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SÃO PAULO
2010
DENISE ORTIZ DE CARVALHO
SÃO PAULO
2010
BANCA EXAMINADORA
____________________________
____________________________
____________________________
AGRADECIMENTOS
Aos amigos Gabriela Sassi, Wilson Alcântara, Carlos Habe e Anaí dos Anjos
Marinho Teles pela amizade e companheirismo ao longo dessa jornada.
This final paper for the degree program for Specialization in Real Estate Law
analyzes the principal impacts of legal preservation (“landmarking”) on private
property. Current law requires that the social function of privately held property be
considered.
Introdução..................................................................................................... 10
1. O Direito de Propriedade......................................................................... 15
4. O Instituto do Tombamento.................................................................... 42
Conclusão..................................................................................................... 90
Introdução
1
Constituição da República Federativa do Brasil, art. 216, caput.
2
Maria Célia Teixeira M. Santos, A preservação da memória enquanto instrumento de cidadania.
Cadernos de Museologia, 1994. p. 68.
11
3
A cidade de São Paulo, os demais estados-membros da República Federativa do Brasil - bem como
seus respectivos municípios - possuem, igualmente, competência para instituir, mediante lei, órgãos
com essas atribuições, responsáveis, portanto, pela preservação cultural, artística e histórica de bens
materiais (móveis ou imóveis) e imateriais. No entanto, por uma opção de corte metodológico, este
trabalho não analisará as respectivas legislações.
13
Afinal, como já dito, o proprietário terá que arcar com o ônus da conservação
do imóvel e qualquer alteração que nele pretenda realizar, terá que requerer
autorização do órgão responsável, mesmo que seja uma simples pintura do imóvel.
Essa dicotomia tem efeitos práticos bastante relevantes, diante do estado real
em que se encontram os bens imóveis tombados nas cidades brasileiras,
principalmente no tocante aos imóveis privados. O alto custo da restauração e da
conservação pelas quais o proprietário do bem imóvel fica obrigado a arcar acaba
por gerar, em consequência, inadimplemento das obrigações impostas.
15
1. O Direito de Propriedade
O direito das coisas localiza-se no Livro III da Parte Especial do Código Civil
brasileiro, sendo que o Título I desse livro trata exclusivamente sobre a posse. O
Título II enumera e especifica os direitos reais. Os títulos III a X referem-se
especificamente a esses direitos, quais sejam: a propriedade, a superfície, as
servidões, o usufruto, o uso, a habitação, o direito do promitente comprador do
imóvel, o penhor, a hipoteca, a anticrese.
Mister se faz discorrer acerca da distinção entre direitos reais e pessoais, que
já foi objeto de discussão pela doutrina.
4
Silvio Rodrigues. Direito Civil, v. 2. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.3-4.
5
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.4: direito das coisas. p.03-04
6
Maria Helena Diniz, ibidem, p. 38.
16
7
Maria Helena Diniz, op. cit. p.10.
8
Ibidem, p.10-17.
9
Antonio A. Queiroz Telles, Tombamento e seu regime jurídico, São Paulo, 1992, p. 33.
10
Maria Helena Diniz, Ibidem, p.11-13.
11
Ibidem. p. 11-12.
12
Ibidem. p. 12-13.
13
Ibidem. p.13.
17
Por outro lado, o direito obrigacional é uma relação entre pessoas, envolve uma
prestação, positiva ou negativa.
Silvio Rodrigues, citando Lafayette, afirma que o direito real “é que afeta a
coisa direta e imediatamente, sob todos ou sob certos respeitos e a segue em poder
de quem quer que a detenha”18. E em seguida afirma:
14
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.4: direito das coisas. p.4.
15
Gofredo da Silva Telles Júnior, Iniciação na Ciência do Direito. p. 308-309.
16
Ibidem, p. 309.
17
Ibidem, p. 309.
18
Silvio Rodrigues, Direito Civil: v. 05: direito das coisas. p. 5.
18
de maneira integral e completa, como se fosse mancha misturada à sua cor, como
se fosse uma ferida ou uma cicatriz calcada em sua face” (Grifos nossos).
19
Silvio Rodrigues, op. cit. p. 75.
20
Ibidem, p. 92-94.
21
Maria Helena Diniz, op. cit . p. 117-118;
22
Ibidem, p. 119-121.
23
Silvio Rodrigues, op. cit. p. 259.
24
Maria Helena Diniz, op. cit., p. 116; Silvio Rodrigues, op. cit. p. 81.
19
Para Gofredo da Silva Telles Júnior25 a propriedade é uma coisa, um bem que
pertence a alguém, diferentemente do direito de propriedade, pois esse é uma
permissão legal. É direito subjetivo que tem o titular de gozar, usar e dispor do bem,
como e quando melhor lhe aprouver, conforme os preceitos legais. O Dicionário
Aurélio define propriedade como qualidade de próprio, especial, particularidade,
caráter26.
Refere-se, portanto, aos jus utendi, jus fruendi e jus abutendi. O primeiro é o
direito de usar a coisa conforme a vontade do proprietário, sem modificar sua
substância. O segundo é o direito de se apropriar dos frutos, naturais ou civis, que
advenham da coisa. É o direito de exploração econômica sobre a coisa. Finalmente,
o jus abutendi é o direito do proprietário de dispor da coisa, podendo vender, doar,
gravar e até mesmo destruí-la. Dessa maneira, a propriedade é perpétua, e só se
25
Gofredo da Silva Telles, op. cit. p.311.
26
Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário Básico da Língua Portuguesa: Folha/Aurélio. p. 533.
27
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.4: direito das coisas. p. 115
20
28
Maria Helena Diniz, op. cit. p. 117-121.
29
Ibidem, p. 120.
30
José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo. p.176.
