame


de (.........)
• Ofícios de requisição (utilizados conforme o fato que está sendo apurado), opções:
• Ofício de requisição – exame de corpo de delito de lesão corporal
• Ofício de requisição – exame de necropsia
• Ofício de requisição – exame de embriaguez
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• Ofício de requisição – exame de sanidade mental


• Ofício de requisição – exame complementar de sanidade mental
• Ofício de requisição – exame de ato libidinoso
• Ofício de requisição – exame de conjunção carnal
• Ofício de requisição – exame de arma de fogo e/ou munição
• Ofício de requisição – exame de microcomparação balística
• Ofício de requisição – exame residuográfico em cadáver
• Ofício de requisição – exame residuográfico em pessoa viva (periciando)
• Ofício de requisição – exame pericial em local de crime
• Ofício de requisição – exame de substância entorpecente
• Ofício de requisição – exame para constatação de danos materiais
• Ofício de requisição – exame metalográfico (adulteração de veículos)
• Ofício de requisição – exame pirotécnico (de incêndio)
• Ofício de requisição – exame para constatação de falsidade documental
• Ofício de requisição – exame grafotécnico
• Termo de coleta de material para exame grafotécnico (com pauta)
• Termo de coleta de material para exame grafotécnico (sem pauta)
• Ofício de requisição – exame de identificação genética (exame de DNA)
• Termo de coleta de material para exame de identificação genética (exame de DNA)
• Ofício de requisição – exame de degravação
• Ofício de requisição – exame de violação de correspondência
• Ofício de requisição – exame pericial de instrumentos (utilizado para furto e roubo)
• Ofício de solicitação de cópia de ficha de identificação de impressões digitais para fins de
coleta datiloscópica
• Ofício de requisição – coleta datiloscópica
28) Certidão (em caso de recusa do indiciado ou vítima de coleta para exame pericial)
29) Certidão (do escrivão acerca das diligências determinadas, se cumpridas ou não)
30) Conclusão
31) Despacho (do Encarregado para andamento do IPM)
32) Recebimento
33) Ofício de solicitação de prorrogação de prazo de IPM (art. 20, do CPPM);
34) Certidão
35) Termo de reconhecimento de pessoa
36) Termo de reconhecimento de coisa
37) Representação por busca e apreensão através de Mandado Judicial
38)Termo de busca e apreensão por Mandado Judicial
39) Termo de exibição (apresentação) e apreensão
40) Termo de avaliação
41) Termo de restituição de coisa apreendida
42) Carta Precatória
43) Representação pela quebra do sigilo telefônico
44) Representação pela quebra do sigilo bancário / fiscal
45) Solicitação do Promotor de Justiça para acompanhar o IPM
46) Representação pela prisão temporária do indiciado
47) Representação pela prisão preventiva do indiciado
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48) Representação pela condução coercitiva de testemunha (civil ou militar)


49) Auto de resistência a condução coercitiva de testemunha (civil ou militar)
50) Representação pela condução coercitiva de ofendido (civil ou militar)
51) Auto de resistência a condução coercitiva de ofendido (civil ou militar)
52) Termo de apresentação espontânea
53) Termo de encerramento de volume
54) Termo de abertura de volume (Ver modelos, de acordo com o caso se COM OU SE
INCIAMENTO ou se COM UM OU MAIS VOLUMES).
55)Termo de reconstituição.
56) Despacho de indiciamento.
57) Recebimento.
58) Ofício de solicitação de comparecimento de Oficial ou Aspirante indiciado para ser
qualificado e interrogado em IPM
59) Ofício de solicitação de Certidão de Punições de Oficial ou Aspirante
60) Ofício de solicitação de Certidão de Elogios de Oficial ou Aspirante
61) Ofício de solicitação de comparecimento de Praça indiciado para ser qualificado e
interrogado em IPM, com certidão de punições e elogios.
62) Certidão.
63) Termo de Qualificação e Interrogatório do Indiciado.
64) Termo de juntada (se vierem documentos para o IPM, solicitados ou não)
65) Documentos a serem juntados, se tiver (Laudos, exames, boletins de trânsito, certidões,
etc)
66) Certidão de Punições e Elogios (se o investigado/indiciado for Praça). Se o
indiciado/investigado for Aspirante ou Oficial (Certidão de Elogios, fornecida pela
SEPRO/DP e Certidão de Punições, fornecida pela 2ª Seção EMG/PMPI)
67) Conclusão
68) Relatório do IPM
69)Termo de encerramento e remessa de IPM
70) Ofício de remessa de IPM
71) Despacho Saneador em IPM (dado pela autoridade delegante)
72) Homologação de IPM, encaminhando ao Juízo da 9ª Vara Criminal ou
determinando instauração de PADM e encaminhando ao Juízo da 9ª Vara Criminal ou
73) Avocação de IPM
74) Ofício de encaminhamento de IPM ao Juízo da 9ª Vara Criminal, pela
Corregedoria da PMPI.

2.3.2. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO (APFD)

Flagrante delito é a certeza da existência do crime. Se vê flagrante delito o indivíduo que se


está cometendo um crime ou acabou de cometê-lo ou, é perseguido logo após pelo ofendido, autoridade
ou qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração.
A formalização da prisão como ato administrativo de polícia judiciária independe de
mandado de autoridade competente, dispensando a ordem escrita.
Da situação de flagrância decorre a necessidade social de fazer cessar a prática criminosa e a
perturbação da ordem, tendo também o sentido de salutar providência acautelatória a formalização e
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junção das provas da materialidade do fato e da respectiva autoria.


Nas instituições militares, e não diferente na PMPI, é o procedimento administrativo de
polícia judiciária militar, lavrado por autoridade competente (art. 245, 249 e, excepcionalmente art. 250,
do CPPM) em desfavor de quem encontrado em flagrante delito, para que seja encaminhado à autoridade
judiciária.
A prisão em flagrante tem caráter de medida cautelar de natureza processual que dispensa a
ordem escrita e é prevista expressamente na Carta Magna em seu art. 5º., inciso LXI:

Art. 5º...
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.

O Código de Processo Penal Militar, por sua vez, no seu art. 243, prescreve:
Art. 243. Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou
desertor, ou seja, encontrado em flagrante delito.
Esta prisão pode ser feita por qualquer pessoa do povo, não é ato privativo do militar. Ao
cidadão, é dada a faculdade de prender quem quer que seja encontrado na aludida situação; entretanto, ao
militar é dever, é imposta a obrigatoriedade de prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito, insubmisso ou desertor.

Não compete à administração militar a lavratura de autuação em flagrante em crime de


deserção, embora seja sua incidência uma situação de flagrância por se tratar de ser crime permanente,
posto a existência de Termo de Deserção como procedimento de polícia judiciária cabível, restando
apenas a prisão e recolhimento do militar desertor, caso se apresente ou seja capturado. Já nos casos de
insubmissão (art. 183, do CPM), não há cometimento deste tipo de crime por parte dos militares
(policiais e bombeiros estaduais), por se tratar de serviço voluntário, diferente do que ocorre com os
conscritos (civis alistados) das FFAA, em face dos quais deve ser lavrado pelas respectivas forças
respectivo termo de insubmissão.

De acordo com o art. 244, do Código de Processo Penal Militar (Decreto Lei n. 1.002 de
21/10/69), considera-se em flagrante delito aquele que:

a) está cometendo o crime; (flagrante próprio)


b) acaba de cometê-lo; (flagrante próprio)
c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o seu autor;
(quase flagrante)
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam
presumir a sua participação no fato delituoso; (flagrância presumida).

2.3.2.1. Lavratura do Flagrante

Para a lavratura do auto de prisão em flagrante devem ser verificados todos os elementos
que caracterizam a situação de flagrância, no sentido de se constatar se existem ou não os pressupostos

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necessários para o feito, e na impossibilidade de constatação dos pressupostos básicos a autoridade


militar deverá providenciar os documentos necessários para posterior instauração do Inquérito
Policial Militar - IPM, sindicância ou qualquer outro processo administrativo disciplinar.
Constatada a ocorrência do crime, se encontrado o autor, deverá ser ele preso e
autuado em flagrante, sob pena da autoridade militar que não proceder a lavratura, responder pelo crime
de prevaricação, previsto no art. 319 do CPM. Portanto, é dever da autoridade (Comandante, Oficial de
serviço ou autoridade judiciária competente) a quem for apresentado o preso (art. 245, do CPPM),
presenciar ou contra ela ocorrer o crime (art. 249, do CPPM), presidir a lavratura do auto de prisão.

2.3.2.2. Prazo para a lavratura

É recomendável que a lavratura seja iniciada imediatamente após a apresentação do


conduzido a autoridade competente, de maneira a evitar o cerceamento da liberdade de locomoção
sem respaldo legal, uma vez que, o art. 247, fixa o prazo de 24 (vinte e quatro) horas para a expedição e
entrega da nota de culpa ao indiciado/conduzido.
(VER art. 12, III, da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso de
Autoridade)
(CUIDADO)
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária
no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
(...) III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa,
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das
testemunhas;

2.3.2.3. Requisitos para lavratura

De acordo com o art. 243, do Código de Processo Penal Militar - CPPM, qualquer
pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou desertor, ou seja, encontrado
em flagrante delito. Entretanto, de acordo com o art. 223, do CPPM, “a prisão de militares é feita
por outro militar de posto ou graduação superior, ou se igual, mais antigo”. Dessa forma, se um
subordinado encontra um superior em estado de flagrante delito, o correto é acionar a autoridade superior
para que adote as providências necessárias para a lavratura, admitindo-se no máximo a custódia do
superior no local onde ele foi encontrado, até a chegada da autoridade capaz.
Não esqueçam que no momento da prisão, antes do início e durante da lavratura do
APFD, devem ser observadas e asseguradas as garantias constitucionais que são:

Art. 5º...
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;...
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicadas
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou pessoa por ele indicada;
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LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado,
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu
interrogatório policial;...

Além das garantias constitucionais acima, devem ser adotadas no Auto de Prisão em
Flagrante Delito Militar, as inovações da legislação processual penal comum, introduzidas pela Lei
Federal nº 12.403/11, que alterou o art. 306, do Código de Processo Penal, autorizadas pelo art. 3º,
alínea “a”, do CPPM, dentre elas:

a) A comunicação imediata pelo Presidente do APFD, também ao Membro do


Ministério Público Castrense, acerca da prisão do militar e o local onde se encontre, durante a da
lavratura do APFD, inovação introduzida pela Lei Federal nº 12.403/11, que alterou o art. 306, do CPP;

b) Caso o autuado na lavratura não informe o nome de seu advogado, deverá o


Presidente do APFD, encaminhar cópia integral dos autos de flagrante à Defensoria Pública
Castrense, antes do encaminhamento dos originais dos respectivos autos à Corregedoria da PMPI, esta
última responsável pelo envio, por meio da distribuição, o Juízo Militar Estadual (no Piauí, cuja
competência é da 9ª Vara Criminal de Teresina).

2.3.2.4. Sujeitos do APFD

Autoridade
A autoridade a quem for apresentada uma pessoa presa em flagrante delito, ou a que for
determinado (a) por autoridade superior (art. 223, CPPM), deverá presidir a lavratura do respectivo auto
de prisão. De acordo com o art. 245 do CPPM são competentes para a lavratura do auto de prisão em
flagrante o Comandante, oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou autoridade correspondente (oficial).
O art. 250 do CPPM, estabelece que, sendo efetuada a prisão em flagrante em lugar não
sujeito à administração militar, o auto poderá ser lavrado por autoridade civil ou por autoridade militar do
lugar mais próximo daquele em que ocorrer a prisão.
a) Flagrante Comum ou Ordinário
Como o próprio nome já diz, trata-se o flagrante ordinário ou comum, daquele no qual
participa uma das autoridades previstas no art. 245, do CPPM. Nele temos: autoridade militar (Presidente
do APFD), condutor, testemunhas, vítima (ou ofendido se tiver), indiciado e escrivão.
CPPM - Art. 245. Apresentado o preso ao comandante ou ao oficial de dia, de serviço ou de
quarto, ou autoridade correspondente, ou à autoridade judiciária, será, por qualquer deles, ouvido o
condutor e as testemunhas que o acompanharem, bem como inquirido o indiciado sobre a imputação que
lhe é feita, e especialmente sobre o lugar e hora em que o fato aconteceu, lavrando-se de tudo auto, que
será por todos assinado.
Na Capital, caberá ao Chefe do PPJM da Corregedoria, de acordo com o art. 2º, §1º, da
Portaria nº 075, de 20/02/13 (BCG nº 035, de 22/02/13) inciso III e IV, alterados pela Portaria nº 193, de
30/05/18 (BCG nº 100, de 30/05/18), os procedimentos de autuação em flagrante delito de policiais
militares da ativa que praticarem crime militar em serviço ou de folga ou em razão da função e dos
policiais miliares inativos, observado o disposto nos arts. 223, 244, 245 e 249, do Código de Processo

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Penal Militar (CPPM), com seu respectivo recolhimento ao Presídio da Polícia Militar do Piauí (PPMPI).
Caberá ainda, também, ao Chefe do PPJM da Corregedoria, na forma do dispõe o IX,
inserido pela mesma Portaria nº 193/18, proceder à autuação em flagrante delito do policial militar em
serviço que praticar crime militar, quando houver divergência entre OPM quanto ao lugar da ocorrência
do fato delituoso, nos termos do art. 6º do Código Penal Militar (CPM), realizando, ao final, o seu
recolhimento ao PPMPI, observando-se o disposto nos mesmos artigos mencionados no final do
parágrafo anterior.
Ainda do que concerne à autoridade responsável pelo procedimento de autuação em
flagrante delito, supletivamente dispõe o art. 12, do Provimento nº 29, de 11/07/19, da Corregedoria
Geral de Justiça, em vigor, desde o dia 1º de agosto de 2019, que “são competentes para a lavratura do
auto de prisão em flagrante delito, de acordo com o previsto no art. 245 do Código de Processo Penal
Militar, o Comandante, o Oficial de dia, o Oficial de serviço ou autoridade correspondente”, constando
no parágrafo único, do mesmo art. 12, que o auto de prisão em flagrante delito consistirá de um termo
sintético, assinado pelo Oficial responsável pela sua lavratura, pelo conduzido pelo escrivão, onde
estejam objetivamente descritas as medidas de polícia judiciária militar adotadas, acostando-se a este os
termos relativos às oitivas e interrogatório efetuados e lavrados, dentro do que prescreve o art. 223, do
CPPM, em caso cometimento do crime militar.

b) Flagrante Especial

Já o flagrante especial, é lavrado conforme preceitua o art. 249, do CPPM: “Quando o


fato for praticado em presença da autoridade, ou contra ela, no exercício de suas funções, deverá ela
própria prender e autuar em flagrante o infrator mencionando a circunstância.”. Nele temos: autoridade
militar (Oficial ou Graduado, como dito anteriormente no flagrante comum, em observância ao art. 223,
do CPPM), testemunhas, vítima (ou ofendido se tiver), indiciado e escrivão.

