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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

LICENCIATURA EM DIREITO

A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Estudantes:

Carmen Ribeiro

Hélton Baptista

Luísa Soares

Malaika Elvira Maiela

Docente:

DR. Abias Armando

2ºANO – LABORAL - 5° GRUPO

CADEIRA: DIREITO ADMINISTRATIVO II

Chimoio, 2022
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

LICENCIATURA EM DIREITO

A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Estudantes:

Carmen Ribeiro

Hélton Baptista

Luísa Soares

Malaika Elvira Maiela

Docente:

DR. Abias Armando

2ºANO – LABORAL - 5° GRUPO

CADEIRA: DIREITO ADMINISTRATIVO II

Chimoio, 2022
Índice

I. Introdução...........................................................................................................................4

1. Objectivo geral................................................................................................................5

2. Objectivos específicos.....................................................................................................5

3. Metodologia....................................................................................................................5

II. A Responsabilidade Civil da Administração Pública.....................................................6

1. Conceito..........................................................................................................................6

2. Evolução da Responsabilidade Civil...............................................................................6

2.1. Irresponsabilidade do Estado...................................................................................7

2.2. Responsabilidade com culpa civil do Estado...........................................................7

3. Teorias Administrativas..................................................................................................8

3.1. Teoria da Culpa administrativa................................................................................8

3.2. Teoria do Risco Administrativo...............................................................................8

3.3. Teoria do Risco Integral..........................................................................................8

4. Espécies da responsabilidade civil..................................................................................9

4.1. Responsabilidade civil subjectiva e objectiva.........................................................9

4.2. Responsabilidade civil contratual e extracontratual..............................................10

5. Pressupostos gerais da responsabilidade civil...............................................................11

III. Conclusão......................................................................................................................13

IV. Bibliografia...................................................................................................................14
I. Introdução

O trabalho em causa tem como objecto de estudo a Responsabilidade Civil da Administração


Pública, atendendo e considerando que o artigo 13 da NFSAP prevê que a Administração
Pública responde pela conduta dos seus agentes dos seus órgãos e instituições de que
resultem danos a terceiros, nos mesmos termos da responsabilidade civil do Estado, sem
prejuízo do seu direito de regresso, conforme as disposições do Código Civil.

Sendo assim é importante reconhecer a pertinência do tema.

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1. Objectivo geral
 Analisar a Responsabilidade Civil da Administração Pública.

2. Objectivos específicos
 Definir Responsabilidade Civil;
 Caracterizar a Evolução da Responsabilidade Civil;
 Elencar as Espécies da Responsabilidade Civil;
 Explicar os pressupostos.

3. Metodologia

O trabalho de pesquisa foi suportado com as legislações competentes para o efeito e com o
apoio da internet.

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II. A Responsabilidade Civil da Administração Pública
1. Conceito

A responsabilidade civil, também denominada responsabilidade extracontratual, tem sua


origem no Direito Civil. Consubstancia-se na obrigação de indenizar um dano patrimonial ou
moral decorrente de um facto humano.

Segundo Sílvio Rodrigues, a responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma
pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por facto próprio, ou por facto de pessoas ou
coisas que dela dependam, o termo responsabilidade é Dever jurídico, em que se coloca a
pessoa, seja em virtude de contrato, seja em face de facto ou omissão, que lhe seja imputado,
para satisfazer a prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são
impostas. Onde quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de
ressarcir danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude
da qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção.

2. Evolução da Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica que constantemente se renova de modo


que, a cada momento, surgem novas teses jurídicas a fim de atender às necessidades sociais
emergentes. A responsabilidade civil é o instituto de direito civil que teve maior
desenvolvimento nos últimos 100 anos. Este instituto sofreu uma evolução pluridimensional,
tendo em vista que sua expansão se deu quanto a sua história, a seus fundamentos, a sua área
de incidência e a sua profundidade.