31
De acordo com Carlos Weiss, em seu livro Direitos humanos contemporâneos (p.42 - 43),
apresenta os pensamentos de Paulo Bonavides e de Cançado Trindade. Para o primeiro, o termo
“geração” deve ser substituído pelo termo “dimensão”, uma vez que “geração” pode induzir a uma
ideia de superação ou de substituição de uma geração por outra. O segundo afirma que os direitos,
ao contrário dos seres humanos, não têm o condão de gerar novos direitos a fim de substituir os pré-
existentes.
32
José Afonso da Silva, ibidem. p. 176.
33
Pedro Lenza. Direito constitucional esquematizado. p. 670.
34
Carlos Weiss, ibidem. p. 38.
21
“Que todos os homens são, por natureza, igualmente livres e independentes, e têm
certos direitos inatos, dos quais, quando entram em estado de sociedade, não podem
por qualquer acordo privar ou despojar seus pósteros e que são: o gozo da vida e da
liberdade com os meios de adquirir e de possuir a propriedade e de buscar e
obter a felicidade e segurança.” (Grifo nosso).
35
José Afonso da Silva, op. cit. p.157.
36
Ibidem, p. 157
37
Silvio Rodrigues, op. cit. p.79-80.
22
38
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo. p. 118.
39
Ibidem, p. 118.
40
Ibidem, p. 118.
23
41
Carlos Weiss, op. cit, p. 39.
42
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.4: direito das coisas. p. 112.
43
Gustavo Tepedino e Anderson Schreiber, A garantia da propriedade no direito brasileiro. Revista da
Faculdade de Direito de Campos, Ano IV, nº 6, junho de 2005. Disponível em:
<http://www.scribd.com/doc/25148569/A-GARANTIA-DA-PROPRIEDADE-NO-DIREITO-BRASILEIRO-Tepedino-
e-Anderson-Schreiber-101> Acesso em: 04 maio 2010.
24
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
(…)
44
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Direito Administrativo. p. 122-123.
25
45
Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003.
46
José Afonso da Silva. op. cit. p. 274.
47
Édis Milaré, Direito do ambiente. A gestão ambiental em foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário.
p. 155.
48
Ibidem.
26
I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às
manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e
protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros,
vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento
e preservação.
§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela
necessitem.
27
49
Parágrafo sexto e respectivos incisos incluídos pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003.
28
50
Édis Milaré, Direito do ambiente. A gestão ambiental em foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário.
p. 154.
51
Paulo Luiz Netto Lôbo, A constitucionalização do direito civil, disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=507>. Acesso em: 04 maio 2010.
29
52
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit. p. 120.
53
Ibidem, p. 120.
54
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit. p. 120 – 121.
55
José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. p. 270-273.
30
56
Ibidem, p. 270-271.
57
José Afonso da Silva. Curso de Direito Constitucional Positivo. p. 283 apud de Pedro Escribano
Collado, La propriedad privada urbana: encuadramento y régimen, p.122.
58
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.1: teoria geral do direito civil. p. 51.
59
Ibidem.
31
60
Miguel Reale. in: Senado Federal, Novo Código Civil: exposição de motivos e texto sancionado. p.
17. Disponível em: <http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/70319/2/743415.pdf >.
61
Miguel Reale, op. cit. p. 25-26.
62
Maria Helena Diniz, . ibidem, p. 51.
63
Miguel Reale, (prefácio), Novo código civil brasileiro: lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002: estudo
comparativo com o código civil de 1916, Constituição Federal, legislação codificada e extravagante. p.
09.
64
Ibidem.
32
65
Miguel Reale, op. cit. p. 25-33.
66
Ibidem, p. 13.
67
Ibidem.
68
Ibidem.
69
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.1: teoria geral do direito civil. p. 51.
70
Miguel Reale, (prefácio),op. cit,p. 16.
33
o
§ 1 O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as
suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas. (Grifos nossos)
“Em suma, para fazer sentido, a publicização deve ser entendida como o
processo de intervenção legislativa infraconstitucional, ao passo que a
constitucionalização tem por fito submeter o direito positivo aos fundamentos de
validade constitucionalmente estabelecidos. Enquanto o primeiro fenômeno é de
discutível pertinência, o segundo é imprescindível para a compreensão do moderno
direito civil72.”.
71
Paulo Luiz Netto Lôbo, A constitucionalização do direito civil, disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=507>. Acesso em: 04 maio 2010.
72
Ibidem.
34
73
José Camacho Santos. O novo código civil brasileiro em suas coordenadas axiológicas: do
liberalismo a socialidade. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_45/Artigos/Art_jose.htm#VIII>
35
74
Gustavo Tepedino, Normas constitucionais e direito civil. Revista da Faculdade de Direito de
Campos, Ano IV, nº 4 e Ano V, nº 5 – 2003 – 2004. Disponível em:
<http://www.scribd.com/doc/6486487/Normas-Constitucionais-e-Direito-Civil-Artigo-de-Tepedino>
Acesso em: 04 maio 2010.
75
Maria Helena Diniz, Curso de direito civil brasileiro, v.4: direito das coisas. p. 112.
36
Como visto nos capítulos anteriores, o direito de propriedade não pode mais
ser exercido de modo absoluto. O exercício desse direito está subordinado à
Constituição que o regula e delimita, juntamente com normas infraconstitucionais.
76
Maria Helena Diniz, op. cit. p. 252-254; Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit., p. 120-122.
77
Antonio Augusto Queiroz Telles, Tombamento e seu regime jurídico. p. 40 apud de José Cretella
Júnior, Dicionário de Direito Administrativo. p.512.
37
São obrigações propter rem. Esse tipo de obrigação tem natureza mista79,
pois nem são obrigações in re e nem ad rem, já explanadas no primeiro capítulo.
O termo propter, origina-se do latim, que significa “em razão de”. Dessa
maneira, a obrigação propter rem significa, terminologicamente, em razão da coisa.
Por exemplo: em um condomínio, cada proprietário deverá assumir o pagamento
78
Maria Helena Diniz, op. cit. p. 252-253, 263-265; Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit. p. 118.