CPPM - Art. 249. Quando o fato for praticado em presença da autoridade (se oficial), ou
contra ela no exercício de suas funções, deverá ela própria prender e autuar em flagrante o infrator,
mencionando a circunstância, dentro do que prescreve o art. 223, do CPPM, na forma do art. 249, do
CPPM, ressalvado o implicitamente disposto no art. 12, do Provimento nº 29, de 11/07/19, da
Corregedoria Geral de Justiça, quanto à necessidade de condução do infrator à presença de um oficial
para que este realize a respectiva lavratura na forma do art. 245, do CPPM.

Escrivão (art. 245, §§4º e 5º, do CPPM)

O escrivão funciona como uma espécie de secretário do Presidente do APFD, registrando as


diligências realizadas e organizando o flagrante, segundo as instruções e determinações recebidas.
Se o indiciado for Oficial será designado um Capitão, primeiro ou segundo Tenente, isto se
o indiciado for um oficial e nos demais casos poderá ser designado um sargento ou subtenente.
Poderá, no entanto, ser designado escrivão, oficial de posto superior aos do acima
mencionado, quando o indiciado for oficial.
Ocorrendo falta ou impedimento de militares para exercerem a função de escrivão, o
Presidente do Flagrante designará para lavrar o auto, qualquer pessoa idônea (podendo,
inclusive ser um Sargento, Cabo ou mesmo um Soldado PM) que, para esse fim, prestará o
compromisso legal, conforme estabelece o § 5º do art. 245 do CPPM.

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Condutor

O condutor é toda e qualquer pessoa que apresentar o conduzido à autoridade, ou aquele


que efetua a prisão do infrator e o conduz a presença da autoridade para formalização do APFD, servindo
também como primeira testemunha. No flagrante especial (art. 249, do CPPM) não haverá
condutor, uma vez que será o próprio presidente do APFD que prenderá e lavrará o Flagrante.

Testemunha

De conformidade com o § 2º, do art. 245 do CPPM, a falta de testemunhas do fato


delituoso não impedirá a lavratura do auto de prisão em flagrante.
A ausência de testemunha não impede a realização da prisão e a lavratura do auto. Neste caso,
basta que se conste a declaração e qualificação de pelo menos 02 (duas) pessoas idôneas para
presenciarem o momento de apresentação do flagranteado e o ato formal de lavratura do APFD, bem
como a sua leitura integral para o preso. A estas testemunhas chamamos de instrumentárias.

Conduzido (indiciado ou flagranteado)

É a pessoa sobre quem recai a imputação delitiva. É aquele tido como provável autor da
infração de acordo com os elementos existentes.

(VER arts. 15, 15-A, 16 e 18 da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso
de Autoridade) sobre o INTERROGATÓRIO e ADVOGADO.

2.3.2.5. Despachos do Flagrante

O presidente através de despacho determinará que sejam adotadas urgentemente,


dentre outras, as providências abaixo:

a) Nota de Ciência das Garantias Constitucionais: Antes de iniciar a lavratura do APFD, o


presidente deverá informar o preso (conduzido ou indiciado), que é direito constitucional
permanecer calado e de ser assegurada a assistência de um advogado, constando estes
direitos também no auto, através de respectiva Nota de Ciência das Garantias
Constitucionais.

(VER art. 12, III, da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso de
Autoridade)

b) Nota de Culpa: Nota de culpa é a comunicação oficial ao conduzido, cientificando-o


de que foi preso e autuado em flagrante delito, tendo a finalidade de legalizar a prisão em
flagrante. É norma impositiva, prevista no art. 247 do CPPM, constando os seguintes
requisitos: Preâmbulo, com menção da autoridade; Nome do condutor e testemunhas; A
imputação (descrição breve do fato e tipificação da infração penal); Data e assinatura da
autoridade;
Se o conduzido se recusar a receber a Nota de culpa, o §1º. art. 247 do CPPM,
preceitua que a mesma será assinada por duas testemunhas instrumentárias, ou então
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será lavrada uma certidão para registro do incidente, a ser anexada ao APFD.
c) Recolhimento do conduzido à prisão: Lavrado o auto de prisão em flagrante, e se das
respostas resultarem fundadas suspeitas contra o conduzido, a autoridade militar em
observância ao constante no art. 246, do CPPM determinará o seu recolhimento à prisão,
procedendo-se, imediatamente, se for o caso, a exame de corpo de delito, à busca e
apreensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligência necessária ao seu
esclarecimento. Devendo o recolhimento do preso, ser feito mediante guia de
recolhimento de preso militar, com contra recibo da carceragem, que deverá se juntado aos
autos do APFD.
d) Comunicação ao judiciário, a familiar ou pessoa indicada pelo conduzido e ao seu
comandante imediato: O presidente do APFD deverá comunicar imediatamente ao Juízo
competente, ao familiar ou outra pessoa indicada pelo preso, tão logo tenha tomado ciência
da ocorrência e terminada a lavratura do auto, sob pena de incorrer em crime de abuso de
autoridade.
e) Requisições de Exames e Perícias: Caso a infração penal deixe vestígios e havendo
fundada suspeita, a autoridade policial militar, Presidente do Flagrante, mandará recolher o
suspeito à prisão e adotará as providências elencadas no art. 12, do CPPM, caso já não
tenham sido adotadas pelo condutor, sendo, portanto, dentre outras medidas, imperiosa a
inspeção do local de crime, pois lá podem ter sido deixados vestígios embasadores de uma
prova pericial.

2.3.2.6. Atos da lavratura


1. O preso pela própria autoridade (art. 249 do CPPM) ou o conduzido a ela (art. 245,
do CPPM) será apresentado à autoridade militar que presidirá o APFD, para que se proceda
a sua formalização;

2. Realizada a autuação, caso não se trate do flagrante especial (art. 249 do CPPM, em
que não tenha condutor), passará o presidente do AFPD a lavrar o auto, sob pena de
nulidade, procedendo-se separadamente, a sequência prevista no art. 245, do CPPM, das
oitivas, do condutor (em termo de declarações, caso tenha), testemunhas (duas no mínimo,
em termo de inquirição), vítima(s) (em termo de declarações) e por ultimo do(s)
conduzido(s) (em termo de interrogatório), havendo intervalos entre os respectivos
depoimentos, o que antes da Lei Federal nº. 11.113/20057, de 16/05/05, era formalizado em
uma só assentada, passando o condutor a ser considerado também como primeira
testemunha, conforme entendimento jurisprudencial já pacífico, em seguida, sendo colhidas
as pertinentes assinaturas após o término e cada depoimento (em separado), entregando a
cada depoente uma cópia dos seus respectivos termos;

3. A vítima (ou ofendido) se possível, poderá ser ouvida no próprio auto de prisão em
flagrante;

7
A Lei Federal nº. 11.113/2005, de 16/05/05, alterou o art. 304, do Código de Processo Penal, dispositivo destinado a dar celeridade ao
feito, podendo, em observância ao constante no art. 3º, alínea “a”, do CPPM, ser subsidiariamente aplicado no auto de prisão em flagrante
lavrado por autoridade militar por em nada ferir o que dispõe o art. 245, do mencionado desse Código.
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4. A seguir os autos deverão ser conclusos pelo escrivão ao Presidente do auto, que, ao
recebê-lo, proferirá o despacho onde determinará a lavratura e expedição da “Nota de
Culpa”, da “nota de ciência das garantias constitucionais” e a “guia de recolhimento” do
conduzido à prisão, comunicação ao Judiciário, a familiar ou pessoa por ele indicada, ao
seu comandante imediato e outras providências ainda necessárias.

5. Após o despacho proferido pelo Presidente do Flagrante, deverão ser feitos os termos de
recebimento e certidão, após o cumprimento do despacho, e em seguida conclusão, atos
estes praticados pelo Escrivão ad hoc;

6. Se houverem chegado os laudos periciais, ou outros documentos, o escrivão ad hoc,


procederá a juntada dos referidos documentos aos autos, após o despacho mandando juntá-
los aos autos, proferido no próprio documento pelo presidente do flagrante, e em seguida
fará conclusão novamente, para que o Presidente possa elaborar relatório do APFD,
posicionando-se sobre o fato, sugerindo dentre outras providências, a instauração de
IPM (ou instaurando de ofício, se for o caso) ou de competente processo administrativo, a
fim de se apurar falta residual disciplinar, cometida pelo conduzido;

7. Finalizado o procedimento de lavratura do auto de prisão em flagrante militar, com


respectivos relatório e termo de remessa, deverá o presidente encaminhar de imediato os
originais à 9ª Vara Criminal e 01(uma) cópia ao Plantão de Polícia Judiciária Militar da
Corregedoria, sugerindo no relatório, se for o caso, a instauração de pertinente Inquérito
Policial Militar, ou mesmo, solicitando no próprio Relatório, ao Juiz, se for o caso, a
conversão do flagrante em preventiva, observados os requisitos legais, 01(uma) cópia ao
defensor público, na hipótese do art. 306, §1º, segunda parte, do CPP e apenas oficiar ao
Promotor de Justiça, juntando aos originais dos autos do flagrante, as segundas vias dos
respectivos ofícios entregues, numerando-os nas ultimas folhas.

8. Deverão os originais dos autos de flagrante serem encaminhados por meio de ofício,
dentro do prazo de 24(vinte e quatro) horas, contadas do momento da prisão, nos termos dos
art. 251, do CPPM, ao Juízo Militar (8ª Vara Criminal) na forma do que dispõe o art. 3º,
§§1º, 2º e 3º, do Provimento nº 29/CGJ, de 11/07/19.

2.3.2.7. Auto de Resistência (art. 234 do CPPM).

A resistência à prisão ou condução, em casos legais, é lógico, faculta ao policial usar


dos meios necessários para fazer valer a lei, devendo formalizar obrigatoriamente por meio de Auto de
Resistência, quando:

a) Indispensável no caso de desobediência, resistência ou tentativa de fuga.


b) Houver resistência por parte de terceiros, podendo ser usados os meios necessários para
vencê-la ou para defesa do executor e auxiliares seus, inclusive a prisão do defensor.
Os meios coercitivos usados pelo policial devem ser proporcionais à reação;

Em casos de resistência deve ser juntado ao APFD, respectivo AUTO DE RESISTÊNCIA A


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PRISÃO, registrando em relatório a sua incidência.

2.3.2.8. Do uso de algemas

De acordo com a Súmula Vinculante 11, do STF só é lícito o uso de algemas em casos de
resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Ver: Art. 5º, XLIX, da CF, Arts. 42, 177, 180, 298 a 301 do CPM e Arts. 234 e 242 do
CPPM.
CPP

Art. 474. ...


§ 3º Não se permitirá o uso de algemas no acusado durante o período em que
permanecer no plenário do júri, salvo se absolutamente necessário à ordem dos trabalhos,
à segurança das testemunhas ou à garantia da integridade física dos presentes.

CPPM

Emprego de força

Art. 234. O emprego de força só é permitido quando indispensável, no caso de


desobediência, resistência ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros,
poderão ser usados os meios necessários para vencê-la ou para defesa do executor e
auxiliares seus, inclusive a prisão do ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor
e por duas testemunhas.

Emprego de algemas

§ 1º O emprego de algemas deve ser evitado, desde que não haja perigo de fuga ou de
agressão da parte do preso, e de modo algum será permitido, nos presos a que se refere
o artigo 242.

2.3.2.9. Considerações sobre o APFD

a) Incomunicabilidade do Indiciado/Conduzido

Foi revogada pela Constituição de 1988, porquanto o art. 5º, LXII, fala em direito de
“assistência de família”, sendo esta assistência de forma genérica: médica, alimentação, material para
higiene pessoal e roupa de cama.
Desta forma, pode-se afirmar igualmente que a incomunicabilidade do preso, caracteriza
abuso de autoridade.
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b) Garantias constitucionais

1) Comunicação da prisão do Indiciado/Conduzido.


Será obrigada a comunicação da prisão em flagrante, como forma de resguardar a
regularidade do cerceamento do direito de locomoção da pessoa, pois de acordo com o inciso LXII, do
art. 5º, da CF/88, “a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”.
Como já foi dito, a comunicação só estará completa se encaminhados os originais do APFD
ao Juízo da 9ª Vara Criminal, na Central de Inquéritos Militar, em dias úteis, durante o horário do
expediente do Poder Judiciário.
A simples omissão da comunicação ao juiz caracteriza crime de abuso de autoridade.
A falta de comunicação a familiares, quando impossível, deve ser consignada nos autos.
Considerando que a comunicação da prisão à família do preso, ou à pessoa por ele indicada,
é formalidade legal, a ausência injustificada de comunicação, também será considerada abuso de
autoridade.
A ausência de comunicação ao juiz, à família ou terceiros, não implica em nulidade do auto
de prisão em flagrante. Mas a autoridade policial deverá ser responsabilizada administrativamente pela
omissão abusiva.
(VER art. 12 da Lei nº 13.869, de 05/09/19 - Lei dos Crimes de Abuso de Autoridade)

2) Identificação dos responsáveis pela prisão e interrogatório do Indiciado/Conduzido.

Conforme previsto no inciso LXIII, do art. 5º da CF/88, “o preso tem direito à identificação
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial”. Ou seja, para se evitar o abuso de
direito ou de poder contra o preso, considerando que a referência é a “responsáveis”, e não somente a
“responsável”, o direito de identificação abrange tanto o encarregado do interrogatório formal, no caso o
Presidente do Flagrante, assim entendido quando acontece registro das respostas, como interrogatório
informal, que simplesmente tenta obter dados para desenvolvimento das investigações.

3) Formas de cumprimento das garantias constitucionais (art. 5º, LXII e LXIII, da CF/88).

A autoridade policial militar tem o dever de esclarecer ao preso o seu direito de silêncio,
antes de iniciar a qualificação no interrogatório. Já, o de comunicar a prisão ao juiz competente e à
família, ou outra pessoa indicada, entretanto, será feito logo que for dada a voz de prisão, devendo em
seguida, o seu registro constar nos autos, o que poderá ser feito em seu termo de interrogatório ou em
forma de nota de ciência das garantias constitucionais, em separado, que deverá ser juntada aos autos.

Como já dito anteriormente, além da comunicação ao Juízo Competente, deverá ser também
observar o disposto na Lei nº 12.403/11, de 04/05/2011, que deu nova redação ao art. 306, do CPP, cuja
aplicação é subsidiária, na lavratura do flagrante por autoridade militar, consoante interpretação do
disposto na alínea “a”, do art. 3º, do CPPM, devendo ser comunicado o membro do Ministério Público
Castrense (9ª Promotoria de Justiça, em dias úteis, durante o horário do expediente do Poder Judiciário) e
encaminhadas à 9ª Defensoria Púbica, a cópia completa do APFD, caso o conduzido não informe o nome
de seu advogado ou não seja acompanhado por advogado em sua autuação.

