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Direito Penal II – Noturno. Alexandre D. Dall’ Alba – 170809.

1) Teoria da imputação objetiva.


 Conceito: proposta pelo funcionalismo, este que é baseado em Claus
Roxin, admite-se a hipótese da imputação objetiva, onde primordialmente
busca-se se pensar o sistematicamente, se deve analisar o crime politicamente.
Nessa teoria busca-se proteger os bens jurídicos relevantes (tanto para o
individuo quanto para a sociedade), essa proteção é feita a partir de sanções a
sujeitos que entrem em conflito com esses bens jurídicos.

 Características: na teoria da imputação objetiva, o princípio da


adequação passa a ser elemento normativo do tipo.

Risco permitido – inerente a vida em sociedade. Com o avanço social e industrial,


muitos empregos e profissões geram certos riscos a bens jurídicos, como por exemplo:
quando o ordenamento jurídico permite a fabricação de armas de fogo, o legislador tem
entendimento que a utilização dessa arma, carrega riscos a bens jurídicos que o próprio
legislador visa proteger. Conclui-se, que quem pratica atividade de risco que seja lícita,
não pode ser responsabilizado se agiu dentro desse grau de tolerância.

Proibição de regresso – A proibição de regresso evita que um comportamento inócuo


implique participação em um delito, ou seja, um comportamento que não viola o papel
social do cidadão não pode ser tido por típico caso o outro sujeito da relação incorpore
um vínculo em uma “organização não permitida”. Assim, um comportamento
“estereotipado” não sujeita o autor ao vínculo da imputação caso reste estabelecido que
não haja comportamento em comum (CALLEGARI, 2014).

Imputação ao âmbito de responsabilidade da vítima - pode ser determinante em


relação ao sistema de imputação. Tal instituto é verificado quando “o titular de um bem
jurídico (“vítima”) empreende conjuntamente com outro (“autor”) uma atividade que
pode produzir uma lesão desse bem jurídico” (CALLEGARI, 2014, p. 75).

APELAÇÃO CRIME. JOGOS DE AZAR. MÁQUINAS CAÇA-NÍQUEIS. ART 50,


CAPUT, DA LCP. SUFICIÊNCIA DO CONJUNTO PROBATÓRIO. TEORIA DA
IMPUTAÇÃO OBJETIVA. TESE NÃO RECEPCIONADA PELO ORDENAMENTO
JURÍDICO. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1- Comprovada a ocorrência e a autoria do
fato típico, antijurídico e culpável, a condenação é medida que se impõe. 2- O
monopólio das loterias exercido pelo Estado não implica em autorização aos
particulares para a exploração de máquinas caça-níqueis (MEP s), dada a inexistência de
previsão legal. 3- Inaplicável, na espécie, a teoria da imputação objetiva, não
recepcionada pelo ordenamento jurídico. RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Crime Nº
71004180154, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cristina Pereira
Gonzales, Julgado em 25/03/2013)

(TJ-RS - RC: 71004180154 RS, Relator: Cristina Pereira Gonzales, Data de


Julgamento: 25/03/2013, Turma Recursal Criminal, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 26/03/2013)

Direito Penal II – Noturno. Alexandre D. Dall’ Alba – 170809.


Direito Penal II – Noturno. Alexandre D. Dall’ Alba – 170809.

Explicação: a defesa sustentou a atipicidade da conduta, pois o Estado exerce a


exploração dos jogos de azar, o que lhe falta legitimidade para punir o particular, em
face da Teoria da imputação objetiva, uma vez que o risco assumido pela sociedade é
mínimo e tolerável, pedindo assim a absolvição do réu.

O réu Vilmar Vieira foi denunciado pela prática da exploração de jogo de azar, através
de caça-níqueis, dentro de seu estabelecimento comercial e de sua propriedade. O réu
admitiu a prática do delito, no entanto, disse que as máquinas pertenciam a João
Cristiano e que ele (Vilmar) recebia cerca de 40% do faturamento. Logo ficou claro que
o réu efetivamente explorava a atividade de jogos de azar, obtendo lucro com a pratica
ilícita. Na espécie, o réu alegou ser o proprietário do bar, no entanto, sem qualquer
ingerência na operação das maquinas, esse trabalho era feito por João Cristiano.
Contudo, conforme o art. 29 do CP: quem de qualquer modo concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas na medida de sua culpabilidade. Finalizando, o
recurso foi negado.

2) Teoria domínio do fato.


 Conceito: efetivamente teorizada por Claus Roxin, assim como na teoria
da imputação objetiva é vista pelos olhos do funcionalismo (enxergar o direito
penal a partir de sua função). O domínio do fato na visão de Roxin é apenas
uma das modalidades para se identificar o autor de um crime. Sua proposta
não é definir um conceito da teoria do domínio do fato, mas identificar quando
ele ocorre ou não.