79
Sílvio de Salvo Venosa, Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. p. 60-
61.
80
Ibidem. p. 61.
81
Ibidem.
38
No âmbito do direito de vizinhança, não basta apenas que o ato cometido por
parte de um dos proprietários, no exercício do domínio, seja lícito. Se, por um acaso,
desse exercício decorrer um dano à propriedade vizinha ou incomodar o vizinho, o
autor do fato danoso estará incorrendo em exercício irregular do seu direito, que
pode vir a ser cessado pelo vizinho prejudicado83.
82
Sílvio de Salvo Venosa, op; cit., p. 60
83
Maria Helena Diniz, op. cit., p. 266.
39
84
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit. p. 125-126.
85
Antonio Augusto Queiroz Telles, Tombamento e seu regime jurídico. p. 36.
86
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ibidem. p. 119.
40
92
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit..p. 145.
42
4. O Instituto do Tombamento
93
Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. p. 639.
43
Vale ressaltar que, muito embora o Brasil, por influência portuguesa, tenha
adotado o termo “tombamento” para o procedimento administrativo que visa proteger
e registrar, em livros do tombo, o patrimônio cultural do país, Portugal não utiliza
esse termo para o mesmo fim. Para aquele país, as atividades administrativas que
94
O histórico apresentado neste trabalho a respeito da Torre do Tombo foi retirado do website do
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Portugal. In: http://antt.dgarq.gov.pt/.
95
Ibidem.
96
Ibidem.
44
No século XIX, no ano de 1876 foram editadas leis que versavam sobre
restauro, inventariação e conservação de bens imóveis. Em 1880 houve a primeira
relação de monumentos classificados, resultado do esforço da “Real Associação de
Arquitectos e Arqueólogos Portugueses (RAAAP)”. Em 1882 o governo português
criou a Comissão dos Monumentos Nacionais, responsável pela inventariação e
classificação dos monumentos nacionais, no âmbito do Ministério das Obras
Públicas99. Outras leis foram editadas ao longo do século XX, culminando com a
atual “Lei de Bases do Património Cultural Português”, Lei 107/2001, publicada em 8
de setembro de 2001100.
bens imóveis passou a ser regulado pelo recém publicado Decreto 309/2009 de 23
de outubro, que entrou em vigor no início do ano de 2010.
103
Antonio Carlos Brasil Pinto. Turismo e meio ambiente: aspectos jurídicos. p.15.
104
Ibidem. p.15-16.
105
Beatriz Mugayar Kühl. Arquitetura do ferro e arquitetura ferroviária em São Paulo:
reflexões sobre sua preservação. p. 200.
46
Em 1922 foi criado, no Rio de Janeiro, o Museu Histórico Nacional por meio
do Decreto 15.596/1922, a quem cabia a salvaguarda e a comunicação de bens
móveis de valores históricos106.
Esse projeto não foi aprovado pelo Congresso Nacional, porém algumas das
suas disposições são muito assemelhadas com as disposições do vigente Decreto-
lei nº 25 de 1937108. O instituto jurídico que o proponente delimitou para a
preservação dos bens históricos e artísticos denominava-se, como ocorre em
Portugal, classificação109.
De acordo com Laura Regina Xavier, o poeta e então deputado pelo Estado
de Minas Gerais Augusto de Lima apresentou um projeto de lei com o escopo de
coibir a saída de obras de arte brasileiras para o exterior, em 1924110.
106
Antonio Augusto Queiroz Telles, Tombamento e seu regime jurídico. p. 22.
107
Artigo 1º do projeto-lei de Luis Cedro. In: Mario Ferreira de Pragmácio Telles. Entre a lei e as
salsichas: análise dos antecedentes do Decreto-lei 25/37. Disponível
em :http://www.cult.ufba.br/enecult2009/19408.pdf.p. 04.
108
Mario Ferreira de Pragmácio Telles. Ibidem,p. 04-05.
109
Ibidem, nota de rodapé nº. 9.
110
Laura Regina Xavier. Patrimônio em prosa e verso: a correspondência de Rodrigo Melo Franco de
Andrade para Augusto Meyer, 2008. p.16.
111
Segundo Mario Ferreira Pragmácio Telles, Ibidem, nota de rodapé nº. 9.
47
116
Laura Regina Xavier, ibidem. p. 16; Brasil, Decreto 24.735 de 14 de julho de 1934. in:
<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=31712.>
117
Antonio Carlos Brasil Pinto. Turismo e meio ambiente: aspectos jurídicos. p. 18; Brasil,
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 1934. In:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao34.htm.
118
Beatriz Mugayar Kühl. Arquitetura do ferro e arquitetura ferroviária em São Paulo:
reflexões sobre sua preservação. p. 201.
119
Mario Ferreira Pragmácio Telles. ibidem, nota de rodapé nº. 9.
120
Antonio Augusto Queiroz Telles, Tombamento e seu regime jurídico. p. 23.
49
121
Ibidem, p. 24.
122
REVISTA Museu. Iphan comemora 70 anos de atuação no Brasil. In:
http://www.revistamuseu.com.br/emfoco/emfoco.asp?id=11653
123
Laura Regina Xavier, op. cit. p. 16-17.
50
§ 2º Equiparam-se aos bens a que se refere o presente artigo e são também sujeitos
a tombamento os monumentos naturais, bem como os sítios e paisagens que
importe conservar e proteger pela feição notável com que tenham sido dotados
pelo natureza ou agenciados pelo indústria humana”.
124
Antonio Augusto Queiroz Telles, Ibidem, p. 24.
125
Édis Milaré, Direito do ambiente. A gestão ambiental em foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário.
p. 280.
51
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem
prejuízo da multa.”.
126
Ibidem, p. 24-25.
127
Antonio Augusto Queiroz Telles, op. cit., p. 25.
128
Antonio Augusto Queiroz Telles, op. cit.