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2.3.2.10. Remessa do Auto de Prisão em Flagrante ao Juiz

De acordo com o art. 251, do CPPM, o auto de prisão em flagrante deve ser remetido
imediatamente ao juiz competente, se não tiver sido lavrado por autoridade judiciária; e, no máximo,
dentro em cinco dias, se depender de diligência prevista no art. 246 (exame de corpo de delito, à
busca e apreensão dos instrumentos do crime e a qualquer outra diligência), devendo-se observar
os prazos previstos no art. 3º, §§1º, 2º e 3º, do Provimento nº 29/CGJ, de 11/07/19, senão vejamos:

Art. 3º...
§1º Se o militar se encontrar preso em local distante da Capital, sede do juízo militar estadual, a apresentação
para audiência se fará pela autoridade de polícia judiciária militar responsável no prazo de 72(setenta e duas)
horas, contadas da comunicação da prisão, haja vista a distância variável das organizações militares dispostas
no Estado.
§2º Na hipótese de dependência de diligência prevista no art. 246 do Código de Processo Penal Militar (exame
de corpo de delito, busca e apreensão dos instrumentos do crime ou qualquer outra diligência necessária ao seu
esclarecimento), o militar estadual preso deverá ser apresentado acompanhado de cópia do APFD.
§3º Se houver necessidade de diligências complementares, o procedimento previsto no caput deverá ser
adotado com cópia do APFD e, no máximo, dentro em 5 (cinco) dias, o APFD original deverá ser remetido
diretamente ao Juiz competente, conforme preceitua o art. 251 do CPPM. (...)

2.3.2.11. Instauração de IPM de um AFFD

Embora o art. 27, do CPPM, prescreva que caso o auto de prisão em flagrante seja suficiente
para a elucidação do fato e sua autoria, dispensando-se instauração do Inquérito, verifica-se que há
situações que carecem de uma apuração mais acurada dos fatos, que resultaram na lavratura do flagrante,
cabendo se for o caso, sua transformação em competente Inquérito Policial Militar – IPM, de ofício pelo
próprio Presidente do Flagrante ou por delegação, nos termos do art. 10, alínea “a”, do CPPM,
observando-se ao que está prescrito no art. 20, do mencionado código, quanto aos prazos para sua
conclusão, de forma também, que se possa melhor subsidiar o Ministério Público, no que se refere à
coleta de elementos necessários à propositura da ação penal.

2.3.2.12. Sequência do APFD

Procedimento Administrativo Padrão para o APFD

Apresentamos a seguir uma sequência de medidas preliminares e procedimentos necessários,


destacados em NEGRITO, que hodiernamente aparecem na lavratura do Auto de Prisão em Flagrante
Delito. Entretanto, não constituindo numa regra rígida, pois se tratam apenas de atos demonstrativos,
alguns dos quais serão adotados de acordo com a conveniência do caso concreto, tais como algumas
requisições periciais, ofícios e termos de movimento (conclusões, despachos, juntadas, recebimentos,
certidões):

A) MEDIDAS PRELIMINARES (ADOTADAS ANTES DA LAVRATURA)

1) VOZ DE PRISÃO: dada ao infrator observados os requisitos do art. 244, do CPPM, após
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apresentação do conduzido/indiciado (flagrante comum - art. 245, do CPPM) ou quando contra ou na


presença da autoridade de serviço ou em razão da função que irá lavrar o flagrante (flagrante especial -
art. 249, do CPPM). Momento em que são esclarecidos ao indiciado os seus direitos constitucionais,
previstos no art. 5º, XLIX, LXII, LXIII e LXIV, da CF/88.
OBS: Casos ocorridos na CAPITAL (estendendo-se à região da área circunscricional da Grande
Teresina, P.ex, subordinadas das OPMs do Comando de Policiamento Metropolitano, como em
Altos, Demerval Lobão, União, José de Freitas, Nazária, Lagoa Alegre, etc), caberá ao Chefe do
PPJM da Corregedoria, de acordo com o art. 2º,§1º, da Portaria nº 075, de 20/02/13 (BCG nº 035, de
22/02/13) inciso III e IV, alterados pela Portaria nº 193, de 30/05/18 (BCG nº 100, de 30/05/18), os
procedimentos de autuação em flagrante delito de policiais militares da ativa que praticarem crime
militar em serviço ou de folga ou em razão da função e dos policiais miliares inativos, observado o
disposto nos arts. 223, 244, 245 e 249 (este último segue-se o exato disposto da CPPM), do Código de
Processo Penal Militar. Ainda do entendimento do disposto na Portaria nº 193/18, se o crime militar
ocorrer nas áreas circunscricionais que não façam parte da Grande Teresina (P.ex: Água Branca,
Parnaíba, Floriano, Picos, Corrente, Paulistana, Oeiras, etc), não caberá obrigatoriamente ao Chefe do
PPJM da Corregedoria e sim, aos Comandos das OPM, na correta observância da Portaria nº 075/13,
gerenciar a sistemática das lavratura de seus APFD nas hipóteses dos art. 245 do 249, do CPPM,
observadas as demais disposições do CPPM.

2) IMEDIATA CUSTÓDIA DO PRESO MEDIANTE ESCOLTA OU


RECOLHIMENTO PROVISÓRIO A UM XADREZ EM CASOS DE RESISTÊNCIA, AMEAÇA
A SI, A OUTREM OU DE TENTATIVA OU RISCO DE FUGA, fazer uso moderado da força,
inclusive emprego de algema8 ou outros meios coercitivos similares, lavrando o responsável pela
prisão/condução respectivo AUTO DE RESISTÊNCIA;
OBS: se lesionado durante a prisão ou resistência, prestar o devido socorro médico ao
indiciado, lavrando-se, se for o caso, AUTO DE RESISTÊNCIA.

3) PROVIDENCIAR EXAME DE CORPO DE DELITO DO INDICIADO (vide


modelo que se segue), independente de estar lesionado ou não.
OBS: Para os flagrantes lavrados no interior, não sendo possível a realização dos exames
médicos-periciais, poderá ser nomeado pelo presidente do APFD um perito dativo que será o médico
da cidade ou localidade;
Caso não seja possível deslocar-se à Capital, para realização dos exames periciais médicos
necessários ao APFD ou não seja possível por meio de médico da localidade (falta ou recusa do médico)
deverá o incidente ser constado nos autos por meio de CERTIDÃO.

4) OBSERVAR MEDIDAS PRELIMINARES DO ART. 12 e 246 DO CPPM;

5) PROVIDENCIAR OUTROS EXAMES QUE SE FIZEREM NECESSÁRIOS DE


ACORDO COM O CASO CONCRETO (de embriaguez, de residuográfico, de substância
entorpecente, outros, conforme modelos que se seguem).

8
De acordo com a Súmula Vinculante 11, do STF só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de
fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Ver: Art. 5º, XLIX, da CF, Arts. 42, 177, 180, 298 a 301 do CPM e Arts. 234 e 242 do CPPM .
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6) REALIZADOS OS EXAMES E/OU ATENDIMENTOS MÉDICOS


NECESSÁRIOS, PREENCHER AUTO DE RESISTÊNCIA (CASO TENHA HAVIDO
RESISTÊNCIA) E O FORMULÁRIO DE JUSTIFICATIVA DE USO DE ALGEMAS (CASO
TENHAM SIDO UTILIZADAS) RECOLHER EM XADREZ DE UMA OPM OU NO PRESÍDIO
MILITAR, MEDIANTE GUIA DE RECOLHIMENTO, ACOMAPANHADA DE CÓPIAS DOS
LAUDOS DOS EXAMES REALIZADOS, PRINCIPALMENTE O DE LESÕES CORPORAIS.

9) COMUNICAR A FAMILIAR OU OUTRA PESSOA INDICADA PELO


INDICIADO NO MOMENTO DE SUA PRISÃO

Obs: caso não seja possível entregar o Oficio de comunicação ao familiar, constar nos autos
em certidão informando da comunicação por via telefônica, na presença de no mínimo 02(duas)
testemunhas, consoante modelo que se segue.

B) DA LAVRATURA PROPRIAMENTE DITA:

1) Autuação (Capa do APFD);


OBS: Verificar se APFD comum ou especial.
2) Portaria de lavratura do flagrante (vide modelos);
OBS: no Flagrante Especial (art. 249, do CPPM), uma vez que não tem condutor,
deverá constar a narrativa do fato praticado contra ou na presença da autoridade militar
responsável pela lavratura (vide modelo)
3) Termo de Compromisso do escrivão “ad hoc”;
4) Conclusão ao Presidente do Flagrante;
5) Termo de Declarações do Condutor e 1ª Testemunha (não tem no Flagrante
Especial);
6) Termo de Inquirição da 2ª Testemunha (No Flagrante Especial esta será 1ª
Testemunha);
7) Termo de Inquirição da 3ª Testemunha (2ª Testemunha no Flagrante Especial e
assim por diante);
8) Termo de Declarações da Vítima/Ofendido (se tiver);
9) Nota de ciência das garantias constitucionais;
10) Termo de Interrogatório do Conduzido/Indiciado;
11) Nota de Culpa;
12) Certidão para caso de recusa ou impossibilidade de assinatura do Termo de
Interrogatório do APFD ou da nota de culpa;
13) Conclusão;
14) Despacho;
15) Recebimento;
16) Certidão;
17) Auto de resistência à prisão (lavrado obrigatoriamente por quem prende / conduz o
indiciado);
18) Ofício de requisição – exame de corpo de delito de lesão corporal (obrigatório ser
realizado) na Capital no IML (pelo perito médico de plantão mediante requisição), no
Interior por médico da localidade (perito dativo nomeado e requisitado pelo presidente
do APFD para este fim);
61
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19) Termo de Designação de perito-médico dativo;


20) Termo de Compromisso no Perito Dativo;
21) Auto de Exame de Corpo de Delito (lavrado por perito médico-dativo);
22) Certidão do presidente do APFD, informando impossibilidade ou recusa do médico.
23) Ofício de requisição – exame de necropsia (caso não seja possível realização na Capital,
será realizado por médico da localidade (perito dativo nomeado e requisitado pelo presidente
do APFD para este fim);
24) Ofício de requisição – exame de embriaguez (caso não seja possível realização na
Capital, será realizado por médico da localidade (perito dativo nomeado e requisitado pelo
presidente do APFD para este fim);
25) Ofício de requisição – exame de ato libidinoso (caso não seja possível realização na
Capital, será realizado por médico da localidade (perito dativo nomeado e requisitado pelo
presidente do APFD para este fim);
26) Ofício de requisição – exame de conjunção carnal (caso não seja possível realização na
Capital, será realizado por médico da localidade (perito dativo nomeado e requisitado pelo
presidente do APFD para este fim);
27) Ofício de requisição – exame de arma de fogo e/ou munição (obrigatoriamente realizado
por perito do Instituto de Criminalística);
28) Ofício de requisição – exame residuográfico em cadáver (obrigatoriamente realizado por
perito do Instituto de Criminalística);
29) Ofício de requisição – exame residuográfico em pessoa viva (periciando) -
obrigatoriamente realizado por perito do Instituto de Criminalística;
30) Ofício de requisição – exame pericial em local de crime(obrigatoriamente realizado por
perito do Instituto de Criminalística);
31) Ofício de requisição – exame de substância entorpecente (obrigatoriamente realizado por
perito do Instituto de Criminalística);
32) Ofício de requisição – exame para constatação de danos materiais(obrigatoriamente
realizado por perito do Instituto de Criminalística);
33) Ofício de requisição – exame metalográfico (adulteração de veículos)
(obrigatoriamente realizado por perito do Instituto de Criminalística);
34) Ofício de requisição – exame pirotécnico (de incêndio) (obrigatoriamente realizado por
perito do Instituto de Criminalística);
35) Ofício de requisição – exame pericial de instrumentos (utilizado para furto e roubo) -
obrigatoriamente realizado por perito do Instituto de Criminalística;
36) Ofício informando a familiar ou outra pessoa indicada pelo conduzido acerca da
sua autuação e prisão em flagrante delito.
OBS: Caso não seja possível encaminhar ao familiar ou outra pessoa indicada pelo
preso, o ofício de comunicação, realizar-se-á se possível ligação telefônica, lavrando-se
certidão nos autos, constando a realização da comunicação.
37) Juntada
38) Guia de recolhimento de preso militar;
39) 01(uma) via ou cópia(s) do exame de corpo de delito e/ou de outros exames
realizados;
40) Conclusão;
41) Relatório;
42) Despacho ao escrivão para confecção dos Ofícios à OPM de origem do preso, ao
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Defensor Público (caso o preso não tenha sido acompanhado de advogado), ao


Promotor de Justiça e ao Juízo da 9ª Vara Criminal, na Central de Inquéritos Militar;
43) Recebimento pelo escrivão (para remessa do APFD);
44) Termo de Remessa;
45) Ofício ao Comandante imediato do conduzido, comunicando acerca da autuação e
prisão em flagrante delito e onde se encontra o custodiado;
OBS: Caso não seja possível encaminhar ao familiar ou outra pessoa indicada pelo preso, o
ofício de comunicação, realizar-se-á se possível ligação telefônica, lavrando-se certidão nos
autos, constando a realização da comunicação.
46) Ofício de comunicação da prisão (com cópia integral dos autos do APFD, até o
termo de remessa) ao Defensor Público da 9ª Vara Criminal.

OBS1: Poderá se houver disponibilidade por parte do presidente do APFD, caso o indiciado
apresente advogado, fornecê-lo cópias, mediante recibo, dos autos durante ou após o
término da lavratura. Recomenda-se após a lavratura.

OBS2: Certidão, em caso de falta do Defensor Público Plantonista ou em caso de recusa


da Defensoria (de defensor ou servidor) em receber a comunicação com cópia dos autos
do APFD.

47) Ofício de comunicação da prisão ao Promotor de Justiça da 9ª Vara Criminal;

48) Ofício ao Juízo da 9ª Vara Criminal, na Central de Inquéritos Militar, em dias


úteis, durante o horário de expediente forense.