O conceito de responsabilidade, em reparar o dano injustamente causado, por ser próprio da


natureza humana, sempre existiu. A forma de reparação deste dano, entretanto, foi
transformando-se ao longo do tempo, sofrendo desta forma uma evolução.

“A origem do instituto da responsabilidade civil parte do Direito Romano, e esta calcada na


concepção de vingança pessoal, sendo uma forma por certo rudimentar, mas compreensível
do ponto de vista humano como lídima reação pessoal contra o mal sofrido mesmo após o
surgimento da Lei das XII Tábuas, que foi um marco do Direito Romano, ainda era possível
identificar a presença da chamada Pena do Talião, que traz o princípio Olho por olho, e dente
por dente”.

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Com o passar do tempo a aplicação desta pena, entretanto, passou a ser marcada pela
intervenção do poder público, que poderia permiti-la ou proibi-la.

Posteriormente, ainda vigorando a Lei das XII Tábuas, inicia-se o período da composição
tarifada, onde a própria lei determinava o quantum para a indemnização, regulando o caso
concreto. Nas palavras de Alvino Lima, esta fase “é a reacção contra a vingança privada, que
é assim abolida e substituída pela composição obrigatória”

Conforme a doutrina maioritária leciona, a maior evolução do instituto ocorreu com o


advento da Lex Aquilia, que deu origem a denominação da responsabilidade civil delitual ou
extracontratual, que é também chamada de responsabilidade aquiliana. Como ensina Pablo
Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: “Um marco na evolução histórica da
responsabilidade civil se dá, porém, com a edição da Lex Aquilia, cuja importância foi tão
grande que deu nome a nova designação da responsabilidade civil delitual ou
extracontratual”.

Esta legislação destacou-se por trazer a substituição da multa fixa por uma pena proporcional
ao dano causado.

O intitulado dammun injúria datum, regulado por esta lei, definia o delito praticado por
alguém que prejudicasse a outrem, injustificadamente, por dolo ou culpa, tanto física como
materialmente.

A indemnização permanecia substituindo o carácter da pena, sendo que os textos relativos a


acções de responsabilidade se espraiaram de tal forma que, em ultimo grau do direito romano,
já não mais faziam menção apenas aos danos materiais, mas também aos danos morais.

Na legislação francesa, mais precisamente no Código Civil de Napoleão, a culpa foi inserida
como pressuposto da responsabilidade civil aquiliana, influenciando diversas legislações, até
mesmo o Código Civil Moçambicano actualizado pelo Decreto-Lei n.º 47 344/19666, de 25
de Novembro.

2.1. Irresponsabilidade do Estado

“The king can not do wrong”, “Le roi ne peut mal fere” – O rei (Estado) e seus
representantes não podem fazer o mal e nem errar.

2.2. Responsabilidade com culpa civil do Estado

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Lógica liberal, o Estado está equiparado ao cidadão comum, ou seja, o Estado só indemniza
se tiver culpa, sendo ônus da prova imputado a quem a alega.

3. Teorias Administrativas
3.1. Teoria da Culpa administrativa

Falta de serviço. Não é necessário comprovar a culpa subjetiva do Estado, mas demonstrar
que o Estado procedeu de forma irregular. Não se trata de culpa que se aplica a qualquer um,
mas uma culpa especial (anônima) que reside na não prestação do serviço, no mau
funcionamento ou retardamento do serviço. O particular deve provar as citadas ocorrências
para ser indemnizado. É a transição para responsabilidade objetiva.

3.2. Teoria do Risco Administrativo

Não é necessário culpa do agente do público ou falta do serviço, basta que exista o dano, sem
que para ele tem concorrido o particular. A Administração poderá, para se eximir, alegar a
culpa exclusiva do lesado ou para atenuar a responsabilidade culpa concorrente do lesado.
Deve haver o facto de serviço, o nexo de causalidade entre o facto e dano ocorrido. A culpa é
presumida, restando a Administração a prova do contrário (inversão do ônus). Adotado por
nossa constituição:

 N° 2 do art. 58° da CRM: O Estado é responsável pelos danos causados por actos
ilegais dos seus agentes, no exercício das suas funções, sem prejuízo do direito de
regresso nos termos da lei.