129
Ibidem.
52
130
Ibidem, p. 27.
131
Ibidem, p. 26.
132
Esse decreto revogou os artigos artigos 2º a 133 e os artigos 150 a 207 do Decreto 13.426/1979
que, por sua vez, foi revogado pelo Decreto 50.941/2006. Ambos decretos reorganizaram a referida
Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e mantiveram a vigência das normas relativas ao
procedimento do tombamento constantes nos artigos 134 a 149 do Decreto 13.426/1979 (art. 158 do
Decreto Estadual 50.941/2006).
133
Parágrafo 3º e incisos incluídos pela Emenda Constitucional nº 48, de 10 de agosto de2005.
53
134
Parágrafo inserido pela EC42/2003.
54
III – qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou
ações apoiados (Grifos nossos).
138
Ibidem, fls. 03.
139
ADFP 206, petição inicial. op. cit. fls. 12-13.
56
“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios:
(...)
58
143
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit. p. 135.
144
Ibidem.
145
Ibidem. p. 136.
61
deste Tribunal de Justiça (MS n. 161.210-1/SP, 4ª Câm. Cível, rel. Des. Olavo
Silveira, 05.10.95).
Ante o exposto, nega-se provimento aos recursos oficial e voluntário e
mantém-se a sentença por seus próprios fundamentos.”148; (Grifos nossos)
interessados para que possam apresentar defesa à respeito das restrições que
serão impostas aos bens de sua propriedade.
(...)
Como dito anteriormente, o ato praticado não atingiu o efeito pretendido pela
legislação, pois não possibilitou aos impetrantes terem efetivo conhecimento do
procedimento.
Assim, diante da irregularidade do ato de notificação, o procedimento de
tombamento nº. 36.363/97 é nulo.
(...) Como bem ressaltado pelo Promotora de Justiça, ‘o processo de
tombamento deve estar concluído no prazo de noventa dias, admitindo-se
apenas uma modesta extensão, uma vez que a lei não determina o prazo para
remessa do processo ao Conselho Consultivo’ (fls. 320).
Esclareço que o prazo foi estipulado após detida análise das disposições
legais existentes sobre a matéria.
No presente caso, o ato que deu início ao procedimento de tombamento
provisório foi expedido em 15.7.97 (fls. 53) e, passados mais de doze anos, não foi
proferida qualquer decisão sobre o assunto.
(...)”149 (Grifos nossos)
149
TJSP, 4ª Vara de Fazenda Pública da comarca de São Paulo. Mandado de Segurança nº.
053.09.006725-0. Juiz de Direito André Salomon Tudisco.
64
150
“Sobrado à Praça General Osório, s/n (Angra dos Reis, RJ)
Descrição: Localizado na Praça General Osório, ocupa a maior parte da área entre a praia e
praça que constitui adro para as duas igrejas carmelitas de Angra. Este conjunto é um dos últimos
remanescentes íntegros do acervo residencial da cidade, datando sua construção dos séculos
XVIII/XIX. O conjunto apresenta frontaria voltada para o conjunto carmelita, balcão com gradil de
ferro, para o qual se abre sequência de portas enquadradas em cantaria de arenito com verga
arqueada e folhas de vidraça. Na fachada voltada para o mar, as aberturas são emolduradas com
madeira. Aos vãos do sobrado correspondem igual número de portas no andar térreo.
Endereço: Praça Central Osório, s/n – Angra dos Reis – RJ
Livro Histórico
Inscrição: 421 Data: 17-12-1969
Nº Processo: 0794 – T – 67
65
bens em dois ou mais livros de tombo, demonstrando que um bem imóvel poderá ter
concomitantemente valores histórico, artístico e paisagístico151. Poderá ser tombada
somente parte de um imóvel, como um jardim ou um elemento arquitetônico152.
Endereço: - Ares - RN
Livro Histórico
Inscrição: 351 Data: 23-8-1962
Nº Processo: 0669 – T – 62”. (Grifos nossos)
Arquivo Noronha Santos: in: http://www.iphan.gov.br/ans/inicial.htm.
153
“Terreiro da Casa Branca (Salvador, BA)
Outros Nomes: Ilê Axé Iyá Nassô Oká
Descrição: Segundo conta a tradição oral, por volta da primeira metade do século XIX, três
africanas da nação nagô fundaram um Terreiro de Candomblé numa roça nos fundos da Igreja
Barroquinha, em pleno centro da cidade. Os levantes de negros ocorridos neste período
desencadeiam forte repressão, fazendo com que as manifestações religiosas fossem perseguidas, e
que a comunidade da Casa Branca transferisse o terreiro para o Engenho Velho, um subúrbio da
cidade, em meados do século passado. O terreiro da Casa Branca é um exemplar típico do modelo
básico jeje-nagô, sendo o centro de culto religioso negro mais antigo que se tem notícia da Bahia e do
Brasil, considerando com a “matriz da nação nagô”. É possível ligar suas origens à Casa Imperial dos
Ioruba, representando um monumento onde sobrevive riquíssima tradição de Oió e de Ketu,
testemunho da história de um povo. Situado em terreno com declive, o terreiro possui uma
edificação principal – A Casa Branca – distribuídas à sua volta, em meio à vegetação ritual – o
Mato – com imensas árvores sagradas e outros assentamentos, além das habitações da
comunidade local. Esta espacialidade não pode ser entendida separadamente dos ritos que aí
se desenvolvem, apesar de todas as mutilações e transformações sofridas pelo Terreiro ao
longo do tempo, não foram descaracterizados, devido ao forte apego às tradições. O simbolismo
dos elementos componentes do conjunto e as características do culto é que devem determinar as
diretrizes de sua preservação.