2.3.3. AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA NOS CRIMES MILITARES NO PIAUÍ

Da Resolução 213, do CNJ, de 15/12/15, através da qual foi instituído de fato no Brasil a
Audiência de Custódia (alterada pela Resolução nº 254, de 04/09/18), o Tribunal de Justiça do Estado
do Piauí editou sua Resolução nº 118, de 15/10/18, posteriormente a Resolução nº 128, de 04/02/19
(DJ/PI, de 05/02/19), em vigor deste o dia 01/04/19, que versa sobre a aplicação das audiências de
custódia realizadas de modo regionalizado, diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados,
abrangendo as prisões cautelares (flagrante, preventivas, temporárias) e definitivas em todas as comarcas
do Estado, dentro dos Sistemas de Identificação de Custódia (SIC) e de Audiência de Custódia
(SISTAC) para viabilizar o cumprimento desta resolução.
Ainda de acordo com a Resolução nº 128, de 04/02/19, em seu art. 20, além do preso
provisório, também serão submetidos a audiência de custódia o preso militar e o preso para
cumprimento de pena.
Com a edição do Provimento nº 029, de 11/07/19, da Corregedoria Geral de Justiça, que
dispõe sobre a realização de audiências de custódias no âmbito da Justiça Militar do Estado do Piauí, em
vigor desde o dia 1º de agosto de 2019, foi, finalmente, regulamentada a realização da audiência de
custódia, para os crimes militares praticados pelos integrantes da Polícia Militar do Piauí (PMPI) e
Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piauí (CBMEPI), visando assegurar a apresentação, sem
demora, do militar estadual a um Juiz, nos casos de prisão em flagrante delito, de prisão decorrente de
apresentação voluntária ou captura relativas ao crime de deserção ou, ainda, de cumprimento de

63
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mandados de prisão cautelar ou definitiva, observadas as peculiaridades da Justiça Militar Estadual


(JME).
As audiências de custódia para os crimes militares, antes realizadas pela Central de
Inquéritos e Plantão Judiciário, passaram, a partir de então, a serem realizadas nos dias úteis, pelo Juízo
da 8ª Vara Criminal de Teresina, nos termos da Lei Ordinária n° 3.716, de 12/12/79(LOJ/PI) alterada pela
Lei Complementar nº 98 de 10/01/08.
De acordo com o §1º do mencionado provimento, atuarão nas audiências os servidores da
referida unidade (no caso a 8ª Vara Criminal, por meio da Central de Inquérito Militar, recentemente
criada na sede do Quartel do Comando Geral da PMPI), os quais deverão praticar todos os atos
necessários à realização da audiência de custódia, tais como registro, documentação e encaminhamentos,
além de outros determinados pela autoridade judiciária competente.
Em caso de prisão realizada fora do horário de expediente forense, a audiência de custódia
será realizada no primeiro dia útil.
Os Comandos da Polícia Militar do Piauí e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do
Piauí deverão, obrigatoriamente, apresentar todo militar preso em flagrante delito, por cumprimento de
mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar Estadual, capturados ou apresentados voluntariamente
por crime de deserção, independentemente da motivação ou natureza do ato, no dia seguinte ao do
recolhimento, com os autos originais do Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD) ou cópia do termo
de oitiva do desertor capturado ou apresentado voluntariamente, para que a autoridade judicial
competente possa ouvi-lo sobre as circunstâncias em que se realizou sua prisão ou captura (audiência de
custódia).
Caso o militar se encontre preso em local distante da Capital, sede do juízo militar estadual,
a apresentação para audiência se fará pela autoridade de polícia judiciária militar responsável no prazo de
72(setenta e duas) horas, contadas da comunicação da prisão, haja vista a distância variável das
organizações militares dispostas no Estado.
Na hipótese de dependência de diligência prevista no art. 246 do Código de Processo Penal
Militar (exame de corpo de delito, busca e apreensão dos instrumentos do crime ou qualquer outra
diligência necessária ao seu esclarecimento), o militar estadual preso deverá ser apresentado
acompanhado de cópia do APFD.
Se houver necessidade de diligências complementares, o procedimento previsto no caput do
referido artigo deverá ser adotado com cópia do APFD e, no máximo, dentro em 05 (cinco) dias, o APFD
original deverá ser remetido diretamente ao Juiz competente, conforme preceitua o art. 251 do CPPM.
No caso de prisão em flagrante delito da competência originária de Tribunal, a apresentação
do preso será feita ao Presidente do Tribunal de Justiça, que encaminhará os autos à audiência de custódia
no segundo grau de jurisdição.
Estando o militar estadual preso acometido de grave enfermidade ou havendo circunstância
comprovadamente excepcional que o impossibilite de ser apresentado ao juiz no prazo, deverá ser
providenciada a condução para a audiência de custódia imediatamente após restabelecida sua
condição de saúde ou de apresentação.
A audiência de custódia será realizada na presença do Ministério Público e da
Defensoria Pública, caso o militar detido não possua defensor constituído.
Se o militar preso em flagrante delito constituir advogado até o término da lavratura do
APFD, o Oficial encarregado deverá notificá-lo que haverá audiência de custódia, nos termos desta
Resolução, consignando nos autos.
Antes do juiz iniciar a audiência de custódia, será assegurado ao preso entrevistar-se
reservadamente com seu advogado ou defensor público, sem a presença dos responsáveis por sua
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prisão, sendo previamente esclarecidos por funcionário designado pelo juiz os motivos, fundamentos e
ritos que versam a audiência de custódia.
Após a oitiva do militar preso, o juiz deferirá ao Ministério Público e ao defensor, nesta
ordem, reperguntas compatíveis com a natureza do ato, devendo indeferir as perguntas relativas ao
mérito dos fatos que possam constituir eventual imputação, permitindo-lhes, em seguida, requerer:
I – o relaxamento da prisão em flagrante; II – a concessão de menagem (art. 263 e seguintes do CPM)
ou liberdade provisória (art. 270 do CPM); III – a decretação de prisão preventiva; IV – a adoção de
outras medidas necessárias à preservação de direitos da pessoa presa.
A oitiva do militar preso será registrada em termo. Em seguida, será lavrada uma ata da
audiência contendo, apenas e resumidamente, a deliberação fundamentada do magistrado quanto à
legalidade e manutenção da prisão, cabimento de menagem ou liberdade provisória, considerando-se o
pedido de cada parte, como também as providências tomadas, em caso da constatação de indícios de
tortura e maus tratos.
Concluída a audiência de custódia, cópia da ata com o termo de oitiva será entregue ao
militar preso, ao defensor e ao Ministério Público, tomando-se a ciência de todos. Os originais serão
juntados no APFD ou no termo de deserção.
Proferida a decisão que resultar no relaxamento da prisão em flagrante, na concessão da
menagem ou da liberdade provisória, ou quando determinado o imediato arquivamento dos autos, o
militar preso será prontamente colocado em liberdade, mediante a expedição de alvará de soltura, e será
informado sobre seus direitos e obrigações, salvo se por outro motivo tenha que continuar preso.
O juiz deve buscar garantir aos militares presos em flagrante delito ou desertores capturados
o direito à atenção médica e psicossocial eventualmente necessária.
Havendo declaração do militar preso de que foi vítima de tortura e maus tratos ou
entendimento do juiz de que há indícios da prática de tortura, será determinado o registro das informações
e adotadas as providências cabíveis.
Ainda, de acordo com o Provimento nº 29/19-CGJ, a apresentação ao juiz também será
assegurada aos militares presos seja por prisão em flagrante (militar), incluindo-se os casos de
deserção, seja em decorrência de cumprimento de mandados de prisão expedidos pela Justiça
Militar, devendo todos os mandados de prisão conterem, expressamente, a determinação para que,
logo após o cumprimento das formalidades de recolhimento no Presídio da Polícia Militar ou local
adequado (na forma o art. 69, da Lei nº 3.808/81 e art. 300, parágrafo único, do CPP) o militar preso
seja apresentado para audiência de custódia, consignando o local e o momento da apresentação.
Audiências de custódia na Central de Inquéritos Militar do Juízo da 9ª Vara Criminal
serão realizadas em dias úteis, durante o horário do expediente do Poder Judiciário em Teresina.

2.3.4. COMPARECIMENTO ESPONTÂNEO (art. 262, do CPPM)

Atualmente com o aumento da criminalidade, não se poder deixar de observar que cada vez
mais tem o profissional da segurança pública, em especial o Policial Militar, se deparado com situações
de enfretamento que decorrem na prática de crimes no exercício da função. Em observância a essa atual
conjuntura a Instituição tem começado a adotar medidas previstas em lei, para as ocorrências que tem
resultado na morte ou em lesões corporais, dos infratores que resistem de forma violenta à
intervenção policial militar.
Temos então que à autoridade policial militar, por ser autoridade administrativa e pela
discricionariedade que tem, caberá a decisão em lavrar ou não o auto de prisão em flagrante, nas
ocorrências, em que se deva observar se há, além das circunstâncias do art. 9º, do CPM, para a
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prática do crime militar, os requisitos indiciatórios mínimos da existência de tipicidade ou


antijuridicidade, do art. 244 do CPPM, observando também a existência das excludentes de
ilicitude, verificadas as hipóteses do art. 42 do CPM, sob pena de incorrer aquela autoridade
militar, inclusive, em prática de abuso de autoridade, cabendo a ela adotar o que prescreve o art.
262, do CPPM, quanto a desnecessidade da prisão em flagrante em caso de comparecimento espontâneo
do(s) militar(e)s envolvido(s) na ocorrência.
Em face desta atual demanda o Comando Geral da Polícia Militar do Piauí, instituiu por
meio da Portaria n° 275-GCG/2013, datada de 18/10/13, publicada no BCG nº. 200, de 22/10/13, que
nos casos da prática de crimes militares decorrentes de intervenção policial militar, cabendo dentre as
providências de Polícia Judiciária Militar, as que dispõem sobre o comparecimento espontâneo do(s)
militar(es) que participou(aram) do ocorrido, devendo-se, para tanto, adotadas das medidas do art.
12, do CPPM, preservando e isolado o local, consoante a Resolução nº 001, de 07/01/13, da Secretaria
de Segurança Pública. Devendo ser acionada a perícia, bem como ser realizado também a lavratura
do auto de resistência, pelo(s) militar(es) que participou(aram) da ocorrência, apreensão pela PJM
(Plantão de Polícia Judiciária Militar, Oficial de Dia, CPU ou autoridade militar de serviço com tal
atribuição) dos armamentos utilizados, devendo ser realizada também pela PJM a inquirição de
testemunha(s), lavratura do termo de comparecimento espontâneo, consoante dispõe o art. 262, do
CPPM e, fazendo-se a devida comunicação ao Ministério Público Castrense, com a imediata
instauração de Inquérito Policial Militar, nos termos do art. 10, alínea “a” do CPPM.
Ressalte-se salientar que poderá(ão) o(s) infrator(es) se utilizar(em) do comparecimento
espontâneo apenas e notoriamente para escapar(em) da prisão e encobrir excessos praticados, no
intuito de afastar o dever da PJM (Plantão de Polícia Judiciária Militar, Oficial de Dia, CPU ou
autoridade militar de serviço com tal atribuição) de dar voz de prisão em flagrante, cabendo neste
caso, verificado o excesso, a essa autoridade militar, proceder sim, a autuação em flagrante delito,
em face de quem efetivamente o merecer.
Não caberá o Comparecimento Espontâneo (art. 262, do CPPM) para os casos de
deserção, mas sim a Apresentação Voluntária (art. 454, §1º, se Oficial e art. 457, do CPPM, se praça).
De acordo com o Provimento nº 020, que trata do Código de Normas da Corregedoria
Geral de Justiça do Estado do Piauí, datado de 20/05/14, que teve recentemente alterado o seu art.
374, §5º, por meio do Provimento nº 30, de 11/07/19, caberá ao Juízo de Direito da 9ª Vara Criminal
de Teresina (por meio a sua recém criada Central de Inquéritos Militar, sediada no Quartel do
Comando Geral da PMPI) as providências referentes ao Comparecimento Espontâneo e Apresentação
Voluntária de Desertores, conjuntamente com às audiências de custódia, consoante no Provimento nº
029/19, de 11/07/19, acima já mencionadas.

2.3.4.1. Sequência de atos adotados para o art. 262, do CPPM.

Preservado e isolado o local, consoante dispõe a Resolução nº 001, de 07/01/13, da


Secretaria de Segurança Pública, publicada no DOE nº 10, de 15/01/13 e, adotadas as medidas do art.
12, do CPPM, adotamos os procedimentos inerentes do art. 262, do CPPM, em observância também ao
regulamentado pelo Comando Geral da PMPI, por meio da Portaria n° 275-GCG/2013, datada de
18/10/13, publicada no BCG nº. 200, de 22/10/13 e do disposto nos arts. 1º e 2º, da Portaria nº 098-
GCG/2014, de 19/03/14, publicada no BCG nº 055, de 24/03/14, que dispõe sobre a inclusão de
dados essenciais de policiais militares em procedimentos criminais de Polícia Judiciária Militar.
Temos então a sequência dos procedimentos inerentes à adoção das medidas do art. 262, do
CPPM:
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1) Capa (Comparecimento Espontâneo) com cabeçalho da OPM, constando, a lotação


do(s) policiais envolvidos, da Autoridade Responsável pela lavratura, nomes de testemunhas
(no mínimo duas), dados do armamento militar apreendido e outros dados necessários),
descrição sucinta do fato, data e local do ocorrido (Cidade, Rua, Bairro, ponto de referência,
etc);
2) Auto Resistência a Prisão (art. 284, do CPP, se de Civil ou art. 234, do CPPM, se de
militar) o qual deverá ser preenchido pelo própria guarnição que atender a ocorrência,
preferencialmente pelo Cmt da GU ou mais antigo, constando no mínimo (duas
testemunhas);
3) Termo de Exibição e Apreensão do armamento militar e/ou demais objetos
apreendidos.
4) Relatório do Serviço, Parte de Serviço, outros documentos, croquis, fotografias do
local do crime, de vítimas e objeto.
OBS: Após acionada a perícia (Instituto de Criminalística), poderá a autoridade de Polícia
Judiciária Militar - PJM, acompanhar os trabalhos realizados, requisitando cópias de laudos,
etc, consoante dispõe o art. 8º, alínea “h”, do CPPM, a fim de adiantar os procedimentos de
instauração do Inquérito Policial Militar.
5) Portaria de Instauração de IPM, nos termos do art. 10, alínea “a”, do CPPM;
6) Ofício à Corregedoria da PMPI, comunicando providências do art. 262, do CPPM e
instauração imediata de IPM;
7) Ofício da Corregedoria da PMPI ao Juízo da 9ª Vara Criminal, comunicando acerca
dos fatos e das providências realizadas, consoante dispõe o art. 262, do CPPM,
encaminhando cópia da documentação produzida para o IPM, inclusive da Portaria de
instauração;
8) Ofício da Corregedoria da PMPI à 9ª Promotoria da Justiça Militar de Teresina,
comunicando acerca das providências adotadas consoante dispõe o art. 262, do CPPM,
encaminhando cópia da documentação produzida para o IPM, inclusive da Portaria de
instauração.

