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E HUMANAS
LICENCIATURA EM DIREITO
TEMA:
DIREITO DE PROPRIEDADE
E
DIREITOS REAIS LIMITADOS
GRUPO E
3º ANO / MANHÃ
DOCENTE
____________________________
Dr. EDUARDO KUPUIA
BENGUELA, 2022
DEPARTAMENTO DA CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS
E HUMANAS
LICENCIATURA EM DIREITO
TEMA:
DIREITO DE PROPRIEDADE
E
DIREITOS REAIS LIMITADOS
ELABORADO POR:
ADJEOVANY CATANHA
ANGELINO BRITO
ANTÓNIO JAMBA DIAS
ARLINDA MASSIVANGUE
CILÍZIA TAVARES
LAISON CACHIQUASI
MÁRCIO PAULINO
OSLER SALVADOR
YOLA ÁLVARO
BENGUELA, 2022
ÍNDICE
INTRODUÇÃO...................................................................................................................9
PARTE I- DIREITO DE PROPRIEDADE....................................................................12
CAPÍTULO I- A PROPRIEDADE HORIZONTAL..............................................16
CAPÍTULO II- COMPROPRIEDADE...................................................................20
1. GENERALIDADES............................................................................................20
PARTE II - DIREITOS REAIS LIMITADOS...............................................................25
CAPÍTULO I-DIREITOS REAIS DE GOZO........................................................26
SECÇÃO I- USUFRUTO........................................................................................28
SECÇÃO II. O USO E A HABITAÇÃO.................................................................33
SECÇÃO III. O DIREITO DE SUPERFÍCIE.........................................................35
SECÇÃO IV. AS SERVIDÕES PREDIAIS............................................................39
CAPÍTULO II- DIREITOS REAIS DE GARANTIA............................................43
SECÇÃO I- A CONSIGNAÇÃO DE RENDIMENTOS........................................44
SECÇÃO II- O PENHOR........................................................................................46
SECÇÃO III- A HIPOTECA...................................................................................49
SECÇÃO IV- PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS......................................................51
SECÇÃO V-DIREITO DE RETENÇÃO................................................................53
CAPÍTULO III- DIREITOS REAIS DE AQUISIÇÃO.........................................55
SECÇÃO I- A PROMESSA REAL.........................................................................56
SECÇÃO II- DIREITO REAL DE PREFERÊNCIA COM EFICÁCIA REAL.....57
CONCLUSÃO...................................................................................................................58
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.................................................................................59
PENSAMENTO
“Duvidar de tudo ou crer em tudo são duas soluções bastante cómodas, que nos
dispensam ambas de reflectir.”
Heinri Poincaré
AGRADECIMENTOS
The work we now present is part of the relationship between Property and Limited
Royal Rights. Although this connection has been suggested to us for a long time by
several philosophers, only in recent years has there been a deepening of research at the
level of the social sciences on this subject, and the empirical experience has confirmed
what has long been intitude.
The present work with the title "Property Rights and Limited Real Rights", aims
to point out the question of the structure and functioning of them within the scope of our
legal system. Thus, we will start with a journey through its history starting from the
theoretical conceptions about "Horizontal Property, Comproperty, Real Rights of
Limited Jouissance, Real Warranty Rights and Real Rights of Acquisition.
Geral:
Específicos:
Apresentar noções sobre:
Propriedade Horizontal;
Compropriedade;
Direitos Reais de Gozo Limitado;
Direitos Reais de Garantia;
Direitos Reais de Aquisição.
PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO
PERGUNTAS DE INVESTIGAÇÃO
OBJECTO DE ESTUDO
1- GENERALIDADE
Tendo sido avisados pela sábia máxima romana que diz “omnis definition in iure
civile periculosa est” (Toda a definição em direito civil é perigosa), 1 na qualidade de
aspirantes em mergulhar nos meandros dos Direitos Reais para mitigar a inocência que
o tempo nos acarreta, os investigadores do tema em pauta, para melhor e maior lucidez,
cavalgamos para outros autores da temática em referência, das quais nos asseguram com
variadíssimas definições das quais fizemos a cofra dos abaixos a seguir:
A Propriedade é o pertence a alguém, como pedaço de terra; imóvel pertence á
um indivíduo ou instituição.2
Direito real máximo – direito real com o maior conteúdo possível e mais
importante dos direitos reais.