Obs: Nesta teoria, há exclusão da responsabilidade do Estado na ocorrência de caso fortuito e


força maior e quando há culpa exclusiva da vítima ou de terceiro.

3.3. Teoria do Risco Integral

Na teoria do risco administrativo, a administração pode provar a ausência de culpa e não


indemnizar. Na teoria do risco integral, há uma exacerbação da responsabilidade civil da
Administração. Basta a existência do evento danoso e do nexo causal, MESMO QUE O
DANO DECORRA EXCLUSIVAMENTE DO PARTICULAR. Alguns doutrinadores
entendem que a teoria do risco integral se equipara a do risco administrativo, pois admitem a
possibilidade a causa de exclusão de responsabilidade.

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4. Espécies da responsabilidade civil
4.1. Responsabilidade civil subjectiva e objectiva

Denomina-se responsabilidade civil subjectiva aquela causada por conduta culposa lato
sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se
quando o agente causador do dano praticar o acto com negligência ou imprudência. Já o dolo
é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.

Até determinado momento da história a responsabilidade civil subjectiva foi suficiente para a
resolução de todos os casos. Contudo, com o passar do tempo, tanto a doutrina quanto a
jurisprudência passaram a entender que este modelo de responsabilidade, baseado na culpa
não era suficiente para solucionar todos os casos existentes. Este declínio da responsabilidade
civil subjectiva se deu principalmente em função da evolução da sociedade industrial e o
consequente aumento dos riscos de acidentes de trabalho.

A necessidade de maior protecção a vítima fez nascer a culpa presumida, de sorte a inverter o
ónus da prova e solucionar a grande dificuldade daquele que sofreu um dano demonstrar a
culpa do responsável pela acção ou omissão, o próximo passo foi desconsiderar a culpa como
elemento indispensável, nos casos expressos em lei, surgindo a responsabilidade objectiva,
quando então não se indaga se o acto é culpável.

Nesse contexto surge a denominada responsabilidade civil objectiva, que prescinde da culpa.
A teoria do risco é o fundamente dessa espécie de responsabilidade, sendo resumida por
Sérgio Cavalieri nas seguintes palavras: De acordo com Cavalieri Filho Todo prejuízo deve
ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente de ter ou não agido
com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade, dispensável qualquer
juízo de valor sobre a culpa.

Art. 13 do Decreto n.º 30/2001 de 15 de Outubro: A Administração Pública responde pela


conduta dos seus agentes dos seus órgãos e instituições de que resultem danos a terceiros, nos
mesmos termos da responsabilidade civil do Estado, sem prejuízo do seu direito de regresso,
conforme as disposições do Código Civilʺ

Na acção regressiva sempre cabe ao Estado provar a culpabilidade de seu agente e isto não
condiciona a hipótese indemnizatória referente à vítima, o contrário é o que se dá após a

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constatação efectiva da responsabilidade estatal tendo por resultado a satisfação
indemnizatória da vítima é que se tem lugar à acção regressiva, ocasião em que o Estado
tentará recobrar de seu agente o que gastara com a indemnização.

Essa teoria determina a inversão do ónus probandi, ou seja, cabe agora ao Estado provar a sua
não responsabilidade, tendo facilitado o direito de reparação da vítima.

Posetivado na Constituição de 2004 e com o advento da Constituição de 2018 ficou


consagrado à atribuição ao Estado da responsabilidade sem discutir a culpa, possibilitando ao
mesmo a acção regressiva em face do funcionário que tivesse agido com dolo ou culpa.