2.3.5. TERMO DE DESERÇÃO (TD)

2.3.5.1. Conceitos:

A deserção é um crime próprio, o mais militar dos crimes, tipificado nos arts. 187, 188
e 190, do Código Penal Militar, sendo agravada se o infrator for oficial.
A sua condição de procedibilidade é o fato de ser praticado pelo militar da ativa (a
exceção do militar da ativa por equiparação, que responderá apenas disciplinarmente pela sua
ausência por mais de 8 dias). As suas características e seus elementos objetivos e subjetivos o tornam,
sem nenhuma dúvida, aquele que melhor reúne na tipologia de crime militar.
O Termo de Deserção (TD) ou Instrução Provisória de Deserção (IPD) é o
procedimento de polícia judiciária militar, que serve como peça informativa específica de instrução
provisória, para o crime de deserção, inciando-se no âmbito administrativo, prosseguindo o seu
processamento com a denúncia do Ministério Público, se recebida pela Justiça Militar Estadual, cuja
competência no Estado do Piauí, se encontra sendo exercida pela 9ª Vara Criminal da Comarca de
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Teresina-PI, estando seu o rito previsto nos arts. 451 a 457, do CPPM.
Consiste, em regra (pois temos a excepcionalidade do art. 190, do CPM), a deserção, na
ausência do militar da ativa, pelo lapso temporal de mais 08 (oito) dias, sem qualquer permissivo, ou
conhecimento de seus superiores, da unidade onde serve, ou, onde recebeu determinação de permanecer
ou de se apresentar.
Eládio Pacheco Estrela9, com as palavras de José da Silva Loureiro, define que “o crime
de deserção ocorre no momento em que o militar se ausenta voluntariamente do local onde deva
estar; transcorrido o prazo de graça, o crime está consumado, pois se trata de delito formal que se
constitui pelo simples decurso desse prazo, que é mais de oito dias.” Senão vejamos o que diz o art.
187, do CPM:

Art. 187 “Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que
deve permanecer, por mais de oito dias: pena - detenção de seis meses a dois anos; se
oficial, a pena é agravada.”

Esta ausência acima injustificada, pelo período superior a 08(oito) dias, é suficiente para
caracterizar o crime, ou seja, é um delito tanto omissivo, quanto comissivo, pois se consuma tanto em
razão de retirar-se (art. 187) ou do não comparecer, conforme informa o art. 188, do CPM, verbis:

Art. 188. “Na mesma pena incorre o militar que:


I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou
férias;
II - deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados
daquele em que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o
estado de sítio ou de guerra;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação de inatividade, criando ou simulando
incapacidade.”
Após o término do gozo de licença ou férias, a apresentação não é um ato de mera
vontade do licenciado ou afastado legal e temporariamente do serviço, mas é um dever funcional. A
autoridade que tiver poder de comando imediato sob o militar beneficiado pelo afastamento tem a
atribuição de determinar a instauração do termo de deserção e dos demais procedimentos cabíveis,
sob pena de responsabilidade penal, sem prejuízo das sanções administrativas disciplinares aplicáveis.
Embora seja delito formal, que se consuma num determinado momento, os efeitos da
deserção perduram no tempo, motivo pelo qual a doutrina e a jurisprudência consideram-na, também,
um crime instantâneo, de efeitos permanentes, estando infrator em constante estado de flagrância,
que cessa quando da sua apresentação voluntária ou captura, ou decorrido o prazo da prescrição,
esta que extingue sua punibilidade quando o desertor atinge a idade de 45 anos se praça e se oficial 60
anos, na forma do que dispõe o art. 132, do CPM.

2.3.5.2. Prazo ou período de graça

Consiste no prazo de oito dias que a lei concede gratuitamente ao infrator como uma
tolerância para evitar que ele venha a consumar o crime de deserção. Durante o prazo de graça a

9
ESTRELA, Pacheco Eládio. Direito Militar Aplicado - Vol I. Salvador, BA: Lucano, 1997, p. 285
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situação do infrator é de ausente, e se a sua apresentação (voluntária ou coercitiva não é condução) se


der no decurso desse prazo, ele terá cometido apenas transgressão disciplinar.

“Art.451 [...]

§ 1°. A contagem dos dias de ausência, para efeito da lavratura do termo de deserção,
iniciar-se-á zero hora do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do
militar.

Combinando-se com o caput art. 456:

“Art. 456. Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de
uma praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente,
encaminhará parte de ausência ao comandante ou chefe da respectiva organização, que
mandará inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou extraviado
pelo ausente, com a assistência de duas testemunhas idôneas.”

Vejamos então, uma representação gráfica do exemplo acima, baseada no modelo sugerido
por Alexandre Henriques da Costa10:

Por isso, a contagem do prazo de graça começa no dia seguinte ao da falta e a parte de
ausência deve ser dada 48 (quarenta e oito) horas após a verificação desta falta, o que equivale dizer: será
lavrada vinte e quatro horas depois do início da contagem do prazo de graça, que será logo o 1º dia
posterior ao dia faltado ou em que deveria o militar ter se apresentado.

Assevera Coimbra Neves11, que “durante esse período, fixado em oito dias, o militar não
estará em prática delitiva, mas apenas em conduta caracterizadora de transgressão disciplinar. Por
não restar nenhuma consequência penal militar ao autor, denomina-se o período em foco, de ausência

10
COSTA, Alexandre Henriques da. Manual prático dos atos de polícia judiciária militar. São Paulo: Suprema Cultura,
2004, p. 123.
11
NEVES, Cícero Robson Coimbra; STREIFINGER, Marcello. Apontamentos de direito penal militar: (parte especial).
São Paulo: Saraiva, 2007, v.2, p. 256.
69
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ilegal ou, mais propriamente, período ou prazo de graça”.

2.3.5.3. Consumação da Deserção

Há predominância na doutrina que o crime de deserção se consuma quando se completa o


prazo de graça (oito dias), conforme o art. 187, CPM. Este crime é classificado como crime formal
(aqueles que se consumam antecipadamente, sem ocorrer ou não o resultado desejado pelo agente, como
por exemplo a calúnia que se consuma com sua simples comunicação a outra pessoa, independentemente
de a reputação do ofendido ficar ou não abalada), instantâneo (a consumação se realiza em um
instante), de efeito permanente (a consumação se prolonga no tempo dependente da ação do agente).
Portanto os crimes permanentes são aqueles em que a lesão ao bem jurídico continua após o
momento consumativo, isto é, a consumação embora realizada, continua acontecendo e se
renovando sem fim, prolongando-se no tempo, como por exemplo: sequestro ou cárcere privado (art. 225
CPM), insubmissão (art. 183 CPM) e a deserção (art. 187 CPM).
Nos crimes formais, para a sua consumação basta somente a probabilidade da
ocorrência de um dano, ou seja, são chamados crimes de consumação antecipada, portanto não
admitem a tentativa.

2.3.5.4. Reflexo da ausência na esfera disciplinar

Na Polícia Militar do Piauí vigora o Dec. Estadual N°. 3.548, de 31/01/80 (RDPMPI) que
caso o militar se apresente no prazo de graça incidira em transgressão disciplinar:

“Art. 13. Transgressão Disciplinar é qualquer violação dos princípios da ética, dos deveres
e das obrigações policiais militares, na sua manifestação elementar e simples, e qualquer
omissão ou ação contrária aos preceitos estatuídos em leis, regulamentos, normas ou
disposições, deste que não constituam crime”.

II RELAÇÃO DE TRANSGRESSÃO – ANEXO

[...]

7. Deixar de cumprir ou fazer cumprir normas regulamentares na esfera de suas


atribuições.
[...]

26. Afastar-se de qualquer lugar em que deva estar, por força de disposição legal ou
ordem.

27. Deixar de apresentar-se, nos prazos regulamentares, à OPM para que tenha sido
transferido ou classificado e às autoridades competentes, nos casos de comissão ou serviço
extraordinário para os quais tenha sido designado.

28. Não se apresentar ao fim de qualquer afastamento do serviço ou, ainda, logo que
souber que o mesmo foi interrompido.
70
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Após aplicação de tais dispositivos e a responsabilidade administrativa estará configurada


com o interesse público e os princípios da hierarquia e disciplina também preservados através da
afiação do Direito Administrativo Disciplinar Militar.

2.3.5.5. Agregação, reversão, exclusão e reinclusão (na forma do que dispõe a Lei mº
3.808/81).

A consumação da deserção é consequência imediata da lavratura do respectivo termo


de deserção, sendo providências decorrentes a agregação (com posterior reversão) e a exclusão (com
posterior ato de reinclusão, se cabível).

a) Agregação (por deserção)

É a situação em que o militar estadual da ativa deixa de ocupar vaga na escala


hierárquica de seu quadro ou qualificação, nela permanecendo sem número (art. 75, da Lei Estadual nº
3.808/81).
De acordo com o art. 77 – A agregação se faz por ato do Governador do Estado do Piauí.

As praças com estabilidade, podendo ser especiais (sendo estas aspirantes ou cadetes, já
sendo praças antes de ingressarem no CFO) ou não, conforme o art. 456, §4º, segunda parte, CPPM,
serão agregadas:

“§4°. Consumada a deserção de praça especial (esta aspirante ou cadete oriundos do


mundo civil ou já sendo praça sem estabilidade antes de ingressar no CFO) ou praça sem
estabilidade, será ela imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável, será agregada,
fazendo-se, em ambos os casos, publicação, em boletim ou documento equivalente, do termo de deserção
e remetendo-se, em seguida, os autos à auditoria competente.

b) Reversão (por deserção)

É o ato pelo qual o militar agregado retorna ao respectivo quadro tão logo cesse o motivo
que determinou a sua agregação, voltando a ocupar o lugar que lhe competir na respectiva escala
numérica, na 1ª vaga que ocorrer (art. 78, da Lei Estadual nº 3.808/81).
De acordo com o art. 79, a reversão será efetuada mediante ato do Governador do Estado
do Piauí.”

Sendo o desertor, praça estável, ao ser capturado ou apresentar-se voluntariamente,


será revertido ao serviço ativo, devendo ser providenciado, com urgência, a remessa à Justiça Militar
Estadual (9ª Vara Criminal de Teresina) da cópia do ato de reversão ao serviço ativo.

c) Exclusão e demissão (por deserção)

71
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Curso de Habilitação a Oficial PM/2023

A exclusão nos casos de deserção de praças sem estabilidade, na PMPI, é ato


administrativo de natureza processual penal militar, previsto no inciso VII, do art. 85, do Estatuto da
PMPI, realizado de ofício, pelo Comandante Geral da Corporação.

Também ocorre a exclusão de praças (com ou sem estabilidade) ou a demissão de


Oficiais agregados por crime de deserção, nos termos do art. 117, do mencionado Estatuto, conforme
verbis:

“Art. 117 – A deserção do policial-militar, acarreta uma interrupção do serviço policial-


militar, com a consequente demissão "ex–ofício" para o Oficial ou exclusão do serviço
ativo para a Praça.
§ 1º - A demissão do oficial ou a exclusão da praça com estabilidade assegurada
processar-se-á após 01 (um) ano de agregação, se não houver captura ou apresentação
voluntária antes deste prazo.
§ 2º - A praça sem estabilidade assegurada será automaticamente excluída após
oficialmente declarada desertora.
§ 3º - O policial-militar desertor, que for capturado ou que se apresentar voluntariamente
depois de haver sido demitido ou excluído, será reincluído no serviço ativo e a seguir
agregado para se ver processar.
§ 4º - A reinclusão em definitivo do policial-militar, de que trata o parágrafo anterior,
dependerá da sentença do Conselho de Justiça.”

As praças sem estabilidade, especiais ou não, conforme o art. 456, §4º, primeira parte,
CPPM, serão excluídas:

“§4°. Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será ela
imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em
ambos os casos, publicação, em boletim ou documento equivalente, do termo de deserção e
remetendo-se, em seguida, os autos à auditoria competente.

A exclusão de praça instável não se trata de ato administrativo disciplinar, mas tão-
somente ato administrativo-processual penal militar que precede ao processo de deserção que deverá
ser instaurado em razão da ausência da praça sem estabilidade (menos de dez anos de efetivo serviço),
nos termos do art.187, CPM.
Caso fosse de natureza administrativo disciplinar (a exclusão a bem da disciplina por
crime de deserção), a praça deveria ser submetida ao devido processo legal, conforme preconiza o art. 5º,
LIV, da CF/88, uma vez que sem tal garantia estaria tal ato seria nulo.
O oficial agregado que incorrer na situação prevista no §1º, do art. 117, da Lei nº
3.808/81, será demitido através de decreto do Governador do Estado, mediante proposta do
Comandante Geral da PMPI.

d) Reinclusão

Na Polícia Militar do Piauí, a reinclusão é o ato pelo qual o militar desertor sem
estabilidade, ou agregado há mais de 01(um) ano, excluído (ou demitido, se Oficial) nos termos do
art. 117, da Lei nº 3.808/81, que se apresentar ou for capturado, após submetido a inspeção de
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Curso de Habilitação a Oficial PM/2023

saúde e, quando julgado apto para o serviço militar, é reincluído ao serviço ativo na Corporação.
Assim como o ato de exclusão, a reinclusão das praças desertoras sem estabilidade,
para que se possam ver processar pelo Juízo Castrense, nos termos do §3º, do art. 457, do CPPM, se
dará por ato do Comandante Geral da PMPI, conforme preconiza o art. 117, §3º, da Lei nº 3.808/81.
Caso o desertor seja considerado incapaz definitivamente pela JMS, será isento de
reinclusão e do processo, que deverá ser arquivado, após pronunciamento do Ministério Público.

2.3.5.6. Outras providências administrativas e remessa do TD.

Antes do encaminhamento do Termo ou Instrução Provisória de Deserção ao Juízo


Competente (atualmente ao Juízo da 9ª Vara Criminal de Teresina), são realizados pela
Corregedoria, determinados atos administrativos em nível de assessoramento ao Comandante-Geral da
Polícia Militar, consoante disposto nas Leis nº 3.808/81 (Estatuto da PMPI) e nº 5.378/04 (Código de
Vencimentos da PMPI) dentre outras providências, consoante disposto nas IN001-EMG/PMPI (Manual
de Prática de Polícia Judiciária Militar).
Em caso da apresentação voluntária ou da captura do desertor, ocorrer depois de já
encaminhados os autos da instrução provisória à 9ª Vara Criminal de Teresina, deverá os Comando da
Polícia Militar (este por meio da Corregedoria) ou do Corpo de Bombeiros Militar,
obrigatoriamente, providenciar a apresentação dos seus desertores, com o encaminhamento dos
seus respectivos termos de apresentação voluntária ou captura, cópias de ofícios, laudos e demais
providências, no menor espaço de tempo àquele Órgão Jurisdicional, para que, na forma do que dispõe o
caput do art. 3º, do Provimento nº 29, da CGJ, de 11/07/19, possa ouvi-lo sobre as circunstâncias em que
se realizou sua prisão ou captura (audiência de custódia).