Endereço: Avenida Vasco da Gama, 463 – Salvador - BA
Livro Histórico
Inscrição: 504 Data: 14-8-1986
Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
Inscrição: 093 Data: 14-08-1986
Nº Processo: 1067 – T – 82
Observações: O tombamento inclui uma área de 6800 m2 com as edificações, as árvores
e principais objetos sagrados.”. (Grifos nossos)
Arquivo Noronha Santos: in: http://www.iphan.gov.br/ans/inicial.htm.
154
“(...) Artigo 1º. – Ficam tombados como bens culturais de interesse histórico-arquitetônico pelo
significado histórico-cultural que representou a nova postura liberal do ensino que propôs em nossa
cidade e pela tipologia arquitetônica que a caracterizou, os edifícios abaixo discriminados situados na
área do Instituto Mackenzie:
(...)
7) Muro de Arrimo da Rua Maria Antonio e Rua Itambé, desde o portão da engenharia na
primeira até o portão da Reitoria, na segunda; jardins compreendidos pelo limite da Rua Maria
Antonia e Rua Itambé até a Escola de Arquitetura, e da Rua Itambé até o edifício 7 da planta geral
(Diretórios Acadêmicos), inclusive o jardim entre a Faculdade de Arquitetura e este edifício 7, na
frente do Castelinho; monumento aos alunos do Mackenzie mortos na Revolução de 32 na esquina
das Ruas Maria Antonia e Itambé, herma de Horácio Lane, em frente à Faculdade de Agricultura.
(...)”.(Grifos nossos) SC 27/93. Imprensa oficial, Caderno: Executivo - I, 16/12/1993, pág. 53. in:
imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/Popup/Pop_DO_Busca1991Resultado.aspx?
Trinca=139&CadernoID=ex1&Data=19931216&Name=13967CG0034.PDF&SubDiretorio=0&Pagina=
53.
155
“(...) considerando as extraordinárias finalidades ambientais e paisagísticas decorrentes de
implantação do bairro do Pacaembu nas encostas do vale do ribeirão de mesmo nome;
considerando a excelência do traçado urbano e topografia que o caracterizam, decorrentes do
loteamento empreendido pela Companhia City de acordo com os princípios básicos da “gardencity”
inglesa;
considerando a significativa taxa de densidade arbórea e alta porcentagem de solos
permeáveis capazes de garantir climas urbanos mais a menos para a cidade como um todo, Resolve:
Artigo 1º - Ficam tombados na área do Pacaembu e Perdizes, no município de São Paulo, os
seguintes elementos:
I – o atual traçado urbano, representado pelas ruas e praças públicas contidas entre os
alinhamentos dos lotes particulares;
II – a vegetação, especialmente a arbórea, que passa a ser considerada como bem
aderente;
III – o padrão de ocupação dos lotes, do qual decorre a existência de grande porcentagem
da área verde e solo permeável, bem como baixa taxa de densidade populacional;
IV – o belvedere público localizado no final da rua Inocêncio Unhate que se constitui em
local privilegiado para a fruição das qualidades paisagísticas e ambientais do bairro.
(...)”.(Grifos nossos) . SC 08/91. Imprensa oficial, Caderno: Poder Executivo - Seção
I, 16/03/1991, pág. 37. in:
http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/BuscaGratuitaDODocumento.aspx?
pagina=37&SubDiretorio=&Data=19910316&dataFormatada=16/03/1991&Trinca=NULL&CadernoID=
1/1/1/0&ultimaPagina=80&primeiraPagina=0001&Name=&caderno=Poder%20Executivo%20-%20Se
%C3%A7%C3%A3o%20I&EnderecoCompleto=/PortalIO/diario1890-1990/Entrega_2006-09-
01/Entrega_OCR_2006.09.01/000115/I05_04_02_07_05_034/1991/PODER%20EXECUTIVO/MAR
%C3%87O/16/Scan_2025.pdf
pág. 38, in:
http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/BuscaGratuitaDODocumento.aspx?
pagina=38&SubDiretorio=&Data=19910316&dataFormatada=16/03/1991&Trinca=NULL&CadernoID=
1/1/1/0&ultimaPagina=80&primeiraPagina=0001&Name=&caderno=Poder%20Executivo%20-%20Se
68
Muito embora o decreto não tenha tombado diretamente nenhum imóvel, seus
efeitos incidem sobre a propriedade privada, que serão discutidos no próximo
capítulo. Ressalte-se que o referido decreto foi alterado recentemente, e já é objeto
de discussão pelo Poder Judiciário paulista.
%C3%A7%C3%A3o%20I&EnderecoCompleto=/PortalIO/diario1890-1990/Entrega_2006-09-
01/Entrega_OCR_2006.09.01/000115/I05_04_02_07_05_034/1991/PODER%20EXECUTIVO/MAR
%C3%87O/16/Scan_2026.pdf.
156
“(...)
O Teatro Cultura Artística desempenhou fundamental contribuição para a metropolização e
internacionalização da cultura da Cidade de São Paulo;
O Teatro Cultura Artística construído com esforço de gerações, abrigou atividades culturais
que marcaram a cena paulista, durante décadas;
O edifício que abrigou a sede da Sociedade Cultura Artística, projetado e construído entre
1942 e 1947, é representativo do programa funcional de salas de espetáculo, tendo modernizado o
padrão desse tipo de espaço na cidade;
O prédio é de autoria de Rino Levi, arquiteto reconhecido por sua contribuição para a
arquitetura brasileira do século XX;
Integra fachada frontal do prédio, concebido pelo Arq. Rino Levi, painel mural do artista
Emiliano Di Cavalcanti;
Considerando que a despeito de ter sido destruído por incêndio em agosto de 2008, manteve
íntegra sua face voltada para o espaço público, com a qual é identificada pela memória paulista,
resolve:
Artigo 1º Fica tombada a fachada remanescente do Teatro Cultura Artística localizado na
Rua Nestor Pestana nº 196, São Paulo, Capital, inclusive os elementos de vedação e caixilhos que
dela fazem parte, bem como o painel de Emiliano Di Cavalcanti que o integra
(...)”.(Grifos nossos) SC 51/2009. Imprensa oficial, Caderno: Poder Executivo - Seção
I, 03/09/2009, pág. 90. in:
http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/BuscaDO2001Documento_11_4.aspx?