➢ É o paradigma, não apenas dos direitos reais como também dos direitos
subjectivos em geral.
Faculdades de:
• Uso – todas as modalidades de aplicação direta da coisa, determinando o
aproveitamento da coisa para os fins que entender, sem prejudicar essa mesma coisa;
• Fruição – percepção de todos os frutos e produtos de uma coisa, sem prejuízo da
sua substância, permitindo ao proprietário obter determinado rendimento da coisa,
melhorando a sua condição económica;
• Disposição – compreende a transformação da coisa (alteração de forma ou
substância), a alienação (transmissão da coisa para terceiros) ou oneração (constituição
de direitos reais limitados sobre a coisa) e a extinção do direito sobre ela (através do
abandono ou destruição).
Este conteúdo não é ilimitado e está sujeito aos limites e restrições da lei, que são
genéricos para os Direitos Reais.3
4
NUNES Pedro Caetano, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2016/2017, pá g.12 e ss.
CAPÍTULO I- A PROPRIEDADE HORIZONTAL
1-DEFINIÇÃO
Uma definição criada a meu ver, propriedade horizontal vai ser direito de
propriedade em que uma mais pessoas (titulares) vão ter sobre uma determinada
fracção autónoma de edifício.
A propósito é um direito de propriedade sobre coisas imóveis e é um regime
especial da mesma.
Dentro da propriedade horizontal congregam-se dois tipos de direitos reais
distintos:
Propriedade: diz respeito às fracções autónomas, o uso exclusivo da fracção
de um edifício por parte do proprietário aqui denominado de condomínio. É de
salientar que as fracções em propriedade singular devem ser perfeitamente
autónomas.
Compropriedade: diz respeito às partes comuns, indicadas no artigo 1421º do
C.Civil.
5
CARREIRO Inês Mota, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g. 36
Aqui há um documento que corporiza os negócios jurídicos que criam direitos e
deveres. O regime da propriedade horizontal e caracterizado por um título
constitutivo que corporiza num documento em rigor mas o negócio jurídico
corporizado no documento.
O título constitutivo pode conter um regulamento do condomínio. Este
regulamento disciplina o uso, fruição e conservação quer das partes comuns, quer das
fracções autónomas.
6
NUNES Pedro Caetano, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2016/2017, pá g. 28
Não se deve conferir a modificação do título (artigo 1419º) com a modificação
do regulamento.
Unanimidade
Escritura pública ou documento particular autenticado.
Excepções: junção e divisão de fracções autónomas (artigo 14322º)
Propriedade Horizontal: vai ser o direito que o condómino tem sobre o edifício, aqui
estamos a tratar de um único direito. O direito de propriedade horizontal, o conteúdo
desse direito vai exprimir a duplicidade do seu objecto e o regime jurídico que cada
parte do mesmo se encontra sujeito.
2017/2018, pá g. 355
8
MALÓ Mafalda, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g.59
CAPÍTULO II- COMPROPRIEDADE
1. GENERALIDADES
A compropriedade é-nos definida no artigo 1403.º, n.º1 CC, que estabelece que
existe propriedade em comum ou compropriedade, quando duas ou mais pessoas são
simultaneamente titulares do direito de propriedade sobre a mesma coisa.
Existe assim uma situação de compropriedade sempre que a propriedade seja
atribuída a mais do que um titular. Nesse caso, conforme refere o artigo 1403.º, n.º2 CC,
os direitos dos consortes ou comproprietários sobre a coisa comum são qualitativamente
iguais ainda que possam ser quantitativamente diferentes, presumindo-se, no entanto,
como quantitativamente iguais, se o título constitutivo não referir o contrário.
Tal implica que o direito de cada comproprietário sobre a coisa não tenha
faculdades inferiores ao de outros comproprietários, ainda que possa haver uma
diferente repartição do exercício dessas mesmas faculdades e dos encargos da coisa,
caso o montante das quotas de cada comproprietário seja distinto.
Em conjunto, os comproprietários podem exercer, no entanto, todos os poderes que
competem ao proprietário singular (artigo 1405.º, n.º1 CC).9
1. CONSTITUIÇÃO DA COMPROPRIEDADE
5. Direito de exigir a divisão da coisa comum (art. 1412º e ss.) – divisão da coia
depende de a mesma poder ser fraccionada sem alteração da sua substância,
diminuição de valor ou prejuízo para o uso a que se destina (art. 209º).