A responsabilidade Civil do Estado recebe várias outras denominações, como


Responsabilidade da Administração Pública, Responsabilidade Patrimonial do Estado. Assim
como ocorre com os particulares, pessoas físicas e jurídicas, as pessoas jurídicas de direito
público e de direito privado que compõe a estrutura do Estado também se responsabilizam
com base na lei pelos danos decorrentes do comportamento de seus agentes quando da
prestação dos serviços públicos cujo destinatário é a população de modo geral.

4.2. Responsabilidade civil contratual e extracontratual

A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever jurídico
violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual.

Na primeira, configura-se o dano em decorrência da celebração ou da execução de um


contrato. O dever violado é oriundo ou de um contrato ou de um negócio jurídico unilateral.
Se duas pessoas celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir as obrigações que
convencionaram. Acerca da responsabilidade por actos unilaterais de vontade César Fiúza
lecciona:

A responsabilidade por actos unilaterais de vontade, como a promessa de recompensa é


também contratual, por assemelhação, uma vez que os actos unilaterais só geram efeitos e,
portanto, responsabilidade, após se bilateralizarem, Se um indivíduo promete pagar uma
recompensa a que lhe restitui os documentos perdidos, só será efectivamente responsável, se
e quando alguém encontrar e restituir os documentos, ou seja, depois da bilaterização da
promessa.

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Já a responsabilidade propriamente dita, a extracontratual, que também é denominada de
aquiliana, tem por fonte deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento jurídico
considerado como um todo. O dever jurídico violado não está previsto em nenhum contrato e
sem existir qualquer relação jurídica anterior entre o lesante e a vítima; o exemplo mais
comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os danos oriundos de acidente
entre veículos.

Esta categoria de responsabilidade civil - que visa a reparar os danos decorrentes da violação
de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens alheios – costuma ser denominada de
responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou, ainda, responsabilidade civil geral.

Na prática, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual dão ensejo à mesma


consequência jurídica: a obrigação de reparar o dano. Desta forma, aquele que, mediante
conduta voluntária, transgredir um dever jurídico, existindo ou não negócio jurídico,
causando dano a outrem, deverá repará-lo.

5. Pressupostos gerais da responsabilidade civil

Os actos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito
subjectivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é imposto
pelo ordenamento jurídico.

O Código Civil Moçambicano estabelece a definição de factos ilícito em seu artigo 483°:
“Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer
disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o lesado
pelos danos resultantes da violação.”.

Através da análise deste artigo é possível identificar os elementos da responsabilidade civil,


que são: ilicitude, a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa. Este artigo é a base
fundamental da responsabilidade civil, e consagra o princípio de que a ninguém é dado o
direito de causar prejuízo a outrem.

Na lição de Fernando Noronha, para que surja a obrigação de indemnizar é necessário os


seguintes pressupostos:

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1) Que haja um facto (uma acção ou omissão humana, ou um facto humano, mas
independente da vontade, ou ainda um facto da natureza), que seja antijurídico, isto é,
que não seja permitido pelo Direito, em si mesmo ou nas suas consequências;

2) Que o facto possa ser imputado a alguém, seja por dever a actuação culposa da
pessoa, seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma actividade realizada
no interesse dela;

3) Que tenham sido produzidos danos;

4) Que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo acto ou
facto praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua
risco próprio da actividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por
esta.

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III. Conclusão

Como fora percebido, a Administração Pública é responsabilizada pelos actos ilícitos que os
seus agentes e os seus órgãos pratiquem, causando danos a terceiros, no exercício activo de
suas funções.

É notório evidenciar o avanço e evolução da Responsabilidade Civil da Administração


Pública desde os tempos antigos, sabendo que havia certa irresponsabilidade do Estado
quando a indemnização a quem se cause danos, porém, é evidente a transformação.

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IV. Bibliografia

Leis

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, Escolar


Editora, 2018.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo (Decreto-Lei n.º 47 344,


de 25 de Novembro de 1966).

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto 30/2001 de 15 de Junho.

www.google.com, visitado no dia 12 de Setembro de 2023.

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