link=/2009/executivo%2520secao
%2520i/setembro/03/pag_0090_528GD7MF4ML3De70T3IVUM8DCAI.pdf&pagina=90&data=03/09/20
09&caderno=Executivo%20I&paginaordenacao=100090
69
Não basta que o bem tombado seja declarado como de utilidade pública para
que se garanta a preservação do patrimônio cultural. São os efeitos do instituto que
efetivamente permitem e viabilizam a preservação e geram direitos e obrigações ao
proprietário e à entidade que realizou o tombamento. A fiscalização do bem tombado
é realizada pelos órgãos competentes e tem como lastro o poder de polícia da
Administração Pública.
157
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit. p. 141.
158
José Afonso da Silva, Ordenação constitucional da cultura, p. 165-166.
71
159
“(...) Sustenta o agravante a inépcia da inicial, impossibilidade jurídica do pedido, pois não
averbado o alegado tombamento à margem da transcrição do domínio, acrescentando que
faltava interesse processual ao agravado, ao deixar de comprovar a inscrição do tombamento no
“Livro do Tombo”, (...) . No caso em testilha estão presentes as condições da ação supra
mencionada, não havendo necessidade para a sua propositura de que o tombamento esteja
inscrito no Livro do Tombo e anotado no título de domínio. (Grifos nossos). TJSP, 8ª Câmara de
Direito Público. Agravo de instrumento nº. 123.528-5/5. Relator Celso Bonilha.
160
“RES. SC 02/86, de 23/01/86, publicada no DOE 25/01/86, p. 19/20
O Secretário da Cultura, nos termos do artigo 1o do Decreto-Lei 149, de 15 de agosto de
1969 e do Decreto 13.426, de 16 de março de 1979, resolve:
Artigo 1o – Ficam tombados na área dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano,
no município de São Paulo, os seguintes elementos:
(...)
Artigo 2o – A área de tombamento está contida no polígono obtido a partir da intersecção
dos eixos das vias abaixo relacionadas: Rua Estados Unidos (CADLOG 06651-6), Avenida
Rebouças (CADLOG 16919-6), Avenida Brigadeiro Faria Lima (CADLOG 06897-7), Rua Gumercindo
Saraiva (CADLOG 08527-8), Avenida Cidade Jardim (CADLOG 04933-6), Avenida Nove de Julho
(CADLOG 14804), Avenida São Gabriel (CADLOG 07671-6), Avenida Antônio Joaquim de Moura
Andrade (CADLOG 10517-1), Avenida República do Líbano (CADLOG 17003-8), Rua Manoel da
Nóbrega (CADLOG 12651-9), Rua Paulino Camasmie (CADLOG 15647-7) e Avenida Brigadeiro Luís
Antônio (CADLOG 12165-7 ).
Parágrafo único - Fica excluída do polígono de tombamento a faixa de 50 (cinqüenta) metros
definida pelo Município como corredor de uso especial Z8-CR3 na Av. Brigadeiro Faria Lima
(CADLOG 06897-7) entre a Avenida Rebouças (CADLOG 16919-6) e Rua Escócia (CADLOG 06590-
0).
(...)” (Grifos nossos) SC 02/1996. Imprensa oficial, Caderno: Poder Executivo - Seção
I, 25/01/1986, pág. 19 in:
http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/BuscaGratuitaDODocumento.aspx?
pagina=19&SubDiretorio=&Data=19860125&dataFormatada=25/01/1986&Trinca=NULL&CadernoID=
1/1/1/0&ultimaPagina=56&primeiraPagina=0001&Name=&caderno=Poder%20Executivo%20-%20Se
%C3%A7%C3%A3o%20I&EnderecoCompleto=/PortalIO/diario1890-
1990/Entrega_2006.09.28/000475/I05_04_01_04_02_062/1986/PODER
%20EXECUTIVO/JANEIRO/25/Scan_0801.pdf;
pag. 20 in: http://www.imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/BuscaGratuitaDODocumento.aspx?
pagina=20&SubDiretorio=&Data=19860125&dataFormatada=25/01/1986&Trinca=NULL&CadernoID=
1/1/1/0&ultimaPagina=56&primeiraPagina=0001&Name=&caderno=Poder%20Executivo%20-%20Se
%C3%A7%C3%A3o%20I&EnderecoCompleto=/PortalIO/diario1890-
1990/Entrega_2006.09.28/000475/I05_04_01_04_02_062/1986/PODER
%20EXECUTIVO/JANEIRO/25/Scan_0802.pdf
72
“serve para dar eficácia apenas em relação aos sucessores do proprietário dos
bens tombados, mas só no sentido limitado de que da sua falta deriva para os
referidos sucessores a inaplicabilidade das sanções previstas para a violação do
vínculo”.163 (Grifos nossos)
- A FALTA DE NOTIFICAÇÃO AO PROPRIETÁRIO QUANTO AO TOMBAMENTO DE SEU IMÓVEL, COMO A SUA TRANSCRIÇÃO
NO REGISTRO IMOBILIÁRIO CONSTITUEM, NOS TERMOS DOS ARTIGOS 5º E 13 DO DL 25/37, PRESSUPOSTOS OBRIGATÓRIOS PARA
A PRODUÇÃO DE EFEITOS LEGAIS.
- DESRESPEITADOS OS DITAMES LEGAIS, É INCABÍVEL A PRETENSÃO AUTORAL.
- EMBORA TENHA HAVIDO MODIFICAÇÃO DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DA FACHADA, COM A RETIRADA DE UM PILAR
E A SUBSTITUIÇÃO DOS QUADRIS DE FERRO QUE COMPÕE A PORTA, NÃO HÁ COMO SE SABER SE FOI FEITO PELO AUTOR OU POR
SEU ANTERIOR PROPRIETÁRIO.