Art. 1408º - Só podem haver atos de disposição da coisa comum com o consentimento
de todos os comproprietários: alienação, transformação ou destruição.
Art. 1408º/2 – Considera como venda de bem alheio a alienação sem a autorização
(parte especificada ou toda a coisa comum, por maioria de razão41), sendo nulo todo o
12
LEITÃ O Luís Menezes, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 55
13
José ALBERTO VIERA e Luíz MENEZES LEITÃ O, Direitos Reais, Faculdade de Direito, Lisboa, 2017/2018, pá g
128
negócio (art. 894º) salvo se vier a adquirir as quotas dos restantes consortes (art. 895º).
➢ Aplicação do regime de venda bens alheios é apenas em relação às partes no
negócio, sendo em relação aos outros consortes considerado o negócio como ineficaz.
7-EXTINÇÃO DA COMPROPRIEDADE
14
LEITÃ O Luís Menezes, Direitos Reais, Faculdade de Direito, Lisboa, 2017/2018, pá g.56 e ss.
PARTE II - DIREITOS REAIS LIMITADOS
GENERALIDADES
É de conhecimento geral que dos Direitos das Coisas dividem-se em:
a) Direito real ilimitado: é o chamado “jus in re propria”, ou direito na coisa
própria, que é a propriedade, o mais amplo, complexo e importante direito real.
b)Direitos reais limitados: são os chamados “jura in re aliena”, ou direitos nas
coisas alheias, ou seja, nas coisas de propriedade dos outros.15
GENERALIDADES
Assim sendo, pudemos definir os Direitos Reais de Gozo como «o direito real
que proporciona o uso e fruição de certa coisa».24
No âmbito do nosso ordenamento jurídico, são direitos reais de gozo a
propriedade, o usufruto, o uso e a habitação, o direito de superfície e as servidões
19
MESQUITA. José Andrade. Direitos Pessoais de Gozo, Coimbra, Almedina1999.P.124
20
Cfr. Acó rdã o SJ200404270001926 do Supremo Tribunal de Justiça de Portugal.
21
Signififa do latim "nem pessoa nem coisa" muito difundida quando se discutia no Brasil a
natureza jurídica dos animais, pois a tendência do legislador era a de descaracterizar o animal
como coisa, sem, entretanto, atribuir-lhe personalidade jurídica. cá entre nó s o terus genus,
pressupõ e que se discute se os direitos pessoais de gozo sã o direitos que incide sobre coisas ou
sobre a prestaçã o (Real ou obrigacional)
22
DUARTE. Rui Pinto. Curso de Direitos Reais, Editora Principia, 3ª ediçã o, 2013. P. 28
23
Inês MOTA CARREIRO, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g. 6
24
PRATA Ana, Dicioná rio jurídico, Volume I, 5º ediçã o, Almedina, Lisboa, 2008
prediais.25
25
Nã o mencionamos a enfiteuse e o direito real de habitaçã o perió dica pelo simples facto de estes já
se acharem em desuso nã o possuindo relevâ ncia ou aplicaçã o alguma em nosso actual
ordenamento jurídico. Assim, podem existir direitos reais abolidos na legislaçã o actual que figuram
desde tempos anteriores.
SECÇÃO I- USUFRUTO
1- GENERALIDADES
2- CARACTERÍSTICAS DO USUFRUTO
A coisa objecto do usufruto pode ser móvel ou imóvel e é sempre uma coisa
corpórea.
26
CARREIRO Inês Mota, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g. 68
A coisa, no entanto, pode sofrer alterações: se a coisa sofre de
união/transformação, o usufruto estende-se a ela por direito de acrescer (art. 1449º).
José Alberto Vieira, em virtude da teoria sobre o objecto dos direitos reais –
coisas corpóreas – rejeita a remissão ao usufruto de direitos. O usufruto só poderá
referir à coisa que seja objecto do direito e não ao próprio direito.27
27
MALÓ Mafalda, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 62
28
José ALBERTO VIERA Luís MENEZES LEITÃ O, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa,
2017/2018, pá g. 382
29
Se o usufrutuá rio infringir estes direitos é responsá vel perante o proprietá rio nos termos da
responsabilidade civil delitual (art. 483º).