3. A CORREGEDORIA DA PMPI

Como falamos no início de nossas aulas, na Polícia Militar do Piauí, a competência para o
exercício do poder disciplinar decorre do poder hierárquico em todo o Estado do Piauí, diretamente ou
mediante delegação, através da instauração dos processos e procedimentos administrativo-disciplinares,
realizados no âmbito da PMPI, também pelo Corregedor PM, nos termos do art. 1º da Lei nº 5.403, de
14/07/04, senão vejamos:

Art. 1o Fica criada a Corregedoria da Polícia Militar na estrutura organizacional da Polícia Militar do
Estado do Piauí, com atuação em todo o Estado, chefiada por Corregedor nomeado pelo Chefe do Poder
Executivo Estadual, com atuação em todo o Estado, cuja finalidade é assegurar a correta aplicação da lei,
normatizar e padronizar os procedimentos de Polícia Judiciária Militar e de processos administrativos,
realizar correições e garantir a manutenção da hierarquia e disciplina na Corporação.

A Competência deste Órgão Correcional está delineada no art. 2º, da Lei nº 5.403, de
14/07/04, além do que estiver disposto em Lei o regulamento:

Art. 2º. Compete à Corregedoria da Polícia Militar do Piauí, além do que vier a ser prescrito em
regulamento:
...

III - Apuração dos crimes de natureza militar e que envolvam integrantes de duas ou mais Unidades ou
de outras Organizações Militares e da Polícia Civil;
...

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IX – Administração do Sistema Prisional Militar;


...

Além do disposto no art. 2º, da Lei nº 5.403/04, existem outras regulamentações da


Corregedoria, atinentes aos atos de Polícia Judiciária Militar a serem realizados pelo PPJM - Plantão de
Polícia Judiciária Militar, nos crimes militares praticados por militares da ativa, em serviço ou de folga e
por militares inativos, cujas normas estão previstas, na Portaria nº 075, de 20/02/13 (publicada no BCG
nº 035, de 22/02/18, recentemente alterada em seu art. 2º, §1º, incisos III e IV, com acréscimo do
inciso IV no mesmo dispositivo, pela Portaria nº 193, de 30/05/18 publicada no BCG nº 100, de
30/05/18), além de outros como a Portaria nº 098, de 10/03/14, que dispõe sobre a inclusão de dados
essenciais de policiais militares em procedimentos criminais de policia judiciária Militar (nos IPM, APFD
e TD).

4. JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO E JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL

Jurisdição significa todo poder ou autoridade conferida à pessoa que pode conhecer de
certos negócios públicos e os resolver. A jurisdição como gênero vem em primeiro lugar, marcando o
poder outorgado ao juiz ou a outra autoridade judiciária. A competência, como espécie, no pressuposto
de uma jurisdição, limita o poder contido nesta.

4.1. A Justiça Militar da União (Justiça Militar Federal ou Simplesmente Justiça


Militar)

O art. 124 da CF assim dispõe:

Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.

4.1.1. Competência

A Justiça Militar no Brasil encontra-se prevista e disciplinada na Constituição Federal no


art. 92. “São órgãos do Poder Judiciário: (...) VI – Os Tribunais e Juízes Militares.”
Inobstante o também disposto no art. 125, §§4º e 5º, da Constituição Federal, esta estabelece
também, em seu art. 124, que à Justiça Militar (Federal ou da União), compete "processar e julgar os
crimes militares definidos em lei", ou seja, os previstos e conceituados no Código Penal Militar – CPM.
Assim ex vi art. 82, § 1º, do Código de Processo Penal Militar (CPPM), estende-se a
competência da Justiça Militar aos militares da reserva, aos reformados, oficiais e praças das polícias e
corpos de bombeiros militares e aos civis, quando autores de crimes contra a Segurança Nacional ou
contra as instituições militares como tal definidas em lei.
4.1.2. Composição

A Constituição Federal, em seu art. 122, define:

São órgãos da Justiça Militar (da União):

a) O Superior Tribunal Militar (STM).

De acordo com o art. 123 da CF, “o STM é o órgão de 2º grau (2ª Instância) da Justiça
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Militar (da União ou Federal), composto nos termos do art. 3º, da Lei nº 8.457 (Lei de Organização da
Justiça Militar da União), de 04/11/92, por de 15 ministros vitalícios (sendo 10 Oficiais Generais da ativa
das Forças Armadas = 03 Almirantes da Marinha + 04 Generais do Exército + 03 Brigadeiros da
Aeronáutica; e 05 civis = sendo 03 advogados + 01 representante dos juízes federais da Justiça Militar e
+ 01 do Ministério Público Militar).
O Superior Tribunal Militar tem competência originária para processar e julgar os
Oficiais-Generais, bem como de decretar a perda do posto e da patente dos Oficiais que forem julgados
indignos ou incompatíveis para com o oficialato.
b) Os Tribunais e Juízes Militares instituídos por Lei.
Os órgãos da Justiça Militar (da União) processam e julgam os crimes militares praticados
por membros das Forças Armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica) bem como os praticados por não
militares federais e civis contra essas Corporações, nos termos do art. 124, da CF/88, dentro das
circunstâncias do art. 9º, do Código Penal Militar.
De acordo com o art. 1º, da Lei nº 8.457 (Lei de Organização da Justiça Militar da
União), de 04/11/92, são órgãos da Justiça Militar (da União) de 2º Grau o Superior Tribunal Militar
(STM) e de 1º Grau: a Corregedoria da Justiça Militar (órgão de fiscalização e orientação judiciário-
administrativa), Juiz-Corregedor Auxiliar, os Conselhos de Justiça e os Juízes Federais da Justiça Militar
e Juízes Federais substitutos da Justiça Militar (nas faltas, licenças ou impedimentos substituem os Juízes
Federais da Justiça Militar.
As competências do Superior Tribunal Militar (STM) estão no art. 6º, da Lei nº
8.457/92. Dentre estas competências estão: I- Processar e julgar originariamente os oficiais generais das
FFAA, nos casos permitidos em Lei, os pedidos de habeas corpus e habeas data, nos casos permitidos em
Lei, dentre outras competências.
Os Conselhos de Justiça constituem os órgãos de 1º Grau da Justiça Militar, tanto da União,
quanto dos Estados e do Distrito Federal.
Na Justiça Militar (da União), de acordo com o art. 16, da Lei nº 8.457 (Lei de Organização da
Justiça Militar da União), de 04/11/92, alterado pela Lei nº 13.774/18 os Conselhos de Justiça (Permanente e
Especial) serão presididos pelo Juiz Federal da Justiça Militar ou Juiz Federal substituto da Justiça Militar.
O Conselho Permanente será e composto por 04 (quatro) juízes militares, dentre os quais pelo menos 01 (um)
oficial superior. Já o Conselho Especial será composto por 04 (quatro) juízes militares, dentre os quais 01 (um)
oficial-general ou oficial superior.
Já na Justiça Militar Estadual (JME) os Conselhos (Especial e Permanente) de Justiça
serão presididos pelo Juiz de Direito do Juízo Militar Estadual, nos termos do art. 125, §5º, da CF,
última parte.
Os Conselhos de Justiça poderão ser Permanente ou Especial, sendo órgãos jurisdicionais
colegiados sui generis, formado por 01(um) juiz togado (Juiz Federal da Justiça Militar) e 04 (quatro)
oficiais juízes militares (sabres), pertencentes à Força a que pertencer o acusado, tendo fundamento nos
art. 122, II e; com analogia para o art. 125, §§ 3º e 5º, da Carta Magna, ressalvado a presidência dos
Conselhos de Justiça, na esfera estadual, ao Juiz Togado (Juiz de Direito).
O Conselho de Justiça será Permanente quando tiver como objetivo o processamento e
julgamento das praças (soldado, cabo, sargento, subtenente ou suboficial), enquanto que o Especial
destina-se a processar e julgar os Oficiais (Tenentes, Capitães, Majores, e demais oficiais superiores).
Essa condição anômala decorre de sua divisão prevista no art. 16 da Lei 8.457/92 (LOJMU),
também aplicável igualmente à Justiça Militar Estadual, qual seja:
a) O Conselho Permanente de Justiça, que processa e julga crimes militares cometidos por
praças ou civis (este último, somente na Justiça Militar da União), tem seus juízes renovados a cada

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trimestre, sem vincular os juízes militares ao processo nos quais atuarem naquele período, ou seja,
não se aplica no Conselho Permanente o princípio da identidade física do Juiz.
b) O Conselho Especial de Justiça, destinado a processar e julgar oficiais até o posto de
Coronel ou Capitão-de-Mar-e-Guerra. Tem seus juízes militares escolhidos para cada processo,
aplicando-se, excepcionalmente, e somente em relação aos juízes militares, o princípio da identidade
física do juiz, ou seja, aquele Conselho somente se extinguirá com a decisão final do processo.
Em regra, assim como os demais magistrados que atuam no foro penal, o juiz-federal da
Justiça Militar nova denominação dada ao antigo Juiz Auditor (pela Lei nº 13.774/2018, de 19/12/2018, que
alterou substancialmente a Lei 8.457/1992) não fica vinculado a processo algum.
Dentre as mais relevantes, mudanças proporcionadas pela Lei nº 13.774/2018 merece
destaque a que atribuiu competência ao Juiz Federal da Justiça Militar para julgar monocraticamente os
crimes militares praticados por civis. Estabeleceu ainda julgamento singular por juiz civil togado para
militar que comete crime militar em coautoria com o civil. Assim, qualquer crime militar que envolva
civil no polo ativo será julgado monocraticamente por magistrado da Justiça Militar (da União).
A Justiça Militar (da União ou Justiça Militar Federal) é diferenciada em relação à forma de
investidura e das garantias e prerrogativas de seus membros. Atualmente o Juiz Federal da Justiça Militar
(togado) é civil (togado) e ingressa na carreira através de concurso público de provas e títulos, com a
participação da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB, em todas as suas fases (CF, art. 93, I), gozando
das seguintes garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios (CF, art. 95), tendo
em contrapartida as vedações do parágrafo único do referido artigo.
Os juízes militares investem-se na função por meio de sorteio, realizado sob uma lista de
oficiais apresentados, nos termos dos arts. 19 e 23 da Lei nº 8.457/92. São juízes de fato, porém, não
gozam das prerrogativas afetas exclusivamente aos magistrados de carreira.
Deve-se ressaltar que os oficiais são juízes somente enquanto reunido o Conselho, que é
efetivamente o órgão jurisdicional, sendo que isoladamente, fora das reuniões do Conselho de Justiça, os
oficiais que atuam naquela Auditoria não serão mais juízes, submetendo-se aos regulamentos e normas
militares que a vida de caserna lhes impõe.
É importante observar que na hipótese de ação penal em desfavor de oficial e praça, em um
mesmo processo, ambos serão julgados pelo Conselho Especial de Justiça.
A Justiça Militar da União em 1º Grau é composta por juízos distribuídos em 12(doze)
Circunscrições Judiciárias (art. 2º, da Lei nº 8.457/92) espalhadas por todo o território nacional.
Na Justiça Militar da União os Conselhos de Justiça (órgãos de 1º Grau), têm sede nas
respectivas circunscrições Judiciárias Militares, correspondendo cada uma, a uma auditoria militar,
conforme abaixo:

• a 1ª Auditoria (ou 1ª Circunscrição Militar) - Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo;


• a 2ª Auditoria (ou 2ª Circunscrição Militar) - Estado de São Paulo;
• a 3ª Auditoria (ou 3ª Circunscrição Militar) - Estado do Rio Grande do Sul;
• a 4ª Auditoria (ou 4ª Circunscrição Militar) - Estado de Minas Gerais;
• a 5ª Auditoria (ou 5ª Circunscrição Militar) - Estados do Paraná e Santa Catarina;
• a 6ª Auditoria (ou 6ª Circunscrição Militar) - Estados da Bahia e Sergipe;

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• a 7ª Auditoria (ou 7ª Circunscrição Militar) - Estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte,


Paraíba e Alagoas;
• a 8ª Auditoria (ou 8ª Circunscrição Militar) - Estados do Pará, Amapá e Maranhão;
• a 9ª Auditoria (ou 9ª Circunscrição Militar) - Estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso;
(Redação dada pela Lei nº 8.719, de 19.10.93)
• a 10ª Auditoria (ou 10ª Circunscrição Militar) - Estados do Ceará e Piauí;
• a 11ª Auditoria (ou 11ª Circunscrição Militar) - Distrito Federal e Estados de Goiás e Tocantins;
• a 12ª Auditoria (ou 12ª Circunscrição Militar) - Estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia.
(Redação dada pela Lei nº 8.719, de 19.10.93).
A Justiça Militar (da União ou Federal) é uma das poucas jurisdições em que o réu é
julgado por um Conselho, ou seja, um colegiado (grupo de pessoas), ao invés de apenas um juiz,
logo na primeira instância. A única exceção na Justiça brasileira é o Tribunal do Júri Popular da Justiça
Comum estadual nos casos de crimes dolosos contra a vida.
Da decisão do Juiz Federal da Justiça Militar, Juiz Federal substituto da Justiça Militar ou do
Conselho de Justiça cabe recurso ao Superior Tribunal Militar (STM) e, da decisão do STM cabe recurso
ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em matéria processual e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para
julgar matérias constitucionais.

4.2. A Justiça Militar Estadual

4.2.1. Competência

A Justiça Militar no Brasil encontra-se prevista e disciplinada na Constituição Federal no


art. 92. “São órgãos do Poder Judiciário: (...) VI – Os Tribunais e Juízes Militares.”
Inobstante o disposto no art. 125, §§4º e 5º, da Constituição Federal, tratar da
competência da Justiça Militar dos Estados e do Distrito Federal, a Carta Magna, também estabelece
por meio do seu art. 124, a competência à Justiça Militar (da União), que é de "processar e julgar os
crimes militares definidos em lei", ou seja, os previstos e conceituados no Código Penal Militar – CPM
como tal.
Assim por força do art. 82, § 1º, do Código de Processo Penal Militar (CPPM), estende-
se a competência da Justiça Militar aos militares da reserva, aos reformados, oficiais e praças das polícias
e corpos de bombeiros militares e aos civis, quando autores de crimes contra a Segurança Nacional ou
contra as instituições militares (federais) como tal definidas em lei.

Inobstante, como afirmamos acima, haver a existência do Juízo castrense tanto no


âmbito dos estados e do Distrito Federal (Justiça Militar Estadual/Distrital – JME/JMDF) como na
União (Justiça Militar da União - JMU), trataremos para fins didáticos e pormenorizados, nesta
disciplina, apenas da Justiça Militar apenas no âmbito do Estado do Piauí.

A Constituição Federal em seu art. 125, §3º, autoriza os Estados Membros da Federação a
criarem a Justiça Militar Estadual:
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Art. 125, §3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar
estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo
militar seja superior a vinte mil integrantes.

Dispõe ainda o art. 125, § 4º:

Art. 125, §4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes
militares definidos em lei e ações judiciais contra atos disciplinares, ressalvada a competência do júri quando
a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças.

Deduz-se pela simples leitura da primeira parte desse dispositivo dois conceitos de suma
importância:

1º) À Justiça Militar estadual cabe tão somente processar e julgar os militares dos estados e
do Distrito Federal, ou seja, os policiais e bombeiros militares. Excluídos, portanto, estão os civis e
militares federais.