- RECURSO NÃO PROVIDO.” (Grifos nossos) TRF2ª Região. 5ª Turma. Apelação cível nº.
2001.02.01.005990-8/RJ. Relator Des. Federal Paulo Espírito Santo.
163
José Afonso da Silva, Ordenação constitucional da cultura. p. 165.
164
Ibidem, p. 283, apud de Luiz Rafael Mayer, RDA 120/406.
74
165
TJSP, Provimento CGJ 58/89: Tomo II, capítulo XX, seção I, item 1, b, 19.
166
Ibidem, Tomo II, capítulo XX, seção I, in verbis:
“1. No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos:
a) o registro de:
(...)
35. Ato de tombamento definitivo de bens imóveis, requerido pelo órgão competente, federal,
estadual ou municipal, do serviço de proteção ao patrimônio histórico e artístico.”.
75
Essas medidas visam dar maior segurança jurídica aos proprietários de bens
imóveis situados no Estado, exigindo, inclusive, a definição das restrições impostas
pelo tombamento, a natureza do ato e, principalmente, a notificação efetivada dos
proprietários:
Quando o bem tombado pertencer ao Estado, ele não poderá ser alienado a
particulares. O Decreto-Lei 25/1937 e o Decreto Estadual 13.426/1979 do Estado de
São Paulo somente permitem a transferência do mesmo para outro ente da
Federação (arts. 11 e 134, §3º, respectivamente).
169
Op. cit. item 76.3.
170
José Afonso da Silva, Ordenação constitucional da cultura, p. 166.
77
171
José Afonso da Silva, op. cit., p. 166.
172
Ibidem.
173
Ibidem.
78
174
Antonio A. Queiroz Telles, op. cit., p. 98.
175
“PENHORA – Nomeação de bem imóvel – Recusa do credor por tratar-se de imóvel tombado
nos termos da Lei Municipal nº 10.032/95 e sujeito a limitação administrativa – Cabimento – Bem de
difícil comercialização – Razões apresentadas pelo credor que justificam a recusa dos bens
oferecidos, tanto pela dificuldade de sua liquidez, quanto pela existência de outros bens capazes de
solver a dívida – Hipótese em que, embora a execução deva dar-se de forma menos onerosa para o
devedor, não pode este dificultar a execução inviabilizando a satisfação do crédito cobrado –
Decisão mantida – Recurso desprovido.”. (Grifos nossos). TJSP, 14ª Câmara de Direito Público.
Agravo de instrumento nº. 471.766-5/4-00. Relator Gonçalves Rostey.
79
176
José Afonso da Silva, Ordenação constitucional da cultura,p. 167.
177
Ibidem, p. 166.
178
“DIREITO ADMINISTRATIVO. ALTERAÇÃO DE BEM TOMBADO SEM AUTORIZAÇÃO PRÉVIA DO IPHAN. IMPOSSIBILIDADE.
(...)
2. O juiz fez uma percuciente análise das questões postas nos autos, não merecendo a
sentença, no mérito, qualquer reforma. Os réus têm legitimidade ad causam, visto que ambos estão
diretamente vinculados às obras realizadas. O segundo réu, Município de Petrópolis, como
proprietário, constitucionalmente obrigado a proteger o bem tombado (art. 23, III, da CF/88), e
Marowil Rink Bar Ltda, possuidor permissionário, executor das obras de construção e reforma.
(..)” (Grifos nossos) TRF2ª Região. 5ª Turma. Apelação cível nº. 2000.51.06.001599-6/RJ.
Relator Des. Federal Antônio Cruz Netto.
80
179
“(...) Estando o imóvel da Apelada incluído em área regularmente tombada pelo Poder Público,
a realização de reformas que alteraram suas feições primitivas, em descompasso com as
especificações definidas pelo órgão de fiscalização, é de se dizer que houve mutilação do bem
tombado. Assim, constatada a irregularidade das obras levadas a efeito pela Ré, violando o disposto
no DL n. 25;37, impõe-se a procedência do pedido contido na ação civil pública.
Enfatize-se, ainda, que o pedido formulado pelo IPHAN cinge-se tão somente à
recomposição da fachada do prédio ao estado anterior, com a manutenção do estilo
arquitetônico exibido pelo imóvel antes das alterações efetuadas pela Ré/Apelada.
Por essa razão, dou parcial provimento ao apelo do Ministério Público Federal e integral
provimento à apelação interposta pelo IPHAN para julgar parcialmente procedente o pedido e
condenar a Apelada Ingrid Virhoff Vampre na obrigação de fazer, consistente na recomposição
das características originais da fachada do imóvel de sua propriedade, na forma como postulado
na exordial, com a cominação de multa pecuniária no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) por dia de
atraso no cumprimento da obrigação (...)”. (Grifos nossos) TRF1ª Região. 6ª Turma. Apelação cível
nº. 2001.38.00.006666-6/MG. Relator convocado Juiz Federal David Wilson de Abreu Pardo.
180
Antonio A. Queiroz Telles, op. cit., p. 99.
81
artigo, se as obras forem consideradas necessárias pelo Iphan, elas devem ser
iniciadas em seis meses, ou poderá ser providenciada a desapropriação do bem.
“(...) Artigo 1º. – Ficam tombados como bens culturais de interesse histórico-
arquitetônico pelo significado histórico-cultural que representou a nova postura liberal
do ensino que propôs em nossa cidade e pela tipologia arquitetônica que a
caracterizou, os edifícios abaixo discriminados situados na área do Instituto
Mackenzie:
1)Edifício da Reitoria ou Edifício Mackenzie – Grau de Preservação “1” (interior e
exterior);
2)Edifício da Biblioteca Central – Grau de Preservação “1”;
3)Edifício da Faculdade de Direito - Grau de Preservação “2” (volumetria e
fachadas); (...)181”. (Grifos nossos)
181
Resolução SC-27, de 15 de dezembro de 1993. Disponível em: Imprensa oficial,
Caderno: Executivo - I, 16/12/1993, pág. 53. in:
imprensaoficial.com.br/PortalIO/DO/Popup/Pop_DO_Busca1991Resultado.aspx?