NOTA: não é possível alterar a forma ou a substância da coisa. Em contraponto,
porém, admitem-se transformações. O usufrutuário não pode alterar a forma ou a
substância da coisa, apesar de a poder transformar.
6-OBRIGAÇÕES DO USUFRUTUÁRIO
7- DIREITOS DO NU PROPRIETÁRIO
31
MALÓ Mafalda, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g.63
32
Se adquirente do trespasse falecer antes do alienante:
• Carvalho Fernandes – extingue-se o usufruto. Atenta ao art. 1444º/2
• Oliveira Ascensã o – direito de usufruto transmite-se aos sucessores do adquirente até à
morte do alienante
33
LEITÃ O Luís Menezes, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 95
10- NATUREZA DO USUFRUTO
3. Teoria do direito real de gozo típico: defendida entre nós por Oliveira
Ascensão, Menezes Cordeiro, Carvalho Fernandes, Santos Justo e José Alberto
Vieira, esta teoria considera o usufruto como um direito real de gozo distinto da
propriedade, não constituindo por isso nem um seu desmantelamento nem uma
propriedade especial. A autonomia do usufruto em relação à propriedade seria
demonstrada pelo facto de, embora sendo um direito de gozo pleno, não atribuir a
plenitude das faculdades relativa à coisa, atento os poderes de disposição do
usufrutuário serem limitados. Por outro lado, enquanto a propriedade é um direito
exclusivo, o direito do usufrutuário coincide sempre com outro direito, habitualmente a
propriedade de raiz.34
4. Aderimos, pois, à teoria do direito real de gozo típico.
34
José ALBERTO VIERA e Luís MENEZES LEITÃ O, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa,
2017/2018, pá g. 393 e ss.
SECÇÃO II. O USO E A HABITAÇÃO.
1. GENERALIDADES.
Uso e Habitação são Direitos Reais bastantes raros do ponto de vista prático,
definidos pelo art.º 1484.º do CC, "Consite na faculdade de se servir de certa coisa
alheia e retirar os frutos, na medida das necessidades do titular e sua família, se o bem
for uma moradia, esse direito chama-se habitação." A semelhança do usufruto, este
direito pressupõe também o uso e a fruição da coisa, mas com relativa limitação em
relação ao usufruto. Daí que o morador usuário está limitado, por exemplo, não pode ele
arrendar, pelo que este direito não abrange o usufruto dos frutos civis, devendo apenas
este limitar-se em habitar nela, ou seja, é um direito de usufruto, limitado apenas a
atender a necessidade do autor e de sua família não podendo- ceder nem trespassar a
terceiros,35 ao contrário do usufruto que o domínio é global e ilimitado, pelo que é um
direito de usufruto com ligeiras limitações, pois as regras aplicáveis ao usufruto também
se aplica ao uso e habitação, com as necessárias adaptações, conforme consagrado no
artigo 1490.º do CC.36
Em relação aos direitos de uso e habitação tem sido discutido na doutrina se eles
constituem apenas modalidades especiais de usufruto, ou direitos reais de gozo distintos
deste.
A tese da integração no usufruto é sustentada por Mota Pinto, Oliveira
Ascensão e Menezes Cordeiro.
A tese da autonomia é defendida por Carvalho Fernandes, Santos Justo e José
Alberto Vieira.
O Código Civil segue claramente a primeira orientação, como se comprova pela
inserção do uso e da habitação no título relativo ao usufruto. Parece-nos, no entanto, ser
preferível a segunda. Efectivamente, a autonomia dos direitos de uso e habitação em
relação ao usufruto é confirmada pelo facto de eles não atribuírem um direito de gozo
pleno sobre a coisa, atentas as limitações estabelecidas ao uso e fruição, sendo o uso
funcionalizado às necessidades do titular e da sua família.38
37
LEITÃ O Luís Menezes, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 96
38
José ALBERTO VIERA e Luís MENEZES LEITÃ O, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa,
2017/2018, pá g. 404
SECÇÃO III. O DIREITO DE SUPERFÍCIE.
1. GENERALIDADES.
O direito de superfície tem sempre por objecto uma coisa imóvel, sendo essa
coisa, com excepção da superfície de sobrelevação, um terreno. Assim o objecto não
pode ser confundido com a obra ou a plantação que eventualmente possa existir no solo.