2º) Esses crimes são aqueles cujas circunstâncias para o seu cometimento estão
capituladas no art. 9 º do Código Penal Militar.

Diante do citado artigo (125, 4º da CF), não é possível sujeitar civis a processo e julgamento
da Justiça Militar Estadual, reservada conforme vimos, aos policiais e bombeiros militares. Por isso,
compete à Justiça Comum estadual processar e julgar o civil acusado da prática de crimes contra
instituições militares estaduais (Súmula n.º. 53 do STJ) ou praticado contra policial militar.

4.2.2. Composição

São órgãos da Justiça Militar Estadual:

a) O Tribunal de Justiça Militar (TJM) ou Tribunal de Justiça (TJ).

O Tribunal de Justiça Militar é o órgão de 2ª instância na Justiça Militar estadual. Porém o


mesmo só será criado nos Estados em que o efetivo da Polícia Militar for superior a 20.000 integrantes,
como é o caso das Polícias Militares apenas dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do
Sul, onde já existe um TJM.
Já naqueles Estados onde o efetivo policial for inferior ao referido quantitativo, o Tribunal
de Justiça (TJ) funcionará como órgão de 2º Grau da Justiça Militar Estadual.
A Justiça Militar Estadual julga os crimes dos policiais militares e bombeiros militares
estaduais.
Não é possível sujeitar civis a processo e julgamento na Justiça Militar Estadual. Compete à
Justiça Comum Estadual processar e julgar o civil acusado de prática de crime contra instituições
militares estaduais, consoante já dispunha a Súmula nº 53, do STJ, hoje mitigada pela alteração
realizada pela EC nº 45/2004 no art. 125, da Constituição Federal.
A competência da Justiça Militar Estadual, definida na Constituição, restringe-se aos
“policiais e bombeiros militares” no cometimento de crimes militares definidos em lei.
78
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b) Os Órgãos da Justiça Militar Estadual

b.1) O Tribunal de Justiça (TJ)

No Estado do Piauí, ao contrário do que ocorre nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e
Rio Grande do Sul, onde já existe um Tribunal de Justiça Militar – TJM como órgão de 2º Grau ou
Instância e em alguns, também, mais de um órgão de 1º Grau (Auditorias Militares, como ocorre no
Estado de São Paulo), por não possuir efetivo superior a 20.000 integrantes têm como órgão de 2ª
Instância para o julgamento de crimes militares o Tribunal de Justiça Estadual (o TJ/PI) e como
órgão de 1º Grau os Conselhos de Justiça Militar ou Juízo Singular Militar (Juízo da 8ª Vara
Criminal).

b.2) A 8ª Vara Criminal de Teresina

A Lei Complementar nº 97, de 10/01/2008, publicada no Diário Oficial do Estado nº 08,


de 11/01/2008, alterou o art. 41 da Lei Estadual nº 3.716, de 12 de dezembro de 1979 – LOJ/PI (Lei
de Organização Judiciária do Estado do Piauí), dando a denominação de 8ª Vara Criminal de
Teresina à antiga Auditoria Militar Estadual do Piauí.
A 8ª Vara Criminal é uma vara mista em que são processados e julgados crimes comuns e
militares, sendo composta para as pautas militares pelos Conselhos de Justiça (Conselho Especial de
Justiça ou Conselho Permanente de Justiça) ou pelo Juízo Singular Militar, sob a presidência de um
Juiz de Direito pertencente aos Quadros do Tribunal de Justiça, uma vez que aqui (na esfera estadual)
não temos mais a figura do Juiz Federal da Justiça Militar, e sim, do Juiz de Direito do Juízo
Militar Estadual.
Compete à 8ª Vara Criminal de Teresina, quando Juízo Militar Estadual, processar e
Julgar em 1º grau, as ações judiciais contra atos disciplinares militares, os crimes militares previstos no
Código Penal Militar, atuando singularmente em Juízo Singular nos crimes em que figuram civis como
vítimas e nos demais casos atuando por meio dos Conselhos de Justiça Permanentes (no processamento de
praças policiais e bombeiros militares) e Especiais (no processamento dos oficiais policiais e bombeiros
militares), consoante dispõe a Lei Complementar Nº. 98, de 10/01/2008 sobre a Organização da Justiça
Militar do Estado do Piauí, publicada no Diário Oficial do Estado Nº 08, de 11/01/2008:

Art. 1º São órgãos da Justiça Militar do Estado do Piauí:


I – em primeiro grau, com jurisdição sobre todo o Estado, um juiz de Direito do Juízo Militar e Conselhos
de Justiça Militar;
II – em segundo grau, o Tribunal de Justiça.
Art. 2º Os Conselhos de Justiça têm as seguintes espécies:
I – Conselho Especial de Justiça, constituído pelo Juiz de Direito e por quatro juízes militares, sob a
presidência do Juiz de Direito;
II – Conselho Permanente de Justiça, constituído pelo Juiz de Direito, por um oficial superior e por três
oficiais até o posto de capitão e/ou de primeiro tenente, sob a presidência do Juiz de Direito.

Portanto esta Lei Complementar, no Capítulo II, delimitou a competência da Justiça Militar
do Estado do Piauí:

Art. 11. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os policiais militares e bombeiros militares do
Estado, nos crimes militares definidos em lei, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, e

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as ações civis contra atos disciplinares militares, cabendo ao Tribunal de Justiça do Estado decidir sobre a
perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças.
§1º Compete ao Juiz de Direito do Juízo Militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares
cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares.
§2º Cabe aos Conselhos de Justiça processar e julgar os demais crimes militares.
Art. 12. Compete aos Conselhos:
I – Especial de Justiça, processar e julgar oficiais, exceto o Comandante-Geral da PM/PI, nos delitos
previstos na legislação penal militar;
II – Permanente de Justiça, processar e julgar policiais militares e bombeiros militares acusados que não
sejam oficiais.
Art. 13. Compete aos Conselhos Especiais e Permanentes de Justiça:
I – processar e julgar os delitos previstos na legislação penal militar ou em lei especial cometidos por
policiais militares e bombeiros militares, ressalvados a competência privativa do Tribunal de Justiça do
Estado, do Júri quando a vítima for civil, a competência singular do Juiz de Direito integrante dos
Conselhos Especiais e Permanentes;
II – decretar a prisão preventiva do denunciado, revogá-la ou restabelecê-la;
III – converter em prisão preventiva a detenção de indiciados, ou ordenar-lhes a soltura, desde que não se
justifique a sua necessidade;
IV – conceder menagem e liberdade provisória, bem como revogá-las;
V – decretar medidas preventivas e assecuratórias, nos processos pendentes do seu julgamento;
VI – declarar a inimputabilidade de indiciado ou de acusado nos termos da lei penal militar quando, no
inquérito ou no curso do processo, tiver sido verificada aquela condição, mediante exame médico legal;
VII – decidir as questões de direito ou de fato suscitadas durante a instrução criminal ou no julgamento;
VIII – ouvir o representante do Ministério Público, para se pronunciar na sessão, a respeito das questões
nela suscitadas;
IX – conceder a suspensão condicional da pena, nos termos da lei;
X – praticar os demais atos que lhe competirem por força da lei processual penal militar.
Art. 14. Compete aos Presidentes dos Conselhos Especiais e Permanentes de Justiça exercer as atribuições
constantes dos arts. 29 e 30 da Lei 8.457, de 04 de setembro de 1992.

Ainda sobre o Juízo Militar Estadual de 1º Grau, este teve até o dia 12/07/19, sua
competência pré-processual exercida pelos Juízos da Central de Inquéritos de Teresina (instituída pelo
Provimento nº 039/13, da Corregedoria Geral de Justiça) e do Plantão Judiciário de 1º Grau (criado pela
Resolução nº 11/13, do mesmo órgão correcional jurisdicional) e sua competência processual pelo Juízo
da 8ª Vara Criminal (denominação dada à antiga Auditoria Militar, pela Lei Complementar Estadual nº.
97, de 10 de janeiro de 2008, que alterou o art. 41, da Lei Estadual nº 3.716, de 12 de dezembro de 1979
– LOJ/PI (Lei de Organização Judiciária do Estado do Piauí).
No entanto, de acordo com o Provimento nº 020, que trata do Código de Normas da
Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Piauí, datado de 20/05/14, que teve alterado o seu art. 374,
§5º, por meio do Provimento nº 30, de 11/07/19, publicado no DJ nº 8.707, de 12/07/19, temos da sua
implícita interpretação, que daqui para frente caberá ao Juízo de Direito da 8ª Vara Criminal de Teresina
(por meio a sua recém-criada Central de Inquéritos Militar, com sede no Quartel do Comando Geral da
PMPI), conjuntamente com o que já exercia, a competência, também, para o exercício de atos pré-
processuais, cautelares e de garantias, outrora exercidos pelos Juízos da Central de Inquéritos de Teresina
e do Plantão Judiciário de 1º Grau, incluindo-se as disposições do que consta no Provimento nº 29, de
11/07/19, que trata acerca da realização da audiência de custódia no âmbito da Justiça Militar do Estado
do Piauí.

5. O Ministério Público (MP) e a Defensoria Pública do Juízo Militar Estadual


(DPJME)
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No âmbito da 8ª Vara Criminal da Justiça Militar Estadual, nos atos pré-processuais e


nos processos criminais militares dos Conselhos de Justiça (Especial e Permanente) e do Juízo Singular,
atuam no Ministério Público da Justiça Militar Estadual a 8ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO JUÍZO
MILITAR ESTADUAL (PJME), com atribuição em todo o Estado do Piauí e como postulante público
temos a 8ª DEFENSORIA PÚBLICA DO JUÍZO MILITAR ESTADUAL(DPJME).
Já em 2º Grau de Jurisdição, atuam já âmbito do Tribunal de Justiça Estadual a Procuradoria
de Justiça Estadual, nos processos criminais militares e como postulante público a própria Defensoria
Pública Estadual.

6. Participação do Advogado nos Atos de Polícia Judiciária Militar, com a Lei nº


13.245/16.

Da mesma forma que nos atos realizados nas polícias Civil ou Federal, Ministério Público
ou Comissões Parlamentares de Inquérito, nas Instituições Militares, a participação do advogado não
se restringe apenas aos atos de polícia judiciária, responsáveis pela apuração dos ilícitos penais, mas,
também, aos atos da seara administrativa, cabendo da mesma forma ao causídico observar as
inovações da recente Lei nº 13.245/16, de 12/01/16, que alteraram o art. 7º, da Lei nº 8.906, de 04/07/84
(Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil - EOAB), tais como: 1) “assistir a seus
clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo
interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios
dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva
apuração apresentar razões e quesitos” (art. 7º, XXI, do EOAB); 2) “examinar, em qualquer
instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital” (art. 7º, XIV, do EOAB), incluindo
aqueles sob a égide das Instituições Militares.
Por analogia temos que os atos de Polícia Judiciária Militar (IPM, APFD e TD e
Comparecimento Espontâneo) estão incluídos genericamente nas “investigações de qualquer natureza”,
indicando ainda, em primeiro lugar, que a atuação do advogado, nestes atos, na defesa do cliente não pode
se dar tão somente no inquérito policial, mas nos procedimentos e processos administrativos disciplinares
comuns e militares, podendo o causídico “copiar peças e tomar apontamentos”, inclusive “em meio
físico ou digital”, significando que a cópia de peças, que ocorre na maioria das vezes por fotocópia,
também pode ser feita por CD ou pen drive, por exemplo.
Importante destacar que na polícia judiciária de modo geral não há que se falar em prévia
comunicação ao advogado, nem tampouco ao investigado, na medida em que o sigilo é inerente à própria
eficácia da medida investigatória.
O sigilo, em especial no Inquérito Policial Militar, visa assegurar a eficiência da
investigação, que poderia ser seriamente prejudicada com a ciência prévia de determinadas diligências
pelo investigado e por seu advogado não afastando a possibilidade do defensor ter acesso aos autos do
procedimento persecutório, desde que, de informações já introduzidas nos autos, limitando-se o acesso do
advogado aos elementos de prova não relacionados a diligências em andamento, mas autorizando o
acesso àquelas diligências já documentados nos autos, quando não houver risco de comprometimento da
eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.

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APÊNDICE

RELAÇÃO DE TERMOS TÉCNICOS E JURÍDICOS UTILIZADOS NO PROCESSO PENAL


MILITAR.