Trinca=139&CadernoID=ex1&Data=19931216&Name=13967CG0034.PDF&SubDiretorio=0&Pagina=
53.
82
“Artigo 2º - (...)
I – leves: as infrações que importem em intervenções removíveis sem a
necessidade de restauro do bem cultural;
II – médias: as infrações que importem em intervenção reversível mediante
restauro, sem desfiguração definitiva do bem cultural;
III – graves: as ações que importem em irreversível desfiguração ou destruição do
bem cultural.”. (Grifos nossos)
182
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, op. cit., p. 139.
183
“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO – INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE - PRINCÍPIO DA PREDOMINÂNCIA DO
INTERESSE PÚBLICO - LIMITAÇÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE – REGULARIDADE DA INTERVENÇÃO DO IPHAN – TOMBAMENTO:
AREAS VIZINHAS DEVEM SER PROTEGIDAS PELOS EFEITOS REFLEXOS QUE PODEM GERAR – MUNICÍPIO DE PARATY ELEVADO A
MONUMENTO NACIONAL A JUSTIFICAR A INTERVENIÊNCIA DO ESTADO NA PROPRIEDADE PARTICULAR. ILEGALIDADE DO ALVARÁ
PRETENDIDO.
1 – Havendo colisão de direitos fundamentais, como o direito à propriedade e o direito à
cultura, deve-se sopesá-los levando-se em conta o interesse público, a função social da propriedade.
2 – Os atos do IPHAN não destoam dos comandos constitucionais e da legislação que rege a
matéria, não havendo que se falar em abuso ou ofensa ao principio da legalidade, pelo simples fato
de ter a autarquia justificado a sua negativa de autorização ao empreendimento com base, também,
em anteprojeto de lei.
3 - É inquestionável a regularidade da intervenção do IPHAN na análise da viabilidade
do projeto da ré, o que se depreende da simples leitura do disposto nos arts. 17 e 18 do Decreto-Lei
nº 25/1937.
86
185
Op. cit. p. 140.
88
186
Ibidem.
187
TJSP, Corregedoria Geral da Justiça, parecer dos Processo CG – 1.029/2006 de autoria dos juízes
auxiliares da Corregedoria Geral de Justiça, Álvaro Luiz Valery Mirra e Vicente de Abreu Amadei, que
deu origem ao Provimento CGJ 21/2007 que alterou o Provimento 58/89.
89
188
TJSP, Provimento CGJ 58/89, alterado pelo Provimento 21/2007.
90
Conclusão
O direito de propriedade é o mais pleno direito dentre o direito das coisas, que
abrange os direitos reais e a posse. Porém a posse é uma relação de fato que o
possuidor tem com a coisa, conforme o disposto no artigo 1.196 do Código Civil,
segundo o qual “considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício,
pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”.
entre pessoas que envolve uma prestação, positiva ou negativa, por parte das
mesmas. Também diferem-se dos direitos da personalidade pois esses dizem
respeito ao modo de ser da pessoa. O direito real é, portanto, aquele que afeta
direta e imediatamente a coisa, sendo o direito de propriedade o exercício pleno do
proprietário sobre o bem.
De acordo com o Código Civil, implica na faculdade que tem o proprietário “de
usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha” (art. 1.228, caput). É direito pleno e exclusivo,
até prova contrária (art. 1.231).
189
Édis Milaré, Direito do ambiente. A gestão ambiental em foco. Doutrina. Jurisprudência. Glossário.
p. 543.
92
190
Miguel Reale, (prefácio), Novo código civil brasileiro: lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002: estudo
comparativo com o código civil de 1916, Constituição Federal, legislação codificada e extravagante. p.
09.
93
“I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
Para que essa contradição possa ser sanada, os entes federados poderiam
agir conjuntamente para, por exemplo, estabelecer benefícios fiscais aos
proprietários de bens tombados. A ausência de políticas públicas a fim de estimular
o proprietário, faz com que tombamento lhe cause problemas.
100
Referências Bibliográficas
BRASIL. [Código Civil]. Novo código civil brasileiro: lei 10.406, de 10 de janeiro de
2002: estudo comparativo com o código civil de 1916, Constituição Federal,
legislação codificada e extravagante / obra coletiva de autoria da Editora dos
102
____ Tribunal Regional Federal (1ª Região). 5ª Turma. Apelação cível nº.
2000.01.00.029307-5/BA (19983300017893-2/BA). Apelante: Alberico da Silva Dias.
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PINTO, Antonio Carlos Brasil. Turismo e meio ambiente: aspectos jurídicos. 7ª ed.
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104
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil, v. 2. 30ª ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 289 p.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral
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SÃO PAULO (Estado). Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 14ª Câmara
Especial do Meio Ambiente. Apelação cível com revisão nº. 339.395-5/7-00.
Apelante: Ministério Público do Estado de São Paulo. Apelado: Sonia Maria da Silva.
Relator: Desembargadora Relatora Regina Zaquia Capistrano da Silva. São Paulo,
02 setembro de 2008. Lex: Jurisprudência. Disponível em:
<http://esaj.tj.sp.gov.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=2676113>. Acesso em: 20
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____ 14ª Câmara de Direito Público. Apelação com revisão nº. 652.204-5/0-00.
Apelante: Prefeitura Municipal de Piracicaba. Apelado: Giacomo de Mattos Inforzato.
Relator: Desembargador Antonio Celso Aguilar Cortez. São Paulo, 03 setembro de
2009. Lex: Jurisprudência. Disponível em:
SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 26ª ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2006. 924 p.