39
José ALBERTO VIERA e Luís MENEZES LEITÃ O, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa,
2017/2018, pá g. 418
40
MALÓ Mafalda, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g.68
4. CONSTITUIÇÃO DO DIREITO DE SUPERFÍCIE.
7. EXTINÇÃO DA SUPERFÍCIE
43
Conceçã o de Mota Pinto ≠ CARVALHO FERNANDES Faculdades de construçã o e plantaçã o sã o
direitos reais de aquisiçã o e o direito sobre a obra ou plantaçõ es é direito real de gozo autó nomo,
que nã o seria propriedade por nã o ser exclusivo (nã o é concebido sem a propriedade do fundeiro)
44
LEITÃ O Luís Menezes, Direito Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 98 e ss.
SECÇÃO IV. AS SERVIDÕES PREDIAIS.
1.GENERALIDADES.
Artigo 1543º: “Servidão predial é o encargo imposto num prédio em proveito exclusivo
de outro prédio pertencente a dono diferente; diz-se serviente o prédio sujeito à servidão
e dominante o que dela beneficia.
Defeitos:
• Coisificação: é um encargo imposto a um prédio, mas os prédios não têm direitos;
• Enfoque no prédio serviente e não no prédio dominante: O foco deveria ser no
titular do direito do prédio dominante e não no titular do direito passivo; deve primeiro
ver-se o lado ativo e só depois o passivo.
Exemplo: prédios contíguos pertencem a A e a B. o prédio de A dá para a via
pública e o do B não. B terá uma servidão de passagem pelo prédio de A para ter acesso
à via pública.
3. MODALIDADES DE SERVIDÕES.
Existem três classificações:
• Aparentes e não aparentes (artigo 1548º): são aparentes as que se revelam por
sinais visíveis e aparentes, não são aparentes as contrárias. Uma servidão e passagem é,
normalmente, aparente pois o caminho de passagem será visível.
• Legais ou Voluntárias: consoante estejam estabelecidas por lei ou por força da
autonomia privada.
• Positivas ou negativas: são positivas as que implicam uma conduta positiva do
titular do prédio serviente, e são negativas as que implicam uma mera abstenção, por
exemplo a não construção.45
O art. 1547º do C.C. estabelece como podem ser constituídas as servidões prediais:
Contrato – proprietários acordam em atribuir, por intermédio de um dos prédios
determinadas utilidades ao outro prédio.
➢ Deve ser celebrado por escritura pública (art. 22º/a DL 116/2008) e
sujeito a registo (art. 2º/1/a Cód RP).
Usucapião (art. 1548º) – apenas no caso das servidões aparentes (art. 1548º/1 +
1293º/a).
Destinação do pai de família (art. 1549º) – ocorre sempre que em dois prédios
do mesmo dono, ou em duas frações de um só prédio, houver sinais visíveis e
permanentes, postos em um ou em ambos, que revelem serventia de um para
com o outro.
45
NUNES Pedro Caetano, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2016/2017, pá g. 53 e ss.
46
LEITÃ O Luís Menezes, Direito Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 105 e ss.e
ss.
5. CONTEÚDO DAS SERVIDÕES.
O conteúdo da servidão predial pode ser muito amplo e multifacetado, sendo que,
segundo o artigo 1544º, podem ser objeto da servidão quaisquer utilidades, ainda
que futuras ou eventuais, suscetíveis de serem gozadas por intermédio do prédio
dominante mesmo que não aumentem o seu valor. Os tipos de servidões mais
relevantes encontram-se expressamente regulados na lei, como a servidão de passagem,
a servidão de águas ou a servidão de vistas. Não obstante, o tipo geral é regulado nas
disposições a que já fizemos referência, artigos 1543º e 1544º do Código Civil.47
7. AS SERVIDÕES LEGAIS.
• Pelo não uso durante vinte anos- alínea b). O artigo 298/3 estabelece que os
direitos reais de gozo regulados no código civil na prescrevem, mas anuncia a existência
de casos de extinção dos mesmo por não uso, sendo o prazo para o efeito extintivo de 20
anos.
• Usocapio libertatis- alínea c). é o inverso da usucapião; há uma utilização
analógica da figura da usucapião pois o que se obtém não é a constituição, mas sim a
extinção de um direito; a libertação em causa exige não apenas o não exercício do
direito, mas também a existência de oposição ao mesmo por parte do dono do prédio
serviente (artigo 1574º/1); decorre implicitamente da lei que os prazos necessários à
extinção de servidão se decalcam sobre os da usucapião (artigo 1574º/2).