ABERTURA – termo que se usa no início do processo a partir do segundo volume do IPM para
indicação do mesmo.
ACAREAÇÃO – confronto de duas pessoas em cujas declarações existem divergências a serem
esclarecidas.
AD HOC – Para isto, para este caso ou finalidade.
AOS COSTUMES – expressão usada na assentada de inquirição de testemunhas na qual se revela o grau
de parentesco, afinidade ou interesse no caso, entre o depoente e o indiciado (ou o investigado) e vítima.
A ROGO – assinatura de terceiro que substitui a do declarante, quando este não sabe ou não pode assinar
seu depoimento.
ARRESTO – apreensão e deposito de quaisquer bens pertencentes ao indiciado, visando garantir a
execução da sentença que futuramente reconhecer sua obrigação como devedor.
ASSENTADA – termo lavrado no inicio, interrupção e encerramento dos trabalhos de audição de pessoas
no IPM.
AUTOPSIA – exame médico feito no interior do cadáver, para descobrimento da causa da morte. O
mesmo que NECROPSIA.
AUTO – peça escrita, de natureza judicial, constitutiva do processo que registra a narração minuciosa,
formal e autêntica de determinações ordenadas pela autoridade competente.
AUTOS – conjunto de peças que formam o processado de um inquérito.
AUTUAÇÃO – termo lavrado pelo escrivão para reunião da portaria e demais peças que a acompanham
que deram origem ao inquérito.
AVALIAÇÃO – ato realizado por peritos com a finalidade de apurar o valor da coisa destruída,
deteriorada ou desaparecida que foi objeto da infração penal.
AVOCAÇÃO – chamamento para si da solução final do IPM, o que ocorre quando o Comandante
concorda parcialmente ou discorda da conclusão apresentada.
BUSCA – procura ou pesquisa visando encontrar pessoal ou material que tenha relação de uma forma ou
de outra com o fato delituoso.
CARTA PRECATÓRIA – documento que se remete a uma autoridade solicitando-lhe a audição de
pessoa que se encontra em sua jurisdição ou circunscrição.
CERTIDÃO – ato através do qual o escrivão dá conhecimento ao encarregado do inquérito do
cumprimento ou não das determinações contidas no seu despacho. Serve também para assinalar a
ocorrência de algum fato relevante, de interesse futuro dos autos.
CITAÇÃO – primeiro chamamento do réu ou do acusado para se ver processar. Documento expedido
pelo Juiz de Direito do Juízo Militar, através de mandado para que o acusado formalmente denunciado,
compareça em dia, hora e local designados, para ser interrogado acerca da acusação formulada. Também
usada no processo administrativo disciplinar.
COMPROMISSO – juramento prestado pelo escrivão ou peritos de cumprirem fielmente as
determinações do encarregado do inquérito e do CPPM e guardarem sigilo do que tiverem conhecimento.
Ainda, juramento prestado pela testemunha de dizer a verdade em seu depoimento.
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CONCLUSÃO – ato do qual o escrivão, após o término dos trabalhos oriundos do despacho, faz a
entrega dos autos ao encarregado do inquérito.
CONDUTOR – agente que apresenta o conduzido à autoridade competente para ratificar a prisão e
promover a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante - APF.
CORPO DE DELITO – conjunto de elementos sensíveis ao fato delituoso, constatados através de
exames periciais, que visam materializar, tipificar e qualificar a infração.
CRIME MILITAR – ilícito penal praticado nas condições previstas nos artigos 9º e 10 do CPM.
DELEGAÇÃO – atribuição de poderes de policia judiciária militar para instauração de IPM, que poderá
ser retomada, tornando-se insubsistente o ato que a outorgou, por razões legais ou administrativas.
DEPRECANTE – autoridade que expede a carta precatória.
DEPRECADO – autoridade destinatária de carta precatória.
DESPACHO – ato através do qual o encarregado do inquérito determina providencias a serem tomadas
pelo escrivão.
DETENÇÃO – recolhimento ao local próprio, por tempo permitido por lei, que o encarregado do IPM
pode impor ao indiciado policial-militar. Por se tratar de medida privativa de liberdade é instrumento que
deve ser utilizado em último caso e com a devida comunicação ao MM Juiz de Direito do Juízo Militar
Estadual (no Estado do Piauí, a 9ª Vara Criminal).
DILIGÊNCIAS – No IPM são os atos praticados pelo encarregado e pelo escrivão, visando a elucidação
das circunstâncias, autoria e materialização da infração cometida.
ENCARREGADO – nome que se atribui ao Oficial a quem se destinou a portaria para instauração do
IPM.
ESCREVENTE – militar designado para executar os trabalhos de datilografia ou digitação quando o
escrivão designado para o inquérito não datilógrafo ou digitador. Trata-se de situação excepcional.
ESCRIVÃO – militar (primeiro ou segundo tenentes, aspirante a oficial, subtenente ou sargento)
designado para executar os trabalhos de datilografia, digitação e demais providências determinadas pelo
encarregado do IPM, previstas no CPPM. É o responsável pela estética, formalização e guarda dos autos.
Ao escrivão também pode ser dada a missão de levantar subsídios, realizar diligências complementares,
esclarecedoras, do que lavrará um respectivo termo, relatando os trabalhos.
ESCRIVÃO “AD HOC” – Escrivão que não é de ofício. No IPM é o militar que exerce a função de
escrivão.
EXAME – estudo, pesquisa, averiguação de um estado de coisa.
EXUMAÇÃO – ato de se proceder ao desenterramento de cadáver para nele se processar o exame
cadavérico de necropsia.
HOMOLOGAÇÃO – aprovação da solução (conclusão final) apresentada pelo Encarregado do IPM.
HORÁRIO DIURNO – tempo estabelecido por lei, compreendido entre as sete e dezoito horas para
autuação de pessoas.
IDONEIDADE – bom conceito social (moral e profissional), que torna uma pessoa digna de
credibilidade.
IMPEDIMENTO – situação existente que obsta a participação de determinada pessoa no inquérito.
INCOMUNICABILIDADE – proibição a um preso de se comunicar com outrem.
INDICIADO – pessoa sobre a qual pairam as acusações da pratica ou mesmo indícios do cometimento
do fato delituoso. Nos IPM destinados à Justiça Militar Estadual – JME, somente policiais-militares
podem ser indiciados, visto que esta não tem competência para julgar civis.
INDÍCIO – circunstância ou fato conhecido e provado, de que se induz a existência de outra
circunstância ou fato de que não se tem prova.
INFORMANTE – testemunha da qual a lei não exige compromisso de dizer a verdade em seu
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depoimento.
INQUIRIÇÃO – tomada de depoimentos de testemunhas.
INTERROGATÓRIO – audição do indiciado em juízo, também usado na fase do inquérito.
INTIMAÇÃO – ato de compelir alguém a comparecer perante o encarregado do inquérito.
INVESTIGADO – Que é objeto de investigação. Militar no IPM, sujeito a investigação sobre o qual
ainda não pairam indícios do cometimento do fato delituoso.
IPM – Inquérito Policial Militar – peça informativa elaborada por um oficial com a finalidade de apurar
uma infração de natureza militar, para oferecimento de elementos necessários à propositura da ação penal.
JUIZ AUDITOR MILITAR – Magistrado que atua na Justiça Militar no âmbito federal.
JUIZ DE DIREITO DO JUÍZO MILITAR – Magistrado que atua na Justiça Militar no âmbito
estadual. No estado do Piauí, corresponde à 9ª Vara Criminal, cuja denominação foi dada pela Lei
Complementar Estadual nº. 97. de 10 de janeiro de 2008, publicada no DOE nº. 08, de 11/01/08, que
alterou o art. 41, a Lei de Organização Judiciária do Estado do Piauí nº. 3.716, de 12/12/79 e a Lei
Estadual nº. 5.204, de 07/08/01, sendo o magistrado atualmente denominado Juiz de Direito da 9ª Vara
Criminal do Estado do Piauí.
JUNTADA – ato através do qual o escrivão faz a anexação ao processado de documentos vindo às mãos
do encarregado do inquérito e que interessam ao IPM.
LAUDO – documento que expressa o resultado de um exame pericial de forma conclusiva.
MANDADO – ordem judicial, determinando que se adote determinada providência.
MINISTÉRIO PÚBLICO – titular da pretensão punitiva do Estado. No âmbito estadual temos o
Ministério Público Militar Estadual.
MITIGADO – perda parcial da força ou efeito. Tornar(-se) mais brando, mais suave.
NOMEAÇÃO – designação de pessoa para o exercício de determinada função do IPM, como escrivão,
perito, etc.
NOTA DE CULPA – instrumento pelo qual se dá ao preso ciência dos motivos de sua prisão, bem como
de seu condutor e testemunhas.
NOTIFICAÇÃO – ciência dada pela prática de ato devido e futuro. Geralmente para comparecimento
em local, data e horário determinados para a execução do ato. Em juízo a testemunha é notificada e no
inquérito é intimada.
OFENDIDO – pessoa física ou jurídica atingida diretamente pelo ato delituoso.
OVERRULED – anulado (a), tornado(a) sem efeito. Ex. A Súmula sofreu um overruled (foi anulada,
tornada sem efeito, perdeu o efeito).
PERÍCIA – exame técnico procedido por perito, retratado através de laudo pericial.
PERITO – técnico designado para examinar e dar parecer sobre assunto de sua especialidade.
PORTARIA – documento através do qual autoridade designa e delega competência a um oficial para
instaurar o Inquérito. Indica, também, no caso do IPM, a abertura dos trabalhos, na qual o Encarregado dá
as primeiras ordens sobre a condução do feito persecutório. No IPM temos a “Portaria de designação” e a
“ Portaria de instauração do IPM”, esta última lavrada pelo encarregado.
PRAZO – período de tempo estipulado legalmente para determinado ato ou realização de um trabalho.
PRECATÓRIA – procedimento utilizado no processo ou IPM, para realização de diligências fora da
sede da jurisdição ou circunscrição onde estiver sendo realizado o IPM.
PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO - ato de prender o agente estando cometendo a infração penal,
acabando de cometê-la, é perseguido logo após em situação que faça presumir ser ele o autor da infração
ou encontrado logo após com instrumentos, armas, objetos ou papéis que autorizam aquela presunção.
PRISÃO PREVENTIVA – ato processual penal cautelar decretado pelo Juiz tanto na fase investigatória
como processual.
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PRISÃO TEMPORÁRIA – É uma prisão cautelar de natureza processual destinada a possibilitar as


investigações a respeito de crimes graves, durante o inquérito policial..
PROCEDIMENTO – forma de proceder e realizar os atos de investigação e processuais.
PROCESSO – conjunto de atos coordenados para dizer o direito no caso concreto, que observa os
princípios do devido processo legal (competência, finalidade, formalidade e legalidade), da ampla defesa
e do contraditório.
PRORROGAÇÃO – dilatação do prazo anteriormente fixado, por circunstâncias imprevistas no decorrer
do inquérito.
PROVAS – conjunto de elementos que promovem o convencimento da certeza da existência do fato e
sua autoria.
QUALIFICAÇÃO – dados que individualizam uma pessoa, utilizado no início de cada tomada de
declarações. Deve conter: nome completo, nacionalidade, naturalidade, idade, filiação, estado civil,
profissão, residência, posto ou graduação e unidade em que serve, se militar.
QUESITOS – perguntas previstas em legislação para cada caso especifico além de outras julgadas
convenientes pelo encarregado do inquérito a serem feitas aos peritos.
RECEBIMENTO – ato praticado pelo escrivão todas as vezes que receber do encarregado os autos para
providencias.
RECONHECIMENTO – termo através do qual se procede a confirmação ou não da identificação de
uma pessoa ou coisa.
RECONSTITUIÇÃO – reprodução simulada do fato delituoso na conformidade da lei.
RELATÓRIO – documento final do IPM, no qual seu encarregado descreve minuciosamente o fato
apurado e faz sua conclusão final, cujo nome é “solução”, que poderá ser ou não homologada pelo
Comandante da OPM.
REINQUIRIÇÃO – ato de reperguntar a uma pessoa inquirida anteriormente, que deixou alguma coisa a
ser esclarecida.
REMESSA – ato de entrega do inquérito, após o seu término à autoridade delegante.
REPRESENTAÇÃO – pedido de autorização judicial formalizado pelo encarregado no curso do IPM;
REQUISIÇÃO – pedido formulado pelo encarregado do IPM solicitando a uma autoridade o
comparecimento de pessoas, fornecimento de documentos, materiais, ou ainda outras providências
necessárias ao inquérito.
RESTITUIÇÃO – devolução do bem ao lesado ou a terceiro de boa fé feita pelo encarregado do
inquérito, da qual se lavra o respectivo termo.
SEQUESTRO – apreensão de bens em posse do indiciado ou de terceiro por serem produtos da infração
penal ou adquiridos com proventos da mesma.
REVELIA – ausência de comparecimento do acusado para responder ao processo.
SOBRESTAMENTO – interrupção do prazo para conclusão de um procedimento ou do processo.
SOLICITAÇÃO – expediente utilizado pelo encarregado para se comunicar com autoridades,
solicitando apresentação de pessoas (civis e/ou militares), a realização de diligências, de perícias ou de
documentos.
SOLUÇÃO – conclusão final a que chega o encarregado do IPM na qual se manifesta sobre a existência
ou não de crime, contravenção penal ou transgressão disciplinar e as providências a serem adotadas.
SUSPEIÇÃO – situação existente que compromete a imparcialidade do encarregado do IPM perante a
justiça. Deve ser declarada por ele quando ocorrer a situação.
TEMPO DE INQUIRIÇÃO – período de tempo consecutivo de inquirição permitido por lei.
TERMO – documento que formaliza os atos praticados no curso do inquérito.
TESTEMUNHA – pessoa chamada a depor no inquérito, por ser conhecedora do fato de uma forma
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qualquer.
VESTÍGIOS – são as provas materiais que podem ser encontradas no local de crime, que podem levar à
conclusão da sua autoria e como ocorreu.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Piauí, nos casos da prática de crimes militares decorrentes de intervenção policial militar, na
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▪ PIAUÍ. Provimento nº 020, da Corregedoria Geral de Justiça do TJ/PI, datado de 20/05/14,


que dispõe sobre a aprovação do Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça e dá
outras providências.
▪ PIAUÍ. Provimento nº 029, da Corregedoria Geral de Justiça do TJ/PI, datado de 11/07/19,
que dispõe sobre a realização de audiência de custódia no âmbito da Justiça Militar do Estado
do Piauí.
▪ PIAUÍ. Provimento nº 030, da Corregedoria Geral de Justiça do TJ/PI, datado de 11/07/19,
que Dispõe sobre a competência da 9ª Vara Criminal de Teresina/PI em relação aos crimes
militares antes do oferecimento da denúncia.
▪ PIAUÍ. Poder Judiciário. Resolução nº 11, de 29/08/2013, da Corregedoria Geral de Justiça,
que disciplina o Plantão Judiciário de 1º Grau do Poder Judiciário do Estado do Piauí.
▪ PIAUÍ. Portaria nº 098-GCG, de 19-03-2014, publicada no BCG nº 055, de 24-03-14, dispõe
sobre a inclusão de dados essenciais de policiais militares em procedimentos criminais de
Polícia Judiciária Militar, nos termos do art. 16, II, alínea “a”, do Provimento nº 39/2013, da
Corregedoria Geral de Justiça do TJ/PI.
▪ PIAUÍ. Portaria nº 193-GCG, de 30/05/18, publicada no BCG nº 100, de 30-05-18, altera a
Portaria nº 075/2013-GCG, de 20-02-13, que regulamenta o Plantão de Polícia Judiciária
Militar (PPJM) e a Polícia Disciplinar Ostensiva (PDO), na Corregedoria da Polícia Militar do
Piauí, e dá outras providências.
▪ PIAUÍ. Portaria nº 195-GCG, de 30/05/18, publicada no BCG nº 100, de 30-05-18, regula a
instauração de processos administrativos disciplinares militares (rito ordinário e rito
simplificado), decorrentes de homologações ou avocações de inquéritos policiais militares.
▪ ROTH, Ronaldo João. A Natureza Jurídica da Decisão de Arquivamento do Inquérito
Policial Militar. São Paulo: Revista DIREITO MILITAR, 2001.
▪ ROTH, Ronaldo João. O indiciamento e a Classificação do Tipo Penal no Inquérito Policial
Militar. São Paulo: Revista DIREITO MILITAR, 2000.
▪ ROTH, Ronaldo João. A Natureza Jurídica da Decisão de Arquivamento do Inquérito
Policial Militar. São Paulo: Revista DIREITO MILITAR, 2001.
▪ SAINT' CLAIR, Luiz do Nascimento et alii. Manual do Inquérito Policial Militar. 2 ed. Belo
Horizonte, MG: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1995.
▪ STEINER, Sylvia. O indiciamento em inquérito policial como ato de constrangimento – legal
ou ilegal. Revista Brasileira de Ciência Criminais, v.24, 1998.
▪ SOARES, Djalma de Lima (Cap); PAIVA Sebastião Pereira de (Cap). PMPB. Direito
Processual Penal. João Pessoa-PB, 2000. 59p.
▪ www.cnj.jus.br/sistema-carcerario-e-execucaopenal/audiencia-de-custodia.
▪ www.dizerodireito.com.br/2015/09/audiencia-de-custodia.Html.

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