 Características: A Autoria Direta para Roxin ocorre até mesmo onde o


autor é coagido a executar o crime. Obviamente será um autor que foi
corrompido e desculpável, no entanto não deixa de ser autor. Roxin também
considera

Coautoria quando ocorre quando mais de um agente possui a mesma vontade,


responsabilidade efetiva e relevante sobre o resultado e participação na execução do tipo
penal; caso o agente prepare, mas passe a execução a outrem, ele perde o domínio do
resultado e deixa de ser autor. No entanto, vários autores agindo de forma relevante e
efetiva para o resultado desejado, são autores.

Teoria do Domínio do Fato aplicado no Brasil – apesar de não ser adotada em nosso
país, essa teoria foi invocada pelo STF em um caso de grande repercussão: Mensalão.
Utilizada por Joaquim Barbosa como fundamento para condenar José Dirceu, já que a
teoria trata da definição do autor e partícipe, para resolver a demanda da forma da
autoria mediata, quando há dois partícipes e não há autores.

Domínio do Fato é mais uma das modalidades existentes que busca diferenciar autores e
partícipes, para que cada um seja punido de forma justa e legal conforme o delito.
APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO SIMPLES. No mérito, a prova carreada aos autos
autoriza um juízo de certeza quanto à materialidade do fato-subtração e à autoria do réu,
diante das circunstâncias da prisão em flagrante na posse dos bens recém subtraídos do
ofendido, bem assim nas imagens das câmeras de monitoramento policial, o que foi
roborado em Juízo. Noutro quadrante, embora o réu tenha sido denunciado e
processado, juntamente com o corréu do processo-crime cindido, pela prática, em tese,

Direito Penal II – Noturno. Alexandre D. Dall’ Alba – 170809.


Direito Penal II – Noturno. Alexandre D. Dall’ Alba – 170809.

de furto qualificado pelo concurso de agente, incorrendo em equívoco o julgador


sentenciante ao classificar a condenação do réu ora apelante nos lindes do art. 155,
caput, do CPB, a sua participação na empreitada delitusosa foi ativa e decisiva para o
seu sucesso e subtração dos bens que o ofendido, que dormia ao relento, tinha no bolso
da calça. Assim, vai afastada a alegação defensiva da participação de menor importância
do réu. Inexistente distinguishing probatório e ressalvada a orientação pessoal do
Relator, deve prevalecer a jurisprudência do STJ na matéria, sendo incabível o
reconhecimento da tentativa quando o iter criminis foi percorrido na sua totalidade,
tendo o réu a posse tranquila das res furtivae, ainda que por breve período de tempo. Na
análise da tipicidade, preenchidos os... requisitos da primariedade do réu e do pequeno
valor da coisa, incide a privilegiadora do furto. Desclassificação da condenação para
furto simples privilegiado. A pena carcerária do réu vai reduzida, em razão da
desclassificação ora operada, mantidas todas as demais disposições sentenciais. APELO
PARCIALMENTE PROVIDO. M/AC 8.055 S 30.08.2018 P 53 (Apelação Crime Nº
70077886182, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Aymoré
Roque Pottes de Mello, Julgado em 30/08/2018).

(TJ-RS - ACR: 70077886182 RS, Relator: Aymoré Roque Pottes de Mello, Data de
Julgamento: 30/08/2018, Sexta Câmara Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 06/09/2018)

Explicação: o réu Mikael foi denunciado e processado, juntamente com Jackson


(processo-crime cindido). Jackson e Mikael encontraram José Jeferson caído e
desacordado, Jackson então subtraiu os pertences da vítima e entregou cerca de
cinquenta reais a Mikael. Logo provasse a inversão de posse, mesmo pouco tempo
depois o réu ter sido preso em flagrante. Mikael tornou-se possuidor da coisa alheia
móvel, ainda que não obtenha a posse tranquila, sendo prescindível que o objeto
subtraído saia da esfera da vigilância da vítima para a caracterização do ilícito.
Contrário ao que foi sustentado pela defesa, é inviável o reconhecimento de participação
de menor importância do réu Mikael, pois de acordo com o domínio do fato
desenvolvido por Roxin: Co-autor aquele que, de acordo com um plano delitivo, presta
contribuição independente, essencial à prática do delito – não obrigatoriamente em sua
execução. A autoria de Mikael sobre o fato-subtração é certa.

REFERÊNCIAS

https://jus.com.br/artigos/60067/risco-proibido-e-risco-permitido-a-adocao-da-teoria-
da-imputacao-objetiva-pelo-projeto-de-novo-codigo-penal

https://pt.wikipedia.org/wiki/Funcionalismo_penal

https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1232/Teoria-da-Imputacao-Objetiva

https://tj-rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/112658869/recurso-crime-rc-71004180154-
rs/inteiro-teor-112658879?ref=juris-tabs#

https://jus.com.br/artigos/60797/teoria-do-dominio-do-fato

Direito Penal II – Noturno. Alexandre D. Dall’ Alba – 170809.

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