• Renuncia pelo titular do prédio dominante. A lei estabelece que a renúncia não
requer aceitação do dono do prédio serviente (artigo 1569º/5).
NATUREZA
48
NUNES Pedro Caetano, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2016/2017, pá g.56 e ss.
49
LEITÃ O Luís Menezes, Direito Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2017/2018, pá g. 108
CAPÍTULO II- DIREITOS REAIS DE GARANTIA
GENERALIDADES
1-GENERALIDADES
O ilustre professor Santos Justo, no seu livro “Direitos Reais”, na parte que
retrata dos direitos reias de garantia, define consignação de rendimentos como uma
garantia real que consiste na afectação (ou consignação) dos rendimentos de certos bens
imóveis ou móveis sujeitos a registo ao cumprimento de uma obrigação e ao pagamento
de juras, ao cumprimento apenas da obrigação ou só ao pagamento dos juros.
Estes rendimentos são atribuídos ao credor durante certo prazo e nunca superior
á quinze anos se incidir sobre rendimentos de imóveis ou até ao pagamento da dívida
garantida.
A doutrina do professor supramencionado relaciona-se com o artigo 656.º do
Código Civil Angolano que dá a noção de consignação de rendimento como: “o
cumprimento da obrigação ainda que condicional ou futura, pode ser garantido mediante
a consignação dos rendimentos de certos bens imóveis, ou de certos bens móveis
sujeitos a registo”- a luz deste artigo, a consignação do rendimento do património do
devedor para com seu credor, constitui uma das garantias do cumprimento do crédito;
incide sempre nos bens imóveis ou móveis sujeitos a registo do devedor; nunca sobre
bens móveis não sujeitos a registo. Esta é a ilação do artigo 656.º do Código Civil, nos
seus números 1 e 2.
No século XVIII a anticrese foi, entre nós, incentivo de para evitar as vendas
judiciais por vezes ruinosos. E foi-se acolhida no Código Civil de 1867 e no Código de
1966 com o nome de consignação de rendimentos.
3-MODALIDADE DE CONSTITUIÇÃO
b)Judicial: é constituída por decisão judicial e utiliza-se para evitar a venda (judicial)
ruinosa dos bens. Por isso, deve ser requerida pelo exequente e supõe o acordo do
executado2
1- NOÇÃO
4- OBJECTO DO PENHOR
O penhor pode incidir sobre coisas móveis, créditos ou outros direitos não
susceptíveis de hipoteca, pertencente ao devedor ou a terceiros. art. 666.º nº1 cc.
Portanto não pode incidir sobre coisas móveis registáveis, ou seja, susceptíveis de
hipoteca “os automóveis, as aeronaves, os navios…”; e porque a coisa móvel deve ser
certa, também as universalidades de facto não podem ser dados em penhor.
Do mesmo modo, só podem ser empenhadas direitos que tenham por objectos
bens móveis.
5- REGIME JURÍDICO
Como no direito romano, o penhor é um direito real acessório indivisível: está ao
serviço de um serviço ‘que dita o interesse e sentido da operação’ e por isso, extingue-se
caso desapareça a obrigação garantida em conformidade com o artigo 677 cc. Se a
obrigação garantida se extinguir parcialmente ou se fraccionar, penhor manter-se-á
sobre a totalidade da coisa.
O credor pignoratício é detentor e não possuidor da coisa empenhada art. 1253.º
do C.C alínea a) e c). Embora possa recorrer as acções possessória para a defesa do seu
direito mesmo contra proprietária. Quanto aos deveres, o credor pignoratício é obrigado
a guardar e administrar a coisa empenhada como um proprietário diligente; a não usá-la
sem o consentimento do autor do penhor, salvo se o uso for indispensável a sua
conservação; e a restituí-la depois de a obrigação garantida extinguir.
A natureza jurídica do penhor está longe de ser pacífica. Há quem entenda que
trata de uma figura processual, segundo a doutrina de Carnelutti e de Liebiman, de um
direito de crédito; e para a doutrina de Cosentino de um direito misto, de um direito real
complexo, esta é a doutrina que podemos considerar dominante, embora defendida por
quem tem dos direitos reais diferentes entendimentos.
Também nós entendemos que o penhor é um direito de natureza real que se
revela na faculdade de o credor fazer vender (quer continue a pertencer ao garante ter a
sua propriedade transferida para terceiro), e de se fazer pagar pelo preço com
preferência aos restantes credores sem garantir.
50
Vide Menezes Cordeiros (O.C.744)
51
Vide Morta Pinto, (O.C137 )
SECÇÃO III- A HIPOTECA
1-GENERALIDADES
A hipoteca A hipoteca é uma garantia especial das obrigações que confere ao credor
o direito de ser pago pelo valor decertas coisas imóveis, ou equiparadas, pertencentes ao
devedor ou a terceiro, com preferência sobre os demais credores que não gozem de
privilégio especial ou prioridade de registo (artigo 686º).
O que distingue a hipoteca do penhor é que esta só pode incidir sobre bens
imóveis ou móveis sujeitas a registo (artigos 686º - 689º). Por sua vez, o penhor
só pode incidir sobre coisas corpóreas móveis, créditos ou outros direitos não
suscetíveis de hipoteca (artigo 666º/1).
Para além disto a hipoteca também não confere posse ao credor, enquanto o
penhor confere.
2- ESPÉCIES DE HIPOTECA:
4- REGIME ESPECÍFICO
52
NUNES, Pedro Caetano, Direitos Reais, Faculdade de Direitos de Lisboa, 2016/2017, pá g. 70
SECÇÃO IV- PRIVILÉGIOS CREDITÓRIOS
1-GENERALIDADES
2- ESPÉCIES
4- NATUREZA JURÍDICA
1- GENERALIDADES
2-PRESSUPOSTOS
3- DIREITOS DO RETENTOR:
A posição jurídica do retentor é equiparada à do credor pignoratício, quando
recai sobre coisa móvel (artigo 758.º CC), e à do credor hipotecário, quando recai sobre
coisa imóvel (artigo 759.º CC), sendo aplicável consequente o regime já exposto sobre
estas garantias. Consequentemente, o retentor não pode, em caso algum, apropriar-se da
coisa retida, apenas podendo proceder à sua alienação no âmbito da execução da
garantia.
Nos termos do artigo 760.º CC, o direito de retenção não é transmissível sem
que seja transmitido o crédito que ele garante. A não admissibilidade de uma
transmissão autónoma do direito de retenção, justifica-se pelo facto de ele ser conferido
por lei, tendo em atenção a particular conexão existente entre o crédito garantido e a
coisa retida, conexão que deixaria de existir se fosse transmitido sem esse crédito.
GENERALIDADES
A estudar:
• Preferência real
• Contrato-promessa com eficácia real (promessa real de alienação): Há
vozes que apontam no sentido de excluir tais figuras da categoria em causa (Henrique
Mesquita), na medida que os direitos em causa não incidem sobre coisas, apresentando
a estrutura de direitos de crédito - embora com tutela reforçada em virtude da sua
oponibilidade erga omnes.53
Nota: Estes direitos reais não são elencados no artigo 824º/2, o que quer dizer que estes
direitos são imunes à venda judicial.
53
NUNES Pedro Caetano, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g. 79
SECÇÃO I- A PROMESSA REAL
1-GENERALIDADES
A lei não esclarece qual é a forma de obter o cumprimento da promessa com eficácia
real em caso de ocorrer efectivamente a venda do prédio a terceiros.
o Atunes Varela, Almeida e Ribeiro Faria-defendem que deverá estabelecer-
se da mesma forma execução específica contra o obrigado, aplicando em
relação a terceiros o regime de venda de bens alheios, o que permitiria exigir
imediatamente dele a restituição com base a nulidade da venda.
o Dias Marques- defende que devera interpor-se uma acção execução eficácia
contra o terceiro.
o Menezes Cordeiro-Entende que a forma adequada seria uma acção de
reivindicação adaptada contra terceiro (art. 1315.º C.C).
1-GENERALIDADES
54
Mas a açã o está sujeita a registo: art. 3º/1/a Có d RP
55
LEITÃ O Luís Menezes, Sebenta de Direitos Reais, Faculdade de Direito, Lisboa, 2018, pá g. 119
56
CARREIRO Inês Mota, Direitos Reais, Faculdade de Direito de Lisboa, 2018/2019, pá g. 122
CONCLUSÃO